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A MORTE NO CONTEXTO A MORTE NO CONTEXTO HOSPITALARHOSPITALAR
Cristina Scherbaum
2007
MEDO DA MORTE
“(…) a hora da morte não espera a sua vez. Ela não vem necessariamente de frente, pode estar planejando seu ataque por trás. Todo mundo sabe da morte, mas ela chega inesperadamente, quando as pessoas sentem que ainda têm tempo, que a morte não é iminente. É
como as planícies secas que se estendem mar a dentro, para que a maré chegue, inundando o seu caminho até
a praia.”(KENKO, Urabe no Kaneyoshi, Japão séc XII, in Meltzer, 1984 apud KOVÁCS, 1999).
MEDO DA MORTE
O medo é a resposta psicológica mais comum diante da morte. O medo de morrer é universal e atinge todos os seres humanos.
“Em nosso inconsciente só podemos ser mortos; é inconcebível morrer de causa natural ou idade avançada. Portanto a morte está em si ligada a uma ação má, a um acontecimento medonho, a algo que em si clama por recompensa ou castigo.” Kübler-Ross (2000).
MEDO DA MORTE
*Homem Medieval: morte era algo normal e natural; sala de visitas; raramente era súbita, geralmente anunciada; médico- prognóstico acerca do tempo de vida do paciente; poucos recursos científicos; o paciente consciente da sua condição.
MEDO DA MORTE
* Homem Moderno: morte x sofrimento; é temida; negada; escondida em hospitais, UTIs; desenvolvimento científico e técnológico; cultura do “poupar” e “aliviar” o paciente; onipotência médica; não se fala em morte.
MEDO DA MORTE
Morte sob duas concepções:
1) A morte do outro: medo de abandono
2) A própria morte: finitude
Kovács (1999)
MEDO DA MORTE
*Ao pensar sobre sua morte, a pessoa pode relacioná-la a um dos seguintes aspectos:a)Medo de morrer: medo do sofrimento
b)Medo do que vem após a morte: julgamento, castigo divino
c)Medo da extinção: medo da própria extinção
MEDO DA MORTE
*Fatores que influenciam no medo da morte:•Maturidade psicológica•Capacidade de enfrentamento•Orientação•Religião
Kovács (1999)
MEDO DA MORTE
Quanto mais avançamos na ciência, mais parece que tememos e negamos a realidade da morte.
A MORTE E O MORRER X EQUIPE DE SAÚDE
A equipe de saúde quando defronta-se com pacientes que vão morrer é mobilizada por idéias, sentimentos e fantasias de variadas intensidades, predominantemente àquelas com carcterísticas terroríficas. Na maioria das vezes são conteúdos inconscientes, e sua dinâmica dependerá de como se constituiu o mundo interno do profissional.
A MORTE E O MORRER X EQUIPE DE SAÚDE
Médicos:
* Há fortes indícios de que o médico tem mais medo (inconsciente) da morte do que os outros profissionais, podendo esse medo ser um dos motivadores da escolha profissional.
A MORTE E O MORRER X EQUIPE DE SAÚDE
* Alguns são extremamentes dedicados
* Outros onipotentes, detentores do saber
* Paciente visto como objeto, não é sujeito
* Idéia de que o paciente não precisa saber da verdade
* Coxixos, fala baixa
MORTE E O MORRER X EQUIPE DE SAÚDE
* Piedade * Frustração
* Revolta * Contratransferência
* Prolongamento da vida
* Vigiar a vida e a morte
* Culpa
* Ansiedade
* Ódio
PACIENTE TERMINAL
O conhecimento do fato de que se trata de uma doença terminal desencadeia no paciente, na família e na equipe de saúde aspectos importantes a serem considerados.
PACIENTE TERMINAL
KÜBLER-ROSS (2000) •Pacientes terminais eram desconsiderados, abandonados e maltratados• Desejavam viver seus últimos dias em contato com pessoas queridas, em ambiente conhecido• Cinco estágios a partir do “mau diagnóstico”
PACIENTE TERMINAL
Cinco estágios:
•Negação
•Raiva
•Negociação
•Depressão
•Aceitação
PACIENTE TERMINAL
Para Kübler-Ross não há conflito quanto a contar ou não ao paciente que ele tinha uma doença grave. A questão era como fazê-lo: transmitir o diagnóstico e ao mesmo tempo dar acolhida e esperança, dar informações sobre os procedimentos a serem realizados.
