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HISTÓRIA DA INFÂNCIA E DA LITERATURA INFANTIL A infância marca um período de nossas vidas em que necessitamos de um tratamento diferenciado por termos necessidades específicas e sermos dependentes de outros seres humanos mais vividos em muitos aspectos. Entretanto esse conceito de infância como um período determinado de nossas vidas não esteve sempre presente. Ao longo da Idade Média esse conceito era inexistente e as crianças eram tratadas como pequenos adultos, chegando até a realizarem tarefas similares a de seus pais e participarem do cotidiano adulto. O conceito de família da época nos ajuda a compreender o porque deste tratamento. O casamento era um instrumento de manutenção de poder e do patrimônio e não implicava afeto entre os cônjuges ou proximidade com os filhos que, por conta do contexto, eram criados de maneira a manter as tradições e interesses da família, sem qualquer tratamento específico que respeitasse suas necessidades de criança. As altas taxas de mortalidade infantil da época combinadas ao analfabetismo e a falta de um conceito de educação também contribuíam para uma falta de compreensão do conceito de infância e no tratamento referido às crianças. A idéia de família como uma unidade com ligações afetivas começou a surgir no final da Idade Média e, a partir do século XVI, começaram a ser impressos livros relativos à criação de filhos e orientações dirigidas às mães, que salientavam a importância de um cuidado maior com

A Influência dos Clássicos da Disney na criação dos estereótipos do bem e do mal

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Um estudo sobre as influências dos clássicos da Disney (principalmente "Bela Adormecida") na formação de estereótipos do bem e do mal

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HISTÓRIA DA INFÂNCIA E DA LITERATURA INFANTIL

A infância marca um período de nossas vidas em que necessitamos de

um tratamento diferenciado por termos necessidades específicas e sermos

dependentes de outros seres humanos mais vividos em muitos aspectos.

Entretanto esse conceito de infância como um período determinado de nossas

vidas não esteve sempre presente.

Ao longo da Idade Média esse conceito era inexistente e as crianças

eram tratadas como pequenos adultos, chegando até a realizarem tarefas

similares a de seus pais e participarem do cotidiano adulto. O conceito de

família da época nos ajuda a compreender o porque deste tratamento. O

casamento era um instrumento de manutenção de poder e do patrimônio e não

implicava afeto entre os cônjuges ou proximidade com os filhos que, por conta

do contexto, eram criados de maneira a manter as tradições e interesses da

família, sem qualquer tratamento específico que respeitasse suas

necessidades de criança. As altas taxas de mortalidade infantil da época

combinadas ao analfabetismo e a falta de um conceito de educação também

contribuíam para uma falta de compreensão do conceito de infância e no

tratamento referido às crianças.

A idéia de família como uma unidade com ligações afetivas começou a

surgir no final da Idade Média e, a partir do século XVI, começaram a ser

impressos livros relativos à criação de filhos e orientações dirigidas às mães,

que salientavam a importância de um cuidado maior com os flhos por serem

frágeis e necessitarem de proteção por parte dos adultos.

A concepção moderna de infância foi fruto de um longo processo, que

destacava a vulnerabilidade das crianças e até as protegia de uma exploração

proveniente do aumento do número de fábricas no século XIX, com uma

legislação que regulamentava o trabalho infantil. Foi nesta época que se

desenvolveram alguns aspectos importantes para a valorização da criança, a

preocupação com o seu desenvolvimento e a percepção da literatura como

instrumento de enriquecimento. Essa maior preocupação com a educação

demandou uma maior dedicação e compromisso dos pais, principalmente por

este ser um processo longo e cumulativo, e aprimorou a capacidade lingüística

das crianças.

Como afirma Neil Postman:

No início da Idade Moderna, a tipografia auxiliou na expansão do conhecimento

e instituiu o hábito individual de leitura e esse fato rompeu com a longa tradição de

transmissão oral do saber. Essa mudança veio a fundar uma outra etapa do

desenvolvimento infantil, significando que após o domínio da linguagem oral, a criança

tinha que desenvolver as habilidades necessárias para dominar a escrita. Só desta

forma ela poderia ter acesso as informações que os adultos dominavam.

apud Ceci Vilar Noronha.

Desta maneira, a partir do século XIX, a escola torna-se um lugar

privilegiado para o desenvolvimento da infância. Tal visão, mais atenta à

educação, deu destaque a outro instrumento de aprimoramento do

desenvolvimento da criança: a literatura infantil. Muitos autores, como é o caso

de Denise Escarpit (1981), afirmam que a literatura infantil provém dos antigos

contos populares, só que incorporados de um caráter didático e voltados à um

público específico, uma vez que em sua origem eram destinados a diferentes

faixas etárias da população, pois foram produzidos em uma época na qual o

espírito coletivo e popular marcava a sociedade.

A literatura infantil surgiu com um intuito pedagógico de servir de apoio

ao ensino e era estruturada no conservadorismo e no didatismo, a fim de

transmitir valores já presentes na sociedade para as novas gerações. Muitas

das características da literatura infantil coincidem com as dos contos populares,

como o vocabulário familiar, o contato com o leitor, o uso da ficção e da

fantasia como uma verificação ou experimentação da realidade, os

personagens movidos pelos seus próprios interesses, a aproximação afetiva, o

senso comum, a visão subjetiva, a moral ingênua e até mesmo o típico final

feliz. Dessa forma ambos os universos se aproximam e adquirem importante

papel socializador em um período fundamental do desenvolvimento, até

mesmo para a auto-reprodução da sociedade. A literatura infantil é, assim, fruto

indireto do próprio conceito de infância.

O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA

A relação entre sujeito e ambiente está condicionada a diversos fatores.

Língua, idade, classe social, gênero, estrutura familiar, modo de vida,

posicionamento geográfico, profissão, escolaridade, dentre outros, exercem

influência direta no modo como o “eu” observa, pensa, interpreta e relaciona-se

com o que o rodeia. Nesse contexto, se tal influência é clara quando o sujeito já

está formado, ela é ainda mais intensa durante a sua formação, fazendo com

que o meio seja fator determinante na construção do pensamento e da

personalidade.

Diferentes idades definitivamente determinam as relações diversas que

se estabelecem entre sujeito e ambiente. Henri Wallon (1879-1962), filósofo,

médico e político francês, dedicou-se ao estudo do psiquismo humano, de seus

mecanismos e relações mútuas, concentrando-se na infância por considerá-la

o berço da maioria dos processos psíquicos. Wallon define, na formação da

personalidade infantil, diferentes estágios do desenvolvimento cognitivo que se

sucedem e alternam, construindo a relação do sujeito com o mundo.

Os estágios do desenvolvimento cognitivo estabelecidos por Wallon

fazem referência aos mecanismos através dos quais o sujeito relaciona-se com

o seu redor. A manifestação desses estágios, que não ocorre de forma linear,

sofre, portanto, direta influência do meio no qual o sujeito está inserido, uma

vez que este fornece mais ou menos estímulos ao desenvolvimento cognitivo.

Dessa forma as idades atribuídas por Wallon a cada uma das fases não são

fixas e variam de acordo com os diferentes contextos de interação entre o

sujeito e o meio.

Wallon defende que do nascimento até o primeiro ano de vida a relação

estabelecida com o mundo é impulsivo-emocional. Em tal estágio a relação

entre sujeito e meio desenrola-se sem grande elaboração cognitiva, com o

predomínio das emoções em tal interação, fazendo deste um estágio

predominantemente afetivo. Do primeiro ano até o terceiro a criança passa pelo

estágio sensório-motor e projetivo no qual desenvolve suas ações com fins

práticos através da interação entre o corpo e os objetos, fazendo com que as

emoções e pensamentos também sejam fisicamente expressos. Nesse estágio

a criança começa a adquirir a linguagem através, inicialmente, da imitação.

Para a criança, a aquisição da linguagem representa uma transformação

radical no seu relacionamento com o meio, no seu pensamento e na sua

atividade frente ao mundo. Wallon descreve o pensamento infantil como

essencialmente sincrético, ou seja, ao mesmo tempo confuso e global. Ele

defende que a criança percebe a realidade e a representa de forma

indiferenciada. A relação com a linguagem aprofunda-se durante o terceiro

estágio do desenvolvimento cognitivo, o personalismo, no qual ocorre

fundamentalmente o desenvolvimento da personalidade, realizado através da

consciência de si conquistada no estabelecimento de relações com o outro. O

início da formação da personalidade ocorre também através de assimilações e

refutações frente aos outros em relação a idéias e comportamentos. Tais

relações são essencialmente sociais, re-orientando o interesse da criança para

as pessoas, definindo este como mais um estágio afetivo. Tal estágio afetivo

difere bastante do estágio afetivo anterior, dada a transformação da relação

entre sujeito e meio possibilitada pela aquisição da linguagem. Enquanto

processo gradual, a aquisição contínua da linguagem modifica constantemente

tal relação ao expandir as possibilidades de interação.

Wallon defende que o sincretismo, entretanto, faz-se ainda muito

presente, implicando na confusão entre o sujeito e objeto pensado, os objetos

entre si e os diversos planos do conhecimento¹, em uma dinâmica que se

assemelha à associação livre de idéias. O sincretismo sofre também forte

influência afetiva, fazendo com que o sujeito misture motivos afetivos e

objetivos da experiência, definindo e explicando o real a partir disso. Tal

influência só é diminuída com os progressos da atividade cognitiva

conquistados nos próximos estágios do desenvolvimento cognitivo.

A partir dos seis anos o amadurecimento dos centros de inibição e

discriminação do cérebro gera um novo estágio denominado como categorial,

fundamental para a diminuição do sincretismo, característico das fases

anteriores. Tal diminuição ocorre graças à intensificação das diferenciações

realizadas pelo sujeito, o que ameniza o caráter confuso e global do

pensamento infantil, até então bastante presente, ao “categorizar” o meio. Ela

ocorre também graças a consolidação gradual da função simbólica e à

formação da personalidade, ocorridas na fase do personalismo, fundamentais

ao desenvolvimento cognitivo. O interesse da criança volta-se nesse estágio,

portanto, à conquista e compreensão do mundo e das coisas, gerando assim

conhecimento com o início do predomínio da atividade cognitiva sobre a

afetiva, pela primeira vez observado durante seu desenvolvimento.

A possibilidade de transformar a “coisa” em “idéia”, graças à apropriação

da linguagem, que usa imagens e símbolos como equivalentes da realidade,

permite à criança evocar objetos ausentes e confrontá-los entre si, favorecendo

o desenvolvimento da atividade mental cada vez mais desvinculada da

experiência imediata e pessoal. O processo de simbolização é essencial na

categorização objetiva do real ao definir signos convencionais e referências

mais objetivas como predominantes sobre as experiências pessoais. Nesse

estágio formam-se categorias para descrever o real, organizando-o através de

classes e séries fundamentadas em uma base simbólica estável. Para isso a

criança precisa desvincular a qualidade do objeto, uma vez que no sincretismo

é observada uma aderência na qual o adjetivo é atributo exclusivo da coisa à

qual se relaciona. Com tal separação a síntese, a análise, a generalização e a

comparação podem ser realizadas, estabelecendo assim outro tipo de relação

criança-mundo.

O processo de discriminação dos conteúdos mentais depende

estreitamente da linguagem e do conhecimento, desenvolvidos socialmente.

Interagindo com o conhecimento formal ocorre a apropriação das

diferenciações culturalmente realizadas, que passam a ser interpretadas

pessoalmente na realização de diferenciações subjetivas. Há, dessa forma,

grande dependência entre a consolidação da função categorial e do meio

cultural e social no qual está inserido o sujeito. Nesse contexto a categorização

dialoga também com os estereótipos, advindos da cultura, sendo internalizados

e possivelmente reinterpretados pelo sujeito. Na criança, o recente

desenvolvimento dessa categorização e, portanto, da capacidade crítica, fazem

dela um fácil receptor desses estereótipos. Tais estereótipos só serão

confrontados mais tarde com o desenvolvimento dessa capacidade,

intensificado apenas na adolescência. Curiosamente é na adolescência que os

estereótipos são utilizados como veículo da crítica realizada, tornando-se

possível alvo da crítica do sujeito apenas mais tarde.

O desenvolvimento da atividade cognitiva na criança dá-se, assim, de

forma gradual e crescente, oscilando entre momentos em que a atividade

afetiva predomina e outros em que tal percepção dá-se mais objetivamente e

alternando também os diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo. A

capacidade crítica desenvolve-se junto à cognitiva e sofre influência direta dos

diversos fatores culturais e sociais no qual está inserido o sujeito.

A RELAÇÃO ENTRE A LINGUAGEM INFANTIL E A DOS CONTOS DE

FADAS

A linguagem é uma importante aquisição do ser humano no decorrer da

História. Ela é um meio de comunicação altamente desenvolvido e de extrema

importância para o convívio em sociedade. Desde a tenra idade o ser humano

é bombardeado por palavras e conseqüentemente pela linguagem. Primeiro se

tem o contato com a forma coloquial da língua e com a educação passa-se,

então, a conhecer a língua em sua estrutura formal.

A linguagem, como já dizia Schaff (1974), é composta tanto do elemento

verbal quanto do elemento mental. O autor também afirma que a palavra não é

natural ao homem, assim sendo a educação social mostra-se como um

instrumento necessário através do qual se aprende não somente a falar, como

também a pensar e perceber o mundo de determinada maneira.

