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A TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS INTERBACIAS PARA O ABASTECIMENTO HUMANO EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA E AS IMPLICAÇÕES DE USO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA. Altemar Amaral Rocha – UESB/UNEB [email protected] RESUMO Nesta pesquisa, realizou-se a análise socioambiental da bacia hidrográfica do Rio Verruga e os processos da urbanização de Vitória da Conquista-BA, com o objetivo de diagnosticar os fatores que atuam na degradação ambiental e provocam desequilíbrios na paisagem da área estudada, tendo com base a transposição de águas interbacias para o abastecimento humano e as implicações de uso das águas da bacia como um todo. A metodologia da pesquisa baseou-se na articulação da epistemologia materialista e do pensamento critico com a questão ambiental, associando-se o método cartográfico com base em técnicas de geoprocessamento que possibilitou um detalhamento das análises diagnosticadas. Foram trabalhados os conceitos de espaço e território na gestão dos recursos hídricos. Realizou-se uma reflexão sobre o espaço urbano e a urbanização. Os resultados dessa pesquisa evidenciam uma problemática ambiental na bacia do Rio Verruga, com uma diversidade de fatos no contexto da degradação. Percebe-se que os corpos d’água da bacia, funcionam como receptáculos de águas residuárias, perdendo a sua capacidade de potabilidade em boa parte dos trechos da bacia, principalmente na área urbana de Vitória da Conquista-Ba, justificando-se a necessidade de transpor águas para o abastecimento humano de outra bacia. Outra questão é o desmatamento da cobertura vegetal natural com cerca de 93% do total da área da bacia desmatado, dando lugar a grandes áreas de pastagens extensiva e agricultura. Com base no mapeamento de uso do solo, constatou-se que há uma ocupação concentrada nas áreas próximas às principais nascentes da bacia, sobretudo pela expansão urbana de Vitória da Conquista. As conclusões desse estudo, revela que é preciso intensificar as políticas publicas para a preservação ambiental da bacia e melhoria da qualidade das águas pela diminuição dos poluentes nos corpos d’água.

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A TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS INTERBACIAS PARA O ABASTECIMENTO HUMANO EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA E AS IMPLICAÇÕES DE USO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA.

Altemar Amaral Rocha – UESB/UNEB [email protected]

RESUMO

Nesta pesquisa, realizou-se a análise socioambiental da bacia hidrográfica do Rio Verruga e os processos da urbanização de Vitória da Conquista-BA, com o objetivo de diagnosticar os fatores que atuam na degradação ambiental e provocam desequilíbrios na paisagem da área estudada, tendo com base a transposição de águas interbacias para o abastecimento humano e as implicações de uso das águas da bacia como um todo. A metodologia da pesquisa baseou-se na articulação da epistemologia materialista e do pensamento critico com a questão ambiental, associando-se o método cartográfico com base em técnicas de geoprocessamento que possibilitou um detalhamento das análises diagnosticadas. Foram trabalhados os conceitos de espaço e território na gestão dos recursos hídricos. Realizou-se uma reflexão sobre o espaço urbano e a urbanização. Os resultados dessa pesquisa evidenciam uma problemática ambiental na bacia do Rio Verruga, com uma diversidade de fatos no contexto da degradação. Percebe-se que os corpos d’água da bacia, funcionam como receptáculos de águas residuárias, perdendo a sua capacidade de potabilidade em boa parte dos trechos da bacia, principalmente na área urbana de Vitória da Conquista-Ba, justificando-se a necessidade de transpor águas para o abastecimento humano de outra bacia. Outra questão é o desmatamento da cobertura vegetal natural com cerca de 93% do total da área da bacia desmatado, dando lugar a grandes áreas de pastagens extensiva e agricultura. Com base no mapeamento de uso do solo, constatou-se que há uma ocupação concentrada nas áreas próximas às principais nascentes da bacia, sobretudo pela expansão urbana de Vitória da Conquista. As conclusões desse estudo, revela que é preciso intensificar as políticas publicas para a preservação ambiental da bacia e melhoria da qualidade das águas pela diminuição dos poluentes nos corpos d’água.

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WATERS INTERBASIN'S CONVERSION FOR THE HUMAN PROVISIONING IN VITÓRIA DA CONQUISTA-BA AND THE IMPLICATIONS OF USE IN RIVER VERRUGA HYDROGRAPHIC BASIN.

