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ATOS Volume 23 / Número 1 EDIÇÃO PORTUGUÊS A Unção do Espírito Santo por Rev. Frank R. Parrish Esperamos que você desfrute desta edição ampliada da Revista ATOS! Por favor, veja na página 63 instruções sobre como você pode renovar sua assinatura através do formulário ali apresentado ou pelo site da própria Revista Atos. “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” (Zacarias 4:6.)

A unção do espirito santo

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ATOSVolume 23 / Número 1EDIÇÃO PORTUGUÊS

A Unção doEspírito

Santopor Rev. Frank R. Parrish

Esperamos que você desfrute desta edição ampliada da Revista ATOS!Por favor, veja na página 63 instruções sobre como você pode renovar sua assinatura

através do formulário ali apresentado ou pelo site da própria Revista Atos.

“Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o

Senhor dos Exércitos.”(Zacarias 4:6.)

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Querido Líder de Igreja e Companheiro: Esta edição da Revista ATOS sobre a “Unção” tem o objetivo de ser um estudo bíblico cuidadoso e minucioso sobre esse assunto. Isso exigirá uma seriedade em sua reflexão, estudos e esforços, a fim de que você obtenha uma compreensão melhor sobre esse tema vital. Talvez seja necessário muito tempo para você terminar este estudo. Talvez você estude somente duas ou três páginas por dia. No entanto, eu recomendo muito que você se aplique, tanto em oração como num estudo diligente. Se você fizer isso, a sua vida e o seu ministério serão transformados! Eu estava no ministério muitos anos antes de compreender o desejo de Deus com relação à unção do Seu Espírito em minha vida e ministério. Quando eu abri o meu coração e permiti que Deus “abrisse os olhos do meu entendimento”, eu fui transformado! O meu ministério foi transformado! A presença e o poder do Espírito Santo tornaram-se muito mais ativos e visíveis em (e através da) minha vida e ministério. Muito mais fruto tornou-se evidente em meu ministério. Experimentei a presença de Deus de uma maneira mais profunda do que eu jamais havia experimentado. A minha vida não ficou mais fácil, mas houve uma capacidade maior para eu viver como mais do que vencedor, através de Cristo, que me ama (veja Romanos 8:37). Eu gostaria de encorajá-lo a aplicar-se como um obreiro diligente e firme em seu estudo deste material. Eis aqui algumas sugestões práticas que o ajudarão a fazer isso: Em primeiro lugar, eu dei muitas referências bíblicas em todo este ensino. Por favor, tome o tempo necessário para encontrar e ler cada uma das referências bíblicas. Isso servirá para vários propósitos muito importantes: 1) Na qualidade de líder de igreja, você jamais deve simplesmente aceitar todos os ensinos que lê ou ouve, independentemente de qual seja a fonte. Sempre busque nas Escrituras por você mesmo (At 17:11); 2) Na qualidade de líder de igreja, é importante que você progrida em seu conhecimento, familiaridade e entendimento das Escrituras (2 Tm 2:15-18). Isso protegerá você e os que lidera dos erros, como também fará com que você seja um obreiro capacitado com a Palavra de Deus; 3) Somente a Palavra de Deus é apoiada

pelo poder de Deus (2 Tm 3:16,17; Hb 4:12,13; 2 Pe 1:20,21). É somente a ação combinada do Espírito Santo e da Palavra de Deus que pode transformar o coração humano. Em segundo lugar, mantenha um caderno à mão, e faça anotações, perguntas, ou escreva versículos bíblicos para um estudo adicional. Deus falará com você e lhe revelará verdades à medida que você estudar a Sua Palavra. Permita

que este estudo seja uma jornada de crescimento pessoal para você, o que o ajudará muito mais do que o simples recebimento de um bom material de estudo. Finalmente, meu querido obreiro e companheiro, eu gostaria de encorajá-lo muito a acompanhar o seu tempo de estudo com muitas orações e espera no Senhor, pois é o Espírito Santo que revela a verdade, a natureza e o caráter de Cristo (Jo 14:17,26). Não permita que este estudo envolva somente a sua mente, pois aí então você estaria sendo limitado no que você pode receber. Nossa mente é um dom de Deus, mas ainda assim é limitada (veja 1 Coríntios Capítulos 3 e 4). Abra o seu coração, e permita que o Espírito Santo o ensine e o molde. Você somente pode guiar os outros onde você mesmo foi guiado. Assim sendo ore, estude e desfrute deste ensino, e que você possa crescer no poder da unção de Deus, até mesmo enquanto estiver lendo este material! Observe também a nova característica importante que acrescentamos a esta edição da Revista ATOS. Em todo este ensino, haverá notas especiais minhas para você. Elas têm o propósito de fazer com que você, como líder de igreja, receba uma análise mais minuciosa e aprofundada de um importante princípio da Bíblia com relação ao crescimento ministerial ou pessoal. Essas notas especiais são identificadas da seguinte maneira: “De Pastor Para Pastor”, e são colocadas num fundo cinza, a fim de que você possa identificá-las prontamente. Pastor, eu o amo em Cristo e creio nos propósitos de Deus para você. Você é o instrumento escolhido de Deus, que Ele deseja usar para o Seu Reino e glória, e para abençoar a Sua Igreja. Eu o abençoo em nome do Senhor Jesus Cristo. E que agora Deus o abençoe, o fortaleça e o edifique, à medida que você estudar e receber da Sua Palavra e do Seu Espírito!

Seu irmão, Rev. Frank R. ParrishDiretor do World MAP

A Unção do Espírito Santo

por Rev. Frank R. Parrish

Nota do Autor – Importante!

Rev.FRANK

PARRISH

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VOLUME 23 – NÚMERO 1 – 2009 ATOS / 3

Esboço dE “A Unção do Espírito sAnto”INTRODUÇÃO

I. BASE HISTÓRICA E BÍBLICA DA UNÇÃO A. A UNçãO NO ANTIgO TESTAMENTO 1. Origem da Palavra “Ungir” 2. Origem da Palavra “Messias” B. A UNçãO NO NOVO TESTAMENTO 1. Aleipho 2. Chrio 3. Chrisma

II. A NATUREZA, O PROPÓSITO E A FUNÇÃO DA UNÇÃO A. A NATUREZA DA UNçãO 1. O que a Unção Não é 2. Três Aspectos da Santificação 3. O Caminho Para o Crescimento B. O PROPÓSITO DA UNçãO 1. A Unção Definida 2. Poder com um Propósito a. Capacitação Divina b. Quem Pode Ter a Unção? C. A FUNçãO DA UNçãO 1. A Unção Relacionada ao Chamado 2. A Unção Não Deve Ser guardada

Para Nós Mesmos 3. A Unção Pode Ser Limitada ou Interrompida 4. A Unção Pode Ser Usada de Maneira Abusiva ou Incorreta D. PREFIgURAçÕES DA UNçãO NO ANTIgO TESTAMENTO 1. Prefigurações Simbólicas 2. Lições com o Óleo da Unção

III. ANDANDO NA UNÇÃO A. PROTEgENDO A UNçãO 1. Ratos no Poço 2. O Caminho Para a Pureza 3. Sete Características da Unção genuína B. CRESCENDO NA UNçãO 1. Caráter e Unção 2. As Pegadas do Mestre a. Jesus Era Submisso às Autoridades b. Jesus Cresceu em Maturidade c. Jesus Andava em Humildade d. Jesus Entendia as Provações 3. Busca da Pessoa de Deus C. RECEBENDO A UNçãO DELE 1. Sejam Cheios! 2. Busquem a Deus!

Introdução a Este Ensino

Antes que um estudo bíblico eficaz sobre a “Unção” pos-sa começar, precisamos estabelecer alguns importantes princípios fundamentais. Esses princípios formarão

uma plataforma bíblica da qual poderemos alcançar uma pers-pectiva apropriada sobre a unção. As seções iniciais deste artigo abordarão estes princípios fundamentais. Talvez eles sejam novos para você, ou talvez já sejam conhecidos. Contudo, já que é vital que tenhamos um fundamento comum do qual possamos desenvolver este estu-do, gostaria de pedir-lhe que estude cuidadosamente os prin-cípios seguintes. Permita um tempo para que o Espírito Santo

revele, determine, teste e confirme o quanto estes princípios são bem estabelecidos e vividos na prática em sua própria vida e ministério. Líder e companheiro, este não é um estudo com “atalhos” fáceis para a maturidade, como também não oferece fórmulas rápidas ou técnicas mirabolantes que podem ser usadas para transformá-lo num “sucesso”. Ao contrário, este é um estudo bíblico sobre como nós, como líderes de igreja, precisamos crescer e operar no Reino de Deus. O caminho para a maturidade é um processo neces-sário para que possamos ser verdadeiramente frutíferos e para

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Santo“Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz

o Senhor dos Exércitos.” (Zacarias 4:6.)por Rev. Frank R. Parrish

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que tenhamos um ministério duradouro, que glorifique muito a Deus! Portanto, vamos nos aplicar com diligência, à medida que aprendermos sobre esta questão da unção. Deus pode abenço-ar somente o que Ele estabeleceu como Sua maneira e vonta-de. Assim sendo, é essencial que coloquemos um fundamento apropriado da Sua Palavra, antes de seguirmos adiante aos as-suntos relacionados à unção (Is 28:10).

Ministério Ilimitado O assunto da UNçãO é de grande importância para todo e qualquer crente em Jesus Cristo. No entanto, o entendimento da UNçãO – o que ela é, como funciona, e como podemos ca-minhar e crescer nela – é vital. Isso é especialmente aplicável aos que são chamados ao ministério de tempo integral. Infelizmente, a UNçãO é geralmente mal entendida, ou é um assunto que talvez seja até mesmo evitado por alguns líderes. Muito embora seja algo que Deus deseja dar-nos, muitos líderes não sabem o que ela é, ou como recebê-la. Assim sendo, eles tentam substituir a unção do Espírito Santo por outras coisas. Alguns líderes talvez se tornem capacitados na administra-ção ou organização. Talvez eles busquem a instrução, acres-centando diplomas e títulos, antes e depois de seus nomes. Tal-vez eles participem de muitas conferências e sejam inspirados por ótimos palestrantes. Talvez até mesmo desenvolvam suas próprias habilidades de falar ou de cantar, a fim de liderarem ou motivarem as pessoas mais eficazmente. Os itens mencionados acima não são necessariamente erra-dos, e podem provar ou não que são úteis no ministério. MAS ELES NãO SãO A UNçãO! Tampouco podem substituir a genuína unção do Espírito Santo na vida do ministro. As capacitações educacionais e administrativas podem ser boas e úteis. No entanto, elas são limitadas com relação ao que podem ajudar o líder a realizar. Quando dependemos da nossa educação, o melhor resultado que podemos esperar é o limite da nossa educação. Quando dependemos da nossa eloquência ou de outras habilidades, ficamos limitados ao que essas habi-lidades podem realizar. Contudo, quando dependemos do Espírito Santo, fica-mos limitados somente pelo que o Espírito Santo pode fa-zer! O que quer que escolhamos, para disto dependermos, ou nisto colocarmos a nossa confiança, a fim de realizarmos o cha-mado ao ministério, será isto que estabelecerá os limites do que seremos capazes de fazer. Quanta limitação você quer em seu ministério? Com Deus, não há nenhum limite! (Veja Lucas 18:27.) Por-tanto, se eu puser a minha confiança e dependência em Deus e em Seu poder e capacidade, então as minhas únicas limitações no ministério serão a vontade de Deus e os Seus desejos para mim (Fp 4:13). A vontade de Deus para todos os crentes nascidos de novo é que eles demonstrem as evidências dos frutos do Espírito em seus comportamentos e ações (gl 5:16-26). Os frutos do Espírito são o caráter de Cristo. Este mesmo tipo de caráter é exigido es-pecialmente dos que são chamados para liderarem outras vidas no Corpo de Cristo. O papel do líder é ser um exemplo de um comportamento santo aos que ele lidera (1 Co 11:1; Fp 3:17; 1

EDIÇÃO PORTUGUÊSVolume 23 / Número 1

Índice

A Unção do Espírito Santo“Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito,

diz o Senhor dos Exércitos.” (Zacarias 4:6.)

por Rev. Frank R. Parrish

Nota do Autor ........................................................... 2Introdução e Esboço ................................................... 3Parte IBase Histórica e Bíblica da Unção .............................. 9Parte IIA Natureza, o Propósito e a Função da Unção ......... 11Parte IIIAndando na Unção .................................................. 35

Editores .................................... Frank & Wendy ParrishEditor Internacional ...................................Gayla DeaseRevisor Final ..............................................Keith BalserFundador do World MAP .....................Ralph MahoneyArtes Gráficas .........................................Vander SantosIlustrações .............................................Dennis McLainTradutor ................................................ Marcos TaveiraRevisora ................................................... Nadya DenisLeitura Final ........................................Maura OcamposImpressão Gráfica ...........................Editora Betânia S/C

VISÃO E MISSÃODA REVISTA ATOS

Prover ensino bíblico prático e treinamento minis-terial grátis a líderes de igreja na Ásia, África e Amé-rica Latina que pregam ou ensinam a Palavra de Deus a 20 ou mais pessoas a cada semana, de forma que estejam equipados para cumprir a grande Comissão em sua própria nação e ao redor do mundo.

ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publicada a cada três meses pelo “World MAP”, 1419 N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda cor-respondência deve ser dirigida para o endereço aci-ma ou para Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail: [email protected] SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudanças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil.

