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0 A PLURIATIVIDADE COMO ESTRATÉGICA DE SOBREVIVÊNCIA NA AGRICULTURA FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO APLICADO NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ (SC) 1 Joicilane Bianchi UNOCHAPECÓ, e-mail: [email protected] Rosemari Fátima Orlowski- UNOCHAPECÓ, e-mail: [email protected] 1 INTRODUÇÃO No Brasil existem aproximadamente cinco milhões e meio de estabelecimentos agrícolas. Conforme dados do IBGE (2006) 85% deles, ou seja, cerca de quatro milhões e meio, são estabelecimentos que praticam a agricultura familiar. Para Abramovay (1992), a primeira imagem que tida quando se falava em agricultura familiar era de propriedade bastante pobre, habitado por muita gente e trabalhando com instrumentos tecnicamente precários, demonstrando o visível preconceito sofrido por esse grupo de grande importância social e econômica. Esta visão, no entanto não pode de todo ser negada, pois se sabe que continua existindo pobreza no meio rural e esta geralmente está associada à agricultura familiar, pois em muitos casos, o fato de desenvolver apenas atividades ligadas à agropecuária em pequena escala, onde a mão de obra utilizada condiz com a quantidade de membros residentes, faz com que a agricultura familiar não se torne competitiva em relação às grandes propriedades com estímulo a riqueza, mas sim para a sobrevivência. A pouca geração de renda e a descapitalização da agricultura familiar, são um problema que causa a diminuição deste segmento, fazendo com que membros da família saiam em busca de renda fora da propriedade para ajudar a manter a sobrevivência do grupo familiar. Nestes casos, o grupo familiar continua residindo no meio rural enquanto outros passam a se deslocar diariamente para desenvolver outras atividades, fora da propriedade. Este tipo de trabalho para incremento na renda e para garantir sua subsistência no campo é chamado de pluriativo. A necessidade de buscar alternativas para compor a renda das famílias de agricultores, é uma realidade que também se observa no município de Chapecó (SC). O município faz parte 1 Este artigo é parte da Monografia de Conclusão do Curso em Ciências Econômicas ‘A Pluriatividade como Estratégica de Sobrevivência na Agricultura Familiar: um estudo de caso na área distrital do Município de Chapecó (SC), elaborado pela acadêmica Joicilani Bianchi sob orientação da Prof. Rosemari Fátima Orlowski.

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A PLURIATIVIDADE COMO ESTRATÉGICA DE SOBREVIVÊNCIA NA

AGRICULTURA FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO APLICADO NO MUNICÍPIO

DE CHAPECÓ (SC)1

Joicilane Bianchi – UNOCHAPECÓ, e-mail: [email protected]

Rosemari Fátima Orlowski- UNOCHAPECÓ, e-mail: [email protected]

1 INTRODUÇÃO

No Brasil existem aproximadamente cinco milhões e meio de estabelecimentos

agrícolas. Conforme dados do IBGE (2006) 85% deles, ou seja, cerca de quatro milhões e

meio, são estabelecimentos que praticam a agricultura familiar. Para Abramovay (1992), a

primeira imagem que tida quando se falava em agricultura familiar era de propriedade

bastante pobre, habitado por muita gente e trabalhando com instrumentos tecnicamente

precários, demonstrando o visível preconceito sofrido por esse grupo de grande importância

social e econômica. Esta visão, no entanto não pode de todo ser negada, pois se sabe que

continua existindo pobreza no meio rural e esta geralmente está associada à agricultura

familiar, pois em muitos casos, o fato de desenvolver apenas atividades ligadas à agropecuária

em pequena escala, onde a mão de obra utilizada condiz com a quantidade de membros

residentes, faz com que a agricultura familiar não se torne competitiva em relação às grandes

propriedades com estímulo a riqueza, mas sim para a sobrevivência.

A pouca geração de renda e a descapitalização da agricultura familiar, são um problema

que causa a diminuição deste segmento, fazendo com que membros da família saiam em

busca de renda fora da propriedade para ajudar a manter a sobrevivência do grupo familiar.

Nestes casos, o grupo familiar continua residindo no meio rural enquanto outros passam a se

deslocar diariamente para desenvolver outras atividades, fora da propriedade. Este tipo de

trabalho para incremento na renda e para garantir sua subsistência no campo é chamado de

pluriativo.

A necessidade de buscar alternativas para compor a renda das famílias de agricultores, é

uma realidade que também se observa no município de Chapecó (SC). O município faz parte

1 Este artigo é parte da Monografia de Conclusão do Curso em Ciências Econômicas ‘A Pluriatividade como

Estratégica de Sobrevivência na Agricultura Familiar: um estudo de caso na área distrital do Município de

Chapecó (SC)’, elaborado pela acadêmica Joicilani Bianchi sob orientação da Prof. Rosemari Fátima Orlowski.

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da região Oeste Catarinense que destaca por apresentar uma grande diversificação produtiva,

voltada para a produção de alimentos, porém, a baixa rentabilidade e descapitalização das

propriedades, trás problemas como o êxodo rural ou, está fazendo com que parte dos

membros do grupo familiar passem a se dedicar a pluriatividade.

Neste sentido, o presente estudo busca identificar e analisar a pluriatividade enquanto

estratégia de sobreviência de agricultores familiares, residentes no Distrito de Sede Figueira,

município de Chapecó (SC). O estudo foi desenvolvido tendo como método de abordagem o

indutivo, que segundo Gil (2002) se caracteriza por partir do particular e coloca a

generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particular. Os dados

primários foram obtidos em pesquisa de campo através de aplicação de questionários. A

definição do tamanho da amostra, considerou um total de 114 famílias residentes nas linhas

Arvoredo, Sede Figueira e União da Serra. Para um erro amostral de 10,5%, a amostra total

foi composta por 50 famílias.

O artigo inicia com a introdução, na sessão dois trás a caracterização da agricultura

familiar e da pluriatividade, bem como uma breve contextualização da agricultura familiar no

Oeste Catarinense e uma caracterização do município de Chapecó. No item três são

apresentados e analisados os resultados da pesquisa de campo e por último as considerações

finais.

2 AGRICULTURA FAMILIAR E PLURIATIVIDADE

2.1 Agricultura Familiar

No período recente, a expressão “agricultura familiar” vem ganhando legitimidade

social e científica no Brasil, passando a ser utilizada com crescente frequência nos discursos

dos movimentos sociais rurais, pelos órgãos governamentais e por segmentos do pensamento

acadêmico, especialmente pelos estudiosos das Ciências Sociais que se ocupam da agricultura

e do mundo rural (SCHNEIDER, 2005).

