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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A PRÁTICA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA ALFABETIZADORA EM EJA NO CONTEXTO DO PIBID/PEDAGOGIA- UFRN MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA NATAL/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A PRÁTICA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA

ALFABETIZADORA EM EJA NO CONTEXTO DO PIBID/PEDAGOGIA-

UFRN

MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA

NATAL/RN

2016

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MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA

A PRÁTICA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA

ALFABETIZADORA EM EJA NO CONTEXTO DO PIBID/PEDAGOGIA-

UFRN

Trabalho de Conclusão do Curso, modalidade

Relatório de Praticas Educativas, apresentado à

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito parcial para obtenção de título de

licenciada em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade

NATAL/RN

2016

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MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA

A PRÁTICA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA

ALFABETIZADORA EM EJA NO CONTEXTO DO PIBID/PEDAGOGIA-

UFRN

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________

Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade – Orientador

Departamento de Práticas Educacionais e Currículo – UFRN

____________________________________

Profa. Dra. Renata Viana de Barros Thomé

Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação – UFRN

_____________________________________

Profa. Dra. Soraneide Soares Dantas

Departamento de Práticas Educacionais e Currículo – UFRN

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de curso, primeiramente ao meu bom Deus,

pois foi Ele quem me deu a sabedoria e o poder de escolha. Agradeço-lhes,

imensamente Senhor, por poder superar todas as dificuldades e poder concluir mais esta

etapa em minha vida.

Segundamente, quero dedicar este feito ao meu presente maravilhoso – a família.

A minha Família, em especial ao meu pai, que sempre me dizia: “minha filha, estude,

pois você está tendo a oportunidade que não tive”[!], tais ensinamentos fizeram de mim

ser o que sou hoje. Assim, concretizo a minha segunda conquista formativa – Pedagogia

– e, com isso, pretendo fazer a diferença, elevando a educação a um padrão de qualidade

e dando oportunidade a muitas pessoas, uma vez que eu, enquanto discente não a tive.

Sou grata ao meu orientador, o professor Doutor João Maria Valença, que não só

contribuiu para a construção deste trabalho como também fez parte do meu processo

formativo enquanto futura docente. Este, com certeza, é um dos poucos professores, em

quem quero me espelhar na minha vida profissional. Muitas vezes, seus ensinamentos

foram motivos de reflexão no que quero ser e no que devo escolher, e para assim poder

fazer o melhor de mim para o próximo.

Também quero dedicar a meus amigos, que me incentivaram quando eu achava

que não podia mais, ou até mesmo quando eu desacreditava do meu potencial. Esses

amigos sempre me erguiam, me fazendo refletir sobre a minha capacidade de poder

mais, mesmo quando já haviam suportado tantos obstáculos, enfrentando até mesmo o

tempo, para também ajudar a minha família no fim de semana, o cansaço tomava conta

e às vezes as lágrimas junto com ele. Todos ao meu redor, meus pais, irmãos, amigos e

até mesmos professores me incentivavam e se tornavam motivos para continuar.

E é a todos esses, que tenho orgulho em dedicar todo esse trabalho, que não se

resume em poucas laudas, mas são quatro anos de entrega.

A todos vocês, essa não uma vitória minha, mas de todos.

Muito obrigada!

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência formativa vivenciada no

Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID), por meio da modalidade

Educação para Jovens e Adultos (EJA), mostrando a importância deste programa e suas

contribuições para a formação docente. Baseando-se nas as ideias de

HOLLIDAY(1995), que expõe experiências de como aprender a partir da prática

pedagógica, bem como sistematiza e traz uma reflexão desta; as contribuições freirianas

por meio da Pedagogia da autonomia, os autores O. S. MENDONÇA E O. C.

MENDONÇA (2008), destacando Freire (1996); os apontamentos de VIEIRA (2010)

que cita FERRERO e TEBEROSKY (1986), dentre outros estudiosos, e, ainda um olhar

prático postulados nos Parâmetros Curriculares Nacionais são as principais referenciais,

as quais sustentam a discussão deste trabalho. No decorrer do relato, destaca-se a

trajetória na Educação Infantil, Fundamental e EJA, no entanto, a ênfase maior centra-se

na Educação de Jovens e Adultos. Posto que, tal modalidade trouxe maiores desafios,

quer seja relacionado à aprendizagem dos educando, quer seja na diversidade de idades

existentes e até mesmo em encontrar formas de motivar estes sujeitos a dar continuidade

a seus estudos. Dessa forma, com o PIBID, somos convidados a conhecer a dinâmica da

EJA e sua realidade, uma vez que o mesmo mostra inúmeras estratégias pedagógicas,

permitindo buscar meios que contribuam tanto na formação do educando quanto para a

da bolsista.

PALAVRAS-CHAVE: Formação docente. Pedagogia. PIBID. Educação de Jovens e

Adultos.

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ABSTRACT

The present work has the objective of reporting the formative experience lived in the

Institutional Program of Initiation to Teaching (PIBID), through the Education for

Young People and Adults (EJA) modality, showing the importance of this program and

its contributions to teacher training. Based on the ideas of HOLLIDAY (1995), which

exposes experiences of how to learn from pedagogical practice, as well as systematizes

and brings a reflection of this; Freire's contributions through the Pedagogy of

Autonomy, authors O. S. MENDONÇA and O. C. MENDONÇA (2008), highlighting

Freire (1996); The notes of VIEIRA (2010) cited by FERRERO and TEBEROSKY

(1986), among other scholars, and also a practical look postulated in the National

Curricular Parameters are the main references, which support the discussion of this

work. In the course of the report, the trajectory in Early Childhood Education,

Fundamental and EJA stands out, nevertheless, the greater emphasis is focused on the

Education of Youths and Adults. Such a modality has posed greater challenges, whether

it is related to the students' learning, whether it is in the diversity of existing ages or

even in finding ways to motivate these subjects to continue their studies. In this way,

with PIBID, we are invited to know the dynamics of the EJA and its reality, since it

shows many pedagogical strategies, allowing the search for means that contribute to

both the education of the student and the scholarship.

KEYWORDS: Teacher training. Pedagogy. PIBID. Youth and Adult Education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: QUEM SOU EU? O QUE QUERO SER? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 35

Figura 2: QUEM SOU EU? O QUE QUERO SER? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 35

Figura 3: REFLETINDO SOBRE O QUE QUERO SER (Aluno que sonha em ser piloto

de avião). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 36

Figura 4: REFLETINDO SOBRE O QUE QUERO SER (Aluno que sonha em ser piloto

de avião). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 36

Figura 5: ACRÓSTICO (ALUNO QUE SONHA EM SER ENGENHEIRO). . . Pág. 37

Figura 6: CONSTRUÇÃO DO ACRÓSTICO COM O AUXILIO DAS LETRAS

MOVÉIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 37

Figura 7: CRIAÇÃO DO CORDEL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 38

Figura 8: CRIAÇÃO DO CORDEL (Escrita de um dos alunos). . . . . . . . . . . . . Pág. 38

Figura 9: APRESENTAÇÃO DO CORDEL NO SARAU DA ESCOLA. TURMA DO

PRIMEIRO SEGMENTO DA EJA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 39

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CONSEPE - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão

EJA - Educação para Jovens e Adultos

EMPER - Escola Municipal Professora Emília Ramos

IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

MEC – Ministério da Educação e Cultura

PIBID - Programa Institucional de Iniciação a Docência

RCNEI- Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil

SEA- Sistema de Escrita Alfabética

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10

SEÇÃO 1 .................................................................................................................................. 13

PIBID: INTEGRANDO CONTEXTOS FORMATIVOS ........................................................ 13

1.1. O curso de Pedagogia da UFRN ....................................................................... 13

1.2. Programa Institucional de Bolsa de iniciação à Docência – PIBID .............. 14

1.2.1. O Subprojeto PIBID/Pedagogia .................................................................... 15

1.3. A Escola Municipal Professora Emília Ramos ................................................ 20

SEÇÃO 2 .................................................................................................................... 20

UMA EXPERIÊNCIA NA MODALIDADE EJA ................................................................... 21

2.1. Projeto “Sonho meu”: iniciação à docência em uma turma de EJA ............. 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 33

ANEXOS .................................................................................................................................. 36

APÊNDICES ............................................................................................................................ 41

APÊNDICE 1 – PROJETO “SONHO MEU” ....................................................... 41

APÊNDICE 2 – CRONOGRAMA DAS INTERVENÇÕES ................................ 49

APÊNDICE - 3: PLANEJAMENTOS ..................................................................................... 50

APÊNDICE 3.1 - Planejamento 1 ............................................................................ 50

APÊNDICE 3.2 - Planejamento 2 ........................................................................... 51

APÊNDICE 3.3 - Planejamento 3 ........................................................................... 52

APÊNDICE 3.4 - Planejamento 4 ........................................................................... 53

APÊNDICE 3.5 - Planejamento 5 ........................................................................... 54

APÊNDICE 3.6 - Planejamento 6 ........................................................................... 55

APÊNDICE 3.7 - Planejamento 7 ........................................................................... 56

APÊNDICE 4 – ROTEIRO DE ENTREVISTA .................................................... 57

APÊNDICE 5 – RELATO DA SUPERVISORA E COLABORADORA DA

SALA SOBRE O QUE É O PIBID. ......................................................................... 58

APÊNDICE 6 – CORDEL ...................................................................................... 59

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INTRODUÇÃO

Este trabalho resulta das experiências vivenciadas no Programa Institucional de

Bolsa e Iniciação à Docência – PIBID, no período de 2013 o de 2016. Para os fins de

relato reflexivo, considera a vivência mais recente, na Escola Municipal Professora

Emília Ramos (EMPER), em 2016.

Ingressei no PIBID/UFRN, Subprojeto Pedagogia (Natal) em 2013, na Escola

Municipal Professor Ulisses de Góis, com uma turma do 4º ano do Ensino Fundamental

I. No ano seguinte (2014), atuei na Escola Municipal Professora Emília Ramos-

EMPER - , também em uma turma de 4º ano. Em 2015, no Centro de Educação Infantil

– CMEI Professora Antônia Fernanda Jalles, atuando no Berçário II. No ano de 2016,

retornei à EMPER em busca de experiência na modalidade Educação de Jovens e

Adultos – EJA.

Este relato dará maior ênfase à experiência na EJA, por ter sido aquela em que

houve maiores desafios. Por isso, busco aqui demonstrar sua importância e suas

contribuições na formação docente, constituindo este relato como forma de contribuir na

minha integralização no Curso de Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande

Do Norte – UFRN.

No Relato de experiência realizado, segue a fundamentação proposta por

HOLLIDAY (1995). Este autor evidência e expõe o como sistematizar as experiências,

mas também nos traz a uma reflexão da importância destas na relação teoria/prática.

Valendo aqui ressaltar que para sistematizar, é importante “apropriar-se da experiência

vivida e dar conta dela, compartilhando com os outros e aprendendo”

(HOLLIDAY,1995. p. 26).

Levando em consideração que a sistematização é uma reflexão da experiência,

vivenciar e presenciar momentos oportunizados durante o PIBID, não só contribuem

como também nos fazem repensar “se queremos continuar no Curso de Pedagogia”,

haja vista a desvalorização do pedagogo numa sociedade que não cuida da educação

pública, o que leva à má qualidade de ensino.

Diante disso, é importante dar ênfase a programas como este, que por muitas

vezes nos amadurecem como futuros profissionais da área. Além de permitir participar

do mundo educativo real no decorrer da graduação. Iniciativas como esta incentivam a

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formação e dão suporte a uma base de ensino qualificada, construindo meios e atributos

para que o aluno bolsista desenvolva suas habilidades significativamente.

Nesse contexto, é imprescindível destacar experiências integrem teoria e prática,

para até mesmo para o graduando ter certeza se é essa a carreira profissional que quer

seguir. Por

meio do PIBID, se passa a entender a relação aluno-professor e experimentar as

mais variadas metodologias de alfabetização, como o método sociolinguístico, em que

Com sua consciência didática específica para exercitação da

consciência silábica e alfabética, leva os alunos ao domínio da

correspondência entre grafemas e fonemas, conhecimento

indispensável para a aprendizagem da leitura e escrita (MENDONÇA

& MENDONÇA, 2008, p.15).

