42
A Rua de Todos Nós

A Rua de Todos Nós

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Livro dos alunos do 9 Ano do 3 Ciclo da Escola Municipal Paulo Mendes Campos

Citation preview

Page 1: A Rua de Todos Nós

A Rua de Todos

Nós

Page 2: A Rua de Todos Nós

ESCOLA MUNICIPAL PAULO MENDES CAMPOS

1ª JORNADA LITERÁRIA: LITTERAE JOVEM

“Histórias de Ruas”

Língua Portuguesa

DIREÇÃO

Maria Flávia Horta Barbosa

VICE-DIREÇÃO

Severino Pereira dos Santos Júnior

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Cristina Raposos

PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

Tristão José Macedo

PROFESSORA DE ARTE

Tônia Édea Ribeiro

BIBLIOTECA

Coordenadora: Luciana Werneck

Auxiliares de Biblioteca:

Gislaine Lemos Fernandes Leite e Vânia da Silva Carvalho

ILUSTRAÇÃO

Bárbara de Castro Aguiar, Gustavo Rocha Tomagnini Passaglio

e todos os autores

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Ana Flávia da Copiadora Múltipla e todos os autores

Texto revisado segundo o novo

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Alameda

dos Envolvidos

__

Page 3: A Rua de Todos Nós

A Rua

da Gratidão

para todos aqueles que nos ajudaram na realização deste livro.

Page 4: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Sumário

A Rua de Paula Torido, nº 1 A Rua de Amanda Batista, nº 2 A Rua de Kelvin Lopes, nº 3 A Rua de Luiza Ruas, nº 4 A Rua de Sabrina Chaves, nº 5 A Rua de Paulo Sérgio, nº 6 A Rua da Rihanna, nº 7 A Rua do Desejo, nº 8 A Rua da Vitória, nº 9 A Rua de Zé Geraldo, nº 10 A Rua de Neco e Maria Doida, nº 11 A Rua de Dona Dica, nº 12 A Praça de São Geraldo, nº 13 A Rua do Sapateiro, nº 14 A Rua de Rildo, nº 15 A Rua de Birinha, nº 16 A Rua de Jéssica Liandra, nº 17 A Rua de Seu Joaquim, nº 18 A Rua de Seu Daniel e Dona Vanuza, nº 19 A Rua de Dona Jucélia, nº 20 A Rua de Dona Terezinha, nº 21 A Rua de Daniela Do Carmo, nº 22 A Rua de Seu Beneval Santana, nº 23 A Rua do Menino Doce, nº 24 A Rua de Dona Geralda, nº 25 A Rua da Padaria de Cima, nº 26 A Rua de Vó Ephigênia, nº 27 A Rua do Bisavô do Samuel, nº 28 A Rua da Avó Marta Maria, nº 29 A Rua de Dona Maria José Lopes, nº 30 A Rua de Guilherme Oliveira, nº 31 A Rua de Gabriella Candian, nº 32 A Rua de Vicente Raimundo, nº 33

__

Page 5: A Rua de Todos Nós

A Rua

dos Escritores

Allan Frederick Machado Moreira Amanda Batista Pereira Bruna Rodrigues Porto

Bruno Simões de Figueiredo Daniela Do Carmo Lopes

Déborah Braga de Albuquerque Denúbia Maria Souza e Silva

Gabriella Candian Félix Teixeira Gabrielli Lourenço Teixeira da Silva

Guilherme Oliveira de Souza Igor Bruno Alves Malta

Isabelle Rodrigues dos Santos Jéssica Fernanda de Souza Bonfim

Jéssica Liandra Gomes Rangel Jéssica Nicoly de Souza Galdino

Jonathan da Costa Moreira de Souza Júlia Temponi Braga

Kelvin Lopes Gonzaga Laura Fernanda Rodrigues Gomes

Lívia Ferreira Mendes Luana Lorrayne de Faria Martins

Luiz Fernando Rocha Cabral Luiza de Castro Ruas

Marco Túlio de Oliveira Rocha Mikhaela Rodrigues Lopes

Nayara Felix Moura Macedo Paula Torido Lopes

Paulo Sérgio Santos Júnior Sabrina Chaves Martins

Samantha Formiga Santana Samuel Dayher Silva Francisco

Vitória Ellen da Silva Oliveira William Victor Antunes Martins

__

Page 6: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Paula Torido,

n° 1

Se essa rua fosse minha,

todos teriam um lar e no finalzinho dela teria até um mar. Se essa rua fosse minha, não haveria inimizades. Todos seriam amigos e todos sentiriam saudades. Se essa rua fosse minha, todos teriam um amor e por causa disso, não existiria a dor. Se essa rua fosse minha, o céu teria mais estrelas e as pessoas sempre na rua para vê-las. Se essa rua fosse minha, as meninas teriam bonequinhas e cachorros, suas casinhas. Se essa rua fosse minha, todos os meninos jogariam bola e nenhuma criança deixaria de ir à escola. Se essa rua fosse minha, não existiria maldade. Mas, apesar de tudo, agradeço a Deus por ela fazer parte desta cidade.

Paula Torido, 13 anos, poeta da Rua Iguaçu, Bairro Concórdia.

A Rua

de Paula Torido,

n° 1

__

Page 7: A Rua de Todos Nós

Se essa rua fosse minha,

ela deixaria de ser torta.

Pois de tão torta,

no final de cada quarteirão,

tenho que procurar por uma placa,

pra ter certeza se ela acaba

ou continua.

Se essa rua fosse minha,

os morros eternos, sem dúvida,

seriam extintos.

Se essa rua fosse minha,

todos os netos morariam com as avós.

Netos gostam de comer bem

e existe coisa melhor que comida de avó?

Se essa rua fosse minha,

a minha mãe seria dona de uma padaria.

E eu comeria sonho todo dia.

Amanda Batista Pereira, 15 anos, poeta da

Rua Barão de Saramenha, Bairro Santa Tereza.

