Investigação Filosófica, Vol. E4, 2016 - Edição Completa

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    Investigação Filosófica Revista de Filosofia

    ISSN: 2179-6742

    Investigação Filosófica, v !4, Rio de "anei#o, 2$16, 211 %

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROINSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LÓGICA E METAFÍSICA

    &oo#denado#

    Rodrigo Gu ri!o"i

    'ice &oo#denado#

    C#ro"i$# d M "o %o&'i& Ar#()o

    R *i+,# d + $*o"*id# & #r. ri# .o& o Progr# d P/+-Gr#du#01o L/gi.# M ,#'2+i.# 3PPGLM4d# U$i* r+id#d F d r#" do Rio d J#$ iro 3UFRJ45

    P á g i n a | 2

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    INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA6,, 788 riodi.oi$* +,ig#.#o'i"o+o'i.#59"og+ o,5.o&59r8

    i'i"o+o'i.#:gi"5.o&

    !dito#es Res%ons(veisRodrigo R i+ L#+,r# Cid

    &oo#denado#es !dito#iaisLui! ; "*r# Mor ir# d# Co+,#P dro V#+.o$. "o+ Ju$=u ir# Go&" *+?>

    &onsel)o !dito#ialD#$i""o d J +u+ F rr ir# L i,

    Gui"6 r& d# Co+,# A++u$01o C .2"ioLui+ F r$#$do Mu$#r ,,i d# Ro+#Lui! ; "*

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    S*.(#io / &ontents

    Editorial .....................................................................................................................................................05

    Artigos/Articles

    Artigo 1: Nomes próprios: por que a teoria causal de Perry não dá conta dareten ão decren as!......................................................................................................................................0"Autor: #agid #alles

    Traduções/Translations

    Tradução 1: Nomes$ %ss&ncia ePossi'ilidade.............................................................................30Autor: #cott #oamesTradutor: (. ). *arques #egundo

    Tradução 2:*etá+ora.................................................................................................................",Autor: *a- lac/Tradutor: arlos ndr ernandesRevisores: (. ). *arques #egundo e lu4 io outo

    Tradução 3: on6ecimento a priori............................................................................................75Autor: l'ert asulloTradutor: (ui )el8 cio *arques #egundo e le-andre *eyer (uRevisor: %duardo en/endor+

    Tradução 4: 9 anal4tico e o sint tico$ o necessário e o poss48el$ o a priori eo a posteriori .....13,Autor: #cott #oamesTradutor: (ui )el8 cio *arques #egundo

    Tradução 5 : desco'erta do mundo: 9 #erntemporal..........................................................1",Autor: ;ein6ardt Autor: ?ason rennanTradutor: lu4 io outoRevisor: (. ). *arques #egundo

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    ',-E& .R .RI,&: .,R 0 E A TE,RIA A &AE .ERR

    ' , 7 ,'TA A RETE'8 , E RE'8A&

    S#gid S#"" +

    RE& -,: @en6o dois o'Beti8os principais neste te-to. Primeiro$de+enderei que a 8ersão de Perry da teoria causal da re+er&ncia nãodá conta de casos de reten ão de cren a. a o isto por meio de umcontrae-emplo C teoria de Perry. #egundo$ de+enderei que uma

    8ersão espec4Dca de teoria da identiDca ão capa de lidar com ocontrae-emplo apresentado e$ neste sentido$ superior C teoria dePerry.

    .A A9RA&* A9E: Nomes próprios$ reten ão de cren a$ teoriacausal de Perry$ teoria da identiDca ão$ teoria da re+er&ncia.

    A;&TRA T: 6a8e tEo goals in t6is paper. irst$ Eill claim t6atPerryFs 8ersion o+ causal t6eory o+ re+erence is not a'le to accountcases o+ 'elie+ retention. s6all do t6is 'y presenting acountere-ample to PerryFs t6eory. #econd$ Eill claim t6at a speciDc8ersion o+ t6eory o+ identiDcation is a'le to deal Eit6 t6e e-ampleand$ in t6is sense$ must 'e pre+erred to PerryFs t6eory.

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    dos nomes próprios. 2 #ustentei que esta 8ersão superior Csdi+erentes 8ersGes da @eoria ausal$ de Hrip/e$ Ionnellan e Ie8itt.*as nada disse so're a 8ersão desen8ol8ida por Perry. 8ersão da

    @eoria ausal desen8ol8ida por ele muito pró-ima da @eoria dadentiDca ão que de+endi. principal di+eren a consiste no papel queam'os damos C causa ão na re+er&ncia. Perry aceita que um elocausal de um tipo apropriado seBa condi ão suDciente para o sucessode um ato de re+er&ncia atra8 s de um nome$ eu recuso isto.

    principal moti8a ão de Perry para a sua teoria que ela dáconta de e-plicar casos de reten ão de cren as. *eu principal

    o'Beti8o neste artigo de+ender que Perry não consegue realmenteresol8er pro'lemas en8ol8endo reten ão de cren as. Para istorepetirei um e-emplo dado anteriormente contra outras 8ersGes da

    @eoria ausal da re+er&ncia$ e sustentarei que ele tam' m pode serusado para mostrar +al6as na perspecti8a de Perry. Penso que o errode Perry considerar um elo causal de um tipo apropriado condi ãosuDciente para a re+er&ncia 'emJsucedida.

    9 artigo di8idido em cinco se Ges. Na primeira apresento umes'o o da teoria que de+endo. Na segunda$ apresento a 8ersão da

    @eoria ausal de+endida por Perry. m'as serão apresentadas apenasem caráter de es'o o$ sem mencionar detal6es que poderiam serinteressantes. Na terceira e quarta apresento e discuto umcontrae-emplo a Perry$ sustentando que a sua teoria +al6a eme-plicar casos de reten ão de cren a. %m'ora não seBa meu principalo'Beti8o$ sugerirei$ na quinta se ão$ que a min6a perspecti8a so're are+er&ncia mais promissora que a de Perry.

    I

    2 N1o # $#+ E*#$+ 3 4 + ,#&9 3 Q4 d ' $ r+ .,i*#+ &ui,o r/Bi+ d# # r + $,#d# $# #r, I d +, #r,igo5 M#+ $1o $,r#r i & =u#i+=u r =u +, + i$, r r ,#,i*#+ #=ui5 U # r + $,#01o d ,#"6#d# d &i$6# * r+1o d , ori# d# id $,i'i.#01o #r## r ' r $.i# r "#.io$#$do-# .o& #+ * r+ + d +, + #u,or + r + o$d $do # u& .o$)u$,o d o++2* i+o9) 0 + od + r $.o$,r#d# & S#"" + 3 4 ri$.i #"& $, # #r, III5 Mi$6#+ .r2,i.#+ , ori# .#u+#$#+ * r+ + d ri ? D *i,, od & + r $.o$,r#d#+ $# #r, II do r ' rido ,r#9#"6o5

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    ntes de iniciar a discussão$ preciso +a er algumaso'ser8a Ges preliminares. lguma independ&ncia entre re erir-se porum nome e entender o que +oi dito atra8 s de um nome pode l6e

    parecer plaus48el. %8ans deu alguma importKncia a isto. Pense noseguinte e-emplo. magine que 8oc& esteBa rece'endo a 8isita de umamigo ingl&s que não +ala ou entende portugu&s. m'os estão numa+esta$ aqui no rasil$ e seu amigo demonstra n4tido interesse emcon6ecer uma garota. %ntão seu amigo l6e pergunta Lem ingl&sMcomo pode di er$ em portugu&s$ que está interessado nela. oc&então l6e e-plica que ele de8e pro+erir a seguinte +rase para ela.

    1M )itler +oi uma 'oa pessoa.

    pós treinar a pronuncia da +rase$ seu amigo 8ai at a garota e$ comum sorriso no rosto$ pro+ere 1. garota$ c6ocada com o que ou8iu$ 8aiem'ora. PergunteJse: terá seu amigo se re+erido a )itler atra8 s dopro+erimento de 1! Ouem aceita que o ingl&s te8e sucesso em sere+erir a )itler e di er algo so're ele$ tem de aceitar alguma distin ãoentre re erir-se e entender . Pois está claro pelo e-emplo que o ingl&snão +oi capa de entender o que +e . #ua inten ão era di er queesta8a interessado na garota$ e ele pensou estar di endo isto quandopro+eriu 1. ssim$ mesmo que ele ten6a se re+erido a )itler por 1$ elenão entendeu o que +oi dito pelo seu pro+erimento. %le se re+eriuatra8 s de um nome sem ser capa de entender o que o nome di .

    %u penso que casos como este se 'aseiam em uma con+usão

    entre um +alante ter de ato sucesso em se re erir por um nome e osouvintes terem razões para pressupor que o alante teve sucesso .Nosso ingl&s não te8e realmente sucesso em se re+erir a qualquerpessoa pelo pro+erimento de 1. *as a garota tin6a ra Ges parapressupor que ele te8e. L%la não sa'ia que ele não con6ecia o idioma$não sa'ia que esta8a sendo enganado$ etc.M. #eBa como +or$ não 8ouargumentar a +a8or disto aqui. *enciono o ponto apenas para

    ressaltar que$ daqui por diante$ quando +alar em re+er&ncia$ estareiar'itrariamente me restringindo aos casos nos quais os usuários do

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    nome são capa es não apenas de se re+erirem$ mas tam' m deentender o que di em com o nome.

    lgu m que aceite a distin ão acima entre re+erirJse e entender

    pode pensar que um +alante que meramente capa de se re+erir porum nome Lmas não de entender o que o nome di M não capa deusar o nome para e-pressar e sustentar cren as so're o re+erente.Neste artigo$ contudo$ estou interessado Bustamente nos casosen8ol8endo cren as. ssim$ quando di er que um +alante capa dese re+erir$ tam' m estarei aceitando que capa de sustentar e tercren as so're o re+erente do nome.

    9 pro'lema da re+er&ncia dos nomes próprios en8ol8e$ comonota Ie8itt L1>71: 2"J32$ 1>>>: ""M$ pelo menos dois +en menos. 9primeiro o da fxação da re er ncia . asos de D-a ão da re+er&nciasão aqueles em que atri'u4mos um nome a um o'Beto.

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    Nesta concep ão$ portanto$ o Iescriti8ismo lássico$normalmente atri'u4do a rege e ;ussell$ uma teoria daidentiDca ão. 9 mesmo 8ale para o Iescriti8ismo ausal de Hroom

    L1>7=M$ (eEis L1>7,M e ?ac/son L2010M. %stas perspecti8as t&m emcomum o +ato de aceitarem que pelo menos uma condi ão necessáriapara o sucesso da re+er&ncia atra8 s de um nome que o +alantesai'a que o re+erente do nome o Rnico a satis+a er algumacondi ão.3 *as sa'er que um o'Beto o Rnico a satis+a er umadeterminada condi ão um modo de di+erenciar este o'Beto de todosos outros do mundo. 9u seBa$ de identiDcar este o'Beto. *as nem toda8ersão de @eoria da dentiDca ão precisa ser Iescriti8ista nestesentido. perspecti8a que apresento a seguir um e-emplo de teoriada identiDca ão$ mas não um caso de teoria descriti8ista. ,

    Para +acilitar a discussão$ c6amemos de consumidor a cadausuário de um nome que se re+ere por empr stimo pelo nome. 5

    gora$ a ideia que consumidores usam nomes como mecanismos deidentiDca ão. sto $ eles usam os nomes para identiDcar o'Betos.

    oc& pode o'Betar que isto seria e-tremamente implaus48el$ dado quedi+erentes o'Betos podem possuir o mesmo nome. 9 nomeA#ócratesS$ por e-emplo$ usado para +alar de dois indi84duosdistintos$ o Bogador do orint6ians e o Dlóso+o. #endo assim$ a meraposse deste nome não me permitirá di+erenciar um do outro.

    onsequentemente$ não me permitirá identiDcar qualquer um deles.liás$ dado que uma prática comum de nossa comunidade usar um

    mesmo nome para di+erentes indi84duos$ seria implaus48el sugerir quenomes ser8issem como mecanismos de identiDca ão.