Todavia, o resgate analítico do sentido acadêmico, político e social da questão agrária e

do estudo das sociedades e grupos que atualmente vivem fora das cidades não se assentam

mais sobre as mesmas bases do passado, quando ao abordar esse tema implicava usualmente

discutir a produção agropecuária, os sistemas produtivos, o comércio e as trocas agrícolas, os

padrões tecnológicos e buscar saber quais eram os mecanismos que levariam os agricultores a

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se inserirem na economia de mercado. Embora muitos aspectos da questão agrária ainda não

tenham sido superados, nos dias atuais, a dicotomia campo-cidade não se resume a diferença

de classes e tampouco a meros problemas de política econômica. Neste extenso campo de

discussão, está inserida a agricultura familiar, com grande representatividade quanto à geração

de trabalho e renda, além de peculiaridades sociológicas que envolvem este grupo social.

Autores como Bittencourt (2000), Ganziroli; Cardin (2000), Schneider (2003) e Testa et

al (1996), falam que a agricultura familiar refere-se a um grupo social que compartilha um

mesmo espaço (não necessariamente uma habitação comum) e possui em comum a

propriedade de um pedaço de terra para cultivo agrícola. Está ligada por laços de parentesco e

consanguinidade (filiação), podendo a ele pertencer, eventualmente, outros membros não

consanguíneos. É no âmbito familiar que se discute e se organiza a inserção produtiva,

laboral, social e moral de seus integrantes, e é em função desse referencial que se estabelecem

as estratégias individuais e coletivas que visam garantir a reprodução do grupo.

Diante da necessidade de uma definição conceitual aceita por todos, e para fins de

referencia na elaboração de políticas públicas, o governo federal criou a Lei n° 11.326, de 24

de julho de 2006, onde se estabeleceram as diretrizes para a formulação da Política Nacional

da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, definindo-se que:

Art. 3o - Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar

rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes

requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do

seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas

ao próprio estabelecimento ou empreendimento;

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

Neste contexto a possibilidade dos agricultores familiares agregar valor aos seus

produtos, bem como melhorar a renda e as condições gerais de vida de suas famílias, podem

desencadear um processo de desenvolvimento local e regional.

Além da agricultura familiar, no caso brasileiro faz-se necessário um breve comentário

em relação à agricultura patronal. Enquanto a agricultura familiar destaca-se por sua produção

diversificada e predominância da mão-de-obra da própria família, ou seja, o agricultor produz

ao mesmo tempo diversos produtos, geralmente aliados a criação de animais, a agricultura

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patronal, destaca-se pela monocultura e mão-de-obra contratada e é caracterizada

principalmente pela produção extensiva e conduta empresarial da atividade.

Bittencourt (2000) destaca que entre os agricultores patronais também existem aqueles

originários dos agricultores familiares, que intensificaram seus sistemas de produção, mas

que, dispondo de mão-de-obra familiar insuficiente, passaram a contar com o auxílio de

empregados permanentes, embora continuem a se dedicar intensivamente ao trabalho e a

residir no imóvel.

2.2 Pluriatividade na Agricultura Familiar

Há alguns anos algumas alternativas passaram a ser utilizadas pelos agricultores

familiares, como formas de trabalho e renda, visando substituir a renda não mais conseguida

através das atividades tradicionais. Até meados da década de 1980 o termo part-time farming

(agricultura em tempo–parcial) e pluriactivité (pluriatividade) eram utilizados como

sinônimos pelos cientistas sociais. Segundo Schneider (2003), a principal controvérsia em

relação ao termo part-time farming refere-se à utilização do tempo de trabalho na propriedade

por parte do indivíduo ou da família, ao passo que a noção pluriactivité refere-se à

combinação de uma ou mais formas de renda ou inserção profissional dos membros da

família. Entretanto, cada uma dessas noções tem uma trajetória analítica particular.

Segundo Teixeira (1998), só recentemente, na década de 90, que alguns autores

recorreram às noções de agricultura de tempo parcial ou pluriatividade, para analisar a

complementaridade da renda familiar como mecanismo de estratégia de reprodução social, em

um contexto caracterizado pela integração dos mercados rurais e urbanos, modernas

estratégias de expansão industrial (interiorização e flexibilização do processo produtivo) e

novas relações de trabalho (terceirização e informalidade). Cabe acrescentar a interferência da

crescente urbanização do meio rural (moradia, turismo, lazer e outros serviços), a preservação

ambiental, e a proliferação dos sítios de recreio, marcados pela contemporaneidade da questão

ecológica e valorização da natureza.

A agricultura pluriativa ganhou espaço, onde alguns membros das famílias de

agricultores de pequenas propriedades, dada dificuldade de busca de renda na própria

propriedade saem em busca de renda fora dela, porém permanecendo na propriedade. Esse

sistema chamado de método pluriativo tem ajudado muito desses pequenos produtores, a

permanecerem em suas terras, além de permitir reconceituar à propriedade como uma unidade

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de produção e reprodução, não exclusivamente baseada em atividades agrícolas. As

propriedades pluriativas são unidades que alocam o trabalho em diferentes atividades, além da

agricultura familiar (home-based farming).

[...] A pluriatividade permite separar a alocação do trabalho dos membros da família de suas

atividades principais, assim como o trabalho efetivo das rendas. Muitas propriedades possuem mais

fontes de renda do que locais de trabalho, obtendo diferentes tipos de remuneração. A

pluriatividade, portanto, refere-se a uma unidade produtiva multidimensional, onde se pratica a

agricultura e outras atividades, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos

diferentes tipos de remuneração e receitas (rendimentos, rendas em espécie e transferências).

(FULLER, 1990, p. 367).

Os estudos de Baumel Basso (2004, p.139) defendem a tese da pluriatividade, na busca

do desenvolvimento da agricultura familiar:

A pluriatividade se estabelece como uma prática social, decorrente da busca de formas alternativas

para garantir a reprodução das famílias de agricultores, um dos mecanismos de reprodução, ou

mesmo de ampliação de fontes alternativas de renda; com o alcance econômico, social e cultural da

pluriatividade as famílias que residem no espaço rural, integram-se em outras atividades

ocupacionais, além da agricultura.

