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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA GESTÃO DE PROJETOS DE ARQUITETURA CORPORATIVA Por: Rute Maria Botelho Tostes Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2009

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA GESTÃO DE PROJETOS … A política da qualidade deve refletir a especificidade da empresa e ser amplamente difundida e discutida com todos os colaboradores

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA GESTÃO DE

PROJETOS DE ARQUITETURA CORPORATIVA

Por: Rute Maria Botelho Tostes

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA GESTÃO DE

PROJETOS DE ARQUITETURA CORPORATIVA

OBJETIVO:

Este trabalho tem como objetivo apresentar os

problemas frequentemente encontrados no

controle da qualidade em gestão de projetos de

arquitetura corporativa, apontando possíveis

soluções para vencer estes desafios.

Por: Rute Maria Botelho Tostes

Curso: Gestão de Projetos

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe e aos irmãos, que sempre me

incentivaram na busca dos meus sonhos.

À irmã Mag e ao papai, que mesmo em outro plano

da vida, certamente torcem pelo meu crescimento.

Aos meus amigos, sempre presentes pra apoiar e rir

da vida.

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RESUMO

Tendo no dia-a-dia o desafio de integrar uma equipe que

desenvolve projetos voltados para a implantação de grandes escritórios de

importantes empresas deste país, me interessei por buscar o aperfeiçoamento

profissional ao estudar sobre a qualidade em projetos de arquitetura

corporativa. Desde o contato inicial com o cliente até a entrega do espaço para

a ocupação há uma série de questões e processos a serem desenvolvidos: o

que o cliente deseja, a equipe a desenvolver o projeto, os métodos e processos

a serem usados, o ciclo de vida desse projeto.

Como obter o sucesso de um projeto e ter a satisfação do cliente,

com tantos fatores envolvidos em prazos que precisam ser curtos e onde

geralmente o custo deve ser baixo? Como formar uma equipe (“quase perfeita”)

que consiga a integração dos diversos processos do gerenciamento onde os

menores itens sejam considerados e executados com a maior exatidão

possível?

Como permanecer no mercado, gerando expectativas e tendo a

qualidade como meta a atingir?

Como escolher o prestador de serviços e conseguir a parceria e a

qualidade desejada?

Muitas perguntas feitas e a certeza de que a busca da qualidade

deve ser a aliada das empresas que desejam sobreviver às crises e oscilações.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I

O QUE É GERENCIAMENTO DE PROJETOS? 8

CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS DE

ARQUITETURA CORPORATIVA 12

CAPÍTULO III

RELAÇÃO ENTRE ESCOPO, CUSTO, PRAZO E CONTROLE DA

QUALIDADE 22

CAPÍTULO IV

A ESCOLHA DO FORNECEDOR / PRESTADORES DE SERVIÇO 26

CONCLUSÃO 30

ANEXOS 34

ÍNDICE 40

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a globalização acarretou mudanças

profundas nos vários setores da vida social, principalmente, no setor

econômico. Neste contexto, novas exigências foram postas às organizações

que precisam oferecer qualidade nos serviços realizados, dentro do prazo

desejado e com custo viável.

Novos desafios foram colocados à gestão empresarial, que

precisou implantar diferentes processos para atender as demandas internas e

externas da organização. Para tais demandas, entendidas como projetos,

implantou-se uma nova metodologia de trabalho denominada Gerenciamento

de Projetos, a qual tem como objetivo obter resultados únicos, com qualidade.

A prática de uma metodologia bem sucedida de gestão de projetos

tornou-se imprescindível às organizações, pois uma gestão pela qualidade

pode determinar o sucesso de um projeto, agregando valor ao negócio. A

gestão de projetos quando é atuante e dinâmica pode transformar uma

organização, proporcionando potenciais benefícios, tornado-a competitiva e

bem sucedida.

A política da qualidade deve refletir a especificidade da empresa e

ser amplamente difundida e discutida com todos os colaboradores da

organização, pois quando falamos em projetos, no seu gerenciamento,

abrangemos todas as partes envolvidas, os stakeholders, não apenas seu

gestor ou os demais responsáveis pelo mesmo.

Embora específica para cada organização, é desejável que a

política da qualidade considere a relação com os clientes externos, os

fornecedores, os clientes internos e colaboradores, o conceito de

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competitividade, a garantia da qualidade de processos e produtos e a melhoria

contínua da qualidade. O padrão de qualidade, de forma geral, representa

determinadas especificações e satisfaz as necessidades apontadas pelos

clientes.

Relacionando tais conceitos com minha experiência profissional,

aponto uma preocupação excessiva com a qualidade, contudo quando prazo e

custo extrapolam a mesma não é considerada, sendo o possível realizado.

Como adequar qualidade as exigências de prazo e custo?

Diante do desafio de manter a qualidade, com um prazo curto,

orçamento delimitado, vi-me deixando algumas etapas do ciclo de projetos de

lado. Considerando tal contexto, senti necessidade de desenvolver este

trabalho que tem por objetivo analisar, com apoio teórico necessário, o dia-a-

dia de um escritório de projetos de arquitetura corporativa e mostrar possíveis

meios para que o setor alcance a qualidade, a satisfação do cliente e

permaneça no mercado.

Dessa forma, o presente trabalho está estruturado em quatro

capítulos. O primeiro fala sobre a gerência de projeto e mostra a importância de

se conhecer e controlar o ciclo de vida do mesmo, desde o momento da

contratação da empresa para desenvolvimento do projeto até a entrega ao

cliente. O segundo faz uma abordagem mais detalhada do controle de

qualidade em Projetos Corporativos. O terceira fala sobre a importante relação

entre qualidade com o escopo, custo e prazo. O quarto trata da importância e o

cuidado necessário no momento da contratação dos fornecedores ou

prestadores de serviço, já que estes precisam ser eficientes e devem ter

mesmos objetivos da gerenciadora do projeto em questão.

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CAPÍTULO I

O QUE É GERENCIAMENTO DE PROJETOS?

1.1 Definindo projeto e caracterizando um projeto

Para entendermos o que é gerenciar um projeto, precisamos saber

que projeto é um esforço para criar um produto, serviço ou resultado

temporário, o que significa que possui um prazo definido, recursos (humanos e

financeiros) e especificações envolvidos. Um projeto possui elaboração

progressiva, ou seja, é desenvolvido em etapas, segundo um cronograma

previamente definido.

De acordo com o PMBOK1 (3rd Edition, 2004), o gerenciamento de

projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às

atividades do projeto para atender aos seus requisitos iniciais. A gerência de

projetos engloba planejamento e monitoramento, compreendendo as etapas a

serem realizadas, os recursos a serem alocados, a qualidade do trabalho, o

acompanhamento das etapas realizadas, os impactos e ajustes necessários

durante o desenrolar do mesmo.

É importante lembrar que projetos são realizados por pessoas, que

podem estar pouco ou muito envolvidas, mas possuem interesse na conclusão

do mesmo. As partes envolvidas são conhecidas como stakeholders. Elas

podem ser patrocinadores, investidores, clientes (externos e internos),

participantes, gerente e equipe do projeto, fornecedores, especialistas, entre

outros.