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ATOS

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Tm 4:12). Não há nenhum dom, habilidade administrativa, ou habilidade de pregação ou ensino, que possa substituir o fato de termos um caráter e integridade semelhantes ao de Cristo. Também é a vontade de Deus – especialmente para os que são chamados para liderarem – que tenhamos o poder sobrena-tural do Espírito Santo. Jesus disse aos Seus discípulos: “Não Me escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi e vos designei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15:16). Através dessa passagem vemos que o desejo de Jesus é que o nosso fruto permaneça. Como isso pode acontecer? Quando o nosso ministério está repleto do poder da unção de Deus, o poder do Espírito Santo. O Seu poder através de nós nos ca-pacita a influenciarmos as pessoas de uma maneira que a vida delas seja frutífera e duradoura. Não importa quão talentoso ou dinâmico seja o líder. Sem a capacitação do Espírito Santo, o líder não consegue cumprir, no ministério, a vontade de Deus, da maneira de Deus. Feliz-mente para nós, Deus sabe o que precisamos muito melhor do que nós. E Ele já nos forneceu o Seu poder e capacitação para nos ajudar a cumprirmos o Seu sublime chamado.

Forma sem Poder Hoje em dia, há muitas igrejas e ministérios em que a presen-ça e o poder do Espírito Santo têm sido limitados. Estes minis-térios talvez tenham grandes multidões, instalações sofisticadas, ou eventos emocionantes. Mas, se a presença e o poder genuínos do Espírito Santo não forem bem-vindos e evidentes, essas reu-niões podem ser cerimônias meramente religiosas e vãs. grandes auditórios ou estádios podem ter multidões enor-mes, instalações sofisticadas e eventos emocionantes para um mero jogo de futebol. Contudo, essas circunstâncias externas têm pouco a ver com o fazer discípulos que diligentemente sigam a Jesus Cristo! Na história da Igreja, há muitos lugares do nosso mundo em que Deus fez obras grandiosas e milagrosas através de vasos humanos submissos a Ele. Muitas dessas igrejas, e até mesmo vastas regiões geográficas, foram outrora conhecidas por sua dinâmica presença cristã. Infelizmente, hoje em dia, elas estão espiritualmente entenebrecidas. Os lugares em que a Igreja outrora desenvolveu-se e teve uma grande influência agora estão vazios e sem a luz do Evangelho. Dentre as mais conhecidas da história do Novo Testamento encontram-se as Igrejas da Ásia Menor (hoje a nação da Turquia). Podemos ler sobre essas igrejas no Livro do Apocalipse. Elas são comumente conhecidas como as “Sete Igrejas do Apocalipse”. Essas igrejas foram outrora proclamadas como poderosas fortalezas da obra redentora de Cristo no coração dos homens. Muitos milagres aconteceram lá. (Leia o Livro de Atos.) Hoje, no entanto, os turistas pagam para andarem em meio às ruínas dos locais em que grandes apóstolos outrora pregaram a Pala-vra da Vida. Esses lugares agora estão sem vida e destituídos do poder do Evangelho. O que aconteceu com igrejas e ministérios que outrora fo-ram grandes? Aquelas ruínas vazias, agora ocupadas somente pelos pássaros, permanecem como um alerta e uma lição a to-dos nós. O que podemos aprender é o seguinte: Sempre que nós, os líderes de igreja, começamos a depender de nossas próprias ca-

pacidades, ou das tradições, títulos, políticas de igrejas, ou até mesmo da instrução e do aprendizado, em vez da dependência do Espírito Santo de Deus e das eternas verdades da Sua Palavra, a vida e o poder de Deus começam a ir embora de nós, como líderes, e dos ministérios ou igrejas que Deus nos confiou.

O que é a Igreja? O Espírito Santo inspirou Paulo a abordar a situação da Igreja (veja 1 Coríntios 3). A Igreja de Corinto estava sendo repreendida por suas brigas carnais, imaturas e egoísticas entre eles mesmos. Eles estavam se dividindo em grupos com o pro-pósito de tentarem reivindicar a sua suposta superioridade de uns sobre os outros (1 Co 3:1-4). Isto era, e ainda é hoje, nada mais que um orgulho ostentoso, o pecado do Diabo (1 Tm 3:6). O comportamento orgulhoso e os esforços de auto-dependên-cia por parte dos homens ainda atrapalham a frutificação na Igreja de hoje. Paulo prossegue e afirma claramente que é Deus Quem faz com que a Igreja cresça verdadeiramente. “Assim então, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Co 3:7.) Há apenas UM FUNDAMENTO sobre o qual a Igreja pode ser edificada: Jesus Cristo, que é a Principal Pedra Angular (1 Co 3:10,11; veja também Efésios 2:20-22). Ele é a nossa Pedra Principal ou Fundamental hoje, tanto quanto o era quando a Igreja nasceu há mais de 2.000 anos!

O Coração da Igreja Há algo muito singular com relação ao uso de uma pedra principal ou fundamental no mundo antigo que nos ajudará a compreendermos melhor a razão pela qual Jesus é chamado de “a principal pedra angular” (Mt 21:42). No antigo Oriente Médio, todas as casas e outras constru-ções eram construídas da mesma maneira. Uma pedra era cui-dadosamente posicionada primeiramente, e essa era a principal pedra angular. O restante da construção, inclusive o seu tama-nho, traçado e posição, era medido e alinhado com relação a esta única pedra angular específica.

Pregandoa Palavra da Vida.

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Esta é a ilustração usada pelo Espírito Santo, através de Paulo, para mostrar a preeminência de Cristo com relação à maneira pela qual a Igreja viva deve ser edificada. Ela é feita de pedras vivas, que estão crescendo e estão espiritualmente vivas, e estão todas sobre a “Principal Pedra Angular” da sal-vação através de Jesus Cristo (1 Pe 2:4-10). Nada mais se ali-nha apropriadamente sem esta “Principal Pedra Angular” bem no centro da Igreja. Na qualidade de líderes de igreja, somos chamados para sermos parceiros com Cristo, em obediência aos Seus propó-sitos e planos, no sentido de ajudarmos na edificação da Igreja Viva de Deus. A Igreja do Novo Testamento, a Igreja de Cristo, constitui-se das pessoas que chegaram a um conhecimento de salvação através da fé em Jesus Cristo. O termo “igreja” no Novo Testamento não significa uma estrutura organizacional, títulos, construções ou denominações. A “Igreja” são as pes-soas que são salvas e justificadas pela fé em Cristo, e que são discípulos que estão amadurecendo.

Frutificação Verdadeira Os outros termos usados no Novo Testamento para se des-crever a Igreja incluem: “pedras vivas” (1 Pe 2:5); “o Corpo de Cristo” (1 Co 12:27); o “campo”, “edifício”, ou “templo” de Deus (1 Co 3:9,16,17). Todos estes termos têm o seguinte fator em comum: eles se referem às pessoas que são verdadei-ros crentes em Jesus Cristo. É vitalmente importante que compreendamos isto. Como lí-deres de igreja, somos chamados a mais do que a administração da igreja, a supervisão de novas construções, ou a coordenação das funções da igreja. Somos chamados para sermos parceiros com Deus no discipulado e na edificação de pessoas. Somos chamados por Deus para pastorearmos e alimentar-mos a Igreja Viva do Deus Vivo, os crentes, e para ajudá-los a se tornarem discípulos de Jesus Cristo em crescimento. Não conseguimos cumprir adequadamente este papel de mordomia sem a ajuda e o poder de Deus (veja Salmos 127:1). Deus certamente nos responsabilizará pela maneira com que edificamos sobre o Único Fundamento de salvação atra-vés de Cristo (1 Co 3:12-23). Será que estamos simplesmente atraindo uma multidão através das nossas próprias idéias, for-ças e talentos? Isso talvez pareça ser algo bem-sucedido por algum tempo, mas não produz os frutos duradouros que Deus deseja (Jo 15:5,8,16). Ou será que, ao contrário, estamos nos rendendo diariamen-

te ao Espírito de Deus e nos entregando à Sua vontade? Será que estamos sendo dirigidos por Ele como verdadeiros filhos de Deus (Rm 8:14), dependendo d’Ele para todos os momentos de ministério que Ele permite que tenhamos? Se esse for o caso, aí então, através do Seu poder e ajuda, podemos ser verdadeira-mente frutíferos, e os nossos frutos terão uma natureza eterna (Jo 15:16). Entenda, por favor, que frutos e frutificação não são defini-dos por Deus da mesma maneira que a sabedoria humana talvez os defina. Os homens talvez digam que frutificação significa termos grandes multidões como seguidores, ou tornarmo-nos ricos e influentes. A sabedoria humana talvez os defina como o fato de termos fama, poder ou fortuna. No entanto, a verdadeira frutificação na perspectiva de Deus é definida e medida por um só critério: a vida de pes-soas que estão sendo transformadas à imagem e ao caráter de Cristo à medida que amadurecem como Seus discípulos. A compreensão dos seguintes princípios o ajudará a entender a verdade desta definição.

Restaurados à Sua Semelhança A humanidade foi criada à imagem de Deus (gn 1:26,27). Não é necessariamente uma imagem física, e sim uma imagem de habilidades e capacidades. “Imagem”, neste contexto bíbli-co, refere-se às qualidades da razão, do intelecto, das emoções, da curiosidade e da capacidade de se fazer escolhas. Fomos criados com a capacidade de amarmos, sacrificarmos e apre-ciarmos o que é bom, verdadeiro e correto. Por que Deus nos criou desta maneira? Deus nos criou com um só propósito: para Si mesmo, para que tivéssemos um rela-cionamento com Ele. Este é verdadeiramente o nosso mais su-blime chamado! Deus não precisava nem desejava mais anjos, ou Ele teria criado mais deles. Ao contrário, vemos em toda a Bíblia que Deus desejava filhos e filhas que compartilhassem de um relacionamento de intimidade e amor com Ele. Contudo, a oportunidade de um relacionamento com Deus foi arruinada quando o pecado entrou no mundo através da de-sobediência voluntária de Adão e Eva. A desobediência deles trouxe o pecado a toda a raça humana (Rm 5:12-21). No entan-to, nessa ocasião, o fantástico plano de Deus para a redenção do Seu relacionamento com a humanidade foi colocado em ação (gn 3:15: “a sua Semente” refere-se à posterior encarna-ção e ao nascimento virginal do Filho de Deus, Jesus). No tempo designado (gl 4:4,5), Cristo veio à terra e mor-reu pelos nossos pecados. O Seu ato sacrificial abriu a possi-bilidade de um relacionamento restaurado com o nosso Cria-dor, Deus, o qual havia sido destruído pelo pecado. Através do recebimento da obra de salvação de Cristo, e através da fé n’Ele, os nossos pecados podem ser perdoados, e nós podemos conhecer a Deus e ter comunhão com Ele.

A Obra de Transformação Mas, além disso, Deus também quer nos libertar das conse-quências do pecado e dos danos que ele causa em nossa vida. Assim sendo, como um resultado direto da nossa salvação em Cristo, Deus começa a operar em nossa vida para nos transfor-mar de volta à “imagem” segundo a qual fomos criados. “Pois os que dantes conheceu, Ele também predestinou para

Disciplinando e edificando pessoas.

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serem conformes à imagem do Seu Filho, para que Ele pudes-se ser o Primogênito dentre muitos irmãos.” (Rm 8:29.) Esse versículo revela que, para os que vêm a Cristo na salvação, a vontade preordenada de Deus é que devemos ser transformados, a fim de que sejamos “conformados à imagem do Seu Filho”. A obra de transformação começa na salvação e continua durante toda a nossa vida. Deus é infinitamente sábio. Ele pla-nejou que o Seu Reino funcionasse de uma certa maneira por razões específicas. À medida que formos cada vez mais trans-formados à “imagem” da nossa criação original (a imagem do Seu Filho), duas coisas cruciais acontecerão: 1) Nós conseguiremos andar num relacionamento com Deus de uma maneira desobstruída e cada vez mais profunda. Foi o pecado que destruiu e que ainda pode destruir o nosso relacionamento com Deus. Assim sendo, à medida que somos libertos do pecado e das suas consequências, temos então uma capacidade maior de experimentarmos um relacionamento mais amoroso e profundo com o nosso Criador. 2) Seremos restaurados ao lugar e ao propósito que Deus tinha em mente para nós. O homem não foi criado no pecado nem para o pecado. Fomos criados em santidade, na inocên-cia e na pureza. Toda a Criação original de Deus era boa. “Aí então Deus viu tudo o que Ele havia feito, e de fato era muito bom.” (gn 1:31.) Não fomos criados com defeitos, mas o pecado destruiu a bondade do nosso padrão original. Portanto, à medida que formos libertos do pecado e transformados no sentido de ficar-mos cada vez mais libertos das suas consequências, o resultado será alegria, paz e uma sensação de liberdade cada vez maiores em nossa vida. Aí então estaremos muito mais bem preparados para cumprirmos a vontade e o propósito de Deus. Portanto, podemos dizer confiantemente que a transfor-mação pessoal é uma das mais altas prioridades de Deus para cada indivíduo. A transformação é melhor definida neste contexto como “sermos transformados mais à imagem de Jesus em nossos pensamentos, desejos, e ações”.

