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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
A importância do capacete nos acidentes com
veículos de duas rodas e modelos
computacionais para a melhoria das suas
condições de segurança
Tiago Morgado Paulino
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Júri Presidente: Prof. Doutor Nuno Manuel Mendes Maia
Orientador: Prof. Doutor João Manuel Pereira Dias
Vogal Prof. Doutor Miguel Pedro Tavares da Silva
Setembro de 2008
i
Resumo
Os acidentes com veículos de duas rodas representam, em Portugal, cerca de 27% das
vítimas mortais em acidentes rodoviários. O estudo da utilização e eficiência dos capacetes é
de extrema importância, pois estes têm um papel importante na redução do nível de lesões.
Foi efectuada uma análise estatística dos acidentes com veículos de duas rodas, dos
quais resultaram vítimas, em Portugal, no ano de 2005. Com o objectivo de identificar e isolar
alguns dos factores mais relevantes na ocorrência destes acidentes, nomeadamente a nível
dos factores relacionados com os veículos e factores humanos, foi possível estabelecer uma
analogia com o uso do capacete.
Foram igualmente efectuadas duas reconstituições de acidentes reais inseridos no
âmbito de processos jurídicos e litigiosos, com recurso a modelos computacionais envolvendo
veículos de duas rodas. Estes acidentes permitiram também efectuar uma análise da influência
do capacete na severidade de lesões nos condutores envolvidos.
Procedeu-se a uma recolha de informação alusiva ao capacete, inserida no âmbito do
projecto COST357 PROHELM, com vista a identificar e comparar alguns dos aspectos e
problemas inerentes ao uso do capacete, não só em Portugal, mas também, nos restantes 13
países europeus participantes.
Utilizando a informação recolhida anteriormente, foi desenvolvido um modelo de
capacete genérico em CAD 3D com recurso ao software Solidworks, que posteriormente foi
convertido em elementos finitos através do software Ansysworkbench, de forma a serem
efectuados testes de impacto no com o objectivo de melhorar a segurança dos capacetes,
tendo sido utilizado para este efeito o software Madymo.
Finalizando, através dos resultados obtidos foi possível tecer considerações
importantes relativamente à influência do material de espuma no interior do capacete. Também
conclui-se que a simples introdução de mais uma camada de espuma no interior do capacete,
permite reduzir os níveis de aceleração sofridos pela cabeça.
iii
Abstract
In Portugal, the accidents with PTWs represent about 27% of all fatal victims in road accidents.
The study of helmets safety in case of accident is of extreme value and may play an important
part in the reduction of the degree of injuries.
A statistical study concerning these accidents was performed in order to determine its
number of resulting victims in Portugal over the year 2005. The study intended to identify and
single out some of the main factors behind their occurrence, such as vehicle and human related
factors, establishing an analogy with the use of the helmet.
In addition, two reconstitutions of real accidents involving these vehicles, in the scope of
legal and litigious processes, were developed with the aid of computational models allowing the
verification of the influence of the helmet in the severity of the drivers’ injuries.
In order to obtain a Portuguese and European perspective of in-depth data sampling on
cognitive aspects of motorcycle helmets (project COST357 PROHELM), information was
collected in various countries in an attempt to indentify and compare some aspects and inherent
problems of the use of the helmet.
The constituting parts of the helmet were also object of study and analysis, as well as
the basic anatomy and injury mechanisms of the human head.
Based on the previously collected information, a generic model of a helmet was
developed on CAD 3D, followed by its conversion into finite elements, all in order to perform
impact tests that would help improve the helmet’s safety.
Lastly, and basing on the obtained results, it was possible to reach important
conclusions regarding the influence of foam material in the helmet. It was also possible to
realize that the simple introduction of another foam layer in the interior of the helmet allows the
reduction of the acceleration to which the head is exposed.
v
Palavras-Chave
Reconstituição de acidentes
Capacete
Modelos computacionais
Dinâmica de corpos múltiplos
Lesões ao nível da cabeça
Keywords
Two wheel vehicles Accidents
Helmet
Computational Models
Head injuries
vi
vi
ABREVIATURAS
AIS Escala de lesões relativas ao corpo humano (Abbreviature Injury Scale).
DGV Direcção Geral de Viação.
EES Velocidade de Energia Equivalente (Energy Equivalent Speed) - Velocidade à qual se
registariam as deformações existentes no veículo, caso estas fossem produzidas pelo embate
do mesmo numa barreira rígida.
HIC Índice de lesão na cabeça (Head Injury Criteria).
DEFINIÇÕES DE ACIDENTOLOGIA
Acidente Ocorrência na via pública em que se encontre envolvido o mínimo de um veículo e
da qual resultem vítimas e/ou danos materiais.
Acidente com
vítimas Acidente do qual resulta no mínimo uma vítima.
Acidente com
feridos leves
Acidente do qual resulte pelo menos um ferido leve, e em que não se tenham
registado vítimas mortais nem feridos graves.
Acidente com
feridos graves
Acidente do qual resulte o mínimo de um ferido grave, não havendo registo de
qualquer vítima mortal.
Acidente mortal Acidente do qual resulte o mínimo de uma vítima mortal.
Condutor Indivíduo que na via pública comanda um veículo ou animal.
Ferido leve Vítima de acidente que não seja considerada ferida grave, apresentando unicamente
ferimentos ligeiros.
Ferido grave Vítima de um acidente que obrigue a um internamento hospitalar superior a 24
horas.
Índice de
gravidade Número de vítimas mortais por 100 acidentes com vítimas.
Ocupante Indivíduo que se encontra no interior de um veículo que se transite na via pública.
Passageiro Indivíduo afecto a um veículo na via pública e que não seja condutor.
Peão
Indivíduo que transita na via pública a pé e em locais sujeitos à legislação rodoviária.
São considerados peões todos os indivíduos que conduzam à mão velocípedes ou
ciclomotores de duas rodas sem carro atrelado ou carros de crianças ou de
deficientes físicos.
Vítima Ser humano que em consequência de acidente sofra danos corporais.
Vítima mortal Vítima de acidente cujo óbito ocorra no local do evento ou no seu percurso até à
unidade de saúde.
vii
Software
HYPERVIEW Visualizador de resultados do programa Madymo.
MADYMO Programa informático de dinâmica de corpos múltiplos.
PC-CRASH Programa informático utilizado na reconstituição da dinâmica de acidentes.
SOLIDWORKS Programa informático CAD 3D.
NOTAÇÃO
a, A, α Escalar
{ }a Vector
{ }Ta Vector transposto
{ }ia Vector associado ao corpo rígido i
[ ]A Matriz
[ ]TA Matriz transposta
[ ] 1−A Matriz inversa
a& Derivada de primeira ordem em relação ao tempo
a&& Derivada de segunda ordem em relação ao tempo
Z,Y,X Referencial global ou de inércia
z,y,x Referencial local
{ }ir Vector de coordenadas de translação globais do vector posição do corpo i
{ }ip Vector dos quatro parâmetros de Euler 3210 e,e,e,e associados ao corpo i
{ }iq Vector de coordenadas do corpo i
{ }iω Vector de velocidade angular do corpo i
ix
Agradecimentos
Antes de mais quero agradecer às duas pessoas que tornaram possível a
concretização deste objectivo, os meus pais! Obrigado por tudo, mas principalmente, pelo amor
incondicional e confiança que sempre depositaram em mim.
Em segundo lugar gostaria de agradecer à minha namorada, Rita, que foi e, é um dos
principais pilares na minha vida, e que muito me ajudou principalmente nos momentos mais
difíceis.
Também gostaria de fazer um agradecimento muito especial aos meus amigos Sara e
Pedro. Por tudo aquilo que fizeram por mim, um grande obrigado!
Ao Luís Oliveira, Luís Teodora, Luís Frederico, Rui Pinto, Rui Pimentel, Victor Amaral e
ao “espanhol”: o Cristian, quero agradecer-vos por todos os momentos de amizade que
passamos e que fizeram com que o trabalho parecesse menos pesado.
Outra das pessoas que quero agradecer é ao Ricardo Portal, por toda a disponibilidade
e amizade que teve para comigo.
Por fim, aqui vai um agradecimento muito especial, não ao meu orientador, Prof. João
Pereira Dias, mas ao homem e grande amigo que descobri nele! “Professor” um grande
obrigado por tudo!
Ainda de fazer alguns agradecimentos institucionais nomeadamente ao IDMEC-IST
pelas bolsas concedidas no âmbito dos projectos PARA e MRRA, à Allianz Portugal, Direcção-
Geral de Viação e Prevenção Rodoviária Portuguesa pelo financiamento dos mesmos e ainda
à Polícia de Segurança Pública de Lisboa.
x
x
Índice
RECONSTITUIÇÃO DE ACIDENTES ........................................................................................................ V
TWO WHEEL VEHICLES ACCIDENTS ...................................................................................................... V
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.1 MOTIVAÇÃO .................................................................................................................................... 1 1.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................................... 2 1.3 OBJECTIVOS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................................... 4
2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DE ACIDENTES ........................................................................................... 7
2.1 FACTORES RELACIONADOS COM OS VEÍCULOS. ........................................................................................ 7 2.2 DISTRIBUIÇÃO POR CATEGORIAS ........................................................................................................... 8 2.3 FACTORES HUMANOS ....................................................................................................................... 10
3 RECONSTITUIÇÃO DE ACIDENTES REAIS ENVOLVENDO VEÍCULOS DE DUAS RODAS .................... 15
3.1 METODOLOGIA PARA A RECONSTITUIÇÃO DE ACIDENTES ......................................................................... 15 3.2 CASOS REAIS ESTUDADOS .................................................................................................................. 16
3.2.1 Caso nº1: Colisão entre um ciclomotor e um veículo ligeiro .............................................. 18 3.2.1.1 Modelos e características dos veículos .......................................................................................... 19 3.2.1.2 Factor humano ............................................................................................................................... 19
3.2.1.3 Deformações dos veículos .................................................................................................. 20 3.2.1.4 Lesões dos condutores envolvidos no acidente ............................................................................. 21 3.2.1.5 Dinâmica do acidente .................................................................................................................... 22 3.2.1.6 Simulação Computacional ............................................................................................................. 23 3.2.1.7 Análise ao capacete ....................................................................................................................... 24 3.2.1.8 Discussão ....................................................................................................................................... 27
3.2.2 Caso nº2: Colisão entre um motociclo de potência ilimitada e um veículo ligeiro de
mercadorias ....................................................................................................................................... 27 3.2.2.1 Modelos e características dos veículos .......................................................................................... 29 3.2.2.2 Factor humano ............................................................................................................................... 29 3.2.2.3 Deformações dos veículos: ............................................................................................................ 30 3.2.2.4 Lesões dos intervenientes no acidente .......................................................................................... 33 3.2.2.5 Dinâmica do acidente .................................................................................................................... 33 3.2.2.6 Simulação Computacional ............................................................................................................. 34 3.2.2.7 Análise ao capacete ....................................................................................................................... 37 3.2.2.8 Discussão ....................................................................................................................................... 39
4 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPACETE NAS CAPACIDADES COGNITIVAS DOS CONDUTORES ..... 41
4.1 ESTUDO E METODOLOGIA ................................................................................................................. 41 4.2 RESULTADOS .................................................................................................................................. 44
5 O CAPACETE E A SUA IMPORTÂNCIA NA REDUÇÃO DO NÍVEL DE LESÕES NA CABEÇA ................. 53
5.1 O CAPACETE ................................................................................................................................... 53 5.2 PROCESSO DE FABRICO DO CAPACETE .................................................................................................. 56 5.3 A CABEÇA HUMANA ......................................................................................................................... 57
5.3.1.1 Fracturas do crânio. ........................................................................................................... 58 5.3.1.2 Lesões focais. ..................................................................................................................... 58
5.3.1.3 Hematoma Epidural. ...................................................................................................................... 58 5.3.1.4 Hematoma Subdural. ..................................................................................................................... 58 5.3.1.5 Contusão ........................................................................................................................................ 59
5.3.1.6 Lesões cerebrais difusas. .................................................................................................... 59 5.3.1.7 Concussão. ..................................................................................................................................... 60 5.3.1.8 Lesão axonal difusa. ....................................................................................................................... 60
5.4 MECANISMOS DE LESÕES .................................................................................................................. 60 5.5 NORMAS E TESTES DE SEGURANÇA ...................................................................................................... 63
6 MODELOS COMPUTACIONAIS E METODOLOGIA UTILIZADA ....................................................... 65
xi
6.1 DINÂMICA DE CORPOS MÚLTIPLOS ...................................................................................................... 65 6.1.1.1 Sistema de corpos múltiplos ............................................................................................... 65 6.1.1.2 Corpo rígido ........................................................................................................................ 66 6.1.1.3 Elementos finitos ................................................................................................................ 67
6.2 MODELOS COMPUTACIONAIS E METODOLOGIA ADOPTADA ...................................................................... 68 6.2.1.1 Modelo do capacete em elementos finitos ........................................................................ 68 6.2.1.2 O modelo FMVSS 201 Hybrid III Headform ........................................................................ 75 6.2.1.3 Modelos de contacto .......................................................................................................... 76
6.3 VALIDAÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL E SIMULAÇÕES ...................................................................... 77
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................................ 79
7.1 VALIDAÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL .......................................................................................... 79 7.2 TESTES DE IMPACTO (NORMA ECE R22/05). ....................................................................................... 81 7.3 EFEITO DA DENSIDADE DO MATERIAL DE ESPUMA DO CAPACETE NO NÍVEL DE ACELERAÇÕES NA CABEÇA. ........... 86 7.4 EFEITO PRODUZIDO PELA COMBINAÇÃO DE MATERIAIS DE ESPUMA EPS E EPP SOBRE OS NÍVEIS DE ACELERAÇÃO
SOFRIDOS PELA CABEÇA HUMANA. .................................................................................................................. 87
8 CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 89
9 ESTUDOS FUTUROS ................................................................................................................... 90
xiii
Índice de Figuras FIGURA 1.1: DISTRIBUIÇÃO DE VÍTIMAS MORTAIS COM VEÍCULOS DE DUAS RODAS, POR PAÍS, 1991-2005 ........................ 2 FIGURA 2.1: NÚMERO DE VÍTIMAS MORTAIS EM PORTUGAL NO ANO DE 2005. ............................................................ 7 FIGURA 2.2: VÍTIMAS MORTAIS E FERIDOS GRAVES, POR CADA 1000 VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO EM PORTUGAL. ................. 8 FIGURA 2.3: PERCENTAGEM DE ACIDENTES COM VÍTIMAS POR CATEGORIA DE VEÍCULOS DE DUAS RODAS. .......................... 9 FIGURA 2.4: ÍNDICE DE GRAVIDADE NAS DIFERENTES CATEGORIAS DE VEÍCULOS DE DUAS RODAS. ..................................... 9 FIGURA 2.5: SINISTRALIDADE COM VEÍCULOS DE 2 RODAS NOS ANOS DE 2004 E 2005 ................................................ 10 FIGURA 3.1: PROCEDIMENTO ADOPTADO NAS RECONSTITUIÇÕES DE ACIDENTES REAIS. ................................................. 16 FIGURA 3.2: LOCAL ONDE OCORREU O ACIDENTE COM INDICAÇÃO DOS SENTIDOS DE CIRCULAÇÃO DE AMBOS OS VEÍCULOS. 18 FIGURA 3.3: ETAPAS NECESSÁRIAS À IMOBILIZAÇÃO DE UM VEÍCULO. ........................................................................ 20 FIGURA 3.4: DEFORMAÇÕES EXISTENTES NO CICLOMOTOR...................................................................................... 21 FIGURA 3.5: EXEMPLIFICAÇÃO DA FORMA COMO OCORREU A COLISÃO INICIAL ENTRE AMBOS OS VEÍCULOS. ..................... 21 FIGURA 3.6: LESÕES SOFRIDAS PELO CONDUTOR DO CICLOMOTOR. ........................................................................... 22 FIGURA 3.7: DINÂMICA DO ACIDENTE. ................................................................................................................ 22 FIGURA 3.8: FOTOGRAMAS DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL. ................................................................................ 23 FIGURA 3.9: POSIÇÕES FINAIS DOS VEÍCULOS E CONDUTOR DO CICLOMOTOR. ............................................................. 24 FIGURA 3.10: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA ACELERAÇÃO NA CABEÇA DO CONDUTOR DO CICLOMOTOR. .............................. 24 FIGURA 3.11: DANOS NO CAPACETE. .................................................................................................................. 25 FIGURA 3.12: ZONAS ONDE O CAPACETE APRESENTA DANOS, PORMENORES A VERMELHO. ........................................... 25 FIGURA 3.13: INDICAÇÃO DAS ZONAS ONDE OCORRERAM IMPACTOS NO CAPACETE. .................................................... 26 FIGURA 3.14: MODELO CAD-3D DA CABEÇA HUMANA, COM INDICAÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE E PLANOS XY, YZ E ZX.
........................................................................................................................................................... 26 FIGURA 3.15: FOTO DO INTERIOR DO CAPACETE. .................................................................................................. 26 FIGURA 3.16: IMAGEM DO LOCAL ONDE OCORREU O ACIDENTE, COM INDICAÇÃO DOS SENTIDOS DE CIRCULAÇÃO E
SINALIZAÇÃO PRESENTE NO LOCAL. ............................................................................................................. 28 FIGURA 3.17: DEFORMAÇÕES EXISTENTES NO VEÍCULO LIGEIRO DE MERCADORIAS. ...................................................... 30 FIGURA 3.18: DEFORMAÇÕES EXISTENTES NO MOTOCICLO. .................................................................................... 32 FIGURA 3.19: EES COMPREENDIDO ENTRE OS 28 E OS 47 KM7H. ........................................................................... 32 FIGURA 3.20: EXEMPLIFICAÇÃO DA FORMA COMO OCORREU A COLISÃO INICIAL ENTRE AMBOS OS VEÍCULOS. ................... 33 FIGURA 3.21: LESÕES SOFRIDAS PELO CONDUTOR DO MOTOCICLO. .......................................................................... 33 FIGURA 3.22: DINÂMICA DO ACIDENTE. .............................................................................................................. 34 FIGURA 3.23: FOTOGRAMAS DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL. .............................................................................. 35 FIGURA 3.24: GRÁFICO COM OS VALORES DE EES ENVOLVIDOS NO ACIDENTE PARA O MOTOCICLO. ................................ 36 FIGURA 3.25: DANOS NO CAPACETE DO CONDUTOR DO MOTOCICLO, COM PORMENOR DAS ZONAS DANIFICADAS. ............. 37 FIGURA 3.26: ZONAS ONDE O CAPACETE APRESENTA DANOS (ASSINALADAS A VERMELHO). ........................................... 38 FIGURA 3.27: COMPORTAMENTO DE UM CAPACETE EM QUEDA QUE APRESENTE A CINTA JUGULAR DESAPERTADA. ............ 38 FIGURA 3.28: MODELO CAD-3D DA CABEÇA HUMANA, COM INDICAÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE E PLANOS XY, YZ E ZX.