Altemar Amaral Rocha-UESB/UNEB [email protected]

ABSTRACT

In this research, take the analysis socioambiental of River Verruga hydrographic basin and the processes of the urbanization of Vitória da Conquista-BA, with the objective of diagnosing the factors that act in the environmental degradation and they provoke unbalances in the landscape of the studied area, tends with base the conversion of waters interbacias for the human provisioning and the implications of use of the waters of the basin as a completely. The methodology of the research based on the articulation of the materialistic epistemology and of the thought I criticize with the environmental subject, associating the cartographic method with base in techniques of GIS that made possible a detailment of the diagnosed analyses. They were worked the space concepts and territory in the administration of the resources hydric. Take a reflection about the urban space and the urbanization. The results of that research evidence an environmental problem in Rio Verruga basin, with a diversity of facts in the context of the degradation. It is noticed that the bodies of water of the basin, work as receivers of waters residuárias, losing your potabilidade capacity in good part of the spaces of the basin, mainly in the urban area of Vitória da Conquista-BA, being justified the need to transpose waters for the human provisioning of another basin. Another subject is the deforestation of the natural vegetable covering with about 93% of the total of the area of the basin deforested, giving place to great areas of pastures extensive and agriculture. With base in the mapping of use of the soil, it was verified that there is a concentrated occupation in the close areas to the principal East of the basin, above all for the urban expansion of Vitória da Conquista. The conclusions of that study, reveals that is necessary to intensify the politics you publish for the environmental preservation of the basin and improvement of the quality of the waters for the decrease of the pollutant ones in the bodies of water.

Words key: Hydrographic Basin, urbanization, conversion.

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A TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS INTERBACIAS PARA O ABASTECIMENTO HUMANO EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

E AS IMPLICAÇÕES DE USO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA.

Altemar Amaral Rocha-UESB/UNEB [email protected]

1. INTRODUÇÃO

Durante muito tempo, houve a pecha de monotoneidade e extensividade de

condições paisagísticas para o conjunto do espaço geográfico brasileiro (Ab’ Sáber,

2005). Principalmente pelas sutilidades, diferencialidades e fragilidades ambientais

apresentadas no território, especificamente, ambientes de bacias hidrográficas. Neste

sentido, esta pesquisa desponta como importante instrumento para análise do quadro

geoambiental e social, oferecendo subsídio, em escala local para o planejamento, a

curto, médio e longo prazo, relacionando-se com a definição de estratégias de

intervenção em problemas do meio físico e humano.

Busca-se analisar o processo de transposição de águas interbacias, bem como a

qualidade da água nos mananciais que abastece a cidade de Vitória da Conquista cuja

população é de 308,485hab. (IBGE 2007) e encontra-se na porção central do Planalto de

Conquista, localizado à 14º 30’ S e, 41º ’ W. Vitória da Conquista está situada no

divisor de águas entre duas bacias leste do Brasil. Na porção Sul-Sudeste do município,

a drenagem é voltada para o Rio Pardo. Já na porção Norte-Nordeste, a drenagem

destina-se ao Rio de Contas. O Rio Verruga é afluente do Rio Pardo sendo que sua

bacia encontra-se quase totalmente no município de Vitória da Conquista-Ba.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia da pesquisa baseou-se na articulação da epistemologia

materialista e do pensamento critico com a questão ambiental, que conduz ao estudo das

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relações de interdependência existentes entre os componentes do meio natural e da

sociedade, para se chegar ao conhecimento do seu funcionamento, associando-se o

método cartográfico com base em técnicas de geoprocessamento que possibilitou um

detalhamento das análises diagnosticadas.

Foi realizado leituras sobre a dimensão ambiental em bacias hidrográficas e em

áreas urbanas, procurando perceber o atual estágio de debate sobre o assunto.

Igualmente, um estudo da legislação ambiental brasileira e das Políticas de Gestão dos

Recursos Hídricos e do meio ambiente em escala local e nacional, pois sua compreensão

colocou-se como condição “sine qua non” para refletir sobre a temática do trabalho.

