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Matéria A torre do tesouro
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Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 544 - 21/12/2013 - Pág.44 - Estudo
Impresso por Victor da Silva Francisco (177340-2) página 1
Terceira Civilização - Estudo
A Torre de Tesouro está dentro de nós
[20] A Torre de Tesouro
Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda
Trecho da carta
A Torre de Tesouro
Eu [Nitiren] li atentamente a sua carta [Abutsu-bo]. Também recebi seus oferecimentos de mil moedas,
arroz polido e outros artigos para a Torre de Tesouro. Relatei isso com grande respeito ao Gohonzon e
ao Sutra de Lótus. Por favor, fique tranquilo.
Em sua carta, o senhor pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de
Tesouro, que emergiram da terra?”. O ensinamento sobre a Torre de Tesouro é de grande importância.
No oitavo volume da obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Tient’ai explica o
surgimento da Torre de Tesouro. Ele afirma que a torre possui duas funções distintas: dar credibilidade
aos capítulos anteriores e preparar o caminho para a revelação que virá. Por isso, a Torre de Tesouro
surgiu com o propósito de atestar a verdade do ensinamento teórico e introduzir o ensinamento
essencial. Em outras palavras, a torre fechada simboliza o ensinamento teórico; e a torre aberta, o
ensinamento fundamental. A torre aberta revela os dois elementos da realidade e da sabedoria. No
entanto, esse ponto é extremamente complexo, portanto, não entrarei em detalhes neste instante.
Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que, ao ouvirem o ensinamento do Sutra de
Lótus, os três grupos de ouvintes da voz percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro existe
dentro da própria vida. Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a
compreender essa questão. Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra Torre de Tesouro senão a figura
dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus. Nesse sentido, independentemente de as
pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa, aquelas que recitam
Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e, da mesma forma, o próprio Buda Muitos
Tesouros. Não existe outra torre senão o Myoho-rengue-kyo. O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre
de Tesouro e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-rengue-kyo.
Neste momento, o corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto pelos cinco elementos: terra,
água, fogo, vento e espaço. Esses cinco elementos são igualmente os cinco ideogramas do Daimoku.
Portanto, Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo. Nenhum outro
conhecimento é relevante. É a Torre de Tesouro adornada com sete tipos de tesouro — ouvir o correto
ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a meditação, manter uma
prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo. Talvez o senhor acredite que tenha feito
tais oferecimentos à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez
oferecimentos a si próprio. O senhor é Aquele que Traz a Verdade [Buda], originalmente iluminado e
dotado com os Três Corpos. O senhor deve recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com esta convicção.
Assim, o lugar onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de Tesouro. No sutra
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Impresso por Victor da Silva Francisco (177340-2) página 2
consta: “Se existe um local onde o Sutra de Lótus é pregado, então minha Torre de Tesouro surgirá
neste ponto”. Uma fé como a sua é extremamente rara, por essa razão, inscreverei a Torre de Tesouro
especialmente para o senhor. Jamais deve transferi-la a qualquer outra pessoa, exceto para seu filho.
O senhor jamais deve mostrá-la aos outros, a menos que eles possuam uma fé inabalável. Essa é a
razão de meu advento neste mundo.
Abutsu-bo, o senhor merece ser chamado de líder desta província do norte. Será que o senhor é o
Bodhisattva Práticas Puras que renasceu neste mundo como Abutsu-bo e veio me visitar? Que
maravilhoso! Que esplêndido! Minha compreensão é insuficiente para explicar tamanha fé. Deixarei
essa tarefa para o Bodhisattva Práticas Superiores, quando ele fizer seu advento, pois ele tem o poder
de compreender tais coisas. Não digo isso sem uma boa razão. O senhor e sua esposa devem devotar
[suas orações diante] desta Torre de Tesouro de forma reservada. Explicarei com mais detalhes depois.
Com meu profundo respeito,
Nitiren
(END, v. 5, p. 8-10.)
Explanação
Ninguém é mais nobre ou perspicaz que as pessoas comuns. A época está claramente se movendo em
direção a uma era do povo. No entanto, a tendência negativa de considerar o povo como mero meio
para um fim e pisotear a humanidade e a dignidade das pessoas ainda persiste. É justamente por isso
que, ao nos encontrarmos nesta encruzilhada, cultivar indivíduos com convicção inabalável é
extremamente vital.
Acredito firmemente que as preocupações mais relevantes da religião no século 21 devem ser criar
indivíduos capazes de transformar positivamente o espírito da sociedade, formar uma corrente de
respeito a todas as pessoas, e fazer do respeito pela dignidade da vida um valor universal. Pois, são
essas pessoas que abrirão o caminho para a edificação desta era do povo. Essa triunfante era
começará a despontar quando despertarmos para o tesouro que existe em nossa vida.
Tudo começa com a
nossa revolução humana
Qual é o verdadeiro tesouro da nação, da sociedade que criará uma nova era?
O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que passou mais de 27 anos na prisão por causa de
suas crenças, sobrepujou o mal do apartheid e marcou o início de um novo amanhecer de vitórias para
o seu povo. Ao falar sobre sua fé nos seres humanos, ele afirmou: “A maior riqueza [do meu país] é o
seu povo, mais magnífico e verdadeiro que os diamantes mais puros”.1 Tal como ele disse, as pessoas
são verdadeiramente o maior tesouro.
O surgimento de princípios fará, infalivelmente, as pessoas mudarem a sociedade para melhor. Cada
indivíduo é realmente um supremo tesouro. Assim, a revitalização espiritual de cada um é importante
como ponto de partida para todas as mudanças positivas.
Nossa grandiosa revolução humana começa quando despertamos para o verdadeiro aspecto de nossa
vida. Quando nos tornamos conscientes do imenso potencial e da dignidade de nossa própria vida,
naturalmente, reconheceremos o mesmo nos outros.
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Por meio do desenvolvimento de genuíno respeito pela dignidade e pelo valor de si mesmo e do outro,
a humanidade como um todo eleva seu estado de vida. Ao romper a escuridão fundamental ou a
ignorância,2 que turva nossa percepção tanto do nosso próprio potencial quanto o potencial do outro, a
humanidade pode transformar seu carma do conflito e da discórdia.
Quando nos levantamos e agimos com a consciência de que nossa própria vida é a “Torre de Tesouro”
extremamente nobre, é possível erguermos grandes torres da paz e da felicidade em todo o mundo.
