19

A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

  • Upload
    lyque

  • View
    218

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)
Page 2: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

1

A ORALIDADE NA ESCOLA

Bernardet Barancelli Valenga1

Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2

RESUMO: Este texto visa provocar uma reflexão a respeito do trabalho com a oralidade nas turmas do Ensino Fundamental. A escolha do tema deve-se ao fato de percebermos que, apesar da oralidade ser considerada um dos domínios prioritários do ensino de Língua Portuguesa, é pouco trabalhada em sala de aula, refletindo na dificuldade de expressão oral dos alunos,o porquê de não se trabalhar esse conteúdo é nosso questionamento. Os motivos são muitos e vão desde o despreparo do professor até a dificuldade de se controlar a disciplina – hora de falar, hora de ouvir. O objetivo deste é oferecer ao aluno a possibilidade de acesso aos gêneros orais, considerando as variações linguísticas, identificando as marcas de oralidade e oportunizando o conhecimento necessário para o domínio da variedade padrão e os diferentes usos da linguagem, nos mais diversos contextos. Desenvolveu-se o trabalho fazendo uso de entrevista, teatro de fantoches com histórias em quadrinhos e seminário Os teóricos que deram suporte a este trabalho, Dolz & Schneuwly, Marchuschi e Bakhtin destacam a importância do ensino da linguagem oral. O desenvolvimento do trabalho ocorreu com uma turma de 36 alunos da 7ª série, bastante participativos, demonstraram interesse, desenvolveram todas as atividades propostas e, ao apresentarem os trabalhos expressaram-se de forma organizada respeitando os turnos da fala.

PALAVRAS-CHAVE: Oralidade. Variação Linguística. Histórias em

Quadrinhos.

INTRODUÇÃO: O PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional é

ofertado aos professores da rede pública do Estado do Paraná pela Secretária

de Estado da Educação, em parceria com as Universidades Estaduais como

oportunidade para rever as práticas pedagógicas, proporcionando aos

professores da rede pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o

desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas e que resultem em

redimensionamento de sua prática.

É uma oportunidade para que nós, professores, retomemos o contado

com as universidades de onde estamos afastados há bastante tempo e ao

mesmo tempo, aproximar a universidade do ensino básico, através de

1 Professora de Língua Portuguesa da SEED2 Professora Ms. Do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO

Page 3: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

2

atividades teórico-práticas orientadas, resultando na produção de

conhecimentos e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública

paranaense.

Este artigo é o resultado das leituras que feitas durante minha

participação no Programa. A inquietação que eu trazia em relação ao trabalho

com oralidade e respeito às variações linguísticas nas aulas de Língua

Portuguesa, confirmou-se nas vozes de Bakhtin, Marcuschi, Dolz &

Schneuwly,e Bagno, minhas principais referências neste trabalho.

A escolha do tema deve-se ao fato de percebermos a dificuldade de se

trabalhar com a oralidade nas turmas da educação básica, ensino fundamental.

Considerando as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais e das

Diretrizes Curriculares Estaduais, as aulas de Língua Portuguesa devem

desenvolver-se nos eixos de leitura, escrita e oralidade. O trabalho com escrita

e leitura ocorre com regularidade já a oralidade restringe-se às atividades de

correção de exercícios e alguma leitura feita em voz alta por alguns alunos

mais desinibidos que gostam de ler para os colegas. Quando se pensa em

declamação de poesia, apresentação de um livro lido, participação em um

seminário ou em um debate percebe-se a dificuldade de expressão e a timidez.

Oralidade e escrita

Desde que se começou a questionar o ensino de língua portuguesa a

partir da gramática normativa, muitos caminhos têm sido trilhados para se

chegar ao objetivo de formar cidadãos que usem a língua portuguesa de forma

escrito e/ou oral de forma satisfatória.

O ensino da estrutura da língua continua tão importante quanto era

antes, a diferença é que hoje se percebe que fala e escrita então inseridas em

um contexto e não resumidas a frases soltas, desprovidas de significado.

Nesse sentido, os textos passam a ser usados como apoio para as aulas de

língua portuguesa. Essa clareza e entendimento nos vêm por meio de Bakhtin:

Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o

Page 4: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

3

caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciado, os quais denominamos gêneros do discurso .(2003, p.261-262).