........................................................................................................................................................... 38 FIGURA 4.1: QUESTIONÁRIO DO PROJECTO COST357. .......................................................................................... 42 FIGURA 4.2: EXEMPLIFICAÇÃO DO PROCESSO DE MEDIÇÃO DO CAMPO DE VISÃO DO CONDUTOR COM RECURSO AO
GONIÓMETRO. ........................................................................................................................................ 42 FIGURA 4.3: PROCEDIMENTO EFECTUADO PARA QUANTIFICAR A TRANSMISSIBILIDADE E DIFUSÃO DE LUZ NAS VISEIRAS DOS
CAPACETES INVESTIGADOS. ....................................................................................................................... 43 FIGURA 4.4: SEXO DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO EM PORTUGAL. ............................................ 45 FIGURA 4.5 PERCENTAGEM DE IDADES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO NOS PAÍSES PARTICIPANTES. . 45 FIGURA 4.6: NÚMERO DE ACIDENTES SOFRIDOS PELOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO EM PORTUGAL. ... 45 FIGURA 4.7: PROFISSÕES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO EM PORTUGAL. ................................... 46 FIGURA 4.8: PERCENTAGEM DE VEÍCULOS DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO EM PORTUGAL. ............. 47 FIGURA 4.9: TIPO DE CAPACETE UTILIZADO PELOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO. .............................. 47 FIGURA 4.10: MARCAS MAIS UTILIZADAS PELOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO EM PORTUGAL. ...... 48 FIGURA 4.11: FACTORES QUE INFLUENCIARAM OS CONDUTORES NO MOMENTO DE COMPRA DO CAPACETE EM PORTUGAL. 48 FIGURA 4.12: PERCENTAGEM DO TIPO DE PINTURA DOS CAPACETES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO INQUÉRITO EM
PORTUGAL. ............................................................................................................................................ 49 FIGURA 4.13: PERCENTAGEM DE CORES PREDOMINANTES NOS CAPACETES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO
INQUÉRITO EM PORTUGAL. ....................................................................................................................... 49
xiv
xiv
FIGURA 4.14: TIPO DE MECANISMO DE ENGATE (CAPÍTULO 5 FIGURA 5.3) NOS CAPACETES DOS CONDUTORES QUE
RESPONDERAM AO INQUÉRITO EM PORTUGAL. ............................................................................................. 49 FIGURA 4.15: PERCENTAGEM DE ETIQUETAS DE HOMOLOGAÇÃO NOS CAPACETES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO
INQUÉRITO EM PORTUGAL. ....................................................................................................................... 50 FIGURA 4.16: PRINCIPAIS ZONAS ONDE SE REGISTAM DANOS NOS CAPACETES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO
INQUÉRITO EM PORTUGAL. ....................................................................................................................... 50 FIGURA 4.17 PRINCIPAIS ZONAS ONDE SE REGISTAM DANOS NOS CAPACETES DOS CONDUTORES QUE RESPONDERAM AO
INQUÉRITO NO COST357. ....................................................................................................................... 51 FIGURA 4.18: GRAU DE DIFUSÃO DE LUZ DAS VISEIRAS DOS CAPACETES TESTADOS NO PROJECTO COST357. .................... 51 FIGURA 4.19: GRAU DE TRANSMISSIBILIDADE DE LUZ DAS VISEIRAS DOS CAPACETES TESTADOS NO PROJECTO COST357 ..... 52 FIGURA 4.20: CAMPO DE VISÃO DOS CONDUTORES EM SITUAÇÃO DE USO DO CAPACETE EM PORTUGAL. ......................... 52 FIGURA 5.1: ESTRUTURA DO CAPACETE. .............................................................................................................. 54 FIGURA 5.2: EXEMPLIFICAÇÃO DO PRINCÍPIO BÁSICO DE UM SISTEMA DE VENTILAÇÃO DE UM CAPACETE. ......................... 55 FIGURA 5.3: TIPO DE FECHO EXISTENTE NUMA CINTA JUGULAR DE UM CAPACETE. ....................................................... 55 FIGURA 5.4: TIPO DE CAPACETE. ........................................................................................................................ 55 FIGURA 5.5: ETAPAS NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM CAPACETE. .................................................................... 56 FIGURA 5.6: ILUSTRAÇÃO DOS ÓRGÃOS QUE CONSTITUEM O ENCÉFALO HUMANO. ...................................................... 57 FIGURA 5.7: TIPOLOGIA DE LESÕES NA CABEÇA HUMANA. ....................................................................................... 57 FIGURA 5.8: IMAGEM DE UM HEMATOMA EPIDURAL, PORMENOR A VERMELHO NO CANTO INFERIOR DIREITO. .................. 58 FIGURA 5.9: IMAGEM DE UM HEMATOMA SUBDURAL, MANCHA MAIS ESCURA SITUADA NO LADO ESQUERDO.................... 59 FIGURA 5.10: EXEMPLIFICAÇÃO DA DIFERENÇA DE VELOCIDADES ENTRE O CÉREBRO E O CRÂNIO, EM CASO DE ACELERAÇÃO,
DEVIDO À FORÇA DE INÉRCIA. ..................................................................................................................... 60 FIGURA 5.11: CORRELAÇÃO ENTRE O HIC E O AIS ............................................................................................... 62 FIGURA 5.12: CORRELAÇÃO ENTRE O HIC E O AIS ............................................................................................... 62 FIGURA 5.12: EQUIPAMENTO E TESTES EFECTUADOS PELA NORMA ECE R22/05. ....................................................... 64 FIGURA 5.13: PONTOS B, X, P, R, TESTADOS NA NORMA ECE R22/05. ................................................................... 64 FIGURA 6.1: SISTEMAS DE CORPOS MÚLTIPLOS .................................................................................................... 65 FIGURA 6.2: LOCALIZAÇÃO DE UM PONTO GENÉRICO P RELATIVAMENTE A UM EIXO DE INÉRCIA ..................................... 66 FIGURA 6.3: INTERACÇÃO ENTRE MULTI-CORPO E ELEMENTOS FINITOS ..................................................................... 67 FIGURA 6.4: TIPO DE MODELOS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS. ............................................................................... 68 FIGURA 6.5: METODOLOGIA UTILIZADA PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS COMPUTACIONAIS ........................... 69 FIGURA 6.6: MODELOS EM CAD3D DOS DIFERENTES COMPONENTES DO CAPACETE. ................................................... 69 FIGURA 6.7: SISTEMA MASSA-MOLA-AMORTECEDOR DE UM IMPACTO DE UMA CABEÇA COM CAPACETE. ......................... 70 FIGURA 6.8 MODELO FINAL DO CAPACETE EM CAD3D. ......................................................................................... 70 FIGURA 6.9: ELEMENTO SÓLIDO DE 4 NÓS .......................................................................................................... 71 FIGURA 6.10: MODELOS EM ELEMENTOS FINITOS DE CADA UMA DAS PARTES QUE CONSTITUEM O CAPACETE. .................. 71 FIGURA 6.11: COMPORTAMENTO CARACTERÍSTICO DE UM MATERIAL DE ESPUMA À COMPRESSÃO. ................................ 73 FIGURA 6.12: FASES CARACTERÍSTICAS DE UM MATERIAL DE ESPUMA À COMPRESSÃO. ................................................. 73 FIGURA 6.13: CURVA TENSÃO EXTENSÃO DO MATERIAL EPS COM DENSIDADE DE 31,2 KG/M
3 ..................................... 74
FIGURA 6.14: CURVA TENSÃO EXTENSÃO CARACTERÍSTICA DO MATERIAL EPS COM DENSIDADE DE 44 KG/M3 .................. 74
FIGURA 6.15: CURVA TENSÃO EXTENSÃO CARACTERÍSTICA DO MATERIAL EPP. ........................................................... 74 FIGURA 6.16: MODELO DA CABEÇA FMVSS 201 HYBRID III HEADFORM . ................................................................ 75 FIGURA 6.17: ELEMENTO SHELL . ...................................................................................................................... 75 FIGURA 6.18: TESTES EXPERIMENTAIS E COMPUTACIONAIS . ................................................................................... 76 FIGURA 6.19: FUNÇÃO DE CARREGAMENTO. ........................................................................................................ 76 FIGURA 7.1: GRÁFICO DAS ACELERAÇÕES OBTIDAS POR BOSH EM TESTES EXPERIMENTAIS. ............................................ 79 FIGURA 7.2: COMPORTAMENTO DA ACELERAÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL DO CAPACETE NO TESTE DE VALIDAÇÃO. ... 80 FIGURA 7.3: DESLOCAMENTO RELATIVO ENTRE AS DUAS CAMADAS DE ESPUMA. ......................................................... 80 FIGURA 7.4:SIMULAÇÃO DO TESTE DE IMPACTO NO PONTO B DO CAPACETE SEGUNDO A NORMA ECE R22/05. ............... 81 FIGURA 7.5: SIMULAÇÃO DO TESTE DE IMPACTO NO PONTO R DO CAPACETE SEGUNDO A NORMA ECE R22/05. .............. 82 FIGURA 7.6: SIMULAÇÃO DO TESTE DE IMPACTO NO PONTO P DO CAPACETE SEGUNDO A NORMA ECE R22/05. .............. 83 FIGURA 7.7: SIMULAÇÃO DO TESTE DE IMPACTO NO PONTO X DO CAPACETE SEGUNDO A NORMA ECE R22/05. .............. 84 FIGURA 7.8: ETAPAS DE ACELERAÇÃO NA CABEÇA COM UM CAPACETE DE APENAS UMA CAMADA DE ESPUMA. .................. 85 FIGURA 7.9: SIMULAÇÃO DO TESTE DE IMPACTO NO PONTO P DO CAPACETE COM ESPUMA EM EPP. .............................. 86 FIGURA 7.10: COMPRESSÃO DAS CAMADAS DE MATERIAL DE ESPUMA NA SIMULAÇÃO 1 E 2. ........................................ 88 FIGURA 8.1: COMPRESSÃO DAS CAMADAS DE MATERIAL DE ESPUMA NA SIMULAÇÃO 1 E 2. .......................................... 90
xv
Índice de Tabelas TABELA 1: NÚMERO DE MATRÍCULAS EM CIRCULAÇÃO NO ANO DE 2005 (FONTE: ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
SEGURADORES) ........................................................................................................................................ 8 TABELA 2: CONDUTORES VÍTIMAS EM PORTUGAL NO ANO DE 2005. ........................................................................ 11 TABELA 3: CONDUTORES VÍTIMAS EM PORTUGAL NO ANO DE 2005. ........................................................................ 12 TABELA 3: TIPOLOGIA DAS COLISÕES ENVOLVENDO VEÍCULOS DE DUAS RODAS ISO13232. ........................................... 17 TABELA 4: MODELOS REAIS E COMPUTACIONAIS DOS VEÍCULOS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE. .......................................... 19 TABELA 5: DADOS DOS CONDUTORES DOS VEÍCULOS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE. ........................................................ 20 TABELA 6: VALORES OBTIDOS NA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL............................................................................... 24 TABELA 7: CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CAPACETE ................................................................................................ 25 TABELA 9: MODELOS REAIS E COMPUTACIONAIS DOS VEÍCULOS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE ........................................... 29 TABELA 10: DADOS DOS CONDUTORES DOS VEÍCULOS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE. ...................................................... 29 TABELA 11: COMPARAÇÃO DAS DISTÂNCIAS PERCORRIDAS PELO MOTOCICLO A CIRCULAR À VELOCIDADE OBTIDA NA
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL E A CIRCULAR À VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO IMPOSTA NO LOCAL. ............................ 36 TABELA 11: CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CAPACETE .............................................................................................. 37 TABELA 13: NÚMERO DE INQUÉRITOS REALIZADOS PELO COST357. ........................................................................ 44 TABELA 13: VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE TERMOPLÁSTICO E MATERIAIS COMPÓSITOS NO FABRICO DE
CAPACETES. ........................................................................................................................................... 56 TABELA 15: CLASSIFICAÇÃO AIS DO NÍVEL DE LESÕES NA CABEÇA (AAAM 2005). ...................................................... 61 TABELA 15: NORMAS DE HOMOLOGAÇÃO E TESTES DE SEGURANÇA DE CAPACETES MAIS UTILIZADAS. .............................. 63 TABELA 17: CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE CAPACETE EM ELEMENTOS FINITOS. ...................................................... 72 TABELA 18: MATERIAL UTILIZADO NO CASCO DO CAPACETE. .................................................................................... 72 TABELA 18: RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES DOS TESTES DE IMPACTO DO CAPACETE DE ACORDO COM A NORMA ECE R22/05.
........................................................................................................................................................... 85 TABELA 19: RESULTADOS OBTIDOS NAS SIMULAÇÕES COM EPP/EPS. ...................................................................... 87
Introdução
1
1 Introdução
Cada vez mais os veículos de duas rodas são vistos como veículos atractivos, devido à
sua fácil aquisição e manutenção, facilidade de deslocação no trânsito e estacionamento, bem
como pelos baixos consumos que apresentam. Porém, os acidentes rodoviários envolvendo
veículos de duas rodas ocorrem em Portugal em números preocupantes e, ao contrário dos
acidentes envolvendo apenas as outras classes de veículos, à maioria destes acidentes estão
associadas consequências nefastas para os utilizadores destes mesmos veículos. Este facto
deve-se às características dos veículos de duas rodas e à grande vulnerabilidade a que os
seus condutores estão sujeitos em caso de acidente, onde o único equipamento com protecção
efectiva é o capacete. Torna-se, então, imperativo o estudo da segurança dos capacetes em
caso de acidente, tendo em conta o seu papel fundamental enquanto linha ténue que separa a
vida da morte em caso de acidente. Neste capítulo é apresentada a motivação para o
desenvolvimento desta tese, bem como uma revisão bibliográfica e os objectivos e organização
da tese.
1.1 Motivação
Os números da sinistralidade rodoviária em Portugal são, reconhecidamente, dos mais
elevados na Europa. De acordo com a base de dados elaborada com recurso aos elementos
fornecidos pela DGV, só no ano de 2005 ocorreram 10491 acidentes com vítimas envolvendo
veículos de duas rodas, dos quais resultaram 342 vítimas mortais (condutores e passageiros
de veículos de duas rodas). Torna-se premente o estudo e compreensão do fenómeno que
poderá estar na origem da ocorrência de tão elevado número de acidentes com vítimas e de
que forma se pode reduzir as suas consequências. Uma vez que em Portugal, não existe um
estudo apoiado no que diz respeito à prioridade de investimentos em segurança rodoviária,
observa-se um forte condicionamento do planeamento daquela que seria uma estratégia de
prevenção rodoviária. Impõe-se, portanto, a implementação de um plano fundamentado em
estudos que visam identificar os factores críticos na ocorrência dos acidentes, a que estão
sujeitos os condutores de veículos de duas rodas.
Através da figura 1.1 (fonte: Care [1]), é possível verificar, que a nível europeu, o
número de vítimas mortais (condutores e passageiros) com veículos de duas rodas apresenta
valores preocupantes, nomeadamente, em países como a França (FR), Espanha (ES), Reino
Unido (UK), Grécia (EL) e Portugal (PT), concluindo-se que este não é apenas um problema de
Portugal, mas da generalidade dos países europeus. Como cada país apresenta uma realidade
diferente no que concerne a estratégias rodoviárias (devido a um conjunto de factores de
ordem interna e geográficos), uma das formas mais viáveis de reduzir os números de
sinistralidade rodoviária é o de aumentar a eficácia do equipamento de segurança dos
Capítulo 1
2
utilizadores dos veículos de duas rodas, centrando as atenções no equipamento que protege a
zona mais vulnerável a lesões no corpo humano: a cabeça.
Figura 1.1: Distribuição de vítimas mortais com veículos de duas rodas, por país, 1991-2005
O capacete é um equipamento que é fulcral na protecção dos utilizadores dos veículos
de duas rodas e, como tal, deve obedecer a normas de construção e de segurança, tais como:
a norma ECE R22/05, que é a mais usado no mundo; a Snell M2000/M2005, usada
fundamentalmente nos Estados Unidos da América, e outras como a CPSC e a ASTM F1447
que asseguram a qualidade do equipamento. No entanto, apesar do capacete ser um
equipamento de extrema importância, é um equipamento que ainda é testado de forma
relativamente arcaica e dispendiosa para os seus construtores, facto que leva a que muitos
sejam produzidos e introduzidos no mercado sem a devida homologação. Como tal existe uma
profunda necessidade de desenvolver metodologias e modelos computacionais que optimizem
a segurança dos utilizadores de veículos de duas rodas, e que ao mesmo tempo proporcionem
uma redução de custos na produção para os fabricantes deste equipamento.
1.2 Revisão Bibliográfica
Desde o inicio do século e, em parte, devido à grande contribuição de Hugh De Haven,
os acidentes têm vindo a ser objecto de estudos com o objectivo de maximizar a segurança
dos utilizadores dos veículos rodoviários. Porém, poucos são os estudos e documentos
científicos que visam a investigação dos acidentes com veículos de duas rodas e, em
particular, o papel do capacete.
0
500
1000
1500
2000
2500
199119921993199419951996199719981999200020012002200320042005
Rá
cio
po
r m
ilhã
o d
e h
ab
ita
nte
s BE
DK
EL
ES
FR
AU
PT
FI
SE
UK
Introdução
3
No entanto, existem alguns exemplos de artigos científicos realizados neste campo
como o artigo de Bosh [2], que realizou um estudo sobre os testes de impacto e requisitos de
construção dos capacetes, tendo por base teórica a norma ECE R.22 e no qual aborda todo o
procedimento inerente aos testes imposto por essa norma (tais como o modelo físico que
simula a cabeça humana e critérios de lesões) e efectuou, ainda, uma análise aos modelos
numéricos existentes da cabeça humana, demonstrando que é necessário o recurso a
simulações com elementos finitos que permitam quantificar o nível de lesões que a cabeça
humana está sujeita durante os impactos realizados nos testes. Num estudo realizado por
Ouellet e Kasantihul [3], cuja finalidade era compreender qual a influência do uso do capacete
pelos condutores e passageiros de veículos de duas rodas motorizados, demonstraram que os
condutores que não usam capacete apresentam duas a três vezes mais probabilidade de
sofrerem lesões fatais, comparativamente aos condutores que usam capacete. O estudo
demonstrou também que, de entre os condutores que sofreram acidentes, aqueles que não
usavam capacete apresentavam um risco três a quatro vezes superior de sofrer lesões
cerebrais graves e muitos graves AIS>2, quando comparados com os condutores que usavam
capacete. Por fim, este estudo concluiu que o uso do capacete pode evitar três quartos do
número de lesões cerebrais muito graves e fatais.
Também têm sido publicados alguns artigos científicos cujo objectivo é o de estudar
algumas partes e materiais que constituem um capacete. Exemplo destes estudos é o
conduzido por Mills e Gilchrist [4], cujo objectivo foi o de quantificar a eficiência dos materiais
de espuma que equipam os capacetes dos ciclistas e motociclistas no Reino Unido: procedem
a análises das condições em que os capacetes são testados, observam o comportamento do
casco exterior rígido do capacete e analisam impactos de capacetes em superfícies que
apresentam baixos valores de rigidez. Outro dos trabalhos publicados é o realizado por Pinnoji
e Mahajan [5], onde foram usados e desenvolvidos modelos computacionais da cabeça
humana e de um capacete rudimentar para estudar as forças de contacto envolvidas num
impacto frontal da cabeça, a uma velocidade de 4 m/s, contra uma superfície rígida. Neste
trabalho foi desenvolvido um modelo da cabeça humana em elementos finitos que contempla a
pele, o crânio, fluido cérebro-espinal (CSF), o cérebro, entre outras partes que constituem a
cabeça humana. Relativamente ao modelo em elementos finitos do capacete, este consiste em
duas partes fundamentais: o casco exterior e o material de espuma interior. Também foram
efectuados estudos no âmbito dos acidentes rodoviários que tinham por base modelos
computacionais para a reconstituição de acidentes [6] e de impactos de motociclistas e
barreiras [7], no qual foi utilizado o modelo antropomórfico Hybrid III com um capacete. Por
último, é referenciado um dos estudos com maior impacto a nível europeu, efectuado pela
European CO-operation in the Field of Scientific an Techinal Research (COST), o COST 327
[8], no qual estiveram envolvidas várias instituições de diversos países europeus tais como: o
Reino Unido, França, Suíça, Escócia e Alemanha. Este estudo, que tinha como objectivo
analisar o número de fatalidades nos utilizadores de veículos de duas rodas motorizados, foi
fundamentado, essencialmente, numa investigação detalhada das lesões ao nível da cabeça
Capítulo 1
4
humana quando esta sofre impactos violentos e investigação da origem e natureza dos
acidentes na avaliação de modelos da cabeça humana. O estudo conta também com a
modelação e simulação com elementos finitos de impactos do capacete, nas quais utilizaram
alguns modelos tais como a Hybrid III dummy head, de forma a quantificar os níveis de
aceleração linear a que a cabeça humana está sujeita em caso de impacto.
1.3 Objectivos e Organização do Trabalho
O principal objectivo desta tese é o de desenvolver e estudar um modelo de capacete,
que possa minimizar o número de fatalidades e o nível de lesões na cabeça humana em
acidentes rodoviários com veículos de duas rodas. Para a concretização deste objectivo foram
efectuados inquéritos a condutores de veículos de duas rodas motorizados, com a colaboração
das autoridades policiais, inquéritos estes que estão inseridos no projecto europeu com o qual
o IST está a colaborar e a representar Portugal, o projecto COST Action 357 Accident
Prevention Options With Motorcycle Helmets (PROHELM). Foi desenvolvido também um
modelo em CAD Solidworks, a partir do qual serão exportadas as geometrias para o programa
de elementos finitos Ansys Workbench, onde, então, serão realizadas as malhas em elementos
finitos. Posteriormente procede-se ao tratamento numérico no Microsoft Office Excel para que
possam ser implementados no Madymo (Mathematical DYnamics MOdel), permitindo a
interacção entre sistemas de corpos múltiplos e elementos finitos transientes.
Ao nível da organização de trabalho, no capítulo 2, aborda-se toda a temática dos
capacetes associados à sinistralidade rodoviária com veículos de duas rodas e a influência do
capacete, em Portugal, no ano de 2005.
No capítulo 3 expõem-se casos reais de acidentes e respectivas simulações
computacionais elaboradas no software Pc-Crash, envolvendo veículos de duas rodas cujos
condutores estavam equipados com capacete, com o intuito de identificar em que condições
ocorreram esses acidentes, correlacionando os danos que os capacetes apresentam e as
lesões sofridas pelos condutores desses veículos.
No capítulo 4 é apresentado o trabalho efectuado no âmbito do projecto europeu Cost
357, que consistiu na recolha de informação relativa ao capacete, no qual participou não só
Portugal, bem como países como, Grécia, Itália, Alemanha, Irlanda e Turquia.
No capítulo 5 será introduzido o capacete, uma descrição do capacete e das diferentes
partes constituintes, bem como um resumo do processo de fabrico e testes de segurança a
este equipamento. Será também feita uma introdução à cabeça humana e o mecanismo de
lesões que lhe está associada o HIC (Head Injury Criterium) (NHTSA, 1972).
No capítulo 6 apresentam-se os modelos computacionais desenvolvidos nesta tese e a
descrição da metodologia empregue nos testes de impacto com recurso ao software Madymo
(Mathematical DYnamics MOdel).
No capítulo 7 são apresentados e discutidos os resultados dos testes de impacto
realizados com os modelos computacionais.
Introdução
5
No capítulo 8 são apresentadas as conclusões sobre o trabalho efectuado.
No capítulo 9 são sugeridos alguns desenvolvimentos futuros.
Análise Estatística de Acidentes
7
2 Análise estatística de acidentes
Neste capítulo procede-se a uma análise dos acidentes envolvendo veículos de duas
rodas, em Portugal, no ano de 2005, dos quais resultaram vítimas. Esta análise foi efectuada
com recurso à base de dados fornecida pela DGV [9] e tem como objectivo identificar e isolar
alguns dos factores mais relevantes na ocorrência destes acidentes, nomeadamente, os
factores relacionados com os veículos e os factores humanos, de forma a estabelecer uma
analogia com o uso do capacete.
2.1 Factores relacionados com os veículos.
No ano de 2005, no que se refere a veículos de duas rodas (VDR), verificaram-se 342
vítimas mortais (condutores e passageiros), como se observa na figura 2.1.
Figura 2.1: Número de vítimas mortais em Portugal no ano de 2005.
Porém o problema é ainda mais grave quando se compara o número de vítimas mortais
em Portugal, entre as diversas categorias, com o número de veículos em circulação. Com
recurso à tabela 1, é possível constatar que, apesar, do número de motociclos em circulação
em Portugal ser muito inferior ao número de veículos ligeiros, representando uma parcela de
2,7% do total de veículos em circulação em Portugal contra os 72,5% que representam os
veículos ligeiros, o número de mortes por cada 1000 veículos em circulação em motociclos é
bem superior, ou seja, cerca de 8 vezes mais, como está explicitado na figura 2.2. Outro facto
com muito relevo é a soma do número de fatalidades por cada 1000 veículos em circulação em
Portugal, para as categorias de veículos ligeiros, pesados e restantes, ser inferior ao número
de fatalidades por cada 1000 veículos em circulação correspondentes à categoria de
ciclomotores ou de motociclos.
342
495
151
0
100
200
300
400
500
600
VDR Veículos Ligeiros Veículos Pesados
Capítulo 2
8
Tabela 1: Número de matrículas em circulação no ano de 2005 (fonte: Associação Portuguesa de Seguradores)
Categoria Número de matrículas em circulação Percentagem Ciclomotores 334987 6% Motociclos 152827 2.7% Ligeiros 4060825 72.5% Pesados 303315 5.4% Restantes 748930 13.4%
Figura 2.2: Vítimas mortais e feridos graves, por cada 1000 veículos em circulação em Portugal.
Para que se possam reduzir os números de sinistralidade associados aos veículos de
duas rodas, em relação aos números que as restantes categorias de veículos apresentam em
Portugal, é necessário perceber quais as categorias de veículos de duas rodas mais críticas e
de que forma ocorrem os acidentes com essas categorias.
2.2 Distribuição por categorias
Começando por analisar o número de acidentes com vítimas segundo as diferentes
categorias dos veículos de duas rodas, conclui-se que quase 50% (46.58%) dos acidentes
ocorreram com ciclomotores, conforme se pode verificar na figura 2.3. Seguem-se os
motociclos com mais de 50cc não limitados com 19.71%; os motociclos com mais de 50cc
limitados a 25 kW, com 13.26%; os motociclos com menos de 50cc, com 6.42%; os
velocípedes com 11.77%; e, por fim, os velocípedes sem motor com 2.26%.
1,376
3,429
0,4510,218
0,0400,278
1,080
0,134 0,096 0,0440
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Ciclomotores Motociclos Ligeiros Pesados Restantes
Ferido Grave Morto
Análise Estatística de Acidentes
9
Figura 2.3: Percentagem de acidentes com vítimas por categoria de veículos de duas rodas.
Apesar do elevado número de ocorrências com vítimas envolvendo os ciclomotores,
esta não é a categoria com maior índice de gravidade (rácio entre o número de vítimas mortais
pelo número total de acidentes com vítimas multiplicado por 100), como se constata na figura
2.4, mas sim os motociclos com potência ilimitada (potência superior a 25 KW), seguindo-se os
motociclos limitados e os velocípedes. Verifica-se, assim, que as três categorias com maior
índice de gravidade em Portugal, no ano de 2005, foram os motociclos não limitados, seguidos
dos velocípedes e, por fim, motociclos limitados. É interessante verificar que os números de
sinistralidade associados a estas 3 categorias estão em parte, mas não só, associados à
própria natureza dos veículos como a elevada performance mecânica dos motociclos - que
proporciona a ocorrência de impactos com elevados níveis de energia envolvidos – pouca
protecção oferecida pelo veículo ao condutor, falta de visibilidade e presença que os
velocípedes apresentam relativamente às outras categorias de veículos de duas rodas,
associada à não obrigatoriedade do uso do capacete por parte do utilizador deste veículo em
particular.
Figura 2.4: Índice de Gravidade nas diferentes categorias de veículos de duas rodas.
Capítulo 2
10
2.3 Factores humanos
Relativamente ao ano de 2004, os dados da figura 2.5 indicam claramente que ouve
um decréscimo do número de vítimas mortais no ano de 2005 de 10,18%, dos feridos graves
de 15.26% e de 15.64% para feridos leves.