Este é o objetivo do Budismo Nitiren.
Nossa revolução interior é a chave para tudo.
Despertar para o nosso verdadeiro eu original é o tema do escrito “A Torre de Tesouro” de Nitiren
Daishonin, dirigido a seu discípulo Abutsu-bo. Nesta edição, vamos estudar como Daishonin ensinou a
ele este princípio essencial.
Eu [Nitiren] li atentamente a sua carta [Abutsu-bo]. Também recebi seus oferecimentos de mil
moedas, arroz polido e outros artigos para a Torre de Tesouro [ou seja, o Gohonzon ou o
Nam-myoho-rengue-kyo]. Relatei isso com grande respeito ao Gohonzon e ao Sutra de Lótus.
Por favor, fique tranquilo.
Em sua carta, o senhor pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de
Tesouro, que emergiram da terra [no 11º capítulo do Sutra de Lótus, ‘Surgimento da Torre de
Tesouro’]?”. O ensinamento sobre a Torre de Tesouro é de grande importância. No oitavo
volume da obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Tient’ai [da China]3
explica o surgimento da Torre de Tesouro. Ele afirma que a torre possui duas funções distintas:
dar credibilidade aos capítulos anteriores [do sutra] e preparar o caminho para a revelação que
virá. Por isso, a Torre de Tesouro surgiu com o propósito de atestar a verdade do ensinamento
teórico [dos catorze primeiros capítulos do sutra] e introduzir o ensinamento essencial [dos
catorze últimos capítulos do sutra]. Em outras palavras, a torre fechada simboliza o
ensinamento teórico; e a torre aberta, o ensinamento fundamental. A torre aberta revela os dois
elementos da realidade e da sabedoria.4 No entanto, esse ponto é extremamente complexo,
portanto, não entrarei em detalhes neste instante.
Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que ao ouvirem o ensinamento do Sutra
de Lótus, os três grupos de ouvintes da voz5 percebem pela primeira vez que a Torre de
Tesouro existe dentro da própria vida (END, v. 5, p. 7).
O magnífico drama do surgimento da Torre de Tesouro
Não é certo se Nitiren Daishonin escreveu “A Torre de Tesouro” durante o exílio em Sado6 ou depois
de ter ido morar no Monte Minobu. Mas recentes pesquisas indicam que, com base no conteúdo da
carta, ela tenha sido escrita quando ele estava no Monte Minobu.
O trecho inicial da carta louva os sinceros oferecimentos de Abutsu-bo, as mil moedas, o arroz polido e
outros artigos. Daishonin também diz que Abutsu-bo havia escrito para ele com a seguinte questão
doutrinária: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de Tesouro, que emergiram da
terra?” (END, v. 5, p. 7)
Para esclarecer o significado deste questionamento, começaremos revendo a cena em que a Torre de
Tesouro surge no 11º capítulo do Sutra de Lótus, “Surgimento da Torre de Tesouro”.
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O capítulo começa descrevendo a Torre de Tesouro, que de repente surge diante dos olhos daqueles
que se reuniam na Assembleia no Pico da Águia. A enorme torre emerge da terra e fica suspensa no
ar. Então, ouve-se uma voz alta vinda do interior dela: “Maravilhoso, maravilhoso! Sakyamuni, o
Honrado pelo Mundo, em quem se pode ter a grande sabedoria da igualdade, um ensinamento para
instruir os bodhisattvas, guardado e mantido em mente pelos budas, o Sutra de Lótus da Maravilhosa
Lei, e o prega pelo bem da grande assembleia! É como o senhor diz, como o senhor diz. Sakyamuni, o
Honrado pelo Mundo, tudo o que o senhor expôs é verdade” (LSOC, cap. 11, p. 209-210 [LS, cap. 11,
p. 171]) .
A voz é do Buda Muitos Tesouros, o Buda do passado, vindo da Terra Pureza de Tesouro, a leste, que
prometeu surgir com sua Torre de Tesouro, a fim de atestar a validade do Sutra de Lótus, onde quer
que este fosse ensinado.
Até aqui, no entanto, a porta da torre permanece fechada e ninguém ainda tinha visto o Buda Muitos
Tesouros sentado em seu interior.
Após, a voz relatou vários acontecimentos surpreendentes, como a “purificação da terra por três
vezes”,7 que prepara o caminho para o encontro da emanação de budas8 dos mundos das dez
direções . Depois de chegar, Sakyamuni sobe e abre a porta da Torre de Tesouro e dentro dela se
senta ao lado do Buda Muitos Tesouros. Com essa série de eventos extraordinários, começa a
Cerimônia no Ar.9 Toda essa esplêndida cerimônia se inicia com o surgimento da Torre de Tesouro.
A Torre de Tesouro é de uma proporção espantosa. É uma enormidade com 500 yojanas10 de altura e
250 yojanas de largura e profundidade — estima-se, de acordo com um cálculo aproximado, que isso
corresponda a cerca de um terço do diâmetro da Terra.
A torre é adornada com sete tipos de tesouro: ouro, prata, lápis-lazúli, madrepérola, ágata, pérola e
cornalina.
Imaginando essa torre colossal, brilhante, suspensa no ar bem diante dos olhos, uma visão de
incomparável magnitude, Abutsu-bo, sem dúvida, teve de pedir para que Daishonin explicasse o seu
significado, daí a pergunta: “Qual é o significado do Buda Muitos Tesouros e sua Torre de Tesouro, que
emergiram da terra?” (END, v. 5, p. 7)
Descobrir a Torre de Tesouro em nossa própria vida
Há muito tempo existem diversas explicações e interpretações sobre o significado da Torre de Tesouro
que aparece no Sutra de Lótus. No entanto, Nitiren Daishonin declara firmemente que nós mesmos
somos a Torre de Tesouro, e que a Torre de Tesouro é também o Gohonzon. Pelo fato de o surgimento
da Torre de Tesouro ter um significado tão profundo e grandioso, Daishonin afirma: “O ensinamento
sobre a Torre do Tesouro é de grande importância” (END, v. 5, p. 7).
Nitiren Daishonin começa sua explicação referindo-se à obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus do
Grande Mestre Tient’ai, afirmando que o surgimento da Torre de Tesouro tem dois propósitos: (1) dar
credibilidade aos primeiros capítulos do sutra [ensinamento teórico], e (2) preparar o caminho para a
revelação que virá nos capítulos seguintes [ensinamento essencial]. Dito de outra forma, diz ele, “a
torre fechada simboliza o ensinamento teórico; e a torre aberta, o ensinamento fundamental” (END, v.
