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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS XIV COLEGIADO DE LETRAS GLEIDIANE SIONE DE OLIVEIRA A PRÁTICA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO PROFESSOR COM RELAÇÃO AO ENSINO DA LEITURA Conceição do Coité 2011

A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

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Page 1: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEBDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS XIV

COLEGIADO DE LETRAS

GLEIDIANE SIONE DE OLIVEIRA

A PRÁTICA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO PROFESSOR COM RELAÇÃO AO ENSINO DA LEITURA

Conceição do Coité2011

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GLEIDIANE SIONE DE OLIVEIRA

A PRÁTICA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO PROFESSOR COM RELAÇÃO AO ENSINO DA LEITURA

Trabalho monográfico apresentado ao Departamento de Educação - Campus XIV, UNEB, como requisito avaliativo do Componente Curricular TCC, do curso de Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas – Licenciatura para obtenção do grau de Licenciada.

Orientadora Profa. Ms: Cinira Félix Cardoso.

Conceição do Coité2011

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Simplesmente ler

Ler sempre.Ler muito.

Ler “quase” tudoLer com os olhos, os ouvidos,

com o tato,pelos poros e demais sentidos.

Ler com a razão e sensibilidade.Ler desejos, o tempo,

o som do silêncio e do vento.Ler imagens, paisagens, viagens.

Ler verdades e mentiras.Ler para obter informações,

inquietações, dor e prazer.Ler o fracasso, o sucesso, o ilegível,

o impensável, as entrelinhas.Ler na escola, em casa, no campo,

a estrada, em qualquer lugar.Ler a vida e a morte.

Saber ser leitor tendo o direito de saber ler.Ler simplesmente ler.

(Edith Chacon Theodoro)

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Dedico essa obra, a todas educadores que exercem sua profissão, em busca da realização de um grande sonho, uma educação melhor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e da sabedoria.

Agradeço aos meus pais, por terem conduzido meus primeiros passos e terem me

inserido no universo da educação.

Ao meu filho, Luiz Felipe por ser minha eterna fonte de luz, coragem e inspiração.

Ao meu esposo, Danilo pela compreensão da minha ausência durante minha caminhada

acadêmica.

Aos irmãos, tios em especial tio Normando, primos e amigos que escutam minhas

aspirações, acreditam em meu potencial e torcem pela concretização de meus objetivos.

A todos os meus professores da universidade pelo conhecimento passado e pelo saber

transmitido, de modo especial aos professores Itana Nunes, Cinira Félix Cardoso e

Deijair Ferreira pela paciência e dedicação ao serem meus orientadores.

Aos meus colegas pelo bom convívio durante esses cinco anos de caminhada, de modo

especial, Kelly, Mary, Bel e Jana pelo companheirismo.

Aos professores e alunos que contribuíram com os questionários, enriquecendo assim

meu trabalho.

Aos meus alunos, com quem na disponibilidade de troca, tenho aprendido tanto, todos os

dias.

Enfim agradeço a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para o

desenvolvimento desse trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPITULO 1. HISTÓRIA DA LEITURA NO BRASIL 11

1.1 Conceito de Leitura 13

1.2 A postura do professor em relação ao ensino da Leitura 15

1.3 A contribuição da Leitura na formação crítica do aluno 17

CAPITULO 2. PASSOS METODOLÓGICOS 20

CAPITULO 3. ANÁLISE DE DADOS 22

3.1 Perfil da escola 22

3.2 Perfil dos professores 23

3.3 Perfil dos alunos 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS 31

REFERÊNCIAS 33

ANEXOS 34

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RESUMO

Este trabalho se concretizou pela necessidade de conhecer a prática didático-pedagógica do professor em relação ao ensino da leitura, sabendo que o mesmo é uma ferramenta de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem de qualquer individuo. A partir da análise dos questionários aplicados a professores e alunos do Colégio Estadual “Osvaldo Cruz” sediado na cidade de Riachão do Jacuípe-Ba, constatou grande deficiência na prática da leitura. O objetivo desta monografia é avaliar a prática do professor diante do ensino da leitura, se o mesmo desenvolve atividades que despertam no aluno o desejo pelo ato de ler, bem como contribuir para que as práticas de leitura se transformem em atividades significativas e prazerosas. O método utilizado na concretização deste trabalho foi a pesquisa de campo de abordagem qualitativa, com a utilização de questionário para os professores e alunos, como instrumento de coleta de dados, além da pesquisa bibliográfica. Observamos, através dessa pesquisa, que o fracasso dos alunos, é percebível desde as séries iniciais até o ensino médio. Percebemos, ainda, que outros fatores contribuem para essa problemática, tais como: a falta de comprometimento dos gestores públicos em investimentos de recursos didáticos e a falta de estimulo por parte da família, não deixando de ressaltar que em muitos casos os pais são analfabetos.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Prática. Aprendizagem. Estímulo. Professor.

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SUMMARY

This work was achieved by the need to meet the didactic and pedagogical teacher the teaching of reading, knowing that it is a crucial tool in the teaching-learning of any individual. From the analysis of questionnaires given to teachers and students from State College "Osvaldo Cruz" held in the city of Ba-Riachão Jacuípe, found major deficiencies in the practice of reading.The purpose of this monograph is to evaluate the practice of the teacher before the teaching of reading, if it develops in the student activities that trigger the desire for the act of reading as well as contribute to the reading practices become meaningful and enjoyable activities. The method used in achieving this work was the field research of qualitative approach, using a questionnaire for teachers and students as an instrument of data collection, in addition to the literature. Observed through this research that the failure of students, it is noticeable from the early grades through high school. We noticed also that other factors contribute to this problem, such as the lack of commitment of public investment in teaching resources and lack of encouragement from family, not forgetting to point out that in many cases the parents are illiterate.

KEYWORDS: Reading. Practice. Learning. Stimulus. Teacher.

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INTRODUÇÃO

A linguagem é um instrumento de comunicação social que permite a interação

entre os seus usuários em todas as camadas da sociedade. É por essa razão, que a leitura entra

nesse universo da comunicação, vez que é uma grande ferramenta de informação entre os

indivíduos da sociedade contemporânea.

O interesse despertado pelo tema “leitura” veio das vivências em sala de aula, ao

deparar muitas vezes com alunos do ensino médio com grandes dificuldades na prática da

leitura; o desinteresse dos mesmos por essa atividade, e de estudos desenvolvidos no âmbito

acadêmico a partir de alguns autores que discutem a leitura como parte fundamental do

conhecimento social atual. Observamos, com frequência, que o fracasso que ocorre com os

alunos, tanto nas séries iniciais como também nas séries subsequentes, decorre, não só por

falta de estimulo da família, mas por “falhas” na prática docente. Mas não podemos negar

que, além desses motivos existem outros fatores que contribuem para essa problemática, tais

como: a falta de contato com materiais escritos, a situação econômica, o descaso dos gestores

públicos, entre outros. A partir da constatação de que um grande número de alunos chega ao

final do ensino fundamental com graves deficiências na leitura e na escrita, comprometemos,

nessa pesquisa, em estudar o tema e apontar elementos para auxiliar a prática pedagógica dos

educadores, bem como contribuir para tornar a prática docente mais eficaz e significativa, não

só para os professores de língua de língua materna, mas para as outras disciplinas também, já

que a leitura é uma atividade de todas as áreas.

Dentro deste ponto de vista, propomos um estudo coerente dessa problemática

visando alcançar os seguintes objetivos centrais: pesquisar sobre a prática pedagógica dos

professores diante do ensino da leitura; como são desenvolvidas as atividades referentes à

mesma, apontando possibilidades de transformações relevantes no cotidiano escolar; discutir

sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos; bem como, contribuir de forma significativa

para que mudanças há muito esperadas, se concretizem nas salas de aula, considerando o

educador como principal agente e mediador nessa luta tão necessária na sociedade atual.

