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Anais do XV Encontro Estadual de História 1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado, 11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis A obra Lute, de Carlos Zilio, como imperativo de uma geração: uma introdução à proposição de vanguarda brasileira em tempos de Regime Militar Jessica Alessio Venceslau 1 Resumo: O presente ensaio pretendeu desenvolver uma análise cruzando duas produções de tipos distintos de Carlos Zilio - um personagem riquíssimo de oposição ao Regime Militar por ter fincado seus pés tão concretamente na arte e na política e testado os seus limites, atuando na arte engajada do período, na militância estudantil e também na armada, enquanto membro da Dissidência Comunista de Guanabara (que comporia mais tarde o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8) - a obra plástica visual Lute (Marmita) e a Declaração de princípios básicos da nova vanguarda, ambas de 1967, entendendo-as como partes constituintes de um ideal de vanguarda artística do período. Lute não será tomada como reflexo da Declaração..., obra textual assinada por Zilio e muitos outros, mas como parte constitutiva do universo de pensamento do artista militante, bastante comum à década de 60, onde a arte se via com importante função de participação sócio-política. Pretendeu-se articula-la a partir de dois níveis para uma interpretação histórica: o formal e o social; tomando o formal como a competência que abrange a esteticidade do visual e o social como o retraçado da história material da imagem, me atendo, especialmente, a uma releitura de suas condições de produção, pensando quais conceitos e visões de mundo desse sujeito - alocado em sua própria conjuntura - possibilitaram aquele tipo de escolha estética. Sobre a Declaração..., recebeu um olhar conectado ao seu contexto de produção, no caso como tendo sido pensada para ser o texto que acompanharia a importante exposição Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, assinada por um coletivo de artistas expoentes como propositores de uma maior liberdade de criação artística, o emprego de uma linguagem nova e uma análise crítica da realidade (como Zilio, Hélio Oiticica, Antonio Dias, Mário Pedrosa, entre outros). A Declaração... permite a este trabalho um embasamento concreto das novas vanguardas artísticas do período, e, evidentemente, da própria obra aqui em questão, Lute. Palavras-chave: arte e política; vanguarda; história da arte no Brasil. Uma marmita de alumínio é destampada. Dentro dela, um rosto moldado em resina na cor amarela. Na altura da boca, impressa a palavra Lute (anexo 1) em tinta vermelha. Seu artista plástico, Carlos Zilio. Nascido no Rio de Janeiro em 1944, em 1962 Zilio inicia no Instituto de Belas Artes da Guanabara e, no ano seguinte, começa estudos de pintura com Iberê Camargo, que se tornará importante referência em sua produção artística. Já pós Golpe Militar, em 1965, entra em contato com a chamada Nova Figuração e assiste à histórica exposição Opinião 65, que irão influir fortemente sobre seu trabalho posterior. No ano seguinte, em 1966, ainda no início de sua carreira, participa da importante exposição carioca Opinião 66 que, em paralelo 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista CAPES. E- mail: [email protected]

A obra Lute, de Carlos Zilio, como imperativo de uma ...€¦ · Lute não será tomada como reflexo da Declaração..., obra textual assinada por Zilio e muitos outros, mas como

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  • Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

    11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

    A obra Lute, de Carlos Zilio, como imperativo de uma geração: uma

    introdução à proposição de vanguarda brasileira em tempos de Regime Militar

    Jessica Alessio Venceslau1

    Resumo: O presente ensaio pretendeu desenvolver uma análise cruzando duas produções de

    tipos distintos de Carlos Zilio - um personagem riquíssimo de oposição ao Regime Militar por

    ter fincado seus pés tão concretamente na arte e na política e testado os seus limites, atuando na

    arte engajada do período, na militância estudantil e também na armada, enquanto membro da

    Dissidência Comunista de Guanabara (que comporia mais tarde o Movimento Revolucionário