5, p. 7). Contudo, afirma Daishonin: “esse ponto é extremamente complexo, por isso não entrarei em
detalhes neste momento” (END, v. 5, p. 7). Pode-se supor que a razão de ter dito isto é que ele queria ir
diretamente à sua própria conclusão, tocando no cerne da questão. Ele diz: “Em essência, o surgimento
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da Torre de Tesouro indica que, ao ouvirem o ensinamento do Sutra de Lótus, os três grupos de
ouvintes da voz percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro existe dentro da própria vida”
(END, v. 5, p. 7).
A expressão “Três grupos de ouvintes da voz” refere-se aos discípulos-ouvintes de Sakyamuni, os
quais têm a iluminação profetizada no ensinamento teórico (na primeira metade) do Sutra de Lótus.
Nitiren Daishonin afirma que o significado do surgimento da Torre de Tesouro é que esses discípulos,
ao ouvirem o ensinamento do Sutra de Lótus “percebem pela primeira vez que a Torre de Tesouro
existe dentro da própria vida” (END, v. 5, p. 7). Eles chegaram à percepção de que a gigante Torre de
Tesouro que eles julgavam ter surgido fora deles, na realidade, apareceu dentro deles.
Para eles, isso era algo revolucionário, em certo sentido, tal como a visão de mundo geocêntrica de
Ptolomeu foi derrubada pela visão heliocêntrica de Copérnico na Idade Média. Por exemplo, em sua
obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus, Tient’ai explica que a Torre de Tesouro é o corpo do Buda
do Dharma11 e foi vista por aqueles que estavam na Assembleia no Pico da Águia, mas não chega a
mencionar que eles compreenderam que a Torre de Tesouro estava em sua própria vida.
Assim como o título completo do 11º capítulo do Sutra de Lótus indica, a Torre de Tesouro “emerge” ou
“surge” dentro de nós. A resplandecente Torre de Tesouro aparece majestosamente no universo interior
da nossa vida, e notamos isso e despertamos para a sua presença. O surgimento da Torre de Tesouro
significa reconhecer que ela é uma representação da verdadeira realidade da nossa própria vida.
Que tipo de Torre de Tesouro nós, como pessoas dos Últimos Dias da Lei, vemos dentro de nós ao
ouvirmos os ensinamentos do Sutra de Lótus? Daishonin continua a explicação sobre o significado
dessa grande Torre de Tesouro interna com mais detalhes.
Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a compreender essa questão
[de que a Torre de Tesouro existe dentro da sua vida]. Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra
Torre de Tesouro senão a figura dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus.
Nesse sentido, independentemente de as pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social
alta ou baixa, aquelas que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e,
da mesma forma, o próprio Buda Muitos Tesouros (END, v. 5, p .8).
Aqueles que abraçam o Sutra de Lótus nos Últimos Dias da Lei são a própria
Torre de Tesouro
Nitiren Daishonin afirma: “Agora, os discípulos e leigos que apoiam Nitiren também começam a
compreender essa questão” (END, v. 5, p. 8), no sentido de que, assim como os ouvintes da voz da
época de Sakyamuni, agora, seus discípulos nos Últimos Dias da Lei notam e despertam a Torre de
Tesouro dentro da sua própria vida.
E, logo em seguida, vem a conhecida passagem: “Nos Últimos Dias da Lei, não existe outra Torre de
Tesouro senão a figura dos homens e das mulheres que abraçam o Sutra de Lótus. Nesse sentido,
independentemente de as pessoas serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa, aquelas
que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de Tesouro e, da mesma forma, o próprio
Buda Muitos Tesouros” (END, v. 5, p .8).
Aliás, o fundador e primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, sublinhou esse trecho
em vermelho em seu Gosho e inúmeras outras frases de a “A Torre de Tesouro”, o que indica que ele
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também estudou atentamente essa carta.
Quão tocante e surpreendente deve ter sido para Abutsu-bo e sua esposa Senniti ler estas palavras de
Daishonin que explicam o significado da “Torre de Tesouro”, não só em termos das passagens do
sutra, mas também identificando-a diretamente com a própria vida deles. Talvez o casal de idosos
tenha sorrido um para o outro, compartilhando uma profunda gratidão pela explicação de Nitiren
Daishonin.
Nitiren Daishonin declara que a vida de todas as pessoas são a “Torre de Tesouro”,
“independentemente de serem ilustres ou humildes, de classe social alta ou baixa” (END, v. 5, p. 8). No
Budismo, a posição social é irrelevante. Em Registro dos Ensinos Orais, Daishonin afirma: “Quando se
observa o próprio corpo, percebe-se que ele é uma estupa [ou seja, uma torre] dotada dos três mil
mundos.12 E quando se olha para a mente, percebe-se que é um buda dotado dos três mil mundos”
(OTT, p. 229). Podemos dizer que essa passagem indica que o nosso corpo é a Torre de Tesouro, e
que o Buda Muitos Tesouros sentado em seu interior é a nossa mente.
Isso representa uma filosofia que defende o respeito absoluto por todos os seres humanos. Aqueles
que não reconhecem a dignidade e o valor da vida de todas as pessoas e discriminam os outros estão,
na verdade, diminuindo a eles próprios. Valorizar e respeitar os demais são o caminho para fazer brilhar
a nossa própria Torre de Tesouro.
Comprovar a grandiosidade da Lei Mística por meio de nossas ações
Nessa passagem, Nitiren Daishonin também se refere à “figura dos homens e das mulheres que
abraçam o Sutra de Lótus”. A palavra “figura” engloba aspectos tais como o nosso aspecto físico e
nossas ações. Ele não se refere a algo abstrato ou ideal, mas sim à realidade concreta de nossa vida, a
forma como nós sinceramente nos dedicamos aos afazeres cotidianos, aqui e agora.
Daishonin declara que não existe nenhuma Torre de Tesouro que não sejam os seres humanos reais. A
vida daqueles que abraçam a fé no Gohonzon, recitam Nam-myoho-rengue-kyo e propagam o
Budismo, dia após dia, brilha como entidade da Lei Mística. Cada um de nós, tal como somos,
enquanto vivenciamos as alegrias e os sofrimentos deste mundo, somos uma Torre de Tesouro
infinitamente nobre.