Após essa base teórica e da coleta de informações em órgãos de gestão

ambiental tais como Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente

(SRH/MMA), Agência Nacional de Águas (ANA), Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (PMVC) e órgãos

de saneamento na Bacia do Rio Verruga dentre outros, foram intensificadas as visitas a

campo para checagem de informações, bem como a realização de entrevistas, com

roteiros previamente estruturados. Foram realizadas análises bacteriológicas e físico-

químicas dos corpos d’água para testar a qualidade e o grau de poluição das águas da

bacia. Foram igualmente consultados documentos e relatórios capazes de trazer

informações sobre o uso do solo e qualidade das águas na Bacia do Rio Verruga e da

transposição de águas para o abastecimento humano da cidade de Vitória da Conquista-

BA.

Além disso, foi feito um mapeamento e um sequenciamento das altitudes entre

os pontos de coleta de água e os pontos de distribuição da água para o consumo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O abastecimento de água para a população urbana de Vitória da Conquista é

realizado por um sistema de transposição entre duas bacias hidrográficas distintas,

especificamente, entre a bacia do Riacho Água Fria situada na porção oriental do

Planalto da Conquista e a bacia do Rio Verruga (veja a Carta imagem da figura 1).

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Isso porque a intensa ocupação da bacia do Rio Verruga pelo processo de

urbanização que consolidou a cidade de Vitória da Conquista como um centro regional

modificou a qualidade das águas do Rio Verruga, tornado a imprópria para o consumo

humano.

Figura 01. Carta imagem da transposição de águas interbacias

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Para entender á lógica desse processo, é preciso saber como ocorre a materialização

da transposição. “O ato da transposição de águas em si é muito simples de se entender:

trata-se do transporte de um determinado volume de água entre bacias distintas”,

SUASSUNA (2000, p.6). Mas para que ocorra essa transposição é preciso realizar um

recalque-também chamado de adução que, segundo Suassuna (2001) significa o simples

transporte de água de um determinado ponto a outro (geralmente para um local mais

elevado) utilizando-se, para tanto, um sistema de bombeamento d’água, também

chamado de sistema adutor.

No caso do sistema de abastecimento de Vitória da Conquista-BA, o seu

funcionamento é pela transposição de águas da barragem Água Fria I e II com recalque

e adução até à estação de tratamento. Veja a ilustração da figura 02

O sistema de abastecimento de água de Vitória da Conquista é operado pela

EMBASA - Empresa Baiana de Água e Saneamento, implantado na década de 1960,

com um pequeno reservatório (Barragem Água Fria). Com a expansão urbana e o

Estação de bombeamento para osreservatórios apoiados

ManancialBarragem Agua Fria I e II

Estação de tratamento d'água

Área urbanaVítoria da Conquista

Área urbanaVítoria da Conquista

bombaduto

reservatório Rio

adutora

estação de bombeamento (recalque das águas)

Barragem Agua Fria I

Figura 02. Esquema de ilustração do sistema de transferência de águas entre a bacia do Rio Água Fria e a bacia do Rio Verruga.

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aumento da demanda pelo consumo de água, foi construída a Barragem Água Fria II,

logo abaixo do primeiro reservatório interligada por uma adutora de ferro dúctil com

captação flutuante. Observe a ilustração da figura 03.

A água captada na barragem de Água Fria II é encaminhada para o sistema de

recalque da barragem de Água Fria I, através de uma adutora em ferro dúctil, com

diâmetro de 700 mm e extensão de 3.200 metros. A partir do sistema de Água Fria I, a

água é conduzida para a estação de tratamento, também localizada em terras do

município de Barra do Choça, através de uma adutora de 11.900 metros de extensão em

aço carbono, com diâmetro de 700 mm, e mais uma outra linha de mesma extensão, em

ferro fundido cinzento, funcionando em paralelo à primeira.

A estação de tratamento da água é do tipo convencional e, segundo a EMBASA

(2006), possui a capacidade para tratar 1000 l/s sendo constituída das seguintes

unidades: Calha Parshall, floculadores, decantadores, filtros e sistema de desinfecção.