    8 de Outubro, o MR-8) - a obra plástica visual Lute (Marmita) e a Declaração de princípios

    básicos da nova vanguarda, ambas de 1967, entendendo-as como partes constituintes de um

    ideal de vanguarda artística do período. Lute não será tomada como reflexo da Declaração...,

    obra textual assinada por Zilio e muitos outros, mas como parte constitutiva do universo de

    pensamento do artista militante, bastante comum à década de 60, onde a arte se via com

    importante função de participação sócio-política. Pretendeu-se articula-la a partir de dois níveis

    para uma interpretação histórica: o formal e o social; tomando o formal como a competência

    que abrange a esteticidade do visual e o social como o retraçado da história material da imagem,

    me atendo, especialmente, a uma releitura de suas condições de produção, pensando quais

    conceitos e visões de mundo desse sujeito - alocado em sua própria conjuntura - possibilitaram

    aquele tipo de escolha estética. Sobre a Declaração..., recebeu um olhar conectado ao seu

    contexto de produção, no caso como tendo sido pensada para ser o texto que acompanharia a

    importante exposição Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de

    Janeiro, assinada por um coletivo de artistas expoentes como propositores de uma maior

    liberdade de criação artística, o emprego de uma linguagem nova e uma análise crítica da

    realidade (como Zilio, Hélio Oiticica, Antonio Dias, Mário Pedrosa, entre outros). A

    Declaração... permite a este trabalho um embasamento concreto das novas vanguardas artísticas

    do período, e, evidentemente, da própria obra aqui em questão, Lute.

    Palavras-chave: arte e política; vanguarda; história da arte no Brasil.

    Uma marmita de alumínio é destampada. Dentro dela, um rosto moldado em resina

    na cor amarela. Na altura da boca, impressa a palavra Lute (anexo 1) em tinta vermelha. Seu

    artista plástico, Carlos Zilio.

    Nascido no Rio de Janeiro em 1944, em 1962 Zilio inicia no Instituto de Belas Artes

    da Guanabara e, no ano seguinte, começa estudos de pintura com Iberê Camargo, que se

    tornará importante referência em sua produção artística. Já pós Golpe Militar, em 1965, entra

    em contato com a chamada Nova Figuração e assiste à histórica exposição Opinião 65, que

    irão influir fortemente sobre seu trabalho posterior. No ano seguinte, em 1966, ainda no

    início de sua carreira, participa da importante exposição carioca Opinião 66 que, em paralelo

    1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

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    à paulista Propostas 66, estabeleceriam as bases estético-ideológicas para a ideia de uma

    possível vanguarda artística brasileira, verbalizada no manifesto de 1967 que acompanhou a

    célebre mostra Nova Objetividade Brasileira no MAM-Rio, a Declaração dos princípios

    básicos da vanguarda, que Zilio participa na qualidade de coautor. Simultaneamente a todo

    o seu envolvimento com as artes plásticas, Zilio se imbricava pela militância estudantil,

    tornando-se membro do Diretório Acadêmico do Instituto de Psicologia da UFRJ, no mesmo

    ano de 1967. Este ano foi ainda um outro marco para Zilio: começou a expor seus trabalhos

    artísticos com caráter político, culminando no projeto de Lute (Marmita), obra em questão

    neste ensaio como sendo seu esforço último em integrar arte e política e sintomática das

    preocupações vividas pelas artes visuais brasileiras diante do contexto que se impunha.

    O cenário sócio-político vivenciado em 1967 não espanta pelo imperativo da

    Marmita. Nem pela escolha de um objeto tão cotidiano e popular. Não espanta, tampouco,

    pelo projeto do qual a obra era parte: foi pensada para ser produzida em série a ser levada à

    porta de fábrica, tal qual um panfleto, num ideal de comunicação com aqueles tantos que lá

    dentro estavam e, como Zilio, andavam assistindo a tudo o que se passava no Brasil. E muita

    coisa, de fato, se passava.

    Agravantes políticos de 1967

    Em março de 1967 entrou em vigor a sexta Constituição brasileira, que substituiu a

    de 1946, buscando institucionalizar e legalizar o regime militar, aumentando a influência do

    Poder Executivo sobre o Legislativo e Judiciário e criando uma hierarquia constitucional

    centralizadora. Tal constituição, aprovada por Castelo Branco em poucas semanas – o que

    evidencia que seu compromisso nada teve a ver com uma busca por uma Constituição

    democrática que privilegiasse as maiorias - incorporou boa parte das medidas arbitrárias

    estabelecidas pelos atos institucionais, decretos e leis que já vinham sido baixados desde

    1964. De um ponto de vista jurídico, a Constituição de 1967 legalizou o regime de exceção

    que avançava pelo país; os militares, agora, deixavam de impor as mudanças de uma

    “revolução” para então apenas “cumprir normas instituídas”.