Com essa consciência, os textos começam a ser utilizados em sala de

aula, porém falta aos professores fundamentação teórica. Essa insegurança

deixou um vácuo no ensino de língua, deixou-se de lado a gramática e não

havia clareza de como trabalhar com textos. O mais prático foi seguir o livro

didático que de apoio, passou a ser “tábua de salvação” deixando de ver e

explorar a imensa riqueza de textos que circulam na vida das pessoas

diariamente como: panfletos de propaganda, bulas de remédios, manuais de

instrução, receitas, jornais, revistas, bilhetes, e-mail, blogs...

Dentre a diversidade de textos que circulam, a educação não pode

ignorar a influência das múltiplas mídias modernas nem deixar de refletir sobre

as mais diversas formas de linguagens de comunicação, presentes na vida das

pessoas diariamente entre as quais, destacamos as revistas de histórias em

quadrinhos3, os populares gibis, que nos anos 50 eram considerados

prejudiciais à educação, hoje são considerados importante material

pedagógico. Consideradas leitura fácil, as histórias em quadrinhos atraem

leitores de várias idades, crianças, jovens e até idosos divertem-se com as

histórias de humor ou aventura de super-heróis.

As histórias em quadrinhos surgiram no final do séc. XIX, e inicialmente

eram publicadas em forma de tirinhas, nos jornais. Representam personagens

humorísticos, heróis que combatem vilões, sempre refletindo os

3 Narração de história por meio de desenhos e legendas dispostos numa série de quadros.

Page 5: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

4

acontecimentos mundiais, os personagens não são aleatórios, cada um tem

sua ideologia e vão modernizando-se, acompanhando a evolução.

Por sua popularidade, questões envolvendo as histórias em quadrinhos,

passaram a ser cobradas em algumas provas de vestibular e do Enem e, em

muitos livros didáticos podemos encontrar material para o trabalho em sala de

aula, só que muitas vezes não é tão explorado quanto poderia:

Os quadrinhos são, sem dúvida, um riquíssimo material de apoio didático. Sendo bem trabalhados (o que poucas vezes acontece), propõem aos alunos um bom debate e um maior aprofundamento do que seja o uso da língua portuguesa. [...] é possível ensinar língua portuguesa com histórias em quadrinhos. O ideal seria o professor adaptar as atividades à sua realidade de sala ou, melhor ainda, aprimorá-las, reinventá-las, inová-las. Queremos mostrar que há um caminho fértil a ser seguido, um caminho ainda desconhecido ou ignorado por muitos docentes de Língua Portuguesa. BARBOSA (2009, p. 66).

Muitas vezes o trabalho com os quadrinhos fica apenas na

descontração, interpretação da piada ou do sucesso do herói, o que é

lamentável, pois perde-se a oportunidade de aproveitar um material de apoio,

que é apreciado pelos alunos, para maior aprofundamento dos conteúdos de

língua portuguesa

A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS

As histórias em quadrinhos usam uma linguagem específica que junta

texto e desenho. Algumas mensagens são entendidas através da leitura do

texto, outra da imagem e outras ainda precisam da interação dos dois códigos.

Constitui-se de uma narrativa, apresentada em forma de quadrinhos dispostos

de formas variadas, dependendo da intenção do autor. As imagens dos

quadrinhos representam um momento específico ou uma sequência interligada

de instantes o que diferencia de uma fotografia que capta apenas o instante, o

quadrinho apesar de fixo, utiliza-se de recursos que dão ideia de movimento.

Os quadrinhos costumam ter um protagonista fixo que identifica a revista

e que contracena com personagens secundários. As representações dos

personagens vão desde figuras humanas, caricaturas até desenhos de animais

Page 6: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

5

com comportamentos humanos. A manutenção do interesse pelas histórias dos

personagens faz com que os autores mantenham inalteráveis as características

comportamentais e ideológicas de suas criações. Segundo Vergueiro:

[...] muitas histórias em quadrinhos tendem a firmar-se em estereótipos para melhor fixar as características de um personagem junto ao público. Este tipo de representação traz em si uma forte carga ideológica, reproduzindo os preconceitos dominantes na sociedade. (2009, p. 53).

A linguagem dos quadrinhos, como toda forma de comunicação de

massa, não é isenta, ela serve a interesses ideológicos do capitalismo e

normalmente reproduz preconceitos sociais.

