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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY ELAINE BARRANCO PEREIRA A LIDERANÇA NA ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA E OS NEXOS COM A HUMANIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DOS LIDERES Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY

ELAINE BARRANCO PEREIRA

A LIDERANÇA NA ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA E OS NEXOS

COM A HUMANIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DOS LIDERES

Rio de Janeiro

2007

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ELAINE BARRANCO PEREIRA

A LIDERANÇA NA ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA E OS NEXOS

COM A HUMANIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DOS LIDERES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

ORIENTADOR: Profa. Dra. MARLÉA CHAGAS MOREIRA

Rio de Janeiro

2007

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Pereira, Elaine Barranco

A liderança na enfermagem em oncologia e os nexos com a humanização: uma perspectiva dos líderes / Elaine Barranco Pereira. Rio de Janeiro: UFRJ / EEAN, 2007.

xv, 159 f.; Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – UFRJ / Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2007. Orientador: Marléa Chagas Moreira. 1.Liderança. 2. Humanização Assistência. 3. Política Pública. 4. Enfermagem Oncológica. I. Moreira, Marléa Chagas. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós-graduação em Enfermagem. III. Título.

CDD-610.73

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iv

FOLHA DE APROVAÇÃO

ELAINE BARRANCO PEREIRA

A LIDERANÇA NA ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA E OS NEXOS

COM A HUMANIZAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DOS LIDERES

Banca Examinadora:

__________________________________

Presidente

Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira

__________________________________

1ª Examinadora

Profa. Dra. Maria de Fátima Batalha de Menezes

___________________________________

2ª Examinadora

Profa. Dra. Josete Luzia Leite

__________________________________

Suplente

Profa. Dra. Lina Márcia Migueis Berardinelli

_________________________________

Suplente

Profa. Dra. Margarethe Maria Santiago Rego

Rio de Janeiro

2007

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DEDICATÓRIA

À minha mãe, Iza, responsável pela minha formação; sempre presente nos

momentos mais difíceis da minha vida.

Ao meu pai, Nilton, que apesar das adversidades da vida, sempre

demonstrando estima e afeto, por mim e pelos meus filhos, numa grande torcida à

distância pelas minhas vitórias.

Aos meus filhos, Aldo e Larissa, amor incondicional, a quem devo a força de

continuar caminhando sempre; presentes de Deus em minha vida.

Ao meu marido, Anacleto, com quem aprendo diariamente a cumplicidade do

companheirismo; sempre leal ao seu amor por mim, respeitando os meus espaços e

o meu crescimento pessoal e profissional.

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vi

“Não basta ensinar ao Homem uma

especialidade, porque se tornará assim uma

máquina utilizável e não terá uma

personalidade. É necessário que adquira um

sentimento, um senso prático daquilo que

vale a pena ser empreendido, daquilo que é

belo, do que é moralmente correto”.

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

A Deus, meu criador, que na sua grandeza infinita me carregou no colo em

todos os momentos em que eu acreditava não conseguir mais caminhar.

À minha querida orientadora, Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira, que com

sua experiência, competência e companheirismo, conduziu-me no empreendimento

desta pesquisa. Obrigado pela compreensão, paciência e apoio! Meu carinho e

gratidão.

Aos professores do Núcleo de Pesquisa e Gestão em Saúde e Exercício

Profissional da Enfermagem, pelo acolhimento ao meu retorno à vida acadêmica

depois de tantos anos afastada deste cenário, a mim tão familiar, a Escola de

Enfermagem Anna Nery.

À equipe da Secretária Acadêmica da Pós-graduação, em especial à Sonia

Xavier e ao Jorge Anselmo, pela dedicação, amabilidade e acima de tudo uma

enorme simpatia, ao atender com presteza nossas solicitações, que na maioria das

vezes eram para “ontem”. Obrigado amigos, pela ajuda em grandes momentos de

aflição.

Aos meus colegas de turma do Mestrado, pela agradável convivência, pelas

valiosas contribuições e, principalmente, pelo apoio mútuo que nos encorajava a

enfrentar as dificuldades.

À equipe de professores das disciplinas obrigatórias do Curso de Mestrado,

pela experiência ímpar proporcionada no convívio diário, cujas críticas e sugestões

muito me auxiliaram nesta pesquisa.

Aos professores integrantes da Banca Examinadora, como membros efetivos

e suplentes, pelo aceite e pelas contribuições na apreciação desta pesquisa.

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À Profa. Dra. Josete Luzia Leite, pela sensibilidade de perceber a relevância e

a contribuição da pesquisa, ainda no nascedouro, quando participou da Banca

Examinadora para seleção ao Curso de Mestrado. Obrigado por acompanhar com

dedicação e compreensão cada passo meu neste caminhar.

À Profa. Dra. Lina Márcia Migueis Berardinelli, pela disponibilidade de se fazer

presente em todas as etapas de avaliação da pesquisa, contribuindo com seu

conhecimento através de sugestões tão enriquecedoras, com inigualável carisma e

suavidade em suas colocações. Obrigado por me permitir partilhar de sua

experiência.

À Enfa. Dra Maria de Fátima Batalha, pela sua colaboração incondicional e

fundamental na montagem do meu projeto de pesquisa, com o qual fui aprovada

para ingressar no Mestrado. Amiga, obrigada pelas contribuições que tanto me

ajudaram a crescer nesta caminhada.

À Enfa. Dra. Teresa Caldas Camargo, por acreditar no meu potencial, me

impulsionando à busca pelo Mestrado. Antes da defesa final e aprovação da

Dissertação, já me falava com sua voz meiga e inconfundível: “e aí Mestra?”.

Impossível esquecer. Obrigado por tudo!

À Enfa. Mestranda Maria Cristina Fréres de Souza, amiga e companheira de

trabalho, pela sabedoria da escuta, pelos momentos de silêncio tão necessários e

pela dupla tarefa a ser executada nas minhas ausências.

À Equipe da Divisão de Enfermagem do HCI/INCA, em especial à Enfa.

Ângela Coe Camargo e Enfa. Valdete de Oliveira Santos, por acreditarem no meu

potencial. Obrigado por vibrarem com minha vitória.

À Enfa. Ailse Rodrigues Bittencourt, Chefe da Divisão de Enfermagem

HCI/INCA, pelo apoio e incentivo na busca do meu aprimoramento profissional.

Obrigado por permitir que eu conviva com este “modelo de liderança”.

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ix

À Dra. Rita Byngton, Diretora do HCI/INCA, pela credibilidade na minha

participação no HumanizaINCA e pela indicação para participar do Curso de

Apoiadores da Política Nacional de Humanização (MS/Fiocruz/UFF). Obrigada pela

oportunidade! Foi de imensa valia para o desenvolvimento conceitual da minha

pesquisa.

Aos enfermeiros do HCI, acima de tudo amigos e grandes colaboradores, que

participaram como sujeitos de estudo desta pesquisa se deixando envolver, com

suas emoções, sentimentos e dificuldades nas relações de trabalho. Meus sinceros

agradecimentos a vocês enfermeiros que aprenderam na prática a serem lideres de

enfermagem em oncologia.

A todos os amigos que me incentivaram nestes dois anos de caminhada no

Mestrado.

Em especial, à minha terapeuta, psicóloga Fátima Moura, responsável por eu

me descobrir capaz de alcançar o desejado; levando-me sempre a enxergar a saída

do labirinto.

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x

“Um HOSPITAL só será HUMANO quando os

HUMANOS que dele se servem ou nele

atuam forem compreendidos e respeitados”.

M. H. Lindel 1982, lembrou que...

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xi

RESUMO

A liderança na enfermagem em oncologia e os nexos com a humanização: uma perspectiva dos lideres. Elaine Barranco Pereira. Orientador: Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem Anna Nery. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

O estudo trata da visão de enfermeiros líderes que atuam na oncologia acerca das

relações de trabalho na equipe de enfermagem. Os objetivos foram: descrever o

entendimento de líderes de enfermagem que atuam na oncologia acerca da

liderança; analisar os fatores intervenientes na relação de trabalho da equipe de

enfermagem referidos pelos líderes; e discutir estratégias propostas pelos líderes de

enfermagem que favoreçam uma relação de trabalho humanizada na equipe de

enfermagem em oncologia. Para a fundamentação teórica foram adotados conceitos

de liderança e da Política Nacional de Humanização. O método descritivo, de

abordagem qualitativa. Participaram da pesquisa treze enfermeiros líderes gerentes

e assistenciais que atuam em instituição pública federal referência em oncologia,

situada no Rio de Janeiro - Brasil. Para produção de dados foi utilizada a técnica de

grupo focal. A análise de conteúdo evidenciou as seguintes categorias analíticas:

construção de saberes necessários à prática da liderança; líder de enfermagem no

ambiente oncológico – intervenções da subjetividade na organização de espaços

saudáveis de trabalho; fatores intervenientes nas relações de trabalho do líder de

enfermagem na oncologia; e estratégias para relações de trabalho do líder de

enfermagem na oncologia – espaço para implementação da Política Nacional de

Humanização. Os resultados indicam que a visão dos enfermeiros líderes reflete o

conflito entre o entendimento da liderança ainda influenciada por modelos mais

autoritários e a necessidade de uma prática humanizada para favorecer um

ambiente mais saudável para atuação da equipe de enfermagem. De outra forma,

pode-se concluir que os enfermeiros líderes podem atuar como facilitadores para

relações de trabalho humanizadas, desde que consigam adotar estratégias que

fomentem a autonomia, o protagonismo e a corresponsabilidade dos sujeitos

implicados no processo de produção de saúde, através da construção de novos

espaços de encontros, para a troca e a construção de saberes.

Palavras-chave: Enfermagem Oncológica; Liderança; Humanização; Assistência;

Política de Saúde

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ABSTRACT Leadership in oncology nursing and the connections with humanization: a perspective from leaders. Elaine Barranco Pereira. Orientador: Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem Anna Nery. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

This study deals with how Oncology nursing leaders view work relationships in the

nursing staff. Objectives: describing Oncology nursing leaders’ understanding of

leadership; analyzing the intervening factors in the nursing staff work relationship as

reported by the leaders; and discussing strategies proposed by nursing leaders to

promote a humanized work relationship within the Oncology nursing staff. The

theoretical foundation adopted comprised leadership concepts and concepts of the

National Humanization Policy [Política Nacional de Humanização]. The method was

descriptive, with a qualitative approach. The research covered thirteen nursing

leaders, in managerial and clinical positions, at a federal public benchmark institution

in the Oncology field, located in Rio de Janeiro - Brasil. The focal group technique

was used for data production. Content analysis revealed the following analytical

categories: construction of knowledge necessary for the practice of leadership;

nursing leader in the oncological environment – subjectivity interventions in the

organization of wholesome work spaces; intervening factors in the work relationships

of the Oncology nursing leader; and strategies for the work relationships of the

Oncology nursing leader – room for implementation of the National Humanization

Policy. The results show that the nursing leaders’ view reflects the conflict between

an understanding of leadership still influenced by more authoritarian models and the

need for a humanized practice that may promote a more wholesome environment for

the nursing staff to work in. Another conclusion is that the nursing leaders may act as

facilitators for humanized work relationships, provided they can adopt strategies that

foster autonomy, proactivity and co-responsibility in the subjects involved in the

health-producing process, through the creation of new meeting spaces for the

exchange and construction of knowledge.

Keywords: Oncology Nursing; Leadership; Care Humanization; Health Policy

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RESUMEN

La liderazgo en la enfermería en oncología y las conexiones con la humanización: una perspectiva de líderes. Elaine Barranco Pereira. Orientador: Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem Anna Nery. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

El estudio trata de la visión de enfermeros líderes que actúan en la oncología acerca

de las relaciones de trabajo en la equipo de enfermería. Los objetivos fueron:

describir el entendimiento de líderes de enfermería que actúan en la oncología

acerca de la liderazgo; analizar los factores interventores en la relación de trabajo

de la equipo de enfermería referidos por los líderes; y discutir estrategias propuestas

por los líderes de enfermería que favorezcan una relación de trabajo humanizada

en la equipo de enfermería en oncología. Para suporte teórico fueron adoptados

conceptos de liderazgo y de la Política Nacional de Humanización. El método

descriptivo, de abordaje cualitativo. Participaron de la pesquisa trece enfermeros

líderes gerentes y asistenciales que actúan en institución pública federal referencia

en oncología, situada en Rio de Janeiro - Brasil. Para producción de datos fue

utilizada la técnica de grupo focal. La análisis de contenido evidenció las siguientes

categorías analíticas: construcción de conocimientos necesarios a la práctica del

liderazgo; líder de enfermería en el ambiente de cáncer – intervenciones de la

subjetividad en la organización de espacios saludables de trabajo; factores

interventores en las relaciones de trabajo del líder de enfermería en la oncología; y

estrategias para relaciones de trabajo del líder de enfermería en la oncología –

espacio para implementación de la Política Nacional de Humanización. Los

resultados indican que la visión de los enfermeros líderes refleja el conflicto entre el

entendimiento del liderazgo aún influenciada por modelos más autoritarios y la

necesidad de una práctica humanizada para favorecer un ambiente más saludable

para actuación del equipo de enfermería. De otra forma, se pode concluir que los

enfermeros líderes pueden actuar en la facilitación de relaciones de trabajo

humanizadas, desde que consigan adoptar estrategias que fomenten la autonomía,

el protagonismo y la co-responsabilidad de los sujetos implicados en el proceso de

producción de salud, a través de la construcción de nuevos espacios de encuentros,

para la trueque y la construcción de conocimientos.

Palabras-claves: Enfermería Oncológica. Liderazgo. Humanización Asistencia. Política de Salud.

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xiv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Demonstrativo da Construção das Categorias 76

Quadro 2 – Estratégias Propostas pelos Líderes de Enfermagem que favoreçam

as relações de trabalho na equipe de enfermagem em oncologia e os nexos

com as Estratégias Gerais da Política Nacional de Humanização

116

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xv

SUMÁRIO

Resumo xi

Abstract xii

Resumen xiii

Lista de Quadros xiv

Capítulo I: Introdução 1

Capítulo II: Fundamentação Teórica 17

2.1 A Liderança na Enfermagem na Trajetória do Pensamento

Administrativo

17

2.2 A Humanização com Base na Política Nacional de Humanização e as

Relações de Trabalho na Enfermagem em Oncologia

34

2.2.1 Humanização na Saúde 34

2.2.2 Bases da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão

à Saúde

39

2.2.3 A Política Nacional de Humanização no Campo da Oncologia: Um

destaque para a Enfermagem

53

Capítulo III: Metodologia 58

3.1 Natureza do Estudo 58

3.2 Cenário do Estudo 59

3.3 Sujeitos do Estudo 61

3.4 Estratégias de Produção de Dados 63

3.4.1 Caracterização dos Sujeitos 66

3.4.2 Produção dos Dados Empíricos 70

3.5 Análise dos Dados Empíricos 74

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xvi

Capítulo IV: Resultados

77

4.1 A Construção de Saberes Necessários a Prática da Liderança em

Enfermagem na Oncologia

77

4.2 O Líder de Enfermagem no Ambiente Oncológico: Intervenções da

Subjetividade na Organização de Espaços Saudáveis de Trabalho

91

4.3 Fatores Intervenientes nas Relações de Trabalho do Líder de

Enfermagem em Oncologia

104

Capítulo V: Estratégias para as Relações de Trabalho do Líder de

Enfermagem em Oncologia: um Espaço para a Política Nacional de

Humanização

115

Conclusões 127

Referências 129

Apêndices 139

A - Solicitação de Autorização para Pesquisa 139

B - Carta Convite para o Grupo Focal 140

C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 141

D - Instrumento para Caracterização dos Sujeitos Participantes do

Estudo

146

E - Roteiro de Condução do Grupo Focal 147

Anexos 149

A - Roteiro de Condução do Grupo Focal 149

B - Organograma da Divisão de Enfermagem do HCI 150

C - Descrição de Cargos 151

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1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A trajetória profissional da autora sempre esteve ligada à área de Oncologia,

tendo início em 1980 quando, recém-graduada, foi selecionada e contratada para

compor o quadro de enfermeiros1 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), onde

durante dezoito anos teve a oportunidade de exercer atividades como líder e gerente

no processo assistencial de enfermagem.

No início, enfrentou muitas dificuldades para atuar nessa Instituição. Sentia-se

inexperiente e sem conhecimento suficiente para prestar cuidados tão específicos

como os da área de Oncologia. Na década de 70, quando realizou a Graduação em

Enfermagem, a oncologia era abordada de forma superficial, não se ensinando a

lidar com pacientes portadores de câncer e que postura ter frente a esses pacientes

diante do seu diagnóstico, tratamento e prognóstico. Por vários momentos, a autora

se viu em conflitos pessoais e profissionais devido à perplexidade diante da

realidade à qual se deparava.

Na década de 80, o quantitativo de enfermeiros e a organização do processo

de trabalho não favoreciam, na maioria das vezes, o contato direto com o paciente2,

priorizando as funções administrativas e propiciando a prática de enfermagem

centrada somente na terapêutica médica e medicamentosa. Essa prática seguia o

modelo biomédico, em que a atenção era voltada apenas para a doença, com a

1 Optou-se por utilizar a palavra no gênero masculino pelo fato de participarem do estudo enfermeiros do sexo masculino. 2 Foram empregados os termos pacientes ou usuários com o mesmo sentido. Sendo usuário o termo utilizado na linguagem da Política Nacional de Humanização, pela sua abrangência, capaz de envolver paciente, acompanhante, familiar, trabalhador e gerente da instituição, assim como o gestor do sistema. (Brasil, 2006).

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2

preocupação maior do fazer técnico e com o tecnológico, não havendo visibilidade

de aspectos subjetivos permeando o cuidado.

Quanto às funções administrativas assumidas pelos enfermeiros, Trevizan et

al. (2003) analisam três pesquisas realizadas em três décadas diferentes, com o

objetivo de caracterizar a conduta gerencial, constatando que na década de 70, os

enfermeiros, ocupavam-se, sobretudo, de tarefas administrativas vinculadas ao

processo burocrático da organização.

Segundo ainda Trevisan et al., essa conduta gerencial na enfermagem

desvaloriza as aspirações e as pretensões profissionais, cuja finalidade é atender o

ser humano em suas necessidades, pressupondo a assistência e o cuidado ao

cliente, assim como também a gerência e liderança.

Na trajetória profissional da autora deste trabalho, ela identificou a

insatisfação que, por vezes, causava aos enfermeiros delegar a assistência de

enfermagem para outros profissionais da equipe. Alegando excesso de atribuições

administrativas e o número reduzido de enfermeiros, essa problemática, por vezes,

influenciava a relação de trabalho na equipe.

Essa percepção se reforça quando as autoras (ibid.) abordam a necessidade

de uma reavaliação das atividades de enfermagem, para que o enfermeiro tenha

mais ações ligadas aos “clientes”, por considerar um grande vazio a desmotivação e

a insegurança que esse profissional deve sentir e viver frente à inconsistência de

seu trabalho gerencial.

Por outro lado, as novas lógicas de pensamento que têm orientado a

formação profissional, na atualidade, continuam propiciando um modelo assistencial

e gerencial pautado no modelo biomédico.

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3

Camargo (1998), em sua pesquisa que teve como objetivo compreender o

fazer profissional no seu cotidiano, buscando analisar as aproximações e

distanciamentos na perspectiva do pensamento heideggeriano, fala da formação

profissional do enfermeiro baseada em um modelo científico que visa apenas a

resultados e comprovações dos achados, sem privilegiar o outro enquanto pessoa, e

reforçando o modelo biomédico que valoriza as patologias, as técnicas, a

administração dos serviços, as rotinas e o cumprimento da carga horária semanal

em detrimento da pessoa doente.

Frente às mudanças dos tempos atuais, Camargo admite que se deve

procurar um modelo de formação profissional que favoreça mudanças na prática do

líder gerente e assistencial, a fim de conseguir manter o seu bem-estar e ser

facilitador de uma relação de trabalho em equipe satisfatória.

Nessa perspectiva, vêm as inquietações em relação à liderança na

enfermagem em oncologia, que geram questionamentos como: O cuidado ao

paciente com câncer e seus familiares interferem na prática da liderança na

enfermagem? Que dificuldades são essas na relação de trabalho que afetam toda a

equipe de enfermagem, criando um distanciamento ao lidar com pacientes

portadores de câncer? Por que nem sempre os enfermeiros em sua prática de

liderança contribuem para que as relações de trabalho ocorram de forma

humanizada?

Sobre essas questões, estudos ressaltam que as dificuldades que a equipe

de enfermagem manifesta para lidar com os pacientes portadores de câncer

perpassam as diversas fases do processo de adoecimento, ou seja, do momento do

diagnóstico e tratamento, até o estágio mais avançado da doença (MOREIRA, 1996;

FERREIRA, 1996).

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4

Para esses autores, nas interações que se estabelecem durante o cuidado,

para a maioria dos profissionais, os sentimentos dos pacientes se misturam com as

suas próprias emoções, vivenciando assim o sofrimento e a dor do paciente. Essas

situações intervêm nas relações de trabalho da equipe comprometendo, por um

lado, o diálogo necessário ao estabelecimento do cuidado de enfermagem; por outro

lado, podendo gerar nos profissionais, insatisfações e adoecimento.

Associado às dificuldades da relação de trabalho na equipe, do sofrimento de

lidar com a emoção e o sofrimento do paciente, os autores percebiam uma

tendência de os enfermeiros, atuando como gerentes, utilizarem uma liderança

autoritária, onde muitas vezes exerciam o poder de “mando”, sem que os

participantes da equipe tivessem oportunidade de serem ouvidos quanto às suas

opiniões.

Para Filho (1995, p.27), “...grande parte das queixas dos trabalhadores, nos

diferentes ambientes de trabalho, não reside, apenas nas condições materiais, mas

na forma como são tratados por aqueles que exercem autoridade”.

Essa autoridade utilizada pelos líderes propiciava a desvalorização dos

profissionais, gerava uma insatisfação na equipe e favorecia uma condição

desumanizada nas relações de trabalho, interferindo no próprio processo de cuidar.

Segundo Collet e Rozendo (2003), não é possível esperar da equipe de

saúde uma assistência humanizada aos pacientes quando a sobrecarga e as

pressões no interior do mundo do trabalho deixam os profissionais nos seus limites

físicos e psíquicos.

Fernandes et al. (2003, p.166), em estudo realizado em uma maternidade

privada no interior paulista, constataram que apesar de prevalecer na enfermagem

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uma raiz histórica de autoritarismo, centralização das decisões e impessoalidade

nas relações, ainda presentes nos dias de hoje, têm sido introduzidas novas

abordagens sobre conceitos de flexibilidade, redução de hierarquia, trabalho em

equipe e descentralização das decisões. As autoras concluem que novos estudos

deverão ser realizados para que haja comparação acerca das condutas adotadas na

prática hospitalar, “entendendo que, para coordenar a equipe de enfermagem, a

enfermeira deve assumir postura mais humanizada, acompanhando a velocidade

das mudanças atuais”.

Diante dessa percepção, a autora deste trabalho ficou motivada a buscar

estratégias para uma prática de liderança que reduzisse a hierarquia,

descentralizasse as decisões, trouxesse a equipe de enfermagem para uma

participação mais efetiva, visando à valorização e à realização profissional e

pessoal.

Essa inquietação deu impulso para o seu aprimoramento nos conhecimentos

em oncologia, através do aperfeiçoamento técnico-científico, com a perspectiva de

ajudar na formação de competências para fornecer orientações e estabelecer

estratégias junto à equipe de enfermagem, a fim de melhorar a tão conflituosa

relação de trabalho da qual ela participava.

Pode se dizer que tal necessidade se fortalecia diante de uma prática

especializada que, segundo Santana (2004), requer aquisição de conhecimentos

sobre o câncer, as abordagens terapêuticas e os cuidados implementados numa

abordagem holística, mas também de formas de cuidado com os profissionais que

enfrentam situações variadas e delicadas nessa área de atuação. Para o autor, para

dar conta dessa totalidade, os especialistas devem elaborar estratégias de

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atualização, objetivando estabelecer um papel referencial quanto à gestão,

educação e pesquisa relevantes na área.

Nessa perspectiva, em 1998, a autora se especializou em Enfermagem no

Controle do Câncer3 e, a partir de então, passou a desenvolver o seu trabalho na

área de Educação Continuada da Divisão de Enfermagem do Hospital do Câncer I

(HCI), uma das cinco unidades hospitalares do (INCA).

Nessa área de atuação, através de uma parceria da Divisão de Enfermagem

do HCI com a Coordenação de Recursos Humanos (CRH) do INCA, desenvolveu

como instrutora, um trabalho voltado para as relações de trabalho dentro do

cotidiano da equipe de enfermagem em oncologia, denominado Programa de

Sensibilização para o Atendimento (PROSA).

O objetivo desse Programa era promover a reflexão sobre o desempenho

cotidiano laboral, com vistas a incitar um movimento de sensibilização para o

comprometimento e revisão de valores éticos e profissionais, contextualizando-os no

cenário do mundo do trabalho e em nível institucional.

Essa experiência levou a autora a revisitar as suas inquietações e refletir

acerca da intensidade das emoções vivenciadas por esses profissionais de

enfermagem no cotidiano de seu trabalho na Oncologia, trazidas por eles no

decorrer do curso. As avaliações realizadas pelos lideres desses profissionais, após

o egresso, gerou a oportunidade de verificar o impacto do programa na melhoria da

autoestima, nas relações de trabalho, na disponibilidade para as mudanças de

comportamentos e atitudes, concorrendo para o comprometimento profissional e,

com isso, melhorando a qualidade da assistência prestada.

3 Curso de Especialização promovido em parceria da EEEAN/UFRJ e o Instituto Nacional do Câncer no período 1998 a 1999. Após a conclusão da segunda turma, o Curso passou a ser promovido pelo INCA.

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Uma ação advinda desse Programa de Sensibilização foi a inserção da

abordagem da humanização e sensibilização em todos os Programas de Ensino em

Serviço da Divisão de Enfermagem do HC I, no intuito de manter sempre em

discussão a necessidade de escuta, cordialidade e aceitação das diferenças entre

as pessoas, promovendo uma reflexão sobre o desempenho real e o desejado no

trabalho em equipe, sensibilizando para o comprometimento e contextualizando o

profissional na conjuntura atual.

A partir dessas oportunidades propiciadas pelos Programas de Ensino em

Serviço, foram detectadas algumas necessidades setoriais específicas, no que tange

à resolução de conflitos e impasses nas equipes, que dificultavam a relação de

trabalho. A necessidade de resolução foi reforçada através de solicitações dos

líderes desses setores, fato que gerou uma demanda de elaboração de um Curso de

Desenvolvimento de Equipes, em parceria com a CRH do INCA.

Como resultado, 75 profissionais de enfermagem (enfermeiros líderes,

técnicos e auxiliares de enfermagem) realizaram o curso, com elaboração de ações

de melhorias para o desempenho individual e das equipes.

Em 2004, devido à sua trajetória profissional e, motivada com as iniciativas no

âmbito da enfermagem, através de convite da Direção Geral do INCA, passou a

integrar, como membro efetivo, o Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), que

tem como objetivo desenvolver atividades programáticas da Política Nacional de

Humanização (PNH) do Ministério da Saúde (MS).

Participar desse grupo de trabalho tem sido para a autora de extrema

relevância, proporcionando oportunidades de estar em contato direto, através de

encontros realizados pela Coordenação da PNH, com profissionais de saúde em

nível nacional, que não estão ligados obrigatoriamente à atenção oncológica.

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Nesses encontros, procura conhecimento com suas experiências na prática de

liderança gerencial e assistencial e de possíveis desenvolvimentos de atividades

programáticas da PNH, junto à equipe de enfermagem.

Em 2005, essa experiência lhe proporcionou condições de planejar, elaborar

e coordenar o I Curso de Atualização em Humanização no Cenário Oncológico: Um

Enfoque para Usuários e Profissionais de Enfermagem, realizado no INCA. A

clientela-alvo foram enfermeiros atuantes em oncologia, em hospitais credenciados

como Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), hospitais públicos e

serviços conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo do curso foi

atualizar conhecimentos de ações humanizadas na área oncológica, fundamentada

na PNH, para o desenvolvimento de ações de enfermagem voltadas para as equipes

de enfermagem. Participaram do curso líderes gerenciais e assistenciais, oriundos

dos estados de Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Piauí e Rio de Janeiro. O interesse

dos enfermeiros, na realização do curso foi a obtenção de diretrizes para a

elaboração de planos de intervenções para suas equipes.

Os depoimentos ouvidos no decorrer dessas experiências profissionais foram

de extrema importância para perceber que os profissionais de enfermagem de nível

médio (técnicos e auxiliares de enfermagem) solicitam dos seus líderes motivação,

valorização pessoal, reconhecimento profissional, oportunidade para ampliar seus

conhecimentos e poder exercer novas tarefas. Mas também, por um outro lado, há

uma demanda dos líderes de enfermagem em oncologia de buscarem através de um

novo modelo de gestão e atenção, alternativas para serem facilitadores de uma

relação de trabalho humanizada dentro de sua equipe.

A partir da vivência e da leitura sobre o assunto, a autora acredita que

existem especificidades na prática dos lideres de enfermagem no contexto da

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Oncologia, principalmente no que concerne às questões de natureza emocional e de

interferências na relação de trabalho.

Frente às reflexões ora apresentadas, o estudo tem como objeto de estudo:

A visão dos enfermeiros líderes que atuam na oncologia acerca das relações de

trabalho na equipe de enfermagem.

Este estudo tem as seguintes questões norteadoras:

• Qual o entendimento dos líderes de enfermagem que atuam na oncologia

acerca da liderança?

• Que fatores influenciam a relação de trabalho na equipe de enfermagem, na

visão dos líderes de enfermagem em oncologia?

• Que estratégias os enfermeiros líderes que atuam em oncologia propõem

para favorecer uma relação de trabalho humanizada na equipe de

enfermagem?

São objetivos do presente estudo:

• Descrever o entendimento dos líderes de enfermagem que atuam na

oncologia acerca da liderança;

• Analisar os fatores intervenientes na relação de trabalho da equipe de

enfermagem em oncologia referidos pelos líderes;

• Discutir estratégias propostas pelos líderes de enfermagem que favoreçam

uma relação de trabalho humanizada na equipe de enfermagem em

oncologia.