A Rua

de Amanda Batista,

nº 2

__

Page 8: A Rua de Todos Nós

Se essa rua fosse minha,

ela deixaria de ser torta.

Pois de tão torta,

no final de cada quarteirão,

tenho que procurar por uma placa,

pra ter certeza se ela acaba

ou continua.

Se essa rua fosse minha,

os morros eternos, sem dúvida,

seriam extintos.

Se essa rua fosse minha,

todos os netos morariam com as avós.

Netos gostam de comer bem

e existe coisa melhor que comida de avó?

Se essa rua fosse minha,

a minha mãe seria dona de uma padaria.

E eu comeria sonho todo dia.

Amanda Batista Pereira, 15 anos, poeta da

Rua Barão de Saramenha, Bairro Santa Tereza.

A Rua

de Amanda Batista,

nº 2

__

A Rua

de Amanda Batista,

nº 2

__

Page 9: A Rua de Todos Nós

Se essa rua fosse minha,

eu mandava...

Ou melhor, eu não mandava nada,

eu pediria.

Sim, eu pediria às pessoas

para cuidar melhor do lixo

que cada um produz.

e que separasse o lixo

para a reciclagem.

Se essa rua fosse minha,

eu criava um slogan:

“Galerinha,

vamos cuidar de nossas ruas”.

Luiza de Castro Ruas, 15 anos, poeta da Rua Pouso Alegre, Bairro Horto.

A Rua

de Luiza Ruas,

nº 4

__

__

Page 10: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Sabrina Chaves,

nº 5

Se essa rua fosse minha,

eu não mandaria ninguém fazer nada,

eu mesma faria.

Na verdade, eu deixaria tudo como está:

as casas, os prédios,

os carros em seus lugares de sempre.

Deixaria as pessoas com seus cachorros

como estão,

deixaria as crianças brincando

como sempre,

deixaria os carros que passam

em alta velocidade,

deixaria até mesmo o padeiro

que passa lá todo dia no mesmo horário.

E, principalmente, me deixaria lá,

na minha casa,

fazendo as mesmas coisas de sempre...

Se essa rua fosse minha,

eu deixaria tudo como está!

Sabrina Chaves Martins, 15 anos, poeta da Rua Quixadá, Bairro Renascença.

__

___________________

Page 11: A Rua de Todos Nós

__

Se essa rua fosse minha,

eu mandava colocar um campo de futebol ao lado da minha casa

e todo dia, muitas pessoas iam jogar bola comigo.

Eu colocava um barzinho que tocasse os melhores pagodes,

sambas e funk e viveria lotado de gente alegre.

Se essa rua fosse minha,

eu colocava muitas crianças brincando,

soltando papagaios, andando de bicicletas e etc.

Se essa rua fosse minha,

os pais não trabalhavam e nem as mães.

Todos ficavam o dia inteiro na rua conversando e se divertindo!

Paulo Sérgio Santos Júnior, 14 anos, poeta da Rua José Arnaldo Teixeira, Bairro Guarani.

A Rua

de Paulo Sérgio,

nº 6

Page 12: A Rua de Todos Nós

A Rua

da Rihanna,

nº 7

Se essa rua fosse minha,

o sol continuaria a brilhar

como brilha alegra e feliz.

Se essa rua fosse minha

espalharia mil sorrisos

e soltaria as borboletas

para voarem livremente

com os pássaros.

Se essa rua fosse minha

em vez de esgoto existiria

cachoeiras de coca-cola

e cheirinho de fruta no ar.

Se essa rua fosse minha,

seria o bairro mais alegre,

a Rihanna ia ser minha vizinha.

Jéssica Fernanda de Souza Bonfim, 15 anos, poeta da

Avenida Assis Chateaubriand, Bairro Floresta.

__

Page 13: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Desejo,

nº 8

Se essa rua fosse minha,

eu escreveria uma carta ao prefeito,

para se tornar um lugar bem perfeito,

uma carta feito a de Pero Vaz de Caminha.

Se essa rua fosse minha,

construiria uma pracinha

para brincar com as criancinhas.

Se essa rua fosse minha,

deixava minha cachorrinha

brincar por aí,

e, ao invés de água, sempre tomaria açaí.

Se essa rua fosse minha,

viveriam nela todos os meus amigos

para que eu ficasse bem feliz.

Isso é tudo que eu sempre quis,

se essa rua fosse minha.

Igor Bruno Alves Malta, 15 anos, poeta da Rua Tereza Moreira, Bairro Santa Tereza.

__

Page 14: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Desejo,

nº 8

Se essa rua fosse minha,

eu escreveria uma carta ao prefeito,

para se tornar um lugar bem perfeito,

uma carta feito a de Pero Vaz de Caminha.

Se essa rua fosse minha,

construiria uma pracinha

para brincar com as criancinhas.

Se essa rua fosse minha,

deixava minha cachorrinha

brincar por aí,

e, ao invés de água, sempre tomaria açaí.

Se essa rua fosse minha,

viveriam nela todos os meus amigos

para que eu ficasse bem feliz.

Isso é tudo que eu sempre quis,

se essa rua fosse minha.

Igor Bruno Alves Malta, 15 anos, poeta da Rua Tereza Moreira, Bairro Santa Tereza.

A Rua

do Desejo,

nº 8

__

Page 15: A Rua de Todos Nós

A Rua

da Vitória,

nº 9

Quero te apresentar um pouco do lugar onde moro.

Na esquina da minha rua, tem uma loja de roupas e acessórios. (A loja fica na Rua Aperê.) E mais no fim da rua é onde tem um bar. Um pouco mais abaixo, na Elísio de Brito, tem dois supermercados, uma mercearia, uma farmácia e ainda três sorveterias. São, aproximadamente, cinco ou seis sorveterias. (A melhor fica na Rua Itajubá!) Na minha rua é onde fica a igreja e virando um pouco, um quarteirão abaixo, é onde fica a Padaria Jaqueline. (Os melhores pães da região!) Mais à frente, tem a Maria Francisca com duas farmácias, uma lojinha de utilidades e ferramentas. (É onde fica o ponto de ônibus.) Estes são os lugares que ficam perto de minha casa.