E não há quaisquer outras torres de tesouro que brilhem mais intensamente que nossos membros da
SGI, que lutam incansavelmente neste mundo repleto de angústias para transformar o próprio carma e
contribuir para a felicidade dos outros, sem se intimidarem com os comentários negativos de pessoas
mesquinhas.
Nitiren Daishonin afirma que “aquelas que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são a própria a Torre de
Tesouro e, da mesma forma, o próprio Buda Muitos Tesouros” (END, v. 5, p .8). A razão pela qual ele
diz que aqueles que recitam Nam-myoho-rengue-kyo são eles próprios o Buda Muitos Tesouros é que
atestam a validade do Sutra de Lótus, assim como ocorreu no último trecho. Aqueles que testemunham
não são de modo algum meros espectadores passivos. Eles comprovam de forma ativa a Lei Mística
como a verdade mais altiva e a chave para alcançar o estado de Buda, desejando assumir o juramento
de ir onde o ensinamento budista estiver sendo explicado ou compartilhado.
Não poderia deixar de mencionar os heroicos esforços dos nossos estimados pioneiros, os membros do
Grupo Muitos Tesouros, que verdadeiramente incorporam esse ideal. Meu mestre e segundo
presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, também elogiou por diversas vezes nossos membros mais
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idosos que possuíam uma rica experiência de vida chamando-os de “aqueles que testemunham tal
como o Buda Muitos Tesouros” e de “nossos nobres companheiros Muitos Tesouros”. Vários
integrantes do Grupo Muitos Tesouros vêm perseverando sinceramente em sua prática budista há
vinte, trinta ou mesmo cinquenta anos. Esforçando-se ao meu lado, eles venceram inúmeros revezes
em nossa batalha pelo Kossen-rufu e também em sua vida pessoal. E continuam a bradar e demonstrar
por meio de suas ações a grandiosidade do Budismo Nitiren e da Soka Gakkai. Apesar de não serem
famosos, da perspectiva do Budismo, ninguém é mais nobre ou heroico que eles. Suas confiantes
palavras carregam o peso de longos anos de experiência de uma vida rica. Sua própria vida é uma
prova da verdade da Lei Mística.
Após o terremoto e tsunami que assolaram o Japão em 11 de março [de 2011], em meio a sofrimentos
e amarguras, um membro do Grupo Muitos Tesouros compôs estes versos, prometendo se reerguer e
reconstruir sua vida. Suas palavras fizeram lágrimas brotarem em meus olhos:
Apesar de tudo
Que foi tirado de mim,
Algo persiste:
A chama acesa em meu coração.
Membros mais idosos residentes nas áreas afetadas pela tragédia avançam com um espírito invencível,
determinados a jamais serem derrotados. Eles são amados e confiados por seus amigos e pelas
pessoas em geral em suas comunidades devido à sua inabalável convicção. Cada um deles é
realmente uma magnífica Torre de Tesouro e um Buda Muitos Tesouros que atestam a verdade dos
ensinamentos de Nitiren Daishonin.
Minha esposa e eu oramos fervorosamente pela a saúde e longevidade de todos os nossos membros
que estão em seus anos dourados tanto no Japão como ao redor do globo.
Não existe outra torre senão o Myoho-rengue-kyo.13 O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de
Tesouro e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-rengue-kyo.
Neste momento, o corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto pelos cinco elementos:
terra, água, fogo, vento e espaço.14 Esses cinco elementos são igualmente os cinco ideogramas
do Daimoku. Portanto, Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é
Abutsu-bo. Nenhum outro conhecimento é relevante. É a Torre de Tesouro adornada com sete
tipos de tesouro — ouvir o correto ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos
preceitos, praticar a meditação, manter uma prática assídua, renunciar aos apegos e observar a
si mesmo (END, v. 5, p. 8-9).
Gohonzon, o límpido espelho a iluminar todas as pessoas
A partir deste trecho, Nitiren Daishonin enfatiza que Abutsu-bo é a própria a Torre de Tesouro do
Myoho-rengue-kyo, adornada com os sete tipos de tesouro, e que Abutsu-bo é o próprio Buda. Ele
então explica por que afirma que Abutsu-bo é a Torre de Tesouro.
Ele inicia dizendo: “O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é o
Nam-myoho-rengue-kyo” (END, v. 5, p. 8). A Torre de Tesouro do Sutra de Lótus não é outra senão o
Nam-myoho-rengue-kyo. O Daimoku do Sutra de Lótus é a Torre de Tesouro, que Daishonin inscreveu
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na forma do Gohonzon, o objeto de devoção.
No Registro dos Ensinos Orais, Daishonin diz: “Agora que Nitiren e seus discípulos recitam
Nam-myoho-rengue-kyo, eles enxergam e compreendem os dez mil fenômenos como se estivessem
refletidos num espelho límpido. Esse espelho límpido é o Sutra de Lótus; e, em particular, é o capítulo
‘Surgimento da Torre de Tesouro’” (OTT, p. 149).
Sem um espelho não conseguimos enxergar o nosso rosto. Da mesma forma, também precisamos de
um espelho límpido, a fim de ver a Torre de Tesouro de nossa própria vida. Daishonin inscreveu o
Gohonzon para servir como esse espelho. O Gohonzon é a representação do seu próprio estado de
iluminação, como Buda, dos Últimos Dias da Lei. Portanto, quando recitamos Nam-myoho-rengue-kyo
diante do Gohonzon como nosso espelho límpido, nosso próprio estado de Buda inerente à nossa vida
emerge poderosamente. O objetivo do Gohonzon é fazer surgir essa Torre de Tesouro dentro de cada
um de nós.
Somos a Torre de Tesouro da Lei Mística
No trecho seguinte, Nitiren Daishonin afirma: “O corpo inteiro do Honorável Abutsu-bo é composto
pelos cinco elementos: terra, água, fogo, vento e espaço. Esses cinco elementos são igualmente os
cinco ideogramas do Daimoku [Myoho-rengue-kyo]” (END, v. 5, p. 8-9). Em resumo, nosso próprio
corpo é uma entidade do Myoho-rengue-kyo, ou Lei Mística. A Torre de Tesouro representa cada um de
nós que recitamos Nam-myoho-rengue-kyo. Este é o significado da declaração de Nitiren Daishonin:
“Abutsu-bo é a própria Torre de Tesouro e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo” (END, v. 5, p. 9). Essas
palavras douradas, em sua essência, podem ser vistas como a conclusão do Budismo Nitiren, e é por
isso que logo em seguida Daishonin ressalta: “Nenhum outro ensinamento é relevante” (END, v. 5, p.
