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A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E A CONSCIÊNCIA DA VIDA:

ESTUDO DE CASO NO RIO ARROIO CERCADO – CURITIBA/PR

Autora: Claudete Saturnino de Oliveira1

Orientadora: Elaine de Cacia de Lima Frick2

Resumo

Este artigo visa apresentar resultados da implementação do projeto “Promoção de iniciativas de preservação e resgate do Rio Arroio Cercado no município de Curitiba/PR” aplicada aos alunos de 8ª série (9º ano) do ensino fundamental do Colégio Estadual La Salle, além, dos resultados obtidos através da discussão do GTR (Grupo de Trabalho em Rede) com professores da Rede Pública Estadual de Ensino, práticas realizadas para cumprimento do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O objetivo desta prática pedagógica de cunho geográfico refere-se ao estudo das diretrizes de sustentabilidade e de preservação ambiental, sendo abordada a questão do cuidado que se deve ter com os rios e seus afluentes para a manutenção e melhoria da qualidade de vida dos moradores que habitam as suas margens, possibilitando que o estudante compreenda a necessidade da proteção ambiental. Foram desenvolvidas oito atividades textuais e de conscientização sobre a importância de se preservar os rios e as águas (em sala de aula) e, na sequência, foi aplicada uma atividade em campo, pelos alunos, junto aos moradores das margens do rio Arroio Cercado, bairro Sítio Cercado, numa amostra de 30 famílias. Todo o trabalho foi acompanhado pela professora regente da turma e teve como suporte a análise qualitativa de dados sob o método indutivo. Em campo, os estudantes aplicaram um questionário para as famílias, a fim de levantar o que elas sabiam sobre preservação dos rios e das águas. Após, fizeram explicações orais a essas famílias, sobre a importância de se preservar os rios (não jogando lixo em suas margens e no seu leito), a fim de conscientizá-las sobre tal. Depois de quatro meses da realização da atividade, os estudantes e a professora voltaram à comunidade e notaram que o seu comportamento (no sentido da preservação do rio em pauta) tinha melhorado significativamente. Esses moradores criaram consciência sobre a preservação do rio e não jogaram mais lixo nele. Além disso, tornaram-se

1 Especialista em Metodologia de Ensino pela Faculdade de Educação de Assis, Especialista em História e Geografia do Paraná, pelo Instituto Superior de Educação Padre João Bagozzi, Licenciada em Geografia pelas Faculdades Integradas de Ourinhos/SP e Professora de Geografia da Rede Pública de Educação, no município de Curitiba/PR. 2 Mestre em Ciências Florestais pela UFPR, Especialista em Análise Ambiental pela UFPR, Licenciada e Bacharel em Geografia pela UTP e Professora do departamento de Geografia da UFPR ([email protected]).

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disseminadores da importância de se preservar os rios, por questão de qualidade de vida e bem estar do próprio homem.

Palavras-Chave: Meio Ambiente, Preservação Ambiental, Rios, Geografia, PDE.

1 Introdução

Como recurso natural indispensável, a água tem ocupado uma posição de

destaque não só pela importância que ela representa para o equilíbrio de vida no

planeta, mas também porque a natureza não é uma fonte inesgotável de recursos,

tendo as suas reservas finitas.

Para isso, é dever do educador conscientizar quanto à destruição

inconsequente dos recursos naturais, evitando o desperdício e reciclando o lixo.

Assim, a educação ambiental na escola é de suma importância, visto que a escola é

o espaço no qual o aluno se baseará para o seu processo de socialização, tendo

como referência os exemplos mostrados do que a sociedade deseja e aprova.

Sendo assim, a escola deverá oferecer meios para que o aluno tenha uma

compreensão efetiva das ações humanas, como consequência para si próprio e para

a comunidade em que vive, desenvolvendo suas potencialidades, adotando

comportamentos e posturas construtivas, colaborando para uma sociedade mais

justa e saudável.

Este artigo foi construído para apresentação no Programa de

Desenvolvimento da Educação do Paraná (PDE), com o objetivo de conscientizar os

alunos da 8ª série (9º ano) do ensino fundamental do Colégio Estadual La Salle,

acerca da importância de se preservar o meio ambiente, em especial os rios. E na

sequência, fazer com que eles aplicassem os conhecimentos adquiridos sobre a

preservação dos rios, junto aos moradores das margens do rio Arroio Cercado,

localizado na Bacia do Ribeirão dos Padilhas, no município de Curitiba/PR.

A problemática escolhida para o desenvolvimento deste trabalho baseou-se

nas seguintes questões: De que forma o ensino de Geografia no Ensino

Fundamental pode contribuir para minimizar as consequências dos impactos

ambientais nos rios, com o constante crescimento urbano? Como devem ser

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detectadas as consequências da má ocupação urbana em margens de rios, com

falta de planejamento e de saneamento?

O objetivo geral consistiu em informar sobre as consequências do

crescimento urbano sem planejamento, especificamente nas regiões de rios urbanos

e os objetivos específicos pautaram-se em conscientizar os moradores da região

quanto à problemática e mobilizar os alunos a promoverem iniciativas de resgate e

preservação dos rios.

O rio Arroio Cercado é um afluente que recebe constantes resíduos de

microindústrias, esgotos e lixos residenciais, tornando-se assim poluído e impróprio

para o consumo de água. Muitos problemas poderiam ser minimizados se os

espaços urbanos fossem planejados, levando-se em consideração os fatores

naturais. Diante disso, justifica-se esta pesquisa como um fator relevante de

conscientização de preservação desse rio, como uma contribuição a toda a

comunidade envolvida no seu entorno e também como um fator de fundamental

participação dos alunos do 9º ano do Colégio La Salle, que cooperaram

sobremaneira, por meio de ações educativas, para a prevenção de acúmulo de lixo

na região.

