A Luta pelo Novo Paradigma Ecológico

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    1/19

    I - O Novo Paradigma Ecolgico-Holstico

    por

    Carlos Antonio Fragoso Guimares

    Uma Nova Forma de Perceber o Mundo"A terra no pertence ao homem; o homem que pertence terra. Disto temos

    certeza. Todas as coisas esto interligadas, como o sangue que une umafamlia. Tudo est relacionado entre si. O que fere a terra fere tambm os

    filhos da terra. No foi o homem que teceu a trama da vida: ele meramenteum fio da mesma. Tudo o que ele fizer trama, a si prprio far".

    Trecho da carta do Cacique Seattleao Presidente dos EUA em 1855.

    I - O que um paradigma?Umparadigma significa um modelo, algo que serve como parmetro de

    referncia para uma cincia, como um farol ou estrutura consideradaideal e digna de ser seguida. Podemos dizer que um paradigma apercepo geral e comum - no necessariamente a melhor - de se verdeterminada coisa, seja um objeto, seja um fenmeno, seja um conjuntode idias. Ao mesmo tempo, ao ser aceito, um paradigma serve comocritrio de verdade e de validao e reconhecimento nos meios onde adotado. Foi o fsico Thomas S. Khun que o utilizou como um termocientfico em seu livroA Estrutura das Revolues Cientficas, publicado

    primeiramente em 1962, sendo no Brasil publicado pela EditoraPerspectiva.

    http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/cacique.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/cacique.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/cacique.html
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    2/19

    Segundo Khun, a palavra paradigma pretende sugerir que "certos exemplos daprtica cientfica atual - tanto na teoria quanto na aplicao - esto ligadosa modelos conceptuais de mundo dos quais surgem certas tradies de

    pesquisa". Em outras palavras, uma viso de realidade atrelada a umaestrutura terica a priorstica, aceita, estabelece uma forma de

    compreender e interpretar intelectualmente o mundo segundo osprincpios constantes do paradigma em vigor. Por exemplo, a cincia j foidominada pelo pensamento geocntrico (ptolomico), que estabeleceu todauma produo intelectual coerente com a viso de mundo deste paradigmaque estabelecia a terra era o centro do universo. Portanto, quem afirmassealgo como "a Terra apenas um dentre milhes de outros planetas, e nemmesmo o mais significativo deles" estaria fadado a ser consideradolouco, ignorante ou algo parecido. Posteriormente, observaesdemonstraram que esta viso era falha e foi sendo substituda - apsintensa e violenta resistncia dos sbios que defendiam o antigoparadigma - pelo sistema heliocntrico de Coprnico. Este modelo, porm,

    foi percebido como imperfeito pelos avanos em astronomia e foiaperfeioado pelas descobertas da gravitao universal da fsicanewtoniana; esta, por sua vez, foi drasticamente remodelada, j no sculoXX, pela Mecnica Quntica e pela Teoria da Relatividade, no sem umaforte resistncia de inmeros doutores e acadmicos formados na cartilhaclssica de Newton e seguidores e sua slida viso mecanicista danatureza.

    Cada uma dessas fases do pensamento cientfico foi bem sucedida emdeterminados perodos de tempo. Dando novas perspectivas para acompreenso da realidade fsica, condicionavam a atitude cientfica eestabeleciam quais seriam os critrios de pesquisa, freqentemente ligados maneira como se esperava que o mundo devesse funcionar de acordocom o modelo (paradigma) adotado. Deste modo, fica claro que a cinciano um processo de descoberta, em sentido estrito, de uma realidadedada, porm parece ser mais um processo de construo intelectualmentecoerente para explicar certos fenmenos. Ou, em outras palavras, acincia se constri em cima de alguns fundamentos filosficos bemdefinidos, mesmo que no sejam muito conscientes (freqentemente no

    so mesmo).Assim, o modelo que implicitamente tido como o nico vlido

    inconscientemente induz uma percepo de mundo, dentre vrias outrasigualmente possveis e igualmente coerentes. A imerso em um paradigma,especialmente no paradigma dominante, prepara o cientista para setornar membro de uma comunidade cientfica a que se sinta atrado. Ele treinado a pesquisar, agir e falar dentro dos critrios do paradigma aceito.Qualquer pesquisa que parea ir alm dos limites estabelecidos vista comdesconfiana, quando no totalmente minada e descartada como "no-cientfica".

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    3/19

    Esta comunidade, adotando o mesmo modelo de cincia, induz seus afiliados seguirem as mesmas regras bsicas e padres comuns de prtica cientficatidas por validadas. De igual modo, esta comunidade se inscreve dentro deuma comunidade maior que estabelece pelo financiamento e fundos depesquisa a atmosfera geral e as referncias mais bsicas para o

    florescimento de um determinado paradigma que se torna dominante, eque auxilia, na aplicao prtica do conhecimento, uma determinadaclasse a atingir, manter ou aprimorar o poder econmico.

    Com a possibilidade de se dominar a natureza, extraindo dela, como coisaobjetiva e morta, os recursos necessrios ao homem e os meios para acmulo deriqueza de uma classe social em um primeiro momento aparentemente sem contra-indicaes visveis (na Revoluo Industrial ainda no se conheciam males comopoluio, esgotamento de recursos naturais, desemprego, devastao ambiental,etc. embora a questo da explorao humana do trabalho operrio fosse bastanteclara a quem tivesse o mnimo de bom senso ao ver homens, mulheres, crianas e

    idosos trabalhando at 18 horas por dia nas fbricas de ento), parecia que setinha um quadro de vitoriosa demonstrao da supremacia da razo humanasobre a natureza, o que levou a uma febre racionalista que incentivava e preparavaos caminhos para a Revoluo Industrial do sculo XVIII e a cristalizao docapitalismo como sistema dominante das relaes de produo e da viso social nassociedades ocidentais e, posteriormente, de praticamente todo o mundo.

    Por trs do progresso da cincia na chamada Revoluo Cientfica, do sculoXVII, estava, desde o Renascimento, a ascenso da burguesia como classeeconomicamente emergente, em busca de espao, e de um novo sistema deproduo e comercializao, o capitalismo e sua adorao ao acmulo financeiropela divinizao do lucro. Este processo trouxe consigo uma nova forma derelaes sociais e, com esta, uma nova maneira de ver o mundo, com seufinanciamento tendencioso da cincia na espera do retorno em forma de tecnologiade produo, interesse maior que o da compreenso da natureza.

    Como nos fala a professora Cristina Costa em seu livroSociologia, Introduo Cincia da Sociedade:

    "A nova concepo de lucro, elaborada e praticada pelo comerciante burgusrenascentista, a marca decisiva da ruptura com os valores e as idias do mundo

    medieval. O lucro no mais apenas o valor que se paga ao comerciante pelotrabalho realizado. O lucro expressa a premissa da acumulao, da ostentao, dadiferenciao individual e assim realiza a idia de que tenho o direito de cobrar omximo que uma pessoa pode pagar. (...) No capitalismo, o lucro tornou-se afinalidade de qualquer atividade econmica.