Por mais que o ser humano esteja inserido em um mundo cheio de

palavras, isto não implica em uma aquisição da fala de maneira fácil e rápida.

Existem várias teorias que tentam resolver o enigma do desenvolvimento da

fala na criança. Os behavioristas, por exemplo, dizem que a criança aprende a

falar por conseguir memorizar de forma competente as palavras e frases que

são faladas pelos adultos e aprende quando é estimulada de maneira positiva a

adquirir um novo comportamento lingüístico.

As crianças conseguem aprender uma grande variedade de palavras por

relacionar o seu significado ao dos gestos, cabendo aos adultos a interpretação

destes enquanto a criança não os expressa de forma verbal sofisticada. Vale

destacar que, além das palavras, a entonação e a sonoridade são também

importantes, pois estimulam o cérebro da criança a desenvolver mecanismos

importantes para a construção da fala.

Utilizando-se de todos os processos comunicativos, através dos quais o

ser humano constrói significados, a criança aprende uma nova palavra quando

esta faz sentido, representa algo para ela. De acordo com Vygotsky (1991):

A transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a outros

requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade

de intercâmbio durante o trabalho [...]. Partiu-se da hipótese de que o meio de

comunicação era o signo (a palavra ou o som ); que, por meio de uma ocorrência

simultânea, um som podia associar-se ao conteúdo de qualquer experiência , servindo

então para transmitir o mesmo conteúdo a outros seres humanos.

No entanto, um estudo mais profundo do desenvolvimento da compreensão e

da comunicação na infância levou à conclusão de que a verdadeira comunicação

requer significado – isto é, generalização -, tanto quanto signos. (p. 5)

O entretenimento é parte integrante do desenvolvimento da criança,

fazendo-se presente através de brincadeiras ou por meio de filmes e desenhos

animados. Um grande exemplo quando se refere a filmes infantis são os

longas-metragens da Disney. No caso dos filmes escolhidos para este trabalho,

que são baseados nos contos de fada, nota-se uma linguagem simplificada

com a presença marcante da dicotomia entre o bem e o mal.

Esses valores básicos são passados à criança durante seu

desenvolvimento e acabam por ser reforçados através dos filmes infantis, que

comumente trazem essa clássica rivalidade. Procura-se diferenciar o ambiente,

as roupas, as atitudes e o tom de voz das personagens dependendo do valor

que representam. Mecanismos como esses são explorados por veículos de

comunicação destinados ao público infantil de forma a garantir um maior

aproveitamento e apreensão por parte desse público do conteúdo veiculado.

Tal dicotomia e os mecanismos para a diferenciação das personagens segundo

o valor que representam serão mais explicitados no desenrolar deste trabalho,

no qual tentaremos explicitar a formação de esteriótipos e como esses são

posteriormente incorporados – ou não – pelo seu público.

A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS

“Desde sempre o homem vem sendo seduzido pelas narrativas que, de

maneira simbólica ou realista, direta ou indiretamente, lhe falam da vida a ser

vivida ou da própria condição humana, seja relacionada aos deuses seja

limitada aos próprios homens” 1. Assim disse Nelly Novaes Coelho em sua obra

intitulada O Conto de Fadas, na qual retrata o caminho desses fabulosos

contos através dos tempos.

Nesta etapa de nosso estudo tentaremos dimensionar a profundidade

presente nessas narrativas, suas estruturas (psicológica e narrativa), seu

desenvolvimento cronológico e os limites de sua definição.

- Definição

A definição de conto de fadas é imprecisa visto que diversos

pesquisadores/autores costumam freqüentemente utilizá-la como sinônimo de

contos maravilhosos ou contos míticos. Cabe a nós salientar as diferenças.

Começaremos por explicar a diferença entre conto de fadas e contos

maravilhosos. O primeiro consiste em histórias que se passam em um tempo e

espaço indefinidos e que apresentam de início uma situação realista

problemática, de tema universal com um conflito entre o bem e o mal, além de

elementos mágicos, terminando com a punição dos maus e o final feliz do

herói. São histórias nas quais o ponto de partida ou o eixo-gerador é sempre

uma problemática existencial, ou seja, a realização pessoal do herói/heroína no

que diz respeito a união de um casal. Uma observação importante a ser feita é

que nos contos de origem celta e cristã é sempre o homem quem deve sofrer

as provas para a auto-realização. Em contrapartida, nos contos de fadas

nórdicos e eslavos é a figura feminina que passa pelos desafios em busca da

auto-realização, como identifica Nelly Novaes Coelho2. Outro aspecto

primordial para a diferenciação dos contos de fada, em relação aos contos

maravilhosos, diz respeito aos personagens sempre presentes na sua estrutura

mais simples: reis, rainhas, príncipes, princesas, fadas, bruxas como é

identificado nas obras A bela e a fera, Cinderela, A Bela Adormecida, Branca

de Neve.

1 COELHO, Nelly Novaes , O conto de fadas, p.10

2 Cf. COELHO, Nelly Novaes.O conto de fadas, p13

Os contos maravilhosos, por sua vez, têm como eixo-gerador questões

referentes à ordem social, ou seja, a auto-realização do herói/heroína ocorre no

âmbito sócio-econômico. O ponto de partida é sempre miséria ou necessidade

de sobrevivência, como pode ser visto nas obras O Aladim e O Gato de Botas.

Os contos míticos diferem dos contos de fadas em alguns aspectos

estruturais e no que diz respeito aos conteúdos abordados. Os mitos ilustram a

realidade de modo mais direto e didático e, por conseguinte, psicologicamente

mais efetivo do que os contos de fadas. Servem, portanto, como método

educativo e de transmissão de valores em algumas sociedades. No que diz

respeito aos conteúdos abordados pode-se destacar o fato de que o mito

contém um elemento cultural que não é presente nos contos de fadas,

restringindo, por tanto, seu entendimento apenas àqueles que se encontram

naquele contexto se tornando conseqüentemente excludente ou limitado. Os

contos de fadas por sua vez tratam de conteúdos, ou temas, que estão além

das diferenças raciais e culturais e por tanto é uma linguagem universal a qual

todos compreendem.Embora nos mitos e contos de fadas apareçam as

mesmas figuras exemplares e situações milagrosas há uma diferença

elementar no que diz respeito a maneira como são comunicados.Enquanto no

mito o sentimento dominante é tido como absolutamente singular, não podendo

acontecer com qualquer outra pessoa. Nos contos de fadas ,embora, com

freqüência inusitada e improváveis as situações são apresentadas como

comuns, algo que poderia acontecer com qualquer um, mesmo os mais

notáveis encontros são relatados de maneiras causais e cotidianas. Outra

diferença significativa entre tais reside no fato de que o final das estórias nos

mitos são quase sempre trágicos enquanto nos contos sempre felizes.

- Origens e Fontes

Não é possível traçar um painel de ordenação lógica e definitiva sobre

as raízes e fontes geradoras das narrativas dos contos de fadas, uma vez que

estão presentes na cultura de diversos povos das várias regiões do mundo.

Segundo Marie Louise Von Franz (1981), essa dificuldade de identificação da

origem deve-se ao fato de o conto de fadas estar além das diferenças culturais

e raciais, podendo assim migrar facilmente de um país para o outro. No

entanto, há um consenso entre os orientalistas e pesquisadores de que a fonte

mais antiga desses contos é a oriental.

Como identifica Nelly Novaes Coelho, as mais antigas fontes conhecidas

são das regiões da Índia, Egito, Palestina, Grécia Clássica, Império Romano,

sendo este o grande divulgador da sabedoria mágica do Oriente no Ocidente.

Ainda é possível verificar a presença dessas narrativas na Pérsia, Irã, Turquia

e Arábia. Sendo as histórias orientais de Calila e Dimma e principalmente Mil e

uma noites os maiores representantes destas fontes3.

Antes de falarmos das fontes ocidentais, devemos falar da influência

céltica na cultura cristã.

Os celtas são povos de origem indo – européia que se espalharam no

noroeste europeu a partir do II milênio a.C sendo que a maioria das tribos foi

conquistada pelo império romano sendo a exceção os povos localizados na

Grã – Bretanha. Conclui – se disso que os celtas ficaram por anos se

expandindo e se fundindo com bretões, gauleses, francos, bretões entre outros

o que implica a extensão de sua influência cultural ser mais intensa na grande

ilha do mar do norte. E justamente nesse local é que encontrado a maior

vastidão de literatura maravilhosas do mundo ocidental. Algumas como A

lenda de Beowulf ; Os Mabinogion neste último encontra – se as novelas do

Rei Arthur e os seus cavaleiros que foi de grande inspiração para artistas

posteriores, tanto na Alemanha com os irmãos Grimm, quanto na França com

Perrault,na Dinamarca com Hanz Christian Anderesen e tantos outros que são

tão responsáveis pela transmissão oral e escrita, quanto pela modificação e se

podemos dizer, o aperfeiçoamento destas narrativas.

-Estrutura

Segundo Nádia Glotib os contos de fadas apresentam uma forma

simples que permanece através dos tempos por ser fluido móvel e ser capaz

de se renovar nas suas transmissões sem se desmanchar4. Além de serem

relatos de fácil acompanhamento e memorização, por serem curtas e

3 COELHO, Nelly Novaes, O conto de fadas, p. 15

4 Glotib apud Castro, 1994, p.27, 28

aparentemente simples como ressalta Ilíada de Castro5, o que facilitam sua

disseminação.

Os contos de fadas podem ser divididos em algumas partes

essenciais, são elas:

Exposição; condensação; clímax e situação final. A exposição é a parte

inicial do conto onde se mostra um cenário que contém uma determinada

problemática, esta deverá ser solucionada no desenrolar da história pelo

protagonista. A condensação é a trajetória dos personagens, na qual estes

vivenciam desafios e aventuras característicos desta parte do conto, que se

apresenta geralmente como a mais dinâmica. A condensação leva a história ao

que seria seu ponto máximo, o clímax, o que envolve transformações dos

personagens ou um obstáculo físico, como um conflito com monstro ou fera.

Por fim há a situação final na qual o personagem se encontra em uma nova

situação psicológica e de vida.

Devemos fazer um destaque a expressão Era uma vez. Ela

retrata uma situação atemporal num espaço indefinido o que não permite saber

se o local é próximo ou distante do público receptor. Quando projeta – se a tão

famosa expressão, todas as formas irreais ao nosso mundo, como seres

humanos convivendo com seres fantásticos, plantas falantes, metamorfoses

entre outros, tornam-se permitidas e tão concretas quanto na realidade que nos

cerca. Bettelheim explica esse fenômeno na passagem: “O conto de fadas

claramente não se refere ao mundo exterior, embora possa começar de forma

bastante realista e ter entrelaçados os traços do cotidiano. A natureza irrealista

destes contos (a qual os racionalistas de mente limitada objetam) é um

expediente importante, porque torna óbvio que a preocupação do conto de

fadas não é uma informação útil sobre o mundo exterior, mas sobre os

processos interiores que ocorrem num indivíduo”6.

Os contos de fadas apresentam uma estrutura particular em

relação à disposição de seus personagens: o maniqueísmo. Trata-se de um

conflito entre o Bem - herói/heroína, frágil, indefeso (a), injustiçado (a) – e o Mal

5 Soriano apud Castro, 1994, p.23

6 BETTELHEIM, Bruno, A psicanálise dos contos de fadas, p. 33-34

– personagem poderoso, inimigo do herói/heroína. Ou seja, estereótipos com

limites rigorosamente expressos e ausência de conflitos internos. Produzindo

assim uma coragem desumana.

Podemos dar exemplo do maniqueísmo no conto A Cinderela, na

versão de Perrault. Como um personagem que representa o Bem há a heroína

Cinderela; no caso do Mal há a Madrasta e suas filhas.

-Desenvolvimento dos contos de fadas

Os primitivos contos celtas e orientais do século XI se divulgaram na

Europa e acabaram sendo organizados em uma estrutura novelística, cujo

sucesso, iniciado no século XII, se manteve até o início do XVII.

A França foi a principal mediadora dessa expansão dos contos celtas

pela Europa. A rainha Alienor D’Aquitânia, expulsa da corte de Luís VII e nova

rainha da Inglaterra após casar-se com Henrique II, foi uma grande

incentivadora da cultura e das artes e aliou-se aos trovadores, os quais

conviviam com a literatura matéria bretã, repleta da magia sonhadora celta.

Torna-se apaixonada pela literatura dos contos e torna-se uma de suas mais

importantes divulgadoras.

O primeiro registro histórico-fantasioso foi o de Rei Artur, e é a partir dele

que começaram a surgir outras invenções literárias.

Foi com Marie de France, filha de Alienor D’Aquitânia e considerada a

primeira poetisa francesa da História, com suas narrativas maravilhosas?

conhecidas como Lais de Marie de France, que foram fundidos o paganismo e

o espírito cristão, através de objetos com vida, reinos de fadas e magos,

animais falantes e heróis com feitos sobre-humanos. A partir desse momento

os textos passaram a ser difundidos rapidamente, devido, principalmente, à

atmosfera provocada pelo amor cortês, o qual espiritualizava o amor.