9).
Essa é a profunda visão do Buda dos Últimos Dias da Lei. Para Nitiren Daishonin, a Torre de Tesouro
infinitamente preciosa não brilha de forma mais reluzente em nenhum outro lugar que não seja na vida
das pessoas comuns desta conturbada era. Se toda a humanidade conseguisse perceber a suprema
dignidade e o valor de cada pessoa, o rumo da história mudaria para melhor. O ponto essencial está
em reconhecer a dignidade da vida de cada pessoa, em abrir os nossos olhos para quanto cada
indivíduo é precioso e digno de respeito.
O filósofo americano Henry David Thoreau (1817–1862), falando sobre a evolução gradual dos
sistemas políticos para a democracia, descreveu esse processo como “um progresso em direção ao
verdadeiro respeito pelo indivíduo”.15 Em outras palavras, a humanidade só evoluirá genuinamente
quando a sociedade respeitar, valorizar e capacitar todo e qualquer indivíduo de forma adequada à sua
verdadeira dignidade e valores que possuem originalmente em seu interior.
Thoreau observou um futuro de realização desse ideal social: “Jamais haverá um Estado realmente
livre e esclarecido, até que este passe a reconhecer o indivíduo como o maior e mais independente
poder, do qual todo o seu comando e sua autoridade são derivados, e tratá-lo adequadamente”.16
O capítulo “Surgimento da Torre de Tesouro” ensina que a vida de cada pessoa tem um valor e um
brilho iguais aos do próprio universo, superando os valores de qualquer nação ou mesmo o mundo
como um todo. Cada indivíduo é a personificação dessa dignidade. O verdadeiro significado do
surgimento da Torre de Tesouro do Sutra de Lótus é despertar as pessoas para este sublime potencial
inato que todos nós possuímos.
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Os esforços que empreendemos em nossa prática budista são os sete tipos de
tesouro
Nitiren Daishonin, então, continua: “É a Torre de Tesouro adornada com os sete tipos de tesouro —
ouvir o correto ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a
meditação, manter uma prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo” (END, v. 5, p.
8-9).
Se a Torre de Tesouro é a própria vida das pessoas comuns, então o que seriam os sete tipos de
tesouro que adornam a vida dos que abraçam a Lei Mística, que correspondem aos sete tipos de
preciosidades, tal como ouro, prata e lápis-lazúli que adornam a Torre de Tesouro no Sutra de Lótus?
Daishonin diz que eles são os sete elementos indispensáveis à prática budista — “ouvir o correto
ensinamento, acreditar nesse ensinamento, disciplina aos preceitos, praticar a meditação, manter uma
prática assídua, renunciar aos apegos e observar a si mesmo” (END, v. 5, p. 9).
Para nós, que praticamos o Budismo Nitiren, esses sete tipos de tesouro representam: (1) ouvir o
ensinamento da Lei Mística, (2) acreditar na Lei Mística, (3) disciplinas aos preceitos da Lei Mística [ou
seja, abraçar e proteger o Sutra de Lótus (o Gohonzon) (cf. OTT, p. 37)], (4) concentrar nossa mente na
Lei Mística [ou seja, orar ao Gohonzon], (5) esforçar-se diligentemente na fé e na prática, (6) erradicar o
nosso egocentrismo, pondo a fé em primeiro lugar, e (7) exercitar a sincera autorreflexão e tentar
continuamente melhorar a si mesmo dia após dia.Daishonin ensina que todos esses elementos
compõem a fé na Lei Mística. De fato, se analisarmos as nossas atividades diárias na SGI, podemos
ver que esta afirmação é verdadeira.
No que diz respeito aos sete tipos de tesouro, em última análise, eles não são joias ou pedras
preciosas que adornam a nossa vida e a Torre de Tesouro (natureza de Buda) em nosso interior, mas
sim nosso coração e nossas ações.
Talvez o senhor [Abutsu-bo] acredite que tenha feito tais oferecimentos à Torre de Tesouro do
Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez oferecimentos a si próprio. O
senhor é Aquele que Traz a Verdade [Buda] originalmente iluminado e dotado com os Três
Corpos.17 O senhor deve recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com esta convicção. Assim, o lugar
onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de Tesouro. No [capítulo
“Surgimento da Torre de Tesouro” do] sutra consta: “Se existe um local onde o Sutra de Lótus é
pregado, então minha Torre de Tesouro surgirá neste ponto” [cf. LSOC, cap. 11, p. 210 (LS, cap.
11, p. 171)].18 Uma fé como a sua é extremamente rara, por essa razão, inscreverei a Torre de
Tesouro [na forma de Gohonzon] especialmente para o senhor. Jamais deve transferi-la a
qualquer outra pessoa, exceto para seu filho. O senhor jamais deve mostrá-la aos outros, a
menos que eles possuam uma fé inabalável. Essa é a razão de meu advento neste mundo.
Abutsu-bo, o senhor merece ser chamado de líder desta província do norte [denominada Sado].
Será que o senhor é o Bodhisattva Práticas Puras19 que renasceu neste mundo como
Abutsu-bo e veio me visitar? Que maravilhoso! Que esplêndido! Minha compreensão é
insuficiente para explicar tamanha fé. Deixarei essa tarefa para o Bodhisattva Práticas
Superiores [que lidera os Bodhisattvas da Terra],20 quando ele fizer seu advento, pois ele tem o
poder de compreender tais coisas. Não digo isso sem uma boa razão. O senhor e sua esposa
devem devotar [suas orações diante] desta Torre de Tesouro [o Gohonzon] de forma reservada.
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Explicarei com mais detalhes depois.
Com meu profundo respeito,
Nitiren
(END, v. 5, p. 9-10.)
A Torre de Tesouro surge em nossa vida exatamente onde estamos agora
Nesta passagem, Nitiren Daishonin escreve: “Talvez o senhor [Abutsu-bo] acredite que tenha feito tais
oferecimentos à Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros, mas isso não é verdade. O senhor fez
oferecimentos a si próprio” (END, v. 5, p. 9). Os oferecimentos que fazemos à Torre de Tesouro — isto
é, ao Gohonzon — são, na verdade, oferecimentos a nós mesmos.