    3 M#+ $ & ,od# 'or d D +.ri,i*i+&o r .i+# + r u T ori# d# Id $,i'i.#01o5 Pod -+ igi$#r or B & "o =u # .o$di01o d , r&i$#$, d# r ' r $.i# $1o r .i+# + r .o$6 .id# or .#d# u+u@rio do $o&

    + "# .o&u$id#d .o&o u& ,odo5, u#$do digo =u &i$6# r+ .,i*# $1o < d +.ri,i*i+,# =u ro di! r =u $1o +,@ .o& ro& ,id# .o& #, + d =u u .o$di01o $ . ++@ri# #r# u& '#"#$, S + r ' rir # u& o9) ,o O #,r#*

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    o'Be ão está correta$ e re8ela outro aspecto importante dateoria. Nomes são apenas parte de um material maior que usamospara identiDcar seus re+erentes. 6amei este material anteriormente

    de material identifcador L#alles$ 2013: "2M. 6amei C outra partedeste material$ seguindo ?ac/son$ de marcadores . ssim$ o materialidentiDcador de algu m pode$ por e-emplo$ ser +ormado por um nomeT marcadores como A um Dlóso+oS$ A um Bogador de +ute'olS$ etc.Portanto$ em'ora nomes sir8am como mecanismos de identiDca ão$eles não t&m de +a er seu tra'al6o so in6o.

    oltemos ao caso do nome A#ócratesS. %-istem pelo menos dois

    o'Betos com este nome$ de modo que a mera posse do nome não nospermitirá identiDcar qualquer um em particular. Neste conte-to$podemos usar os marcadores que associamos ao nome para tornarnossa 'usca mais precisa. *arcadores como A um Dlóso+oS$ AgregoS$ etc. nos permitem di+erenciar um indi84duo particular dentretodos aqueles chamados %&'crates( .

    om isto$ não estou sugerindo que os marcadores t&m de serverdadeiros dos re+erentes dos nomes para que a identiDca ãoocorra. Qm modo natural de interpretar a perspecti8a acima seriapensar que o indi84duo identiDcado aquele c6amado A#ócratesS quede ato +or um Dlóso+o$ +or grego$ etc. Não esta a min6a sugestão. 9que importa não que os marcadores seBam 8erdadeiros do re+erentedo nome$ mas que seBam in+orma Ges di+undidas acerca do re+erente.

    ssim$ o o'Beto identiDcado será aquele c6amado A#ócratesS acercade quem os marcadores A um Dlóso+oS$ A gregoS$ etc. +oremin+orma Ges di+undidas. om algumas e-ce Ges$ a 8erdade dosmarcadores não importa.

    l m disso$ não estou sugerindo que o usuário do nome ten6ade ter con6ecimento proposicional de alguma descri ãometalingu4stica como Ao re+erente de N quem quer que seBa o o'Beto

    c6amado N acerca de quem os marcadores tais e tais são di+undidosS.*uito menos que os +alantes comuns ten6am que ser capa es de

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    especiDcar quaisquer condi Ges deste tipo. *in6a sugestão apenasque os +alantes sabem como usar seu material identiDcador para Dnsde identiDca ão. %m outras pala8ras$ um consumidor que usa um

    nome N com sucesso em se re+erir tem a 6a'ilidade prática deidentiDcar o seu re+erente como aquele c6amado N acerca de quemseus marcadores são di+undidos.

    Para tornar um pouco mais claro como a coisa toda +unciona$pense no seguinte e-emplo. magine que um grande 6istoriador daDlosoDa descu'ra que #ócrates não +oi realmente um Dlóso+o$ esequer era grego. #ócrates +oi apenas um amigo 4ntimo de Platão$ e

    este di+undiu um conBunto de estórias so're ele. #upon6a que nosso6istoriador pu'lique um artigo em uma renomada re8ista de DlosoDa.

    gora$ imagine que todo o material identiDcador que um +alantec6amado A?oãoS possua seBa o nome A#ócratesS T o marcador A+oi umDlóso+o da

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    marcadores +oram di+undidos acerca do re+erente. sto não umades8antagem$ dado que o que queremos e-plicar o empr stimo dare+er&ncia. 9s casos de empr stimo da re+er&ncia são Bustamente

    aqueles nos quais o sucesso de um +alante em se re+erir e-plicadoem termos do sucesso de outros +alantes.sto sugere a seguinte imagem geral so're como um +alante #

    pode identiDcar o re+erente de um nome N. # de8e dispor de ummaterial identiDcador$ +ormado pelo nome N T um marcador V ou umconBunto de marcadores V W. # pode usar N para procurar algu mc6amado N. *as dado que 6á 8ários indi84duos c6amados N$ isto nãoserá suDciente. " ssim$ # pode usar seu marcador W para distinguirum indi84duo espec4Dco dentre aqueles c6amados N: aquele acercade quem W uma in+orma ão di+undida. Para que a identiDca ão de #ten6a sucesso$ necessário que e-ista uma prática de usar o nome Npara se re+erir a um o'Beto x $ na qual W seBa uma in+orma ãodi+undida acerca de x .

    II#ustentei anteriormente que a perspecti8a es'o ada acima

    superior a algumas 8ersGes da @eoria ausal da re+er&ncia.Nomeadamente$ as de Hrip/e L1>=2:>1M$ Ie8itt L1>71$ 1>>>M eIonnellan L1>=,M. 9 caso do Rltimo um pouco mais complicadoporque ele mesmo parece ser reticente quanto ao papel dacausalidade na re+er&ncia. Io modo como o interpreto$ o essencial desua teoria apenas que a re+er&ncia um +en meno 6istórico$ e nãoque causal.

    *as o que seria uma @eoria ausal da re+er&ncia parasitária dosnomes! Neste te-to$ trato por @eoria ausal qualquer teoria queaceite que um elo causal de um tipo apropriado $ no m4nimo$ umacondi ão suDciente para a re+er&ncia por nomes. Ie modo maispreciso$ uma condi ão suDciente para um suBeito # se re+erir a umo'Beto x) atra8 s de um nome N$ que ele esteBa em uma rela ão

    " N# * rd#d o r/ rio .o$6 .i& $,o do '#"#$, d =u < r&i++2* " =u di' r $, + o9) ,o+ o++u#& o& +&o $o& + ri# +u'i.i $, #r# =u o '#"#$, + $do .o& , $, $1o u+#++ $o& + i+o"#do+ d + ur.#dor + .o&o & .#$i+&o+ d id $,i'i.#01o5

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    causal apropriada com x . %u ignoro se tal elo uma condi ãonecessária ou não. #eBa como +or$ segueJse disso que a identiDca ãonão uma condi ão necessária para o sucesso da re+er&ncia. Nesta

    +ormula ão$ a @eoria ausal inconsistente com a @eoria dadentiDca ão. @anto Hrip/e como Ie8itt +orneceram 8ersGes so're como a

    re+er&ncia dos consumidores +unciona. m'os sustentaram que umelo causal de um tipo apropriado $ pelo menos$ uma condi ãosuDciente para o sucesso do empr stimo da re+er&ncia. m'osaceitam$ por e-emplo$ que um consumidor pode ter sucesso em sere+erir a algo por um nome mesmo que LiM não con6e a qualquercondi ão que somente o re+erente do nome satis+a $ LiiM não seBacapa de identiDcar o re+erente$ LiiiM não se lem're que l6e introdu iuo nome$ etc. *as +oi Ie8itt quem tornou a teoria mais precisa.

    ;esumidamente$ a perspecti8a de Ie8itt so're a re+er&nciaparasitária a seguinte:

    *o ouvir & pro erir o nome + para se re erir a x) um su,eito & pode) devido a uma relação causal com & ele ouviu o pro erimentode & ) adquirir a habilidade de usar + para se re erir a x.

    ideia que um consumidor adquire a 6a'ilidade de usar um nomeN para se re+erir a um o'Beto x ao entrar em contado com o e-erc4cioque outro suBeito +a de sua 6a'ilidade. magine que 8oc& seBa capade se re+erir a #ócrates$ mas eu não. %ntão$ 8oc& me di que #ócrates+oi um grande Dlóso+o. Neste momento$ 8oc& e-ercitou a sua6a'ilidade de usar o nome A#ócratesS. o ou8ir o que disse$ euadquiro a 6a'ilidade de usar o mesmo nome para me re+erir aomesmo indi84duo ao qual 8oc& se re+eriu. 9 mesmo poderia acontecerse eu lesse uma +rase pro+erida por 8oc& contendo o nomeA#ócratesS. *as onde está o elo causal! ;esposta: Ie8itt estáinterpretando a percep ão Lou8ir$ 8er$ etc.M como um tipo de rela ãocausal. Qma condi ão suDciente para o sucesso da re+er&ncia de um

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    consumidor que tudo corra 'em com estes elos que$ no Dm dascontas$ recuarão at a situa ão do 'atismo do re+erente.

    Perry aceita que a e-ist&ncia de um elo causal apropriado

    uma condi ão suDciente para o sucesso da re+er&ncia atra8 s denomes. 9 di+erencial de sua 8ersão que o importante para o elocausal a in+orma ão associada ao nome$ e não o nome em si. Naperspecti8a de Ie8itt$ quando 8amos contar a 6istória do elo causal$temos de nos +ocar nos di+erentes pro+erimentos do nome$ passandode +alante para +alante. Na perspecti8a de Perry$ o que realmenteimportante ol6ar para a 6istória da di+usão das in+orma Ges que oconsumidor associa ao nome. %m suas pala8ras:

    LXM t6at it is not t6e name itsel+ Lersat or properMt6at is o+ interest$ 'ut t6e grouping o+ predicates. tis t6e predicates grouped t6at lie at t6e end o+ acausal c6ain originating Eit6 t6e person amt6in/ing a'out. =

    Para tornar a ideia mais clara$ comecemos do come o. Primeiro$

    Perry apela a uma no ão teórica muito pró-ima daquilo que c6ameianteriormente de material identifcador e outra pró-ima daquilo quec6amei de marcadores . Y primeira$ ele c6ama de arquivo $ C segunda$de eixes ou agrupamentos de predicados . Qm arqui8o pode ser+ormado por um nome T um agrupamento de predicados$e-atamente como o material identiDcador o pode. omo naperspecti8a apresentada na parte anterior$ este agrupamento de

    predicados $ ou representa$ in+orma Ges acerca do re+erente donome. *as Perry pensa que um consumidor não precisa usar estematerial para identiDcar o re+erente. 9 re+erente do nome será quemquer que seBa a origem causal das in+orma Ges contidas no arqui8o.Portanto$ enquanto na min6a perspecti8a o material tem tam' muma +un ão identiDcadora$ na perspecti8a de Perry ele tem apenas

    = P rr> Jo6$ 3 45 A Pro9" & A9ou, Co$,i$u % "i '5 I$7The Problem of the Essential Indexical 5OB'ord U$i* r+i,> Pr ++ 5 H - 5 5 Q5

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    uma +un ão causal. *ais uma 8e $ elo causal uma condi ãosuDciente para o sucesso da re+er&ncia.