Vitória Ellen da Silva Oliveira, 15 anos, poeta da Rua Teófilo Pires, Bairro Concórdia.

A Rua

da Vitória,

nº 9

__

__

Page 16: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Zé Geraldo,

nº 10

José Geraldo Moreira, um conhecido meu de

muito tempo, conta a história de uma mata que era abandonada e

que aos poucos foi descoberta.

Antigamente, no meu bairro só via o verde das

matas, não existia luz, só lamparina e nem asfalto. Se você

começasse a andar por ele, ia encontrar asfalto no centro da

cidade. Para ter água de boa qualidade, os moradores deviam

acordar por volta das 3 ou 4 horas da madrugada para ir para fila

na casa do vizinho para ter água o dia inteiro.

Conta ainda o Zé Geraldo, assim era chamado na rua,

que aos poucos foi chegando moradores novos, até que chegou

uma dona chamada Nativa que se você quisesse comunicar com

algum parente ou conhecido tinha que ir à casa dela para ter este

recurso.

Com esta história contada, termino a lembrança dos

velhos tempos.

Jonathan da Costa Moreira de Souza, 16 anos, entrevistador da

Rua Almeida, Bairro Nova Vista.

__

Page 17: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Neco e Maria Doida,

nº 11

Quando eu era criança, havia um casal muito doido

que morava na minha rua. Era o Neco e a Maria Doida.

Eu e minhas amigas morríamos de medo de passar em

frente da casa deles de noite, porque eles ameaçavam correr

atrás da gente. Então, só passávamos de dia.

Em noite de lua cheia, nós nem saímos de casa,

porque minha avó e minha mãe falavam que o Neco se

transformava em lobisomem. Eu morria de tanto medo e quando

minha mãe mandava eu fazer alguma coisa e eu não queria, ela

me ameaçava falando que iria chamar o Neco. Eu ia correndo

fazer logo.

Há uns dez anos, o Neco morreu e até hoje a Maria

Doida está viva, mas não mora lá na rua mais.

Bruna Rodrigues Porto, 14 anos, escritora da Rua Coronel Jaime Gomes, Bairro Floresta.

Bruna Rodrigues Porto, 14 anos, escritora da Rua Coronel Jaime Gomes, Bairro Floresta.

Page 18: A Rua de Todos Nós

Há vinte anos, a filha da Dona Dica tinha 14 anos e

tinha um coqueiro perto da Igreja Bom Jesus. Era atrás do

coqueiro que a filha da Dona Dica ficava com os garotos.

Dona Dica desconfiava e, certo dia, foi atrás de Isabel

que supostamente ia para a Igreja. A mãe seguiu a filha e se

escondeu atrás de um carro. A menina foi se encontrar com o

Gilberto, filho da vizinha, e olhou atentamente para todos os

lados, quando de repente, o carro que Dona Dica estava

escondida arranca.

A menina bateu no menino de desespero. Gilberto

ficou até vermelho de tanta vergonha. Dona Dica levou a filha

para casa e depois de 20 anos, eles já estão casados e têm até

filhos.

Dona Dica falou também que, hoje em dia, ela

pergunta para Gilberto se ele apanha e ele diz que a filha dela é

arretada.

Júlia Temponi Braga, 13 anos, narradora da Rua Mendes de Oliveira, Bairro Santo André.

A Rua

de Dona Dica,

nº 12

Júlia Temponi Braga, 13 anos, narradora da Rua Mendes de Oliveira, Bairro Santo André.

Page 19: A Rua de Todos Nós

A Praça

de São Geraldo,

nº 13

O bairro São Geraldo era uma grande área

rural quando começou a ser ocupado por volta de 1950 por

funcionários da RFFSA. As primeiras casas eram bem simples e

geminadas. O que acelerou a ocupação do bairro foi a construção

da Igreja São Geraldo.

Hoje, a Igreja continua tendo papel de destaque no

bairro pela sua alegre e festiva missa de domingo. Outro ponto de

interesse do bairro é a padaria São Geraldo. Durante todo o dia é

possível apreciar as deliciosas quitutes, como o pão de queijo,

cachorro quente e os saborosos pãezinhos.

Mas, sem dúvida, a maior atração do bairro é a Praça

São Geraldo. Durante os finais de semana, uma multidão de

jovens se reúne na praça para praticar esportes e conhecer novos

amigos. Tem-se a impressão de que a Praça Sete se muda para a

Praça São Geraldo, tamanha a movimentação de pessoas e

veículos.

O bairro tem muitas lojas, supermercados e

farmácias, facilitando e muito a vida dos moradores que não

precisam ir muito longe para realizar suas compras.

Tenho certeza de que você vai adorar a Praça São

Geraldo.

Bruno Simões de Figueiredo, 14 anos, morador da

Rua Janaitiba, Bairro São Geraldo.

A Praça

de São Geraldo,

nº 13

Bruno Simões de Figueiredo, 14 anos, morador da Rua Janaitiba, Bairro São Geraldo.

Page 20: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Sapateiro,

nº 14

A Dona Marilene Bueno Braga, 63 anos, conta

que Santa Efigênia era uma maravilha. Todos os moradores se

conheciam, eram amigos, trocavam sorrisos e bons-dias e, à

noite, sentavam no portão para bater um papo. E, de boca em

boca, corriam as histórias sobre um vizinho meu que diziam ser

um lobisomem. Toda noite, ouviam-se uivos e a bananeira de sua

casa acordava toda arranhada. Se era verdade, ninguém nunca

soube.