O desenvolvimento e a conclusão advindos deste estudo demonstrarão o

entendimento que os líderes de enfermagem em oncologia têm sobre a liderança, de

que forma isso repercute nos profissionais, e que estratégias esses líderes podem

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utilizar para propiciar uma relação de trabalho humanizada na equipe de

enfermagem.

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Justificativa e Relevância do Estudo

Partindo do pressuposto de que o líder pode ser o facilitador para que as

relações de trabalho ocorram de forma humanizada no cotidiano da prática da

enfermagem, levando à satisfação dos liderados e à qualidade da assistência, este

trabalho focaliza a humanização como eixo central da liderança na enfermagem em

oncologia.

Trabalhos científicos realizados no Brasil, elaborados por enfermeiras do

Instituto Nacional de Câncer (INCA) abordam, bem como recomendam, a construção

de intervenções gerenciais, considerando a necessidade de ações de humanização

no processo de trabalho da enfermagem.

Menezes (2003, p.107), em estudos realizados em duas unidades distintas do

INCA, refere à fala de depoentes de sua pesquisa relatando o seguinte: “Aqui é

diferente de outros hospitais que o doente chega e vai embora... o tratamento é

muito agressivo. O doente fica num estágio de ficar grave e por mais que você tenha

mecanismos você se envolve e sofre junto. O coração da gente vai junto. A gente

sofre muito”. (Liz Sarah – depoente).

A autora (op.cit.) também reitera a necessidade de suporte psicológico e

programas de saúde ocupacional específicos para os profissionais de enfermagem

na área oncológica, apontando o impacto dessa lacuna para o gerenciamento.

Camargo (2000, p.76) descreve, em seus trabalhos realizados com enfoque

para assistência às mulheres mastectomizadas submetidas à quimioterapia, seus

impasses ante as situações encontradas como pesquisadora através do seguinte

relato: “Muitas vezes foi difícil alcançar o equilíbrio para prestar uma assistência

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técnica e científica, afetiva e humana, de uma só vez. Emocionava-me e comovia-

me com as pacientes” (Depoimento da autora).

Pires (2002), em sua dissertação de mestrado na área de Gerenciamento de

Enfermagem, relata a dificuldade das enfermeiras atuantes em Cuidados Paliativos

Oncológicos com a realidade vivenciada por seus pacientes e seus envolvimentos,

através da seguinte fala: “O mais difícil para mim são os jovens, porque eu me

envolvo muito, eu sofro muito, o jovem com osteossarcoma me dá vontade de não

voltar mais, é isso que eu tenho que conseguir trabalhar mais é de mim mesmo

quando eu perco meus clientes jovens...” (Jasmim – depoente).

Menezes (2004) realizou uma pesquisa etnográfica na unidade de cuidados

paliativos do INCA, denominada Hospital do Câncer IV (HC IV) que implementa um

modelo de assistência domiciliar e hospitalar aos clientes fora de possibilidades

terapêuticas atuais de tratamento. A partir das observações participantes e

entrevistas, verificou a intensa exposição a fatores de extenuação emocional a que

são submetidos os profissionais de saúde que ali atuam, com a necessidade de uma

“gestão das emoções” pelos profissionais que, de variadas formas lançam mão de

alternativas de lazer e suporte psicológico para minimizarem os sofrimentos

contínuos aos quais estão expostos.

Entre os estudos realizados sobre o tema liderança de enfermagem em

Oncologia, encontra-se a dissertação de mestrado de Silva (2004), que pesquisou

liderança em enfermagem no serviço noturno, no setor de onco-hematologia e

transplante de medula óssea4. Utilizou como referencial teórico Kouses e Posner,

trazendo para discussão um modelo de prática de liderança que tem como base

4 Pesquisa orientada pela Profª Drª Marléa Chagas Moreira, Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ - RJ

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conceitos de credibilidade, visão de futuro e prática coerente com o discurso,

propondo estratégias de liderança, lidando com as particularidades e necessidades

dos liderados, sem menosprezar o conteúdo técnico dispensável à assistência.

Em sua maioria, os estudos referenciam e recomendam a necessidade de

intervenções gerenciais voltadas às necessidades dos profissionais atuantes nesse

cenário específico, considerando tanto o aperfeiçoamento técnico-científico e

atualização constante como ações direcionadas aos aspectos afetivo-relacionais,

aos enfrentamentos diários que se apresentam no cotidiano da assistência

oncológica, visando a privilegiar a humanização como elemento referencial na

construção de propostas de trabalhos dos líderes voltados à gestão de pessoas.

Na produção científica brasileira de enfermagem foi possível constatar que,

nos últimos 10 anos, tem sido amplamente discutido o tema liderança em

enfermagem; no entanto, quando a pesquisa é direcionada para a enfermagem em

oncologia, evidencia uma necessidade de publicação de estudos, por parte de

enfermeiros que atuam nesse cenário.

Da mesma forma ocorre quando a pesquisa se volta para um tema

atualmente tão relevante na área de saúde: a humanização. Os estudos que

discutem humanização na enfermagem oncológica têm sido focados na assistência

de enfermagem aos pacientes e familiares.

Tal fato pode ser comprovado através do artigo de Costa et al. (2003-A), cujos

autores descrevem um relato de experiência, tendo como sujeitos profissionais de

enfermagem e como cenário um Serviço de Oncologia e Radioterapia, inserido num

hospital geral de grande porte na região sul do Brasil. O relato se refere ao processo

de diálogo reflexivo junto à equipe de enfermagem, buscando construir uma

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proposta visando à instrumentalização para prestar uma assistência humanizada

aos pacientes.

A maioria dos temas não só aponta para a preocupação com a assistência ao

paciente, mas também para problemáticas vivenciadas pela equipe de enfermagem

e suas influências na relação de trabalho, criando espaço para uma reflexão da

possibilidade de nexos entre a humanização e as estratégias para a liderança de

enfermagem em oncologia.

É, portanto, relevante a necessidade de estudos brasileiros que digam

respeito às estratégias que possibilite o líder de enfermagem em sua prática na

oncologia a ser o facilitador para que as relações de trabalho na equipe se deem de

forma humanizada.

No que diz respeito à produção científica internacional na base de dados

MEDLINE, no recorte temporal, de 1996 a 2006, foram encontrados 27 artigos

referentes ao tema liderança de enfermagem em oncologia. Dentre esses, três são

considerados relevantes para o estudo proposto.

Whipple (2000) ressalta que, por ser a liderança considerada de grande

importância para a enfermagem em oncologia, a revista Oncology Nursing Forum

criou uma sessão só para publicações de pesquisa sobre essa temática.

Em uma abordagem sobre o adoecimento das enfermeiras que atuam em

oncologia e do papel fundamental do líder nesse contexto, Medland et al. (2004), em

artigo de revisão bibliográfica, referem que as enfermeiras em oncologia possuem

potencial para desenvolver estresse e síndrome de Burnout e que a liderança tem

impacto no bem-estar psicossocial dessas enfermeiras, reduzindo o surgimento dos

sinais e sintomas de Burnout. Os autores (op.cit.) entendem que o líder deve

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desenvolver programas que melhorem as habilidades de enfrentamento,

estimulando suporte múltiplo entre os membros da equipe.

No que diz respeito a estratégias para a satisfação e a permanência dos

enfermeiros atuando em oncologia, Friese (2005) cita em seu estudo que, para

liderar na enfermagem em oncologia, é necessário ter um acesso ao ambiente de

prática, com o objetivo de relacionar intervenções que melhorem a satisfação,

mantendo os enfermeiros atuando na oncologia. Essas intervenções incluem

assegurar recursos humanos compatíveis quantitativamente e qualitativamente com

a complexidade da clientela, além de estreitar a colaboração entre médicos e

enfermeiros, facilitando a ampliação da liderança no espaço assistencial.

Através do levantamento realizado, foi possível identificar que as pesquisas

brasileiras e internacionais, no que tange à produção científica sobre a temática da

liderança em enfermagem em oncologia, mostram a relevância do tema, sendo

necessário intensificar as pesquisas, destacando a humanização como uma vertente

referencial, configurando-se como um elemento diferencial para o exercício da

liderança de enfermagem em oncologia, favorecendo a construção de uma relação

de trabalho em equipe.

Contribuição do Estudo

Esta pesquisa corrobora com o atual momento de gestão nas instituições de

saúde, cuja filosofia vem alicerçada na gestão participativa e humanizada, pilar da

Política Nacional de Humanização, formulada em 2003, pelo Ministério da Saúde

(BRASIL, 2004). Espera-se que contribua para ampliar a discussão de conceitos e

práticas acerca da liderança em enfermagem que vem sendo realizada no Núcleo de

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Pesquisa e Gestão em Saúde e Exercício Profissional da Enfermagem, da Escola de

Enfermagem Anna Nery, ao qual o estudo está vinculado.

De outra forma, a expectativa é de que os resultados alcançados possam

oferecer subsídios às lideres de enfermagem para reconsiderações acerca de suas

práticas, considerando as especificidades inerentes à área de atuação. A intenção é

oferecer um espaço de reflexão para que as enfermeiras possam ultrapassar a visão

técnica e especializada, também tão necessária ao campo da Oncologia, mas

integrar a esses saberes a intersubjetividade que permeia as relações de trabalho,

no exercício da liderança.

Este estudo poderá contribuir também para a consolidação do modelo de

gestão implantado na instituição onde foi realizada a pesquisa, ao agregar valores,

destacando o papel da enfermeira líder enquanto responsável por difundir ações

humanizadas aos profissionais da equipe de enfermagem, enquanto trabalhadores

no processo de produção de saúde.

No que tange ao ensino, a intenção é de que os resultados deste estudo

possam enriquecer as discussões acerca de uma prática humanizada na liderança

na enfermagem oncológica tanto nos cursos de graduação, de acordo com o

Programa de Integração Docente Assistencial na Área de Oncologia (PIDAAC),

quanto nos Cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu. Tal fato está de

acordo com as diretrizes da Política Nacional de Atenção Oncológica que ressalta,

dentre outros aspectos, a necessidade de qualificação da assistência e educação

permanente de profissionais de saúde em acordo com os princípios da integralidade

e da humanização (BRASIL, 2005).

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CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta as abordagens que constituem a fundamentação

teórica para subsidiar o entendimento do objeto de estudo. No primeiro momento

será abordada a liderança na trajetória do pensamento administrativo com destaque

para a Teoria das Relações Humanas, que influenciaram diretamente o surgimento

da Liderança, cujo enfoque é o comportamento das pessoas e a valorização das

relações de trabalho nas empresas.

No segundo momento será abordada a Política Nacional de Humanização da

Gestão e da Atenção à Saúde com os seus princípios e diretrizes, como norteadora

das relações de trabalho humanizadas no contexto da prática de enfermagem em

oncologia.

2.1 A Liderança na Enfermagem na Trajetória do Pensamento Administrativo

Para melhor entendimento de como surgiu a liderança, em que bases foram

construídas e como se dá a integração com as relações de trabalho, modificando o

seu papel no contexto da administração atual, torna-se imprescindível um breve

histórico das Teorias Gerais da Administração, já que a liderança é um dos

principais enfoques discutidos a partir da Teoria das Relações Humanas, quando

emergiu como uma forma de trazer para as empresas mais valorização nos aspectos

relacionais.

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Segundo Chiavenato (2003), dentre as principais teorias do pensamento

administrativo, a Teoria das Relações Humanas surgiu em 1932, após as Teorias da

Administração Científica em 1903, da Burocracia em 1909 e da Clássica em 1916.

Para o autor (ibid.), com o desenvolvimento e a complexidade das

organizações a partir do início do século XX, a administração passou a enfrentar

dificuldades que fizeram surgir as Teorias da Administração, permitindo aos

dirigentes das organizações utilizarem os modelos e as estratégias que melhor se

adequassem à solução de seus problemas empresariais.

A Administração Científica, fundada por Frederick Taylor, deu início às

Teorias da Administração: ênfase na tarefa realizada pelo operário, com

preocupação no aumento da produtividade, enfatizando o trabalho simples e

repetitivo, sendo a organização racional do trabalho fundamentada no estudo dos

tempos e movimentos, na fragmentação das tarefas e na superespecialização que

robotizava o operário. (ibid.).

Henry Ford foi um dos grandes precursores da Administração Científica,

sendo muito conhecido por promover, no século XX, a produção em massa na

indústria automobilística, cuja organização do trabalho visava a produzir o maior

número de produtos acabados com a maior garantia de qualidade e pelo menor

custo possível. Com a produção em massa, os operários fabricavam 800 carros por

dia, popularizando o produto que antes era artesanal e destinado apenas aos

milionários (ibid.).

A Teoria Clássica surge em seguida, fundada por Henri Fayol, com ênfase na

estrutura que a organização deveria ter para ser eficiente, trazendo um modelo de

comportamento administrativo influenciado pelas antigas organizações militar e

eclesiástica. A Teoria Clássica é marcada com a essência de um modelo de

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organização preocupada com a estrutura e a forma estática e limitada, tendo uma

concepção tradicional, rígida e hierarquizada (CHIAVENATO, 2003).

Enquanto a Teoria da Administração Científica fragmentava as tarefas

realizadas pelos operários, a Teoria Clássica utilizava a fragmentação de tarefas no

âmbito dos órgãos para compor a organização, criando departamentos, divisões,

seções, unidades e outros. Surge então a divisão de trabalho na direção vertical,

cujos níveis de autoridade e responsabilidade ocorriam pela escala hierárquica, e na

direção horizontal, quando os diferentes tipos de atividades encontravam-se no

mesmo nível hierárquico, como departamentos, divisões e outros.

Fayol define como funções do administrador: o ato de prever, organizar,

comandar, coordenar e controlar, entendendo que tanto o diretor, o gerente, o chefe

ou o supervisor desempenham essas funções administrativas. O que difere tais

funções é como elas são distribuídas conforme os níveis hierárquicos, ou seja,

quanto mais se sobe na escala hierárquica mais aumenta a extensão e o volume

das funções administrativas.

Na Teoria Clássica da Administração, foram instituídos por Fayol, os quatorze

Princípios Gerais da Administração. A denominação de princípios se deu, segundo

ele, para afastar qualquer ideia de rigidez, pois ele acreditava que tudo na

administração deveria ser questão de medida, ponderação e bom senso, sendo

esses princípios universais e maleáveis adaptando-se a qualquer tempo, lugar ou

circunstância (ibid.).

Dos quatorze princípios descritos pelo autor, destacam-se alguns como a:

Divisão do trabalho, com o intuito de aumentar a eficiência; Autoridade e

responsabilidade, entendendo autoridade como o direito de dar ordens e esperar

obediência, sendo a responsabilidade consequência da autoridade e o dever de

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prestar contas; Disciplina, que depende da obediência e do respeito aos acordos

estabelecidos; Unidade de comando, sendo o princípio da autoridade única;

Subordinação dos interesses individuais aos gerais, em que os interesses da

empresa devem se sobrepor aos interesses pessoais; Centralização, concentração

da autoridade no topo da hierarquia da organização; Equidade, amabilidade e justiça

para alcançar a lealdade do pessoal; e Espírito de equipe, harmonia e união -

consideradas grandes forças para a organização.

Ao se conhecer os Princípios Gerais da Administração, é possível entender

porque eles permanecem sendo utilizados no mundo de hoje para a execução de

tarefas administrativas, fazendo com que a abordagem clássica tenha sua

importância indispensável para a compreensão das bases da moderna

administração.

Para Chiavenato (2003), Henri Fayol o pioneiro da Teoria Clássica, junto com

Taylor, são considerados um dos fundadores da moderna administração e que,

apesar das críticas feitas, não esconde o fato de que a ela se devem as bases da

moderna teoria administrativa.

A Teoria da Administração Científica e a Teoria da Administração Clássica

tinham o mesmo objetivo: o de buscar a eficiência das organizações, não havendo

preocupação com a satisfação das necessidades do trabalhador e da importância

das relações humanas. Sobre esse aspecto, Trevizan (1993) afirma que sob o ponto

de vista do conceito tradicional, a tarefa da administração é ordenar, sistematizar e

disciplinar, canalizando as energias humanas, exclusivamente, para atender aos

objetivos da organização.

Esse modelo tornava os trabalhadores passivos e indiferentes às

necessidades organizacionais, até mesmo resistentes às exigências, surgindo a

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crença de que trabalhavam o menos possível, que faltava ambição e

responsabilidade, tinham pouca inteligência, não aceitavam mudanças e tinham

necessidade de ser conduzidos. Por esse motivo, cabia à administração dirigir e

motivar os esforços dos trabalhadores, controlando o seu modo de agir para que se

ajustassem às necessidades da organização. Sem se importar com a valorização

humana, com o olhar sempre voltado para a valorização da organização e para o

aumento da produtividade, utilizavam para conseguir mudanças no comportamento

do trabalhador uma forma de gerenciar que persuadia, punia, recompensava e

controlava suas atividades.

Motta (2003), ao analisar as premissas sobre a natureza humana no trabalho,

discorre sobre a relação chefe-subordinado, em que ocorre por parte dos

subordinados uma reação gerada pela ação do chefe: se o chefe for mais rígido, o

subordinado trabalha mais, aumentando o nível de produção; mas, se ao contrário, o

subordinado for menos cobrado, trabalha menos produzindo menos.

[...] Dirigentes creem que o trabalho só será realizado se controles rígidos e critérios claros de autoridade forem impostos aos subordinados, que são naturalmente preguiçosos e desinteressados. Os subordinados por sua vez, ao serem socializados nessa prática, adquirem a mesma crença do dirigente e passam a produzir de acordo com a maior ou menor pressão ou disciplina de seu chefe [...]. (MOTTA, 2003, p.193)

Assim, pode se dizer que as teorias de Taylor e Fayol construíram uma

administração pautada em conceitos de organização formal e hierarquizada, de

gerenciamento autoritário e da fragmentação de tarefas, isolando os trabalhadores

em suas divisões de trabalho especializados, deixando-os dependentes,

conformados e sem autonomia para iniciativas.

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A partir dessas bases teóricas, no cenário da enfermagem, observa-se que no

século XX, já com a institucionalização da profissão, a enfermagem tornou-se um

campo fértil para as influências dos conceitos provenientes das teorias da

administração de Taylor e Fayol.

Sobre essa questão Figueiredo et al. (1996, p. 9-10) afirmam que “(Re)visitar

Taylor é revisitar o passado administrativo da enfermagem, quando pensamos em

Florence Nightingale como uma grande administradora da enfermagem que viveu na

mesma época e na Inglaterra de Taylor”. Para os autores, as ideias de Taylor

continuam marcando e impregnando as práticas da enfermagem no dia a dia.

No contexto do pensamento da Administração Científica, os estudos de tempo

e movimento utilizados nas fábricas para estabelecer padrões de realização também

foram aplicados pela enfermagem, com a finalidade de economizar tempo e

movimento, para que se pudesse dar conta das inúmeras tarefas hospitalares.

Porém esta modalidade de organização de trabalho, adotada pela enfermagem,

resultava em trabalho tipo produção em massa, fazendo com que os pacientes

muitas vezes perdessem sua identidade numa lista de obrigações a serem

cumpridas pelos profissionais da equipe, que deveriam ser rápidos e eficientes.

No entendimento de Figueiredo et al. (op.cit., p.11-12), Taylor mantinha uma

visão sobre o homem como um ser que procura “o máximo de ganhos com o mínimo

de esforço físico e econômico”, sendo esse o mesmo discurso que detém o poder

político e econômico na área de saúde, “atender muitos clientes no menor tempo

possível”.

As autoras (ibid.) ainda afirmam que a enfermagem como profissional de

saúde, faz parte desse contexto, mesmo não concordando com a ordem de

quantificar, já que o trabalho em saúde não é o de “cortar aço, mas, o de fazer o

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cuidado num corpo vivo”. Portanto questionam: “o que é achar o jeito certo, quando

cuidamos de seres humanos? Como quantificar cuidados tão especiais além da

subjetividade que os envolvem?”.

No que diz respeito aos estudos de Tempo e Movimento, Taylor desenvolveu

o conceito de Homem de Primeira Classe, enquanto que Nightingale criou a

categorização de Ladies Nurses e Nurses, onde as Nurses eram a base da

utilização do tempo e do movimento na ação de cuidar dos clientes da enfermagem.

Tanto o homem de Taylor como as nurses de Nightingale eram e ainda são a base

da produção de bens e produtos na área de saúde. E com isso continuamos numa

estrutura piramidal onde o “de cima manda no de baixo” (FIGUEIREDO et al., 1996).

Segundo Lunardi Filho (1995), a enfermagem moderna preconizada por

Florence Nightingale, desde sua concepção, já adotava a divisão técnica do

trabalho, com base na divisão social, apresentando um caráter fragmentário,

diferenciando o saber da prática, dando um cunho hierárquico à profissão.

Almeida (1986) afirma que com o intuito de delimitar o espaço social e

legitimar a hierarquia, Nightingale introduziu o treinamento dos agentes de

enfermagem, que era realizado conforme os níveis de complexidade: tarefas de

cuidados diretos eram para os menos categorizados socialmente e tarefas de

gerência para os elementos mais categorizados socialmente.

Essa delimitação do espaço social dividindo tarefas por categorização social,

separando a que exige menos esforço de reflexão da que exige reflexão e produção

de conhecimento é uma constatação histórica na prática da enfermagem. Os

operários de Taylor, assim como os auxiliares do enfermeiro, tinham que executar

seu trabalho sem discutir as ordens recebidas (FIGUEIREDO et al., 1996).

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Na segunda década do século XX, vários fatores como recessão econômica,

inflação, elevado desemprego e forte atuação dos sindicatos, possibilitou condições

para um repensar a administração com uma abordagem humanística, trazendo uma

revolução conceitual na Teoria Administrativa. Até então, a ênfase era na tarefa e na

estrutura organizacional, passando a partir daí para a ênfase nas pessoas que

trabalhavam nas organizações. Com isso, a preocupação com a organização formal

cedeu lugar para a preocupação com as pessoas e os grupos sociais, passando dos

aspectos técnicos e formais para os aspectos psicológicos e sociológicos. O

desenvolvimento das ciências sociais, principalmente a Psicologia do Trabalho, teve

grande influência no surgimento da Abordagem Humanística na Administração

(CHIAVENATO, 2003).

A preocupação voltada para os problemas humanos fez com que os

trabalhadores começassem a adquirir aumento de maturidade, desenvolvendo

interesses próprios e, com isso, gerando maior iniciativa, independência e autonomia

nas tarefas a serem executadas. Como resultado desse comportamento ocorreu

frustração, conflito e hostilidade do trabalhador em relação ao sistema

organizacional. A partir dessa visão conflitiva, surgiram diversas propostas de

adaptação do indivíduo à organização, como ampliação do conteúdo das tarefas,

maior participação no processo decisório e liderança mais democrática (MOTTA,

2003).

Surge então, a partir da década de 1930, a Teoria das Relações Humanas ou

Escola Humanística da Administração, desenvolvida por Elton Mayo e

colaboradores, como forma de reação e oposição à Teoria Clássica da

Administração, mostrando como o homem era esmagado impetuosamente pelo

desenvolvimento da civilização industrializada (CHIAVENATO, 2003).

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Segundo esse autor (ibid.), na Teoria das Relações Humanas, a

Administração tem como objetivo buscar os melhores resultados por meio de

condições que permitam a integração das pessoas nos grupos sociais e a satisfação

das necessidades individuais. Por essa razão, com a intenção de explicar o

comportamento humano dentro das organizações, a teoria passou a estudar a

interação social, já que as pessoas participavam de grupos sociais dentro da

organização. Nessa abordagem teórica da Administração, fica entendido que o foco

das relações humanas são as ações e as atitudes desenvolvidas a partir dos

contatos entre as pessoas e grupos.

Segundo Chiavenato (2003), na Teoria Clássica não houve preocupação com

a liderança, os autores se referiam a ela superficialmente, enfatizando apenas a

chefia nos níveis hierárquicos com uma autoridade formal. As experiências

realizadas na Teoria das Relações Humanas mostraram lideres informais que

mantinham o controle do grupo, introduzindo normas e expectativas que ajudavam

os trabalhadores a atuarem como um grupo social coeso e integrado.

Na opinião de Trevizan (1993), na Administração Clássica, a prática da

liderança se limitava à realização de objetivos da organização que, para se alcançar

eficiência e produtividade, não hesitava em sacrificar as pessoas. Por esse motivo,

os conflitos entre o indivíduo e a organização eram sempre resolvidos em favor da

organização. Foi na Teoria das Relações Humanas que ocorreram as primeiras

experiências sobre liderança, quando então foi constatado o impacto dos seus

resultados sobre a Teoria Administrativa; ela surge como uma ferramenta da

administração influenciando o comportamento das pessoas.

Nesse sentido pode-se afirmar que a liderança é essencial em todas as

funções da Administração. O administrador para liderar deve conhecer a natureza

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humana, saber conduzir as pessoas, construir e dinamizar equipes de trabalho,

utilizando competências básicas como: relacionamento interpessoal, comunicação,

liderança, motivação e resolução de conflitos (CHIAVENATO, 2003).

De acordo com Chiavenato (2003), as teorias de liderança podem ser

classificadas em três grupos: Teorias de Traços de Personalidade, Teorias sobre

Estilos de Liderança e Teorias Situacionais da Liderança.

Teorias de Traços de Personalidade são as mais antigas, definindo o líder

como aquele que se distingue das outras pessoas pelos seus traços específicos de

personalidade marcante, influenciando o comportamento das demais pessoas.

Esses traços podem ser físicos, como aparência pessoal; intelectuais, como

entusiasmo e autoconfiança; sociais, como habilidades interpessoais; e relacionados

com a tarefa, como persistência e iniciativa.

Teorias sobre Estilos de Liderança estudam os estilos de comportamento do

líder em relação aos seus subordinados, que são:

• Teorias de Traço – referem-se ao que o líder é;

• Teorias dos Estilos - abordam o que o líder faz. Essa teoria se refere a

três estilos de comportamento para liderar:

o Liderança Autocrática, em que o líder impõe suas ordens ao

grupo, centralizando as decisões, sendo necessária sua

presença física para que o trabalho se desenvolva;

o Liderança Liberal, em que as decisões são totalmente

delegadas ao grupo, que ficam à vontade sem controle algum,

notando-se pouco respeito ao líder por parte do grupo;

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o Liderança Democrática, em que o líder conduz e orienta o

grupo, incentivando a participação democrática das pessoas.

Percebe-se nessa liderança, o sentido de responsabilidade e

comprometimento pessoal, havendo integração grupal.

Segundo Chiavenato (2003, p. 125), o líder utiliza os três estilos para liderar,

de acordo com a situação, com as pessoas e com a tarefa a ser executada. “O

desafio da liderança é saber quando aplicar qual o estilo, com quem e em que

circunstâncias e atividades”.

� Teorias Situacionais da Liderança - partem do princípio de que não

existe um só estilo de liderança para qualquer situação, ou seja, cada

situação necessita de um tipo de liderança para alcançar resultados

com os subordinados. O líder deve se ajustar a um grupo de pessoas

sob condições variadas. Segundo o autor (ibid.), a abordagem

situacional da liderança passou a ganhar predominância na teoria

administrativa.

Trevizan (1993) ressalta que a partir da Teoria Situacional houve um

entendimento de que é possível instruir, educar e desenvolver líderes, aumentando

sua eficiência no papel de liderança.

Nesse sentido, a autora (op.cit. p.5) aborda um velho dilema questionando no

contexto da enfermagem “sobre o problema da liderança inata; ou seja, o homem já

nasce líder? Ou não? O líder deve ser preparado, deve ser feito? Qualquer pessoa

pode ser um líder? Há modelos que devemos imitar? [...]”

No entendimento de Motta (2003, p.207), algumas das pessoas podem se

tornar líderes e as habilidades de liderança podem ser aprendidas através de

ensinamento e da experiência de vida. Ultimamente o incentivo pelo aprendizado

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sobre liderança está associado ao fato de que a capacidade de ser líder não é mais

vista como algo inato ou de estilo pessoal, mas de competência gerencial. E no que

se refere ao modelo de liderança a ser seguido, Motta (op.cit.) diz que seja qual for o

modelo, o líder precisa ser capaz de transmitir poder aos liderados e não obter o

poder, capacitar as pessoas no seu potencial, estimulando-as a ter iniciativa,

desenvolvendo entusiasmo, autoestima e ideais.

Kouses e Posner (2003) entendem que liderança não é personalidade.

Liderança é prática, e que o líder para alcançar uma meta proposta precisa seguir

cinco regras básicas: apontar o caminho, inspirar uma visão compartilhada, desafiar

o estabelecido, permitir que os outros ajam e encorajar o coração.

Para os autores (ibid.), a liderança deve ser um esforço coletivo, em que os

líderes devem capacitar as pessoas para a ação, estimulando a colaboração e

desenvolvendo confiança, criando condições para que os demais realizem um bom

trabalho.

A liderança tem sido amplamente estudada por diversos pesquisadores no

decorrer da história da Administração, estando sempre presente na fala de autores

da administração moderna. Assim, na área da Enfermagem, a temática também tem

sido foco de pesquisa, em que estudiosos discutem a liderança com diferentes

abordagens.

Focando a comunicação no âmbito da liderança, Trevizan et al. (1998, p. 78),

reforçam o papel fundamental da comunicação no cenário da gestão em

enfermagem, quando dizem que “O êxito do líder está relacionado com a sua

habilidade de comunicar-se com outros”.

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Reforçando esse pensamento, Galvão et al., em estudo sobre a liderança e a

comunicação como estratégias que possibilitam ao enfermeiro promover a melhoria

do gerenciamento da assistência de enfermagem, dizem que:

A comunicação é um recurso que permite ao líder aproximar-se dos liderados com o intuito de compreender as atividades de cada um, compartilhar ideias e visões, bem como criar interdependências para o desenvolvimento do trabalho através de equipes (GALVÃO et al., 2000, p.35)

Sobre a abordagem da liderança situacional, Galvão et al. (1998) e Wehbe et

al. (2005), em suas pesquisas, utilizam o modelo de liderança situacional para

fundamentar a habilidade do enfermeiro para que estes aprimorem a qualidade da

assistência de enfermagem, desenvolvendo o potencial do pessoal de enfermagem.