Figura 2.5: Sinistralidade com veículos de 2 rodas nos anos de 2004 e 2005
Embora exista uma redução significativa no número de vítimas relativamente ao ano de
2004, a solução deste problema a curto e médio prazo, passa pelo estudo e compreensão de
alguns comportamentos de condução apresentados pelos condutores de veículos de duas
rodas, tais como o uso do capacete.
Em Portugal, tal como em outros países, o uso do capacete por parte dos condutores
de velocípedes não é obrigatório, facto que se reflecte na percentagem de vítimas (condutores)
que se regista nesta categoria de veículos, verificando-se que nenhum dos condutores vítimas
mortais e feridos graves usava capacete, e onde apenas 1% dos feridos leves usava, como se
verifica na tabela 2. Em suma, nos condutores de velocípedes envolvidos em acidentes e que
usavam capacete, não se registaram vítimas mortais ou feridos graves, facto que reflecte sem
qualquer tipo de contestação, o quanto é importante o uso obrigatório do capacete.
Nas categorias de veículos de duas rodas motorizados, o uso de capacete é obrigatório
em Portugal. Na tabela 2, é possível observar a evolução do nível de lesões sofridas por
relação com a percentagem da utilização do capacete por parte dos condutores. Verificando-se
que existe um nítido agravamento do nível de lesões à medida que aumenta a percentagem de
condutores sem capacete, facto que demonstra o quanto é importante o uso do capacete, na
redução da gravidade das lesões sofridas pelos condutores de veículos de duas rodas
motorizados.
3341324
11376
3421122
9597
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Número de mortos Número de feridos graves
Número de feridos ligeiros
2004 2005
Análise Estatística de Acidentes
11
Com capacete Sem capacete
Em suma, no ano de 2005 em Portugal, verificou-se um nítido aumento da gravidade de leões,
no mínimo de 50% (tabela 3), na percentagem de vítimas mortais, relativamente aos feridos
leves e feridos graves, como resultado da não utilização do capacete.
Tabela 2: Condutores vítimas em Portugal no ano de 2005.
Categoria Feridos Leves Feridos Graves Vítimas Mortais
Velocípedes
Velocípedes
com motor
Ciclomotores
Motociclos com
potência
limitada
Motociclos com
potência
ilimitada
1%
99%
0%
100%
0%
100%
89%
11%
78%
22%
50%
50%
93%
7%
90%
10%
80%
20%
97%
3%
92%
8%
76%
24%
97%
3%
91%
9%
84%
16%
Capítulo 2
12
Categoria
Velocípedes
Velocípedes
com motor
Ciclomotores
Motociclos
com potência
limitada
Motociclos
com potência
ilimitada
Capítulo 2
Categoria
Velocípedes
Velocípedes
com motor
Ciclomotores
Motociclos
com potência
limitada
Motociclos
com potência
ilimitada
Tabela 3: Condutores ví
Vítimas com capacete
11%
5,7%
8,3%
7,45%
: Condutores ví
Vítimas com capacete
11%
1,4%
86%
5,7%
1,6%
85%
5,9%
1,3%
83%
8,3%
4,35%
75,9%
: Condutores vítimas em Portugal no ano de 2005.
Vítimas com capacete
89%
6,9%
1,6%8,5%
7,6%
4,35%12,3%
timas em Portugal no ano de 2005.
Vítimas
25,7%
41,8%
21,8%
22,6%
timas em Portugal no ano de 2005.
Vítimas sem capacete
3%
82%
6%
65,6%
12,5%
4,1%
60,6%
41,8
21,8
39,6%
sem capacete
3% 9%
9,4%
12,5%
4,1%9,6%
60,6%
14,6%
21,8%
16,1%
21,7%
12,5%
16,1%
Análise Estatística de Acidentes
13
A necessidade de implementar em Portugal uma lei que visa a obrigatoriedade do uso
do capacete por parte dos condutores de velocípedes, e uma maior fiscalização e penalização
de que quem não usa o capacete, ou usa mas indevidamente, nos veículos de duas rodas
motorizados, são factores chave a curto prazo para a redução da sinistralidade rodoviária com
veículos de duas rodas em Portugal.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
15
3 Reconstituição de acidentes reais envolvendo
veículos de duas rodas
Neste capítulo estão presentes algumas das reconstituições de acidentes reais,
envolvendo veículos de duas rodas, que estão inseridos no âmbito de processos judiciais e
litigiosos. Estas reconstituições visavam determinar em que condições ocorreram os acidentes
reais, sendo também possível efectuar uma análise ao nível da influência do capacete na
gravidade de lesões nos condutores envolvidos.
3.1 Metodologia para a reconstituição de acidentes
A reconstituição de acidentes é efectuada com base numa análise dinâmica directa da
evolução temporal das trajectórias dos veículos intervenientes, podendo ser feitos ajustes,
dentro dos limites aceitáveis, de alguns parâmetros físicos que caracterizam a colisão e as
condições dinâmicas que condicionam os movimentos pré e pós colisão. As simulações
tridimensionais efectuadas neste capítulo foram realizadas através do software PC-Crash,
sendo neste tipo de software possível recorrer a dois tipos de modelos:
• modelo dos veículos sem ocupantes: é um modelo de corpo rígido, que é ideal para o
tipo de colisão envolvendo veículos, atrelados, e obstáculos fixos e rígidos tais como
muros, postes, árvores, etc;
• modelo de corpos múltiplos tridimensionais: este modelo mais complexo é um sistema
de corpos rígidos interconectados por juntas cinemáticas e tem como objectivo obter
simulações mais realistas e precisas em colisões que envolvem peões e veículos de
duas rodas com ocupantes, sendo possível obter para esses modelos, além dos
parâmetros relativos ao acidente (velocidade, direcção, e grau de energia de
deformação envolvido, ainda o nível de acelerações e as zonas onde ocorreram lesões
nos corpos).
A reconstituição destes acidentes passa por diferentes fases, nomeadamente, a
recolha e levantamento de informação relativa ao acidente que consta na participação de
acidente (elaborada pelas autoridades, na qual consta toda a informação relativa às condições
em que ocorreu o acidente, uma análise detalhada do grau, tipo e compatibilidade de
deformações resultantes do acidente), análise às lesões dos intervenientes, posições finais e
vestígios deixados no local onde ocorreu o acidente. Na figura 3.1, está exemplificado o
procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais com recurso a simulações
computacionais presentes neste capítulo.
Capítulo 3
16
3.2
veículos de duas rodas, que ocorreram
tridimensionais são fundamentais para que se possa apurar
acidente,
veículos na via, e toda a r
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Capítulo 3
Figura
Casos reais estudados
Neste capítulo serão apresentadas 2
veículos de duas rodas, que ocorreram
tridimensionais são fundamentais para que se possa apurar
acidente, apurando dados
veículos na via, e toda a r
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Construção do cenário
Figura 3.1: Procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais.
Casos reais estudados
ste capítulo serão apresentadas 2
veículos de duas rodas, que ocorreram
tridimensionais são fundamentais para que se possa apurar
apurando dados tais como
veículos na via, e toda a restante din
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Construção do cenário
Discussão e Conclusões
Procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais.
Casos reais estudados
ste capítulo serão apresentadas 2
veículos de duas rodas, que ocorreram entre
tridimensionais são fundamentais para que se possa apurar
tais como: velocidade
estante dinâmica que caracteriza a colisão. Esta é
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Construção do cenário
Discussão e Conclusões
Procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais.
ste capítulo serão apresentadas 2 reconstituições de acidentes reais envolvendo
entre 2005 e 2007
tridimensionais são fundamentais para que se possa apurar
: velocidade de circulação
âmica que caracteriza a colisão. Esta é
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Recolha de Informação
Procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais.
reconstituições de acidentes reais envolvendo
2005 e 2007 em Portugal. Estas reconstituições
tridimensionais são fundamentais para que se possa apurar em que
de circulação antes da colisão, posição dos
âmica que caracteriza a colisão. Esta é
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Recolha de Informação
Simulação computacional
Processamento e análise de informação
Procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais.
reconstituições de acidentes reais envolvendo
em Portugal. Estas reconstituições
em que condições ocorreu o
antes da colisão, posição dos
âmica que caracteriza a colisão. Esta é uma ferramenta de
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Simulação computacional
Processamento e análise de informação
Análise das deformações dos veículos
intervenientes
Análise das lesões dos ocupantes dos veículos
Análise dos vestígios deixados na via
Procedimento adoptado nas reconstituições de acidentes reais.
reconstituições de acidentes reais envolvendo
em Portugal. Estas reconstituições
condições ocorreu o
antes da colisão, posição dos
uma ferramenta de
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Análise das deformações dos veículos
intervenientes
Análise das lesões dos ocupantes dos veículos
Análise dos vestígios deixados na via
reconstituições de acidentes reais envolvendo
em Portugal. Estas reconstituições
condições ocorreu o
antes da colisão, posição dos
uma ferramenta de
extrema importância para a determinação das responsabilidades e apuramento da veracidade
Análise das deformações
Análise das lesões dos ocupantes dos veículos
Análise dos vestígios
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
17
dos depoimentos dos intervenientes no acidente. Na tabela 4 estão descritos quais os tipos de
colisões possíveis envolvendo veículos de duas rodas.
Tabela 4: Tipologia das colisões envolvendo veículos de duas rodas ISO13232.
Tipologia das colisões
Tipo 1: Impacto envolvendo a zona lateral do veículo de
duas rodas e a frente do outro veículo interveniente
Tipo 2: Impacto envolvendo a zona da frente do veículo de
duas rodas e a frente do outro veículo interveniente
Tipo 3: Impacto envolvendo a zona da frente do veículo de
duas rodas e a lateral do outro veículo interveniente
Tipo 4: Impacto sob um determinado ângulo envolvendo a
zona da frente do veículo de duas rodas e a lateral do outro
veículo interveniente
Tipo 5: Impacto envolvendo a zona frontal do veículo de
duas rodas e a traseira do outro veículo interveniente
Tipo 6: Impacto envolvendo a zona traseira do veículo de
duas rodas e a frente do outro veículo interveniente
Tipo 7: Atropelamento, colisões contra obstáculos fixos ou
ainda colisões com outros veículos de duas rodas
Capítulo 3
18
Estes casos são de extrema importância para a compreensão das condições em que
ocorrem os acidentes com veículos de duas rodas envolvendo outros veículos, e quais as
consequências que destes resultam. Permitirá também aferir quais as zonas afectadas do
capacete utilizado pelos condutores dos veículos de duas rodas e comparar com o tipo e grau
de lesões sofridas por estes mesmos condutores.
3.2.1 Caso nº1: Colisão entre um ciclomotor e um veículo ligeiro
Este acidente de trânsito, do qual resultou um ferido ligeiro e um ferido grave, ocorreu
numa Estrada Nacional; num traçado de piso betuminoso e de configuração recta com dois
sentidos de circulação, separados por uma marca longitudinal do tipo M1 (traço descontínuo), o
local é dotado de boa iluminação e a velocidade máxima permitida no local na data em que
ocorreu o acidente era de 50 km/h, sob condições atmosféricas de bom tempo e de boa
visibilidade. Tratou-se de uma colisão entre dois veículos, um veículo da classe ligeiro de
passageiros da marca opel, modelo Corsa B, e um veículo da classe ciclomotor da marca
Honda, modelo Lead AF20, quando o veículo ligeiro de passageiros efectuava uma
ultrapassagem e invadiu a via de circulação contrária (na qual circulava o ciclomotor) colidindo
então frontalmente com o ciclomotor. Na figura 3.2 as letras “A” e “B” indicam os sentidos de
circulação do veículo ligeiro de passageiros e do ciclomotor respectivamente, e a letra “C”, o
provável ponto de impacto inicial.
Figura 3.2: Local onde ocorreu o acidente com indicação dos sentidos de circulação de ambos os veículos.
Após a ocorrência do acidente registaram-se na via alguns vestígios que são de
elevada importância para a determinação de parâmetros necessários para a realização da
reconstituição do acidente, tais como manchas de sangue, deixadas pelo condutor do
ciclomotor, indicando a posição na qual este ficou imobilizado após o acidente, e o rasto de
travagem deixado pelo veículo ligeiro de passageiros no pavimento e que permite, a partir da
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
19
medição do seu comprimento, calcular (equação 3.1) qual a velocidade mínima de circulação
deste veículo.
� = �� × � × �� ± � (3.1) g: aceleração da gravidade;
d: distância de travagem;
µ: coeficiente de atrito;
m: inclinação da estrada.
3.2.1.1 Modelos e características dos veículos
No que se refere aos veículos intervenientes neste acidente, na tabela 5, são
apresentados os modelos reais e os respectivos modelos computacionais utilizados na
reconstituição.
Tabela 5: Modelos reais e computacionais dos veículos envolvidos no acidente.
Características dos veículos
Modelo real do veículo Modelo do veículo usado na visualização da simulação
computacional Ligeiro de
passageiros
Marca: Opel Modelo: Corsa B Massa: 880 kg
Ciclomotor Marca: Honda Modelo: Lead AF20 Massa: 80 kg
Os modelos de veículos usados com o propósito de visualização na simulação
computacional, apesar de apresentarem algumas diferenças com os modelos reais, não têm
influência na simulação, porque as características mecânicas dos veículos reais, tais como
dimensões, massa e performances são as mesmas dos modelos usados na simulação.
3.2.1.2 Factor humano
Na Tabela 6 estão presentes os dados alusivos aos condutores dos veículos
envolvidos no acidente.
Capítulo 3
20
Tabela 6: Dados dos condutores dos veículos envolvidos no acidente.
Condutor do veículo ligeiro de passageiros
Condutor do ciclomotor
Idade 21 anos 27 anos Habilitado a conduzir o veículo Sim Sim Tempo de licença de condução 3 anos 11 anos Massa1 80 kg 80 kg Taxa de alcoolemia 0 g/l 1.22 g/l Presença de substâncias psicotrópicas - -
Na figura 3.3 estão presentes as diferentes etapas da sequência do acidente, e que
podem ser altamente condicionadas por alguns dos dados alusivos aos condutores,
nomeadamente, a taxa de alcoolemia e a presença de substâncias psicotrópicas. Todos estes
dados são de extrema importância para a simulação computacional, permitindo efectuar
correlações entre a capacidade e competência de condução de um veículo, os tempos de
processamento, análise e reacção que um condutor apresenta perante uma eventual situação
de perigo, e podem revelar-se um factor fulcral na ocorrência do acidente, bem como nas
consequências que deste podem advir.
Figura 3.3: Etapas necessárias à imobilização de um veículo.
3.2.1.3 Deformações dos veículos
Ao nível das deformações dos veículos constatou-se que relativamente ao veículo
ligeiro de passageiros, não foi fornecido qualquer suporte fotográfico que permitisse quantificar
os níveis de energia aos quais foi submetido no impacto. Porém, no processo é referenciado
que este veículo apresenta danos na parte frontal do lado esquerdo, o que é importante para
que se possa efectuar uma correspondência de deformações entre ambos os veículos e para a
percepção da dinâmica do acidente.
1 Nota: A consideração de uma massa total mais rigorosa para os ocupantes dos veículos na simulação
não afecta significativamente os resultados da mesma.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
21
Na figura 3.4 estão presentes as deformações resultantes no ciclomotor como
consequência directa do acidente, verificando-se que este veículo se encontra parcialmente
destruído e desacoplado (ficando mesmo sem a roda dianteira e traseira), relevando que este
veículo sofreu múltiplos impactos de elevada intensidade.
a) b)
Figura 3.4: Deformações existentes no ciclomotor.
Analisando o tipo e compatibilidade de deformações entre ambos os veículos, conclui-
se que o acidente ocorreu em duas fases distintas. Na primeira fase ocorreu um impacto
primário que envolveu elevados níveis de energia de deformação, no qual o veículo ligeiro de
passageiros embate com o canto dianteiro esquerdo na lateral do ciclomotor, como está
ilustrado na figura 3.5.
Figura 3.5: Exemplificação da forma como ocorreu a colisão inicial entre ambos os veículos.
Após este primeiro impacto, ocorre a segunda fase do acidente, na qual o motociclo foi
projectado contra uma habitação existente no local do acidente.
3.2.1.4 Lesões dos condutores envolvidos no acidente
Como já foi referenciado anteriormente, este acidente provocou um ferido ligeiro e um
ferido grave, tendo o condutor do veículo ligeiro de passageiros apenas sofrido ferimentos
ligeiros pouco significativos, enquanto o condutor do ciclomotor sofreu diversas lesões
exemplificadas na figura 3.6.
Capítulo 3
22
Figura 3.6: Lesões sofridas pelo condutor do ciclomotor.
Destas lesões destacam-se fracturas múltiplas ao nível da perna esquerda, fractura da
clavícula e braço esquerdo e um traumatismo craniano.
3.2.1.5 Dinâmica do acidente
Este acidente caracteriza-se como sendo uma colisão do tipo 2 (tabela 4), na qual o
veículo ligeiro de passageiros, ao efectuar uma manobra de ultrapassagem, invadiu a via de
circulação contrária, na qual circulava o ciclomotor, como está exemplificado na figura 3.7
Figura 3.7: Dinâmica do acidente.
Como consequência directa desta manobra ambos os veículos colidiram frontalmente.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
23
3.2.1.6 Simulação Computacional
Para a realização da simulação computacional foi possível calcular, a velocidade
mínima de circulação para o veículo ligeiro de passageiros, tendo-se considerado uma gama
de coeficientes de atrito para um piso regular e seco entre 0,55 e 0,8, para um comprimento de
rastos de travagem de 17 metros (medido pelas autoridades), obtendo-se um valor mínimo de
48,73 km/h e um valor máximo de 58,77 km/h. Como não foram registados quaisquer tipo de
rastos de travagem deixados pelo ciclomotor, não foi possível determinar o valor da velocidade
deste veículo que, como tal, será determinada na simulação computacional.
Na figura 3.8 estão presentes os fotogramas da simulação na qual se obteve melhor
correlação com as posições finais, deformações e dinâmica de colisão.
t = 0 s – Impacto inicial t = 0.075 s – Ciclomotor e
condutor são projectados t = 0.1 s – Condutor do ciclomotor embate com a cabeça no pilar “A”
t = 0.24 s – Condutor do
ciclomotor é projectado no ar t = 0.54 s – Condutor do
ciclomotor é projectado no ar t = 0.95 s – Condutor do
ciclomotor é projectado no ar
t = 1.275 s – Condutor do
ciclomotor é projectado no ar de encontro ao pavimento
t = 1.53 s – Condutor do ciclomotor embate é projectado com a violência do impacto no
pavimento
t = 2.745 s – Ciclomotor e condutor imobilizados
Figura 3.8: Fotogramas da simulação computacional.
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
restituição de 0.1 (choque plástico). Como se pode constatar com recurso à figura 3.9, as
posições finais dos veículos estão em conformidade com as posições finais presentes no
croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local.
Capítulo 3
24
computacional,
envolvidos no acidente
ciclomotor.
aceleração na cabeça durante o acidente
aceleração,
3.2.1.7
Capítulo 3
Figura
Na tabela
computacional, nomeadamen
envolvidos no acidente
ciclomotor.
Velocidade Velocidade de circulação do ciclomotorAceleração máxima (t = 0.104 s) na cabeça do condutor do ciclomotor
Na figura
aceleração na cabeça durante o acidente
aceleração, 1424.24 m/s
Figura 3.10
3.2.1.7 Análise ao capacete
Figura 3.9: Posições finais dos veículos e condutor do ciclomotor.
tabela 7 estão
nomeadamen
envolvidos no acidente e a
Tabela 7:
Velocidade de circulação do veículo ligeiro de passageirosVelocidade de circulação do ciclomotorAceleração máxima (t = 0.104 s) na cabeça do condutor do ciclomotor
figura 3.10 está presente um gráfico
aceleração na cabeça durante o acidente
1424.24 m/s2, ocorre no instante 0,104 segundos
10: Evolução temporal da aceleração
Análise ao capacete
: Posições finais dos veículos e condutor do ciclomotor.
estão presentes os resultados mais relev
nomeadamente, os valores das velocidades de circula
e a resultante de
: Valores obtidos na simulação computacional.
de circulação do veículo ligeiro de passageirosVelocidade de circulação do ciclomotorAceleração máxima (t = 0.104 s) na cabeça do condutor do ciclomotor
stá presente um gráfico
aceleração na cabeça durante o acidente
, ocorre no instante 0,104 segundos
: Evolução temporal da aceleração
Análise ao capacete
: Posições finais dos veículos e condutor do ciclomotor.
presentes os resultados mais relev
os valores das velocidades de circula
resultante de aceleração máxima
Valores obtidos na simulação computacional.
de circulação do veículo ligeiro de passageirosVelocidade de circulação do ciclomotor Aceleração máxima (t = 0.104 s) na cabeça do condutor do ciclomotor
stá presente um gráfico que exprime
aceleração na cabeça durante o acidente, no qual
, ocorre no instante 0,104 segundos
: Evolução temporal da aceleração na cabeça do condutor do ciclomotor.
: Posições finais dos veículos e condutor do ciclomotor.
presentes os resultados mais relev
os valores das velocidades de circula
ração máxima
Valores obtidos na simulação computacional.
de circulação do veículo ligeiro de passageiros
Aceleração máxima (t = 0.104 s) na cabeça do condutor do ciclomotor
que exprime a evolução da resultante de
, no qual se verifica que o valor máximo de
, ocorre no instante 0,104 segundos.
na cabeça do condutor do ciclomotor.
: Posições finais dos veículos e condutor do ciclomotor.
presentes os resultados mais relevantes da simulação
os valores das velocidades de circulação dos
ração máxima na cabeça do condutor do
Valores obtidos na simulação computacional.
Aceleração máxima (t = 0.104 s) na cabeça do condutor do ciclomotor
a evolução da resultante de
verifica que o valor máximo de
na cabeça do condutor do ciclomotor.
: Posições finais dos veículos e condutor do ciclomotor.
antes da simulação
ção dos veículos
na cabeça do condutor do
59±5 km/h 30±5 km/h 145.33 g
a evolução da resultante de
verifica que o valor máximo de
na cabeça do condutor do ciclomotor.
antes da simulação
veículos
na cabeça do condutor do
a evolução da resultante de
verifica que o valor máximo de
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
25
Na tabela 8 estão presentes as principais características do capacete que o condutro
do ciclomotor usava na altura do acidente.
Tabela 8: Características gerais do capacete
Tipo de capacete Jacto sem viseira Fabricante Fábrica de produtos plásticos Nedina, Lda.
Marca e Modelo NDN/Nedimoto Cinta Jugular Não apresenta cinta jugular
Forro acolchoado Não apresenta forro acolchoado Cor Vermelho
Homologação Não possui nenhum tipo de homologação Material Desconhecido
Analisando a figura 3.11 a), o capacete apresenta marcas de impacto com um objecto
rígido (perfeitamente compatível com um impacto contra o pilar “A” de um veículo ligeiro de
passageiros) nas zonas 22 e 24. Através da figura 3.11 b), verifica-se que o capacete
apresenta algumas falhas ao nível da superfície do casco rígido ao longo das zonas 21 e 23, e
estes são danos que revelam um impacto vertical do capacete com a superfície do pavimento.
a) b)
Figura 3.11: Danos no capacete.
Na figura 3.12 está presente um capacete esquemático, onde são indicadas as áreas
nas quais o capacete sofreu danos.
Figura 3.12: Zonas onde o capacete apresenta danos, pormenores a vermelho.
Na figura 3.13 estão indicadas as zonas onde o capacete sofreu o impacto inicial e o
segundo impacto.
Capítulo 3
26
Figura 3.13: Indicação das zonas onde ocorreram impactos no capacete.