Daishonin também afirma que o próprio Abutsu-bo é “Aquele que Traz a Verdade [Buda] originalmente
iluminado e dotado com os três corpos” (END, v. 5, p. 9) — que significa um buda completo e perfeito.
Esta é uma extraordinária declaração de que cada um de nós é originalmente um buda.
O Gohonzon nos permite elevar nossa condição de vida e evidenciarmos o nosso melhor. Isso é o que
distingue o Budismo Nitiren como um ensinamento verdadeiramente humanista. Além disso, somos
“Aquele que Traz a Verdade [Buda] originalmente iluminado e dotado com os Três Corpos” e somos a
Torre de Tesouro, portanto, onde quer que estejamos, este é o local da Torre de Tesouro. Tal como
Daishonin escreve nesta carta: “o lugar onde o senhor recita Daimoku se tornará a morada da Torre de
Tesouro” (END, v. 5, p. 9). Isso significa que não precisamos buscar a Torre de Tesouro em qualquer
outro lugar.
A todo momento e onde quer que oremos com forte fé no Gohonzon, esse tempo e esse lugar se
tornarão imediatamente a Cerimônia no Ar e o Pico da Águia, e a Torre de Tesouro se erguerá bem
alta.
Elogios e anseios de Nitiren Daishonin a seu fiel discípulo
Nitiren Daishonin representou Torre de Tesouro do Sutra de Lótus visualmente na forma do Gohonzon.
Ele diz a Abutsu-bo: “inscreverei a Torre de Tesouro especialmente para o senhor” (END, v. 5, p. 9).
“Inscrever a Torre de Tesouro” significa inscrever o Nam-myoho-rengue-kyo como objeto de devoção, o
Gohonzon, por meio do qual Daishonin firmou o caminho para todas as pessoas atingirem o estado de
Buda na realidade atual de sua vida diária. Este é o propósito fundamental de seu advento neste
mundo como o Buda dos Últimos Dias da Lei.
Elogiando a resoluta fé e a prática altruísta de Abutsu-bo, Nitiren Daishonin o chama de “líder desta
província do norte [denominada Sado]” (END, v. 5, p. 9). Abutsu-bo era de fato um genuíno líder do
Kossen-rufu.
Aqueles que despertaram para o fato de que eles são também a Torre de Tesouro, naturalmente,
percebem que a Torre de Tesouro existe igualmente na vida dos demais e, por isso, procuram ajudar
os outros a descobrir a Torre de Tesouro dentro de si, da mesma forma. Começando por Abutsu-bo,
muitas pessoas em toda região de Sado e nos arredores do norte do Japão um dia viriam a abraçar a fé
no Budismo Nitiren e brilhariam como torres de tesouro. Podemos ler essas palavras de Daishonin
como um sério incentivo a Abutsu-bo, solicitando que se levantasse e lutasse junto com ele, como um
verdadeiro discípulo e líder do Kossen-rufu.
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É também por essa razão que Nitiren Daishonin afirma: “Será que o senhor é o Bodhisattva Práticas
Puras que renasceu neste mundo como Abutsu-bo” (END, v. 5, p. 9-10). Daishonin, sem dúvida, sentiu
que o apoio e a proteção oferecidos por Abutsu-bo, sob risco de morte, se deviam a algum laço budista
maravilhoso do passado que os ligava. Expressando sua sincera gratidão à devoção de Abutsu-bo,
Nitiren Daishonin exclama: “Que maravilhoso! Que esplêndido! Minha compreensão é insuficiente para
explicar tamanha fé. Deixarei essa tarefa para o Bodhisattva Práticas Superiores [que lidera os
Bodhisattvas da Terra], quando ele fizer seu advento, pois ele tem o poder de compreender tais coisas”
(END, v. 5, p. 10).
No final, Nitiren Daishonin incentiva Abutsu-bo e sua esposa Senniti a protegerem cuidadosamente o
Gohonzon e a recitarem Nam-myoho-rengue-kyo diante dele. Ele escreve: “O senhor e sua esposa
devem devotar [suas orações diante] desta Torre de Tesouro [o Gohonzon] de forma reservada” (END,
v. 5, p. 10). A razão pela qual ele emprega a expressão “de forma reservada” se deve provavelmente
ao fato de que, mesmo depois de ter sido perdoado do exílio em Sado, a situação ainda era difícil para
os seus discípulos naquela remota ilha. Talvez por isso ele os convoque a tomar o máximo cuidado
com o Gohonzon e a recitar Daimoku diante dele, com o desejo de que manterão uma fé inabalável
baseada no Gohonzon durante todo o tempo.
Fazer ressoar um grande hino à humanidade e à vida
Em 1991 — há exatas duas décadas [explanação realizada em 2011] —, na época em que lutávamos
para garantir nossa independência espiritual, logo após o segundo incidente com o clero, a SGI estudou
o escrito “A Torre de Tesouro” repetidamente.
“Minha vida é a Torre de Tesouro!” — Creio firmemente que chegou o momento para esse espírito
humanista universal, baseado na filosofia do respeito e da afirmação da vida do Budismo Nitiren, fazer
ressoar em todo o mundo um grande hino à humanidade e à vida.
A Torre de Tesouro adornada com os sete tipos de tesouro simboliza a nossa própria dignidade
essencial e nobreza. Nossa própria vida é uma majestosa Torre de Tesouro.
Nitiren Daishonin nos ensina: “Se examinarmos a natureza do Myoho-rengue-kyo, veremos que essa
[Torre de] Tesouro não é outra senão todos os seres vivos, e todos os seres vivos nada mais são que a
entidade completa do Nam-myoho-rengue-kyo” (OTT, p. 230).
Por sempre nos empenharmos para ver a Torre de Tesouro contida em nós mesmos e nos outros,
fazemos a causa para cada vez mais e mais torres de tesouro surgirem em nossas comunidades e no
mundo. Vamos erguer também torres de tesouro do Kossen-rufu em nossas comunidades, deixando
um eterno monumento de nossas realizações neste mundo. Vamos adornar nossa vida com orgulho e
alegria: “Aqui está a minha Torre de Tesouro!” Vamos fazer emergir a Torre de Tesouro dentro de nós e
ajudar muitos outros a fazer o mesmo. O brilho cintilante da torre de sete tipos de tesouro reflete
diretamente o brilho da nossa revolução humana. Aqueles que se esforçam sempre brilham. A vida dos
que se dedicam ao grande juramento do Kossen-rufu emana uma luz infinita tal como uma joia
preciosa.