    "Se um comerciante pode auferir numa troca comercial o maior preo possvel quea situao permite - resultante da oferta e procura e de outras condiesprodutivas e de mercado -, ento preciso que a produo seja organizada de formamais racional e em larga escala. O fato de a concorrncia ser cada vez maior tambmexige maior racionalidade [tcnica] e previso. Muitos prmios so oferecidos aos

    inventores (...). Desenvolve-se a cincia e a tecnologia, enquanto na filosofia cada vez

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    4/19

    mais se procuram as razes da forma de pensar[e que justifiquem e reflitam opensamento deste novo grupo dominante].

    "A sociedade apresentava necessidades urgentes ao desenvolvimento cientfico:melhorar as condies de vida; ampliar a expectativa de sobrevivncia humana a

    fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principalmente, de mo-de-obradisponvel; mudar os hbitos sociais e formar uma mentalidade receptiva sinovaes tcnicas" (Costa, 1998, Editora Moderna, pp. 29-31, destaques meus,assim como os comentrios complementares entre colchetes).

    II - O Paradigma Newtoniano-Cartesiano

    Nossa to decantada civilizao tecnolgica est em crise, e no preciso esforo para perceber isso. A tcnica, o tecnicismo e a altatecnologia, associadas a uma forma de viver moderna, igualmente tcnicamas cada vez mais estereotipada por basear-se no consumo e na premissada ostentao pragmtica, est apontando para a falcia de mais umapromessa da civilizao industrial: pr nos meios de produo e/ou noextremo desenvolvimento e acmulo material sem a devida preocupaocom os valores ecolgicos e humanos a chave para a felicidade humana(hoje, tudo isso tem separado cada vez mais o homem do homem, ohomem da natureza, e o homem de si mesmo por impor papeis alienantes,esteriotipados, muito pouco humanistas).

    Desde o sculo XVII, quando a racionalidade das cincias naturais - que passou a

    ser utilizada de forma prtica pela nascente burguesia, que, alm do comrcio,dava seus primeiros passos rumo industrializao - vinham obtendo crescentereconhecimento como instrumentos de compreenso da natureza e meio para seatingir a "verdade", com sua capacidade para "desvendar" as leis naturais domundo fsico e, posteriormente, at mesmo do social, garantindo PREVISO eCONTROLE dos acontecimentos (ao menos, dos acontecimentos naturais eeconmicos), que a aura de sacralidade, de dogma e de verdade vinha sendotransferida da Religio para a Cincia, que no mais era vista como um dos ramosda rvore cultural do saber, que incluia a filosofia, as tradies e as artes, mas anica possibilidade eficaz de se atingir "a verdade", abolindo as crenas religiosase/ou relativizando saberes outros, como a filosofia e a tica, j stabelecendo que

    outras culturas, no ocidentais e no "cientficas", eram subculturas - sem dvida,um excelente pretexto para que a Europa "civilizada" pudesse colonizar e imporseu sistema, viso de mundo e interesses em outros povos que, em troca, seriamexplorados em seus recursos naturais e humanos e se submeteriam aos ditames dos"esclarecidos" europeus.

    O resultado atual de toda esta histria que vivemos numa poca cuja principalcaracterstica est na diviso de tudo: desde a diviso de classes sociais (Hoje emdia ainda mais reforada no chamado darwinismo social. C.f. a Home Page Visode Mundo, Paradigmas e Comportamento Humano), at a diviso, algumas delasextremas, de especialidades em diversas reas, como na Medicina, por exemplo.

    Esta crise reducionista foi provocada em grande parte pelo "background"filosfico extremamente mecanicista da cincia moderna, e em parte pelo modo

    http://geocities.ws/carlos.guimaraes/paradigma.htmlhttp://geocities.ws/carlos.guimaraes/paradigma.htmlhttp://geocities.ws/carlos.guimaraes/paradigma.htmlhttp://geocities.ws/carlos.guimaraes/paradigma.html
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    5/19

    capitalista de nossas relaes, tanto humanas quanto econmicas, ambas, naverdade, formando dos aspectos de um mesmo processo intelectual. Todapromessa de felicidade tcnica baseada apenas no acmulo e na produomaterial, prometida pelo capitalismo cientificista, acabou por se transformar numpesadelo, em um meio-passo para uma falsa democracia, uma quase Matrix: de

    um lado, temos a cruel falta de alimentos e do mnimo de conforto material namaioria dos pases do Terceiro Mundo; e do outro lado temos a misria psicolgicae os distrbios emocionais de toda espcie que acompanham os excessos doconsumo-pelo-consumo e conforto suprfluo dos pases (que so uma minoria) doPrimeiro Mundo, com as decises legislativas cada vez mais voltada para osinteresses da indstria e do sistema financeiro em detrimento do da populao - 1/4da populao do planeta - ou da sutil tapearia da Ecologia. Crescem a solido, aindiferena, os distrbios da afetividade, a violncia e a sensao de sem-sentido,conseqncia de uma viso de mundo extremamente reducionista, mecanicista epragmtica, voltada para as aparncias, a competitividade e a vivncia hedonista eindividualista dos sentidos, nos moldes dos ideais industrialistas de nosso tempo.

    At o racional frontalmente atacado, como no caso da substituio de transportesbaratos e ecologicamente menos agressivos, baseados na eletrecidade e no lcool,para o caro e poluente transporte coletivo baseado nos combustveis fsseis paraagradar a indstria automotiva e aos empresrios de transportes.

    O pensamento dominante nesta estrutura de coisas o da crenafundamental de que tudo separado de tudo, o que inclui as pessoas, associedades e as culturas, e isso est de acordo com o modelo mecanicista eatomista que perpassa nosso paradigma cientfico, que busca sempre asunidades mnimas fundamentais da natureza, fazendo da anlise sem fimo nico modo correto de entendimento das coisas, esquecendo ascaractersticas prprias de um conjunto, de um todo complexo apenasinteligvel pela sntese, como no caso de um quebra-cabeas montado ou deum ser vivo que muito mais que a mera soma de suas partesconstituintes. Assim o homem constri mapas e teorias cada vez maisdetalhados em suas mincias e acaba por acreditar em sua prpria obraobra intelectual influenciada pelo contexto econmico como se fosse adescrio precisa da realidade, que sempre mais complexa. Esta crenacondiciona uma percepo da realidade que traz, ao lado de inegveisprogressos materiais, porm exagerada, conseqncias danosas para a

    harmonia psquica e social do homem, sem falar de seu impacto sobre anatureza: o apego a possessividade e seu conseqente medo da perda, araiva, a agresso, a competitividade e a violncia ligada defesa do"meu", sem falar dos sentimentos afins de orgulho e cime (c.f. a HomePageEcologia Profunda, Ecologia Social e Eco-tica).