Com o fim da Idade Média passam a circulares novas narrativas,

oriundas de modificações na matéria inaugural. Nessa etapa do

desenvolvimento dos contos de fadas, a criatividade e talento do autor

assumem importância decisiva, fazendo com que os textos deixem o

anonimato e passem a ter apenas a origem popular. As duas fontes européias

mais relevantes desse período são a de Straparola e a de Basile.

Ambos recolhem um grande número de narrativas que circulavam

oralmente em diversos dialetos na várias províncias italianas, e conseguem

introduzir-lhes inúmeras novidades.

Esses textos prolongaram-se pelo Renascimento, até que, na passagem

da era clássica para a romântica, grande parte dessa literatura destinada a

adultos passa a ser incorporada à oralidade popular e a ser transmitida em

forma de literatura infantil.

O principal autor que concretizou essas transformações narrativas foi o

francês Charles Perrault. Segundo vários estudiosos, as narrativas de Basile

serviram de fonte para Perrault, evidentemente, todos eles “expurgados da

maliciosa ironia e de uma certa insolência de que Basile se utiliza ao contá-los

para ouvidos cortesãos e homens mundanos” 7, diz Fryda Mantovani

Perrault passa, então, a resgatar os relatos maravilhosos guardados na

memória do povo e dispõe-se a redescobri-los. Contudo, o autor não iniciou

essa recriação da literatura folclórica preocupado com as crianças, só após sua

terceira adaptação em A pele de asno é que a intenção de produzir uma

literatura infantil se manifesta.

Perrault cria o primeiro núcleo da literatura infantil ocidental: Histórias ou

contos do tempo passado, com suas moralidades-Contos da minha Mãe

Gansa. A partir daí, direciona sua descoberta para provar a equivalência da

sabedoria e valores entre os antigos greco-latinos e os antigos nacionais e

divertir as crianças através de uma orientação de formação moral.

É na Revolução Francesa, em 1789, com a chegada da Era Romântica e

com a conseqüente imposição de uma nova razão, que as fadas passam para

segundo plano no interesse dos adultos e refugiam-se no mundo infantil.

Assim, o que nasceu com um profundo sentido de verdade humana tornou-se

contos maravilhosos? infantis, dotados de um envoltório colorido e fantasioso.

O interesse dos adultos nos contos maravilhosos vai dar-se no início do

século XIX, não por preocupação com as crianças ou por entretenimento, mas

pela descoberta de que as narrativas maravilhosas eram fontes

extraordinariamente ricas para se estudar a origem das várias línguas e

7 Mantovani apud Coelho, O conto de fadas, p.65

dialetos, os processos de transformações havidos para, assim, descobrir a

verdadeira identidade nacional de cada povo.

No núcleo europeu mais importante desses estudos lingüísticos estavam

os alemães Jacob e Wilhelm Grimm, os quais, servidos de inúmeros textos de

fantasia, são seduzidos pela imaginação humana e começa a publicá-los.

Tanto os Grimm como Perrrault neutralizaram os dramas e medos

existentes na raiz de todos os contos e nutriram-nos de leveza, bom humor e

alegria, fazendo com que essa literatura ficasse bem adequada ao espírito das

crianças

Como revela Coelho:

“...não há dúvidas de que, sem esse mar de narrativas maravilhosas, que

cobrem a humanidade desde a origem dos tempos, a vida na Terra teria sido bem diferente:

dificilmente poderia se vista e sentida na essencialidade e grandeza que lhes são inerentes e

que, infelizmente, nem todos conseguem descobrir.” 8

-Psicologia

A análise psicológica que se faz sobre os contos de fadas, sem focar em

qualquer história particular, produz um material extenso, subjetivo e denso.

Vamos, porém, focar nosso estudo em alguns autores que se destacaram

neste campo.

Como resultado de muitos estudos C.G.Jung contribui com sua

formação em psiquiatria, que faz com que seja possível encontrar pontos de

tangência entre seus estudos e o campo em análise.Segundo o próprio Jung o

que é interessante neles é o fato de que eles são isentos de materiais culturais,

como em mitos e lendas, tal fato faz com que eles se tornem o melhor lugar

para se estudar a anatomia comparada da psique9.

Segundo Marie Louise Von Franz:

“As raízes da consciência estão mergulhadas nas profundezas do inconsciente.

E os contos de fada são o veículo adequado capaz de trazer à consciência infantil em

87 COELHO, Nelly Novaes, O conto de fadas, p.75

9 Jung apud Von Franz, , A interpretação dos contos de fadas, 1981

formação, de maneira assimilável, as ricas substâncias contidas nas raízes da psique.”

10

Desta forma se começa a ter uma noção da grandiosidade por trás dos

contos, aparentemente nada mais que um tipo de criação literária.A mesma

Marie Louise Von Franz fala sobre a importância que é a atividade de introduzir

os contos no cotidiano desde cedo:

“Deveria ter um lugar importante na educação. Infelizmente assim não

acontece.Mesmo quando são oferecidos à criança costumam vir hoje retocados

inescrupulosamente, os personagens todos bonzinhos e alambicados.Sua força salutar

fica perdida.” 11

Isso, pois cada conto de fada fornece uma experiência de realidade

psíquica que é importante principalmente para as crianças na medida em que

de certa forma lhes mostrarão de uma maneira subjetiva que elas vão passar

por problemas na vida. Pode-se observar por exemplo que os temas dos

contos geralmente trazem os medos e as ansiedades que é comum nas

crianças como a necessidade do amor, do medo, o desamparo, da rejeição e

da morte. Freud vai nesta direção ao afirmar:

“Não é surpreendente descobrir que a psicanálise confirma nosso

reconhecimento do lugar importante que os contos de fadas populares

alcançaram na vida mental de nossos filhos. Em algumas pessoas, a

rememoração de seus contos de fadas favoritos ocupa o lugar das lembranças

de sua própria infância; elas transformaram esses contos em lembranças

encobridoras” 12.

Colocando assim os contos de fadas como estratégicos para a

superação dos medos infantis, embora, não sejam temas nada infantis

apresentam uma maneira peculiar de abordagem que faz com que a criança

entenda que seus medos não são estranhos e que tem nexo existirem, além

disso, ajuda a criança a expô-los para os pais ou adultos em geral.Estes que

para os psicanalistas tem um papel importante na medida em que são a fonte

deles, ou seja, são os que apresentam ou não os contos às crianças e são

10 Von Franz, Marie Louise,1981, p.11

11 Ibid., p.11

12 Freud apud Magnelli, Contos de fada – possível resolução para os conflitos infantis, 2005.

também eles que deverão tratar de conversar com a criança sobre os medos

que compartilha com os personagens do conto e com isso devem tentar juntos

amadurece-los para que com o passar da infância estes possam sumir e

deixando de ocupar o inconsciente do adulto.

Um fato relevante a respeito dos contos é que eles são formados

essencialmente por arquétipos que segundo Jung: “são modelos inatos que

servem de matriz para o desenvolvimento da psique” 13, o mesmo dará outro

nome, imagens primordiais, estes que se originam de uma constante repetição

de uma mesma experiência, por muitas gerações. Os arquétipos são formas

instintivas de imaginar, ou ainda, são “matrizes arcaícas onde configurações

análogas ou semelhantes tomam forma”14. Os chamados arquétipos seriam a

base do inconsciente coletivo, este que seria uma espécie de substrato comum

da psique, à espécie humana, assim como há semelhanças na anatomia há

também na psique. Através, por tanto, do contato com os contos de fadas e

conseqüentemente com esses arquétipos o indivíduo consegue chegar ao

processo conhecido como individuação, conceituado por Jung, consiste em

uma espécie de auto-conhecimento, no nível mais psíquico. Tal processo é

segundo o mesmo importante para o desenvolvimento do ser humano isso pois

como produto desse processo temos o que seria a síntese de um indivíduo

específico e inteiro, através do desenvolvimento de suas potencialidades

psíquicas. O processo se resume basicamente no confrontamento de duas

partes das pessoas, o consciente e o inconsciente. Isso pois até certa idade as

pessoas(crianças ainda) agem de acordo com o meio social, ou seja, de acordo

com os padrões sociais, por tanto age com consciência no sentido de seguir

uma conduta que lhe é esperada e não própriamente sua, a partir, entretanto,

de uma certa idade a criança tende a confrontar tais padrões de

comportamento com o seu inconsciente, como resultado desse processo temos

um indivíduo com um novo centro psíquico que Jung nomeu de self ( ou si

mesmo).Esse self será o centro de sua personalidade total.

As etapas do processo de individuação se dividem em duas etapas:

13 Jung apud Von Franz,1981, p.14

14 SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.76,1981.

A primeira é o desvestimento das falsas roupagens da persona, essa

que seria justamente a aparência artificial da pessoa, aquilo que as pessoas

esperam que ela seja ou até mesmo ela espere de si mesma.

A segunda etapa seria a confrontação da anima( no caso de homens) e

animus(no caso de mulheres). Anima é segundo estudos de Jung a

feminilidade presente no inconsciente masculino e animus, o contrário para as

mulheres. Segundo Nise de Silveira:

“A retirada da imagem da anima de seu primeiro receptáculo constitue uma etapa muito

importante na evolução psíquica do homem.Se não se realiza, a anima é transposta, sob forma

de imagem da mãe, para a namorada, esposa, ou amante”. 15

No caso da mulher o animus é trasposto, sob forma de pai,

posteriormente para mestres, atores, chefes políticos, e por fim, se não for

confrontado, ao homem amado, o qual consequentemente adquire uma

imagem ideal que dificultará a convivência.

Segundo Marie Louise Von Franz:

“Quando, depois de duras lutas, desfazem-se as personificações da anima ou do

animus o ‘inconsciente ‘ muda de aspecto e aparece sob uma forma simbólica nova,

representando o self, o núcleo mais interior da psique”.16

HISTÓRIA DO CINEMA

É antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O

desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos

dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de

figuras. Entre os inventos precursores do cinema estão as sombras chinesas,

silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil

anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a

lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma

tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século

XVII.

A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-

Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo

15 SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.94,1981.

16 Von Franz apud SILVEIRA, N. Jung: Vida e Obra.p.99, 1981.

do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark

Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na

retina após ter sido vista.

Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado

na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o

teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes

de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos,

experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de

cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison,

desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de

celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado

cinetoscópio.

A primeira apresentação pública do cinematógrafo marca oficialmente o

início da história do cinema, ocorre em 28 de dezembro de 1895, no Grand

Café, em Paris, como uma produção dos irmãos Lumière. Filhos de um

fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram

praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890.

Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os

processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo.Louis

Lumière é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos, as

produções são rudimentares, em geral sobre a vida cotidiana, com cerca de

dois minutos de projeção, filmados ao ar livre."Sortie de l'usine Lumière à Lyon"

(ou "Empregados deixando a Fábrica Lumière") é tido como o primeiro

documentário da história sendo dirigido e produzido por Louis Lumière. Seu

irmão Auguste participa das primeiras descobertas, dedicando-se

posteriormente à medicina.

Em 1986, o cinema substituía o cinetoscópio e filmes curtos de

dançarinas, atores de vaudeville, desfiles e trens encheram as telas

americanas. Surgiram as produções pioneiras de Edison e das companhias

Biograph e Vitagraph.Edison, ambicionando dominar o mercado, travou com

seus concorrentes uma disputa por patentes industriais.

Considerado o criador do espetáculo cinematográfico, o diretor, ator,

produtor e figurinista francês Georges Méliès, depois de assistir à primeira

apresentação dos Lumière, decide-se pelo cinema. Foi o primeiro a encaminhar

o novo invento no rumo da fantasia, transformando a fotografia animada, de

divertimento que era, em meio de expressão artística. Méilès utilizou cenários e

efeitos especiais em todos seus filmes, até em cinejornais, que reconstituíam

eventos importantes com maquetes e truques ópticos.Realiza os primeiros

filmes de ficção – Viagem à Lua ( Voyage dans la lune, Lê – 1912) – e

desenvolve diversas técnicas: fusão, exposição múltipla, uso de maquetes e

truques ópticos, precursores dos efeitos especiais.

Os pioneiros ingleses, como James Williasmson e George Albert Smith,

formaram a chamada escola de Brighton, dedicada ao filme documental e

primeira a utilizar rudimentos de montagem.Na França, Charles Pathé criou a

primeira grande indústria de filmes; do curta metragem passou, no grande

estúdio construído em Vicennes com seu sócio Ferdinand Zecca, a realizar

filmes longos em que substituíram a fantasia pelo realismo. O maior

concorrente de Pathé foi Louis Gaumont, que também criou uma produtora e

montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos. E lançou a primeira

mulher cineasta, Alice Guy.

Ainda na França foram feitas as primeiras comédias, e nelas se

combinavam personagens divertidos com perseguições. O comediante mais

popular na época foi Max Linder, criador de um tipo refinado, elegante e

melancólico que anteceu, de certo modo, o Carlitos de Chaplin.Também ali

foram produzidos, antes da primeira Guerra Mundial e durante o conflito, os

primeiros filmes de aventuras em episódios quinzenais que atraíam o

público.Os seriados mais famosos foram Fantômas (1913) e Judex (1917),

ambos de Louis Feuillade. A intenção de conquistar platéias mais cultas levou

ao film d’art, teatro filmado com intérpretes da Comédie Française.O marco

inicial dessa tendência foi L’Assassinat du duc de Guise (1908; O assassinato

do duque de Guise), episódio histórico encenado com luxo e grandiloqüência,

mas demasiado estático.