Foram desenvolvidas oito atividades textuais e de conscientização sobre a

importância de se preservar os rios e as águas em sala de aula e, na sequência, foi

aplicada uma atividade em campo, pelos alunos, junto aos moradores das margens

do Rio Arroio Cercado, numa amostra de 30 famílias. Todo o trabalho foi

acompanhado pela professora regente da turma e teve como suporte a análise

qualitativa de dados sob o método indutivo. Em campo, os estudantes aplicaram um

questionário para as famílias, a fim de levantar o que elas sabiam sobre preservação

dos rios e das águas. Após, fizeram explicações orais a essas famílias, sobre a

importância de se preservar os rios (não jogando lixo em suas margens e no seu

leito), a fim de conscientizá-las sobre tal.

2 Fundamentação Teórica

2.1 A água e sua importância

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O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas -

ONU, em 1992, juntamente com a "Declaração Universal dos Direitos da Água", que

prevê o seguinte: (IBGE, 2010).

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem. Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

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2.2. Bacias hidrográficas do paraná

Bacia Hidrográfica pode ser definida como “o conjunto de terras banhadas

por um rio e seus afluentes, de forma que toda vazão seja descarregada através de

um curso principal, limitada perifericamente por uma unidade topográfica mais

elevada, denominada divisor de águas”. O mais nobre de todos os seus usos

possíveis está relacionado ao abastecimento público (SUDERHSA, 2010, p.3).

O manancial de um rio, assim como o seu uso, deve ser planejado de forma

que todas as atividades sejam compatíveis com o mais nobre destino desta bacia: a

manutenção da qualidade e da disponibilidade da água para o abastecimento

público, sendo que todos os demais usos devem estar subordinados a esta

prioridade (SUDERHSA, 2010).

As bacias hidrográficas do Paraná são: Cinzas, Iguaçu, Itararé, Ivaí,

Litorânea, Paraná I, Paraná II, Paraná III, Paranapanema I, Paranapanema II ,

Paranapanema III, Paranapanema IV, Piquiri , Pirapó, Ribeira e Tibagi (SUDERHSA,

2010).

Imagina-se um futuro tranquilo em termos de disponibilidade de água, mas

infelizmente essas bacias enfrentam ameaças como o lançamento de esgoto, o uso

intensivo de agrotóxicos na agricultura, o assoreamento e a falta de matas ciliares,

comprometendo a qualidade hídrica do estado. Outras ameaças são os dejetos

lançados sem tratamento, pelas indústrias, que podem ser mais nocivos do que o

esgoto domiciliar (SUDERHSA, 2010).

Uma das situações mais críticas está na Bacia do Rio Iguaçu, com os rios

urbanos comprometidos por esgoto e invasões. As unidades hidrográficas do Estado

do Paraná são: a) Litorânea; b) Alto Iguaçu afluentes do Rio Negro e afluentes do

Rio Serpa; c) Itararé/Cinzas/Paranapanema 1/Paranapanema 2; d) Alto Tibagi; e)

Baixo Tibagi; f) Pirapó/Paranapanema 3/Paranapanema 4; g) Alto Ivaí; h) Baixo

Ivaí/Paraná 1; i) Piquiri/Paraná 2; j) Paraná 3; k) Afluentes do Médio Iguaçu; l)

Afluentes do Baixo Iguaçu (SUDERHSA, 2010).

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2.3 Diretrizes curriculares de geografia para o ensino fundamental

As diretrizes curriculares para o Ensino de Geografia no Ensino Fundamental

se estabelecem, segundo Castro e Silva (2010, p. 2), na seguinte proposta:

[...] A primeira diretriz propõe a valorização, pelo resgate, das práticas socioespaciais, espaços culturais e socioambientais do educando, buscando nelas os referenciais explicativos para a ampliação, aprofundamento e compreensão do espaço geográfico em mutação. [...] A segunda diretriz diz respeito à construção de um pensamento que passa, progressivamente, do simples ao complexo, substituindo um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une. (MORIN,1999 apud CASTRO e SILVA, 2010, p.2)

Machado apud CASTRO e SILVA (2010, p.2) explica que, essa forma de

compreensão do ato de aprender e produzir conhecimentos é esclarecida da

seguinte maneira :

apreender o significado de um objeto ou de um acontecimento é vê-lo em suas relações com outros objetos ou acontecimento; os significados constituem, pois, feixes de relações; as relações entretecem-se, se articulam em teias, em redes, construídas social e individualmente em permanente estado de atualização.

Essas autoras comentam que, na prática pedagógica tradicional, a

abordagem dos fatos e fenômenos da realidade socioespacial se dá de forma

fragmentada e descolada das experiências significativas do educando, ou seja,

desconsiderando os contextos culturais, ambientais, políticos e econômicos.

A terceira diretriz propõe uma nova abordagem dos conteúdos geográficos

por meia da organização em um eixo integrador, do qual serão desdobrados os

Eixos Temáticos e os Temas, que traduzirão os fenômenos da realidade socio-

espacial contemporânea, contextualizados a partir da (re) construção dos conceitos

de Território, Lugar, Paisagem, Rede e Região. Para o Ensino Fundamental, os

eixos temáticos são:

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a) Geografias do cotidiano

b) A diversidade das paisagens e suas manifestações espaço culturais.

c) Globalização e Regionalização no mundo contemporâneo.

d) Meio ambiente e cidadania planetária

A quarta diretriz norteadora se sustenta no campo das competências gerais

da investigação e da compreensão. Corresponde ao desafio da transposição

didática das três diretrizes anteriores para o cotidiano pedagógico escolar.