    Segundo Carlos Fico (2001, p. 55), tal Constituição estendeu o foro militar aos civis

    nos casos de crimes contra a segurança nacional, significando que qualquer cidadão, a partir

    dela, teria o mesmo dever de assegurá-la, o que justificou a aprovação, logo em seguida (em

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    13 de março de 1967), de uma Lei de Segurança Nacional para tipificar os crimes previstos

    na Constituição. “Munindo” o Estado contra o “inimigo interno” comunista ou, como se veio

    a saber, contra qualquer tipo de entrave à sua manutenção, a lei transformava em legislação

    a Doutrina de Segurança Nacional, fundamento do Estado após o golpe militar em 1964.

    Coube a Castelo Branco tornar legal a noção de “guerra interna” e permitir que

    brasileiros civis fossem indiscriminadamente acusados de “subversivos” – segundo Fico, a

    “guerra interna” é base jurídica e conceitual indispensável para que a linha dura passasse da

    simples condição de grupo de pressão para um “sistema de segurança” com permissão para

    investigar, prender e interrogar, erigindo-se em polícia política. Ainda no mesmo mês, em

    março, sob a vigência desta nova Constituição de 1967, foi instituída também uma nova Lei

    de Imprensa, que atualizava a última redação feita na era Vargas, em 1934, incorporando

    novos elementos como a televisão e ampliando2 as restrições à liberdade de expressão aos

    demais meios de comunicação.

    A marmita de Zilio foi filha de uma gestação turbulenta, de um momento político

    onde o governo militar já se encontrava instalado e buscava construir meios para permanecer

    e se institucionalizar, corporificando-se através de uma nova Constituição e armando este

    novo “corpo” com munições mais poderosas. Acompanhando o estabelecimento do poderio

    do regime militar, Zilio acreditou que era hora de agir. E não estava sozinho.

    O caso das artes plásticas

    Segundo Artur Freitas (2013, p. 37), ainda nos anos 50 o ideário de “vanguardas”

    dos anos 1910 e 20 - tomadas posteriormente como “vanguardas históricas”3 - foi sendo aos

    poucos recuperado. Marcel Duchamp, um dos expoentes das chamadas “vanguardas

    2 “Ampliando” porque a Lei de Imprensa na era Vargas já exigia das gráficas e jornais que tivessem uma matrícula no Estado e que todos os profissionais da área preenchessem um cadastro com informações pessoais, incluindo endereço residencial. 3 Segundo Artur, no início do século 19, a arte moderna, autônoma e fechada sobre si mesma, acabou por isolar-se numa preocupação formal que a levou para a busca de uma arte “pura”, “essencial” e “abstrata”. O radicalismo desta postura, gerou uma forma histórica de reação que veio a se tomar como vanguarda, embora o termo tenha sido de origem militar. Entendida aqui como a negação da autonomia da arte, pela recusa dos mecanismos de autoridade da instituição-arte e, acima de tudo, pela tentativa de recondução da produção artística a uma nova compreensão de sua prática, a vanguarda, exemplificada no dadaísmo, no primeiro surrealismo e na vanguarda russa posterior à Revolução de Outubro, se deixou definir, como o ataque direto às instituições culturais e a consequente proposta de uma arte dispersa na vida. Para esse trecho e mais sobre as chamadas “vanguardas históricas”, bem como de sua retomada pelas neovanguardas brasileiras em 60, ver tópico “Vanguarda e conceitualismo”. (Freitas, 2013, p. 30)

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    históricas”, foi sendo retomado por uma nova geração de artistas, ativa em meados dos anos

    50.

    A polarização entre esteticismo e vanguarda, evidente nos anos de 1910 e 1920, foi

    recolocada nos anos de 1950 e 1960. O movimento concretista, expressivo na década de 50,

    teve atuação marcada pela utopia do desenvolvimentismo; para ele, a arte deveria falar de

    seu tempo – e numa sociedade que se industrializava a passos largos, significava falar do

    urbano e do industrial – formando um ambiente cultural adequado à realidade de um país

    que acreditava na aposta da superação de “50 anos de subdesenvolvimento em 5”, no famoso

    plano de metas de Juscelino Kubitschek.

    Se nos anos 50, com a bossa-nova, o concretismo e Brasília, havia uma

    cumplicidade e mesmo um otimismo na relação entre a arte e o desenvolvimento

    do país, já nos anos 60, por outro lado, com o agravamento progressivo do quadro

    brasileiro de instabilidade político-social, há uma fratura evidente nessa relação –

    um rompimento que leva à politização generalizada do campo da arte. Depois do

    golpe militar de 1964, claro, a situação se agrava ainda mais. (FREITAS, 2005, p.