Transformação Através do Poder do Espírito Santo Quando somos salvos, a nossa antiga vida tem um fim. Co-meçamos um processo, que dura a vida toda, de todas as coisas se tornarem novas (2 Co 5:17). Somos transformados, pelo po-der do Espírito e da Palavra de Deus, à “imagem do Seu Filho” (Rm 8:29). Essa maravilhosa obra de transformação não pode ser ple-

namente realizada pela nossa própria força ou pelos nossos esforços (Jr 13:23). Podemos mudar a nós mesmos em coisas pequenas, e, geralmente, apenas externamente. Podemos nos esforçar muito para tentarmos disciplinar nossa vida e desen-volvermos bons hábitos. No entanto, há algumas obras em nós, muito mais profun-das, as quais precisamos desesperadamente, como, por exem-plo: cura de angústias e dores; libertação de rejeições e de outras formas de escravidão; libertação dos nossos caminhos egoísticos e pecaminosos. Esse tipo de transformação é pos-sível somente pelo poder do Espírito Santo (Rm 8:1-11; veja também Mateus 19:23-26; Efésios 2:1-10; Hebreus 9:13,14). Deus exige que cresçamos e amadureçamos depois de nos achegarmos a Cristo como nosso Salvador. Muito embora a Sua graça e o Seu perdão sejam reais e sempre presentes (1 Jo 1:9), isto nunca é uma desculpa para continuarmos com um comportamento pecaminoso ou egoístico. Deus perdoa de fato um tropeço ou fracasso. Contudo, não podemos continuar nesses pecados, mas, ao contrário, devemos seguir adiante em nossa caminhada com Deus (Lc 9: 23-26). Os que não querem mudar ou que resistem ao processo de transformação do Espírito Santo estão na verdade em rebeldia contra Deus (Tg 1:21-25). O juízo de Deus sobre a rebeldia é severo (Pv 29:1; Hb 3:8-11).

Os Frutos que Deus Busca Ser um ministro frutífero do Evangelho significa que a vida das pessoas a quem você ministra está sendo transformada cada vez mais à semelhança de Jesus. Lembre-se de que ser frutífero tem pouco a ver com multidões ou estatísticas. É fácil atrair mui-tas pessoas à sua igreja. Simplesmente ofereça comida e roupas grátis, ou dinheiro, e você consegue uma multidão! Ou forneça entretenimento, e diga-lhes coisas que “façam cócegas em seus ouvidos” (2 Tm 4:3,4), e faça com que elas se sintam bem. Contudo, uma multidão não forma uma congregação. Uma grande reunião de pessoas não significa necessariamente que você tenha uma saudável igreja neo-testamentária, ou que você esteja fazendo discípulos! A pergunta que sempre precisamos fazer a nós mesmos sobre o nosso ministério é a seguinte: “Será que a vida das pessoas a quem eu ministro está sendo transformada no sentido de elas se tornarem mais semelhantes a Jesus?” Será que a sua meta é mais pessoas em sua igreja, ou será que é fazer verda-deiros discípulos que estejam amadurecendo e crescendo em Cristo? Não importa se há 10 pessoas ou 1.000 pessoas. Você está sendo frutífero se o seu rebanho estiver se tornando mais semelhante a Jesus!

O Tipo Certo de Fraqueza Já estabelecemos que sermos transformados à semelhança de Cristo é a vontade de Deus para todos os seguidores de Cristo. Sabemos que isso não pode ser plenamente realizado pelos esfor-ços humanos, mas somente pelo poder e pela presença do Espírito Santo. Assim sendo, o que isso nos ensina sobre a maneira pela qual devemos conduzir o ministério que Deus nos deu? Em palavras simples, precisamos compreender o seguinte: É o poder evidente e presente do Espírito Santo, operando e movendo-se sem restrições, através de um vaso humano

O Espírito Santo impactará outros

através devocê.

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submisso a Ele, que causará o maior impacto sobre a vida de uma outra pessoa. Isso pode parecer uma verdade tão óbvia! Contudo, quantas e quantas vezes os nossos esforços bem intencionados tomam o lugar da obra do Espírito Santo em nosso meio? Se formos honestos como líderes e dermos uma boa olha-da em nós mesmos, precisaremos admitir que geralmente nós somos o problema. Não é preciso muito tempo no ministério para reconhecermos que somos insuficientes para a tarefa. As-sim sendo, ficamos ocupados com programas, cursos, e outras maneiras de sermos eficientes ou bem-sucedidos. Mas a reali-dade é que não temos em nós mesmos o que é necessário para realizarmos tudo o que Deus quer que realizemos! Será que você poderia admitir isso sobre você mesmo? Como líderes, queremos fazer o nosso melhor o tempo todo. Contudo, nossos melhores esforços humanos não são su-ficientes para realizarmos plenamente a vontade e o propósito de Deus. Talvez isso pareça ser más notícias. No entanto, na reali-dade, se estivermos dispostos a aceitarmos e abraçarmos isto, a nossa insuficiência será o ponto inicial de boas novas! Olhe o que um dos maiores apóstolos escreveu sobre este aparente paradoxo: “Com relação a isto [o ‘espinho na carne’ de Paulo – vs. 7], eu supliquei ao Senhor três vezes, para que ele se afastasse de mim. E Ele me disse: ‘A Minha graça é suficiente para você, pois a Minha força é aperfeiçoada na fraqueza.’ Portanto, de muito bom grado eu me gabarei em minhas enfermidades, para que o poder de Cristo possa permanecer sobre mim. Por-tanto, eu me alegro nas fraquezas, nas injúrias, nas necessida-des, nas perseguições, nas angústias, por amor a Cristo. Pois quando estou fraco, então sou forte.” (2 Co 12:8-10.) Paulo não aceitou uma atitude de derrota, nem achou que estivesse sendo punido por Deus. Em vez disso, ele se regozi-jou em sua revelação e experiência pessoal da graça vencedora de Deus! É pela graça de Deus que temos a vida e a vitória de um vencedor (Rm 8:37). No entanto, foi a entrega absoluta e o franco reconhecimento de Paulo da sua necessidade que tanto abriu o caminho como tam-bém liberou o poder do Es-pírito Santo em (e através da) sua vida. Paulo não tentava es-conder ou encobrir as suas fraquezas. Ao contrário, ele “se gabava nas fraque-zas” (2 Co 12:9) e “sentia prazer” (2 Co 12:10) em suas dificuldades, pois era nessas situações que Paulo era totalmente dependente do poder e da suficiência de Deus – e ele conseguia experimentar o poder que o sustentava e o capacitava! (Veja também 2 Coríntios 3:1-6.)

De Pastor Para Pastor: A natureza do “espinho na car-ne” de Paulo é desconhecida por nós. Contudo, sabemos com certeza que não era algum pecado ou fracasso moral por parte de Paulo. Deus nunca faz vista grossa ao nosso pecado, mas, em vez disso, Ele nos convence do peca-do e nos disciplina, a fim de nos levar a um verdadeiro arrependimento (Pv 3:11,12; 2 Co 7:9,10; 1 Jo 1:9). Não há nada oculto diante de Deus. Muito embora a Sua mi-sericórdia possa permitir a alguém um certo tempo para que se arrependa, Ele não é enganado quando tentamos esconder o pecado. O nosso pecado, mais cedo ou mais tarde, será revelado (Nm 32:23; Gl 6:7; 1 Tm 5:24). ■

Deus Usa os Humildes Para os propósitos deste ensinamento, vamos definir “fra-queza” da seguinte forma:

● reconhecermos a nossa incapacidade de realizar a von-tade de Deus por nós mesmos;

● entregarmos nosso coração e dependermos totalmente do poder do Espírito Santo;

● permitirmos que o Espírito Santo opere através de nós para realizarmos as coisas de valor eterno no ministério – vidas transformadas – através do Seu poder, e não do nosso poder.

Os líderes de igreja freqüentemente sentem muita pressão no sentido de serem um “sucesso” no ministério. Infelizmente, os nos-sos conceitos de sucesso geralmente são definidos pelos padrões do mundo, ou até mesmo pelo nosso próprio orgulho. Queremos ser importantes aos olhos dos outros. Queremos ser “grandes” no Reino de Deus, a fim de que Deus nos use grandiosamente! No entanto, a realidade é, e sempre foi, que não há nenhum grande homem de Deus – somente homens humildes grande-mente usados por Deus! (Veja Mateus 20:20-28.) Uma vez mais, o ingrediente principal para um ministério verdadeiramente frutífero é a presença e a obra do Espírito Santo! Deus não Se opõe às pessoas que têm instrução, dons organizacionais, ou muitos talentos. Contudo, nenhuma dessas coisas é adequada para substituir o poder da unção do Espírito Santo no ministério.

Deus pode usar as nossas habilidades e dons para enriquecer a nossa eficácia, mas Ele deixou bem claro em Sua Palavra que “sem Ele nada podemos fazer” (Jo 15:5). “Não por força, nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” (Zc 4:6.) Deus sabe do que precisamos e já fez uma provisão perfeita para nós. Ele disponibilizou a Unção do Espírito Santo, para que fôssemos frutíferos à medida que cumprimos o Seu cha-mado ao ministério. Portanto, vamos agora estudar juntos, para obtermos um entendimento sólido e bíblico da Unção do Espírito Santo. Este estudo tentará: 1) definir a unção, o que ela é, e o que ela não é; 2) explicar como a unção funciona na vida e através da vida do ministro; e 3) revelar como podemos tanto receber como crescer nesta unção. &

O plano de Deus para sua vida.

UNÇÃO

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A. A UNÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO A fim de entendermos plenamente o Antigo Testamento, precisamos usar também o Novo Testamento. As Escrituras do Novo Testamento são como uma “lente” que frequentemen-te ajuda a dar foco e clareza às Escrituras da Antiga Aliança (“Testamento”). O Novo Testamento explica que o Antigo Testamento (a Antiga Aliança ou Antigo Acordo) da Lei é a Palavra de Deus (Mt 5:17,18; 2 Pe 1:20,21). Contudo, vivemos agora sob a Nova Aliança (“testamento” ou “acordo”) da graça e da sal-vação através da fé em Jesus Cristo como Salvador. Não vi-vemos mais sob a Antiga Aliança da Lei e não conseguimos alcançar a salvação através das nossas próprias obras (gl 3:21-25). A Nova Aliança substituiu a Antiga Aliança (veja Hebreus Capítulos 7 e 8). Esta Nova Aliança cumpre a Antiga Aliança (Mt 5:17,18; Lc 24:25-27) e estabelece “um novo e vivo cami-nho” (Hb 10:20) como base para o relacionamento do homem com Deus. Contudo, as Escrituras do Antigo Testamento ainda fazem parte da eterna Palavra de Deus (Is 40:8). À medida que estu-damos a Antiga Aliança, ainda podemos aprender muitos prin-cípios importantes que podem ser aplicados à nossa vida sob a Nova Aliança. Ao escrever aos coríntios (1 Co 10:1-13), Paulo explica que a história, os eventos e as lições registrados no Antigo Tes-tamento deveriam ser estudados, compreendidos e aplicados à nossa vida como crentes neo-testamentários. “Ora, estas coi-sas tornaram-se nossos exemplos...” (1 Co 10:6.) Assim sendo, podemos ter valiosas revelações sobre a un-ção do Espírito Santo que agora encontra-se disponível aos crentes neo-testamentários, estudando as figuras ou “tipos” de unção prefigurados no Antigo Testamento.

1. Origem da Palavra “Ungir” A palavra hebraica referente a “ungir” no Antigo Testa-mento é masah, e é usada 69 vezes. Esta palavra significa apli-car óleo, derramando-o, espalhando-o ou esfregando-o sobre o objeto ou indivíduo que está sendo ungido. A prática da unção era comum entre muitas culturas e po-vos do antigo Oriente Médio. Esta prática tinha um uso tanto

comum quanto sagrado. Por exemplo, a unção de convidados como um ato de hospitalidade era feita até mesmo nos dias de Jesus (Sl 23:5; Lc 7:46; Jo 12:3). Contudo, a prática da unção tinha um uso muito mais pro-fundo no Antigo Testamento para o povo de Israel. Encontra-mos a unção pela primeira vez quando Jacó transformou num memorial o seu primeiro encontro com Deus. Jacó ungiu a pedra sobre a qual ele havia colocado a sua cabeça enquanto sonhava (gn 28:10-18). Mais tarde, o óleo era usado para se ungir o altar e outros objetos usados na adoração a Deus no Tabernáculo (Êx 30:26-29; Lv 8:10,11). Os sacerdotes também eram ungidos com óleo (Êx 28:41; 30:30; Lv 8:12). (Também havia uma unção com sangue de carneiro para os sacerdotes, a qual examinaremos mais tarde neste artigo, ao estudarmos as prefigurações do An-tigo Testamento referentes à unção.) A prática da unção também estendia-se aos reis (1 Sm 9:16; 15:1; 16:3,12) e ocasionalmente aos profetas (1 Rs 19:16). A unção era usada para três importantes propósitos no Antigo Testamento. Em primeiro lugar, ela era usada para se consagrar: separar para um uso santo, como em certos obje-tos físicos. Isso incluía a autorização do objeto para o serviço a Deus (por exemplo, os implementos usados no Tabernáculo para a adoração – Êx 30: 26-29). Em segundo lugar, o ato de se ungir, muito embora sendo feito por um agente humano, era considerado como que sendo feito por Deus. Um claro exemplo disto é quando Samuel un-giu tanto a Saul como a Davi para servirem como reis sobre Israel (1 Sm 10:1; 16:12,13; 2 Sm 12:7). Essa unção represen-tava a escolha e o chamado de Deus de um indivíduo para que ele fosse o Seu servo designado. Em terceiro lugar, a unção era, em alguns casos, acompa-nhada por uma capacitação divina. Isso era de Deus e estava diretamente associado com a realização da tarefa que Deus havia designado à pessoa que estava sendo ungida. (Veja 1 Sa-muel 16:1-13; 2 Reis 2:9-15.)

2. Origem da Palavra “Messias” Esta palavra é proveniente da raiz “masah”, da palavra hebraica “masiah”, que foi traduzida como “messias”, e sig-nifica “o ungido”. Ela é usada 39 vezes no Antigo Testamento

A Unção doEspírito

SantoPARTE I

Base Histórica e BíBlica da Unção

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para se identificar uma grande gama de indivíduos. O uso mais óbvio é referente ao Messias – Jesus, o Filho de Deus (Is 9:7; 11:1-5; Isaías Capítulo 53). No entanto, essa palavra também é usada para se designar os reis de Israel em 1 e 2 Samuel e nos Salmos. É usada principalmente para se indicar a linhagem real de Davi (Sl 2:2; 18:50; 84:9; etc.).