Para desenvolver este trabalho, além das pesquisas bibliográficas, priorizamos os

questionários feitos para professores e alunos, fazendo um levantamento, a princípio, das

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fundamentações teóricas dos críticos que tratam do assunto pesquisado tais como:

Zilberman(1999), Kleiman (2007), Freire (1999), assim como também nas diretrizes dos

PCN, entre outros. Os questionários foram feitos no intuito de descobrirmos como está sendo

a prática didático-pedagógica do professor, com relação ao ensino da leitura na escola. Trata-

se de uma pesquisa qualitativa que tem como procedimento o estudo de caso.

Os questionários aplicados com os professores tiveram como objetivo maior

conhecer o processo de ensino da leitura, com os dos alunos buscou descobrir quais são os

maiores obstáculos encontrados pelos mesmos no momento da leitura; quais os tipos de textos que

mais os atraem e se leem em outros ambientes além da escola.

Este trabalho monográfico será estruturado em três capítulos, sendo o primeiro a

Fundamentação Teórica, contendo os seguintes itens: A História da Leitura no Brasil, O

Conceito de Leitura, A Postura do Professor em Relação ao Ensino de Leitura e concluímos

esse capitulo fazendo uma análise sobre A Contribuição da Leitura na Formação Crítica do

Aluno; no segundo, apresentaremos a Metodologia utilizada no decorrer dessa pesquisa e, no

terceiro capítulo mostraremos a Análise de Dados e os resultados obtidos no final desse

estudo. Finalmente, apresentaremos as Considerações Finais, legitimando nosso trabalho de

investigação. Assim, esperamos que reflexões aqui contidas possam servir de contribuição para

os profissionais da educação no intuito de melhorarem suas práticas, no que tange ao ensino-

aprendizagem da leitura e da escrita.

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CAPITULO 1. A HISTÓRIA DA LEITURA NO BRASIL

Este capítulo aborda, os principais elementos, para o desenvolvimento da prática

da leitura no âmbito escolar, primeiro é preciso que se conheça o conceito de leitura, ter

consciência de que a leitura é uma atividade universal e de grande relevância no campo da

informação, em seguida, fazer uma análise da postura do professor em relação ao ensino da

leitura. Será que este, está exercendo uma prática coerente para tal função? Como está sendo

sua representação de leitor? E por fim ter em mente a importância da leitura para a formação

crítica do aluno para assim conscientizá-lo e despertar no mesmo o desejo pelo ato de ler.

A sociedade brasileira no momento enfrenta grandes problemas no campo da

educação, mas vale ressaltar que este não é um problema recente, pois desde o início da

história da educação, existem grandes desafios; alguns já vencidos, graças a algumas lutas

travadas por professores e por todos que se mobilizam pela causa e sonham com uma

educação de qualidade.

O momento é mais que oportuno para refletir sobre esses problemas da educação,

o porquê desse fracasso escolar, dessa evasão nas salas de aula e o que é mais grave, porque o

aluno tem tantas dificuldades diante da prática da leitura e o que faz do Brasil um país de

poucos leitores, talvez esses problemas sejam frutos da forma com foi e como é estruturada a

educação no Brasil, que valor foi atribuído a leitura?

Não falamos em Leitura, sem fazer uma retrospectiva, sem retomarmos o passado

da História da Educação no Brasil, período em que a educação, a leitura era um privilégio de

poucos, pois apenas os mais favorecidos, a classe dominante, ou seja, a sociedade elitizada da

época é que tinha acesso, a essa prática e à política educacional desorganizada e desagregada

dos interesses da população e que durou por muitos anos. Só mais tarde é que a população foi

favorecida, graças ao processo de urbanização, porque, com o surgimento das indústrias,

surgem novas ações que favorecerão o processo educacional.

A história da leitura no Brasil é marcada por descaso e abnegação do poder

público. Só, depois de mais de 300 anos, após a chegada dos portugueses, é que se dá início a

uma atividade que favorece uma população leitora no Brasil, como nos afirmam Lajolo e

Zilberman:

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Só por volta de 1840 o Brasil do Rio de Janeiro, sede da monarquia, passa a exibir alguns traços necessários para formação e fortalecimento de uma sociedade leitora: estavam presentes os mecanismos mínimos para a produção e circulação da leitura, como tipografias, livrarias e bibliotecas; a escolarização era precária, mas manifestava-se o movimento visando à melhoria do sistema; O capitalismo ensaiava seus primeiros passos graças à expansão da cafeicultura e dos interesses econômicos britânicos, que queriam um mercado cativo, mas em constante progresso (1999, p. 18).

Com essas informações, identificamos um dos fatores que favorece o fracasso

escolar em nosso país. Somos herdeiros de um passado em que o descaso à educação era

grande e a circulação e produção da leitura eram precárias, pois direcionavam apenas os

interesses do sistema capitalista, que exigia profissionais mais qualificados e para isso se fazia

necessário a prática da leitura e da escrita, organizadas pelo sistema educacional de ensino.

Essa carência da leitura foi uma realidade que prosseguiu durante toda história do

país, pois ainda hoje o Brasil é um país de poucos leitores, se comparado a outros países. Mas

não vedamos nossos olhos e fechamos nossas mentes, para reconhecermos que, com o passar

do tempo, muita coisa mudou, através de lutas travadas; pois a democratização da escola

passa a ser um fato consumado e a leitura recebe cada vez mais novas adaptações, e mesmo

assim reconhecemos que ainda há muito a ser feito, pois, infelizmente, a leitura não atingiu a

toda população, como afirma Lajolo:

Numa sociedade como a nossa, em que a divisão de bens de renda e de lucros é tão desigual, não se estranha que desigualdade similar presida também a distribuição de bens culturais, já que a participação em boa parte destes últimos é mediada pela leitura, habilidade que não está ao alcance de todos, nem mesmo de todos aqueles que foram à escola. (1999, p.106).

Este fato lamentável se dá pela desigualdade social que se faz presente em nosso

país, o que reflete em uma má distribuição dos bens materiais e culturais, tornando a leitura

uma atividade de poucos, pois, até mesmo aqueles que frequentam a escola, não têm a leitura

como uma prática constante; reforçando, assim, a exclusão dos mesmos do magnífico mundo

das letras.

Há tempos, o contato com a leitura estava ligado a questões de política e poder,

tanto que só uma pequena parte da sociedade tinha oportunidade de ir à escola, de aprender a

ler e a escrever. Contudo, com o passar do tempo, por meio de muita luta, é conquistada a

democratização do saber e, em consequência, o ingresso às instituições de ensino passa a ser

uma realidade para a população brasileira, porém não significa que todos os brasileiros com

idade escolar estejam frequentando a escola, e que todos tenham a mesma qualidade de

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ensino, de recursos e materiais escolares. Bordini e Aguiar, (1993), afirmam que a escola logo

cedo traiu seu objetivo inicial, e talvez essa traição ocorresse pelo fato da escola ter sido

criação da burguesia.

Neste contexto, a escola servia como meio de dominação da elite sobre os menos

favorecidos, e, como consequência, surge um grande número de analfabetos, porém, com o

passar do tempo, os fatos se modificaram e para o bem da sociedade, a leitura passa a ter uma

função social. E assim a leitura se concretiza e por meio das lutas um dia chegará ao pódio,

enfim será uma atividade de lazer, socialização e conscientização de todos os povos,

independente de cor, classe, ou função social.

1.1 Conceito de leitura

A leitura tem sido ao longo do tempo, fonte de pesquisa para estudiosos, e

preocupação para pais, educadores e para todos aqueles em que acreditam que essa seja uma

atividade essencial, que deve fazer parte do dia-a-dia das pessoas. A leitura, com certeza, é

um dos maiores meios de comunicação do cidadão, é por meio dela que se tem acesso a

inúmeras informações, socializa-se e interage com o mundo. É uma atividade que se faz

presente em todas as instituições educacionais, tendo início na alfabetização e percorrendo por

todo nível de escolaridade.