Esta metodologia sociolinguística tem aqui por referência, além as ideias e

estudos freireanos, os autores Onaide Schwartz Mendonça e Olympio Correa

Mendonça. Junto com estes, Giane Bezerra Vieira traz, com Emília Ferreiro, Ana

Teberosky e suas reflexões sobre o processo de alfabetização. Especificamente a

alfabetização sociolinguística dentro dos preceitos de Freire, conforme MENDONÇA &

MENDONÇA (2008)

[…] dá conta de aspectos da fala, da escrita e da leitura, quando,

através de seus passos, respeita a realidade linguística do educando,

desenvolve sua escrita e por meio da leitura de textos reais e da leitura

do mundo transforma sua ingênua em consciência crítica

(MENDONÇA & MENDONÇA, 2008, p.15)

Dentro dessa ideia, construindo e reconstruindo indivíduos autônomos, críticos e

trazendo da relação do homem com o mundo, como fontes de aprendizados.

A ideia freireana de construir um indivíduo crítico, valorizando suas experiências

e práticas sociais, a Pedagogia da Autonomia, é fundamental na construção deste

trabalho além dos Documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais. Posto que

será dada maior ênfase as experiências na Educação de Jovens e Adultos e ao projeto

de intervenção “Sonho meu”, desenvolvido durante as experiências na EJA. Este projeto

procurou refletir as realidades de vida do aluno da EJA, seu cotidiano da casa e do

trabalho, as reflexões sobre o “porque estar na EJA”, “porque voltar a estudar” e “para

que estudar”. Buscava trazer motivações para continuarem estudando, valorizando

conquistas que podem ser almejadas através de seus aprendizados na escola. Tentou

mostrar a importância do processo de alfabetização e letramento, na realização de seus

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sonhos e seus objetivos. Buscava também enfrentar as problemáticas da evasão e da

desistência.

É importante frisar que trazer as experiências vividas pelos educandos para a

sala de aula e usadas como forma de estudar os conteúdos curriculares, também é

sistematizar. Dentro de uma das propostas curriculares da EJA (2001), se afirma que,

O estudo sistemático que se realiza na escola é uma boa oportunidade

para articular os conhecimentos de modo mais significativo e

abrangente. Para tal, os educandos precisam estabelecer conexões

entre suas explicações e o conhecimento escolar. Precisam relacionar

os conteúdos escolares com aquilo que já conhecem. (EDUCAÇÃO

PARA JOVENS E ADULTOS. 2001.p.167-168).

Tal estudo, estabelecendo conexões entre o conhecimento escolar e o empírico,

pode trazer o processo de alfabetização, a perspectiva do letramento, que embora com

conceitos diferentes. Um valorizando o processo de sistematização da leitura e escrita, o

outro fazendo destas o seu uso nas práticas sociais.

Assim, inicialmente, serão contextualizadas informações sobre o curso de

Pedagogia da UFRN (presencial, Natal) e o Programa Institucional de Iniciação à

Docência – PIBID. Em seguida, minha trajetória no Programa, nas escolas Ulisses de

Góis, Fernanda Jalles e Emília Ramos. Esta com maior ênfase, por se tratar do lócus do

relato reflexivo da prática: as experiências na EMPER, em mais específico na EJA, em

2016.

Por fim, vêm as considerações conclusivas, onde traz o ponto de vista, de toda

essa experiência.

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SEÇÃO 1

PIBID: INTEGRANDO CONTEXTOS FORMATIVOS

Nesta seção apresento uma contextualização do Curso de Pedagogia da UFRN,

destacando a importância da formação docente para a carreira profissional. Em seguida,

será dada a atenção ao Programa Institucional de Iniciação à Docência- PIBID, por meio

do qual foram vivenciadas as experiências relatadas. Concluindo, vêm os contextos

particulares referente às escolas onde se deu a atuação como bolsista PIBID,

enfatizando a Escola Municipal Professora Emília Ramos, lócus da vivência objeto

deste relato.

1.1. O curso de Pedagogia da UFRN

O curso de Pedagogia da UFRN,

Foi criado em 1976, e desenvolve atualmente o Currículo 01/2011,

aprovado pela Resolução n. 139/2009 - CONSEPE, de 18 de agosto de

2009. O Curso foi criado pela Resolução no 213/2010 - CONSEPE, de

16 de novembro de 2010 e desenvolve o primeiro Projeto Curricular,

com previsão de formar a primeira turma em 2016. (UFRN, 2016,

p.24).

Durante minha formação, pude compreender a importância desde curso não só

para minha carreira profissional como também trazer contribuições para a sociedade.

Haja vista, considerar relevante o docente, na construção e formação de um sujeito

crítico, autônomo, qualificado profissionalmente e cumpridor de seus deveres e direitos

frente à sociedade.

Posto que, somos também responsáveis pelo processo de ensino aprendizado dos

educandos e sua formação, seja na construção de saberes e/ou da sua própria identidade,

tudo isso refletindo na sociedade. Frente a isso,

Os Cursos de Pedagogia destinam-se à formação inicial de

profissionais que atuam como docentes na educação infantil e nas

séries iniciais do ensino fundamental, de coordenadores pedagógicos e

de gestores em instituições escolares dos diferentes graus de ensino

(Educação Infantil, Ensino 24 Fundamental e Médio) e de formadores

de recursos humanos em instituições escolares e não escolares.

(UFRN, 2016, p.23).

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Com sua grade curricular, o Curso nos proporciona permear em cada área,

conhecendo um pouco da realidade escolar e tentando compreender a realidade fora da

Instituição.

1.2. Programa Institucional de Bolsa de iniciação à Docência – PIBID

A Portaria CAPES Nº 096, de 18/07/2013, define em seu ANEXO I o

REGULAMENTO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO

À DOCÊNCIA – PIBID. Informa que o Programa “tem como base legal a Lei nº

9.394/1996, a Lei nº 12.796/2013 e o Decreto nº 7.219/2010” (Disponível em:

http://capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/documentos-pibid) e contribui para

inserção dos alunos de licenciatura nas escolas de Educação Básica, visando uma

melhor qualidade de ensino e influenciando nos resultados do IDEB (Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica). O PIBID

[…] oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos

presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que,

quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério na

rede pública. O objetivo é antecipar o vínculo entre os futuros mestres

e as salas de aula da rede pública. Com essa iniciativa, o Pibid faz uma

articulação entre a educação superior (por meio das licenciaturas), a

escola e os sistemas estaduais e municipais. (BRASIL. MEC. Pibid.

Apresentação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pibid).¹

Há muitos motivos que fazem escolher cursos de licenciatura, como querer

atuar em sala de aula ou por vontade dos pais, e até porque para muitos, é mais fácil o

ingresso no Ensino Superior. Talvez, possam ser as circunstanciais, como a falta de

opção por atuar em outro exercício profissional. No entanto, quem é que garante a

permanência no Curso e o exercício docente, se não existirem motivações para

continuar?

Se, por um lado, a teoria pode até nos orientar sobre como se atuar numa sala

de aula, utilizando de metodologias e didáticas, por outro lado, como conhecer antes

essa experiência docente, sem ter a prática, e sem compreender a importância para o

futuro profissional que sua formação também permita conhecer o aluno real?

Há disciplinas, como os Estágios Supervisionados, que dão subsídios de

_______________________

¹ Disponível em: http://capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/documentos-pibid. Acesso em:15 de setembro de 2016.

15

práticas educativas no contexto de sala de aula e da coordenação. No entanto, são tantos

instrumentos e vivencias que rodeiam uma dinâmica escolar e seu funcionalmente, que

se necessita de algo que não só esteja entre as disciplinas regulares num determinado

semestre. Por isso a importância de experiências que tenham objetivos para a relação

teoria-prática, atrelando também as contribuições para a comunidade.

Dessa forma, as experiências formativas na própria escola não só dão sentido ao

que se aprende na universidade, como fazem compreender ao futuro docente a

importância de intervenções na própria realidade. Assim, influenciam na formação, seja

na aprendizagem do ofício de professor, seja na construção de sua identidade

profissional.

Por isso, fui levada a vivenciar experiências no PIBID. Isso me incentivou a

continuar no Curso de Pedagogia e a poder contribuir na formação das pessoas. Tal

projeto, não só permite conhecer a relação teoria e prática, como pode trazer

contribuições e resultados importantes no processo de aprendizado dos alunos e da

escola parceira, Mostra a importância do docente frente a toda essa dinâmica, e traz ao

professor em formação as realidades e, até mesmo, as motivações para continuar no

Curso. Podendo, futuramente, trazer e refletir suas experienciais no próprio exercício

docente.

O PIBID não só proporciona ao licenciado vivenciar na própria escola a

relação teoria e prática, mas também a participação e influência nos resultados obtidos

nas escolas, intervindo na sociedade, como professor em formação.

1.2.1. O Subprojeto PIBID/Pedagogia

Durante a participação no PIBID, Subprojeto Pedagogia (Natal. Presenciado),

atuei em três escolas. Isso me propiciou inúmeros aprendizados, além de interagir com

diversas pessoas, conhecer alunos e ser mais que uma licenciada. Além disso,

experimentei o exercício docente antes de ser graduada Pedagoga, o que me

proporcionou e está me proporcionando conhecer o que “é uma sala de aula”, refletir

diante de cada aluno, de cada nível de ensino, de cada modalidade, sobre como o

docente tem grandes desafios que vão além das paredes da escola.

Há uma diversidade de contextos numa classe, os quais o professor tem que

enfrentar e buscar estratégias que direcionem o processo de formação, buscando fazer a

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diferença e dar “algum sentido” aos alunos sobre o “porquê” de estar na sala de aula.

Então,

O papel do professor nesse processo é, portanto, crucial, pois a ele cabe

apresentar os conteúdos e atividades de aprendizagem de forma que os alunos

compreendam o porquê e o para que do que aprendem, e assim desenvolvam

expectativas positivas em relação à aprendizagem e sintam-se motivados para

o trabalho escolar. (BRASIL, 1997, p. 48)

Nesse sentido, o PIBID é visto como oportunidade de ter o papel não só como de

bolsista, mas também de “professora” em sala de aula, trazendo relações de

aprendizagens, exercendo “... atividades pedagógicas em escolas públicas de educação

básica, contribuindo para a integração entre teoria e prática...” (EDUCAÇÃO PARA

JOVENS E ADULTOS, 2001).

No percorrer dessa caminhada, seja na Educação Infantil, no Primeiro

Segmento do Ensino Fundamental ou na Educação para Jovens e Adultos, vi pais e

alunos, desistirem ou da vaga de uma escola para seu filho ou de estarem em sala de

aula, por questões financeiras e pessoais. Tais vivencias, me faziam pensar “no como

posso ajudar” dentro das minhas limitações como docente, já que não poderia e nem

posso invadir a vida privada do aluno. Entendi que poderia motivar a continuar e

incentivar, mesmo que conversando com a supervisora titular, expondo as minhas

observações como pibidiana, no que pode ser feito para que este aluno tenha algo que é

por garantido por lei e ao mesmo tempo “tirado”: a sua garantia ao acesso à educação,

conforme o Art. 205 da Constituição Brasileira:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao

pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988, p.104)

Ainda enfatizado o artigo 206, o inciso I da Constituição de 1988, prevê a

“igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”.

Diante disso, questiono que ser pedagoga vai além de exercer o ato de ensinar e

educar vai além dos “muros” da escola e é, por muitas vezes, ter a sensibilidade de

compreender o meio o qual o aluno vive. Só assim pode buscar adaptar o ensino às suas

vivências e experienciais, relacionar a prática educativa no intuito de contribuir com o

processo de ensino-aprendizagem. Além de levar em consideração as diversas formas

didáticas que podem ser pensadas, para enfrentar a questão social, econômica,

intelectual ou qualquer outra às quais os alunos estão a mercê.

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Na Escola Municipal Professor Ulisses de Góes, situada na Rua Padre Raimundo

Brasil s/n, Nova Descoberta, Natal/RN, foi local da minha primeira experiência no

PIBID, no ano de 2013.

Nos primeiros meses do PIBID e no segundo período do curso, de início atuei no

Projeto “Viajar é preciso: interdisciplinaridade, ludicidade e leitura”, com duas colegas

de bolsa. Neste projeto, embora ainda incerta sobre a minha escolha do Curso de

Pedagogia, conhecendo algumas disciplinas como Alfabetização e letramento, e na

tentativa de atuar de uma maneira lúdica e prazerosa, buscava realizar dinâmicas,

brincadeiras, de forma que facilitasse a aprendizagem dos alunos daquela turma de 3º

ano do Ensino Fundamental.

