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SÁBADO 24 JULHO 2010 DIÁRIO AS BEIRAS registo .A vela não escolhe idades para ser praticada com sucesso .Em cima do barco, com pouco vento, os atletas mais leves têm sempre alguma vantagem .Na região Centro, Aveiro tem maior tradição na modalidade, mas Coimbra aproxima-se D desporto Portugal e o desport VELA A água . Tiago Almeida [email protected] Há muito que a história de Portugal de hoje se baseia na água e nas conquistas marí- timas de outrora. Foi no mar que foram seladas as princi- pais vitórias do país e foi em terra, como Alcácer Quibir, que aconteceram algumas das grandes derrotas. Esta é uma das ideias for- tes suportadas pelo universo dos desportos náuticos, que deposita também na água o futuro do desporto em Portu- gal. Para um futuro próximo, pelo menos na região Centro, existe a vontade de congregar os vários desportos náuticos numa só força e esse é um dos conceitos que se poderá tornar realidade, por exemplo, em Coimbra. Com potencial para vela, canoagem e remo, sobretudo estas modalidades, desporto SÁBADO 24 JULHO 2010 DIÁRIO AS BEIRAS Entre as grandes figuras da vela nacional da actualidade, na clas- se ligeira, Gustavo Lima mere- ce destaque, campeão do mun- do da classe Laser em 2003 e 4.º classificado em Pequim 2008. Por outro lado, na prancha à vela (RS:X), João Rodrigues é figura de topo na modalidade. Na vela de cruzeiro, destaque maior para Francisco Lobato, vencedor da “Transat” 2009: La Rochelle (França) – Funchal – Baía (Brasil). Na região Centro, especial aten- ção aos irmãos Renato e Gilberto Conde, recentemente cam- peões ibéricos em Platu 25 (barcos de cerca de 7,5 metros). Nota ainda para Delmar Conde (pai dos irmãos Conde), vele- jador e construtor naval, campeão de cruzeiros em Portugal com um veleiro de 12 metros, concebido e aperfeiçoado no seu estaleiro da Gafanha da Encarnação. Em Coimbra, o projecto do Clube do Mar de Coimbra (CMC) merece também referência em regatas de cruzeiros. Um dos veleiros – Bettersoft Pégaso – propriedade de uma empresa de Coimbra e tripulado (por vezes totalmente) por velejadores do CMC, tem já um vasto palmarés. Paulo Duarte (na imagem de cima) é o actual presidente do CMC, um dos bons exemplos de fomento da vela na região. No entanto, como todos os projectos de sucesso, foi preciso subir um degrau de cada vez. Também na água é preciso capacidade de aprendizagem constante para evoluir como atleta, explica António Portas, um dos dirigentes do clube. “É um processo complexo. A técnica é exigente e se um miúdo apenas velejar a pensar na exigência vai achar uma chatice e precisa do apoio da aprendizagem”. Por outro lado, acrescenta, num meio menos habitual (água), um jovem velejador terá de estar muito à vontade, o que não é para todos. Talvez por isso, nem toda a água seja aquela onde os grandes nascem. PORTUGAL E COIMBRA Os grandes nomes e os outros que hão-de vir to devem muito às conquistas na água. A região Centro quer prová-lo onde os grandes nascem o distrito do Mondego pode- rá ser uma das alavancas. Até porque títulos nacionais e internacionais não faltam na região. Para unir as outras moda- lidades, a vela poderá, neste contexto, vir a desempenhar um importante papel, já que os clubes de vela têm um mau exemplo interno para corrigir. Apesar de compe- tirem entre si, “não deverão esquecer a cooperação” e, hoje, há mesmo “algum ruí- do federativo”, garante Paulo Duarte, fanático pela moda- lidade há décadas. Centro de Vela de Mar está a ser “pensado” Nesta altura, a Câmara Municipal de Coimbra tem em mãos um protocolo assi- nado com a administração do Porto da Figueira da Foz para a instalação de um Cen- tro de Vela de Mar, que possa dar continuidade ao trabalho de captação de novos atletas que já existe em Coimbra. Entre outras regalias, os velejadores passarão a con- tar com um espaço para guardar os seus barcos. Mas há outros sinais posi- tivos no futuro da modalida- de e que poderão, em breve, transformar a vela num vec- tor importante na área marí- tima. A chamada Associação de Portos do Centro começa a apostar na economia por- tuária e na náutica de recreio e organiza a maior regata da região Centro, a Regata dos Desportos do Centro, na Figueira da Foz, com liga- ção a Aveiro. Aveiro um passo à frente Aveiro usufrui hoje de um estatuto maior do que Coimbra no universo da vela, pelo número de vele- jadores, mas também pela sua performance. A compe- tição da vela em Portugal é dividida por cinco zonas, sendo que Coimbra e Aveiro pertencem, nessa leitura, à região Norte e metade dos clubes inscritos nessa região... são precisamente do distrito de Aveiro. Para aproximar Coimbra dessa realidade, será preciso mais, mas passos seguros estão a ser dados. Os clubes de mar sur- giram em Portugal após a Expo 98, no âmbito de um plano de desenvolvimen- to nacional, mas, três anos depois, muitos deles já esta- vam inactivados. O Clube do Mar de Coimbra, por exem- plo, já tinha barcos a apodre- cer, mas já há três anos que compete na classe Optimist e, em 2009, em Laser. Classes para vários gostos Na vela, existem diversas categorias para a prática da modalidade, separadas por duas grandes vertentes: a vela ligeira e a vela de cruzei- ro. O primeiro tipo é o que se refere às embarcações de poucos tripulantes, que participam nas competições L’ équipe, Optimist, catego- rias que têm continuidade em Lase, 420, 470 e Snipe. Já a vela de cruzeiro é prati- cada em monocascos igual- mente, mas muito maio- res, com cinco metros de comprimento no mínimo e que podem chegar aos 100 metros. Na vela de cruzeiro, os barcos não podem virar, ao contrário do que acontece na “ligeira”. No universo da modalidade, há ainda o win- dsurf e os chamados “mode- los à vela”, com barcos tele- comandados. NAVAL 10/1688 ESTÁDIO MUNICIPAL JOSÉ BENTO PESSOA Figueira da Foz Jogo de Apresentação Sábado 24 Julho 2010 18:30 HORAS AL-ITTIHAD Preços dos Bilhetes Sócios (bancada coberta): € 5 Não-sócios (bancada descoberta): € 5