Sabemos que, em nosso país, a escola é a principal instituição responsável pelo

ensino da leitura, e que desenvolve o aprendizado do aluno, o que não significa que a leitura

seja apenas uma prática escolar, e sim, uma prática escolarizada; ou seja, uma pessoa mesmo

tendo aprendido a ler na escola, pode e deve exercer a prática da leitura, em outros ambientes,

como afirma Pietri:

Como discutido, a leitura não é uma prática escolar, mas uma prática escolarizada. As práticas de leitura podem se desenvolver independentemente da escola, ainda que a escola seja, numa sociedade como a nossa, a principal instituição responsável pelo seu ensino (2007, p. 33).

A partir dessas informações, fica claro que a leitura é uma atividade universal e

que não se restringe a um ambiente específico, mas acontece de muitos alunos não terem essa

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percepção, e acreditam que só se deve ler na escola, ou para uma atividade que lhe é

destinada, e só leem se o professor mandar. E de quem será a culpa dessa atitude? Do aluno,

da sociedade, do professor da família? Com certeza, todos têm uma parcela de culpa, e não

procuraremos o responsável, vez que na família, também a criança deverá ser incentivada a

desenvolver o hábito da leitura. Mas, já que a leitura faz parte das atividades curriculares da

escola e cabe à mesma, ao professor, não só ensinar a decodificar as palavras, mas também

conscientizar seus alunos sobre a importância da leitura em seu crescimento pessoal; por isso

se faz necessário que a mesma seja uma atividade constante em suas vidas. A escola por sua

vez deve atentar que muitos dos alunos não têm uma base familiar boa, sendo a escola o único

ambiente capaz de socializá-los conscientizando-o sobre essas questões. A escola

disponibilizará para seus alunos materiais de qualidade, para que se sintam motivados, e não

atribuam à leitura a sensação de estarem lendo por obrigação e sim, por diversão, por

entretenimento. Os PCN afirmam que:

Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho educativo para que experimentem e aprendam isso na escola. Principalmente quando os alunos não têm contato sistemático com bons materiais de leitura e com adultos leitores, quando não participam de práticas onde ler é indispensável, a escola deve oferecer materiais de qualidade, modelos de leitores proficientes e práticas de leituras eficientes (1997, p. 55).

Esse pensamento deixa claro, a importância da escola selecionar materiais

qualificados para o desenvolvimento da prática da leitura e desenvolver projetos, que

conscientize seus alunos a respeito da importância da leitura, para o desenvolvimento

psicossocial, e principalmente desperte o desejo pelo ato de ler, e para isso se faz necessário

que os mesmos testemunhem exemplos, de bons leitores dentro do ambiente escolar, é nesse

momento que a imagem do professor entra com grande referência, já que o melhor

ensinamento é o bom exemplo, pois, de nada adianta um bom discurso em sala de aula, se o

professor não pratica a leitura com frequência. Sendo assim, a leitura trabalhada em sala de

aula, dará sentido ao mundo dos alunos, a seus desejos e a suas vivências, caso contrário, será

apenas mais uma tarefa obrigatória do Currículo Escolar que provocará desencanto frente a

um livro sugerido, para descontração e lazer. A constituição de sujeitos leitores torna-se

eficaz, no intuito de aproximar valores culturais, voltados para a confirmação da cidadania

que o mesmo, deve exercer.

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1.2 A postura do professor em relação ao ensino da leitura

A dificuldade que as pessoas têm de adquirir o hábito da leitura é muito grande, e

esta é uma situação que se faz presente em toda sociedade. Frequentemente vemos alunos do

ensino médio, ou até mesmo do ensino superior, com bastantes dificuldades para lerem.

Muitos “não sabem ler,” utilizamos este termo no sentido de ler e não conseguir compreender

o que leu. Diante deste fato lamentoso, questionamos o porquê? Qual a causa desse fracasso

na leitura? Será que o problema está na base desse aluno? Será que os professores das séries

iniciais utilizaram em suas práticas, atividades que estimulassem a leitura, no momento em

que inseriram a mesma na vida estudantil desse aluno?

Vários questionamentos nos levam a pensar que o problema estará na prática

didático-pedagógica dos professores, principalmente os das séries iniciais, que têm uma

responsabilidade maior e que exige mais cuidado, pois é, nas séries iniciais, que se constrói o

leitor; por isso, não basta ensinar apenas a decodificar as palavras e sim a, compreender o

significado da mensagem transmitida pelo texto. Os PCN afirmam que é preciso quebrar

alguns conceitos atribuídos à leitura, e um deles é o de que a leitura seja apenas a

decodificação das palavras.

É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão consequência natural dessa ação. Por conta desta concepção equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler. (PCN, 1997, p.55).

Esse é o desafio da educação que as escolas precisam superar, para que os alunos

atinjam um grau de maior desenvoltura, descubram o magnífico mundo das letras,

conhecendo o segredo da leitura que os leva ao universo de aventuras e fantasias, assim como

ao mundo real. É essencial que o aluno atinja esse grau, para que mais adiante possa ser um

leitor, um cidadão crítico e atuante na sociedade em que está inserido. Desenvolver o hábito

da leitura no aluno é muito importante, pois a mesma proporciona a conscientização do

indivíduo.

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Sabemos que a leitura na escola tem chamado à atenção de pais, educadores e

estudiosos que acreditam ser uma necessidade fundamental, despertar no aluno o desejo pela

mesma, pois é o meio por que cada indivíduo se desenvolve individualmente e, nas condições,

em contato com os campos do conhecimento.

É no âmbito escolar, que se inicia a formação do leitor, tendo como mediador

neste processo, o professor que, por sua vez, tornou-se o principal orientador na transmissão

do conhecimento diversificado.

Na escola, fala-se muito sobre a importância da leitura, dos vários benefícios que

a mesma é capaz de proporcionar aos alunos e da capacidade de conscientização e criticidade,

mas a preocupação agora é a seguinte: Será que a Escola está trabalhando corretamente as

questões relevantes e referentes ao ensino da leitura? Será que o professor leva para sala de

aula materiais que contribuem para a formação do leitor crítico e reflexivo? São questões

como essas que devem ser manifestadas, a fim de oferecerem novos suportes para o ensino de

leitura nas escolas.

Partindo desse principio, vemos a urgência de se apresentar para os alunos uma

leitura que norteie seu posicionamento e que seja capaz de torná-los leitores que

compreendam a essência do texto, estabelecendo relações com seu conhecimento prévio,

conhecimento que será reconhecido e valorizado pelo professor, porém o que acontece,

muitas vezes, é o seguinte: o professor não considera e não dá importância à experiência

pessoal do aluno, para a construção do sentido; desencorajando, assim, o desenvolvimento da

criticidade, como diz Freire em seu livro A importância do ato de ler.

A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desde não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura critica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (1999, p. 11).

Assim como respeitar as experiências dos estudantes, é concebível também a

postura do professor de executar sua prática pedagógica, utilizando o lúdico e a criatividade; a

fim de estimular o aluno para uma reflexão a respeito da leitura, vendo-a não só como um

objeto de dever, mas também lazer. É necessário também que o professor conscientize seus

alunos a respeito de que a leitura não serve apenas para o aprendizado, mas, para se

comunicar ampliar seus horizontes em relação ao mundo e às questões sociais. Configura-se,

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17

então, como uma necessidade básica na vida de cada um e que será produtiva, para enriquecer

as relações interpessoais dentro do seu grupo, ou até mesmo no mercado de trabalho.

Formar um leitor crítico não é uma tarefa fácil; entretanto, fica claro que se trata

de uma necessidade extremamente significativa e decisiva para a formação do aluno, como

leitor; por isso faz-se necessário empreender algumas mudanças na postura do professor,

quando o assunto for ensino de leitura; pois o professor planeja suas aulas, dando às

atividades de leitura a mesma importância que às demais, já que a leitura contribui não só para

a formação intelectual do individuo, mas para a formação moral e cultural; sendo um

conhecimento de base para todos os outros que venha a adquirir ao longo de sua vida; além de

servir também de entretenimento e prazer. Portanto, cabe a família, à escola e ao professor a

função de ensinar esse tipo de leitura sob estes paradigmas.