Em uma das atividades, combinamos com a professora da turma que

trabalharíamos assuntos voltados às áreas de Geografia e Ciências, sempre buscando

desenvolver atividades que trouxesse discussões e despertassem a curiosidade das

crianças. Trabalhar sobre a Reprodução dos animais foi algo diferente para os alunos.

Levamos imagens de animais ovíparos e vivíparos. As crianças ficaram curiosas e

interagiram durante a aula, participaram de toda atividade. E aos poucos, embora

receosa e pouco confiante, naquele momento que era a primeira intervenção, percebi

após as observações que tudo teria dado certo.

No entanto, não tive muito tempo com essa turma. Tive que migrar para o 4º ano

da mesma escola, já que a dupla da bolsista-Pibid desta sala estava afastada. Não foi

fácil lidar com uma nova turma, com um Projeto novo que mal conhecia. Agora, em

uma sala que para muitos, era considerada complicada, devido aos vários contextos de

vida dos alunos, na qual as discussões e brigas eram constantes e conversar já não

resolvia, vieram novos desafios.

No iniciou, realmente foi difícil. Já não bastava a professora (colaboradora),

agora vinham mais bolsistas para “dar aula”... Então, conhecer e conquistar cada aluno

foram um desafio. Até por que não tínhamos, até então, a autoridade e respeito que, por

muitas vezes, nem a professora da sala conseguia.

Usamos jogos, buscamos aulas fora de sala, trouxemos filmes para que os

discentes pudessem refletir sobre a importância de ter objetivos e sonhos, para fazer

com que expressasse no “papel” o que, naquele momento, haviam gostado e com que

haviam se identificado. Aos poucos, fomos juntas, conquistando os alunos, para que

pudessem dar contribuições no processo de ensino-aprendizagem. Vimos também, que

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deveríamos adequar o conteúdo, a realidade daquela comunidade e às subjetividades

discentes.

No ano seguinte, 2014, tive a oportunidade de atuar na Escola Municipal,

professora Emília Ramos. Esta escola se originou na luta dos próprios moradores do

Bairro de Cidade Nova, Natal/RN. No item 3.1 trago a caracterização detalhada desta

Intuição, posto ter sido lócus da experiência objeto de análise e reflexão deste trabalho,

porém no ano de 2016.

Em 2014, atuando em uma turma do 4° ano, trabalhamos o projeto “Eu também

sou Curumim”, que significa criança na língua Tupi. Queríamos enfatizar, que nós e as

crianças também éramos curumins. Trazíamos costumes, crenças e valores de nossa

sociedade atual, mas, antes disso, existiram outros povos que também contribuíram para

as mudanças e transformações em nossa cultura e sociedade.

Essa turma, em termos de aprendizagem, estava mesmo nível que da escola

anterior. Mas, era bem mais tranquila. Os conteúdos, as metodologias, dificilmente

davam errados. O contexto era outro e a comunidade escolar bastante envolvida, fossem

professores, pais, gestão.

Nessa Instituição, e sob supervisão da professora titular da sala, pude me

encontrar na Pedagogia. Algo difícil diante de discursos de desvalorização do professor

e de afirmações de que a escola pública não funciona. Nesta, vi que existe esperança na

educação, há professores que querem fazer a diferença, e que podemos contribuir para

tal progresso.

No entanto, embora fosse uma turma mais tranquila, com poucos problemas de

indisciplinas e violência, uma das maiores dificuldades enfrentadas foi à presença de um

aluno com deficiência auditiva e três alunos que ainda não sabiam ler e tinham

dificuldades de reconhecer as letras.

Conheci a disciplina LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) no decorrer do Curso

de Pedagogia. Isso foi muito significativo na relação aluno-professor, nesta situação. A

criança surda não sabia ler, no entanto, o conhecimento trazido pela disciplina citada

permitiu minha comunicação com ela. Principalmente na escrita, quando queríamos

fazer atividades na qual o aluno pudesse refletir sobre o assunto estudado.

A professora titular foi de extrema importância nesse momento, já que a

comunicação entre ela e o discente era mais eficiente e eficaz. No entanto, conseguir me

relacionar com o aluno e na sua alfabetização em LIBRAS, chegando a juntar as letras

formando palavras. Isso me motivava. Com a presença das bolsistas PIBID em sala, a

19

professora, que não tinha auxiliar, pode dispensar uma atenção maior a este educando,

na mesma medida em que ele interagia e prestava atenção, ao ver-se incluído na

construção do seu desenvolvimento.

Em 2015, me senti desafiada ao dar início a uma nova experiência, dessa vez na

Educação Infantil, no Centro Municipal de Educação Infantil Professora Antônia

Fernanda Jalles. Nesta, não havia mais o objetivo principal focado na alfabetização e no

letramento, mas sim, mais na parte do educar e cuidar.

Atuei em uma turma de Berçário II, com crianças de 1 a 2 anos de idade. Era o

“novo público discente”, que pedia um trabalho através de estímulos e percepções, que

proporcionasse desenvolvimentos necessários para a vida desse bebê em sociedade.

Com o objetivo de “Desenvolver e estimular as crianças no que diz respeito a

sua autonomia, a motricidade, a oralidade e se reconhecer enquanto ser humano”, por

meio do Projeto “Musicalizando: o movimento, através do mundo literário”1, buscamos

trazer atividades, que além de trabalhar essas peculiaridades estivessem relacionadas

com a literatura.

O conto infantil João e o pé de feijão foi fonte inspiração nosso projeto em

prática. Uma das escolhas desse conto literário foi a presença da Harpa na história. Este

instrumento produtor de sons contribuiu para conciliar com a escolha do nome do

Projeto.

Dessa forma, pegando como “gancho” um instrumento musical, buscamos

relacionar e trabalhar outros utensílios que também contribuíam para transmitir

diferentes sons. Assim, proporcionamos o estímulo às diferentes percepções por meio

do som e dos instrumentos confeccionados.

Aprendemos que seguir a rotina do berçário é de extrema relevância para que se

dê uma continuidade nos propósitos educacionais, para que não haja descontinuidades

no planejamento proposto e nos resultados a serem alcançados em cada situação de

aprendizagem.

Neste segmento de ensino, o Referencial Curricular Nacional da Educação

Infantil-RCNEI (1998. p. 48) enfatiza bem a importância da música no estímulo da

linguagem da criança e atende a outras esferas como afetiva e cognitiva.

1 Projeto Musicalizando com movimento através do mundo literário. Projeto de intervenção no PIBID/Pedagogia. Centro

Municipal de Educação Infantil Professora Antônia Fernanda Jalles. Natal, RN. 2015. Bolsistas PIBID: Karla Mikaele do Nascimento

e Maria Alessandra de Oliveira.

20

No início entrei conflito, pois era algo novo. No entanto, fui entendendo a

importância da Educação Infantil no desenvolvimento motor, intelectual e socioafetivo

da criança.

1.3. A Escola Municipal Professora Emília Ramos

Embora tenha compreendido a importância de vivenciar experiências no Ensino

Fundamental e na Educação Infantil, no ano de 2016, voltei à Escola Emília Ramos para

atuar na modalidade EJA – Educação de Jovens e Adultos. De início senti receio dos

desafios que viria a enfrentar.

Localizada no bairro de Cidade Nova, Natal/RN, a escola originou-se a partir da

luta dos próprios moradores. O nome homenageia Emília Ramos, professora dos

primeiros tempos da comunidade, que fazia da sua residência uma escola de ler e

escrever para crianças.

A escola Emília Ramos se destaca por uma gestão democrática e participativa,

que envolve a comunidade em atividades e projetos desenvolvidos e no conselho

escolar. No que se refere à equipe pedagógica, além dos coordenadores, participam

professoras dos anos iniciais, licenciadas em Pedagogia, e os licenciados em Educação

Física, Artes e Religião.

Atualmente, a escola dispõe de doze salas de aulas e quatro de administração. Há

um laboratório de informática e uma sala de leitura, seis banheiros infantis e dois

adaptados para crianças com deficiência, dois banheiros para professores e um para a

direção e outra para o vigilante. Existe ainda um amplo estacionamento no subsolo, o

qual também abriga atividades e eventos do calendário escolar.

Atendendo cerca de 800 alunos a partir dos seis anos de idade, a escola oferece,

nos turnos matutino e vespertino, turmas do primeiro segmento do Ensino Fundamental

(1º ao 5º ano). No turno noturno oferece a modalidade a modalidade de Ensino EJA –

Educação para Jovens e Adultos, nos níveis I ao IV, para alunos a partir dos 15 anos de

idade. Integrando o grupo de escolas parceiras do PIBID/UFRN – Subprojeto Pedagogia

desde o ano de 2014, em 2015, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(IDEB) observado na Escola foi 4,9.

(http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado.seam?cid=3101744). Na Escola

Emília Ramos, realizei a experiência na modalidade EJA, objeto de reflexão deste

relato.

21

SEÇÃO 2

UMA EXPERIÊNCIA NA MODALIDADE EJA

Nesta seção, serão refletidas as questões que envolvem a experiência na

modalidade EJA, vivenciada na Escola Municipal Professora Emília Ramos. Serão

levantadas questões que permeiam esta modalidade de ensino, levando em consideração

o papel do docente na motivação destes sujeitos alunos jovens e adultos, que já trazem

consigo uma “bagagem” de experiência e de conhecimento, juntamente com cansaço.

2.1. Projeto “Sonho meu”: iniciação à docência em uma turma de EJA

Como bolsista PIBID, agora atuando na modalidade EJA, as novas experiências

se constituíram em aprendizados, contribuições para minha carreira como educadora.

Inicialmente, não foi fácil entrar numa modalidade de ensino em que as pessoas só

argumentavam sobre problemas vivenciados como a evasão dos alunos.

Um dos primeiros desafios a serem enfrentados foi construir um Projeto de

intervenção pedagógica. Um plano de ação pedagógica, que pudesse não só direcionar

as atividades e conteúdos conforme os componentes curriculares da EJA, equivalente

aos anos iniciais do ensino básico, mas que, também, despertasse o interesse desses

sujeitos a participar das atividades e interagir, refletir e dar sentido à construção de

novos saberes.

A Proposta Pedagógica da Escola Emília Ramos assinala que,

As crianças, jovens e adultos possuem saberes sobre leitura de mundo

e suas diversas linguagens comunicativas, bem como, vivências

linguísticas através das interlocuções orais que participam e,

experiências de letramento através da participação em práticas que

envolvem escritas nos diversos ambientes culturais. (ESCOLA

MUNICIPAL PROFESSORA EMÍLIA RAMOS, 2014, p.15).

Este aspecto de que a “carga” de experiência de um aluno da EJA é maior, até

mesmo pelo seu tempo de vida, foi um importante ponto de partida. Considerando que

muitos desses alunos passaram algum tempo de afastamento do âmbito escolar,

afetando e interferindo na progressão dos seus estudos. seu avanço. Além disso, o

jovem e adulto têm suas responsabilidades cotidianas, não é só com a escola, mas com a

22

família, o trabalho. “Cargas”, que geralmente se tornam motivos de desistência, como

foi visto nas respostas à entrevista aplicada a turma.

Criar um projeto pensando nas estatísticas de evasão escolar e numa turma

formada de sujeitos com idades bem distintas foi sem dúvidas algo que assustou pela

inexperiência frente a essa realidade. E mais, buscar trabalhar de forma lúdica com

pessoas que já estão acostumados com o ensino em que o “quadro e o giz”, foram

predominantes em seus passados, seria algo novo que poderia interferir não só no

caminhar do projeto como nas nossas intervenções.

Vale ressaltar que na turma em que ocorreu a intervenção, havia alunos de várias

idades, sujeitos a uma rotina diária de trabalho, ao cansaço do dia a dia que, por vezes,

interfere no desempenho discente, particularmente na já tardia alfabetização. E por isto,

é importante compreender que alfabetizar

Não é um caminho suave a percorrer, é um caminho suado, pois o

processo de alfabetização exige motivação, ludicidade, disciplina para

desenvolver sistematicamente a competência de reconhecimento de

grafemas e fonemas para atingir a meta de ler e escrever

(MENDONÇA & MENDONÇA, 2008, p.95).