A quinta diretriz refere se à avaliação formativa e aos indicadores de

competências construídas. As atividades são situações educativas planejadas pelo

professor para que as aprendizagens se desenvolvam como processo de construção

de conhecimentos, diferentemente de métodos tradicionais, que apresentam idéias

prontas, acabadas. Essas atividades são, ao mesmo tempo, instrumentos de

avaliação, pois permitem o levantamento de dados sobre o processo de

aprendizagem e a autonomia do aluno no ato de compreender como se aprende. [...]

(CASTRO e SILVA, 2010, p. 3).

2.4. Práticas pedagógicas para o ensino de geografia

Algumas práticas pedagógicas, de acordo com os Parâmetros Curriculares

Nacionais (BRASIL, 1987), para a disciplina de Geografia, que estão atreladas aos

fundamentos das diretrizes estabelecidas, são importantes instrumentos para a

compreensão do espaço geográfico, dos conceitos e das relações socioespaciais

nas diversas escalas geográficas. São elas:

a) Aula de Campo: Importante encaminhamento metodológico para analisar a

área em estudo (urbana ou rural), para que o aluno diferencie a paisagem de espaço

geográfico. Parte se de uma realidade local bem delimitada, para investigar a sua

constituição histórica e realizar comparações com outros lugares, próximos ou

distantes. [...] No percurso, alguns passos são sugeridos como: observação

sistemática orientada; descrição, seleção, ordenação e organização de informações;

registro das informações de forma criativa (croquis, maquetes, desenho, produção

de texto, fotos, figuras, etc.) (SCHAFFER, 2003).

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De acordo com Nidelcoff (1986), abrindo novas possibilidades de desenvolver

múltiplas atividades práticas, a aula de campo pode recorrer a consultas

bibliográficas (livros e periódicos), análise de fotos antigas, interpretação de mapas ,

entrevistas com moradores, elaboração de maquetes, murais, etc.

b) Recursos audiovisuais: Podem ser utilizados filmes, trechos de filmes,

programas de reportagem e imagens em geral (fotografias, slides, charges,

ilustrações) para a problematização dos conteúdos em Geografia, desde que

explorados pelos seus fundamentos teóricos conceituais.

c) A cartografia: A cartografia tem sido usada para leitura e interpretação do

espaço geográfico e, desde 1980, a linguagem cartográfica resulta de uma

construção teórico prática vindo desde os anos iniciais e seguindo até o final da

Educação Básica. As Diretrizes (PARANÁ, 2008) propõem que os mapas e seus

conteúdos sejam lidos pelos estudantes como se fossem textos, passíveis de

interpretação, problematização e análise crítica.

d) A literatura: Esta é uma prática que pode ser viabilizada por instrumentos

menos convencionais no cotidiano escolar, que podem enriquecer o processo de

ensino/aprendizagem, assim como as obras de arte. Barbosa (2000, p.69-70)

comenta que:

[...] a Arte possui uma importante dimensão histórica de leitura do espaço socialmente produzido e se traduz como um instrumento de percepção e reconhecimento da realidade [...] A obra de arte pode ser uma interrogação da vida e da história, ao mesmo tempo, uma possibilidade de resposta. Mais do que um segredo da criação subjetiva ou pura expressão da sensibilidade humana é a arte capaz de apresentar um lado ignorado ou mesmo esquecido do mundo habitado pelos homens (BARBOSA, 2000, p.69-70).

Barbosa (2000) comenta ainda que a literatura, em seus diversos gêneros,

pode ser instrumento mediador para a compreensão dos processos de produção e

organização espacial.

Desta forma, as Diretrizes (PARANÁ, 2008, p.84) sugerem que o professor de

Geografia mobilize o acervo bibliográfico das escolas da rede estadual de ensino,

além de outros títulos disponíveis, “contemplando metodologias que estimulem a

leitura”.

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3 Localização e caracterização da área

A Bacia do Ribeirão dos Padilhas está localizada na porção sul sudeste do

município de Curitiba, no Primeiro Planalto Paranaense, aproximadamente entre as

coordenadas geográficas de 25° 30’ e 25° 32’ de latitude sul e 49° 13’ e 49° 18’ de

longitude a oeste de Greenwich, abrangendo uma área de 32,4 km², conforme se

verifica na Figura 1.

3.1. Figura

Figura 1: Mapa de localização da Bacia Ribeirão dos Padilhas em Curitiba/PR

Fonte: FERREIRA, 2007.

O Ribeirão dos Padilhas - nasce no bairro Capão Raso próximo à Av.

Winston Churchill, sendo divisor de águas naquele ponto com a sub-bacia do rio

Barigui e desaguando no rio Iguaçu, no bairro Ganchinho, próximo ao Contorno Sul.

A sub-bacia do Ribeirão dos Padilhas está situada na parte sul do município de

Curitiba, abrangendo os bairros do Capão Raso, Xaxim, Pinheirinho, Sítio Cercado,

Alto Boqueirão e Ganchinho, sendo uma das bacias que tem a menor incidência de

áreas verdes.

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Detalhadamente a região pesquisada foi o entorno do Colégio Estadual La

Salle, no bairro Pinheirinho, extensivo as Rua Maringá e Londrina, conforme pode

ser verificado na Figura 2.

De acordo com o IPPUC (1987), a vegetação predominante nessa região é

constituída de campos naturais, com manchas esparsas de formações arbóreas. A

paisagem está desprovida de vegetação, com solos impermeabilizados e expostos

nos locais ocupados por conjuntos habitacionais ou ocupações clandestinas e

irregulares. As ocupações, nessa área, são do tipo residencial e comercial. Até

meados da década de 1980, grande parte da faixa marginal do Ribeirão dos

Padilhas, e seus principais afluentes, já estavam ocupados irregularmente por

habitações e sub-habitações.