Com recurso à figura 3.14, na qual está representado um modelo genérico da cabeça
humana, desenvolvida com recurso a um software CAD-3D, conclui-se que o primeiro impacto
sofrido no capacete ocorreu segundo os planos XY e ZX e, o segundo impacto, segundo o
plano YZ.
Figura 3.14: Modelo CAD-3D da cabeça humana, com indicação do centro de gravidade e planos
XY, YZ e ZX.
Com recurso à figura 3.15 verifica-se que este capacete não possuiu nenhum tipo de
material no seu interior.
Figura 3.15: Foto do interior do capacete.
Material interior que permite reduzir os níveis de aceleração na cabeça, dissipando
energia em caso de impacto, ou mesmo proporcionar algum tipo de conforto e fixação do
capacete à cabeça.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
27
3.2.1.8 Discussão
Da análise das fotografias, lesões, cálculos efectuados e reconstituição do acidente,
bem como de todos os documentos disponibilizados para este caso, conclui-se que este
acidente teve origem na manobra de ultrapassagem efectuada pelo veículo ligeiro de
passageiros a um veículo que circulava à sua frente, invadindo a faixa contrária onde circulava
o ciclomotor, e na velocidade excessiva (relativamente à velocidade máxima permitida no local)
que esta manobra exigiu; quanto ao condutor do ciclomotor, este apresentou um valor de taxa
de álcool no sangue de 1.22 g/l (valor máximo de álcool no sangue permitido por lei em
Portugal é de 0.5 g/l) quando submetido às análises de despiste da presença de álcool no
sangue, encontrando-se entre o estado de euforia e de excitação. No entanto, devido à baixa
velocidade com que circulava o ciclomotor, este foi um factor que não foi decisivo para a
ocorrência do acidente, desempenhando, porém, um papel importante nas consequências do
acidente, visto que o álcool prolonga o efeito de recuperação do organismo no caso de este
estar sujeito a infecções, como também dilata e relaxa os vasos sanguíneos, aumentando o
fluxo sanguíneo. Em caso de lesão ou ferimento exposto, o organismo, sob a influência de
álcool, perde sangue com maior rapidez, aumentando o risco de morte e de lesões graves.
Relativamente ao capacete usado pelo condutor do ciclomotor acidente, fabricado
numa fábrica de plásticos portuguesa (não produz capacetes homologados, no entanto, possui
um novo modelo que está prestes a ser homologado, destinado ao mercado externo), este não
oferece qualquer tipo de segurança, uma vez que não possui forro ou qualquer tipo de
revestimento interno, e não possui cinta jugular que permita prender o capacete à cabeça, não
evitando, assim, que o capacete seja projectado da cabeça do utilizador em caso de acidente.
Assim, conclui-se que este acidente deveu-se a uma manobra perigosa por parte do
condutor do veículo ligeiro de passageiros. Porém, as lesões graves que resultaram no
condutor do ciclomotor, nomeadamente, o traumatismo craniano, poderiam ter sido evitados se
o condutor do ciclomotor estivesse equipado com um capacete homologado e em bom estado,
em particular com cinta jugular, pois assim as probabilidades do capacete ser projectado da
cabeça com o impacto seriam muito reduzidas. Outro dos aspectos do capacete que também
deve ser referenciado é o facto de se tratar de um capacete do tipo jacto que, mesmo
homologado e em perfeitas condições, não oferece qualquer tipo de protecção ao nível do
rosto, ao contrário de um capacete integral.
3.2.2 Caso nº2: Colisão entre um motociclo de potência ilimitada e um veículo ligeiro
de mercadorias
Este acidente de trânsito, do qual resultou um ferido ligeiro e um ferido grave, ocorreu
numa Estrada Nacional; numa via de piso betuminoso em bom estado de conservação, num
cruzamento precedido de recta, com dois sentidos de circulação, separados por uma marca
longitudinal do tipo M1. O local é dotado de boa iluminação e a velocidade máxima permitida
Capítulo 3
28
no local na data em que ocorreu o acidente era de 50 km/h. O acidente ocorreu sob condições
atmosféricas de bom tempo e de boa visibilidade. Tratou-se de uma colisão entre dois veículos,
um veículo da classe ligeiro de mercadorias da marca Nissan (modelo Cabstar 120-35/3) e um
veículo da classe motociclo da marca Hyosung (modelo Gv-250), em que o veículo ligeiro de
mercadorias pretendia sair de um cruzamento com paragem obrigatória, sinalizada com um
sinal de trânsito vertical C2, de forma a passar a circular na Estrada Nacional, quando foi
embatido na lateral da caixa de carga por um motociclo que circulava na mesma Estrada
Nacional, e na qual existia um sinal de trânsito vertical B8 que indicava a existência de
cruzamento com via sem prioridade, e um sinal de trânsito vertical C14a (proibido ultrapassar).
Na figura 3.16 está presente o local onde ocorreu o acidente, na qual estão indicados os
sentidos de circulação dos veículos e a sinalização presente no local.
Figura 3.16: Imagem do local onde ocorreu o acidente, com indicação dos sentidos de circulação e sinalização presente no local.
Após a ocorrência do acidente, registaram-se na via alguns vestígios que são de
elevada importância para a determinação de alguns parâmetros necessários para a realização
da reconstituição do acidente, como, por exemplo, vestígios de sangue com 0,5 metros de
comprimento e 1.5 metros de largura, deixadas pelo condutor do motociclo, indicando a
posição na qual este ficou imobilizado após o acidente, e o rasto de travagem deixado pelo
veículo ligeiro de passageiros no pavimento, que permite, através da medição do seu
comprimento, calcular através da equação 3.1 qual a velocidade mínima de circulação deste
veículo.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
29
3.2.2.1 Modelos e características dos veículos
No que se refere aos veículos intervenientes neste acidente, na tabela 9, são
apresentados os modelos reais e os respectivos modelos computacionais utilizados na
reconstituição.
Tabela 9: Modelos reais e computacionais dos veículos envolvidos no acidente
Tipo de veículos Modelo real do veículo Visualização do veículo usado na
visualização da simulação computacional
Ligeiro de mercadorias
Marca: Nissan Modelo; Cabstar 120-35/3 Massa: 2302 kg Motociclo Marca: Hyosung Modelo: Gv-250 Massa: 150 kg
Os modelos de veículos usados com o propósito de visualização na simulação
computacional, apesar de apresentarem algumas diferenças com os modelos reais, não têm
influência na simulação, porque as características mecânicas dos veículos reais, tais como
dimensões, massa e performances são as mesmas dos modelos usados na simulação.
3.2.2.2 Factor humano
Na tabela 10, estão presentes os dados alusivos aos condutores dos veículos
envolvidos no acidente.
Tabela 10: Dados dos condutores dos veículos envolvidos no acidente.
Condutor do veículo ligeiro de mercadorias
Condutor do motociclo
Idade 39 anos 40 anos Habilitado a conduzir o veículo Sim Sim Tempo de licença de condução 15 anos 3 anos Massa1 75 kg 75 kg Taxa de alcoolemia 0 g/l 0 g/l Presença de substâncias psicotrópicas - -
De acordo com os dados presentes na tabela 10, ambos os condutores dos veículos
envolvidos no acidente estavam legalmente habilitados à sua condução, e não se encontravam
com álcool no sangue.
Capítulo 3
30
3.2.2.3 Deformações dos veículos:
Foi efectuada uma análise das deformações dos veículos, com base nas fotografias dos
veículos acidentados, as quais são importantes não só para a determinação da dinâmica do
acidente, como para a estimativa das energias absorvidas.
3.2.2.3.1 Veículo ligeiro de mercadorias
As deformações existentes no veículo ligeiro de mercadorias são apresentadas na
figura 3.17. As deformações localizam-se na lateral esquerda do veículo (taipal, caixa de
carga). Como se pode constatar na figura 3.17 (a), estes danos estão localizados praticamente
a meio do veículo (possui 6 metros de comprimento). Atendendo à figura 3.17 (b), verifica-se
que o taipal, apesar de apresentar deformações, estas não são muito acentuadas devido à
elevada rigidez que apresenta. Estas deformações também indicam que o motociclo embateu
nessa zona com um determinado ângulo maior do que zero, devido ao prolongamento das
deformações que se verifica.
a) Foto da zona onde se registaram
deformações b) Foto com pormenor das deformações na
caixa de carga Figura 3.17: Deformações existentes no veículo ligeiro de mercadorias.
O facto das deformações se encontrarem sensivelmente, a meio do veículo ligeiro de mercadorias, e atendendo ao seu comprimento, é possível afirmar que, no instante em que ocorreu a colisão, o veículo ligeiro de mercadorias estaria, em qualquer que fosse a circunstância, a ocupar toda a via de circulação na qual circulava o motociclo.
3.2.2.3.2 Motociclo
As deformações existentes no motociclo são apresentadas na figura 3.18. Localizam-
se, principalmente, na frente e lateral esquerda (atendendo à posição de condução) do veículo.
Os danos mais relevantes que este veículo apresenta são:
� Coluna de direcção.
� Conjunto de instrumentos;
� Depósito de combustível;
� Estrutura (quadro);
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
31
� Farol;
� Guarda-Lamas;
� Radiador;
� Retrovisor direito;
� Retrovisor esquerdo;
� Suspensão frontal;
Na figura 3.18 a) constatam-se deformações na suspensão frontal, no farol frontal e
instrumentos, e a nível do guiador e dos espelhos retrovisores. Estas deformações indicam que
este veículo esteve sujeito a uma elevada energia de deformação. Na figura 3.18 b) é possível
constatar a existência de deformações elevadas e profundas a nível do depósito de
combustível do lado esquerdo (atendendo à posição de condução) e a barra da suspensão do
lado esquerdo encontra-se muito mais deformada, comparativamente com a do lado direito.
Estas deformações indicam que o impacto inicial se deu frontalmente sobre o lado esquerdo,
indiciando que este veículo estaria em desequilíbrio ou a circular com uma trajectória
reveladora de tentativa de desvio ou de escapar à colisão. Já na figura 3.18 c) verificam-se
deformações a nível do depósito do lado direito (atendendo à posição de condução) e do
guiador. As deformações que o guiador apresenta nestas figuras revelam que aquando da
colisão, o condutor estaria com as mãos no guiador e a força de projecção que este sofreu fez
com que empurrasse o guiador. Este é um facto que indica, inequivocamente, que o condutor,
no instante da colisão, se encontrava ainda em posição de condução. Também se verifica que
as deformações no depósito do lado direito são pouco profundas e não existem transferências
de tinta, o que indica que esta deformação não foi causada directamente pelo contacto entre
ambos os veículos devido à colisão. Por fim na figura 3.18 d), pode verificar-se uma fractura a
nível do quadro do motociclo que aparenta ter sido provocada pela colisão de ambos os
veículos. No entanto, verificam-se soldaduras nessa zona, o que indicia que essa zona já
sofreu um impacto semelhante e que pode ter sido agravado conduzindo a uma nova fractura
devido à colisão que envolveu ambos os veículos.
a) Pormenor da suspensão frontal, guarda-
lamas, farol e depósito. b) Vista da lateral esquerda (sentido do
condutor), com pormenor do depósito de combustível.
Capítulo 3
32
c) Vista da lateral direita (sentido do
condutor), com pormenor do depósito de combustível e do guiador.
d) Pormenor da fractura do quadro do motociclo.
Figura 3.18: Deformações existentes no motociclo.
Analisando o tipo e compatibilidade de deformações entre ambos os veículos, conclui-
se que as deformações que o veículo ligeiro de mercadorias apresenta são compatíveis com
uma colisão de um motociclo na zona da sua caixa de carga, que apresenta uma elevada
rigidez. Relativamente ao motociclo, as deformações que este veículo apresenta são
concordantes com uma colisão da zona frontal do lado esquerdo (atendendo à posição de
condução) contra um corpo com elevada rigidez e que ofereceu uma elevada resistência ao
impacto, deixando o motociclo com elevadas deformações.
A título comparativo, estão presentes na figura 3.19 motociclos que apresentam
deformações semelhantes, retirados de uma base de dados de EES [10], podendo constatar-se
que os danos nesses veículos são da mesma ordem de grandeza dos verificados no veículo
motociclo.
a)
b)
Figura 3.19: EES compreendido entre os 28 e os 47 Km7h.
Com recurso à figura 3.19 foi estimado um valor de EES2 (Energy Equivalent Speed)
de 35 km/h para o motociclo. Relativamente ao veículo ligeiro de mercadorias, não foi possível
estimar um valor de EES (Energy Equivalent Speed) devido à falta de veículos de referência na
base de dados disponível para o efeito.
Com base no tipo e compatibilidade de deformações que ambos os veículos
apresentam na figura 3.20 está esquematizada a forma como terá ocorrido a colisão entre
ambos os veículos
2 Energy Equivalent Speed: Velocidade de Energia Equivalente: Velocidade à qual se registariam as deformações existentes no veículo, caso estas fossem produzidas pelo embate do mesmo numa barreira rígida.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
33
Figura 3.20: Exemplificação da forma como ocorreu a colisão inicial entre ambos os veículos.
3.2.2.4 Lesões dos intervenientes no acidente
Este acidente provocou um ferido ligeiro e um ferido grave, não tendo o condutor do
veículo ligeiro de passageiros sofrido qualquer tipo de lesões ou ferimentos, enquanto o
condutor do motociclo sofreu diversas lesões, nomeadamente, um traumatismo com ferida na
face, traumatismo torácico com fracturas de arcos costais e traumatismo abdominal com
contusão hepática, tal como está exemplificado na figura 3.21
Figura 3.21: Lesões sofridas pelo condutor do motociclo.
3.2.2.5 Dinâmica do acidente
Este acidente caracteriza-se como sendo uma colisão do tipo 3 (tabela 4), na qual o
veículo ligeiro de mercadorias pretendia sair de um cruzamento com paragem obrigatória, de
forma a passar a circular na E.N. 202 no sentido Ponte de Lima/Viana do Castelo, quando foi
embatido na lateral da caixa de carga por um motociclo que circulava na E.N. 202 no sentido
Viana do Castelo/Ponte de Lima, como está exemplificado na figura 3.22.
Capítulo 3
34
Figura 3.22: Dinâmica do acidente.
3.2.2.6 Simulação Computacional
Para a realização da simulação computacional foram efectuados alguns cálculos de
forma a quantificar alguns parâmetros importantes para a simulação computacional, tais como,
a velocidade máxima que o veículo ligeiro de mercadorias atinge durante a manobra que lhe
permitia sair do cruzamento e passar a circular na E.N. 202, e o cálculo da velocidade mínima
de circulação do motociclo.
Para o cálculo da velocidade de circulação do veículo ligeiro de mercadorias foram
consideradas as características mecânicas do veículo, em particular a aceleração máxima do
veículo dos 0 aos 100 km/h de 18 segundos, isto é, uma aceleração máxima de 1,53 m/s2. Com
este valor de referência da aceleração máxima, e tendo em consideração que o tipo de
manobra efectuada por este veículo nesta situação em particular demora entre 1 a 3 segundos,
com recurso à equação 3.2 (velocidade, função da aceleração e do tempo) obtiveram-se uma
valores de velocidade máxima de 5,5 km/h (1.53 m/s) para um tempo de manobra de 1
segundo, 11 km/h (3,06 m/s) para um tempo de manobra de 2 segundos e uma velocidade
máxima de 16,5 km/h (4,59 m/s) para um tempo máximo de manobra de 3 segundos.
� = � × (3.2) a: aceleração (m/s2);
t: tempo (s);
Para o cálculo da velocidade mínima de circulação do motociclo foi utilizado o
comprimento do rasto de travagem deixado no pavimento por este veículo, de 13,8 metros. No
entanto, não é possível apurar qual a velocidade de circulação antes do local onde se iniciam
os rastos de travagem. Desta forma, a velocidade estimada é uma velocidade mínima de
circulação, tendo sido utilizado um valor de EES de 35 km/h, e um coeficiente de atrito pneu-
asfalto em condições de piso regular e seco de 0,7. Também foi considerado um tempo de
actuação do sistema de travagem de 0,2 segundos e um valor de aceleração média de 3,43 m/
s2. Com recurso à equação de balanço de energia que caracteriza a colisão (equação 3.3),
obteve-se um valor de velocidade inicial de 60,65 km/h. Para a obtenção do valor mínimo de
circulação do motociclo foi considerado um tempo de actuação do sistema de travagem de 0,2
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
35
segundos na equação 3.4, obtendo-se um valor de velocidade mínima de circulação de 63,13
km/h.
����é���� �� ��������� = ��������çã� + ���������� �� ��� �!�� 1
2 × ��������� × ��������$ = 12 × ��������� × ��%$ + � × ��������� × � × �
�������� = �� × � × � + �%%$
������� = 60,65 *ℎ
(3.3)
������ = ������� + � ×
������ = 63.13 *ℎ
(3.2)
V: velocidade (m/s);
m: massa (Kg);
g: aceleração da gravidade (m/s2);
d: distância de travagem (m);
µ: coeficiente de atrito;
m: inclinação da estrada.
EES: Energy equivalent speed (m/s)
t: tempo (s)
Na figura 3.23 estão presentes os fotogramas da simulação na qual se obteve melhor
correlação com as posições finais, deformações e dinâmica de colisão.
t = 0 s t = 0.58 s t = 1.16 s
t = 1.78 s t = 2.48 s t = 2.94 s
t = 3.68 s t = 3.88 s t = 6.8 s
Figura 3.23: Fotogramas da simulação computacional.
Capítulo 3
36
restituição de 0.1 (choque elástico). Através da
está de ac
acidente,
todos os níveis, nomeadamente
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo
Equivalent Speed)
com o valor es
verificou
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
se uma vel
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
velocidade um factor chave
cálculos efectuados na
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
Tabela
km/h,
circulava a uma v
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Capítulo 3
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
restituição de 0.1 (choque elástico). Através da
está de acordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
acidente, obtendo
todos os níveis, nomeadamente
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo
Equivalent Speed)
com o valor estimado de 35 km/h.
Figura 3.24
Ao efectuar uma análise
verificou-se que o
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
se uma velocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
velocidade um factor chave
álculos efectuados na
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
Tabela 11: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
Tempo (s)Distância percorrida a 63,Distância percorrida a 50 km/h
Com base na
, necessitaria de 28,7 m para atingir
circulava a uma v
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
restituição de 0.1 (choque elástico). Através da
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
endo-se, na simulação computacional do acidente
todos os níveis, nomeadamente
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo
Equivalent Speed) obtido na simulação (presente na
timado de 35 km/h.
: Gráfico com os valores de EES envolvidos no acidente para o motociclo.
Ao efectuar uma análise
se que o veículo ligeiro de mercadorias
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
velocidade um factor chave
álculos efectuados na tabela
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
Tempo (s) cia percorrida a 63,
Distância percorrida a 50 km/h
Com base na tabela
ecessitaria de 28,7 m para atingir
circulava a uma velocidade a rondar os 63±3 km/h
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
restituição de 0.1 (choque elástico). Através da
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
na simulação computacional do acidente
todos os níveis, nomeadamente, ao nível das posições finais (posições de imobilização
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo
obtido na simulação (presente na
timado de 35 km/h.
: Gráfico com os valores de EES envolvidos no acidente para o motociclo.
Ao efectuar uma análise aos valores
o ligeiro de mercadorias
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
velocidade um factor chave para a ocorrência desta colisão Este facto
tabela 11, no sentido de obter os valores necessários à imobilização do
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
cia percorrida a 63,13 km/h Distância percorrida a 50 km/h
tabela 11, conclui-
ecessitaria de 28,7 m para atingir
elocidade a rondar os 63±3 km/h
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
restituição de 0.1 (choque elástico). Através da figura
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
na simulação computacional do acidente
ao nível das posições finais (posições de imobilização
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo
obtido na simulação (presente na figura
: Gráfico com os valores de EES envolvidos no acidente para o motociclo.
aos valores das velocidades envolvidas nesta colisão
o ligeiro de mercadorias atingiu uma velocidade máxima no ponto de
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
para a ocorrência desta colisão Este facto
no sentido de obter os valores necessários à imobilização do
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
Reacção
1 16,83 m
13,9 m
-se que o motociclo
ecessitaria de 28,7 m para atingir a imobilização.
elocidade a rondar os 63±3 km/h
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
figura 3.23, verificou
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
na simulação computacional do acidente, uma elevada compatibilidade a
ao nível das posições finais (posições de imobilização
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo
figura 3.24) de 37,
: Gráfico com os valores de EES envolvidos no acidente para o motociclo.
das velocidades envolvidas nesta colisão
atingiu uma velocidade máxima no ponto de
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
para a ocorrência desta colisão Este facto
no sentido de obter os valores necessários à imobilização do
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
Actuação
0.2 3,36 m 2,8 m
se que o motociclo, ao circular à velocidade de
a imobilização. Tendo em conta que este veículo
elocidade a rondar os 63±3 km/h e percorreu 34 m desde o instante de
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
verificou-se que o ponto de impacto
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
uma elevada compatibilidade a
ao nível das posições finais (posições de imobilização
veículos), deformações e dinâmica de colisão. A título comparativo, o valor de EES (
) de 37,5 km/h
: Gráfico com os valores de EES envolvidos no acidente para o motociclo.
das velocidades envolvidas nesta colisão
atingiu uma velocidade máxima no ponto de
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
para a ocorrência desta colisão Este facto é sustentado pelos
no sentido de obter os valores necessários à imobilização do
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
Travagem
- 13,8 m 12 m
ao circular à velocidade de
endo em conta que este veículo
e percorreu 34 m desde o instante de
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
que o ponto de impacto
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
uma elevada compatibilidade a
ao nível das posições finais (posições de imobilização
o valor de EES (Energy
5 km/h é muito coerente
: Gráfico com os valores de EES envolvidos no acidente para o motociclo.
das velocidades envolvidas nesta colisão
atingiu uma velocidade máxima no ponto de
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
é sustentado pelos
no sentido de obter os valores necessários à imobilização do
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na simulação computacional e a circular à velocidade de circulação imposta no local.
Impacto
- 34 m
28,7 m
ao circular à velocidade de
endo em conta que este veículo
e percorreu 34 m desde o instante de
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulass
Nesta simulação foi utilizado um coeficiente de atrito de 0.7 e um coeficiente de
que o ponto de impacto
ordo com o presente no croqui elaborado pelas autoridades chamadas ao local do
uma elevada compatibilidade a
ao nível das posições finais (posições de imobilização dos
Energy
é muito coerente
das velocidades envolvidas nesta colisão
atingiu uma velocidade máxima no ponto de
impacto de 13,1 Km/h, perfeitamente compatível com as características mecânicas desta
categoria de veículo e o tipo de manobra efectuada. No que diz respeito ao motociclo, obteve-
ocidade mínima de circulação no ponto de reacção (instante em que se apercebe da
presença e manobra efectuado pelo ligeiro de mercadorias) de 63,1±3 Km/h, sendo esta
é sustentado pelos
no sentido de obter os valores necessários à imobilização do
motociclo no caso de este circular à velocidade máxima permitida no local, ou seja, 50 km/h.
: Comparação das distâncias percorridas pelo motociclo a circular à velocidade obtida na
ao circular à velocidade de 50
endo em conta que este veículo
e percorreu 34 m desde o instante de
reacção até ao ponto de impacto com o veículo ligeiro de mercadorias, se este circulasse à
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
37
velocidade máxima permita no local, teria evitado a colisão, tendo ainda uma margem de
segurança com cerca de 5,3 m.
3.2.2.7 Análise ao capacete
Na tabela 12 estão presentes as principais características do capacete usado pelo
condutor do motociclo na altura do acidente.