    1)

    Em 60 o ideal da superação do desenvolvimento não havia se provado. Não só o país

    continuava subdesenvolvido, como a isso somou-se o novo contexto político autoritário pós-

    golpe, gerando um descontentamento e posicionamento crítico que se refletiu nos ideários

    das artes plásticas do período. Em 60, a figuração é tomada de maneira crítica, como uma

    alternativa possível à abstração e como aposta potente de comunicação entre o artista e o

    público, uma vez que possibilitaria uma compreensão mais “imediata” de seu conteúdo. É

    significativo, portanto, que uma arte que se pretendia atuante politicamente, entendendo-se

    como parte de um coro maior de oposição ao autoritarismo político dos anos 60, apostasse

    em uma linguagem artística que permitisse a veiculação de críticas políticas

    “compreensíveis” pelo público ao qual seriam entregues como convites à ação e reflexão.

    A “vanguarda nacional”

    Entre 1965 e 1967, a noção de uma “vanguarda nacional”, preocupada em

    manifestar-se publicamente sobre os problemas da “nação”, é um projeto efetivo que se

    manifesta numa série de exposições coletivas ocorridas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

    A mostra Opinião 65, segundo Artur Freitas (2004, p. 79), foi a primeira grande

    manifestação coletiva brasileira com intenções declaradas de “vanguarda”, reunindo artistas

    de São Paulo, Rio de Janeiro e Paris.

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    Integrando as comemorações do IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro, a mostra

    Opinião 65 ocupa o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, entre 12 de

    agosto e 12 de setembro de 1965, e reúne vinte e nove artistas - treze europeus e dezesseis

    brasileiros. A ideia central dos organizadores era estabelecer um contraponto entre a

    produção nacional e estrangeira - de modo a avaliar o grau de atualização da arte brasileira

    - a partir das pesquisas recentes em torno das novas figurações. O retorno à figuração se

    cristaliza na mostra a partir da chamada Nova Figuração que, segundo Carlos Zilio (2008, p.

    17), antecede alguns movimentos culturais que procederiam de maneira semelhante, como a

    música popular brasileira, e tinha três características principais: primeiro, buscava

    compreender que a presença da cultura de massa era extremamente importante na

    visualidade contemporânea, sendo uma equivalência brasileira da pop art; segundo, tentava

    mediar a cultura de massa e a erudita e, em terceiro, inseria nisso a preocupação política.

    Zilio, como muitos artistas do período, se marcaria profundamente a partir desse contato

    com as obras da Nova Figuração na mostra, embora não tenha nela exposto nenhum trabalho:

    (...) em 65 já começava a ocorrer uma ruptura com o ensino do Iberê, que foi ditada

    por duas coisas: primeiro a exposição Nova Figuração dos argentinos no Museu

    de Arte Moderna. Isso foi determinante. Eu comecei a fazer um trabalho muito

    baseado no trabalho deles, que não tinha mais nada a ver com o Iberê, e não tinha

    mais contato com ninguém. (...) Acontece então a Opinião em 65, eu juntei as

    coisas. A Opinião foi realmente uma revelação para mim. Eu estava aquém da

    Opinião. (ZILIO; SEVERO; 1996, p. 15).

    É na Opinião 65, de acordo com Paulo Sérgio Duarte (apud FREITAS, 2004, p. 80),

    “que pela primeira vez, nas artes plásticas, a questão política e crítica social apareciam

    integradas às novas linguagens e não associados aos ‘realismos’, como eram frequentemente

    tratadas pelos artistas ‘oficiais’ da esquerda”. Nela, dividiam espaço distintos temas

    políticos, figurações e proposições de vanguarda, “numa interessante síntese do período”

    (Ibidem, idem).

    A Opinião 65 pode ser medida pela recepção crítica da época (como por exemplo

    nos textos de Ferreira Gullar e Mário Pedrosa) e por exposições subsequentes, consideradas

    seus desdobramentos diretos, como são os casos de Propostas 65, que ocorre em São Paulo,

    e no ano seguinte, em 1966, com Opinião 66, no Rio de Janeiro, e Proposta 66, em São

    Paulo - ambas continuações das edições anteriores. A Opinião 66, no MAM/RJ, introduziu

    novos nomes como o do próprio Zílio e de Anna Maria Maiolino e contou com a participação

    de Lygia Clark.

