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Antropologia Filosófica e Educação – ED 325
Prof. Dr. Jonas Bach Jr
Departamento de História e Filosofia da Educação - FE-Unicamp (PNPD/Capes) - Setembro de 2015
Filosofia da Liberdade (1894) – Rudolf Steiner
Fundamentos para uma filosofia moderna
Resultados com base na observação pensante, segundo o método das ciências naturais
Prefácio
1 – é possível encontrar no ser humano
um firme ponto de apoio para a certeza do
conhecimento
As duas perguntas:
2 – o ser humano como ser de vontade
pode atribuir a si mesmo a liberdade
Prefácio
- resposta para a segunda pergunta depende do ponto de vista
adotado frente à primeira
- existe um método de observação do ser humano capaz de lhe
dar segurança em relação aos seus conhecimentos
- esse método de observação leva à descoberta do âmbito
mental no qual o livre querer efetivamente desponta
Prefácio
O método que usaremos para tratar das duas perguntas mencionadas é tão
peculiar que, uma vez conquistado, pode se tornar uma competência real da
vida interna.
Não nos contentaremos, pois, em fornecer apenas uma resposta teórica e
abstrata que, depois de ouvida, pode ser guardada na memória.
Para o método expresso neste livro, uma tal resposta seria apenas uma ilusão.
Com efeito, não nos interessa dar uma resposta definitiva e hermética,
queremos antes de mais nada indicar um campo de atuação da mente humana
no qual a pergunta se coloca e se resolve sempre de novo por sua atividade
própria.
Prefácio
Quem conseguir encontrar esse campo interno, no qual se desenvolvem
as perguntas citadas, elaborará, a partir de sua própria observação, o
que necessita para chegar às respostas dessas duas questões tão deci-
sivas da vida humana.
Continuará, então, caminhando, com o que assim conquistou, pelas
extensões e profundezas da vida, segundo a medida que sua própria
vontade e seu destino estabelecerem. —
Parece-me assim justificado um método cognitivo validado através de
sua vivacidade e de sua afinidade com toda a vida interior do homem.
Capítulo 1
A idéia da liberdade do querer humano encontrou,
em grande número, tanto calorosos adeptos
como persistentes adversários.
Liberdade do querer:
uma das questões mais importantes da vida
Capítulo 1
os principais ataques dos adversários da liberdade
dirigem-se somente contra a liberdade da livre escolha
Spinoza e todos os que pensam como ele não levam em
consideração que o homem não tem apenas consciência de suas
ações, mas sim também das causas que o impelem.
Capítulo 1
Porém é realmente lícito confundir ações desse gênero com
outras nas quais o homem não é somente consciente de seu agir,
mas também sabe das causas que o movem?
Será que as ações dos homens são todas do mesmo gênero?
Será que é válido equiparar, cientificamente, as ações do
guerreiro no campo de batalha às do pesquisador científico no
laboratório ou, enfim, as do político em complicados assuntos
diplomáticos, à da criança que quer o leite?
Capítulo 1
Os adversários da liberdade, porém,
quase nunca perguntam se a causa de uma ação
que reconheço e discrimino em sua origem,
significa uma coação no mesmo sentido
que o processo orgânico
que leva a criança a desejar o leite.
Capítulo 1
Ainda que sejamos nós que transformemos as representações em motivos de ação, não o
fazemos livremente, mas sim segundo as peculiaridades de nossas disposições caracte-
rológicas, por conseguinte, de modo não-livre (HARTMANN)
Tampouco nesse caso não é levada devidamente em consideração a
diferença existente entre as forças motrizes que me influenciam somente
após terem sido permeadas por minha consciência e aquelas que me
determinam sem que eu tenha uma noção clara delas
Esse argumento nos conduz diretamente ao ponto de vista a ser
adotado neste trabalho. Será que é lícito levantar a questão da
liberdade isoladamente, por si mesma? E se não, com que outra
pergunta ela deveria ser vinculada?
Capítulo 1
Se realmente existir uma diferença entre uma causa motora consciente
e um impulso inconsciente de meu agir, então o primeiro caso
acarretará uma ação que precisa ser avaliada diferentemente do caso
de uma ação perpetrada em virtude de um impulso cego. A
investigação dessa diferença constituirá, pois, o primeiro passo, e o
resultado dela determinará o nosso posicionamento diante da questão
da liberdade propriamente dita.
Capítulo 1
Strauss: livre escolha Spencer: ninguém quer sem motivo Spinoza: não conhecimento da causa, só do desejo Hartmann: caráter transforma representação em ação Hamerling: ninguém quer o que não quer, já tem motivos Rée: não percebemos causas
Consciência dos motivos?
Capítulo 1
Não generalizar as diferentes qualidades do querer
Pergunta: diferença entre causa consciente e inconsciente
Não importa se posso realizar decisão, importa como a decisão
surge em mim
Capítulo 1
Hegel:
pensar transforma a alma em espírito
Steiner:
pensar proporciona ao querer sua peculiaridade
Capítulo 1
O amor faz ver
O pensamento é pai do sentimento
Diz-se: o amor produz cegueira acerca das deficiências do ser amado. A coisa
também pode ser invertida e, então, dir-se-á: o amor abre justamente os
olhos para as suas qualidades; muitos passam por elas sem ver nada. Alguém
vê as qualidades e, por isso, o amor acorda em sua alma. O que ele fez, senão
formar um pensamento de algo que centenas de pessoas não percebem? Elas
não sentem o amor porque lhes falta a representação mental adequada.
Capítulo 2
Desejamos mais do que o mundo oferece
Insatisfação produtiva
O homem não é um ser homogêneo.
Sempre deseja mais do que o mundo lhe oferece.
Cada fenômeno é um problema
Cada olhar paira a natureza suscita inúmeras perguntas em nós.
Cada fenômeno observado é ao mesmo tempo um problema.
As coisas que vivenciamos se convertem assim em enigmas ou tarefas.
Capítulo 2
O excedente que procuramos nas coisas, em virtude de nosso
descontentamento com o que é oferecido imediatamente aos sentidos, divide
o nosso ser em duas partes. Tornamo-nos conscientes da diferença entre nós
e o mundo, posicionando-nos como um ente distinto diante do mundo. O
universo apresenta-se assim na contraposição Eu e Mundo.
descontentamento divide o ser em duas partes
Eu Mundo
Capítulo 2
descontentamento divide o ser em duas partes
Eu Mundo
ciência
Cultura: busca por unidade em arte
religião
Capítulo 2
Contraposição na própria consciência
Diante de todos esses posicionamentos, é preciso ressaltar que
encontramos a contraposição primordial e básica primeiro em nossa
própria consciência. Somos nós próprios que nos afastamos da terra-
mãe, da natureza, e nos contrapomos como ‘eu’ ao ‘mundo’.
Uma reflexão simples nos poderá indicar o caminho: nós nos desligamos
da natureza, mas devemos ter levado alguma coisa para o interior do
nosso próprio ser. Precisamos procurar esse vestígio da natureza em nós
e então encontraremos de novo o nexo entre o eu e o mundo.