    Não min6a inten ão entrar em detal6es so're a ontologia dos

    arqui8os ou do material identiDcador. 9 próprio Perry parece ter ainten ão de que seBam entidades mentais ou esteBam de algum modolocali ados no c re'ro. *as ele tam' m não 8ai muito al m. Para osnossos propósitos$ a nature a dos arqui8os não importa.

    Qma consequ&ncia interessante deste tipo de perspecti8a queos nomes são$ em certo sentido$ dispensá8eis. Podemos ter umarqui8o +ormado apenas por predicados. Não di+4cil pensar nume-emplo em que isto ocorra. magine que uma testemun6a ocular deum crime 8á depor na delegacia. %la di ao delegado coisas comoAele era gordo$ alto$ e muito 8iolentoS. 9 delegado l6e pergunta sesa'e o nome do suspeito. testemun6a responde que AnãoS. Nossatestemun6a 6a8ia adquirido 8árias in+orma Ges so're o suspeito nodia anterior$ +ormando um arqui8o contendo predicados como A- gordoS$ A- altoS$ etc. *as o arqui8o não cont m qualquer nome. stonão impede a testemun6a de ser capa de se re+erir ao suBeito$ muitomenos de +ormar e reter cren as so're ele.

    9 mesmo pode ser dito de min6a perspecti8a. 9s marcadoresde um indi84duo podem ser suDcientemente ricos para permitirJl6eidentiDcar um o'Beto independentemente de ele possuir um nome.Para pensar em outro e-emplo$ imagine que um especialista emPlatão$ de8ido a um caso raro de amn sia$ esque a o nome doindi84duo acerca de quem ele especialista. %le continua lem'randodo que aprendeu$ apenas esquece o nome. #em dR8ida$ isto não oimpede de +a er re+er&ncia a este indi84duo$ nem de manter suascren as so're ele.

    possi'ilidade destes casos coloca pro'lemas interessantes. #enomes são dispensá8eis$ então qual $ aDnal$ a sua utilidade! %lest&m alguma utilidade! Pro'lemas como estes serão ignorados aqui.*e concentrarei apenas em casos en8ol8endo nomes próprios.

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    Z preciso recon6ecer que nem a min6a perspecti8a nem a dePerry são totalmente claras quanto a alguns pontos. %stá Perrye-igindo que cada in+orma ão presente no arqui8o ten6a de ser

    causalmente deri8ada do re+erente do nome! 9u pode ser o caso quealgumas poucas in+orma Ges +al6em em satis+a er esta condi ão! coisa pode ser ilustrada por um e-emplo. %u acredito que #ócrates um grande Dlóso+o. ?oão acredita que #ócrates o maior Bogador do

    orint6ians. 9'8iamente$ nós temos pessoas di+erentes em mente.*as não sa'emos disso. o contar a ?oão que #ócrates +oi um grandeDlóso+o grego$ ele pensa que estou +alando do Bogador. %ntão$acrescenta o predicado A- um grande Dlóso+o gregoS ao seu arqui8oso're o Bogador. gora$ uma das in+orma Ges que seu arqui8o cont m

    causalmente deri8ada do Dlóso+o$ mas todas as outras sãoderi8adas do Bogador. ?oão ainda será capa de se re+erir e ter cren asso're algum deles!

    No8amente$ o mesmo pro'lema pode ser colocado para amin6a perspecti8a$ em'ora +osse apropriado +alar em outros termos.9 material identiDcador de ?oão$ após o processo$ conterá tantoin+orma Ges di+undidas so're o Dlóso+o quanto so're o Bogador. ?oãoainda será capa de se re+erir e ter cren as so're algum deles!Pro'lemas como este tam' m serão ignorados ao longo do te-to. steorias acima serão propositalmente mantidas 8agas e em caráter deum es'o o.

    Por Dm$ dei-eJme di er alguma coisa so're a moti8a ão dePerry para a sua teoria. principal moti8a ão a sua aparentecapacidade de lidar com pro'lemas en8ol8endo aquisi ão e reten ãode cren as. asos de reten ão de cren a são aqueles em que umindi84duo mant m uma mesma cren a ao longo do tempo. #upon6aque ontem 8oc& ten6a se encontrado com *aria e adquirido a cren ade que ela está rica. )oBe 8oc& conta a no8idade para um amigo:*aria está rica$ sa'ia! Neste caso$ 8oc& claramente rete8e umacren a por um per4odo de tempo. 9ntem 8oc& adquiriu a cren a deque *aria está rica$ 6oBe 8oc& continua acreditando nisto. %ste um

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    caso simples$ e não esperamos que alguma teoria plaus48el ten6adiDculdades em lidar com ele. *as e-istem casos mais complicados.

    Para se ter uma le8e ideia$ 8oltemos ao suposto +ato de nomes

    serem$ no sentido antes mencionado$ dispensá8eis. imos dois tiposde casos. No primeiro$ o indi84duo adquire e ret m uma cren a so'reo suspeito sem nunca ter possu4do um nome para ele. No segundo$ oindi84duo perde o nome que possu4a$ mas ainda ret m cren as so'reo seu re+erente LPlatãoM. Perry pode tratar os dois casos +acilmente$pois o que rele8ante para a determina ão do re+erente e reten ãode cren as não o nome$ mas as in+orma Ges contidas no arqui8o.%m am'os os casos$ os indi84duos continuam possuindo um arqui8ocom determinado nRmero de in+orma Ges causalmente deri8adas deum determinado o'Beto. 9 que +a com que o o'Beto da cren a doprimeiro seBa o suspeito que estas in+orma Ges são causalmentederi8adas do suspeito. 9 que +a com que o o'Beto da cren a dosegundo seBa Platão que suas in+orma Ges são causalmentederi8adas de Platão. %m suma$ o que garante a reten ão o +ato de$em cada caso$ um mesmo indi84duo estar na origem causal dasin+orma Ges o tempo todo.

    9 tipo de perspecti8a da identiDca ão apresentadoanteriormente tam' m dá conta destes casos. di+eren a que ae-plica ão seria dada em termos de identiDca ão. %m am'os oscasos$ o suBeito manteria a sua capacidade de identiDcar um o'Betoindependentemente de nunca ter tido ou ter perdido o nome.

    #eBa como +or$ penso que a perspecti8a de Perry não +orneceum tratamento adequado seBa da re+er&ncia$ seBa da reten ão decren as.

    III

    Nas pró-imas se Ges$ de+endo que a teoria causal de Perry nãodá conta realmente dos casos de reten ão de cren a. estrutura demeu argumento será a seguinte. Primeiro$ apresento um casoen8ol8endo a 6a'ilidade de um +alante de usar um mesmo nome para

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    quando disser que *aria[ tal e tal$ estarei +alando da pessoare+erida por 3. Ouando quiser +alar do nome usado em 3$ apenasacrescento aspas.

    Penso que os seguintes pontos são intuiti8os so're o e-emploat agora.

    • *arcos adquiriu a 6a'ilidade de se re+erir a *aria atra8 s donome pro+erido em 2 LA*ariaSM.

    • *arcos adquiriu a capacidade de se re+erir a *aria[ atra8 sdo nome pro+erido em 3 LA*aria[SM

    • *arcos adquiriu$ podemos supor$ tanto uma cren a so're*aria La cren a de que *aria legalM quanto uma cren aso're *aria[ La cren a de que *aria[ legalM. primeiraL 1M uma cren a di+erente da segunda L 2M.

    onsidero que nen6um dos pontos acima requer maiorargumenta ão. Oualquer um que queira recusar algum Lse 6ou8er

    quem o +a aM terá o nus da pro8a.

    *as agora continuemos com o e-emplo. magine que *arcosDnalmente se li'erta de seu amigo e 8ai para casa. ansado$ ele sóquer uma noite de sono. o acordar$ lem'ra que +oi introdu ido aduas Le somente duasM pessoas c6amadas A*ariaS$ que am'as eramlegais e que se trata8a de pessoas di+erentes. 7 %le não se lem'ra dequalquer outra coisa. Não sa'e quem l6e introdu iu os nomes$ nemquando +oi$ etc. %m outras pala8ras$ *arcos tem a seguinte cren a:

    3: %-istem duas$ e somente duas$ pessoas di+erentesc6amadas A*ariaS que me +oram introdu idas.

    ;epare que 3 uma cren a claramente di+erente tanto de 1 quantode 2. #e 8oc& ainda não está con8encido disto$ tal8e a +ormali a ão

    7 O , r&o i$,rodu!ido $1o d * +ug rir =u M#r.o+ $+ =u 'oi # r + $,#do + du#+ g#ro,#+ ++o#"& $, 5 D '#,o od &o+ +u or =u " $1o +#9 + 'oi i$,rodu!ido + g#ro,#+ ++o#"& $, ou # $#+ ou*iu .o&o r #"& $, #.o$, . u #"gu

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    #egundo$ e mais importante$ supor que qualquer estipula ão destetipo necessária seria um ponto a +a8or de teorias da identiDca ão econtra perspecti8as causais como a de Perry. 9ra$ ao +a er esta

    estipula ão$ *arcos está identiDcando o o'Beto de sua cren a como aprimeira a nascer$ dentre as duas que l6e +oram apresentadas.Perspecti8as causais recusam que identiDca ão seBa uma condi ãonecessária para re+er&ncia. @erceiro$ sequer seria claro se$ após aestipula ão$ ainda temos um caso de reten ão de cren a$ que o quenos interessa. > ssim$ de8emos imaginar que *arcos não +e qualquerestipula ão deste tipo. Iito isto$ passemos C discussão do e-emplo$considerando cada op ão de resposta da se ão anterior. 10

    0pção 1: 2arcos reteve tanto a crença 31 quanto a crença 34 .Para aceitar esta op ão$ Perry teria de sustentar que *arcos possuidois arqui8os di+erentes. m'os os arqui8os teriam o nome A*ariaS Ta in+orma ão de que o seu re+erente legal e di+erente do re+erentedo nome contido no outro arqui8o. in+orma ão contida em umarqui8o seria causalmente deri8ada de *aria$ e a in+orma ão contida

    no outro seria causalmente deri8ada de *aria[. #omente este estadode coisas permitiria a Perry sustentar que *arcos rete8e am'as ascren as.

    Penso que isto implaus48el. *arcos não rete8e as duascren as. Para notar isto$ imagine que ele tente contar a ?os uma dasduas cren as que rete8e. @anto +a se 8oc& imagina que conta que*aria legal ou se conta que *aria[ legal. omo ele poderia +a eristo! %le poderia apelar a arti+4cios como aquela que nasceu primeiro .

    > A'i$#" od ri# + r o .#+o =u " +i& " +& $, rd u # .r $0# # /+ # +,i u"#01o #++ou # #.r di$#=ui"o $o*#& $, 5 M#+ i+,o < di' r $, d r , r u .r $0#5 A" =u #" g# =u u& "o.#u+#" < .o$di01o +u'i.i $, 5 Por ou,ro "#do + # r + o+,# < $1o $,1o od &o+ ro++ guir .o& o

    B & "o # $#+ #++u&i$do =u "#+ $1o o.orr &5

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    Poderia di er coisas como: con6eci duas pessoas c6amadas A*ariaS$e me reDro C mais no8a. *as$ como 8imos$ tais arti+4cios estão8etados. @udo que ele possui a cren a de que +oi introdu ido a duas

    pessoas com este nome e que am'as eram legais. Neste conte-to$seria implaus48el supor que ele +osse capa de contar ao ?os uma dascren as que adquiriu. suposi ão de que ele possui os dois arqui8osnos le8a C conclusão de que *arcos tem uma cren a que não podee-pressar.

