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A REVOLUÇÃO CARTESIANA A REVOLUÇÃO CARTESIANA Apresentação baseada principalmente em Friedrick Apresentação baseada principalmente em Friedrick Copleston: Copleston: History of Philosophy History of Philosophy , vol. IV. , vol. IV.

A REVOLUÇÃO CARTESIANA Apresentação baseada principalmente em Friedrick Copleston: History of Philosophy, vol. IV

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A REVOLUÇÃO A REVOLUÇÃO CARTESIANACARTESIANA

Apresentação baseada principalmente em Friedrick Apresentação baseada principalmente em Friedrick Copleston: Copleston: History of PhilosophyHistory of Philosophy, vol. IV., vol. IV.

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Descartes (1596-1650) foi educado por Descartes (1596-1650) foi educado por jesuítas. Ele iniciou a filosofia moderna jesuítas. Ele iniciou a filosofia moderna com um sistema original, que apesar de com um sistema original, que apesar de

datado ainda tem a nos ensinar.datado ainda tem a nos ensinar.

Ele foi responsável pela chamada REVOLUÇÃO CARTESIANA:

Entre os filósofos antigos e medievais, a Entre os filósofos antigos e medievais, a METAFÍSICA (ONTOLOGIA etc.) era o METAFÍSICA (ONTOLOGIA etc.) era o paradigmaparadigma da investigação filosófica. da investigação filosófica.

A revolução cartesiana consistiu em mudar A revolução cartesiana consistiu em mudar o o focofoco dede interesseinteresse para a para a EPISTEMOLOGIA (o que persistiu até EPISTEMOLOGIA (o que persistiu até Kant). Kant). Descartes viu que seria preciso Descartes viu que seria preciso investigar as investigar as origens, natureza e limites do origens, natureza e limites do entendimento humanoentendimento humano para só então para só então aplicá-lo na solução de questões aplicá-lo na solução de questões metafísicas.metafísicas.

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Essa revolução, aliás, surgiu da tentativa de Descartes de prover uma

resposta epistemológica às ameaças do CETICISMO.

Em sua época os escritos dos céticos antigos (Pirro, através de Sextus Empiricus) haviam sido traduzidos para o latim, colocando em questão nossa capacidade de conhecer o mundo e mesmo a crença em Deus.

Era mister que os filósofos respondessem ao desafio cético, tendo sido esse o principal impulso para o desenvolvimento do pensamento cartesiano

...............................

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Descartes tinha um PROJETO PARA A Descartes tinha um PROJETO PARA A CIÊNCIA, que seria como uma árvore tendoCIÊNCIA, que seria como uma árvore tendo

1) Como raiz a METAFÍSICA (baseada na 1) Como raiz a METAFÍSICA (baseada na apreensão intuitiva da existência do EU, no apreensão intuitiva da existência do EU, no critério de verdade, nas provas da existência critério de verdade, nas provas da existência de Deus e do mundo material)de Deus e do mundo material)

2) Como tronco a FÍSICA (os seus princípios 2) Como tronco a FÍSICA (os seus princípios últimos se seguem dos princípios da últimos se seguem dos princípios da metafísica)metafísica)

3) Como galhos as CIÊNCIAS PRÁTICAS 3) Como galhos as CIÊNCIAS PRÁTICAS (medicina, mecânica, moral, que dependem (medicina, mecânica, moral, que dependem da física)da física)

(Quanto aos mistérios revelados, esses (Quanto aos mistérios revelados, esses transcendem a razão humana.)transcendem a razão humana.)

(Descartes nunca conseguiu desenvolver (Descartes nunca conseguiu desenvolver essa visão............. em detalhes nem resolver essa visão............. em detalhes nem resolver as suas discrepâncias...)as suas discrepâncias...)

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Descartes foi um matemático inventor da Descartes foi um matemático inventor da geometriageometria analíticaanalítica. Por isso era também . Por isso era também um RACIONALISTA.um RACIONALISTA.