As fases que conectam o início e o fim do projeto são conhecidas

como “Ciclo de Vida do Projeto” e são definidas como:

1 Project Management Body of Knowledge - Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos.

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• Iniciação – define o que leva a criação do projeto, identificando

suas reais necessidades e determinando sua abrangência. Nesta etapa, é

fundamental analisar a viabilidade do mesmo e pesquisar alternativas, preparar

orçamento, cronograma iniciais, selecionar equipe e preparar a proposta a ser

apresentada ao cliente.

• Planejamento – é a etapa de detalhamento do projeto para

posterior execução, a qual definir a estrutura formal de gerenciamento, a

programação de pessoal e de recursos, o orçamento e cronograma. Nesta

etapa ainda devem ser definidos: pontos de controle, planos de comunicação,

de riscos, de aquisições e Recursos Humanos. A última refere-se à aprovação

para começar a execução.

Esta etapa é fundamental para que a organização não sofra com

custos posteriores ou tenha problemas de produtividade. É importante

documentar todas as decisões, ações, estudos para decisões e ações futuras.

O principal documento é a Declaração do Escopo do Projeto que propicia uma

visão comum do mesmo, além de ajudar numa possível avaliação de

cronograma ou prazo, por exemplo.

• Execução – etapa de realização das atividades planejadas. Nesta

etapa as mesmas serão monitoradas, controladas e avaliadas. Caso sejam

necessárias modificações, as mesmas serão avaliadas de acordo com os

registros previamente realizados na etapa de planejamento.

• Encerramento – é a entrega dos serviços e/ ou produtos, a

finalização das atividades previstas e do contrato.

De acordo com o tipo de projeto, considera-se ainda nesta etapa o

treinamento da equipe operacional e a realocação da equipe do projeto.

O Gerenciamento de Projeto compreende nove áreas de conhecimento

que são:

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• Qualidade - contempla as atividades, as responsabilidades, os

objetivos e as políticas de qualidade, de modo que o projeto atenda às

necessidades previamente delimitadas.

• Recursos Humanos - processos que organizam e gerenciam a

equipe do projeto.

• Escopo - conjunto de produtos a serem fornecedidos pela equipe

do projeto, de acordo com as solicitações do cliente.

• Prazo - inclui os períodos necessários para realizar o projeto

dentro do período previsto.

• Custo - contempla estimativa, orçamento e controle dos custos,

de modo que o projeto seja viável dentro do orçamento aprovado.

• Riscos - trata da identificação, análise, monitoramento e controle,

planejamento do gerenciamento de fatores de risco em um projeto e as

possíveis soluções para os mesmos;

• Aquisições - processos de compra e aquisição de produtos,

serviços necessários para realização de cada etapa do projeto.

• Comunicações - garante a geração, coleta, distribuição,

armazenamento das informações sobre o projeto.

• Integração - unificação e coordenação dos diversos processos e

atividades geradas no período de realização do projeto.

A realização do ciclo de vida do projeto é importante para o

controle da qualidade, uma das etapas acima, que é percebida ou estabelecida

entre uma fase e outra, onde o ciclo de vida fornece pontos de referência para

confirmação da qualidade do projeto.

Considerando esta questão e o objeto do presente trabalho, nos

deteremos aos estudos voltados para qualidade em relação às demais áreas

de conhecimento.

Muitos problemas de qualidade de projeto podem ser previstos por

uma sólida avaliação de viabilidade e de risco na fase conceitual, e por

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planejamento cuidadoso e especificações precisas na fase de planejamento.

Esta afirmação é perceptível quando se inicia a definição de escopo.

A correção de falhas de qualidade torna-se progressivamente

dispendiosa à medida que o ciclo de vida do projeto avança.

O ciclo se inicia quando o cliente simplesmente pensa em adquirir

um produto ou serviço e termina quando ele decide que o projeto está

completo, momento em que ele atesta a qualidade dos serviços prestados. Por

exemplo, quando entregamos um projeto de arquitetura e a implantação da

obra/espaço, com todos os documentos e histórico relativos ao processo, o

cliente dá aceite e o mesmo é finalizado.

Um projeto de arquitetura consiste num “pacote” com as

características do projeto, contemplando o prazo para entrega ao cliente.

Apresenta-se um cronograma onde é detalhado o escopo e a partir daí

determinados os períodos necessários para a execução de cada tarefa. Tem-

se praticamente uma situação real de como tudo acontecerá, principalmente

quando é feita a análise das situações de riscos e possíveis soluções.

A análise dos ciclos do serviço de uma empresa é fundamental não

só para ajudar os profissionais a compreenderem o ponto de vista do cliente,

mas também para a empresa aprimorar, sistematicamente, a qualidade dos

serviços.

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CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS DE ARQUITETURA CORPORATIVA

O princípio emque se assenta esta visão de

qualidade total (...) é que, para se conseguir uma

verdadeira eficácia, o controle precisa começar

pelo projeto doproduto e só terminar quando o

produto estiver chegado às mãos de um freguês

que fique satisfeito (...) o primeiro princípio a ser

reconhecido é o de que qualidade é um trabalho

de todos. (Feigenbaum, 1961-1994).

Neste trabalho, utilizaremos a abordagem do PMI², a qual é

compatível com as normas ISO2; Deming3, Juran4, Crosby, Ishikawa; Kaizen;

Seis Sigma; Just in time; os Círculos de qualidade, entre outros; contudo para a

melhoria dos processos em escritórios de arquitetura corporativa, mostraremos

as principais definições apresentadas por Deming e Juran.

Deming mostra ao mundo uma ferramenta importante, conhecida

como o ciclo de análise e melhoria, criado por Walter Shewhart, em meados da

década de 20. Este é de grande importância para a análise e melhoria dos

processos organizacionais e para a eficácia do trabalho em equipe.

O Ciclo PDCA (em inglês Plan, Do, Check e Action) é uma

ferramenta voltada para o gerenciamento e controle do processo, totalmente

dirigida à solução de problemas. O gerenciamento através desse ciclo permite

2 Project Management Institute - Maior instituição no mundo exclusivamente dedicada ao fomento da atividade de Gerenciamento de Projetos. 3 William Edwards Deming - Reconhecido mundialmente como "guru do gerenciamento da qualidade". 4 Joseph Juran - Considerado o outro pai da Revolução da Qualidade do Japão.

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que todas as características dos problemas sejam atacadas, favorecendo de

forma dinâmica o aperfeiçoamento da qualidade na oraganização.

Seguem as fases que definem o ciclo são:

Planejar (PLAN)

• Definir as metas a serem alcançadas;

• Definir o método para alcançar as metas propostas.

Executar (DO)

• Executar as tarefas exatamente como foi previsto na etapa de

planejamento;

• Coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de

verificação do processo;

• Nesta etapa são essenciais a educação e o treinamento no

trabalho.