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    Propostas 66, na FAAP, se tornaria um importante fórum de discussões sobre o novo

    realismo nas artes, com a intervenção de críticos e artistas. Através da análise de temas como

    “Conceituação da arte nas condições históricas atuais do país”, “Arte de vanguarda e

    organização da cultura no Brasil” e “Situação da vanguarda no Brasil”, buscou-se, em

    Propostas 66, forjar a noção de uma vanguarda “tipicamente brasileira”, politicamente

    engajada e atuante, relacionada à realidade do país (COUTO, 2007, p. 6). A partir deste

    contexto e das discussões nele surgidas, estabelecem-se as bases estético-ideológicas para a

    ideia de uma possível vanguarda brasileira.

    Essa intenção de traçar o perfil da jovem vanguarda brasileira é reafirmada no texto

    de Hélio Oiticica para a mostra Nova Objetividade Brasileira, o Esquema Geral da Nova

    Objetividade Brasileira - mostra e texto de 1967 - cujas formulações são, segundo o próprio

    autor, “do estado típico da arte brasileira de vanguarda atual”4:

    1-vontade construtiva geral; 2-tendência para o objeto ao ser negado e superado o

    quadro de cavalete; 3-participação do espectador (corporal, tátil, visual, semântica,

    etc.), 4-abordagem e tomada de posição em relação a problemas políticos, sociais

    e éticos; 5-tendência para proposições coletivas e consequente abolição dos

    “ismos” característicos da primeira metade do século na arte de hoje (tendência

    esta que pode ser englobada no conceito de “arte pós-moderna” de Mário Pedrosa);

    6-ressurgimento e novas formulações do conceito de antiarte.5

    O radicalismo de certas tendências e os ideários de comunicabilidade e participação

    do público, tão caros ao período, aparece sintetizado de maneira programática no manifesto

    Declaração dos princípios básicos da vanguarda, também de 1967. Segundo Artur Freitas

    (2004, p. 83) o manifesto trazia em seus signatários a confluência entre a geração

    neoconcreta (Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape) e os jovens artistas e críticos das novas

    vanguardas (Zilio, Carlos Vergara, Antônio Dias, Rubens Gerchman, Frederico Morais e

    outros). O manifesto defendia a liberdade de criação, o emprego de uma linguagem nova, a

    análise crítica da realidade e em suas próprias palavras "utilização de meios capazes de

    reduzir à máxima objetividade o subjetivismo", privilegiando o objeto enquanto expressão

    artística, numa superação da obra de cavalete, contemplativa. Junto ao manifesto, surgiu a

    4 Manifesto, na íntegra, disponível digitalizado em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/ho/index.cfm?fuseaction=documentos&cod=136&tipo=2 Acessado a última vez no dia 19/05/2014. 5 Embora tais princípios sejam citados para falar do que ocorria nas artes do período, Couto chama a atenção para o fato de que o texto de Oiticica diz mais respeito à vanguarda carioca (e em parte à paulista) do que à arte brasileira em âmbito nacional, a se notar, por exemplo, pelos artistas citados pelo autor em seu manifesto, em sua maioria cariocas e alguns poucos paulistas (Couto, 2007, p. 7).

    http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/ho/index.cfm?fuseaction=documentos&cod=136&tipo=2

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    ideia de uma exposição nacional de vanguarda, que ocorreu no mesmo ano, a Nova

    Objetividade Brasileira.

    Realizada em abril de 1967 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-

    RJ), Zilio dela participou com duas obras produzidas no mesmo ano: Reina Tranquilidade e

    Visão Total. Segundo ele, a mostra trazia importantes novidades, como o fato de terem sido

    os próprios artistas que organizaram a exposição e os textos de seu catálogo, mostrando que

    haviam tomado para si a direção organizacional, conceitual e política do evento (ZILIO,

    2008, p. 17)6. Nova Objetividade Brasileira foi a última grande manifestação coletiva

    propositora da década, tendo sido impulsionada tanto pela vontade de demarcar um território

    de expressão radical das linguagens, quanto pela aspiração de rebeldia e crítica ao regime

    militar, criando as bases do desenvolvimento plural do gesto transgressor.

