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FILOSOFIA A investigação filosófica como educação moral Uma educação dialógica em que as crianças são incentivadas a investigar, entre elas sobre amor, integridade, verdade, regras, padrões, respeito, amizade, identidade, propriedade, liberdade e justiça é um processo que pode guiar as crianças em direção a um estágio moral que elas já internalizaram. O benefício dessa educação fica evidente na capacidade das crianças responder eticamente, se essa necessidade surgir. As leis morais não são o tipo de coisa que podem ser provada. Como Wittgenstein uma vez disse em uma aula de ética: "Minha tendência e, acredito, a tendência de todos os homens que tentaram escrever sobre ética, era ir além das fronteiras da língua... A ética na medida em que provém do desejo de dizer algo sobre o sentido último da vida, o bem absoluto, pode não ser ciência... Mas é um documento da tendência da mente humana que eu, pessoalmente, não posso deixar de respeitar profundamente". O que consideramos como ação moralmente certa é antes o resultado de um juízo estético, a habilidade de perceber a ação apropriada num determinado contexto do que de uma abordagem científica. No entanto, há uma grande diferença entre agir e irrefletidamente e agir após ter tido muita prática em pensar cuidadosamente e levar tudo em consideração, inclusive as conseqüências de nossas ações. Essa habilidade de pensar leva a anos de imersão no diálogo filosófico. Num certo sentido, torna-se um agente moral é como se tornar um artista; ambos estão comprometidos em criar uma harmonia. A vida do artista envolve anos de observação, experimentação, estudo, estudo da obra dos artistas do passado, trabalho sobre a orientação de um mestre, desenvolvimento de um certo senso de cor, textura, proporção, perspectiva objetividade, composição, experiência com uma imensa variedade de meios de comunicação e decisão de qual meio é o certo para expressar o que ele quer comunicar. Entretanto, eventualmente, isso envolve o desenvolvimento de nosso próprio estilo, nossa própria perspectiva, nosso próprio meio de expressão - todos totalmente únicos para o estilo individual do artista. Não desenvolver um estilo próprio e não ser nada mais do que um simples técnico. Ninguém consideraria tal indivíduo como um artista. Tornar-se um agente da moral é algo semelhante. A vida, continuamente dá exemplos de como devemos proceder de acordo com o nosso senso do que é "certo". Além de considerar a conveniência e consistência de nossas próprias idéias e ações, temos também que estabelecer padrões morais. Como agentes morais, temos que estabelecer nossos juízos dentro de algum tipo de ordem, de modo que não haja inconsistência que possa impedir a relação de todas nossas ações morais com uma mesma harmonia. As crianças necessitam prática para perceber conexões entre o que dizem, o que pensam e o que fazem. Precisam ter prática em reconhecer relações entre a parte e o todo quando elas se referem a valores; precisam ter a prática em

A Investigação Filosófica Como Educação Moral

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Filósofos despertaram interesse da sociedade a muito tempo atrás, descubra lendo este texto de como esse campo pode ajudar a educação.