Apesar da apresentação escrita, as histórias em quadrinhos

representam a linguagem oral para expressar a fala e pensamento dos

personagens (balões próximos à cabeça dos personagens que falam) e voz do

narrador (retângulo no canto superior esquerdo do quadrinho). Os sons

também são representados pelas onomatopéias, que são sinais que

representam ou imitam um som por meio de caracteres alfabéticos por

exemplo: co-co-có-ri-có (canto do galo), BUM! (explosão), Splash (queda na

água), Rring! Rring! (telefone), Smack (beijo), etc.

DA TEORIA PARA A PRÁTICA

Para iniciarmos efetivamente nosso trabalho, entregamos aos alunos um

texto: oralidade nas histórias em quadrinhos e orientamos para que fizessem

leitura silenciosa, depois cada aluno leu um parágrafo, alternados com

comentários e explicações levando-os a compreender a dinâmica das histórias

em quadrinhos que, por meio de balões, mistura imagens, textos, palavras,

levando o leitor a ouvir as falas em sua mente enquanto lê, criando

características específicas para cada personagem

Segundo Vergueiro (2009) acontece com muita frequência,

reclamações, quando as histórias em quadrinhos são transformadas em filmes

ou em peças teatrais, pois as pessoas dizem não reconhecer as falas das

personagens. Isto acontece porque, a dinâmica de apresentação das histórias

em quadrinhos, por meio dos balões, mistura imagem, texto, palavra, levando o

leitor a ouvir as falas em sua mente enquanto lê criando características

específicas para cada personagem.

Page 7: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

6

Dentro do tema escolhido: Reconhecimento das Variações Linguísticas

Via Histórias em Quadrinhos. Destacamos como nosso objetivo, trabalhar mais

efetivamente a oralidade e a diversidade linguística em sala de aula, pois, a

variedade linguística fica mais evidente na oralidade e é através dessa

oralidade que acontecem os preconceitos que classificam as pessoas pela

forma como se comunicam. Fazendo uso das histórias em quadrinhos,

principalmente as histórias do Chico Bento de Maurício de Souza, pretendemos

mostrar a importância de se reconhecer as mais diversas formas de

comunicação oral e de se adquirir, na escola, a forma de comunicação mais

prestigiada socialmente para que se possa ter escolha de uso em situações

formais e/ou informais.

As histórias em quadrinhos são propícias para se trabalhar adequação

de linguagem, variação e preconceito linguístico, aspectos próprios da língua

falada, compreensão de sentidos por meio de um contexto, coesão e coerência

e por fim, os elementos visuais presentes nas histórias em quadrinhos que são

muito importantes para a compreensão de contexto e sentido: alegria, medo,

indiferença podem ser compreendidos independentemente do texto escrito.

Após a leitura e os comentários entregamos uma revista em quadrinhos

para cada aluno (Turma da Mônica, Chico Bento, Pato Donald, Tio Patinhas,

Urtigão, Zé Carioca e outras) percebemos que alguns alunos nunca tinham lido

revista em quadrinhos, outros demonstraram familiaridade, mas o interesse

ficou claro, quando terminou o tempo de leitura, alguns pediram para continuar

lendo em outras aulas, outros pediram emprestado para levar para casa. A

orientação era que, todos deveriam ler pelo menos uma das histórias, das

revistas recebidas. Marcamos um tempo e chamamos a turma para a

discussão das leituras. Todos puderam falar sobre seu personagem, principais

características e um pouco da história lida. Aproveitamos para chamar à

atenção sobre as variedades linguísticas representadas nos textos lidos

Para descontrair, apresentamos um vídeo na TV pendrive: com imagens

de Chico Bento, personagem de Maurício de Souza, os alunos assistiram as

cenas de Chico Bento e cantaram juntos a música que remete à vida simples

do interior.

No final da aula, organizamos a turma em duplas e distribuímos algumas

questões para que realizassem entrevistas. Cada dupla deverá entrevistar pelo

menos quatro pessoas de escolaridade e profissões diferentes. A entrevista

Page 8: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

7

deveria ser registrada em formulário e/ou gravada, para apresentação na

próxima aula. Questões anexo I.

Os objetivos da entrevista foram observar a forma de falar das pessoas,

associando escolaridade à forma de expressão oral e exercitar a oralidade em

sala de aula, apresentando para a classe, de forma oral, o resultado de seu

trabalho.