    Diz-nos o psiquiatra Stanislav Grof, no primeiro captulo de seuexcelente "Alm do Crebro" (GROF, 1988, Editora McGraw-Hill), queesta crena na idia da separao de partes, na fragmentao das coisas,assume formas muito sutis e extremamente refinadas nas teorias ditascientficas. At o advento da Fsica Moderna(Mecnica Quntica), que

    trouxe notveis insights para a filosofia da cincia, da Ecologia e dodesenvolvimento da Psicologia Holstica, e da Psicologia Transpessoal,

    http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/ecologia.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/ecologia.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicol.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/ecologia.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/ecologia.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicol.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.html
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    6/19

    bem como da antropologia e de outros campos que mostraram de formacontudente a crueldade da concepo de mundo vigente, podemos afirmarque quase todas as disciplinas ditas cientficas (at hoje) esto atreladas aochamadoparadigma newtoniano-cartesiano (c.f. Fritjof Capra, 1986), que o modelo ainda dominante e arduamente defendido pela grande maioria

    dos cientistas. Chama-se paradigma newtoniano-cartesiano porque suaslinhas mestras foram concebidas e, em sua maior parte, consolidadas pelostrabalhos notveis do filsofo e matemtico francsRen Descartes e peloextraordinrio fsico, astrnomo, mstico e matemtico inglsSirIsaacNewton.

    Este paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor,uma concepo/viso de mundo mecnica, determinista, material ecomposta, ou seja, parte do pressuposto por anaologia de que o universo uma maquina composta por "peas" menores que se conectam de modo

    preciso. E essa concepo de mundo teve um grande impacto no s naFsica, mas muito mais, pelas suas conseqncias filosficas, em Biologia,Medicina, Psicologia Economia, Filosofia e Poltica. A extremafragmentao das especializaes, a coisificao da natureza, a nfase noracionalismo e na fria objetividade e o desvinculamento dos valoreshumanos superiores, a abordagem mercantil competitiva na explorao danatureza, a ideologia do consumismo desenfreado, as diversas exploraescom fins de se obter qualquer vantagem em cima de outros seres vivos, etc.tm sua fundamentao filosfica numa pretensa viso "cientfica" de umuniverso mecanicista.

    Com efeito, guisa de exemplo, a fantica certeza da superioridadeintelectual europia (com pases sedentos pelas riquezas de outros povos epelo potencial mercantil destes) construiu um grande nmero deracionalizaes baseadas no linguajar cientfico da Fsica e da Biologia,maquiando a violncia de fatores psicolgicos mais profundos, como o daganncia materialista impiedosa, roubando e desmoralizando outrospovos considerados ignorantes, primitivos e inferiores durante o mximoperodo de explorao colonial, entre os sculos XVIII e XX. E, de fato, apartir do modelo de alienao impositiva ingls, envernizado de

    civilizao, possibilitou o nascimento de teorias as mais absurdas, como acrena na superioridade gentica da raa ariana, pelos nazista, que tinhatinha - ou pretendia ter - uma forte conotao cientificista. E longe de tertido um fim, a mesma explorao imperialista est mais ativa do quenunca, principalmente quanto aos pases ditos do Terceiro Mundo, queno esto e nem se pretende que estejam inseridos ativamente no sistemainternacional de consumo e produo, conhecido comoglobalizao, e quena verdade no passa de uma alienao das foras culturais e criativas dospovos em prol de modelo nortista de capitalismo. Grande parte dos pasesda Amrica Latina so considerados "sem interesse", por serem "zeroseconmicos", e so relegados misria e margem da histria branca e

    plastificada dos que se consideram os senhores do mundo. SegundoLeonardo Boff (1997), "estes mostram, por isso, uma insensibilidade e uma

    https://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/descarteshttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/descarteshttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/descartes
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    7/19

    desumanidade que dificilmente encontra paralelos na histria". Por maisque os arautos do racionalismo apontem desgraas e guerra em sculosanteriores e as maravilhas tcnicas de nosso tempo, nunca se matou tofriamente e em nome da razo, do progresso e da civilidade como emnosso sculo.

    Na educao mesma, como muito bem nos fala Pierre Weil (Brando &Crema, 1991, "O Novo Paradigma Holstico"), "a fragmentao do ensinoaumenta medidade que se atinge as sries superiores, chegando a fazer dasuniversidades atuais verdadeiras torres de Babel". Algumas teorias que searvoram de cientficas se fecham cada vez mais em si mesmas, ao ponto dese criar um mundo s delas, como em monastrios acessveis apenas aosiniciados e partilhantes de seus ideais, expressos num linguajar tcnico,complexo e, quando relacionados aos interesses existenciais dosindivduos, vazio. A funo valorativa dos sentimentos foi rejeitada. S o

    racionalismo linear - expresso de modo claro em grficos e em pesos emedidas - pode ser til. Achamos que apenas o racional pode nos dizer oque tem valor, mas isso no ocorre. Valor algo de subjetivo que dizrespeito aos sentimentos. No por acaso que nossa cultura, quesobrevaloriza o racional, afoga-se em dados numricos mas se mostratotalmente incompetente para discriminar o que realmente temimportncia em meio a um mar de informaes e pesquisas cartesianas, ese mostra completamente incapaz de dar o mnimo de conforto psicolgicos pessoas que se sentem alienadas e excludas pelo sistema vigente.

    Nossas prateleiras universitrias, maneira dos antigos monastrios medievais,esto repletas de pesquisas "esotricas" - apenas alguns "iniciados"podem compreende-las -, com pouco ou nenhum valor real para o comumdos mortais. Estas prateleiras, como disse Milan Kundera emA

    Insustentvel Leveza do Ser, parecem cemitrios, ou at mesmo menos queisso, pois nos cemitrios sempre ocorrem visitas, pelo menos uma vez porano. O governo cada vez mais incapaz de estipular prioridades com baseem qualquer outra ordem que no seja o balano comercial ou os grficosde desenvolvimento industrial. E como a nfase est apenas no que racional, temos uma viso unilateral de mundo, hipertrofiada, puramenteintelectual, onde sentimentos e valores so menosprezados ou so

    ignorados. E interessante notar o quanto esta estrutura filosficainfluencia e , por sua vez influenciada - em feedback - pela ideologia docapitalismo, ou qualquer outra que tire vantages da situao. Tanto estaideologia parece encontrar justificao na viso de mundo do paradigmanewtoniano-cartesiano quanto este parece encontrar todo o apoiofinanceiro para se manter, na medida que as pesquisas mais de acordocom seus pressupostos recebem recursos vrios enquanto as pesquisasmenos tcnicas (segundo seus parmetros), mais ecolgicas e/ouhumanistas parecem ser desmerecidas ou rejeitadas, recebendo pouca ounenhuma ateno dos poderes econmicos. Alis, no devemos esquecerque estes poderes buscam exatamente isso: poder. Poder sobre a natureza,

    sobre os lucros, sobre as pessoas. Enfim, um poder pleno e exercido demodo racional-mecnico, onde os valores humanistas no podem ter lugar

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    8/19

    (Veja-se a home page sobre Soren Kierkegaard para um aprofundamentodesta questo).