Galvão et al. (1998), em pesquisa sobre a liderança no século XXI, tecem

considerações acerca do papel do enfermeiro líder do futuro, da importância do

liderado para a eficiência do processo de liderar e das necessidades do aprendizado

em liderança.

Em uma abordagem sobre a interferência da globalização na liderança de

enfermagem, Prochonow et al. (2003), em um estudo de reflexão, através de uma

revisão de aportes teóricos divulgados em periódicos e em dissertações/ teses sobre

o tema liderança, têm como objetivo o repensar do papel do enfermeiro como líder,

ressaltando-o como alguém que compartilha frente à globalização e às crises,

formas criativas e inovadoras de trabalho, unindo a tecnologia e os fatos humanos.

O enfoque trazido no estudo dos autores é de extrema relevância para a

atuação do líder em enfermagem diante do surgimento do fenômeno da

globalização, em que o mundo passa por enormes mudanças e transformações,

com o surgimento de uma sociedade global complexa e contraditória, trazendo uma

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tecnologia cada vez mais avançada, disponibilizando facilidades na vida, e a crise

nos sistemas político, social e econômico fazendo-se presentes.

Segundo Gelis Filho (2001), ao longo da última década, uma série de fatores

sociais, econômicos e políticos, conhecidos como “globalização”, vêm determinando

modificações no cenário internacional e nos contextos nacionais, e como qualquer

outra área da atividade econômica e social, os serviços de saúde estão expostos a

transformações ainda não totalmente previsíveis.

A globalização intervém na área de saúde, incorporando novas tecnologias. A

evolução tecnológica se faz necessária no diagnóstico e tratamento do cliente,

porém exige maior qualificação dos profissionais de enfermagem, gerando uma

demanda de capacitação e especialização desses profissionais, no intuito de

manipular os equipamentos, bem como de decodificar seus achados diagnósticos,

causando o aumento da necessidade de mão de obra qualificada.

Para Marquis & Huston (1999), a enfermagem em sua evolução histórica

sempre teve que responder às mudanças tecnológicas e sociais. Em resposta a uma

maior ênfase ao lado comercial dos serviços de saúde, as responsabilidades

administrativas têm evoluído, exigindo especialização nos aspectos financeiros e

mercadológicos.

A organização do trabalho na reestruturação para acompanhar as novas

tecnologias recai no próprio significado do trabalho de enfermagem, interferindo na

construção da identidade dos profissionais. Nesse cenário, torna-se fundamental o

desenvolvimento de competências laborais e habilidades pessoais ampliadas por

parte dos profissionais de enfermagem.

O cenário no qual a enfermagem atua, encontra-se inserido num ambiente de

alta mutabilidade técnica, tecnológica, gerencial e comunicacional, onde os

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profissionais têm que se adaptar e desenvolver suas atribuições, visando a atender

aos objetivos institucionais e pessoais, que muitas vezes fica relegado em

detrimento da prioridade institucional.

A prática da liderança de enfermagem não deve estar somente em

consonância com a instituição, mas também voltada para as condições de trabalho e

as necessidades dos profissionais da sua equipe.

Segundo Trevizan (1993), a liderança, na visão moderna, deve desempenhar

um papel abrangente, atendendo às demandas organizacionais e às necessidades

individuais dos trabalhadores, em uma concepção de integração de ambos.

Leoni enfatiza que para o crescimento pessoal e profissional é importante

[...] o homem conhecer não só o contexto organizacional no qual está inserido, mas também conhecer a si mesmo, buscando o constante aperfeiçoamento nos diferentes contextos de sua vida: familiar, de grupo social, e os demais, enfim, o seu entendimento com um todo. (LEONI, 2002, p.24)

Para que isso ocorra, é necessário que o enfermeiro líder não veja sua equipe

apenas com a preocupação de fazer cumprir os deveres, é preciso estar atento para

todos os fatores que interferem para que o profissional não consiga fazer exercer os

seus direitos, estimulando-o a ser participativo nas decisões e refletindo sobre o

valor do ser profissional de saúde.

Essa repercussão se apresenta sob forma de conflito entre o saber técnico

relacionado à utilização de altas tecnologias e o cuidado que requer o contato e a

construção de uma relação humanizada com o paciente, interferindo também na

relação de trabalho da equipe.

Quanto à gerência moderna, Leoni (ibid.) aborda a importância de se

desenvolver a capacidade de adaptações rápidas e de promover mudanças, em

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contraste com a administração tradicional; de se implantar um novo estilo de gestão,

destruindo barreiras erguidas pelas lideranças passadas e construir uma liderança

voltada para ajudar os colaboradores a realizarem o que são capazes de fazer.

De acordo com Deluiz (2005), é necessário estimular no trabalhador, nesse

contexto, a capacidade de diagnóstico, de solução de problemas, de tomadas de

decisões, de intervenção no processo de trabalho, do trabalho em equipe, de se

auto-organizar e de enfrentar situações em constantes mudanças.

Na área de Oncologia, esse quadro se apresenta com exuberância, visto que

a especialidade demanda alta complexidade assistencial em todo decorrer do

processo terapêutico, além de requerer dos profissionais de enfermagem atuantes

na área, uma extrema habilidade relacional e afetiva, consoante com a

especificidade dos pacientes e seus familiares.

Considerando essas questões, a inclusão da humanização como elemento

focal para se pensar na liderança de enfermagem em Oncologia, reveste-se de

extrema relevância, visto que, a cada dia, os profissionais se veem diante de

situações e impasses nos quais se exige o exercício da autonomia, da condução

crítica da prática profissional e de sintonia com as mudanças das organizações

hospitalares.

Em um mundo cada vez mais competitivo e mutável, em que o modo de

gestão empresarial se transformou para que as empresas possam obter vantagem e

vencer os desafios, é necessário uma gerência moderna, implementando mudanças

com um novo modelo de gestão.

Os estudos vêm mostrando o papel importante do líder junto à sua equipe, em

uma gestão contemporânea, na valorização e no desempenho dos liderados.

Com uma visão gerencial contemporânea, Motta afirma que

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[...] O verdadeiro líder se conhece pelos liderados. É através do comprometimento dos liderados, do verdadeiro uso de suas potencialidades, de seus interesses e da satisfação obtidas no alcance de resultados que se sabe que são direcionados por um líder [...]. (MOTTA, 2003, p.206)

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2.2 – A Humanização com Base na Política Nacional de Humanização e as

Relações de Trabalho na Enfermagem em Oncologia

Este seção visa a destacar a humanização como eixo central da liderança na

enfermagem em oncologia e sua valorização baseada em conceitos políticos e

sociais, como uma política pública de saúde.

A liderança surgiu a partir de uma abordagem humanística, cujo foco era a

preocupação com as relações humanas no trabalho para se obter melhores

resultados. Portanto, torna-se necessário buscar em bases conceituais a definição

de humanização, de modo a compreender a sua importância nas relações de

trabalho e a influência que tem sobre a liderança, tornando a relação do enfermeiro

líder e a equipe mais humanizada.

2.2.1 Humanização na Saúde

A palavra humanizar significa: “dar condição humana a; civilizar; tornar-se

humano”. (FERREIRA, 2000, p.369).

Ao se utilizar a palavra humanização na área da saúde, em especial na

enfermagem, causa um impacto que gera perguntas do tipo: O que significa

humanização? O que é humanizar? A enfermagem é desumanizada? Não somos

humanos? Não cuidamos de humanos? Como entender a necessidade de

humanizar uma relação quando se fala de enfermagem, cuja essência da profissão é

cuidar e zelar de um ser humano?

Vários autores têm abordado a temática da humanização considerando o

cenário da saúde, imprimindo às suas elaborações conceituais, as características de

seus campos de atuação.

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Do ponto de vista da Administração, Chiavenato (2003, p.107) entende que a

compreensão do processo e do contexto em que ocorrem as relações humanas

permite ao administrador melhor resultado de seus subordinados, criando uma

atmosfera na qual cada pessoa é encorajada a exprimir-se de forma livre e sadia,

corrigindo com isso a tendência à desumanização do trabalho.

Figueiredo et al. (1996, p.190) ressaltam ser necessário que o trabalhador

tenha liberdade para agir, interagindo como seres sensíveis e emocionais, a fim de

que possa ocorrer a humanização da administração.

Quanto ao estranhamento na área de saúde que o conceito de humanização

propicia, Deslandes (2004, p.8), em análise de textos do Ministério da Saúde sobre a

humanização da assistência, refere-se às provocações feitas através de perguntas

como “O que designa humanizar? Subentende-se que a prática em saúde era

(des)humanizada ou não era feita por e para humanos?”. Segundo a autora, o

conceito de “humanização da assistência” ainda merece uma definição mais clara,

baseada em uma diretriz de trabalho e com movimento de parcela dos profissionais

e gestores, deixando de ser apenas um “aporte teórico-prático”.

Minayo (2004, p. 17-18), ao discutir o termo humanização, afirma que

“Quando se fala de humanização, é preciso, de início, questionar se alguma coisa

feita pelo ser humano, pode receber o nome de desumano”. A autora cita o livro de

Henri Atlan (2002) - La science est-elle inhumaine? Essai la libre necessite - que diz:

“Só os seres humanos podem ser desumanos ou confrontados com a

desumanidade” e entende que para discutir essa temática, é necessário “ampliar, do

ponto de vista filosófico, a noção de humanização ou de humanismo”.

Pode-se dizer que a humanização tem sido tratada nas diversas áreas, com

perspectivas na filosofia, na ética, na bioética e na sociologia. Tais enfoques

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demonstram a importância de um entendimento mais amplo para o significado tão

subjetivo da expressão humanização.

Em uma abordagem voltada para a produção do cuidado em saúde, baseada

nas ciências sociais, Deslandes discute a noção de humanização empregada

[...] para a forma de assistência que valorize a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico, associado ao reconhecimento dos direitos do paciente, de sua subjetividade e referências culturais. Implica ainda a valorização do profissional e do diálogo intra e interequipes. (DESLANDES, 2004, p.8-9)

No ponto de vista de Deslandes (ibid.), a proposta de um modelo de

humanização centrado na possibilidade de comunicação e diálogo entre usuários,

profissionais e gestores, busca instituir uma nova cultura de atendimento, tendo o

processo de comunicação como conceito-chave da humanização.

De acordo com Betts (2003), para humanizar é necessário garantir à palavra

a sua dignidade ética, ou seja, as palavras com que o sujeito expressa o sofrimento

humano, as percepções de dor ou de prazer do corpo precisam que sejam

reconhecidas pelo outro, tanto quanto esse sujeito precisa ouvir do outro, palavras

do seu reconhecimento, para serem humanizadas. É através da linguagem que se

fazem as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro, sem o que

se desumanizam reciprocamente.

Para a autora (op.cit. p.1), sem comunicação não há humanização. “A

humanização depende da nossa capacidade de falar e ouvir, pois as coisas do

mundo só se tornam humanas quando passam pelo diálogo com nossos

semelhantes”.

Pode-se observar nas duas considerações apresentadas, que o ponto de

convergência é a comunicação, tanto para o estabelecimento de relações

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interpessoais quanto para o reconhecimento de necessidades dos pacientes e dos

profissionais.

Adotando uma perspectiva conceitual na esfera da ética, Zaher et al. (2004)

destacam que para humanizar a saúde é preciso dar qualidade para a relação e

suportar as angústias do ser humano frente à fragilidade do corpo. Para se cumprir

essas finalidades, o processo de humanização deve ser dinâmico, permanente, de

reflexões constantes sobre o ser profissional da saúde e as repercussões do

sofrimento humano em si e nos outros. Para os autores, é necessário repensar

como cultivar e desenvolver esse espaço de observação dos próprios sentimentos

nos profissionais de saúde.

Casate e Corrêa (2005, p.110), em estudo sobre a humanização na

enfermagem, destacam as tendências da abordagem do tema que incluem,

inicialmente e de modo circunscrito, a humanização pautada nas “relações

interpessoais com o doente, bem como às questões administrativas de dada

instituição (predominantemente hospitalar), mostrando-se desarticuladas das

dimensões político-sociais do sistema de saúde”.

As autoras descrevem que, a partir do movimento da reforma sanitária, o

tema adquiriu uma tônica vinculada à valorização e dignidade do usuário e do

trabalhador como cidadãos, referindo que “artigos de todas as décadas mostram a

necessidade de investir no trabalhador para construção de uma assistência humana,

considerando, inclusive, as condições adversas de trabalho apontadas como fatores

“desumanizantes””.

Ressalta-se que diferentemente da visão caritativa que usualmente compõe

as citações sobre humanização, as autoras (op. cit., p.111) afirmam ser fundamental

a valorização da participação dos sujeitos que, como humanos, “podem ser capazes

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de atitudes humanas e “desumanas”, construídas nas relações com o outro no

cotidiano”.

Considerando a enfermagem diante desses conceitos sobre humanização,

observa-se que não basta colocar em prática a essência da profissão, que é o de

cuidar, de saber escutar e de saber tocar, mas além disso, é imprescindível incluir no

elenco das prioridades a consideração com pacientes e profissionais dos serviços,

que possuem direitos e deveres de participação e decisão.

Torna-se claro, portanto, que o tema é de fundamental importância para o

sistema de saúde atual, principalmente quando se trata da valorização dos

profissionais, dos pacientes e familiares.

Entende-se que a humanização para se concretizar na prática dos

profissionais de saúde precisa que sejam repensados os conceitos de humanização

para desvinculá-los dos movimentos religiosos, filantrópicos ou paternalistas, tão

desenvolvidos nas instituições hospitalares, que reforçam a fragilidade e submissão

dos pacientes e desvirtuam as exigências de qualificação e valorização do trabalho

profissional.

Segundo Benevides e Passos (2005, p.562), esses movimentos nomeados

como práticas humanizadas, é que fazem com que “a humanização seja

menosprezada por grande parte dos gestores, ridicularizada por trabalhadores e

demandada pelos usuários”.

Costa (2003), ressalta o entendimento de humanização com o conceito que

traduz uma visão política do gestor de serviços de saúde numa amplitude gerencial,

com vistas ao desenvolvimento do potencial humano dos usuários e dos

trabalhadores.

[...] por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários,

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trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão. (COSTA, 2003)

2.2.2 Bases da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão à Saúde

Atualmente, as iniciativas de humanização governamentais estão descritas e

formuladas na Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão (PNH) no

Sistema Único de Saúde (SUS), denominada HumanizaSUS, a qual vem sendo

amplamente discutida e implementada nas instituições de saúde nas três esferas

governamentais.

Para melhor entendimento da PNH, há que se conhecer seus antecedentes e

sua construção.

Nos últimos anos, a temática da humanização da atenção à saúde despontou

em diversos momentos e múltiplas iniciativas no processo de construção do SUS.

Passou a configurar, inicialmente, programas e projetos de qualificação do

atendimento em áreas específicas, especialmente a assistência materno-infantil.

Alguns modelos de assistência pautados por tais princípios são amplamente

apoiados pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial de Saúde

(OMS), sendo considerados referência para a rede pública, tais como os projetos

Maternidade Segura e o Método Canguru (DESLANDES, 2004).

A partir de iniciativas pioneiras de Secretarias Municipais e Estaduais de

Saúde, o Ministério da Saúde instituiu, em maio de 2000, o Programa Nacional de

Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). Destinava-se a “promover uma

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nova cultura de atendimento à saúde”, visando à melhoria da “qualidade e à eficácia

dos serviços prestados por estas instituições” (BRASIL, 2000).

Segundo Deslandes (2004), o PNHAH constituía uma política ministerial

bastante singular, que tinha como objetivo fundamental aprimorar as relações entre

os profissionais, entre usuários/profissionais e entre hospital e comunidade.

O lançamento do PNHAH foi o primeiro passo para se legitimar a

humanização como elemento referencial, já que esse termo vinha sendo largamente

utilizado no âmbito da saúde. Com a implementação do Programa, a humanização

ganha nova visibilidade e é incluída na pauta da 11ª Conferência Nacional de Saúde

em dezembro de 2000 (DESLANDES, 2004).

As várias iniciativas desenvolvidas no Ministério da Saúde foram vistas como

importantes contribuições para a sensibilização de gestores, trabalhadores e

usuários no que diz respeito à humanização do atendimento, acumulando

experiências significativas. Não deixava de ser apontado, porém, o caráter

fragmentário dessas iniciativas, que de um modo geral não mantinham articulação

entre si (BRASIL, 2003).

Segundo Benevides e Passos (2006, p.35), o PNHAH iniciou ações de

humanização, em hospitais, “voltadas para a melhoria na qualidade da atenção ao

usuário e, mais tarde, ao trabalhador”. Era um cenário ambíguo onde a humanização

“era reivindicada pelos usuários e alguns trabalhadores e, no mínimo, secundarizada

pela maioria dos gestores e dos profissionais”.

Vivenciando a prática do PNHAH como representante do INCA nos encontros

com os coordenadores do Programa, a autora deste trabalho constatou que várias

instituições hospitalares promoviam atividades que tinham como propósito a

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humanização do atendimento ao paciente, porém sentia falta de discussões sobre

ações que propusessem uma relação de trabalho humanizada entre os profissionais

de saúde.

O Ministério da Saúde (MS), ao longo do primeiro semestre de 2003, constrói

a Política Nacional de Humanização (PNH), entendendo que a humanização não

deveria se reduzir a projetos isolados, mas que as iniciativas existentes fossem

englobadas e rearticuladas de modo a superar o caráter isolado de cada uma,

potencializando-as e espraiando o conceito de humanização como um movimento

capaz de fortalecer o SUS como uma política pública de saúde, acentuando a

indissociabilidade entre o modelo de atenção e o modelo de gestão. (Doc. Base,

Brasil, 2003).

Em novembro de 2003, ocorreu uma oficina de trabalho, denominada Oficina

Nacional HumanizaSUS, que teve como objetivo geral: “Oferecer subsídios para a

implementação e consolidação da Política Nacional de Humanização (PNH) –

HumanizaSUS”; e como objetivos específicos: “Debater as diretrizes da PNH;

discutir a implantação da PNH e elaborar propostas de atuação por níveis de

atenção levando em conta as diferentes realidades nacionais; sensibilizar as

instâncias de governo de modo a promover maior interface e compromissos quanto

à PNH; e construir uma Agenda Estratégica com os Grupos de Humanização

estaduais e municipais para a implementação da PNH” (BRASIL, 2003). Nessa

Oficina, a PNH foi discutida, pactuada e consolidada com vários organismos

intergestores do SUS (BRASIL, 2003).

Em dezembro de 2003, foi realizado o Projeto de Divulgação da PNH na 12ª

Conferência Nacional de Saúde (CNS), que teve como objetivo principal, “divulgar a

PNH entre os diversos atores que formam o SUS” (BRASIL, 2004). A experiência

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causou forte impacto, devido à grande participação de representantes dos usuários,

gestores e profissionais de saúde que, além de relatarem as experiências

humanizadoras de que tinham conhecimento em sua região, foram estimulados a

pensar na humanização, a deixar seus recados em um grande mural e a participar

de filmagem para a criação de um vídeo institucional (BRASIL, 2004).

A construção da PNH teve como marco teórico-político, uma política nacional

em que a humanização seria vista não como um programa, mas como política

transversal entre as diferentes ações e instâncias de efetuação do Ministério da

Saúde, implicando em traduzir os princípios do SUS em seus modos de operar;

construindo trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de

saúde5 e produção de sujeitos6; oferecendo um eixo articulador das práticas em

saúde, destacando o aspecto subjetivo nelas presente e contagiando por atitudes e

ações humanizadoras a rede do SUS, incluindo gestores, trabalhadores da saúde e

usuários (BRASIL, 2004).

Portanto, a humanização se operacionaliza através da troca e da construção

de saberes; do trabalho em rede com equipes multiprofissionais; da identificação das

necessidades, desejos e interesses dos diferentes sujeitos do campo da saúde;

entre as diferentes instâncias de efetivação das políticas públicas de saúde

(instâncias da gestão e da atenção); do resgate dos fundamentos básicos que

norteiam as práticas de saúde no SUS, reconhecendo os gestores, trabalhadores e

usuários como sujeitos ativos e protagonistas das ações de saúde e da construção

5 Produção de saúde em uma democracia institucional diz respeito à constituição de sujeitos autônomos, protagonistas e implicados no processo de produção de sua própria saúde (BRASIL, 2006). 6 Produção de sujeito é identidade pessoal resultado de um processo de produção de subjetividade sempre coletivo, histórico e determinado por múltiplos vetores: trabalhadores, pacientes, familiares, gestores etc. (Brasil, 2006).

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de rede solidárias e interativas, participativas e protagonistas do SUS (BRASIL,

2003).

Partindo de um cenário que indicava o despreparo dos profissionais em lidar

com a dimensão subjetiva da prática de saúde, e com a presença de modelos de

gestão centralizados e verticais que impedia a participação do trabalhador no seu

próprio processo de trabalho, a PNH baseou a sua construção na humanização

como eixo das práticas de atenção e gestão da saúde no SUS, acreditando ser,

através de mudanças nos modelos de atenção e de gestão, o caminho para

redescobrir, fortalecer e consolidar um SUS humanizado (Doc. Base, BRASIL,

2006).

Para um melhor entendimento do marco teórico-político da PNH e da

discussão da humanização vinculada ao processo de consolidação do Sistema

Único de Saúde (SUS), não se pode deixar de resgatar sua criação com seus

Princípios Doutrinários e Organizacionais.

A constituição do SUS, no Brasil, resultou de lutas pela redemocratização da

sociedade brasileira em meio a movimentos de resistência à ditadura militar. Essa

resistência, no campo da saúde, manifestou-se no Movimento da Reforma Sanitária,

de onde partiu a formulação dos Princípios Doutrinários de Universalidade, Equidade

e Integralidade da saúde. Em 1988, quando foi votada a criação do SUS, votou-se

na saúde como direito de qualquer cidadão e como dever do Estado (BENEVIDES E

PASSOS, 2005).

O Princípio da Universalidade compreende o direito ao atendimento

independente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego ou renda;

e da saúde como direito de cidadania e dever do Estado;

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O Princípio da Equidade afirma que todo cidadão é igual perante o SUS e

será atendido conforme suas necessidades. Os serviços de saúde devem considerar

que em cada população existem grupos com suas peculiaridades, com diferenças no

modo de viver e de adoecer e trabalhar para cada necessidade, oferecendo mais a

quem mais precisa, diminuindo as desigualdades existentes;

O Princípio da Integralidade afirma que as ações de atenção à saúde deverão

ser pautadas nos princípios de prevenção, promoção e recuperação, a nível

individual e coletivo.

Reforçando a importância da criação do SUS e dos seus Princípios

Doutrinários para uma melhor qualidade de vida, Costa (2003) afirma:

Em 1988, votamos a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Com ele afirmamos a universalidade, a integralidade e a equidade da atenção em saúde. Com ele também apontamos para uma concepção de saúde que não se reduz à ausência de doença, mas a uma vida com qualidade. (COSTA, 2003)

Os Princípios da Organização do SUS apontam a descentralização,

redistribuindo responsabilidades, a regionalização, a hierarquização dos níveis de

atenção, a resolutividade e a participação social através dos Conselhos de Saúde e

de Conferências de Saúde.

Para Yépez e Morais (2004),

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988 representou um avanço, principalmente pelos seus princípios gerais de organização que apontam para a garantia de acesso de toda e qualquer pessoa a todo e qualquer serviço de saúde, e para a participação cidadã, através de suas entidades representativas, no processo de formulação de políticas públicas de saúde e do controle de sua execução. (YÉPEZ e MORAIS, 2004)

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Martins (2003), coordenando a 12ª Conferência Nacional de Saúde,

pronunciou-se assim:

SUS, o maior programa de inclusão social, a maior reforma de Estado em andamento e a única política pública realmente universalista e igualitária do Brasil. Antes apenas os servidores públicos e os trabalhadores com registro em carteira profissional tinham direito à saúde garantido em lei (MARTINS, 2003).

Apesar de grandes avanços em seu processo de construção, o SUS ainda

enfrenta uma série de desafios, dentre eles: a fragmentação do processo de trabalho

e das relações entre os diferentes profissionais, assim como da rede assistencial; o

despreparo das equipes para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de

atenção; o modelo de atenção baseado na relação queixa-conduta e a não formação

de vínculo entre usuários e equipes; a pouca valorização do trabalho em saúde e o

desrespeito aos direitos dos usuários. (Doc. Base, BRASIL, 2006).

O cenário indica a necessidade de mudanças, propondo, portanto, a

implementação de uma política de saúde que fortaleça e humanize o SUS,

concretizando uma pactuação democrática e coletiva.

A Política Nacional de Humanização, ao ser implantada, estabelece-se

fundamentada em Princípios Norteadores, Diretrizes, Dispositivos e Estratégias que

serão descritos a seguir, conforme o Documento Base (BRASIL, 2006):

Princípios Norteadores da PNH: por princípio entende-se o que causa ou

força determinada ação, ou o que dispara um determinado movimento no plano das

políticas públicas. A PNH, como movimento de mudança dos modelos de atenção e

gestão, possui dois princípios: Inseparabilidade entre a atenção e a gestão dos

processos de produção de saúde e de sujeitos e; Transversalidade entendida como

aumento do coeficiente de comunicação entre as instâncias hierárquicas (eixo

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vertical) e os setores e serviços (eixo horizontal), promovendo a abertura das

corporações e a multiplicação de “rodas de discussão” e decisão coletiva. Esses

princípios se desdobram enquanto política pública de saúde em (BRASIL, 2006):

� Valorização da dimensão subjetiva, coletiva e social em

todas as práticas de atenção e gestão no SUS, fortalecendo o

compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às

reivindicações de gênero, cor/etnia, raça, orientação/expressão sexual e

de segmentos específicos (extrativistas, povos indígenas, ciganos,

ribeirinhos, assentados, etc.);

� Fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional,

fomentando a transversalidade e a grupalidade;

� Apoio à construção de redes cooperativas, solidárias e

comprometidas com a produção de saúde e com a produção de sujeitos;

� Construção de autonomia e protagonismo dos sujeitos e

coletivos implicados na rede do SUS;

� Corresponsabilidade desses sujeitos nos processos de

gestão e atenção;

� Fortalecimento do controle social com caráter

participativo em todas as instâncias gestoras do SUS;

� Compromisso com a democratização das relações de

trabalho e valorização dos profissionais de saúde, estimulando processos

de educação permanente;

Analisando os princípios norteadores da PNH, é possível perceber que eles

vêm reforçando os princípios doutrinários do SUS e, no que concerne aos

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profissionais de saúde, eles determinam ações que levam os profissionais a serem

corresponsáveis nos processos de gestão e atenção, levando-os à autonomia e ao

protagonismo da produção de saúde.

O líder em enfermagem, também sujeito nesse processo, enquanto

responsável pela condução de sua equipe, tem papel fundamental no processo da

construção da autonomia, na participação com corresponsabilidade na gestão e

atenção, fortalecimento do trabalho em equipe, estímulo para a atuação

multiprofissional e, através da educação permanente, conduzir os profissionais de

enfermagem à valorização profissional, democratizando as relações de trabalho.

Diretrizes da PNH: por Diretrizes entendem-se as orientações gerais de

determinada política (BRASIL, 2006):

• Gestão participativa e compartilhada (cogestão) do processo de produção

de saúde, em que na construção de espaços coletivos na qual é feita a

análise das informações e a tomada das decisões estão incluídos a

sociedade civil, o usuário e os seus familiares, os trabalhadores e gestores

dos serviços de saúde;

• Clínica ampliada, incluindo as dimensões social e subjetiva na abordagem

dos processos de adoecimento e produção de saúde, a interação dos

diferentes saberes profissionais e a incorporação do olhar do usuário.

Utiliza como meios de trabalho, a integração da equipe multiprofissional, a

adstrição7 de clientela e construção de vínculo, a elaboração de projeto

7 A adscrição da clientela refere-se ao novo vínculo que se estabelece de modo permanente entre os grupos sociais, as equipes e as unidades de saúde. Sousa M.F. Núcleo de Estudos de Saúde Pública – NESP (2007).

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terapêutico conforme a vulnerabilidade de cada caso e ampliação dos

recursos de intervenção sobre o processo saúde-doença;

• Acolhimento, com responsabilização e vínculo, na continuidade do

processo terapêutico. Inicia-se com a recepção do usuário, desde sua

chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo sua queixa,

permitindo que ele expresse suas preocupações, angústias e, ao mesmo

tempo, colocando os limites necessários, garantindo atenção resolutiva e

a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da

assistência, quando necessário;

• Ambiência acolhedora, com espaços de trabalho propiciadores de

encontros produtivos. Diz respeito a um ambiente físico, social,

profissional e de relações interpessoais que deve estar relacionado a um

projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana.

Nos serviços de saúde, a ambiência é marcada tanto pelas tecnologias

médicas ali presentes quanto por outros componentes estéticos ou

sensíveis apreendidos pelo olhar, olfato, audição. Além disso, é importante

na ambiência o componente afetivo expresso na forma do acolhimento, da

atenção dispensada ao usuário, da interação entre os trabalhadores e

gestores. Devem ser destacados os componentes culturais e regionais

que determinam os valores do ambiente;

• Valorização do trabalho e da saúde do trabalhador: promovendo

atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores da saúde,

contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e qualidade de

vida no trabalho;

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• Garantia dos direitos dos usuários - visita aberta e direito à

acompanhante. É a diretriz que orienta quanto ampliar as possibilidades

de acesso para os visitantes de forma a garantir o elo entre o paciente,

sua rede social e os demais serviços da rede de saúde, mantendo latente

o projeto de vida do paciente.