3.2. Figura

Figura 2: Região do entorno do Rio Arroio Cercado – Bairro Pinheirinho Fonte: Google Earth, 2012.

11

Quanto à ocupação na bacia do Ribeirão dos Padilhas, ela se apresenta em

sua maioria de ocupações irregulares sem regularização (Figura 3). E um de seus

afluentes o Arroio Cercado, objeto de estudo desta prática pedagógica, apresenta

problemas de conservação ambiental também com ocupações irregulares, como

observado na Figura 4.

3.3. Figura

Figura 3: Situação da população na bacia do Ribeirão dos Padilhas quanto a ocupação

Fonte: FERREIRA, 2007.

3. 4 Figura

12

Figura 4: Habitações irregulares na região do Rio Arroio Cercado - B. Novo Fonte: Google Earth, 2012.

Ferreira (2007, p. 134) observa que a bacia hidrográfica do Ribeirão do

Padilha possui “elevados índices de degradação, figurando entre os mais críticos da

cidade de Curitiba. Destacam-se as construções irregulares e os lançamentos de

esgoto doméstico diretamente nos cursos d’água, sem nenhum tratamento, sendo

transportado até o rio Iguaçu”.

4 Metodologia

4.1. Técnica de investigação

Para a realização desta pesquisa, adotou-se o modelo de Gil (1996), tendo

em vista o objetivo exploratório da pesquisa, - ou pesquisa exploratória - já que é um

estudo que procura proporcionar maior familiaridade com o problema, no sentido de

melhor explicitá-lo. Desta forma, realizou-se primeiramente, uma pesquisa

bibliográfica, nas bibliotecas virtuais e portais interativos e bases de dados na

Internet, assim como em livros e artigos científicos referentes ao assunto Ciências

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da Terra e Geografia Física, para o planejamento das aulas teóricas para 30 alunos

do 9º ano do Ensino Fundamental. Em seguida foi realizada a pesquisa de campo.

4.2 Fase 1 – atividades com os alunos em sala de aula

Para cada uma das atividades, apresentou-se seu resultado e análise como

segue, evidenciando-se que a amostra de alunos tomada para responder as

atividades foi de 30 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual

La Salle, entre os dias 20/09/2011 e 15/11/2011.

Em todos os casos seguiu-se o seguinte procedimento: (a) entregou-se a

atividade aos alunos e explicações breves (5 minutos); (b) solicitou-se que o aluno

lesse o texto (5 minutos), (c) solicitou-se que os alunos respondessem o perguntado

e devolvessem a atividade (10 minutos).

A apresentação dos resultados, em todas as atividades, foi feito segundo as

ideias principais e palavras-chave (Quadro 1).

4.3 Quadro

TÉCNICAS ABORDAGEM Aplicação de questionários junto à turma de alunos do 9º ano do Colégio La Salle.

Verificação da conscientização dos alunos sobre meio ambiente e preservação dos rios

Leitura das atividades para os alunos do 9º ano.

Verificação do aprendizado sobre o meio ambiente e sua preservação por meio da análise qualitativa dos questionários

Tratamento dos dados por ideias principais e palavras chave.

Quadro 1 – Atividades realizadas na fase 1

Fonte: A Autora, 2012.

4.4 Fase 2 - atividades em campo

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A partir da preparação da turma com as aulas teóricas, os 30 alunos foram

divididos em grupos, cada um com um tema específico a ser desenvolvido, para o

trabalho de campo. Foram observados os aspectos inerentes aos meios físico,

natural e construído, socioeconômico e cultural e de organização social, já

abordados na pesquisa bibliográfica, assim como os levantamentos in loco, em

entrevistas à população local (30 famílias) por meio de um questionário. Foram

abordados os aspectos positivos e negativos, além de propostas para a solução dos

problemas encontrados (Quadro 2).

4.4 Quadro

TÉCNICAS ABORDAGEM

Aplicação das atividades formuladas na Fase 1 junto à turma de alunos do 9º ano do Colégio La Salle.

Verificação de como os moradores das margens do rio arroio cercado encaram o rio e a importância de preservá-lo.

Alunos e estudantes do 9ºano do Colégio La Salle vão até as casas de moradores da beira do Arroio Cercado.

A atividade de intervenção é aplicada junto aos moradores

Os dados coletados junto aos moradores, sobre o que sabem e como veem a preservação o meio ambiente / Rios, e então tratados qualitativamente

Através do método indutivo, e de argumentações / discussões, conclui-se a visão dos moradores da amostra sobre o meio ambiente e sua preservação.

Volta-se aos moradores trabalhados da primeira vez, quatro meses depois, para verificar se criaram consciência da essência do trabalho de pesquisa.

Quadro 2 – Atividades realizadas na fase 2

Fonte: A Autora, 2012

4.6 Metodologia do GTR

O GTR faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da

Secretaria de Educação ( SEED ) que acontece em ambiente virtual

Os professores que participaram do GTR tiveram a oportunidade de

conhecer o projeto de intervenção pedagógica, o material didático produzido pela

15

professora e, por meio desses conhecimentos, foram oferecidos debates, troca de

informações e experiências em ambiente virtual.

Foram relatadas aos professores do GTR, as atividades desenvolvidas com

os alunos, o tempo utilizado para a realização da implementação , as estratégias,

contribuindo os professores cursistas para o enriquecimento e desenvolvimento

deste trabalho.

A proposta trabalhada no PDE, na disciplina de Geografia, cujo tema foi à

preservação do rio Arroio Cercado, contou com a participação de quinze

professores. A metodologia adotada reforçou a formulação de atividades, a troca de

experiências e a argumentação, além de trazer inovações para a sala de aula, visto

que trabalhou com a prática e não apenas com a fundamentação teórica.