    #upon6a que *arcos tente e-pressar uma de suas cren asatra8 s de ,.

    ,M *aria legal.Oual cren a ele está e-pressando! %stá ele e-pressando 1 ou 2!Oualquer escol6a aqui seria ar'itrária. ra ão de ser ar'itrária queele não capa de e-pressar qualquer uma das cren as. 11

    primeira o'Be ão que algu m pode +a er a isto que estoucon+undindo ter uma cren a com ser capa de e-pressáJla. *arcosrete8e am'as as cren as$ mas acontece que não pode e-pressáJlas.

    sto não a'surdo. Para pensar num e-emplo radical$ 6á algumaplausi'ilidade na ideia de que cac6orros possuem cren as$ mas nãosão capa es de e-pressáJlas linguisticamente. *as não se trata decometer esta con+usão. 9 pro'lema com o caso de *arcos queestamos assumindo que ele possui um arqui8o contendo um nomemais uma in+orma ão causalmente deri8ada de um o'Beto. l mdisto$ assumimos que isto condi ão suDciente para a re+er&ncia ereten ão de cren as. *as$ em seguida$ negamos que ele possae-pressar a sua cren a. 9 que implaus48el a ideia de que ele

    11 R #r =u # , + d =u M#r.o+ $1o < .# #! d B r ++#r =u#"=u r u d#+ du#+ .r $0#+ & #r,i.u"#r < .o$+i+, $, .o& # , + d =u " B r ++#alguma .r $0# #o ro' rir 5 U 6i /, + or B & "o <=u " r 'ir# .o$)u$,#& $, + du#+ &u"6 r + #,r#*

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    possa usar este material para reter uma cren a$ mas não parae-pressáJla.

    9utra o'Be ão consiste em recusar que *arcos não possa

    e-pressar a sua cren a. o pro+erir ,$ ele e-pressou alguma das duascren as que possui. penas acontece que nem nós nem *arcossa'emos qual . Ouando pro+eriu ,$ *arcos acessou um de seusarqui8os. #e o arqui8o que ele acessou cont m in+orma Gescausalmente deri8adas da *aria$ então ele e-pressou a cren a 1. #econt m in+orma Ges causalmente deri8adas de *aria[$ e-pressouuma a cren a 2.

    ra ão pela qual ac6o isto implaus48el que retira totalmentea responsa'ilidade de *arcos pelo que e-pressa. (em'reJse que*arcos não sa'erá e-plicar de qual das duas pessoas c6amadasA*ariaS ele +ala. @udo que ele sa'e que +oi introdu ido a duas e queam'as eram legais. Nada disso l6e permite sustentar que +ala de umadelas em particular pelo pro+erimento de ,. %le simplesmente pro+ereuma +rase$ e seu c re'ro +a todo o tra'al6o por ele. Z como se elepudesse decidir A8ou pro+erir , para +alar de uma das duas pessoasque me +oram apresentadasS e depois$ seu c re'ro decidisse de qualdelas ele +ala. Para+raseando rmstrong so're Ouine$ *arcos tempoder sem ter responsa'ilidade.

    ;esumindo. ome amos com a suposi ão de que *arcos rete8eos dois arqui8os. Neste caso$ teria retido am'as as cren as 1 e 2.#ustentei que$ se ele rete8e alguma das duas cren as$ seria capa dee-pressáJla. *as ele não capa de e-pressar qualquer uma dasduas. (ogo$ não rete8e qualquer uma. @al8e ele ten6a retido algumacren a$ di+erente destas$ ou tal8e não ten6a retido qualquer cren a$mas isto em nada a+eta o ponto do argumento.

    0pção 4: 2arcos reteve somente uma das duas crenças . Nestecaso$ ele terá retido uma cren a acerca de uma das duas garotas.Para isto$ ele tem de ter preser8ado pelo menos um dos dois

    arqui8os. #e o arqui8o cont m in+orma ão causalmente deri8ada de*aria$ então ele rete8e a cren a de que *aria legal L 1M$ mas se o

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    arqui8o cont m in+orma ão causalmente deri8ada de *aria[$ entãorete8e a cren a de que *aria[ legal L 2M.

    @al8e o que ten6a tornado implaus48el a ideia de que *arcos

    +osse capa de e-pressar suas cren as no caso anterior +oi asuposi ão de que ele possu4sse os dois arqui8os. #e supormos que elepossui apenas um$ tudo correria 'em. o pro+erir ,$ *arcos acessaaquele arqui8o que possui.

    *esmo que isto +osse plaus48el Le não penso que seBaM$ ter4amoso pro'lema de e-plicar por que apenas um arqui8o +oi retido. 9 que6á de especial em rela ão a um arqui8o que o outro não tem! 9

    e-emplo não parece dar margem para sustentar que um deles temalgo de especial$ que +e com que +osse retido. Nem mesmo parasustentar que um deles tem algo de pro'lemático$ que +e com quenão +osse retido. 9 mais plaus48el seria sustentar ou que *arcos temos dois ou que não tem qualquer um dos dois arqui8os. onclusão$ aop ão 2 não está dispon48el C Perry.

    0pção 5: 2arcos não reteve nem 31 nem 34 . Para sustentar

    isto$ Perry teria de aDrmar que *arcos não rete8e qualquer um dosarqui8os$ nem aquele com in+orma ão causalmente deri8ada de*aria$ nem aquele com in+orma ão causalmente deri8ada de *aria[.

    Oue ra ão Perry poderia +ornecer a +a8or de que *arcos perdeuos dois arqui8os! *arcos lem'ra que +oi apresentado a duas pessoasdi+erentes$ cada uma delas c6amada A*ariaS. %le tam' m sa'e querece'eu o predicado A- legalS de cada uma delas. Nada parece ter

    preBudicado a perman&ncia dos arqui8os. Nós temos o predicado A- legalS ocorrendo ora como causalmente deri8ado de um indi84duo$ora como causalmente deri8ado de outro. 9 que impediria o nomeA*ariaS de estar associado a um destes predicados +ormando umarqui8o e ao outro deles +ormando outro arqui8o! Não 8eBo umelemento na teoria de Perry que nos permita responder a isto.

    @al8e o pro'lema esteBa no +ato de 6a8er dois arqui8os

    contendo o mesmo nome. *as isto não pode ser um pro'lema. Nós+requentemente somos capa es de nos re+erirmos a indi84duos

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    cren as so're os indi84duos isoladamente. sto e-plica tam' mporque ele não consegue$ como 8imos antes$ e-pressar qualquercren a so're um indi84duo particular atra8 s do pro+erimento de ,.

    Por Dm$ e-plica porque *arcos não rete8e suas cren as.*as 6á ra ão para supor a e-ist&ncia de um Rnico arqui8omisturado! *arcos não +e nen6uma con+usão deste tipo ao acordar.%le não mistura in+orma Ges so're indi84duos di+erentes. %le lem'raper+eitamente que +oi introdu ido aos nomes de duas pessoasdi erentes e que rece'eu in+orma Ges so're cada uma delas emparticular. Z di+4cil 8er$ neste conte-to$ como uma e-plica ão causalpoderia apontar para uma mistura dos arqui8os ou da in+orma ãocontida neles.

    %m conclusão$ a teoria de Perry apresenta pro'lemas nos tr&scasos poss48eis. %le não consegue e-plicar o que acontece com*arcos$ se ele ret m ou não suas cren as e a ra ão disto acontecerou não. (em'remos que a moti8a ão de Perry para a sua teoria era

    Bustamente a sua +acilidade em lidar com pro'lemas de reten ão decren as. ontudo$ eu aca'ei de apresentar um caso de reten ão decren as do qual a teoria não dá conta. *eu diagnóstico que 6á algoerrado com esta teoria. credito que a teoria da identiDca ãoapresentada anteriormente pode ser usada para e-plicar o que estáerrado com a perspecti8a de Perry.

    9 @ermino considerando o que uma @eoria da dentiDca ão$ como

    aquela es'o ada na parte $ nos diria so're este e-emplo. Primeiro$consideremos a situa ão de *arcos depois de acordar. @udo que elepossu4a naquela situa ão era a in+orma ão de que +oi apresentado aduas pessoas c6amadas A*ariaS e que cada uma delas era legal.

    ssim$ todo o material identiDcador que possui o nome A*ariaSmais o marcador A- legalS. *as este material identiDcador$o'8iamente$ insuDciente para identiDcar qualquer indi84duoparticular. Iado que *arcos incapa de identiDcar qualquerindi84duo particular atra8 s deste material$ ele tam' m incapa de

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    se re+erir e sustentar cren as so're qualquer indi84duo particular.Portanto$ ele não ret m qualquer uma das duas cren as que possu4aantes. *arcos não rete8e nem 1 nem 2.

    ;epare que isto não o mesmo que aDrmar que ele +equalquer con+usão ou que misturou arqui8os. Nós podemos$ sedeseBarmos$ supor que ele possu4a duas daquelas entidades que Perryc6ama de arquivos . ada uma contendo o nome A*ariaS mais omarcador A legalS. inda assim$ contudo$ ele não terá retidoqualquer uma das duas cren as. sto porque o que importa não apenas a origem causal dos arqui8os ou da in+orma ão contida neles$mas o que +a emos com o material contido neles. %ste material usado para identiDca ão de o'Betos. *as neste caso$ de8ido ao +atode os dois arqui8os conterem um material muito po're$ eles nãoser8irão para este propósito. *arcos sequer capa de di+erenciar*aria de *aria[ com o material que possui. Portanto$ não capa deidentiDcar qualquer uma das duas.

    Iado o que *arcos se lem'ra$ nós estamos intitulados a aDrmarque ele possui$ pelo menos $ a cren a de que existe um x e existe um

    6) tal que: x e 6 são chamados %2aria() x e 6 são legais) e x !di erente de 6.. . sto $ *arcos possui a cren a 3. *as esta umacren a di+erente tanto de 1 quando de 2. ada uma das duasRltimas uma cren a so're um o'Beto particular$ 3 não. %le estáciente de que +oi introdu ido duas 8e es ao nome A*ariaS$ cada uma+a endo re+er&ncia a um indi84duo di+erente$ e que rece'eu ain+orma ão de que am'as eram legais. *as isto insuDciente parapermitirJl6e identiDcar cada uma das pessoas em particular. %le não capa de di+erenciar *aria de todos os outros o'Betos do mundo$ enem capa de di+erenciar *aria[ de todos os outros o'Betos domundo. *ais uma 8e $ ele sequer capa de di+erenciar uma daoutra. Por isto$ não possui nen6uma das duas Rltimas cren as.

    on+orme dito antes$ ele seria capa se enriquecesse seumaterial com mais marcadores. 13 %le pode +a er isto estipulando que

    13 E&9or# i+,o $1o +ig$i'i=u =u " r , * # .r $0#5

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    deseBa +alar daquela$ dentre as duas$ que nasceu primeiro. %m todocaso$ estipula Ges como esta en8ol8em uma peculiaridade. #eusucesso em se re+erir dependeria de a estipula ão +eita ser

    8erdadeira de um e somente um indi84duo. #e ele estipula que deseBa+alar daquela$ dentre as duas c6amadas A*ariaS que l6e +oramapresentadas$ que nasceu primeiro$ então seu sucesso em se re+erirdependerá de e-istir um e somente um indi84duo$ dentre as duas$ quenasceu primeiro. %ste seria uma das e-ce Ges em que os marcadoresteriam de ser 8erdadeiros do re+erente.