Nova York já concentrava a produção cinematográfica em 1907, época

em que Edwin S. Porter se firmara como diretor de estatura internacional.

Dirigiu The Great Train Robbery (1903; O grande roubo do trem), considerado

modelo dos filmes de ação e, em particular, do western. Seu seguidor foi David

Wark Griffith, que começou como ator num filme do próprio Porter, Rescued

from an Eagle's Nest (1907; Salvo de um ninho de águia). Passando à direção,

em 1908, com The Adventures of Dollie, Griffith ajudou a salvar a Biograph de

graves problemas financeiros e até 1911 realizou 326 filmes de um e dois rolos.

Descobridor de grandes talentos como as

atrizes Mary Pickford e Lillian Gish, Griffith inovou a linguagem cinematográfica

com elementos como flash- back, os grandes planos e as ações paralelas,

consagrados em The Birth of a Nation (1915; O nascimento de uma nação) e

Intolerancce (1916), epopéias que conquistaram a admiração do público e da

crítica.Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande

inovador estético e diretor de filmes de faroeste que já continham todos os

tópicos do gênero num estilo épico e dramático.

Quando o negócio prosperou, acirrou-se a luta entre as grandes

produtoras e distribuidoras pelo controle do mercado.Esse fato, aliado à

Primeira Guerra Mundial que ocorria na Europa, passou a dificultar as

filmagens e levou os industriais do cinema a instalarem seus estúdios em

Hollywood, um subúrbio de Los Angeles.

Em 1912, Mack Sennet, o maior produtor de comédias do cinema mudo,

que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton, instala a sua Keystone

Company.No mesmo ano, surge a Famous Players (futura Paramount) e, em

1915, a Fox Film Corporation.Para enfrentar os altos salários e custos de

produção, exibidores e distribuidores reúnem-se em conglomerados

autônomos, como a United Artists, fundada em 1919.

O advento do som, nos Estados Unidos, revoluciona a produção

cinematográfica mundial. Os anos 30 consolidam os grandes estúdios e

consagram astros e estrelas como Gloria Swanson, Dustin Farnum, Mabel

Normand e Theda Bara em Hollywood. Os gêneros se multiplicam e o musical

ganha destaque.

As experiências com filme colorido haviam começado já em 1906, mas

só como curiosidade. Os sistemas experimentados, como o Technicolor de

duas cores, foram decepcionantes e fracassaram na tentativa de entusiasmar o

público. Mas por volta de 1933, o Technicolor foi aperfeiçoado com um sistema

de três cores comercializável, empregado pela primeira vez no filme Vaidade e

beleza (1935), de Rouben Mamoulian. Na década de 1950, o uso da cor

generalizou-se tanto que o preto e branco ficou praticamente relegado a

"pequenos" filmes.

No pós-guerra, a chegada da televisão colocou um desafio à indústria

cinematográfica que ainda hoje permanece. A indústria respondeu com uma

oferta de mais espetáculo, que se concretizou no aumento de tamanho das

telas.

O impacto do cinema europeu sobre os cineastas americanos e a posterior

decadência do sistema de grandes estúdios foram as duas linhas de força que,

durante as décadas de 1960 e 1970, fizeram mudar o estilo do cinema

americano.

    Surgiu uma nova geração de realizadores sob a influência das

tendências européias e com o desejo de trabalhar com diferentes

distribuidores. Muitos deles realizaram filmes de grande qualidade. Pode-se

citar Stanley Kubrick, Woody Allen, Arthur Penn, Francis Ford Coppola e Martin

Scorsese.

  Diante da filmografia representada pelos realizadores do cinema "de

autor" e em que pese o fato de ser americano e ligado por vezes à indústria

hollywoodiana, o cinema americano deu seqüência a outras linhas de produção

para o consumo de massa, especialmente de crianças e adolescentes. Seus

filmes baseiam-se principalmente nos efeitos especiais proporcionados pelas

novas tecnologias e que bem se enquadram nos temas escolhidos. Dentro

dessa categoria figuram os filmes de catástrofes, como O destino do Poseidon

(1972), de Ronald Neame, e Inferno na torre (1974), de John Guillermin e Irvin

Allen; as aventuras de personagens das histórias em quadrinhos, como

Superman (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, com

suas intermináveis continuações; ou os filmes de guerra e de ficção científica,

como Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas. Nesses gêneros

comerciais destacou-se Steven Spielberg.

HISTÓRIA DE WALT DISNEY E DA DISNEY

De “Disney Brothers Cartoon Studio” à “Walt Disney Studio”

Cartazes de divulgação dos desenhos “Alice Comedies” e “Oswald, the Lucky Rabbit”.

Em 1923, os três saíram em direção a Hollywood, Los Angeles, na tentativa

de ganhar dinheiro realizando e fazendo sonhos, queriam mostrar ao mundo o

universo dos contos de fada e dos desenhos animados. Chegam na cidade

com o nome de “Disney Brothers Cartoon Studio”, posteriormente foi mudado

para “Walt Disney Studio”.

Na escola de artes Walt tinha uma animação sobre uma menina vivendo em

um mundo de desenho animado chamada “Alice’s Wonderland”

(posteriormente conhecida no Brasil como “Alice no país das maravilhas”) e

usou-a como piloto para conseguir seu primeiro contrato. Após várias

tentativas, a distribuidora de filmes M.J. Wrinkler não só aceita fazer a

distribuição de “Alice’s Wonderland” como encomenda uma série de filmes

sobre a menina, pagando mil e quinhentos dólares por cada um.

Durante os 4 anos de produção de “Alice Comedies” eles conseguem

acumular dinheiro, material e pessoal, então Walt decide fazer uma série de

cartoon. Ele cria um personagem chamado “Oswald, the lucky rabbit”, aqui no

Brasil conhecido como “Oswald, o coelho sortudo”. A série foi um sucesso,

foram feitos 26 desenhos animados de Oswald, porém quando Walt foi à Nova

York tentar aumentar o preço da venda dos desenhos à distribuidora percebeu

que tinha sido enganado: a distribuidora havia roubado sua equipe, os

personagens e as encomendas, fazendo os desenhos animados por sua conta.

Relendo o contrato percebeu que realmente não possuía os direitos autorais de

Oswald, porém mandou uma carta ao irmão acalmando-o, pois já tinha outro

personagem para seus desenhos: Mickey Mouse.

Mickey Mouse

Walt Disney no lançamento dos primeiros bonecos Disney

Para superar a fase difícil e contornar os prejuízos, Walt Disney criou

Mickey Mouse, baseado em seu ratinho de estimação Mortimer 10, em 1928

para competir com o sucesso do Gato Félix. No início Iwerks fez dois desenhos

animados com Mickey Mouse como protagonista, porém os cartoons não

fizeram muito sucesso pois eram filmes mudos e o som estava revolucionando

a indústria do cinema. Então o próprio Walt Disney dublou o Mickey e em 18 de

novembro de 1928 o camundongo, desenhado a partir de uma série de

círculos, provou ser ideal para o desenho animado e se tornaria o personagem

de maior sucesso dos estúdios Disney. Nessa época, a produtora passou a ser

mais bem organizada: Roy cuidava da parte financeira, Walt produzia e dirigia,

e Iwerks desenhava.

Com o sucesso do camundongo e a entrada de recursos, a “Walt Disney

Studio” saiu dos fundos de um escritório na Kingswell Avenue e foi para um

estúdio especialmente contruído na Hyperion Avenue.

Foto do “Walt Disney Studio”, localizado na Hyperion Avenue.

Logo depois, para manter a série de cartoons, surgiram outras personagens

para contracenar com o camundongo: Pato Donald, Pateta e Pluto.

Em 1929, Disney começou a produzir uma série de desenhos que saia um

pouco da linha de humor rápido que eram característicos até então chamada

“Silly Simphonies” onde Mickey estrelava ao lado das novas personagens.

Como a série tinha novos personagens e seguia uma linha mais voltada a

emoção e a temas musicais, os artistas da Disney tinham uma grande

liberdade de criação o que posteriormente seria a base para a produção de

longas-metragens animados.

Cartaz da série de desenhos “Silly Symphonies” que rendeu o primeiro Oscar

de animação da história aos irmãos Disney.

O reconhecimento veio em 1932 quando o desenho “Flowers and Trees”,

dessa série, recebeu o primeiro Oscar de desenhe animado concedido pela

academia. A série foi produzida até 1939 quando Disney descobriu que um dos

sócios da empresa, Pot Powers, manipulou o valor dos bilhetes para enriquecer

deixando a jovem empresa um pouco empobrecida.

Os longas metragens e a Segunda Guerra Mundial

Cartaz de “Branca de Neve e os Sete Anões”, primeiro longa-metragem animado da

Disney.

A idéia de Walt Disney de fazer um longa-metragem sobre o conto de fadas

dos Irmãos Grimm não foi aceita prontamente por todos na companhia, porém

com o tempo todos estavam se esforçando para finalizar esse projeto, que

após três anos de produção intensa o filme estreou e foi um sucesso. Apesar

do orçamento inicial do filme ser de 150 mil dólares ele acabou custando 1,5

milhões de dólares, um absurdo para época. Mesmo assim o filme reergueu de

vez os Estúdios Disney, com direito a um Oscar honorário a Walt Disney feito

sobre medida: além da tradicional estatueta foram concedidas outras sete

miniaturas desta 14.

Branca de Neve e os Sete Anões gerou lucro para construção de um novo

estúdio e foram criados outros longas-metragens entre eles Bambi, Fantasia e

Pinóquio, além de inaugurar o que os especialistas chamam de “A Idade de

Ouro da Animação Disney” 11.

Os filmes tinham uma boa visibilidade e o exterior também já reconhecia o

trabalho da Disney até que veio a Segunda Guerra Mundial. Em troca de

informações sobre seus pais verdadeiros Walt Disney colaborava com o FBI

denunciando atividades subversivas no meio artístico. Também apoiava as

Forças Armadas fazendo filmes de treinamento para os soldados e também

filmes de propaganda utilizando seus personagens mais conhecidos.

A serviço do governo norte-americano Disney também produziu filmes e fez

personagens voltados a América do Sul, visando implantar o ideal americano

em um local onde começava a aparecer o comunismo, seguindo a chamada

“política da boa-vizinhança” 8. O governo de Getúlio Vargas no Brasil, por

exemplo, flertava com o Eixo, portanto Disney veio ao país com o objetivo de

impulsionar a carreira de Carmen Miranda e criar uma personagem que

futuramente viria a ser conhecido como Zé Carioca. A personagem estreou no

filme “Alô amigos” em 1942 onde ciceroneava o Pato Donald pelo país e até

hoje faz parte das histórias da Disney no país.

Cartaz do filme “Você já foi a Bahia?” com a participação de Zé Carioca e

Carmen Miranda além do galinho mexicano Panchito, todos criados para

satisfazer a “política da boa-vizinhança” americana.

A Recuperação Pós-Guerra

Durante a guerra a Disney lançou vários filmes mas todos sem repetir os

grandes sucessos anteriores, o que acabou causando uma crise na empresa

12. Havia duas opções ou a empresa era vendida ou eles apostavam em outro

filme com o risco da falência. Assim iniciou-se a produção de Cinderela, com o

peso de reerguer os Estúdios Disney. Walt Disney apostou nessa história pois

tal como a personagem principal ele foi da pobreza a riqueza. O resultado foi

um filme de muito sucesso e recursos suficientes para produzir outros filmes e

manter a empresa viva.

No mesmo ano a Disney lançou seu primeiro filme apenas com atores

chamado “A Ilha do Tesouro” e ainda em 1950 foi ao ar o primeiro Especial de

Natal Disney que recolocou a empresa no ramo televisivo. Seguindo o sucesso

foi lançada uma série chamada “Antologia Disney” que chegou a ser exibida

em três emissoras ao mesmo tempo nos Estados Unidos e mesmo após

mudanças foi a série televisiva que ficou mais tempo no ar de todos os tempos:

29 anos.

A Disneylândia

Walt Disney e o projeto da “Disnleylândia”

Com a empresa restabelecida financeiramente e bem encaminhada, Walt

Disney decidiu se dedicar a um projeto ambicioso: um lugar onde pais e filhos

pudessem se divertir se encantar. Esse lugar foi chamado de Disneylândia.

Inaugurado em 17 de julho de 1955 o parque foi construído em parceria com a

rede de televisão ABC.

Inicialmente o parque contava com 5 áreas, além de toda a estrutura de

acomodação incluindo um resort:

- Main Street, que é modelada baseada nas vilas do meio-oeste

americano do início do século vinte e tem em sua extremidade final o

“Castelo da Bela Adormecida”, um dos maiores símbolos do parque.

- Adventureland, um lugar projetado para recriar os ambientes das

remotas selvas da Ásia e da África que possuí atrações inspiradas em

filmes como “Indiana Jones” e Tarzan.

- Frontierland, feito para mostrar a história dos Estados Unidos nos

primeiros dias de colonização com atrações baseadas nos nativos

americanos e no Velho-Oeste.

