A TEORIA DEMOCRÁTICA DE JOHN DEWEY

O argumento central é o de que a teoria democrática de John Dewey ao mesmo tempo

em que é uma alternativa às abordagens republicanistas e procedimentalista, antecede

a estas em seus fundamentos e se caracteriza por:

Uma distinção entre a democracia enquanto idéia e a enquanto sistema de governo (a democracia política);

A democracia enquanto idéia é um modo de vida; A idéia de democracia não se limita à esfera estatal, pois transcende o Estado

na medida em que se encontra em todas as formas de convívio e organização social (família, escola, trabalho, etc.);

A democracia não deve ser confundida com as instituições, dado que as formas de convívio entre os indivíduos é que são refletidas nas instituições;

Há uma mediação da sociedade, através de um comunitarismo democrático, para que a idéia de democracia alcance as ações de governo;

A democracia não está vinculada apenas à esfera política (partidos, eleições, congresso, governo, etc.). A política é apenas uma das esferas onde se coloca a democracia;

A democracia, mais que uma dimensão representativa, é um autogoverno comunitário que se expressa pela participação;

Esta participação comunitária propicia, concomitantemente, espaço para o desenvolvimento individual, ao mesmo tempo em que assegura a idéia democrática do bem comum;

Dewey, então, propõe que se suplante a idéia de “vontade geral” de Rousseau, na medida em que os Estados modernos somente podem ser verdadeiramente democráticos a partir das “micro-esferas” comunitárias de participação.

Estes pontos permitem que se chegue à conclusão de que a teoria democrática de

John Dewey antecipa as formas de democracia radical como o republicanismo e o

comunicacionismo, bem como suplanta o procedimentalismo, pois que se baseia nas

crenças, valores e potencialidades da ação do homem comum. O radicalismo se dá a

partir da idéia de democracia como modo de vida, e não como exercício de direitos

políticos assegurados pelo Estado. Ademais, o conceito de democracia radical em

Dewey assevera que são as instituições que devem se adaptar à democracia, e não o

contrário, pois devem refletir o nível de preparo moral e intelectual dos cidadãos.