    9 mesmo pode acontecer em rela ão aos momentos antes dedormir. *arcos possu4a tanto a cren a de que *aria legal como a deque *aria[ legal. *as era capa de identiDcar cada uma de ummodo pró-imo ao que +oi dito acima. %le poderia$ por e-emplo$identiDcar *aria como a pessoa a quem seu amigo se re eriu da

    primeira vez $ e *aria[ como a pessoa a quem seu amigo se re eriu dasegunda vez . di+eren a que no momento da con8ersa ão Le tal8etempo depoisM ele não precisou +a er qualquer estipula ão. stoesta8a dado pelo conte-to.

    Portanto$ a resposta ao e-emplo reside no quão rico omaterial identiDcador de *arcos. No momento depois de acordar$parece claro que o material po're e não l6e permite identiDcarningu m em particular. ssim$ ele não rete8e as suas cren as. Nomomento da con8ersa ão parece claro que o material erasuDcientemente rico$ de modo que *arcos era capa de identiDcaram'as as mul6eres$ e sustentar cren as so're cada uma delas emparticular.

    9 mesmo 8alerá para os momentos após a con8ersa ão e$ noentanto$ antes de *arcos ir dormir. #upon6a que *arcos con8ersoucom seu amigo 6á duas 6oras$ mas que ainda não +oi dormir. *arcosrete8e as duas cren as que tin6a no momento da con8ersa ão! stodependerá da rique a do material retido por ele. #e$ neste momento$tudo que ele lem'ra que +oi introdu ido duas 8e es ao nomeA*ariaS e que o re+erente de am'os era legal$ então não terá retido

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    nem 1 nem 2. sua reten ão destas cren as dependerá de seumaterial identiDcador permanecer rico o suDciente para identiDcarcada uma das mul6eres em particular.

    ssim$ conseguimos e-plicar tanto como *arcos pode possuirduas cren as di+erentes em alguns momentos antes de ir dormirquanto por que não as possui depois de acordar. perspecti8a daidentiDca ão tem mais +acilidade que a de Perry para lidar com oe-emplo acima. 9 erro de Perry$ penso$ +oi não 8er o papelidentiDcador do material do +alante.

    %m conclusão. Perry pensa que uma 8antagem de sua @eoriaausal e-plicar a reten ão de cren as. 9 que garante a reten ão de

    uma cren a so're x a e-ist&ncia de um arqui8o contendoin+orma Ges causalmente deri8adas de x . #ustentei que estaperspecti8a não tem realmente sucesso em e-plicar a reten ão decren as. i isto atra8 s do e-emplo de *arcos. Ie+endi que nen6umadas respostas dispon48eis a Perry satis+atória quanto ao caso. Porsua 8e $ sugeri que a perspecti8a da identiDca ão apresentada nase ão capa de e-plicar o que acontece no caso de *arcos. perspecti8a de Perry 'em pró-ima da min6a. principal di+eren a que acrescento um papel identiDcador aos marcadores$ recusandoque alguma esp cie de elo causal seBa condi ão suDciente parare+er&ncia e reten ão de cren as. Ie8eJse manter em mente$contudo$ que nada disse so're a necessidade de um elo causal.

    Nem de longe isto algo decisi8o a +a8or da perspecti8a daidentiDca ão. sto principalmente porque e-iste um conBunto dee-emplos que supostamente mostram que demasiado e-igentepostular identiDca ão como condi ão necessária para a re+er&ncia. )áuma cren a ra oa8elmente di+undida de que +alantes completamenteignorantes acerca do re+erente do nome podem$ ainda assim$ tersucesso em se re+erir pelo nome. % o mesmo 8ale para a capacidadede sustentar e reter cren as so're o re+erente do nome. 9 próprioPerry pensa isto L1>70:73M. Por outro lado$ acredito Bá ter mostrado

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    em outro lugar que estes e-emplos não são realmente um pro'lemaL#alles$ 2013:=,J71M. *as esta outra 6istória.

    ,>servações inaisNão ac6o que a solu ão de Perry para a re+er&ncia porempr stimo esteBa totalmente errada. liás$ a perspecti8a de Perry muito pró-ima daquela que eu mesmo de+endo. Ie +ato$ ac6o quePerry acertou em quase tudo. #eu erro +oi não recon6ecer um papeladicional dos marcadores$ o papel identiDcador que eles t&m.

    ;epare$ portanto$ que não recuso que elos causais são umaparte importante da e-plica ão correta da re+er&ncia. Ie +ato$ aperspecti8a da identiDca ão apresentada na se ão aceita tais elos.%u sequer recuso que a e-ist&ncia de um elo causal de um tipoapropriado seBa uma condi ão necessária para o sucesso dare+er&ncia por empr stimo. No8amente$ a Rnica coisa que de+endi que a teoria de Perry erra ao supor que certo tipo de elo causal sufciente para o sucesso da re+er&ncia.

    Por Dm$ importante entender que$ pelo menos em um sentido$eu não sou um descriti8ista. 9 descriti8ismo muitas 8e esinterpretado como aDrmando que: uma condi ão necessária para osucesso da re+er&ncia que o usuário do nome ten6a con6ecimentoproposicional de que o re+erente do nome o Rnico a possuir certapropriedade. #e interpretarmos o descriti8ismo como comprometidocom esta tese$ então não serei um descriti8ista. teoria daidentiDca ão que de+endi para o +en meno da re+er&ncia porempr stimo não requer qualquer con6ecimento proposicional destetipo. Ie +ato$ tudo que ela e-ige que +alantes ten6am$ pelo menos$a habilidade pr"tica de identiDcar o re+erente do nome$ que os+alantes pelo menos saibam como usar o seu material para tal Dm.

    parentemente$ nada nos comprometeria a interpretar esta6a'ilidade prática como con6ecimento proposicional. #eBa como +or$ arela ão entre o tipo de tese que de+endo e teorias descriti8istas +oi

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    in8estigada$ em maior detal6e$ em outro lugar L#alles: 2013: se ão3.1"M.

    Re?er@ncias*P %(($ ?o6n L2002M. 7e erence and 3onsciousness . 9-+ordogniti8e #cience #eries. larendon press. 9-+ord.

    I% @@$ *ic6ael L1>71M A ausal t6eory o+ designation L1 e 2MS. n:8esignation . olum'ia Qni8ersity Press.I% @@$ *ic6ael. #terelny$ Him L1>>>M9anguage and 7ealit6: anintroduction to the philosoph6 o language . 9-+ord$ lac/Eell.I9NN%(( N$ Heit6 L1>=,M A#pea/ing o+ Not6ingS. n: #he

    hilosophical 7evie;. ol. 73$ No 1$ pp. 3J31. Iu/e Qni8ersity Press.% N#$ 72M @6e arieties o+ ;e+erence. larendon Press V 9-+ordQni8ersity Press V NeE or/. 2002.

    ? H#9N$ ran/ L2010M. 9anguage) +ames) and $n ormation .lac/Eell.

    H; PH%$ #aul . L1>=2 1>70M+aming and +ecessit6 . 9-+ord$ lac/Eell$1>>0.H;99N$ rederic/ f. L1>7=M. A ausal descripti8ismS$ ustralasian

    ?ournal o+ P6ilosop6y$ "5:1$ 1J1=.(%f #$ Ia8id L1>7,M APutnamFs Parado-S n: apers in metaph6sicsand epistemolog6 . am'ridge Qni8ersity Press$ 1>>>. pp. 5"J==*c Q((9 H$ 7>M. #he 70M A Pro'lem 'out ontunued elie+S. n: #he

    roblem o =ssential $ndexical and 0ther =ssa6s . 9-+ord Qni8ersityPress$ 1>>3.# ((%#$ #agid L2013M.+omes r'prios: 7e er ncia e $dentifcação.Iispon48el em: 6ttp: ppglm.Dles.Eordpress.com 2007 12 dissertacaoJppglmJsagidJ+erreira.pd+ .

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    http://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdfhttp://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdfhttp://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdfhttp://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdf

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    ',-E& E&&B' IA E .,&&I;I I A E C#cott #oames

    @radu ão de (. ). *arques #egundo 1,

    .RD9IA , A. T ,

    1. * signifc>ncia do +aming and +ecessit6 4. or que as descrições não ornecem o signifcado dos nomes

    9 argumento modal de que os signiDcados dos nomes não sãodados pelas descri Ges que os +alantes associam a eles.

    5. 8esignação r?gida

    Iesigna ão ;4gida e o rgumento *odal

    IeDni ão de designa ão r4gida o argumento de Hrip/e de queos nomes são r4gidos ao passo que as descri Ges tipicamenteassociadas a eles não a tentati8a de e8itar esse argumentoapelandoJse para as descri Ges rigidiDcadas a e-tensão doargumento modal para re'ater essa proposta.

    Qma con+usão a ser e8itada

    omo que a aDrma ão de que n designa o pode não sernecessária$ muito em'ora n designe o no que di respeito atodos os estados do mundo poss48eis.

    Iesigna ão r4gida e essencialismo

    9 uso da designa ão r4gida para re'ater a o'Be ão de Ouine deque não +a sentido di er de o$ independentemente de como ele

    descrito$ que ele tem uma propriedade essencialmente.Iesigna ão r4gida$ mundos poss48eis e AidentiDca ão transmundoS

    *undos poss48eis não são uni8ersos alternati8os que requeremcrit rios para a identiDca ão das contrapartes dos o'Betose+eti8amente e-istentes eles são estados poss48eis nos quais ouni8erso poderia ter estado o sentido no qual os designadoresr4gidos são usados para AestipularS esses estados.

    [ N#& + E++ $. #$d Po++i9i"i,> 5 Philosophical Analysis in Twentieth Century, vol !" The Age of #eaning 5 Pri$. ,o$ U$i* r+i,> Pr ++ 5 C# 2,u"o 51, olsista P%#$ doutorando pela Q # .

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    são parcialmente constitu4dos por +atos inteiramente +ora dele.inalmente$ o +aming and +ecessit6 desempen6ou um grande papel

    na reBei ão impl4cita$ em'ora di+undida$ da perspecti8a V 'astantepopular entre os Dlóso+os da linguagem comum V de que a DlosoDa

    nada mais do que análise da linguagem..or Gue descrições não dão os signi"cados dos noHes

    ome aremos a nossa in8estiga ão do tra'al6o de Hrip/ee-aminando a sua discussão da teoria descriti8ista dos nomespróprios$ da qual ele distingue duas 8ersGes. Ie acordo com aprimeira$ os nomes próprios t&m os mesmos signiDcados que asdescri Ges que os +alantes associam a eles. Ie acordo com asegunda$ em'ora os nomes possam não ser sin nimos das

    descri Ges$ o re+erente de um nome próprio n$ quando usado por um+alante num dado instante$ determinado$ como questão de regralingu4stica$ como sendo um e Rnico o'Beto que satis+a as descri Gesassociadas a n pelo +alante naquele instante. Qma 8e que osigniDcado de um termo supostamente determina a sua re+er&ncia$ aprimeira 8ersão da teoria descriti8ista entendida como implicando asegunda. con8ersa$ no entanto$ não se dá pode acontecer que ore+erente de um nome seBa$ como questão de regra semKntica$determinado por uma descri ão$ muito em'ora o nome não seBasin nimo da descri ão. %ssas duas 8ersGes da teoria descriti8ista sãoe-pressas pelas teses 1 e 2. 1"

    A& TE&E& &,;RE ,& ',-E&

    @ese 1: 9 signiDcado de um nome n Lpara um +alantenum dado momentoM dado por uma descri ão$ umaconBun ão de descri Ges$ ou um agregado dedescri Ges I que o +alante associa a n naquele instante.#e I dá o signiDcado de n$ então a su'stitui ão de umpelo outro preser8a tanto o signiDcado quanto aproposi ão e-pressa. ssim$ se #F resulta de # pelasu'stitui ão de I por uma ou mais ocorr&ncias de n em#$ então # e #F signiDcam a mesma coisa e e-pressam amesma proposi ão.