Cada membro da SGI é um valente campeão e herói do Kossen-rufu que possui a missão de fazer com
que as grandiosas torres de tesouro da dignidade humana e do respeito surjam em todo o mundo, algo
pelo quão toda a humanidade anseia. Finalmente, esse tempo chegou!
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(Daibyakurengue,
edição de outubro de 2011.)
Com a colaboração/revisão
do Departamento de Estudo
do Budismo (DEB) da BSGI
Notas:
1. MANDELA Nelson. Long Walk to Freedom: The Autobiography of Nelson Mandela [A Longa
Caminhada para a Liberdade: Autobiografia de Nelson Mandela]. Boston: Little, Brown and Company,
1994. p. 542.
2. Escuridão fundamental ou ignorância: Ilusão mais profundamente enraizada à vida e dela derivam
todas as outras ilusões. Consiste na incapacidade de enxergar ou reconhecer a verdade, em especial a
verdade sobre a natureza da vida.
3. Tient’ai (538–597): Também conhecido como Chih-i, é o fundador da escola Tient’ai na China.
Comumente referido como o Grande Mestre Tient’ai. Suas explanações foram compiladas nas obras O
Profundo Significado do Sutra de Lótus, Palavras e Frases do Sutra de Lótus e Grande Concentração e
Discernimento. Ele propagou o Sutra de Lótus na China e estabeleceu a doutrina de Três Mil Mundos
num Único Momento da Vida.
4. Em relação aos dois elementos da realidade e da sabedoria, o presidente Ikeda escreve: “Este é um
princípio fundamental que explica a iluminação do Buda. A palavra ‘realidade’ se refere à verdade ou à
realidade objetiva, e inclui todas as coisas espirituais e físicas. ‘Sabedoria’ indica a sabedoria subjetiva
para perceber ou iluminar essa verdade. A monumental sabedoria do Buda não só ilumina a verdadeira
natureza de todos os fenômenos universais, mas também nos possibilita compreender que nós próprios
somos entidades da Lei Mística. O ponto essencial com relação a esses dois elementos — realidade e
sabedoria — é iluminar nossa verdadeira identidade com a luz de vasta sabedoria. Esta é a fusão entre
a realidade e a sabedoria, por meio da qual atingimos o estado de vida elevado e perfeitamente sereno
de um buda” (SGI Newsletter n. 7.640; TC, ed. 493, set. 2009). No escrito “A Torre de Tesouro”, os dois
elementos da realidade e sabedoria são representados pelos Budas Muitos Tesouros e Sakyamuni,
respectivamente, ambos sentados juntos dentro da torre de tesouro aberta.
5. Três grupos de ouvintes da voz: Também chamado de Três grupos de discípulos ouvintes da voz.
Discípulos ouvintes da voz de Sakyamuni cuja iluminação é profetizada no ensinamento teórico (da
primeira metade) do Sutra de Lótus. Lá, Sakyamuni ensina que o único propósito do advento do Buda é
expor o veículo único do Buda, ou o ensinamento que conduz todas as pessoas ao estado de Buda. Ele
explica que os três veículos, ou os ensinamentos dirigidos aos ouvintes da voz, aos que despertaram
para a causa e aos bodhisattvas, estabelecidos no sutras anteriores, não são um fim em si mesmo,
mas apenas meios para guiar as pessoas ao supremo veículo do estado de Buda. Esse conceito é
chamado de “substituição dos três veículos pelo veículo único”. Os discípulos do Buda Sakyamuni são
divididos em três grupos de acordo com sua capacidade de compreensão do ensinamento: de
capacidade superior, intermediária e inferior. Essa divisão tradicional de acordo com a capacidade foi
empregada por Tient’ai e outros estudiosos na interpretação do Sutra de Lótus.
6. Exílio em Sado: O exílio de Nitiren Daishonin na Ilha de Sado, no mar do Japão, durou de outubro de
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1271 a março de 1274. Quando o sacerdote Ryokan, do templo Gokurakuji da escola
Preceitos-Verdadeira Palavra, de Kamakura, foi derrotado por Daishonin num desafio de orações por
chuva, ele espalhou falsos boatos sobre Daishonin, usando sua influência com esposas e viúvas de
funcionários do alto escalão do governo. Isso levou a um embate entre Nitiren Daishonin e Hei no
Saemon, subchefe do Escritório de Assuntos Militares e de Polícia, que o prendeu e confabulou para
executá-lo em Tatsunokuti, em setembro de 1271. Quando essa tentativa de execução falhou, as
autoridades condenaram Daishonin, no mês seguinte, ao exílio na Ilha de Sado, o que equivalia a uma
sentença de morte. No entanto, quando as previsões de Nitiren Daishonin sobre a guerra interna e a
invasão estrangeira se cumpriram, o governo emitiu seu perdão em março de 1274, e ele retornou a
Kamakura.
7. Purificação da terra por três vezes: Também conhecida como tríplice transformação da terra.
Refere-se ao ato de Sakyamuni purificar por três vezes inúmeras terras, na preparação para a
Cerimônia no Ar, dando lugar à reunião de budas dos mundos das dez direções, que são suas
emanações, descrito no capítulo “Surgimento da Torre de Tesouro” do Sutra de Lótus.
8. Emanação dos budas: Também chamada de emanação do Buda, ou simplesmente emanações.
Corresponde a manifestações de budas distintas de um verdadeiro buda. De acordo com a crença
Mahayana, um verdadeiro buda pode dividir seu corpo em um número infinito de vezes e aparecer em
incontáveis mundos de uma só vez com o propósito de salvar as pessoas desses mundos. Daí a
expressão “emanação dos budas das dez direções” e outras semelhantes. No capítulo “Surgimento da
Torre de Tesouro” do Sutra de Lótus, Sakyamuni convoca os budas, que são suas emanações das dez
direções, a fim de começar a Cerimônia no Ar.
9. Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra de Lótus, na qual toda a reunião fica
suspensa no espaço, acima do mundo saha. Ela se estende desde o 11º capítulo do Sutra de Lótus,
“Surgimento da Torre de Tesouro”, até o 22º capítulo do sutra, “Transferência”. A essência dessa
cerimônia é a revelação da iluminação original do Buda no remoto passado e a transferência da
essência do sutra para os Bodhisattvas da Terra, que são liderados pelo Bodhisattva Práticas
Superiores.