A maioria dos(as) alunos(as) escreveu as respostas dadas no

formulário, alguns poucos, gravaram em seus celulares. Na apresentação

ficou claro, que o nível de escolaridade influencia de forma direta na maneira

de falar das pessoas. Além das apresentações das entrevistas, os alunos

foram questionados para que falassem de sua impressão sobre a manifestação

oral das pessoas entrevistadas. Os alunos que trouxeram as entrevistas

gravadas contribuíram muito para que pudéssemos identificar alguns vícios de

linguagem, como “daí, né, tipo assim”, presentes até mesmo na fala de

pessoas com mais escolaridade. Aproveitamos também o momento da

apresentação dos alunos (oralmente) para reforçar o cuidado com a linguagem

adequado-a ao contexto, neste caso sala de aula, falando para os colegas e

para a professora.

No segundo momento, distribuímos aos alunos um texto para leitura e

interpretação: Origem das Histórias em Quadrinhos. O texto traz informações

sobre o surgimento das histórias em quadrinhos no mundo e primeiras

manifestações no Brasil, principais autores, primeiros personagens, contextos

em que foram criados e o sucesso que alguns desses personagens fazem até

hoje. Além disso, o texto relata momentos de sucesso e momentos de crise

vividos pelos criadores até a década de 90, quando acontece o grande “bum”

das histórias em quadrinhos com o surgimento da cor computadorizada.

Quadrinhos no Brasil

No Brasil, o precursor das histórias em quadrinhos, foi Angelo Agostini4

com a publicação de Cenas da escravidão durante a campanha abolicionista,

as cenas, em 14 ilustrações fazem referência aos passos da paixão de Cristo,

retratando cenas de tortura a que eram submetidos os escravos cativos, depois

surgiram outros personagens como: Nhô Quim, Zé Caipora publicados nas

4 Angelo Agostini- em 1869 escreveu As Aventuras de Nhô Quim, considerada uma autêntica História em Quadrinhos

Page 9: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

8

revistas Dom Quixote e Tico-Tico. Em 1930 chegam ao Brasil as histórias

americanas. Em 1939, Roberto Marinho lançou o Gibi, nome que passaria a ser

sinônimo de revista em quadrinhos.

Em 1960 começam a ser publicadas no Brasil as histórias da Disney e

surgem novos personagens brasileiras como: Pererê, de Ziraldo, Gabola, de

Peroti, Sacarrolha, de Primaggio e toda a série de personagens de Maurício de

Souza.

A partir da leitura do texto, questionamos os alunos sobre as leituras

presentes em suas casas, se os pais leem, se compram livros e revistas,

jornais, se compram revistas de histórias em quadrinhos.

Após a interação oral entregamos algumas questões para compreensão

e discussão sobre personagens relatados nos textos que são conhecidos e

fazem sucesso até hoje. Propusemos que conversassem com pais, tios, avós,

enfim, pessoas mais velhas, sobre personagens de histórias em quadrinhos

conhecidas. Solicitamos que trouxessem revistas antigas que encontrassem

em casa para montarmos um mural com capas de revistas antigas e atuais.

. Alguns alunos não realizaram a tarefa, outros conversaram com pais,

avós ou tios e descobrimos que a maioria dos adultos sabatinados, teve sua

fase de leitor de “gibi”. Alguns trouxeram revistas antigas que tiveram suas

capas xerocadas para fazer parte de um mural: histórico sobre os quadrinhos

no Brasil e no mundo.

Continuamos o trabalho com a oralidade através das histórias em

quadrinhos, a partir de agora, nosso foco serão personagens criados por

Maurício de Souza, com enfoque especial na Turma do Chico Bento.

Apresentamos aos alunos um texto sobre a trajetória de Maurício de

Souza, um dos mais famosos caricaturistas do Brasil, criador da Turma da

Mônica.

Maurício começou a desenhar em 1959, quando uma história sua, Bidu,

sua primeira personagem foi publicada num jornal. Bidu e seu dono Franginha,

foram as primeiras personagens da Turma da Mônica.

A personagem Mônica, foi criada em 1963 e passou a ilustrar o

suplemento infantil do Estado de São Paulo que até hoje publica tirinhas de

Turma da Mônica. A revista da Mônica foi lançada em 1970 e já foi publicada

Page 10: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

9

pela Editora Abril e Editora Globo e desde 2007 é publicada pela Editora Panini

Comics.

Dentre as inúmeras personagens criadas por Maurício de Souza, está a

Turma do Chico Bento que representa uma turma de crianças vivendo num

meio rural, típico de cidades pequenas.