Tabela 12: Características gerais do capacete Tipo de capacete Jacto com viseira
Fabricante Nau - Fábrica de Capacetes, Lda Marca e Modelo Nau / Raider
Cinta Jugular Cinta jugular com feixe de engate rápido Forro acolchoado Apresenta forro acolchoado
Cor Preto Homologação Capacete homologado pela norma ECE 22:05
Material Termoplástico
Analisando a figura 3.25, verifica-se que o capacete apresenta marcas de impacto com
um objecto rígido (perfeitamente compatível com um impacto contra o taipal da caixa de carga
de um veículo ligeiro de mercadorias) nas zonas 16 e 26 (viseira), originando a quebra da
viseira e consequentes traumatismos na face do condutor do motociclo; o casco do capacete
apresenta-se esfolado ao longo das zonas 11, 13, 15, 25 e 35, sendo este tipo de danos num
capacete originado por vários impactos que o obrigam a estar em contacto a superfície do
pavimento com alguma velocidade, durante algum tempo, e que revelam que o capacete se
manteve na cabeça do condutor do motociclo, pois, perante as mesmas condições, se o
capacete não estivesse na cabeça do condutor e apenas se contabilizasse o peso próprio do
capacete, este não conseguiria manter contacto permanente com o pavimento durante um
período de tempo considerável e teria tendência a saltar como está exemplificado figura 3.27.
a) b) c)
Figura 3.25: Danos no capacete do condutor do motociclo, com pormenor das zonas danificadas.
Na figura 3.26 está presente um capacete modelo, utilizado para indicar as áreas nas
quais o capacete sofreu danos.
Capítulo 3
38
Figura 3.26: Zonas onde o capacete apresenta danos (assinaladas a vermelho).
Figura 3.27: Comportamento de um capacete em queda que apresente a cinta jugular desapertada.
Estas deformações indicam que o condutor, após embater frontalmente na lateral da
caixa de carga do veículo ligeiro de mercadorias, terá entrado em contacto com o pavimento e
embatido várias vezes com a cabeça (com o capacete) no pavimento. Com recurso figura 3.28,
na qual está representado um modelo genérico da cabeça humana construída com recurso a
um software CAD-3D.
Figura 3.28: Modelo CAD-3D da cabeça humana, com indicação do centro de gravidade e planos
XY, YZ e ZX.
Conclui-se que o primeiro impacto (o de maior intensidade) sofrido no capacete ocorreu
segundo os planos ZX e os impactos secundários, segundo os planos XY e YZ.
Reconstituição de Acidentes Reais Envolvendo Veículos de Duas Rodas
39
3.2.2.8 Discussão
Da análise às fotografias, lesões, cálculos efectuados e reconstituição do acidente,
bem como de todos os documentos disponibilizados para este caso, conclui-se que o excesso
de velocidade a que circulava o motociclo foi o factor fulcral para a ocorrência do acidente uma
vez que apesar do veículo ligeiro de mercadorias ter invadido a via na qual circulava o
motociclo em virtude da manobra que efectuava, se o motociclo circulasse à velocidade
máxima permitida no local, ou seja, de 50 km/h, este teria conseguido evitar a colisão com o
veículo ligeiro de mercadorias. É importante salientar que um aumento da velocidade na ordem
dos 15% equivale a um aumento da energia e distância de travagem em cerca de 30%; no
caso em questão registou-se um aumento de velocidade na ordem dos 26%, determinante para
a ocorrência da colisão entre ambos os veículos.
O capacete presente neste caso é fabricado em Portugal pela empresa Nau, e segundo
o fabricante, é um capacete homologado pela norma ECE 22:05, uma vez que a empresa
possui um laboratório próprio - Nau NTCL (Nau Crash Test Lab) - que se encarrega de fazer os
testes que garantem que os capacetes produzidos cumpram a norma ECE 22:05, cumpram os
requisitos mínimos de segurança. O facto de este capacete ser homologado e de cumprir os
critérios de segurança impostos pela Nações Unidas foi fundamental para que o condutor do
motociclo não sofresse lesões internas graves na cabeça. Porém, mais uma vez, ficou
demonstrado que a tipologia do capacete (tipo jacto), não oferece ao utilizador nenhum tipo de
protecção ao nível do rosto e da face, ao contrário de um capacete integral, e que as
consequências de um acidente semelhante entre um motociclo e um veículo que possua
arestas mais vivas ou salientes, ou mesmo que transporte carga, poderiam originar efeitos
mais nefastos, com a utilização de um capacete do tipo jacto em detrimento de um capacete
integral.
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
41
4 Análise da influência do capacete nas
capacidades cognitivas dos condutores
Os veículos de duas rodas motorizados representam 14% de todos os acidentes
rodoviários que ocorrem na União Europeia. Esta é uma realidade que afecta mais de 6000
pessoas anualmente na europa. As estatísticas demonstram que um capacete integral, que
apresente boas características de segurança, pode salvar vidas em caso de acidente, bem
como minimizar o nível de lesões ao nível da cabeça humana. Porém, o facto de ser
considerado seguro, não garante que o capacete este esteja optimizado para as necessidades
cognitivas do seu utilizador, minimizando distracções provocadas por alguns factores como o
ruído, o desconforto e a falta de visibilidade. Ao mesmo tempo, porque, os condutores dos
automóveis são responsáveis por cerca de metade de todos os acidentes com veículos de
duas rodas motorizados, o capacete desempenha um papel importante melhorando a
visibilidade, ou conspicuidade, da combinação condutor-veículo, pois este é, geralmente o
ponto mais alto visível, podendo ser visualizado de todas as direcções.
Dada a multiplicidade de factores que estão associados à ocorrência de acidentes com
veículos de duas rodas, o projecto COST357 (2005-2009), designado “PROHELM”, acrónimo
de Accident Prevention Options with Motorcycle Helmets, conduzido em Portugal pelo IDMEC
IST, Universidade Técnica de Lisboa, tem como objectivo principal, compreender como as
capacidades cognitivas dos condutores de veículos de duas rodas motorizados, bem como dos
condutores de outras classes de veículos, são influenciadas pelas características do capacete.
4.1 Estudo e Metodologia
O objectivo deste estudo é o de identificar quando e em que condições os capacetes
dos condutores de veículos de duas rodas motorizados não funcionam eficazmente. Esta
ineficácia permite estabelecer uma relação com como e quando os condutores são
influenciados por factores adversos no interior do capacete a nível térmico, a nível acústico, ou
ainda pelo campo de visão que a viseira do capacete oferece do trânsito circundante. De forma
a obter esses dados, foram seguidas duas estratégias distintas: a primeira visou o estudo de
acidentes reais, permitindo extrair informações importantes sobre as condições em que
ocorreram os acidentes; e a segunda teve por base a recolha de informação junto de
condutores de veículos de duas rodas que não estiveram necessariamente envolvidos em
acidentes, de forma a identificar alguns dos problemas mais comuns nos capacetes que
utilizam.
Foi realizada uma investigação em diferentes países europeus tendo através do
desenvolvimento de um questionário que visa identificar quais condições do capacete antes e
Capítulo 4
42
depois de um acidente, bem como na utilização no dia-a-dia. O questionário tem como
objectivo a obtenção de alguns dados pessoais do condutor, dados gerais do capacete, uso e
sensações do capacete por parte do condutor, e medição das limitações impostas ao condutor
pelo capacete a nível do campo de visão. Na figura 4.1 descreve-se em que consiste o
questionário, num total de 87 a 95 variáveis.
Figura 4.1: Questionário do projecto COST357.
Alguns instrumentos de medição foram desenvolvidos no sentido de poder determinar a
máxima geometria da abertura do capacete e do campo de visão. Um goniómetro foi
especialmente desenvolvido para este fim na Medical School of Hannover, como está
exemplificado na figura 4.2. O procedimento efectuado consiste no fixar do olhar, por parte do
condutor, no ponto médio presente no aparelho, enquanto o investigador move um dos pinos
de referência, de forma a identificar qual o limite subjacente à visão periférica.
Figura 4.2: Exemplificação do processo de medição do campo de visão do condutor com recurso ao goniómetro.
Os dados recolhidos no questionário incluem um total de: 87 variáveis em caso de condutores com capacete não acidentados. 95 variáveis quando o capacete do condutor esteve envolvido num acidente.
• Dados pessoais: 20 variáveis
• Dados gerais do capacete: 11 variáveis
• Características do capacete: 5 variáveis
• Estado do capacete: 5 variáveis
• Sensações provocadas pelo capacete:
14 variáveis
• Uso do capacete: 13 variáveis
• (Caso de acidente: 8 variáveis)
• Medições e avaliações: 19 variáveis
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
43
Também foi desenvolvido um conjunto de lentes de referência, τ=14%, 57%, 64%, 83%
e 91%, com o objectivo de quantificar a transmissibilidade de luz nas viseiras dos capacetes
testados. Foi igualmente desenvolvido um conjunto de lentes de referência, D= 2%, 8%, 16% e
25%, utilizado para quantificar o nível de difusão de luz nas viseiras dos capacetes testados.
Foi adoptado o mesmo procedimento para testar os níveis de transmissibilidade e difusão de
luz, consistindo no encostar das lentes de referência à viseira e verificar qual delas apresenta
menor discrepância com a viseira do capacete, como está exemplificado na figura 4.3.
Figura 4.3: Procedimento efectuado para quantificar a transmissibilidade e difusão de luz nas
viseiras dos capacetes investigados.
Em Portugal, a recolha de dados foi efectuada maioritariamente na região de Lisboa,
em horário diurno, entre as 8 e as 18 horas, e teve a colaboração da PSP de Lisboa,
nomeadamente em operações de paragem de condutores de veículos de duas rodas. Quando
parados a iniciativa era apresentada aos condutores eram apresentados à iniciativa recebendo
uma brochura onde se encontrava explicitado o funcionamento do projecto e eram
questionados quanto à sua disponibilidade para participar, submetendo-se ao inquérito e testes
realizados pelo IDMEC. Na Irlanda, a obtenção de dados foi conduzida pela School of
Electrical, Electonic & Mechanical Engineering of University College Dublin (UCD), e centrou-se
em dois ambientes distintos: área urbana (cidade de Dublin) e área rural (Co. Donegal). Os
métodos de obtenção de dados utilizados foram através de sites da internet; participação de
grupos de motociclistas; a colaboração das autoridades policiais, que disponibilizavam aos
condutores informação sobre o projecto convidando-os a participar.
Na Turquia, foram adoptados dois procedimentos. No primeiro no qual os condutores
que se deslocavam a dois concessionários de marcas distintas de motociclos eram convidados
a participar no projecto; e o segundo, que contou com a participação de um grupo de
motociclistas profissionais.
Na Grécia, a recolha de dados foi conduzida na região de Heraklion, capital da ilha de
Creta, através da Thechnological Educational Institute of Crete. Neste país o procedimento de
Capítulo 4
44
recolha de dados consistiu na utilização de um inquérito que tinha sido efectuado em 2006 para
contactar e recolher dados de motociclistas que estiveram envolvidos em acidentes e que
ainda possuíam o capacete.
Na Alemanha, o estudo foi levado a cabo pela Accidente Research Unit of the Medical
University Hannover (ARU-MUH), e consistiu na utilização de uma base de dados de acidentes
da German In-Depth-Accident-Study, de forma a seleccionar os casos nos quais os condutores
dos veículos de duas rodas motorizados estavam equipados com capacete, e contactá-los
posteriormente para recolherem informações. Os investigadores também se deslocaram a
locais de acidente, onde foram recolhidas informações relevantes para o questionário, e
também tiveram o apoio das forças policiais, à semelhança de Portugal.
Em Itália o estudo foi conduzido por 2 equipas do Centro Interdipartmentale di Studi e
Ricerche sulla Sicurezza Stradale (CORRS). Os investigadores através do fornecimento de
dados por parte das autoridades policiais, contactaram e realizaram inquéritos a condutores
que estiveram envolvidos em acidentes no distrito de Pavia. Também foram efectuados
inquéritos em bombas de gasolina, nos distritos de Pavia e Messina, e ainda obtiveram
cooperação de alguns estabelecimentos de ensino, onde foram distribuídos inquéritos pelos
alunos destes estabelecimentos.
4.2 Resultados
Relativamente ao total de inquéritos realizados por todos os países que participam no
projecto, com recurso à tabela 13, verifica-se que o projecto neste momento engloba um tal de
443 inquéritos, sendo 40 deles realizados por Portugal.
Tabela 13: Número de inquéritos realizados pelo COST357.
País Total de inquéritos Inquéritos referentes a acidentes
Alemanha 60 6 Grécia 100 48 Irlanda 54 11 Itália 148 46
Portugal 40 13 Turquia 41 14 Total 443 138
Para que melhor se entenda os resultados obtidos e se possa tirar daí ilações, é de
grande importância tomar em consideração alguns dos dados pessoais relativos às pessoas
que contribuíram para o projecto submetendo-se ao inquérito. Assim verificou-se que 92% dos
condutores que responderam ao inquérito, em Portugal, eram do sexo masculino e apenas 8 %
do sexo feminino (figura 4.4). Na figura 4.5, está registada a percentagem de idades dos
condutores que responderam ao inquérito em cada um dos países participantes, verificando-se
que tal como em Portugal, que a maioria dos condutores entrevistados tinham idades
compreendidas e
sobressaiu sobre os demais foi dos 15 aos 25 anos.
Figura
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
estiveram anteriorment
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
4.6.
Figura
compreendidas e
sobressaiu sobre os demais foi dos 15 aos 25 anos.
Figura
Figura 4.5 Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
estiveram anteriorment
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
Figura 4.6: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
compreendidas entre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
sobressaiu sobre os demais foi dos 15 aos 25 anos.
Figura 4.4: Sexo dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
estiveram anteriormente envolvidos, constatando
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
DE
12%
22%
33%
20%
13%
52%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
ntre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
sobressaiu sobre os demais foi dos 15 aos 25 anos.
: Sexo dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países participantes.
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
e envolvidos, constatando
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
8%
Masculino
IT IE
45%
17%
21%
35%
16%33%
12% 11%6% 4%
52%
15%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
ntre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
sobressaiu sobre os demais foi dos 15 aos 25 anos.
: Sexo dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países participantes.
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
e envolvidos, constatando-se que cerca de 67% dos condutores que
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
92%
8%
Masculino Feminino
GR
17%
33%
35%
33%
33%
24%
11%10%
4% 0%
15%
33%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
ntre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
: Sexo dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países participantes.
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
se que cerca de 67% dos condutores que
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
Feminino
PT
28%
40%
18%
13%
3%
Um Acidente
Mais de um Acidente
Condutores que nunca sofreram acidentes
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
ntre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
: Sexo dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
se que cerca de 67% dos condutores que
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente,
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
TR
30%
29%
24%
12%
5%
Um Acidente
Mais de um Acidente
Condutores que nunca sofreram acidentes
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
ntre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
: Sexo dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
se que cerca de 67% dos condutores que
colaboraram, já estiveram pelos menos uma vez envolvidos numa situação de acidente, figura
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
>55
46-55
36-45
26-35
15-25
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
45
ntre 26 e os 35 anos, excepto em Itália onde o intervalo de idades que
Percentagem de idades dos condutores que responderam ao inquérito nos países
Ainda foram recolhidos em Portugal dados sobre o número de acidentes em que os condutores
se que cerca de 67% dos condutores que
figura
: Número de acidentes sofridos pelos condutores que responderam ao inquérito em
Capítulo 4
46
Similarmente foram registadas quais as profissões dos condutores que mais responderam ao
inquérito, onde se destacam os estudantes, já que os veículos de duas rodas motorizados têm
um custo de aquisição e de manutenção inferior quanto comparado com outras categorias de
veículos como os veículos ligeiros, outra das profissões que se destacou sobre as demais, foi a
de estafeta, profissão que utiliza muito os veículos de duas rodas motorizados, essencialmente
pela fácil deslocação e estacionamento que estes veículos oferecem em meio urbano.
Figura 4.7: Profissões dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Uma das perguntas efectuadas ainda a nível pessoal, foi o tipo de veículo de duas rodas que
conduzem, onde se constatou que 72,5% dos condutores que foram submetidas ao inquérito
conduziam motociclos não limitados, figura 4.8, verificando-se ainda que de todos os inquéritos
referentes a acidentes, realizados em Portugal, 77% envolveram precisamente motociclos não
limitados (potência superior a 25 KW).
7,5%
2,5%
5,0%
2,5%
17,5%
22,5%
2,5%
5,0%7,5%
2,5%
5,0%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
Profissões
Figura
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou
alusiva ao capacete. Assim verificou
condutores são do tipo integral (
consid
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
reduzido custo de aquisição destes capacetes no mercado.
submetid
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
segurança,
Figura 4.8: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou
alusiva ao capacete. Assim verificou
condutores são do tipo integral (
considerável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
reduzido custo de aquisição destes capacetes no mercado.
Figura 4.9: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
Na figura
submetidos aos testes contemplados no questionário, verificando
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
segurança, figura
72,5%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou
alusiva ao capacete. Assim verificou
condutores são do tipo integral (
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
reduzido custo de aquisição destes capacetes no mercado.
: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
figura 4.10 estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
os aos testes contemplados no questionário, verificando
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
figura 4.11.
72,5%
60,0%
Integral
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou
alusiva ao capacete. Assim verificou-se que em Portugal 60% dos capacetes utilizados pelos
condutores são do tipo integral (figura
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
reduzido custo de aquisição destes capacetes no mercado.
: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
os aos testes contemplados no questionário, verificando
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
60,0%
7,5%
Integral Jacto
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou
se que em Portugal 60% dos capacetes utilizados pelos
figura 4.9), porém ainda existem uma percentagem
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
reduzido custo de aquisição destes capacetes no mercado.
: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
os aos testes contemplados no questionário, verificando
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
10,0%
17,5%
15,0%
Jacto Modular/Híbrido
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou
se que em Portugal 60% dos capacetes utilizados pelos
), porém ainda existem uma percentagem
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
reduzido custo de aquisição destes capacetes no mercado.
: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
os aos testes contemplados no questionário, verificando
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
Ciclomotores
Motociclos Limitados
Motociclos não Limitados
17,5%
Modular/Híbrido Motocross
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
projecto, foi recolhida a informação mais relevante para o projecto, ou seja, toda a informação
se que em Portugal 60% dos capacetes utilizados pelos
), porém ainda existem uma percentagem
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
os aos testes contemplados no questionário, verificando-se que 17.5% são da marca
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o fact
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
Ciclomotores
Motociclos Limitados
Motociclos não Limitados
Motocross
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
seja, toda a informação
se que em Portugal 60% dos capacetes utilizados pelos
), porém ainda existem uma percentagem
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
: Tipo de capacete utilizado pelos condutores que responderam ao inquérito.
estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
se que 17.5% são da marca
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas ro
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
adquirir este equipamento de segurança, onde em 22.5% dos casos o preço é o factor mais
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
Motociclos Limitados
Motociclos não Limitados
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
47
: Percentagem de veículos dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Após a recolha de alguns danos relativos aos condutores que colaboraram com o
seja, toda a informação
se que em Portugal 60% dos capacetes utilizados pelos
), porém ainda existem uma percentagem
erável de capacetes do tipo jacto, que ao contrário dos outros tipos de capacetes, não
oferece nenhum tipo de protecção ao nível da face, facto que se deve em grande parte, ao
estão referenciadas quais as marcas dos capacetes que mais foram
se que 17.5% são da marca
“G”, cujos capacetes são de custo reduzido, ao contrário dos 30% (17.5%+12.5%) das marcas
“C” e “O”, cujos capacetes são muito utilizados em competição de veículos de duas rodas
motorizados, e preço é reconhecidamente acima da média. Estas percentagens reflectem
essencialmente qual opinião dos condutores relativamente aos capacetes, quando têm que
or mais
importante, e em 20% dos casos o factor primordial é a qualidade geral do capacete e a
Capítulo 4
48
Figura
Figura
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
restantes 32.5% multicolores, como se verifica na
dos capacetes é o preto,
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
o branco, de 24
Capítulo 4
Figura 4.10: Marcas mais utilizada
Figura 4.11: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
Quanto às cores mais usais nos capacetes
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
restantes 32.5% multicolores, como se verifica na
dos capacetes é o preto,
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
o branco, de 24%.
Homologação no capacete
Nenhuma razão em especial
Oferta na compra do veículo
Qualidade geral e segurança
Tipo de capacete e design
Utilizado em alta competição
: Marcas mais utilizada
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
Quanto às cores mais usais nos capacetes
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
restantes 32.5% multicolores, como se verifica na
dos capacetes é o preto, figura
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
%.
0,0%
A
C
E
G
I
K
M
O
Q
Homologação no capacete
Nenhuma razão em especial
Oferta na compra do veículo
Publicidade e testes
Qualidade geral e segurança
Tipo de capacete e design
Utilizado em alta competição
Ventilação
: Marcas mais utilizadas pelos condutores que responderam ao questionário em
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
Quanto às cores mais usais nos capacetes
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
restantes 32.5% multicolores, como se verifica na
figura 4.13, cor que apresenta
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
5,0%
2,5%
2,5%2,5%
5,0%
2,5%
2,5%2,5%2,5%
2,5%
2,5%2,5%
0%
Homologação no capacete
Marca
Nenhuma razão em especial
Oferta na compra do veículo
Preço
Publicidade e testes
Qualidade geral e segurança
Tipo de capacete e design
Utilizado em alta competição
Ventilação
s pelos condutores que responderam ao questionário em Portugal.
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em Portugal.
Quanto às cores mais usais nos capacetes
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
restantes 32.5% multicolores, como se verifica na figura
, cor que apresenta
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
10,0%
7,5%
5,0%
7,5%
7,5%
2,5%
5,0%
5,0%
2,5%
5,0%
0% 5%
s pelos condutores que responderam ao questionário em
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
Quanto às cores mais usais nos capacetes dos condutores que responderam ao
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
figura 4.12, e a cor que predomina
, cor que apresenta segundo [
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
15,0%
12,5%
7,5%
5,0%
5,0%
5,0%
10% 15%
s pelos condutores que responderam ao questionário em
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
dos condutores que responderam ao
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
, e a cor que predomina
segundo [11] um risco superior de
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
20,0%
17,5%
17,5%
15,0%
20,0%
15,0%
15% 20%
s pelos condutores que responderam ao questionário em
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
dos condutores que responderam ao
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
, e a cor que predomina em 70%
um risco superior de
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
22,5%
20,0%
25%
s pelos condutores que responderam ao questionário em
: Factores que influenciaram os condutores no momento de compra do capacete em
dos condutores que responderam ao
questionário em Portugal, cerca 67.5% dos capacetes possuem apenas uma cor, sendo os
em 70%
um risco superior de
envolvimento em acidentes de trânsito, em relação aos capacetes de cor clara, nomeadamente
Figura
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
nocturno, onde a luz natural é muito reduzida, confundindo
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
condutores de outras classes de veículos
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
qual tem de ainda se encont
condutor acidentado em segurança. Em Portugal verificou
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
fecho com braçadeira
Figura
Figura 4.12: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao
Figura 4.13: Percentagem de cores pre
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
nocturno, onde a luz natural é muito reduzida, confundindo
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
condutores de outras classes de veículos
O mecanismo que assegura a
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
qual tem de ainda se encont
condutor acidentado em segurança. Em Portugal verificou
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
fecho com braçadeira
Figura 4.14: Tipo de mecanismo de engate
AmareloAzul
BrancoCinzento
PretoVerde
Vermelho
Amarelo
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao
: Percentagem de cores preresponderam ao inquérito em Portugal.
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
nocturno, onde a luz natural é muito reduzida, confundindo
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
condutores de outras classes de veículos
O mecanismo que assegura a
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
qual tem de ainda se encont
condutor acidentado em segurança. Em Portugal verificou
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
fecho com braçadeira (2.5%).