Motiva os alunos era, se dúvida, uma das metas a serem alcançadas. E por que

não fazer isso trazendo suas vivenciais e experiências empíricas para o processo de

alfabetização? Valorizar o conhecimento prévio do aluno seria uma forma transformá-lo

em conteúdo e dar sentido à relação alfabetização e letramento. Já que

Pensar numa alfabetização numa perspectiva do letramento, significa

desenvolver e experiência situações pedagógicas que envolvam a

leitura, a escrita, e a oralidade em uma perspectiva de produção e

compreensão de textos e, ao mesmo tempo sistematizar atividades de

compreensão da base alfabética da língua. (VIEIRA, 2010, p.112).

Nas observações anteriores à elaboração do projeto, foi observada a quantidade

de alunos da sala e os assuntos que geralmente os motivavam. Assim, na tentativa de

envolver os sujeitos da EJA no processo de alfabetização numa perspectiva do

letramento, construí com minha dupla de atuação no PIBID o Projeto “Sonho meu”

(APENDICE 1), o qual tem por intuito,

Refletir junto aos alunos da EJA, da importância da continuidade da

sua vida escolar, rumo a outras formas de aprendizagens futuras, para

as conquistas e idealizações de seus sonhos. Utilizando as

experiências, conhecimentos e saberes dos educandos, como pretextos

para discussões e abertura ao processo de ensino aprendizado,

23

enfatizando aqui, o ato de alfabetizar (OLIVEIRA. SILVA, 2016, p.6-

7).

No Cronograma das Intervenções (APÊNDICE 2) e os Planejamentos

(APÊNDICES 3.1 a 3.7), estão esquematizadas as ações realizadas. Vale salientar que

muitas delas não aconteceram em apenas um dia letivo.

Como na turma havia sujeitos em fases distintos do seu nível alfabético, desde

os que ainda escreviam “pseudoletras” até os já considerados alfabéticos, foi decisiva a

contribuição de Ferreiro e Teberosky (1986) apud MENDONÇA e MENDONÇA

(2008),

[…] descrevem o aprendiz formulando hipóteses a respeito do

código, percorrendo um caminho que pode ser representado nos

níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético, alfabético. Essa

construção demonstra a pesquisa, segue uma linha regular,

organizadas em três grandes períodos: 1º) o da distinção entre o modo

de representação icônica (imagens) ou não icônica (letras, números,

sinais); 2º o da construção de formas de diferenciação, controle

progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de

grafias) e o eixo quantitativo (quantidade de grafias). Esses dois

períodos configuram a fase pré-linguística ou pré-silabica;3º) o da

fonetização da escrita, quando aparecem suas atribuições se

sonorização, iniciado pelo período silábico e terminando no

alfabético. (FERREIRO, TEBEROSKY apud MENDONÇA,

MENDONÇA, 2008, p.43-44).

Outro desafio foi conquistar a atenção dos alunos no decorrer das aulas, e ao

mesmo tempo, conseguirmos nos adaptar ao tempo de cada um. E, ainda, assegurar a

compreensão da continuidade entre as atividades propostas, considerando o projeto em

seu todo.

A primeira intervenção de execução do projeto se deu com a finalidade de

construir dados sobre nossos alunos, que nos permitissem refletir sobre as as próximas

práticas. Para isso, aplicamos uma entrevista com os alunos da turma (APENDICE 4).

Fazia-se necessário conhecer sua trajetória educacional e, também, quais as motivações

que os fizeram recomeçar a sua vida escolar.

Nesse momento, é necessário destacar, o olhar do professor diante sua turma, já

que,

Na sala de aula, o educador promove momentos de investigação por

meio de palestras, discussões de textos, conversas informais,

possibilitando que os alunos expressem, de forma espontânea, a sua

realidade e os seus problemas do dia-a-dia (SANTOS, 2001, p.55).

24

A entrevista foi a estratégia escolhida a fim de compreender o público com o

qual iríamos atuar. Ela nos deu um maior conhecimento da turma e nos ajudou a definir

métodos que integrassem a realidade dos alunos ao contexto escolar, adequando as suas

realidades. Com a da entrevista, fomos descobrindo não só motivos de iniciativa e

permanência destes alunos na escola, mas em conta que o projeto a ser aplicado nesta

turma precisaria valorizar uma “mistura” de superação, tentativa e luta, rumo a

conquistas desses sujeitos em busca da alfabetização.

As respostas indicaram que saber ler e escrever era uma incógnita a ser superada

pelos alunos. Para além da alfabetização, havia sonhos e objetivos a serem realizados.

Alguns poucos alunos que já compreendiam e faziam interpretação do que estava

escrito, iam tentando responder a entrevista, mesmo com certas dificuldades e receio do

que para eles eram errar na escrita. Os demais, que estavam ainda construindo a relação

grafema-fonema (escrita com a fonetização), precisavam da ajuda das bolsistas e da

professora colaboradora para responderem as questões. Aos poucos, fomos “debulhando

as vagens e encontrando os feijões que existiam dentro de cada uma”. Ou seja,

conforme o caminhar da entrevista vinha o melhor de toda aplicação do projeto:

descobria-se as ideias, as vontades, as conquistas tanto imaginadas.

Em todas as nossas intervenções sempre fazíamos relação com a aula anterior,

sem perder a conexão do assunto a ser discutido e fazendo com que os alunos, tanto

tivessem mais conhecimentos frente ao que estava sendo discutido quanto participassem

ativamente das atividades. Aos poucos, com o acompanhamento da professora

colaboradora (que também era a nossa supervisora no PIBID), fomos planejando e

executando as ações do projeto, trocando saberes e conhecimentos, os quais além de

trazerem as experiências e vivências dos alunos, eram sempre faziam relação aos

conteúdos e aos procedimentos de oralidade, leitura e produção de texto.

Em uma das atividades de sistematização do conhecimento, incentivamos o

compartilhar os sonhos e objetivos desses sujeitos, de modo que todos contribuíssem no

coletivo na produção escrita das informações coletadas na entrevista.

Como tema “Quem sou eu e o que quero ser”, iniciamos a aula (18/07/2016.

APÊNDICES 2 e 3.2). Chamávamos os alunos um por um, e pedíamos que dissessem a

turma seus nomes o que gostariam ser. Em duas cartolinas pregadas na lousa,

registramos por escrito, de um lado, os nomes dos alunos presentes, de outro, o “sonho”

declarado por cada um na entrevista (ANEXOS 1 e 2). Nesse momento, observávamos

suas motivações por estarem compartilhando algo voltado às suas subjetividades. Ao

25

mesmo tempo, demonstravam o medo de “errar”, que poderia afetar no avanço da

aprendizagem.

O erro como algo que trazia a insegurança aos alunos no esforço por r escrever

“correto”, era algo que aos poucos íamos trabalhando. Permeados de insucessos,

inseguranças e incertezas no decorrer de suas vidas, a escola aparecia para os alunos,

não só um lugar de incentivo, além aonde construir a ideia de que “eu consigo, eu

posso”. Entendemos que para o sucesso do processo de alfabetização, era importante

que eles acreditassem em si mesmos.

Como não me sentir desafiada, frente a sujeitos que além de trazerem consigo

sua carga do dia a dia, vindos cansados de seus trabalhos, ainda se mostravam cheios de

inseguranças, a afetarem seu processo de ensino-aprendizagem? Não bastava só buscar

metodologias como trabalhos em grupo, leituras de superação, mas também

compreender o momento de cada um, pois suas rotinas de trabalho não são fáceis.

Ao longo da atividade, unis diziam “não sei como escrever”. Então, pedíamos

que a turma ajudasse. Por exemplo, na palavra “Professora” (sonho declarado por uma

das educandas): como se escreve o “PRO”, a dificuldade de identificar a letra “R” na

sílaba e, na pronuncia, identificar mais o “P” e o “O”. Nesses momentos, se fazia

conveniente os exercícios de oralidade e pronuncia pausada, pedindo aos alunos que

observassem se existia mais letras na silaba e a relação com outras palavra que

continham a mesma sílaba “PRO”. Assim, íamos construindo a relação da grafia com a

fonética, dando a oportunidade dos sujeitos construir e produzir sua leitura e escrita.

FREIRE (1996. p. 21) diz que “… ensinar não é transferir conhecimento, mas

criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Dessa forma,

fomos desencadeando o interesse e desenvolvendo habilidades de leitura e escrita, além

de proporcionar momentos lúdicos e interativos, dando condições ao aluno de ser

autônomo nas suas produções.

Uma das alunas, ao iniciar sua escrita sobre o que gostaria de ser (veterinária),

sempre perguntava se estava correto, se estava errado como o seu esforço na construção

da palavra “VETERINÁRIA”. Então eu buscava estimular: “Será que está? Ouça a

minha pronuncia, repita e repare os sons produzidos quando você fala”.

Em uma das aulas, esta discente, me chamou e novamente perguntou se sua

escrita estava certa ou errada. Novamente pedi que observasse o que havia escrito que

pronunciasse e observasse a sua fala. Saí de perto dela e continuei a auxiliar os outros

alunos. De repente ela me chamou e pediu para que visse a palavra escrita. Disse-lhe:

26

“Está vendo como você sabe! Só precisa pensar. Está certo”. A alegria dela era

contagiante, quase que pula da cadeira por ter conseguido relacionar a pronuncia com a

escrita. E a felicidade não foi só dela como também minha.

Lembrando FREIRE (1996), ensinar não é transferir conhecimento, mas

também, criar condições que dê a oportunidade do educando chegar a construir seus

conhecimentos, também é dar autonomia de pensar, produzir e até mesmo sanar seus

medos de “errar”.

Prosseguindo com as atividades do projeto, planejamos uma aula em que os

alunos refletissem sobre o sonho almejado e quais as práticas desenvolvidas,

ferramentas e responsabilidades assumidas por estes profissionais, que eles almejam em

também ser. Assim, foi pedido a cada aluno que fizesse uma reflexão sobre “quem sou

eu e o que quero ser”. Em seguida, devia escrever sobre como idealizou ou realizou

seus sonhos, representando em forma em desenho (s). (ANEXOS 3 e 4).

Embora uns ainda confundissem os nomes das letras, outros “juntassem” as

sílabas, e alguns, já produzissem textos de fácil entendimento e compreensão, foi difícil

garantir que todos participassem desta atividade, levando em consideração uma

produção textual a ser realizada e com vários alunos de níveis de alfabetização bem

distintos. No entanto, fomos superando e adequando ao que estava sendo enfrentado aos

objetivos. Dividimos a turma em grupos, e fomos auxiliando e desenvolvendo aos

poucos a atividade proposta. As produções iam surgindo e junto com elas seus relatos.

Uma das escritas chamou atenção partiu da fala de um dos alunos, o qual

gostaria de realizar seu sonho de ser piloto de avião (ANEXO 4), e dizia mais ou menos

o seguinte: gostaria de ser piloto de avião, pois quando era criança olhava o céu para ver

o avião voando e a admirava muito. O aluno enfatiza que criou curiosidade, mas ainda

não realizou esse sonho, porém, não ia desistir de sonhar, pois, quem sabe, poderia

futuramente realizar seu sonho.

Frente a isso, por que não incentivar o aluno na busca de seus sonhos? A

refletir e criar suas ideias e hipóteses conforme amplia seus conhecimentos? Posto que

isso também faça parte do processo de ensino-aprendizagem, e contribui para formar

um aluno crítico e participativo na sociedade, conhecedor de seus interesses. E tal

estímulo pode proporcionar outros conhecimentos e contribuir na sua alfabetização.

No entanto, para esse público, a alfabetização, vai bem mais além do que só se

apropriar da língua escrita, ou compreender seus significados, seja escrito ou oral. O

aluno de EJA

27

Adquire outra qualidade, onde a apropriação da leitura se vincula com

uma nova condição humana, com a capacidade de se envolver e

participar de novas práticas políticas, sociais e culturais. Isto é, de se

desenvolver como sujeitos, de se humanizar (ARROYO, 2001, p.19).

Dentro dessa lógica, colaborar na humanização dos alunos, envolvendo a sua

alfabetização no contexto social, político e cultural, também é nosso papel como

docente.

Por meio do PIBID, tivemos oportunidade de fazer parte dessa humanização.