Após o tratamento, a água é bombeada para o reservatório apoiado RAP 1, localizado na

sede de Vitória da Conquista, de onde a água é encaminhada para os demais

reservatórios integrantes do sistema, além dos distritos de José Gonçalves, Bate Pé,

Pradoso, Iguá, e São Sebastião. O consumo de água em Vitória da Conquista é de

600l/s no verão e 400 l/s no inverno. A embasa realiza diariamente constantes

bombeamentos de água para cotas mais elevadas, pois já existem ocupações urbanas

que atingem a cota de 1080m e, no entanto a estação de tratamento encontra-se a 950m

de altitude. Além disso, há déficit entre o consumo e a capacidade de armazenamento já

Reservatório Barragem Água Fria I

Reservatório Barragem Água Fria II

Aqueduto p/ água fria I

Reservatório comestação elevatória (REL)

Reservatório Apoiado(RAP 1)

M1200

Reservatório comestação elevatória (REL)

estação de tratamento de água -EMBASA

BACIA DO RIO VERRUGA BACIA DO RIACHO AGUA FRIA

BARRA DO CHOÇA

VITÓRIA DA CONQUISTA

Reservatório Apoiado(RAP 4,5 e 6)

Sistema de Recalque (elevação das águas)

700

1100

800

900

1000

Rio Verruga

Riacho

Água Fria

E-SEW

0 4 8 12

km

Figura 03. Perfil longitudinal do sistema de transposição de águas para o abastecimento humano em Vitória da Conquista-BA

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que diariamente há um consumo médio de 45.000m3 de água e os reservatórios

comportam apenas 23.000m3.

De toda água consumida pela população de Vitória da Conquista cerca de 85%

dela tem a destinação final diretamente nos canais de drenagem da bacia do Rio

Verruga. O que justifica o alto índice de poluição das águas no trecho urbano da bacia.

Tucci (2001) argumenta que o aumento da densidade populacional, especificamente em

área urbana aumenta a demanda por água e em paralelo, aumenta o volume de águas

residuárias que em sua maioria transformam-se em esgoto in natura estando estes

diretamente interligados, bacia hidrográfica e espaço urbano, acabam por deteriorar os

rios a jusante da área urbana.

No caso de Vitória da Conquista, esse processo de deteriorização vem desde a

sua origem enquanto núcleo urbano que data dos finais do século XVIII e inicio do

século XX, forçando a busca por águas de outras bacias o que resultou na transposição

das águas da bacia do rio Água Fria para o Rio Verruga, mantendo de certa forma a

perenidade das águas e uma regularidade na vazão das águas com o despejo de cerca de

45.000m3 de água e esgoto diários no leito Rio Verruga.

Os múltiplos usos e a qualidade da água na bacia do rio Verruga

A questão da qualidade das águas é uma preocupação mundial que ganhou

evidência com o acirramento do uso pela escassez da água potável. Segundo Petrella

(2004), existem alguns argumentos explicam essa preocupação entre eles estão: a

distribuição desigual de recursos hídricos; o desperdício pelo mau uso e gerenciamento

da água; o aumento da poluição e da contaminação pela indústria e demais usos e o

crescimento populacional. Tais questões aliadas à falta de políticas públicas e má gestão

política dos recursos hídricos, certamente, aumentam a possibilidade de disputa pela

água.

No Brasil, com a sanção da Lei Federal nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997 foi

instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos, tendo como um dos fundamentos

gerir tais recursos, proporcionando múltiplos usos, em consonância com objetivos que

assegurem “à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em

padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.

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A questão da água então, passou a ter uma preocupação maior não somente

quanto ao uso, mas também quanto à gestão política e o gerenciamento dos recursos

hídricos. Isso porque em todo o globo, surgem novas vertentes econômicas tais como a

privatização e concessão dos serviços de exploração e distribuição da água para diversos

fins, principalmente para abastecimento urbano.

Assim surge uma preocupação com a integração da gestão quanto aos aspectos

de qualidade e quantidade, destacando-se, também, a “integração da gestão de recursos

hídricos com a gestão ambiental”.

Os parâmetros e respectivos padrões de qualidade da água são determinados em

função dos seus usos preponderantes atuais e futuros. Para garantir o atendimento das

necessidades, a vontade futura dos usuários da água e, a proteção da vida aquática, os

limites fixados devem ser respeitados para que não venha prejudicar os usos prioritários.

A resolução CONAMA nº. 357 de 2005, dispõe sobre a classificação e diretrizes

ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece

as condições e padrões de lançamento de efluentes. Já a portaria 518/04 do Ministério

da Saúde - MS dispõe sobre a qualidade da água para o consumo humano e normatiza

os critérios para a definição do padrão de qualidade da água. Para Branco (1991), a

qualidade da água deve ser entendida de acordo com o mérito, grau ou valor de uso e

não somente pela condição de substância em questão.