Compete ao professor, também, ensinar seus alunos não só utilizando a teoria,

mas, também a prática, demonstrando seu exemplo de bom leitor, já que um leitor em

construção necessita de bons referenciais de leitores assíduos. Comprovamos nossa afirmação

com o seguinte trecho, retirado dos PCN:

Organizar momentos de leitura livre em que o professor também leia. Para os alunos não acostumados com a participação em atos de leitura, que não conhecem o valor que possui, é fundamental ver seu professor envolvido com a leitura e com o que se conquista por meio dela. Ver alguém seduzido pelo que faz pode despertar o desejo de fazer também (1997, p. 58).

Portanto formar leitores é algo que requer inovações na prática pedagógica,

atribuindo condições favoráveis para a prática de leitura, que não podem ser restritas, apenas

ao uso do livro didático; pois, na verdade, o uso que se faz dos demais materiais impressos,

dos demais gêneros textuais, é um grande aliado para o desenvolvimento da prática e do gosto

pelo ato de ler.

1.3 A contribuição da leitura na formação crítica do aluno

Para um cidadão exercer seus direitos e deveres e, ao mesmo tempo, ser um

sujeito crítico e atuante, na sociedade, precisa saber ler, escrever e interpretar o que leu e

escreveu; esses são os principais elementos exigidos pela sociedade contemporânea que

marcada pela globalização e os avanços tecnológicos, aumenta, cada vez mais, as cobranças,

pois necessita urgentemente de uma população leitora. A leitura nunca foi tão essencial e

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presente na vida das pessoas, como nos dias atuais, e tida como uma função social é vista

hoje, como um suporte que alicerça a personalidade do indivíduo.

Mas a importância à prática da leitura não será atribuída, apenas para satisfazer as

exigências da sociedade, pois vale ressaltar que a mesma é o meio por que o aluno cresce

intelectualmente, desenvolvendo e aguçando seu posicionamento político diante do mundo e

quanto mais consciência o sujeito tiver desse processo, mais liberdade terá sua leitura,

desenvolvendo desta forma sua criticidade; assim vale ressaltar as reflexões de Antunes em

relação à leitura crítica.

A leitura se torna plena quando o leitor chega à interpretação dos aspectos ideológicos do texto, das concepções que, às vezes sutilmente, estão embutidas nas entrelinhas. O ideal é que o aluno consiga perceber que nenhum texto é neutro, que por trás das palavras mais simples, das afirmações mais triviais, existe uma visão de mundo, um modo de ver as coisas, uma crença. (ANTUNES 2003, p. 81-82).

Dessa maneira, afirmamos que o leitor levará em consideração seus

conhecimentos prévios que serão suporte para o entendimento dos aspectos sócio-político-

ideológicos. Visto que é, através da leitura, que o aluno consegue sua maior liberdade, a de

expressão, tornando-se um sujeito crítico e quebrando qualquer tipo de imposição por parte da

sociedade, cobrando e questionando os direitos que a sociedade, muitas vezes, oculta, pois a

leitura, sendo uma prática constante é capaz de desenvolver habilidades que possibilitem ao

aluno um posicionamento crítico, frente ao texto e ao seu meio social. E o que é mais

importante, o mesmo toma essa iniciativa, por conta própria; já que a leitura lhe dá condições

para isso, pois na leitura não há uma interferência direta, vez que o leitor, a partir de suas

leituras, reflete e chega a um pensamento próprio. Neste contexto, a leitura é vista como um

processo em que olhamos e entendemos o que foi escrito, ou seja, compreendemos o que o

texto quer dizer; mas é importante ressaltar que, para cada leitor há uma interpretação

diferente, assim concluiremos que, por de trás de cada leitor, há um escritor; pois, a partir de

cada leitura, o texto é reconstruído. Sendo assim, a compreensão será o foco principal do

processo ensino/aprendizagem na escola, a partir dos diferentes gêneros textuais. Nesta

análise, faz-se necessário uma leitura reflexiva por parte dos alunos, para que compreendam

as diversidades textuais que circulam a sua volta. Podemos comprovar essa afirmação nos

PCN.

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Uma prática constante de leitura na escola pressupõe o trabalho com a diversidade de objetivos, modalidades e textos que caracterizam as práticas de leitura de fato. Diferentes objetivos exigem diferentes textos e, cada qual, por sua vez, exige uma modalidade de leitura. Há textos que podem ser lidos apenas por partes, buscando-se a informação necessária; outros precisam ser lidos exaustivamente e várias vezes (1997, p. 57).

Sendo assim, as diversidades textuais exigem do leitor uma postura crítica, no

sentido de que os objetivos da leitura sejam pautados na busca de estratégias de interpretações

diferentes, tornando o ato de ler uma atividade significativa, em que o texto lido requer uma

análise interativa entre o texto e contexto, buscando relacionar as informações contidas no

texto com suas experiências de leituras anteriores e seu conhecimento de mundo.

Para a formação do leitor crítico, é preciso rever alguns conceitos atribuídos ao

ensino de leitura, um deles é o de que ler seja apenas a decifração dos sinais gráficos. Faz-se

necessário também a presença de professores capacitados e habilitados para tal função, é

fundamental que o professor conheça as limitações de seus alunos, para assim lhe propor

atividades instigantes e desafiadoras que provoquem nos mesmos reestruturações de

conhecimentos prévios, despertando-lhe o interesse pela leitura do mundo, partindo, assim

para leitura da palavra. Precisa-se de professores que desenvolvam o gosto pela leitura, não só

com o seu discurso em sala de aula, mas com o exemplo de bom leitor.

É importante, para o trabalho com a leitura que se utilize estratégias, as quais

oportunizem aos alunos adquirirem certa familiaridade para abordar o texto, adquirindo

intimidade com o escrito e criando maneiras individuais e confortáveis de entrar em contato

com a leitura e adquirir o sentido do que leu, e para isso se faz necessário um bom

planejamento e principalmente, coerente com a realidade do aluno leitor. Pois, é muito mais

estimulante para aluno, uma leitura que esteja próxima de suas experiências vividas.

Nos próximos capítulos apresentaremos dados mais detalhados sobre o ensino da

leitura, como está sendo a prática docente e qual o valor que os alunos atribuem à leitura e

consequentemente descobrirmos que tipos de leitores estão sendo formados.

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20

CAPÍTULO 2. PASSOS METODOLÓGICOS

Para que uma pesquisa alcance resultados positivos, e obtenha seus devidos fins

precisa ser organizada dentro de certos parâmetros de uma metodologia que traça um caminho

a ser percorrido. Dessa forma, para o desenvolvimento do tema de estudo, optamos por usar

como instrumento de coleta de dados um questionário para colhermos informações dos

professores e dos alunos de duas séries diferentes 8º e 9º anos, dos turnos: matutino e

vespertino, do Colégio Estadual “Osvaldo Cruz”, sediado no município de Riachão do

Jacuípe.

A nossa intensão era em trabalharmos com entrevista oral, mas, por falta de

disponibilidade de tempo para realizar a entrevista com os professores, optamos, como

instrumento de coleta de dados, por um questionário. Os questionários foram entregues aos

professores e alunos na referida escola, alguns professores devolveram no mesmo dia, outros

devolveram alguns dias depois, já os alunos todos devolveram no mesmo dia. A escolha da

escola se deu pela acessibilidade ao espaço, porque é o local de trabalho da pesquisadora. Os

questionários foram aplicados com seis alunos e seis professores.