Dispositivos da PNH: entendidos como arranjos de elementos que

configuram modos de fazer, os quais disparam movimentos de mudança nos

modelos de atenção e de gestão, e que viabilizam os princípios e diretrizes:

• Grupos de Trabalho de Humanização (GTH): é o espaço coletivo

organizado, participativo e democrático, que funciona à maneira de um

órgão colegiado e se destina a empreender uma política institucional da

democratização na gestão, em benefício dos usuários e dos trabalhadores

da saúde. Constituído por lideranças representativas do coletivo de

profissionais e demais trabalhadores, tendo como atribuições: difundir os

princípios norteadores da PNH; pesquisar e levantar os pontos críticos do

funcionamento de cada serviço e sua rede de referência; promover o

trabalho em equipes multiprofissionais, estimulando a transversalidade e a

grupalidade; propor uma agenda de mudanças que possam beneficiar os

usuários e os trabalhadores da saúde; divulgar, fortalecer e articulara as

iniciativas humanizadoras existentes.

• Conselhos de Gestão Participativa: é um modelo de gestão participativa

centrado no trabalho em equipe e na construção coletiva “planeja quem

executa”, os conselhos ou colegiados gestores garantem o

compartilhamento do poder, a coanálise, a codecisão e a coavaliação. O

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conselho gestor de uma unidade de saúde é composto por todos os

membros da equipe ou por representantes. Tem por finalidade elaborar o

projeto de ação da instituição, atuar no processo de trabalho da unidade,

responsabilizar os envolvidos, acolher os usuários, criar e avaliar os

indicadores, sugerir e elaborar propostas.

• Acolhimento com classificação de risco: é acolher através de um processo

dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento

imediato, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de

sofrimento e não mais a ordem de chegada “burocrática”. Realizado por

profissional da saúde que, utilizando protocolos técnicos, identificam o

risco e providencia de forma ágil o atendimento adequado a cada caso.

• Equipes Transdisciplinares de Referência: é um grupo constituído por

profissionais de diferentes áreas e saberes, em que o grau de

comunicação perpassa pela troca de saberes, de afetos e de

corresponsabilidade entre os integrantes da equipe, organizados em

função dos objetivos/missão de cada serviço de saúde, estabelecendo-se

como referência para os usuários desse serviço, que ficam sob a

responsabilidade dessa equipe.

• Projetos Terapêuticos Singulares: é uma variação da discussão de “caso

clínico”, como forma de propiciar uma atuação integrada de toda a equipe

e de considerar outros aspectos, onde todas as opiniões são importantes

para ajudar a entender o sujeito com alguma demanda de cuidado em

saúde e, consequentemente, para definição de propostas de ações. O

nome Projeto Terapêutico Singular, em lugar de Projeto Terapêutico

Individual é mais bem utilizado por destacar que ele pode ser feito para

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grupos ou famílias e não só para indivíduos, além de frisar que o projeto

busca a singularidade, ou seja, a diferença, como elemento central da

articulação, saindo da tendência dos diagnósticos que igualam os sujeitos,

minimizando as diferenças.

• Projetos Cogeridos de Ambiência: deve ter na discussão e construção do

projeto, a participação da equipe no processo de reflexão e decisão. Um

arranjo espacial adequado a essa organização só é possível quando os

que atuam na ponta do serviço, como enfermeiros, médicos,

recepcionistas, dentre outros, são envolvidos no processo, uma vez que

estes podem dar mais detalhes do que funciona e do que atrapalha no

andamento das atividades nas unidades. Deve ser trazido para a

discussão a opinião dos pacientes, suas reclamações ou tipo de ambiente

em que se sentem melhor.

Estratégias: a implementação da PNH pressupõe vários eixos de ação que

objetivam institucionalização, difusão dessa estratégia e, principalmente, a

apropriação de seus resultados pela sociedade:

• No eixo do SUS: incluir a humanização nos planejamentos federais,

estaduais e municipais, sendo pactuada na agenda de saúde pelos

gestores e conselhos de saúde;

• No eixo da gestão do trabalho: assegurar a participação dos trabalhadores

nas discussões e decisão, valorizando-os e motivando-os ao

autodesenvolvimento e crescimento profissional.

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• No eixo do financiamento: integrar os recursos vinculados a programas

específicos de humanização mediante o compromisso dos gestores com a

política de humanização;

• No eixo da atenção: propor uma política incentivadora do protagonismo

dos sujeitos e da ampliação da atenção integral à saúde, com promoção

da intersetorialidade;

• No eixo da educação permanente: incluir como conteúdo da graduação,

pós-graduação e extensão, vinculando-a aos polos de educação

permanente e a instituições de formação;

• No eixo da informação/comunicação: incluir a humanização na mídia e no

discurso social mais amplo;

• No eixo da gestão da humanização: acompanhar e avaliar

sistematicamente as ações realizadas, estimulando a pesquisa

relacionada às necessidades do SUS.

A Política Nacional de Humanização, através dos seus Princípios

Norteadores, dos Dispositivos, das Diretrizes e das Estratégias, fomenta a

importância do profissional de saúde participando no processo de saúde com o seu

grau de corresponsabilidade e como cogestor de ações que favoreçam melhores

condições de trabalho.

A PNH define a humanização no sentido de:

Aumentar o grau de corresponsabilidade dos diferentes atores que constituem a rede SUS no cuidado à saúde, implicando em mudança na cultura da atenção dos usuários e da gestão dos processos de trabalho. Tomar a saúde como valor de uso é ter como padrão na atenção o vínculo com os usuários, mas é também ter melhores condições para que os profissionais efetuem seu trabalho de modo

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digno e criador de novas ações e que possam participar como cogestores de seu processo de trabalho. (BRASIL, 2004)

2.2.3 A Política Nacional de Humanização no Campo da Oncologia: um

Destaque para a Enfermagem

A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão da Saúde se

consolida na Rede de Atenção Oncológica, a partir de sua incorporação pela Política

Nacional de Atenção Oncológica instituída em dezembro de 2005, através da

Portaria nº 2.439/GM de 8/12/2005 (BRASIL, 2005), que em consonância com as

diretrizes e estratégias de democratização institucional, estabelecidas no âmbito da

construção do SUS, promove a descentralização e a valorização da

corresponsabilidade entre a rede de serviços e as equipes profissionais, visando à

integralidade da atenção em oncologia.

Essa consolidação ocorre baseada no artigo 2º parágrafo IX: “qualificar a

assistência e promover a educação permanente dos profissionais de saúde

envolvidos com a implantação e a implementação da Política de Atenção

Oncológica, em acordo com os princípios da integralidade e da humanização”

(BRASIL, 2005).

O Instituto Nacional de Câncer, como Centro de referência de Alta

Complexidade em Oncologia e órgão assessor do Ministério da Saúde para a

formulação, coordenação e execução da Política Nacional de Atenção Oncológica,

vem contribuindo para a consolidação da PNH na rede de atenção oncológica.

Com a visão de mudança no modelo de atenção e gestão da saúde, o

Instituto, internamente, em outubro de 2003, promoveu a PNH, instituindo instâncias

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colegiadas de decisão e gestão das ações institucionais, em articulação com a

construção do modelo de gestão participativa e compartilhada (BRASIL, 2005).

O Instituto desenvolveu a PNH através do dispositivo Grupo de Trabalho de

Humanização (GTH), vinculado à Direção Geral, composto por gestores de todas as

Coordenações e Unidades Hospitalares do INCA. O GTH foi responsável pelas

primeiras formulações do Projeto INCA de Humanização, reunindo e

redimensionando as ações isoladas que já vinham sendo desenvolvidas pelas

Unidades.

A implementação da PNH, através do Projeto INCA de Humanização, prioriza a

transformação do modelo de atenção oncológica em direção a formas participativas e de

responsabilidade compartilhada que promovam a integração institucional e o vínculo

terapêutico entre profissionais de saúde e usuários, afirmando uma concepção de saúde que

não se reduz à ausência de doença, mas se propõe a produzir uma vida com qualidade. Vem

desenvolvendo planos de ação nas áreas administrativas, de desenvolvimento e formação de

pessoal, da atenção ao cuidador e na atenção oncológica em suas diversas formas: hospitalar,

ambulatorial, de cuidados paliativos e atenção domiciliar.

O INCA não só implementou a PNH internamente como também, desde 2005, tem

contribuído externamente para a sua implementação no Estado do Rio de Janeiro, articulando-

se com as iniciativas do HumanizaSUS e participando da constituição da Câmara Técnica de

Humanização do Estado.

O Instituto, com intuito de contribuir e divulgar a PNH tem participado de

eventos científicos que trazem como tema central a humanização.

Em abril de 2007, participou em São Paulo do 5º Congresso de Humanização

Hospitalar em Ação, através de Sessão Coordenada, com o tema “Comunicação: o

desafio nas instituições de saúde”, posicionando-se em relação aos grandes

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benefícios que a comunicação transversal entre diferentes níveis hierárquicos, entre

as equipes multiprofissionais e com os usuários traz para a produção de saúde, para

os conhecimentos e para a forma de se viver e trabalhar (BRASIL, INCA, 2007).

Ainda no período de abril de 2007, o Instituto participou do Seminário da

UNIMED, em Belo Horizonte, sobre “Qualidade e Humanização na Atenção

Hospitalar”; o evento apontou para as perspectivas de expansão da PNH para além

das unidades do SUS (ibid.).

O enfermeiro, inserido nesse contexto, enquanto profissional de saúde que há

tempos vem se preocupando em abordar a humanização no âmbito hospitalar, traz o

tema como foco de discussão em eventos científicos promovidos por entidades

representativas da categoria.

Em 2002, como reflexo da humanização nas práticas de saúde, através do

Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, a comemoração da

63ª Semana Brasileira de Enfermagem teve como proposta de discussão, pela

ABEN Nacional, o tema “humanização e trabalho: razão e sentido na enfermagem”.

Esse evento trouxe a possibilidade de reflexão sobre o tema, através de

conferências apresentadas nas diversas Instituições de Saúde e Universidades de

Enfermagem no país.

A partir desse momento de reflexão, alguns artigos foram publicados em

periódicos brasileiros, como o de Collet et al. (2003), ressaltando a necessidade do

resgate de questões fundamentais, como a humanização para o desenvolvimento do

trabalho da enfermagem.

Rizzotto (2002), em reflexão sobre o tema do evento, relaciona a

humanização com as atuais políticas de saúde implementadas no país, discute as

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consequências dessas políticas na assistência à saúde e, por fim, aborda a

experiência do acolhimento como estratégia de humanização dessa assistência.

No 14º Seminário de Pesquisa em Enfermagem, cujo tema central foi Políticas

de Pesquisa em Enfermagem, realizado de 29 de maio a 01 de junho de 2007, em

Florianópolis, o tema Humanização no Cuidado em Saúde e Enfermagem foi

contemplado em uma das Sessões Coordenadas. Dos quatro trabalhos

apresentados na referida Sessão, apenas um focalizou a humanização na

perspectiva do trabalhador. (ABEN, SC, 2007).

Na área de Oncologia, os enfermeiros vêm discutindo a humanização através

dos eventos científicos promovidos pelas Sociedades de Enfermagem específicas

da área.

A Sociedade Brasileira de Enfermagem em Oncologia (SBEO), em 2005, no

VI Congresso Brasileiro de Enfermagem Oncológica, com o tema Estresse e a

Atuação da Enfermagem em Oncologia, foi contemplada em uma das Sessões

Coordenadas.

O IV Encontro de Enfermeiros Oncologistas em Radioterapia, em 2006, teve

como abertura do evento a conferência Humanização: Políticas e Ações, na qual

foram apresentados a PNH, seus princípios norteadores e seus dispositivos. A

conferência foi um exercício de reflexão para a inserção da enfermagem em

oncologia no contexto atual da humanização como política pública de saúde.

Esse cenário enfatiza a relevância do tema humanização na área de saúde e,

principalmente, o interesse do enfermeiro em oncologia em buscar conhecimento

nesse contexto. Também as discussões voltadas para uma reflexão de se olhar a

humanização não só como ações caritativas, mas principalmente, baseada em

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conceitos políticos e sociais, reforçam o valor conceitual da humanização como uma

política pública de saúde.

Portanto, tomando os pressupostos conceituais e organizativos da Política

Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão da Saúde, como referência, o

presente estudo foi elaborado no sentido de favorecer visões alternativas aos líderes

de enfermagem em oncologia, vinculando a sua prática à humanização das relações

de trabalho em equipe.

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CAPÍTULO III

METODOLOGIA

Neste capítulo, será descrita a natureza do estudo, a caracterização do

cenário, os sujeitos do estudo, os aspectos éticos envolvidos, os procedimentos de

coleta e análise dos dados, com vistas ao alcance dos objetivos do estudo.

3.1 Natureza do Estudo

Esta pesquisa se caracteriza por ser do tipo descritivo, com abordagem

qualitativa.

No estudo descritivo, o foco principal se encontra no desejo de conhecer a

comunidade que se estuda, seus traços característicos, seus problemas, sua

preparação para o trabalho e seus valores, da forma como eles se apresentam,

descrevendo exatamente os fatos e fenômenos de determinada realidade

(TRIVIÑOS, 1995).

A abordagem qualitativa põe em relevo a subjetividade do fenômeno a ser

estudado, dispondo de vários métodos que permitem a aproximação do

pesquisador, dos sujeitos e do objeto a ser estudado. Minayo (1999, p.22) afirma

que as pesquisas de investigação social, que implicam considerar sujeitos de

estudo: “gente, em determinada condição social, determinado grupo social ou classe

com suas crenças, valores e significado”, deveriam contemplar o aspecto qualitativo.

Na concepção de Vieira (2004), uma característica importante da pesquisa

qualitativa em administração são as descrições ricas e bem fundamentadas, além da

explicação dos processos em contextos locais identificáveis, ajudando ao

pesquisador a avançar nas concepções iniciais ou a revisar sua estrutura teórica. A

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pesquisa qualitativa, mesmo tendo uma natureza mais subjetiva, “oferece um maior

grau de flexibilidade ao pesquisador para a adequação da estrutura teórica ao

estudo do fenômeno administrativo e organizacional que deseja” (VIEIRA, 2004,

p.18).

3.2 Cenário do Estudo

O estudo foi realizado no Instituto Nacional de Câncer (INCA), pertencente à

Rede Pública Federal de Saúde, referência nacional para o controle do câncer no

Brasil, prestando assistência médico-hospitalar à população, no âmbito do SUS. O

INCA possui cinco Unidades Assistenciais, tendo sido escolhida para realização do

estudo a Unidade Assistencial I – Hospital do Câncer I (HCI), considerada a de

maior complexidade tecnológica, estruturada para atender pacientes de todas as

modalidades de câncer. Essa unidade dispõe de 168 leitos, distribuídos num prédio

de 11 andares, ocupando uma área de 33.000m² (BRASIL, 2004).

O fator decisivo para a escolha dessa Unidade para a realização do estudo foi

o fato de ela abranger um quantitativo considerável de enfermeiros atuando em

diversos serviços assistenciais, os quais lideram equipes numerosas de

enfermagem.

A Divisão de Enfermagem dessa Unidade é composta por 204 enfermeiros,

195 técnicos de enfermagem e 236 auxiliares de enfermagem, totalizando 635

profissionais de enfermagem, dos quais uma média de 50 profissionais encontra-se

não ativa por motivo de licença médica8.

No Organograma da Divisão de Enfermagem (Apêndice A), visualizam-se os

cargos gerenciais ocupados pelos enfermeiros, que recebem a denominação de

8 Dados obtidos através de documentações fornecidas pela Chefia de Divisão de Enfermagem da Unidade.

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Gerente de Divisão de Enfermagem, Supervisor de Serviço de Enfermagem,

Supervisor de Área de Enfermagem, Supervisor Geral de Enfermagem e Líder

Setorial. Os enfermeiros que ocupam esses cargos trabalham diariamente das 7h às

16h. As demais enfermeiras, denominadas Líderes Assistenciais, são plantonistas

diurnas (7h às 19h) ou noturnas (19h às 7h). Fazem parte também do organograma,

enfermeiros que atuam na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e na

Educação Continuada.

Os técnicos e auxiliares de enfermagem, dependendo do setor de atuação,

trabalham em escala de diarista ou plantonista, sendo a carga horária de trabalho 40

horas semanais para todos os profissionais de enfermagem, exceto para aqueles

que atuam em áreas de radioproteção, com carga horária reduzida.

A Divisão de Enfermagem tem, de forma normatizada, a descrição de cargos

(Apêndice B), definindo as principais atribuições do enfermeiro na área de gerência,

de assistência, de ensino e pesquisa e de educação continuada; assim como as

atribuições do técnico e do auxiliar de enfermagem. Vale ressaltar que um elevado

percentual de auxiliar de enfermagem, por já ter concluído o curso técnico de

enfermagem e estar registrado no Conselho Regional de Enfermagem, executa

atribuições como técnicos de enfermagem.

Quanto à planta física da Unidade, os Serviços Assistenciais Ambulatoriais e

de Internação são distribuídos pelos andares com as seguintes localizações:

Térreo: Emergência e algumas Clínicas de Serviços Ambulatoriais;

2º andar: algumas Clínicas de Serviços Ambulatoriais, Banco de Sangue e

Serviço de Banco de Sangue;

3º andar: Serviço de Radiodiagnóstico e Serviço de Medicina Nuclear;

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4º andar ala A: internação das Clínicas de Serviços de Urologia e Plástica;

4º andar ala B: internação das Clínicas de Serviço de Abdômen;

5º andar: internação da Clínica de Serviço de Pediatria, composto pela

Pediatria Cirúrgica, Pediatria Clínica, Hematologia Pediátrica e CTI Pediátrico;

6º andar ala B: internação das Clínicas de Serviços de Neurocirurgia e Tórax;

6º andar ala A: internação da Clínica de Serviço de Cabeça e Pescoço;

7º andar: Serviço de Endoscopia Digestiva, Centro de Quimioterapia de

Adulto, Ambulatório de Cateter Periférico semi e totalmente implantado de

adulto;

8º andar ala B: internação das Clínicas de Serviços de Oncologia Clínica,

Hematologia Adulto e de Tecido Ósseo e Conectivo;

9º andar: Centro Cirúrgico e Recuperação Anestésica;

10º andar: CTI Adulto

11º andar: Ambulatório do Serviço de Pediatria, onde se localizam os

consultórios médicos, o consultório para consulta de enfermagem, o

ambulatório de Cateter Periférico semi e totalmente implantado pediátrico,

Centro de Quimioterapia Pediátrica e Odontologia Pediátrica.

Em todos esses serviços listados há atuação de enfermagem, com exceção

da Odontologia Pediátrica.

3.3 Sujeitos do Estudo

Os sujeitos do estudo são enfermeiros que atuam como Supervisor de Área

de Enfermagem, Supervisor Geral de Enfermagem, Líderes de Enfermagem Setorial

e Líderes de Enfermagem Assistencial, por serem os enfermeiros que atuam mais

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próximo à equipe de enfermagem. A escolha foi aleatória, dentre os que aceitaram

participar espontaneamente da pesquisa. Segundo Ruediger & Riccio (2004), a

escolha dos grupos deve ser preferencialmente aleatória, de acordo com o perfil

determinado pelos objetivos do estudo.

Para ajudar na composição da relação dos sujeitos convidados, foram

utilizados como fonte adicional o acervo e registros de recursos humanos da Divisão

de Enfermagem da Unidade.

Os sujeitos relacionados foram convidados a participar do estudo, após

solicitação (Apêndice B) e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do INCA

(Apêndice C), mediante carta-convite (Apêndice D) entregue pela pesquisadora,

informando o objetivo do encontro, a importância de sua participação, a data, a hora,

o local e a duração do encontro. Junto à carta foi entregue o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E), conforme preconiza a Resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), que prevê a participação

do sujeito na pesquisa, através do depoimento livre e consentido.

O convite foi realizado em janeiro de 2007, com data agendada para a

realização da coleta de dados em 14 de fevereiro de 2007. Por serem os meses em

que um quantitativo maior de enfermeiros goza férias, tornou-se mais difícil a

aceitação para participarem do estudo.

Por esse motivo, em um primeiro momento, 14 enfermeiros aceitaram o

convite, mas compareceram para participar da coleta de dados apenas 13

enfermeiros.

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3.4 Estratégias de Produção de Dados

No estudo, a técnica utilizada para a coleta de dados foi o grupo focal. O

motivo pelo qual se optou por essa técnica veio do entendimento de que pela sua

especificidade de interação, enfatiza não apenas as percepções individuais, mas

também as originárias do coletivo, onde o sujeito não se vê individualmente, mas se

reconhece num coletivo. Atende, portanto, ao objetivo do estudo, cujo foco a ser

abordado é de interesse comum ao grupo, em que não se busca somente a

informação individual, mas também identificar as opiniões existentes, possibilitando

uma noção sobre o modo de pensar do grupo, assim como uma compreensão de

atitudes, preferências, sentimentos e dificuldades ou conflitos existentes no grupo.

Segundo Minayo (1999, p.129-130), o grupo focal é uma técnica importante

por tratar as questões da saúde sob o ângulo do social, estudando as

representações e as relações dos diferentes grupos de profissionais da área. A

autora ressalta a importância dessa técnica “pelo aprofundamento qualitativo de

questões socializáveis e pela possibilidade de comparação com grupos semelhantes

e distintos”.

No entendimento de Ruediger & Riccio (2004, p.151)

O grupo focal caracteriza-se pela possibilidade de intervenção em tempo real no curso da análise e de confrontar as percepções de participantes, em suas similitudes e contradições, a respeito de um tema, ou grupo de temas, relacionados com o objeto de pesquisa.

Víctora et al. (2000) afirmam ser fundamental para o sucesso da técnica que

exista um foco a ser explorado, podendo ser captado no grupo as diferentes visões

sobre o mesmo tema.

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No planejamento da técnica, conforme sugerem as autoras (op.cit.), foi

realizado, inicialmente, um mapeamento dos participantes através de um

questionário de identificação (Apêndice E), com dados gerais como aspectos

pessoais e profissionais e questão mais específica relativa ao objeto de estudo que,

por questões éticas, não seria possível abordar em grupo. Tal instrumento serviu

para fornecer bases para o delineamento dos participantes do estudo, obtendo uma

visão concisa do grupo.

Nesse questionário de identificação, foi solicitado aos convidados que

escolhessem um codinome a seu critério, pelo qual passariam a ser identificados

para preservarem suas identidades. Assim sendo, foram escolhidos os seguintes

codinomes: Azaléia, Bia, Bonitona, Docinho, Flor, Galo, Lilás, Lua, Mana, Raio de

Sol, Saúde, Suzana e Well.

Posteriormente à devolução do questionário de identificação, da aceitação

dos sujeitos convidados e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado,

foi confirmada a formação do grupo focal para a coleta de dados. É preciso salientar

que no entendimento dos autores Minayo (1999) e Ruediger & Riccio (2004), a

discussão de grupo deve ser aparentemente informal, com a participação de um

pequeno número de informantes, variando de seis a doze participantes. Ciente do

número de participantes recomendado pela literatura, julgou-se a priori que 13

participantes em um grupo de discussão seriam aceitáveis e não causaria ônus à

dinâmica a ser realizada. Por esse motivo foi incluído o sujeito convidado que não

havia confirmado previamente a sua aceitação, mas que compareceu no dia e hora

agendados.

Na constituição do grupo focal é essencial a presença de um moderador. O

moderador, também chamado de facilitador, foi o Enfermeiro Mestre Carlos Joelcio

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de Moraes Santana, pela experiência na técnica de grupo focal. O mesmo foi

orientado pela pesquisadora e teve a função de estimular a discussão, com diálogo

claro e comum, do ponto de vista do desenvolvimento do pensamento crítico dos

participantes. É importante que o moderador saiba conduzir o grupo para suas

próprias ideias e interesses diante da temática e, quando necessário, reorientar a

discussão para o tema focal, assegurando o respeito às opiniões.

Conforme referem Víctora et al. (2000), o moderador também chamado de

facilitador deve ter o papel de manter a liderança do grupo, ouvindo atentamente os

participantes, demonstrando envolvimento, encorajando os participantes, sendo

flexível à mudança, sugestões e interrupções, garantindo a palavra a todos os

participantes, não apenas aos mais expansivos, estimulando todos os integrantes a

exporem suas ideias e ponto de vista de modo espontâneo.

As autoras (ibid.) recomendam ter, além do moderador, a presença de um

auxiliar como observador, que será responsável pelos registros dos acontecimentos,

devendo estar atento a atitudes verbais e não verbais.

Segundo Roso (1997), é fundamental que o observador se identifique com a

mesma linha teórica do pesquisador e que tenha também conhecimento profundo de

como um grupo focal funciona.

A própria pesquisadora, no papel de observador, teve a função fundamental

de estar atento ao discurso verbal e não verbal dos participantes. A observadora

utilizou um bloco de anotações para anotar a sequência das falas dos sujeitos para

que, na transcrição da gravação, pudesse ter mais facilidade na compreensão dos

depoimentos. A observadora esteve atenta também para as expressões faciais de

dúvidas, principalmente quando realizadas as perguntas contidas no roteiro

estruturado, assim como o silêncio e olhares distantes.

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Na condução do grupo focal, foi utilizado um roteiro (Apêndice F) que,

segundo Ruediger & Riccio (2004), deve ser um roteiro semiflexível, construído de

acordo com os objetivos da pesquisa, para que as questões possam ser discutidas,

aprofundadas ou adicionadas no decorrer do processo analítico, possibilitando

novas perguntas induzidas pelas respostas, que devem ser inseridas no roteiro pelo

mediador.

O grupo focal para coleta de dados foi programado para acontecer em dois

momentos: Momento 1: foram discutidos pelos enfermeiros aspectos referentes, no

entendimento deles, à liderança e aos fatores que intervêm nas relações de trabalho

na equipe de enfermagem em oncologia; Momento 2: foram discutidas e

identificadas pelos enfermeiros, após apresentação da análise dos resultados da

primeira reunião, estratégias que pudessem favorecer as relações de trabalho

humanizadas na prática da liderança em oncologia.

3.4.1 Caracterização dos Sujeitos

Após a caracterização dos participantes, através do questionário de

identificação, foi possível delinear o grupo, identificando aspectos de

homogeneidade que no entendimento seriam de relevância para o estudo:

Azaléia - Graduada há 12 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.

Com oito anos de atuação em oncologia no INCA, sendo dois anos na assistência e

seis anos na gerência. Com qualificação na Área de Oncologia, através da titulação

de Especialista em Enfermagem em Oncologia, pela Sociedade Brasileira de

Enfermagem Oncológica (SBEO) em 2005, e de Pós-graduação lato sensu de

Especialização em Enfermagem em Oncologia, pelo INCA, em 2006. Participou do

Curso de Relacionamento Humano no Cuidado de Enfermagem, no INCA, em 2005.

Faixa etária entre 30-40 anos.

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Bia - Graduada há 27 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.

Com 25 anos de atuação em oncologia, sendo 21 anos na assistência e quatro anos

na gerência. Enfermeira no INCA há 15 anos. Com qualificação na Área em

Oncologia, através da Pós-graduação lato sensu de Especialização em Enfermagem

em Oncologia, pelo INCA, em 1998. Não participou até o momento de nenhuma

atividade de sensibilização para humanização no INCA. Faixa etária entre 41-50

anos.

Bonitona - Graduada há 15 anos, na Faculdade de Enfermagem Nossa

Senhora Medianeira (FACEM) - Santa Maria/RS. Com 14 anos de atuação em

oncologia, sendo 12 anos na assistência e dois anos na gerência. Enfermeira no

INCA há três anos. Com qualificação na Área em Oncologia, através da Residência

de Enfermagem em Oncologia, em 2003. Não participou até o momento de

nenhuma atividade de sensibilização para humanização no INCA. Faixa etária entre

30–40 anos.

Docinho - Graduada há 12 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de

Janeiro. Com 10 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo seis anos na

assistência e quatro na gerência. Com qualificação na Área em Oncologia, através

da Residência de Enfermagem em Oncologia, em 1996. Participou do Curso de

Atualização sobre a Política Nacional de Humanização, no INCA, em 2006. Faixa

etária entre 30–40 anos.

Flor - Graduada há 21 anos, na Faculdade de Enfermagem Luiza de Marilac,

Rio de Janeiro. Com 12 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo 11 anos na

assistência e um ano na gerência. Com qualificação na Área em Oncologia, através

da Pós-graduação lato sensu de Especialização em Enfermagem em Oncologia,

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pelo INCA, em 2003. Participou do Curso de Relacionamento Humano no Cuidado

de Enfermagem, no INCA, em 2006. Faixa etária entre 41-50 anos.

Galo - Graduado há 14 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.

Com 22 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo oito anos como Operacional

de Enfermagem e 14 anos como Enfermeiro, dos quais, 11 anos na assistência e

três anos na gerência. Com qualificação na Área em Oncologia, através da Pós-

graduação lato sensu de Especialização em Enfermagem em Oncologia, pelo INCA,

em 2004. Participou do Programa de Sensibilização para o Atendimento no INCA,

em 2000 e do Curso de Atualização sobre a Política Nacional de Humanização, no

INCA, em 2006. Faixa etária entre 41-50 anos.

Lilás - Graduada há 21 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.

Com 21 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo 20 anos na assistência e um

ano na gerência. Com qualificação na Área em Oncologia, através da Pós-

graduação lato sensu de Especialização em Enfermagem em Oncologia, pelo INCA,

em 1998 e de Mestrado na Área Cuidar/Enfermagem em Oncologia. Participou do

Programa de Sensibilização para o Atendimento, no INCA, em 2000 e do Curso de

Atualização sobre a Política Nacional de Humanização, no INCA, em 2006. Faixa

etária entre 41-50 anos.

Lua - Graduada há 22 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.

Com 21 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo 11 anos na assistência e 10

anos na gerência. Sem qualificação na área em oncologia. Não participou até o

momento de nenhuma atividade de sensibilização para humanização no INCA. Faixa

etária entre 41-50 anos.

Mana - Graduada há 20 anos, na Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UNIRIO), Rio de Janeiro. Com 20 anos de atuação em oncologia, sendo 14 anos na

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assistência e seis anos na gerência. Enfermeira no INCA há 15 anos. Com

qualificação na Área em Oncologia, através da titulação de Especialista em

Enfermagem em Oncologia pela Sociedade Brasileira de Enfermagem Oncológica

(SBEO), em 2005. Participou do Curso de Relacionamento Humano no Cuidado de

Enfermagem, no INCA, em 2006. Faixa etária entre 41-50 anos.