Verificar, checar (CHECK)

• Verificar se o executado está conforme o planejado, ou seja, se a

meta foi alcançada, dentro do método definido;

• Identificar os desvios na meta ou no método.

Agir corretivamente (ACTION)

• Caso sejam identificados desvios, é necessário definir e

implementar soluções que eliminem as suas causas;

• Caso não sejam identificados desvios, é possível realizar um

trabalho preventivo, identificando quais os desvios são passíveis

de ocorrer no futuro, suas causas, soluções etc.

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Figura 2.1 – Ciclo PDCA. Fonte: Campos (1999, p.30)

O Ciclo PDCA pode ser utilizado na realização de toda e qualquer

atividade da organização, contudo o ideal é que todos o conheçam e utilizem

como ferramenta de gestão no dia-a-dia de suas atividades. Desta forma,

elimina-se a cultura “tarefeira” que muitas organizações insistem em perpetuar

e que incentiva a realização do trabalho sem planejamento, desprezando o

autocontrole, o uso de dados gerados pelas medições por indicadores e a

atitude preventiva, para que problemas de processos nunca ocorram.

Se levarmos essas etapas para o tipo de projeto em questão,

arquitetura corporativa poderemos observar que ter como meta de melhoria da

qualidade, seguir este ciclo é diminuir em grande proporção os problemas

encontrados, visto que os prazos geralmente são curtos e que sem controle de

todas as etapas, não se chega ao final atingindo o objetivo principal. Abaixo,

uma representação do Ciclo PDCA:

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PDCA FLUXO ETAPA OBJETIVO

P

1 Identificação do

Problema

Definir claramente o

problema/processo e reconhecer

sua importância.

2 Observação

Investigar as características

específicas do problema/processo

com uma visão ampla e sob vários

pontos de vista.

3 Análise Descobrir a causa fundamental.

4 Plano de ação Conceber um plano para bloquear a

causa fundamental.

D 5 Execução Bloquear a causa fundamental.

C 6 Verificação Verificar se o bloqueio foi efetivo.

A

7 Padronização Prevenir contra o reaparecimento do

problema.

8 Conclusão

Recapitular todo o método de

solução do problema para trabalhos

futuros.

Quadro 2.2 – Ciclo PDCA. Fonte: Juran (1992, p. 16)

Deming ainda nos traz os denominados “14 princípios”5 que

constituem o fundamento dos ensinamentos ministrados aos executivos no

Japão, em 1950 e nos anos subseqüentes. Tais princípios afirmam a essência

de sua filosofia e aplicam-se indistintamente a organizações pequenas e

grandes, tanto na indústria de transformação como na de serviços. Do mesmo

modo aplicam-se a qualquer unidade ou divisão de uma organização.

São os seguintes:

5 Fonte: DEMING, W. E. Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.

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1º princípio: Estabeleça constância de propósitos para a melhoria

do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em

atividade, bem como criar emprego;

2º princípio: Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era

econômica. A administração ocidental deve acordar para o desafio,

conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir a liderança no processo

de transformação;

3º princípio: Deixe de depender da inspeção para atingir a

qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a

qualidade no produto desde seu primeiro estágio;

4º princípio: Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no

preço. Ao invés disto, minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor

para cada item, num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade

e na confiança;

5º princípio: Melhore constantemente o sistema de produção e de

prestação de serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e,

conseqüentemente, reduzir de forma sistemática os custos;

6º princípio: Institua treinamento no local de trabalho;

7º princípio: Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de

ajudar as pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho

melhor. A chefia administrativa está necessitando de uma revisão geral, tanto

quanto a chefia dos trabalhadores de produção;

8º princípio: Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de

modo eficaz para a empresa;

9º princípio: Elimine as barreiras entre os departamentos. As

pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem

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trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de

utilização do produto ou serviço;

10º princípio: Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-

obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis produtividade.

Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da

baixa qualidade e da baixa produtividade encontra-se no sistema, estando,

portanto, fora do alcance dos trabalhadores;

11º princípio: Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de

produção. Substitua-os pela liderança; elimine o processo de administração por

objetivos. Elimine o processo de administração por cifras, por objetivos

numéricos. Substitua-os pela administração por processos através do exemplo

de líderes;

12º princípio: Remova as barreiras que privam o operário horista

de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos

chefes deve ser mudada de números absolutos para a qualidade; remova as

barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu

direito de orgulharem-se de seu desempenho. Isto significa a abolição da

avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por

objetivos;

13º princípio: Institua um forte programa de educação e auto-

aprimoramento;

14º princípio: Engaje todos da empresa no processo de realizar a

transformação. A transformação é da competência de todo mundo.

Para Juran (1992) a palavra qualidade pode ter muitos significados

e para ele, dois dos significados são de grande importância para os gerentes:

• a qualidade consiste nas características do produto que

satisfazem às necessidades declaradas, percebidas, reais e culturais dos

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clientes. Para Juran, esta definição está relacionada aos resultados, e clientes

são todos aqueles que são influenciados pelo produto, podendo ser externo ou

interno à empresa.

• a qualidade consiste na ausência de deficiências e esta definição

está relacionada pelo aspecto de custo. Para o autor deficiência do produto é

uma falha do mesmo que resulta em insatisfação com o produto. As

deficiências dos produtos assumem formas como interrupções do fornecimento

de energia, entregas fora do prazo, bens inoperáveis, má aparência ou

desconformidade com as especificações.

Juran ainda define qualidade como “qualidade é adequação ao

uso”, sua mais conhecida definição da qualidade. Para ele é importante que a

Gestão da Qualidade seja dividida em três pontos fundamentais, também

conhecidos como “Trilogia de Juran” 6:

• planejamento da qualidade: que é a atividade de

desenvolvimento dos produtos e processos exigidos para a satisfação das

necessidades dos clientes;

• controle da qualidade: que é o encontro das metas da qualidade

durante o processo;

• melhoria da qualidade: que é o meio de elevar o desempenho

da qualidade a níveis sem precedentes.

Abaixo o Quadro 2.1 mostra a seqüência destes três pontos :

6 Trilogia de Juran – Processos Administrativos de Planejamento apresentados por Joseph M. Juran.

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GERÊNCIA PARA A QUALIDADE Planejamento

da qualidade

Controle da

qualidade Melhoria da qualidade

• Estabelecer metas

de qualidade;

• Identificar os

clientes;

• Determinar as

necessidades dos

clientes;

• Desenvolver

características do

produto que

atendam às

necessidades dos

clientes;

• Desenvolver

processos que

sejam capazes de

produzir aquelas

características do

produto;

• Estabelecer

controles de

processos e

transferir os planos

resultantes para as

forças

operacionais.

• Avaliar o

desempenho real

da qualidade;

• Comparar o

desempenho real

com as metas

estabelecidas;

• Agir a respeito

da diferença.

• Estabelecer a infra-

estrutura necessária para

garantir o melhoramento

da qualidade;

• Identificar os projetos

específicos de melhorias;

• Estabelecer, para cada

projeto, uma equipe com

clara responsabilidade

para levá-lo a uma

conclusão bem sucedida;

• Prover recursos, a

motivação e o treinamento

para que as equipes

possam: diagnosticar as

causas, estimular o

estabelecimento de

remédios e estabelecer

controles para manter os

ganhos.