Escolhemos trabalhar com questionários, por questão de facilidade e

acessibilidade, mas, ressaltamos que este não é um método muito aconselhável entre os

teóricos de metodologia, pois acreditam que essa fórmula de coleta de dados, não é tão fiel

quanto à entrevista, por exemplo; vez que a entrevista é um ato mais espontâneo, ao passo que

as respostas do questionário não têm muita credibilidade, porque as pessoas têm mais tempo

para responderem, o que lhes possibilita darem uma resposta não tão fiel. Comprovamos esse

pensamento com o fragmento a seguir:

De fato, nem sempre é possível que esse pesquisador julgue conhecimentos do interrogado e o valor das respostas fornecidas: um interrogado pode escolher uma resposta sem realmente ter opinião, simplesmente porque ele sente-se compelido a fazê-lo ou não quer confessar sua ignorância. Ou então, tendo uma consciência limitada de seus valores e preconceitos, fornecerá respostas bastante afastadas da realidade. (LAVILLE, 1999, p.185).

Page 21: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

21

Assim confirmamos, o nosso pensamento anteriormente citado, de que as

respostas dadas ao questionário pode não corresponder com a prática do professor, que é

interrogado.

Para uma melhor apreensão das informações coletadas, faremos a análise, a partir

das respostas fornecidas pelos alunos e professores, seguindo a ordem em que estas

ocorrerem.

Aplicamos um questionário, com cinco perguntas para seis professores: quatro de

língua portuguesa e dois de outras disciplinas, a saber: um de História e um de Geografia. As

perguntas versaram sobre a realização efetiva do processo de leitura.

Em relação aos alunos, também, abordamos a prática da leitura, que nos interessa

para a confirmação da investigação. É válido ressaltar que os nomes dos entrevistados não

aparecerão na pesquisa, mostrando-se apenas as iniciais dos seus nomes para manter o sigilo,

como também, identificados através das siglas PR para professor e AL para os alunos, sendo

que os respectivos professores também virão identificados pelos nomes das disciplinas que

atuam.

Os dados coletados serão estudados e analisados no próximo capítulo desta

monografia. Para melhor discorrer sobre o tema, também realizamos um trabalho de pesquisa

bibliográfica, a partir do referencial teórico de alguns autores, como: Antunes (2003), Freire

(1999), Guedes (2006), Lajolo, (2002), Pietri (2007), Bordoni (1993), dentre outros; cujo

objeto de estudo é o ensino da Leitura.

Assim, acreditamos que os dados coletados, através dos questionários, como

também o suporte teórico citado acima, tiveram grande relevância para a realização desse

estudo, que esperamos contribuir, para que educadores repensem suas práticas e aperfeiçoem

suas atividades de leitura e escrita, nas respectivas realidades.

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CAPÍTULO 3. ANÁLISE DE DADOS

A referida análise apresenta os resultados e as reflexões decorrentes de um estudo

sobre “A Prática Didático-Pedagógica do Professor, com relação ao Ensino da Leitura”,

efetuado no Munícipio de Riachão do Jacuípe.

Na intenção de se confirmarem as relações existentes entre os dados obtidos, com

o propósito de realização do estudo, buscamos a análise e interpretação dos dados coletados,

através dos questionários aplicados aos professores e alunos, para verificação de um resultado

significativo e relevante, para a conclusão da pesquisa.

Ao fazermos a análise de dados, dividimos os elementos estudados em três

categorias e foram elas: Perfil da escola, Perfil do professor e Perfil do aluno.

3.1 Perfil da escola

Sabemos que a escola hoje é tida como a principal instituição responsável pelo

processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, uma vez que é nela que o individuo

começa a dar seus primeiros passos no caminho do letramento e, por fim se tornará um

cidadão crítico e participativo. A escola é a responsável pela qualidade e quantidade de

produção desses dois processos. CAGLIARI, 2001, afirma que: “Tudo o que se ensina na

escola está diretamente ligado à leitura e depende dela para se manter e se desenvolver. A

leitura é a realização do objeto da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. O objeto da

escrita [...] é a leitura”.

A partir desse pressuposto, escolhemos como objeto de estudo para a realização

desse trabalho, o Colégio Estadual “Osvaldo Cruz”, situado na praça Theodomiro Rodrigues

Mascarenhas, s/n, centro na cidade de Riachão do Jacuípe, Bahia. A mesma foi a primeira

escola pública do Município, tendo 60 anos de existência e sua estrutura física é de médio

porte. É composta de nove salas de aula, algumas bem arejadas; uma sala de professores ;

uma secretaria; uma sala para direção; uma biblioteca em que possui um acervo razoável; um

laboratório de informática; uma quadra poliesportiva; uma grande área de recreação; uma

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cozinha com depósito para merenda e um almoxarifado. A escola funciona nos turnos:

matutino, vespertino e noturno, e oferece o curso de Ensino Fundamental II regular, cursos de

Aceleração: I e II além do Ensino Médio, algumas turmas do EJA.

Possui uma diretora, uma vice-diretora, um quadro de vinte e nove professores,

sendo que apenas dezessete são efetivos, dois porteiros, uma merendeira, cinco zeladoras,

cinco secretárias, dois digitadores e novecentos e vinte alunos, sendo que a maioria é da zona

urbana.

Para um bom desenvolvimento da leitura, é importante que a escola, tenha uma

estrutura adequada para isso, com uma biblioteca de qualidade, com acervo e horário a

disponibilidade dos alunos. E nesse requisito a biblioteca do Colégio Estadual “Osvaldo

Cruz” deixa a desejar, pois um dos maiores problemas que encontramos na escola está na

biblioteca, por ser parte essencial à formação leitora de uma escola, ela apresenta falhas por

não ter um funcionário capacitado para tal função, no entanto fica muito tempo fechada, o que

muitas vezes dificulta as atividades relacionadas aos momentos de leitura, nesse espaço de

aprendizagem ao qual os alunos tem direito. Há falhas também no sistema de cadastro, pois

ainda vigora o sistema de anotações em cadernos, o que não dá muita segurança aos livros

emprestados. Diante do exposto, é importante pensar que mesmo encontrando escolas

públicas em situações adversas, torna-se necessário encará-las como um espaço que

possibilita ao aluno a apropriação do saber historicamente construído, pois ela é a grande

responsável pelas habilidades leitoras e produtoras, as quais constituem tarefas indispensáveis

na formação do discente.

3.2 Perfil dos professores

Com o desenvolvimento acelerado da sociedade, aumentam cada vez mais as

exigências por parte da mesma; em virtude disso, os professores, mais do que qualquer

profissional, precisam ser adeptos, informados e atualizados com essas evoluções sociais, para

que direcionem seus alunos-leitores; futuros cidadãos que atuarão nessa sociedade, cada vez

mais carente, de indivíduos críticos e participativos. E é neste intuito que o professor

desempenha um papel fundamental no desenvolvimento intelectual e comportamental de seus

alunos, uma vez que os mesmos se espelham nos exemplos de seus professores, e para isso

precisam mostrar sua postura de bons leitores. Assim, o professor se comprometerá a

Page 24: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

24

redimensionar sua prática pedagógica e a se atualizar para obter melhores resultados no

ensino-aprendizagem da leitura e da escrita.

É com essa consciência que os professores do Colégio Estadual “Osvaldo Cruz”,

especificamente os do 8º e 9º anos, supõe se que estão preparados para exercerem sua prática

docente, pois todos são graduados e alguns tem um curso de pós-graduação.

Como já foi mencionado no capítulo anterior, esse estudo foi realizado com seis

professores, quatro de Língua Portuguesa, um de História e outro de Geografia. Escolhemos

essas disciplinas, por acreditarmos que, por serem disciplinas mais teóricas, têm a

possibilidade de conduzir os alunos à atividade de leitura, mas, isso não significa que as

demais estejam impossibilitadas de realizar atividades de leitura.