    Esta crena generalizada da onipotncia tcnica tem levado atitudes e

    postulaes extremamente arrogantes dos meios cientficos e industriais, oque produz, entre outras coisas, os Titanics, os Hindemburgs, as Bombas,os Efeito-Estufa e os Chernobys da vida, bem como golpes miliatres,alienao, misria, desemprego e violncia.Com respeito sade, especialmente Medicina, o paradigma vigente temtambm exercido uma notvel influncia. A nfase acadmica emercatilista na especializao tem feito quase desaparecer a figura doclnico geral e levado fragmentao extrema das reas mdicas emsuperespecializaes, quase sempre levando os pobres pacientes a sesentirem perdidos e alienados diante da frieza tcnica e da ausnciafreqente de uma viso global (psicossomtica) do seu caso. Os mais

    visveis resultados so: o "culto" figura do mdico (com toda a ureaexterna e mtica a respeito dele), a quem dada total responsabilidadepela nossa sade, cabendo aos leigos apenas uma atitude de submissopassiva promovida pela ignorncia no cuidado da prpria sade, ou seja,de umaEducao Preventiva ; uma extrema frieza - que envolta no mitoda objetividade cientfica - para com os sentimentos e anseios do"paciente"; o "paciente" sendo considerado um "objeto" de estudo(quando no de lucro); o culto da figura do especialista, o corpo sendotratado como uma mquina, a mercantilizao da sade e um profundo eirracional desprezo pelos aspectos psicolgicos da doena.

    O argumento de que, em nosso sculo, o desenvolvimento tcnico etecnolgico de equipamentos mdicos tenham sido as principaisresponsveis pelo aumento da taxa de vida tambm questionvel. Foramas melhorias sanitrias, a conquista de direitos sociais, a educaohiginica e o entendimento dos processos de transmisso de doenas ( comos trabalhos, por exemplo, de um no mdico, como Louis Pasteur), aEducao Preventiva que tiveram um papel considervel na melhoria dasade pblica. A parafernlia tcnica est quase totalmente voltada para odiagnstico de doenas, muitas das quais perfeitamente evitveis com uma

    eficaz educao preventiva, mas que possuem a rea da modernidademilagrosa.

    Muito, ou pelo menos metade dos recursos utilizados em marketing e emdiversos outros tipos de publicidade mdica poderiam ser muito melhoraplicados na educao preventiva e na melhoria de postos de sade,formando um conjunto de extraordinrio efeito profiltico. Do mesmomodo, a estreita ligao de mdicos alopatas com a indstria famacutica(responsvel pela movimentao de bilhes de dlares anuais no comrciode remdios, muitos dos quais incuos ou at prejudiciais) tem formadoum verdadeiro cartel comercial e impositivo de valores. Quando do

    "boom" da AIDS, em meados da dcada de 80, a indstria do sangue, porexemplo, no queria se submeter aos testes que poderiam indicar a

    https://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/kierkegaardhttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/kierkegaard
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    9/19

    presena do vrus HIV nas doaes de sangue, sob o pretexto de que osgastos no compensariam os resultados. Ao que um cientista, tristementeperguntou: "Quando os mdicos se deixam levar pelo comrcio ecomercializam a sade, a quem a populao poder recorrer?" Estapergunta continua sendo mais atual que nunca. Ao invs de apenas se

    aterem ao mecanismo de como se d a ao de uma doena, a perguntaprincipal deveria ser: Por que ocorre esta doena, quais os fatoresintrnsecos e extrnsecos que causaram esta doena e quais os meios emque ela pode ser eficazmente debelada. Os to estudados mecanismos deao patolgicos nem sempre so causa, mas sim efeitos de um distrbiomais complexo do organismo em seu intercmbio relacional com oambiente fsico e social que o envolve, o que, quase sempre, tristementenegligenciado pela medicina aloptica, mas que, felizmente, um dospontos mais fundamentais da medicina homeoptica, que est sendo cadavez reconhecida.

    Seria til, aqui, recordar como a histria sempre se repete, como dizKarl Marx, a primeira vez como drama e a segunda vez como farsa... Jno sculo II de nossa era, o notvel mdico Galeno acusa seus colegas deterem esquecido Hipcrates, mximo modelo do bom mdico. Galenoacusava-os de a) serem ignorantes e fechados em sua pseudo-supremacia,b) de serem corruptos em sua sede insacivel de dinheiro e c) de estaremabsurdamente divididos (hoje, dividos em superespecializaes). Eis o queele disse a esse respeito: "Considerando a riqueza mais preciosa que avirtude, e exercendo a arte mdica no em benfcio do homem, mas porlucro e vaidade, (...) no possvel atingir a real finalidade da medicina"(citado em Histria da Filosofia, vol. I, pgina 362, de Giovanni Reale eDario Antiseri, ed. Paulos, So Paulo, 1990).

    Todo este quadro de tecnicismo individulista e de descrdito em valoreshumanistas tm uma s causa fundamental: a nossa viso de mundo foimontada em cima de valores e referenciais mecanicistas... tomamos orelgio como metfora do mundo, e passamos a nos tratar comomquinas... E tal o enraizamento deste paradigma que fica at mesmodifcil de se acreditar ou aceitar que outras formas de ver e compreender omundo tenham alguma validade intrsenca e/ou sejam to ou mais

    perfeitas que a nossa viso cientificista.Creio que ningum melhor que o genial Max Weber, filsofo e socilogo alemo,

    pde explicitar de modo claro como o racionalismo ocidental se transformou emideologia, que poderamos chamar de cientificista, estabelecendo uma srie depreconceitos etnocntricos com relao a outras formas de entendimento darealidade que, se no so cientficas dentro dos cnones do academicismoocidental, nem por isso deixam de ser significativas e coerentes e, mais que tudo, defuncionarem:

    A Cincia como Vocao

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    10/19

    "O progresso cientfico um fragmento, o mais importante indubitavelmente,do processo de intelectualizao a que estamos submetidos desde milnios erelativamente ao qual algumas pessoas, adotam, em nossos dias, umposicionamento crtico aparentemente estranho.