5 Resultados e Discussão

Os resultados do trabalho são apresentados em duas fases, sendo a

primeira a aplicação de oito atividades didáticas em sala de aula e a aplicação de

uma atividade de intervenção em campo e a segunda os resultados do GTR. O

objetivo deste capítulo é mostrar, de forma sintética, como foram os impactos das

atividades propostas, tantos para os alunos como para os moradores do entorno do

Arroio Cercado, além das discussões realizadas no ambiente virtual do GTR entre

os cursistas e a tutora.

5.1 Implementação na escola

5.1.1 Texto e atividade 1 – O Meio Ambiente

Perguntado sobre o que é o meio ambiente, 15 alunos entenderam que o

meio ambiente é algo importante e que constitui tudo o que está ao redor deles

(envolvendo matérias vivas e mortas). Já 08 alunos entenderam que são seres vivos

16

(plantas e animais) e 07 referiram-se ao meio ambiente como sendo um ambiente

formado de vários sistemas.

Sobre o que do meio ambiente encontram na escola, 30 alunos disseram

que encontram plantas, 22 alunos que encontram “pedras” e 5 alunos disseram que

encontravam “ecossistema”.

Já com relação ao que os alunos encontram do meio ambiente em suas

casas, tem-se que todos falaram que encontram plantas, 22 falaram que existiam

passarinhos, 02 falaram que tinham peixes, 13 falaram que existiam pedras e 09

falaram que existiam árvores.

Pelo exposto, nota-se que os alunos entenderam o que é o meio ambiente e,

de certa forma, o que o compõe. Sabem identificar elementos do meio ambiente em

um contexto, e ainda correlacionam meio ambiente com a vida. No geral, a vida

(plantas e animais). Uma pequena parte do grupo correlaciona o meio ambiente com

ecossistemas.

5.1.2 Texto e atividade 2 – o meio ambiente e sua preservação

Após as perguntas referentes à preservação do meio ambiente, 17 alunos

atribuíram a ideia de preservação do meio ambiente com cuidados, 06 entenderam

por preservação um conjunto de ações proativas para evitar problemas ao meio

ambiente e 07, de maneira discursiva, levaram a entender que a preservação do

meio ambiente está relacionada com ações corretivas de danos ao meio ambiente.

A respeito da importância de se preservar o meio ambiente, todos levaram a

entender que é importante preservar o meio ambiente por uma questão de vida.

Disseram que é importante cuidar do que nos circunda e, ainda que, cuidando do

meio ambiente, muitas espécies poderão ser preservadas (plantas e animais).

Com relação à reparação do meio ambiente e sua ordem de ações, a grande

maioria 22 disse que, primeiramente, deve-se preservar a água; 07 disseram o ar e

depois o solo 18. Dos 18 que apontaram o solo por último lugar, 15 apontaram a

água em primeiro lugar.

Neste sentido, e pela atividade proposta, nota-se que a maioria dos alunos

25 se conscientizaram do que é o meio ambiente e também, da importância de

17

preservá-lo. Uma grande maioria 23 demonstrou ter consciência de que a água é

muito relevante para a sobrevivência da vida de animais e plantas e que sua

preservação deve ser prevalente. Ao final, e conforme algumas respostas, tem-se

que a preservação da água, em especial dos rios, leva a um efeito cadeia. Começa

com a preservação das espécies aquáticas que lá vivem, passa pela atividade de

transporte e vai à preservação da distribuição de água.

Através da atividade, surgiram várias respostas interessantes dos alunos

acerca do meio ambiente e sua preservação, destacando-se: “a preservação do

meio ambiente é nossa responsabilidade, não devemos jogar lixo nas margens dos

rios e nas ruas”; “devemos nos conscientizar que o consumismo exagerado é

prejudicial ao meio ambiente, pois quanto mais se consomem produtos, maior será a

retirada de recursos da natureza e maior será o lançamento de lixos degradando o

meio ambiente”; “minha mãe reclama da falta de limpeza na rua, mas esta iniciativa

tem que começar por ela, pois, ela mesma joga lixo em um terreno baldio próximo

de nossa casa”.

5.1.3 Texto e atividade 3 – O meio ambiente e sua perspectiva

Perguntado aos alunos quanto à intervenção do homem ao meio ambiente,

15 referiram-se ao homem como um ser destruidor, que invade a propriedade da

natureza para se beneficiar do extrativismo ou, ainda, que a devasta por aspectos

econômicos, 11 colocaram o ser humano na posição de um ser preocupado com a

preservação e correndo atrás do prejuízo ambiental que já causou até a atualidade,

04 colocaram o homem na condição de ser que precisa sobreviver e que, por isso e

na atualidade, acaba trazendo prejuízos à natureza.

No tocante aos prejuízos que o homem pode causar ao meio ambiente, a

totalidade dos alunos 30 apontou a poluição dos rios, do ar e do solo. Alguns 12

responderam a extinção de espécies animais e vegetais; e 05 deles apontaram o

esgotamento de jazidas de minerais e rochas.

Com relação à reparação dos prejuízos causados ao meio ambiente, 19

disseram que são difíceis de reparar, fazendo a defesa de sua posição visto que

muitos recursos não são renováveis; 10 falaram que a reparação é trabalhosa e

18

custosa, visto que muitas vezes exigem mobilizações de muita mão de obra e

recursos e 01 não se manifestou a respeito.

Nota-se pelas respostas que o homem é um agente interventor no meio

ambiente que, por necessidades ou ambições, acaba destruindo a natureza, 23

alunos convergiram às três perguntas da atividade a esse favor, demonstrando

consciência que a preservação do meio ambiente é custosa e cara; 08 alunos

deixaram explícito que a melhor atitude do ser humano, com relação ao meio

ambiente, é preservar.