    @ese 2: 9 re+erente de um nome n Lpara um +alantenum dado momentoM semanticamente D-adoLdeterminadoM por uma descri ão$ uma conBun ão dedescri Ges$ ou um agregado de descri Ges I que o

    1" E++#+ +1o r .o$+,ru0 + d#+ du#+ , + + d# $ ir# .o&o ri ? #+ $, $d 5 P#r# #+ r/ ri#+'or&u"#0 + d ri ? * )# 5 - do $aming and $ecessity 5

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    +alante associa a n naquele instante. #e I D-a ore+erente de n$ então:

    LiM o +alante acredita que I se aplica a um Rnico

    indi84duoLiiM se I se aplica a um Rnico indi84duo o$ então o o re+erente de n

    LiiiM se I não se aplica a um Rnico indi84duo$ então nnão tem re+erente.

    Li8M o +alante sa'e L capa de sa'erM a priori que sen existe, então n é e-pressa uma 8erdade.

    Na palestra 1$ Hrip/e o+erece um argumento contra a tese 1$ que 8eio

    a ser con6ecido como o argumento modal . lustremos o argumentocom um e-emplo. #eBa n o nome *rist'teles . #eBam L1J7M candidatos Cdescri ão I que dá o signiDcado do nome.

    1. 9 +undador da lógica +ormal4. 9 maior aluno de Platão5. 9 pro+essor de [email protected] +amoso Dlóso+o grego nomeado A ristótelesSA. 9 Rltimo grande Dlóso+o da antiguidadeB. conBun ão de 1J5C. conBun ão de todas as descri Ges que o +alante associa a nD. Qm agregado de descri Ges$ incluindo 1J5$ que o +alante associa

    a n

    Para os nossos propósitos$ a aDrma ão de que o signiDcado de umnome dado por um agregado de descri Ges I 1 ... I n será tomadocom equi8alente C aDrma ão de que o signiDcado do nome dadopela descri ão a coisa da qual a maior parte (ou um númerosufciente) das seguintes são verdadeiras: é D 1 , é D , !!!, é D n!Podemos agora testar a aDrma ão de que o signiDcado de *rist'teles

    dado por uma ou mais das descri Ges L1J7M$ aplicando o seguinteteste modal.

    , TE&TE -, A

    #e I dá o signiDcado de n$ então a proposi ãoL8erdade declara ão aDrma ãoM e-pressa pela +rase

    "e n existiu, então n era D!

    uma 8erdade necessária.

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    ra ão por trás desse teste que se I tem o mesmo signiDcado den$ então a su'stitui ão de uma pela outra numa +rase não mudará aproposi ão e-pressa Lou a aDrma ão +eitaM. *as isso signiDca que a+rase "e n existiu, então n era D e-pressa a mesma proposi ão

    Ldi a mesma coisaM que a +rase "e D existiu, então D era D . Qma8e que a Rltima +rase e-pressa uma 8erdade necessária$ a primeiratem tam' m de e-pressar. o usar a terminologia verdade necess"riadiremos o seguinte: uma proposi ão uma 8erdade necessária sse LiM

    8erdadeira dado o modo como o mundo e+eti8amente e LiiM teriasido 8erdadeira caso o mundo esti8esse em algum outro estadoposs48el no qual poderia ter estado.

    #e a tese 1 esti8er correta$ então tem de 6a8er alguma descri ão Ique os +alantes associam ao nome A ristótelesS tal que a proposi ãoe-pressa por "e #rist$teles existiu, então #rist$teles %oi D uma 8erdade necessária. Ie +ato$ uma 8e que I dá o signiDcado deA ristótelesS$ a proposi ão e-pressa por essa +rase de8eria sernecessária e con6ec48el a priori . *as$ argumenta Hrip/e$ não 6á taldescri ão I. Por e-emplo$ considere a descri ão o undador da l'gica

    ormal como uma poss48el candidata. Para aplicar o teste modal$perguntamos se a aDrma ão &e *rist'teles existiu) então *rist'teles

    oi o undador da l'gica ormal uma 8erdade necessária. Ii er que uma 8erdade necessária di er que não 6á maneira poss48el na qual

    o mundo poderia ter sido que tornaria a antecedente$ *rist'telesexistiu $ 8erdadeira$ e a consequente$ *rist'teles oi o undador dal'gica ormal $ +alsa. *as isso não parece correto. Pelo contrário$parece que o mundo poderia ter estado numa circunstKncia na qual

    ristóteles e-istiu$ mas não +undou qualquer lógica. Qma 8e queristóteles poderia ter e-istido sem ser o +undador da lógica +ormal$

    então a aDrma ão condicional &e *rist'teles existiu) então *rist'telesoi o undador da l'gica ormal não uma 8erdade necessária. ssim$

    o nome *rist'teles não signiDca a mesma coisa que a descri ão o

    undador da l'gica ormal .%sse resultado não isolado. 9 mesmo argumento poderia ser+ornecido a outras descri Ges candidatas L1J7M$ ou a outras descri Gescom as quais naturalmente poderJseJia pensar como su'stitutas donome *rist'teles . ra ão para isso que apro-imadamente todas asdescri Ges que as pessoas 6oBe associam ao nome t&m a 8er com os+amosos +eitos de ristóteles$ especialmente aqueles en8ol8endo asua DlosoDa. No entanto$ como Hrip/e corretamente mostrou$nen6uns desses +eitos eram condi Ges necessárias para ristótelese-istir. 1= ristóteles poderia ter e-istido ainda que não ti8esse ido1= M +&o + r $o& #do Ari+,/, " + $1o r# u .o$di01o $ . ++@ri# #r# Ari+,/, " + Bi+,ir5

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    para a DlosoDa$ ou +eito algo importante. Iesse modo$ Hrip/e estápronto para a8an ar o argumento que aca'amos de o+erecer usandoqualquer descri ão ou agregado de descri Ges 'aseadas nos +amosos+eitos ou nas caracter4sticas mais con6ecidas de ristóteles. *as uma

    8e que elas +ornecem o principal conteRdo descriti8o que a maioriade nós associa ao nome$ ele conclui que a teoria descriti8ista dosigniDcado incorreta enquanto teoria de como a maioria de nós usao nome.

    +or a desse argumento contra a teoria descriti8ista do signiDcadodos nomes próprios pode ser apreciada perguntandoJse quecondi Ges uma descri ão teria de satis+a er a Dm de 'loquear oargumento. No m4nimo$ a descri ão I teria de ser tal que aproposi ão e-pressa por "e n existiu, então n %oi D serianecessária e a priori . 9 pro'lema que para apro-imadamente todosos nomes que se possa pensar$ tais descri Ges não podem sero'tidas. #e isso esti8er correto$ então a tese 1 +alsa.

    9 argumento que aca'amos de +ornecer contra a tese 1 não 8aicontra a tese 2$ que e-pressa a perspecti8a de que as descri GesD-am semanticamente os re+erentes dos nomes. ra ão disso quea tese 2 não alega que nomes e descri Ges são sin nimos. oi

    Bustamente a aDrma ão de que os nomes t&m os mesmos signiDcadosque certas descri Ges que nos permitiu 8er a tese 1 comocomprometida com a ideia de que quando su'stitu4mos nomes edescri Ges uns pelos outros numa +rase$ não mudamos a proposi ãoe-pressa$ e$ por conseguinte$ não mudamos o estatuto modal ouepistemológico da +rase. #upon6a$ no entanto$ que ti8 ssemos umateoria que nos dissesse não que I dá o signiDcado de n$ mas apenasque I D-a semanticamente o re+erente de n. @al teoria so're a D-a ãodo re+erente não se comprometeria com a ideia de que a su'stitui ãode um pelo outro tem de preser8ar a proposi ão e-pressa. *as caso asu'stitui ão pudesse mudar a proposi ão e-pressa$ não ter4amosra ão para pensar que tam' m não poderia mudar o estatuto modalou epist&mico da +rase. ssim$ em'ora o argumento modal possa ser8isto como re+utando a tese de que nomes são sin nimos dasdescri Ges que os +alantes a eles associam$ não re+uta por si próprio aperspecti8a de que essas descri Ges determinam semanticamente osre+erentes dos nomes. ssim$ se quisermos criticar a 8ersão D-adorada re+er&ncia da teoria descriti8ista$ preciso de argumentosadicionais. Nas palestras 2 e 3 Hrip/e +a isso. *as antes deconsiderarmos esses argumentos$ precisamos e-aminar alguns dosconceitos centrais que ele emprega.

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    esignação R gida

    # designa&ão r'gida e o argumento modal

    9 primeiro desses conceitos o de um designador r4gido. 17

    E&IJ'A8 , R JI A

    Qm termo singular t um designador r4gido de umo'Beto o sse designa o no que di respeito a todos osestados poss48eis do mundo Lem que o e-isteM e$ al mdo mais$ t nunca designa algo al m de o Lno que direspeito a qualquer estado poss48el do mundoM.

    #e um termo singular um designador r4gido de um o'Beto o$ então

    as +rases que cont&m t são 8erdadeiras quando tomadas comodescri Ges de estados poss48eis alternati8os do mundo$ ; 1$; 2$; 3$ sseum e o mesmo o'Beto o tem as propriedades rele8antes naquelesestados alternati8os. Por e-emplo$ se t um designador r4gido de umo'Beto o$ e-pressa a propriedade E$ e p a proposi ão e-pressa por

    t $ então LiM p 8erdadeira relati8o ao estado e+eti8o do mundo ssecomo as coisas são e+eti8amente no mundo$ o tem a propriedade E$ eLiiM p 8erdadeira no que di respeito a qualquer estado poss48el ; domundo sse relati8o a ; $ o tem a propriedade E Li.e.$ se o mundoesti8esse no estado ; $ então o teria a propriedade EM. #e t umdesignador nãoJr4gido de o$ então em'ora LiM permanece como acima$LiiM não. #et nãoJr4gido$ então 6á +rases t $ propriedades E$proposi Ges p e estados do mundo ; e ; [ tal que p e-pressa por t $e ou p 8erdadeira no que di respeito a ; muito em'ora o nãoten6a E no que di respeito a ; $ ou p +alsa no que di respeito a ; [muito em'ora ten6a E no que di respeito a ; [ Lou am'osM.

    Por e-emplo$ considere o par L>M e L10M.