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FILOSOFIA

A investigao filosfica como educao moral

Uma educao dialgica em que as crianas so incentivadas a investigar, entre elas sobre amor, integridade, verdade, regras, padres, respeito, amizade, identidade, propriedade, liberdade e justia um processo que pode guiar as crianas em direo a um estgio moral que elas j internalizaram. O benefcio dessa educao fica evidente na capacidade das crianas responder eticamente, se essa necessidade surgir.As leis morais no so o tipo de coisa que podem ser provada. Como Wittgenstein uma vez disse em uma aula de tica: "Minha tendncia e, acredito, a tendncia de todos os homens que tentaram escrever sobre tica, era ir alm das fronteiras da lngua... A tica na medida em que provm do desejo de dizer algo sobre o sentido ltimo da vida, o bem absoluto, pode no ser cincia... Mas um documento da tendncia da mente humana que eu, pessoalmente, no posso deixar de respeitar profundamente". O que consideramos como ao moralmente certa antes o resultado de um juzo esttico, a habilidade de perceber a ao apropriada num determinado contexto do que de uma abordagem cientfica.No entanto, h uma grande diferena entre agir e irrefletidamente e agir aps ter tido muita prtica em pensar cuidadosamente e levar tudo em considerao, inclusive as conseqncias de nossas aes. Essa habilidade de pensar leva a anos de imerso no dilogo filosfico. Num certo sentido, torna-se um agente moral como se tornar um artista; ambos esto comprometidos em criar uma harmonia. A vida do artista envolve anos de observao, experimentao, estudo, estudo da obra dos artistas do passado, trabalho sobre a orientao de um mestre, desenvolvimento de um certo senso de cor, textura, proporo, perspectiva objetividade, composio, experincia com uma imensa variedade de meios de comunicao e deciso de qual meio o certo para expressar o que ele quer comunicar. Entretanto, eventualmente, isso envolve o desenvolvimento de nosso prprio estilo, nossa prpria perspectiva, nosso prprio meio de expresso - todos totalmente nicos para o estilo individual do artista. No desenvolver um estilo prprio e no ser nada mais do que um simples tcnico. Ningum consideraria tal indivduo como um artista.Tornar-se um agente da moral algo semelhante. A vida, continuamente d exemplos de como devemos proceder de acordo com o nosso senso do que "certo". Alm de considerar a convenincia e consistncia de nossas prprias idias e aes, temos tambm que estabelecer padres morais. Como agentes morais, temos que estabelecer nossos juzos dentro de algum tipo de ordem, de modo que no haja inconsistncia que possa impedir a relao de todas nossas aes morais com uma mesma harmonia. As crianas necessitam prtica para perceber conexes entre o que dizem, o que pensam e o que fazem. Precisam ter prtica em reconhecer relaes entre a parte e o todo quando elas se referem a valores; precisam ter a prtica em aprender a detectar inconsistncias e avaliar situaes. Assim como no devemos esperar um jovem ou um adulto se torne um artista da noite para o dia, no devemos esperar que as crianas verbalizem decises morais em sala de aula antes que tenham adquirido as ferramentas intelectuais necessrias, que so um pr-requisito para tal investigao. A educao moral no deve ser s trabalhada filosoficamente, mas deve enfocar o aprimoramento da investigao.Finalmente uma educao moral deve tornar as crianas capazes de pensarem por si mesmas num modo que seja harmonioso. As aes devem ser tanto estticas como moralmente corretas. A felicidade, ento, a recompensa intrnseca. As pessoas no devem fazer a coisa certa pelo elogio ou por alguma outra recompensa. Elas agem como se diz Wittgenstein, de uma certa maneira porque lhes convm de acordo com os seus prprios valores. Tais aes fazem com que se sintam em harmonia com o mundo, consigo mesma e com os outros. Quando algum se engaja nesses tipos de aes, dia aps dia, comea a ver a vida como autojustificada, a nica vida correta para aquela pessoa.Algum pode enfatizar suficientemente a importncia da investigao, da autocrtica e dos modelos adultos moralmente sensveis durante os anos de formao da criana. Assim conto o artista iniciante precisa cuidadosamente estudar os mestres do passado, as crianas precisam estar num ambiente de adultos que demonstrem sua moralidade em seus comportamentos. Santo Agostinho foi quem nos lembrou que: "Voc aprenderia melhor nos observando e nos ouvindo quando realmente estamos envolvidos no trabalho do que lendo o que ns escrevemos". Tradicionalmente a moralidade tem sido vista como um modo de reprimir paixes malignas. Contudo, o modo com que as paixes so canalizadas que, em ltima anlise, distingue o ato moral e o ato imoral. Seria prefervel que as crianas vissem atos morais surgindo naturalmente de um ambiente de reflexo em que o mtodo de investigao se manifesta nas aes de todos os membros do grupo.As crianas podem ser ajudadas a se tornarem sensveis necessidade ou fora em suas vidas. Assim como um bom artista demonstra a necessidade dessas coisas que tm que ser aceitas e toleradas, at mesmo garantidas, assim tambm o estudo da filosofia pode ajudar as crianas a se tornarem conscientes da necessidade em suas prprias vidas e de como lidar com isso se quiserem se tornar independentes para sempre.Ann Margaret Sharp em "Educao: Uma jornada filosfica"