B. A UNÇÃO NO NOVO TESTAMENTO Três palavras diferentes são usadas no Novo Testamento com relação a “ungir”. Cada uma destas palavras revela um aspecto diferente da unção: 1. Aleipho (usada 8 vezes): esfregamento verdadeiro e físi-co de um óleo ou unguento. (Veja Marcos 6:13; Lucas 7:38,46; Tiago 5:14.) Em Tiago 5:14, a unção não tinha um propósito medicinal. Ao contrário, ela era um símbolo tanto da presença do Espírito Santo como da consagração do enfermo para se pedir com fé a cura de Deus. Devemos notar que não é errado recebermos ajuda médica. Deus criou os elementos dos quais os remédios são feitos, e deu sabedoria aos médicos para que os usem apropriadamente. No entanto, os cristãos devem viver pela fé em todas as deci-sões da vida. Não devemos considerar a oração como sendo a última opção, quando nada mais funciona. Quando houver en-fermidades ou ferimentos, procure primeiramente a Deus para a cura. Se Deus curar milagrosamente, aí então louvado seja o Seu Nome! Se Deus escolher usar a medicina e os médicos para curar, aí então louvado seja o Seu Nome! Se não houver nenhuma cura, ainda assim louvado seja o Seu Nome – pois, a nossa cura final e o nosso lar final estão em Sua presença, quando O veremos face a face (1 Ts 4:16-18). O nosso Deus é sempre fiel e digno de confiança! 2. Chrio (usada 5 vezes): indica uma designação ou comis-são especial de Deus que separa a(s) pessoa(s) para se cumprir uma dada tarefa. (Veja Lucas 4:18; Atos 10:38; 2 Coríntios 1:21; Hebreus 1:9.) 3. Chrisma (usada 3 vezes): uma capacitação pelo Espírito Santo para sabermos o que é verdadeiro e certo; o poder do Espírito Santo operando em conjunto com a Palavra de Deus no coração do crente. Tanto 1 João 2:20 como 2:27 se referem ao ministério do Espírito Santo revelando a verdade ao coração do seguidor de Cristo. (Veja também João 14:16,17,26; 1 Coríntios 2:10-16; Efésios 1:17,18.) O Apóstolo João estava escrevendo esta Carta (1 João) para se opor à heresia de um grupo de pessoas que afirmava ter um conhecimento especial de Deus. Esses falsos mestres negavam que o Filho de Deus havia vindo na carne [Encarna-ção] (1 Jo 2:18-23). Eles afirmavam que somente eles tinham um conhecimento verdadeiro de Deus e que todos deveriam segui-los. Contudo, João tranquilizou e garantiu aos cristãos que aqueles indivíduos estavam agindo sob a influência demoníaca do espírito do Anticristo (v. 18). João se opôs a esses falsos ensinos, relembrando aos crentes que eles já têm o Espírito Santo e sabem o que é verdadeiro (v. 20). Ele também salientou que é o Espírito Santo que “os ensina com relação a todas as coisas” (v. 27). João não está diminuindo nem desqualificando o ministé-

rio de ensino. (Veja Romanos 12:7 e Efésios 4:11.) Em vez disso, João está enfatizando o ministério do Espírito Santo, que nos dirige no entendimento da Verdade na Palavra de Deus (Jo 16:13).

O Ungido Já aprendemos que “messias” significa “o ungido”. Os Evangelhos do Novo Testamento não deixam nenhuma dú-vida de que Jesus de Nazaré era (e é) O Messias, O Ungido! Jesus foi (e é) ungido para uma missão ou propósito específi-co. Na linguagem grega original do Novo Testamento, Jesus é chamado de “o Cristo” ou “Jesus Cristo”. “Jesus” é um nome, mas o termo “Cristo” é um título que significa “o Ungido”. Todo o Novo Testamento claramente revela Jesus como sendo o Ungido (Jo 1:41; 4:25,26). Os judeus estavam buscando um messias (hebraico refe-rente a “o ungido”), um rei da linhagem real de Davi, que restaurasse a nação de Israel à sua antiga glória, como nos dias de Salomão. Devido a isso, muitos judeus rejeitaram a Jesus. Ele não Se encaixava em suas errôneas e incorretas idéias preconcebidas sobre o Messias prometido (Mt 11:1-19; Jo 6:26-29). Os judeus não compreenderam que Deus tinha um plano muito maior, que ia além deles (Is 42:5-9; 49:5,6; At 4:8-12; 13:44-49). Deus deu a eles (e a nós) algo muito maior do que um rei terreno e temporário. Ele deu ao mundo o Rei dos reis, um verdadeiro Salvador para todos, por toda a eternidade – Je-sus, o Messias! Toda a glória ao Seu nome!

Sumário A unção no Antigo Testamento era um ritual muito signi-ficativo. A unção de objetos, sacerdotes, profetas e reis físicos os consagrava aos propósitos de Deus. No entanto, precisamos notar que essa unção era apenas um tipo ou prefiguração do que Deus cumpriria sob a Nova Aliança. Sob a Nova Aliança, deveria haver um novo e vivo cami-nho para um relacionamento entre Deus e o homem. Isso foi primeiramente sinalizado pelo envio de Jesus (Jo 7:28,29), o Filho de Deus, o Ungido, para realizar o propósito e a missão de Deus (Jo 3:14-17). Jesus cumpriu isso, morrendo na Cruz pelos nossos pecados, abrindo assim a porta de salvação a to-dos os que creriam n’Ele (Rm 10:9-13; Ef 2:1-10; Hb 7:11-25; 9:11-15). Parte do plano de salvação de Deus-Pai para a humanidade era a provisão de uma ajuda divina aos que cressem em Seu Filho. Os crentes poderiam ter toda a ajuda e o poder que ne-cessitassem para cumprirem a vontade de Deus para eles. Assim sendo, quando Jesus havia terminado a Sua obra de-signada por Deus na terra (Jo 17:4; 19:30), Ele prometeu nos enviar o “Ajudador” (Jo 7:37-39; 15:26; 16:5-15). Este “Aju-dador” (Consolador) é o Espírito Santo – Deus-Espírito. O que havia sido prefigurado por tipologia no Antigo Testa-mento com o derramamento ou espalhamento de óleo (unção) deveria tornar-se agora uma realidade plena para os crentes em Jesus Cristo no Novo Testamento (Aliança). Isso foi iniciado quando o Deus-Espírito foi derramado no Dia de Pentecostes (Jl 2:28-32; Lc 24:49; At 2:1-39). &

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A. A NATUREZA DA UNÇÃO Há muita confusão com relação ao assunto da unção devido a uma falta de ensinamentos e estudos sãos e bíblicos sobre o assunto. Nesta seção, definiremos a unção da maneira como ela nos é revelada nas Escrituras. Mais tarde nesta seção, definiremos o que a unção é de fato. Por enquanto, contudo, vamos esclarecer o que a unção NÃO é:

1. O que a Unção NÃO é a. A unção NÃO é uma força impessoal ou um poder místico. A unção não é como a eletricidade (uma força não-viva), nem é algum tipo de poder mágico. Simão, o mágico (At 8:9-25), tinha um tipo de poder (demoníaco), mas ele logo percebeu que o que ele tinha não era nada em comparação com o poder que residia dentro dos apóstolos. A unção de Deus é sobrenatural e espiritual. b. A unção, da maneira retratada nas Escrituras, NÃO é um simples emocionalismo, a demonstração de uma personalidade forte, ou um estilo específico de prega-ção. Deus frequentemente toca de fato nossas emoções quan-do estamos nos movendo no poder da Sua unção. Contudo, a mera demonstração de fortes emoções não significa que a unção de Deus esteja presente. As pessoas podem demons-trar fortes emoções quando estão se divertindo ou praticando esportes. Mas, obviamente, isso não significa que a unção de Deus esteja presente! Quando um pregador fala em voz alta, ou fica entusiasma-do e pula para lá e para cá, algumas pessoas acham que ele está

ungido. No entanto, a verdadeira unção de Deus pode ser ou não manifestada com ações físicas e externas. Da mesma forma, a presença da unção de Deus não pode ser “ganha pelo nosso merecimento” ou obtida pela nossa ins-trução, conhecimento ou organização. Tampouco são os nossos grandes talentos ou capacidades naturais um sinal da unção de Deus. Muito embora nossos talentos humanos e naturais sejam dons de Deus, até mesmo uma pessoa não-salva pode ter e usar os seus talentos. O fato de termos talentos e capacidades não deve ser confundido com a unção. É verdade que Deus pode injetar o Seu poder em nossas capacidades, através da Sua unção, para liberá-las além do que poderíamos realizar com as nossas próprias forças, assim como Ele o fez com Salomão (1 Rs 4:29-34). No entanto, nossos ta-lentos e capacidades nunca devem substituir nossa dependên-cia em Deus para a Sua capacitação divina. A unção proveniente de Deus é divina e sobrenatural, e en-volve o Seu poder e a Sua capacidade! c. A unção não é salvação. Todo aquele que se arrepen-deu de seus pecados e se voltou a Cristo para a salvação tem o Espírito Santo! No entanto, isso não é a mesma coisa que a unção do Espírito Santo. Vamos analisar as obras do Espírito Santo na salvação:● Uma pessoa somente pode nascer de novo pela obra e po-

der do Espírito Santo (Jo 3:3-8; Rm 8:9,16).● Uma pessoa é unida sobrenaturalmente ao Corpo universal

de Cristo na salvação, o qual é constituído por todos os que têm fé n’Ele para a salvação (1 Co 12:13).

● Uma pessoa é “selada” pelo Espírito Santo na salvação (2

A Unção doEspírito

Santo

PARTE II

a natUreza, o ProPósito e a FUnção da Unção

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Co 1:22; 5:5; Ef 1:13,14). A palavra grega referente a “se-lar” é “arrabon”, e significa “garantia” ou “entrada de um pagamento”. No entanto, além destas definições simples, encontra-se um significado mais profundo. Primeiramente, ser “selado” significa ser marcado como que pertencendo a Deus. É um símbolo vivo de que Deus aceitou o pagamen-to feito por nós. Este pagamento é o sacrifício de sangue do Filho de Deus pelos nossos pecados (Ef 1:7). Em se-gundo lugar, quando nos achegamos a Cristo em fé para a salvação (Rm 10:9,10), o Espírito Santo nos é dado como um “depósito” ou “primeira prestação” do investimento de Deus em nós. Este investimento é a garantia (ou promessa) de Deus de que podemos progredir diariamente na vida, alegria, bênção e poder do Espírito Santo até o dia em que Deus nos receber plenamente para Si no Céu! (Fp 1:6; 2 Pe 1:5-11).

A obra e o ministério do Espírito Santo começam em nós e através de nós na salvação. O que recebemos quando somos salvos é apenas o primeiro passo do nosso processo de amadu-recimento. A vontade de Deus para todos os crentes é que eles se tornem discípulos maduros como Seus filhos e filhas. Isso requer um compromisso constante da nossa parte com relação a um crescimento e transformação pessoal. Precisamos nos en-tregar diariamente à obra do Espírito Santo em nossa vida à medida que Ele nos convence de pecados, nos disciplina, nos encoraja e nos capacita!

De Pastor Para Pastor: Como pastor e líder da igreja, você é chamado por Deus para ser um exemplo, para o resto do rebanho, de um compromisso de estar sem-pre crescendo nas coisas de Deus. É tentadora a idéia de que, como líderes, não precisamos mais fazer do nosso crescimento pessoal em Cristo uma prioridade. Contudo, o exato oposto disto é a verdade! (Veja 1 Pedro 5:2,3.)

Pelo fato de que somos líderes, devemos muito mais ser exemplos das palavras de Jesus: “Se alguém desejar vir após Mim, que se negue a si mesmo, e tome a sua cruz diariamente, e siga-Me” (Lc 9:23). Todos os crentes receberam o Espírito Santo na salvação. Assim sendo, vamos nos submeter à Sua obra e influência em nossa vida todos os dias! ■

O Espírito Santo ministra em nós e através de nós.

d. A unção NÃO é a mesma coisa que o Batismo do Espírito Santo. Este batismo é uma experiência distinta, dis-ponível a todos os crentes em Cristo (Mt 3:11). O batismo do Espírito Santo também não é a mesma coisa que o Espírito Santo vindo para habitar dentro do crente na salvação. O dom do Espírito Santo foi profetizado pelo profeta Joel mais de 800 anos antes que este dom fosse derramado no Dia de Pentecostes. (Veja Joel 2:28-32 e Atos 2:1-39.) O Batismo do Espírito Santo tem o propósito de equipar a todos os seguidores de Cristo a serem mais úteis e cheios de poder para a obra do Mestre! Isso levará o crente em Cristo a: ● uma paixão mais profunda pelas almas; ● um poder maior na oração e um maior desejo por ela; ● um amor mais profundo por Cristo e pelo Seu Corpo; ● uma capacitação para a batalha espiritual; ● uma revelação maior na Palavra de Deus. Todos os crentes em Cristo recebem o dom do Espírito Santo habitando neles na salvação (Jo 3:5,6; Rm 8:15,16). O Batismo do Espírito Santo é para um enchimento e transbor-damento do Espírito de Deus. Esse batismo não o torna mais salvo ou mais amado por Deus. No entanto, ele o equipará me-lhor a viver uma vida mais eficaz e vencedora em Cristo! Se você recebeu o Batismo do Espírito Santo, lembre-se de que esta não é uma experiência única em nossa vida, que simplesmente alcançamos. Ao contrário, é um estilo de vida a ser mantido. Devemos ser continuamente cheios! [Veja a Parte III, Seção C, Sejam Cheios!, para mais detalhes sobre esse as-sunto.]