PACIENTE TERMINAL
“ O informe sobre o tempo de vida de que dispõe, é algo totalmente dispensável, pois na maior parte das vezes está errado e traz angústias freqüentemente desnecessárias. Obviamente não implica em omitir o quadro clínico do paciente. Quer diga ou não, ele saberá de alguma forma o que está acontecendo.”
Kovács (1999)
PACIENTE TERMINAL
As mentiras têm pernas curtas e as doenças graves intensificam a sensibilidade de quem sofre. Os doentes percebem pelo comportamento não-verbal a verdadeira realidade, estranham o desconforto dos médicos e enfermeiros quando estes são questionados, as justificativas sem nexo dos familiares, etc.
Varella (2004)
PACIENTE TERMINAL E O PSICÓLOGO
Quando não há mais o que fazer pelo paciente em termos de cura, ainda há o que fazer em termos de cuidados paliativos para que o sofrimento seja atenuado o máximo possível: proporcionar qualidade de vida enquanto internados ou em casa. A família também deve receber assistência e, se necessário, após a morte também.
PACIENTE TERMINAL E O PSICÓLOGO
Com a novas técnologias, a espectativa de vida tem aumentado. A medicina se preocupa com os novos tratamentos e o psicólogo dá respaldo às dores emocionais e psíquica do doente e da família, que passa a assumir papéis que o paciente não pode mais.
O psicólogo também pode entrar como auxílio no processamento da informação aceca do diagnóstico, o que possibilita o paciente a tomar decisões importantes e deixar as coisas arrumadas na família.
PACIENTE TERMINAL E O PSICÓLOGO
A solicitação de auxílio de um profissional da área de saúde mental pode decorrer também de dificuldades no lidar com o paciente, no sentido da relação humana, incluindo as contra-reações emocionais do ou dos profissionais que assistem ao doente.
O PSICÓLOGO FRENTE AO MORRER
Lidando com o paciente
* Inicialmente estabelecer um vínculo: oferecer-se como ouvinte, disposto a receber não somente palavras, mas também sentimentos. Psicólogo deve ser empático.
* Quem dirige o conteúdo da entrevista será sempre o paciente. É ele quem levantará os problemas da forma e no momento que desejar. Não há o que dizer, deve escutar- ser capaz de escutar e suportar conteúdos relacionados a morte, não fugir disso. Mas, há pacientes que não falam sobre a morte, falam sobre outros assuntos.
O PSICÓLOGO FRENTE AO MORRER
* Deve-se detectar em qual estágio o paciente se encontra, tanto em relação quanto a sua doença, bem como às próprias defesas envolvidas
* É função do psicólogo conhecer e reconhecer as reações do paciente, orientar familiares e profissionais
* A neutralidade exagerada do psicólogo pode significar uma defesa
O PSICÓLOGO FRENTE AO MORRER
Kaplan e Sadock apud Simonetti (2006), propõe 6 diretrizes para o manejo do paciente terminal:
1) Oferecer informações corretas e apropriadas
2) Permitir que o paciente verbalize seus temores e lhes dê garantia de que não serão abandonados
3) Determinar as prioridades do paciente
4) Ajudar o paciente a manter a esperança
5) Transição do curar para cuidar
6) Evitar tratamento excessivamente zelozo
O PSICÓLOGO FRENTE AO MORRER
*O paciente terminal é diferente do paciente que atendemos no consultório. O manejo dos aspectos transferenciais não são trabalhados da mesma forma, não há tanta necessidade de interpretações. Ele não quer saber das relações de suas forças ocultas, ele tem é medo da própria morte que se aproxima e muitas vezes faz projeções na equipe e no hospital.
CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DA SAÚDE
• Preparo técnico • Amor à verdade• Empatia• Ética profissional• Atitudes Psicoterápicas
CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DA SAÚDE
•Aceitação da realidade da morte• Aceitação das limitações humanas• Capacidade de identificar e resolver conflitos complexos• Cuidados pessoais: físico e emocional
Botega (2002)
“ Imaginar a morte como um fardo prestes a desabar sobre nosso destino é insuportável. Conviver com a impressão de que ela nos espreita é tão angustiante que organizamos a rotina diária como se fôssemos imortais e, ainda, criamos teorias fantásticas para nos converser de que a vida é eterna.”
Varella (2004)