    "Tentemos, de incio, perceber claramente o que significa, na prtica, essaracionalizao intelectualista que devemos cincia e tcnica cientfica.Significar, por acaso, que todos os que esto reunidos nesta sala possuem, arespeito das respectivas condies de vida, conhecimento de nvel superior ao queum hindu ou um hotentote poderiam alcanar acerca de suas prprias condiesde vida? pouco provvel. Aquele, dentre ns, que entra num trem no tem nooalguma do mecanismo que permite ao veculo pr-se em marcha - exceto se for umfsico ou engenheiro mecnico profissional. Basta-nos 'contar' com o trem eorientar, conseqentemente, nosso comportamento; mas no sabemos como seconstri aquela mquina que tem condies de deslizar. O selvagem, ao contrrio,conhece, de maneira incomparavelmente melhor, os instrumentos de que se utiliza.

    Eu seria capaz de garantir que todos ou quase todos os meus colegas economistas,acaso presentes nesta sala, dariam respostas diferentes pergunta: como explicarque, utilizando a mesma soma de dinheiro, ora se possa adquirir uma grande somade coisas e ora uma quantidade mnima? [E isto a despeito de os economistas seorgulharem das caractersticas matemticas de sua disciplina o que,pretensamente, a colocaria prxima das cincias exatas, objetivas]. O "selvagem",contudo, sabe perfeitamente como agir para obter o alimento quotidiano e conhecebem os meios capazes de favorec-lo em seu propsito.

    "A intelectualizao e a racionalizao crescentes no equivalem, portanto, a umconhecimento geral progressivo e interligado acerca das condies em quevivemos. Significam, antes, que sabemos ou acreditamos que, a qualquer momento,

    poderamos, bastando que o quisssemos - e dentro de uma viso de mundo onde arazo utilizada e calcada na produo e distribuio de mercadorias e na efeitura de mquinas -, provar que no existe, em princpio, nenhum podermisterioso que interfir com o curso de nossa vida; em uma palavra, que podemosdominartudo por meio dapreviso. Equivale isso a despojar de magia o mundo,deix-lo como uma regio amorfa, sem significado, como uma massa manipulvel eno tendo outra utilidade seno sua explorao econmica. Os fatos e fenmenosque escapam aos limites do previsvel so ou desprezados, ou postos de lado espera de que um aperfeioamento do modelo cientfico venha a os explicar, mas

    sempre dentro dos pressupostos deterministas bsicos aceitos. Para ns no setrata mais, como para o selvagem que acredita na existncia destes poderes, deapelar a meios mgicos para dominar os espritos ou exorciz-los, mas de recorrer tcnica e previso. Tal a significao essencial da intelectualizao"(WEBER, Cincia e poltica; duas vocaes, pp. 30-31, Editora Cultrix, So Paulo,1970. Os comentrios entre colchetes so meus).

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    11/19

    Charlie Chaplin em Tempos Modernos, 1936

    III - O Holismo: o nascimento de um novo Paradigma

    O extremo sentimento de mal-estar que muitas pessoas sentem diante doscomplexos e trgicos problemas da atualidade tem levado uma busca deum dilogo entre os vrios ncleos do saber e da atividade humana. Porexemplo, temos a ONU e a Unesco como grandes organizaesinternacionais que buscam uma maneira conjunta de solucionar muitosdos atuais problemas humanos, sem falar nos movimentos de encontrointer-disciplinares e a busca pela ao cooperativa em todos os mbitos, amedicina psicossomtica e homeoptica e a abordagem holstica empsicoterapia, etc. a essa busca de uma viso de conjunto, uma viso doTODO - que possui caractersticas prprias independentes dascaractersticas de suas partes constituintes, como o todo humano possui

    caractersticas prprias da de seus rgos e tecidos -, que se d o nome deholismo.

    Desde que Descartes cristalizou de modo definitivo a idia da diviso da cinciaem humanas e exatas (ou melhor, emRes Cogitans eRes Extensa, o queviria a se refletir em nossa diviso em corpo e mente, etc.), temos vistotoda uma vasta gama de atitudes e comportamentos compatveis com aidia domiante do universo como um sistema mecnico casualmenteemergido de um caldo de matria de modo fortuito. No sculo XIX,Wundt, seguindo a tradio empirista britnica calcada na Fsica deNewton, atomizou a mente, reduzindo-a, ou melhor, tentando encaix-la

    dentro dos parmetros mecanicistas da cincia de sua poca, haja vista osucesso da fsica clssica e o grande respeito que lhe era dada. ParaWundt, como para muitos outros, a mente no passava de umepifenmeno bioqumico, como a urina um epifenmeno dos rins. Mastal modelo reducionista no agradou a todos, e desde ento muitas escolas,como a da Gestalt, por exemplo, em psicologia e em outras reas tmtentando - enfrentando o paradigma mecanicista olmpico vigente nosmeio acadmicos - contruir uma viso mais integrativa do ser humano.

    O desagrado ao modelo mecanicista - e da sua consequente viso de mundo - foiexpresso de maneira clara por vrios grandes cientistas em nosso sculo,como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Niels Bohr e tantos outros.

    https://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/descarteshttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/descartes
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    12/19

    Vejamos esta passagem do fsico Erwin Schrdinger, que de muitasmaneiras lembra o humanismo existencialista deSoren Kierkegaard:

    "O quadro cientfico do mundo real minha volta muito deficiente. Ele nos dmuitas informaes fatuais, coloca toda a nossa experincia numa ordem

    magnificamente consistente, mas mantm um silncio horrvel sobre tudoaquilo que est realmente prximo de nossas coraes, de tudo aquilo que realmente valioso e caro em nossas vidas, aquilo que realmente nosinteressa. Este quadro no nos pode dizer nada sobre o valor do vermelhoou do azul, do amargo e do doce, dor fsica e prazer fsico; nada sobre obelo e o feio, o bom e o mau. incompetente para dizer qualquer coisavlida sobre Deus e a eternidade... Assim, em suma, no pertencemosrealmente a este mundo descrito pelo quadro cientfico. No estamosrealmente nele. Estamos fora dele. Somos como espectadores de uma peaque insiste em demonstrar que o mundo uma mquina cega, ondeaparecemos fortuitamente para, logo, desaparecer. Apenas nossos corpos

    parecem se enquadrar no quadro, sujeitos s leis que regem o quadro,explicados linearmente pelo quadro... Eu no pareo ser necessrio comoser humano, ou como autor... As grandes mudanas que ocorrem nestemundo material, das quais eu me sinto parcialmente responsvel, cuidamde si mesmas, segundo o quadro - elas so amplamente explicadas pelainterao mecnica direta (...) Isso torna o mundo operacional para oentendimento pragmtico. Permite que voc imagine a manifestao totaldo universo como a de um relgio mecnico que, pelo o que sabe e cr acincia, poderia continuar a funcionar do mesmo jeito sem que nuncativesse havido conscincia, vontade, esfoo, dor, prazer e responsabilidade(...)"(Guimares, 1996, p. 21, 22)

    Este descontentamento e a intuio de que o "quadro cientfico" como umajanela que deixa ver apenas uma parte nfima da realidade tem estimuladouma notvel tentativa de se contruir uma viso mais holsitica, humana,orgnica e ecolgica da realidade. Afinal, as conseqncias de uma visode mundo mecanicista so extraordinariamente nocivas, principalmentedentro de uma certa ideologia fascista de grande parte dos poderespoltico-econmicos da elite do Terceiro Mundo, o que traz um alto emuitas vezes impagvel preo em termos de vidas humanas e recursosnaturais.