    Lute: o imperativo de uma geração

    A vontade de combate e comunicabilidade, prevista pela Declaração dos princípios

    básicos da vanguarda e pelo Esquema geral da Nova Objetividade Brasileira e posta em

    prática pela mostra Nova Objetividade Brasileira pode ser condensada num olhar para a obra

    Lute, de Zilio, também de 1967. O artista, participante da construção das ideias que

    fundamentaram a mostra e da produção dos textos-manifestos que objetivaram tais

    proposições artísticas, evidencia no projeto de Lute o quão submerso se encontrava nos

    debates do universo artístico do período.

    Manifesto sintomático das novas proposições de vanguarda do período, afirmava a

    Declaração... em seu 1º item: “(...) [Uma arte de vanguarda ocorre] com a intenção de alterar

    ou contribuir para que se alterem as condições de passividade ou estagnação”7 (ZILIO;

    SEVERO; 1996, p. 39). A obra, embora tenha ficado restrita a alguns exemplares, foi

    projetada para ser reproduzida aos milhares e distribuída em portas de fábrica. Em

    consonância com os ideais da nova vanguarda brasileira, o projeto e a obra confluíam com

    6 Interessante notar nesta entrevista de Zilio, como as artes estavam imbricadas neste momento. Zilio lembra, a certa altura, que a instalação Tropicália, de Hélio Oiticica, montada na mostra Nova Objetividade Brasileira, repercutiria no conhecido movimento musical chamado Tropicalismo, surgido posteriormente. Não à toa, existem fotos divulgadas de

    Caetano Veloso vestindo os Parangolés de Oiticica, em 1967 (anexo 2). 7 A Declaração dos princípios básicos da vanguarda encontra-se disponível na íntegra no catálogo de Carlos Zilio (ZILIO;

    SEVERO; 1996, p. 39).

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    diversas formulações do Esquema... e da Declaração... . A 1ª formulação do Esquema..., que

    dizia respeito à “Vontade construtiva geral”, se propunha a:

    (...) procurar pelas características nossas, latentes e de certo modo em

    desenvolvimento, objetivar um estado criador geral, a que se chamaria de

    vanguarda brasileira, numa solidificação cultural (mesmo que para isto sejam

    usados métodos especificamente anticulturais); erguer objetivamente dos esforços

    criadores individuais, os itens principais desses mesmos esforços, numa tentativa

    de agrupá-las culturalmente.

    A escolha do suporte de Lute, uma marmita, é indicativa da busca por um objeto bastante

    característico e comum na cultura brasileira, erguido “objetivamente dos esforços criadores

    individuais” de Zilio numa tentativa de reincorpora-lo na sociedade. Um objeto, obedecendo à

    “tendência à obra” apontada pela 2ª formulação do Esquema..., encontra a seguinte justificativa

    na Declaração... :

    Quando ocorre uma manifestação da vanguarda, surge uma relação entre a

    realidade do artista e o ambiente em que vive: seu projeto se fundamenta na

    liberdade de ser, e em sua execução busca superar as condições paralisantes dessa

    liberdade. Esse exercício necessita uma linguagem nova capaz de entrar em

    consonância com o desenvolvimento dos acontecimentos (...) (ZILIO; SEVERO;

    1996, p. 39).

    O suporte escolhido, a marmita, apesar de comum aos brasileiros, é bastante incomum

    enquanto “obra artística” e refletia o apelo do artista pelo uso das “novas linguagens” capazes

    de alcançar o “novo” público. Se o artista pretendia chegar às massas para a transformação social

    almejada, deveria fazer através de símbolos que fossem comuns e compreensíveis a essas

    pessoas, e nada poderia ser mais familiar a um operário como uma marmita. Os “operários” não

    foram escolhidos em vão: somados, representam nada menos que a massa de trabalhadores deste

    país. São aqueles que superadas suas fragmentações, compõem, no limite, a nação brasileira.

    A ideia de reproduzir a obra aos milhares faz parte da pretensão do artista em superar a

    limitação de sua própria individualidade – e de qualquer indivíduo - apelando para o convite à

    coletividade. Conforme a 3ª formulação do Esquema... e, abaixo dele, o 5º princípio da

    Declaração... :

    Tanto as experiências individualizadas como as de caráter coletivo tendem a

    proposições cada vez mais abertas no sentido dessa participação, inclusive as que

    tendem a dar ao indivíduo a oportunidade de “criar” a sua obra. A preocupação é

    também da produção em série de obras (seria o sentido lúdico elevado ao máximo).