Ele rejeitava a importância heurística da silogística aristotélica, pois a verdade das conclusões dependia da verdade das premissas, as quais nãonão eram certas!

Precisava de um um MÉTODOMÉTODO para desenvolver para desenvolver o seu SISTEMA!o seu SISTEMA!

Um sistema que fosse Um sistema que fosse imuneimune às às ameaçasameaças do do ceticismoceticismo!!

Para tal seria necessário alcançar o Para tal seria necessário alcançar o CONHECIMENTO CONHECIMENTO CERTOCERTO, o único a altura , o único a altura

do nome!do nome!

Ele não acreditava haver mais de umum únicoúnico método (como pensava Aristóteles, que

acreditava em um método para a matemática, outro para a ética),

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Para Descartes as mente é em si Para Descartes as mente é em si mesma INFALÍVEL.mesma INFALÍVEL.

O que produz erros são fatores outros O que produz erros são fatores outros como PRECONCEITOS, PAIXÕES, como PRECONCEITOS, PAIXÕES, INFLUÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, INFLUÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, IMPACIÊNCIA, PRESSA... Que cegam a IMPACIÊNCIA, PRESSA... Que cegam a mente.mente.

Ele quer então estabelecer um um conjunto de REGRAS direcionadoras conjunto de REGRAS direcionadoras da mente,da mente,

Regras essas que pressupõempressupõem as OPERAÇÕES NATURAIS DA MENTE.OPERAÇÕES NATURAIS DA MENTE.

Mas primeiro, quais são essas quais são essas operações?operações?

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As operações da mente são duas:As operações da mente são duas:

INTUIÇÃO e DEDUÇÃOINTUIÇÃO e DEDUÇÃO

1) 1) INTUIÇÃOINTUIÇÃO: :

“ “A intuição é uma concepção A intuição é uma concepção completamente livre de dúvida, que completamente livre de dúvida, que aparece à mente clara e atenta, nascendo aparece à mente clara e atenta, nascendo apenas da luz da razão.”apenas da luz da razão.”

É resultado deÉ resultado de

uma VISÃO INTELECTUAL TÃO uma VISÃO INTELECTUAL TÃO CLARACLARA E E DISTINTADISTINTA QUE NÃO DEIXA ESPAÇO PARA QUE NÃO DEIXA ESPAÇO PARA A DÚVIDA.A DÚVIDA.

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2) A DEDUÇÃO: é a inferência necessária, a 2) A DEDUÇÃO: é a inferência necessária, a partir de verdades intuitivas, de outros fatos partir de verdades intuitivas, de outros fatos conhecidos com certeza.conhecidos com certeza.

A intuição é requerida mesmo na dedução, A intuição é requerida mesmo na dedução, pois precisamos ver clara e distintamente a pois precisamos ver clara e distintamente a verdade de um passo do argumento para a verdade de um passo do argumento para a outra.outra.

(ele também tenta (ele também tenta reduzir dedução à reduzir dedução à intuiçãointuição... o que fica difícil com relação a ... o que fica difícil com relação a verdades remotas.)verdades remotas.)

....................................................

Note que embora intuição e dedução sejam Note que embora intuição e dedução sejam modos de obter conhecimento, elas não são o modos de obter conhecimento, elas não são o MÉTODO. O MÉTODO consiste em MÉTODO. O MÉTODO consiste em REGRAS REGRAS PARA PARA EMPREGAREMPREGAR CORRETAMENTECORRETAMENTE ESSES ESSES

DOIS DOIS MODOSMODOS DE SE OBTER CONHECIMENTO, DE SE OBTER CONHECIMENTO, essas duas essas duas OPERAÇÕESOPERAÇÕES DA MENTE. DA MENTE.

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No Discurso do Método ele apresenta No Discurso do Método ele apresenta 4 regras. As 3 importantes são:4 regras. As 3 importantes são:

1) Não aceitar nada como verdadeiro 1) Não aceitar nada como verdadeiro que eu não que eu não reconheçareconheça CLARACLARA e e DISTINTAMENTEDISTINTAMENTE como tal (evitando como tal (evitando assim precipitações e preconceitos).assim precipitações e preconceitos).