Quadro 2.3 – Trilogia de Juran. Fonte: Juran (1992, p. 16)

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Para Juran o conceito da Trilogia não é só para se explicar a

gerência para a qualidade à alta direção, mas também um conceito unificante

que se estende a toda a empresa. Os três processos da Trilogia são inter-

relacionados e mostrados na Figura 2.2:

Figura 2.4 – O Diagrama da Trilogia de Juran. Fonte: Juran (1992, p.16)

Desta forma, a qualidade é baseada na formação de equipes de

controle para a resolução de problemas, onde devem estar inclusos o

planejamento, o controle e o aperfeiçoamento das atividades da empresa.

Após a apresentação do Método Juran e dos conceitos de Deming

como, ousamos apresentar a possível descrição de como deveria ser a

estrutura de um escritório de arquitetura corporativa, tendo como modelo a

empresa da qual faço parte:

1 - Para cada projeto/cliente, uma equipe envolvida. Por exemplo,

para o projeto da empresa X, tem-se um Gerente de Projeto, um Gerente de

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Engenharia, um Arquiteto, um Gerente de Orçamento e um Gerente de

Implantação. Cada participante é responsável pela sua parte e o trabalho em

conjunto tende a atingir o objetivo final: a satisfação do cliente;

2 - As empresas fornecedoras de material e mão-de-obra

escolhidas para a implantação das obras são escolhidas a partir de

concorrências praticadas pela empresa. Durante todo o ciclo do projeto, são

avaliadas as questões prazo, custo e qualidade. A equipe avalia esse

fornecedor, desde o ato da contratação até o momento final, quando se tem o

projeto concluído. Se for percebido que determinada empresa não atende às

premissas, é eliminada da nossa lista de fornecedores;

3 – Faz-se uma avaliação com o cliente durante o período do

projeto. Um profissional da empresa entra em contato com o cliente e faz a

valiação de como está sua satisfação em relação ao atendimento que tem

recebido de toda a equipe. Questões relativas à pontualidade em reuniões,

comunicação, execução da obra, outros. Esse relatório é enviado pra toda a

equipe. Ou seja, se algum cliente se mostra insatisfeito, fazemos o máximo

para reconquistar a confiança e atender à solicitação.

Com a descrição acima, é importante lembrar que geralmente os

escritórios gerenciam vários projetos em paralelo e que o controle dos

processos e da qualidade, mesmo seguindo um padrão da empresa, devem

levar em consideração o perfil do cliente e suas particularidades.

Para cada projeto, podemos ter metas diferentes a serem

seguidas, onde se pode variar a escolha pelo prazo de execução, pelo custo

baixo e pela concepção arquitetônica. No próximo capítulo, mostraremos a

relação destes três fatores junto à qualidade.

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CAPÍTULO III

RELAÇÃO ENTRE ESCOPO, CUSTO, PRAZO E CONTROLE DA QUALIDADE EM PROJETOS

CORPORATIVOS

Na análise final de mercado, a qualidade de um

produto depende de até que ponto ele se ajusta

aos padrões das preferências do consumidor.

(Kuehn & Day, 1962:101).

Os processos de gerenciamento da qualidade do projeto incluem

todas as atividades da organização executora que determinam as

responsabilidades, os objetivos e as políticas de qualidade, de modo que o

projeto atenda às necessidades que motivaram sua realização.

Fazer uma relação das áreas citadas com a qualidade é um desafio

por ser um tema amplo de estudo, mas neste trabalho focaremos esta relação

voltada para projetos de arquitetura corporativa. Desta forma, será feita uma

breve contraposição para entendermos a relação entre eles e, finalmente,

chegarmos ao objetivo principal que é a discussão sobre a qualidade e o

sucesso de um projeto.

3.1 - Escopo x Qualidade

Para início da análise o trecho “Qualidade é o grau em que o

produto específico está de acordo com o projeto ou especificação (Gilmore,

1974:3), descreve em poucas palavras a importância do que se pretende

desenvolver a partir da especificação de determinado projeto.

De acordo com o PMI, podemos definir escopo como: “A soma dos

produtos (receptíveis = deliverables) e serviços a serem fornecidos como um

projeto”. Isso implica uma decisão clara sobre resultados essenciais, ou seja, a

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medida na qual o projeto atenderá “necessidades e desejos” e que receptíveis

ou produtos desejáveis, mas não essenciais, poderão ser incluídos ou omitidos,

resultando em objetivos principais claros, critérios de sucesso, custos da

qualidade e duração. (livro Gestão de Projetos, Uma Abordagem Global, pág.

190).

Com a citação acima, podemos entender que o conhecimento do

conjunto de serviços/produtos é essencial para o desenvolvimento de todo o

projeto e para a execução de tarefas, propriamente ditas.

Vejamos trecho da entrevista abaixo que mostra claramente a

importância do conhecimento do escopo para se chegar à qualidade desejada:

Quais os aspectos primordiais que devem ser considerados no

desenvolvimento de projetos para ambientes corporativos?

O principal é entender qual a demanda do cliente. É fundamental

que o projeto retrate aquilo que o cliente tem como expectativa. Muitas vezes

ele não consegue defini-Ia claramente e a nossa missão é procurar

compreendê-la e agregar valor à expectativa do cliente. Para isso, temos

ferramentas que o ajudam a externar o que ele espera como resultado. É

comum que o cliente peça uma coisa e na verdade queira outra. Temos

recursos, como a apresentação de material fotográfico, que permitem ao cliente

entender de que ele precisa realmente. Há vários exemplos de clientes que

depois de verem a presentação acabam mudando o briefing. Isso não envolve

somente resultados de projeto. Há aspectos de tecnologia, de sustentabilidade,

de normatização, índices de iluminação, ergonomia, elementos que estão

envolvidos e que ele pode não requisitar porque desconhece o assunto.

(Revista Projeto Jan./2009)

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3.2 - Custo x Qualidade

O que mais pode satisfazer o cliente além de bons preços? Esse

item tem um apelo muito forte junto ao cliente, porém, a qualidade dos serviços

prestados é decisiva. Se a empresa responsável pela execução dos serviços

oferece bons preços, mas é desorganizada, com funcionários descapacitados e

que oferecem um tratamento insuficiente, essa empresa está com os dias

contados.

Para melhor entendimento de como o fator custo influencia ao

item qualidade, temos parte da entrevista da Revista Projeto, Jan. 2009 (Anexo

1), que mostra com clareza essa relação:

A maioria dos clientes compreende as necessidades e

intenções de projeto? E possível conciliar os interesses do cliente, em

termos de custos, com as necessidades dos usuários de móveis e

equipamentos?�

Essa é a nossa missão. Se o cliente não compreender, é uma

falha de projeto, inadmissível. Então o cliente sempre sabe qual é a intenção

de projeto, porque temos a obrigação de deixar isso claro para ele. O cliente

tem que se ver retratado naquele projeto.