De Pastor Para Pastor: Ao estudarmos o Espírito Santo, também precisamos falar um pouco sobre a pre-sença de outros espíritos em nosso mundo. Há três ca-tegorias de espíritos agindo na terra nos dias atuais:

1) Espíritos demoníacosEspíritos demoníacos estão presentes na terra hoje

em dia. A tarefa que eles mesmo se impuseram é des-viar toda a humanidade (Ap 12:7-9) e cegá-la à verdade de quem Jesus é (2 Co 4:4; 1 Jo 2:22; 4:1-3). O mundo demoníaco age basicamente através das falsas religi-ões. Elas usam o engano como seu instrumento mais poderoso, trabalhando com o Diabo, que é “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44).

Os espíritos demoníacos têm uma forte influência nos não-crentes (2 Co 4:3,4). Contudo, eles também tentam atingir os verdadeiros crentes em Cristo, aque-les através dos quais a gloriosa luz do Evangelho é pregada (Ef 6:10-12; 2 Co 10:3-5; 11:3). O mundo demoníaco, exatamente como o pecado, não tem ne-nhum poder sobre os cristãos – a menos que o cristão escolha, voluntariamente, cooperar com os seus ardis ou tentações.

Satanás usa vasos humanos (até mesmo alguns que afimam que são cristãos) para tentar desviar as pessoas (Mt 24:24; 2 Co 11:13-15; 2 Pedro Capítulo 2). Os demônios até mesmo falam verdades parciais de vez em quando (Mt 4:1-11; Mc 5:1-8; At 16:16-19), mas nunca fazem isso para glorificar a Deus ou promover Sua vontade.

Os espíritos demoníacos sabem que Deus é real e verdadeiro: “Vocês creem que há um só Deus. É bom que vocês façam isto. Até mesmo os demônios creem

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– e tremem” (Tg 2:19). Contudo, os demônios não se arrependem. Eles estão trabalhando arduamente para enganar a humanidade, pois sabem que o juízo logo virá sobre eles (Ap 12:12).

2) Espíritos humanosTodo e qualquer ser humano que é concebido tem

um espírito. O homem é constituído por três partes: um corpo, uma alma e um espírito (1 Ts 5:23; Hb 4:12). O nosso espírito, no entanto, está morto dentro de nós até que sejamos vivificados espiritualmente através da fé em Cristo (Ef 2:1-8).

A Bíblia ensina que uma vez que um ser huma-no tenha morrido fisicamente, o seu espírito deixa o seu corpo. Os que estão em Cristo partem para estar na presença do Senhor (2 Co 5:6,8). Os que morrem sem Cristo são mantidos para o dia do juízo (Hb 9:27; Ap 20:11-15). Os espíritos dos seres humanos mortos não têm permissão de vagarem sobre a terra! Tam-pouco eles se reencarnam em outros seres humanos ou em outras formas de vida. Todas as pessoas têm somente UMA vida, e, depois disto, vem o juízo (Hb 9:27).

Há muitas religiões que adoram muitos tipos de es-píritos. Algumas pessoas até mesmo creem que podem comunicar-se com o espírito de um ancestral ou de algum outro indivíduo morto. Contudo, essas pessoas não estão se comunicando com seres humanos mortos. Elas estão na verdade se comunicando com espíritos demoníacos que estão se disfarçando de espíritos de seres humanos mortos.

Não seja enganado por essas falsificações! A Bí-blia ensina que Satanás e seus demônios podem até mesmo assemelhar-se a um “anjo de luz” e tentar imi-tar algo bom (2 Co 11:14). Se eles conseguem fazer isso, não é difícil para eles imitar a voz ou conhecer a história de uma pessoa que esteja morta. Nunca tente comunicar-se com os mortos, nem fazer parte de qual-quer ritual ou cerimônia que esteja tentando adorar ou orar a ancestrais ou outros seres humanos mortos. Se você fizer isso, estará convidando interações demoní-acas!

3) O Espírito SantoO Espírito Santo é o Espírito de Deus, e é o úni-

co Espírito que é digno de ser chamado de santo (Rm 1:4). O Espírito Santo é totalmente Deus, assim como o Pai é Deus e Jesus é Deus (Mt 28:19; 2 Co 13:13 ou 14).

Atributos divinos são atribuídos ao Espírito Santo nas Escrituras:● Ele é chamado de Deus (Jo 4:24; At 5:3,4; 1 Co

3:16; 2 Co 3:17).● Ele é eterno (Hb 9:14).● Ele é onisciente [conhece todas as coisas] (Jo

14:26; 1 Co 2:10).● Ele é onipresente [presente em todo lugar] (Sl

139:7).● Ele é onipotente [todo-poderoso] (Lc 1:35; na Cria-

ção, Gn 1:2).● Ele tem presciência (At 1:16; 11:27,28).● Ele tem amor (Rm 15:30).● Ele inspirou as Escrituras (2 Pe 1:21; 2 Tm 3:16).● Ele é o Agente no direcionamento divino (Mc 13:11;

Rm 8:14).

● Ele é uma “Pessoa”, assim como Jesus e o Pai são “Pessoas” (Jo 14:16,17,26); Ele pode ser entristeci-do (Ef 4:30).Um estudo completo da Pessoa do Espírito Santo

é muito mais extenso do que este artigo permite. Con-tudo, tanto o Antigo como o Novo Testamento revelam que: o Espírito Santo é real e é Deus; Ele é co-existen-te, co-igual e co-eterno com o Pai e o Filho; e Ele é a Terceira Pessoa da Trindade. ■

e. A unção NÃO é a mesma coisa que a santificação. Vamos definir e estudar brevemente a santificação para ob-termos um melhor entendimento deste importante processo bíblico.

A Santificação Definida A santificação tem dois significados importantes. O pri-meiro deles é a consagração – uma separação de alguém ou algo para um uso específico e santo. Aprendemos com o Antigo Testamento que isso tinha a ver com objetos físicos, tais como: casas (Lv 27:14); campos (Lv 27:16); utensílios usados no Templo (2 Cr 29:18,19). Todas essas coisas eram santificadas e separadas para um uso santo. As pessoas também eram separadas para um propósito especial: os primogênitos de Israel (Êx 13:2); os sacer-dotes (2 Cr 29:4,5,15); o profeta Jeremias (Jr 1:5); o pró-prio Jesus, como o imaculado Filho de Deus (Jo 10:36; 17:19). O segundo significado da santificação é a purificação – uma lavagem ou purificação da corrupção moral. Por exemplo: Paulo ao abordar a situação de toda a vida do crente (1 Ts 5:23); a consciência do crente (Hb 9:13,14), etc.

Santificação:ser separado para uso sagrado.

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De Pastor Para Pastor: Essas duas definições de santificação ajudam a ressaltar a diferença entre o con-ceito de santificação do Antigo Testamento e do Novo Testamento.

No Antigo Testamento, o que era comum era conside-rado santo e santificado quando era separado especifica-mente para o uso ou serviço de Deus.

No Novo Testamento, o que era comum era cheio com o Espírito de Deus e transformado para se tornar um vaso adequado para uso do Mestre (2 Tm 2:19-21).

Como líderes no Corpo de Cristo, fomos chamados com um chamado santo (2 Tm 1:9). Este chamado nos separa para o serviço de Cristo. Contudo, Deus ainda não terminou neste ponto. Ele começa uma obra de “santifi-cação” dentro de nós, transformando-nos continuamente pelo Seu Espírito e pela Sua Palavra. À medida que coo-peramos com esta obra e obedecemos a Palavra, Ele nos transforma no tipo de pessoa cujos pensamentos, pala-vras, e ações na vida diária refletem Aquele que é Senhor dentro de nós. ■

2. Três Aspectos da Santificação a. Santificação Posicional – Uma Obra Realizada. En-quanto Se encontrava nesta terra, Jesus era moralmente perfei-to e sem nenhum pecado. Ele foi enviado aqui pelo Pai para realizar o propósito de vir ao nosso mundo caído e oferecer-Se como um sacrifício de penalidade pelos nossos pecados. É através d’Ele, e somente através d’Ele, que podemos ter o perdão, a salvação e a redenção de Deus. Quando alguém vem à fé em Cristo e se entrega ao senho-rio de Cristo, esta pessoa é soberanamente unida ao Corpo de Cristo, a Igreja (1 Co 12:13). A palavra grega referente a “igreja” é “ekklesia”, e significa “os chamados para fora”. Essa definição nos ajuda a vermos como todos os crentes em Cristo têm o propósito de ser chamados para fora ou de ser separados para serem usados por Deus. Este tipo de santificação – de sermos separados para um uso santo – é conhecido como santificação posicional. (Veja 1 Co-ríntios 1:30; 6:11; 2 Tessalonicenses 2:13.) A santificação posi-cional é uma obra concluída de Deus, a qual é dada a todos os indivíduos na salvação (At 26:18; Rm 15:16; 1 Co 6:11). Cristo derramou o Seu próprio sangue e deu a Sua vida pe-los nossos pecados. Uma das obras realizadas através desse fato foi a santificação dos que creem n’Ele. “Através desta vontade fomos santificados, através da oferta do corpo do Senhor Jesus Cristo de uma vez por todas” (Hb 10:10); “Mas sois d’Ele, em Cristo Jesus, que Se tornou para nós a sabedoria de Deus – e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1:30). O fato de serem “santificados” é a razão pela qual os crentes da Igreja Primitiva eram chamados de “santos” (1 Co 1:2; Ef 1:1). A santificação é dada gratuitamente a nós devido à obra consumada de Cristo na Cruz. Nunca poderíamos fazer boas obras o suficiente ou esforços religiosos para merecê-la. Nunca poderíamos ser “bons o suficiente” para merecermos a aceita-ção ou salvação de Deus pelos nossos próprios méritos. Quando o nosso imaculado e moralmente perfeito Pai Ce-lestial olha para nós, Ele está ciente de todas as imperfeições e falhas. Contudo, Ele nos vê através do sangue de Jesus, Seu Filho, que nos cobre (nos santifica). Essa “cobertura” pelos

nossos pecados é a única maneira pela qual podemos ser per-feitamente aceitáveis a um Deus santo e justo (Ef 1:6,7). Estas são realmente Boas Novas! Através do sangue eterno do Cordeiro Imaculado, os crentes foram santificados (Hb 10:11-14; 13:12). A oferta de Cristo do Seu sangue derramado é uma obra de santificação feita de uma vez por todas (Hb 9:28; 10:12). Não precisamos de uma “segun-da obra da graça” (como alguns ensinam) para sermos aceitáveis a Deus. No momento em que cremos em Cristo e em Seu sacri-fício pelos nossos pecados (Rm 10:9,10), Deus atribui a nós a santidade de Cristo e nos declara “santificados” (1 Co 1:30). b. Santificação Progressiva – Um Processo Prático. A segunda parte do significado triplo da santificação é o processo da santificação que continua por toda a vida do crente. É geral-mente chamada de santificação progressiva. Já aprendemos que a santificação posicional é um ato sobe-rano de Deus que nos concede a santidade fornecida somente pelo sacrifício de Cristo. Não conseguimos merecer isto atra-vés de nenhum esforço humano, já que toda a humanidade está desesperadamente perdida sob o pecado (Rm 3:9-26). No entanto, uma vez que alguém venha à fé em Cristo para a salvação, a próxima grande obra de Deus é o processo de “sermos transformados à mesma imagem [de Cristo] de glória em glória, como que pelo Espírito do Senhor” (2 Co 3:18). Pois a vontade de Deus é que “sejamos conformados à imagem do Seu Filho, para que Ele possa ser o Primogênito dentre muitos irmãos” (Rm 8:29). Esse processo de santificação (ou santificação progressi-va) é diferente da forma posicional de santificação. A santi-ficação posicional é um ato único, soberano, feito por Deus quando recebemos a obra salvadora de Cristo. Por outro lado, a santificação progressiva envolve nossa vontade, nossos dese-jos e esforços de uma forma consistente. Essa ação e compromisso de toda uma vida no sentido de sermos “transformados” é uma parceria divino-humana. Os crentes precisam fazer uma parceria com Deus e cooperar com a Sua obra divina de transformação em suas vidas. A Bíblia é clara no sentido de que todos os seguidores de Cristo devem se esforçar ao máximo para se tornar mais se-melhantes a Cristo, vivendo uma vida santa e pura. “Portan-to, tendo estas promessas, amados, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2 Co 7:1). Temos o seguinte mandamento: “Despojai-vos, com relação à vossa antiga conduta, do velho homem, que se corrompe de acordo com as concupiscências enganosas, e renovai-vos no espírito da vossa mente, e revesti-vos do novo homem, que foi criado de acordo com Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:22-24). Separe, por favor, alguns momentos agora mes-mo para ler os seguintes versículos, que são apenas algumas das muitas exortações sobre este assunto: Romanos 6:11-13; 12:1,2; 13:14; 2 Timóteo 2:20,21; 1 Pedro 1:13-19; 1 João 3:3. Esse é um aspecto vital da nossa fé cristã. Contudo, tam-bém é onde muitos crentes deixam de se tornar tudo o que Deus queria para eles. Eles permanecem prisioneiros da ira, do pecado, na escravidão, ou temor, em vez de permitirem que Deus os liberte dessas coisas. Muito embora tentem com suas próprias forças livrar-se de hábitos ou práticas ímpias, eles não