A Dona Lúcia, vizinha de cima, era costureira do

bairro e era também quem fazia uns pastéis de goiabada

deliciosos. A criançada adorava.

Naquele lugar, existiam recantos para todos os

tipos de diversão. As ruas sossegadas abrigavam brincadeiras

como esconde-esconde, pique-alto e rouba-bandeira. Porém,

eram as árvores frutíferas que chamavam atenção das crianças:

maçã, ameixa, uva, goiaba, jambo, jabuticaba, romã e por aí vai.

O quintal de uma casa antiga era o mais

atraente dos olhos da meninada. Seu dono era Seu Getúlio, um

sapateiro, por sinal o único do bairro. Havia um pé de manga

sempre carregado de frutas que pareciam deliciosas ali. Porém,

todos sabiam que de bobo o velho não tinha nada e não gostava

que roubassem suas frutas. Várias testemunhas já viram o velho

com uma espingarda na mão espantando gente do seu quintal.

A Rua

do Sapateiro,

nº 14

__

Page 21: A Rua de Todos Nós

Assim, foi se formando na imaginação de um grupo de crianças

atrevidas a figura de um homem mau, mas mesmo assim planejaram

o ataque: iriam aproveitar quando o velho estivesse trabalhando à

tarde, pois estaria distraído. Entrariam pelos fundos, os chefes abririam

as passagens na cerca de bambu.

Tudo acertado, lá se foram. Deram alguns

passos corajosamente. Nisso, uma árvore tremeu toda e frutos

rolaram no chão e alguns juram até hoje terem ouvido explosões.

- É tiro! É tiro!

Voltando correndo, as crianças se atiraram pelas

passagens na cerca passando por cima de tudo, rasgando roupa e

arrebentando sandálias. Com certeza, tiveram castigos de suas

mães, mas e a dona da sandália? Certamente, esta teve que

enfrentar o único sapateiro do bairro.

Déborah Braga de Albuquerque, 14 anos, escritora da Rua Itabirito, Bairro Santa Efigênia.

__

Page 22: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Rildo,

nº 15

Rildo era um jovem de 15 anos e a rua dele

ainda era de terra e pouco movimentada. Em um final de

ano, seus amigos e ele organizaram uma partida de futebol,

na rua, onde todos estariam vestidos de mulher.

Antes do início do jogo, o dono de em bar, onde

meu primo e eu trabalhávamos, chamou meu primo para

ajudá-lo no bar. Meu primo estressado por não poder jogar,

chutou a trave e ela caiu.

Rildo foi tirar satisfação com meu primo e este,

já nervoso, deu um soco na boca dele, que fez a língua do

coitado ficar pendurada.

O dono do bar, muito calmo, pegou a língua e a

bola. E foi por isso que não aconteceu o jogo dos homens

vestidos de mulher.

Lívia Ferreira Mendes, 14 anos, escritora da Praça Guaraci, Bairro São Geraldo.

Lívia Ferreira Mendes, 14 anos, escritora da Praça Guaraci, Bairro São Geraldo.

Page 23: A Rua de Todos Nós

A história que vou contar aconteceu há

mais de vinte anos e aconteceu com minha avó Rosária.

Um morador de rua conhecido como

Birinha tinha atitudes um tanto malucas e engraçadas. Ele

sempre ia à casa de minha avó, bêbado, pedir água, comida

e sempre na hora do almoço.

Certo dia, Birinha chegou até a casa de

minha avó e pediu um prato de comida, porém o almoço

ainda não estava pronto. Daí, ele ficou muito nervoso e

começou a xingar:

- O quê? Você num fez o almoço até

agora! O que você estava fazendo?

Minha avó ficou indignada com tanto

desaforo que ao mesmo tempo era muito engraçado.

Enfim, ela sempre acabava dando o que

ele queria, pois sabia que Birinha tinha uma família que não

se importava com ele.

Com o passar dos anos, acabamos nos

acostumando com ele. Era como se fosse o personagem da

rua conhecido por todos.

Infelizmente, no mês de agosto, Birinha

veio a falecer.

A Rua

de Birinha,

nº 16

Jéssica Nicoly de Souza Galdinho, 14 anos, contadora da Rua 1J, Bairro General Carneiro.

__

Page 24: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Jéssica Liandra,

nº 17

Eu moro na Rua Leopoldo Gomes, a principal do bairro

Vera Cruz, e aqui, há muito comércio. Um deles é a

Mercearia do Seu Milton, além da Padaria Pão e Queijo, do

Seu Rafael, onde os moradores compram pão novinho para

o café da manhã, principalmente, aos domingos, após a

missa na Igreja.

A Paróquia Santa Cruz, cujas missas são rezadas pelo Padre

Léo, é a única igreja católica do nosso bairro. Lá, há muitas

atividades e projetos para a comunidade, como a catequese

para as crianças e jovens, o grupo de teatro, aula de Ioga,

crochê, capoeira e até aula de Inglês. Em frente a Igreja,

tem a Praça Pedro Lessa, onde as crianças se divertem nos

finais de semana. Tem também as Escolas Vicente Torres

Júnior e Coração Eucarístico, além de duas escolinhas

infantis.

Ainda na minha rua, a Papelaria R & M, do simpático Senhor

Jaime, vende materiais escolares, tiramos xerox e

compramos o jornal, já que não temos nenhuma banca por

perto. Há também dois depósitos de materiais de

construção, lojas de artigos de presentes como a da Nádia,

o sacolão e o posto de gasolina Ale, além da casa de ração,

da sorveteria Adriana, da farmácia do Léo, dos barzinhos

dos Dois Irmãos e do Vanderlei, do posto de saúde e de

alguns salões de beleza. Tudo isso na minha rua.

Jéssica Liandra Gomes Rangel, 14 anos, escritora da Rua Leopoldo Gomes, Bairro Vera Cruz.

