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Resumo do livro VII da Republica sobre o mito da caverna.
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No livro VII de A República de Platão é abordado como tema o amor ao
conhecimento através da alegoria da caverna. Por esta metáfora é possível conhecer
uma importante teoria platônica: Como, através do conhecimento, é possível captar a
existência do mundo sensível (conhecido através dos sentidos) e do mundo
inteligível (conhecido somente através da razão).
A alegoria fala sobre prisioneiros (desde o nascimento), os quais vivem
presos em correntes numa caverna e que passam todo tempo olhando para a parede
do fundo que é iluminada pela luz gerada por uma fogueira. A luz no topo significa a
verdade, conhecimento, onde deveria ser o objetivo de cada pessoa. Os dois últimos
representam o mundo inteligível, das ideias.
Os homens estão presos por correntes no fundo de uma caverna escura.
Sempre viveram ali, sem poder ao menos virar o pescoço. Por trás deles, um fogo
arde, a certa distância, irradiando uma luz que se projeta no interior da caverna. Nas
paredes, formas diversas, formas que se movem.
O Sol, e não suas imagens refletidas, mas o próprio Sol, que poderá ver
conhecer e contemplar tal como é.
Em todo caso e na filosofia platônica trata-se de um problema educacional.
Educar consiste em iniciar as pessoas ao caminho do conhecimento; ensiná-las a
soltar suas amarras, a ter possibilidade de mudarem seus olhares. Ela é processual.
Afirma Platão:
Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior;
em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas;
por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentado a claridade dos
astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o
próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz(PLATÃO, 2000, p. 227).
Os homens que estão no interior da caverna pensam que o que vêem é a
realidade. Mas o que vêem são apenas sombras. Pensam assim porque não conhecem
outro mundo.
Com essa alegoria, Platão compara a caverna ao mundo sensível onde
vivemos que é o mundo das aparências e do imediatismo. Reflexos da luz verdadeira
(as ideias) projetam as sombras (coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras).
Estamos agrilhoados. No entanto, é possível quebrar esses grilhões, e quem é capaz
de fazer isso é o filósofo.
O filósofo é capaz de escalar o muro para a contemplação da luz plena. Essa
luz é o Ser, o Bem; é essa a luz que ilumina o mundo inteligível (que se pode
conhecer).
“Platão está se referindo a um ser superior e a um mundo inferior. Na
‘Alegoria da Caverna’ (PLATÃO, 2000, p. 225-256) encontra-se essa teoria”. Após o
relato literal da caverna-prisão/liberdade, Platão anexa sua alegoria à filosofia. Ao
um modo de fazer com que as pessoas possam mudar sua constituição, virar suas
cabeças, alterarem seus olhares relegados à imediatidade mundana? Deve-se
observar que a educação não se faz inesperadamente. Ela deve ocorrer em um
método educacional que envolve as noções de alma ou a Psicologia, enquanto estudo
da alma. Assemelha-se ao que hoje em dia chamamos de processo terapêutico.
E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e
escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do sol, não sofrerá
vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz,
poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora
denominamos verdadeiras? (PLATÃO, 2000, p. 226).
Inferir-se-á que o conhecimento é o princípio da felicidade. Pelo
conhecimento o Homem tem possibilidade de se tornar feliz. Conhecer é apreciar é
contemplar a verdade que só se efetiva pela educação.
A educação é, pois, o aprender saber a arte que se propõe este objetivo, a
conversão da alma. Parafraseando Platão em todo caso e na filosofia platônica trata-
se de um problema educacional. Educar consiste em iniciar as pessoas ao caminho do
conhecimento; ensiná-las a soltar suas amarras, a ter possibilidade de mudarem seus
olhares. Ela é processual.
Uma vez que olhar foi alterado, que os homens soltaram suas correntes
deram a necessidade de mudar seus olhares sobre suas questões, de romper da
simplicidade do mundo imediato e assumir a postura universal, há outra necessidade:
a dialética ascendente, o retorno ao mundo sensível se faz importante.
Retornando às questões imediatas do mundo é tão importante quanto o chegar
ao mundo das ideias voltar ao mundo sensível há várias possibilidades. Portanto uma
delas é a urgência em fazer com que as pessoas se percebam como portadoras de
condição para o saber.
Há duas dialéticas: ascendente e descendente. Ambas são importante. A
primeira porque se busca as essências e a verdade um mundo sem arte, utopia,
acrítico, velho, sem revolução e um mundo triste e pobre. A segunda porque
descoberto esse modo de ver os seres e as coisas é importante que as demais pessoas
possam ter também acesso a ela. Em duas palavras: 1°) quem sabe executar a tarefa
da dialética ascendente: acordar as essências e a verdade; 2°) uma vez mudado o
olhar, outra tarefa não há além de ensinar as pessoas esse outro olhar: primeiro:
muda-se o olhar, segundo: ou ensina as pessoas ou morre.