Outra regra importante é a de Outra regra importante é a de ANÁLISE ou RESOLUÇÃO:ANÁLISE ou RESOLUÇÃO:

2) 2) DividirDividir cada dificuldade em tantas cada dificuldade em tantas partespartes quanto quanto possível,possível, tal como tal como parecer requerido. parecer requerido. (i.e., em seus (i.e., em seus elementoselementos. Por exemplo: nas . Por exemplo: nas Meditações ele analisa os dados de Meditações ele analisa os dados de modo a chegar à proposição modo a chegar à proposição existencial primária do COGITO ERGO existencial primária do COGITO ERGO SUM.)SUM.)

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3) Regra de SÍNTESE ou 3) Regra de SÍNTESE ou COMPOSIÇÃO: Começar com a COMPOSIÇÃO: Começar com a apreensãoapreensão intuitivaintuitiva das proposições das proposições simplessimples (às quais chegamos por (às quais chegamos por análise) e tentar refazendo os análise) e tentar refazendo os passospassos chegar a conhecer todas as chegar a conhecer todas as outrasoutras..Esse é o método da geometria euclideana; análise é o método de descoberta, síntese é o método da demonstração do que já sabemos...

Ex: corpo tem EXTENSÃO mais FIGURA.

Naturezas simples materiais são extensão, figura, movimento,

intelectuais são querer, pensar, duvidar,

comuns a ambas são existência, natureza e duração.

Comentadores notaram que as naturezas simples permanecem na ordem IDEAL, enquanto o cogito é um enunciado existencial!

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Vale distinguir entre

ORDO COGNOSCENDI (ordem da ORDO COGNOSCENDI (ordem da descoberta) edescoberta) e

ORDO ESSENDI (ordem do ser)ORDO ESSENDI (ordem do ser)

Na ordem da descoberta nossa própria essência é anterior. (sei intuitivamente que existo, então posso concluir que Deus e depois

o mundo existem).

Mas na ordem ontológica a essência de Deus é anterior.

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Questão: podemos deduzir as leis da deduzir as leis da física?física?

Descartes é ambíguo, de um lado acha Descartes é ambíguo, de um lado acha que sabemos as coisas com certeza que sabemos as coisas com certeza porque a porque a veracidadeveracidade divinadivina garantegarante a a objetividadeobjetividade de nossas de nossas idéiasidéias clarasclaras e e distintasdistintas; de outro ; de outro sabiasabia que não que não podemos passar sem a podemos passar sem a experiênciaexperiência..

O PAN-MATEMATICISMO cartesiano O PAN-MATEMATICISMO cartesiano não é portanto absoluto: o não é portanto absoluto: o experimento serviria para experimento serviria para suplementarsuplementar as as limitaçõeslimitações da da mentemente humanahumana..

Mesmo assim, o Mesmo assim, o idealideal é a é a assimilaçãoassimilação da física à matemática!da física à matemática!

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Seu racionalismo encontra reforço na TEORIA DAS IDÉIAS INATAS:TEORIA DAS IDÉIAS INATAS:

Para Descartes nossas almas já contém Para Descartes nossas almas já contém certos certos germesgermes de verdade, idéias nelas de verdade, idéias nelas implantadas pela implantadas pela natureza ou Deus. natureza ou Deus. TODAS TODAS AS IDÉIAS CLARAS E DISTINTAS SÃO AS IDÉIAS CLARAS E DISTINTAS SÃO INATAS.INATAS.

A IDÉIA DE A IDÉIA DE DEUSDEUS, por exemplo, é INATA., por exemplo, é INATA.

Não que um bebê a tenha, mas que a mente Não que um bebê a tenha, mas que a mente tem a tem a POTENCIALIDADEPOTENCIALIDADE de produzi-la no de produzi-la no curso da experiência. A experiência sensível curso da experiência. A experiência sensível fornece a fornece a OCASIÃOOCASIÃO para a sua formação. para a sua formação.