Observamos que a maior preocupação dos professores da escola em questão é

tornar a leitura, cada vez mais, acessível aos seus alunos, pois acreditam que é através da

mesma que, os alunos expandem seus conhecimentos, assimilam e resignificam informações.

Comprovamos essa situação através de um fragmento do PR 01.

PR 01 (História) Acredito que antes de qualquer assunto das disciplinas ou intensões das aulas, o objetivo do educador é sempre tornar a leitura acessível aos estudantes. É com a leitura que eles descobrem coisas e resignificam informações.

Essas palavras são pertencentes à resposta do professor de História dada à quarta

questão do questionário, em que foi feita a seguinte pergunta: Qual sua contribuição, como

educador, para o desenvolvimento da prática de leitura? Observamos que o professor em

questão acredita que o objetivo de qualquer educador, é tornar a leitura acessível aos seus

alunos, independente da disciplina em que atuam.

No decorrer da analise de dados, foi possível notarmos claramente que as

respostas dos alunos correspondem às dos professores, uma vez que a maioria dos alunos

afirmou ter dificuldade na compreensão das leituras que fazem. Os professores responderam o

mesmo, afirmando que os maiores obstáculos enfrentados por seus alunos, é a dificuldade de

interpretação. Comprovamos esse fato com fragmentos de alguns professores:

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PR 01 (História) A dificuldade de compreensão de certos termos e expressões; a ligação do texto ao assunto; e a distancia de alguns temas envolto ao texto, mas que não são discutidos, aparecem paralelos ao tema principal. (M. J. O. S)

PR 02 (Geografia)Nas minhas aulas que chama atenção e procuro diversificar as minhas atividades a leitura é prazerosa para alguns e com bastante dificuldades para outros, por não compreenderem o que leem.Devemos estimular bastante o educando para a civilização do mundo moderno com boa leitura para que tenhamos bons interpretadores de mundo. (A. L. B)

PR 03 (Português)As dificuldades encontradas são: fazer eles lerem ou interpretarem uns por vergonha outros por não gostar de ler. (A. N. C. M. F)

PR 04 (Português)Eles têm dificuldades para relacionar os textos com suas leituras de mundo, as vezes chegam a dizer que um determinado texto não têm nenhum valor para sua vida, escolar nem social. (M. I. S. A)

PR 05 (Português)Acredito que as moires dificuldades encontradas pelos alunos no momento da leitura é conseguirem ler nas entrelinhas, pois a grande parte deles tiveram uma alfabetização defitária, na qual não desenvolveram uma boa prática de leitura e escrita. Mas quero salientar que os culpados não são os professores das séries iniciais, mas também a negligencia da família e a falta de comprometimento dos gestores públicos em investir em melhores recursos didáticos. (L. L. L)

Ao analisarmos a resposta do professor de Geografia observamos que tem

referência com um pensamento de Freire, em que diz o seguinte: “A leitura de mundo precede

a leitura da palavra” (1997, p. 11).

Segundo as informações dos professores entrevistados, notamos que os alunos

têm dificuldade para relacionarem os textos lidos em sala de aula, com os assuntos

trabalhados pelos mesmos, e que um fator que dificulta bastante o desenvolvimento da leitura

é: a vergonha e a falta de gosto pela mesma, e que, um dos principais motivadores desse

quadro é falta de compromisso por parte da família em incentivar e conscientizar seus filhos a

respeito da importância da leitura em suas vidas, outro fator que contribui bastante, segundo

os professores, é o descaso do poder público para a melhoria na educação.

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26

Além desses motivos, que favorecem as deficiências leitoras e produtoras no

âmbito escolar, encontramos outro fator, que, é o pensamento equivocado de que a

responsabilidade de ensinar o aluno a ler e escrever é responsabilidade apenas do professor de

Língua Portuguesa, sendo que o compromisso de promover essas práticas é responsabilidade

da escola e de qualquer professor independentemente de qualquer disciplina que atue.

Confirmamos com o trecho a seguir.

Ler e escrever são tarefas da escola, questões para todas as áreas, uma vez que são habilidades indispensáveis para formação de um estudante, que é responsabilidade da escola. Ensinar é dar condições ao aluno para que ele se aproprie do conhecimento historicamente construído e se insira nessa construção como produtor do conhecimento. Ensinar é ensinar a ler para que o aluno se torne capaz dessa apropriação, pois o conhecimento acumulado está escrito em livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos (GUEDES e SOUZA, 2004, p. 15).

Dessa forma, ensinar a ler e a escrever é alfabetizar, é levar o aluno a possessão

do código escrito, é perceber que o aluno pode conquistar esses mecanismos de aprendizagem

em qualquer disciplina e não necessariamente ou exclusivamente nas aulas de Língua

Portuguesa. Um trabalho que utilize uma diversidade de gêneros textuais, portanto uma

prática pedagógica a ser desenvolvida por toda e qualquer disciplina. Então, é inegável ao

papel de um bom educador a preocupação com o processo de aprendizagem dos alunos.

Porém, um resultado satisfatório no que se refere à leitura e à escrita requer uma formação

persistida dos profissionais que atuam com o ensino da língua, a fim de que possam, no

ensino da leitura e da escrita, idealizar seus alunos como sujeitos atuantes, como cidadãos

capazes de transformarem a sociedade em que vivem.

Segundo os professores entrevistados, os mesmos são movidos pela esperança de

mudar a realidade da educação brasileira, e que o maior interesse é buscar possíveis soluções

para as deficiências que envolvam a leitura e a escrita dos seus alunos, pois acreditam que,

muitas vezes, não há sucesso na aquisição dos conhecimentos necessários em suas disciplinas

devido às dificuldades encontradas pelos alunos no momento de lerem, escreverem e

interpretarem os assuntos propostos. Temos como exemplo um fragmento do PR 06.

PR 06 (Português)Incentivo meus alunos a lerem e conscientizo-os a respeito da importância da leitura em suas vidas. Pois acredito que haverá uma evolução na educação, que chegaremos a um tempo que os bons leitores não serão tão escassos. Essa esperança que encoraja minha caminhada. (G. S. O)

Page 27: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

27

A partir desse relato do PR 06, constatamos de fato que apesar das dificuldades

encontradas no desenvolvimento da leitura, os educadores persistem nessa luta para mudar tal

situação, pois são empenhados com a profissão de educar. Para tentar suprir essas

deficiências, os professores, compartilham suas experiências e buscam o máximo de

capacitação para aperfeiçoar sua prática, através de cursos oferecidos pelos órgãos

competentes.

Notamos através das respostas, dadas pelos professores, que as leituras que mais

agradam seus alunos, são as leituras que mais se aproximam da realidade, o que tem muita

lógica, pois, é muito mais prazerosa a leitura que se assemelham as suas vivências, torna-se

muito importante a pratica do professor conhecer a realidade dos seus alunos, para assim

trabalhar com textos que se aproximem dessa realidade. Comprovamos com fragmentos do

PR 03 e o PR 05.

PR 03 (Português)A leitura que eles mais gostam é de contos onde a narrativa mostra histórias com fatos reais ou imaginários. (A. N. C. M. F)

PR 05 (Português)Leituras que mais se aproximam da realidade dos alunos, geralmente são vistos com mais prazer e interesse pelos mesmos, e os textos e os textos que possuem tom humorísticos e narram histórias de amor. (L. L. L)

Outro elemento que atraem a leitura aos alunos é a curiosidade, grande ferramenta

do conhecimento, pois é através da mesma que muitas vezes o aluno é movido a se debruçar

nos livros. Os professores de Geografia e História afirmaram que a leituras que mais agradam

seus alunos são aquelas que lhes despertam curiosidade, talvez essas sejam as disciplinas que

mais despertam curiosidade nos alunos, por serem as que mais trabalham com o estudo do

passado. Observamos as respostas dos PR 01 e 02.