Os alunos observaram ainda que “é preciso procurar sempre uma lata de

lixo”; “até um papel de bala pode entupir os bueiros” e ainda que “a gente pode

cuidar do lixo da nossa casa, separando o que pode ser reciclado”.

5.1.4 Texto e atividade 4 – O meio ambiente e seu entendimento

Quanto ao que os alunos entenderam de meio ambiente, nota-se que a

totalidade deles 30 teve, pelas respostas, uma noção do que é. Disseram ser tudo o

que está ao nosso redor e que faz parte da natureza.

Com relação a outros elementos do meio ambiente, não citados no texto,

nota-se que a maioria dos alunos 28 disseram que está tudo no texto, 01 aluno

referiu-se às nuvens e 01 aluno referiu-se a vulcões.

Em relação às intervenções, 13 alunos falaram sobre queimadas, 02 alunos

falaram sobre pesca predatória, 05 alunos falaram sobre a caça e 10 alunos não se

manifestaram sobre nada.

Pela condução do pensamento do que está contido no meio ambiente, nota-

se pelas respostas dos alunos que a interpretação e a capacidade de criatividade

deles ainda é limitada a esse respeito. A totalidade dos alunos 30 encara que os

itens expostos no texto da atividade fecham todas as hipóteses de meio ambiente.

Também, alguns alunos, 18 apontaram que as maiores destruições do meio

ambiente estão relacionadas à preparação do solo para a agricultura (queimadas).

19

5.1.5 Texto e atividade 5 – o meio ambiente – práticas para a preservação

Quanto às práticas que os alunos têm adotado para preservar o meio

ambiente, 23 disseram fazer separação do lixo, não jogar lixo nas ruas nem nos rios,

e não destruir plantas; 02 falaram que estão ajudando a limpar um rio próximo a

casa onde moram, e 05 não se manifestaram.

No que se refere às práticas que sugerem para preservar o meio ambiente,

28 alunos deram a entender que seria limpar bosques, rios, campos e as ruas.

Falam sobre a limpeza no sentido da remoção de papéis e lixo.

A respeito da ordenação das medidas de preservação do meio ambiente,

apresentadas, tem-se que a ordem que coincidiu entre 17 alunos foi: “Separe o lixo

em casa e no trabalho, e coloque na rua no dia da coleta seletiva em seu bairro”,

“Preserve a vegetação nativa. Não desmate! Não coloque fogo!”, “Não maltrate

animais silvestres ou domésticos”, “Não jogue lixo no chão. Carregue-o até a lixeira

mais próxima. Ensine às crianças dando exemplo” e “Recicle ou reaproveite tudo o

que puder”.

Pelo exposto, nota-se que os alunos 26 têm a consciência que eles podem

contribuir para a preservação do meio ambiente e, que neste sentido, ações simples

e individuais de cada um deles podem ser relevantes. Não jogar lixo no chão, fazer

coleta seletiva, não jogar lixo nas águas e afins, despontam entre as respostas.

5.1.6 Texto e atividade 6 – rios e seu entendimento

Com relação ao entendimento do que são os rios, 16 alunos falaram que são

quantidades de água que cortam grandes extensões de terra e desembocam no

oceano, 07 alunos falaram que são águas que se deslocam sobre a terra e que

servem para fornecer água para animais e plantas, 05 pessoas disseram que são

veios de água doce que cortam regiões de terra e 02 alunos não se manifestaram a

respeito.

20

Ao se tratar da importância dos rios, todos os alunos disseram que são

importantes para a irrigação, fornecimento de água para animais e plantas, para via

de transporte e para possibilitar a vida de grande quantidade de animais aquáticos.

Referente à contaminação dos mares poder contaminar os rios, 16 alunos

disseram que podem, 05 alunos falaram que não podem e 09 alunos não

responderam.

Pelo texto exposto e encaminhamento do raciocínio dos alunos, nota-se que

a maioria deles 23 apresentou , qualitativamente, a noção do que são os rios e qual

a sua importância, 16 deles apontaram a importância dos rios para a manutenção da

vida (plantas e animais) e de atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade

levou à noção que a contaminação do mar pode vir a contaminar os rios que nele

desembocam.

Assim, eles comentaram: “os rios poluídos deixam a paisagem feia”; “não se

pode beber a água de um rio poluído”; “não entendo como as pessoas podem jogar

lixo nos rios”.

5.1.7 Texto e atividade 7 – a importância dos rios

No que diz respeito à importância dos rios, 17 alunos falaram que são

importantes para a manutenção da vida aquática; 06 alunos falaram que são

importantes para a navegação; 02 alunos falaram que são importantes para a

manutenção de água das cidades; 03 alunos falaram que são importantes para a

economia (pesca) e 02 alunos falaram que são importantes para o equilíbrio da

temperatura da terra. Assim eles disseram: “os rios limpos deixam os barcos

seguirem o seu curso”; “os rios são muito importantes para escoar a água do mar” e

“é preciso conservar os rios limpos”.

Se os rios secassem, 27 falaram que existiria um grande prejuízo para a vida

do planeta. Haveria mortes de peixes, animais aquáticos e plantas, e também

problemas no que diz respeito à irrigação e 30 alunos disseram que seria impossível

a vida na terra.

Falando sobre a poluição nos rios, eles disseram que “haveria uma grande

mortalidade da vida marinha”, “o tratamento da água para a população ficaria bem

21

mais caro” e “haveria maior proliferação de insetos e roedores, e os odores mal

cheirosos começariam a afetar a saúde da população”.

Percebe-se, pelo analisado, que os alunos 19 têm a noção de que a poluição

dos rios gera transtornos ao ser humano e que estes transtornos estão ligados à

proliferação de insetos,roedores e dejetos residenciais que denigrem a qualidade de

vida dos seres humanos que moram perto de suas margens.