    Estamos comeando a antever e a construir um modelo cientfico que se baseiano conceito de relao, que muito mais amplo que o de anlise, como ousado pela cincia normal. J no so somente as partes constituintes deum corpo ou de um objeto que so de fundamental importncia para acompreenso da natureza desse objeto, mas o modo como se expressa todoesse objeto, e como ele se insere em seu meio. As partes que constituem umsistema tem um notvel conjunto de caractersticas que se vem no mbitodas partes, mas o sistema inteiro, o todo - o holos -, frequentemente possuiuma caracterstica que vai bem alm que a mera soma das caracetersticasde suas partes. Por exemplo, sabemos que tanto o hidrognio quanto o

    oxignio so constituintes fundamentais no processo de combusto. Mas sejuntamos esses elementos e formarmos a gua, ns os usaremos para

    https://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/kierkegaardhttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/kierkegaardhttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/kierkegaard
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    13/19

    combater a combusto. O Todo no elimina as caractersticas das partes,mas estas, quando em relaes ntimas, do o substrato a uma nova forma,cujas caractersticas transcendem s das partes constituintes. A Ecologia a cincias moderna que melhor pode demonstrar esta relao parte/todoem simbiose ntima.

    Da mesma forma, podemos dizer que as peas de um quebra-cabeas, quandoseparadas, nos dizem muito pouco ou nada do que seja o quebra-cabeas.Somente quando vemos as peas em seu conjunto, e, de um certo modo, deum nvel em que elas deixam de ser vistas como peas, que podemoscompreender a mensagem do quebra-cabeas. Assim tambm, pensamosque o mecanicismo reducionista e fragmentatador do paradigmanewtoniano-cartesiano j deu o que tinha de dar. Achamos que aps trssculos de nfase na anlise, est na hora de comearmos a construir ummodelo que tambm estimule a sntese. Enquanto o mecanicismo cientficov o universo como uma imensa mquina determinstica, o holismo, sem

    negar as caractersticas "mecnicas" que se apresentam na natureza,percebe o universo mais como uma rede de interrelaes dinmicas,orgnica.

    As origens do pensamento holstico, enquanto pensamento filosfico, podem sesituar ainda na antigidade, com os pr-socrticos, especialmente comHerclito. Posteriormente, teremos um eco desse pensamento com osesticos e com os no-platnicos, especialmente comPlotino, e,modernamente, com os Romnticos, especialmente com Schelling e osidealistas alemes. Com a publicao do livroHolism and Evolution, em1921, Jan Smuts pode ser considerado o terico fundador do movimentoholstico no sculo XX. Mas foi com a revoluo extraordinria da Fsicadas Partculas e, principalmente com a Teoria da Relatividade de Einstein,que o termo passou a ser aplicado com uma conotao mais paradigmticadentro da tranformao conceitual da cincia.

    Paulatinamente, primeiramente a partir da Fsica, foi se construindoum arcabouo intelectual que permitiu uma expanso da percepocientfica para alm das peas de relgio do modelo analtico cartesiano-newtoniano. Este novo arcabouo estabelece que:

    A Cincia, antes estritamente objetiva, torna-se epistmica (voltada para oprprio processo intelectual de conhecer), j que as teorias revelam mais sobre amente que a concebe que propriamente da realidade. Toda teoria um modelo deexplicao aproximada da realidade. Alm do mais, desde que Heisenbergpostulou seu Princpio da Incerteza, na Fsica das Partculas, e de que oobservador influi na experincia, a questo de uma objetividade cartesiana clssicase tornou mais uma fantasia que realidade;

    Parte-se das partes simples, consideradas independentes, para partes eminterao, em processo ou em rede. No apenas o conjunto de elementos isoladosque formam o universo de fenmenos estudado pela cincia. Mas a interao, a

    RELAO que existe entre esses elementos. Alis, mais provvel que oselementos sejam frutos da prpria relao tanto quanto esta fruto destes. Desta

    https://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/plotino-e-o-neoplatonismohttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/plotino-e-o-neoplatonismohttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/plotino-e-o-neoplatonismohttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/romantismohttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.htmlhttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/plotino-e-o-neoplatonismohttps://sites.google.com/site/oespiritualismoocidental/indice-dos-textos/romantismohttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Fisica.html
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    14/19

    forma, a realidade um processo de troca de informaes entre todos os entesfsicos, biolgicos, psicolgicos e sociais.

    O fsico norte-americano Brian Swimme fez uma sntese de alguns

    princpios fundamentais do holismo, ou do paradigma holstico:

    a) se a natureza do tomo (aqui o encadeamento lgico advm das caractersticasatmicas) no dada ou posta compreenso exclusivamente por ele, deforma isolada, mas por sua interao e seu comportamente em relao atodo seu Universo envolvente, ento a realidade fsica consisteprincipalmente de relaes, como a msica que se compe de relaes desons e rtimos - e no de notas isoladas, o que implica em superposies decomplexificao crescente ou na criao de sistemas dinmicos sempremais amplos. Ou seja, nada pode existir sem que imponha e recebacaractersticas fora de seu ambiente total (Gestalt);

    b) a nossa cincia e a nossa interpretao sobre o que seja o mundo so resultantesde nossa prpria ao e relao com o mundo que nos cerca e com ascrenas e idias que adotamos. O ideal da neutralidade e da objetividadecientfica mais fico que realidade;

    c) alm da anlise que separa, a sntese que une de fundamental importncia nacompreenso do mundo: conhecer algo implica em saber sua origem efinalidade. O universo parece possuir um sentido evolutivo;

    d) a matria no algo morto, passivo ou inerte, j que dotada de energia eparece evoluir segundo um plano criativo global; os elementos inanimadosparecem se organizar segundo complexos sistemas de interao. Assim, oUniverso est mais para uma rede de relaes, uma realidade auto-organizante: um organismo em homeorresis.