PR 01(História)As leituras que revelam informações curiosas e surpreendentes. Alguns textos suscita o conhecimento do assunto; outras trazem itens valiosos dentro do próprio assunto em debate. E os estudantes gostam mais desses últimos, supostamente, por despertarem mais curiosidade. (M. J. O. S)

Page 28: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

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PR 02 (Geografia)Informativa. Principalmente através de gráficos, mapas, experiências, enfim tudo que lhe chama atenção e curiosidade. (A. L. B)

É claro notarmos certa distância, entre as respostas de um professor para outro,

pois cada um responde dentro das necessidades das suas respectivas disciplinas, mas, é

notório que há em todas elas a possibilidade de trabalhar com a leitura. É justamente essa

variedade que compõe o conjunto de conhecimentos necessário para que aluno atinja um grau

de maior desenvoltura e criticidade, não deixando de ressaltar a interdisciplinaridade entre

elas, que possibilita o relacionar seus conhecimentos e descobrir o valor de cada disciplina,

não só para sua vida estudantil, mas, para sua vida social.

Portanto, é inegável a qualquer educador que presa sua profissão, a preocupação com

o processo de aprendizagem dos seus alunos. Porém, um resultado satisfatório no que se refere ao

ensino de leitura requer uma formação continuada dos profissionais que atuam com o ensino da

língua, a fim de que possam, no ensino da leitura, conceber seus alunos como sujeitos atuantes,

como cidadãos ativos capazes de revolucionar a sociedade em que vivem.

3.3 Perfil dos alunos

A partir dos questionários aplicados aos alunos do 7º e 8º ano, da referida escola,

observamos que todos os alunos afirmaram que leem em outras disciplinas, além da de

português, e que pratica, essa atividade em outros espaços, além da escola; o que nos faz

pensar que aquele pensamento equivocado citado acima estar perdendo a força. Os mesmos

afirmaram também que os principais obstáculos que encontram na prática da leitura, é a

dificuldade de interpretação que se torna mais difícil, quando encontram termos estrangeiros,

ou desconhecidos de seus vocabulários. Comprovamos com as respostas dos alunos

entrevistados:

AL 01 (8º ano)Sim, sim em geografia, ciências, história e cidadania. Sim na internet, livros, revistas, jornais e quando eu passo pelas ruas eu vejo lojas, supermercados leio as promoções e tudo o que eu vejo eu quero ler. (J. da S. L).

AL 02 (8º ano)Sim, sim as faço em várias disciplinas. E também faço em casa, na biblioteca, em quanto viajo, na igreja, em livrarias etc. (M. L. C. C. G).

Page 29: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

29

AL 03 (8º ano)Faço leitura em todas as disciplinas exceto matemática. Também faço leitura em casa, na biblioteca da cidade e viajando para outros locais. (K. dos S. L).

AL 04 (7º ano)Sim eu faço leitura nas aulas de português, mas normalmente em outras disciplinas não são praticada muitas leituras. E em curso em que eu faço são praticada a leitura. (C. A. de B).

AL 05 (7º ano)Sim. Sim. Sim, pois eu acho que ao ler você tem uma sensação de “liberdade” ela lhe espira deixando mais “livre”. (L. G. A. L)

AL 06 (7º ano)Faço leitura nas aulas de português, em outras disciplinas e em outros locais além da escola. (T. P. dos S).

AL 01 (8º ano)A dificuldade que eu tenho na prática da leitura é quando eu estou lendo um texto e vejo uma palavra inglês ou grande que tenha vários significados. (J. da S. L).

AL 02 (8º ano)Algumas palavras que não conheço mas é sempre bom aprender novas palavras por isso eu não me importo muito. (M. L. C. C.).

AL 03 (8ºano)Palavras difíceis de interpretar, não saber onde parou, que personagem está falando e quando acontece isso volto tudo de novo para entender melhor. (K. dos S. L).

AL 04 (7º ano)A única dificuldade na pratica da leitura que eu encontro é a falta de interesse do meu interesse jovem. (C. A. B).

AL 05 (7º ano)Minhas piores dificuldades são a interpretação, sinônimos, uso das aspas (“ “), etc. (L. G. A. L).

AL 06 (7º ano)Nenhuma (T. P. dos S).

As respostas dadas pelos alunos nos faz pensar que a dificuldade de interpretação,

pode ser consequência da falta de conhecimento prévio dos mesmos, para com os textos

Page 30: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

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trabalhados em sala de aula, ou das atividades pedagógicas relacionadas à leitura. Assim faz-

se necessário, sempre que possível o professor trabalhar com textos próximos da realidade do

aluno, facilitando assim seu entendimento. Pietri afirma que:

A compreensão do texto, portanto, é possível graças aos conhecimentos prévios que o leitor possui e a interação desses conhecimentos no momento da leitura. Essa interação se torna mais evidente quando, ao lermos um texto, nos deparamos com uma palavra desconhecida. Nesse momento, há pelo menos duas opções: ou o deixamos de lado e vamos procurar em outros lugares o significado da palavra (...), ou continuamos a lê-lo e tentamos, com base nas demais informações que o texto apresenta, elaborar hipóteses sobre o significado daquela palavra. (2007, p. 21).

A partir das respostas dadas pelos alunos, percebemos que a maioria deles tem

problemas referentes à prática da leitura e que eles não conseguem atingir o ponto almejado

pelos professores que é a aquisição da leitura e da escrita convencional. Muitos sofrem com o

problema de interpretação, não conseguem entender aquilo que está nas entrelinhas de um

texto nem ter uma visão do mundo através do ato de ler, não conseguem contextualizar as

leituras que fazem que seja a aspiração maior dos professores, uma vez que todos querem que

seus alunos consigam ler bem e de maneira ampla, interpretando imagens e decodificando

palavras. Assim, buscando acabar com esses problemas, ou pelo menos diminuí-los muitos

educadores buscam aperfeiçoamento, tentando, assim, melhorar a realidade educacional de

seus alunos, mas para isso acontecer é necessário um trabalho educativo de qualidade já que

algumas crianças acabam saindo do ensino fundamental sem saber ler e escrever.

Comprovamos que os alunos 01 e 02, afirmaram passar por essa dificuldade. É

importante ressaltar a maturidade do aluno 02, ao afirmar que os termos desconhecidos, não

são barreiras que lhes impeçam a ler, e consegue enxergar o beneficio que traz as palavras

novas ao seu vocabulário. Nem todos os alunos têm essa percepção, em alguns casos, esse

problema chega ser um bloqueio, ao desenvolvimento da leitura.

Diante do exposto, acreditamos que esse trabalho de pesquisa, possa contribuir

para a necessidade de se investir na formação dos discentes, não apenas transformando-os em

bons leitores, mas em seres pensantes, construtores de visões de mundo, novos cidadãos,

críticos, participativos e livres, tendo êxito não só na sua vida profissional na social também.

Page 31: A prática didático pedagógica do professor com relação ao ensino da leitura

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente ao crescimento acelerado das novas tecnologias de comunicação e

informação, faz-se cada vez mais necessária a formação de leitores críticos que sejam capazes

de ler e compreender o que leem, para que possam compreender melhor o mundo e sua

própria realidade. É nessa condição que a sociedade contemporânea propõe aos educadores

um desafio: ajudar criança e adolescentes a desenvolverem suas potencialidades de leitura e

escrita numa ampliação de visão de mundo. Assim podemos afirmar que não basta apenas

saber que a leitura é importante no desenvolvimento do aprendizado, pois é preciso se fazer

valer essa certeza, nas salas de aula, com a prática docente que contenha atividades que

concretizem a importância do hábito de ler.