Após a leitura silenciosa do texto. Procedemos a leitura em voz alta, com

interrupções para comentários de esclarecimento, as contribuições dos alunos

foram enriquecedoras. Para melhor compreensão, entregamos a cada

aluno(a) uma revista de Maurício de Souza para que escolhessem uma das

histórias para leitura, em seguida comentamos sobre as personagens que

apareceram nas histórias lidas, distribuímos uma folha impressa com

atividades, para serem respondidas individualmente, a partir da escolha de

uma personagem da revista que tinham em mãos

Após a escolha da personagem (com características humanas),

deveriam escrever sobre: aparência, local onde vive, condição social, com

quem interage na história e forma de falar (expressão oral). O objetivo dessa

atividade é avaliar a capacidade de observação e descrição, atendo-se aos

fatos, sem julgamento.

A principal dificuldade encontrada nessa atividade foi fazê-los parar de

ler para fazer as atividades, a ideia central era, ler uma história e escolher um

personagem para desenvolver a atividade, mas não foi possível, precisamos

esperar que lessem toda a revista para só então continuar as atividades.

Alguns precisaram de ajuda para identificar, através da apresentação no

história, a condição social em que vive a personagem escolhida.

Terminada a atividade, socializamos oralmente, escolhendo

personagens para que não ficasse repetitivo, por exemplo: alguém que

escolheu a personagem Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento.

Importante observar que no trabalho com oralidade, há uma grande dificuldade

para que se ouça o outro, percebe-se a falta de preparo para manifestações

orais, principalmente quando quem fala é o colega.

ENSINANDO COM QUADRINHOS

Page 11: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

10

Os textos e as personagens das histórias em quadrinhos, segundo

Vergueiro (2009), podem ser propícios para trabalhar uma variedade de

conteúdos, entre eles:

Adequação de linguagem, em determinada situação se faz necessário o

uso mais próximo da norma culta para escrever ou falar, em outras mais

descontraídas, utilizamos uma linguagem mais informal (p.66-68);

Variação e preconceito lingüístico, a língua não é estática e nem

homogênea assim como as pessoas vivem em regiões diferentes, têm situação

econômica diferentes, pertencem a grupos diferentes, têm idades e níveis de

escolaridade diferentes também a forma de comunicação varia muitas vezes

levando ao preconceito classificando as pessoas como quem usa a forma

linguística “certa” ou “errada”(p.68-73);

Fala e escrita, não são dicotômicas5, mas vistas como complementares,

nos quadrinhos o texto representa a escrita e o uso dos balões representam o

discurso direto ou seja a oralidade (p.73-75);

Aspectos da oralidade, a língua falada possui aspectos próprios e

acontece num processo de interação em que duas ou mais pessoas dialogam

respeitando turnos, muitas vezes acompanhada de expressões próprias da

oralidade, tipo assim, daí, etc.( p.75-76);

Compreensão de sentidos por meio do contexto, muitas palavras só

podem ser compreendidas dentro de um contexto (p. 78-79);

Coerência, coesão, nas histórias em quadrinhos, principalmente nas de

humor, às vezes o texto é incoerente (de propósito) do ponto de vista normativo

mas, é justamente aí que está a graça da piada. Da mesma forma, a coesão

(amarração das diversas partes do texto) acontece nos quadrinhos da mesma

forma que nas demais produções textuais (p.80-83).

E por fim, os recursos de expressão visual p.83-84, presentes nas

histórias em quadrinhos são muito importantes para compreensão de contexto

e sentido: alegria, medo, indiferença podem ser compreendidos independente

do texto escrito.

5 Divisão em dois; bipartição

Page 12: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

11

Como podemos perceber, temos um material de fácil acesso, que

oferece inúmeras possibilidades de apoio didático para as aulas de língua

portuguesa, só precisamos. Afastar o preconceito e criar nosso próprio estilo.

A ORALIDADE COM CHICO BENTO

O passo seguinte é trabalharmos mais especificamente a personagem

Chico Bento, entregamos aos alunos o texto: Quadrinhos do Chico Bento que

foi lido, primeiro silenciosamente e depois em voz alta por um aluno. O texto

relata que Chico Bento foi criado em 1961 inspirado em um tio-avô de Maurício

de Souza, a primeira revista foi lançada em agosto de 1982 e que, antes disso,

Chico Bento já aparecia nas tirinhas de Hiroschi e Zezinho ( Hiro e Zé da

Roça).