Sobre a qualidade da água, Sperling (2007), afirma que além do ciclo natural da

água, existe um ciclo de alteração de sua qualidade no interior da bacia hidrográfica,

relacionando-se com a intensidade do uso e ocupação do solo na área da bacia.

Neste sentido, Com o objetivo de verificar o papel da cobertura vegetal na

diminuição dos índices de poluição das águas da bacia, foi realizada uma análise

microbiológica e outra físico-química com as amostras coletadas em diversos pontos da

bacia do Rio Verruga (ver carta imagem da fig. 04) seguindo a metodologia

recomendada pela portaria 518/2004-MS, que define os padrões de potabilidade da

água.

A escolha dos pontos de coleta foi de acordo com o padrão de drenagem da

bacia e pelo grau de intensidade de uso e ocupação da área, principalmente pelos

processos de urbanização.

Assim, foram coletadas amostras em pontos específicos de nascentes e

mananciais da área urbana de Vitória da Conquista - BA, partindo da nascente principal

do rio Verruga na reserva do Poço Escuro, (ver carta imagem da fig. 04), seguindo para

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o segundo manancial, a Lagoa das Bateias daí para a jusante dos canais originários da

área urbana; ponto de coleta denominado encontro dos rios: riacho Santa Rita que nasce

na Lagoa das Bateias (amostra 2) com o Rio Verruga cuja nascente principal é a do

Poço Escuro (amostra 1). A quarta amostra foi na parte intermediária da Bacia (Médio

Rio Verruga) e a quinta amostra foi próximo a cidade de Itambé no Baixo Rio Verruga.

Todas as amostras foram coletadas no dia 26 de setembro de 2007, refrigeradas e

entregues para analise no mesmo dia.

Figura 04: Carta imagem com os pontos de coleta de água par a análise

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Os procedimentos para escolha dos pontos das amostras foram elaborados de

acordo com o potencial de uso da bacia e dos índices de conservação da cobertura

vegetal, mapeados e analisados no capitulo anterior, e da análise do padrão dos corpos

d’água e de lançamento de efluentes estabelecidos pela resolução 375/2005 do

CONAMA.

Dentro dos critérios estabelecidos para a analise da qualidade da água, foram

aplicados os Padrões de Potabilidade definidos pelo MS - Ministério da Saúde através

da Portaria nº. 518 de 26/03/2004. Esses padrões, de um modo geral, são valores

máximos permitidos (VMP) de concentração para uma série de substâncias e

componentes presentes na água. As análises foram realizadas no Laboratório de

Controle e Qualidade de água (LCA) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-

UESB, de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater” 19th Edition 1995.

As análises físico-químicas das amostras baseou-se em parâmetros para medição

do pH da água (4,0 a 10,0), da condutividade em (S/cm à 25° C), da determinação de

cloretos (mg/L ) e da dureza total (mg/L). Os padrões foram os de aceitação para

consumo humano da portaria nº. 518 de 26/03/2004(MS). Os resultados físico-químicos

tiveram o pH conduzindo para a alcalinidade com quase todas as amostras acima de pH

7, com exceção da amostra do Poço Escuro que teve o pH 6,3. Ver quadro da fig. 05.

ANÁLISE FISICO-QUIMICA-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA

242: Amostra 1: Poço Escuro

243: Amostra 2: Lagoa das Bateias

244: Amostra 3: Encontro dos Rios

247: Amostra 4: Rio Verruga – Fim do Marçal 248: Amostra 5: Rio Verruga - Itambé

Parâmetros Resultados2, 3 Padrões de Aceitação para

consumo humano1 Amostras Número 242 243 244 247 248

pH 6,3 7,7 7,5 7,3 7,4 4,0 a 10,0 Condutividade 84,0 699,0 921,0 420,0 275,0 S/cm à

25° C

Determinação de Cloretos 38,0 49,0 48,0 30,0 24,0 mg/L Até 250 mg/L

Dureza total 42,0 39,0 32,0 37,0 33,0 mg/L Até 500 mg/L Observações: 1Valores Descritos na Portaria N° 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde 2Os resultado desta análise tem significação restrita e refere-se somente a amostra analisada, não podendo ser utilizada em qualquer tipo de propaganda. 3Análises realizadas de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” Fonte: Laboratório de Controle e Qualidade de Água – LCA-UESB set. 2007 Fig. 05 Análise físico-Química das águas da Bacia do Rio Verruga