    Em Psicologia, o pensamento holstico est fortemente presente nas abordagenshumanistas, especialmente na Gestalt, e, muito mais, naPsicologiaTranspessoal. Stanley Krippner, diretor do Centro de Estudos daConscincia, assim definiu os quatro princpios bsicos do paradigmaholstico:

    1) a conscincia humana ordinria (relativa percepo corporal e do ego noestado de viglia) compreende apenas uma parte nfima da atividade totaldo psiquismo humano;

    2) a mente ou a conscincia humana, ou o esprito humano, estende-se no tempo eno espao, existindo em uma unidade dinmica, ou melhor, em umarelao contnua com o mundo que ela observa;

    3) o potencial de criatividade e intuio mais global do que se imaginacomumnete, abrangendo todos os seres vivos;

    http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/psicotrans.html
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    15/19

    4) o processo de evoluo para nveis de maior complexificao e transcencdncia algo de muito valioso e importante - tendncia auto-atualizao, segundoMaslow eRogers.

    O filsofo existencialista e psiquiatra alemo Karl Jaspers (1883-1969),

    discorrendo sobre a necessidade de se empreender reflexes sobre como seobter o melhor mtodo em pesquisa cientfica, afirmava que na prtica doconhecimento necessitamos de vrios mtodos simultaneamente, eenfatizava trs grupos:

    1. apreenso dos fatos particulares que implica na observaos e descrio(anlise) fenomenolgica;

    2. investigao das relaes, onde explicar se refere ao conhecimento das conexescuasais objetivas, vistas do exterior, enquanto compreender diz respeito intuio interior:

    3. percepo das totalidadades, para no se cair no gravssimo erro de se esquecero todo, no qual e pelo qual a parte subsiste.

    Portanto, a abordagem holstica no nem analtica e nem puramentesinttica; ela se caraceteriza pelo uso simultneo desses dois mtodos, queso complementares.

    A explicao da natureza e de todo o universo no pode ser mais puramentemecnica, pois est cada vez mais patente que existe um processo desntese e de complexificao evolutiva que leva a criao de sistemasaltmamente dinmicos, como os sistemas biolgicos - logo, muito longe deserem mquinas sujeitas segunda lei da termodinmica clssica.Segundo Jan Smuts, o criador da moderna concepo holstica, e queexerceu profunda influncia em Alfred Adler, o primeiro grande discpulodissidente de Freud, "o conceito mecanicista da natureza tem o seu lugar ea sua justificao apenas na estrutura mais ampla do holismo". Icluamos,porm, que a complexidade humana vai muito alm do mecanicismo deDescartes, possuindo instncias de racionalidade bem acima daracionalidade linear, ou, como dizia Pascal, "possuindo razes que aprpria razo desconhece"

    A pesquisadora e escritora Rose Marie Muraro, em seu livro"Textos daFogueira", Ed. Letra Viva, 2000, assim se expressa sobre a atual atitudede questionamento epistemolgico da cincia moderna:

    (...) O mais revolucionrio achado metodolgico nessa rea a incluso dasubjetividade e da concretude como categorias epistemolgicas maiores, aolado da objetividade e da racionalidade, feita por muitas filsofas em vrios

    pases, entre elas Susan Bordo, Allison Jaggar e outras. O mais interessantea se notar que essa revoluo epistemolgica se faz na mesma poca em

    http://www.geocities.com/carlos.guimaraes/Rogers.htmlhttp://www.geocities.com/carlos.guimaraes/Rogers.htmlhttp://www.geocities.com/carlos.guimaraes/Rogers.html
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    16/19

    que, nas cincias exatas, comea a abalar-se o domnio da razo. Nelas, oirracional irrompe como o paradigma que ajuda a chegar perto dasrealidades cientficas extraordinariamente complexas de um mundotecnologicamente avanado. Isto acontece nas Teorias do Caos, dasCatstrofes e da Complexidade. Neste incio de sculo e de milnio,

    desmorona o dualismo simplista mente/corpo, razo/emoo, que foi a basedo pensamento ocidental nesses ltimos trs mil anos e que serviu apenascomo racionalizao do exerccio de poder expresso nas relaessenhor/escravo, homem/mulher, opressor/oprimido, etc. Esta nova maneirade elaborar abre uma nova forma de pensar ps-cartesiana e ps-patriarcal

    Se levada s suas ltimas conseqncias, essa nova elaborao cientfico-epistemolgica da realidade pode modificar a prpria natureza da cincia.Como ela hoje, por ser abstrata e generalizante, refora o poder, que nasua estrutura mesma abstrato e esmagador do humano. Uma cincia emque a subjetividade e o irracional enriqueam o conhecimento pode

    desencadear um processo de reverso desse poder destrutivo, tornado-se umacincia libertadora, e no escravizadora (Muraro, op. cit., p. 16).

    Cabe aqui iguamente uma transcrio de parte de um artigo do nosso queridotelogo e filsofoLeonardo Boff(publicado na Folha de So Paulo emmaio de 1996, cuja ntegra poder ser encotnrada na Home Page do autor)sobre a nova viso holstica, sistmica ou ecolgica que agora surge:

    Uma viso libertadora"A ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta viso global eholstica. O holismo no significa a soma das partes, mas a captao da totalidadeorgnica, una e diversa em suas partes, mas sempre articuladas entre si dentro datotalidade e constituindo esta totalidade. Esta cosmoviso desperta no ser humano aconscincia de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade. Ele um ser que

    pode captar todas estas dimenses, alegrar-se com elas, louvar e agradecer aquelaInteligncia que tudo ordena e aquele Amor que tudo move, sentir-se um ser tico,responsvel pela parte do universo que lhe cabe habitar, a Terra. Ela, a Terra, ,segundo notveis cientistas, um superorganismo vivo, denominadoGaia, comcalibragens refinadssimas de elementos fsico-qumicos e auto-organizacionais quesomente um ser vivo pode ter. Ns, seres humanos, podemos ser o sat da Terra,

    como podemos ser seu anjo da guarda bom. Esta viso exige uma nova civilizao eum novo tipo de religio, capaz de re-ligar Deus e mundo, mundo e ser humano, serhumano e a espiritualidade do cosmos. O cristianismo levado a aprofundar adimenso csmica da encarnao, da inabitao do esprito da natureza e do

    panentesmo, segundo o qual Deus est em tudo e tudo est em Deus. Importafazermos as pazes e no apenas uma trgua com a Terra. Cumpre refazermos umaaliana de fraternidade/sororidade e de respeito para com ela. E sentirmo-nosimbudos do Esprito que tudo penetra e daquele Amor que, no dizer de Dante, moveo cu, todas as estrelas e tambm nossos coraes. No cabe opormos as vriascorrentes da ecologia. Mas discernirmos como se complementam e em que medidanos ajudam a sermos um ser de relaes, produtores de padres de comportamentos

    que tenham como consequncia a preservao e a potenciao do patrimnio

    http://www.boff.com/http://www.boff.com/http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=100http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=100http://www.boff.com/http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=100
  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    17/19

    formado ao longo de 15 bilhes de anos e que chegou at ns e que devemos pass-loadiante dentro de um esprito sinergtico e afinado com a grande sinfonia universal".