A personagem, Chico Bento, vive com seus pais seu Bento e dona

Cotinha, mora num sítio no interior de São Paulo, anda descalço, usa chapéu

de palha, tem uma avó chamada Dita que lhe conta histórias. Fazem parte de

suas histórias sua namorada Rosinha, seus amigos Zé da Roça e Hiro, seu

anjo da guarda Zé Lelé, seu primo da cidade, sua professora, dona Marocas e

Nhô Lau, o dono das goiabas mais gostosas da região.

Após a leitura, realizamos atividades para compreensão do texto,

questionando, quem serviu de inspiração para a criação da personagem de

Chico Bento? Em que local acontecem a maioria das histórias? Que tipo de

linguagem predomina nas histórias do Chico Bento? Que leituras podemos

fazer dos balões?

OUVINDO UMA HISTÓRIA

Para continuamos nosso estudo sobre oralidade e variedade linguística

apresentamos um vídeo que mostra uma história em quadrinhos com

movimento e som. Assistimos uma vez, apenas para nos divertirmos com a

história e uma segunda vez, para observamos o modo de falar das

personagens, o local onde se passa a história, e a mensagem implícita.

Page 13: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

12

Trazer o vídeo foi uma forma de ilustrar a aula e mostrar que há várias

formas de se apresentar um texto. A transformação de uma história escrita em

filme facilita para quem tem resistência à leitura. No caso das histórias em

quadrinhos, diferente de outros textos escritos, a apresentação em forma de

vídeo, apenas dá movimento e voz aos personagens, mantendo-se fiel ao texto

escrito que já tem características de oralidade.

Em seguida, entregamos para cada aluno a cópia de uma história da

Turma do Chico Bento: Chico Bento em O que é a NATUREZA! Fizemos cópia

colorida para manutenção de todos os detalhes da história, suprimimos apenas

as falas para que eles criassem os diálogos. A história acontece, no sítio tendo

como personagens Chico Bento, Zé Lelé e uma porção de animais.

Não foi uma atividade muito fácil, alguns tiveram bastante dificuldade

para começar, propusemos então, que formassem duplas e, juntos

conversassem e tentassem entender a história. Deixei livre para que

escolhessem o(a) colega que tivessem mais afinidade. Foi uma boa estratégia,

as histórias ficaram parecidas porém mais ricas em detalhes.

É evidente que ninguém escreveu a história exatamente como a original,

mas chegaram bem próximos. Atividade concluída, deixamos livre para quem

quisesse ler o que havia escrito, para os colegas, alguns fizeram a leitura e em

seguida, recolhemos os trabalhos e procedemos à leitura da história original

escrita por Maurício de Souza (Chico Bento número 106, Editora Globo )

apenas para ilustrar.

Lendo as produções dos alunos percebemos que alguns escreveram

fazendo uso da norma padrão ignorando o tipo de personagem representado,

porém a grande maioria demonstrou ter compreendido o tipo de linguagem

utilizada naquele contexto, com aquelas personagens, escreveram fazendo uso

do “caipirês”.

A próxima atividade pretende familiarizá-los mais com as histórias do

Chico Bento, para isso, entregamos a cada um uma revista do Chico Bento

para que lessem. Durante a leitura observamos que alguns leram rapidamente

a sua revista e trocaram para ler também a do colega já outros demonstraram

pouco interesse e escolheram para ler, apenas as histórias mais curtas. Essa

atividade é preparatória para a escolha de uma história para ser representada

em forma de teatro de fantoches.

Page 14: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

13

TEATRO DE FANTOCHES

Para essa atividade, mandamos confeccionar fantoches da Turma do

Chico Bento: Chico Bento, Rosinha, Zé Lelé e o Primo da cidade, levamos para

a sala de aula também, a família de fantoches: mãe, pai, filho, filha, avô, avó

disponíveis na escola. Apresentamos o material juntamente com o cenário

(casinha) onde seriam encenadas as histórias.

No primeiro momento, todos queriam manusear os fantoches, andaram

pela sala, brincando, inventando falas, fazendo “caras e bocas”, deixamos um

tempo para esse primeiro contato e em seguida, recolhemos todo o material e

organizamos a sala para a atividade.

A ideia era formarmos nove grupos, com quatro elementos em cada

grupo, porém tivemos que ceder a alguns grupos que queriam ficar em cinco,

outros só em três, temos também nessa turma, uma aluna especial que pouco

se comunica com a turma, conseguimos que uma colega fizesse o trabalho

com ela (dupla).