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Quanto à condutividade, que presume a concentração de sais dissolvidos na

água, verifica-se uma variação de índice conforme as amostras; a amostra localizada na

nascente do poço escuro, possui baixa concentração sendo a menor taxa encontrada com

84 micromhosS/cm, a taxa mais elevada com 921 micromhosS/cm foi encontrada a

jusante dos canais da área urbana (amostra 3 encontro do Riacho Santa Rita com o Rio

Verruga) nesse trecho culmina todos os efluentes urbanos domésticos e industriais esses

efluentes são carregados de sais, principalmente o cloreto de potássio o que aumenta

consideravelmente a condutividade elétrica da água do Rio

Já em relação as fácies química, feita pela determinação de cloretos, corre com

um percentual médio de 37 mg/l, sendo que o maior índice é o da amostra coletada na

nascente da Lagoa das Bateias com 49,0 mg/L, local onde despeja cerca de 20% dos

efluentes in natura da cidade de Vitória da Conquista. Segundo Sperling, (2007), os

efluentes domésticos possuem elevados índices de cloretos, derivados da urina e outros

produtos consumidos pela população urbana. O segundo índice mais elevado foi

justamente o ponto a jusante da área urbana, a amostra coletada no encontro do Riacho

Santa Rita com o Rio Verruga com 48,0 mg/L, nesse ponto converge todos os efluentes

e dejetos urbanos residenciais e industriais inclusive os que saem da Estação de

Tratamento da Embasa-SA.

No quesito dureza total, as amostras evidenciam que no geral as águas são doces

e ou moles, isto é, não possuem altas taxas de concentração de minerais que precipitam

o sabão tais como o Cálcio, o Magnésio, o Ferro, o Alumínio o Manganês e o Estrôncio

TUNDISI, (2005), já que a maioria das nascentes da bacia é proveniente de áreas com

estrutura de coberturas detríticas, que possuem rochas porosas das quais regulam o teor

de salinidade dessas águas superficiais.

Do ponto de vista das características físico-químicas constata-se que as águas da

bacia Rio Verruga podem ser aproveitadas para múltiplos usos com restrição ao

abastecimento humano sem tratamento adequado já que há uma alta concentração de

microorganismos contaminantes dissolvidos nessas águas, resultantes de águas

residuárias da cidade de Vitória da Conquista.

Com relação a analise microbiológica das amostras o resultado foi o seguinte:

das cinco amostras analisadas todas tiveram o índice de coliformes totais, maior que 8

NMP/100ml. A determinação no NMP de coliformes foi feita a partir da técnica de

tubos múltiplos, na qual volumes decrescentes da amostra (diluições decimais

consecutivas) são inoculados em meio de cultura adequado, sendo que cada volume é

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inoculado em série de 5 tubos. Através do decréscimo dos volumes inoculados obtém-

se uma determinada diluição em que todos os tubos, ou a maioria, fornecem resultados

negativos. A combinação dos resultados positivos e negativos é usada na determinação

do NMP.

Já com relação aos coliformes fecais, constata-se a água já sai de sua nascente

contaminada por fezes; a amostra da nascente do Poço Escuro obteve 1,1 NMP/100ml

de coliformes fecais, lembrando que esta nascente encontra-se numa área de floresta,

reserva do Poço Escuro, rodeada por casas populares e invasões.

O índice mais elevado de coliformes fecais foi registrado na segunda amostra

que corresponde a nascente da Lagoa das Bateias. Nesse ponto índice foi maior que 8

NPM/100ml, (ver quadro da fig. 06). A Lagoa das Bateias boa parte dos efluentes

urbanos in natura diretamente na sua lâmina d’água em seguida a água é escoada para o

Córrego Lagoa de Baixo, desaguando no Riacho Santa Rita e posteriormente no Rio

Verruga a jusante da área urbana. Desse ponto em diante, foi detectado a ausência de

coliformes fecais nas duas amostras seguintes, sendo encontrado 1,1 NPM/100ml na

amostra coletada próximo a Itambé, onde o rio Verruga encontra com o rio Pardo.