10. Yojana: Unidade de medida usada na Índia antiga. Acredita-se que corresponda à distância que o
exército real podia marchar num único dia. De acordo com uma explicação, um yojana equivale a
aproximadamente 10 quilômetros.
11. Corpo do Dharma: Também chamado de Corpo da Lei. Um dos três corpos — Corpo do Dharma,
Corpo da Recompensa e Corpo Manifesto. O Corpo do Dharma corresponde à essência do estado de
Buda, à suprema verdade ou Lei, e à verdadeira natureza da vida do Buda. Significa também que o
corpo de um buda, por si só, é a própria Lei.
12. Três Mil Mundos: Os Três Mil Mundos, ou todo o mundo fenomenal, existe dentro de um único
momento da vida. O número três mil é o resultado do seguinte cálculo: Dez Mundos x Dez Mundos x
Dez Fatores x Três Domínios da Existência. A vida em qualquer momento se manifesta em um dos Dez
Mundos. E cada um desses mundos possui o potencial para todos os dez dentro dele, isto é, a
Possessão Mútua dos Dez Mundos que é representada por uma centena de mundos possíveis. Cada
um desses cem mundos possui os Dez Fatores, perfazendo um total dez mil fatores ou potenciais, e
estes operam dentro de cada um dos Três Domínios da Existência, resultando, assim, em Três Mil
Mundos.
13. Em seus escritos, Daishonin usa frequentemente Myoho-rengue-kyo como sinônimo de
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Nam-myoho-rengue-kyo, o Daimoku do Sutra de Lótus. Myoho-rengue-kyo é escrito com cinco
ideogramas chineses, enquanto Nam-myoho-rengue-kyo é escrito com sete (nam, ou namu, sendo
composto por dois ideogramas).
14. Cinco elementos: De acordo com uma antiga crença indiana, são os cinco elementos que
constituem todas as coisas no universo. São eles: terra, água, fogo, vento e espaço. Os quatro
primeiros são também conhecidos como os quatro elementos básicos e correspondem,
respectivamente, aos estados físicos sólido, líquido, gasoso e calor. O espaço é interpretado como
integração e harmonização dos outros quatro elementos.
15. THOREAU, Henry David. Walden and Civil Disobedience [A Desobediência Civil]. Nova York:
Penguin Books, 1983. p. 413.
16. Ibidem.
17. Três Corpos: Os Três Corpos que um buda possui. São eles: o Corpo do Dharma, o Corpo da
Recompensa e Corpo Manifesto. O Corpo do Dharma é a verdade fundamental, ou Lei, para a qual o
Buda se iluminou. O Corpo da Recompensa é a sabedoria para perceber a Lei. E o Corpo Manifesto
são as ações benevolentes do Buda para conduzir as pessoas à felicidade. Geralmente, considera-se
buda aquele que possui um dos Três Corpos. Em outras palavras, os Três Corpos representam três
diferentes tipos de budas — o Buda do Corpo do Dharma, o Buda do Corpo da Recompensa e o Buda
do Corpo Manifesto. Baseado no Sutra de Lótus e no princípio dos Três Mil Mundos num Único
Momento da Vida dele derivado, Tient’ai afirmou que os Três Corpos não são entidades separadas,
mas três aspectos integrantes de um único buda. A partir desse ponto de vista, o Corpo do Dharma
indica a propriedade essencial de um buda, que é a verdade ou a Lei para a qual o Buda é iluminado. O
Corpo da Recompensa revela a sabedoria, ou a propriedade espiritual de um buda, que permite ao
Buda de perceber a verdade. É chamado de Corpo da Recompensa porque a sabedoria do Buda é
considerada a recompensa derivada do esforço incessante e da disciplina. O Corpo Manifesto indica
ações de benevolência, ou a propriedade física de um buda. É o corpo com que um buda realiza ações
de benevolência para conduzir as pessoas à iluminação. Ao discutir o seguinte trecho do 16º capítulo
do Sutra de Lótus, “Revelação da Vida Eterna do Buda”, “você deve ouvir com atenção e ouvir o
segredo de Aquele que Traz a Verdade [Buda] e seus poderes transcendentais”, Tient’ai interpreta em
sua obra Palavras e Frases do Sutra de Lótus o “segredo”, dizendo que um único buda possui todos os
Três Corpos e que todos os Três Corpos são encontrados dentro de um único buda.
18. Refere-se a uma reformulação da passagem do Sutra de Lótus: “Se, depois que me tornei um buda
e entrei em extinção, nas terras das dez direções existir algum lugar onde o Sutra de Lótus é pregado,
então a minha torre funerária, para que eu possa ouvir ao sutra, surgirá neste local para atestar a
verdade do sutra e louvar sua excelência” (LSOC, cap. 11, p. 210 [LS, cap. 11, p. 171]).
19. Bodhisattva Práticas Puras: Um dos quatro líderes dos Bodhisattvas da Terra, que aparece no 15º
capítulo do Sutra de Lótus, “Emergindo da Terra”. O Suplemento a Palavras e Frases do Sutra de
Lótus, de Tao-hsien, sacerdote da escola Tient’ai da China do século 8, diz que os quatro bodhisattvas
representam as quatro virtudes da vida do Buda — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.
Dessas virtudes, o Bodhisattva Práticas Puras representa a pureza.
20. Bodhisattva Práticas Superiores: É o líderdos Bodhisattvas da Terra. Sakyamuni confia a ele a
propagação do Sutra de Lótus na era maléfica dos Últimos Dias da Lei. Em seus escritos, Nitiren
Daishonin se compara ao Bodhisattva Práticas Superiores, dizendo que ele está cumprindo a missão
confiada a esse bodhisattva por Sakyamuni, e ele se refere aos seus esforços de propagação como um
Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 544 - 21/12/2013 - Pág.44 - Estudo
Impresso por Victor da Silva Francisco (177340-2) página 15
trabalho do Bodhisattva Práticas Superiores. Nitikan Shonin, o 26º sumo prelado, considerou Daishonin
a reencarnação do Bodhisattva Práticas Superiores em termos de seu comportamento exterior, e como
o Buda dos Últimos Dias da Lei, em termos de sua iluminação interior.