Em ambas as dialéticas há incômodo. Platão no Fédon relata. “É incômodo
sair da caverna. Mas o é também retorná-lo a ela. A mudança de olhar causa espanto.
Isso é a morte-vida relatada no Fédon (Platão, 2000(1))”.
Sendo assim na dialética ascendente o cuidado reside inicialmente em como
fazer com que o homem acorrentado queria soltar as amarras. Isso no primeiro
momento. O segundo é: posta em crise por ter abandonado um olhar, como fazer
com que essa pessoa queira se encaminhar e afastar-se do desânimo, da descrença, da
desesperança, do surto e voltar-se o outro olhar.
Uma vez que o olhar foi alterado, alcançado o fogo, a luz (essência e verdade)
surge outro problema: o olhar filósofo foi alterado, mas os homens do mundo de sua
primeira convivência permanecem no mundo das sombras, na imediatidade dos
objetos, na ilusão. Essas pessoas aqui se encontram na mera opinião. Agora o
problema daquele que alterou seu olhar sobre o mundo é fazer com que as pessoas o
incluam na sociedade, ocultam o diferente; suas interpretações. Sendo assim ou
filósofo-aquele que executa dialética ascendente faz com que as pessoas mudem seus
olhares ou ele não terá espaço naquela sociedade e morrerá. Esse é o papel da
educação em Platão.
O tornar à caverna-prisão/liberdade tem, além de outros propósitos, o da
felicidade. Esse retornar é indispensável ao homem. Sem ele, onde o filósofo
vivencia?
Agora retornar a caverna tem a função uma vez acordadas as ideias ou as
essências de iniciar as pessoas no caminho do conhecimento sendo assim os homens
seriam felizes. Para Platão não há felicidade e liberdade individuais, mas felicidade e
liberdade são universais e coletivas.
Esqueces uma vez mais, meu amigo, que a lei não se ocupa de garantir uma
felicidade excepcional a uma classe de cidadãos, mas esforça-se por realizar a
felicidade de toda a cidade, unindo os cidadãos pela persuasão ou a sujeição e
levando-os a compartilhar as vantagens que cada classe pode proporcionar à
comunidade; e que, se ela forma tais homens na cidade, não é para lhes dar a
liberdade de se voltarem para o lado que lhes agrada, mas para levá-los a participar
na participação do laço do Estado. (PLATÃO, 2000, p. 231).
O filósofo, por ter sido formado pelo estado, deverá retornar como dívida a
pagar ensinando aos homens que lá se encontra o caminho do conhecimento. “é
preciso que desçais, cada um por sua vez, à morada comum e vos acostumeis às
trevas que aí reinam; quando vos tiverdes familiarizado com elas, vereis mil vezes
melhor que os habitantes desse lugar e conhecereis a natureza de cada imagem e
de que objeto ela é a imagem, porque tereis contemplado verdadeiramente o belo,
o justo e o bem”. (PLATÃO, 2000, p. 231).
Sócrates está demonstrando como é possível encontrar os homens o saber.
Glauco com quem Sócrates dialoga de fato segundo ele, executando pela dialética, a
tarefa de educador tenta contribuir com a mudança de Glauco. A proposta é fazer
com que ele consiga ver o problema, alterar seu olhar, soltar as amaras e perceber
que todo discurso é mediato. A tarefa do filósofo é continuar inquirindo Glauco para
que este consiga libertar-se das correntes e poder ver a si mesmo como maior clareza.
Sendo assim retornando a teoria de Platão através do conhecimento; é
possível captar a existência do mundo sensível (conhecido através dos sentidos) e do
mundo inteligível (conhecido somente através da razão).
Fazendo uma alusão ao diálogo de Fédon, de Platão, é motivado, por um lado,
pela retrospectiva histórica e, por outro lado, pela discussão sempre atual sobre a
alma, o conhecimento, a inversão de olhares.
No Fédon, pode-se argüir: como pensar a vida ou a morte sem ter ambas,
enquanto vida, ao mesmo tempo. A saída no Fédon não será outra do que argumentar
que morte é vida.
Há que se pautar pelo princípio lógico que sustenta a filosofia de Platão. Dois
argumentos platônicos sustentam nossa tese: Platão está se referindo à morte do
pensamento e não exatamente à morte física. Todos eles se encontram no diálogo
Fédon (65e e 66ª).
Nesse sentido a morte sendo a mudança de olhar causa espanto, os
prisioneiros da caverna que tendo o contato com o homem que retorna da luz
superior o conhecimento; tornaram mortos para a realidade; recusando a
possibilidade de vida ao sair da caverna e assim contemplando a verdadeira luz da
sabedoria. Como morte: permanece na região sombria como morte do
pensamento; e a vida libertando-se das amarras que lhes prende nas suas ideias.
Referencias Bibliográficas:
PLATAO. A República. Livro VII. São Paulo: Martin Claret, 2007
PLATÃO. Fédon. Livro . 1ª edição: novembro de 1972