A água onde os grandes nascem - DB ReportagemTA...e organiza a maior regata da região Centro, a Regata dos Desportos do Centro, na Figueira da Foz, com liga-ção a Aveiro. Aveiro

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SÁBADO 24 JULHO 2010

DIÁRIO AS BEIRAS

registo.A vela não escolhe

idades para ser praticada com sucesso

.Em cima do barco, com pouco vento, os atletas mais leves têm sempre alguma

vantagem

.Na região Centro, Aveiro

tem maior tradição na modalidade,

mas Coimbra aproxima-se

Ddesporto

Portugal e o desporto devem muito às conquistas na água. A região Centro quer prová-lo

VELA

A água onde os grandes nascem

. Tiago [email protected]

Há muito que a história de Portugal de hoje se baseia na água e nas conquistas marí-timas de outrora. Foi no mar que foram seladas as princi-pais vitórias do país e foi em terra, como Alcácer Quibir, que aconteceram algumas das grandes derrotas.

Esta é uma das ideias for-tes suportadas pelo universo dos desportos náuticos, que deposita também na água o futuro do desporto em Portu-gal. Para um futuro próximo, pelo menos na região Centro, existe a vontade de congregar os vários desportos náuticos numa só força e esse é um dos conceitos que se poderá tornar realidade, por exemplo, em Coimbra. Com potencial para vela, canoagem e remo, sobretudo estas modalidades,

desportoSÁBADO 24 JULHO 2010

DIÁRIO AS BEIRAS

Entre as grandes figuras da vela nacional da actualidade, na clas-se ligeira, Gustavo Lima mere-ce destaque, campeão do mun-do da classe Laser em 2003 e 4.º classificado em Pequim 2008. Por outro lado, na prancha à vela (RS:X), João Rodrigues é figura de topo na modalidade. Na vela de cruzeiro, destaque maior para Francisco Lobato, vencedor da “Transat” 2009: La Rochelle (França) – Funchal – Baía (Brasil). Na região Centro, especial aten-ção aos irmãos Renato e Gilberto Conde, recentemente cam-peões ibéricos em Platu 25 (barcos de cerca de 7,5 metros). Nota ainda para Delmar Conde (pai dos irmãos Conde), vele-jador e construtor naval, campeão de cruzeiros em Portugal com um veleiro de 12 metros, concebido e aperfeiçoado no seu estaleiro da Gafanha da Encarnação.