Senão, é porque houve erro de compreensão no briefing.

Normalmente ele tem que perceber que nós conseguimos captar o que ele

queria transmitir como imagem corporativa. Essa questão da imagem não é

importante só para o mercado, muitas vezes o mais importante é aquilo que ele

vai transmitir para os colaboradores dele. Há clientes que não recebem público

externo, mas têm um escritório bacana. Com relação a custos é a mesma

coisa: se não entendemos o quanto o cliente quer gastar, é porque não

entendemos o cliente. Cabe a nós buscar a melhor relação custo/benefício.

Existem aspectos funcionais, operacionais e tecnológicos que devem ser

atendidos e sobrepujam a parte estética. Se precisar enxugar algo, vamos

eliminar um material mais sofisticado, mas vamos atender às premissas de

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ergonomia, das normas técnicas. E se ainda assim não der, seremos obrigados

a dizer ao cliente que não conseguimos fazer aquilo que ele espera com aquele

orçamento.

3.3 - Prazo x Qualidade

Quanto maior for o tempo gasto com planejamento em todas as

fases do ciclo de vida do projeto, maiores as chances de sucesso do mesmo

(Cleland, 1999). É certo quantificarmos o custo do atraso e o que gera

insatisfação. Quanto mais se atrasa um projeto, mais lentamente se obtém o

resultado esperado. Em muitos casos isso pode significar a perda de uma

oportunidade ou até de um determiando mercado.

Muitas empresas começam a investir em sofisticadas ferramentas

de software para controle de cronograma e se dizem preparadas para

gerenciar projetos. Não há nada de errado na iniciativa de investir em

ferramentas de planejamento e controle. Muitas controlam até mais que o

cronograma, mas não funcionam sozinhas. De nada adianta a melhor

ferramenta sem o devido processo e o treinamento conceitual do que é

gerenciamento de projetos.

O gerenciamento do tempo vai desde a definição de atividades,

sequenciamento definição de recursos por atividade, estimativa de duração e

montagem até controle do cronograma.

Em um projeto onde o prazo tem importância relevante, seria de

grande valia um detalhamento maior das entregas e das atividades que

compõem seu caminho crítico. Isso gera um crescimento da precisão gerencial

nas partes que diretamente contribuem para ao prazo do projeto.

Planejar é essencialmente um processo sistemático que envolve

integração de uma variedade de atividades, recursos e intervalos de tempo.

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CAPÍTULO IV

A ESCOLHA DO FORNECEDOR / PRESTADOR DE SERVIÇO

“Se uma pessoa entrar em um ramo de

negócio tendo como única meta juntar

dinheiro, as chances são de que não

conseguirá. Mas se colocar os serviços e a

qualidade em primeiro lugar, o dinheiro cuidará

de si mesmo.”

Joyce C. Hall, fundador da Hallmark Cards Inc.

Se o cliente não tivesse qualidade em prestação de serviços

como referência para suas escolhas, ficaria muito difícil para ele optar por esse

ou aquele fornecedor.

Atualmente as empresas, sejam elas produtoras de bens ou

prestadoreas de serviços, estão atentas a essa nova realidade, tanto que o

diferencial competitivo que elas apresentam para ganhar e manter clientes é a

qualidade. Qualidade não só dos serviços associados aos produtos, mas

também de um determinado serviço como produto alternativo

As empresas prestadoras de serviços e os profissionais precisam

estar atentos a revolução nas relações de trabalho, para que possam criar

estratégias que garantam seu espaço no mercado, cada vez mais competitivo.

As expectativas são altas: das empresas, espera-se que cuidem

da qualidade dos serviços que prestam, procurando excelência nos mínimos

detalhes. Dos profissionais, que estejam predispostos ao aprendizado contínuo

e interessados nas novas tecnologias. De ambos, empresas e profissionais,

espera-se flexibilidade para se adaptarem à nova realidade das relações de

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trabalho, as quais têm como grande referencial o aperfeiçoamento das relações

humanas, do trato como colegas e clientes. Tudo isso com vistas a aprimorar a

qualidade na prestação de serviços.

Para melhor entendimento do que se propõe neste capítulo,

citaremos alguns fatores importantes para se obter a qualidade em prestação

de serviços:

4.1 - Estratégia para os serviços

Quando se busca qualidade, a empresa precisa conceber uma

estratégia para os serviços que vai prestar. Essa estratégia vai definir as

políticas gerais da organização (planos estratégicos, planos de custos, política

de salários, procedimentos em situações de crise), vai decidir sobre as

instalações físicas da empresa, estabelecer os padrões de atendimento ao

cliente, as competências necessárias a cada profissional, os diferentes

processos de trabalho e a dinâmica do trabalho em equipe. Tudo isso de modo

a atender às conveniências e necessidades do cliente.

Transformar a estratégia em ações nem sempre é fácil, em

especial quando é preciso mudar a cultura da empresa, o modo de ser da

organização.

Muitas empresas estão inovando e criando alguns serviços que

chamam a atenção do cliente. É o caso, por exemplo, de empresas que

buscam materiais alternativos, mostrando a preocupação com a preservação

do meio ambiente. Esse é um diferencial que atrai e encanta os clientes.

As novas tecnologias têm mudado bastante as estratégias e

formas das organizações das prestadoras de serviços. Em alguns escritórios

de arquitetura, é disponibilzado, em seu sistema, o acesso do fornecedor para

preenchimentos, consultas e resultados de avaliações de seus serviços

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prestados. Dessa forma, ele pode direcionar e buscar a melhoria dos serviços.

4.2 - Ética na prestação de serviços

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o

estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível

de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à

determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

A dimensão ética relativa aos compromissos assumidos pela

prestadora de serviços é fator decisivo para a qualidade. Em resumo, a

empresa não deve prometer além daquilo que não pode cumprir. A empresa

que intencionalmente, não cumpre o que promete está direcionada ao fim, mais

cedo ou mais tarde.

Um exemplo na construção civil é quando um prestador de

serviços que se comprometeu em usar um determinado acabamento e venha a

usar outro de péssima qualidade. Depois de algum tempo, será chamado para

fazer o reparo dos prejuízos causados, que poderiam ser evitados se tivesse

cumprido as normas do contrato.

Para ilustrar, segue trecho de entrevista com profissionais de

escritório de gerenciamento de projetos de arquitetura corporativa, onde é

abordada a questão da escolha dos fornecedores os quais consequentemente

se tornam parceiros para melhor atender ao cliente final. (Anexo 2)

Trabalham com uma carteira regular de fornecedores ou

depende de cada projeto?

X – O atendimento de clientes exigentes e prazos apertados

demanda fornecedores eficientes e de qualidade superior. Possuímos uma

carteira de fornecedores homologada para trabalhar com nosso padrão de

qualidade e que é constantemente avaliada por suas entregas. O

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comprometimento dos fornecedores é fundamental para que se cumpram os

prazos, dentro do orçamento e qualidade exigidos.