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estão cientes da sua necessidade da ajuda de Deus para se tor-narem totalmente libertos. Está claro nas Escrituras que é impossível tornarmo-nos santos e moralmente puros sem o poder de Deus para nos ajudar (Jr 13:23; 17:9,10; Rm 3:20,23; 7:18). Sim, o sangue de Cristo fornece a base para a nossa santificação inicial (Hb 10:29). No entanto, é a constante ação conjunta do Espírito Santo e da eterna Palavra de Deus (Ef 5:26) que continuamente nos molda cada vez mais à imagem de Cristo (Rm 8:29,30; 2 Co 3:18; Fp 1:6; 1 Pe 5:10). Essa obra é um processo que dura toda a nossa vida e que continua até que finalmente O vejamos “face a face” (1 Co 13:12; 1 Jo 3:2). Deus deseja operar constantemente dentro de nós para nos moldar. Contudo, Ele também precisa ter a nossa total coo-peração e esforços com a ajuda do Espírito Santo e da Pala-vra de Deus. Precisamos optar por ouvir e obedecer, por ouvir atentamente e responder às instruções da Palavra de Deus e do Espírito Santo. A santificação progressiva é uma transformação que dura toda a nossa vida. Nunca seremos perfeitos ou imaculados nes-ta vida (1 Jo 1:8), mas podemos e precisamos estar continua-mente crescendo em busca da maturidade espiritual. c. Santificação Completa ou Final. A nossa perfeição imaculada aguarda a vinda do Senhor Jesus Cristo ou o mo-mento em que, na hora da nossa morte, passaremos desta vida para a presença do Senhor. Será aí que seremos libertos deste corpo de carne corruptível, e, “num piscar de olhos, com a úl-tima trombeta” (1 Co 15:52) seremos transformados em seres incorruptíveis e imortais (1 Co 15:45-47; veja também Filipen-ses 3:20,21; 1 Jo 3:2). Na Cruz, quando Cristo morreu pelos nossos pecados, fo-mos salvos da penalidade do pecado. À medida que crescemos na fé e na santidade, somos libertos cada vez mais do poder do pecado. E, quando Cristo voltar (ou quando morrermos no Senhor), seremos salvos da presença do pecado! A santificação não é a unção. Contudo, a santificação (es-pecialmente a santificação progressiva) é vitalmente importan-te ao assunto da unção. O fato de vivermos uma vida santa e comprometida tem um impacto direto sobre o fluir da unção em nossa vida e ministério. [Isso será discutido mais detalha-damente na Parte III, Seção A, Protegendo a Unção.]

3. O Caminho Para o Crescimento Os cristãos devem estar crescendo constantemente. A Bí-blia nos exorta a “crescermos na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3:18; veja tam-bém 2 Pedro 1:5-11). A santificação progressiva é um processo que requer uma parceria entre Deus e cada indivíduo (Fp 2:12,13). Deus está em ação para o nosso bem, uma vez que precisamos ter a Sua ajuda para nos tornarmos semelhantes a Cristo em nosso cará-ter. Mas qual é a nossa parte neste processo? Precisamos: a. Ter fé em Cristo. Sem fé, não podemos receber o dom da salvação nem receber o dom de Cristo da salvação posicional. Na salvação, Cristo Se torna a nossa santificação (1 Co 1:30). Recebemos este dom d’Ele através da fé n’Ele (At 26:18). b. Entregar nossa vida a Deus. É assim que começamos

nossa vida como cristãos; é assim que precisamos viver dia-riamente também. Uma contínua entrega ou rendição a Deus é de importância fundamental. Ele é quem sabe o que é necessá-rio para nos moldar mais à imagem de Cristo. (Veja Romanos 6:13,19-21;12:1,2; 2 Timóteo 2:21.) Entregarmo-nos diaria-mente a Deus também é necessário para que a nossa fé cresça e seja fortalecida, à medida que escolhemos depender d’Ele e confiar n’Ele (Hb 11:6). c. Obedecer a Palavra de Deus. As Sagradas Escrituras são o nosso padrão final para a nossa fé e conduta. “Como o jovem pode purificar o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” (Sl 119:9). O Espírito Santo usa a Palavra de Deus para falar conosco e moldar o nosso caráter (Jo 14:26). A Palavra de Deus nos capacita e nos transforma em instrumentos úteis para a glória de Deus (2 Tm 3:16,17). A Palavra de Deus nos purifica (Ef 5:26). A Bíblia também nos revela nossas motiva-ções e pensamentos mais profundos (Hb 4:12). Precisamos ler a Bíblia todos os dias, e, em seguida, precisamos obedecê-la (Tg 1:22). Deus fornece tudo o que é necessário para que vivamos e cresçamos na santidade (2 Pe 1:3,4). No entanto, precisamos dar voluntariamente nossa cooperação e obediência! d. Fazer um compromisso pessoal de buscar a santida-de. “Buscai a paz com todos, e a santidade, sem a qual nin-guém verá ao Senhor.” (Hb 12:14; veja também Mateus 5:8.) Pedro exorta os crentes a serem sóbrios e a colocarem to-talmente a sua confiança na graça de Deus. Devemos obedecer a Deus e não nos conformarmos às antigas concupiscências que outrora nos controlavam. Esta expectativa divina para com a nossa santidade deve-se ao fato de que Deus é santo em Seu caráter e justo em todos os Seus juízos (1 Pe 1:13-21). O mais importante em nossa vida e em nosso destino não é uma vida de felicidade ou comodidade, e sim de santidade. A busca de um estilo de vida santo – em nossas ações, pen-samentos, relacionamentos e palavras – não é opcional para o seguidor de Cristo. Nunca deveríamos tolerar o que não é de acordo com um Deus santo! O nosso modelo e exemplo não é o que os outros fazem (quer sejam cristãos ou não), ou os esmo-recimentos nos comportamentos que talvez testemunhemos até mesmo em outros líderes. O nosso guia final para a vida não é a nossa cultura, tribo ou família. Como cidadãos do Reino de Cristo (Fp 3:17-20), somos responsáveis em seguirmos acima de tudo o que Deus nos revelou através da Sua Palavra, pelo Espírito Santo. É isso que precisamos nos esforçar para obede-cer! (Lc 9:23-26.) Se diligentemente vivermos nossa vida de acordo com o santo padrão do caráter revelado de Deus e da Palavra, temos a garantia de que cresceremos na santificação. E, à medida que crescemos na santificação, tornamo-nos “vasos para honra, santificados e úteis para o Mestre, preparados para toda boa obra” (2 Tm 2:21). B. O PROPÓSITO DA UNÇÃO Pelo fato de que há alguma confusão com relação à unção, tomamos o tempo na seção anterior para identificarmos o que a unção não é. Vamos rever sucintamente o que já aprendemos: ● A unção não é uma força mística ou impessoal. ● A unção não é uma dotação, capacidade, talento, emo-

cionalismo ou uma personalidade carismática.

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● A unção não é salvação. ● A unção não é o Batismo do Espírito Santo. ● A unção não é a santificação do crente.

1. A Unção Definida Assim sendo, o que é então a unção? A unção pode ser definida melhor da seguinte maneira: A unção não é nada mais do que a Pessoa e a presença do Espírito Santo, trazendo Consigo o poder, a autoridade e os dons necessários para cumprirmos a vontade do Pai num dado momento de nosso ministério ou tarefas. É preciso que seja dito que o Espírito Santo está diretamente envolvido em cada um dos cinco importantes itens citados aci-ma. Sem a presença e a ação do Deus-Espírito Santo, esses cinco aspectos vitais da vida de cada crente talvez não aconteçam. No entanto, esta faceta da obra do Espírito Santo chamada de unção tem um propósito singular e específico.

2. Poder com um Propósito a. Capacitação Divina. O propósito principal da unção do Espírito Santo é dar ao crente uma capacitação sobrenatu-ral. Essa capacitação é dada a qualquer pessoa que Deus dese-jar, a fim de ajudá-la a realizar o que Deus quer que seja reali-zado. Talvez seja para falar ou pregar, fazer uma obra, cantar ou tocar um instrumento musical. Talvez seja para impor as mãos sobre os enfermos para curá-los, ou para que Deus re-alize outros sinais e maravilhas. Também pode nos ajudar a orarmos e intercedermos mais eficazmente. Também é importante observarmos que Deus pode ungir um indivíduo para uma capacidade maior para liderar ou para por em prática uma capacidade, até mesmo nos negócios ou num comércio. (Veja Êxodo 31:3.) O desejo de Deus é ungir o Seu povo para oportunidades ministeriais, tanto dentro como fora da Sua Igreja. Mas lembre-se: é para os propósitos e glória D’ELE, e não para os nossos próprios propósitos e glória! Lembre-se do que é a unção: É Deus através do Seu Espírito dando a um vaso humano em submissão qualquer que seja o po-

der, autoridade e dons que sejam necessários para cumprirmos a vontade do Pai num dado momento de um ministério ou tarefa. É importante compreendermos que a unção é a Pessoa do Espírito Santo! O poder de Deus não está separado da Sua Pessoa e presença. Quando dizemos que alguém está ungido, queremos dizer que a Pessoa do Espírito Santo está singular-mente presente em sua vida para realizar a vontade de Deus através dele. b. Quem Pode Ter a unção? À medida que lemos o Anti-go Testamento, é fácil reconhecermos quando o Espírito Santo vinha sobre um profeta, juiz, rei, sacerdote, etc. Contudo, a dispensação do Espírito Santo era diferente no Antigo Testamento do que é no Novo Testamento. O Apóstolo João escreveu: “Mas isto Ele falou com relação ao Espírito, o Qual os que cressem n’Ele receberiam, pois o Espírito Santo ainda não havia sido dado, porque Jesus ainda não havia sido glorificado” (Jo 7:39). O Espírito Santo, o Qual é totalmente Deus, existe des-de toda a eternidade. Ele esteve ativo na Criação (gn 1:2) e durante todo o Antigo Testamento. Mas Deus-Pai ainda não havia dado plenamente o Deus-Espírito até que o Deus-Filho houvesse aberto o caminho da salvação através da Sua morte sacrificial na Cruz (Jo 14:16,17; 16:7).

De Pastor Para Pastor: Como cristãos que cre-em na Bíblia, nós não adoramos três deuses. Ado-ramos Um só Deus, que Se expressa em três Pes-soas. Dentro de Deus, há três “Pessoas”, que não são três deuses, nem três partes. Os Três são Um, e cada um d’Eles é co-igual e co-eternamente Deus. Nossa mente limitada tem grandes dificuldades para compreender a natureza três-em-um de Deus. Con-tudo, as Escrituras revelam de fato esta verdade so-bre Ele. ■

Há uma diferença básica entre a dispensação do Espírito Santo no Antigo Testamento e a dispensação no Novo Testa-mento. No Antigo Testamento, o Espírito Santo vinha tempo-rariamente sobre um vaso humano escolhido. O Espírito Santo capacitava o indivíduo (profeta, sacerdote, juiz, etc.) para que ele executasse a vontade de Deus num dado momento. Aí en-tão o Espírito Santo saía de sobre ele até o próximo momento de uma tarefa ministerial. No entanto, no Novo Testamento, o Espírito Santo era dado para que Ele fizesse residência em corações humanos e vivesse num relacionamento permanente com eles. Vamos analisar alguns exemplos da unção do Espírito Santo no Novo Testamento:

Jesus A primeira Pessoa do Novo Testamento a ser ungida pelo Espírito Santo foi – Jesus! Jesus recebeu a unção capacitadora do Espírito Santo em Seu batismo nas águas (Mt 3:16). Após a tentação de Jesus no deserto, o Seu primeiro ato de ministério público foi ler Isaías 61:1,2 na sinagoga. Aí então Ele declarou que aquelas Escrituras Messiânicas haviam sido cumpridas na-quele momento (Lc 4:14-21). Você notará que a unção do Espírito Santo citada em Isaí-as 61:1,2 tinha o propósito de proporcionar o cumprimento da vontade do Pai através do ministério terreno de Jesus.

A unção pode aumentar

habilidadesmusicaise outras.

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Jesus era tanto totalmente Deus como totalmente Homem em Seu corpo físico na terra (Fp 2:5-8). Contudo, Ele precisava do poder do Espírito Santo para fazer a vontade do Pai. Se Jesus, o Filho de Deus, precisava do Espírito Santo, quanto mais você e eu também precisamos d’Ele? (Veja também Atos 10:38.)

A Igreja PrimitivaOs Líderes da Igreja Primitiva

No Dia de Pentecostes (At 1:12 – 2:4), os líderes da Igreja Primitiva e os discípulos restantes estavam orando num cená-culo. Os que estavam presentes incluíam os 11 Apóstolos ori-ginais (Judas já estava morto), o novo Apóstolo, escolhido por sorteio para substituir Judas, e um pequeno grupo de outros discípulos (aproximadamente 120 pessoas ao todo). De repen-te, a promessa do Espírito Santo (Jl 2:28-32) foi derramada sobre eles (At 2:2-4). O Apóstolo Paulo converteu-se mais tarde à fé em Cristo. Ele também recebeu o Espírito Santo e começou a pregar fer-vorosamente o Evangelho de Jesus Cristo (At 9:1-22). Evangelistas como Filipe foram cheios com o Espírito San-to e foram dirigidos por Ele (At 8:29). Os que receberam o dom do ensino, como Apolo, por exemplo, não poderiam ter ensinado com tanta autoridade sem a unção do Espírito Santo (At 18:24-28; veja também 1 Coríntios 3:5-7). Os que foram chamados para servirem o Corpo de Cristo, que crescia rapida-mente, estavam cheios do Espírito, como no caso de Estêvão (At 6:1-10). Há passagens adicionais no Novo Testamento sobre este assunto também (por exemplo, Atos 4:13,33; 11:27,28; 21:10,11).

Os Discípulos da Igreja Primitiva Os que foram cheios com o Espírito no Cenáculo no Dia de Pentecostes eram apenas o início dos muitos outros crentes que foram cheios e ungidos com o Espírito Santo (At 4:31; 5:32; 13:52, etc.).