As idéias claras e distintas são diferentes As idéias claras e distintas são diferentes das idéias ADVENTÍCIAS, realmente das idéias ADVENTÍCIAS, realmente advindas da experiência.advindas da experiência.

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MÉTODO DA DÚVIDA:MÉTODO DA DÚVIDA:Como instrumento metodológico para Como instrumento metodológico para chegar à certeza Descartes elaborou o chegar à certeza Descartes elaborou o MÉTODO DA DÚVIDA, que consiste emMÉTODO DA DÚVIDA, que consiste em

REJEITAR COMO REJEITAR COMO ABSOLUTAMENTE FALSO ABSOLUTAMENTE FALSO

TUDO AQUILO COM TUDO AQUILO COM RELAÇÃO AO QUE RELAÇÃO AO QUE

PUDERMOS IMAGINAR PUDERMOS IMAGINAR ALGUMA RAZÃO PARA ALGUMA RAZÃO PARA CONSIDERAR FALSO.CONSIDERAR FALSO.

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Essa dúvida é meramente Essa dúvida é meramente METÓDICAMETÓDICA, ou seja, , ou seja, heurística, pois com ela se heurística, pois com ela se objetiva apenas encontrar o objetiva apenas encontrar o conhecimento absolutamente conhecimento absolutamente certo.certo.

É também uma dúvida É também uma dúvida HIPERBÓLICAHIPERBÓLICA, pois vai além , pois vai além dos limites normais da dúvida.dos limites normais da dúvida.

E é ainda uma dúvida E é ainda uma dúvida TEÓRICATEÓRICA, pois em nossa vida , pois em nossa vida prática não precisamos dela. prática não precisamos dela.

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DA DÚVIDA HIPERBÓLICA À DA DÚVIDA HIPERBÓLICA À CERTEZA DO EUCERTEZA DO EU

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Que dizer das proposições matemáticas?Que dizer das proposições matemáticas?

2) “2 + 3 = 5” ou “Um quadrado não 2) “2 + 3 = 5” ou “Um quadrado não pode ter mais de quatro lados”?pode ter mais de quatro lados”?

Mesmo tais resultados poderiam ser Mesmo tais resultados poderiam ser errados se um poderoso GÊNIO errados se um poderoso GÊNIO MALIGNO aplicasse toda a sua astúcia MALIGNO aplicasse toda a sua astúcia em me enganar...em me enganar...

Note que Descartes precisa dispor de Note que Descartes precisa dispor de alguma RAZÃO para tratar algo como alguma RAZÃO para tratar algo como falso, seja qual for essa razão. Essa falso, seja qual for essa razão. Essa dúvida de razão improvável é chamada dúvida de razão improvável é chamada por ele de DÚVIDA HIPERBÓLICA por ele de DÚVIDA HIPERBÓLICA (como Descartes nota na Sexta (como Descartes nota na Sexta Meditação). Meditação). Apenas conhecimento da Apenas conhecimento da linguagem e princípios lógicos restam... (Até linguagem e princípios lógicos restam... (Até que ponto é legítima?)que ponto é legítima?)

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COGITO

Na Segunda Meditação, após ter colocado em dúvida o mundo sensível

e o conhecimento matemático, Descartes chega ao ponto culminante

de sua filosofia,

a descoberta do seu famoso:

““Cogito ergo sum”Cogito ergo sum”

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Não importa o quão hiperbólica seja a Não importa o quão hiperbólica seja a minha dúvida,minha dúvida, não posso duvidar de não posso duvidar de

que que SOUSOU EUEU quem duvido. quem duvido.Se eu duvido, eu existo, senão não Se eu duvido, eu existo, senão não

poderia duvidar. E se duvido, poderia duvidar. E se duvido, penso, e se penso, existo, ou penso, e se penso, existo, ou

COGITOCOGITO ERGOERGO SUM.SUM.

O ponto já havia sido colocado por O ponto já havia sido colocado por Agostinho: “SiAgostinho: “Si fallor sum” (Se me fallor sum” (Se me

enganoengano, existo)., existo).