    F. 9 8encedor das elei Ges presidenciais dos %stados Qnidos de1>>" era um democrata.

    1G. ill linton era um democrata.

    descri ão o vencedor das eleições presidenciais dos =stados Hnidosde 1FFB e o nome Iill 3linton designam o mesmo indi8iduo o. Qma8e que o era um democrata$ tanto L>M quanto L10M são 8erdadeiras17 E++# < u * r+1o +i& "i'i.#d# =u *i,# *@ri#+ .o& "i.#0 +5 Por B & "o d iB#&o+ d 'or#i$d Bi.#i+ *#ri@* i+ d &odo =u $1o r .i+#&o+ r "#,i*i!#r # r ' r $.i# # .o$, B,o+ #,ri9ui0 + d*#"or + # *#ri@* i+5 P#r# u d 'i$i01o =u " * & .o$,# ++#+ .o& "i.#0 + * )# o & u Reference and

    (escription" The Case Against Two)(imensionalist Pri$. ,o$ U$i* r+i,> Pr ++ Q5 P#r# o+ $o++o+ ro /+i,o+ .o$+id r &o+ .o&o , r&o+ +i$gu"#r + $o& + d +.ri0 + d 'i$id#+ +i$gu"#r + .o&oo tal etal 5

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    no que di respeito ao mundo como e+eti8amente L+oiM. sso não assim no que di respeito a um estado poss48el ; do mundo em que

    linton concorreu como um democrata mas o repu'licano o' Iole8ence as elei Ges de 1>>". 9 indi84duo cuBa Dlia ão partidária

    determina o 8alor de 8erdade de L10M relati8o a estado do mundo ; ill linton$ o mesmo indi84duo que rele8ante para determinar o8alor de 8erdade de L10M no estado e+eti8o do mundo. ssim$ L10M 8erdadeira no que di respeito a ; . No entanto$ o indi84duo cuBaDlia ão partidária determina o 8alor de 8erdade de L>M relati8o a ;não ill linton$ mas antes$ o' Iole. ssim$ L>M +alsa no que direspeito a ; . %sse e-emplo mostra que a descri ão o vencedor daseleições presidenciais dos =stados Hnidos de 1FFB nãoJr4gida$ aopasso que o nome Iill 3linton r4gido.

    Por que para um designador r4gido o mesmo o'Beto o rele8ante noque di respeito a todos os estados poss48eis do mundo$ ao passo quepara um designador nãoJr4gido os o'Betos rele8antes di+erem deestado do mundo para estado do mundo! resposta pode ser dadacomo se segue: se t r4gido$ então qualquer o'Beto que seBadesignado por t designado por t no que di respeito a todos osestados poss48eis do mundo em que esse o'Beto e-ista$ e nada al mdesse o'Beto designado por t no que di respeito a qualquer estadodo mundo mas se t nãoJr4gido$ então ou o que e+eti8amente

    designado por t não designado por t no que di respeito a outrosestados poss48eis do mundo Lem que esse o'Beto e-isteM$ ou algoal m desse o'Beto designado por t no que di respeito a algumestado do mundo. 1> sso sugere um teste lingu4stico para determinarse um termo singular ar'itrário em Portugu&s um designador r4gido.

    - TE&TE I'J &TI ,

    t um designador r4gido sse a +rase indiv'duo queé (%oi) e%etivamente t não poderia ter existidosem ser t, e nada além do indiv'duo que é (%oi)e%etivamente t poderia ter sido t e-pressa uma8erdade.

    Posto de outro modo: um termo singular t do Portugu&s umdesignador r4gido sse as +rases rele8antes da +orma L11M e L12M são

    1> E++# id i# < u & r# # roBio =u ig$or# . r,#+ .o& "i.#0 + #9+,ru+#+ =u +urg & & .#+o++ .i#i+ =u#$do o+ i$d Bi.#i+ +1o .o$+id r#do+ # $o01o d d +ig$#01o r2gid# < r "#,i*i!#d# #o.o$, B,o5 3O & +&o *#" #r# o , +, "i$gu2+,i.o =u + + gu 45

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    +alsas. Qm termo singular nãoJr4gido sse ou L11M ou L12M são8erdadeiras.

    11. 9 indi84duo que L+oiM e+eti8amentet poderia ter e-istido

    sem ser t .14. Poderia ter sido o caso que algu m al m do indi84duo quee+eti8amente L+oiMt +osse t .

    Hrip/e sustenta que se aplicarmos esse teste desco'riremos que osnomes próprios são designadores r4gidos$ ao passo que a maioria dasdescri Ges comuns não são. sso não quer di er que ele pensa quenen6uma descri ão seBa r4gida por e-emplo$ ele consideraria a raiz quadrada positiva de 4A e o indiv?duo que ! id ntico a &aul JripKecomo sendo r4gidas. No entanto$ ele acredita que no que di respeitoC maioria dos nomes comuns$ descri Ges como essas não são 'oascandidatas para serem usadas pelos +alantes para dar os signiDcadosou esta'elecer a re+er&ncia. 20 ssim$ no caso da 8asta maioria dosnomes comuns$ ele sustentaria que as descri Ges associadas a elessão nãoJr4gidas. %m particular$ as descri Ges L1J7M associadas aonome *rist'teles em nosso e-emplo são nãoJr4gidas.

    om isso em mente$ podemos apresentar o argumento modal deHrip/e. %m ess&ncia$ o argumento o seguinte:

    LP1M9s nomes são designadores r4gidos.LP2M omumente$ as descri Ges associadas aos nomes pelos

    +alantes não são designadores r4gidos.

    L M Portanto$ os nomes comumente não são sin nimos dasdescri Ges associadas a eles pelos +alantes.

    %sse argumento +oi imediatamente recon6ecido como um desaDopoderoso ao descriti8ismo so're os signiDcados dos nomes próprios$ econtinua a ser aceito por muitos Dlóso+os 6oBe em dia.;ecentemente$ no entanto$ uma resposta ao argumento tem tidocerta aceita ão entre alguns teóricos que continuam a ser atra4dospelo descriti8ismo. resposta 'aseada na o'ser8a ão de que paraqualquer descri ão nãoJr4gida o $ podemos +ormar uma descri ãor4gida o e%etivo que designa$ quando estamos a +alar de qualquer

    20 D iB#&o+ d "#do #=ui .#+o+ + .i#i+ .o&o o $u& r#" =u .o$. 9i* "& $, od ri# + r d 'i$ido.o&o o sucessor de * 5

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    estado poss48el do mundo$ o indi84duo que no estado e+eti8o domundo. 21 onsidere$ por e-emplo$ a +rase L13M.

    15. Poderia ter sido o caso que o 8encedor e+eti8o das elei Ges

    presidenciais de 1>>" não 8enceu as elei Ges presidenciais de1>>".

    ntuiti8amente$ o que essa +rase di 8erdadeiro. sso signiDca quetem de 6a8er um estado poss48el do mundo$ ;) tal que a +rase L1,M$como usada por nós$ 8erdadeira quando tomada como umadescri ão de ; .

    [email protected] 8encedor e+eti8o das elei Ges presidenciais de 1>>" não

    8enceu a elei ão presidencial de 1>>".sso$ por sua 8e $ signiDca que o indi84duo que conta como re+erente

    do nosso uso do termo o vencedor e etivo das eleições presidenciaisde 1FFB$ quando usada para di er algo so're ; $ o indi84duo que8enceu a elei ão$ não com respeito a ; $ mas no que di respeito aomundo como e+eti8amente . +rase L1,M 8erdadeira no que direspeito a ; $ pois esse indi84duo V a pessoa que +oi a 8encedora noque di respeito a estado e+eti8o do mundo V não 8enceu no que direspeito a ; . li ão aqui que o resultado de se adicionar o operadorde e+eti8idade a uma descri ão o resulta numa no8a descri ão$ o e%etivo $ que designa rigidamente o o'Beto que a primeira descri ãodesigna no estado e+eti8o do mundo Lse tal o'Beto unicamentedesignado por o relati8o ao estado e+eti8o do mundoM. %ssa ideiatem sido usada por alguns descriti8istas pósJ/rip/ianos para sugerirque os nomes são sin nimos$ não das descri Ges comuns$ mas dasdescri Ges rigidiDcadas pelo uso do operador de e+eti8idade. %ssatese$ com e+eito$ ataca a premissa P2 acima$ e não re+utada peloargumento modal que Hrip/e o+erece.

    Não o'stante$ a proposta +al6a por outras ra Ges. Primeiro$ se aproposta +osse correta$ então a proposi ão e-pressa por "e nexistiu, então n %oi D seria o mesmo que a proposi ão e-pressa por"e o D e%etivo existiu, então o D e%etivo %oi D . %ssa Rltimaproposi ão algo con6ec48el a priori$ independentemente dequalquer e8id&ncia emp4rica. No entanto$ quando n um nomepróprio comum$ a proposi ão e-pressa por "* n existiu, então n %oi D tipicamente não con6ec48el a priori . ssim$ as duas proposi Ges

    21 E++# #'iro < d #"gu& &udo u& B#g ro ig$or# #+ .o& "i.#0 + & $.io$#d#+ $#+ $o,#+ Q5O+ i$, r ++#do+ $u& .#+o i+ .o& " ,o d * ri#& * r # di+.u++1o do u+o do o r#dor d ' ,i*id#d #r#rigidi'i.#r d +.ri0 + $# o9r# .i,#d# $# $o,# 5

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    são di+erentes$ e a proposta de sal8ar a tese 1 8ai a pique. L%sseponto está impl4cito no +aming and +ecessit6 . ;etornaremos a elemais tarde quando discutirmos o conteRdo da palestra 2 de Hrip/e.M

    )á tam' m um segundo pro'lema com a proposta que Hrip/e nãotratou$ mas que discutido detal6adamente no cap4tulo 2 do meuIe6ond 7igidit6 .22 *encionarei apenas o seu ponto principal. proposi ão de que o e+eti8o < uma proposi ão que di so're oestado e+eti8o do mundo que o indi84duo que unicamente no quedi respeito a ele tam' m Pr ++ 4523 N ++ #r@gr#'o u+o F G .o&o " ,r#+ +=u &@,i.#+5 D < u+#do .o&o u *#ri@*& ,#"i$gu2+,i.#5

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    poss48el acreditar na proposi ão e-pressa por *rist'teles oi umfl'so o sem acreditar na proposi ão e-pressa por D e%etivo %oi um fl$so%o $ e$ por conseguinte$ que as duas proposi Ges sãodi+erentes. 2, ssim$ a proposta de que nomes são sin nimos de

    descri Ges rigidiDcadas pelo uso do operador de e+eti8idade +alsa. # con%usão a ser evitada

    ntes de prosseguir$ paremos para a+astar uma con+usão muito +ácilde se +a er$ e muito importante de ser e8itada. con+usão surge deum enigma gerado pelas duas aDrma Ges seguintes.

    LiM 9 nome A ristótelesS um designador r4gido. ssim$ paratodos os estados poss48eis ; do mundo$ re+ereJse ao mesmo

    indi84duo V o 6omem ristóteles V no que di respeito a ; .LiiM Não uma 8erdade necessária que ristóteles se c6amasseA ristótelesS poderia ter sido o caso de o nome A ristótelesSnão se re+erir a ristóteles. ssim$ tem de 6a8er algumestado do mundo$ ;) tal que a aDrma ão de que A ristótelesSnão re+ere ristóteles 8erdadeira no que di respeito a ; .

    m'as as aDrma Ges são 8erdadeiras$ e am'as seriam endossadas

    por Hrip/e. No entanto$ isso poderia parecer em'ara oso$ uma 8eque LiM e LiiM podem parecer inconsistentes. 9 que +a LiM e LiiMparecerem inconsistentes a tend&ncia de tacitamente se aceitar LiiiMcomo algo demasiadamente ó'8io.