Fomos levados a intervir em sala de aula, participarmos dos planejamentos da escola,

auxiliarmos a professora supervisora e colaboradora, objetivando trazer resultados

significativos aos sujeitos da EJA no seu processo formativo. E, em meio a essas

responsabilidades, enquanto docente e bolsista, vendo a nossa participação e

envolvimento, a professora colaboradora e supervisora deixa explicita a sua posição

sobre o PIBID e as experiências vivenciadas:

É uma troca de saberes e conhecimentos, onde o aluno bolsista conhece

a rotina de uma escola da sala de aula, convivendo com diferentes

contextos sociais e diferentes níveis de escolaridade. Ao professor

colaborador e/ou supervisor a oportunidade de se atualizar, renovar, se

reciclar, voltar a se sentir estudantes, estar perto de novos

conhecimentos. (...) A parceria UFRN/Escola oportuniza o estudante

refletir e abraçar sua profissão com a certeza do que realmente quer.

(APÊNDICE 5. PROFESSORA COLABORADORA E

SUPERVISORA).

Assim vemos que o PIBID faz de momentos como o planejamento e a

intervenção oportunidades de trocar informações e conhecimento, trazendo o

aprendizados dos mais variados saberes, tanto na relação supervisor/bolsista, como na

bolsista/gestão e bolsista/sujeito da EJA.

Dessa maneira, conhecemos melhor os nossos alunos. E pensando neles, em

uma das intervenções, partindo sempre seus anseios e idealizações, propusemos que

cada uma criasse seu acróstico, onde a palavra escrita verticalmente representasse o seu

sonho (ANEXO 5).

Nesse momento, após posicionar na vertical a palavra que representa seu sonho,

como na produção textual anterior, os alunos também refletiriam sobre o exercício da

função almejada, e/ou sobre qualquer outro aspecto a está relacionado. Feito isso, teriam

que escrever outras palavras que explicitassem tais relações (ANEXO 5 ).

Vale salientar que alguns deles já queriam a resposta pronta, sem refletir. Ou

seja, que as bolsistas lhes dissessem o que escrever. Como, por exemplo, na palavra

28

“ENGENHEIRO”: que já fosse falada a palavra OBRA, iniciada com a letra “O”, a

última letra da palavra vertical, em destaque.

Nesses momentos, sempre os direcionávamos para alguma reflexão: “o que

será que um engenheiro faz?”; “o que será que tem no trabalho dele?”. Assim, os

questionamentos davam resultados, as respostas apareciam, fazia-se a partir da fala das

suas respostas uma relação com a escrita. Ao mesmo tempo, eram identificadas novas

palavras que iniciavam com aquela determinada letra.

Isso representou um avanço significativo, já que contribuiu para que os alunos

conhecessem e reconhecessem as letras do alfabeto, além do som que elas produzem

foneticamente, algo que nem todos conheciam. O retorno em termos de aprendizagem

era visível.

Um dos importantes suportes neste processo de identificação, para além da

“famosa decoreba”, foi à utilização das letras móveis (ANEXO 6). O emprego deste

aparato contribui para que o aluno, além de identificar as letras, também construa a sua

forma e forme as palavras. Tocar o objeto concreto favorece a oportunidade de serem

autônomos, criando hipóteses, trocando experiências com os colegas. De modo que,

com ou sem a intervenção pedagógica, percebam as letras que compõe os fonemas que

estão a produzir por meio da construção escrita. Assim, seguem rumo a se tornarem

sujeitos alfabetizados.

Com o uso das letras móveis, vimos discentes identificando letras, formando

palavras, trocando posições das letras sempre que percebiam ao ler, que a pronuncia não

estava “correta”. Percebiam a ausência de letras ao formular escritos, e nesse processo

de erro e acerto, também iam superando o medo de “errar”, aspecto importante dos seus

aprendizados.

Tal vivencia é uma motivação, tanto para o aluno, como para as docentes. Aqui

se vê estratégias que deram certo. Confirmadas nas conquistas daqueles que muitas

vezes não se consideram capazes de conseguir, de ir além , de aprender.

Em uma das aulas a nossa turma, foi convidada a assistir a uma atividade da

professora do 2º nível da EJA. Foi exibido um vídeo sobre o trabalho com a literatura de

cordel. Todos riram e gostaram bastante.

Vendo o envolvimento da turma com aquele gênero exposto pensamos, em um

dos planejamentos, como trabalhar com o cordel. Mostrando inicialmente o que é,

trazendo exemplos, com o objetivo de criar o próprio cordel da turma (APÊNDICE 6).

29

Tal produção deveria resumir o registro dos seus sonhos e objetivos e como a escola

pode contribuir para que fossem alcançados.

Juntos, fomos construindo o que podemos dizer, o “sonho meu”, trabalhando as

rimas, as estrofes e o que o cordel (ANEXO 7) nos oportunizaria trabalhar.

Por se tratar de algo que integrava os objetivos da professora colaboradora e

das bolsistas PIBID, o envolvimento foi mais intenso. O Cordel foi sendo construído em

mais vários dias letivos. Isso deu oportunidade aos que faltavam a uma aula, poder

participar e contribuir em outro momento. Assim, coletivamente, todos participaram e

produziram registros escritos nos cadernos. (ANEXO 8).

Como já que queríamos iniciar o cordel com estrofes que apresentassem o

“Projeto Sonho Meu”, estas só foram construídas após a as estrofes que tematizavam os

sonhos dos alunos. Portanto, iniciamos com os versos que tratavam do sonho de cada

aluno, assim como das características dele ou dela como pessoa e, até mesmo,

circunstancias das suas vidas.

Aos poucos, vimos o “descascar” não apenas de sonhos, mas de desejos que

foram despertados. Algo, até então, tão subjetivo e que para uns parecia algo distante ou

inalcançável e que, no entanto, aparece como uma meta que os estudos,

hipoteticamente, lhes proporcionariam almejar.

Como aquele aluno que com estava ali na escola, para “aprender a ler e

escrever”, com o intuito de poder tirar a sua habilitação. Ou aquela mulher, sofrida, que

foi despedida de uma padaria renomada, por que não sabia “ler e escrever”, e estava ali

na tentativa de ser uma grande garçonete e mostrar que ela é capaz.

Cada estrofe trazia os anseios de um a três alunos, dependendo dos sonhos

serem assemelhados. E na fala de cada um, se buscava palavras que rimassem e

tivessem sentido com o contexto, que fossem atreladas a realidade do educando.

Dessa forma, não foram apenas sonhos compartilhados, mas também,

motivações de continuar na luta para alcançar objetivos. Era uma afirmação de que os

estudos podem significar uma esperança de uma vida melhor. O resultado foi

significativo, e até mesmo emocionante. Haja vista, a oportunidade de conhecer a

realidade de muitos ali presentes, em meio às dificuldades enfrentadas.

Todo esforço resultou no sarau (ANEXO 9), um momento de muita emoção,

sorrisos, timidez. E, mesmo que só por um momento, todos puderam se sentir

realizados, vestidos com o que ali representava seus sonhos. Isso pode ser percebido nos

depoimentos espontâneos após o sarau. Afirmou uma das alunas: “No dia do sarau

30

fiquei ansiosa e emocionada ao mostrar para as pessoas meu sonho”. Já outra declarou:

“Foi muito alegre, divertido e bonito. Me senti feliz e importante, por que pude me

sentir realizada”.

Tudo isso, representou uma confirmação de que somos convidados a incentivar

o nosso aluno a buscar as suas conquistas. Não importa a sua idade e nem o que deseja,

pois do seu esforço e dedicação, é possível acreditar e conseguir.

Dessa forma, encerro está seção, sabendo da necessidade de nos oportunizar a

vivenciar a pedagogia, a acompanhar o desenvolvimento de nossos educandos, saber lhe

dar com os desafios encontrados, buscar caminhos que motivem e façam os alunos

compreender o próprio processo de ensino aprendizado na sua formação, tanto pessoal

quando profissional.

Assim, mostrando a riqueza que é experimentar no presente enquanto aluna do

Curso de Pedagogia, um pouco do que será a realidade futura diante de uma sala de aula

como docente titular.

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por mais que quisesse um Curso e inicio, que contribuísse significativamente

para a sociedade, me encontrei na Pedagogia, dentro das experiências do Programa

Institucional de Iniciação a Docência. Experimentar modalidades diferentes contribuiu

não só para realmente me considerar parte da pedagogia e me sentir satisfeita pela

escolha como preparar-me para meu futuro profissional.

No decorrer dessas vivenciais, existiram superações perante a vontade de

desistir, e coragem ao me oportunizar conhecer a realidade de cada segmento ou

modalidade de ensino. Fosse à Educação Infantil, no Centro Municipal de Educação

Infantil Professora Antônia Fernanda Jalles, fosse ao Ensino Fundamental, na Escola

Estadual Professor Ulisses de Góis e na Escola Municipal Professora Emília Ramos.

Fosse, por fim, na EJA, nesta última escola citada. Tudo isso, me trouxe inúmeros

aprendizados.

Percebi que, cada segmento de ensino possui seu público e suas peculiaridades.

No Berçário, me vi a pensar em ações voltadas para o desenvolvimento psicomotor,

sensorial, oral. Já no Ensino Fundamental, a questão da alfabetização á mais presente e

os discentes são mais autônomos e, participativos. São crianças que estão na escola

vivendo esse “tempo de criança”, no qual a aprendizagem na escola, por vezes, é a sua

única responsabilidade. Já na Educação de Jovens e Adultos, por mais que se pense

também no alfabetizar, a diferença de idades dos alunos em sala de aula, é nítida. São

sujeitos repletos de experienciais, um novo público que traz consigo uma carga do

cotidiano, como o trabalho braçal e o cansaço, o que interfere no processo ensino-

aprendizagem.

Nitidamente, a cada experiência um novo desafio, uma nova realidade, e o

medo de enfrentar algo novo. Aos poucos fui experimentando, adquirindo

conhecimentos que certamente influenciarão a minha carreira docente.

Mas algo que marcou mais forte neste percurso: a experiência na EJA. Alunos,

que por distintos e até mesmos semelhantes motivos, afastaram-se da escola. E que a

ela retornam com seus objetivos e em meio ao cansaço físico e mental, estão querer

aprender.

E quem diria, que o Projeto “Sonho meu” iria influenciar tanto no processo de

alfabetização e motivação como um todo? Pois até mesmo a professora supervisora e

colaboradora, demonstrou a intenção de dar continuidade.

32

Seja na sistematização do conhecimento, na aplicação de um assunto, ele foi o

aparato pelo qual está se constituindo o aprendizado desses sujeitos, os fazendo refletir

diante das suas realidades, sobre a importância da escola influenciando até em seus

sonhos. E assim, construindo alunos críticos, autônomos e motivando-os para a vida

que eles esperam rumo ao que, através dos estudos, querem almejar.

33

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel. A educação de jovens e adultos em tempos e exclusão. In

Alfabetização e Cidadania: Revista de Educação de Jovens e Adultos. Rede de

apoio à ação alfabetizadora do Brasil. N° 11- Abril, 2001. p. 09-20.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília, DF, Senado, 1998. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 17 de

Set. de 2016.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução. Brasília/ DF: MEC, SEF, 1997.

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf Acesso em: 22 de

Nov. 2016.

________ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e

do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

Disponível em; http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf Acesso em: 22

de Nov. de 2016.

______ Ministério da Educação. Documento Base Nacional. [Educação de Jovens e

Adultos]. Brasília, 20 de março de 2008. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/confitea_docbase.pdf. Acesso em 04 de Mai.

2016.

_______. Ministério da Educação. PIBID – Apresentação. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/pibid. Acesso em:15 de setembro de 2016.

_______. MEC. CAPES. PORTARIA Nº 096, DE 18 DE JULHO DE 2013. ANEXO

I. REGULAMENTO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE

INICIAÇÃO À DOCÊNCIA. Disponível em: http://capes.gov.br/educacao-

basica/capespibid/documentos-pibid. Acesso em:15 de setembro de 2016.

34

EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS: ENSINO FUNDAMENTAL:

PROPOSTA CURRICULAR -1º SEGMENTO / Coordenação e texto final (de) Vera

Maria Masagão Ribeiro; — São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 2001.

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA EMÍLIA RAMOS. Proposta Política

Pedagógica. Natal, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.

São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS. Um estudo avaliativo do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). / Bernardete A. Gatti; Marli E. D. A. André;

Nelson A. S. Gimenes; Laurizete Ferragut, pesquisadores.– São Paulo: FCC/SEP, 2014.

HOLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências. João Pessoa: Editora

Universitária/ UFPB, 1995.