O cogito se O cogito se autoverificaautoverifica. . “Duvido “Duvido que eu exista”. “Eu não existo”. São que eu exista”. “Eu não existo”. São contraditórias.contraditórias.

Por pensamento ele entendia Por pensamento ele entendia qualquer qualquer operaçãooperação da consciência. da consciência.

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Peculiaridades do cogito:

1)“Eu sou, eu existo” – só enquanto penso!

2)É o cogito uma inferência ou uma intuição?

Tudo o que pensa existe.Tudo o que pensa existe. Eu penso .Eu penso .Logo, eu existo.Logo, eu existo.

Embora Descartes concorde que logicamente o cogito pressuponha a primeira premissa, ela não precisa ser pensada.

Eu INTUO EM MEU PRÓPRIO CASO Eu INTUO EM MEU PRÓPRIO CASO A IMPOSSIBILIDADE DE PENSAR A IMPOSSIBILIDADE DE PENSAR SEM EXISTIR.SEM EXISTIR.

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Ao pensamento pertence para Descartes

O DUVIDAR,O DUVIDAR,

O ENTENDER,O ENTENDER,

O AFIRMAR,O AFIRMAR,

NEGAR,NEGAR,

QUERER,QUERER,

RECUSAR,RECUSAR,

IMAGINAR,IMAGINAR,

SENTIR...SENTIR...

(Em suma: qualquer estado mental consciente)

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Para Descartes quando afirmo minha própria existência no cogito afirmo a minha existência como COISA PENSANTE. Mas que coisa? Não precisa ser um corpo! SomenteSomente algoalgo.

Russell objetou-se que o PENSAR não requer um PENSADOR, e o cogito poderia ser reduzido a “HáHá pensamentospensamentos”.

Descartes, ao contrário, acha que O PENSAMENTO REQUER UM PENSADOR!REQUER UM PENSADOR! Um pensamento não pode existir a parte do pensador, como um acidente não pode existir a parte de uma substância. Não apreendo o pensar, mas somente “EU EU PENSANDOPENSANDO”.

tem de haver ALGO que pensa. E esse algo ele considera uma SUBSTÂNCIASUBSTÂNCIA PENSANTE.

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CRITÉRIO DE VERDADE

Tendo descoberto a proposição Tendo descoberto a proposição indubitável, Descartes se questiona o que indubitável, Descartes se questiona o que é requerido para uma proposição ser é requerido para uma proposição ser verdadeira e certa.verdadeira e certa.

Ele nota que “Penso logo existo” é uma Ele nota que “Penso logo existo” é uma afirmação CLARA E DISTINTA.afirmação CLARA E DISTINTA.

Portanto “COISAS QUE CONCEBO Portanto “COISAS QUE CONCEBO MUITO MUITO CLARA E DISTINTAMENTE CLARA E DISTINTAMENTE

SÃO VERDADEIRAS” SÃO VERDADEIRAS”

– – esse é o critério de verdade para esse é o critério de verdade para Descartes!Descartes!

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O que Descartes entende por CLARO E O que Descartes entende por CLARO E DISTINTO?DISTINTO?

a) CLARO = o que é presente e aparente a) CLARO = o que é presente e aparente para a mente atenta (como objetos ao sol).para a mente atenta (como objetos ao sol).b) DISTINTO = aquilo que se apresenta b) DISTINTO = aquilo que se apresenta como diferente de todos os outros objetos.como diferente de todos os outros objetos.

Assim, uma dor muito forte pode ser clara, Assim, uma dor muito forte pode ser clara, mas não distinta. Esse critério de Verdade mas não distinta. Esse critério de Verdade Descartes tira da matemática.Descartes tira da matemática.......................................Mesmo assim, a dúvida hiperbólica pode Mesmo assim, a dúvida hiperbólica pode atingir idéias claras e distintas (como a de atingir idéias claras e distintas (como a de que 2 + 2 = 4). A menos que eu prove a que 2 + 2 = 4). A menos que eu prove a existência de um Deus que não seja existência de um Deus que não seja enganador! enganador! Preciso, pois, provar que Deus existe!Preciso, pois, provar que Deus existe!