Y – A proximidade com os fornecedores também nos permite ter

acesso constante aos lançamentos de novos produtos. Muitas vezes somos

consultados para o desenvolvimento de novos produtos e linhas de

acabamento.

Seus critérios para a escolha de fornecedores consideram

quesitos relacionados à�sustentabilidade dos produtos especificados?

X - Atualmente, 100% dos nossos projetos consideram quesitos

de sustentabilidade na medida do possível. Ao que eu saiba, é nosso o

primeiro projeto de interiores certificado pelo Leed na América Latina. Em todos

os trabalhos atendemos quesitos que contam para a certificação e

usamos como luminárias eficientes, sensores de presença, torneiras com

fechamento automático, interruptores independentes, iluminação setorizada,

cadeiras feitas com material reciclado e 100% recicláveis. Usamos muitas

transparências e evitamos salas fechadas, que impedem a luz natural e o

contato com o exterior. As madeiras que usamos são sempre certificadas,

reencaminhamos materiais descartados para novos usos.�

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CONCLUSÃO

Para concluir, é possível falar nos obstáculos ao sucesso nos

projetos, relacionados à qualidade, dentre eles merecem destaque:

• falta de clareza nos objetivos propostos, na etapa de planejamento;

• falta de integração da equipe do projeto;

• tempo escasso para realização de muitas atividades – prazo mal

calculado;

• diferentes expectativas entre as partes envolvidas (stakeholders);

É possível também, como proposto, indicar pontos de melhoria no

gerenciamento de projetos, dentre os quais:

• Entender, estudar e conhecer bem o projeto;

• Compreender as etapas estabelecidas;

• Construir alianças e pontes entre as partes envolvidas (stakeholders);

• Trabalhar em equipe;

O controle da qualidade envolve avaliar o desempenho real de

qualidade, comparar o desempenho real com as metas de qualidade e agir a

respeito das diferenças. Manter a qualidade significa cumprir os padrões

elaborados, embasado por um sistema de correção aos desvios dos processos

que efetivamente assegurem as necessidades do cliente.

O melhoramento da qualidade envolve estabelecer a infra-

estrutura necessária para garantir o melhoramento anual da qualidade,

identificar as necessidades específicas de melhorias (projetos de

melhoramento), estabelecer uma equipe com clara responsabilidade para levar

o projeto a uma conclusão bem sucedida, prover recursos, motivação e

treinamento, diagnosticar as causas de erros, estimular o estabelecimento de

correções e estabelecer controle para manter os ganhos.

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Melhorar a qualidade reflete o dinamismo das necessidades

traduzidas em características, exigindo ações sistêmicas dentro de toda a

organização para o acompanhamento contínuo das perspectivas de mudanças

e eficientes ações para suas implementações.

Espera-se garantir os resultados de cada processo e seus

respectivos desdobramentos, medindo os indicadores que se fizerem

imprescindíveis à obtenção da qualidade.

Em suma, planejamento da qualidade é a fixação de metas e o

estabelecimento de meios necessários para alcançá-las. Controle da qualidade

é a execução de planos, monitoração das operações para detectar diferenças

entre o desempenho real e as metas e ações corretivas caso hajam diferenças.

Para que isto seja possível, é necessário treinar amadores para que se tornem

profissionais em planejamento da qualidade, aumentar o foco para o Q da

qualidade, exigir participação dos envolvidos, adotar métodos sistemáticos

modernos e exigir prova da capacidade do processo.

A atuação dos altos gerentes é vital no planejamento da

qualidade, no sentido de que eles devem organizar a empresa, padronizando

os significados dos termos chave relativos à gerência para a qualidade para

melhorar a comunicação, desenvolver definições consensuais e publicá-las em

um glossário oficial.

Em resumo: Uma empresa competente e que deseja permanecer

no mercado, deve ter como meta, os itens abaixo:

Qualidade em tudo que faz - Buscar excelência de qualidade em tudo que faz

e entendeque o comprometimento da direção e de todos os funcionários

é essencial para atender a política da qualidade;

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Clientes satisfeitos - Não medir esforços e comprometimento para entender e

satisfazer plenamente as expectativas dos clientes;

Fornecedores qualificados - Entender que a contratação de um time de

fornecedores qualificados é decisiva para alcançar excelência de projeto, as

melhores soluções técnico-comerciais e implantação das obras com qualidade

superior e nos prazos estabelecidos;

Profissionais realizados - Buscar condições de trabalho positivas e

realizadoras para os profissionais, valorizando aqueles que executam trabalhos

alinhados com a qualidade;

Resultado econômico - Buscar geração de resultados econômicos que

assegurem o desenvolvimento contínuo e consistente da empresa;

Inclusão social e responsabilidade ambiental - Utilizar soluções que auxiliam

a inclusão social e a preservação do meio ambiente;

Vizinhos respeitados - Atuar de maneira a assegurar o bem estar dos vizinhos

das obras;

Evolução permanente através de inovação - Buscar evolução permanente

através da inovação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

QUEIROZ, E.K.R., 1993, Análise Crítica do Conceito da Qualidade Segundo

David Garvin, Tese de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

CHERMONT, Gisele Salagado de, 2001, A Qualidade na Gestão de Projetos

de Sisetemas de Informação, Tese de M.Sc., Engenharia de Produção,

COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

SOUZA, Roberto de, 11997, Metodologia para Desenvolvimento e Implantação

de Sistemas de Gestão da Qualidade em Construtoras de Médio e Pequeno

Porte, Tese de Doutorado, Escola Politécnica da USP, São Paulo, SP, Brasil.

DANIELEWICZ, Marcio. Procedimentos para rastreabilidade das não

conformidades no processo produtivo. 2006, 169 p. Dissertação de Mestrado –

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

PMI (Project Management Institute). Um guia do conjunto de conhecimentos

em gerenciamento de projetos. (Guia PMBOK) 3ª ed.

KEELLING, Ralph, 2006, Gestão de Projetos, Uma Abordagem Global.

Qualidade em Prestação de Serviços, Edição Atualizada e Ampliada, Senac.

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JÚNIOR, Isnard Marshall e CIERCO, Agliberto Alves. Gestão da Qualidade, 9ª

edição, Série Gestão Empresarial, FGV Editora.

BARCAUI, André e BORBA, Daúbio. Gerenciamento do Tempo em Projetos,

Série Gerenciamento de Projetos, FVG Editora.

Gestão pela Qualidade na Segurança Pública, Curso Nacional de Promotor

de Polícia Comunitária.

CEP - Controle Estatístico de Processo

Ano IV - Nº 45 - Setembro/200

Revista Infra, Junho 2009, pág. 24 e 25.