5.1.8 Texto e atividade 8 – rios preservação

A respeito de tragédias de poluição, 13 alunos apontaram a questão de

despacho de resíduos e espumas tóxicas, provenientes de esgotos, nos rios; 09

alunos apontaram a questão dos vazamentos de óleo nos rios, matando peixes e

demais animais; 06 alunos mencionaram as bombas para matar peixes nos rios e

02 alunos não se manifestaram.

Com relação às medidas preventivas para as pessoas que moram próximo

das margens dos rios, tem-se que 08 alunos disseram que não devem jogar lixo nos

rios; 04 alunos apontaram que não se deve jogar efluentes nos rios, como esgoto;

11 alunos não se manifestaram a respeito e 07 alunos disseram que não se pode

jogar agrotóxicos nos rios.

Tratando-se da conscientização das pessoas sobre a preservação dos rios,

todos foram unânimes em dizer que a medida de conscientização seria dizer aos

moradores das margens que não poluíssem os rios, pois representam vida. Sem os

rios ficaria difícil a vida na Terra.

Por tudo, nota-se que os alunos 17 têm observação apurada acerca de

saber distinguir e o que é a destruição do meio ambiente e, principalmente, quais as

atitudes que levam ao detrimento dos rios. Sabem o que são tragédias ambientais

19 e, a totalidade dos alunos 30 disse ter noção de que a explicação sobre a

preservação dos rios, aos moradores que vivem em suas margens, seria eficiente

para ajudar eles a preservá-los.

22

5.1.9 Meio ambiente - atividade final

A atividade final consistiu em um exercício, a saber:

Feitas então as atividades acima, observe então que o meio ambiente fica

bem caracterizado por uma série de palavras. Escreva abaixo as palavras que você

acha que, ao serem faladas, lembram diretamente o meio ambiente.

Com relação às palavras que mais lembram o meio ambiente, os alunos

assim se manifestaram: 16 alunos apontaram animais e plantas; 02 alunos

apontaram a natureza; 04 alunos disseram rios e mares; 07 alunos disseram

campos; 01 aluno disse vento.

Assim, considera-se que os animais e as plantas são importantes e,

consequentemente, consideram a sua preservação.

5.1.10 Rios - atividade final (palavras chave e redação)

Pretendeu-se com essa atividade ativar o conhecimento dos alunos ao tema

em questão, para perceber até onde iria o seu interesse pela preservação do meio

ambiente.

Assim foram sugeridas várias palavras e após a sugestão das palavras água

e vida, foram essas que mais foram indicadas por eles. Na sequencia foram

realizadas as redações.

5.1.11 Resultados do trabalho de campo

Aqui será discutida a aplicação da intervenção junto aos moradores do

entorno do Rio Arroio Cercado.

Com relação ao conhecimento da importância do meio ambiente para as

pessoas, nota-se que dos 30 entrevistados, a maioria, 23, apontaram conhecer a

23

importância; 04 pessoas apontaram não saber e 03 pessoas não responderam a

essa questão.

Quanto à questão, coleta de lixo na comunidade, todas as 30 pessoas

apontaram que ela existe; 17 apontaram que ela ocorre duas vezes por semana, 05

apontaram que ocorre uma vez por semana , 05 apontaram três vezes por semana;

e 03 pessoas deixaram em branco essa questão.

Já a de coleta de lixo seletivo no bairro, 22 pessoas disseram que existe e

08 pessoas não responderam nada. Por coincidência, as 22 pessoas que

responderam sobre a existência de coleta seletiva foram as mesmas que

confirmaram fazer a separação do lixo comum do lixo reciclável.

Falando sobre as instalações de esgoto nos domicílios, 23 pessoas

disseram que têm essas instalações ligadas na rede coletora de esgoto da cidade;

06 pessoas disseram que usam do sistema de fossa séptica e, também 01 pessoa

disse que não sabia. A totalidade das pessoas 30 disse não jogar esgoto no Rio.

Por fim, e abordando a questão da intervenção de autoridades do poder

público em melhorar a qualidade do Rio Arroio Cercado, percebe-se que a maioria

dos respondentes 27 disse que não sabe o que fazem e nem observaram nenhuma

medida a esse respeito; 03 pessoas não se manifestaram. E sobre quais atitudes

poderiam tomar para melhorar a qualidade do Rio Arroio Cercado e preservá-lo, as

30 pessoas respondentes deram respostas diretas no sentido de “não poluir”.

Abaixo, estão relacionadas algumas fotos (figuras 6 e 7) que foram tiradas

pelos alunos e pela professora, durante a visita ao local. Neste caso, podem ser

verificados restos de lixo nas margens do rio.

5.1.12 Figura

24

Figura 6: Lixo nas margens do Rio Arroio Cercado Fonte: A Autora, 2012.

5.1.13 Figura

Figura 7: Placa da Prefeitura Fonte: A Autora, 2012.

Nessa outra foto, a placa da Prefeitura orienta, mas o local está cheio de

entulho.

25

Os alunos adoraram a experiência, e os seus relatos confirmam que

aprenderam muito sobre o meio ambiente e que não adiantar cobrar dos moradores

se essa mudança não começar por eles mesmos.

Verificou-se o entusiasmo, ao falar sobre o carinho e atenção que receberam

das pessoas entrevistadas, destacando também os mais antigos do lugar que

relatavam os problemas que tinham como a falta de asfalto em alguns trechos. Foi

verificada a necessidade de instalar rede de esgoto, e também de deixarem de jogar

resíduos residenciais diretamente no rio. Todos, alunos e moradores, aprenderam

muito sobre a história e as características geográficas da área trabalhada.