Grupos formados, novamente entregamos as revistas em quadrinhos

para que lessem e escolhessem uma história para ser apresentada com a

utilização dos fantoches. A atividade foi demorada porque foi necessário que

lessem várias histórias para escolher a mais adequada para a apresentação,

algumas eram muito complexas com muitos personagens, outras muito

simples, muito curtas.

Com as histórias escolhidas, o próximo passo foi adaptar para a

apresentação, escolher quem vai manusear os fantoches e quem vai

apresentar as falas. Durante o trabalho circulamos pelos grupos, sugerindo,

incentivando e motivando alguns alunos que, como em todas as atividades,

demonstram pouco interesse. Na segunda aula, fomos para o salão nobre da

escola, optamos por levá-los ao salão para criar o clima de teatro, palco e

platéia e também o uso do microfone. Lá, os alunos puderam preparar o

material necessário e usar o cenário para ensaiar. Alguns grupos já quiseram

apresentar, deixamos livre, alguns repetiram para ganhar segurança na

apresentação. Na próxima aula, todos os grupos deverão apresentar em forma

de teatro, a história por eles escolhida.

As apresentações com os fantoches foram um momento lúdico bem

importante para se observar as manifestações de oralidade. Atrás de uma

Page 15: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

14

cortina, e falando através de um boneco os alunos puderam esquecer um

pouco a timidez e alguns imitaram o jeito de falar “caipirês” do Chico Bento, da

Rosinha e do Zé Lelé. A aluna com dificuldade de comunicação participou

manuseando o fantoche, enquanto sua colega fazia as falas das personagens.

Um dos objetivos de se trabalhar oralidade é munir o aluno de

conhecimentos linguísticos que o deixem seguro para expressar-se diante dos

colegas ou de um grupo desconhecido. Para isso, depois das apresentações

para os colegas de classe, chamamos turmas de alunos das quintas séries

para que também assistissem as apresentações. Essas foram as melhores

apresentações, o que nos leva a observar que, a repetição não é ruim e em

educação é através dela que melhoramos nossa performance, é assim com a

oralidade e também com a escrita.

Havíamos planejado desenvolver o projeto todo em dez aulas, porém as

apresentações com os fantoches exigiram um pouco mais de tempo. Entre a

adaptação da história, ensaios e apresentações foram utilizadas 4 horas aula,

mas valeu a pena, os grupos capricharam nas apresentações e na escolha das

histórias.

SEMINÁRIO

Para finalizar, também no salão nobre, realizamos um seminário6. O

assunto proposto, para completar nosso trabalho foi: Oralidade e Variação

Linguística O seminário faz parte dos gêneros textuais, que têm como foco a

oralidade, e é realizado através a exposição oral de um conteúdo específico

que se pretende transmitir. Pode ser apresentado em grupo ou individualmente

e deve considerar: domínio do assunto pelo expositor, preparo de um esquema

básico com as informações mais importantes que irão orientar a fala, utilização

de recursos audiovisuais, uso da linguagem padrão e cuidado com a

articulação das palavras e tom de voz.

Os alunos receberam as orientações e o esquema básico para

apresentação de um seminário e também as questões sobre as quais deveriam

se manifestar durante o seminário. No dia da apresentação, foram colocados

6 Sessão doe estudos em grupo com debate da matéria exposta por cada participante.

Page 16: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

15

em círculo e cada um pode expor sobre as questões que haviam previamente

recebido. Questões em anexo II

No esquema da distribuição das questões, três ou quatro alunos falavam

sobre a mesma questão confirmando ou discordando em suas falas, levando o

grupo todo a refletir sobre o assunto. Concluímos o seminário com comentários

reforçando a importância de se ter cuidado com nossa forma de expressão

oral, priorizando o uso da linguagem padrão, a compreensão e o respeito à

forma de falar das pessoas com quem convivemos.

CONCLUSÃO

Durante o desenvolvimento do projeto constatou-se a importância do

trabalho com a oralidade, que apesar de ser considerada um dos domínios

prioritários do ensino de Língua Portuguesa, é pouco trabalhada em sala de

aula, refletindo assim, na dificuldade de expressão oral dos alunos. O objetivo

foi oferecer ao aluno a possibilidade de acesso aos gêneros orais,

considerando as variações linguísticas, identificando as marcas de oralidade e

oportunizando o conhecimento necessário para o domínio da variedade padrão

e os diferentes usos da linguagem, nos mais diversos contextos.