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ANEXOS

ANEXO 1 ENTREVISTA

Revista Infra / Junho 2009

Espaço do Arquiteto

Os segredos da arquitetura corporativa

Sócios da A|W, Sérgio Athié e Ivo Wohnrath contam os segredos da arquitetura corporativa

focada em grandes clientes

Tratamento personalizado

Quando o arquiteto Sérgio Athié e o administrador de empresas Ivo Wohnrath se uniram para a

criação da Athié Wohnrath Associados, tiveram como objetivo estruturar uma empresa

totalmente direcionada para o atendimento do cliente corporativo, e para isto foi necessária

muita competência e determinação. Hoje, comemoram mais de cinco milhões de metros

quadrados de escritórios implantados. A forte equipe de profissionais pode ser entendida como

a chave para o êxito desse trabalho, aliada a um sistema eficaz que inclui soluções específicas

provenientes do entendimento da cultura de trabalho e das necessidades de cada

empresa.Veja os detalhes no bate-papo a seguir.

Qual é o desafio de trabalhar com empresas multinacionais?

Ivo – A Athié Wohnrath estruturou-se para atender a essa diversidade de clientes e áreas de

negócios. Um projeto na A|W não tem a “cara” do arquiteto, mas as características específicas

da necessidade do cliente – ponto essencial para a satisfação deles; o atendimento e o projeto

são personalizados. O que não muda é nossa metodologia de trabalho, pautada pelo registro

de informações e comunicação efetiva.

Como é a relação com o Facility em um projeto de um novo escritório ou retrofit?

Sérgio – Essa relação é bem estreita, desde o início do projeto até a finalização da obra. Ivo –

É uma fase em que o Facility passa por angústias, preocupações e dúvidas por ter incertezas

causadas pelo que é novo. É importante que o profissional que está liderando o projeto e

implantação do novo escritório seja um parceiro que entenda e apóie as decisões, e tenha

experiência e habilidade em contornar problemas. Muitas vezes a solução é conseguida a

quatro mãos: facility e arquiteto lado a lado. É um período de convivência intensa. O resultado

final é sempre satisfatório.

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De que forma a sustentabilidade está inserida nos projetos?

Ivo – Adotamos em todos os nossos projetos os princípios de sustentabilidade, seja para os

clientes que tem esta consciência ou para os que desejam obter uma certificação e também

para os que querem reduzir seus custos operacionais. A especificação de produtos de origem

reciclada ou que sejam – em algum momento da cadeia – recicláveis (madeiras de manejo e

com selo verde, tintas à base de água, ou torneiras e bacias que economizam água) são

exemplos de medidas sustentáveis que procuramos usar em nossos projetos.

Sérgio – Quanto ao custo, entendemos que um projeto sustentável não necessariamente deva

custar mais caro e o mercado começa a entender isto. O investimento em um equipamento de

ar eficiente, que gasta menos energia, por exemplo, irá representar uma expressiva economia

do recurso energético durante a sua operação. Este exemplo vale para luminárias,

equipamentos sanitários, etc.

“�sempre temos experiências positivas que podem ser compartilhadas entre os

diversos projetos”

Onde estão pautados os itens de sucesso de um projeto para o mercado corporativo?

Ivo – Sem dúvida, na satisfação plena do cliente. Nada melhor que estar presente no ato da

mudança, recebendo os funcionários da empresa em seu novo escritório. Todas as incertezas

e dúvidas do sucesso acabam neste estágio. Para isso, um projeto corporativo deve valorizar e

respeitar quem realmente vai trabalhar ali, desde o correto dimensionamento dos espaços, a

especificação de acabamentos e mobiliário e soluções técnicas adequadas. O atendimento do

budget e facilidades na manutenção também são preocupações constantes durante o

desenvolvimento dos trabalhos.

Sérgio – Uma coisa muito importante é agregar valor às premissas do cliente. Como vivemos e

estudamos o ambiente corporativo e suas transformações o tempo todo, sempre temos

experiências positivas que podem ser compartilhadas entre os diversos projetos.

Como fazem isso?

Sérgio – O entendimento das necessidades da empresa determina o sucesso do projeto. O

escritório de arquitetura deve, portanto, ter uma metodologia para identificar e mapear essas

informações e definir com o grupo responsável pela mudança no cliente qual caminho tomar.

Normalmente o Facility é peça-chave nesta etapa, onde também é fundamental avaliar as

premissas técnicas.

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Ivo – É possível fazer entrevistas com todos na empresa, mas essa seria uma alternativa

demorada e pouco eficaz. Geralmente são entrevistas com pessoas estratégicas que

centralizam as informações do departamento. Podem ser secretárias, gerentes ou diretores.

O mercado pede rapidez nas mudanças de localização e/ou de layout de um escritório.

Como atender sem perder a qualidade?

Sérgio – Nossa estrutura está pautada numa metodologia única que responde rapidamente a

essa necessidade de prazo. Outro aspecto é que nossos projetos incorporam elementos de

flexibilidade, facilitando eventuais alterações de layout. Agilidade está no nosso DNA.

Trabalham com uma carteira regular de fornecedores ou depende de cada projeto?

Ivo – O atendimento de clientes exigentes e prazos apertados demanda fornecedores

eficientes e de qualidade superior. Possuímos uma carteira de fornecedores homologada para

trabalhar com nosso padrão de qualidade e que é constantemente avaliada por suas entregas.

O comprometimento dos fornecedores é fundamental para que se cumpram os prazos, dentro

do orçamento e qualidade exigidos.

Sérgio – A proximidade com os fornecedores também nos permite ter acesso constante aos

lançamentos de novos produtos. Muitas vezes somos consultados para o desenvolvimento de

novos produtos e linhas de acabamento.

O que é melhor e pior no desenvolvimento de um projeto corporativo?

Sérgio – O melhor é sempre quando superamos a própria expectativa do cliente, não só pela

qualidade e comprometimento com prazos e orçamento, mas pela incorporação de novos

conceitos que não eram familiares à empresa e quando implantados demonstraram ser

soluções inovadoras e que contribuem para as formas de trabalho de maneira geral.

Ivo – É ruim quando um processo é interrompido ou muda radicalmente de rumo por razões

que não dependem do controle do cliente.

O que podemos esperar do escritório A|W para o futuro?

Sérgio – Com a experiência e excelência dos trabalhos de interiores de escritórios optamospor

estender esse conhecimento para outros segmentos.

Ivo – Estamos estruturados para projetos de grande magnitude na área predial, seja em

prédios de escritórios, centros de convenção ou de tecnologia, seja para projeto e implantação

de plantas industriais e centros de distribuição. Esta será nossa tendência para o futuro.

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ANEXO 2 ENTREVISTA

Revista Projeto / Jan. 2009

Sérgio Athié - Arquiteto formado pela FAU/Mackenzie em 1981, é sócio do escritório Athié

Wohnrath Associados rojetos e Gerenciamento, que possui aproximadamente 200 funcionários

em suas unidades de São Paulo e Rio de Janeiro

01 Quais os aspectos primordiais que devem ser considerados no desenvolvimento de

projetos para ambientes corporativos?