- Fantasyland, é o local onde o sonho das pessoas que queriam voar

como Peter Pan ou passar pelas experiências como as da Alice no país

das maravilhas se tornam realidade. Inicialmente com um estilo

medieval e modificada em 1983 inspirada em uma aldeia da Bavária

possuí também o carrossel do Rei Arthur entre outras atrações.

- Tomorrowland, onde projetos e idéias do futuro são realidade. Conta

com atrações baseadas nas idéias de Jules Verne e em viagens ao

espaço além das atrações incluídas após a grande transformação em

1967 onde passou a ser chamada de “Nova Tomorrowland”, baseadas

em filmes como “Procurando Nemo” e “Toy Story”.

O Castelo da Bela Adormecida, um dos maiores símbolos da Disneylândia.

Localizado em Anaheim, Califórnia, com uma área de aproximadamente

344000 metros quadrados o parque temático recebeu até hoje a visita de mais

de 515 milhões de pessoas, e atrações são acrescentadas regularmente pois

como disse Walt Disney: “ Enquanto houver imaginação e criatividade a

Disneylândia continuará em construção”.

Atualmente existem mais três áreas no parque:

- New Orleans Square, inaugurada em 1966 é baseada na New Orleans

do século 19 onde fica o “Clube 33”, único lugar onde é permitida a

venda de bebidas alcoólicas. Duas das atrações mais populares do

parque também se encontram aqui: “Piratas do Caribe” e a “Mansão

Mal-Assombrada”.

- Critter Country, inspirado nas florestas do noroeste do Pacífico e

inicialmente com o nome de Bear Country conta com atrações de

personagens como o Ursinho Pooh e o Splash Mountain baseado no

filme “Canção do Sul”.

- Mickey´s Toontown, a recriação do subúrbio fictício de Los Angeles

mostrado no filme “Uma cilada para Roger Rabbit” é onde ficam as

casas de vários personagens clássicos Disney e também o melhor lugar

para fazer compras do parque.

Poucas vezes o parque foi fechado, uma delas sendo após o assassinato do

presidente Kennedy e outra após os ataques terroristas de 11 de setembro de

2001.

O sucesso dos longa-metragens continuaram com filmes como A Bela

Adormecida e 101 Dálmatas. Em 1964 foi produzido o filme “Mary Poppins” que

muitos consideram um dos melhores trabalhos de Walt Disney, uma mistura de

desenhos animados com personagens humanos que concorreu ao Oscar em

catorze categorias vencendo cinco.

Após o sucesso da Disneylândia os planos de Walt Disney eram de construir

outro parque temático, mais complexo, e já que o espaço era reduzido ele

decidiu comprar um terreno do outro lado do país, mais precisamente na

Flórida. A obra já estava em andamento quando Walt Disney faleceu, vítima de

um câncer em 15 de dezembro de 1966, aos 65 anos.

Walt Disney World

Roy Disney assumiu o papel de presidente da empresa e logo se encarregou

de levar em frente os planos do irmão. Comandou a construção e os primeiros

anos do parque, até sua morte em 1971, quando Walt Disney Company passou

a ser liderada por uma equipe treinada pelos irmãos Disney, tendo em sua

base Card Walker, Donn Tatum e Ron Miller. No dia da inauguração,

perguntado por um repórter sobre o que ele acha que o irmão acharia do

projeto final, respondeu: “Acho que Walt teria aprovado” 13.

Localizado no município de Lake Buena Vista, próximo a Orlando no sul do

estado da Flórida, o maior e mais visitado resort do mundo possuí uma área de

122 quilômetros quadrados e é composto de quatro parques temáticos, dois

parques aquáticos, campos de golfe com mais de 99 buracos e 32 hotéis sendo

22 recreativos, cada um com uma tematização diferente, com hospedagens

que variam entre 39 e 805 dólares.

- Magic Kingdom:

Castelo da Cinderela.

Foi o primeiro a ser construído, inaugurado no primeiro dia de outubro de 1971,

com atrações semelhantes às apresentadas na Disneylândia de Anahein, é o

mais lúdico de todos e o mais glamoroso. Recebeu em 2007 um valor estimado

de 17 milhões de visitantes, tornando-o o parque temático mais visitado no

mundo 2.

- Epcot:

Spaceship Earth.

Epcot é a sigla de Experimental Prototype Community of Tomorrow

(Protótipo de Comunidade Experimental do Amanhã), um local idealizado

por Walt Disney onde todas as nações coexistem harmoniosamente e haja

uma comunidade equilibrada e bem-estruturada. A comunidade em si

nunca existiu, porém há uma empreitada recente da Walt Disney Co.

chamada Celebration que já está em funcionamento, inclusive com

moradores ilustres como o dono do SBT, Silvio Santos 3. O parque é

dividido em duas partes: a primeira é a “Future World”, com atrações high-

tech como o passeio abaixo do mar com projeções super realísticas dos

personagens do filme Procurando Nemo e a “Mission: Space”, desenvolvida

em parceria com a HP e a NASA é um simulador tão forte quanto uma

saída da atmosfera sentida pelos astronautas. A segunda é a ”World

Showcase”, um lugar que tem como tema todas as nações do mundo com

restaurantes e atrações que o fazem o lugar preferido dos adultos.

- Disney – Hollywood Studios:

Sorcerer´s Hat.

Inaugurado em maio de 1989 a idéia do parque é celebrar a Hollywood das

décadas de 30 e 40 e, principalmente, mostrar bastidores e fazer atrações

de produções que já foram feitas pelo estúdio além das que estão em

processo de desenvolvimento. É a área do WDW que mais cresce já que

acompanha o ritmo de produções dos filmes, além de atrações baseadas

em programas de televisão como a inspirada no famoso programa

American Idol, prevista para o início de 2009 .

- Animal Kingdon:

Tree of Life.

O mais novo parque da WDW foi inaugurado em 1998 e possuí uma área

cerca de cinco vezes maior que o Magic Kingdom. O intuito deste reino

animal é celebrar a história de todos os animais, sejam eles reais, extintos

ou imaginários. Constituído por sete áreas diferentes, o parque consegue

criar um clima diferenciado, pois, além de disponibilizar animais raros com

seus tratadores a disposição para esclarecer dúvidas, também existem

atrações feitas com a mais alta tecnologia para recriar os animais

imaginários ou extintos. O Animal Kingdon é reconhecido pela Association

of Zoos and Aquariums o que significa que eles tem excelência nos

padrões requisitados a um zoológico de Educação, Conservação e

Pesquisa 4.

Os parques aquáticos do WDW também são bem visados pelos vistantes. O

Blizzard Beach têm como tema uma estação de esqui na neve derretida e

possuí o tobogã de velocidade mais alto do mundo e uma praia com areia e

ondas artificiais. Já o Typhoon Lagoon representa um pequeno vilarejo do

Hawaii arruinado por uma tempestade. Considerado um dos maiores parques

aquáticos do mundo, a “Lagoa do Tufão” possuí além de todo o ambiente

havaiano passeios com tubarões e outros animais marinhos como atrativo.

Outro atrativo a parte é o Downtown Disney, que reúne os maiores atrativos da

vida noturna ao redor do mundo. O centro de entretenimento reúne centros de

compras, lazer, recreação e alimentação, além de uma infinidade de

restaurantes, bares, boates e até uma filial do Cirque de Soleil: La Nouba. Para

animar ainda mais as pessoas que passam por Downtown há uma queima de

fogos todo dia a meia-noite, como se todos os dias fossem réveillon.

As novas empresas e a atualidade.

O primeiro logotipo do canal de televisão da Disney.

A equipe treinada pelos irmãos Disney permaneceu até 1984 e entre seus

maiores feitos estão a criação da Disneylândia em Tókio e do Disney Channel,

um canal com programação exclusiva da Disney na TV a cabo, além da

produção de filmes como Robin Hood e O Ursinho Puff.

Posteriormente a presidência da empresa foi cedida a dupla Michael Eisner e

Frank Wells que com uma ótima visão de mercado conseguiu revolucionar o

modo de distribuição dos filmes através da venda direta ao espectador. Já em

1984 foi criada a Touchstone Films, focando um ramo dedicado a produção de

filmes mais maduros que conta com grandes clássicos como “Sociedade dos

Poetas Mortos” e “Uma Linda Mulher”. No mesmo ano se inicia a venda dos

“Clássicos Disney” uma coleção em vídeo com os maiores sucessos da

empresa que alcançou um alto posto entre os filmes mais vendidos da história.

Três anos depois a compra da rede de lojas de brinquedos infantis Childcraft

leva a abertura da primeira Disney Store em Glandale, Califórnia, é o impulso

para a exploração da marca e dos personagens Disney através de produtos

exclusivos que até hoje são uma das bases financeiras da Walt Disney

Company 5 .

Após um acordo com a MGM Studios em 1989 é lançado A Pequena Sereia,

filme que é a faísca para reacender as grandes produções animadas da

Disney. Em 1991 A Bela e a Fera consolida o retorno dos grandes sucessos

cinematográficos como o único longa-metragem animado a concorrer ao Oscar

de melhor filme e um ano depois Aladdin continua gerando grandes lucros e

fixando a marca no âmbito mundial o que é reforçado com a inauguração da

Disneylândia Paris.

Em 1994 Frank Wells morre em um acidente de helicóptero porém a linha

agressiva e expansiva continua com Eisner no comando. No mesmo ano é

lançado O Rei Leão, o filme 2d mais rentável da história do cinema, sucesso

que se segue com as produções de Pocahontas, O Corcunda de Notre Dame,

Tarzan, entre outros.

A Disney entrou no ramo esportivo em 1992 após entrada do Mighty Ducks de

Anaheim na Liga Nacional de Hóquei e com a aquisição do time de baseball

“Califórnia Angels” que acabou batizado de Anaheim Angel.

Continuando a expansão e a consolidação do “Império Disney” em 1996 foi

adquirido pó dezenove bilhões de dólares o grupo Capital Cities/ABC, sendo a

segunda maior transação já feita nos E.U.A. e transformando a Disney na

maior detentora de redes de televisão do país, posto consolidado

posteriormente com a aquisição da Fox Family por US$ 3 bilhões em 2001.

Eisner, considerado por muitos o terceiro homem mais importante da história

da Disney, saiu do comando da Disney em 2005 porém como últimos grandes

atos inaugurou a Disneylândia de Hong Kong e o canal Jetix.

Logotipo da Pixar, produtora adquirida pela Disney em 2006.

Iger assume o comando da empresa com a responsabilidade de continuar seu

crescimento e renovar a imagem da Disney. Assim, em 2006, a Pixar,

produtora de alguns dos filmes mais famosos na área de animação feita por

computador, foi adquirida por US$ 7,4 bilhões em ações fazendo seu

executivo-chefe, Steve Jobs, o maior acionista individual da empresa e se

tornando membro do Conselho de Diretores 6.

Em 2007 a Walt Disney Company fechou o ano como a segunda maior

empresa do ramo de entretenimento, atrás apenas da Time Warner, com um

valor de mercado de 71.674,5 milhões de dólares classificada na posição

número 64 entre as 500 empresas mais valiosas dos Estados Unidos 7, o papel

da Disney na história é explicado pelo seu slogan: “Disney, where dreams

come true”.

Notas de rodapé:

1.

2. TEA/ERA Theme Park Attendance Report 2007. www.themeit.com.

http://www.connectingindustry.com/downloads/pwteaerasupp.pdf.

Acesso em 14/03/2008

3. Celebration, Flórida. www.wikipedia.org.

http://en.wikipedia.org/wiki/Celebration%2C_Florida – Acesso em

08/06/2008.

4. Association of Zoos and Aquariums.

http://www.aza.org/FindZooAquarium/index.cfm%3Fpage%3Dzoostate

%26st%3DFL – Acesso em 08/06/2008.

5. The Walt Disney Annual Report. Walt Disney Company.

http://amedia.disney.go.com/investorrelations/annual_reports/WDC-AR-

2007.pdf - Acesso em 08/06/2008.

6. Disney acerta compra da Pixar por US$ 7,4 bilhões. BBC Brasil.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/story/2006/01/060125_disne

ypixarcg.shtml - Acesso em 08/06/2008.

7. Fortune: our annual ranking of America´s largest corporations. Fortune.

http://money.cnn.com/magazines/fortune/fortune500/2007/snapshots/14

16.html - Acesso em 08/06/2008.

8. Disney a serviço do fbi - Historia Viva, edição 43. – Maio/2007.

9. Walt Disney biography. Just Disney.

http://www.justdisney.com/WaltDisney100/biography01.html - Acesso

em 21/05/2008.

10. Solomon, Charles. The Golden Age Of Mickey Mouse.

http://disney.go.com/disneyatoz/familymuseum/exhibits/articles/mickeym

ousegoldenage/index.html - Acesso em 23/05/2008.

11. Walt Disney Studio Biography. Animation USA.

http://www.animationusa.com/resources/aboutdisney.html - Acesso em

23/05/08.

12. Solomon, Charles. Mickey in the Post-War Era. Disney.

http://disney.go.com/disneyatoz/familymuseum/exhibits/articles/goldena

ge/index.html - Acesso em 23/05/2008.