PAÇO e TEMPO não pertencem ao mundo PAÇO e TEMPO não pertencem ao mundo externo em si mesmo, mas à própria menteexterno em si mesmo, mas à própria mente.

Eles são FORMAS A PRIORI DA INTUIÇÃO FORMAS A PRIORI DA INTUIÇÃO SENSÍVEL, dotadas de universalidade e SENSÍVEL, dotadas de universalidade e

intuitividade, residindo na menteintuitividade, residindo na mente!!

Por se encontrarem na mente, as matemáticas são a a prioripriori, independentes da experiência, pois AS

FORMAS A PRIORI DA INTUIÇÃO SE LHES SE LHES SOBREPÕEM...SOBREPÕEM...

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DA EXISTÊNCIA DO EU DA EXISTÊNCIA DO EU À EXISTÊNCIA DE DEUSÀ EXISTÊNCIA DE DEUS

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Como o mundo externo não está ainda provado, Como o mundo externo não está ainda provado, Descartes precisa Descartes precisa provar a existência de Deus provar a existência de Deus independentemente da assunção da existência do independentemente da assunção da existência do mundo externo.mundo externo.

Na Terceira Meditação ele começa essa tarefa. Na Terceira Meditação ele começa essa tarefa.

Ele começa examinando as Ele começa examinando as IDÉIASIDÉIAS que que ele tem em mente. ele tem em mente.

Consideradas como modificações Consideradas como modificações subjetivas – subjetivas – MODOSMODOS DE PENSAMENTO – DE PENSAMENTO – elas são semelhantes. elas são semelhantes.

Mas se consideradas em seu Mas se consideradas em seu caráter caráter representativorepresentativo,,

em seu em seu conteúdoconteúdo,,

elas podem conter elas podem conter mais ou menos mais ou menos REALIDADE OBJETIVA!REALIDADE OBJETIVA!

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Ora, todas as ideias são CAUSADAS...Ora, todas as ideias são CAUSADAS...

MasMas

““aquilo que é mais perfeito, que tem mais aquilo que é mais perfeito, que tem mais realidade, não pode proceder do que é realidade, não pode proceder do que é

menos perfeito”.menos perfeito”.

Ideias Ideias adventíciasadventícias como as de como as de corcor podem podem ser produzidas por mim.ser produzidas por mim.

Ideias de Ideias de substânciasubstância e e duraçãoduração também. também. Como não sou coisa extensa, as idéias de Como não sou coisa extensa, as idéias de extensãoextensão e e movimentomovimento parecem mais parecem mais dificilmente deriváveis de mim... Mas como dificilmente deriváveis de mim... Mas como eu próprio sou uma eu próprio sou uma substância:substância:

Elas podem todas estar contidas em Elas podem todas estar contidas em mim mim eminentementeeminentemente..

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A questão é: de onde veio a IDÉIA DE DEUS?

DEUS = Substância infinita, independente, onisciente, onipotente, que criou tudo o que existe, inclusive eu mesmo.

Argumento (1):Argumento (1):

Ora, como substância finita eu não posso Ora, como substância finita eu não posso ter a idéia de uma substância infinita, a ter a idéia de uma substância infinita, a menos que ela proceda da substância menos que ela proceda da substância infinita!infinita!

(Não posso como substância finita criar a idéia (Não posso como substância finita criar a idéia do infinito como negação do finito, pois há mais do infinito como negação do finito, pois há mais

realidade no infinito. Mais admissível é o realidade no infinito. Mais admissível é o contrário: que pela idéia do infinito se chegue a contrário: que pela idéia do infinito se chegue a idéia do finito. Não posso pensar o ser infinito idéia do finito. Não posso pensar o ser infinito

como potencialidade, pois a potencialidade é uma como potencialidade, pois a potencialidade é uma imperfeiçãoimperfeição...)...)