: Tipo de mecanismo de engateque responderam ao inquérito em Portugal.
2,5%
2,5%
2,5%2,5%
AmareloAzul
BrancoCinzento
PretoVerde
Vermelho
0,0%Amarelo Azul
52,5%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
: Percentagem de cores preresponderam ao inquérito em Portugal.
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
nocturno, onde a luz natural é muito reduzida, confundindo
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
condutores de outras classes de veículos.
O mecanismo que assegura a fixação do capacete à cabeça, também foi um ponto
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
qual tem de ainda se encontrar funcional, para que permita retirar o capacete da cabeça do
condutor acidentado em segurança. Em Portugal verificou
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
: Tipo de mecanismo de engateque responderam ao inquérito em Portugal.
67,5%
Multicolor
10,0%
10,0%
20,0%Azul Branco
45,0%
52,5%
2,5%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
: Percentagem de cores predominantes nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
nocturno, onde a luz natural é muito reduzida, confundindo
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
.
fixação do capacete à cabeça, também foi um ponto
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
rar funcional, para que permita retirar o capacete da cabeça do
condutor acidentado em segurança. Em Portugal verificou
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
: Tipo de mecanismo de engate (capítulo 5 figura 5.3)que responderam ao inquérito em Portugal.
67,5%
Multicolor Unicolor
40,0%Branco Cinzento
45,0%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
dominantes nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
nocturno, onde a luz natural é muito reduzida, confundindo-se com o ambiente circundante
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
fixação do capacete à cabeça, também foi um ponto
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
rar funcional, para que permita retirar o capacete da cabeça do
condutor acidentado em segurança. Em Portugal verificou-se que a maioria, 52.5% dos
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
(capítulo 5 figura 5.3) nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
32,5%
Unicolor
60,0%Preto Verde
Fecho com engate rápido
Fecho duplo em anel "D"
Fecho com braçadeira
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao
dominantes nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
se com o ambiente circundante
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
fixação do capacete à cabeça, também foi um ponto
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
rar funcional, para que permita retirar o capacete da cabeça do
se que a maioria, 52.5% dos
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
32,5%
70,0%
60,0% 80,0%Verde Vermelho
Fecho com engate
Fecho duplo em
Fecho com braçadeira
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao
dominantes nos capacetes dos condutores que
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em per
se com o ambiente circundante
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
fixação do capacete à cabeça, também foi um ponto
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
rar funcional, para que permita retirar o capacete da cabeça do
se que a maioria, 52.5% dos
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
nos capacetes dos condutores
80,0%Vermelho
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
49
: Percentagem do tipo de pintura dos capacetes dos condutores que responderam ao
O facto dos capacetes pretos apresentarem maior propensão de envolvimento em acidentes,
está em grande parte associado à falta de visibilidade que esta cor proporciona em período
se com o ambiente circundante e,
como tal, condiciona a visibilidade de condutores de veículos de duas rodas por parte dos
fixação do capacete à cabeça, também foi um ponto
focado devido à importância que este apresenta, não só numa primeira fase em que evita que
o capacete se liberte da cabeça em caso de acidente, como também numa segunda fase, na
rar funcional, para que permita retirar o capacete da cabeça do
se que a maioria, 52.5% dos
capacetes possui fecho duplo em anel “D”, seguido do fecho com engate rápido (45%) e do
nos capacetes dos condutores
Capítulo 4
50
A etiqueta de certificação que consta nos capacetes homologados, representa para o
condutor no acto de compra do capacete a única garantia que o capacete foi submetido a
testes de impacto, que asseguram a sua integridade física. A percentagem de capacetes em
que a etiqueta de certificação do capacete havia sido cortada, 45%, é alarmante, bem como o
número de etiquetas presentes no capacete e que são imperceptíveis, 37.5%. A figura 4.15,
sugere que deve efectuado um esforço no sentido de optimizar os materiais em que são feitos
as etiquetas de certificação, ou mesmo, o local onde estas são colocadas no capacete,
actualmente na cinta jugular, o que pode causar um certo desconforto por parte dos
utilizadores do capacete.
Figura 4.15: Percentagem de etiquetas de homologação nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
Relativamente aos capacetes que estiveram envolvidos em acidentes, é fulcral filtrar
quais as principais zonas sujeitas a impactos de forma a que possam ser feitos esforços no
sentido de maximizar a capacidade de dissipar energia nessas zonas. Com recurso às figuras
3.16 e 3.17 constata-se que o panorama em Portugal não difere que se regista nos restantes
países que fazem parte do projecto, verificando-se que as zonas mais afectadas são a zona
traseira, e ambas as laterais do capacete.
Figura 4.16: Principais zonas onde se registam danos nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito em Portugal.
17,5%
45,0%
37,5%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Com etiqueta
Sem etiqueta devido a corte
Com etiqueta mas imperceptível
3,8%
11,5%
26,9%23,1% 23,1%
7,7%3,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
Análise da influência do capacete nas capacidades cognitivas dos condutores
51
Figura 4.17 Principais zonas onde se registam danos nos capacetes dos condutores que responderam ao inquérito no COST357.
A ultima parte do questionário do COST357, consistiu na medição de alguns
parâmetros associados à visibilidade dos condutores, em situações que estão a usar o
capacete, de forma a comparar quais os tipos de viseiras existentes no mercado e qual a
influência directa que estas possuem, bem como a abertura do capacete, na visibilidade dos
utilizadores do capacete. Os valores obtidos para o grau de difusão de luz dos capacetes
testados no projecto, figura 4.18, indicam que as viseiras apresentaram valores de difusão
inferiores a 8%. Relativamente à transmissibilidade de luz, figura 4.19, verificou-se que em
mais de 60% dos capacetes testados, as viseiras apresentaram um grau de transmissibilidade
de luz superior a 83%. Por fim, utilizou-se o goniómetro para medir o campo de visão dos
condutores na situação de uso do capacete, tendo-se verificado em Portugal, que o campo de
visão padrão situa-se num intervalo entre os 80 e os 90 graus.
Figura 4.18: Grau de difusão de luz das viseiras dos capacetes testados no projecto COST357.
20%
12%
28%22%
28%
7%4%
0%
10%
20%
30%
Capítulo 4
52
Figura 4.19: Grau de transmissibilidade de luz das viseiras dos capacetes testados no projecto COST357
Figura 4.20: Campo de visão dos condutores em situação de uso do capacete em Portugal.
Generalizando, verificou-se que as condições climatéricas associadas a cada um dos
países participantes no projecto conduziram a algumas pequenas diferenças de resultados já
esperados, porém, os resultados indicam que os capacetes proporcionam boas condições de
visibilidade aos seus utilizadores.
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
16,0%
18,0%
20,0%
60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 100
Campo de visão em graus
Direita
Esquerda
O capacete e a sua importância na redução do nível de lesões na cabeça
53
5 O capacete e a sua importância na redução do
nível de lesões na cabeça Neste capítulo aborda-se toda a temática associada ao capacete, nomeadamente a
influência que este equipamento de segurança apresenta ao nível de lesões sofridas na cabeça
em caso de acidente. É efectuada uma descrição do capacete, com referência às diferentes
partes constituintes e resumo do processo de fabrico. Introduz-se a cabeça humana ao nível
dos seus órgãos constituintes e tipo de lesões associados, bem como, aos mecanismos de
lesões. Por último, ainda é feita uma introdução às normas que visam assegurar a qualidade e
efectividade do capacete, relativamente ao nível de segurança que apresenta para o utilizador
perante uma situação de acidente
5.1 O capacete
Desde muito cedo o Homem começou a perceber que era necessário proteger a
cabeça em determinadas situações consideradas perigosas, sentindo essa necessidade muito
antes da realização e implementação do estudo de mecanismos de lesões. Os capacetes eram
e são projectados e construídos de acordo com o tipo de aplicação a que estes se destinam.
No século XV D.C. os capacetes já eram considerados um meio efectivo de protecção da
cabeça, porém, nessa altura, a verdadeira função do capacete era apenas a de proteger a
cabeça da penetração de objectos contundentes. Só muito mais tarde, no início do século XIX
D.C., foi descoberto que as lesões ao nível da cabeça podem ocorrer sem que haja
necessariamente penetração no casco do capacete, tendo sido necessário meio século para
que se descobrisse que as lesões que ocorriam ao nível da cabeça. Sem que houvesse
penetração eram causadas pelas acelerações de curta duração às quais era submetida. Estas
lesões provocadas pelas acelerações às quais a cabeça é submetida em caso de queda ou
impacto são a forma mais comum e perigosa de lesões às quais os motociclistas estão sujeitos.
Os primeiros capacetes para uso em veículos de duas rodas motorizados eram
projectados, fundamentalmente, tendo em conta uma cobertura externa em pele rígida e um
forro interior, sendo sido supridos por modelos em que a parte externa em pele foi substituída
por um material plástico que apresentava uma maior resistência, e cuja função era não só a de
evitar a penetração, mas também distribuir as cargas às quais o capacete está submetido em
caso de impacto sobre uma área maior. Actualmente, os capacetes são projectados tendo em
conta diversos parâmetros, tais como a redução do risco de lesões leves ao nível do cérebro, a
estabilidade do capacete na cabeça do utilizador perante as mais diversas situações, e o
conforto do capacete, que engloba parâmetros como a ventilação e o peso. Relativamente à
estrutura de um capacete, esta é basicamente composta por uma viseira, um casco exterior
Capítulo 5
54
rígido, um material de espuma, um acolchoamento interior ou forro, um sistema de ventilação e
um sistema de retenção, como se pode constatar na figura 5.1.
Figura 5.1: Estrutura do capacete.
A viseira é construída num material resistente e transparente, como, por exemplo, o
policarbonato, e é projectada para que possa proteger a face do utilizador do capacete do
vento, pó e insectos, podendo ainda ser equipada com uma camada anti-riscos. E, também,
fundamental que o visor não provoque nenhum tipo de anomalia na visão do utilizador e que
possua um sistema de abertura fiável e eficaz.
O casco exterior rígido é, geralmente, feito de termoplásticos e de um material
compósito plástico reforçado, como, por exemplo, a fibra de vidro, e que tem como função
absorver e dissipar a energia do impacto.
A espuma, situada entre o casco exterior rígido e o acolchoamento interior, tem como
função proteger a cabeça do utilizador, absorvendo a força restante do impacto que já foi
parcialmente absorvida e dissipada pelo casco exterior rígido.
O acolchoamento interior é necessário para garantir conforto na utilização do capacete,
podendo ser fabricado em diversos materiais cujo principal requisito deve ser o de não
provocar qualquer tipo de irritação na pele da face do utilizador do capacete.
O sistema de ventilação, na figura 5.2, tem como função assegurar a entrada de ar
fresco no interior do capacete e ventilar para fora do capacete o ar da expiração e humidade,
de forma a manter um ambiente confortável dentro do capacete e não permitir o embaciamento
da viseira do capacete.
O capacete e a sua importância na redução do nível de lesões na cabeça
55
Figura 5.2: Exemplificação do princípio básico de um sistema de ventilação de um capacete.
O sistema de retenção, na figura 5.3, tem como principal função prender firmemente o
capacete à cabeça do utilizador. O mais comum, a cinta jugular, é, basicamente, constituído
por duas correias de fibra sintética e por um sistema de união entre essas duas correias,
podendo ser de engate rápido, de duplo anel em “D” ou fecho com braçadeira.
a) Fecho de engate rápido b) Fecho de duplo anel em “D” c) Fecho com braçadeira
Figura 5.3: Tipo de fecho existente numa cinta jugular de um capacete.
Relativamente ao tipo de capacetes que existem actualmente eles são classificados
como: capacete integral, capacete de jacto, capacete de motocross e ainda capacete
modular/híbrido, como se verifica na figura 5.4.
Capacete integral Capacete de jacto Capacete de motocross Capacete modular/híbrido
Figura 5.4: Tipo de capacete.
Capítulo 5
56
5.2 Processo de fabrico do capacete
O capacete é um equipamento que, basicamente, passa por 4 etapas principais de
construção e que, de acordo com Chia-Yuan Chang et al [12], consistem nas seguintes
apresentadas na figura 5.5.
Figura 5.5: Etapas no processo de construção de um capacete.
Também segundo Chia-Yuan Chang et al [12], o casco exterior rígido é construído,
principalmente, a partir de materiais como os termoplásticos, ou materiais compósitos, sendo
que cada um destes materiais apresenta vantagens e desvantagens no processo de
construção, como se pode verificar na tabela 14.
Tabela 14: Vantagens e desvantagens do uso de termoplástico e materiais compósitos no fabrico de capacetes.
Tipo de material Vantagens Desvantagens
Termoplásticos
� Cascos mais leves; � Baixo custo devido ao uso de
maquinaria; � Minimização do processo de
acabamento; � Boa relação entre a espessura
projectada e moldada.
� Relação entre espessura e resistência ao impacto;
� É vulnerável a solventes orgânicos;
� Pouca capacidade de absorver choques.
Materiais compósitos
� Pouco capital inicial em termos de maquinaria e processos.
� Necessita de muito trabalho humano;
� Menor precisão entre o modelo projectado e o modelo moldado.
Basicamente, o processo de fabrico de um capacete é relativamente simples. No
entanto, produzir um bom modelo de capacete, que reúna requisitos como conforto e
segurança, requer muito estudo e recursos financeiros.
Processo de moldagem: no qual são fabricadas todas as partes que constituem um capacete
Processo de acabamento: remoção do excesso de casco material do caso e corte para a abertura destinada à viseira
Processo de pintura
Montagem de todas a partes do capacete obtendo-se o produto final
5.3
vinte e dois ossos
por sua vez,
líquido cefalorraquidiano e pelas meginge
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
corpo humano,
excedem
fatais. Para compreender como ocorrem as le
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
de acidente.
está sujeita em caso de acidente
Fractura
A cabeça humana
A cabeça é uma das partes mais i
vinte e dois ossos
por sua vez, protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
líquido cefalorraquidiano e pelas meginge
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
corpo humano, sendo no entanto,
Figura
Perante um cenár
excedem, em muito
fatais. Para compreender como ocorrem as le
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
de acidente.
Na figura
sujeita em caso de acidente
Lesões ao nível do crânio
Fractura
O capacete e a sua impor
A cabeça humana
A cabeça é uma das partes mais i
vinte e dois ossos que fazem parte do crânio e da face. A cabeça é enf
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
líquido cefalorraquidiano e pelas meginge
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
sendo no entanto,
Figura 5.6: Ilustração dos órgãos que constituem o enc
Perante um cenário de acidente, a cabeça humana
em muito, a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
fatais. Para compreender como ocorrem as le
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
figura 5.7 estão presentes o
sujeita em caso de acidente
Figura
Lesões ao nível do crânio
Tecido mole
Laceração
Contusão
O capacete e a sua impor
A cabeça humana
A cabeça é uma das partes mais i
que fazem parte do crânio e da face. A cabeça é enf
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
líquido cefalorraquidiano e pelas meginge
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
sendo no entanto, o seu órg
: Ilustração dos órgãos que constituem o enc
io de acidente, a cabeça humana
a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
fatais. Para compreender como ocorrem as le
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
estão presentes os
sujeita em caso de acidente.
Figura 5.7: Tipologia de lesões na cabeça humana.
Lesões na cabeça
Lesões ao nível do crânio
Tecido mole
Laceração
Contusão
O capacete e a sua importância na redução do nível de lesões na cabeça
A cabeça é uma das partes mais importantes do corpo humano, sendo constituída por
que fazem parte do crânio e da face. A cabeça é enf
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
líquido cefalorraquidiano e pelas meginges. Como se pode verificar na
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
órgão mais frágil.
: Ilustração dos órgãos que constituem o enc
io de acidente, a cabeça humana
a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
fatais. Para compreender como ocorrem as lesões ao nível da cabeça
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
s diferentes tipo
: Tipologia de lesões na cabeça humana.
Lesões na cabeça
Focais
Hematoma
tância na redução do nível de lesões na cabeça
mportantes do corpo humano, sendo constituída por
que fazem parte do crânio e da face. A cabeça é enf
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
s. Como se pode verificar na
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
ão mais frágil.
: Ilustração dos órgãos que constituem o enc
io de acidente, a cabeça humana
a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
sões ao nível da cabeça
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
tipos de lesões
: Tipologia de lesões na cabeça humana.
Lesões na cabeça
Lesões cerebrais
Focais
Hematoma Contusão
tância na redução do nível de lesões na cabeça
mportantes do corpo humano, sendo constituída por
que fazem parte do crânio e da face. A cabeça é enformada pelo crânio
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
s. Como se pode verificar na figura
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
: Ilustração dos órgãos que constituem o encéfalo humano.
está exposta a forças que
a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
sões ao nível da cabeça é fundame
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
lesões a que a cabeça humana
: Tipologia de lesões na cabeça humana.
Lesões cerebrais
Contusão
tância na redução do nível de lesões na cabeça
mportantes do corpo humano, sendo constituída por
ormada pelo crânio
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
figura 5.6, uma da
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
éfalo humano.
está exposta a forças que
a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
é fundamental entender
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
que a cabeça humana
Lesões cerebrais
Difusas
Concusão
Axonal
tância na redução do nível de lesões na cabeça
57
mportantes do corpo humano, sendo constituída por
ormada pelo crânio, que
protege o encéfalo. O encéfalo também está protegido de lesões exteriores pelo
uma das
partes integrantes do encéfalo é o cérebro, um dos órgãos mais fascinantes e importantes do
está exposta a forças que
a sua capacidade de protecção natural, sofrendo lesões graves ou mesmo
ntal entender
qual a sua anatomia e como reage perante situações de aceleração e desaceleração em caso
que a cabeça humana
Capítulo 5
58
5.3.1.1 Fracturas do crânio.
Este tipo de lesão é caracterizado pela factura do ossos que compõem o crânio e pode
ter graves consequências, nomeadamente, quando esses ossos penetram os vasos
sanguíneos ou o cérebro. No entanto, a este tipo de lesão não está, necessariamente,
associada a morte cerebral.
5.3.1.2 Lesões focais.
As lesões do tipo focais são responsáveis por dois terços das fatalidades provocadas
por lesões ao nível da cabeça (Magnus Aare [13]). Este tipo de lesões é caracterizado por
danos bem definidos, tais como hematomas cerebrais e contusões.
5.3.1.3 Hematoma Epidural.
O hematoma epidural é causado por traumatismos ao nível do crânio e ruptura da artéria
meníngea média. Este tipo de hematoma é facilmente identificável, como se pode constatar na
figura 5.8, e não apresenta os níveis de fatalidade que estão associados aos Hematomas
subdurais.
Figura 5.8: Imagem de um hematoma epidural, pormenor a vermelho no canto inferior direito.
5.3.1.4 Hematoma Subdural.
O hematoma subdural, presente na figura 5.9, é causado pela acumulação de sangue
sob a membrana fibrosa, espessa e resistente que constitui a meninge externa, junto a uma
lesão relevante do tecido cerebral.
O capacete e a sua importância na redução do nível de lesões na cabeça
59
Figura 5.9: Imagem de um hematoma subdural, mancha mais escura situada no lado esquerdo.
Este tipo de hematomas é provocado, essencialmente, pela inércia e não pelas forças de
contacto. Segundo Gennarelli [1983] é, de todas as lesões cerebrais com consequências muito
graves ou fatais, a que ocorre com maior frequência como resultado de acidentes rodoviários.
5.3.1.5 Contusão
As contusões cerebrais são lesões traumáticas do cérebro cuja origem está,
geralmente, associada a impactos directos com considerável intensidade na cabeça que
causam lesões estruturais ao nível do tecido encefálico. Na maioria dos casos, a este tipo de
lesões não está associado um nível de gravidade muito elevado.
5.3.1.6 Lesões cerebrais difusas.
As lesões cerebrais difusas diferenciam-se das lesões cerebrais focais,
fundamentalmente, pelo facto de a este tipo de lesão, estar associado a uma elevada
tendência para se estender às regiões vizinhas, alastrando-se por uma maior área do cérebro e
causando um maior nível de disfunções.
Quando a cabeça humana sofre um impacto é sujeita a acelerações e desacelerações,
o que origina forças de inércia em toda a estrutura intracraniana, fazendo com que ocorra uma
disparidade entre o movimento do cérebro e do crânio, durante o intervalo de tempo em que a
cabeça é acelerada ou desacelerada [13], como está exemplificado na figura 5.10, onde num
primeiro instante V1 é a velocidade inicial da cabeça e do encéfalo antes de ocorrer impacto,
posteriormente ocorre o impacto da cabeça e onde a velocidade da cabeça V1 toma o valor
zero, porém o encéfalo devido à inércia continua o seu movimento com uma velocidade V2,
colidindo com as paredes do crânio.
Capítulo 5
60
Figura 5.10: Exemplificação da diferença de velocidades entre o cérebro e o crânio, em caso de aceleração, devido à força de inércia.
A disparidade de movimento que se verifica entre o cérebro e o crânio, em caso de
acelerações e desacelerações ao nível da cabeça, conduz a lesões muito graves ou mesmo
fatais, devido à elevada probabilidade de danificar o tecido que envolve o cérebro (as
meninges).
5.3.1.7 Concussão.
A concussão é das lesões que mais se verifica nos condutores de veículos de duas
rodas, e, basicamente, está associada ao movimento e embate do cérebro contra o crânio. O
seu nível de gravidade não é muito elevado, envolvendo perda de consciência momentânea ou
durante um curto período de tempo.
5.3.1.8 Lesão axonal difusa.
Tal como a concussão, este tipo de lesão está muito associado às consequências de
acidentes rodoviários, com maior incidência nos que envolvem veículos de duas rodas. Porém,
a lesão axonal difusa está associada a um elevado número de fatalidades, porque para que
ocorra, é necessário que a cabeça esteja sujeita a um elevado nível de acelerações durante
um intervalo de tempo superior e mais gradual comparativamente ao que acontece no caso de
concussão.
5.4 Mecanismos de lesões
Por mais de 30 anos, foram efectuados estudos com o intuito de avaliar os
mecanismos de ferimento que causam lesões na cabeça humana, envolvendo a inércia
durante o impacto, de forma a estabelecer níveis de tolerância que lhes estão associadas. O
desenvolvimento de mecanismos de lesão tem sido um dos principais objectivos a fim de se
O capacete e a sua importância na redução do nível de lesões na cabeça
61
poder avaliar e quantificar quais os riscos para o corpo humano em caso de acidente e de
propor potenciais medidas de protecção, tais como o uso do capacete por parte dos
utilizadores de veículos de duas rodas. Os mecanismos de lesão na cabeça humana,
basicamente, são divididos em três categorias: mecanismos de lesão baseados nas
acelerações lineares, mecanismos de lesão baseados nas acelerações angulares, e ainda,
baseados nos esforços e tensões no cérebro.
O HIC (Head Injury Criterium) surgiu com base no trabalho de Gadd (1961), que
desenvolveu um índice de severidade (SI), seguindo-se Versace (1971), que propôs uma
primeira versão do HIC como forma de quantificar a aceleração média. Mais tarde surgiu a
versão actual do HIC, proposta pela National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA),
que se traduz na equação 5.1 onde a(t) é a resultante da aceleração em unidades g’s (medida
a partir do centro de gravidade da cabeça) e t1 e t2 são dois pontos temporais existentes
durante o tempo de impacto que maximiza o HIC, e que não podem exceder o valor máximo de
36 ms.
./0 = 1 1 $ − 3 × 4 �� �. � �5
�67
$,8× � $ − 3� (5.1)
O HIC tem sido, ao longo do tempo, o critério com maior uso por parte da indústria
automóvel e de toda a pesquisa que lhe está associada. No entanto, apesar da sua fiabilidade
e relevância quando falamos de capacetes, só a norma ECE-R.22 incluiu este critério nos seus
testes de impacto com capacetes.