13. Griffiths, Bill. Grand opening of Walt Disney world.

http://www.startedbyamouse.com/archives/GrandOpeningWDW01.shtml

- Acesso em 23/25/2008.

14. Walt Disney Academy awards. Academy of Motion Picture Arts and

Sciences. http://awardsdatabase.oscars.org/index.jsp - Acesso em

19/05/2008.

ANÁLISE DOS FILMES: BRANCA DE NEVE E CINDERELA

Branca De Neve e os Sete Anões

Ficha Técnica:

Título Original: Snow White and the Seven Dwarfs

Titulo em Português: Branca de Neve e os Sete Anões

Pais: Estados Unidos da América

Lançamento:

Ano de produção: 1937

Diretor: Jacob Ludwig Carl Grim, Wilhelm Carl Grim 

Estúdio: Walt Disney Pictures

Tempo de Duração: 83 min.

Gênero: Animado

Classificação Etária: Livre

 

História:

O conto Branca De Neve relata a história de uma  princesa, assim

chamada por ter a pele muito branca, os lábios vermelhos como o sangue e os

cabelos negros como o ébano. Ela vivia em um lindo castelo com seu pai e sua

mãe. Passado algum tempo, o rei enviuvou e voltou a casar-se com uma

mulher belíssima, mas extremamente cruel e vaidosa. Ela, uma feiticeira,

desde o primeiro dia tratou muito mal a menina.

Quando o rei morreu a feiticeira, vendo que a Branca de Neve possuiria

uma beleza que excederia a sua, obrigou-a a fazer todo o trabalho no castelo.

A rainha tinha um espelho mágico e todos os dias lhe perguntava quem era a

mulher mais bela do reino. Um dia, ao fazer a habitual pergunta, o espelho

respondeu que a rainha era bela, mas que Branca de Neve era mais bela do

que ela. Certo dia Branca de Neve estava trabalhando e foi pegar água do

poço para banhar-se. Seu cantarolar chamou a atenção de um prícipe que

caçava pelos arredores e ele foi ao seu encontro. A malvada rainha, tomada

pela inveja, mandou um caçador ir ao bosque para matar Branca de Neve.

Como prova de que havia cumprido este ato, ordenou-lhe que trouxesse o

coração da menina. O caçador, porém, teve pena da princesa e poupou-lhe a

vida, ordenando a ela que fugisse. Para comprovar que havia obedecido às

ordens da madrasta entregou-lhe o coração de um gavião.

Branca de Neve correu bosque à dentro e, por estar muito cansada,

adormeceu profundamente numa clareira. No dia seguinte, ao acordar, estava

rodeada pelos pequenos animais da floresta que a levaram até uma casinha no

centro do bosque. Dentro, tudo era pequeno: mesas, cadeiras, caminhas. Nela

a desordem era aparente e tudo estava muito sujo. Ajudada pelos

animaizinhos, deixou a casa toda arrumada e depois foi dormir.

Ao anoitecer chegaram os donos da casa. Eram eles os sete anões,

voltando da mina de diamantes onde trabalhavam. Quando a princesa acordou

eles se apresentaram: Soneca, Dengoso, Dunga (o único que não tinha barbas

e não falava), Feliz, Atchim, Mestre e Zangado. Ao serem informados dos

problemas da princesa, eles resolveram tomar conta dela e permitiram que ela

ficasse e em troca a princesa cuidaria da casa e dos anões.

A malvada rainha não tardou, por meio do seu espelho mágico, a saber

que Branca de Neve estava viva e continuava a ser a mulher mais bonita do

reino. Decidiu então acabar pessoalmente com a vida da princesa. Disfarçou-

se de pobre-velhinha, indefesa e feiosa, e envenenou uma maçã, que levou até

a casa dos anões. Quando eles saíram para trabalhar, ofereceu a maçã

envenenada à Branca de Neve, que mordeu-a e caiu adormecida.

Quando os anões regressaram, pensaram que Branca de Neve tivesse

morrido. De tão linda, eles não tiveram coragem de enterrá-la. Então fizeram

um caixão de vidro e enfeitaram com flores. Estavam junto da princesa

adormecida, quando por ali passou o príncipe do reino vizinho que há muito

tempo a procurava. Ao ver a bela Branca de Neve deitada no seu leito,

aproximou-se dela e deu-lhe um beijo de amor. Este beijo quebrou o feitiço,

que fez a princesa cuspir a maçã e despertar. O príncipe pediu à Branca de

Neve em casamento. O feliz casal encaminhou-se para o palácio do príncipe e

foram felizes para sempre.

História Original:

A história é a da princesa branca de neve, assim chamada por ser tão

corada como sangue e de cabelos tão negros como o ébano. Orfã de mãe ao

nascer, é criada por uma madrasta orgulhosa e arrogante e, acima e tudo,

ciumenta por seus atributos físicos. Vítima da madrasta, é salva da morte pela

compaixão do caçador e encontra refúgio em uma pequena casa no meio da

floresta, habitada por sete anões. Localizada pela inimiga, sofre seu assédio

por duas vezes; mas consegue salvar-se. Na terceira vez, entretanto, come

uma maçã envenenada e morre. Colocada num caixão de vidro, encanta um

príncipe que passeava pela floresta e que pede o esquife de presente. No seu

transporte, com movimento decorrente de um tropeço, a maça escapa-lhe da

garganta e ela volta a viver. Casa-se com o príncipe e vivem felizes para

sempre.

Branca de Neve não faz parte da coletânea de Perrault, mas há notícias

de versões mais antigas, como a registrada por Gian Alesio Brasile, em 1634,

narrando a história de uma menina que sofre a perseguição da madrasta, por

inveja de sua beleza e também por ciúmes da relação de seu marido com a

enteada. Há outros elementos em comum com Branca de Neve: um pente

enterrado em seus cabelos faz com que ela morra; um caixão de cristal em que

ela repousa até o seu dispertar com a queda do pente.

Na versão dos Grimm, as personagens masculinas, com exceção do pai,

inexpressivo, participam de modo positivo: o caçador, que poupa-lhe a vida, os

anões que a acolhem e o príncipe que a ama. Aliás, o encontro de Branca de

Neve com os anões é um grande momento do enredo: um verdadeiro ato de

complementação. Primeiro, por serem eles muito amáveis, segundo, porque se

tornam amigos e protetores. Naquele mundo exclusivamente masculino faltava

o elemento feminino. 

Personagens:

Branca de Neve:  É uma princesa bondosa e delicada, que, mesmo

sendo adulta, ainda é bastante inocente, fato mostrado ao deixar a madrasta

entrar em sua casa e provar a maçã envenenada por ela oferecida. Sonha com

um amor verdadeiro e o encontra na figura do príncipe.

Madrasta: A madrasta é o personagem com o esteriótipo mais bem

definido. A personagem é a representação do mal, baseada na vaidade e na

inveja. Tais características dominam em sua personalidade e a levam a ações

extremas, como a de tentar matar Branca de Neve.

Príncipe: Na história de Branca de Neve o príncipe tem uma aparição

mínima. Ele aparece apenas duas vezes, uma ao ouvir a protagonista cantar e

outra ao final da trama, quando reconhece sua amada e a leva para o seu

castelo. O príncipe é um reflexo de poder, por sua posição social e de

bondade, e ama Branca de Neve.

Mestre: Esta personagem tem como função transmitir a idéia que a

liderança e o conhecimento não tornam uma pessoa superior as outras e que 

este conhecimento beneficia o seu convívio com os outros.

Feliz: Estereótipo do bom humor e da alegria.

Atchim: Hipocondríaco, sempre está doente.

Dengoso: Estereótipo da carência.

Zangado: A personagem de zangado foi criada para representar os

espectadores cínicos da platéia que assistiam a trama julgando-a como uma

tolice, ao não reconhecer o valor das produções de animação. Sendo assim, a

personagem de zangado é apresentada como mal-humorada, ranzinza e

menos satisfeita que os outros anões.

Dunga: A personagem Dunga é vista no conto como representação da

inocência.

Soneca: A personagem soneca é um reflexo das pessoas que permitem

que a inércia domine, tornando suas atitudes lentas e ineficientes.

Animais: No conto Branca de Neve e os Sete Anões, os animais da

floresta são representações da bondade e da solidariedade, transmitindo aos

espectadores a mensagem da importância do trabalho em equipe e a

gratificação pela ajuda ao próximo. Ao longo da trama os animais ajudam

Branca de Neve a encontar abrigo, a arrumar a casa e a buscar ajuda quando

a princesa está em perigo.

Decupagem:

Cena 1:

Representação da inveja e do ódio

Madrasta:

─ Fala mágico espelho meu, quem agora é mais bela do que eu?

Espelho:

─ Por de trás das sete colinas, além do espesso bosque, lá na casa dos

sete anões, vive Branca de Neve que ainda é a mais bela.

Madrasta:

─ Branca de Neve está morta na floresta, o caçador trouxe-me a prova,

veja o coração.

Espelho:

─ Branca de neve ainda vive, é a mais bela então. É o coração de um

bicho que está em vossa mão.

Madrasta:

─ Coração de um bicho?! Então fui traída.

As luzes ficam mais escuras, uma música de suspense começa a tocar e

a madrasta desce as escadas até a sua sala de feitiços, e diz:

 ─ Coração de um bicho, maldito caçador! Então, irei eu mesma na casa

dos sete anões em um disfarce tão perfeito que ninguém irá suspeitar.

A madrasta pega o seu livro de feitiços e diz:

─ Ah, a fórmula do que transforma minha beleza em feiura, faz das

minhas vestes de rainha, vestes de mendiga. Pó mágico para envelhecer, meu

abrigo ser o manto da noite. Para envelhecer minha voz; o riso de uma bruxa.

Para branquear meus cabelos um grito de horror. O vendaval afirma o meu

ódio, relâmpago, para misturar. Agora começa o teu sortilégio.

A madrasta toma a poção e começa a se transformar em uma bruxa.

─ Ah! Minhas mãos! Minha voz!

Ela dá uma gargalhada maléfica e diz:

─ Perfeito disfarce!

Música: Ao longo de toda a cena há uma música instrumental remetendo

a idéia de trovões e relâmpagos passando o clima de suspense e intriga.

Cenário: A cena se passa dentro do castelo, na sala do espelho  e na

sala de feitiços.

Cores: As cores são escuras, enfatizando o estriótipo do mal.

 

Cena 2:

O amor verdadeiro

Branca de Neve está limpando a entrada do castelo, cantando uma música:

 “Sabem de um segredo? Não irão contar?

Ouçam então o que eu vou dizer 

Quem quiser realizar aquilo que sonhar 

Basta o eco repetir o que você falar

Um dia eu serei feliz sonhando assim 

Aquele com quem eu sonhei eu quero pra mim 

Ah-Ah-Ah-Ah-Ah”

De repente aparece o príncipe que termina de cantar a canção com ela e inicia

outra:

“Assim

Hoje eu lhe peço

O que eu quero dizer

Esta canção que eu canto é só para você

O amor compôs o tema, e o poema vem de você

Sinto que algum dia esta canção que eu fiz

Venha fazer o nosso destino muito feliz”

Música: A música cantada por Branca de Neve é romântica, calma e

serena. A canção fala sobre a possibilidade de se alcançar os sonhos. Já a

outra canção, fala sobre o amor, em especial sobre o amor que será vivido no

futuro.

Cenário: A cena se passa no jardim do castelo.

Cores: As cores são claras e diversificadas.

Cena 3:

Após limpar toda a casa dos sete anões com a ajuda dos animais da

floresta, Branca de Neve decide subir as escadas para conhecer o restante da

casa que encontrou e diz:

─ O que haverá lá em cima?

─ Oh, que lindas caminhas! Olhe tem o nome de cada um deles: Mestre, Feliz,

Atchim, Dunga.

─ Nomes gozados têm esses meninos... Zangado, Dengoso, Soneca.

─ Ah, agora também fiquei com sono.

Branca de Neve deita nas camas e os passarinhos apagam as luzes e a

cobrem.

Enquanto isso, os sete anões estão voltando da mina onde trabalham,

cantando: “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou. Parara tibum, parara tibum,

eu vou, eu vou...”

Ao avistarem a casa deles se espantam, pois ela está toda acesa e com

fumaça saindo pela chaminé, e o Mestre diz:

─ Olhem nossa casa, azeda, não, não, acesa!

Todos:

─ Nossa senhora! A porta aberta e fumaça! O que aconteceu?

─ Fantasma, assombração, o demônio, um dragão!?

Zangado:

─ Podem estar certos, eu sabia disso, eu desconfiava. Os calos doem, puxa

isso é um mau sinal. Vamos espiar.

Mestre:

─ Isso, vamos espirrar! Quer dizer, espiar! Sigam-me!

Os anões entram na casa e se espantam com a limpeza, ouvem então

um barulho no andar de cima e decidem subir para ver o que está havendo. Ao

subirem as escadas se deparam com Branca de Neve dormindo em suas

camas. Os anãos têm a idéia de baterem nela, mas ao verem acordando

mudam de idéia. Após conversarem com ela e conhecerem sua história, os

anões permitem que Branca de Neve fique com eles.

Música: A música cantada na cena é alegre e divertida.

Cenário: A cena se passa na casa dos anões.