A pluriatividade nada mais é do que a diversificação das atividades rentáveis do

negócio. É através dela que os membros das famílias de agricultores, que residem no meio

rural, optam pelo exercício de diferentes atividades, ou ainda, optam pelo exercício de

atividades não agrícolas, mantendo a moradia no campo e uma ligação, inclusive produtiva,

com a agricultura e a vida no espaço rural. As características de uma família rural pluriativa,

são assim definidas:

Famílias pluriativas são aquelas em que algum dos membros que compõe o núcleo familiar exerce

um tipo de atividade considerada não agrícola. A distinção entre famílias pluriativas e famílias de

agricultores (não pluriativas) está assentada sobre o tipo de atividade que exercem os indivíduos

membros das famílias rurais. Assim, será considerada pluriativa aquela família em que pelo menos

um de seus membros estiver ocupado em atividade estranha à agricultura. (SCHNEIDER, 2003,

p.173).

Neste sentido a pluriatividade tem sido a alternativa encontrada por parte dos

agricultores familiares em busca por opções de renda para seu grupo social. O grupo familiar

continua residindo no meio rural e alguns de seus membros passam a se deslocar diariamente

para outras atividades, fora da propriedade, em busca de renda complementar.

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2.3 A agricultura Familiar na Região Oeste

O estado catarinense pode ser divido em diferentes regiões onde, em cada uma será

observado certas peculiaridades em relação à seus aspectos econômicos. A região do Oeste

Catarinense caracteriza-se por sua forte indústria agroalimentar, alicerçada historicamente na

agricultura familiar, tendo constituído o maior pólo agroindustrial de aves e suínos do país. O

modelo da agricultura familiar diversificada, voltada ao mercado e associada à agroindústria

serviu de base histórica para o crescimento econômico da região. Este modelo, aparentemente

‘vitorioso’, foi articulado pelo Estado, pelo setor agroindustrial e pelo segmento dos

agricultores familiares (FERRARI, 2003).

A região do Oeste Catarinense caracteriza-se por sua forte indústria agroalimentar,

alicerçada historicamente na agricultura familiar, tendo constituído o maior pólo

agroindustrial de aves e suínos do país. O modelo da agricultura familiar diversificada,

voltada ao mercado e associada à agroindústria serviu de base histórica para o crescimento

econômico da região. Este modelo, aparentemente ‘vitorioso’, foi articulado pelo Estado, pelo

setor agroindustrial e pelo segmento dos agricultores familiares (FERRARI, 2003).

O Oeste Catarinense, com 1,2 milhão de habitantes, dos quais 340 mil são residentes no

meio rural, caracteriza-se pelo predomínio da agricultura familiar diversificada voltada ao

mercado e integrada à agroindústria. Este modelo constituiu a base histórica do crescimento

econômico regional, propiciando a construção, em apenas cinco décadas, do maior parque

agroindustrial de suínos e aves da América Latina (TESTA et al, 1996). Embora existam

outras indústrias - metal-mecânica, moveleiras e outras -, o setor secundário é dominado pelas

indústrias agro alimentares e as atividades comerciais e de serviços estão direta ou

indiretamente ligadas à agropecuária, que constitui o núcleo dinâmico da economia regional.

Sua economia é profundamente dependente das atividades agrícolas e agroindustriais.

A partir do início dos anos de 1980, a agricultura familiar no oeste do estado, passou por

uma ruptura no campo econômico e no campo social que desencadeou um processo de

profunda crise. O modelo agroindustrial regional que historicamente serviu de base para o

desenvolvimento da região, começa a revelar os distintos interesses dos diversos atores sociais

em relação ao desenvolvimento regional e a agricultura familiar, implicando na necessidade

da construção de um novo modelo de desenvolvimento que incorpore as preocupações com a

sustentabilidade e equidade social (FERRARI, 2003).

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O aspecto mais forte deste processo de ruptura caracterizou-se pela exclusão de grande

número de agricultores das atividades integradoras junto às agroindústrias. As empresas

passaram a exigir produção em escala e utilização de tecnologias que, a maioria dos pequenos

proprietários tiveram recursos financeiros para colocá-las em prática. Desta forma, um

significativo número de agricultores foi obrigado a buscar alternativas para se manter nas

propriedades.

Considerando que as agroindústrias e cooperativas sinalizam com uma produção nas

propriedades maiores e melhor estruturadas, o futuro de uma parcela dos agricultores do

Oeste dependerá da sua capacidade de estabelecer inovações produtivas e organizacionais. As

mudanças na estrutura ocupacional indicam, para Santa Catarina, o decréscimo de pessoas

ocupadas em atividades estritamente agrícolas e o crescimento de ocupações em atividades

não-agrícolas, principalmente aquelas relacionadas com a indústria de transformação, da

construção civil e a prestação de serviços.

Um olhar mais atento, contudo, revelam que o estado catarinense apresenta uma grande

diversidade social e econômica entre as diferentes regiões e, em especial, na região oeste

catarinense, as oportunidades de trabalho em atividades não-agrícolas no meio rural ainda

apresentam-se bastante limitadas. Assim, a revitalização social e dinamização do espaço rural

do Oeste catarinense passam, ao mesmo tempo, por mudanças estruturais na questão da posse

e distribuição da terra; pela incorporação do grande número de jovens que demonstram o

desejo de continuar no meio rural e na agricultura, que possuem um conjunto de

conhecimentos e capacidades que devem ser valorizados; pela criação de novas oportunidades

agrícolas e não-agrícolas - visto a agricultura per si não ser capaz de atender a demanda de

trabalho e de renda da população rural; pelo reconhecimento e valorização das capacidades e

potencialidades locais pela própria sociedade que aí trabalha e vive; e por uma nova visão de

desenvolvimento rural, que permita construir as bases para a "cidadania" no campo, através de

investimentos em educação, saúde, infra-estrutura social e comunitária, e melhores condições

de moradia.

Porém, atualmente esse processo de desenvolvimento rural se encontra defasado, tendo

como um de seus principais indicadores o forte êxodo rural e regional, ou ainda, o curso de

um duplo fenômeno demográfico: ao mesmo tempo em que há uma migração do meio rural

para as cidades da região, especialmente para aquelas de maior porte, ocorre também um

processo de migração para outras regiões do país, sobretudo para as cidades do litoral

catarinense e para capitais de outros estados, como Porto Alegre, Curitiba e São Paulo. Os

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dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 (IBGE, 2011) indicam que neste período, a

população total do estado cresceu cerca de 16%, enquanto que a Região Oeste apresentou

aumento de pouco mais de 7%.