Em Coimbra, o projecto do Clube do Mar de Coimbra (CMC) merece também referência em regatas de cruzeiros. Um dos veleiros – Bettersoft Pégaso – propriedade de uma empresa de Coimbra e tripulado (por vezes totalmente) por velejadores do CMC, tem já um vasto palmarés.

Paulo Duarte (na imagem de cima) é o actual presidente do CMC, um dos bons exemplos de fomento da vela na região. No entanto, como todos os projectos de sucesso, foi preciso subir um degrau de cada vez.

Também na água é preciso capacidade de aprendizagem constante para evoluir como atleta, explica António Portas, um dos dirigentes do clube. “É um processo complexo. A técnica é exigente e se um miúdo apenas velejar a pensar na exigência vai achar uma chatice e precisa do apoio da aprendizagem”. Por outro lado, acrescenta, num meio menos habitual (água), um jovem velejador terá de estar muito à vontade, o que não é para todos. Talvez por isso, nem toda a água seja aquela onde os grandes nascem.

PORTUGAL E COIMBRA

Os grandes nomes e os outros que hão-de vir

Portugal e o desporto devem muito às conquistas na água. A região Centro quer prová-lo

VELA

A água onde os grandes nascem

o distrito do Mondego pode-rá ser uma das alavancas. Até porque títulos nacionais e internacionais não faltam na região.

Para unir as outras moda-lidades, a vela poderá, neste contexto, vir a desempenhar um importante papel, já que os clubes de vela têm um mau exemplo interno para corrigir. Apesar de compe-tirem entre si, “não deverão esquecer a cooperação” e, hoje, há mesmo “algum ruí-do federativo”, garante Paulo Duarte, fanático pela moda-lidade há décadas.

Centro de Vela de Marestá a ser “pensado”

Nesta altura, a Câmara Municipal de Coimbra tem em mãos um protocolo assi-nado com a administração do Porto da Figueira da Foz para a instalação de um Cen-

tro de Vela de Mar, que possa dar continuidade ao trabalho de captação de novos atletas que já existe em Coimbra. Entre outras regalias, os velejadores passarão a con-tar com um espaço para guardar os seus barcos.

Mas há outros sinais posi-tivos no futuro da modalida-de e que poderão, em breve, transformar a vela num vec-tor importante na área marí-tima. A chamada Associação de Portos do Centro começa a apostar na economia por-tuária e na náutica de recreio e organiza a maior regata da região Centro, a Regata dos Desportos do Centro, na Figueira da Foz, com liga-ção a Aveiro.

Aveiro um passo à frenteAveiro usufrui hoje de

um estatuto maior do que Coimbra no universo da

vela, pelo número de vele-jadores, mas também pela sua performance. A compe-tição da vela em Portugal é dividida por cinco zonas, sendo que Coimbra e Aveiro pertencem, nessa leitura, à região Norte e metade dos clubes inscritos nessa região... são precisamente do distrito de Aveiro. Para aproximar Coimbra dessa realidade, será preciso mais, mas passos seguros estão a ser dados.

Os clubes de mar sur-giram em Portugal após a Expo 98, no âmbito de um plano de desenvolvimen-to nacional, mas, três anos depois, muitos deles já esta-vam inactivados. O Clube do Mar de Coimbra, por exem-plo, já tinha barcos a apodre-cer, mas já há três anos que compete na classe Optimist e, em 2009, em Laser.

Classes para vários gostosNa vela, existem diversas

categorias para a prática da modalidade, separadas por duas grandes vertentes: a vela ligeira e a vela de cruzei-ro. O primeiro tipo é o que se refere às embarcações de poucos tripulantes, que participam nas competições L’ équipe, Optimist, catego-rias que têm continuidade em Lase, 420, 470 e Snipe. Já a vela de cruzeiro é prati-cada em monocascos igual-mente, mas muito maio-res, com cinco metros de comprimento no mínimo e que podem chegar aos 100 metros. Na vela de cruzeiro, os barcos não podem virar, ao contrário do que acontece na “ligeira”. No universo da modalidade, há ainda o win-dsurf e os chamados “mode-los à vela”, com barcos tele-comandados.

NAVAL

10/16

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ESTÁDIO MUNICIPAL JOSÉ BENTO PESSOAFigueira da Foz

Jogo de ApresentaçãoSábado 24 Julho 201018:30 HORAS

AL-ITTIHADPreços dos Bilhetes

Sócios (bancada coberta): € 5Não-sócios (bancada descoberta): € 5