    Nosso projeto – suficientemente diversificado para que cada integrante do

    movimento use toda a experiência acumulada – caminha no sentido de integrar a

    atividade criadora na coletividade, opondo-se inequivocamente a todo

    isolacionismo dúbio e misterioso, ao naturalismo ingênuo e às insinuações da

    alienação cultural. (Zilio, p. 39)

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    11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

    A 4ª formulação do Esquema... também se refletiu no imperativo de Lute, bem como o

    8º princípio da Declaração..., respectivamente:

    Não compete ao artista tratar de modificações no campo estético como se fora este

    uma segunda natureza, um objeto em si, mas sim de procurar, pela participação

    total, erguer os alicerces de uma totalidade cultural, operando transformações

    profundas na consciência do homem, que de espectador passivo dos

    acontecimentos passaria a agir sobre eles usando os meios que lhe coubessem: a

    revolta, o protesto, o trabalho construtivo para atingir a essa transformação, etc.

    Nosso movimento, além de dar um sentido cultural ao trabalho criador, adotará

    todos os métodos de comunicação com o público, do jornal ao debate, da rua ao

    parque, do salão à fábrica, do panfleto ao cinema, do transistor à televisão.

    Zilio buscava a “participação total” com o projeto, não a participação contemplativa ou

    apenas de manuseio: Lute era um chamado ao ato. Pretendia retirar o trabalhador de sua

    passividade rotineira e sugado pela alienação do trabalho, apostando na alteração de sua

    consciência. No entanto, as limitações práticas – e contraditórias - destas proposições artísticas

    também são apontadas pela 6º formulação do Esquema...:

    No Brasil o papel toma a seguinte configuração: como, num país subdesenvolvido,

    explicar o aparecimento de uma vanguarda e justifica-la, não como uma alienação

    sintomática, mas como um fator decisivo no seu progresso coletivo? Coma situar

    aí a atividade do artista? O problema poderia ser enfrentado com uma outra

    pergunta: para quem faz o artista sua obra? Vê-se, pois, que sente esse artista uma

    necessidade maior, não só de criar simplesmente, mas de comunicar algo que para

    ele é fundamental, mas essa comunicação teria que se dar em grande escala, não

    numa elite reduzida a “experts” mas até contra essa elite, com a proposição de

    obras não acabadas, “abertas”.

    Assumindo sua posição de “antiarte”, como apontada acima na 6ª e última formulação

    do Esquema..., é que Lute encontrou seu próprio limite. Pensar num objeto que pudesse ser

    “familiar” a este “povo” brasileiro, não fazia, contudo, com que ele fosse compreendido. A

    comunicação com o público que não fosse uma “elite reduzida a experts” não era garantida pela

    mera escolha de um tipo de suporte reconhecido nacionalmente. Será que um operário, na saída

    de seu trabalho, compreenderia a intenção do artista? Mais do que disto: será que este operário,

    ainda que compreendesse a intenção e o convite, se sentiria tocado? Qual o significado de um

    “Lute” estampado dentro de uma marmita para este homem ou esta mulher? Ainda que o “povo

    brasileiro” fosse o destinatário desta obra, será que a obra, de fato, se comunicaria com essas

    pessoas ou era uma comunicação entre Zilio e os outros artistas, seus pares?

    Lute estava em dia com as proposições do universo artístico de seu tempo mas não

    conseguiu superar seu conflito: sequer teve seu projeto executado, ficando restrita a realização

    de alguns exemplares:

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    Sim, fiz essa marmita para servir como uma espécie de panfleto nas portas de

    fábrica. Acontece que quando fiz isso, pensei: bom... É melhor ir para a porta de

    fábrica e fazer comício. Senti que estava em um momento em que as fronteiras

    entre arte e política haviam sido rompidas. Logo depois, começa 1968 e cresce a

    mobilização no meio cultural e no meio estudantil. Nesse ano, achei que a arte

    estava intermediando alguma coisa minha que não precisava mais de

    intermediários. O meu problema passou a ser fazer política e não estetizá-la.

    (ZILIO; SEVERO; 1996, p. 15).

    E neste trecho aponta o desenvolvimento de seu conflito:

    Na ocasião da Nova Objetividade e da Opinião, essas questões do público, da arte

    estetizar a vida – o velho projeto construtivo – eles estavam levando adiante. Eu

    achava que isso era irrisório. Era impotente. Quer dizer, lembro-me claramente de

    uma reunião para tratar do boicote da Bienal de São Paulo onde havia uma

    proposta da Lygia Clark que era a de fazer um happening, como se dizia, em frente

    à Bienal etc. Eu dizia: ‘Não, isso não leva a nada...’ Então, me perguntaram: ‘O

    quê que você quer? Fazer guerrilha? ’ Eu parei e disse: ‘É! Fazer guerrilha’.