Cabe ressaltar também que, além do esvaziamento demográfico e o conseqüente

enfraquecimento econômico e político regional, a população que está migrando para outras

regiões do Brasil é majoritariamente composta por jovens, e dentre estes, os que possuem um

nível de instrução maior, conforme citado por pesquisa realizada por Silvestro et al (2001).

Este fenômeno migratório acelera ainda mais o empobrecimento e limita a construção de

opções de desenvolvimento regional, devido à perda de sua mão-de-obra mais qualificada

(DORIGON, 2004).

Isso revela que os indivíduos que antes viviam em propriedades rurais, principalmente

os jovens, estão saindo em busca de novas oportunidades, sendo esta principalmente

encontrada nos centros urbanos, dada disponibilidade de opção de atividades. No entanto

acredita-se que o incentivo a população de pequenos produtores para que estes permaneçam

no meio rural com maior qualidade de vida, é a pluriatividade, que auxilia na geração de

renda para a melhora da situação econômica e social dos agricultores familiares.

2.4 O município de Chapecó

Dentre as cidades que compõe a região Oeste, este estudo tem ênfase na cidade de

Chapecó, sendo o município pólo do oeste catarinense, com população de aproximadamente

183.000 habitantes (IBGE, 2011), tem uma das maiores expressões econômicas do estado.

Possuindo indústrias de grande porte instaladas em sua área, paradoxalmente, este importante

centro da grande capital industrial – sede da Sadia (BRF); dos produtos Aurora da

Cooperativa Central Oeste Catarinense - destaca-se por sua atuação em programas de

incentivos à constituição de pequenas unidades agroindustriais individuais ou associativas

localizadas no interior de suas comunidades rurais. O aumento no número de

estabelecimentos e a dinamicidade da economia têm proporcionado elevação no número de

empregos ofertados (FUJITA; MATIELLO; ALBA, 2009).

2.4.1 Aspectos socioeconômicos do município

A região Oeste Catarinense vem apresentando o menor crescimento populacional entre

todas as mesorregiões do estado, já Chapecó, cresce de acordo com sua dinâmica

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socioeconômica. Em 2007, a população absoluta contava com 164.803 habitantes; já para o

ano de 2010 o Censo do IBGE apontou para uma população de 183.000 habitantes.

Em relação à educação no município, existe um significativo número de instituições de

ensino superior, em torno de dez, dentre instituições de ensino técnico e superior. O que

aponta um indicativo de grande possibilidade de qualificação e atrativo, principalmente aos

jovens.

Segundo dados da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (2011), Chapecó é o

quarto em Santa Catarina em índice de industrialização. Com índice de 67%, Chapecó extrai

um PIB industrial a R$ 1,7 bilhão. O setor de serviços, segundo o IBGE, tem peso de 27,9%

na economia de Chapeco representando um PIB de 2,1 bilhões, sendo o oitavo em Santa

Catarina, e o setor Agropecuário com PIB de 80 milhões.

O município também se destaca em função das inúmeras oportunidades de ocupação,

oferecidas pela diversificada economia de Chapecó. No que se referem aos empregos gerados

no ano de 2010, os principais setores foram o da indústria de transformação, serviços e

comércio, conforme tabela 1.

Tabela 1 – Número de empregados por setores e por gênero, no Município de Chapecó,

em 2010

Setores Masculino Feminino Total

Extrativa Mineral 21 2 23

Indústria de Transformação 12.270 8.014 20.284

Serviços Industriais de Utilidade Pública 152 40 192

Construção Civil 5.440 406 5.846

Comércio 9.540 7.735 17.275

Serviços 10.301 8.859 19.160

Administração Pública 1.117 2.198 3.315

Agropecuária 808 342 1.150

TOTAL 39.649 27.596 67.245 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS (2010)

As grandes agroindústrias, privadas ou cooperativas têm sido as principais geradoras de

oportunidade de trabalho e renda, mas, apesar de seu inegável e fundamental papel econômico

e social, somente conseguem absorver a menor parte da força de trabalho e da capacidade de

produção dos agricultores e dos trabalhadores urbanos. Outra consideração a fazer é que, a

margem auferida ao longo das cadeias produtivas tem se concentrado nos setores secundário e

terciário, ou seja, na industrialização e na comercialização, destinando-se apenas pequeno

percentual aos que fornecem a matéria prima. Chapecó não se distancia desta realidade, dados

da Prefeitura Municipal (2011) quanto à participação dos setores na economia municipal,

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apontam que no ano de 2008, o setor primário participou com 7,35%, o secundário com

18,83% e o terceiro setor representou 73,83%.

Mesmo com a menor margem para o setor agropecuário, o município se destaca pelas

atividades relacionadas à agropecuária, contando com uma estrutura fundiária constituída

essencialmente por agricultores familiares que desenvolvem suas atividades em pequenas

propriedades. A tabela 2 identifica o tamanho das propriedades localizadas no município. Do

total de 1.791 estabelecimentos rurais, 97,08% são de caráter familiar, ou seja, possuem até 4

módulos fiscais2 (Lei 11.326/2006).

Tabela 2 - Estrutura Fundiária de Chapecó em 2010

Tamanho (ha) Número de propriedades % da área

Menos de 5 405 22,61

5 a menos 10 386 21,55

10 a menos de 20 480 26,80

20 a menos de 50 392 21,88

50 a menos de 100 76 4,24

100 a menos de 200 35 1,96

Acima de 200 17 0,96

TOTAL 1.791 100,00 Fonte: Elaboração própria com base em Prefeitura Municipal de Chapecó (2011)

Conforme Meister (2001), a agricultura familiar é determinante em Chapecó, a maioria

dos estabelecimentos rurais é familiar, cultivando os mais variados produtos para sua

subsistência e comercialização. A produção muitas vezes é em pequena escala, dado tamanho

das propriedades, por isso ocorre a exclusão das integrações e das grandes cooperativas,

porém, com alternativas de produção e comercialização estes produtores familiares se mantêm

no campo, mesmo com dificuldades.

Tabela 3 – Área plantada e quantidade produzida dos principais produtos agrícolas no

município de Chapecó, de 2001 a 2009 Produtos/ Área Plantada (ha) Quantidade Produzida (ton.)