Raio de Sol -. Graduada há 12 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de

Janeiro. Com 12 anos de atuação em oncologia, sendo dois anos na assistência e

10 anos na gerência. Enfermeira no INCA há 10 anos. Com qualificação na Área em

Oncologia, através da Residência de Enfermagem em Oncologia, em 1996.

Participou do Programa de Sensibilização para o Atendimento, no INCA, em 2000 e

do Curso de Relacionamento Humano no Cuidado de Enfermagem, no INCA, em

2005. Faixa etária entre 30–40 anos.

Saúde - Graduada há 21 anos, na Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.

Com 18 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo os 18 anos na assistência.

Com qualificação na Área em Oncologia, através da Residência de Enfermagem em

Oncologia, em 1990. Não participou até o momento de nenhuma atividade de

sensibilização para humanização no INCA. Faixa etária entre 41–50 anos.

Suzana - Graduada há 16 anos, na Faculdade de Enfermagem de

Teresópolis, Rio de Janeiro. Com 15 anos de atuação em oncologia no INCA, sendo

13 anos na assistência e dois anos na gerência. Com qualificação na Área em

Oncologia, através da Residência de Enfermagem em Oncologia, em 1990.

Participou do Curso de Relacionamento Humano no Cuidado de Enfermagem, no

INCA, em 2006. Faixa etária entre 41–50 anos.

Well - Graduado há oito anos, na Faculdade de Enfermagem Luiza de

Marilac, Rio de Janeiro. Com oito anos de atuação em oncologia no INCA, sendo

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cinco anos na assistência e três anos na gerência. Com qualificação na Área em

Oncologia, através da Pós-graduação lato sensu de Especialização em Enfermagem

em Oncologia, pelo INCA, em 2002. Não participou até o momento de nenhuma

atividade de sensibilização para humanização no INCA. Faixa etária entre 41-50

anos.

Na análise das características, foi possível identificar que a maioria dos

enfermeiros, participantes do estudo, apresenta pós-graduação lato sensu de

Especialização em Enfermagem em Oncologia, assim como já participaram em

algum momento de atividades relacionadas à sensibilização para a humanização no

INCA.

Outra característica considerada de relevância para o estudo foi a

homogeneidade do grupo no que diz respeito à média do tempo de assistência e de

gerência em oncologia. Cabe destacar que os enfermeiros participantes apresentam

maior tempo de atuação (média de 13 anos) na assistência em oncologia.

De acordo com o organograma da Divisão de Enfermagem do HCI e pela

descrição de atribuições dessa Divisão, os enfermeiros que executam a assistência

possuem competências inerentes aos líderes assistenciais, atuando como líder

imediato dos profissionais de nível médio que compõem a equipe de enfermagem e

como gerente do processo de cuidar.

3.4.2 Produção dos Dados Empíricos

Para a produção dos dados empíricos, o grupo focal foi realizado em dois

momentos:

Grupo Focal Momento 1

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O grupo foi composto por 13 participantes, aconteceu no dia 14 de fevereiro

de 2007, tendo início às 08h45min com término às 10h45min. O encontro foi

realizado na sala de reuniões da Unidade Centro de Transplante de Medula Óssea

(CEMO), localizada no 7º andar do HCI, que apresenta boa infraestrutura: acústica

favorável, assentos confortáveis, de acesso fácil, com mesa redonda que facilitou a

visualização de todos e bom entendimento das falas.

Os participantes da pesquisa, ao chegaram ao local estipulado na carta-

convite às 08h30min, foram recebidos pela pesquisadora e pelo moderador, que

ofereceram um lanche como forma de agradecimento pela aceitação e

disponibilidade de participarem da pesquisa. Esse momento serviu também como

confraternização do grupo, proporcionando descontração entre os participantes.

O moderador iniciou a atividade às 08h45min, explicando a técnica e

ratificando o propósito do estudo. Solicitou a utilização do crachá oferecido com o

codinome que os participantes haviam escolhido previamente e que apenas se

identificassem com esse codinome para que pudesse ser preservado o anonimato.

Ressaltou que o debate seria gravado em fita cassete. Deixou claro aos sujeitos que

aquele momento não faria parte de nenhuma avaliação da Divisão de Enfermagem,

mas apenas para fins científicos da dissertação de mestrado em curso e que, por

isso, todo o material ficaria sob guarda da pesquisadora, não sendo disponibilizado

para outras pessoas e nem para outros fins.

Foram seguidas algumas considerações feitas por Ruediger & Riccio (2004):

identificar, através de crachá, os participantes com seu pseudônimo, o moderador e

o observador; tempo estimado em até duas horas; proporcionar um ambiente

agradável, com um pequeno lanche, para que os participantes possam ser sentir à

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vontade; solicitar que desliguem o celular e evitem interrupções ausentando-se do

grupo, pois as interrupções não são produtivas.

Para que houvesse um bom desenvolvimento durante a discussão, o

moderador solicitou aos participantes que desligassem o telefone celular e que, se

por motivo de chamadas urgentes este precisasse permanecer ligado, que fosse no

modo silencioso; evitassem interrupções, ausentando-se do grupo; identificassem-se

através do codinome, sempre que se pronunciassem, para facilitar a associação da

fala ao codinome durante a transcrição da gravação. Alertou para a importância de

os participantes evitarem opinar ao mesmo tempo, para que não houvesse

transposição das falas na gravação. Deixou claro que todos teriam direito a opinar,

podendo complementar, concordar ou discordar do que foi falado, sempre

respeitando a opinião do outro participante.

Após todos os esclarecimentos, foi garantido aos participantes que eles

poderiam se retirar a qualquer momento da pesquisa, ainda que tivessem autorizado

a sua participação mediante aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

que lhes foi solicitado assinar.

Por fim, informou o tempo de duração do encontro, de 2 horas, com início às

08h45min e com término previsto para as 10h45min.

Grupo Focal Momento 2

O encontro aconteceu no dia 25 de abril de 2007, tendo início às 09h30min e

com término às 11h30min. O encontro foi realizado na sala de reuniões do Banco de

Sangue, localizada no 2º andar do HCI, que apresenta boa infraestrutura: acesso

fácil, acústica favorável, respeitando a privacidade da discussão, com assentos

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confortáveis e móveis que facilitou a disposição em círculo para melhor visualização

de todos e bom entendimento das falas.

Para esse momento, foram convidados os 13 enfermeiros que participaram do

Momento 1 através de carta-convite entregue com antecedência de 15 dias. Apesar

de a data ter sido agendada somente após consulta e confirmação por cada

participante sobre o dia, horário e local mais favorável para o encontro da realização

do grupo focal, apenas 10 compareceram para participar do grupo.

Dos participantes ausentes, um encontrava-se de férias, apesar de confirmar

sua presença não compareceu; outro, assim que recebeu a carta-convite, justificou

sua ausência devido a compromisso profissional assumido anteriormente; e outro,

não compareceu, justificando-se posteriormente de ter se envolvido com atividades

no setor e não ter se lembrado do encontro.

Vale ressaltar que para a condução do grupo focal no segundo momento,

seguindo as orientações de Roso (1997), optou-se em permanecer o moderador do

momento 1, pela sua experiência em utilizar a técnica e pelo conhecimento do

desenvolvimento do estudo. Assim como a própria pesquisadora também

permaneceu como observadora durante o desenvolvimento do grupo focal.

Os participantes da pesquisa ao chegarem ao local estipulado na carta-

convite, às 09h00min, foram recebidos pela pesquisadora e pelo moderador, que

ofereceram um lanche como forma de agradecimento pela aceitação e

disponibilidade de novamente estarem participando da pesquisa. Esse momento

também teve como propósito confraternizar o grupo e descontrair os participantes.

O moderador iniciou a atividade às 09h30min, ratificando a técnica e o

propósito do estudo, expondo o motivo do momento 2 do grupo focal: validar junto

aos sujeitos do estudo a pré-análise dos dados coletados no momento 1 e identificar

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estratégias que pudessem favorecer uma relação de trabalho humanizada na equipe

de enfermagem em oncologia.

Foram reforçadas as orientações já fornecidas ao grupo no momento 1,

seguindo as recomendações dos autores Ruediger & Riccio (2004). Procedeu-se da

mesma forma quanto às informações em relação à gravação do debate em fita

cassete, que permaneceriam guardadas sob sigilo, assim como a possibilidade de

os participantes se retirarem a qualquer momento da pesquisa. Por fim, informou o

tempo de duração do encontro, de 2horas, com início às 09h30min e com término

previsto às 11h30min.

O moderador, ao iniciar o grupo focal, solicitou que a pesquisadora

apresentasse a pré-análise dos dados coletados, para validação pelos participantes.

Para melhor entendimento durante a apresentação, a pesquisadora utilizou como

recurso, o retroprojetor para a exposição oral (Quadro 1), assim como distribuiu o

material impresso para cada participante.

3.5 Análise dos Dados Empíricos

O material coletado através do grupo focal foi organizado a partir da

transcrição na íntegra dos depoimentos que foram gravados. A partir dos dados

brutos, iniciou-se o processo de tratamento analítico dos dados.

Levando-se em conta as características do estudo e a produção de dados

qualitativos que surgiram na estratégia utilizada, o caminho escolhido para analisar

os dados empíricos foi a técnica de análise de conteúdo do tipo temática.

Conhecendo os conteúdos significativos do discurso e transformando-os em

unidades de codificação temática, é possível uma correspondência entre o

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comportamento dos sujeitos, o conteúdo das mensagens contidas no grupo focal e

os propósitos do estudo.

Para Bardin (1977, p.9), a análise de conteúdo

é um conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados. (...) enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois polos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.

Segundo a autora (op. cit.), uma das técnicas para a análise de conteúdo é a

análise temática; trata-se de uma estratégia de categorização na qual a investigação

dos temas é eficaz quando aplicada a discursos diretos e simples. Para tal, realiza-

se a análise transversal, com recorte do conjunto dos depoimentos através de

categorias projetadas sobre o conteúdo dos discursos considerados segmentáveis e

comparáveis.

A operacionalização da análise temática se desdobrou nos seguintes

momentos: pré-análise - fase que consistiu na seleção dos documentos a serem

analisados, transcrevendo todos os dados obtidos, seguindo-se leituras flutuantes -

que consistiu em uma leitura exaustiva do material para assimilação do todo e

posterior agrupamento das falas, identificando as aproximações no texto. Essa fase

originou as categorias de base.

No segundo momento da análise, após a organização desses temas, as falas

foram agrupadas em categorias temáticas. O terceiro e último momento

corresponderam à agregação das categorias temáticas à luz do referencial teórico

para análise e discussão.

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A análise dos dados empíricos possibilitou a identificação de três categorias

temáticas conforme Quadro1, que serão discutidas no capítulo a seguir.

Quadro 1

Quadro demonstrativo da construção das categorias

Núcleos de Sentido Categorias Temáticas

Conhecimento teórico/ técnico/administrativo e institucional;

Papel do líder na promoção da capacitação teórico-prático da equipe;

Perfil do líder;

Comunicação;

A Construção de saberes necessários à prática da liderança

Apoio emocional aos pacientes e familiares;

Cuidar dos sentimentos e emoções da equipe de enfermagem;

Equilíbrio emocional diante dos seus próprios sentimentos;

O ambiente onde se insere a prática da liderança de enfermagem

O líder de enfermagem no ambiente oncológico e as intervenções da subjetividade

na organização de espaços saudáveis de trabalho

Poder e individualismo entre os líderes de enfermagem

Dificuldades, diante a equipe de enfermagem, de colocar em prática mudanças de normas e rotinas;

Conflitos com a Equipe Multiprofissional, por transferirem suas competências à enfermagem;

Fatores intervenientes nas relações de trabalho do líder de enfermagem em oncologia

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Núcleos de Sentido Categorias Temáticas

Conhecimento teórico/ técnico/administrativo e institucional;

Papel do líder na promoção da capacitação teórico-prático da equipe;

Perfil do líder;

Comunicação;

A Construção de saberes necessários à prática da liderança

Apoio emocional aos pacientes e familiares;

Cuidar dos sentimentos e emoções da equipe de enfermagem;

Equilíbrio emocional diante dos seus próprios sentimentos;

O ambiente onde se insere a prática da liderança de enfermagem

O líder de enfermagem no ambiente oncológico e as intervenções da subjetividade

na organização de espaços saudáveis de trabalho

Poder e individualismo entre os líderes de enfermagem

Dificuldades, diante a equipe de enfermagem, de colocar em prática mudanças de normas e rotinas;

Conflitos com a Equipe Multiprofissional, por transferirem suas competências à enfermagem;

Fatores intervenientes nas relações de trabalho do líder de enfermagem em oncologia

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CAPÍTULO IV

RESULTADOS

Este capítulo apresenta as três categorias temáticas identificadas no

resultado da análise dos dados empíricos coletados no grupo focal Momento 1,

onde os participantes discutiram à liderança e os fatores que intervêm nas relações

de trabalho na equipe de enfermagem em oncologia.

4.1 A CONSTRUÇÃO DE SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA DA

LIDERANÇA EM ENFERMAGEM NA ONCOLOGIA

Esta sessão focaliza a primeira categoria temática identificada: o

entendimento dos enfermeiros participantes acerca da liderança na enfermagem em

oncologia, e problematiza os achados frente aos princípios preconizados pela

Política Nacional de Humanização.

Os depoimentos sobre essa questão convergiram para o posicionamento dos

líderes como sujeitos implicados no processo de produção de trabalho na equipe de

enfermagem. Portanto, a linha de orientação para análise da categoria temática foi a

construção de saberes necessários à prática da liderança.

A liderança é uma das competências indispensáveis ao trabalho do

enfermeiro, conforme descrito nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de

graduação em enfermagem. Tal competência requer desse profissional posição de

compromisso, responsabilidade, empatia e habilidade para a tomada de decisões na

condução do trabalho da equipe de enfermagem e interação com a equipe

multiprofissional (BRASIL, 2001).

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Pode-se dizer que o enfermeiro, como líder de equipe de enfermagem, ao

assumir o compromisso ético e legal do seu papel profissional, deve adotar atitudes

e ações que traduzam o protagonismo e a corresponsabilidade na operacionalização

dos princípios da política nacional de humanização. Esses são valores que norteiam

a política que convoca gestores, trabalhadores e usuários como sujeitos implicados

no processo de humanização da atenção e gestão em saúde (BENEVIDES, 2006).

Para compreender a visão dos enfermeiros sobre a liderança como

facilitadora das relações de trabalho da equipe de enfermagem cabe, inicialmente,

conhecer seu entendimento acerca de seu fazer.

Quando convidados a falar sobre a liderança, no primeiro momento do grupo

focal, os enfermeiros participantes do estudo demonstraram alguma inquietação. O

longo silêncio, a posição estática e o olhar fixo para o moderador do grupo indicaram

uma possível dificuldade em abordar o assunto.

Após o incentivo do moderador, os enfermeiros trouxeram em seus

depoimentos a complexidade de saberes que deve incluir a prática da liderança.

Saberes relacionados ao conhecimento teórico, técnico e administrativo adquirido ao

longo da experiência profissional conforme demonstrado nas seguintes falas:

[...] liderança compreende vários conhecimentos, não só do que você tenha que

ter para sua profissão a nível técnico, como você tem que ter conhecimento de

algumas ferramentas que possam te auxiliar para a aplicação desta liderança. A

humanização que é o seu tema é uma das ferramentas que pode usar [...].

(Raio de Sol – G1)

[...] liderança para mim é um conjunto de conhecimento tanto teórico como

prático. Para que você possa desenvolver bem a liderança tem que ter o

conhecimento dos dois lados [...]. (Well – G1)

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Os depoimentos dos enfermeiros vão ao encontro de autores que afirmam

que o saber em enfermagem tem sido analisado em bases pragmáticas e empíricas,

ao considerar a trajetória histórica da profissão (LEOPARDI, 2006).

Leopardi (op.cit.) destaca que, na construção do saber de uma profissão, é

indispensável considerar os fazeres articulados aos modos de pensar que orientam

a linha teórica mais aderente, com os valores que vão validar o conhecimento para

os modelos e tecnologias para a realização das ações.

Tal validação se faz no contexto da prática, o que requer o conhecimento

institucional, conforme fala dos depoentes:

[...] de tudo que foi dito até agora, acho que a liderança está voltada para

promover condições para a equipe com quem trabalha, desempenhe o seu papel

com conhecimento científico e prático, assim como, a vivência do setor [...]. (Bia

– G1)

[...] tem que ter conhecimento da instituição para que você desenvolva bem o

seu papel de líder [...]. (Well – G1)

Conhecer a instituição na qual atua, para melhor desempenho da prática de

liderança, significa ter conhecimento de como se configura a estrutura e a cultura

organizacional dessa instituição.

A estrutura organizacional diz respeito à forma como um grupo é composto,

as suas linhas de comunicação e seus meios de direcionar a autoridade e as

tomadas de decisões. Por tanto cada organização possui sua estrutura

organizacional formal e informal: a estrutura formal é planejada e exposta, com

papéis e funções bem delineados, definindo a autoridade, responsabilidade e

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comprometimento gerencial; na estrutura informal, a autoridade e o

comprometimento se alternam ou se tornam enfraquecidas, por serem de natureza

social e não formalmente reconhecidas. (MARQUIS e HUSTON, 2004).

Para Kurcgant e Massarollo (2005), a estrutura organizacional formal é

constituída de elementos como organogramas, regulamentos, manuais de técnicas e

procedimentos, diferentemente da estrutura informal que não são explicitados ou

visualizados de forma concreta e documental. Segundo as autoras (op.cit.), os

elementos da estrutura informal perpassam pela dinâmica organizacional,

concretizando-se nas relações interpessoais, em que as subjetividades, os valores e

as crenças individuais, os interesses particulares e institucionais constituem

significado ao trabalho que ali se desenvolve.

A missão da organização, as políticas e propostas que regem a dinâmica

organizacional se alicerçam no contexto da estrutura informal, por essa razão é

importante considerar para uma realidade organizacional, tanto a estrutura formal

como a informal da organização (KURCGANT e MASSAROLLO, 2005).

Os sujeitos do estudo ocupam cargos gerenciais dentro de uma estrutura

formal, onde precisam, por vezes, exercer a liderança dentro de uma estrutura

informal, desenvolvendo habilidades para lidar com as subjetividades, com as

relações interpessoais e com suas diferenças individuais. É necessário não apenas

conhecer a estrutura organizacional na qual se encontra, mas também ter

conhecimento da cultura dessa organização.

Menezes (2003, p.45) em seu estudo etnográfico sobre a cultura

administrativa do gerenciamento de enfermagem em unidade oncológica, afirma

que:

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[...] procurando dar forma ao entendimento da cultura na vida organizacional, instaura-se um movimento no âmbito da Administração, no sentido da utilização do conceito antropológico de cultura, de forma instrumental e sem a devida relativização que a disciplina antropológica pressupõe. Surgiu, então, o conceito de Cultura Organizacional.

Para Kurcgant e Massarollo (2005), é preciso reconhecer a cultura

organizacional, uma vez que o desempenho dos recursos humanos constitui o

elemento determinante do sucesso ou insucesso de qualquer proposta gerencial.

Não podendo esquecer que são as pessoas que viveram e que vivem no cotidiano

organizacional que, interagindo, criam e modelam a cultura organizacional.

Srour (1998) define a cultura organizacional como a expressão da identidade

da organização, que se constrói ao longo do tempo, servindo como distinção das

diferentes coletividades. Para o autor, a cultura é aprendida, transmitida e partilhada,

resultando de uma aprendizagem socialmente condicionada, portanto “nas

organizações, a cultura impregna todas as práticas e constitui um conjunto preciso

de representações mentais, um complexo muito definido de saberes” (SROUR,

1998, p.175).

Nesse contexto, os enfermeiros ressaltam a importância de incorporar à sua

prática, conhecimentos do campo da administração para desempenhar o papel de

liderança, assim como oferecer à equipe não só conhecimento teórico-prático como

também conhecimento do local de atuação.

Tal pensamento se concretiza, ao compartilhar com Menezes (2003, p.64)

que, tanto o gerenciamento ou administração quanto a liderança, são elementos

distintos em constante interação que resultam “de uma dinâmica de influência sobre

os participantes de uma cultura administrativa, gerando e sendo gerada pelo

relacionamento entre o líder e os demais componentes da organização”.

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Os líderes de enfermagem, desempenhando sua prática em uma organização

cuja estrutura formal se adequou a um novo modelo de gestão e atenção, que

privilegia uma cogestão participativa com a corresponsabilidade de todos os

participantes da cultura administrativa, precisam ter uma visão ampla da estrutura

organizacional, sendo o mediador dos objetivos e metas da organização. Através

desse entendimento, o líder deve conduzir e compartilhar com a equipe as propostas

que regem a organização, em busca de uma relação de trabalho satisfatória.

Galvão et al. (1998) salientam que os líderes requerem habilidades

completamente diferentes diante de mudanças na estrutura organizacional

caracterizada por formas autoritárias para formas democráticas de administração.

Motta (2003) refere-se à liderança vista como dependente das condições

organizacionais nas quais o líder está inserido, ressaltando o conhecimento do

contexto organizacional para que possa identificar os recursos disponíveis e utilizá-

los para conseguir o ideal comum. O autor sugere algumas orientações básicas para

o líder, aprimorando seus conhecimentos, tais como: orientar-se para melhor

compreensão da missão da organização; conhecer bem os objetivos organizacionais

e a ambiência social, econômica e política.

Para que esse processo se desenvolva, os enfermeiros ressaltam em seus

depoimentos, a importância do perfil do líder na condução da equipe. As falas de

Raio de Sol e Mana trazem para a discussão a questão do líder inato e do

aprendizado da liderança.

[...] você tem que ter o perfil também, porque tem algumas pessoas que não tem

esse perfil para a liderança, é uma característica inata, porém muitas vezes tem

que ser trabalhada, é necessário que se leia muito, faça cursos [...]. (Raio de Sol

– G1)

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[...] é habilidade...ele tem que ter uma liderança inata, como se diz, tem que ser

trabalhada, aperfeiçoada todos os dias [...]. (Mana – G1)

Como se observa nos depoimentos, ainda existe uma falta de clareza no que

diz respeito aos traços ou características do líder.

Trevizan (1993) fala sobre a primeira tentativa de se compreender a liderança,

buscando a identificação de traços de personalidade dos líderes, surgindo então a

Teorias de Traços, onde o líder é caracterizado por traços específicos e marcantes

de personalidade que servem para avaliar a eficiência da liderança e detectar os

líderes potenciais.

Atualmente, existem dúvidas quanto à aceitação plena de que o líder é

produto de traços inatos de personalidade, por reconhecerem que apesar de

existirem qualidades individuais que ajudam o indivíduo a se ajustar melhor a uma

função do que a outra, isso não é uma característica própria da liderança, mas sim

de todas as funções. Por esse motivo, parte-se do princípio de que a liderança pode

ser ensinada e aprendida (MOTTA, 2003).

Em uma visão moderna, Motta (op.cit. p.211) refere-se “ao fato de que a

capacidade de liderança não é mais vista como algo inato ou de simples estilo

pessoal, e sim de competência gerencial, e que se tem incentivado ultimamente o

aprendizado sobre liderança”.

Os enfermeiros trazem também para discussão, o estilo de liderança a ser

utilizado no cotidiano de sua prática, como pode ser visto nos depoimentos:

[...] implementar liderança vai muito do estilo de liderança de cada um, tem

pessoas que chegam determinam e pronto, agora tem outros que já tem outro

estilo, chegam conversam com a equipe para poder ver o modo de aceitação.

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Isso está muito atrelado ao estilo de liderança que você tem para chegar e tomar

uma decisão e você ser bem aceita ou não com relação ao que você quer decidir

[...]. (Docinho – G1)

[...] aqui a gente percebe que cada um realmente trabalha muito em prol daquilo

que ele vivencia...que na verdade todo mundo tem um mesmo objetivo,

institucional, para o paciente, porém com estas dificuldades culturais que a gente

tem hoje, que são valores que adquirimos em casa e, por todos serem líderes e

terem uma personalidade, onde ele tem que se impor no grupo que ele lidera

[...]. (Raio de Sol – G2).

Rocha et al. (2005, p.33) falam dos líderes que desenvolvem padrões

comportamentais influenciados pela experiência, educação e treinamento, e que o

estilo de liderar vai depender das variáveis do nível de maturidade do grupo a ser

liderado, havendo predominância de ações como: “determinar, persuadir,

compartilhar e delegar”.

No que diz respeito às Teorias de Estilos, os seus autores visualizaram a

liderança sob o ponto de vista do comportamento do líder, referindo-se sobre o que

eles fazem diante dos liderados, descrevendo três estilos clássicos de liderança:

autocrático, democrático e liberal (“laissez-faire”).

Trevizan (1993) descreve o estilo autocrático, relacionando a liderança

autoritária a efeitos negativos, principalmente em nível pessoal, em que os liderados

apresentam reações “agressiva” e “rebelde”. No estilo liberal, os subordinados

demonstram pouca independência, baixo nível de cooperação de grupo e elevado

nível de frustração. No que diz respeito ao estilo democrático, apresenta uma

liderança preocupada não só com as questões do trabalho como também com o

trabalhador, sendo o estilo que tem sido mais eficiente no que diz respeito à

criatividade e à qualidade de desempenho.

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Para a autora (op.cit. p.9), o estilo a ser utilizado depende da circunstância,

das pessoas e do serviço a ser desenvolvido, “o líder tanto manda cumprir ordens,

como consulta os subordinados antes de tomar uma decisão, como também sugere

a algum subordinado realizar determinada tarefa”.

Tal perspectiva foi evidenciada pelos enfermeiros em seus depoimentos ao

demonstrarem um entendimento sobre o estilo de liderança de forma diferenciada e

adotarem um perfil conforme a situação vivenciada:

[...] tem momentos que você tem que ser um pouco radical e tem que pensar no

sentido de chefe e dizer: olha, a escala tem que ser essa, não tem outro jeito,

você segura até certo ponto, por mais mãezona que você tenta ser, por mais que

você tenta conciliar isso, mas muitas vezes você toma atitudes radicais que tem

que ser aquela, o funcionário fica com raiva, depois com o tempo ele melhora

[...]. (Bia – G1)

[...] hoje ele precisou, você vai cobrir ele, amanhã se você precisar ele vai ter

que cobrir feliz da vida, não tem jeito, é isso aí, ele não vai me pagar quando ele

puder e nem quando ele quiser, é quando eu precisar, quando o serviço precisar

[...]. (Mana – G1)

[...] tem que ter uma visão ampla...tem que ter um pouco não só de preparo

desse líder, tem que ter uma coisa que ele traga de si ou seja ele vai se

aperfeiçoar e não vai ser, vamos dizer assim, fabricado esse líder [...]. (Galo –

G1)

[...] o líder tem que ter uma capacidade de trazer a equipe com ele, não pode ter

divisões dentro de uma equipe, eu penso que é o papel fundamental do líder,

sem isso não há trabalho em equipe [...]. (Azaleia – G1)

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[...] quando chega ao setor e diz: eu quero que faça assim, vai ter que ser feito

assim, isso não é impondo, não é dando ordem por cargo, sim por necessidade

do momento daquele serviço [...]. (Well – G1)

[...] nem sempre vamos ter que atuar como líderes democráticos, não é uma

forma de liderar única que vai predominar, há casos e casos. (Azaleia G1)

Na busca de um perfil e estilo de liderança que não estejam voltados apenas

para a qualidade no atendimento, os enfermeiros, em seus depoimentos, referem

sobre a importância da valorização dos profissionais e o seu crescimento junto à

equipe, através da promoção de capacitação teórico-prática, principalmente no que

diz respeito à especificidade da oncologia, assim como a importância de estimular o

desenvolvimento de trabalhos científicos. Como pode ser visto nas seguintes falas:

[...] temos que preparar o nosso técnico, que trabalha com a gente, com

fundamento teórico, para ele poder saber no que está atuando, porque a maioria

dos cursos não tem a parte de oncologia no seu currículo, isso é uma coisa que

precisamos trabalhar diariamente...eles realmente não têm capacidade no

conhecimento teórico para um bom atendimento...obrigação nossa de estar

orientando, é um dever nosso enquanto líder de orientar esses funcionários [...].

(Bonitona – G1)

[...] a liderança está voltada para..., assim como, capacitar os profissionais para

desenvolverem trabalhos científicos, pesquisa e a equipe crescer dentro do

serviço [..]. (Bia – G1)

Esse entendimento vai ao encontro do princípio norteado da PNH que traz a

valorização do trabalhador através da educação permanente: “Compromisso com a

democratização das relações de trabalho e valorização dos trabalhadores da saúde,

estimulando processos de educação permanente” (BRASIL, 2006).

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Galvão et al. (1998), em estudo sobre a liderança nas transformações que as

organizações estão vivenciando, tecem consideração acerca do papel do enfermeiro

líder do futuro e da importância dos liderados para a eficácia do processo de liderar.

Os autores acreditam que o enfermeiro deve buscar estratégias que possibilitem

maior satisfação para a equipe de enfermagem, sendo a liderança um recurso

fundamental para implementar mudanças.

Motta (2003) reforça a necessidade de o líder criar oportunidades para que os

liderados possam provar a si mesmo que são capazes de progredir e crescer.

Nesse contexto, pode-se dizer que a liderança é vista como estratégia para a

valorização da equipe de enfermagem através de estímulo aos profissionais para

buscar novos conhecimentos e aperfeiçoamento, assim como criar oportunidades

para o seu desenvolvimento profissional e pessoal, melhorando sua autoestima e

promovendo mudanças de comportamento nas relações de trabalho.

O líder vendo-se no contexto como sujeito implicado no processo de produção

de trabalho na equipe de enfermagem em oncologia, impulsionando os liderados

para a busca de concepções e requisitos para uma gestão participativa e

compartilhada na organização de espaços mais saudáveis de trabalho, traz para a

prática da liderança o eixo de ação da PNH, na gestão do trabalho, que propõe o

fortalecimento e a valorização dos trabalhadores, sua motivação, o

autodesenvolvimento e o crescimento profissional, assegurando a participação

desses trabalhadores nos processos de discussão e decisão (BRASIL, 2006).

