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A relevância da inclusão do teste de toxoplasmose congênita no
teste de triagem neonatal
Danielle Costa Nardi
Orientadora: Dra. Liú Campello
Brasília, 03 de janeiro de 2013
www.paulomargotto.com.br
ARTIGO DE MONOGRAFIA APRESENTADO COMO CONCLUSÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA EM PEDIATRIA DO HOSPITAL REGIONAL DA ASA
SUL(HRAS)/HOSPITAL MATERNO INFANTIL DE BRASÍLIA (HMIB)
Programa de Triagem Neonatal- Portaria 822 do Ministério da Saúde, de
6 de junho de 2001- fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito,
anemia falciforme e fibrose cística- cobertura de 100% dos RN pelo SUS
- No DF:- Em 9 de dezembro de 2010, foi implantado o
teste do pezinho ampliado na rede pública (Lei Distrital n.º 4190, promulgada em 06 de agosto de 2008)
- Região pioneira - 21 doenças identificadas
Triagem Neonatal para toxoplasmose congênita
- 25/05/12- Atualmente 25 doenças são triadas:
- fenilcetonúria - hipotiroidismo congênito- hemoglobinopatias - fibrose cística - deficiência de biotinidase - deficiência de G6PD- galactosemia- hiperplasia adrenal congênita- toxoplasmose- aminoacidopatias - acidemias orgânicas - distúrbios de beta oxidação dos ácidos graxos
Critérios de Inclusão (OMS)
importante problema de saúde a história natural da doença bem conhecida estágio precoce identificável (tratamento em
estágio precoce => benefícios ) teste adequado para o estágio precoce o teste deve ser aceitável pela população intervalos para repetição do teste devem ser
determinados a provisão dos serviços de saúde deve ser
adequada para a carga extra de trabalho clínico resultante da triagem
os riscos, tanto físicos quanto psicológicos, devem ser menores do que os benefícios
Alta incidência no Brasil
A toxoplasmose é responsável por 90 óbitos por ano (MS)
Incidências toxoplasmose congênita 3,4-8: 1000 doença falciforme 1:2.500 a 1:1.000 hipotireoidismo congênito 1:4.000 a 1:3.000 fibrose cística 1:10.000 fenilcetonúria 1:21.000 a 1:13.500
Morbimortalidade
80-90% dos casos são assintomáticos
Por volta dos 20 anos, mais de 85% dos infectados podem apresentar coriorretinite
Crianças com a forma neurológica, raramente evoluem sem sequelas graves
Na doença manifesta nos primeiros meses de vida, os sintomas se manifestam semanas ou meses após o nascimento
- coriorretinite, calcificações intracranianas- sequelas na maioria oculares, mas em alguns casos são
neurológicas: calcificações cerebrais, hidrocefalia, microcefalia, retardo mental e psicomotor, cegueira e surdez
Diagnóstico e tratamento precoces = prevenção de graves sequelas
O teste de triagem neonatal constitui-se em um relevante recurso para um melhor prognóstico da doença
Conhecer a história da implantação do teste de triagem neonatal e a inclusão do teste para toxoplasmose congênita no DF
Relatar os casos diagnosticados após a realização do teste de triagem neonatal no DF
Revisão na literatura em bases de dados Pubmed, Scielo, Medline, com as palavras “toxoplasmose congênita”, “triagem neonatal”, “teste do pezinho”, visando descrever o histórico da triagem neonatal no Brasil e a relevância da inclusão do teste de triagem de toxoplasmose congênita
Foram avaliados pacientes encaminhados para o Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Hospital Materno Infantil de Brasília (AIP-HMIB) pela equipe do Hospital da Criança (Centro de Referência de Triagem Neonatal), após resultado positivo para toxoplasmose do teste na triagem neonatal realizada pelo SUS desde a implantação do teste para toxoplasmose, em 25/05/12 até outubro de 2012
Revisão histórica do prontuário dos pacientes encaminhados
Foram detectados 8 pacientes, encaminhados 9 pacientes
CASOS 1 2 3 4 5
ClassificaçãoRNT
AIGRNT AIG RNT AIG
RNPT PIG
BAIXO
PESO
RNPT PIG
BAIXO
PESO
Sexo M F M F F
APGAR 9/9 9/10 8/9 8/9 7/8
ELISA R R R R R
ELFA 4,31 2,99 2,37 8,62 9,15
Exame físico normal normalEstrabismo
convergente
Sindactilia
polidactilia
Sindactilia
polidactilia
Fundo de olho normal coriorretinite Coriorretinite ativa normal normal
Tomografia de
crânio--- calcificação --- calcificação calcificação
Tratamento do RNEsquema
trípliceEsquema tríplice Esquema tríplice Esquema tríplice Esquema tríplice
Sorologia
materna
durante pré-natal
IgG e IgM positivos – 1º.e 2º. Trimestre
Teste de avidez 89%(3º. Tri)
Ig G não reagente – 2º. Trimestre
Ig G e IgM negativos no 1º.