2001 2003 2005 2007 2009 2001 2003 2005 2007 2009

Feijão 4.000 2.500 1.600 1.600 1.900 3.040 3.000 1.680 2.400 1.710

Fumo 254 338 337 222 650 459 598 750 900 819

Mandioca 150 150 150 200 250 2.700 2.700 1.620 3.600 4.500

Milho 12.000 12.610 13.200 12.800 11.800 39.000 61.230 45.500 68.100 56.480

Soja - 3.700 6.200 6.580 7.000 8.880 9.768 5.022 16.800 16.800

Trigo 1.400 2.000 1.610 2.300 3.500 1.200 1.620 5.520 4.313 8.400 Fonte: IBGE – Pesquisa Agrícola Municipal (2010).

Na tabela 3 observa-se que o produto de maior importância é o milho, cuja produção

está diretamente ligada à alimentação dos animais. Em segundo lugar está o cultivo de soja,

2 Segundo a Federação da Agricultura de Santa Catarina (FAESC), um módulo fiscal equivale à uma área de 20

ha.

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que vem ganhando espaço enquanto o feijão tem sua área de plantio reduzida em 52,50%

entre os anos de 2001 a 2009.

Segundo Carminatti (2005), são grandes os desafios para os pequenos agricultores, que

buscam o aumento da competitividade dos seus sistemas de produção, o qual passará

necessariamente pelo melhor, aproveitamento dos insumos disponíveis na propriedade,

diminuindo a dependência externa. Para isso, terá que desenvolver tecnologias adaptadas a

essa realidade, a qual só será possível através da criatividade, organização e assessoria técnica

ao agricultor.

Uma forma utilizada pelos agricultores para aumentar a produtividade, é a

diversificação, essa estratégia utilizada na região e válida também para o município de

Chapecó. A criação de animais (aves, suínos, bovinos, entre outros) está presente nas

propriedades, seja de forma comercial ou, voltadas à subsistência. Cabe salientar o

crescimento que vem sendo registrado na atividade leiteira, caracterizado pela venda e

remuneração mensal provida da venda do leite.

A necessidade de encontrar alternativas, acaba enfraquecendo os pequenos agricultores

que buscam em outras atividades, na maioria não-rural, uma forma de permanência na

propriedade, em muitos casos já não contam mais com a ajuda dos filhos. Estes, por sua vez

estão indo em busca de outras oportunidades profissionais, pois o meio rural não está sendo

mais atrativo pra os jovens, que se encontram em busca de educação qualificada e de trabalho

fora das propriedades familiares (CARMINATTI, 2005).

Assim, em muitos casos tem-se a pluriatividade como referência para estes jovens. A

pluriatividade na agricultura familiar não é um fenômeno recente, nem tampouco restrito a um

determinado lugar. As atividades não-agrícolas sempre fizeram parte das estratégias

familiares em diferentes contextos históricos e socioeconômicos, e em várias partes do

mundo. Porém nos tempos atuais apresenta características distintas e desempenha diversas

funções para auxilio na composição da renda familiar ou ainda para início de uma vida

profissional fora do meio rural.

3 RESULTADOS E ANÁLISES DA PESQUISA DE CAMPO

O presente estudo foi realizado em 3 comunidades (linhas Arvoredo, União da Serra e

Sede) localizadas no distrito de Sede Figueira, no município de Chapecó (SC). Nessas

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comunidades residem um total de 114 unidades famílias, das quais 50 foram entrevistadas.

Com sua economia voltada para a agricultura familiar, o distrito se caracteriza por pequenas

propriedades com predominância de atividades ligadas a produção de suínos, aves, sementes e

leite. Segundo IBGE (2000), a renda per capta no distrito naquele ano foi de R$ 543,34. No

entanto, em muitas famílias da localidade esse rendimento vem sendo alterado com a

realização de atividades pluriativas por parte dos seus membros, sendo estas atividades

desenvolvidas tanto na localidade quanto fora dela.

Das 50 famílias pesquisadas, foram identificados 199 indivíduos, sendo que 80 deles

praticavam algum tipo de atividade fora da propriedade. A partir destes dados foi possível

identificar a prática pluriativa em cada família, bem como as atividades desenvolvidas. Outra

importante informação levantada foi quanto à renda da família gerada apenas com as

atividades da propriedade e também a que tem origem na pluriatividade.

3.1 Caracterizações das Famílias

Ao questionar a idade dos entrevistados constatou-se que dentre os agricultores

familiares residentes na localidade (SC), 40% tem entre 41 e 50 anos de idade e 22% tem

entre 51 e 60 anos. Cabe salientar a pequena participação de jovens e idosos na propriedades,

destes 14% estão na faixa de idade de 19 e 30 anos, já os idosos representam apenas 12%

(pessoas com idade acima de 61 anos). O grau de escolaridade predominante entre os

entrevistados 43% deles, é 2º grau completo (Ensino Médio), seguido de ensino fundamental

com 29% dos entrevistados.

Na pesquisa, buscou-se a identificação do tamanho das famílias agricultoras.

Constatando que, em 30% das famílias possuem 2 filhos e que os mesmos permanecem na

propriedade. No entanto vale ressaltar que nesta porcentagem, os filhos na grande maioria

ainda estão em idade escolar. Das famílias questionadas, duas famílias não possuem nenhum

filho, e nove (18,00%) possuem apenas um e este permanece na propriedade.

Seguindo esta analise de caracterização das famílias, após identificado o número de

filhos que residem com as famílias nas propriedades, outra importante informação foi quanto

ao tempo de residência das famílias nas propriedades. Pode-se dizer que grande parte das

famílias já faz parte daquela comunidade há muitos anos, pois 44% dos entrevistados estão

nas propriedades entre 21 e 40 anos.

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Já em relação ao tamanho das propriedades, constatou que a grande maioria, ou seja,

64% residem em propriedades com até 5 hectares, conforma pode ser observado na tabela 4.

Tabela 4 – Tamanho das propriedades (ha)

Tamanho da propriedade (ha) Número de propriedades Part. (%)

Menos de 5 32 64

5 a menos de 10 11 22

10 a menos de 20 6 12

20 a menos de 50 1 2

TOTAL 50 100

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa (2011)

Isso nos dá o indicativo de que a comunidade é formada por propriedades muito

pequenas. Essas informações nos dão conta de que, no Município de Chapecó as propriedades

com menos de 10 ha representam 45,16% do total, já entre os entrevistados chega a 86,00%

das propriedades com menos de 10 ha de área. Nas propriedades, a atividade de maior

frequência entre as propriedades foi à criação de gado leiteiro, seguida da produção de milho,

criação de suínos e aves.