Nos processos de discussão e decisão ocorrem troca e construção de

saberes. Portanto para que haja a participação dos trabalhadores nesse processo, é

necessário que o líder utilize a comunicação como ferramenta importante na prática

da liderança.

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Faz sentido quando o tema comunicação aparece por diversas vezes nas

vozes dos participantes do estudo. O tema surge quando iniciam a discussão sobre

a dificuldade dos liderados de aceitarem as mudanças no setor, realizadas pelos

líderes:

[...] é comum essa rejeição, não estou dizendo todos, mas às vezes o líder faz as

modificações e não comunica, ele simplesmente diz, quero que seja feito assim,

impõem, para depois vir a explicação, por que não senta? Por que não

conversa? Por que não explica antes? [...] (Well – G1)

[...] conversar com a equipe para poder ver o modo de aceitação, acho que isso

está muito atrelado ao estilo de liderança [...]. (Docinho – G1)

[...] acho que o principal é a comunicação, eu sei que os colegas vão falar outras

coisas, mas acho que o principal é a comunicação, explicar, conversar, ter

aquela paciência de explicar tudo de novo [...]. (Suzana – G1)

[...] além da capacitação, volto aquele ponto, para você facilitar, você tem que ter

a comunicação entre todos [...]. (Well – G1)

[...] além da comunicação, do respeito, tem que haver uma interação do

profissional com o líder, com a equipe [...]. (Flor – G1)

[...] saber ouvir o profissional e tentar conciliar uma equipe que seja

desintegrada...capacidade melhor de interagir [...]. (Bia – G1)

[...] tem que ter clareza nas suas ações para não gerar dúvidas depois, que é aí

que surge a fofoca, o disse me disse entre a equipe, eu acho que isso é um

ponto fundamental, que vem no que Azaleia falou da comunicação, acho que

Suzana falou também, isso não é comunicar, é a boa comunicação, é você ser

claro e conciso naquilo que você falar [...]. (Bonitona – G1)

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[...] realmente uma boa comunicação como a Bonitona falou...é ter muita clareza

na sua comunicação, que é o melhor treinamento que temos para não gerar o

mal entendido, aquela coisa de corredor...ter uma comunicação de forma

clara...quando eu tento determinar alguma coisa aqui dentro tem que ser com

todo mundo, não entendeu eu volto faço tudo de novo [...]. (Mana – G1)

O tema comunicação, nos depoimentos, aparece em diversas abordagens:

como estilo de liderança, em que é o líder que impõe sem conversar e o líder que

explica antes de tomar as decisões; utilizada como ferramenta na interação do líder

com a equipe, melhorando a capacidade de interagir e conciliando equipe

desintegrada; e para obter clareza em suas determinações.

Para Marquis e Huston (2004), os enfermeiros líderes sensíveis ao ambiente

e às pessoas ao seu redor têm uma compreensão de como está funcionando o setor

e são capazes de intervir adequadamente quando surgem os problemas, através da

comunicação verbal e não verbal.

Sob esse aspecto, Trevizan et al. (1998) falam da provocação de mudanças,

através da comunicação, no comportamento dos indivíduos, desenvolvendo atitudes

positivas em relação ao próprio desempenho, culminando com a satisfação

profissional. As autoras (op.cit. p.78) reforçam que “a comunicação está no núcleo

da liderança, uma vez que a liderança é um relacionamento interpessoal no qual os

líderes influenciam pessoas para mudança via processo comunicativo”.

No depoimento de Well, pode-se comprovar o entendimento da comunicação

como vetor de mudança:

[...] chegar e conversar, dialogar, para tentar mudar essa filosofia, para que a

relação fique mais saudável [...]. (Weel – G1)

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Motta (2003, p.217), ao se referir sobre as habilidades de comunicação e

interação como dimensão interpessoal, diz que “as habilidades interpessoais

constituem a própria essência da liderança, pois é através da interação com as

pessoas que se desenvolve a capacidade de influenciação, comprometimento e

confiança mútuos.”

O autor ressalta que é através da comunicação que as pessoas se

aproximam, compartilham ideias, aprimoram a compreensão sobre o trabalho de

cada um, monitoram desempenho e “é através da comunicação efetiva que o

dirigente líder aprende a respeito dos subordinados e os informa sobre novas

possibilidades, criando interdependências e fazendo-os sentirem-se parte de uma

equipe” (MOTTA, 2003, p.217).

Vale reforçar a comunicação como instrumento fundamental para que o líder

de enfermagem possa ser um facilitador no estabelecimento de vínculos solidários

junto à equipe nas relações de trabalho, tornando líderes e liderados

corresponsáveis em adquirir novas atitudes na prática.

4.2 O LÍDER DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE ONCOLÓGICO:

INTERVENÇÕES DA SUBJETIVIDADE NA ORGANIZAÇÃO DE ESPAÇOS

SAUDÁVEIS DE TRABALHO

Esta seção focaliza o entendimento dos enfermeiros participantes do estudo

sobre a liderança de enfermagem inserida no ambiente oncológico, e de como a

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subjetividade que transita nesse espaço intervém na organização de espaços

saudáveis de trabalho.

Os depoimentos sobre essa questão convergiram para o posicionamento do

diferencial de ser líder de enfermagem em oncologia e, enquanto sujeito participativo

na organização de espaços propícios à construção de encontros saudáveis de

trabalho, lidar com a subjetividade nas práticas de atenção intervindo no processo

dessa construção. Portanto, a linha de orientação para análise da categoria temática

foi o líder de enfermagem no ambiente oncológico e a subjetividade intervindo na

organização de espaços saudáveis de trabalho.

A prática de enfermagem em oncologia coloca os profissionais em contato

estreito com situações de dor, finitude e morte, além de mutilações, desesperança

de clientes e seus familiares, bem como expectativas de cura da doença.

A agressividade terapêutica e os ajustes necessários ao processo de

tratamento também são fatores característicos desse cenário, visto que muitos

efeitos colaterais desencadeiam graves reações físicas e emocionais nos pacientes,

constituindo-se em elemento gerador de estresse para a equipe. Esses elementos

imputam aos profissionais de enfermagem a necessidade de enfrentamentos,

perenizados durante a operacionalização da assistência aos clientes. É nesse

cenário, considerado pelos enfermeiros como ambiente de estresse, que os líderes

de enfermagem em oncologia desenvolvem sua prática e onde as relações de

trabalho acontecem.

O ambiente que deveria ser acolhedor, saudável, propício a um espaço de

encontro entre os sujeitos como dispositivo para facilitar a capacidade de reflexão,

para a construção de trocas de saber e trocas solidárias comprometidas com a dupla

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tarefa de produção de saúde e produção do sujeito, fragiliza-se diante do lidar com a

subjetividade encontrada no ambiente oncológico.

Buscando um entendimento melhor sobre o ambiente enquanto espaço físico,

encontra-se, na PNH, a abordagem da arquitetura nos espaços da saúde que, ao

adotar o conceito de ambiência, alcançou um avanço qualitativo no debate da

humanização, referindo-se ao espaço físico como “espaço social, profissional e de

relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e

humana” (BRASIL, 2006, p.36).

A ambiência vai além da composição técnica, simples e formal dos

ambientes, passando a considerar as situações que são construídas. Essas

situações construídas em determinados espaços e num determinado tempo são

vivenciadas por uma grupalidade, um grupo de pessoas com seus valores culturais e

relações sociais. (BRASIL, 2006).

O conceito de ambiência segue primordialmente três eixos, que devem estar

sempre juntos na sua composição:

• O espaço que visa à confortabilidade focada na privacidade e

individualidade dos sujeitos envolvidos, valorizando elementos do

ambiente que interagem com as pessoas – cor, cheiro, som,

iluminação, morfologia...- e garantindo conforto aos trabalhadores e

aos usuários;

• O espaço que possibilita a produção de subjetividades – encontro dos

sujeitos – por meio de ação e reflexão sobre os processos de trabalho;

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• O espaço como ferramenta facilitadora do processo de trabalho,

favorecendo a otimização de recursos, o atendimento humanizado,

acolhedor e resolutivo (BRASIL, 2006).

A ambiência vista como o espaço onde tudo acontece, principalmente as

relações de trabalho, encaminhou a discussão para questões conflituosas. Os

enfermeiros participantes do estudo, ao deporem sobre o entendimento de liderança,

falavam de forma abrangente. Porém, no momento em que o discurso se voltou para

o campo da oncologia, era como se mergulhassem no campo da subjetividade e

emergissem os conflitos.

Diante da complexidade da definição de subjetividade, optou-se por

considerá-la como “sendo o caráter de todos os fenômenos psíquicos, porquanto

fenômenos de consciência, ou seja, os que o sujeito relaciona consigo mesmo e

chama de “meus””. (ABBAGNANO, 2007).

Nesse sentido, “a subjetividade refere-se às experiências particulares de um

determinado sujeito com sua singularidade, que implicam não somente a sua

relação passiva com o mundo e com o outro, mas também o seu engajamento ativo

nessas direções” (BRANDÃO et al., 2007).

Entende-se então a subjetividade como sendo o mundo interno de todo e

qualquer ser humano, composto por emoções, sentimentos e pensamentos, por

meio da qual se constrói um espaço relacional.

Os enfermeiros, quando convidados a falar sobre a liderança em oncologia no

primeiro momento do grupo focal, iniciaram os depoimentos associando liderança

com humanização. Referiram-se ao contexto de atuação da enfermagem junto aos

usuários com câncer e seus familiares, que requer uma prática humanizada,

portanto uma liderança humanizada conforme os depoimentos:

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[...] acho que é uma liderança mais humana [..]. (Saúde – G1)

[...] a liderança na oncologia está muito voltada para a humanização... a partir do

momento que você, como líder de uma equipe, não tiver essa capacidade não

serve para comandar este serviço [...]. (Bia – G1)

[...] doente oncológico é muito diferenciado, ele tem o emocional muito grande, é

diferente de um doente clínico, de trauma, que você trata e o doente vai embora,

o oncológico não, você está com ele aqui sempre, você tem envolvimento [...].

(Lua – G1)

[...] tem que dar um foco bem especial ao familiar que está muito mais

desequilibrado que o próprio paciente. Temos que ter tranquilidade para poder

ajudar a eles a ultrapassarem esta fase que é bem difícil na vida deles [...]. (Well

– G1)

[...] concordo com o Well, a humanização voltada para os familiares, ajuda na

recuperação e na reabilitação dos pacientes, então penso que a base de toda a

nossa liderança tem que estar fundamentada na humanização [...]. (Lilás – G1)

[...] paciente oncológico é realmente um paciente muito diferenciado, temos que

atender tanto ao doente como principalmente a família, muitas vezes a família é

a mais desestruturada de todo o contexto. Eu trabalho em uma unidade fechada,

onde o relacionamento que temos com paciente infantil, adulto, idoso é muito

curto, que muitas vezes temos que conversar com os familiares em relação ao

procedimento que será realizado e como será a recuperação desse paciente [...].

(Flor – G1)

[...] eu fico imaginando a angústia desse paciente, se nós temos o outro lado da

nossa angústia, imagina de quem vai ser internado e a família vendo tudo isso?

[...] (Saúde – G1).

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[...] o paciente morrendo, imagina a quantidade de sentimentos, o turbilhão que é

dentro do profissional de assistência oncológica [...]. (Mana –G1)

Os depoimentos trazem o conhecimento que os enfermeiros têm da

importância de lidarem com o emocional dos usuários e seus familiares, assim como

do enfrentamento diante da morte do outro.

Trazendo para a discussão as inquietações do usuário e sua família, Mercês

(2005, p.112), em seu estudo com pacientes em UTI oncológico, afirma que “durante

esta fase de adaptação à doença, o indivíduo e a família se deparam com várias

inquietações e incertezas, sendo a primeira delas a preocupação com a morte [...]”.

Para lidar com a subjetividade nas práticas de atenção aos usuários e seus

familiares, mobilizando a assistência emocional, é necessária uma reflexão sobre o

modo como interagir com eles, tornando-os participativos no processo de

saúde/doença.

Casaete e Corrêa (2005), em levantamento bibliográfico, discorrem sobre a

abordagem que surge em textos atuais, a partir da década de 90, abordando a

valorização do usuário do serviço de saúde como sujeito de direitos, capaz de

exercer sua autonomia, revelando uma ideia de humanização distinta da lógica da

caridade. Segundo ainda as autoras, é um desafio transformar essa concepção, pois

se encontram atitudes de “bestialização do indivíduo que adoece, através de

atitudes carinhosas e puerilizantes, bem como as que mantêm os trabalhadores

fechados em seu próprio saber, com dificuldades para abrir-se à escuta do outro e

ao estabelecimento de vínculo” (CASAETE e CORRÊA, 2005, p.110).

Rizzoto (2002) sugere uma reflexão para mudança por parte da equipe de

saúde no que diz respeito ao vínculo para a humanização da assistência, em que

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criar vínculos implica estabelecer relações, permitindo a construção da autonomia do

usuário e não a sua dependência; é integrar-se e interagir com o outro.

Costa et. al. (2003), referindo-se à assistência humanizada ao usuário com

câncer e seus familiares, falam em empregar atitudes que originem espaços que

permitam a todos verbalizar seus sentimentos e valorizá-los, assim como

instrumentalizá-los para que tomem decisões sobre o tratamento proposto.

Fundamentando esses conceitos através dos valores que norteiam a Política

Nacional de Humanização, que são: a autonomia, o protagonismo do sujeito e a

corresponsabilidade entre eles, entende-se que a relação usuário e equipe de

enfermagem se concretiza estabelecendo vínculos solidários.

O líder de enfermagem tem papel fundamental nesse processo como sujeito

corresponsável pela interação do usuário, utilizando estratégias para a criação da

ambiência propícia à valorização da subjetividade nas práticas de atenção. É nessa

ambiência que devem ser construídos os espaços de encontro entre os sujeitos,

para a troca e a construção de saberes e a identificação de necessidades, desejos e

interesses dos usuários.

A clínica ampliada e o projeto terapêutico singular são os dispositivos da PNH

que devem ser utilizados como ferramenta para que o usuário busque sua

autonomia e participação ativa na sua rede sociofamiliar, nas propostas de

intervenção, acompanhamento e cuidados gerais (BRASIL, 2006).

Campos (2000) aborda a ampliação do grau de autonomia como um conceito

relativo não como ausência de qualquer tipo de dependência, mas avaliada pelo

aumento da capacidade dos usuários compreenderem e atuarem sobre si mesmos,

medido pela capacidade de autocuidado, de compreensão sobre o processo

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saúde/enfermidade, pela capacidade de estabelecer compromisso e contrato com

outros.

Segundo Campos (op.cit.), pensar em clínica ampliada significa ver o usuário

além da doença de que ele é portador, é olhar para sua singularidade, não se

restringir à terapêutica medicamentosa e cirúrgica, mas também valorizar o poder

terapêutico da escuta e da palavra, conhecer os seus hábitos, sua cultura, sua

história de vida, no que trabalha, o que o aflige, enfim, diagnosticar também o que

pode estar causando ou interferindo na sua recuperação. Ampliar essa atenção

significa saber lidar com as dimensões sociais e subjetividades dos usuários.

A equipe de enfermagem, líderes e liderados, faz parte da operacionalização

da clínica ampliada, na construção de vínculos e na elaboração do projeto

terapêutico, ampliando os recursos de intervenção sobre o processo saúde-doença,

participando ativamente na orientação do grau de autonomia e nas orientações que

deem subsídios aos usuários para as tomadas de decisões. É na prática da atenção

ampliada que se realizam a educação em saúde e o apoio psicossocial ao usuário e

seus familiares, ações fundamentais para a atenção com qualidade.

Por um outro lado, pensar apenas na relação humanizada com o usuário não

soluciona todos os problemas vivenciados pelos líderes de enfermagem no ambiente

de trabalho. Os enfermeiros entendem que existem no ambiente onde desenvolvem

sua prática outros fatores que interferem para que a relação de trabalho na equipe

de enfermagem não se torne humanizada.

A preocupação e o envolvimento emocional do líder com a equipe de

enfermagem, e o de se verem também envolvidos emocionalmente e despreparados

para manter o equilíbrio nesse ambiente de estresse, são fatores que os enfermeiros

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entendem como intervenientes na relação de trabalho, conforme se observa nos

depoimentos:

[...] tem que ter humanização em todo o processo para você poder prestar uma

boa assistência ao cliente [...]. (Docinho – G1)

[...] tem que preparar o nosso técnico que trabalha com a gente emocionalmente

[...]. (Bonitona – G1).

[...] não só com o familiar, mas também com aqueles que são subordinados a

esses líderes, ou seja, tem que ter uma visão ampla [...]. (Galo – G1)

[...] acho que pesa muito para o líder em oncologia ... você tem que gerenciar

toda uma equipe que é gente, sente como o doente, sente como o familiar e

você tem que ter equilíbrio para poder gerenciar emoção de funcionário, de

paciente, de familiar [...]. (Mana – G1)

[...] a parte emocional do líder para sua equipe é muito importante,

principalmente que a equipe vem às vezes desestabilizada de casa, muito

problema familiar que a gente muitas vezes tem que conversar com o funcionário

e tentar tranquilizar para ele poder prestar uma assistência humanizada aos

pacientes [...]. (Flor – G1)

[...] o líder que trabalha dentro de um serviço de oncologia, ele também tem que

estar muito bem emocionalmente ... ele pode ter problemas para transmitir isto

para própria equipe e os demais que dependem dele [...]. (Azaleia – G1)

[...] o líder cuida do emocional de todo mundo, quem cuida do emocional do

líder? [...]. (Saúde – G1)

Costa et al. (2003a) ressaltam que os profissionais que trabalham na área de

oncologia estão expostos, no seu dia a dia de trabalho, a situações geradoras de

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conflitos como as frequentes perdas por morte, as pressões que expõem o modelo

médico tradicional de responsabilidade em relação à cura e à longevidade; o

trabalho constante com a doença grave e com a tristeza dos familiares, levando à

criação de vínculo com maior envolvimento com o problema vivido. Diante dessas

considerações, os autores (op.cit. p.312) apontam a necessidade do “cuidado da

própria equipe como uma exigência para cuidar dos outros”.

No que diz respeito ao enfrentamento com a morte do outro, Pessini e

Bertachin (2004) falam que da mesma forma em que se ajuda a nascer, precisa-se

também ajudar a morrer, assim como experienciar a solidão diante do lidar com as

dificuldades ante a morte do outro, trazendo à tona a própria morte bem como a dos

entes queridos.

Vale repensar que os enfermeiros em sua vida acadêmica aprendem a ajudar

a nascer e a auxiliar na cura, mas não são preparados para ajudar a morrer.

Os autores (op.cit.) ressaltam a questão da solidão do profissional no seu

campo de trabalho, no lidar cotidiano com as dificuldades de enfrentamento da

morte do outro, cujo fato evoca insistentemente sua própria morte e a dos seus

entes queridos:

[...] o sofrimento também nos infunde medo, porque nos vemos em espelho, a fragilidade, a vulnerabilidade e a mortalidade, elementos da nossa condição humana que não gostamos de ver lembrados, porque nos confrontam com o nosso próprio fim. (PESSINI e BERTACHIN, 2004, p.145)

Nota-se, assim, os desdobramentos passíveis de acontecer, se for

considerada a relação de cuidado na enfermagem com toda a gama de emoções

compartilhadas por quem cuida e por quem é cuidado.

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Segundo Martins (2003), o resultado final da exposição a esses fatores pode

levar a uma adequada adaptação do profissional dentro do limite possível, ou ao

contrário, a uma inadequada adaptação com efeitos indesejáveis, tanto no plano

profissional como no pessoal.

Barros et al. (2006a), pensando sobre o trabalho como ocupante de um lugar

privilegiado na vida dos seres humanos, em relação ao que ele provoca no sujeito

nos serviços de saúde, diz:

[...] ele é potencialmente produtor de sentido, quando é inventivo e participativo; e pode ser também produtor de sofrimento e desgaste, quando é burocratizado, fragmentado e centralizado. (BARROS et al., 2006a, p.155)

Vale ressaltar que a PNH visa a alcançar resultados que englobam a

implementação de atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores da

saúde, contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e qualidade de vida

no trabalho (BRASIL, 2006).

Segundo os autores (op. cit.)

[...] promover saúde nos locais de trabalho é aprimorar a capacidade de compreender e analisar o trabalho de forma a fazer circular a palavra, criando espaços para debates coletivos. A gestão coletiva das situações de trabalho é critério fundamental para a promoção de saúde. (BARROS et al., 2006a)

Para compreender as situações de trabalho no espaço onde os líderes de

enfermagem em oncologia desenvolvem sua prática e promovem a saúde, é preciso

conhecer esse espaço que, por si só foi considerado pelos enfermeiros como fator

interveniente nas relações de trabalho, como os depoimentos a seguir:

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[...] o próprio ambiente já é uma coisa dificultadora para nós, porque lidamos a

cada dia com situações extremas [...]. (Docinho – G1)

[...] fator ambiente...num ambiente de estresse, de pressão o tempo

todo...pressão existe vinda da instituição de todas as partes [...]. (Galo –G1)

[...] aparelhos...não tem a manutenção correta...funcionários entram de licença

não tem reposição de pessoal...assim trabalha demais, até fora do

horário...querem que seja atendido naquele dia, porque o paciente com todos

aqueles problemas sociais... humanamente impossível trabalhar com 60

pacientes em um dia numa recepção que todo mundo conhece, onde está a

humanização nisso? Como preparar de 6 a 10 pacientes de colonoscopia em um

corredor minúsculo com dois banheiros [...]. (Suzana – G1)

[...] sobrecarga de trabalho...demanda cada vez mais crescendo dentro do

hospital e o hospital é o mesmo [...]. (Lua –G1)

Nesse contexto de sobrecarga emocional vinda do usuário, da equipe de

enfermagem, do líder ou do próprio ambiente gerador de estresse, como:

sobrecarga de atividade laboral, cobranças institucionais e espaço físico inadequado

para a execução de tarefas que interferem na prática da liderança, encontra-se o

ambiente onde as relações de trabalho ocorrem de forma conflituosa.

Esses fatores levam a pensar e a trazer para discussão a ambiência e o

acolhimento, dispositivo de grande relevância da Política Nacional de Humanização.

Valorizando a ambiência, com organização de espaços saudáveis e acolhedores de

trabalho, o líder de enfermagem garante a confortabilidade e condição adequada de

trabalho, permitindo espaço para encontros e trocas de saberes, da identificação de

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necessidades, desejos e interesses dos trabalhadores de enfermagem, enquanto

sujeitos do campo da saúde (BRASIL, 2006).

Segundo Barros et al. (2006b, p.38):

A ambiência, enquanto espaço de encontro entre sujeitos, apresenta-se como um dispositivo que potencializa e facilita a capacidade de ação e reflexão das pessoas envolvidas nos processos de trabalho, possibilitando a produção de novas subjetividades.

Os autores (op.cit.), falam da confortabilidade como fator relevante, que deve

ser considerado ao se pensar em ambiência, tendo em vista que o trabalhador,

assim como o usuário, ao entrar no ambiente de trabalho em saúde, deixam do lado

de fora tudo o que é relativo ao seu mundo, e podem perder as referências sobre

seu cotidiano, sua cultura e seus desejos.

Confortabilidade, dentro do conceito de ambiência, é também resgatar esse vínculo para junto do processo de produção de saúde, construindo-se um território em que usuários e trabalhadores identifiquem seu mundo e suas referências nos espaços de cuidado e atenção à saúde. (BARROS et al., 2006b, p.37)

Em relação ao acolhimento, vale lembrar que ele deveria estar presente em

todas as relações e encontros que são feitos na vida, entretanto parece difícil

exercer essa prática no cotidiano, já que essa prática não se passa apenas em cada

um dos sujeitos, mas principalmente entre os sujeitos.

Segundo a definição de Ferreira (2000), acolher é dar acolhida, admitir,

aceitar, dar ouvidos, dar crédito à, agasalhar, receber, atender, admitir. O

acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições, uma

ação de aproximação, um “estar com” e “próximo de”, ou seja, uma atitude de

inclusão. Essa atitude implica, por sua vez, estar em relação com algo ou alguém.

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É exatamente nesse sentido, em um processo de corresponsabilização, que os

enfermeiros líderes devem promover encontros que ativem a capacidade de estar atentos para

acolher, em aprendizado de indissociabilidade entre o modo de os enfermeiros se produzirem

como sujeitos e os modos de trabalhar, sentir e produzir saúde, para que consigam avaliar e

intervir nas atividades realizadas que causam exaustão e, com isso, uma relação de trabalho

desumanizada.

Na produção de saúde, em que todos os sujeitos envolvidos são

correponsáveis pelo processo, a adequação da área física e a compatibilização

entre a oferta e a demanda por ações de saúde, assim como a forma de

organização, dependem também da corresponsabilidade dos gestores enquanto

sujeitos desse processo, para que ocorram as mudanças estruturais na forma de

gestão, facilitando a humanização das relações de trabalho no serviço (BRASIL,

2006).

4.3 FATORES INTERVENIENTES NAS RELAÇÕES DE TRABALHO DO LÍDER

DE ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA

Esta seção focaliza o entendimento dos enfermeiros participantes do estudo

acerca do modo de trabalhar em equipe, diante dos fatores intervenientes nas

relações de trabalho do líder de enfermagem em oncologia. Os depoimentos sobre

essa questão convergiram para o posicionamento do líder na relação de trabalho

entre os próprios líderes, entre os liderados e entre a equipe multiprofissional.

Portanto, a linha de orientação para a análise dessa categoria foi a dos

fatores intervenientes nas relações de trabalho do líder de enfermagem em

oncologia.

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Pensar a humanização como compromisso com a democratização das

relações de trabalho onde o líder de enfermagem desenvolve sua prática, é pensar

em integrar as relações entre os sujeitos que participam do processo de produção

de saúde na atenção e na gestão e na execução do trabalho, não só no que está

definido, mas efetivamente se realizando nas situações cotidianas e concretas.

Para Barros et al. (2006a) a realização do trabalho

Inclui, portanto, o esforço que se despende no cotidiano profissional, para o trabalhador dar conta dos acordos e pactos realizados com o gestor e com os companheiros de trabalho, em função das necessidades dos usuários. (BARROS et al., 2006a, p.154)

Nessa perspectiva, o líder de enfermagem em oncologia pode ser visto como

corresponsável por estabelecer vínculos solidários para a participação coletiva na

realização do trabalho que vai produzir saúde e sujeitos participativos no processo

de gestão.

Acredita-se que os enfermeiros participantes do estudo consideraram esse

contexto importante para sua prática no cotidiano, justificado pelo fato de a categoria

temática ter sido a que mais gerou discussão e participação do grupo.

No olhar do observador do grupo focal, os participantes deixaram visível o

quanto o tema discutido era vivenciado por eles, por meio das expressões faciais

tipo sorriso, inscrições para darem o seu depoimento com ansiedade e externarem

os pensamentos em relação ao tema, muitas vezes, falando ao mesmo tempo.

Ao realizar a análise temática, utilizando essa observação, constatou-se que o

espaço criado através da técnica do grupo focal facilitou a liberdade de expressão

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verbal que, a princípio, ainda não havia sido realizada. Essa análise se concretizou

através do depoimento do Well:

[...] começando, já que você falou, eu não tinha entrado nenhuma vez em

detalhe sobre setores nem nada [...]. (Well – G1)

Os primeiros fatores mencionados em depoimentos que dificultam a relação

de trabalho entre os líderes, no entendimento dos participantes, foi a liderança

fracionada e individual, a falta de respeito, de compreensão e de diálogo entre

alguns líderes, conforme as falas:

[...] a maior dificuldade...na liderança...é o respeito mútuo entre os líderes...cada

líder se acha muito individual, individualista dentro do seu setor, dentro daquilo

que está fazendo, quando o outro chega para agregar alguma coisa, ele sempre

não é bem recebido...que os líderes tenham uma liderança unidos que falem a

mesma língua...que se compreendam, que se respeitem e que possam

desenvolver uma liderança coletiva e compartilhada [...]. (Well – G1)

[...] concordo com Well, acho que a liderança tem que ser coletiva [...]. (Lilás –

G1)

[...] compartilhada [...]. (Mana – G1)

[..] o respeito é porque todo líder tem uma responsabilidade e todos podem

sentar e conversar e dialogar...isso não existe, existe uma liderança fracionada

cada um quer fazer a sua liderança [...]. (Well – G1)

Em seguida, os depoimentos demonstraram que os enfermeiros têm uma

percepção do poder associado à desautorização nas tomadas de decisão, gerando

falta de autonomia, considerados fatores que desencadeiam conflitos nas relações

de trabalho entre os próprios líderes de enfermagem, como a seguir:

[...] cada um se divide cada vez mais pelo motivo do poder, é só poder que

estraga tudo e todo mundo sabe que todos são líderes [...]. (Well – G1)

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[...] chega o líder de plantão do setor e diz: “não, deixa que eu resolvo, quem

resolve sou eu”. Então tira sua autonomia...você passa mais uma vez

despercebido, quando você vai falar, “já conversei com minha chefia, já resolvi”

[...]. (Well – G1)

Os depoimentos convergiram para o entendimento de que os conflitos, nas

relações de trabalho do líder de enfermagem em oncologia, ganham peso quando a

prática da liderança envolve a condução do trabalho na relação entre os próprios

líderes, cujo modo de pensar a atenção e a gestão é voltado para a fragmentação do

processo de trabalho e a centralização do poder, com a falta de autonomia, sem

participação coletiva e compartilhada nas tomadas de decisão.

Esse contexto remete para o descompasso entre a prática dos líderes e o

discurso da Política Nacional de Humanização, que entende a humanização

norteada pelos valores da autonomia e da corresponsabilidade entre os sujeitos,

estabelecendo um vínculo solidário no processo de gestão, tendo como proposta o

modelo “centrado no trabalho em equipe, na construção coletiva (planeja quem

executa) e em colegiados que garantem que o poder seja de fato compartilhado, por

meio de análises, decisões e avaliações construídas coletivamente” (BRASIL, 2006).