Poder Para a Evangelização À medida que a chama do Evangelho se espalhava, assim também se espalhavam os poderosos derramamentos do Es-pírito Santo. Isso cumpriu as palavras de Jesus que foram da-das um pouco antes da Sua Ascensão: “Mas recebereis poder quando o Espírito Santo vier sobre vós; e sereis testemunhas para Mim em Jerusalém, e em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1:8). A lista de Jesus de localizações geográficas não era apenas linguagem poética. O Livro de Atos revela o cumprimento da promessa do Espírito Santo de ser derramado sobre todos os que creem n’Ele e o início da evangelização do mundo. Em Jerusalém… (cumprida no Dia de Pentecostes – Atos Capítulo 2). Parecia que este novo grupo de crentes judeus pa-raria a sua pregação em Jerusalém. Isso poderia ter colocado em perigo o propósito e a missão de Cristo de o Evangelho ser dado a todos os povos, de todas as épocas, em toda parte. No entanto, uma perseguição começou quase que imedia-tamente depois que o Evangelho começou a ser pregado. Deus usou essa perseguição para compelir e espalhar a Igreja Primi-tiva para fora de Jerusalém, a fim de que aquele grupo cumpris-se a vontade do Pai de levar a mensagem de salvação a todas as pessoas. Aí então, em Atos Capítulo 8, somos apresentados a um cruel perseguidor da Igreja – Saulo. Suas investidas pareciam más notícias, até lermos nas Escrituras que “os que foram es-palhados foram a toda parte, pregando a Palavra [Evange-lho]” (At 8:4). Isso incluiria tanto a Judéia como a Samaria (At 8:1-25).

A Marcha Externa do Evangelho Observe que o Espírito Santo estava sendo derramado so-bre os que recebiam o Evangelho (At 8:16,17). Havia também sinais e maravilhas que acompanhavam a pregação do Evange-lho (8:6,13). Contudo, uma obra maior ainda estava para ser desvendada para a Igreja Primitiva. Deus queria que o Evangelho fosse pre-gado em toda parte. Jesus ordenou que os discípulos “fossem a todo o mundo e pregassem o Evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). Uma palavra semelhante foi registrada em Atos 1:8: “... até aos confins da terra.” Essa marcha externa começou quando Filipe encontrou um eunuco etíope, o qual logo se converteu a Cristo (At 8:26-40). Atribui-se a este mesmo etíope, segundo a tradição da Igreja, o fato de ser a primeira pessoa a apresentar o Evangelho ao continente da África! Logo depois, Saulo foi radicalmente transformado pelo seu encontro com Jesus (At 9:1-19), e ele foi chamado para ser o Apóstolo aos gentios (At 9:15). No entanto, o foco da maior parte da pregação do Evangelho ainda era o povo judeu – até que Deus fizesse algo radical! Continuamos em nossa leitura e lemos sobre Cornélio, um romano (At 10:1-48). Pedro foi enviado a Cornélio para come-çar a compartilhar o Evangelho com os gentios. Isso foi algo difícil para Pedro fazer como judeu (At 10:9-16). Mas, enquanto Pedro estava pregando, o Espírito Santo caiu sobre Cornélio e toda a sua casa – bem no meio do sermão de Pedro! (At 10:44). Mesmo assim, os irmãos judeus que es-

A unção nos transformará durante nossa vida.

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tavam presentes ainda tiveram dificuldades com o fato de que o Evangelho e o Espírito Santo estivessem sendo dados aos gentios (At 10:45-48). Finalmente, houve uma importante reunião dos apósto-los em Jerusalém, com Pedro sendo chamado para testificar (At 11:1-15). Eles finalmente entenderam e aceitaram o que Jesus havia lhes falado claramente: O Evangelho deveria ser pregado a todas as pessoas – “até aos confins da terra” (At 1:8).

O Plano de Deus Revelado É de vital importância observarmos algo com relação ao Livro de Atos. O Evangelho de Jesus Cristo NÃO era sim-plesmente uma nova religião ou uma nova versão de dou-trinas judaicas. Tudo o que havia acontecido entre a huma-nidade e Deus desde o Jardim do Éden – toda a história do Antigo Testamento – havia contribuído para este ponto do tempo. Deus tinha uma estratégia divina que foi colocada em ação depois que o homem escolheu o pecado (gn 3:15). Esse plano era a salvação da penalidade de morte do pecado, pela graça através da fé em Jesus Cristo (e não de obras). Isso foi possi-bilitado somente pela morte sacrificial e subsequente ressurrei-ção de Jesus. Lemos sobre essa provisão de Cristo nos Evan-gelhos (Mateus, Marcos, Lucas, e João). O propósito de Deus, no entanto, ia além de uma nova fé e de um relacionamento restaurado com Ele. Deus queria (e quer) viver dentro de nós, para nos dar a certeza e o poder que precisamos para vivermos em vitória e para cumprirmos a Sua vontade nesta vida. Portanto, em Sua infinita sabedoria e amor, Deus derramou o Espírito Santo, o Qual habitaria dentro de todos os crentes (Jl 2:28,29). Cristo não veio para trazer uma nova religião ou teologia. Ao contrário, Ele veio para cumprir tudo o que Deus havia prometido para a salvação da humanidade! Sim, o sacrifício de Cristo permite que sejamos restaura-dos a uma comunhão íntima com Deus. No entanto, o Senhor também quer que o poder vivificador do Deus Todo-Poderoso

habite dentro de nós na Pessoa do Espírito Santo. É um poder que o mundo não consegue ignorar nem explicar. Eles podem zombar, criticar ou condenar, assim como o fizeram no Dia de Pentecostes (At 2:5-13). Contudo, eles não conseguem deter a obra e o poder do Espírito Santo através da vida submissa do crente! O que vemos em todo o Livro de Atos com relação a si-nais, maravilhas, salvações, curas, etc. é tão possível e rele-vante para nós hoje como o era para a Igreja Primitiva (Jl 2 ; At 2:33,38,39). Precisamos da presença e do poder do Espírito Santo, não menos hoje do que há 2.000 anos! graças a Deus que “Jesus Cristo [e o Espírito Santo] é o mesmo ontem, hoje, e para sempre” (Hb 13:8).

Todos os Crentes em Cristo de Todas as Épocas Pedro, sob a inspiração do Espírito Santo, declarou que o dom prometido do Espírito Santo habitando dentro de nós é “para vós e para vossos filhos [significando as futuras gera-ções], e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor nosso Deus chamar”. (Veja Atos 2:33,38,39.) Os que são identificados com “todos os que estão longe” certamente incluiria não somente as futuras gerações, mas tam-bém todas as tribos gentias, e todas as outras tribos, línguas e raças da terra (Ef 2:11-19; gl 3:28; Cl 3:11).

Um Relacionamento Para a Vida Toda O dom da presença ungidora do Espírito Santo vem para habitar no coração de cada seguidor de Cristo. Essa é uma unção geral que todos os crentes em Cristo recebem na sal-vação. O Apóstolo João nos dá algumas revelações sobre essa un-ção geral em sua Primeira Epístola. João relembra os primeiros seguidores de Cristo sobre um fato importante: “Mas vocês têm uma unção do Santo, e vocês sabem todas as coisas” (1 Jo 2:20). Através da estrutura da língua grega neste texto no original, fica claro que João não estava se referindo a uma cerimônia religiosa de se ungir com óleo ou com uma outra substância.

Toda tribo... ...toda geração

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Esta unção era do “Santo”, o Qual é Jesus Cristo, o Filho de Deus (Jo 6:69; At 3:14; 4:27). Em outras palavras, “O Ungido” (Jesus Cristo) dá aos Seus seguidores um dom de Si Mesmo. Este dom é o Espírito Santo com a finalidade de viver em nós e permanecer em nós (Mt 3:11; At 1:5; Jo 14:16,17,26; 16:7). Esta unção é para todos os crentes que colocam a sua esperança em Cristo, para a sua salvação pela graça, através da fé. Aí então João, pelo Espírito Santo, continua: “Mas a un-ção que recebestes d’Ele permanece em vós, e não é preciso que ninguém vos ensine; mas assim como a mesma unção vos ensina com relação a todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, e, exatamente como ela vos tem ensinado, assim tam-bém n’Ele permanecereis” (1 Jo 2:27). Esta unção não é uma experiência que acontece uma única vez em nossa vida. Ao contrário, ela deve ser um relaciona-mento crescente com o Espírito Santo, durante toda a nossa vida. É o Espírito Santo que nos conduz à verdade, nos ensina todas as coisas, e faz com que nos lembremos do que Jesus ensinou (Jo 14:26). O Espírito Santo nos ajuda a compreender a verdade e a glorificarmos a Jesus (Jo 16:13,14). Obviamente, João não está dando a entender que os mi-nistérios de ensino não são necessários (Deus nos dá mestres – veja Romanos 12:7; Efésios 4:11). João está se referindo à revelação e ao entendimento que a Pessoa do Espírito Santo traz ao indivíduo à medida que ele responde a Ele em sua vida (1 Co 2:10-16; Ef 1:17,18). Assim sendo, vemos pela Palavra de Deus que há uma un-ção que todos os crentes em Cristo recebem na hora da sua salvação.

De Pastor Para Pastor: O que o Espírito Santo ilu-mina ou revela com relação à verdade sempre estará de acordo com o que Ele já revelou na Palavra escrita de Deus (Jo 16:13,14). NãO haverá jamais uma revelação nova que acrescentará ou discordará da Bíblia! ■

C. A FUNÇÃO DA UNÇÃO Enquanto estivermos estudando a obra e o mover do Espíri-to Santo, precisamos reconhecer que há mistérios. Há um ele-mento da soberania de Deus no assunto da unção que vai além da nossa compreensão (Jo 3:8). A nossa única resposta à sobe-rania de Deus precisa sempre ser, simplesmente e com todo o nosso coração, rendermo-nos ao Seu senhorio e vontade. Deus, em Sua sabedoria, escolheu deixar um elemento de mistério em Seus caminhos, exigindo que vivêssemos pela fé (2 Co 5:7; Hb 11:6). Há muitas coisas nesta vida que vemos e compreendemos somente “em parte” (1 Co 13:12). A nossa postura para com o Senhor precisa ser sempre uma postura de confiança, obediência, e submissão à totalidade da Sua Pala-vra.

Princípios Práticos da Unção Ao continuarmos neste estudo, vamos rever a definição de “unção”:

“Unção” é a Pessoa do Espírito Santo, trazendo com a Sua presença todo o poder, dons e autoridade que são necessários para cumprirmos a vontade do Pai num dado momento de um ministério ou tarefa.

Com esse entendimento claro em nossa mente, analisemos alguns princípios sobre a maneira pela qual funciona a unção do Espírito Santo.

1. A Unção Relacionada ao chamado A unção está diretamente ligada ao chamado de um indiví-duo de cumprir uma tarefa ministerial dada por Deus. Em outras palavras, quando Deus dá a alguém uma tarefa ou chamado ministerial, Ele também disponibiliza todo o po-der, autoridade, dons, revelações, discernimento, etc., que são necessários para se cumprir a tarefa! Aleluia! Quando Deus lhe ordena ou o dirige a cumprir a vontade d’Ele, tudo o que você precisa para cumprir com sucesso a vontade d’Ele encontra-se disponível pelo poder e unção do Espírito Santo. O que Deus ordena que alguém faça, Ele lhe dá a capacitação divina para fazê-lo! Obviamente, sempre há muitos estudos, aprendizados e transformações pessoais que deveriam estar acontecendo ao longo do caminho. À medida que nos aplicarmos – crescen-do em nossas capacidades, dons e conhecimento da Palavra – aí então Deus liberará ainda mais. O princípio de sermos fiéis com o que temos e Deus liberando mais (Lc 16:10a; 19:17) é um princípio essencial para crescermos na unção de Deus.

Funcionando na Unção Deus deseja ungir-nos, para que cumpramos a Sua vontade e chamado. Lemos sobre um princípio semelhante em funcio-namento na apresentação de Paulo sobre a fé. Romanos 12:3: “Deus repartiu a cada um uma medida de fé.” Esta medida de fé (assim como acontece com a unção) é uma capacitação divina proporcional ao dom que Ele nos deu. “Tendo então diferentes dons, de acordo com a graça que nos é dada, vamos usá-los: se profecia, profetizemos propor-cionalmente à nossa fé; ou ministério, vamos usá-lo em nossas ministrações; o que ensina, no ensino” (Rm 12:6,7). Paulo declara o mesmo princípio um pouco diferentemente em sua Carta aos Efésios: “Mas a cada um de nós, a graça foi dada de acordo com a medida do dom de Cristo” (Ef 4:7). Em outras palavras, este dom medido de capacitação divina medida está diretamente ligado ao fato de o indivíduo ser ca-paz de funcionar no dom que Deus lhe designou com vistas ao ministério.

De Pastor Para Pastor: O contexto de Efésios 4:7 está diretamente ligado aos dons espirituais mencionados em alguns versículos posteriormente, em Efésios 4:11. Este versículo (4:7) NãO pertence a uma medida de graça refe-rente à salvação, como alguns ensinam erroneamente. A graça de Deus para a salvação pela fé é dada igualmente a TODAS as pessoas, pois Ele deseja que ninguém pere-ça e que todos se salvem (At 2:21; 17:30,31; Rm 3:22,23; 11:32; 1 Tm 2:4; 4:10; Tt 2:11; 2 Pe 3:9). Deus deseja de fato que todos recebam o Seu dom gratuito da salvação pela fé em Cristo (Ef 2:8). Infelizmente, no entanto, muitos têm rejeitado e continuarão a rejeitar essa oferta – e o que é pior ainda, milhões de pessoas hoje em dia nunca nem mesmo ouviram a mensagem de salvação do Evangelho através de Jesus Cristo. ■

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De Pastor Para Pastor: Muito embora esta não seja a ocasião para um estudo completo sobre os dons espi-rituais, permita-me dar-lhe um importante princípio com relação aos dons espirituais.