Jéssica Liandra Gomes Rangel, 14 anos, escritora da Rua Leopoldo Gomes, Bairro Vera Cruz.

__

Page 25: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Seu Joaquim,

nº 18

O morador mais velho da minha rua chama-

se Seu Joaquim. Ele tem por volta de 80 anos e mora na rua há

mais de 30 anos. Ele me falou que antigamente a rua era de terra

e quase não passava carro. A rua fica no Bairro Ribeiro de Abreu,

e por ser um morro não dava para fazer muitas coisas.

Seu Joaquim me contou que as crianças

brincavam de pique esconde, amarelinha, rouba-bandeira e

peteca. Antigamente, era tão bom para viver, não tinha queimada

desmatando, poluição não existia e nem o tal de aquecimento

global. Quando chovia, as crianças iam para a rua brincar e

comemorar a chuva. Soltar pipa era tão bom, porque não existia

cerol e as pipas não cortavam as outras.

Seu Joaquim dá um suspiro e continua a contar.

Para andar de bicicleta não precisava se preocupar com carros.

Hoje, se não tiver cuidado, eles te atropelam. A criminalidade era

pouca, pois todos tinham medo da polícia.

Seu Joaquim falou ainda que hoje está tudo

mudado. Fica difícil de sair de casa e ninguém brinca mais.

Essas coisas. __

Allan Frederick Machado Moreira, 14 anos, narrador da Rua Dona Sinvalina Neves, Bairro Ribeiro de Abreu.

__

__

Page 26: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Seu Daniel e Dona

Vanuza, nº 19

Não há muitos moradores antigos na rua e os

mais antigos moram lá aproximadamente dez anos. Eles dizem

que antigamente não havia uma quadra na rua, apenas um

campinho de terra em que poucas pessoas brincavam. Dizem que

hoje está muito diferente do que era antes. Hoje, há muitas

crianças na vila, novos moradores e estabelecimentos. Dizem que

tudo mudou. Surgiu uma praça, uma igreja evangélica, uma

padaria, o hospital Arapiara. Agora, possui novos recursos e,

principalmente, um shopping, o Boulevard. O Ribeirão Arrudas

não entorna mais e há um enorme espaço para que as crianças

possam brincar. A comunidade se uniu e conseguiram juntar

dinheiro para conseguir os recursos.

Todo ano em minha rua ocorre uma festa junina

e as crianças preferem o esporte a computadores e vídeo-game.

Assim é a Rua Ponta Porã.

Luiz Fernando Rocha Cabral, 13 anos, escritor da Rua Ponta Porã, Bairro Santa Efigênia.

__

Luiz Fernando Rocha Cabral, 13 anos, escritor da Rua Ponta Porã, Bairro Santa Efigênia.

__

__

Page 27: A Rua de Todos Nós

Dona Jucélia é moradora da Rua São Silvestre a

mais de 50 anos e é ela quem conta a história da

sua rua.

“Quando eu tinha meus vinte e poucos anos, havia

um velhinho que morava no fim da rua. Em todo

Natal, ele se vestia de Papai Noel e distribuía doces

e brinquedos para todas as crianças da rua,

inclusive para os meus filhos. Isso passou de pai

para filho, e até anos atrás, a família ainda fazia

isso. Era uma alegria só!”

Nayara Félix Moura Macedo, 14 anos, ouvinte da Rua São Silvestre, Bairro Sagrada Família.

A Rua

de Dona Jucélia,

nº 20

__

Nayara Félix Moura Macedo, 14 anos, ouvinte da Rua São Silvestre, Bairro Sagrada Família.

__

Page 28: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Dona Terezinha,

nº 21

A Dona Terezinha mora há sessenta anos na Rua Modestino

Gonçalves, no bairro Nova Vista e tem 65 anos. Ela disse que

quando veio morar aqui só tinha mato e pouquíssimas ruas de

terra cheias de buraco que só podiam passar carroças e pessoas.

Quando ela tinha cerca de cinco anos, a rua só tinha três casas

contando com a dela. Os bairros ao redor do Nova Vista não

tinham absolutamente nada, apenas mato e mais mato. Para irem

até o centro da cidade era preciso usar o bonde, mas ele não

passava por ali. Eles tinham que ir até o bairro Horto, pois era o

lugar mais perto que se passava o bonde.

As brincadeiras mais comuns entre eles eram pular corda, pelada

e pique esconde, pois não havia muitas brincadeiras. Eles

jogavam no campinho onde, hoje, é uma casa e uma loja

mecânica e passavam a maior parte do tempo ali, porque seus

pais quase não saíam com eles.

Se essa rua fosse minha, chamaria todos pra cá, pois seria a

melhor rua do Tocantins ao Paraná. A minha rua seria a maioral,

teria festa todo dia pra levantar o astral. Acidente por aqui não se

encontraria, pois colocaria de plantão o policial melhor de “bão”.

Na minha rua só teria diversão, nada de fome, desamparo, nada

de lixo pelo chão.

Se essa rua fosse minha, eu mandava esticar, aumentar daqui,

acrescentar de lá, só pra que possamos todos os dias nela ir e

voltar.

Luana Lorrayne de Faria Martins, 14 anos, escritora da Rua Modestino Gonçalves, Bairro Nova Vista.

Luana Lorrayne de Faria Martins, 14 anos, escritora da Rua Modestino Gonçalves, Bairro Nova Vista.

__

__

Page 29: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Daniela Do Carmo,

nº 22

Eu moro no bairro Belmonte, na Rua João Lemos.

Antigamente, morava na minha rua uma senhora que

demonstrava ser boazinha.

Um dia, minha mãe estava jogando água nas plantas

e a cachorra que morava com a gente gostava muito de água e

minha mãe ficava brincando, jogando água nela e a senhora

ficava só observando.

Algum tempo depois, a mão da minha mãe inflamou e

não ficava boa, até que uma mulher revelou pra minha mãe que a

senhora que parecia boazinha havia feito uma macumba pra mão

da minha mãe apodrecer e cair, pra ela nunca mais jogar água

em nenhum cachorro.