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

Resultados

N° Amostra/Descrição Presença de Coliformes2,3 Valor máximo

permitido1 Coliforme fecal

914 Amostra 1: Poço Escuro > 1,1 NMP/100mL

Ausência em

100 mL

915 Amostra 2: Lagoa das Bateias > 8,0 NMP/100mL

916 Amostra 3: Encontro dos Rios Ausente

932 Amostra 4: Rio Verruga – Fim do Marçal Ausente

931 Amostra 5: Rio Verruga – Itambé > 1,1 NMP/100mL Observações: NMP: Número Mais Provável; UFC: Unidade Formadora de Colônia. 1Valores Descritos na Portaria N° 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde 2Os resultado desta análise tem significação restrita e refere-se somente a amostra analisada, não podendo ser utilizada em qualquer tipo de propaganda. 3Análises realizadas de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”

Fonte: Laboratório de Controle e Qualidade de Água – LCA-UESB set. 2007

Fig. 06 Análise microbiológica das águas da Bacia do Rio Verruga

Cabe ressaltar que em um trecho de 20 km percorridos pelas águas originadas do

espaço urbano de Vitória da Conquista - BA existe uma vegetação arbustiva,

entrelaçada por herbáceas que influenciam na limpeza tanto da poluição quanto da

contaminação dessas águas, formando uma zona de autodepuração. Sperling (2007)

define esse tipo de processo como o e autodepuração para Sperling (op.cit.), a

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autodepuração refere-se à capacidade de assimilação dos rios. Ou seja, o quanto um

corpo d’água suporta poluentes sem apresentar problemas do ponto de vista ambiental.

No caso do Rio Verruga, essa capacidade autodepurativa, é facilitada por possuir

um canal de drenagem sobreposto em terrenos planos e ou suavemente ondulado,

sobretudo no trecho que compreende o espaço urbanizado analisado. Nesse trecho do

rio, a água percorre com muito menos carga energética, ou seja, demora mais tempo

para chegar ao destino final, o que facilita o processo de autodepuração pelo surgimento

de uma vegetação em meio ao leito do rio e em todas as suas margens, mas, segundo

Sperling (op. cit), não é somente essa cobertura vegetal que atua, os diversos tipos de

movimento dos corpos d’água no leito do rio, e o fenômeno de sucessão ecológica, que

atua na expansão e diminuição das bactérias resultantes do processo de poluição atuam

na autodepuração.

Uma outra situação pertinente é a diversificação das características

geoambientais da bacia, principalmente com relação aos aspectos geológicos e

geomorfológicos que comporta três unidades distintas além dos aspectos climáticos que

também variam de acordo com essas diferenciações e, por conseguinte os tipos de

vegetação nativa. Essa condição geoambiental, interfere no regime e escoamento dos

rios e na cobertura vegetal, que são importantes fatores para a preservação da qualidade

dos corpos d’água. Quanto menor a vazão dos rios menor a capacidade de diluição de

poluentes, e quanto menos cobertura vegetal em suas margens, maior o risco de

carreamento de sólidos para o corpo hídrico e conseqüente aumento do assoreamento

dos rios. Como menor também será a capacidade de depuração dos efluentes ejetados

em toda a bacia.

Existem algumas alternativas de controle da poluição por matéria orgânica em

um rio, ou em toda a bacia de drenagem, para isso, é necessário conhecer os tipos de

usos, (ver gráfico da fig. 07).

Quanto ao uso das águas na bacia hidrográfica do Rio Verruga, constata-se que

há uma prevalência do uso para a dessedentação animal, seguido da irrigação com pivô

central, principalmente para a cafeicultura e pastagens, da coleta manual irrigação de

hortaliças, da recreação e do abastecimento humano de populações rurais. Já que o

abastecimento urbano de Vitória da Conquista é proveniente de outra bacia.

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TIPOS DE USOS DA ÁGUA NA BACIA DO RIO VERRUGA

23%18%

21%

10% 8%6%

14%

Irrigação

Dessedentação animal

Lavagem de roupa

Recreação

Pesca

Abast. humano direto

Outros usos

FONTE: Pesquisa de Campo set/07

Figura 07: Principais tipos de uso da água na bacia do Rio Verruga

Para a Agência Nacional das Águas – ANA, os usos das águas de uma bacia

podem ser do tipo consuntivo e não consuntivo. Os tipos não consuntivos são os que

mais poluem as águas, pois neste caso, enquadram o despejo de águas residuárias

provenientes de esgoto, o garimpo e a mineração e outros tipos de usos poluentes.