Tabela 5 – Principais atividades agropecuárias desenvolvidas nas propriedades

Atividades desenvolvidas na propriedade Frequência

Aves 7

Derivados de leite 3

Feijão 5

Gado de corte 4

Hortaliças 6

Leite 24

Milho 14

Ovos 2

Soja 5

Suínos 12

Outros 6 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa (2011)

Justifica-se como principal alternativa ser o leite, o rápido acesso a renda provida desta

atividade, pois como esta geralmente está integralizada a alguma empresa, o rendimento é

mensal, facilitando o produtor pela entrada mensal de recursos financeiros na propriedade.

Cabe salientar que foi as famílias poderiam indicar mais de uma atividade como resposta.

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A partir das atividades desenvolvidas, foram identificadas as propriedades que possuem

produção integrada a alguma empresa particular. Das propriedades entrevistadas apenas 14

famílias possuem integração, sendo a criação de suínos a atividade com maior participação,

presente em 8 propriedades, seguida da criação de aves que é desenvolvida em 4

propriedades.

Outra informação considerada importante foi em relação à assistência técnica, onde

constatou-se que apenas 19 famílias a possuem, sendo esta realizada pela empresa integradora

ou por contratação particular. Vale destacar que das 19 famílias entrevistadas que possuem

assistência técnica, em nenhuma esse serviço é oferecido pelo poder público. Este fato pode

dar um indicativo de falta de incentivo por parte do setor público para a agricultura familiar.

Procurando identificar as atividades pluriativas, as famílias foram questionadas quanto à

realização ou não de algum tipo de processamento/industrialização que estivesse sendo

realizada na propriedade. Foi constatado que em 11 das 50 propriedades, esse processo resulta

na aquisição de rendimento adicional, pois as famílias que possuem esse processo integrado

na propriedade geralmente comercializam os produtos em feiras livres (seis famílias), em

supermercados (duas famílias) ou na própria localidade. Sendo um dos rendimentos

complementares nas atividades da propriedade.

3.2 Presença de atividades pluriativas

Com base nas características das famílias entrevistadas buscou-se identificar a forma

pela qual as famílias estão assimilando às possíveis alternativas que viabilizam a sua

manutenção na propriedade e sua reprodução social no meio rural.

A prática das atividades pluriativas apresenta uma dualidade: primeiramente, é uma

importante alternativa para garantir a sobrevivência econômica de muitas famílias que, se não

contassem com a entrada destes recursos, possivelmente as condições de vida seriam

precárias. Segundo, se não souberem conciliar as atividades pluriativas com as atividades da

propriedade, poderá incentivar os jovens para que troquem o meio rural pelo urbano, o que

tende ao agravamento de uma problemática já existe, a sucessão das propriedades.

A tabela 6 mostra a classificação das famílias em relação às atividades que

desenvolvem. De um conjunto das 50 famílias entrevistadas, em 9 delas, ou seja, 20,10% são

totalmente agrícolas, 6 famílias (10,05%) são inteiramente pluriativas, enquanto que em 35

propriedades, representando 69,85% são desenvolvidas atividades agrícolas e não-agrícolas.

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Tabela 6 - Classificação das famílias quanto às atividades que realizam

Tipos de Famílias /

Atividades

Domicílios Pessoas

Número % Número %

Apenas Agrícola 9 18 40 20,10

Não Agrícola 6 12 20 10,05

Agrícola e Pluriativo 35 70 139 69,85

Total 50 100 199 100 Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa de campo (2011)

Do total de 199 pessoas que formam a amostra, 69,85%, ou seja, 139 pessoas atuam na

propriedade e também em atividades fora dela. Tendo em conta as informações levantadas na

pesquisa, pode-se concordar com outros estudos e também o conhecimento empírico de que,

as informações refletem de maneira muito próxima a realidade local. Ou seja, não surpreende

o fato de que uma parcela significativa dos domicílios localizados na área definida como rural

sejam pluriativos ou ocupados exclusivamente em atividades não-agrícolas.

Dos 199 indivíduos membros das famílias entrevistadas, 80 exercem a pluriatividade. O

motivo pelo qual aderiram a essa tipo de atividade, foi justificado na sua maioria, por motivos

financeiros (maior remuneração), seguido por vocação ou opção pessoal, e busca de

alternativa às dificuldades encontradas na agricultura.

A busca por maior remuneração junto à atividades pluriativas, está diretamente ligada às

dificuldades enfrentadas pelas famílias para se manterem nas propriedades. As famílias

entrevistadas citaram os preços de venda dos produtos muito baixos como principal causa das

dificuldades para manter a propriedade financeiramente.

Gráfico 1 – Dificuldades para a permanência nas propriedades Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa de campo (2011)

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Os elevados preços das sementes e demais insumos, também são responsáveis pela falta

de rendimento necessário para manter as propriedades com recursos oriundos somente das

atividades agropecuárias.

A partir da informação de que há um grande número de membros das famílias

desenvolvendo outras atividades, buscou-se identificar em quais atividades não agrícolas, se

encontram empregados os indivíduos pluriativos das famílias questionadas.

O setor de prestação de serviço representa 32,50% do total dos indivíduos, seguido do

setor do comércio que representa 18,75% dos questionados, mesmo percentuais dos

indivíduos que exercem algum serviço público, na sua maioria ligada ao próprio município.

Os ramos de maior participação foram à prestação de serviços e o comércio. A prestação de

serviços, em sua grande maioria é praticada de maneira informal (sem carteira assinada),

como uma complementação de renda, sendo estas desenvolvidas em outras propriedades

(agregados), de forma autônoma (serviços terceirizados com maquinas agrícolas), entre

outras.

Em relação à localidade onde as atividades pluriativas são realizadas, elas podem ser

locais (no próprio domicílio) quando ocorre a industrialização ou comercialização de seus

produtos, ou fora da propriedade em se tratando de comercialização, prestação de serviços ou

outras atividades remuneradas. Dentre as 80 pessoas pluriativas, apenas 5 delas exercem as

atividades no próprio domicilio e a mesma quantidade em outras localidades (outras cidades).