MENDONÇA, Olympio Correa; MENDONÇA, Onaide Schwartz. Alfabetização

método sociolinguístico consciência social, silábica e alfabética em Paulo

Freire.2.ed- São Paulo:cortez.2008.

OLIVEIRA. Maria Alessandra de. SILVA. Déborah Fernanda da. Projeto Sonho meu.

Natal,2016.

SANTOS, Elâne Ferraz dos. Uma experiência de organização curricular. In

Alfabetização e Cidadania: Revista de Educação de Jovens e Adultos. Rede de

apoio à ação alfabetizadora do Brasil. N° 11- Abril, 2001. p. 49-60.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Relatório anual de

gestão - 2015 . Natal.2016. file:///C:/Users/PC4-

PC/Downloads/Relat%C3%B3rio%20de%20Gest%C3%A3o%20do%20Centro%20de

%20Educa%C3%A7%C3%A3o%202015.pdf Acesso em:15 de setembro de 2016.

35

VIEIRA. Giane Bezerra. Alfabetizar letrando: Investigação-ação fundada nas

necessidades de formação docente. UFRN. PPGEd : Natal,2010. [Tese].

36

ANEXOS

ANEXO 1 – Figura 1:

QUEM SOU EU? O QUE QUERO SER?

Fonte: LIMA, Ana Lúcia de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos.

ANEXO 2 – Figura 2:

QUEM SOU EU? O QUE QUERO SER?

Fonte: LIMA, Ana Lúcia de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos.

37

ANEXO 3 – Figura 3

“REFLETINDO SOBRE O QUE QUERO SER” (Aluno que sonha em ser piloto de

avião).

Fonte: OLIVEIRA. Maria Alessandra de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos.

ANEXO 4 – Figura 4:

“REFLETINDO SOBRE O QUE QUERO SER” (Aluno que sonha em ser piloto de avião). Fonte: OLIVEIRA. Maria Alessandra de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos.

38

ANEXO 5 – Figura 5:

ANEXO 6 – Figura 6:

CONSTRUÇÃO DO ACRÓSTICO COM O AUXILIO DAS LETRAS MOVÉIS Fonte. (OLIVEIRA. Maria Alessandra de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos).

ACRÓSTICO (ALUNO QUE SONHA EM SER ENGENHEIRO) Fonte. (OLIVEIRA. Maria Alessandra de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos).

39

ANEXO 7– Figura 7:

CRIAÇÃO DO CORDEL

Fonte. (LIMA, Ana Lúcia de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos).

ANEXO 8 – Figura 8

CRIAÇÃO DO CORDEL (Escrita de um dos alunos)

Fonte. (LIMA, Ana Lúcia de. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos).

40

ANEXO 9 – Figura 9

APRESENTAÇÃO DO CORDEL NO SARAU DA ESCOLA. TURMA DO PRIMEIRO SEGMENTO DA EJA Fonte. (Desconhecido. 2016. Escola Municipal Professora Emília Ramos).

41

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – PROJETO “SONHO MEU”

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA –

PIBID/SUBPROJETO PEDAGOGIA

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA EMÍLIA RAMOS

PROJETO SONHO MEU

NATAL/RN

2016

42

DÉBORAH FERNANDA DA SILVA E MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA

PROJETO: SONHO MEU

Projeto apresentado ao PIBID-PEDAGOGIA, da

UFRN, para intervenção no processo de

alfabetização dos alunos da modalidade EJA na

Escola Municipal Professora Emília Ramos -

Natal, RN.

Professora Supervisora: Ana Lúcia de Lima.

Coordenadora Pedagógica colaboradora: Profª Ms.

Maria de Lourdes Gabriel Ferreira Soares.

Coordenador PIBID/PEDAGOGIA: Prof. Dr. João

Maria Valença de Andrade.

NATAL/RN

2016

43

SUMÁRIO

1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

1.1 Breve históricos da escola

1.2 Espaços de lazer e recreação

1.3 Planejamento escolar

1.4 Aspectos administrativos gerais

2. JUSTIFICATIVA

3. OBJETIVOS

3.1 GERAL

3.2 ESPECÍFICOS

4. CONTEÚDOS

4.1 – CONCEITUAIS

4.2 – PROCEDIMENTAIS

4.3 - ATITUDINAIS

5. PROCESSO METODOLÓGICO

6. AVALIAÇÃO

7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

8. RECURSOS

9. CULMINÂNCIA

10. REFERÊNCIAS

44

1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

1.1 Breve históricos da escola

A Escola Municipal Professora Emília Ramos (EMPER), surgiu da luta dos

moradores em defesa da construção de uma escola de educação infantil no bairro de Cidade

Nova, zona Oeste da cidade do Natal (Rio Grande do Norte). A escolha do nome da escola se

deu em homenagem a Emília Ramos, moradora do bairro, que fazia de sua casa uma escola,

recebendo crianças/alunos em sua própria residência, onde ensinava os primeiros passos do ler

e do escrever no ano de mil novecentos e oitenta e oito (1988).

Devido à falta de escola, os moradores de Cidade Nova se uniram e exigiram a

construção de uma escola para as crianças no bairro e, assim, depois de muita luta, foi

construído o Centro Municipal Professora Emilia Ramos- primeira escola de educação infantil

do bairro. A escola sempre foi referência de educação no bairro, seja pela preocupação com a

qualidade da educação ou devido à participação da população em sua construção e nas

decisões.

Como a matrículas na escola sempre foi uma crescente, em 2008 houve a construção de um

novo prédio para atender a demanda de alunos. A escola, hoje, oferece o ensino do 1° ao 5°

ano do Ensino Fundamental no período diurno e no período noturno é oferecida a Modalidade

EJA- Educação de Jovens e Adultos.

Atualmente funciona com 24 turmas atendendo a cerca de aproximadamente _____ () alunos,

sendo crianças na faixa etária a partir de 06 anos nos anos iniciais do Ensino Fundamental nos

turnos diurnos, e jovens e adultos a partir de 15 anos no turno noturno (EJA), num total de

___________ alunos.

Para tanto, enfatizamos que a Educação de Jovens e Adultos conta neste ano com 06 (seis)

turmas, sendo duas turmas do 1ºsegmento e quatro turmas do 2º segmento: 01 turma de 1º

nível, 01 do 2º nível, 02 turmas de 3º nível e 02 turmas do 4º nível.

1.2 Espaços de lazer e recreação

Observa-se que a escola não disponibiliza de espaços para desenvolvimento das

atividades esportivas. As áreas que são utilizadas para tais finalidades são o pátio central da

escola, andar superior que no período não é utilizado e o estacionamento, que tem um piso

inadequado para realização das atividades, este aspecto, tem sido bandeira de luta. Tais

espaços não são apropriados para as atividades e aulas de Educação Física que são

desenvolvidas pelo professor da área.

1.3 Planejamento escolar

O planejamento escolar é desenvolvido pela escola e se baseia em coletas de dados e

informações para a realização de um diagnóstico, o que permite a construção do perfil dos

alunos, auxiliando os professores a executarem suas ações. A escola segue matrizes

curriculares onde estão estabelecidas metas, objetivos e avaliações dos desejos educacionais. A

respeito do tema gerador, este é estabelecido para todo o decorrer do ano, é uma proposta da

Secretaria Municipal de Educação, nesse sentido, a escola discute o tema proposto com toda a

equipe pedagógica e define de que forma este será trabalhado.

Devemos destacar que o planejamento do primeiro e segundo níveis da Educação de

Jovens e Adultos, que compreende de primeiro a quinto ano do ensino regular e realizado nas

terças-feiras entre a coordenadora da escola do turno, as professoras dos segmentos, mais a

professora de reforço e os alunos bolsistas do PIBID. Durante essa ação acontecem estudos,

discussões e construções de saberes que são baseados em problemáticas da escola e do

segmento.

1.4 Aspectos administrativos gerais

A gestão da escola é democrática e existe a presença de diálogo entre a direção com

os profissionais que na escola estão inseridos, com os pais, com os alunos e com a comunidade

e esse relacionamento ocorre de forma respeitosa, à execução das atividades ocorre de forma

facilitada e todos sabem o que está ocorrendo na escola e das decisões.

45

2 - JUSTIFICATIVA

A observação da turma da EJA da Escola Municipal Professora Emília Ramos, na turma

da professora Ana Lúcia de lima, nos fez perceber a realidade dos alunos, seus contextos de vida

e o “desejo de aprender a ler e escrever”, é uma conquista que para muitos, ainda é um “sonho”.

Há quem não acredite em si mesmo; há quem tiveram seus sonhos frustrados; e há quem ainda

busca ter um futuro melhor.

Pensando nisso, o projeto sonho meu, vem buscar despertar esses sonhos, fazendo os

refletir sobre a importância de alfabetizar-se letrando; posto que, para muitos desses alunos da

EJA, saber escrever e ler, é uma forma de “saber” mais do mundo, algo que não deixa de ser

satisfatório para esses alunos, já que por diversas razões e diante destas, tiveram seus estudos

interrompidos e junto com eles, seus sonhos.

Nesse pensar, direcionamos alguns questionamentos para entendermos melhor sobre as

razões que os levaram continuar estudando e o que os motiva. “Diante dessa dinâmica” e dos

resultados obtidos, o Projeto “SONHO MEU”, trará como norte, no processo de alfabetização e

letramento, uma “viagem” à vida e experiências desses sujeitos enquanto indivíduos, fazendo

compartilharem e se conhecerem melhor, valorizando, cada saber e conhecimento

experimentado, no decorrer dessa trajetória de vida, que os fizeram se constituir enquanto

indivíduos.

Dessa forma, o cotidiano, o trabalho, a profissão e as mais variadas experiências desses

sujeitos, serão fontes de estudo. Valendo aqui salientar, que a valorização do empírico do aluno,

está diretamente ligada ao conceito de letramento. Este por sua vez, trabalha em interface com a

alfabetização, apreensão do sistema alfabético, da leitura e escrita, tudo isso posto em prática

nas demais relações sociais.

A valorização do sujeito enquanto o norteador de aprendizagem, não é algo novo, como

nos mostra estudos do MEC (2008):

A EJA, historicamente, tem-se caracterizado por tentar articular

processos de aprendizagem que ocorrem na escola, segundo

determinadas regras e lógicas do que é saber e conhecer, com

processos que acontecem com homens e mulheres por toda a vida —

em todos os espaços sociais, na família, na convivência humana, no

mundo do trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, em

entidades religiosas, na rua, na cidade, no campo, nos movimentos

sociais e organizações da sociedade civil, nas manifestações culturais,

nos ambientes virtuais multimídia etc., cotidianamente, e o tempo

todo.(MEC.2008).

Pensando nisso, o Projeto “sonho meu”, fará com que as experiências, sonhos, vontades

de conquistas e entre outros, sejam pontos relevantes para refletirem sobre a importância de dar

continuidade a sua vida escolar para atingir seus objetivos, e a escola poder utilizar dessas

especificidades no processo de alfabetização do educando. Como podemos comprovar nas

diretrizes do MEC (2008):

A EJA vem tentando perceber esses processos tão presentes no

cotidiano, resultantes de estratégias didáticas que possibilitam esses

aprendizados. São frutos da experiência e da ação inteligente de

sujeitos no mundo, segundo a ordem de necessidade em relação ao

que se quer – ou se precisa – aprender.

(MEC.2008).

46

3– OBJETIVOS

• – GERAL

Refletir junto aos alunos da EJA, da importância da continuidade da sua vida escolar,

rumo a outras formas de aprendizagens futuras, para as conquistas e idealizações de seus

sonhos. Utilizando as experiências, conhecimentos e saberes dos educandos, como pretextos

para discussões e abertura ao processo de ensino aprendizado, enfatizando aqui, o ato de

alfabetizar.

• – ESPECÍFICOS

• Compreender sua historicidade enquanto sujeitos;

• Valorizar a diversidade cultural, social, étnico racial do sujeito, enquanto indivíduos com

diferentes saberes.

• Analisar os assuntos estudados;

• Conhecer os mais diversos gêneros textuais;

• Pesquisar em diferentes fontes;

• Realizar intervenções sobre o SEA (como funciona o SEA/compreender o que a escrita

representa/pensar sobre como a escrita representa)

• Desenvolver a habilidade de refletir sobre os segmentos sonoros das palavras;

• Desenvolver a capacidade metalinguística que permite analisar e refletir, de forma

consciente sobre a estrutura fonológica da linguagem oral.