Os moradores da rua começaram a querer que a

senhora se mudasse, mas ela falava que nada a tiraria dali.

Até que, um dia, ela se mudou, mas fez uma

macumba pra que todos que morassem na sua casa teriam a vida

destruída. Moraram várias pessoas na casa. Só que sempre

acontecia algo de errado, que a pessoa se mudava.

Até que levaram um pastor que fez uma oração que

acabou com o trabalho da senhora e tem dez anos que casa foi

alugada pra uma família que está feliz lá.

Daniela Do Carmo Lopes, 14 anos, escritora da

Rua João Lemos, Bairro Belmonte.

Page 30: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Seu Beneval Santana,

nº 23

Hoje, eu estava conversando com o meu avô que é um

antigo morador da minha rua. Ele se chama Beneval Santana,

tem 86 anos e mora há 72 anos nesta mesma rua. Ele veio do

interior, em 1939, a procura de trabalho e me contou que muitas

coisas mudaram de lá pra cá, não só na rua, mas também no

bairro e na cidade inteira.

Ele conta que assim que chegou na rua, havia poucas casas,

pouca iluminação e não havia asfalto. Poucos carros passavam na

rua, principalmente, em dia de chuva. A rua era tranquila e seus

nove filhos podiam brincar sem muito perigo. Eles gostavam de

descer a rua de terra em carrinhos de rolimã.

Ao longo desses 72 anos, muitos moradores mudaram-se e

outros morreram. Entre 1975 e 1982, a rua foi asfaltada e muitas

casas foram construídas.

Seu Beneval ainda mora na mesma casa com sua esposa, e

lá, naquela mesma rua, construiu sua vida e muitas histórias.

Samantha Formiga Santana, 15 anos, escritora da

Rua Antônio Olinto, Bairro Esplanada.

__

__

Page 31: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Menino Doce,

nº 24

Bom, primeiramente, eu queria dizer que sou muito

feliz de morar nessa rua, pois ela é muito tranquila e alegre.

A minha rua é muito nova, então, eu não tenho muito o que

contar, mas eu sei que o meu bairro surgiu através de uma

enorme fazenda chamada Fazenda da Serra ou Fazenda dos

Menezes.

Na minha rua, existe um vendedor de doces que se

chama “Menino Doce”. Por que esse nome? Bom, esse nome

foi dado a ele pela minha vizinhança, pois todos os dias de

manhã, ele saía pelas ruas gritando “olha, o menino doce,

olha o doce”. Daí, o apelido. Ele é muito conhecido, mas

tem um bom tempo que eu não o vejo.

Perto da minha rua, temos também o Parque

Municipal Ursulina de Andrade Melo, que é um parque de

mata fechada com várias nascentes e árvores muito antigas.

Muitos vizinhos costumam fazer caminhada ao redor dele e

também passam algum tempo nele. O parque que é tão

querido pelos moradores ganhou um apelido também de

“Parque da Mata”.

Bom, e é isso que eu tenho pra contar da minha rua,

que posso chamar de a rua do “Menino Doce” e é também a

rua dos meus vizinhos que adoram por apelido em tudo.

Marco Túlio de Oliveira Rocha, 15 anos, narrador da

Rua Geraldo Magela de Almeida, Bairro Castelo Manacás.

__

Page 32: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Dona Geralda,

nº 25

Quem conta esta história é a Dona Geralda, de 68 anos.

Ela diz que, em 1965, a maioria das ruas do bairro era cheia

de buracos. Algumas eram de terra e havia um córrego

grande, alto e fundo que se localizava numa rua abaixo de

minha casa, onde moro atualmente. Para se atravessar de

um bairro para o outro, usava-se uma tábua grande e bem

presa, onde as pessoas passavam, todo dia, por cima do

córrego. Havia ônibus somente no bairro Boa Vista e eram

dois por hora na Rua Maria Francisca. Só havia trânsito

nesta rua e para pegar o ônibus todos tinham que passar

pelo córrego. Para se chegar ao comércio e à Igreja São

Geraldo, todos tinham que subir escadas de terra que eram

escorregadias e se desfaziam facilmente. A Rua Sucuri,

minha rua atualmente, cujo nome é de cobra também, se

chamava naquela época Olaria, pois no final da rua havia

um forno de fazer tijolos. Quando chovia, alagava tudo,

parecia até um mar e não tinha saída, nem para um lado

nem para o outro.

Uma das nossas principais avenidas atualmente é a

Elísio de Brito que é a avenida de divisão dos bairros São

Geraldo e Boa Vista. A Elísio de Brito, naquela época, era

um verdadeiro matagal e na minha rua havia três a cinco

casas. Dona Geralda, 68 anos, diz que a minha rua mudou

muito, depois de quarenta e cinco anos até o dia de hoje.

Mikhaela Rodrigues Lopes, 14 anos, narradora da Rua Sucuri, Bairro São Geraldo.

__

Page 33: A Rua de Todos Nós

A Rua

da Padaria de Cima,

nº 26

Ao se pensar num roteiro de passeio pelo

meu bairro, temos que começar indo à Padaria Almeida

Monteiro, mais conhecida como “A Padaria de Cima”, pois

são duas padarias em meu bairro, uma fica descendo a

rua da minha casa e a outra, subindo a rua da minha

casa. É lá, o local onde os policiais tomam o café da

manhã e o lanche da tarde. Isso dá uma sensação de

segurança para as pessoas.

É na Praça Poá que eu costumo ir aos

domingos andar de bicicleta e ver os pássaros cantarem.

Lá é um local agradável, com muitas árvores e é lá que

tem o Clube dos Sargentos (eu nunca fui lá). E tem

também, a Igreja São Judas Tadeu. Depois de andar de

bicicleta pela Praça Poá, podemos ir até a Igreja.