Ficando evidente que nas famílias pesquisadas, a maioria dos indivíduos trabalham no próprio

município e também no distrito de Sede Figueira.

Destaca-se que a grande maioria dos indivíduos pluriativos, busca alternativa de renda

principalmente no meio urbano, que é o caso de 39 dos 80 indivíduos questionados. O que

pode ser explicado pela maior diversidade e maiores oportunidades de empregos em que estes

indivíduos buscam inserir-se.

3.3 Rendimento das Famílias

Depois de constatado as atividades exercidas pelos indivíduos das famílias

entrevistadas buscam-se identificar o rendimento resultante destas atividades, bem como a

relação das famílias que possuem o método pluriativo inserido com as que apenas praticam a

agricultura. Como rendimento total das propriedades houve uma variação na renda total anual

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entre as faixas de 24 mil reais a 150 mil, na grande maioria destas, o rendimento anual da

propriedade fica na faixa de 50 mil a 60 mil, seguido da faixa de 40 mil a 50 mil.

A Tabela 7 mostra o nível da renda per capita das famílias, indicando que a renda das

famílias pluriativas em geral é a mais elevada, quando comparadas às rendas das famílias

agrícolas e não- agrícolas. Neste sentido, podemos relacionar que o grande número de

indivíduos que buscam outras atividades, pode ser explicado pelos rendimentos mais atraentes

oferecidos pelas ocupações não-agrícolas.

Tabela 7 - Renda per capita das famílias entrevistadas

Rendimento Anual Familiar

per capita

Número de Famílias

Total Part.(%) Agrícolas Pluriativos Não Agrícolas

até R$ 545,00 1 0 0 1 2,00

R$ 546,00 até R$1.090,00. 1 17 2 20 40,00

R$ 1.091,00 até R$ 1.635,00 3 9 4 16 32,00

R$ 1.636,00 até R$ 2.180,00 3 3 0 6 12,00

R$ 2.181,00 até R$ 2.725,00 1 3 0 4 8,00

R$ 2.726,00 acima 0 3 0 3 6,00

Total 9 35 6 50 100,00 Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa de campo (2011)

Contudo, no que se refere ao nível e à composição das rendas domiciliares das famílias

agrícolas bem como a compreensão do papel da pluriatividade na formação dessas rendas, é

preciso analisar a tabela 7 sob outro ponto de vista. Em relação à renda das famílias

pesquisadas no distrito, a sua grande maioria, 40% (20 famílias de um total de 50 do universo

amostrado), recebem rendimentos anuais per capita entre R$546,00 e R$ 1090,00. Do total,

ainda, 32% (16 famílias) recebem entre R$ 1.091,00 a R$ 1.636,00 e o restante 28% recebem

acima de R$ 1.636,00. A comparação entre as rendas per captas das famílias pode se

observada no gráfico 2.

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Gráfico 2 – Rendimento per capita dos indivíduos questionados Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa de campo (2011)

Partindo-se do princípio de que um dos grandes problemas da agricultura familiar da

região Oeste Catarinense está na baixa rentabilidade, causada pelo uso intensivo do solo, que

em função dos desgastes já não possui as melhores condições de produzir, bem como em

função da pequena área das propriedades, fez-se uma análise da renda per capita das famílias

divididas pela área das propriedades.

Tabela 8 – Renda per capita (R$) das famílias pluriativas conforme tamanho das

propriedades

Tamanho da

propriedade (ha)

Renda

per

capita

total

(R$)

Renda per

capita

pluriativa

(R$) %

Renda

per capita

rural

(R$) %

Renda de

benefícios

(R$) %

Menos de 5 1.253,58 750,10 59,84 435,35 34,73 68,13 5,43

5 a menos de 10 1.075,53 632,89 58,84 356,58 33,15 86,06 8,01

10 a menos de 20 1.776,75 657,89 37,03 1.004,12 56,51 114,74 6,46

20 a menos de 50 1.300,00 500,00 38,46 800,00 61,54 0,00 0,00 Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa de campo (2011)

Entre as famílias pluriativas, as maiores rendas per capitas (R$ 1.776,75) foram

encontradas com as famílias que possuem propriedades entre 10 e 20 ha, enquanto a menor

renda foi dos indivíduos que possuem propriedades entre 5 até 10 ha. Foi constatado que os

recursos oriundos das atividades pluriativas possuem maior importância na composição da

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renda per capita nas propriedades menores. A pluriatividade contribui com 59,84% da renda

em propriedades menores de 5 ha e com 58,84% em propriedades entre 5 e 10 ha.

Desta forma pode-se concluir que as famílias com propriedades menores necessitam

buscar rendimentos fora, visando garantir a sobrevivência no meio rural. Isso caracteriza a

importância que as atividades pluriativas desempenham para o estas famílias. É possível que

grande parte destas propriedades já teriam sido abandonadas, haja vista que a grande maioria

das famílias, não teria condições financeiras necessárias para sobreviver no campo.

As famílias também foram perguntadas se futuramente pretendiam continuar

mantendo as atividades paralelas (pluriatividade e agropecuária), de um total de 35 famílias

pluriativas, 30 delas responderam sim, que deverão continuar conciliando as atividades. Essas

famílias justificaram que esta renda é indispensável para o desenvolvimento financeiro na

propriedade, e que sem este recurso não seria possível continuar no meio rural.

Quanto às demais 5 famílias que responderam não, a resposta foi de que estão

esperando os filhos acabarem de estudar para deixarem de exercer atividades agrícolas ou

ainda, pelo fato de estarem nas propriedades com os pais que possuem idade entre 50 e 70

anos, porém a expectativa é de que dentro de pouco tempo deixem de exercer atividades

agrícolas.

3.4 Pretensão Futura

As famílias entrevistadas também foram questionadas em relação aos planos futuros

quanto à ampliação das atividades produtivas da propriedade. Do total de 50, apenas 7

famílias tem esta intenção, ou seja apenas 14%, sendo 6 pluriativas e 1 somente agrícola.

As atividades em que as famílias mais estão apostando em ampliação é na produção de

leite, através da compra de mais animais visando aumentar a produção, com isso esperam

obter maiores níveis de renda.

Entre as famílias que manifestaram a intenção de ampliar a produção, observa-se uma

das características fundamentais da agricultura familiar no Oeste Catarinense, a diversificação

de atividades produtivas, sejam elas integradas (aves, suínos) ou não. As respostas dessas

famílias confirmam uma informação mencionada anteriormente e base de diversos estudos na

região, refere-se ao aumento da produção de leite como uma atividade que vem ganhando

espaço nas propriedades de agricultores familiares.