O principal é entender qual a demanda do cliente. É fundamental que o projeto retrate aquilo

que o cliente tem como expectativa. Muitas vezes ele não consegue defini-Ia claramente e a

nossa missão é procurar compreendê-la e agregar valor à expectativa do cliente. Para isso,

temos ferramentas que o ajudam a externa r o que ele espera como resultado. É comum que o

cliente peça uma coisa e na verdade queira outra. Temos recursos, como a apresentação de

material fotográfico, que permitem ao cliente entender de que ele precisa realmente. Há vários

exemplos de clientes que depois de verem a presentação acabam mudando o briefing. Isso

não envolve somente resultados de projeto. Há aspectos de tecnologia, de sustentabilidade, de

normatização, índices de iluminação, ergonomia, elementos que estão envolvidos e que ele

pode não requisitar porque desconhece o assunto.

02 Seus critérios para a escolha de fornecedores consideram quesitos relacionados à

sustentabilidade dos produtos especificados?

Atualmente, 100% dos nossos projetos consideram quesitos de sustentabilidade na medida do

possível. Ao que eu saiba, é nosso o primeiro projeto de interiores certificado pelo Leed na

América Latina. Em todos os trabalhos atendemos quesitos que contam para a certificação e

usamos como luminárias eficientes, sensores de presença, torneiras com fechamento

automático, interruptores independentes, iluminação setorizada, cadeiras feitas com material

reciclado e 100% recicláveis. Usamos muitas transparências e evitamos salas fechadas, que

impedem a luz natural e o contato com o exterior. As madeiras que usamos são sempre

certificadas, reencaminhamos materiais descartados para novos usos.

03 Tomando o feedback de seus clientes como referencial, quais os segmentos de

produtos para interiores de escritórios que melhor correspondem às necessidades do

mercado? E quais os segmentos que menos atendem às expectativas dos clientes?

De modo geral, o mercado tem atendido de forma muito competente às necessidades dos

clientes. Talvez o único item que deixa um pouco a desejar nessa nova situação seja o custo.

Mas em produto, qualidade, ergonomia e flexibilidade de adaptação, nosso mercado evoluiu

muito. Em mobiliário, assentos, iluminação, por exemplo, hoje existe uma gama grande de

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produtos, alinhados com coisas que são feitas no exterior. Muitas vezes, clientes estrangeiros

que têm por padrão usar determinado produto importado se sentem confortáveis para usar o

fornecedor nacional. Temos utilizado muitas cadeiras importadas porque elas têm o valor

agregado de design e o cliente entende de design de qualidade e opta por um produto mais

sofisticado que às vezes está numa faixa de custo competitiva com o produto nacional. Mas

tudo depende da especificação e para isso você precisa ser claro quando diz ao fabricante o

que espera. Consultores, na medida do possível, também são importantes.

Um consultor de acústica, por exemplo, vai dizer qual é a composição interna da divisória,

como ela deve ser implantada.

04 De que formas os fornecedores de itens para interiores de escritórios podem

melhorar oatendimento às necessidades dos arquitetos?

Temos recebido um atendimento bastante ágil, até porque temos aqui um programa de

homologação de fornecedores - com cerca de 300 empresas - e, pelo fato de estarmos

buscando a ISO 9.000, temos que trazer para esse processo todos que caminham conosco.

Mas, independentemente do produto final, o que nós e o cliente esperamos é serviços. Essa é

a grande diferenciação das empresas: serviços, garantias, assistência técnica, o tempo que o

fornecedor leva para nos atender num orçamento e depois o tempo que leva para fazer a

implantação na obra.

05 A maioria dos clientes compreende as necessidades e intenções de projeto? E

possível conciliar os interesses do cliente, em termos de custos, com as necessidades

dos usuários de móveis e equipamentos?

Essa é a nossa missão. Se o cliente não compreender, é uma falha de projeto, inadmissível.

Então o cliente sempre sabe qual é a intenção de projeto, porque temos a obrigação de deixar

isso claro para ele. O cliente tem que se ver retratado naquele projeto.

Senão, é porque houve erro de compreensão no briefing. Normalmente ele tem que perceber

que nós conseguimos captaro que ele queria transmitir como imagem corporativa. Essa

questão da imagem não é importante só para o mercado, muitasvezes o mais importante é

aquilo que ele vai transmitir para os colaboradores dele. Há clientes que não recebem público

externo, mas têm um escritório bacana. Com relação a custos é a mesma coisa: se não

entendemos o quanto o cliente quer gastar, é porque não entendemos o cliente. Cabe a nós

buscar a melhor relação custo/benefício. Existem aspectos funcionais, operacionais e

tecnológicos que devem ser atendidos e sobrepujam a parte estética. Se precisar enxugar algo,

vamos eliminar um material mais sofisticado, mas vamos atender às premissas de ergonomia,

das normas técnicas. E se ainda assim não der, seremos obrigados a dizer ao cliente que não

conseguimos fazer aquilo que ele espera com aquele orçamento.

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06 Vivemos recentemente uma fase de crescimento econômico, o que se traduziu em

maior volume de projetos para a maioria dos escritórios de arquitetura. A crise atual já

está trazendo consequências no seu dia-a-dia? Quais suas expectativas para 2009?

Dizer que não há crise não dá, porque ela está aí. Mas temos de ser otimistas, porque ficar

reclamando não nos ajuda emnada, nem ajuda nossos clientes. Temos que ver a crise junto

com os clientes. Já surgiram no escritório novos projetos depois que tudo isso começou. Muitas

vezes os orçamentos são distintos e vamos ter que nos adaptar, porque o cliente tem o objetivo

de mudança. Talvez ele não gaste agora o que imaginava e deixe isso para daqui a três anos.

A criatividade é para nós, arquitetos, o jeito de debelar a crise. Além disso, a crise gera

oportunidades, como projetos que vão preparar as empresas para reduzir custos. O cliente

está começando a ver que esses itens de sustentabilidade podem significar um investimento

inicial maior, mas trarão economia por todo o tempo em que ele estiver ocupando aquele

espaço. Essa não é a primeira crise e não será a última.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6 CAPÍTULO I ....................................................................................................... 8 O QUE É GERENCIAMENTO DE PROJETOS? ................................................ 8

1.1 Definindo projeto e caracterizando um projeto ......................................... 8 CAPÍTULO II .................................................................................................... 12 GERENCIAMENTO DA QUALIDADE EM PROJETOS DE ARQUITETURA CORPORATIVA ............................................................................................... 12 CAPÍTULO III ................................................................................................... 22 RELAÇÃO ENTRE ESCOPO, CUSTO, PRAZO E CONTROLE DA QUALIDADE EM PROJETOS CORPORATIVOS ............................................ 22

3.1 - Escopo x Qualidade .............................................................................. 22 3.2 - Custo x Qualidade ................................................................................ 24 3.3 - Prazo x Qualidade ................................................................................ 25

CAPÍTULO IV ................................................................................................... 26 A ESCOLHA DO FORNECEDOR / PRESTADOR DE SERVIÇO .................... 26

4.1 - Estratégia para os serviços .................................................................. 27 4.2 - Ética na prestação de serviços ............................................................. 28

CONCLUSÃO ................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 33 ANEXOS .......................................................................................................... 35

ANEXO 1 ...................................................................................................... 35 ANEXO 2 ...................................................................................................... 38