5.2 Resultados do grupo de trabalho em rede – GTR

Estavam inscritos 15 (quinze) professores, mas 05 (cinco) não participaram

das atividades e foram considerados desistentes. O curso foi dividido em três

módulos: 0 1º foi a discussão sobre o Projeto de Intervenção Pedagógica; o 2º

Considerações sobre a Produção Didático-Pedagógica e o 3º Ações da

implementação do projeto de Intervenção Pedagógica. Todos com atividades

relacionadas ao projeto como: Fórum de discussões, biblioteca para consulta do

projeto e da Unidade Didática e o diário, no qual os professores postaram seus

textos para avaliação.

A metodologia adotada reforçou a formulação de atividades, a troca de

experiências e a argumentação, além de trazer inovações para a sala de aula, visto

que foi trabalhado com a prática e não apenas com a fundamentação teórica.

A partir dessas considerações, passou-se à análise dos trabalhos do grupo

participante: as intervenções nos fóruns foram produtivas, pois neles a interação e a

troca de experiências contribuíram não só para o enriquecimento da proposta como

para a elaboração das práticas dos professores. É evidente que tal interação

provocou em determinados fóruns, uma argumentação mais incisiva por parte de

alguns participantes, mas nada que prejudicasse a ética e o trabalho de todos. Ao

contrário todas as interferências foram colaborativas ao processo.

A formulação dos diários correspondeu ás expectativas, todos expuseram

suas argumentações, opiniões e pesquisas sobre a temática da preservação

26

ambiental. Em síntese, a produção escrita apresentada abordou a importância da

atividade do PDE em sala de aula, de se desenvolver a conscientização não só do

alunado, mas também da comunidade do entorno dos rios e áreas invadidas. A

discussão foi ampla, abrindo-se um leque de assuntos que se interligaram e

trouxeram novos fundamentos ao trabalho, podendo ser observadas as seguintes

sugestões:

a) o ensino de Geografia ajuda na conscientização da preservação do meio

ambiente, fazendo com que os alunos passem também a informação aos vizinhos,

parentes e amigos;

b) é importante que a escola represente também as manifestações da

comunidade no sentido de cobrar saneamento básico e denunciar atos de

degradação ambiental;

c) o ensino de Geografia destaca-se como um espaço privilegiado para

reflexões e experiências relativas aos estudos integrados e interdisciplinares;

d) a diversidade de aprendizado é o pequeno ato que faz a diferença;

Diante disso conclui-se que projetos desta tipologia fazem um trabalho em

rede que, ao mesmo tempo em que aperfeiçoam os conhecimentos pedagógicos,

proporcionam uma forma inovadora de estudar e levar estes saberes aos alunos.

6 Conclusão

Realizadas as atividades pedagógicas e a pesquisa de campo, junto à

população que mora às margens do Rio Arroio Cercado, verificou-se resultados

positivos em relação à conscientização dos alunos e moradores. Em primeiro lugar,

a partir do entendimento do tema meio ambiente e a sua importância, foi transmitida

aos alunos a preservação ambiental por questões de vida.

Os alunos aprenderam que é importante preservar o meio ambiente e

algumas medidas a esse favor. Criaram a consciência de medidas preventivas e a

importância de esclarecer as pessoas sobre a preservação do meio ambiente,

entendendo que todos podem, com ações individualizadas, dar sua colaboração

para a preservação ambiental.

27

Em segundo lugar, e sobre os rios, percebe-se que os alunos entenderam a

importância desses meios de água e vida. Tiveram consciência de que os rios são

importantes para a manutenção da vida na Terra e, isso, por questões de animais e

plantas. Souberam que os rios são importantes para efeitos econômicos,

abrangendo principalmente a questão dos transportes e da geração de energia,

como naturais de escoamento de água que representam vida.

Em relação a sua preservação, aprenderam que não deve ser jogado lixo

nem mesmos nas margens dos rios. Que os esgotos devem ter destinação

específica adequada e, ainda, que se ele contaminar rios, isto gera condições para a

proliferação de insetos, roedores e odores, que denigrem a qualidade de vida do ser

humano. Chegaram à conclusão que uma pessoa consciente sobre a preservação

do meio ambiente e dos rios é um vetor para a preservação da vida no planeta.

A atividade de intervenção dos alunos, junto aos moradores das margens do

Rio Arroio Cercado, foi surpreendente. Os alunos e a Professora Regente foram `as

casas de 30 moradores das margens do Rio Arroio Cercado, e conversaram sobre

os rios, o que é o meio ambiente, qual a importância de sua preservação. Mostraram

a importância de se preservar e quais atitudes tomar quanto à limpeza das margens

do rio em questão, pois em realidade a sua destruição poderia prejudicar a

qualidade de vida e saúde desses habitantes.

Assim feito, após quatro meses da primeira etapa, voltou-se a abordar os

mesmos moradores e notou-se, de maneira clara, uma mudança de seu

comportamento (com relação à preservação ambiental e modo de ver o Rio Arroio

Cercado).

O rio próximo às casas estava mais limpo, não se vendo tanto lixo como da

primeira vez. Constatou-se um efeito positivo, para o meio ambiente e para a vida,

com a atividade de intervenção dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental (do

Colégio La Salle) junto aos moradores das margens do Rio Arroio Cercado.

Quanto às dificuldades encontradas na implementação , destaca-se que o

tempo foi curto e, no seu entusiasmo, os alunos deram várias sugestões para o

trabalho de campo. Entre essas atividades, destacam-se a limpeza e plantio de

mudas nas margens dos rios.

Tal atividade foi desenvolvida no fim de ano de 2011 (novembro), porém não

se considerou como esgotado o assunto. Existe a necessidade de se desenvolver

mais medidas como essas, envolvendo um maior número de alunos e moradores

28

das margens de rios. O lema deve ser “ Preservar é vida e responsabilidade de

todos”.

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29

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