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Membros

na família

Atividade pluriativa

Atual

Atividades

agropecuárias

atuais

Pretensão de ampliar

5

Transporte + serviço

público

Suínos + milho +

leite Aumentar a produção de leite

5 Prestação de serviços Leite Aumentar a produção de leite

5

Artesanato + feira (doce,

crem)

Suínos + derivados

de leite + pomar Pomar e crem

3 Prestação de serviços Aves, milho e soja Aviário para perús

3

Transporte + comércio

(derivados de leite)

Suínos + derivados

de leite + pomar Pomar e crem

5

Trabalha na indústria +

comércio + prest. serviço Leite Aumentar a produção de leite

4 Não tem Leite Aumentar a produção de leite

Quadro 2 – Atividades atuais e que as famílias pretendem ampliar Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa de campo (2011)

A partir da prática da pluriatividade pelas famílias entrevistadas, perguntou-se sobre as

melhorias ou aquisições realizadas na propriedade após o início dessas atividades, as

principais respostas foram: aquisição de automóvel, busca por educação para os filhos,

aquisição de máquinas e equipamentos, dentre outras.

Outro ponto questionado foi em relação ao futuro escolhido pelos filhos, as respostas

confirmam o que parece ser uma tendência para a maioria das famílias, segundo os pais, a

tendência é de que os filhos busquem oportunidades não ligadas a agricultura. Se essa

tendência se confirmar, aumenta a problemática em relação ao futuro da agricultura familiar,

pois os jovens que vivem no meio rural, já estão se especializando e saindo em busca de

alternativas para aquisição de renda fora do convívio rural.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ponto de partida para a realização do estudo foi à percepção das dificuldades

enfrentadas no meio rural pelos agricultores familiares, sendo o objetivo do trabalho

identificar e analisar a pluriatividade como estratégia de sobrevivência dos agricultores

familiares no distrito de Sede Figueira, município de Chapecó/SC, identificar as

características socioeconômicas das famílias pluriativas, as atividades complementares, bem

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como a participação da renda pluriativa no montante de recursos da propriedade. Através de

um estudo de caso, foi possível apontar as características pluriativas, identificar as atividades

complementares e a participação da renda gerada pela pluriatividade, no rendimento total da

propriedade.

Ao se aplicar o estudo de caso no distrito de Sede Figueira, Chapecó (SC), com um total

de 50 famílias, constatou-se que, 40% dos responsáveis pela propriedade têm entre 41 e 50

anos e apenas 14% entre 19 e 30 anos, o que caracteriza a migração dos jovens das

propriedades rurais. Ainda, em relação à escolaridade, 47% dos mesmos, possuem segundo

grau completo. Relacionando o tempo em que vivem nestas propriedades e o tamanho das

mesmas, 44% vivem entre 21 e 40 anos, e 64% das propriedades possuem até 5 hectares, o

que gera uma preocupação quanto à possibilidade dessa famílias gerarem senda suficiente

para manter a propriedade e as necessidades do grupo familiar.

As atividades agrícolas mais praticadas entre essas famílias foram à criação de gado

leiteiro, seguido da plantação de milho e criação de aves e suínos. Um dado preocupante

encontrado nestas propriedades com relação às atividades desenvolvidas foi a de que,

nenhuma delas é atendida por assistência técnica oferecida pelo poder público, algo que

poderia ser utilizado como uma forma de incentivar a permanência das famílias nas

propriedades, bem como maximizar as possibilidades de produção, diante dos recursos

disponíveis.

Essa falta de incentivos e a necessidade de sobrevivência do grupo no meio rural, fez

com que as famílias buscassem outras atividades não agrícolas para o suprimento de suas

necessidades. Das famílias entrevistadas, a grande maioria, representando 70% (35 famílias),

mantém alguma atividade pluriativa visando a ampliação da renda. De todos os indivíduos

membros destas famílias (199 pessoas), 80 deles praticam a pluriatividade, justificado pela

necessidade de rendimento adicional, em função das dificuldades para produzir,

principalmente pela falta de valorização dos produtos, alto preço dos insumos e o baixo preço

para venda.

Juntamente com as atividades agrícolas, as atividades pluriativas mais praticadas estão

no setor de prestação de serviços (32,50%), seguido do setor do comércio que representa

18,75% dos questionados. O rendimento dessas atividades, juntamente com a renda de

benefícios sociais encontrada em 19 propriedades, caracteriza a renda anual nas propriedades,

a qual ficou representada em uma média de R$ 50 mil a R$ 60 mil anual.

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Analisando estes rendimentos, definiu-se a renda per capita dos entrevistados, sendo a

das famílias apenas agrícolas entre R$1.090,00 a R$2.180,00, dos indivíduos pluriativos o

rendimento ficou entre R$ 545,00 a R$1.635,00 e dos indivíduos que praticam apenas

atividades não agrícolas, o rendimento per capita ficou entre R$ 1.090,00 a R$ 1.635,00.

Quanto à participação da renda gerada pela pluriatividade na composição da renda total

das famílias pluriativas, constatou-se que quanto menor a área da propriedade maior é o

percentual de recursos oriundos da atividade externa, chegando a quase 60% em propriedades

de até 10 ha.

Com base nos resultados encontrados, pode-se afirmar que os indivíduos pluriativos,

encontram fora da propriedade o rendimento necessário à sua sobrevivência e desta forma se

mantêm nas propriedades. Em relação a esta característica, pose-se concluir que quanto maior

a propriedade em que as famílias residem menores é a participação do rendimento pluriativo e

em contrapartida maior o rendimento agrícola.

A sobrevivência dos grupos familiares no meio rural está comprometida em função da

falta de incentivo/condições que as mesmas recebem para ali permanecerem. Com tudo isso,

observa-se que cada vez mais a pluriatividade está presente nas famílias agrícolas, e

dificilmente a extinção deste método ocorrerá, pois a tendência é que cada vez mais os jovens

saiam das propriedades e partam em busca de outras fontes de renda, sendo estas na grande

maioria, distintas das praticadas nas propriedades agrícolas. A prática da pluriatividade tem

sido a alternativa para aumentar a rentabilidade e proporcionar melhorias na qualidade de

vida, e desta forma, garantia a permanência das famílias no meio rural.

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