Partindo do pressuposto que todo educador é conhecedor de que, quase todas as

crianças, tornam-se leitoras graças aos esforços da escola, e que tantas outras entram na

escola, com a expectativa de logo aprenderem a ler, é fundamental que essa tarefa não se

limite apenas à pura decodificação, mas se estenda ao entendimento e à compreensão do

código escrito, exaltando o verdadeiro valor da leitura. Sendo assim faz-se necessário que as

escolas reorganizem seus planejamentos e que os professores revejam e avaliem suas práticas,

em relação ao ensino da leitura, para que se construam leitores maduros, capazes de

compreenderem quaisquer tipos de textos; que sejam bons escritores, já que a leitura traz

vários benefícios e um deles é de garantir ao leitor maior facilidade para escrever; além de

enriquecer o vocabulário. Os PCN (1997, p.53), atribuem a finalidade da leitura, como: “O

trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e,

consequentemente, a formação de escritores”. Sendo assim, a leitura evidentemente é à base

do processo de aprendizagem do aluno, que, se bem instruído, dará grandes passos e

conquistará espaços importantes na sociedade e principalmente na sua vida, enquanto leitor.

Pesquisar e estudar a respeito da prática do professor diante ao ensino da leitura

foi uma experiência interessante e significante, pois analisamos a postura do professor como

construtor de leitores, detectamos e refletimos sobre as principais dificuldades vivenciadas

pelos alunos da escola investigada. Tais dificuldades abriram possibilidades na realização do

trabalho monográfico.

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Com os procedimentos mencionados anteriormente, e com o referencial teórico

dessa monografia, queremos contribuir para a formação de bons leitores, sensibilizando os

professores de que essa formação depende de uma prática de interpretação de textos e de uma

constante atividade de leitura. E vale a pena argumentar que para se realizar um trabalho

significativo com a leitura o qual possa resultar em um leitor crítico, é preciso primeiramente,

ser um leitor crítico também, e demonstrar isso para seus alunos, através de seu exemplo de

bom leitor. Portanto, formar o leitor crítico é uma necessidade de se construir cidadãos

também críticos, para lutarem por seus espaços na sociedade e no mercado de trabalho, sendo

autônomos e realizando seus ofícios com eficiência.

É preciso, também, preocuparmo-nos com a formação do professor no que

compete ao ensino da leitura, por entendermos que muitos desses profissionais não gostam de

ler e/ou não cultivam este hábito, no entanto não desenvolvem práticas de leituras eficientes

em suas salas de aulas, por isso é importante que o poder público não invista apenas em livros

didáticos; reformas escolares, mas, principalmente na qualificação dos educadores.

Com base nas discussões feitas, destacamos que a participação da família no

processo de aprendizagem é indispensável para que haja o desenvolvimento esperado no

ensino, mas também cabe à escola ao professor refletir sobre seu papel, enquanto formador de

leitores críticos e atuantes na sociedade, pois ela é o espaço social privilegiado para a

realização das práticas de leitura e escrita, visando à participação dos cidadãos no mundo em

que vivem.

Sendo assim, é preciso que os professores sejam competentes e comprometidos

nas tarefas de leitura que dão cumprimento, a fim de que possam estimular em seus alunos o

ato de ler e escrever, não apenas por fazerem parte de uma sociedade letrada, mas para levá-

los à compreensão sobre a importância destes mecanismos para a verdadeira aquisição do

saber, do total exercício de cidadania e da liberdade de expressão.

Assim, desejamos que os estudos propostos nesta monografia abram novos

caminhos para o aprimoramento da prática pedagógica, que os professores possam repensar

suas práticas e sirva como estímulo transformador para os profissionais de educação.

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REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BORDONI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor: Alternativas Metodológicas. 2ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização e lingüística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 2001.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 33 ed. São Paulo: Cortez, 1999.

GUEDES, Paulo Coimbra. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS: que língua vamos ensinar? São Paulo: Parábola Editorial, 2006. GUEDES, Paulo Coimbra; SOUZA, Jane Mari de. Leitura e escrita são tarefas da escola e não só do professor de português. In: NEVES, Iara Conceição Bitencourt; SOUZA, Jusamara Vieira. Ler e escrever compromisso de todas as áreas (Orgs.) 6. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2004.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para leitura do mundo. 6 ed. São Paulo: Ática, 2002.

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. 3ed. São Paulo: Ática, 1999.

LAVILLE, Christian; DIOMNE, Jean. A construção do saber: Manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. 1.ed. Porto Alegre: Editora USNG, 1999.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Língua Portuguesa (1ª a 4ª série), Brasil Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, v. 2, 1997.

PIETRI, de Èmerson. Práticas de leitura e elementos para a atuação docente. Rio de Janeiro, Lucerna, 2007.

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ANEXOS

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Anexo 1. Questionário aplicado aos professores

Universidade do Estado da Bahia-UNEB Departamento de Educação-Campus XIV Aluna: Gleidiane Sione de Oliveira

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO MONOGRÁFICO DE FINAL DE CURSO DA UNEB-CAMPUS XIV

No decorrer da prática docente presenciamos vários alunos chegarem ao ensino médio com grandes dificuldades para ler. A partir desse problema, como também dos estudos desenvolvidos, a partir de alguns teóricos que discutem a prática de leitura, como um elemento fundamental do conhecimento social na atualidade, que surgiu nosso interesse por pesquisar o tema: Leitura. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), orientado pela professora Cinira Félix Cardoso com o titulo: “A Prática Didático-Pedagógica do Professor com Relação ao Ensino da Leitura”, tem como objetivo maior pesquisar sobre a prática do professor diante ao ensino da leitura e para isso fez-se necessário questionar alguns professores e alguns alunos, lembrando que os dados dos mesmos serão mantidos em sigilo e, se quiserem não será preciso se identificar. Este trabalho de pesquisa contribuirá com as discussões acerca dessa temática, em busca de subsídios para aperfeiçoar a nossa prática pedagógica, como também a de todos os professores comprometidos com a educação.

COLÉGIO ESTADUAL OSVALDO CRUZ

PROFESSOR (A): _______________________________________________________

1. Como se processam as atividades de leitura em suas aulas? Com que frequência?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual tipo de leitura que mais agrada seus alunos? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3. Em sua opinião, quais são as maiores dificuldades encontradas por eles no momento da leitura?

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4. Qual sua contribuição, como educador, para o desenvolvimento da prática de leitura?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Quais são as outras atividades desenvolvidas juntamente com as atividades de leitura?

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“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim não

morre jamais.”

Rubem Alves

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Anexo 2. Questionários aplicados aos alunos

Universidade do Estado da Bahia-UNEBDepartamento de Educação- Campus XIVAluna: Gleidiane Sione de Oliveira

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO MONOGRÁFICO DE FINAL DE CURSO DA UNEB-CAMPUS XIV

No decorrer da prática docente presenciamos vários alunos chegarem ao ensino médio com grandes dificuldades para ler. A partir desse problema, como também dos estudos desenvolvidos, a partir de alguns teóricos que discutem a prática de leitura como um elemento fundamental do conhecimento social na atualidade, que surgiu nosso interesse por pesquisar o tema: Leitura. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), orientado pela professora Cinira Félix Cardoso com o titulo: “A Prática Didático-Pedagógica do Professor com Relação ao Ensino da Leitura”, tem como objetivo maior pesquisar sobre a prática do professor diante ao ensino da leitura e para isso fez-se necessário entrevistar alguns professores e alguns alunos, lembrando que os dados dos mesmos serão mantidos em sigilo e, se quiserem não será preciso se identificar.

Este trabalho de pesquisa contribuirá com as discussões acerca dessa temática, em busca de subsídios para aperfeiçoar a minha prática pedagógica, como também a de todos os professores comprometidos com a educação.

COLÉGIO ESTADUAL OSVALDO CRUZ

ALUNO (A):____________________________________________________________

1. Você faz leitura nas aulas de português? E em outras disciplinas? E em outros locais, além da escola?

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2. Quais as dificuldades que você encontra, na prática da leitura? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual o tipo de leitura de que mais gosta?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. As leituras que você faz, ajudam você a solucionar seus problemas do dia-a-dia?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Quando você faz atividades de leitura, você realiza outras atividades?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“A leitura de mundo precede a leitura da palavra” Paulo Freire