    (Ibidem, Idem).

    Zilio, apesar de paradigmático dessa geração artística de 60, o foi apenas no universo

    artístico. A obra Lute marca o início de uma experiência que o coloca entre um dos únicos

    artistas plásticos brasileiros a se envolver também com a militância armada8. Duplamente

    envolvido com a política – em 1967, ano de Lute, torna-se membro do Diretório Acadêmico

    de Psicologia da UFRJ. Curiosamente, quando alcança o máximo de politização em sua

    produção artística, a arte lhe parece irrisória quanto ao seu eventual potencial transformador

    e político. Os pés, antes tão bem cravados e divididos entre o universo da arte e da política,

    agora pareciam não ter dúvidas de que era hora de escolher um lado. E Zilio resolveu seu

    impasse, segundo ele, pulando com os dois pés do lado da política.

    Depois da Marmita, Zilio interrompeu sua produção artística e, por volta de 1968

    passou a militar mais ativamente na Dissidência Comunista da Guanabara, grupo de

    esquerda armada que comporia mais tarde o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o

    MR-8. Zílio só voltaria a ter contato com o universo artístico no hospital, em 1970, já preso,

    depois de ter sido ferido em ação. Mas isso é papo para outra hora.

    8 Segundo Ridenti, a presença de artistas nas organizações de esquerda era ínfima, 24 em 3.698 denunciados com ocupação conhecida, sendo 18 envolvidos com a militância urbana (Ridenti, 1993, p. 73).

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    Referências bibliográficas

    AMARAL, Aracy A. Arte para que?: a preocupação social na arte brasileira, 1930-1970 -

    subsídio para uma história social da arte no Brasil. São Paulo, SP: Nobel, 1984.

    CAVALCANTI, Jardel Dias. Artes plásticas: vanguarda e participação política (Brasil anos

    60 e 70). 2005. Tese (doutorado em História da Arte) - Instituto de Filosofia e Ciências

    Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005, p. 25.

    COUTO, Maria de Fátima Morethy. A “Nova Objetividade Brasileira” e a historiografia

    da arte no Brasil. XXIV Simpósio Nacional de História. Rio Grande do Sul, São Leopoldo,

    Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH), 2007.

    FICO, Carlos. Como eles agiam: os subterrâneos da ditadura militar: espionagem e polícia

    política; prefacio de Jacob Gorender. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2001.

    FREITAS, Artur. Arte de guerrilha: vanguarda e conceitualismo no Brasil. São Paulo:

    Editora da Universidade de São Paulo, 2013.

    _____. Poéticas políticas: as artes plásticas entre o golpe de 1964 e o AI-5. História:

    questões e debates, Curitiba, n. 40, p. 59-90, 2004.

    _____. Vanguardas brasileiras e ditadura militar: o conceitualismo na obra de Carlos

    Zilio e Cildo Meireles. XXIII Simpósio Nacional de História. Paraná, Londrina, Associação

    Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH), 2005.

    RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira. São Paulo: Unesp, 1993.

    ZILIO, Carlos; SEVERO, Helena (Co-autora). Carlos Zilio: arte e política. Rio de Janeiro,

    RJ: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, [1996?]. Catálogo.

    ZÍLIO, Carlos. Uma pulsante alma de artista. Jornal da Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, Rio de Janeiro, ano 3, n. 34, p. 15-18, maio de 2008.

    Disponível em: http://www.ufrj.br/docs/jornal/2008-maio-JornalUFRJ34.pdf

    http://www.ufrj.br/docs/jornal/2008-maio-JornalUFRJ34.pdf

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    Anexos

    Anexo 1

    Carlos Zilio

    Lute (marmita), 1967

    Serigrafia sobre filme plástico e resina plástica acondicionados em marmita de alumínio [apropriação]

    5,8 x 10,5 x 17,5 cm

    Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP)

    Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

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    Anexo 2

    Hélio Oiticica

    Parangolé P1, Capa 1, 1964

    plástico e tecido

    150 x 110 x 20 cm

    Projeto Helio Oiticica (Rio de Janeiro, RJ)

    Reprodução fotográfica autoria desconhecida