Para atingir os objetivos fez-se uso de gêneros orais como entrevista,

teatro de fantoches e seminário utilizou-se como apoio didático as histórias em

quadrinhos. Segundo Vergueiro (2009), os textos e as personagens das

histórias em quadrinhos são propícios para trabalhar uma variedade de

conteúdos, entre eles: adequação de linguagem, variação e preconceito

linguístico, fala e escrita, aspectos da oralidade, coesão e coerência. O material

é de fácil acesso e oferece inúmeras possibilidades de apoio didático para as

aulas de Língua Portuguesa.

Além disso, o trabalho com os gêneros orais como entrevista, teatro de

fantoches e seminário fortaleceram a confiança na oralidade. O trabalho com

esses e/ou outros gêneros orais poderá capacitar os alunos para que façam

uso da linguagem oral nos mais diversos contextos.

Page 17: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

16

É responsabilidade da escola e mais especificamente do professor de

Língua Portuguesa trabalhar a oralidade junto com a escrita, considerando-as,

não como dicotômicas, mas dando a cada uma a devida importância. Os

mesmos cuidados que se têm com a escrita, deve-se ter com a oralidade,

considerando, língua padrão, variedades linguísticas e contexto de uso.

Faz-se necessário, portanto, colocar o aluno em contato com os gêneros

orais em todos os anos do Ensino Fundamental e também do Ensino Médio, só

assim, teremos alunos capazes de ter: discurso próprio, argumentos

sustentáveis e aptos a fazer uso da linguagem como forma de integração

social, sendo capazes de adaptar seu discurso aos diferentes contextos com os

quais venha a se deparar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN/VOLOSHINOV, Mikhail. Os gêneros do discurso: problemática e definição. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 279-236.

Page 18: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

17

___________________________. Estética da Criação Verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. 3ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BARBOSA, Alexandre. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2009.

LOUZADA, Ana Maria. Linguagem, mediação pedagógica e apropriação do conhecimento. Revista Presença Pedagógica. Belo Horizonte, v.10 n. 57, 2004.

MACEDO, Maria do Socorro Nunes, MORTIMER, Eduardo Fleury. Interações orais nas práticas de letramento na sala de aula. Revista Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v.10 n.56, 2004.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para a Escrita: Atividades de Retextualização. 1 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2001,

MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa – Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília/DF. 1998.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná/ Ensino de Língua Portuguesa. Curitiba/PR, 2006.

SCHNEUWLY, Bernard, DOLZ, Joaquim. Gêneros Orais e escritos na Escola. São Paulo: Mercado das Letras, 2007

Anexo I

a) Qual seu nome completo e qual é sua idade?

b) Qual sua profissão e qual sua escolaridade?

Page 19: A ORALIDADE NA ESCOLA - diaadiaeducacao.pr.gov.br · A ORALIDADE NA ESCOLA Bernardet Barancelli Valenga1 Orientadora: Ms. Solange Aparecida de Oliveira Collares2 ... (orais ou escritos)

18

c) Descreva seu trabalho.

d) Em sua opinião, o estudo pode melhorar a vida das pessoas? Por quê?

e) Transcreva algumas falas dos(as) entrevistados(as), observando recursos

usados na oralidade.

Anexo II

1.Que tipo de linguagens usamos para nos comunicarmos uns com os outros?

2.Quais as diferenças que podemos perceber entre a fala e a escrita?

3.Como reconhecemos que alguém escreve bem?

4.Como reconhecemos que alguém fala certo?

5.Existe certo e errado em relação à fala e à escrita?

6.Por que é importante escrever bem e falar bem (norma padrão)?

7.Como falam as pessoas mais bem consideradas no meio social?

8.Comente: “Toda fala tem uma razão de ser, não é para rir é para conhecer”

9.As pessoas que conhecemos falam sempre da mesma maneira?

10. Analisemos a fala de alguém que conhecemos bem, seu pai ou sua mãe,

por exemplo, como convidariam alguém para almoçar?

- O chefe ou superior no trabalho?

- Um(a) amigo(a)?

- Um filho(a) que acabou de chegar da escola?

11.Conhecer bem nossa língua, escrita (normas) e falada, fará diferença em

nossas vidas. De que forma podemos aprender mais?