A “Abbreviated Injury Scale” (AIS) é um sistema que foi adoptado em 1969, de forma a
quantificar o nível de lesões a que o corpo humano está sujeito. Na tabela 15 está presente a
classificação adoptada pela “Association for the Advancement of Automotive Medicine”, revista
em 2005, que visa quantificar o tipo de leões que podem ocorrer na cabeça humana.
Tabela 15: Classificação AIS do nível de lesões na cabeça (AAAM 2005).
Nível de AIS Descrição do nível de lesões
1 Abrasões ao nível superficial da pele, fractura do nariz.
2 Avulsões ao nível da pele, fracturas simples, fractura da mandíbula e fractura das maxilas Le Fort I e II.
3 Fractura básica, fractura da maxila LeFort III, perda total do escalpe, e contusão ao nível do cerebelo.
4 Fractura ao nível do crânio, perda ao nível do tecido do cérebro, pequenos hematomas epidurais e subdurais.
5
Lesões com elevada penetração (superiores a 2 cm), compressão do cérebro, grandes hematomas epidurais e subdurais, bem como, lesões axonais difusas.
6 Destruição maciça do crânio e do cérebro (ferimento do esmagamento)
Capítulo 5
62
De forma a aferir em que se traduzem os valores do HIC com o tipo de lesões que se
verificam na cabeça humana, estabelece-se uma correlação do HIC com o método de
avaliação de severidade e lesões “Abbreviated Injury Scale” (AIS). Na figura 5.11 está presente
o gráfico que evidencia a relação entre os valores do HIC e o níveis de AIS para a situação em
que a cabeça não está protegida e na figura 5.12 para a situação em que a cabeça está
protegida por um capacete.
Figura 5.11: Correlação entre o HIC e o AIS [14].
Figura 5.12: Correlação entre o HIC e o AIS [15].
O capacete e a sua importância na redução do nível de lesões na cabeça
63
5.5 Normas e testes de segurança
Existem várias normas que visam assegurar que os capacetes oferecam condições de
segurança aos seus utilizadores. Exemplo destas normas são a Snell [15], DOT FMVSS 218,
British Standards Institution (BSI) [16] e a mais utilizada ECE R-22/05 [17]. Na tabela 16 estão
presentes alguns dos principais parâmetros de testes de absorção de energia, efectuados em
capacetes de acordo com cada uma dessas normas.
Tabela 16: Normas de homologação e testes de segurança de capacetes mais utilizadas.
Norma Objecto de contacto Critério de Impacto Critério de Falha
FMVSS 218
Plano Hemisférico
Velocidade: 6.0 m/s 5.2 m/s
≤ 400g ≤2.0 ms= 200g ≤4.0 ms= 150g
BSI 6658
Tipo A Plano
Hemisférico
Tipo B Plano
Hemisférico
Velocidade: 1º: 7.5 m/s 2º: 5.3 m/s 1º: 7.0 m/s 2º: 5.0 m/s
1º: 6.5 m/s 2º: 4.6 m/s 1º: 6.0 m/s 2º: 4.3 m/s
≤ 300g
Snell M2000 M2005
Plano
Hemisférico Cunha
Energia e Velocidade 1º: 150J (7.8 m/s) 2º: 110J (6.6 m/s)
150J (7.8 m/s)
≤ 290g
ECE R-22/05
Plano
Hemisférico
Velocidade: 1º: 7.5 m/s 2º: 5.3 m/s
Resultante da aceleração ≤ 275g
HIC ≤ 2400
Nos países pertencentes à Comunidade Europeia, a colocação e venda de capacetes
no mercado é proibida caso estes não sejam homologados pela norma ECE R22/05. Como se
pode verificar através da tabela 16, existem várias diferenças no que concerne a testes de
absorção de energia entre as diferentes normas de homologação existentes. No entanto a
norma ECE R22/05 é a que impõe padrões de qualidade mais elevados, estipulando o menor
valor máximo de acelerações como sendo de 275 g, e incluindo um valor máximo de HIC de
2400, garantindo um elevado padrão de protecção nos capacetes homologados por esta
norma.
Relativamente ao método de teste utilizado pela norma ECE R22/05, que permite
quantificar o grau de absorção de energia de um capacete em caso de impacto, este resume-
se nas seguintes 3 etapas:
1) Coloca-se o capacete no modelo que simula a cabeça humana, que por sua vez, está
equipada com acelerómetros; de seguida, é deixada cair de uma altura de 2.87 m para
que o conjunto capacete/cabeça atinja o objecto de impacto com uma velocidade de
7.5 m/s; este procedimento é efectuado com auxílio de um equipamento construído
Capítulo 5
64
para o efeito, como o que está exemplificado na figura 5.13 a) e repete-se para 4
pontos distintos do capacete; os objectos de impacto, plano e hemisférico presentes na
figura 5.13 b) são fabricados em aço;
2) Aos capacetes integrais é ainda efectuado um teste suplementar, que consiste em
deixá-los cair de uma altura de 1.55 m, colidindo a parte frontal com o objecto de
impacto plano, de forma a testar a protecção frontal do queixo;
3) Procede-se, então, à medição da velocidade e aceleração sofrida pela cabeça durante
o impacto, com recurso aos sensores existentes no modelo da cabeça.
a) b)
Figura 5.13: Equipamento e testes efectuados pela norma ECE R22/05.
Os quatro pontos do capacete que são testados de acordo com a norma ECE R22/05
são apresentados na figura 5.14.
Referencial Ponto B Ponto R Ponto P Ponto X
Figura 5.14: Pontos B, X, P, R, testados na norma ECE R22/05.
Para que um capacete apresente níveis de segurança aceitáveis, e em condições de
ser comercializado, de acordo com os requisitos estipulados por esta norma, o valor da
aceleração registado pelo modelo da cabeça não deve exceder nunca os 275 g e apresentar
um HIC inferior ou igual a 2400.
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
65
6 Modelos computacionais e metodologia
utilizada
Neste capítulo será feita uma pequena introdução teórica à dinâmica de corpos
múltiplos que está implícita às simulações efectuadas no software Madymo (Mathematical
DYnamics MOdel). Serão apresentados os modelos computacionais desenvolvidos nesta tese,
modelos em elementos finitos, bem como os modelos de corpos múltiplos utilizados. É também
descrita toda a metodologia usada para a realização das simulações, entre corpos múltiplos e
elementos finitos transientes, com recurso ao Madymo (Mathematical DYnamics MOdel). Por
fim, são descritos os tipos de cenários que se pretende recriar através de simulações
computacionais com intuito de melhorar as condições de segurança do capacete.
6.1 Dinâmica de corpos múltiplos
O termo multi-corpo, está associado a um conjunto de corpos rígidos que podem fazer
parte integrante de um determinado sistema, de forma independente uns em relação aos
outros ou interligados por intermédio de juntas cinemáticas. Para compreender toda a teoria
inerente à dinâmica de corpos múltiplos é necessário entender cada uma das partes
integrantes, o corpo rígido, sistema de multi-corpos, os elementos finitos e as equações de
movimento associadas.
6.1.1.1 Sistema de corpos múltiplos
Um sistema de corpos múltiplos pode ser formado por um único corpo rígido, ou pode
ser formado por um conjunto de corpos rígidos por intermédio de juntas cinemáticas, como está
exemplificado na figura 6.1.
Figura 6.1: Sistemas de corpos múltiplos [18].
Capítulo 6
66
6.1.1.2 Corpo rígido
Um corpo rígido é definido através da sua massa, localização do centro de gravidade,
momentos de inércia e produtos de inércia. A forma do corpo rígido não é relevante para as
equações de movimento, exceptuando que se estabelece contacto com outro corpo. A cada
corpo está associado um referencial local, iii ζηξ , associado a um sistema de coordenadas
global, XYZ, o qual permite controlar a posição do corpo, podendo-se desta forma localizar um
sistema de corpos múltiplos no espaço, já que é necessário localizar cada corpo que faz parte
do mesmo. A localização e orientação do sistema são feitas com recurso a dois vectores, ri
(equação 6.1) e pi (equação 6.2), que expressam as coordenadas de translação e de
orientação ou parâmetros de Euler respectivamente.
[ ]Tii zyxr = (6.1)
[ ]Tii eeeep 3210= (6.2)
Então, o vector de coordenadas associadas ao corpo rígido i é definido pela seguinte equação:
{ } { } { }[ ] [ ]TTiii e,e,e,e,z,y,xp,rq 3210== (6.3)
De modo a localizar um ponto arbitrário P do corpo rígido i, figura 6.2, então
procedesse à soma vectorial entre o vector de localização deste ponto no referencial local,
iii ζηξ , e o vector que posiciona o referencial local em relação ao de inércia.
Figura 6.2: Localização de um ponto genérico P relativamente a um eixo de inércia [18].
Desta forma a posição relativa do ponto P ao referencial de inércia é dada pela
equação que se segue:
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
67
iii xrX += (6.4)
A equação 6.4 pode ainda ser descrita na seguinte forma matricial:
[ ] { } [ ] { }iiii
xAr +=X (6.5)
A orientação entre o referencial local e o sistema de coordenadas global é dada pela
matriz [ ]iA , cujas entradas são definidas do seguinte modo:
[ ]( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )
−+++
+−+−
+−−+
=
1222
2122
2212
23
201032201
103222
203021
2031302121
20
eeeeeeeeee
eeeeeeeeee
eeeeeeeeee
A
e
(6.6)
Para determinar a velocidade e a aceleração do ponto P, recorre-se à derivada de 1ª
ordem e de 2ª ordem respectivamente da equação de posição do ponto P (equação 6.4). Assim
a equação 6.7 expressa a velocidade do ponto P, onde ωi é a velocidade angular do corpo i, e
a equação 6.8 a aceleração do ponto P.
ix
i
.r
.X ×+= ω (6.7)
( )iiiii
...
i
..
xxrX ××+×+= ωωω (6.8)
6.1.1.3 Elementos finitos
A introdução de elementos finitos no sistema, permite associar ao sistema estruturas
nas quais pode-se definir o tipo de material e propriedades mecânicas. A interacção entre o
modelo de multi-corpo e o modelo em elementos finitos está exemplificada na figura 6.3
Figura 6.3: Interacção entre multi-corpo e elementos finitos [18].
A interacção entre ambos os módulos, multi-corpo e elementos finitos, processa-se através de
contactos ou ainda através da definição de nós que estão ligados ao multi-corpo, em ambos os
casos gerando forças entre ambos os módulos.
Capítulo 6
68
de 4ª ordem
os méto
modelos em elementos finitos.
como:
Onde
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
o vector de forças aplicas no modelo.
Relativamente à matriz
No qual
equação de equilíbrio é dada pela equação 6.11, na qual
internas
6.2
exemplificado na
estruturais e os modelos humanos.
6.2.1.1
elementos finitos.
Capítulo 6
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de
de 4ª ordem, ou o método de
os métodos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
modelos em elementos finitos.
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
como:
Onde M é a matriz de massas,
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
o vector de forças aplicas no modelo.
Relativamente à matriz
No qual α é o coeficiente de amortecimento em função
equação de equilíbrio é dada pela equação 6.11, na qual
internas
Modelos
Foram utilizados
exemplificado na
estruturais e os modelos humanos.
6.2.1.1 Modelo do capacete
Na figura
elementos finitos.
Modelos em elementos finitos
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de
ou o método de
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
modelos em elementos finitos.
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
é a matriz de massas,
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
o vector de forças aplicas no modelo.
Relativamente à matriz D é assumido o amortecimento de
é o coeficiente de amortecimento em função
equação de equilíbrio é dada pela equação 6.11, na qual
Modelos computacionais
Foram utilizados dois
exemplificado na figura 6.4, de forma
estruturais e os modelos humanos.
Figura 6.
Modelo do capacete
figura 6.5 está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete
elementos finitos.
Modelos em elementos finitos
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de
ou o método de Euler (utiliz
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
modelos em elementos finitos.
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
9� +é a matriz de massas, D a matriz de amortecimentos e
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
o vector de forças aplicas no modelo.
é assumido o amortecimento de
:é o coeficiente de amortecimento em função
equação de equilíbrio é dada pela equação 6.11, na qual
9�� +
computacionais
dois tipos de
, de forma
estruturais e os modelos humanos.
.4: Tipo de modelos computacionais utilizados.
Modelo do capacete em elementos finitos
está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete
Modelos computacionais
Modelos em elementos finitos
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de
(utilizado nas simulações)
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
+ :; + *< =a matriz de amortecimentos e
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
é assumido o amortecimento de
: = =9 + >*é o coeficiente de amortecimento em função
equação de equilíbrio é dada pela equação 6.11, na qual
� + =;� = ?�@� −
computacionais e metodologia adoptada
tipos de modelos computacionais distintos, como está
, de forma implementar um sistema que contempla
: Tipo de modelos computacionais utilizados.
em elementos finitos
está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete
Modelos computacionais
Modelos em elementos finitos
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de
ado nas simulações), sendo a diferença entre ambos
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
= ?�@�
a matriz de amortecimentos e K
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
é assumido o amortecimento de Rayleigh
>*
é o coeficiente de amortecimento em função da frequência
equação de equilíbrio é dada pela equação 6.11, na qual Fint representa o vector
− ?���
e metodologia adoptada
modelos computacionais distintos, como está
implementar um sistema que contempla
: Tipo de modelos computacionais utilizados.
em elementos finitos
está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete
Modelos computacionais
Modelos de corpos multiplos
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de
, sendo a diferença entre ambos
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
K a matriz rigidez,
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
Rayleigh:
da frequência e β=0
representa o vector
e metodologia adoptada
modelos computacionais distintos, como está
implementar um sistema que contempla
: Tipo de modelos computacionais utilizados.
está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete
Modelos de corpos multiplos
Neste tipo de sistema, para fins de análise deve ser usado o método de Runge-
, sendo a diferença entre ambos
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
(6.9
a matriz rigidez, a, v e u
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto
(6.10)
e β=0 [18]. Assim a
representa o vector de forças
(6.11
e metodologia adoptada
modelos computacionais distintos, como está
implementar um sistema que contempla modelos
está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete
Modelos de corpos multiplos
-Kutta
, sendo a diferença entre ambos
dos ao nível do tempo de integração utilizado nas equações de movimento dos
As equações de movimento de um modelo em elementos finitos podem ser escritas
9)
u são
os vectores de aceleração, de velocidade e de deslocamento, respectivamente. Enquanto Fext é
(6.10)
. Assim a
de forças
(6.11)
modelos computacionais distintos, como está
modelos
está descrita a metodologia adoptava para a modelação do capacete em
Modelos de corpos multiplos
Figura
recurso ao software
componentes
figura
de espessura
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto
relativo entre as duas camadas quando ocorre a colisão
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Figura 6.5: Metodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
recurso ao software
componentes distintas,
figura 6.6 a), e o interior formado por duas camadas de
de espessura, figura
a)
Figura
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto
relativo entre as duas camadas quando ocorre a colisão
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Procedimento
etodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
recurso ao software Solidworks
distintas, o exterior formado pelo casco
e o interior formado por duas camadas de
figura 6.6 b) e outra com 3 cm de espessura
Figura 6.6: Modelos em CAD3D
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto
relativo entre as duas camadas quando ocorre a colisão
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Criação dos modelos em
Criação dos modelos em
elementos finitos
Integração dos elementos finitos
com elementos de corpos múltiplos
Procedimento
etodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
Solidworks. O capacete foi con
o exterior formado pelo casco
e o interior formado por duas camadas de
e outra com 3 cm de espessura
: Modelos em CAD3D
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto
relativo entre as duas camadas quando ocorre a colisão
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Criação dos modelos em
CAD3D
Criação dos modelos em
elementos finitos
Integração dos elementos finitos
com elementos de corpos múltiplos
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
Software utilizado
etodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
. O capacete foi con
o exterior formado pelo casco
e o interior formado por duas camadas de
e outra com 3 cm de espessura
b)
: Modelos em CAD3D dos diferentes
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto
relativo entre as duas camadas quando ocorre a colisão
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
elementos finitos
Integração dos elementos finitos
com elementos de corpos múltiplos
Ansys Workbench
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
Software utilizado
etodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
. O capacete foi construído a partir da criação de 3
o exterior formado pelo casco com 3 mm de espessura
e o interior formado por duas camadas de material de protecção, uma com 1
e outra com 3 cm de espessura presente na
s diferentes componentes
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto
relativo entre as duas camadas quando ocorre a colisão, teoricamente gerando uma maior
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Solidworks
Ansys Workbench
Microsoft OfficeExcel
Madymo
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
Software utilizado
etodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
struído a partir da criação de 3
com 3 mm de espessura
material de protecção, uma com 1
presente na figura
mponentes do capacete.
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça em caso de impacto, devido ao movimento
, teoricamente gerando uma maior
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Solidworks
Ansys Workbench
Microsoft OfficeExcel
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
etodologia utilizada para o desenvolvimento dos modelos computacionais
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
struído a partir da criação de 3
com 3 mm de espessura, presentes na
material de protecção, uma com 1
figura 6.6 c).
c)
o capacete.
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
, devido ao movimento
, teoricamente gerando uma maior
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
69
A primeira fase do projecto passou pela construção do modelo do capacete, com
struído a partir da criação de 3
, presentes na
material de protecção, uma com 1 cm
A criação de duas camadas de protecção de material de protecção no interior do
capacete, em detrimento de apenas uma camada, tem por objectivo tentar reduzir ao máximo
, devido ao movimento
, teoricamente gerando uma maior
dissipação de energia, e consequentemente reduzindo os níveis de aceleração sofridos pela
Capítulo 6
70
cabeça devido à inércia a que está sujeita em caso de impactos. Na figura 6.7 a), está presente
um sistema massa-mola-amortecedor de um impacto com um capacete convencional e na
figura 6.7 b) um sistema massa-mola-amortecedor do capacete modelado.
a) b)
Figura 6.7: Sistema massa-mola-amortecedor de um impacto de uma cabeça com capacete.
Outras das potencialidades que o tipo de modelo desenvolvido possui, é o facto de permitir a
combinação entre diferentes tipos de materiais das camadas de protecção.
Após a assemblagem dos diferentes componentes que constituem o capacete, o
modelo final do capacete desenvolvido está em CAD3D é o que está na figura 6.8.
Figura 6.8 Modelo final do capacete em CAD3D.
A exportação para o programa de elementos finitos Ansys Workbench foi feita através
do formato IGES 5.3, formato neutro de exportação que permite a comunicação de entre um
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
71
formato CAE (utilizado num programa de elementos finitos) e um CAD (utilizado num programa
de modelação geométrica). Após a exportação procedeu-se à construção de uma malha de
elementos finitos, para cada um dos componentes que formam o capacete. Todas as malhas
são formadas por elementos sólidos de quatro nós em tetraedro. Este é um elemento que
possui apenas um ponto de integração, e devido à sua geometria simples, é apropriado para
modelar corpos e superfícies com elevado grau de complexidade, evitando que ocorra perda
de precisão e instabilidades a nível de cálculo. Cada um dos nós do elemento possui 3 graus
de liberdade (u, v, w), como se verifica na figura 6.9. Este elemento também considera a
massa, distribuindo-a equitativamente através dos 4 nós que o constituem.
Figura 6.9: Elemento sólido de 4 nós [18]
Na figura 6.10, estão presentes as malhas efectuadas para cada um dos componentes que
constituem o capacete. Devido ao contacto entre o capacete e a placa modelada (placa
metálica para fins de impacto) directamente no software Madymo (Mathematical DYnamics
MOdel), ocorrer de forma directa entre o casco e a placa, a malha do casco (figura 6.10 a)),
possui um maior refinamento relativamente às malhas utilizadas para as componentes internas,
figura 6.10 b) e figura 6.10 c).
a) b) c)
Figura 6.10: Modelos em elementos finitos de cada uma das partes que constituem o capacete.
Na tabela 17, estão presentes as características associadas ao capacete modelado em
elementos finitos com 3673 nós e 10136 elementos no total.
Capítulo 6
72
Tabela 17: Características do modelo de capacete em elementos finitos.
Modelo Elemento Número de nós Número de elementos
Casco Solid4 2622 7322
1ª Camada de material de protecção Solid4 819 2254
2ª Camada de material de protecção Solid4 232 560
Capacete 3673 10136
Finalizado o modelo do capacete em elementos finitos, houve a necessidade de
recorrer ao software Microsoft Office Excel de forma a converter os ficheiros de texto gerados
no software Ansys Workbench, para um formato numérico que seja compatível com o tipo de
dados de entrada requerido pelo software Madymo (Mathematical DYnamics MOdel). Após a
conversão de dados, estes foram implementados no Madymo (Mathematical DYnamics MOdel)
com o propósito de integrar o modelo do capacete modelado em elementos finitos com
modelos de corpos múltiplos.
Relativamente aos materiais usados, para o casco foi utilizado um material
termoplástico, cujas características mecânicas estão presentes na tabela 18, comum nos
cascos dos capacetes e que foi anteriormente utilizado por Decker et al [19].
Tabela 18: Material utilizado no casco do capacete.
Material Modelo E [GPa] ν ρ [kg/m3]
Casco Termoplástico Linear elástico 1,5 0,35 1055
Este material é implementado no Madymo (Mathematical DYnamics MOdel), como um material
isotrópico linear elástico (ISOLIN), que obedece à lei de Hooke. Para as camadas de material
de protecção do capacete (espuma), foram utilizados dois materiais, o EPS (poliestireno
expandido) e EPP (Polipropileno Expandido), ambos conhecidos pelas suas boas capacidades
de absorver a energia de impacto, com a diferença do EPP apresentar uma elevada
resistência, permitindo-lhe recuperar a sua forma original após o impacto, o que não acontece
com o EPS, que só pode ser submetido uma vez a um impacto.
Os materiais definidos como espumas apresentam um comportamento não linear, com
elevadas características de dissipação de energia e histerese. A baixa densidade que estes
materiais apresentam aliado ao facto de conseguirem dissipar consideráveis níveis de energia,
tornam-os ideais para reduzir os níveis de aceleração na cabeça humana. Porém, estes
materiais apresentam um elevado nível de dificuldade ao nível da modelação matemática,
devido às respostas tridimensionais que apresentam.
O tipo de cargas a que estes materiais estão sujeitos, é essencialmente de
compressão, figura 6.11.
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
73
Figura 6.11: Comportamento característico de um material de espuma à compressão.
Na fase I do carregamento, o material de espuma apresenta um comportamento linear elástico
uniforme, até que seja atingida a tensão de cedência do material. Na fase II, o material
apresenta uma tensão relativamente uniforme, isto enquanto o material continua a deformar-se,
esta fase é denominada de densificação e é nesta fase que ocorre a maior dissipação de
energia. Na fase III, ocorre o fenómeno de “Bottoming”, devido à inexistência de ar entre as
células que compõem o material (figura 6.12), este começa a comportar-se como um material
sólido homogéneo.
Figura 6.12: Fases características de um material de espuma à compressão.
Nas simulações de testes efectuadas foram utilizados dois diferentes tipos de EPS,
cuja densidade é de 31,2 kg/m3 (figura 6.13), e 44 kg/m3 (figura 6.14). Relativamente ao
material de espuma EPP, foi utilizado um material denominado de Impaxx 300, cuja curva de
comportamento tensão-extensão está na figura 6.15.
Capítulo 6
74
Figura 6.13: Curva tensão extensão do material EPS com densidade de 31,2 kg/m3 [20].
Figura 6.14: Curva tensão extensão característica do material EPS com densidade de 44 kg/m3 [5].
Figura 6.15: Curva tensão extensão característica do material EPP.