Cores: As cores são diversificadas, sendo o quarto de cor neutra e as

roupas das personagens de cores vivas.

Análise:

No caso do filme A Branca de Neve e os Sete Anões, a madrasta veste-

se de preto, seu quarto é mostrado como um ambiente sombrio e ríspido e seu

tom de voz é rude. Já ao mostrar Branca de Neve, nota-se a delicadeza em

sua voz, suas roupas são de tonalidades mais alegres, seu amor pela natureza

e os animais é mostrado de maneira marcante e o seu comportamento, apesar

dos abusos da madrasta, é sempre festivo.

Cinderela

Ficha Técnica:

Titulo original: Cinderella

Titulo em português: Cinderela

Pais: EUA

Lançamento:

Ano de produção: 1950

Diretor: Clyde Geronimi

Estúdio: Walt Disney Pictures

Tempo de Duração: 75 min.

Gênero: Animado

Classificação Etária: Livre

 

História:

O conto de fadas Cinderela conta a história de uma menina que  era filha de

um comerciante rico. Quando era criança seu pai faleceu, e Cinderela passou a

ser criada por sua  madrasta malvada e suas duas filhas que  fizeram da jovem

a criada casa. Apesar da falta de aproximação com sua nova família, Cinderela

não vivia solitária, ela contava com a amizade dos animais do castelo: os ratos,

o cachorro e o cavalo. Um dia o rei convocou todas as jovens do reino para um

baile em homenagem ao prícipe, a fim de que este pudesse encontar sua

noiva. Cinderela ficou muito contente, pois nunca perdeu a esperança em

encontrar sua felicidade. Porém  a madrasta não permitiria  que  Cinderela 

fosse ao baile ao menos que ela  conseguisse limpar a casa, e encontrar  um

vestido bonito para usar na festa. No entanto, o que Cinderela nao sabia é que

possuía uma  fada madrinha que ao perceber a tristeza da jovem  apareceu,

organizou a casa e  deixou Cinderela linda para o baile, entretanto, a magia  só

duraria até meia noite. Quando Cinderela chegou ao baile, o príncipe se

apaixonou por ela  e os dois dançaram juntos durante toda a noite. Ao soar das

doze badaladas do relógio Cinderela saiu tão apressada que  deixou cair na

escada do palácio seu sapatinho de cristal. Determinado a encontrá-la, o

príncipe ordenou que todas as moças do reino experimentassem o sapato e

apesar de todas as armadilhas arquitetadas pela madrasta, Cinderela

experimentou o sapato e comprovou ser a jovem pela qual o principe se

encantou. Cinderela e o príncipe se casaram e viveram felizes para sempre.

 

História Original:

Cinderela, do francês Cendrillon, segundo o dicionário de Olívio C. Carvalho

(ZXXX), significa gata borralheira, rapariga pouco asseada, porcalhona;

rapariga abandonada.

Perrault, no original, utiliza dois nomes para a protagonista: Cendrillon e

Cucendron, traduzidos respectivamente como Cinderela e Borralheira. Apesar

de constarem como sinônimos, Perrault  difere os dois vocábulos. Segundo ele,

o termo Cendrillon passa a ser menos ofensivo, apesar de manter o mesmo

significado: sentar-se nas cinzas, ato considerado humilhante há séculos.

A Borralheira francesa de Perrault veio à luz em 1697, e a dos irmãos Grimm

cento e quinze anos depois, na Alemanha, em 1812. É possível observar a

influência da época e dos lugares em que viveram os autores, ou melhor,

compiladores. Há detalhes que variam como conseqüência da cultura desses

países tão próximos fisicamente, mas com características tão distintas.

Enquanto o texto de Perrault, ambientado na corte do Rei Sol, é mais leve e

bem humorado, o dos Grimm é sombrio, tem sofrimento muito presente,

influenciado pelas idéias românticas. Diz o historiador Estêvão Cruz que: “Era

característica da escola romântica uma necessidade metafísica mais intensa, o

interesse e o aprofundamento no mundo medieval, além da busca da cultura,

da tradição popular e da valorização da fantasia”. As características do

romantismo são perceptíveis no conto, como religiosidade, valorização da

natureza, e contraste entre comportamento da protagonista, a vítima, e as

maldades dos antagonistas.

Em Perrault, percebe-se a visão de mundo de um clássico, com a prevalência

do homem-razão, mesmo se movendo no universo feérico. Observa-se então,

que no pano de fundo da obra, se encontra o cartesianismo do autor.

Como em um verdadeiro conto de fadas, o tema básico se mantém em

Cinderela, apesar de algumas variações introduzidas, que serão destacadas

após a esquematização das histórias.

 

Cinderela ou Sapatinho de Cristal (Perrault):

- “Um fidalgo se casa em segundas núpcias com a mulher mais orgulhosa e

mais arrogante que já existiu até hoje”. “Mãe já morta. Foi a melhor criatura do

mundo”.

- Pai é um fidalgo “dominado por sua mulher”. Madrasta obriga a moça a fazer

os trabalhos mais grosseiros da casa.

- Duas filhas orgulhosas e arrogantes. A caçula, Srta. Javotte, não é tão

maldosa quanto a mais velha.

- Cinderela (nome dado pela irmã mais nova) é a doçura em pessoa, exemplo

de bondade, paciência, beleza e bom gosto. Dorme na palha do celeiro e é

denominada borralheira por estar sempre suja pelas cinzas do borralho.

- Convite para o baile do filho do rei. Sugere então mais trabalho para

Cinderela: passar, engomar e pentear.

- Para auxiliar Cinderela aparece a fada madrinha. “Se você se comportar bem,

eu farei você ir”, diz-lhe a fada. Pede uma abóbora e a transforma em numa

linda carruagem com sua varinha.

- Da ratoeira retira seis ratos e os transforma em cavalos. Borralheira vai

buscar mais ratos para a fada transformar em cocheiro. A fada pede seis

lagartos e os transforma em pajens.”Irei assim, com essa roupa horrível?”,

pergunta Borralheira. A fada transforma seus trapos em um rico vestido

bordado a ouro, prata  e pedrarias, e lhe dá um sapato de cristal.

- “O encanto se desfará à meia noite e um minuto”, avisa –lhe a Fada.

- Recebida pelo filho do rei, Borralheira para o baile com sua beleza. Todas as

damas põem-se “a examinar com toda a atenção o seu penteado e seus trajes,

para no dia seguinte copiá-los”.

- Dança com graça e divide os doces com as irmãs que se espantam pela

gentileza de uma princesa desconhecida.

- Sai às 23:45h, agradece à madrinha e pede-lhe para ir no dia seguinte

novamente. As irmãs voltam para a casa e Borralheira faz como se tivesse

acordado naquele momento. A irmã comenta sobre a linda princesa

desconhecida.

- Novo baile com Borralheira trajando um vestido mais lindo. Só sai ao ouvir a

primeira badalada da meia-noite. Deixa cair um de seus sapatinhos, que o

príncipe pega.

- As irmãs comentam que o príncipe está apaixonado pela linda dona do

sapato. O príncipe manda que todas as moças o experimentem, mas em vão,

pois as irmãs fazem o possível para calçá-lo, sem sucesso. Borralheira pede

para experimentá-lo e o sapato serve, para o espanto de todos.

- Tira do bolso o outro sapato e também o calça. Aparece então a fada que lhe

transforma o vestido. As irmãs reconhecem a princesa, e pedem perdão a

Borralheira. Cinderela casa-se com o príncipe. Acontece também o casamento

das irmãs com dois ricos fidalgos.

Outro ponto importante a ser destacado na versão de Perrault é que ele parece

ter sido o criador do sapatinho de vidro. Só há registro de calçados desse

material em outras cinderelas após a publicação de seus contos.

A Gata Borralheira (Grimm):

A mulher de um homem rico fica doente, e quando ela sente que seu fim se

aproxima, chama sua única filha lhe diz: “Filha querida, se é devota e boa;

então o bom Deus sempre te valerá e eu olharei por ti lá do céu, e estarei perto

de ti”.

Após o falecimento da mãe, o pai, que é um homem muito rico, casa-se com

outra mulher.

Cinderela passa a fazer serviços pesados o dia todo.

Filhas bonitas e alvas de rosto, mas feias e negras de coração. Zombavam da

Borralheira e esparramavam as ervilhas e as lentilhas na cinza do borralho

para ela recolher e separar.

Borralheira é devota e boa, vai todos os dias ao túmulo de sua mãe e chora.

Dorme nas cinzas, ao lado do fogão. Por estar sempre empoeirada e suja de

cinza é chamada de gata borralheira.

Pede ao pai que traga o primeiro raminho que na volta lhe roce o chapéu. O pai

traz, ela o planta no túmulo da mãe, regando-o com lágrimas.

O ramo cresce e transforma-se numa bela árvore. Borralheira vai lá três vezes

por dia, chora e reza e aparece um passarinho branco na árvore. Sempre que

Borralheira exprime um desejo, o passarinho lhe joga o que ela deseja.

São  entregues no reino convites para as moças bonitas irem ao baile para o

príncipe escolher sua noiva.

Mais trabalho para Borralheira. Choro. Pedidos insistentes à madrasta

“Derramei uma bacia de lentilhas nas cinzas, se separares as lentilhas em duas

horas, poderás vir conosco”, diz a madrasta. Todos os passarinhos do céu a

ajudam e concluem o serviço em uma hora. A madrasta não a deixa ir. Choro.

“Se puderes catar das cinzas e recolher duas bacias de lentilhas em uma hora,

então poderás vir”, diz a madrasta. Com a ajuda dos pássaros, acaba a tarefa

em meia hora. “Nada disso vai te adiantar, não virás conosco, porque não tens

vestido e não sabes dançar. Nós ficaríamos com vergonha de ti”, conclui a

madrasta.

Vão ao baile. Borralheira visita o túmulo da mãe e pede: “Sacodes teus ramos,

querida nogueira”.

Joga ouro e prata sobre Borralheira. Passarinho joga-lhe um vestido de ouro e

prata, e sapatinhos bordados de seda e prata.

O filho do rei dança só com ela. “Essa dançarina é minha” diz ele.

Dança até o anoitecer, então ela quer retornar a casa. O príncipe espera até

que chegue o pai da jovem e lhe diz que a moça estranha lá está. O velho

pensa: “Será que não é Borralheira?”. E racham o pombal; mas dentro não há

ninguém. Borralheira deixa a roupa no túmulo e o passarinho a leva embora.

Ela volta para a cozinha com o velho avental.

Novo baile, e ela vai com um vestido mais bonito. O príncipe só dança com ela.

Quer ir embora, e o príncipe a segue. Ela foge para o jardim atrás da casa.

Sobe na árvore. O príncipe espera pelo pai dela. O pai pensa: “Será que não é

a Borralheira?” Manda buscar a machadinha e derruba a árvore, mas lá não há

ninguém. Quando as irmãs voltam, Gata Borralheira já está deitada nas cinzas.

Novo baile com vestido ainda mais bonito e sapatinhos de ouro puro. O

príncipe só dança com ela. Quando quer ir embora, escapa ligeira, mas o

príncipe tinha mandado untar com piche a escadaria inteira. O sapatinho

esquerdo fica grudado num degrau.

“Nenhuma outra será minha esposa a não ser aquela em cujo pé couber este

sapatinho de ouro”, proclama ele.

No sapato não cabe o pé da irmã mais velha. “Corta fora esse dedão do pé!

Quando fores rainha, não precisarás mais andar a pé”,diz a madrasta. A moça

corta-o, disfarça a dor e parte com o príncipe, mas eles têm de passar pelo

túmulo onde as pombinhas cantam: “Purr-purr,purr-purr,purrinho...sangue no

sapatinho, não cabe no seu pé, a noiva esta não é.”     

O príncipe vê o sangue, devolve a falsa noiva e faz a outra irmã provar o

sapato.

A madrasta entrega a segunda filha a faca, dizendo-lhe: “Corta fora um pedaço

do calcanhar! Quando fores rainha, não precisaras mais andar a pé. A moça

decepa-o, disfarça a dor e parte com o príncipe, mas eles também têm de

passar pelo túmulo onde duas pombinhas cantam:

“Purr-purr, purr-purr, purrinho...sangue no sapatinho, não cabe no seu pé, a

noiva esta não é.” 

“A senhora não tem outra filha?”, pergunta o príncipe. “Não, diz o pai de

Borralheira. Só da minha falecida esposa temos uma pequena e insignificante

Gata Borralheira; não é possível ser ela a noiva, mas o príncipe quer vê-la, de

qualquer maneira, e é chamada a Borralheira. Ela senta-se sobre um

banquinho, tira o pé do pesado tamanco de madeira e enfia-o no sapatinho,

que se adapta com perfeição. E quando ela se levanta e o príncipe a fita,

reconhece a bela com quem dançara e exclama: “Esta é a noiva verdadeira”.

A madrasta e as duas irmãs se surpreendem e empalidecem de raiva. Ele,

porém, põe borralheira sobre o seu cavalo e partem. Duas pombinhas brancas

arrulham: “purr-purr, purr-purr, purrinho... sem sangue no sapatinho, que coube

no seu pé, a noiva esta é”. No casamento, as irmãs têm seus olhos arrancados

pelas pombas.