Logo, Deus existe!Logo, Deus existe!

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Argumento adicional (2):Argumento adicional (2):

Além disso, posso derivar minha existência de mim mesmo ou de meus pais?

O que me sustenta em minha existência?

Não tenho o poder de me criar e conservar existindo.

Logo, Deus existe para sustentar minha existência.

Seja como for, a sugestão básica é a de que a IDÉIA DO SER PERFEITO, QUE É CLARA E DISTINTA, só podemos ter porque DEUS, COMO CAUSA PRÓPRIA DESSA IDÉIA, A IMPRIMIU EM NÓS COMO A MARCA DO CRIADOR EM SUA OBRA!

(Crítica: não é certo que não seja construção nossa. Além disso não é clara e distinta, mas talvez até ininteligível)

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DA EXISTÊNCIA DE DEUS DA EXISTÊNCIA DE DEUS COMO GARANTIA DO COMO GARANTIA DO

CONHECIMENTOCONHECIMENTO

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Uma vez demonstrada a existência de Deus Uma vez demonstrada a existência de Deus não é para Descartes difícil demonstrar não é para Descartes difícil demonstrar outras verdades.outras verdades.

Pois Pois SENDO DEUS O SER SENDO DEUS O SER SUPREMAMENTE PERFEITO, ELE SUPREMAMENTE PERFEITO, ELE

NÃO PODE SER ENGANADOR, POIS NÃO PODE SER ENGANADOR, POIS POR EXPERIÊNCIA SABEMOS QUE A POR EXPERIÊNCIA SABEMOS QUE A

FRAUDEFRAUDE ADVÉM DE ALGUM ADVÉM DE ALGUM DEFEITO.DEFEITO.

Portanto, aquilo que vemos muito Portanto, aquilo que vemos muito claroclaro e e distintamentedistintamente deve ser deve ser

verdadeiro!verdadeiro!

Pela certeza da existência de Deus Pela certeza da existência de Deus podemos podemos aplicar universalmente o aplicar universalmente o

critério de verdade critério de verdade sugerido no sugerido no cogito, concluindo também que o cogito, concluindo também que o

mundomundo externoexterno existeexiste..

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A certeza da existência de Deus remove qualquer dúvida hiperbólica, especialmente a da existência do mundo.

......................................................................................................................................................................................

ERRO

Deus me criou e Deus não é enganador. Mas então como explicar o ERRO?

R: o erro provém do fato de que o erro provém do fato de que minha minha VONTADE é ILIMITADAVONTADE é ILIMITADA enquanto o meu enquanto o meu ENTENDIMENTO é ENTENDIMENTO é LIMITADOLIMITADO. Assim, minha vontade me . Assim, minha vontade me faz usar meu entendimento além de faz usar meu entendimento além de seus limites.seus limites. Trata-se de mau uso do mau uso do

livre arbítrio..livre arbítrio... .

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Terceira prova da existência de Deus: Na Quinta Meditação Descartes adiciona uma terceira prova da existência de Deus,prova da existência de Deus,uma uma PROVAPROVA ONTOLÓGICAONTOLÓGICA::

Deus existe Deus existe necessariamente em necessariamente em virtude de sua essênciavirtude de sua essência, pois, pois...

a divina essência, CONTENDO TODASTODAS AS PERFEIÇÕES, deve incluir a deve incluir a

EXISTÊNCIA, DADO QUE A EXISTÊNCIA, DADO QUE A EXISTÊNCIA É UMA PERFEIÇÃOEXISTÊNCIA É UMA PERFEIÇÃO.

E nós percebemos CLARA E DISTINTAMENTE que a existência

pertence à sua verdadeira e imutável natureza...

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Argumento provando existência de corpos físicos:

1) Como posso 1) Como posso MOVIMENTAR OS CORPOS, MOVIMENTAR OS CORPOS, como meus sentidos são como meus sentidos são PASSIVOS, como a PASSIVOS, como a experiência do mundo físico experiência do mundo físico NÃO DEPENDE DA MINHA NÃO DEPENDE DA MINHA VONTADE, eu sou VONTADE, eu sou inevitavelmente inclinado a inevitavelmente inclinado a acreditar que os corpos acreditar que os corpos físicos físicos existemexistem......