trimestre
Ig G e Ig M negativos no 3º.
trimestre
Ig G e Ig M negativos no 3º.
trimestre
Sorologia
materna
pós-parto
3,73IgM 3,47 (ELFA)
reagente---- Ig M 5,26 (ELFA) Ig M 5,26 (ELFA)
CASOS 6 7 8 9
Classificação RNT PIG RNT PIG RNT AIG RNT AIG
Sexo F M M F
APGAR 8/9 7/9 8/8 8/8
ELISA R NR R R
ELFA 8,08 --- 7,1 9,36
Exame físico normal normal normal normal
Fundo de olho --- --- coriorretiniteCoriorretinite
ativaTomografia de
crânio--- --- --- ---
Tratamento do RN Esquema tríplice ---Esquema
trípliceEsquema
trípliceSorologia
materna
durante pré-natal
nenhuma nenhuma nenhumaIg G e IgM
negativos no 3º. Trimestre
Sorologia materna pós-parto
Ig M 5,82 Ig M 5,82 IgM 1,8 (ELFA) IgM 6,13
Casos 1 2 3 4/5 6/7 8 9
Idade 31 30 ---- 22 40 30 29
Escolaridade F F ---- F F M S
Contato com gato
sim não ---- sim sim não não
Ingestão de carne mal
cozidasim não ---- não sim não sim
Ingestão de verduras
cruassim sim ---- sim sim sim sim
Nº de gestações
G5 G4 G4 G2 G10 G2 G7
Nº de consultas pré-
natal8 Mais de 6 ---- 9 3 Menos de 6 7
Sorologia durante pré-
natal
IgG e IgM positivos –
1º. e 2º. Trimestre
Teste de avidez 89%
(3º. Tri).
Ig G não reagente –
2º. Trimestre
Ig G e IgM negativos no 1º. trimestre
Ig G e Ig M negativos no 3º. trimestre
nenhuma nenhumaIg G e IgM
negativos no 3º. Trimestre
Tratamento na gestação
não não não não não não não
Sorologia pós-parto
----
IgM 3,47 (ELFA)
reagente
----Ig M 5,26 (ELFA)
Ig M 5,82IgM 1,8 (ELFA)
IgM 6,13
Antecedentes Maternos
Foram avaliados oito pacientes encaminhados do Hospital da Criança após triagem neonatal positiva para toxoplasmose
De acordo com Centro de Triagem Neonatal-DF, até o momento desse estudo foram triadas 20.525 crianças para toxoplasmose, com 08 casos positivos, ou seja, incidência de 1:2565
Com relação às gestantes:
- duas não realizaram pré-natal de acordo com as normas do Ministério da Saúde- nenhuma realizou as sorologias no primeiro, segundo e terceiro trimestres, mesmo as 4 gestantes soronegativas - A avaliação quantitiva só foi realizada após o parto. - Nenhuma das mães estava na primeira gestação, a maioria na faixa etária 20-30, sendo uma gestante de 40 anos, -a maioria com nível de escolaridade fundamental, apenas uma com nível médio e uma com nível superior, -a maioria exposta a pelo menos 2 fatores de risco para toxoplasmose, dentre os citados nos relatos (ingestão de carne mal cozida, contato com gatos, consumo de verduras cruas)
Com relação aos neonatos:
- Sete foram assintomáticos ao nascimento, apenas os gemelares (caso 4 e 5) foram prematuros e apresentaram sindactilia e polidactilia
- Três neonatos apresentaram baixo peso
- Dos 9 casos avaliados em ambulatório, exceto os gemelares com sindactilia e polidactilia, todos apresentaram exame físico segmentar normal na avaliação inicial
- Dos 8 pacientes positivos para toxoplasmose, 4 apresentaram coriorretinite
A toxoplasmose congênita é um problema de saúde pública Preenche alguns critérios de elegibilidade para
triagem neonatal Incidência se equivale ou supera as demais
doenças triadas pelo teste de triagem neonatal
Triagem neonatal para toxoplasmose oferece uma nova oportunidade diagnóstica, uma vez que o diagnóstico de toxoplasmose no período fetal pode falhar possibilidade de diagnóstico e tratamento
precoces e da prevenção das graves sequelas que a doença pode causar
Importância da profilaxia primária4 casos de gestantes que eram
soronegativas
Os casos descritos demonstram a relevância da triagem neonatal para toxoplasmose congênita
“Viver é sempre dizer aos outros que eles são importantes” – Chico Xavier