Analisando a história de Perrault a moralidade observada é:

A beleza é, sem dúvida, um tesouro precioso;

Ninguém se cansa de admirá-la;

Vale muito mais e não tem preço

Aquilo que chamamos de encanto

Foi o que aconteceu com a borralheira

Educando e instruindo,

Sua madrinha fez dela uma rainha

(Foi o que este conto nos mostrou)

A beleza vale mais do que lindos penteados

 

Para melhor seduzir os corações

O encanto, porém, é o dom das fadas

Sem ele nada se consegue, com ele tudo se obtém

 

Outra moral:

È sem dúvida vantajoso

Ter  espírito, ter coragem

Ser bem nascido, ter bom senso

E outras tantas qualidades semelhantes

Mas é inútil possuí-las

Pois não serão o valor para o sucesso

Se não houver, também para reforçar

Padrinhos ou madrinhas que ajudem

 

A primeira moral valoriza a beleza como muito mais poderosa. Entretanto,

destaca a magia e o encanto, pois só a ajuda da fada  consegue transformar

borralheira em rainha.

Parece haver a intenção de valorizar o imaginário. A segunda registra a

importância do apadrinhamento para subir na vida.

Entre as duas obras há pontos em comum. Ambas apresentam acontecimentos

numa ordem cronológica que permitem separá-los em dois grandes blocos:

I-a morte da mãe à vida difícil com a madrasta;

II-o convite para o baile ao casamento.

Em ambas as histórias a presença do narrador é marcante. Ele descreve o

ambiente, estabelece as relações de causa e efeito, analisa as personagens e

discorre sobre o sentido moral do conto. O narrador, no caso, é um recurso do

qual lança mão o autor para dizer com maior clareza aquilo que a própria

história dos acontecimentos não foi capaz de exprimir.

Por outro lado, além dos pontos já levantados, as duas histórias têm diferenças

significativas: em Perrault, não há punição do mal. Já nos Grimm, há punição

para as duas irmãs maldosas por meio de sofrimento e crueldade, mas

proceda-se ao cotejo mais pormenorizado dessas duas versões.

                      

Análise dos Personagens: 

Cinderela: Cinderela é uma personagem típica dos contos de fadas, é o

estereótipo do bem, meiga, bondosa e sonhadora. Mas Cinderela tem uma

característica peculiar apesar de ser uma boa pessoa, ela não se deixa

subestimar por sua madrasta e meias-irmãs, e até mesmo possuiu uma ponta

de ironia em algumas de suas falas. Quando fica sabendo sobre o baile, por

exemplo, ela assume sua posição como parte da família e lembra que o convite

também se estende a ela, o que permite concluir que a personagem possui

uma qualidade de princesa de contos de fada, mas também uma auto-

confidência e segurança que as torna uma heroína contemporânea.

Madrasta:  A madrasta de Cinderela é vista como uma das mais terríveis das

produções Walt Disney e  também uma das mais reais. Não sendo provida de

nenhuma espécie de poder mágico, a Madrasta é uma pessoa fria e calculista,

que faz todo o trabalho sujo com suas próprias mãos, sem medo de mostrar

suas verdadeiras cores na frente dos outros personagens e não medindo

esforços para fazer a vida de Cinderela miserável. Sua introdução é uma das

mais interessantes de qualquer personagem Disney, sendo apresentada em

meio às sombras apenas com seus olhos em realce. O espectador pode sentir

em sua dominadora expressão o ódio que sente por Cinderela, e seus

brilhantes diálogos alternam entre linhas calmas e frias e momentos de súbita

fúria.

Brizela e Anastácia: As meia-irmãs de Cinderela também fazem parte do

esteriótipo do mal. As meninas não são tão perversas  como a mãe, no entanto

são retratadas como jovens antipáticas, mimadas e egoístas.

Príncipe: O príncipe, como na maioria dos contos de fadas, tem uma aparição

restrita ao longo da história. Aparece somente nas cenas de encontro com a

personagem de Cinderela, e no final, para levá-la ao castelo, concluindo o filme

e promovendo o “felizes para sempre”. Na história de Cinderela o príncipe é um

jovem bonito, apaixonado e decidido, pois não mede esforços para encontrar

sua amada. O príncipe representa o poder e ascensão social, corresponde-se a

um verdadeiro aristocrata.

Rei: A figura do rei é apenas o autor da festa para que o filho escolha uma

noiva. Ele respeita a decisão do filho de se casar com aquela em cujo pé

couber o sapatinho. É também humanizado, é ele que admira  a beleza de

Cinderela, e que, apesar de soberano, curva-se diante das qualidades da bela

moça.

Fada: A fada é mostrada na história de forma tradicional. É madrinha de

Cinderela e produz magia com sua varinha de condão. Humanize-se em

pequenas características, como o fato de mostrar-se distraída em alguns

momentos do conto. A personagem pode intervir para a realização do sonho da

protagonista. É ela que cumpre o papel de protetora da órfã e realiza os feitos

extraordinários.

Animais: Na história de Cinderela os animais apresentam dois tipos de

personalidade. O gato de estimação da Sra. Tremaine  representa o esteriótipo

do mal, fazendo travessuras, perseguindo os outros animais e atrapalhando

Cinderela em sua tarefas. O outro extremo é representado pelos demais

animais presentes na historia. Os ratinhos, os pássaros, o cachorro e o cavalo,

assim como Cinderela representam o bem, por meio da bondade, da

solidariedade e da amizade que mantém com Cinderela.

  Linearidade é um traço comum em todas as personagens. Todas estão

paralisadas na sua bondade, maldade, omissão ou paixão. São personagens

marcados por um único traço, como os esteriótipos da madrasta malvada e da

fada bondosa atuando sempre de maneira exagerada e reforçando a clássica

oposição entre as forças positivas e negativas.

 

 Curiosidades:

- Existem cerca de 3000 versões do mito de Cinderela. Quase toda

cultura ao redor do mundo tem uma: ela é conhecida como “Ye Shen” na

China, “Tattercoats” na Inglaterra, e “Mareouckla” para os eslavos.

- De acordo com Marc Daves, um dos supervisores de animação do

filme, cerca de 90% do filme foi filmado com atores reais antes de ser

animado. Apenas as cenas com os animais não foram filmadas

previamente.

- Uma das características mais interessantes da relação entre Cinderela

e a madrasta é que a Sra. Tremaine é a única vilã a viver ao lado de sua

vítima dia-a-dia. A Rainha de BRANCA DE NEVE apenas assistia a

ação da janela e nunca era vista junto a heroína. Já a madrasta fazia a

maior parte de seu trabalho sujo diante dos olhos de Cinderela, o que

dava aos animadores a oportunidade de mostrar reações na face da

protagonista às crueldades, a rejeição, o cinismo, o ódio e as mentiras.

- Quando Cinderela está cantando “Sing Sweet Nightengale”, três bolhas

formam a cabeça e as orelhas de Mickey Mouse.

- Quando CINDERELA foi lançado nos cinemas em 1950, o público

respondeu a ele como não havia respondido a nenhum filme animado da

Disney desde BAMBI. O filme não apenas se tornou um dos mais

rentáveis do ano, mas também o maior sucesso da Disney em muitos

anos, lucrando mais de $4 milhões no lançamento original.

- CINDERELA manteve sua popularidade em diversos re-lançamentos

nos cinemas através dos anos, se tornando um dos filmes mais

rentáveis de todos os tempos. O lançamento no Natal de 1981, por

exemplo, lucrou $17 milhões domesticamente, superando muitos

blockbusters dos estúdios concorrentes. O filme foi re-lançado nos

cinemas em 1957, 1965, 1973, 1981 e 1987, levando mais de 75

milhões de espectadores e lucrando mais de $350 milhões de dólares

ajustados pela inflação.

 

Decupagem:

Cena 1

 Subordinação.

 Falas:

Após uma de suas irmãs encontrarem um rato em seu café-da-manhã, a

madrasta chama Cinderela em seu quarto e diz:

— Venha cá!

Cinderela:

— Por favor, não creia q eu...

— Silêncio! Hummm... Acho que tem tempo de sobra.

— Eu só queria dizer...

— Cale-se. Você deve ter tempo para várias brincadeiras, talvez se tivesse

mais o que fazer. Tire o tapete grande do salão, limpe-o! A janela de toda a

casa lave-as! As tapeçarias e as cortinas!

— Mas já...

— Limpe-as de novo! Cuide do jardim, limpe o terraço, lave o chão, faça a

costura, trate da roupa e passe a ferro! Oh sim! Mais uma coisa, depois de um

banho em Lúcifer!

 Cenário: O quarto da madrasta, a qual está deitada na cama tomando café,

com o gato ao seu lado. As cores são escuras, roxo, preto e azul.

Música: música instrumental, lembrando um clima de suspense.

 Obs.: A cena representa a subordinação de Cinderela diante de sua madrasta.

Cena 2

 Importância da ajuda dos animais

Cinderela abre o sue livro de costura para decidir o modelo do seu

vestido para o grande baile, porém percebe que não terá tempo para fazê-lo.

Vendo sua tristeza, seus amigos ratos decidem fazê-lo para ela. 

Rato vermelho:

— Adivinhem só, Cinderela não vai ao baile.

Todos:

— O que foi que disse?

Rato vermelho:

— Não vão deixar! Trabalho, trabalho e trabalho. Nunca vai acabar esse

vestido!

Tatá:

— Pobrezinha dela!

Ratinha:

— Hei! Nós faremos!

Música: Pra nossa Cinderela... Porque ela é a nossa linda Cinderela

 

Os ratos começam a fazer o vestido de Cinderela, trabalham todos em

conjunto, um sempre ajudando o outro, mostrando a importância do trabalho

coletivo. Eles fazem laços, pegam fitas, montam um colar.

Cenário: Quarto de Cinderela, os ratos usam todos os seus materiais de

costura.

Cena 3

Realização do sonho

Após o seu vestido ser destruído por suas irmãs malvadas, Cinderela corre em

direção ao jardim, no qual começa a chorar. Vários brilhos começam a

aparecer e a sua fada madrinha aparece.

Cinderela:

— Não tenho fé em nada, em mais nada.

Fada:

— Nada meu bem? Oh não você fala sem pensar.

Cinderela:

— Fé em nada!

Fada:

— Nada? Se você não tivesse fé em nada eu não estaria aqui. Aqui estou eu,

Vamos, não chore não! Não pode ir ao baile dessa maneira.

Cinderela:

— Baile? Não vou!

Fada:

— Claro que vai, mas tem que apressar-se. Mesmo milagres levam um tempo.

Cinderela:

— Milagres?

Fada:

— Onde é que eu pus a varinha de condão?

Cinderela:

— e condão?!

Fada:

— Eu sempre...

Cinderela:

— Oh! Então é a minha fada.

Fada:

— Sua fada madrinha! Onde está essa vara? Me esqueci, eu tinha guardado!

Antes de mais nada você precisa de uma abóbora. A frase mágica...

Música:

Salaga doola, menchicka boola, bibbidi bobbidi boo.

Put 'em together and what have you got?

Bibbidi bobbidi boo. 

Salaga doola, menchicka boola, bibbidi bobbidi boo.

It'll do magic, believe it or not.

Bibbidi bobbidi boo. 

Salaga doola means menchicka booleroo,

but the thing bob that does the job is

bibbidi bobbidi boo. 

Salaga doola, menchicka boola, bibbidi bobbidi boo.

Put 'em together and what have you got?

Bibbidi bobbidi, bibbidi bobbidi, bibbidi bobbidi boo.

A abóbora sai andando e se transformando na carruagem.

Ratos:

— Olha! Olha! Que maravilha!

Cinderela:

— Como é lindo!

Fada:

— Lindo, não é! Com um elegante cocha, sim claro! Assim nós teremos que

ter... Ratos! Um cocha, quatro cavalos também.

A fada madrinha aponta a sua varinha para os ratinhos e os transforma em

cavalos brancos.

Fada:

— Onde é que eu fiquei? Você não pode ir ao baile sem um cavalo.

Cinderela:

— Outro?

A fada madrinha transforma o cavalo em um cocheiro.

— Ohh sim, ai está. Sim Bruno, pois é, vou-te por de Lipré.

A fada madrinha transforma o cachorro em um Lipré.

Fada:

— Vamos, vamos, entre meu bem, não perca tempo! Não precisa agradecer-

me.

Cinderela

— Eu não ia, quer dizer, ia sim, mas não acha que o meu vestido.

Fada:

— Sim, é lindo. Humm que horror! Você não pode ir ao baile assim. Vamos ver

seu tamanho, a cor dos seus olhos... Muito simples, mas adorável.

Ao encostar sua varinha de condão na Cinderela, ela passa a usar um lindo

vestido brando, com luvas e um sapatinho de cristal.

Cinderela:

— Olha que lindo! Já viram vestido mais lindo que este? E vejam, são de

vidros. È como um sonho, um sonho que se realize.

Fada:

— Meu bem, mas como nos sonhos receio que não possa durar muito. A magia

irá durar ate a meia noite. Ao soar das doze a magia cessará. Tudo como era

antes voltará.

Cinderela:

— É muito mais do que eu imaginei!

Cinderela entra na carruagem e vai em direção ao castelo.

Cenário: a cena ocorre em um jardim à noite.