A Igreja São Judas Tadeu é um local onde eu,

particularmente, não frequento, pois não sou devoto e

nem da religião da mesma. Mas lá é muito frequentada e

todo dia 28 eles fazem uma “festa” na Praça Poá.

William Victor Antunes Martins, 14 anos, morador da

Rua Macaé, Bairro da Graça.

William Victor Antunes Martins, 14 anos, morador da Rua Macaé, Bairro da Graça.

__

__

Page 34: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Vó Ephigênia,

nº 27

Em frente da casa de minha avó, tinha um pé de

cipreste da altura de um poste, onde ela e os colegas

brincavam a tarde inteira. Eles brincavam de “nego

fugido”, o famoso esconde-esconde.

Um dia, seus colegas acharam todo mundo e não a

acharam. Ela estava em cima do pé de cipreste. Depois de

um tempo procurando, ela grita lá de cima: “nego fugido”. A

hora que ela gritou seus colegas vieram correndo pra ajudá-

la a descer do cipreste, porque tinham vários morcegos

voando em sua volta.

Vó Ephigênia conta ainda que, quando era pequena,

saiu de casa pra pegar peixes no córrego. Um dia, ela

levou algumas latas pra colocar os peixes. Depois que ela

pegou os peixes, ela foi descer segurando a lata e agarrou

uma planta grande. A planta arrancou, ela caiu no córrego

e perdeu os peixes.

Quando pedi que me contasse alguma coisa de sua

rua, ela sempre dizia “parece que foi ontem” e caía na

risada.

__

A Rua

de Vó Ephigênia,

nº 27

__

Laura Fernanda Rodrigues Gomes, 14 anos, narradora da Rua Cabrobó, Bairro Sagrada Família.

__

__

Page 35: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Bisavô do Samuel,

nº 28

No princípio, era tudo mato e água.

Córregos de águas cristalinas, algumas casas e lojas,

escolas distantes e fatigantes.

O córrego é encanado e vira rua. O mato vira

casa e a terra vira asfalto.

Foi instalado um bonde no Horto. Ótimo!

Agora, tudo fica mais fácil, ponto de ônibus, padaria. E

olha os lotes de valorizando. Foi bom o meu bisavô ter

comprado quando tudo era mato. Engraçado, o lote do

meu bisavô era muito maior.

Ah, me lembro do governo fazendo a avenida

e cortando o lote no meio. E para aqueles que querem ser

amados, Rua Santo Amaro.

E se você quer ver uma avenida linda,

Avenida Petrolina. Se duvida de um bairro com pessoas

unidas, Bairro Sagrada Família!

Meu bisavô coloca o olhar longe, bem longe e,

nele, vejo um sorriso.

Samuel Dayher Silva Francisco, 14 anos, morador da Rua Santo Amaro, Bairro Sagrada Família.

__

__

Page 36: A Rua de Todos Nós

A Rua

do Bisavô do Samuel,

nº 28

No princípio, era tudo mato e água.

Córregos de águas cristalinas, algumas casas e lojas,

escolas distantes e fatigantes.

O córrego é encanado e vira rua. O mato vira

casa e a terra vira asfalto.

Foi instalado um bonde no Horto. Ótimo!

Agora, tudo fica mais fácil, ponto de ônibus, padaria. E

olha os lotes de valorizando. Foi bom o meu bisavô ter

comprado quando tudo era mato. Engraçado, o lote do

meu bisavô era muito maior.

Ah, me lembro do governo fazendo a avenida

e cortando o lote no meio. E para aqueles que querem ser

amados, Rua Santo Amaro.

E se você quer ver uma avenida linda,

Avenida Petrolina. Se duvida de um bairro com pessoas

unidas, Bairro Sagrada Família!

Meu bisavô coloca o olhar longe, bem longe e,

nele, vejo um sorriso.

Samuel Dayher Silva Francisco, 14 anos, morador da Rua Santo Amaro, Bairro Sagrada Família.

__

__

Page 37: A Rua de Todos Nós

__

A Rua

da Avó Marta Maria,

nº 29

Minha avó Marta Maria de 71 anos me contou

como era o meu bairro e a minha rua alguns anos atrás.

Ela disse que meu avô construiu a primeira casa do Santa

Inês, ou seja, foi a primeira moradora do bairro e ao redor de

sua casa não tinham casas. Era apenas mato à direita e mato à

esquerda e de frente à casa tinha um córrego que algumas

pessoas de bairros vizinhos vinham lavar suas roupas e nesse

costume, eram as mulheres apelidadas de lavadeiras.

E minha avó já com seus 6 filhos deixava suas

crianças brincarem livremente e até podia nadar no córrego de

tão limpa que era a água. E com o passar dos anos, o bairro foi

crescendo sem medidas, e antigamente co lado do córrego

tinha um buraco imenso, onde as crianças poderiam brincar

sem riscos de sofrerem acidentes e que depois de algumas

transformações, o buraco começou a se chamar de Areia Branca,

onde as pessoas poderiam se distrair com a paisagem e as

crianças andarem de bicicleta.

O Santa Inês é, hoje, um bairro considerado como

de classe média e o buraco, que se chamava Areia Branca,

virou Estação do Metrô. A José Cândido e a Santa Inês são as

duas estações localizadas no bairro.

E, hoje, minha avó conta esta história com orgulho e

prazer, por ser a primeira moradora do bairro.

Isabelle Rodrigues dos Santos, 15 anos, cronista da Rua Timóteo, Bairro Santa Inês.

Isabelle Rodrigues dos Santos, 15 anos, cronista da Rua Timóteo, Bairro Santa Inês.

__

Page 38: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Dona Maria José

Lopes, nº 30

A Dona Maria José conta que mora no bairro

Santa Tereza desde 1958, na Rua Divinópolis, e que

nasceu na Maternidade da Rua Paraisópolis onde, hoje, é

o Hospital Mário Pena.