    LiiiM rela ão ternária re ere LLL no que diz respeito a LLL Ltacitamente in8ocada em LiMM esta'eleceJse entre o nomeA ristótelesS$ o 6omem ristóteles e um estado ; do mundosse 8erdadeiro no que di respeito a ; que a rela ão'inária LLL re ere LLLLin8ocada em LiiMM esta'eleceJse entreA ristótelesS e ristóteles V i.e.$ sse a aDrma ão de queA ristótelesS re+ere ristóteles 8erdadeira quando tomadacomo uma descri ão de ; .

    2, E++ #++o $o #rgu& $,o +u ,#.i,#& $, #++i& .o&o o #rgu& $,o #$, rior .o$,r# # ro o+,# =u x acredita que S r or,# u r "#01o $,r o .r $, # ro o+i01o B r ++# or S5 A"gu$+ ro o$ $, + d#id i# d + #$#"i+#r o+ $o& + .o&o d +.ri0 + rigidi'i.#d#+ u+#$do o o r#dor d ' ,i*id#d di+ u,# ++#+u o+i01o5 P#r# r + o+,#+ , $,#,i*# i+ +i+, &@,i.# d d + $*o"* r ,#" o$,o d *i+,# * )# o & u S#

    ri ? ,6 N . ++#r> A Po+, riori #$d ,6 TZo-Di& $+io$#"i+& ; r +> & M5 G#r.i#-C#r i$, ro J5M#.i@ d+5The Two)(imensionalism ramewor- 3OB'ord7 OB'ord U$i* r+i,> Pr ++ H4 o & u Reference and (escription 5

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    %m'ora o princ4pio LiiiM pudesse parecer inegá8el C primeira 8ista$ na 8erdade +also. No decorrer do cap4tulo seguimos Hrip/e ao tomar arela ão ternária LLL re ere LLL no que diz respeito a LLL esta'elecidaentre um nome n$ um o'Beto o e o estado do mundo ; sse n Guando

    usado Lor n!s aGui e agora no Hundo coHo e?etivaHente Kre?ere o o>Meto o Guando as nossas Lalavras são toHadascoHo descrições de + . Por causa disso$ n pode re+erir o no que direspeito a ; ainda que LaM o nome n não e-ista no que di respeito a; $ ou L'M no que di respeito a ; o nome n não usado pelos +alantespara re+erir algo$ ou LcM no que di respeito a ; o nome n usadopelos +alantes para re+erir algo que não o. quilo a que os +alantesteriam re+erido ao usar nome n ti8esse o mundo estado em ; irrele8ante quanto a se n re+ere o no que di respeito a ; . No entanto$ao que os +alantes teriam re+erido ao usar n ti8esse o mundo estadona circunstKncia ; crucial para determinar o par de nomes e o'Betosaos quais a rela ão 'inária re ere se aplica no que di respeitoa ; . D verdade no Gue diN resLeito a + Gue o noHe n se re?ereao o>Meto o sse tivesse o Hundo estado no circunstFncia + os?alantes teriaH usado n Lara re?erir o# ssim$ o que LiiM di que6á estados do mundo tais que$ ti8esse o mundo estado nessascircunstKncias$ os +alantes não teriam usado A ristótelesS para re+erir

    ristóteles. sso compat48el com a aDrma ão +eita por LiM Vnomeadamente que$ aqui e agora no mundo como e+eti8amente $usamos o nome A ristótelesS para re+erir ao 6omem ristótelesquando as nossas pala8ras são tomadas como descri Ges de qualquerestado do mundo que seBa.

    Designa&ão 'gida e *ssencialismo

    Por toda a discussão de Hrip/e so're nomes na palestra 1 de +amingand +ecessit6 ele toma por garantido que a distin ão entre aspropriedades essenciais de um o'Beto e suas propriedadescontingentes uma distin ão leg4tima. Qma propriedade essencial deum o'Beto uma propriedade que o o'Beto não poderia dei-ar de terem qualquer circunstKncia na qual ele e-ista. Qma propriedadecontingente$ ou acidental$ aquela que o o'Beto tem$ mas poderia tere-istido sem ela. %-emplos de propriedades contingentes min6as sãoa propriedade de 8i8er em Princeton$ a propriedade de ser um pai e apropriedade de ser um Dlóso+o. %-emplos incontro8ersos depropriedades essenciais min6a são mais raros$ mas as seguintesparecem ser 'oas candidatas: a propriedade de ser 6umano$ apropriedade de ter um c re'ro$ a propriedades de ter um corpoconstitu4do de mol culas$ a propriedade de ser mortal$ a propriedadede não ser id&ntico a #aul Hrip/e.

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    )á uma cone-ão 4ntima entre a no ão de um designador r4gido e aalega ão de que um o'Beto possui uma propriedade essencialmente.%ssa cone-ão e-pressa por LiM. 25

    (i) #e n um designador r4gido de o e um predicado quee-pressa a propriedade P$ então a aDrma ão de que P umapropriedade essencial de o equi8alente C aDrma ão de queé necess-rio que se n existe, então n é !

    equi8al&ncia mencionada em LiM rele8ante a um enigma usado porOuine 6á mais de duas d cadas antes de +aming and +ecessit6 a Dmde lan ar dR8ida so're a inteligi'ilidade do essencialismo. 2" OuineaDrmou primeiro que a no ão de uma propriedade essencial de um

    o'Beto deDnida em termos da no ão de necessidade$ e segundo$que seBa qual +or a compreensão de necessidade que ten6amos$ ela e-pressa pelo nosso uso do predicado ! uma verdade necess"ria $ quese aplica a +rases$ ou pelo uso do operador ! necess"rio que... $ que seliga a +rases. ssim$ pensou ele$ se para darmos sentido C ideia deque é essencialmente se aplica a certo o'Beto o$ não temosescol6a a não ser 8er essa aDrma ão como 'aseada na suposi ão deque a +rase é necess-rio que se t existe, então t é 8erdadeirapara alguma escol6a designada de um termo t que se re+ere a$ ou

    descre8e$ o.No entanto$ Ouine tam' m o'ser8ou que para qualquer o'Beto o$6a8erá alguns termos t que re+erem o que tornarão a +rase .

    25 A"gu B "i.#01o d# &i$6# , r&i$o"ogi#5 O+ r di.#do+e3%#essa. ro ri d#d + #o + r &ve#dadei#os dos o9) ,o+ $o =u di! r + i,o #o+ +,#do+ do &u$do5 No, =u # ro ri d#d =u o r di.#do B r ++# $1o < r "#,i*i!#d# # di' r $, + +,#do+ do &u$do5 S F B r ++# P $,1o #r# =u#"=u

    +,#do do &u$dow F < * rd#d iro d u& o9) ,oo $o =u di! r + i,ow ++ o , & P $o =u di! r + i,o #w52" V )# ui$ No, + o$ EBi+, $. #$d N . ++i,> .ournal of Philosophy 3 47 - X T6Pro9" & o' I$, r r ,i$g Mod#" Logi. .ournal of &ymbolic 'ogic 3 47 - X R ' r $. #$d

    Mod#"i,> & rom a 'ogical Point of /iew 3C#&9ridg 7 C#&9ridg U$i* r+i,> Pr ++ Q H 8Tr#d5 %r#+i" ir#7 (e um Ponto de /ista '0gico S1o P#u"o7 Edi,or# U$ + 4X T6r Gr#d + o' Mod#" I$*o"* & $, origi$#"& $, u9"i.#do & Q r i& r ++o & ui$The 1ay of Paradox3No*# Yor?7 R#$do& ;ou+ HH45 P#r# B "#$#01o .r2,i.# # ui$ .#d# =u#" B. " $, # + u &odo* )# D#*id "# #$ O #.i,> & E5 ;#6$ P5 A5 S.6i" d+5The Philosophy of 1 / 2uine 3L# S#""IL7 O $ Cour, H4 Jo6$ %urg ++ ui$u+ #9 o&$i $# *o *i$di.#,u+ & A"i A5 #!&i d5

    #eaning and Reference 3C#"g#r>7 U$i* r+i,> o' C#"g#r> Pr ++ 45 %urg ++ #++i$#"# =u + #"gu

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    necess-rio que se t existe, então t é +alsa$ ainda que 6aBaoutros termos t que reDram o que a torne 8erdadeira. ssim$ pensouele$ relati8o a um modo de descre8er o pode ser que a propriedadee-pressa por seBa uma propriedade essencial de o$ ao passo que

    relati8o a um modo di+erente de descre8er o$ a propriedade e-pressapor não será uma propriedade essencial de o. *as e seconsiderarmos o por si próprio$ independentemente de qualquerdescri ão! Z a propriedade e-pressa por uma das propriedadesessenciais de o ou não! Pareceria que nada 6á a di er.

    %is um e-emplo representati8o da apresenta ão de Ouine do supostopro'lema em'ara oso.

    @al8e eu possa c6amar a aten ão ao sentido apropriado da

    con+usão como se segue. once'i8elmente podeJse di er dosmatemáticos que são necessariamente racionais e nãonecessariamente '4pedes e dos ciclistas que sãonecessariamente '4pedes e não necessariamente racionais. *ase de um indi84duo que dentre suas e-centricidades está sermatemático e ciclista! Z esse indi84duo concretonecessariamente racional e contingentemente '4pede$ ou 8iceJ8ersa! penas na medida em que estamos a +alarre+erencialmente do o'Beto$ sem qualquer preconceito especialcontra o pano de +undo de agrupar matemáticos em oposi ão aciclistas ou 8iceJ8ersa$ não 6á semel6an a de sentido agruparalguns de seus atri'utos como necessários e outros comocontingentes. lguns de seus atri'utos contam comoimportantes e outros sem importKncia$ sim alguns comoduradouros e outros como transitórios mas nen6um comonecessário ou contingente. 2=

    #eBai algum indi84duo que tanto um matemático 'ril6ante quantoum ciclista campeão$ e supon6amos que o maior matem"tico do

    mundo e o maior ciclista do mundo am'as designam i. ssim$ uma8e que L15aM $ de+ensa8elmente$ 8erdadeira$ ao passo que L15'Mnão $

    15a. Z necessário que: se o maior matemático do mundo e-isteLi.e.$ se 6á tal indi84duo como o maior matemático do mundoM$então o maior ciclista do mundo racional.

    2= ui$ 1ord and %b3ect 5 5

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    '. Z necessário que se o maior matemático do mundo e-iste L i.e.$se 6á tal indi84duo como o maior matemático do mundoM$ entãoo maior matemático do mundo '4pede.

    segueJse$ da perspecti8a de Ouine$ que relati8o a escol6a dedescre8er i como o maior matem"tico do mundo $ ser racional umadas propriedades essenciais de i$ mas ser '4pede não. No entanto$ seescol6ermos descre8er i como o maior ciclista do mundo $ o'termos oresultado oposto. Qma 8e que L1"aM de+ensa8elmente 8erdadeira$ao passo que L1"'M não$

    1"a. Z necessário que: se o maior ciclista do mundo e-iste L i.e.$se 6á tal indi84duo como o maior ciclista do mundoM$ então o

    maior ciclista do mundo '4pede.'. Z necessário que: se o maior ciclista do mundo e-iste L i.e.$ se

    6á tal indi84duo como o maior ciclista do mundoM$ então o maiorciclista do mundo racional.

    segueJse$ da perspecti8a de Ouine$ que relati8o C escol6a dedescre8er i como o maior ciclista do mundo $ ser '4pede uma daspropriedades essenciais de i$ mas ser racional não. Ie acordo comisso$ pensa Ouine$ não +a sentido perguntar acerca de i em simesmo$ independentemente de qualquer modo de descre8&Jlo$ quaisde suas propriedades são essenciais e quais não são.

    %m geral$ Ouin