0,E+00
5,E+05
1,E+06
2,E+06
2,E+06
3,E+06
0 0,2 0,4 0,6 0,8
Ten
são
[M
Pa]
Extensão
0,00E+00
2,50E+05
5,00E+05
7,50E+05
1,00E+06
1,25E+06
1,50E+06
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Ten
são
(P
a)
Extensão
Em termos de implementação da
ultimado um o material FOAM tendo
6.2.1.2
disponível na biblioteca de modelos do
pela Federal Motor Vehicle Safety Standards (FMVSS)
com o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
humana em situações de colisão.
Este modelo contém ecomo a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça em elementos SOLID1
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
de inércia da cabeça h
um material visco
energia
Em termos de implementação da
ultimado um o material FOAM tendo
6.2.1.2 O modelo
Foi utilizado o
disponível na biblioteca de modelos do
pela Federal Motor Vehicle Safety Standards (FMVSS)
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
humana em situações de colisão.
Figura
Este modelo contém ecomo a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça em elementos SOLID1
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
de inércia da cabeça h
um material visco
energia, em condições de velocidade variáveis,
Em termos de implementação da
ultimado um o material FOAM tendo
O modelo FMVSS 201 Hybrid III Headform
Foi utilizado o modelo
disponível na biblioteca de modelos do
pela Federal Motor Vehicle Safety Standards (FMVSS)
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
humana em situações de colisão.
Figura 6.16: Modelo da
Este modelo contém elementos shell (como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça em elementos SOLID1.
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
de inércia da cabeça humana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
um material visco-elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
, em condições de velocidade variáveis,
Em termos de implementação das espumas no
ultimado um o material FOAM tendo-se utilizado a lei de Cowper
FMVSS 201 Hybrid III Headform
odelo que simula a
disponível na biblioteca de modelos do Madymo
pela Federal Motor Vehicle Safety Standards (FMVSS)
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
humana em situações de colisão.
Modelo da cabeça
lementos shell (figura como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça
Figura 6.17
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
umana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
, em condições de velocidade variáveis,
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
s espumas no Madymo
se utilizado a lei de Cowper
FMVSS 201 Hybrid III Headform
que simula a cabeça humana
Madymo (Mathematical DYnamics MOdel
pela Federal Motor Vehicle Safety Standards (FMVSS)
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
cabeça FMVSS 201 Hybrid III Headform [
figura 6.17) e elementos sólidos. como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça
17: Elemento Shell
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
umana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
, em condições de velocidade variáveis, através da
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
Madymo (Mathematical DYnamics MOdel
se utilizado a lei de Cowper-Symonds (equação 6.12).
FMVSS 201 Hybrid III Headform
cabeça humana, FMVSS 201
Mathematical DYnamics MOdel
pela Federal Motor Vehicle Safety Standards (FMVSS), presente na
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
FMVSS 201 Hybrid III Headform [
) e elementos sólidos. como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça
: Elemento Shell [18].
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
umana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
através da borracha que simula a pele.
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
Mathematical DYnamics MOdel
Symonds (equação 6.12).
MVSS 201 Hybrid III Headform,
Mathematical DYnamics MOdel
, presente na figura 6.
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
FMVSS 201 Hybrid III Headform [21
) e elementos sólidos. O crânio em metal bem como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
umana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
borracha que simula a pele.
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
Mathematical DYnamics MOdel
Symonds (equação 6.12).
(6.12)
Hybrid III Headform,
Mathematical DYnamics MOdel) homologado
.16, desenvolvida
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
21].
O crânio em metal bem como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
umana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
borracha que simula a pele.
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
75
Mathematical DYnamics MOdel), foi
Symonds (equação 6.12).
(6.12)
Hybrid III Headform,
homologado
, desenvolvida
o propósito de quantificar os níveis de acelerações e de lesões provocadas na cabeça
O crânio em metal bem como a superfície externa da cabeça são modelados em elementos shell e a pele da cabeça
Como este modelo da cabeça não é totalmente modelado com a forma de uma cabeça
humana, foi lhe atribuído propriedades de inércia que permite apresentar a massa e momentos
umana. A pele que reveste a cabeça humana é simulada com recurso a
elástico com comportamento linear, o que permite ao modelo dissipar
Capítulo 6
76
Na fig estão presentes os testes de validação efectuados por Chou e tal [23], nos quais
a FMVSS Hybrid III Headform foi submetido a testes de impacto experimentais contra uma
placa de material rígido, a uma velocidade de 2,7 e 4 m/s.
Figura 6.18: Testes experimentais (curva a cheio) e computacionais (curva a tracejado) [22].
Este modelo computacional da cabeça humana permite extrair no Madymo (Mathematical
DYnamics MOdel) qual o valor da velocidade, aceleração e deslocamento relativamente ao
centro de gravidade da FMVSS 201 Hybrid III Headform.
6.2.1.3 Modelos de contacto
Os contactos entre elementos finitos foram definidos através da característica da força
de contacto, tendo-se utilizado para o efeito uma função de característica da força de contacto
utilizando um coeficiente de atrito de 0,5 entre as diferentes componentes do capacete, e a
função de carregamento, figura 6.19.
Figura 6.19: Função de carregamento.
0,0E+00
5,0E+06
1,0E+07
1,5E+07
2,0E+07
2,5E+07
3,0E+07
3,5E+07
4,0E+07
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Ten
são
(N
)
Deslocamento (m)
Modelos Computacionais e Metodologia Utilizada
77
Para contacto entre os elementos finitos e multi-corpos foi utilizado um modelo de contacto que
apenas contempla o atrito entre ambos, tendo para o efeito sido utilizado um atrito de 0,2.
6.3 Validação do modelo computacional e simulações
Para validar um novo modelo computacional é necessário efectuar uma comparação
com estudos ou ensaios, previamente realizados sob condições semelhantes. Para o efeito
foram utilizados os valores obtidos em testes experimentais por Bosh [2]. Nesta simulação o
capacete embateu com o topo (ponto P da figura 5.14) contra uma placa rígida a uma
velocidade de 7,5 m/s.
Foram simulados testes de impacto ao capacete, nas condições estipuladas pela
norma ECE R22/05 (apenas 1 teste para cada ponto de impacto), utilizando as duas camadas
de material de espuma EPS.
Também foram efectuadas simulações com o intuito quantificar e analisar o efeito da
densidade do material de espuma no capacete, e a combinação de dois materiais diferentes
nas camadas do material de espuma, tendo-se para o efeito usado combinações entre o EPS e
o EPP.
Resultados e Discussão
79
7 Resultados e discussão
O presente capítulo procederá à apresentação e discussão dos resultados obtidos nas
simulações efectuadas, com vista a identificar e estabelecer aqueles que, por termo de
comparação, se adequam melhor ao objectivo a que esta tese se propõe.
A exposição e discussão dos resultados será estruturada da seguinte forma:
� resultados e discussão da validação do modelo computacional;
� resultados e discussão das simulações que visam recriar os testes de impacto
impostos pela norma ECE R22/05;
� análise das simulações no sentido de averiguar o efeito da densidade do material de
espuma sobre os níveis de aceleração sofridos pela cabeça humana;
� análise do efeito produzido pela combinação de materiais de espuma EPS e EPP sobre
os níveis de aceleração sofridos pela cabeça humana.
7.1 Validação do modelo computacional
O modelo computacional desenvolvido foi validado recriando computacionalmente os
testes de impacto experimentais realizados por Bosh [2], que utilizou para o efeito um capacete
Arai Quantum. Nestes testes experimentais o capacete colidiu com o topo (ponto P da figura
5.14) numa superfície rígida, a uma velocidade de 7,5 m/s. Na figura 7.1 estão presentes os
resultados destes testes experimentais.
Figura 7.1: Gráfico das acelerações obtidas por Bosh [2] em testes experimentais.
Os resultados obtidos pelo modelo computacional do capacete desenvolvido nesta
tese, são apresentados na figura 7.2.
Capítulo 7
80
Figura 7.2: Comportamento da aceleração do modelo computacional do capacete no teste de validação.
Verifica-se, assim, que o andamento da curva de aceleração da resultante da aceleração está
em conformidade com a curva obtida experimentalmente por Bosh. Porém, e apesar, do
capacete utilizado nos testes experimentais apresentar o mesmo tipo de materiais que modelo
computacional verifica-se que, o modelo desenvolvido reduz com maior eficácia os níveis de
aceleração sofridos na cabeça. Este já era um fenómeno esperado, visto que era o objectivo,
principal deste trabalho e deve-se ao facto do capacete ter sido projectado com duas camadas
de material de espuma, em detrimento de uma única camada como acontece nos capacetes
actuais. O facto de o capacete possuir duas camadas de material de protecção (espuma),
permite que ocorra movimento relativo entre ambas (figura 7.3) o que ajuda a dissipar os níveis
de aceleração ao nível da cabeça devido à redução do movimento de inércia.
a) b)
Figura 7.3: Deslocamento relativo entre as duas camadas de espuma.
Resultados e Discussão
81
7.2 Testes de impacto (norma ECE R22/05).
De acordo com a norma ECE R22/05, simulou-se 4 testes de impacto, que visam obter os
níveis de acelerações na cabeça humana, nesses testes o capacete embate com uma placa
rígida a uma velocidade de 7,5 m/s. Para o efeito, o capacete foi modelado utilizando as duas
camadas de espuma em EPS com densidade de 31,2 kg/m3.
Na figura 7.4 estão presentes os fotogramas e o gráfico de aceleração resultantes do
teste de impacto do capacete no ponto B nas condições da norma ECE R22/05. É de salientar
que devido a uma limitação do software que permite visualizar os resultados (Altair Hyperview)
com o elemento SOLID4, a malha aparenta ter falhas, o que não afecta os resultados porque
este software serve apenas como visualizador.
a) b) c)
d) e) f)
g)
Figura 7.4:Simulação do teste de impacto no ponto B do capacete segundo a norma ECE R22/05.
Capítulo 7
82
Nesta simulação o capacete obteve uma boa resposta, relativamente ao valor máximo
da resultante da aceleração, obtendo-se um valor máximo de 220,4 g (tabela 19), ou seja, 54,6
g abaixo do limite especificado pela norma em causa.
Na figura 7.5 estão presentes os fotogramas e o gráfico de aceleração resultantes do
teste de impacto do capacete no ponto R nas condições da norma ECE R22/05.
a) b) c)
d) e) f)
g)
Figura 7.5: Simulação do teste de impacto no ponto R do capacete segundo a norma ECE R22/05.
Relativamente ao valor máximo da resultante da aceleração, para o impacto no ponto R,
obteve-se um valor máximo de 205,9 g (tabela 19), ou seja, 69,1 g abaixo do limite
especificado pela norma em causa.
Resultados e Discussão
83
Na figura 7.6 são apresentados os fotogramas e o gráfico de aceleração resultantes do
teste de impacto do capacete no ponto R nas condições da norma ECE R22/05.
a) b) c)
d) e) f)
g)
Figura 7.6: Simulação do teste de impacto no ponto P do capacete segundo a norma ECE R22/05.
Para o impacto no ponto P do capacete, obteve-se um valor máximo de 186 g (tabela
19), ou seja, 89 g abaixo do limite especificado pela norma em causa.
Na figura 7.7 são apresentados os fotogramas e o gráfico de aceleração resultantes do
teste de impacto do capacete no ponto X nas condições da norma ECE R22/05.
Capítulo 7
84
a) b) c)
d) e) f)
g)
Figura 7.7: Simulação do teste de impacto no ponto X do capacete segundo a norma ECE R22/05.
Para o último ponto do capacete testado, o ponto X, o valor máximo da resultante da
aceleração, obtido foi de 229,8 g (tabela 19), ou seja, 54,6 g abaixo do limite especificado pela
norma em causa.
Na Tabela 19 estão presentes os resultados obtidos nos testes de impacto segundo a
norma ECE R22/05, verificando-se que o maior valor da aceleração surgiu no impacto com
lateral do capacete. No entanto, este é, um valor explicável se tivermos em conta os aspectos
aerodinâmicos dos capacetes convencionais, pois, esta é, a zona do capacete que maior
apresenta maior superfície de contacto, e como tal, apresenta um maior atrito, sujeitando a
cabeça a maiores níveis de inércia. Porém este valor, bem como, os valores do HIC obtidos,
Resultados e Discussão
85
apresentam-se abaixo dos limites especificados pela norma ECE R22/05, tornando o sistema
de duas camadas de material de espuma projectado uma solução viável e a ter em conta.
Tabela 19: Resultados das simulações dos testes de impacto do capacete de acordo com a norma ECE R22/05.
Ponto de impacto no
capacete
Velocidade de impacto
(m/s) HIC36
Resultante da aceleração
(g)
Ponto B 7,5 1978,1 220,4
Ponto R 7,5 1765,5 205,9
Ponto P 7,5 1606,2 186
Ponto X 7,5 1831 229,8
Na figura 7.8 estão presentes as diferentes etapas de aceleração na cabeça usando um
capacete convencional, ou seja, de apenas uma camada de material de espuma. Comparando
essas etapas com os gráficos das acelerações resultantes das simulações efectuadas, verifica-
se que conseguiu-se reduzir uma dessas etapas.
a) b)
Figura 7.8: Etapas de aceleração na cabeça com um capacete de apenas uma camada de espuma.
Na primeira fase o capacete e cabeça movem-se em direcção ao objecto de impacto, o
capacete colide com o objecto de impacto e a sua velocidade decresce para zero; a cabeça
continua com a sua velocidade inicial. De seguida, na fase 2, aumenta a quantidade de força
exercida pelo material de espuma na cabeça, devido ao facto de este material estar fortemente
ligado à cabeça devido a forças de inércia, aumentando o nível de acelerações na cabeça. Na
fase 3 o capacete move-se novamente contra o objecto de impacto e existe uma redução do
atrito entre o material de espuma e a cabeça por breves instantes, fazendo baixar o nível de
acelerações na cabeça. Na fase 4 a inércia do casco em movimento, contribui para o aumento
do efeito de compressão no material de espuma, e os níveis de aceleração na cabeça crescem
até atingirem o valor máximo (atingida a máxima compressão do material de espuma). Então
na fase 5 e 6, a cabeça separa-se do material de espuma, reduzindo o nível de aceleração.
Capítulo 7
86
Assim verifica-se que a diferença entre o capacete projectado (duas camadas de espuma) e
um capacete normal está na fase 4, onde se conseguiu reduzir a inércia transmitida pelo casco
ao material de espuma e consequentemente amenizar os níveis de aceleração na cabeça.
O baixo atrito que o sistema de duas camadas de espuma proporciona entre a cabeça
e o resto do capacete – traduz-se num menor tempo de separação da cabeça relativamente ao
material de espuma e consequente redução de forças de inércia que estão na origem da
aceleração a que a cabeça é submetida - é um factor fulcral para os valores do HIC obtidos,
consideravelmente abaixo dos 2400 impostos pela norma ECE R22/05.
7.3 Efeito da densidade do material de espuma do capacete no nível de acelerações na cabeça.
No seguimento da estrutura deste capítulo, foi efectuada uma simulação em que na
qual, o material de espuma anteriormente modelado em EPS, foi substituído por uma espuma
de EPP e cuja densidade é superior à do EPS.
Na figura 7.9 está presente a curva das acelerações resultante do impacto do ponto P
do capacete com uma velocidade de impacto de 7,5 m/s, utilizando como material de espuma o
EPP com densidade de 44 kg/m3.
Figura 7.9: Simulação do teste de impacto no ponto P do capacete com espuma em EPP.
Nesta simulação obteve-se um valor máximo da resultante da aceleração na cabeça de
240 g e um HIC de 2134,6. Então, o valor da aceleração máxima e do HIC foi superior aos
valores registados anteriormente com o material de espuma em EPS e com uma densidade
inferior. Estes valores demonstram que o aumento da densidade de um material de espuma
conduz a um aumento da aceleração linear sofrida na cabeça, bem como do valor do HIC. A
maior rigidez, que o aumento da densidade confere ao material, implica um aumento da
aceleração e do nível de lesões na cabeça.
Resultados e Discussão
87
Para que um capacete apresente bons níveis de eficácia, reduzindo a aceleração e o
nível de lesões sofridas na cabeça, é necessário usar um material que apresente uma boa
capacidade de deformação durante o impacto, de forma a atenuar a velocidade de impacto e
minimizar a inércia sofrida na cabeça.
7.4 Efeito produzido pela combinação de materiais de espuma EPS e EPP sobre os níveis de aceleração sofridos pela cabeça humana.
O modelo do capacete desenvolvido permite introduzir a combinação de dois materiais
diferentes ao nível do material de espuma. Assim, de modo a estudar se esta seria uma
solução viável, realizaram-se simulações nas quais combinou-se no interior do capacete os
materiais de espuma EPS e EPP, isto é, na primeira simulação foi utilizado EPP para a camada
de espuma com 1 cm de espessura e EPS para a de 3cm de espessura; na segunda simulação
a camada de espuma com 1cm de espessura foi modelada em EPS e a camada de espuma
com maior espessura em EPP. Ambas as simulações foram realizadas a uma velocidade de
impacto do capacete com o corpo rígido plano de 7,5 m/s, e o ponto de impacto testado foi o
ponto P (figura 5.14).
Na tabela 20 são apresentados os valores obtidos em ambas as simulações. Assim
verifica-se que em ambas simulações a combinação do material de espuma EPS com EPP,
provocou um aumento da aceleração máxima, comparativamente à simulação efectuada nas
mesmas condições mas com um único material de espuma, o EPS.
Tabela 20: Resultados obtidos nas simulações com EPP/EPS.
Simulação Velocidade (m/s) HIC36 Máximo valor da resultante da aceleração (g)
1 7,5 2083 238
2 7,5 2848 285
Os valores obtidos na simulação 2 ultrapassam os limites impostos pela norma ECE
R22/05, e como tal nunca seria uma solução viável. Os elevados valores que resultaram na
simulação 2 prendem-se com o facto da camada em EPS, apresentar uma menor densidade e
espessura, factores que quando conjugados e submetidos a forças de compressão, originam
um deformação total do material num intervalo de tempo muito reduzido, devido à curta fase de
densificação que esta camada apresenta. Através da figura 7.10, pode-se constatar que a
camada de espuma menos espessa e com menor densidade, modelada na simulação 2,
apresenta uma deformação muito mais elevada comparativamente à mesma camada de
espuma mas com densidade superior (modelada na simulação 1).
Capítulo 7
88
Simulação 1 Simulação 2
Figura 7.10: Compressão das camadas de material de espuma na simulação 1 e 2.
Porém, a utilização de materiais diferentes entre ambas as camadas, não deverá ser
completamente posta de parte visto que existem muitos materiais com comportamentos muito
interessantes como alguns materiais em gel, utilizados em calçado de corrida, que apresentam
um comportamento de fluido não-newtoniano, com excelentes propriedades de absorção de
energia, podendo ser uma solução muito eficaz na redução dos níveis de aceleração na
cabeça quando combinado com o EPS de baixa densidade.
V V
Conclusões
89
8 Conclusões
No primeiro trabalho desenvolvido nesta tese, verificou-se que por cada 1000 veículos
em circulação em Portugal no ano de 2005, o número de vítimas mortais em veículos de duas
rodas, é sensivelmente oito vezes superior ao número de vítimas mortais nos veículos ligeiros.
Este elevado número de fatalidades está fortemente ligado ao uso do capacete, verificando-se
que ao nível dos velocípedes – categoria de veículos na qual o uso do capacete não é
obrigatório - nenhuma das vítimas mortais ou feridos graves, usava capacete. Nas restantes
categorias de veículos de duas rodas, também se verificou que ocorre um nítido agravamento
de lesões na população de condutores e passageiros que não usavam capacete. Conclui-se
assim, que o uso obrigatório do capacete na classe dos velocípedes é um dos factores chave
para a redução da sinistralidade rodoviária com veículos de duas rodas em Portugal.
Relativamente ao trabalho efectuado no âmbito do projecto europeu COST357
PROHELM, verificou-se que em Portugal 72,3% dos condutores questionados envolvidos em
acidentes, conduziam motociclos de potência não limitada, os que apresentam maior índice de
gravidade em Portugal, e 60 % usavam capacete integral. O facto de maioria da população
entrevistada usar capacete integral é efectivamente um bom sinal, tendo em conta a segurança
acrescida que estes capacetes apresentam, em particular na redução de lesões faciais.
Também se concluiu que as duas principais preocupações na compra de um capacete são o
preço, seguido da qualidade e segurança. Ao nível das etiquetas de homologação da norma
ECE R22/05, em Portugal 45% dos capacetes analisados não apresentavam a etiqueta, tendo
sido cortada ou inexistente, o que é preocupante.
No que concerne a danos verificados nos capacetes, em Portugal, tal como nos outros
países participantes, verificou-se que as zonas críticas são a traseira do capacete, seguida das
zonas laterais. Ao nível de testes de visibilidade efectuados verificou-se que as condições
climatéricas associadas a cada um dos países participantes no projecto conduziram a algumas
pequenas diferenças de resultados já esperados, porém, os resultados indicam que os
capacetes proporcionam boas condições de visibilidade aos seus utilizadores.
O modelo computacional do capacete desenvolvido, baseado em todo o trabalho
estatístico e de recolha de dados, foi projectado tendo em conta um único objectivo: melhorar o
nível de segurança dos utilizadores de veículos de duas rodas. Este modelo também permite
facilmente a fabricantes de capacetes, após calibrar os resultados de um ensaio experimental
de materiais, realizar simulações com vista a melhorar com maior benefício tempo-custo, a
segurança dos seus capacetes.
Foi introduzido um novo sistema de duas camadas, de material de protecção em
espuma no interior do capacete, que se mostrou muito eficaz e promissor, na redução dos
níveis de aceleração e lesões sofridas na cabeça, devido à redução do atrito entre a cabeça e
o interior do capacete.
Capítulo 7
90
As simulações da norma ECE R22/05 vieram assegurar que o capacete modelado
estava acima dos parâmetros mínimos de segurança impostos, o que conferiria ao modelo um
certificado de homologação, tornando a sua distribuição no mercado viável.
Ao nível da influência da densidade no material de espuma do capacete, concluiu-se
que esta é uma propriedade que tem muita importância neste tipo de material, constatando-se
que uma elevada densidade implica um aumento do nível de acelerações na cabeça, e,
consequentemente de lesões.
O facto do modelo de capacete desenvolvido, possuir duas camadas de material de
espuma no interior, também permite a combinação entre mais do que um material. Nestas
simulações os resultados obtidos apenas demonstraram que na camada com menor
espessura, não deve ser utilizado um material com baixa densidade, porque apresentam uma
rápida densificação e não contribuem para a redução do nível de acelerações na cabeça.
Porém a combinação entre novos materiais deve ser um objecto de estudo futuro,
nomeadamente com a combinação do material de espuma com alguns materiais que
apresentem um comportamento de fluido não-newtoniano, com alguns materiais em gel, que
são usados na indústria do calçado de alta competição, e que apresentam excelentes
propriedades de absorção de impactos.
9 Estudos futuros
Recomenda-se que futuramente sejam efectuadas simulações que visam a incorporação do
modelo de capacete desenvolvido com o modelo antropomórfico Hybrid III, que já começaram
a ser desenvolvidos como se pode verificar na figura 9.1; porém devido à extensão do trabalho
desenvolvido este será tema de desenvolvimento futuro, com o intuito de quantificar os níveis
de esforços e de lesões ao nível do pescoço humano, provocadas pelas acelerações lineares e
de rotação.
Figura 9.1: Compressão das camadas de material de espuma na simulação 1 e 2.
Conclusões
91
Por fim, devem ser implementados novos cenários de colisões, que recriem acidentes
reais, com a incorporação de veículos, em detrimento dos testes de laboratório, de forma a
retirar algumas ilações sobre a viabilidade destes.
Bibliografia
93
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