Ela diz que houve várias mudanças no bairro e que

antes tinha uma favela no local 225 da rua e, hoje, é o

Lar de Idosos Santa Terezinha.

O comércio cresceu bastante e existem vários

barzinhos, restaurantes, novos vizinhos e condomínios.

Tem uma praça de lazer muito boa e sempre tem

eventos, festival de cinema nacional e seresta. O nome da

praça é Duque de Caxias.

Tem também, há anos, o bar, restaurante e pizzaria

chamado Bolão, com seu tradicional espaguete, desde

1985.

Hoje, Dona Maria José casou, tem 6 filhos adultos

que moram no lugar. Ela relata ainda que o bairro é

tranquilo de morar.

Gabrielli Lourenço Teixeira da Silva, 14 anos, escritora da

Rua Divinópolis, Bairro Santa Tereza.

__

Gabrielli Lourenço Teixeira da Silva, 14 anos, escritora da Rua Divinópolis, Bairro Santa Tereza.

__

__

Page 39: A Rua de Todos Nós

__

A Rua

de Guilherme de Oliveira,

nº 31

Meu bairro se chama Renascença onde nasci e

fui criado. Já ouvi muitas histórias sobre a minha rua e

sobre o meu bairro, que foi muito conhecido por causa da

fábrica de tecidos Renascença. Não foi da minha época,

mas meus bisavós contavam muitas histórias desta

fábrica, porque trabalharam nela.

Era um bairro muito movimentado. Hoje, onde era a

fábrica, depois de muito tempo desativada, fizeram uma

Faculdade chamada Universo. Na época de meus avós e

pais, existia um clube bastante grande chamado Clube

Renascença, onde, eles o frequentavam durante quase o

dia inteiro. Este clube era muito conhecido também

porque tinha um grande campo, onde times mineiros

como Atlético, Cruzeiro, América, etc. vinham treinar.

Quando havia treinos, meu pai, que se chama Marco

Aurélio Oliveira, me disse que tinha fila para entrar no

clube e que muitas vezes, existia até briga.

O bairro cresceu muito e ficou muito perigoso ficar

sozinho na rua. Meus pais não deixam mais eu brincar na

rua com meus vizinhos. Meus bisavós já morreram, mas

tinha uma vizinha que era muito amiga de minha bisavó

que me contava várias coisas que tinham no bairro,

principalmente, as queimas de São Judas, que

especialmente acontecia na minha rua. Os meus pais

nasceram e foram criados aqui. Já me contaram muitas

histórias. Eu fico triste, porque eles podiam brincar na

Page 40: A Rua de Todos Nós

rua, porque a rua era muito calma. Eles brincavam na

pracinha de brincadeiras diferentes que, hoje, não têm

mais. Apesar de não brincar na rua, gosto muito do meu

bairro Renascença e de suas histórias.

Guilherme Oliveira de Souza, 14 anos, escritor da Rua Paru, Bairro Renascença.

Guilherme Oliveira de Souza, 14 anos, escritor da Rua Paru, Bairro Renascença.

__

Page 41: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Gabriella Candian,

nº 32

Eu conversei com um morador da Rua Barão de

Saramenha, no bairro Santa Tereza, que reside no local

há mais de 50 anos. Ele me informou que, na época em

que começou a construir a sua casa, ainda não havia

muitas casas e a rua era de terra e cheia de buracos.

A rua começou a se desenvolver em Santa Tereza

em sentido bairro Horto, mas foi interrompida. A partir de

certa altura, havia um imenso brejo e até uma mina

d’água que diziam ser mineral. Como não havia

movimento de veículos, os meninos da vizinhança se

reuniam para jogar bola onde hoje é esta rua. Existia um

campinho com traves de bambu, onde todas as tardes,

eles faziam suas peladas.

Nas poucas casas que já haviam por perto, as

pessoas criavam porcos e galinhas, que transitavam

tranquilamente pelas imediações. Os poucos moradores

acordavam com o tranquilo canto dos galos, o ronco dos

porcos e o latido dos cães. Aos poucos foram surgindo

uma casa aqui, outra ali até fechar o primeiro e o

segundo quarteirões. Faltava apenas o terceiro que seria

o encontro com a Rua Pouso Alegre.

Hoje, não existe um só lote vago e alguns prédios

surgiram no lugar de antigas moradas.

Gabriella Candian Félix Teixeira, 15 anos, escritora da Rua Barão de Saramenha, Bairro Santa Tereza.

__

__

Page 42: A Rua de Todos Nós

A Rua

de Vicente Raimundo,

nº 33

Eu não me lembro, mas o Senhor Vicente

Raimundo sempre ensinou para mim e minhas irmãs que

a nossa rua melhorou muito.

Ele diz que, mais ou menos uns dez anos, a rua não

era asfaltada, era baixa e etc. e, para pegar ônibus, os

moradores tinham que andar muito. Hoje, já é totalmente

asfaltada, com alguns buracos, é claro, mas está ótima. O

ônibus agora para na porta.

A vizinhança aumentou demais, mas a amizade não

diminuiu. Na realidade, a amizade só aumentou entre os

pais, entre os avós e, principalmente, entre os filhos.

A violência aqui aumentou sim, mas ele diz que teria mais

medo de deixar suas filhas brincando na rua antigamente

e que, hoje, não. Há viatura de polícia que circula pelo

bairro constantemente.

Eu concordo com o Senhor Vicente que diz que os

outros fazem má impressão da minha rua, “por causa das

pessoas simples que vivem aqui”. Eles não conhecem de

perto o tipo das pessoas que vivem aqui.

Denúbia Maria Souza e Silva, 14 anos, escritora da

Rua Hervaldo Braga, Bairro Paulo VI.

Denúbia Maria Souza e Silva, 14 anos, escritora da Rua Hervaldo Braga, Bairro Paulo VI.

__

__