    IV - A Declarao de Veneza

    Em maro de 1986, por iniciativa da Unesco, reuniram-se na cidade de Venezadezenove ilustres representantes das reas das cincias (incluindo doisPrmios Nobel), artes, filosofia e das Tradies espirituais maisrespeitveis, todos representado dezesseis naes. Desta reunio histricaresultou um documento de nominada Declarao de Veneza, que reza oseguinte:

    "Os participantes do colquio 'A Cincia face aos confins do conhecimento',organizado pela Unesco, com a colaborao da Fundao Giorgio Cini(Veneza, 3 a 7 de maro de 1986), impelidos por um esprito de abertura ede questionamento dos valores de nosso tempo, chegam a um acordo sobreos seguintes pontos:

    1. Somos todos testemunhas de uma importantssima revoluo no domnio dacincia, engendrada pela cincia fundamental (em particular a Fsica e aBiologia), pela perturbao que suscita na lgica, na epistemologia etambm na vida cotidiana atravs das aplicaes tecnolgicas. No entanto,verificamos, ao mesmo tempo, a existncia de uma defasagem importanteentre a nova viso de mundo que emerge do estudo dos sistemas naturais eos valores que ainda predominam na filosofia, nas cincias humanas e na

    vida da sociedade moderna. Pois estes valores esto fundamentados, emgrande parte, no determinismo mecanicista, no positivismo e no niilismovazio, desumano. Sentimos esta defasagem como extremamenteprejudicial e portadora de pesadas ameaas de destruio de nossa e deoutras espcies.

    2. O conhecimento cientfico, por seu prprio movimento interno, chegou a umlimite que lhe permite comear um dilogo com outras formas deconhecimento. Neste sentido, e reconhecendo as diferenas fundamentaisentre a cincia formal e a Tradio espiritual, constatamos no umaintransponvel oposio, mas uma complementariedade entre duas formas

    de se perceber o mundo. O encontro inesperado e enriquecedor entre acincias e as diversas Tradies do mundo permite pensar noaparecimento de uma nova viso da humanidade mas equilibrada, atmesmo de um novo racionalismo, que poderia levar a uma novaperspectiva filosfica.

    3. Recusando qualquer projeto globalizador e reducionista, qualquer forma de umsistema fechado de pensamento, reconhecemos, ao mesmo tempo, aurgncia de uma pesquisa verdadeiramente transdiciplinar emintercmbio permanente e dinmico com as cincias ditas 'exatas', e ascincias 'humanas', a arte e a Tradio. De certa forma, esta abordagem

    transdiciplinar est inscrita em nosso prprio corpo, em particular emnosso crebro atravs da interao dinmica entre seus dois hemisfrios.

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    18/19

    O estudo conjunto da natureza, do universo e do homem poderiaaproximar-nos do real e permitir-nos enfrentar os diferentes desafios danossa poca.

    4. O ensino convencional de cincia, atravs de uma apresentao linear e estanque

    dos conhecimentos, dissimula a ruptura entre a cincia contempornea eseu desenvolvimento histrico cheio de claros e erros, bem como das visesanteriores de mundo. Reconhecemos a urgncia da pesquisa de novosmtodos de educao, que levem em conta como se deu o real avano dacincia, os quais se harmonizam com as grandes Tradies culturais dahumanidade, com o resgate do sentimento na esfera das relaes humanas,cuja preservao e estuda parecem fundamentias. A UNESCO seria aorganizao apropriada para promover tais idias.

    5. Os desafios de nossa poca - o desafio da autodestruio, o desafio dainformao, da engenharia gentica, etc. - esclarecem de uma nova

    maneira a responsabilidade social dos cientistas, na inicativa e naaplicao da pesquisa ao mesmo tempo. Se os cientistas no podem decidirquanto aplicao de suas prprias descobertas, no devem assistirpassivamente aplicao cega e irresponsvel destas descobertas. Emnossa opinio, a amplido dos desafios contemporneos demanda, de umlado, a infomao rigorosa, acessvel e permanente da opinio pblica e,de outro lado, a criao de rgos de orientao e at de deciso denatureza pluri e transdiciplinar.

    6. Expressamos a esperana de que a UNESCO levar adiante esta iniciativa,estimulando uma reflexo dirigida para a universalidade e atransdiciplinaridade(...)".

    Penso que a importncia deste documento ainda h de ser reconhecida pelahumanidade como a primeira tentativa institucional de mbito mundialpela busca de uma sociedade e de uma cincia mais holista, menosfragmentria. Mas sinto que falta ao documento uma anlise dos fatoreseconmicos que esto por trs da atual crise de valores e de sentidohumanos. Com o atual quadro de destribuio de renda e de alienaoeconmica e educacional - to vivencida no Brasil -, dificilmentepoderemos incrementar o ideal holstico, pois este calca-se na

    conscientizao das pessoas, que advm do uso democrtico dainformao (todos ns sabemos como a informao manipulada pelosveculos de comunicao comercial e o seu peso na formao artificial daopinio pblica), e esta corre o risco de ser mais um produto rigidamentecontrolado pela ideologia de lucro e de poder do capitalismo vigente.

    "O ser humano vivncia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do restodo universo - numa espcie de iluso de tica de sua conscincia. E essa

    iluso uma espcie de priso que nos restringe a nossos desejos pessoais,conceitos e ao afeto por pessoas mais prximas. Nossa principal tarefa a de

    nos livrarmos dessa priso, ampliando o nosso crculo de compaixo, para

    que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza.Ningum conseguir alcanar completamente esse objetivo, mas lutar pela

  • 8/9/2019 A Luta pelo Novo Paradigma Ecolgico

    19/19

    sua realizao j por si s parte de nossa liberao e o alicerce de nossasegurana interior".

    Albert Einstein

    Veja aBibliografia.

    Links:

    Leonardo BoffO Documentrio Sicko, de Michael Moore

    A Cincia como CrenaO Pensamento Ecolgico

    voltar ao ndice

    Joo Pessoa, 08/12/1996.

    Revisto e Ampliado em 20/02/2002.

    Copyright 1996, 2004 by Carlos Antonio Fragoso Guimares, Registro

    http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/biblio.htmlhttp://www.boff.com/http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Sicko.htmlhttp://sites.uol.com.br/yesod/cadernos/edicao1/ciencia.htmhttp://www.infolink.com.br/~peco/http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/transpessoal.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/transpessoal.htmlhttp://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/biblio.htmlhttp://www.boff.com/http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/Sicko.htmlhttp://sites.uol.com.br/yesod/cadernos/edicao1/ciencia.htmhttp://www.infolink.com.br/~peco/http://www.geocities.ws/carlos.guimaraes/transpessoal.html