2) Deus não é enganador!2) Deus não é enganador! 3) Portanto: 3) Portanto: os corpos físicos os corpos físicos existem realmente!existem realmente!

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Argumento provando separação mente-corpo:separação mente-corpo:

1) Vejo que nada pertence a 1) Vejo que nada pertence a minha essência, exceto que minha essência, exceto que sou uma sou uma coisacoisa pensantepensante, , inextensainextensa.. 2) Por outro lado, tenho uma 2) Por outro lado, tenho uma clara consciência de meu clara consciência de meu corpo como uma corpo como uma coisacoisa extensaextensa.. 3) Segue-se que sou algo 3) Segue-se que sou algo DISTINTO DISTINTO de meu corpo.de meu corpo.

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.

RELAÇÃO MENTE CORPO

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SUBSTÂNCIA = (Df) SUBSTÂNCIA = (Df) umauma coisa que não coisa que não requer nada além de si mesma para existir.requer nada além de si mesma para existir.

Estritamente, essa definição só se aplica a Deus, posto que dependemos de Deus para existir.

Substâncias criadas, as corporais e pensantes, o são no sentido analógicoanalógico de que dependem somente de Deus para existir.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Uma substância se definedefine por seu atributoatributo principalprincipal. Assim, há três substâncias:

DEUS = SUBSTÂNCIA PENSANTE INFINITA DEUS = SUBSTÂNCIA PENSANTE INFINITA (sentido próprio)(sentido próprio)ALMAS = SUBSTÂNCIAS PENSANTES ALMAS = SUBSTÂNCIAS PENSANTES FINITASFINITASCORPOS = SUBSTÂNCIAS EXTENSAS CORPOS = SUBSTÂNCIAS EXTENSAS FINITASFINITAS(sentidos analógicos)(sentidos analógicos)

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Não podemos pensarpensar a substância a não ser por seus atributosatributos.

O atributo principal é o que define.

1) O atributo principal do EU é o 1) O atributo principal do EU é o PENSAMENTOPENSAMENTO, , donde para Descartes em nenhum momento podemos parar de pensar.

2) O atributo principal dos CORPOS 2) O atributo principal dos CORPOS FÍSICOS é a FÍSICOS é a EXTENSÃOEXTENSÃO, , posto que não podemos pensar na FIGURA ou no MOVIMENTO, sem pensarmos na EXTENSÃO.

Os modos (figura, tamanho...) são propriedades contingentes das substâncias

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A conclusão é o DUALISMODUALISMO CARTESIANO:CARTESIANO: Como mente e corpo são duas substâncias, elas existem

independentemente.

A mente está para o corpo como o capitão para o seu navio.

.......................................................Daí também o INTERACIONISMO:INTERACIONISMO: há

uma interação entre ambos, pela pituitária!

Questão: Como é possível a interação : Como é possível a interação entre substâncias entre substâncias totalmente diversastotalmente diversas, ,

uma pensante e outra extensa?uma pensante e outra extensa?

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Como Descartes não tinha resposta muito satisfatória para essa questão, opções teóricas alternativas surgiram:

1)1)OCASIONALISMOOCASIONALISMO (Malebranche): Deus intervém a todo momento, sincronizando os eventos nos dois níveis.

2)2)PARALELISMOPARALELISMO PSICOFÍSICOPSICOFÍSICO (Leibniz): Deus, o relojoeiro perfeito, sincronizou o mental com o físico no ato da criação.

3)3)DUALISMODUALISMO DEDE PROPRIEDADESPROPRIEDADES (atual): o mental é constituido de propriedadespropriedades emergentesemergentes (do cérebro (tal como a vida é uma propriedade emergente de corpos físico-químicos, ou seja, dependente deles, mas não idêntica a eles).

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FIMFIM