Os avanços e desafios do marco teórico da PNH reportam ao descompasso

entre a prática e o discurso da política, quando declaram os poucos dispositivos de

fomento à cogestão e à inclusão dos trabalhadores no processo de produção de

saúde; também a formação dos trabalhadores da saúde distante do debate e da

formulação da política pública de saúde, que se destacam dentre uma série de

problemas, como desafios a serem enfrentados (op.cit. 2006).

Pensando como Barros et al. (2006a, p.155) que “trabalhar é gerir. É gerir

junto com os outros”, trabalhar em equipe não pode ser fragmentado, em que cada

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profissional intervém em um mesmo caso; é preciso que haja complementaridade e

solidariedade entre os sujeitos participativos da equipe.

Campos (2006) afirma que para trabalhar em equipe é necessário interação

entre as pessoas, através da capacidade de escuta e de fala, e de construir relações

de confiança e solidariedade entre os profissionais de saúde, sob pena da eficácia

do trabalho ficar comprometida.

Trabalhar em equipe não é fácil, envolve a complexidade dos sujeitos e a

multicausalidade dos problemas de saúde. Conforme Cunha (2006, p.52), é preciso

“lidar com diferenças, com conflitos, com afetos e poderes na equipe, é um

aprendizado coletivo”. O autor cita um estudo feito nas equipes de atenção básica

na Inglaterra, para investigar quais fatores tinham mais impacto na qualidade da

atenção. Demonstrou que o “clima” de trabalho nas equipes afetava diretamente o

resultado, independente de quaisquer outras variáveis.

Esse entendimento reforça as dificuldades nas relações de trabalho,

encontradas entre os líderes, refletidas nos depoimentos dos enfermeiros

participantes do estudo, no que diz respeito ao poder e à autonomia.

Falar de poder na instituição hospitalar, precisamente na enfermagem, é um

tema bastante complexo, devido às várias vertentes que essa temática reporta.

O poder está presente em todas as relações sociais, porém adquire maior

importância na vida organizacional, pois é nela que se preestabelecem relações de

imposição e dependência para o desempenho de papéis e funções. A evolução

social e empresarial no mundo contemporâneo tem levado à aceitação de uma nova

perspectiva política do poder gerencial (MOTTA, 2003).

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Segundo esse autor, “poder é a capacidade de influenciar outra pessoa ou

grupo a aceitar idéias diferentes e a se comportar de maneira diversa do que

usualmente faria” (MOTTA, 2003, p.156).

O poder que dá a um indivíduo ou a um grupo a influência sobre os outros

caracteriza-se pelo poder de estrutura formal que é estabelecido pelos níveis

hierárquicos dos serviços, indicando as relações de poder entre os cargos, e o poder

pessoal independe de uma posição formal na organização para deter o poder

(KURCGANT e MASSAROLLO, 2005).

O poder, discutido pelos participantes do grupo focal, necessita ser

aprofundado em estudo próprio, para que se tenha um melhor entendimento da

relação de poder entre os líderes de enfermagem em oncologia.

Nos depoimentos, não houve clareza a que líder os depoentes se referiam, se

aos que ocupam uma posição formal em cargos hierárquicos instituídos e, portanto,

exercem o poder através de fonte legítima, ou dos líderes que não têm posição

formal dentro da instituição e exercem o poder por influência.

Dessa forma, a categoria de base a que se refere o poder foi analisada,

optando-se pela linha teórica de Kurcgant e Massarollo (2005) que, no seu estudo,

estreita as relações de poder nas organizações com a cultura organizacional, onde

ambas se concretizam nas relações e nas práticas cotidianas, extrapolando os

limites da estrutura formal e de todo o aparato legal. Entende-se ser esse o melhor

caminho para atender o objeto e os objetivos deste estudo, assim como pela

correlação com o referencial conceitual da Política Nacional de Humanização.

Segundo as autoras (op.cit.), a cultura e o poder têm sido pouco considerados

pelos chefes, gerentes ou administradores dos diferentes níveis formais da estrutura,

como variáveis que influenciam e até determinam a tomada de decisões, as

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propostas de mudanças institucionais, o gerenciamento de conflitos interpessoais e

intergrupais, e o gerenciamento de pessoal.

As autoras ressaltam que a cultura e o poder “carregam forte componente

emocional, exigindo, de quem gerencia, capacitação para trabalhar o diálogo

existente entre a subjetividade e a objetividade, sempre presentes nos processos

relacionais” (KURCGANT e MASSAROLLO, 2005, p.32).

Quando há um grande desequilíbrio de poder, em que o lado poderoso se

aproveita dessa vantagem para desconsiderar interesse e desejos do outro,

reduzindo-o à situação de objeto e com isso manipulando-o em função de interesse

e desejos do dominante, pode-se qualificar de desumanas as relações sociais

(CAMPOS, 2006).

Como pensar em uma relação de trabalho humanizada na equipe de

enfermagem se o poder emerge como fator interveniente nessa relação? Sobre isso,

Cunha (2006, p. 62) afirma que “não há como propor humanização da gestão e da

atenção sem propor um equilíbrio maior de poderes nas relações entre os

trabalhadores dentro da organização”.

Ao pensar na implantação de um modelo de gestão mais democrático e

participativo, constituindo novos espaços de exercício e hegemonizando o poder,

pensa-se na redefinição do conceito de humanização como uma política pública

baseada na transversalidade dos saberes e dos poderes, abrindo caminhos para

uma comunicação construída na interseção dos eixos vertical e horizontal, onde não

há espaço para o autoritarismo através do mando vertical e nem para comunicações

apenas entre os pares na horizontal, facilitando, portanto, a troca de saberes.

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Por outro lado, os enfermeiros colocam em seus depoimentos que o Chefe da

Divisão de Enfermagem concede aos enfermeiros líderes autonomia em suas

decisões, conforme as falas:

[...] é o apoio que temos da nossa chefia geral, que dá apoio e autonomia

quando você precisa para tomar decisões [...]. (Lua – G1)

[...] não por falta de respaldo, não por falta de suporte do gerente do processo

[...]. (Mana – G1)

Esse pensamento contraditório do poder exercido entre os líderes e do poder

exercido pelo gerente sobre os liderados reforça a possibilidade de um estudo futuro

sobre o poder, a autoridade e a autonomia na liderança de enfermagem em

oncologia.

No decorrer dos depoimentos, os enfermeiros relataram as dificuldades

encontradas diante da necessidade de adequação às alterações de normas e rotinas

que geram conflitos na relação de trabalho dos líderes com a equipe de

enfermagem.

[...] quando você muda a rotina, alguma coisa no setor e a equipe por incrível

que pareça coloca dificuldades em tudo antes de você até mesmo experimentar

se vai dar certo...você trabalha em oncologia, você tem que sempre pensar em

melhorar qualidade no atendimento desse paciente, é muito difícil...a própria

equipe a maioria se mostra insatisfeita com o líder...todos ficam contra você e

você fica numa situação até difícil [...]. (Bia – G1)

A participante Flor justifica, com uma possível causa para a atitude da equipe:

[...] eu acho que isso ocorre porque eles acham que vão trabalhar mais com

mudanças de normas e rotinas, mesmo explicando que isso vai facilitar o

trabalho da equipe e favorecer uma melhor assistência [...]. (Flor G1)

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O depoente Well emite sua opinião sobre como deveria ser feito para diminuir

esse fator que interfere na relação de trabalho entre o líder e a equipe de

enfermagem:

[...] acho que o líder ele tem obrigação de chamar sua equipe e dizer a partir de

hoje nós vamos modificar isso, isso e isso, acho que no começo vai ser difícil,

mas depois vocês me dizem o resultado, positivo ou negativo e a gente faz o

acerto [...]. (Well – G1)

Reforçando a opinião do Well, o líder deve criar espaço para a realização

profissional e de exercício da criatividade, através da capacidade de escuta e de

fala, construindo relações de confiança e solidariedade entre a equipe.

A cogestão é um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo. A

gestão participativa é importante como instrumento valioso na construção de

mudanças, na interação com troca de saberes, com o fortalecimento do empenho no

trabalho, estimulando a reflexão e aumentando a autoestima e, com isso,

contribuindo para tornar o entendimento mais eficaz/efetivo e motivador para as

equipes de trabalho (ROLLO, 2006).

Por outro lado, os participantes entendem que a relação conflituosa com a

equipe melhora quando o líder consegue trazer a equipe para junto, explicando as

mudanças antes de elas ocorrerem; no entanto, é preciso que as mudanças estejam

incorporadas no próprio líder.

[...] o líder também tem que ter incorporado nele a necessidade de

mudança...tem que ter uma capacidade de trazer a equipe com ele, não pode ter

divisões dentro de uma equipe [...]. (Azaleia – G1)

[...] uma equipe que trabalha junto com você, você desenvolve um trabalho legal

[...]. (Lua – G1)

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Kouses e Posner (2003), ao descreverem a influência da liderança

transformacional no modelo de liderança, abordam a importância dos conceitos

como a credibilidade, em que os liderados precisam acreditar nas palavras do líder,

pois os líderes farão o que dizem e sentem entusiasmo e conhecem o rumo que

estão seguindo; da prática coerente com o discurso, em que o líder associa a

credibilidade ao “fazer o que diz que vai fazer”; e do apontar o caminho, em que o

líder deve ser o primeiro a dar o exemplo, onde os atos devem ser coerentes com as

palavras.

Ao final dos depoimentos, os enfermeiros trouxeram para discussão o

entendimento de que ao assumirem competências que são inerentes a outros

profissionais, surgem conflitos que interferem na relação de trabalho dos lideres de

enfermagem, conforme os depoimentos:

[...] além de toda a equipe que trabalha com a gente tem mais toda a equipe

multiprofissional, que qualquer mudança esses profissionais também têm que

ser avisados [...]. (Bonitona – G1)

[...] tem que estar envolvido [...]. (Saúde – G1)

[...] envolvido de alguma forma, porque além dos técnicos de enfermagem, nós

trabalhamos com médicos, serviço social, pessoal da limpeza que é terceirizado

[...]. (Bonitona – G1)

[...] nos confrontamos com tantas situações, desde a recepção até a devolução

deste paciente para o familiar...a gente acaba tomando para nossa equipe um

serviço que não é nosso, tudo por pena do paciente...no final do dia está todo

mundo exausto [...]. (Suzana – G1)

Segundo Cunha (2003, p. 62),

[...] o trabalho em saúde pode ser comparado a uma corrente, cuja resistência (eficácia) depende de todos os elos. Se a corrente é quase toda de aço, mas um elo é de plástico, a resistência à tração

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do conjunto é a do plástico e não a do aço. Esta metáfora demonstra a grande interdependência do trabalho em saúde.

Segundo o autor (op.cit.) esse conceito é válido para um serviço de saúde e

seus diferentes profissionais. Cabe à gestão facilitar esse diálogo e reforçar a

interação entre os profissionais.

Vários conceitos e desafios da PNH perpassam esse processo, tais como: o

fomento da autonomia, do protagonismo e da corresponsabilidade de todos os

sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde; o estabelecimento de

vínculos solidários e de participação coletiva; a construção de diferentes espaços de

encontro entre sujeitos para as trocas solidárias e comprometidas com a construção

de saberes; o desafio da fragmentação do processo de trabalho e das relações entre

os diferentes profissionais.

Segundo Campos (2000), para que o processo de trabalhar em equipe

multiprofissional se concretize, há práticas que podem ser adotadas, como o

dispositivo Projeto Terapêutico Singular (PTS), que utiliza uma equipe com noção

transdisciplinar para a discussão de casos complexos e com alta vulnerabilidade. O

grupo recolhe a contribuição de várias especialidades e de distintas profissões para

uma discussão prospectiva e não retrospectiva, como acontece com o tradicional

estudo de casos em medicina.

Segundo o autor (op.cit.), o PTS objetiva a realização de uma revisão do

diagnóstico, com nova avaliação de riscos e uma redefinição das linhas de

intervenção terapêutica, redefinindo tarefas e encargos dos vários especialistas.

Os líderes de enfermagem têm papel importante como profissionais

participativos no PTS, em que a transdisciplinaridade indica o aumento do grau de

comunicação, da troca de saberes, de afetos e de corresponsabilidade entre os

integrantes da equipe, evitando com isso que as decisões sejam centralizadas em

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um serviço ou um profissional da equipe, reduzindo a atuação de outros

trabalhadores a simples execução.

O autor (op.cit.) ressalta que a exclusão do profissional do processo de

decisão diminui o envolvimento desse profissional com o usuário, o trabalho se

burocratiza e produz a fragmentação da equipe.

CAPÍTULO V

ESTRATÉGIAS PARA AS RELAÇÕES DE TRABALHO DO LÍDER DE

ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA: UM ESPAÇO PARA A POLÍTICA NACIONAL

DE HUMANIZAÇÃO

Este capítulo discute, utilizando como referencial conceitual a Política

Nacional de Humanização, as estratégias propostas pelos líderes de enfermagem

favorecedoras de uma relação de trabalho humanizada na equipe de enfermagem

em oncologia.

As estratégias foram identificadas, discutidas e propostas pelos enfermeiros

participantes do estudo, no grupo focal Momento 2. A partir da análise dos dados colhidos foi

elaborado um quadro (Quadro 2) demonstrativo das estratégias favorecedoras de uma relação

de trabalho humanizada com nexo às Estratégias Gerais da Política Nacional de

Humanização.

As Estratégias Gerais para a implementação da PNH pressupõe vários eixos

de ação que objetivam institucionalização, difusão dessa estratégia e,

principalmente, a apropriação de seus resultados pela sociedade. Neste estudo,

foram utilizados os Eixos da Gestão do Trabalho; Eixo da Atenção; Eixo da

Educação Permanente; e Eixo da Gestão da PNH.

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A partir dos nexos com os eixos, passou-se então a discutir as propostas dos

enfermeiros, das estratégias favorecedoras das relações de trabalho humanizadas

na equipe de enfermagem, fundamentada nos Princípios Norteadores e nos

Dispositivos da PNH.

Quadro 2

Estratégias propostas pelos líderes de enfermagem favorecedoras das relações de trabalho

humanizadas na equipe de enfermagem em oncologia e os nexos com as Estratégias

Gerais da Política Nacional de Humanização

Estratégias propostas pelos líderes de

enfermagem

Estratégias Gerais da PNH

• Buscar conhecimento com quem

tem vivência do problema e da

realidade de outro serviço;

• Flexibilidade no gerenciamento dos

problemas;

• Desenvolver comunicação na

relação com a equipe de

enfermagem;

• Promover união e respeito entre os

líderes de enfermagem;

• Desenvolver trabalhos em grupo

com outros profissionais;

• Promover melhor ambiente nas

relações de trabalho.

Eixo da Gestão do Trabalho:

propõe a promoção de ações que

assegurem a participação dos

trabalhadores nos processos de discussão

e decisão, fortalecendo e valorizando os

trabalhadores, sua motivação, o

autodesenvolvimento e o crescimento

profissional.

• Compreender melhor as

necessidades do usuário;

• Prestar assistência ao usuário,

independente de ser enfermeiro ou

Eixo da Atenção:

propõe uma política incentivadora de ações

integrais, promocionais e intersetoriais de

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técnico;

• Humanizar a assistência, visando

às necessidades emocionais do

usuário e os seus familiares.

saúde, inovando nos processos de trabalho

que busquem os sujeitos envolvidos.

• Buscar o autoconhecimento

• Estimular e promover treinamento,

para aprendizagem científico-

prática;

• Buscar maior conhecimento para

humanizar as relações de trabalho

do líder e equilíbrio emocional;

• Participar de treinamento para

desenvolver liderança participativa.

Eixo da Educação Permanente:

indica que a PNH componha o conteúdo

profissionalizante na graduação, pós-

graduação e extensão em saúde,

vinculando-se aos processos de Educação

Permanente e às instituições de formação.

• Conhecer a instituição em que atua;

• Saber distinguir as dificuldades que

são institucionais e governamentais.

Eixo da gestão da PNH:

propõe práticas de planejamento,

monitoramento e avaliação baseados em

seus princípios, diretrizes e metas,

dimensionando seus resultados e gerando

conhecimento específico na perspectiva da

Humanização do SUS.

Para analisar as propostas dos enfermeiros quanto às estratégias, foram

fundamentais as observações descritas sobre as expressões não verbais dos

participantes, detectadas durante o trabalho do grupo focal. Essas informações

contribuíram para melhor compreensão e esclarecimento dos depoimentos e do

comportamento do grupo.

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Percebeu-se, durante o desenvolvimento do encontro, grande dificuldade do grupo de

se expressar, permanecendo os participantes por um longo tempo em silêncio. Tal fato levou a

pesquisadora a um entendimento quanto à redução dos depoimentos colhidos no segundo

momento do grupo focal.

Embora um roteiro estruturado possibilite o encaminhamento das perguntas,

nem sempre os sujeitos se expressam com a mesma facilidade quando se deparam

com situações de difícil resolução e de conflito.

A resistência do grupo em iniciar o debate foi expressa não só pelo silêncio,

como também pelo depoimento seguinte:

[...] hoje quero me abster noventa e cinco por cento nesse discurso, quero

só escutar... prefiro não falar nada, ficar só calado...tirar umas conclusões

[...]. (Weel – G2)

Após insistência do moderador, estimulando o grupo a participar, alguns

enfermeiros começaram a falar ao mesmo tempo, dificultando o entendimento na

transcrição da fita, não sendo possível identificar o autor dos depoimentos. Foi

possível apenas juntar as falas em um único depoimento da seguinte forma:

[...] todos os temas que fazem parte dos fatores intervenientes se comunicam...

todos eles são muito difíceis...são conflituosos [...]. (G2)

Para um melhor entendimento da discussão das estratégias propostas

através dos depoimentos dos enfermeiros participantes do estudo, estas serão

analisadas conforme disposto no Quadro 2:

Eixo da Gestão do Trabalho da PNH

As propostas de estratégias iniciais convergiram para o eixo que propõe a

promoção de ações que asseguram a participação dos trabalhadores nos processos

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de discussão e decisão, fortalecendo e valorizando os trabalhadores, sua motivação,

o autodesenvolvimento e o crescimento profissional.

Os depoimentos levaram ao entendimento de que o líder de enfermagem

deve buscar conhecimento profissional para a sua prática com quem já possui a

vivência dos problemas e da realidade do serviço:

[...] percebemos que cada um realmente trabalha muito em prol daquilo que ele

vivencia, então muitas das vezes um desconhece qual é a dificuldade que o

outro trabalha [...]. (Raio de Sol – G2)

[...] cada um no seu setor tem as suas limitações e cada um tem o seu

maior conhecimento... se cada um fizer o que está dentro da sua área e

pedir ajuda... se cada um tiver esse tipo de conhecimento e respeito pelo

que o outro faz acho que dá tudo certo...a partir do momento que faço

alguma coisa entrando no campo dela sem ela saber eu posso estar

fazendo alguma coisa errada e interferindo na liderança dela [...]. (Lilás –

G2)

[...] você deve solicitar ao colega quando você tem dificuldades em temas que

você não tem uma vivência maior [...]. (Lua – G2)

[...] como estratégia, um conhecimento maior da realidade do outro, as pessoas

valorizam muito só o seu porque não vivenciam o outro lado [...]. (Galo – G2)

Nos depoimentos, a proposta de flexibilidade no gerenciamento dos conflitos

e de desenvolver a comunicação na relação com a equipe de enfermagem, como

estratégias para que as relações de trabalho sejam humanizadas, parecem

caminhar juntos, conforme as falas seguintes:

[...] erros vão aparecer e se quando esses erros aparecerem forem resolvidos

entre chefias se comunicando, eu acho que a coisa é mais respeitosa... não são

só as nossas dificuldades, ninguém é perfeito, todos os setores têm seus

problemas [...]. (Lua – G2)

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[...] você não consegue chegar e argumentar com a pessoa às vezes

assim: olha! Mas não poderia ter sido feito de outra maneira?...um

pouquinho mais de flexibilidade no gerenciamento das dificuldades e dos

problemas que existem entre nós, a coisa vai ser mais amenizada,

também porque vamos conseguir nos comunicar melhor e um conseguir

ouvir o outro, que muitas vezes não ouvimos o outro lado, tem que ter a

percepção de ouvir o outro lado para ponderar as coisas e poder resolver

de outra maneira, acho que não existe o certo absoluto [...]. (Docinho –

G2)

[...] buscar o entrosamento, se comunicar, dialogar e tentar uma solução melhor

[...].

(Bia – G2)

Surgiu também, como proposta de estratégia, promover união e respeito entre

os líderes de enfermagem, diante do fator individualismo que, na visão dos

enfermeiros, dificulta as relações de trabalho devido ao afastamento dos líderes.

[...] começa o individualismo porque cada um vai defender o seu lado, um não

respeita a opinião do outro [...]. ( Lua – G2)

[...] quando temos algum embate com os colegas, não é que a gente não

respeite.. é preciso ter mais união somos todos enfermeiros, todos líderes [...].

(Well – G2)

[...] o tempo todo batendo de frente, quem está certo, e ninguém se desarma, aí

o conflito acaba gerando o desrespeito [...]. (Docinho – G2)

[...] a nossa prática vem nos afastando não nos deixando perceber o conflito e a

necessidade do outro [...]. (Azaleia – G2)

As estratégias propostas pelos enfermeiros de buscar conhecimento na

vivência do outro, da flexibilidade no gerenciamento dos problemas, de desenvolver

a comunicação e promover a união e o respeito entre os líderes de enfermagem são

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vistas através dos Princípios Norteadores da PNH na construção da autonomia e do

protagonismo dos sujeitos e do coletivo implicados na rede SUS.

Essas estratégias podem ser viabilizadas pelos Dispositivos da PNH através

da participação nos Colegiados de Gestão ou Conselhos Gestores instalados na

instituição, nos Grupos de Trabalho de Humanização e na promoção do Sistema de

Escuta Qualificada para usuários e trabalhadores da saúde, através da gerência de

“porta aberta”, ouvidorias, grupos focais e pesquisa de satisfação.

O grupo em seu debate aborda o trabalho em equipe multiprofissional; os

enfermeiros entendem que trabalhar com outros profissionais de saúde gera

conflitos na equipe de enfermagem, devido a assumirem atividades que não fazem

parte de suas atribuições.

O depoimento de um enfermeiro relatando sua experiência em um trabalho

desenvolvido junto a um grupo multiprofissional fez com que os participantes do

grupo concordassem com a estratégia proposta por esse enfermeiro:

[...] quando desenvolvi um trabalho em grupo, com chefias de outros Serviços,

descobri que cada tem um conhecimento diferenciado, e através da união

desses conhecimentos é possível chegar a um consenso para atingir o mesmo

objetivo, sem que para isso precisem se desrespeitar [...]. (Raio de Sol – G2)

[...] concordo que devemos escutar o conhecimento que o colega líder de outro

setor possui, para que possamos vencer nossas limitações e desenvolver melhor

o nosso trabalho dentro da equipe [...]. (Lilás – G2)

Essa proposta de estratégia se apropria do Princípio Norteador do

fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional, fomentando a

transversalidade e a grupalidade, operacionalizando-se através do Dispositivo de

Equipes de Referência e Apoio Matricial e do Projeto Terapêutico Singular.

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A proposta seguinte retrata o ambiente em que os líderes desenvolvem sua

prática, tanto no que diz respeito ao espaço físico de determinados setores como no

número reduzido de funcionários e a demanda de usuários cada vez mais crescente.

Em função disso, entendem que deve ter como estratégia promover melhor

ambiente para as relações de trabalho.

[...] demanda de pacientes...aparelhos sem manutenção correta...funcionários de

licença sem reposição...paciente com todos aqueles problemas sociais...é muito

difícil trabalhar nesse ambiente...corredor minúsculo para dois banheiros de

paciente em um setor de exame....precisa melhorar esse ambiente de alguma

forma [...]. (Suzana – G1)

[...] o ambiente não é só isso...é onde passamos a maior parte do tempo...tem

que ser feito alguma coisa [...]. (Flor – G1)

O Princípio Norteador da PNH que se refere a essa estratégia é a valorização

da ambiência, com organização de espaços saudáveis e acolhedores de trabalho,

em que os Dispositivos de Projetos de Construção Coletiva de Ambiência e o

Acolhimento, dão suporte a essa estratégia.

Eixo da Atenção

O eixo da atenção propõe uma política de ações integrais, promocionais e

intersetoriais de saúde, inovando nos processos de trabalho que busquem os

sujeitos envolvidos. Baseado nesse eixo, pode-se dizer que algumas propostas de

estratégia convergiram para a política de ações da atenção.

Dando continuidade ao debate, os enfermeiros voltaram as suas propostas de

estratégia no sentido de compreenderem melhor a necessidade dos usuários e seus

familiares e prestarem assistência humanizada, visando às necessidades

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emocionais, independente de qual membro da equipe de enfermagem esteja

executando a assistência:

[...] sempre procurar melhor solução em relação ao paciente... eu sinto que

estamos nos tornando muito especialistas num determinado assunto e não mais

generalista, então me afasta muito da convivência da assistência na enfermaria

[...]. (Bia – G2)

[...] o que acontece são pacientes fora de leito, os pacientes aqui são

vistos como cirúrgicos não pacientes clínicos, mas os pacientes clínicos

têm o mesmo respeito que o cirúrgico...essa opção não é pelo médico ou

pelo setor é pelo paciente [...]. (Well – G2)

[...] não que alguém não saiba cuidar, todos são profissionais [...]. (Well – G2)

[...] muitas vezes é olhar do supervisor é de quem está no hospital inteiro, olhar

para quem está na beira do leito [...]. (Azaleia – G2)

[...] com certeza, hoje as atividades do enfermeiro são maiores do que antes, o

enfermeiro entra no banho, faz medicação, faz a evolução, o que antes era

apenas do técnico de enfermagem, hoje mudou, os enfermeiros acabam

precisando ter que fazer...as atividades são inerentes aos enfermeiros e

inerentes ao técnico, independe disso, eu acho assim, isso tudo faz uma equipe

[...]. (Lilás – G2)

O Princípio Norteador da PNH, para onde convergem essas estratégias, é a

valorização da dimensão subjetiva, coletiva e social em todas as práticas de atenção

e gestão do SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão; o apoio à

construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a produção de

saúde; a construção de autonomia e protagonismo dos sujeitos e coletivos

implicados na rede SUS; e a corresponsabilidade desses sujeitos nos processos de

gestão e atenção.

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124

Para viabilizar essas estratégias pode-se apropriar dos Dispositivos, Sistema

de Escuta Qualificada para usuários e trabalhadores da saúde: gerência de “porta

aberta”, ouvidorias e grupos focais e pesquisa de satisfação.

Eixo da Educação Permanente

O eixo da educação permanente indica que a PNH deve compor o conteúdo

profissionalizante na graduação, pós-graduação e extensão em saúde, vinculando-

se aos processos de Educação Permanente e à instituição de formação. Na prática

institucional, os cursos de Especialização, de Residência, os Treinamentos em

Serviço e o Grupo de Trabalho de Humanização vinculam, em suas grades de

ensino, disciplinas e cursos de atualização que disseminam a humanização como

política pública.

Pode-se, então, estabelecer relação das estratégias propostas pelos

enfermeiros: promover treinamento; buscar maior conhecimento para humanizar as

relações de trabalho do líder, através de programas para o autoconhecimento;

treinamento para desenvolver uma liderança menos autoritária e mais participativa,

ao eixo da educação permanente.

As propostas de estratégias feitas pelos enfermeiros podem ser observadas

nos depoimentos:

[...] é preciso colocar em prática a autoavaliação por parte dos líderes como

estratégia para que o profissional mantenha o equilíbrio frente aos problemas

que surgem nas relações de trabalho da equipe de enfermagem...é importante o

autoconhecimento do líder [...]. (Raio de Sol – G2)

[...] acho que o líder perde muito tempo sendo autoritário, acho que isto já caiu

por terra, trabalhos provam que essa não é a melhor forma de implementação de

nada [...]. (Azaleia – G2)

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[...]Não sei se seria um perfil, mas quando você faz uma liderança mais

participativa, as coisas dão certo...na liderança participativa, quando se traz uma

sugestão, se tira uma conclusão e com isso surgem novas idéias... a liderança

participativa é o objetivo de todo mundo... quando eu olho só o meu setor, eu

olho só o meu “umbigo” e não quero saber do resto [...]. (Docinho – G2)

[...] acho que temos que buscar pelo conhecimento, buscando aprimoramento,

treinando as equipes com foco no paciente, naquilo que você pode estar

implementando que possa estar dando melhor resultado para ele [...]. (Azaleia –

G2)

Essas propostas de estratégias convergem para o Princípio Norteador PNH,

do compromisso com a democratização das relações de trabalho e valorização dos

trabalhadores da saúde, estimulando processos de educação permanente.

Os Dispositivos da PNH que concretizam essas estratégias são os Programas

de Formação em Saúde e Trabalho e Comunidade Ampliada de Pesquisa; Programa

de Qualidade de Vida e Saúde para os Trabalhadores da Saúde; e o Grupo de

Trabalho de Humanização.

Eixo da Gestão da PNH

O eixo da gestão da PNH propõe práticas de planejamento, monitoramento e

avaliação baseadas em seus princípios, diretrizes e metas, dimensionando seus

resultados e gerando conhecimento específico na perspectiva da Humanização do

SUS. Esse eixo traz uma visão ampla da gestão da humanização do SUS e das

redes de atenção básica à saúde, acreditando ser esse o caminho para um melhor

entendimento da instituição onde se exerce a prática, e do que vai além dos “muros”

da instituição. As estratégias propostas pelos enfermeiros no que se referem a

conhecer melhor a instituição em que atuam e saber distinguir as dificuldades que

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são ingovernáveis na prática da liderança em enfermagem e as que pertencem à

organização institucional e governamental foram vinculadas a esse eixo.