• Desenvolver a capacidade relativas à compreensão e à produção de sentido

• Produzir as atividades propostas;

4 - CONTEÚDOS

Os conteúdos serão desenvolvidos de acordo com a matriz curricular da EJA e com o

tema do projeto anual, que denomina-se: Escola em Movimento: Conhecimento, Respeito e

Diversidade. Sendo assim, as atividades de sala de aula terão um cunho criativo, com

dinamicidade e diferenciadas com sentidos e significados de acordo com os temas trabalhados e

planos de ensino pela professora.

4.1 – CONCEITUAIS – Língua Portuguesa

• Historicidade (enquanto sujeitos);

• Diversidade cultural, social, étnico-racial (Valorização do sujeito, enquanto

indivíduos com diferentes saberes).

• Gêneros textuais;

• Oralidade

• Sistema de Escrita Alfabética – SEA

• Gêneros textuais;

• Tipologia textual;

• O que a escrita representa;

• Como funciona o sistema de escrita alfabética;

• Pensar sobre como a escrita representa.

• Leitura – apropriação e desenvolvimento

• Estratégias de leitura: inferência/antecipação/seleção/verificação

• Tipos de leitura: individual/coletiva/Visual/Auditiva/Viso motora/Silenciosa

• Compreensão

• Pontual

• Global – explícito/implícito

• Ritmo

• Lento

• Fluente

• Textos

• Frases

• Palavras

47

• Letras

• Escrita

• Com compreensão de ortografia segmentação

• Forma do texto (prosa/poema)

• Coerência (Macroestrutura básica as linguagens contempladas são coerentes ao

contexto do gênero textual)

• Coesão e ortografia básica (como a microestrutura contempla estes aspectos);

4.2 – PROCEDIMENTAIS:

• Pesquisa em diferentes fontes;

• Análises dos assuntos estudados;

• Seleção dos gêneros textuais;

• Seleção dos tipos de leitura;

• Análise linguística da consciência fonológica das palavras;

• Identificação das hipóteses e etapas de leitura;

• Utilização das estratégias de leitura;

• Identificação das hipóteses de escrita;

• Etapas de leitura

• Nas hipóteses de leitura e escrita

• Análise linguística: discursividade, textualidade e normatividade.

• Se característica predominante na tipologia textual

• Alfabético com compreensão de ortografia segmentação

• Organização do texto no papel de forma intencional (prosa/poema)

• Identificação da coerência na macroestrutura

• A microestrutura contempla os aspectos de coesão e ortografia básica

• As linguagens contempladas são coerentes ao contexto do gênero textual

4.3 – ATITUDINAIS:

• Atitudes de interesse, cooperação, participação, atenção e interesse nas aulas;

• Interagindo nas discussões;

• Fazendo as atividades propostas;

• Sendo participativo;

5 - PROCESSO METODOLÓGICO

A metodologia utilizada nas atividades, relatos de experiências, roda de conversas ,

buscamos conseguir trabalhar as habilidades de leitura e escrita. Será realizada a exposição de

diversificados usos e funções de gêneros textuais, produções escrita e reescrita, leituras

individualizadas e compartilhadas e trabalhos em grupo de níveis de escrita segundo a

psicogênese da escrita de Emília Ferreiro.

A partir dos resultados obtidos dos questionários, as atividades desenvolvidas serão

voltadas para a apropriação da leitura e da escrita. Utilizando textos informativos leituras

reflexivas de autoestima, dinâmicas, trabalhos em grupos, debates, diálogos e depoimentos.

Despertando para o desejo de aprender e refletindo sobre a relevância do indivíduo de

alfabetizar.

As atividades serão realizadas uma vez por semana com o auxílio da professora

colaboradora: em grupos, duplas e individual. Os alunos que apresentam maiores dificuldades

no processo de alfabetização serão utilizados material concreto (alfabeto móvel), e um

atendimento direcionado e mais humanizado, tendo como prioridade a realização dos desejos e

sonhos dos educandos.

6 - AVALIAÇÃO

A avaliação será contínua onde a participação e o envolvimento dos alunos presentes às

aulas é relevante, devido à assiduidade dos alunos da EJA que é tímida e rotativa e vários

fatores próprios do contexto do turno noturno, como: jornada pesada, cansaço, filhos, transporte

dentre outros.

48

Será avaliada a qualidade do aprendizado, buscando observar se os aprendizes estão

compreendendo o que está sendo trabalhado, percebendo as dificuldades e os avanços de cada

um.

7 – CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

A realização do projeto dar-se-á semanalmente durante os meses de maio a dezembro de

2016, as ações serão mediadas e orientadas pelas bolsistas idealizadoras do Projeto, sob o olhar

da professora colaboradora. Paralelo a isso, as bolsistas estarão envolvidas com as atividades

propostas pela professora titular e do reforço, em apoio ao aprendizado dos alunos, sobretudo

aos que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem.

PERÍODO AÇÃO/ATIVIDADE META AVALIAÇÃO

1ª semana

Compreender sua

historicidade enquanto

sujeitos.

Atender alunos.

Aplicar uma

entrevista em

pequenos grupos.

8 - RECURSOS

• Músicas;

• Data show;

• Quadro branco;

• Livro didático;

• Sala de leitura;

• Alfabeto móvel;

• Sala de informática;

• Cola, tesoura, cartolina;

• Revistas, textos informativos.

• Textos digitalizados

9 – CULMINÂNCIA

Pretende-se ainda que o produto final do projeto seja a exposição oral (depoimentos dos

alunos/apresentação de trabalhos/leituras de poemas) exposição das atividades escritas,

confecção de um livro de memórias com as atividades desenvolvidas durante o ano letivo.

Após a realização do sarau entregaremos os livros aos alunos.

49

APÊNDICE 2 – CRONOGRAMA DAS INTERVENÇÕES

ESCOLA MUNICIPAL PRORESSORA EMÍLIA RAMOS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

PIBID/UFRN – Subprojeto Pedagogia

PROJETO “SONHO MEU”

DATA TEMA

06/06/2016 ENTREVISTA*

18/07/2016 QUEM SOU EU E O QUE QUERO SER*

20/07/2016 PRODUÇÃO TEXTUAL*

01/08/2016 ACRÓSTICO*

08/08/2016 ESTRADA DA VIDA

10/08/2016 COMPARANDO IMAGENS

05/09/2016 CORDEL*

* Intervenções consideradas no presente Relato de Práticas Pedagógicas

50

APÊNDICE - 3: PLANEJAMENTOS

APÊNDICE 3.1 - Planejamento 1

Tema: Entrevistando os alunos da EJA

Objetivo geral:

Conhecer a turma da EJA, objetivando, dando-nos subsidio nas intervenções do projeto

“sonho meu”.

Objetivos específicos:

Coletar dados do sujeito da eja;

Compreender a relação do sujeito com a escola;

Metodologia:

Será dado e aplicado para a turma, com a ajuda das bolsistas responsáveis e a professora

titular de sala, uma entrevista com os alunos em sala de aula tanto individualmente como

coletivamente, dessa forma, coletando as informações necessárias e obtendo mais

informações para nos nortear no projeto “sonho meu”.

Atividade:

Entrevista.

Recursos:

Papel;

Lápis;

Borracha;

Avaliação:

A avaliação será realizada a partir da participação e da realização das atividades

propostas.

51

APÊNDICE 3.2 - Planejamento 2

Tema: Quem sou? O que quero ser?

Objetivo Geral:

Desenvolver através da reflexão subjetiva do sujeito, momentos de leitura e escrita.

Objetivos especificam:

• Desenvolver o trabalho coletivo;

• Trabalhar a leitura e escrita;

• Refletir sobre seus sonhos;

• Proporcionar momentos de interação;

Metodologia:

Com a utilização de cartolinas, as colocaremos no quatro, e cada aluno vai responder os

seguintes questionamentos descritos no aparato: ” Quem sou eu” e “o que quero ser”.

Cada aluno, irá responder tais, e iremos todos juntos numa atividade coletiva, descobrir e

descrever, as letras que compõe as palavras descritas, as quais não só identificam o aluno,

como também sonhos e objetivos.

Atividade:

Cartaz com a identificação de cada aluno (a) o o sonho/objetivo;

Recurso:

Piloto;

Cartolina;

Fita adesiva

Avaliação:

A avaliação será efetuada, a partir da participação dos alunos na atividade, a compreensão

diante do assunto, além do seu desempenho na leitura e escrita.

52

APÊNDICE 3.3 - Planejamento 3

Tema: Refletindo sobre o que sou e o que quero.

Objetivo Geral:

Refletir diante de seus sonhos, através da produção textual.

Objetivos específicos:

Desenvolver habilidades de leitura e escrita;

Proporcionar um momento de reflexão sobre seus sonhos e objetivos;

Desencadear o interesse pela pratica da leitura e escrita;

Proporcionar momentos lúdicos e interativos;

Metodologia:

Em sala de aula, será refletido a atividade feita anteriormente, sobre “ Quem sou “ e “ o que

quero ser” um grande grupo. Feito isso, a partir da reflexão, os alunos irão desenvolver sua

produção textual, relatando além do que gostaria de ser, outros aspectos relacionados a tal

temática e representar utilizando de suas criatividades, em forma de desenho, as suas reflexões.

Atividade:

Produção textual;

Recurso:

Folha de papel oficio;

Lápis de cor;

Lápis;

Borracha;

Avaliação:

A avaliação será realizada, diante das atividades produzidas e participação em sala.

53

APÊNDICE 3.4 - Planejamento 4

Tema: O que meu sonho proporciona na vida real

Objetivo Geral:

Refletir sobre as ações desenvolvidas pelos profissionais, os quais já atuam na área e

dessa forma, construir com estas, seu próprio acróstico.

Objetivos especificam:

Desenvolver o trabalho individual e coletivo;

Trabalhar a leitura e escrita;

Refletir sobre seus sonhos;

Proporcionar momentos de interação;

Relacionar a grafia e fonema;

Metodologia:

Com a folha de ofício, cada aluno irá escrever verticalmente formando um acróstico, os

sonhos os quais gostariam de realizar, e os quais precisam da leitura e escrita, para tais

conquistas. Feito isso, cada um irá pensar em palavras, as quais tenha relação com as

profissões, sonhos por eles desejados, e escrever em cada letra que forma o acróstico

construído, a palavra que representa as ações realizadas de seus sonhos.

Atividade:

Acróstico

Recurso:

Folha de ofício;

Régua;

Lápis;

Caneta;

Borracha;

Alfabeto Móvel.

Avaliação:

A avaliação será efetuada, a partir da participação dos alunos na atividade, a

compreensão diante do assunto, além do seu desempenho na leitura e escrita, tanto com

o auxílio do alfabeto móvel como sem tal utensílio.

54

APÊNDICE 3.5 - Planejamento 5

Tema: “A estrada da vida. ”

Objetivo geral:

Refletir sobre nossos sonhos esquecidos e os sonhos atuais, pensando sobre as escolhas e

acontecimentos que nos trouxeram até onde estamos.

Objetivos específicos:

Desenvolver habilidades de leitura e escrita;

Proporcionar momentos reflexivos;

Trabalhar alfabetização e letramento a partir do gênero textual “música”.

Metodologia:

A aula terá início com a apresentação e a leitura da música “estrada da vida” (Milionário

e José Rico). Em seguida, levantaremos questionamentos acerca da música e sobre nossos

sonhos. Logo após, entregaremos uma atividade impressa a cada aluno, onde

trabalharemos, com palavras retiradas da letra da música, as habilidades de leitura e a

escrita.

Atividade:

Atividade xerocada.

Recursos:

Som;

Papel;

Lápis;

Avaliação:

A avaliação será realizada a partir da participação e da realização das atividades

propostas.

55

APÊNDICE 3.6 - Planejamento 6

Tema: “Refletindo sobre nossas potencialidades. ”

Objetivo Geral

Proporcionar, através da atividade que será proposta, a reflexão a cerca das nossas

potencialidades.

Objetivos Específicos:

Desenvolver o trabalho coletivo;

Trabalhar a leitura de imagens;

Trabalhar foneticamente a escrita;

Refletir sobre nossos potenciais;

Proporcionar momentos de interação.