Assim, em relação às fontes poluidoras das águas, constata-se que as fontes com

grandes riscos para os recursos hídricos da bacia hidrográfica do Rio Verruga, variam

de acordo com nível de usos não consuntivos dessas águas, sobretudo para o despejo de

águas residuárias oriundas do espaço urbano de Vitória da Conquista.

Já que em função do desenvolvimento urbano regional de Vitória da Conquista,

do número de habitantes elevado, das atividades econômicas, a cidade produz muita

água residuária e esgoto que converge para a bacia.

Outro fato é que a população urbana consome muito, principalmente produtos

industrializados com grande número de materiais ditos descartáveis que em sua maioria

não são coletados pelo serviço público e acabam indo para as nascentes, mananciais e

fundos de vale por onde correm as águas dos rios da bacia hidrográfica. Além disso, a

cidade de Vitória da Conquista concentra grande número de indústrias e casas com

serviços especializados que sempre produzem resíduos altamente poluentes e

contaminantes que certamente convergem para drenagem da Bacia do Rio Verruga.

Conforme LONRANDI&CANÇADO(2005), a poluição hídrica é caracterizada

por qualquer alteração nas condições naturais de um corpo d’água. Evidencia-se na

Bacia do Rio Verruga, um cenário de degradação por diversos agentes de poluição

hídrica. Dentre eles destacam-se a decomposição de matérias orgânicas, o despejo de

águas residuárias, os resíduos sólidos e outros. Essas fontes potenciais de poluição

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foram identificadas em grande parte no espaço urbano de Vitória da Conquista,

principalmente aquelas relacionadas ao despejo de águas residuárias nos trechos

selecionados para obtenção das amostras de água, mostrando a relação direta das

atividades humanas, com o nível de poluição identificado na amostragem e nos corpos

d’água de toda a bacia hidrográfica.

Os efluentes líquidos urbanos e industriais associados com os resíduos sólidos

configuram as principais fontes potenciais de poluição e representam as piores situações

de risco para os mananciais de água superficial da bacia.

Dos trechos analisados, a maioria possui altos índices de poluição por

termotolerantes e situações de riscos de contaminação da população, principalmente por

coliformes fecais, devido às fontes de esgoto doméstico e dejetos de animais.

Os produtos químicos oriundos das indústrias, da lavagem de roupas e utensílios

domésticos é outra fonte de poluição e contaminação bastante peculiar nos trechos

analisados.

Assim, para o controle dessa poluição, é necessário uma estratégia que associe o

tratamento dos esgotos, o controle da poluição difusa, a regularização da vazão do curso

d’água, a aeração dos esgotos tratados, a alocação de outros usos para o curso d’água,

para estabilizar ou diminuir a quantidades de poluentes que permanecem nos corpos

d’água do rio.

4. CONCLUSÃO

O gerenciamento integrado dos problemas sócioambientais da Bacia e a maior

participação da sociedade nos destinos da água e de sua qualidade, promoverá o

principio de compartilhamento, conservação e proteção da água. Pois, o controle da

água não pode ser entregue à lógica das finanças e do mercado, já que a privatização da

água restringe o uso e a distribuição, impedindo o acesso de maior parte da população à

água. Além disso, problemas relacionados com a logística da água potável sejam por

fatores de uso tais como a poluição e contaminação, ou por fatores de localização,

acabam por distanciar cada vez mais as fontes de abastecimento e os locais de consumo,

justificando inclusive, a busca por mananciais de outras bacias, realizando assim o

sistema de transposição de águas interbacias para o consumo em áreas urbanas.

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Em resumo, analisar a dinâmica sócioespacial, a configuração territorial e

problemática sócioambiental de Vitória da Conquista, cotejada na bacia do Rio Verruga,

passou pela compreensão do processo de transposição das águas e por consequência, do

aumento de águas residuárias na bacia. Pode se dizer que as estruturas da base

ambiental da bacia são permanentes, mas as mudanças provocadas pelo uso e ocupação

e pelo processo de urbanização da cidade de estão presentes no seu espaço geográfico.

Constata-se que as maiores transformações diz respeito à supressão da cobertura

vegetal, ao alto índice de poluição das águas, o aumento dos processos erosivos nas

encostas entre outros.

5. REFERÊNCIAS

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