Essas estratégias podem ser observadas nos depoimentos:

[...] é preciso saber distinguir o que é inerente à equipe de enfermagem e o que

é responsabilidade da instituição [...]. (Raio de Sol – G2)

[...] acho que falta esse conhecimento geral do hospital, até porque se você tem

esse conhecimento você lidera melhor as situações [...]. (Azaleia – G2)

[...] a dificuldade de distribuição de leito e a dificuldade de matricular e

internar o paciente acaba afetando a gente, e é um problema institucional,

governamental [...]. (Well – G1)

[...] a gente se desgasta constantemente por falta de leito, questões que são

inerentes a nós, a nossa prática como estratégia seria a organização da Central

de Internação, assumir a rotina que já existe, isso é institucional [...]. (Azaleia –

G2)

Pode-se pensar dentre os Princípios Norteadores da PNH, o fortalecimento do

controle social com caráter participativo em todas as instâncias gestoras do SUS e

no apoio à construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a

produção de saúde, para se fortalecerem as estratégias propostas pelos

enfermeiros, utilizando como Dispositvo da PNH, a participação nos Grupos de

Trabalho de Humanização, para maior interação dos líderes de enfermagem sobre a

gestão da Política Nacional de Humanização.

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127

CONCLUSÕES

A partir dos resultados encontrados e atendendo aos objetivos definidos para

este estudo, apresentam-se as conclusões finais.

Os enfermeiros líderes refletem o conflito entre o entendimento da liderança

influenciada ainda por modelos mais autoritários e a necessidade de uma prática

gerencial humanizada para favorecer um ambiente mais saudável para atuação da

equipe de enfermagem. Associam, assim, a liderança com a humanização, referindo

o contexto de atuação da enfermagem junto aos pacientes com câncer e seus

familiares.

Esperava-se que o contato direto da equipe de enfermagem com os pacientes

e seus familiares, repartindo o sofrimento, a angústia, a dor e o medo da morte,

fosse o fator de maior interferência nas relações de trabalho que culminaria com a

desumanização da assistência. Tal hipótese não se confirmou. O ambiente onde se

dá a prática da liderança, o envolvimento emocional junto à equipe de enfermagem e

o despreparo para manter o equilíbrio nesse ambiente de estresse, são os fatores

que têm maior interferência nas relações de trabalho dos líderes.

Há uma grande preocupação do líder com os profissionais que integram a

equipe de enfermagem quando demonstram preocupação e interesse de

encontrarem estratégias que levem à valorização e ao crescimento profissional de

seus liderados.

Os enfermeiros líderes propõem estratégias que favorecem uma relação de

trabalho humanizada, em sintonia com as estratégias propostas pela Política

Nacional de Humanização, capazes de transformar o modo da atenção e da gestão,

mudar o modo de pensar e agir e integrar os sujeitos profissionais de saúde,

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usuários e gestores em um mesmo processo de produção de saúde e produção de

sujeitos, criando um ambiente saudável e acolhedor aos trabalhadores e aos

usuários.

Os enfermeiros líderes podem atuar como facilitadores para relações de

trabalho humanizadas, desde que consigam estratégias que fomentem a autonomia,

o protagonismo e a corresponsabilidade dos sujeitos implicados no processo de

produção de saúde, através da construção de novos espaços de encontros, para a

troca e a construção de saberes.

Acredita-se que esta pesquisa contribui de forma efetiva para ampliar a

discussão e oferecer subsídios às lideres de enfermagem para reconsiderações

acerca de suas práticas, tendo em vista as especificidades inerentes à área de

atuação, proporcionando um espaço de reflexão para que os enfermeiros associem

a subjetividade, como um fator que permeia as relações de trabalho, com a visão

técnica e especializada da Oncologia no exercício da liderança de enfermagem.

Destaca o papel do enfermeiro líder responsável por difundir ações

humanizadas aos profissionais da equipe de enfermagem, agregando valores para a

consolidação do Modelo de Gestão implantado no Instituto Nacional de Câncer.

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138

APÊNDICE A

SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA

À Comissão de Ética em Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer

Eu, Elaine Barranco Pereira (COREN – RJ 20117), aluna do Curso de

Mestrado da Escola de Enfermagem Anna Nery / UFRJ, do Núcleo de Pesquisa

Gestão em Saúde e Exercício Profissional da Enfermagem, solicito autorização ao

Instituto Nacional de Câncer para a realização da minha pesquisa de mestrado.

A pesquisa é intitulada “A Liderança na Enfermagem em Oncologia e os

Nexos com a Humanização: uma Perspectiva dos Líderes”, e realizada sob a

orientação da Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira, da Instituição acima citada. O

objeto de estudo são as estratégias de liderança que favorecem as relações de

trabalho humanizadas na perspectiva de líderes em enfermagem que atuam na

oncologia. Tem como objetivo, descrever o entendimento das líderes de

enfermagem que atuam na oncologia acerca da liderança, analisar os fatores

intervenientes na relação de trabalho da equipe de enfermagem em oncologia, e

propor estratégias que favoreçam uma relação de trabalho humanizada na equipe

de enfermagem.

Será utilizada como técnica de pesquisa o grupo focal, direcionado aos

enfermeiros líderes de setores, líderes assistenciais e supervisores gerais de

enfermagem do Hospital do Câncer I.

Será respeitada a resolução CNS196/96 em todos os seus aspectos.

Rio de Janeiro, _________ de ____________________ de ____.

__________________________________

Elaine Barranco Pereira

Mestranda da EEAN /UFRJ

__________________________________

Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira

Orientadora, Professora EEAN / UFRJ

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139

APÊNDICE B

CARTA CONVITE PARA O GRUPO OPERATIVO FOCAL

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Enfermagem Anna Nery

Coordenação Geral de Pós-Graduação e Pesquisa

Núcleo de Pesquisa Educação, Gerência e Exercício Profissional da Enfermagem

Curso de Mestrado em Enfermagem

Rio de Janeiro, _____/_____/____

Cara (o) colega enfermeira (o)

Estou desenvolvendo nesta unidade, um estudo para a minha dissertação de

mestrado na área de Liderança em Enfermagem.

O objeto de estudo da pesquisa são estratégias de liderança que favorecem

as relações de trabalho humanizadas na perspectiva de líderes em enfermagem que

atuam na oncologia. O estudo tem como objetivo descrever o entendimento dos

líderes de enfermagem que atuam na oncologia acerca da liderança, analisar os

fatores intervenientes na relação de trabalho da equipe de enfermagem referidas

pelos líderes, discutir estratégias propostas pelas líderes de enfermagem para

favorecer uma relação de trabalho humanizada na equipe de enfermagem.

Para tanto, convido-a (o) a participar da reunião no dia ----/----/----, às ---h, na

sala -------.

Solicito que leia atentamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

em anexo, e tome sua decisão no sentido de autorizar ou não a inclusão de suas

declarações no corpo da dissertação.

Informo ainda que o referido estudo já foi aprovado pelo Comitê de Ética da

Instituição.

Pela sua colaboração, antecipadamente agradecemos.

_________________________________

Enfa. Elaine Barranco Pereira

Mestranda da EEAN/UFRJ

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140

_________________________________

Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira

Orientadora, Professora EEAN / UFRJ

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141

APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“A Liderança na Enfermagem em Oncologia e os Nexos com a Humanização: uma Perspectiva dos Líderes”

Nome do voluntário (a):______________________________________________

Você, por ser enfermeiro que atua na especialidade de oncologia, exercendo

a função de supervisor geral de enfermagem / líder de enfermagem de setor / líder

de enfermagem na assistência ao paciente oncológico, está sendo convidado a

participar de uma pesquisa que envolve a análise de estratégias que favorecem a

humanização como base na prática de enfermeiros líderes que atuam na oncologia.

Esta pesquisa se justifica pela importância para a construção do

conhecimento sobre a realidade da prática da liderança na enfermagem em

oncologia, bem como para contribuir na discussão de estratégias que favoreçam as

relações de trabalho na prática da liderança baseada na humanização, e pela

dificuldade de se encontrarem trabalhos na literatura nacional e internacional em

enfermagem, com direcionamento para essa prática.

Para que você possa decidir se quer participar ou não dessa pesquisa,

precisa conhecer seus benefícios, riscos e implicações.

Objetivos do Estudo

Os objetivos desta pesquisa são: descrever o entendimento dos enfermeiros

líderes que atuam na oncologia acerca da prática da liderança; analisar os fatores

que influenciam a prática da liderança na enfermagem em oncologia com base na

humanização; e discutir com os enfermeiros estratégias que possam favorecer as

relações de trabalho na prática da liderança em oncologia.

Procedimentos do Estudo

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142

Se você concordar em participar desta pesquisa, deverá preencher um

questionário de identificação, com dados gerais sobre aspectos pessoais e

profissionais que, por questões éticas, não seria possível abordar em grupo.

Posteriormente, você participará de um grupo focal, formado por até 12

participantes, do qual também estará participando um profissional escolhido e

orientado pelo pesquisador, para ser o moderador do grupo.

As reuniões do grupo focal acontecerão em dois momentos: no primeiro

momento, serão discutidos aspectos referentes às suas práticas de liderança; no

segundo momento, serão discutidas estratégias que favoreçam essas práticas.

As reuniões serão gravadas em fita cassete e serão realizadas anotações

pelo moderador. O material coletado através do grupo focal será organizado a partir

da transcrição na íntegra dos depoimentos que forem gravados.

Métodos Alternativos

Não existem métodos alternativos a esta pesquisa. Se você não desejar, não

precisa participar da pesquisa, e nenhuma entrevista será realizada e nenhum dado

pessoal será colhido.

Riscos

Tal aspecto não se refere ao objetivo que se pretende alcançar.

Benefícios

Não existem benefícios diretos a você pela participação nesta pesquisa.

Porém a partir da análise dos resultados obtidos, poderão ser propostas estratégias

para as práticas de liderança em enfermagem em oncologia que favoreçam as

relações de trabalho com base na humanização.

Acompanhamento, Assistência e Responsáveis

Durante a pesquisa, a pesquisadora responsável acompanhará sua

participação desde a resposta ao questionário até a finalização das reuniões dos

grupos focais, prestando todas as informações que se fizerem necessárias.

Caráter Confidencial dos Registros

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143

Seus registros poderão ser consultados pelo Comitê de Ética do Hospital do

Câncer I / INCA e equipe de pesquisadores envolvidos. Seu nome não será revelado

ainda que informações de seu registro sejam utilizadas para propósitos educativos

ou de publicação, que ocorrerão independentemente dos resultados obtidos.

Tratamento Médico em Caso de Danos

Tal aspecto não se refere ao objetivo que se pretende alcançar.

Custos (Ressarcimento e Indenização)

Não haverá qualquer custo ou forma de pagamento pela sua participação no

estudo.

Bases da Participação

É importante que você saiba que a sua participação nesta pesquisa é

completamente voluntária, e que você pode se recusar a participar ou interromper

sua participação a qualquer momento, sem penalidades ou perda de benefícios aos

quais você tem direito. Em caso de você decidir interromper sua participação na

pesquisa, a equipe assistente deve ser comunicada e a coleta de dados relativos à

pesquisa será imediatamente interrompida.

Garantia de Esclarecimentos

Estimulamos você a fazer perguntas a qualquer momento da pesquisa. Nesse

caso, por favor, ligue para a pesquisadora responsável - Enf. Elaine Barranco

Pereira – no Setor de Educação Continuada – Divisão de Enfermagem – HCI/INCA,

telefone: (21)2506-6578 ou (21)2506-6150.

Se você tiver perguntas em relação a seus direitos como participante da

pesquisa, também pode contar com uma terceira pessoa imparcial, a Coordenadora

do Comitê de Ética do Instituto Nacional de Câncer, Dra. Adriana Scheliga – Rua

André Cavalcanti 37, telefone (21)3233-1410.

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144

Declaração de Consentimento e Assinatura

Declaro que li as informações acima e entendi o propósito desta pesquisa

assim como os benefícios e riscos potenciais da participação na mesma. Tive a

oportunidade de fazer perguntas e todas foram respondidas. Eu, por intermédio

deste, dou livremente meu consentimento para participar deste estudo.

Entendo que não serei submetido (a) a nenhum exame adicional para

participar da pesquisa e que não receberei compensação monetária por minha

participação.

Declaro ainda que recebi uma cópia assinada deste formulário de

consentimento.

____________________________________ ____/____/_____

(Assinatura do participante) dia mês ano

______________________________________________________

(Nome do participante em letra de forma)

__________________________________ _____/_____/_____

(Assinatura de Testemunha, se necessário) dia mês ano

Eu, abaixo assinado, expliquei completamente os detalhes relevantes desta

pesquisa ao participante indicado acima e/ou pessoa autorizada para consentir pelo

participante.

________________________________________ ____/____/_____

(Assinatura da pessoa que obteve o consentimento) dia mês ano

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145

APÊNDICE D

INSTRUMENTO PARA CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS

PARTICIPANTES DO ESTUDO

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Enfermagem Anna Nery

Coordenação Geral de Pós-Graduação e Pesquisa

Núcleo de Pesquisa Educação, Gerência e Exercício Profissional da Enfermagem

Curso de Mestrado em Enfermagem

Mestranda: Elaine Barranco Pereira

Orientadora: Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira

1. Codinome: __________________________________ Sexo: ( ) F ( ) M

Idade: ( ) 30–40 anos ( ) 41–50 anos ( )51–60 anos

Religião: ________________

Tempo de graduação: _____________ Instituição: ________________________

Tempo de atuação na oncologia: Assistência_________ Gerência _________

Tempo de trabalho no INCA: ______________

Setor de atuação: ________________________

2. Qualificação:

( ) Especialização – Curso __________________________ Ano de conclusão

______

______________________________ Ano de conclusão______

______________________________ Ano de conclusão______

( ) Mestrado – Área _______________________________ Ano de

conclusão______

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146

( ) Doutorado – Área ______________________________ Ano de

conclusão_______

3. Já participou de alguma atividade de sensibilização para humanização no

processo de cuidar no INCA? ( )sim ( )não

Em caso de resposta afirmativa: Qual? _______________________________

Quando?:_______________________________________

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APÊNDICE E

ROTEIRO DE CONDUÇÃO DO GRUPO FOCAL

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Enfermagem Anna Nery

Coordenação Geral de Pós-Graduação e Pesquisa

Núcleo de Pesquisa Educação, Gerência e Exercício Profissional da Enfermagem

Curso de Mestrado em Enfermagem

Mestranda: Elaine Barranco Pereira

Orientadora: Profa. Dra. Marléa Chagas Moreira

Momento 1

Mediador:

___________________________________________________________________

__

Data: _______________ Hora de início: _____________________

Roteiro a seguir:

1. Confraternização do grupo. (tempo de 15 minutos)

2. Explicação da dinâmica de trabalho. (tempo de 5 minutos)

3. Sessão de trabalho. Perguntas para todos os sujeitos da pesquisa:

• O que é liderança para vocês? (tempo de 30 minutos)

• O que é liderança em oncologia para vocês? (tempo de 30 minutos)

• Fale sobre os fatores que intervêm nas relações de trabalho na equipe

de enfermagem em oncologia, no entendimento de vocês. (tempo de

40 minutos).

4. Conclusão da sessão de trabalho. Pergunta para todos os sujeitos da pesquisa:

• Após a discussão desse assunto, há algo mais que vocês gostariam de

acrescentar? (tempo de 10 minutos)

Hora do término: ____________

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Momento 2

Roteiro a seguir:

1. Confraternização do grupo. (tempo de 20 minutos)

2. Explicação da dinâmica do trabalho e apresentação da pré-análise. (tempo de 15

minutos)

3. Sessão de trabalho. Pergunta para todos os sujeitos da pesquisa:

• Que estratégias podemos utilizar que favoreçam a relação de trabalho

humanizada na liderança em oncologia? (tempo de 45 minutos)

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ANEXO A

APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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150

Anexo B

ANEXO C

DDiivviissããoo ddee EEnnffeerrmmaaggeemm ddoo HHCC II

Área de Enfermagem em Educação Continuada

Área de Enfermagem em Supervisão Geral

Serviço de Enf. em Procedimentos Externos

Serviço de Enfermagem Hospitalar

Serviço de Enf. em Centro Cirúrgico

Área de Enf. em C.M.E.

Área de Enf. em Centro Cirúrgico Ambulatorial (Biópsia/Endosc.)

Área de Enf. Ambulatorial Cirúrgica

Atividade Enf. em Urologia

Ativ. Enf. Em Abdomino-Pélvica

Ativ. Enf. em Tórax

Ativ. Enf. em Neurocirurgia

Ativ. Enf. em Cabeça e Pescoço

Ativ. Enf. Em Plástica

Ativ. Enf. em TOC e Dermatologia

Ativ. Enf.Estomato,Odonto e Prótese

Área de Enf. Amb. Clin/ Diagnóstico

Atividade Enf. em Hematologia

Ativ. Enf. em Oncologia

Ativ. Enf. em Ambulatório de Cateter

Ativ. Enf. em Clínica Médica

Ativ. Enf. em Radiologia

Ativ. Enf. em Medicina Nuclear

Ativ. Enf. em Hemoterapia

Área de Enf. em Quimioterapia

Área de Enf. em Pronto Atend. Interno

Área de Enf. Clínica

Ativ. Enf. em Hematologia Adulto

Ativ. Enf. em Oncologia Clínica

Ativ. Enf. em TOC

Área de Enf. Cirúrgica

Ativ. Enf. em Urologia-Plástica

Ativ. Enf. em Abdomino-Pélvica

Ativ. Enf. em Tórax-Neurocirurgia

Ativ. Enf. em Cabeça e Pescoço

Área de Enf. em Pediatria

Ativ. Enf. em Pediatria Clinica Cirúrgica

Ativ. Enf. em CTI Pediátrico

Ativ. Enf. em Hematologia Infantil

Ativ. Enf. em Pediatria Ambulatorial

Área de Enf. em Radioterapia

Área de Enf. em Terapia Intensiva

Ativ. de Enf. em Cont.

Infecção Hospitalar

Área de Enf. em Unidade Pós Operatória

Ativ. Enf. em Curativo

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M I N I S T É R I O DA S A Ú D E

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER

Hospital do Câncer Divisão de Enfermagem Grupo de Enfermagem e Normatização

DESCRIÇÃO DE CARGOS

ENFERMEIRO

Sumário

Planejar, coordenar, executar e avaliar o processo de trabalho em Enfermagem a nível

assistencial, fundamentado na metodologia assistencial de Enfermagem, conduzindo ações

relativas à otimização de recursos humanos, físicos e materiais, através da distribuição,

execução e supervisão de ações correlatas, objetivando a prestação de um cuidado de

Enfermagem livre de riscos e de qualidade, assegurado pela implementação de programas

permanentes de educação em serviço.

Principais Atribuições Área: Gerência - Participar da política de recursos humanos da instituição;

- Planejar, coordenar, executar e avaliar o processo de trabalho em Enfermagem, a nível

assistencial e de recursos humanos, materiais e físicos;

- Realizar auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;

- Liderar a equipe de Enfermagem, a nível setorial na execução e supervisão da

assistência de Enfermagem;

- Elaborar a escala diária de trabalho da equipe de Enfermagem, verificando a

assiduidade, pontualidade e disciplina, a fim de propiciar uma assistência de

Enfermagem com qualidade;

- Identificar fatores de risco ocupacional;

- Planejar, coordenar, executar e avaliar ações preventivas e de controle dos fatores de

risco, considerando as NR (Normas regulamentadoras);

- Identificar sinais e sintomas de doenças ocupacionais, encaminhando os casos ao

serviço de saúde do trabalhador;

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152

- Participar quando designado na Comissão de Ensino de Enfermagem do INCA e nas

Comissões de Controle e Suporte de Curativos e de Nutrição Enteral e Parenteral do

INCA;

- Integrar com a CCIH, cumprindo e fazendo cumprir as normas preconizadas,

desenvolvendo ações de vigilância (prevenção, controle e levantamento de dados);

- Participar das reuniões mensais de serviço da DEHC I;

- Participar em projetos de construção ou reformas de unidades de internação;

- Participar na elaboração protocolos, estudos, relatórios, estatísticas e

acompanhamentos, a fim de manter e/ou aperfeiçoar os processos, normas e

procedimentos adotados;

- Participar nas reuniões mensais dos Serviços e da Divisão de Enfermagem.

Área: Assistência

- Implementar metodologia assistencial de Enfermagem (consulta de Enfermagem e plano

de cuidados) aos clientes ambulatoriais e internados, objetivando direcionar as

atividades de Enfermagem, com vistas a assegurar um período de internação livre de

riscos, e uma alta hospitalar com orientação terapêutica de qualidade, para o cliente,

cuidadores e familiares;

- Planejar, coordenar, executar e avaliar ações educativas inseridas no planejamento

assistencial de Enfermagem, direcionadas aos clientes e familiares com finalidade de

assegurar um tratamento e reabilitação de qualidade;

- Participar da visita clínica diária, recebendo e transmitindo informações acerca do estado

dos clientes, com vistas a ampliar e atualizar o nível de conhecimento sobre os mesmos,

viabilizando a prestação de uma assistência multidisciplinar integrada;

- Receber e/ou passar plantão, inteirando-se e informando o estado de saúde de cada

cliente, verificando o funcionamento dos equipamentos, situando as ocorrências e

anormalidades do período e as cirurgias marcadas e/ou realizadas, a fim de prover

informações gerais dos clientes e priorizar a assistência a ser prestada;

- Proceder às rotinas de internação e alta de clientes, orientando-os, bem como aos

visitantes e familiares quanto à conduta a ser adotada dentro da instituição;

- Coordenar ações de Enfermagem em situações de emergência;

- Assistir ao cliente crítico;

- Preparar e administrar medicamentos quimioterápicos, antifúngicos endovenosos,

estreptoquinase e outros fármacos complexos;

- Implantar e manipular cateter venoso central de inserção periférica;

- Manipular cateter venoso central de longa permanência;

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153

- Manipular e administrar opióides através de cateter espinhal;

- Instalar e manipular sonda nasogástrica, nasoentérica e vesical;

- Assistir ao cliente em tratamento radioterápico;

- Realizar o acompanhamento e observação dos clientes em hemotransfusão;

- Realizar coleta de sangue arterial através de punção;

- Realizar coleta de material para cultura;

- Administrar nutrição enteral e parenteral total (NPT);

- Instalar e manipular monitoração oxi-hemodinâmica;

- Assistir clientes em suporte respiratório;

- Trocar cânula de traqueostomia;

- Realizar curativos de média e alta complexidade, de acordo com o protocolo da

Comissão de Controle e Suporte de Curativos;

- Planejar, executar e avaliar a assistência ao cliente ostomizado;

- Participar no planejamento, execução e avaliação da assistência ao cliente com dor

crônica;

- Identificar situações que requeiram o uso de equipamentos tecnológicos, implementando

sua utilização e capacitando a equipe para o manuseio dos mesmos no processo de

trabalho;

Área: Ensino e Pesquisa

- Desenvolver e participar de programas de ensino em nível de formação, requalificação,

atualização e pós-graduação de recursos humanos em Enfermagem;

- Planejar, coordenar, executar e avaliar programas de ensino em serviço objetivando a

educação permanente dos profissionais de Enfermagem, em todos os níveis de atuação;

- Conduzir a preceptoria no Programa de Residência de Enfermagem do INCA e o

acompanhamento de estágios profissionais e visitas de observação vinculadas à

Enfermagem;

- Participar de comitês institucionais de ética em pesquisa;

- Participar de comitês institucionais de qualidade;

- Desenvolver pesquisas inerentes à Enfermagem na área de Oncologia, norteadas pelo

direcionamento de pesquisa institucional, pelos princípios da bioética e vinculadas ao

domínio de atuação da Enfermagem;

- Participar do Comitê de Pesquisa da Instituição;

- Atuar em protocolos de pesquisa.

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154

Fontes consultadas:

COREN. Decreto Regulamentador da Lei do Exercício Profissional, 1996.

DEHC/GEN. Perfil profissional para contratação, 1999.

EFTS IZABEL SANTOS/ INCA. Perfil do técnico de enfermagem em oncologia, 1998.

INCA/CRH. Plano de classificação de cargos - Descrição dos cargos, 2000.

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155

M I N I S T É R I O DA S A Ú D E

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER

Hospital do Câncer Divisão de Enfermagem Grupo de Enfermagem e Normatização

DESCRIÇÃO DE CARGOS

TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Sumário

Assistir ao enfermeiro no planejamento, programação, orientação e supervisão das

atividades de assistência de Enfermagem, relacionadas ao suporte gerencial organizacional

da unidade de internação, à prestação direta de cuidados, à prevenção e controle da

infecção hospitalar, às atividades educativas e na colaboração em atividades de pesquisa.

Principais Atribuições Área: Gerência - Auxiliar o enfermeiro nas ações de planejamento, coordenação e assistência de

Enfermagem;

- Participar na previsão e provisão de recursos materiais utilizados na assistência de

Enfermagem;

- Identificar e comunicar ao enfermeiro situações de risco ambiental e sinais e sintomas de

doenças ocupacionais;

- Executar ações preventivas e de controle dos riscos ocupacionais.

Área: Assistência

- Executar o plano assistencial de Enfermagem em nível hospitalar e ambulatorial;

- Auxiliar o enfermeiro na assistência ao cliente crítico;

- Administrar quimioterápicos endovenosos sob supervisão do enfermeiro;

- Manipular sondas e drenos;

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156

- Fazer aspirações de secreções em clientes sob assistência ventilatória;

- Trocar subcânula de traqueostomia;

- Fazer curativos de baixa complexidade;

- Desenvolver ações de Enfermagem em situações de emergência, sob a coordenação do

enfermeiro;

- Cumprir as normas preconizadas pela CCIH, registrando e informando dados;

- e interesse para vigilância de infecção hospitalar;

- Operar/manusear equipamentos considerando a complexidade tecnológica e a condição

clínica do cliente sob supervisão do enfermeiro;

- Receber e passar plantão junto à equipe de Enfermagem, tomando e/ou dando ciência

das anormalidades e ocorrências do período, a fim de permitir a atualização da equipe,

dando continuidade aos cuidados de Enfermagem;

- Auxiliar na realização de procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, posicionando o

cliente adequadamente, organizando e fornecendo material e instrumental, e

procedendo ao acompanhamento necessário à execução do procedimento;

- Realizar coleta de material para exames laboratoriais, exceto cultura, procedendo à

identificação e providenciando o encaminhamento para análise;

- Realizar o acompanhamento e observação dos clientes em hemotransfusão,

comunicando qualquer anormalidade ao enfermeiro;

- Executar atribuições correlatas à Enfermagem, tais como verificação de parâmetros

vitais, higienização corporal, administração de medicamentos prescritos, cuidados

preventivos, bem como atividades afins, sob supervisão do enfermeiro.

Área: Ensino e Pesquisa

- Participar de ações educativas à clientela, sob orientação do enfermeiro;

- Participar de programas de requalificação e atualização, face ao avanço tecnológico e às

mudanças do mundo do trabalho;

- Participar na execução das pesquisas, nas fases de coleta, registros e sistematização

dos dados.

Fontes consultadas:

COREN. Decreto regulamentador da lei do exercício profissional, 1996.

DEHC/GEN. Perfil profissional para contratação, 1999.

EFTS IZABEL SANTOS/ INCA. Perfil do técnico de enfermagem em oncologia, 1998.

INCA/CRH. Plano de classificação de cargos - descrições dos cargos, 2000.

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157

M I N I S T É R I O DA S A Ú D E

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER

Hospital do Câncer Divisão de Enfermagem Grupo de Enfermagem e Normatização

DESCRIÇÃO DE CARGOS

AUXILIAR DE ENFERMAGEM

Sumário

Auxiliar o enfermeiro na prestação da assistência aos clientes, através da execução de

cuidados básicos de Enfermagem, tais como higienização corporal, aferição de sinais vitais,

administração de medicações prescritas, acompanhamento de procedimentos diagnósticos

e terapêuticos e realização de ações de suporte assistencial.

Principais Atribuições Área: Assistência

- Executar o plano assistencial de Enfermagem a nível hospitalar e ambulatorial;

- Executar cuidados básicos de Enfermagem tais como, alimentação, higienização

corporal, aferição de sinais vitais, administrações de medicações prescritas, promoção

de medidas de conforto procedendo aos registros pertinentes e comunicando ao

enfermeiro as anormalidades observadas no seu período de trabalho;

- Manipular sondas e drenos;

- Receber e passar plantão, tomando e/ou dando ciência das ocorrências e

anormalidades, objetivando a manutenção da continuidade da assistência de

Enfermagem;

- Auxiliar na realização de procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, posicionando o

cliente adequadamente, organizando e fornecendo material e instrumental, e

procedendo ao acompanhamento necessário à execução do procedimento;

- Proceder à higienização e acondicionamento de equipamentos, instrumentais e/ou

utensílios utilizados na prestação da assistência ao cliente, com a finalidade de mantê-

los em perfeitas condições para uso;

- Cumprir as normas preconizadas pela CCIH, registrando e informando dados de

interesse para vigilância de infecção hospitalar;

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- Fazer curativos de baixa complexidade;

- Desenvolver ações de Enfermagem em situações de emergência, sob a coordenação do

enfermeiro;

- Operar/manusear equipamentos considerando a complexidade tecnológica e a

condiçãoica do cliente sob supervisão do enfermeiro;

- Realizar coleta de material para exames laboratoriais, exceto cultura, procedendo à

identificação e providenciando o encaminhamento para análise;

- Realizar transporte interno de clientes a serem encaminhados e/ou oriundos do Centro

Cirúrgico;

- Executar outras atribuições correlatas, sob supervisão do enfermeiro.

Área: Ensino - Participar de ações educativas à clientela, sob orientação do enfermeiro;

- Participar de programas de requalificação e atualização, face ao avanço tecnológico e às

mudanças do mundo do trabalho.

Fontes consultadas:

COREN. Decreto regulamentador da lei do exercício profissional, 1996.

DEHC/GEN. Perfil profissional para contratação, 1999.

EFTS IZABEL SANTOS/ INCA. Perfil do técnico de enfermagem em oncologia, 1998.

INCA/CRH. Plano de classificação de cargos - Descrições dos cargos, 2000.