Metodologia:

Iniciaremos a aula apresentando três fotografias aos alunos – a primeira de um trabalhador

rural, analfabeto e com poucos recursos de vida. A segunda, um idoso em sala de aula. a

terceira, um idoso em sua formatura. Após observarem as três imagens, iniciaremos os

questionamentos (leitura da imagem) e, simultaneamente, o registro dos aspectos que

diferem uma imagem da outra em um quadro comparativo. Feito isso, faremos uma

leitura compartilhada sobre nossos potenciais e, em seguida, faremos um momento de

reflexão.

Atividade:

Comparando imagens em um cartaz, refletindo diante cada fotografia.

Recursos:

Cartolina;

Fita adesiva;

Piloto.

Avaliação:

A avaliação será feita a partir da participação dos alunos e do seu desempenho na leitura e

escrita.

56

APÊNDICE 3.7 - Planejamento 7

Tema: Tantos sonhos, tantos poetas.

Objetivo Geral:

Trabalhar a criatividade usando de seus sonhos, construindo sua própria poesia.

Objetivos específicos:

Trabalhar os componentes presentes num poema (rimas, estrofes, parágrafos...;

Proporcionar momentos de criatividade;

Desenvolver o trabalho coletivo;

Oportunizar momentos de oralidade;

Desencadear a leitura e escrita.

Metodologia:

Utilizando de seus sonhos e objetivos, iremos criar coletivamente, um cordel coletivo,

no qual as idealizações as quais querem conquistar ou já conquistaram, devem estar

presentes no decorrer dos versos e estrofes. Dessa forma, será oportunizado, que os

alunos observem as rimos, versos, estrofes, além de serem desafiados a relacionar os

componentes presentes num poema, a seus sonhos.

Atividade:

Produção de um cordel.

Recurso:

Cartolinas;

Régua;

Piloto;

Avaliação:

A avaliação será feita, diante da participação dos alunos na atividade proposta, seja nos

registros, seja nas discussões frente ao tema.

57

APÊNDICE 4 – ROTEIRO DE ENTREVISTA

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA EMÍLIA RAMOS - DATA ___/__/___

PROFESSORA: ANA LÚCIA DE LIMA

BOLSISTAS: DÉBORAH FERNANDA DA SILVA

MARIA ALESSANDRA DE OLIVEIRA

ENTREVISTA

1º) QUAL O SEU NOME?

2º) QUAL A DATA DE SEU NASCIMENTO __/__/__

CIDADE QUE NASCE? QUANTOS ANOS TÊM?

3º) VOCÊ JÁ FREQUENTOU A ESCOLA ANTES? SIM( ) NÃO ( )

SE SIM, POQUE PAROU?

4º) POR QUE VOLTOU A ESTUDAR? ESTÁ GOSTANDO?

5º) VOCÊ TEM ALGUMA PROFISSÃO? SIM( ) NÃO ( )

6º) É A PROFISSÃO QUE VOCÊ GOSTA?

7º) QUAL O SEU MAIOR SONHO?

8º) VOCÊ ACHA QUE A ESCOLA PODE CONTRIBUIR PARA REALIZÁ-LO?

9º) O QUE AS PESSOAS DIZEM QUANDO SABEM QUE VOCÊ ESTUDA?

10º) E SUA FAMÍLIA, TE DÁ APOIO?

11º) POR QUE VOCÊ QUER APRENDER A LER?

12º) O QUE VOCÊ PRECISA LER NO SEU- DIA -A DIA?

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APÊNDICE 5 – RELATO DA SUPERVISORA E COLABORADORA DA SALA

SOBRE O QUE É O PIBID.

PIBID para mim... É uma troca de saberes e conhecimentos, onde o aluno bolsista conhece a Rotina de uma escola da sala de aula, convivendo com diferentes contextos sociais e diferentes níveis de escolaridade. Ao professor colaborador e/ou supervisor a oportunidade de se atualizar, renovar, se reciclar, voltar a se sentir estudantes, estar perto de novos conhecimentos. Poder mostrar a essa juventude como é prazeroso e desafiante ser professora. Sentir-se realizada por trabalhar com amor e dedicação e perceber o quanto todo esforço valeu após a superação dos alunos ao término do ano letivo. A parceria UFRN/Escola oportuniza o estudante refletir e abraçar sua profissão com a certeza do que realmente quer. (LIMA, 2016).

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APÊNDICE 6 – CORDEL

CORDEL DA EJA COM O PROJETO “SONHO MEU”,

O PIBID VEM AQUI APRESENTAR,

OS NOSSOS GRANDES GUERREIROS,

QUE COM OS ESTUDOS QUEREM

ALCANÇAR,

OS SEUS SONHOS E OBJETIVOS,

PARA UM DIA REALIZAR.

*

GRIMALDI É O NOSSO

COMPANHEIRO,

É UM HOMEM ESFORÇADO,

QUE TRABALHA O DIA INTEIRO,

A NOITE CONOSCO ESTUDA É UM

GRANDE GUERREIRO,

SEU SONHO É SER ENGENHEIRO,

E GANHAR MUITO DINHEIRO.

*

JÁ LUCINEIDE, VELUZIA E ROSALY,

EMPRESÁRIAS QUEREM SER,

DUAS BOUTIQUES E UM

RESTAURANTE,

FUTURAMENTE QUEREM TER,

E PARA ALCANÇAR SEUS

OBJETIVOS,

QUEREM COM OS ESTUDOS,

CRESCER.

*

NOSSA AMIGA MIRIAN,

UM RESTAURANTE QUER MONTAR,

VAI CURSAR GASTRONOMIA,

E SEU SONHO REALIZAR,

DEDICANDO-SE NOS ESTUDOS,

E SUAS METAS ALCANÇAR.

*

NOEMIA, SOCORRO E MATHEUS,

NA SAÚDE QUEREM ATUAR,

VETERINÁRIA, ENFERMEIRA E

MÉDICO,

PARA ANIMAIS E HOMENS CUIDAR,

SEREM PROFISSIONAIS DA ÁREA,

E DELES TODOS SE ORGULHAR.

*

DO NOSSO COLEGA JOÃO RIBEIRO,

NÓS IREMOS FALAR,

QUER TER A OPORTUNIDADE,

DE NO MERCADO EMPRESARIAR,

COMO TEM UM BOM CORAÇÃO,

QUER A TODOS AJUDAR.

*

E A ALUNA FRANCISCA,

JÁ QUER TODOS CONVIDAR,

QUANDO ABRIR SUA LOJA,

DA SUA INAUGURAÇÃO

PARTICIPAR,

VENDER SANDÁLIAS E ROUPAS,

PARA SEU DINHEIRINHO GANHAR.

*

ANA BEATRIZ SONHA EM SER

DOCEIRA,

GOLUSEIMAS DELICIOSAS, FAZ QUE

É UMA BELEZA,

BOLOS, DOCES, CUP CAKES E

SALGADOS,

COMBINAÇÃO PERFEITA,

TRABALHANDO, E ESTUDANDO

MUITO,

TERÁ A FÁBRICA QUE DESEJA.

*

HILDETE E D’AGUIA QUEREM

LETRADAS SER,

APRENDER A LER MUITO,

POIS JÁ SABEM “ESCREVER”,

COM MUITA LUTA E CANSAÇO,

AS DUAS INSISTEM EM QUERER,

E COM AJUDA DE TODOS,

ESSES DESAFIOS IRÃO VENCER.

*

MARIA SILVA UM COMÉRCIO QUER

MONTAR,

VENDER ROUPAS, ACESSÓRIOS E

SANDÁLIAS,

PRA SUA RENDA AUMENTAR,

ESTÁ ESTUDANDO MUITO,

E CONTINUANDO NESSE RÍTMO,

SEU SONHO VAI SE REALIZAR.

*

NA CONSTRUÇÃO CIVIL JOÃO

MARQUES TRABALHOU,

NA PARTE HIDRAÚLICA E ELÉTRICA

POR OITO ANOS ATUOU,

COMO MOTORISTA, ELETRICISTA E

NA LINHA VIVA,

ATUALMENTE O PERIGO VIVE A

ENFRENTAR,

HÁ 18 ANOS NESSA PROFISSÃO,

ELE VIVE A TRABALHAR.

*

ISAIAS QUER SEU SONHO REALIZAR,

SER UM FAMOSO ADVOGADO,

PARA OS INJUSTIÇADOS AJUDAR,

ESTÁ VINDO PARA ESCOLA

APRENDER,

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COM OS COLEGAS E PROFESSORES

ESTUDAR,

PARA UM ESPECIALISTA SER.

*

REJANE E MÁRCIA NAS VENDAS

QUEREM ATUAR

PARA OBTER BONS LUCROS,

OS CLIENTES TÊM QUE

CONQUISTAR,

E PARA ISSO É IMPORTANTE TER

BOA APARÊNCIA,

SER SIMPÁTICAS E SABER SE

COMUNICAR.

*

SEU LUIZ E VALDEIR SÃO ALUNOS

EXEMPLAR,

OS DOIS JÁ SÃO MOTORISTAS,

MAS UM PRECISA SE HABILITAR,

VALDEIR CANSADO DE SER

ABORDADO,

RESOLVEU A ESCOLA VOLTAR,

E A SUA SITUAÇÃO TAMBÉM

REGULARIZAR.

*

ADRIANA NA PADARIA MERCATTO

TRABALHOU,

POR NÃO SABER LER E ESCREVER,

O SEU PATRÃO A DISPENSOU,

COM SEDE DE APRENDER,

PARA ESCOLA VEIO ESTUDAR E

GARÇONETE SER,

E UMA NOVA OPORTUNIDADE

CONQUISTAR.

*

WASHINGTON DESDE CRIANÇA,

SONHA EM UM AVIÃO PILOTAR,

POR ISSO VEIO PRA ESCOLA,

COM OS COLEGAS ESTUDAR,

PILOTAR UM AVIÃO,

PARA SEU SONHO REALIZAR.

*

DE TANTO JUNTAR PONTO,

COM SEU ATELIER DAMIANA SE PÔS

A SONHAR,

NASCEU O CONTO DA COSTUREIRA,

POR ISSO NA ESCOLA RESOLVEU

INGRESSAR,

PARA COM TECIDOS AGULHAS E

LINHAS,

ROUPAS E OUTROS “SONHOS

COSTURAR”.

*

JANAÍNA TEM UM GRANDE DESEJO,

EM UMA SALA DE AULA ATUAR,

APESAR DO TRABALHO ÁRDUO,

VEM PRA ESCOLA ESTUDAR,P

ARA REALIZAR SEU SONHO,

DE SER PROFESSORA

E AOS OUTROS ENSINAR.

*

GILVAN É UM GRANDE

MARCENEIRO,

MÓVEIS DE TODO TIPO VIVE A

FABRICAR,

PRO INTERIOR TODOS OS DIAS ELE

PRECISA VIAJAR,

POIS GUIA SUA MOTO E PRECISA SE

HABILITAR,

POR ISSO VEIO PRA ESCOLA COM

MUITA DETERMINAÇÃO,

PRA APRENDER A LER E ESCREVER

E CONSEGUIR SUA HABILITAÇÃO.

*

NOSSA AMIGA CRISTIANE,

DESDE OS OITO ANO TRABALHOU,

NUNCA SOUBE O QUE FOI INFÂNCIA,

NO SEU ÍNTIMO UM SONHO

ALIMENTOU,

TER A SUA CASA PRÓPRIA,

E POR ISSO NA ESCOLA ESTÁ,

PARA APRENDER A LER E

ESCREVER,

E SEU GRANDE SONHO REALIZAR.

*

AGRADECEMOS AOS NOSSOS

ALUNOS,

POR ESSA OPORTUNIDADE NOS DAR,

QUEREMOS DIZER EM GRANDE VOZ,

QUE NÃO CUSTA NADA TENTAR,

ACREDITE E LUTE PELOS SEUS

SONHOS,

QUE UM DIA IRÃO ALCANÇAR.

*

QUEREMOS AGRADECER TAMBÉM

DE NESSA ESCOLA NA EJA

LECIONAR,

COM ANA LÚCIA E SUATURMA,

SABERES PODER COMPARTILHAR,

ALÉM DA EQUIPE EMPER,

O PIBID-UFRN ABRAÇAR.

*

A PROFESSORA HELENA RUFINO,

NOSSA CORDELISTA E EDUCADORA,

OBRIGADA PELA PRESENÇA

E SER NOSSA COLABORADORA

EM CANTAR O CORDEL

DE UMA TURMA TÃO BATALHADORA

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