Todos os dons espirituais – quer sejam dons de mani-festação (1 Co 12:1-11), dons motivacionais (Rm 12:3-8) ou dons ministeriais (Ef 4:11) – são soberanamente de-signados por Deus. Não cabe a nós escolhermos cuida-dosamente qual dom queremos ou achamos que é o mais necessário. Deus designa os Seus dons de acordo com o Seu conhecimento ilimitado e santidade perfeita. (Veja 1 Coríntios 12:11.)

Muito embora todos os crentes tenham um propósito ministerial no Corpo de Cristo e no mundo em que vive-mos, há uma ampla variedade de chamados e dons. Com cada um deles, Deus dá o poder divino, a fé, a graça e a unção que são necessários para cumprirmos a Sua von-tade e propósito.

Muito embora jamais devamos tentar controlar ou ma-nipular a unção (o Espírito Santo), nós podemos crescer na unção. À medida que somos fiéis com o que Deus nos dá, Ele libera mais (Mt 25:21). Também podemos apren-der a funcionarmos melhor na unção do Espírito Santo, a fim de sermos mais frutíferos no ministério e estarmos em conformidade com a vontade de Deus. [Isso será comen-tado mais na Parte III, Seção B, Crescendo na Unção.] ■

“Transferindo-se” a Unção Um certo ensino afirma que a pessoa que é ungida e é pode-rosa no ministério pode impor as mãos sobre uma outra pessoa e conceder-lhe uma “parte da sua unção” – até mesmo uma porção dupla! Isso tem sido chamado de uma “transferência de unção” e baseia-se imprecisamente nos eventos bíblicos referentes a Elias e ao seu sucessor, Eliseu. (Veja 1 Reis 19:16,19; 2 Reis 2:1-13.) Contudo, o texto bíblico não confirma esse ensino. Elias de fato lançou o seu manto (a sua capa) sobre Eliseu (1Rs 19:19). Porém, isso foi somente uma confirmação simbólica do que o Senhor já havia falado com relação ao chamado divino de Eliseu de ser o sucessor de Elias (1 Rs 19:16). Nesse even-to, Elias não deu o chamado a Eliseu, como também ele não poderia dar-lhe a unção para cumpri-lo. Isso era uma ação de Deus. Elias simplesmente foi obediente à Palavra de Deus e comunicou o que Deus havia lhe ordenado que ele dissesse a Eliseu (1Rs 19:19). Eliseu reconheceu claramente que ele não tinha a capaci-dade de prosseguir com o ministério profético de Elias quando Deus o chamou. Eliseu sabia que ele precisava do poder de Deus (unção), indiretamente mencionado nas Escrituras como o “espírito de Elias” (2 Rs 2:9,15). Assim sendo, Eliseu pediu a Elias uma “porção dupla” do seu espírito (2 Rs 2:9). Mas, como Elias era o profeta ungido de Deus, a sua única resposta ao pedido de Eliseu de uma porção dupla foi uma de-claração profética: “Coisa dura pediste. Contudo, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não, não se fará” (2 Rs 2:10). Fica claro ao lermos este trecho bíblico que Elias sabia que ele não poderia dar nada espiritual a Eliseu. Ele poderia con-firmar o chamado de Deus sobre Eliseu, mas ele não poderia ungi-lo para que ele cumprisse este chamado.

Obviamente, Deus (em Sua soberania) realmente permitiu que Eliseu visse a Elias sendo levado ao Céu. Assim sendo, Eliseu pegou o manto de Elias, de acordo com a vontade de Deus, como havia sido profetizado. Deste ponto em diante, a unção de Deus era claramente evidente no ministério de Eliseu (2 Rs 2:15). O Doador dos chamados, dos dons, e da unção é o próprio Deus, pois somente Deus pode dar o Espírito Santo! Não es-tamos no controle de Deus ou do Seu Espírito; não podemos decidir quem será ungido, ou quanta unção receberá. Tampou-co estamos a cargo dos dons e chamados de Deus. Se Deus nos ungiu para o ministério, não podemos escolher dar esta mesma unção a uma outra pessoa.

Deus Chama – Nós Confirmamos Até mesmo Moisés, um dos maiores servos de Deus, não po-dia dar aos outros a unção que Deus lhe havia dado. No entanto, o próprio Senhor tomou de fato da unção que Ele havia coloca-do sobre Moisés e o Senhor a deu aos anciãos (Nm 11:16,17). Deus ordenou a Moisés que ele desse parte da sua autori-dade a Josué (Nm 27:20) e que o comissionasse (Nm 27:23). Mas isso aconteceu depois que Deus já havia designado a Josué como sucessor de Moisés (Nm 27:18). Além disso, Jo-sué estava presente quando o Senhor ungiu os anciãos (Nm 11:16,17,28), que é a razão pela qual Josué foi descrito como sendo alguém “em quem está o Espírito”, como líder dentre os israelitas (Nm 27:18). Foi o Senhor que chamou e ungiu a Josué. Moisés con-firmou o chamado de Josué e o comissionou a prosseguir o trabalho depois que ele falecesse. Foi o Espírito Santo que deu o dom profético e a unção a Elias, e aí então a Eliseu, juntamente com sinais e maravilhas. (Veja também Números 11:25-29; 1 Samuel 10:6,10; 1 Reis 18:46.)

De Pastor Para Pastor: Não é errado desejarmos de Deus uma “porção dupla” do Seu Espírito. Tampouco é errado pedirmos um dom específico a fim de atuarmos no ministério. Devemos pedir; aí então precisamos confiar em Deus com relação ao que Ele nos dará, e quando Ele nos dará.

Mas note também que Eliseu foi obediente em cum-prir tudo o que Deus o havia chamado a fazer – tanto em sua resposta ao chamado original, como também em seu preparo para receber a unção de Deus (1 Rs 19:20,21; 2 Rs 2:1-11). O chamado e a unção de Deus não são cumpridos automaticamente em nossa vida. Pelo con-trário, a nossa obediência, a nossa submissão e a nossa total cooperação são necessárias em todos os passos do caminho – durante o preparo, como também no cumpri-mento da tarefa ministerial. ■

Uma Transmissão O conceito de um indivíduo “transferindo” a sua unção a um outro não é correto. No entanto, as Escrituras de fato nos fornecem inúmeros exemplos do que é chamado de uma trans-missão. Isso está muito associado com a imposição de mãos (Hb 6:2) e com a oração, conforme a direção do Espírito Santo. (Veja Atos 13:1-3; 1 Timóteo 4:14; 2 Timóteo 1:6.) Eu estou ciente de poderosos homens e mulheres de Deus que oram para que outros recebam uma transmissão do Espírito

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Santo. Já aprendemos que eles não podem dar os seus dons ou unção a alguma outra pessoa. No entanto, parece de fato como se algo do que Deus está fazendo pelo Seu Espírito através de um ministério, ou durante um tempo especial em que Deus está Se movendo de uma maneira marcante e soberana, possa ser vi-vificado em nosso interior, ou transmitido aos outros. Às vezes, os que receberam oração nessas reuniões aparentemente se mo-vem num nível maior de autoridade, como também no poder do Espírito Santo, depois de receberem oração. Eu pessoalmente já recebi poderosas transmissões do Es-pírito Santo. Esses eventos transformaram a minha vida pes-soal, como também a minha direção no ministério, depois de receber essas orações. No entanto, esta é a obra soberana do Espírito Santo, trazendo uma nova transmissão da unção em minha vida, e não as obras do homem.

Transmissão que Confirma O exemplo bíblico mais claro deste tipo de transmissão encontra-se no ministério em desenvolvimento de Timóteo. Paulo relembra a Timóteo de um momento, no início do seu ministério, em que Paulo e os anciãos das igrejas de Icônio e Listra impuseram as mãos sobre Timóteo e oraram por ele: “Não negligencie o dom que está em você, o qual lhe foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1 Tm 4:14). Esse mesmo evento é mencionado novamente na Segunda Carta de Paulo a Timóteo: “Portanto, eu o lembro a despertar o dom de Deus que está em você através da imposição das minha mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de temor, mas de poder, e de amor, e de uma mente sã”. (2 Tm 1:6,7; veja também 1 Timóteo 1:18.) A palavra original usada para “dom” nesta passagem é cha-risma. Isso sugere que uma manifestação do Espírito Santo foi concedida a Timóteo quando Paulo e os anciãos oraram por ele.

Paulo não foi o autor do dom ou do chamado de Timóteo. Quando Paulo e os anciãos impuseram as mãos sobre Timóteo e oraram por ele, o Espírito Santo revelou a vontade de Deus para Timóteo e falou profeticamente através deles para confir-mar o chamado e o desejo de Deus para a vida de Timóteo. En-quanto eles comissionavam Timóteo para o serviço do Senhor, foi o Espírito Santo que ungiu Timóteo para que ele cumprisse o chamado de Deus para a sua vida.

De Pastor Para Pastor: É através das ocasiões de oração e de imposição de mãos que o Espírito Santo fre-quentemente revela algo da vontade e dos propósitos de Deus. A Sua vontade pode ser revelada como um quadro mental, uma palavra profética, um versículo de confirma-ção, ou uma impressão do que o Espírito Santo deseja com relação a um indivíduo ou à sua situação.

Nessas ocasiões, precisamos esperar pacientemente no Senhor e ouvir. Contudo, se não estivermos ouvindo algo específico do Senhor, não devemos falar.

O valor do nosso papel como pastores vem do fato de sermos fiéis e obedientes a Deus e à Sua Palavra. Talvez sejamos tentados a querer agradar os outros, ou a sentirmo-nos pressionados a sermos líderes “espirituais” que tenham uma palavra para as pessoas. Isto é o que a Bíblia chama de “temor dos homens”. É uma armadilha que pode levar a meios-termos muito piores e a reações carnais (Pv 29:25).

Somos chamados para sermos fiéis: a Deus, à Sua Palavra, e ao direcionamento do Espírito Santo. Se você estiver orando por alguém, e o Senhor não falar com você com relação a esta pessoa, isto é perfeitamente normal. O Senhor talvez queira falar com ela diretamente, ou numa outra ocasião, ou de uma outra maneira. Se Deus esti-ver em silêncio, nós também devemos estar em silêncio. Se Deus falar conosco com relação a uma outra pessoa, precisamos ser fiéis e cuidadosos em dizermos somente o que Deus estiver dizendo ou revelando – nada a mais nem a menos.

Nunca é o nosso papel dizermos a alguém o que fazer, onde ir, etc. Nós simplesmente submetemos ao indivíduo o que é que estamos sentindo do Espírito Santo. Geral-mente, isso deve confirmar algo a esse indivíduo que o Senhor já colocou em seu coração. A questão fica então a ser cumprida entre ele e Deus.

Finalmente, esta nota importante: Uma palavra pro-fética do Senhor SEMPRE concorda com o que Deus já nos revelou através da Bíblia, a Sua santa Palavra escrita! Tudo o que fazemos na vida precisa conformar-se e con-cordar com a Palavra de Deus e com os princípios nela revelados. ■

Seguindo o Direcionamento do Espírito Santo Outros exemplos de transmissão podem ser vistos em Atos 6:1-7 e 13:1-3. Esses eventos na Igreja Primitiva não foram so-mente cerimônias simbólicas. Nessas narrativas, os líderes do Corpo de Cristo buscaram o direcionamento do Espírito Santo e o seguiram especificamente. Aí então, com uma certeza de fé, eles oraram em obediência a esse direcionamento. Em res-posta, Deus equipou, abençoou e ungiu os que receberam as orações para cumprirem o que Ele havia designado para eles. O fator crucial é o seguinte: O direcionamento do Espíri-

Comissionado para o serviço do Senhor.

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to Santo é para se revelar o expresso propósito e vontade de Deus. O próprio Jesus reconheceu que o Seu ministério terreno somente era possível porque Ele estava fazendo a vontade de Deus-Pai (Jo 5:19,30; 6:38; 8:29). Nós também podemos fazer isto e não devemos fazer nada menos do que isto! À medida que seguirmos o direcionamento do Deus-Espí-rito, Ele nos usará para cumprirmos a Sua vontade. Parte disto talvez seja confirmarmos o Seu chamado em outros, e, aí então, orarmos para que eles sejam ungidos e dotados para tudo o que Deus propôs para eles, para a Sua glória e para a edificação do Seu Corpo (Ef 4:12-16).

Liberação Maior Em muitos dos seminários do World MAP para pastores, eu tenho ensinado sobre o assunto da unção ou sobre o batismo do Espírito Santo. Nestas conferências, inúmeros pastores têm re-cebido um novo enchimento do Espírito Santo; outros são ba-tizados no Espírito Santo pela primeira vez. Eu pessoalmente não lhes dei nada, a não ser ensinar através das Escrituras sobre estes assuntos. Eu posso ter orado por eles, mas foi o Espírito Santo que os tocou e os encheu (Lc 3:16; Jo 16:7) – porque eles tiveram fome de receber mais d’Ele! Recebemos muitos e muitos relatórios destes mesmos pas-tores sobre mudanças dramáticas em seus ministérios. Eles observam um aumento nos sinais, maravilhas e milagres em suas reuniões; eles têm um novo zelo por Deus e pela evan-gelização; eles conduzem muitos à salvação ou ao batismo do Espírito Santo. O que tem acontecido? Uma das razões é que tem havido um ensino da Palavra de Deus, que traz iluminação sobre um certo assunto. Aí então a pessoa que ouve o ensino toma uma decisão de receber pela fé o que ela aprendeu – e a agir de acordo com isso! Mas há mais coisas que acontecem. O Espírito Santo está presente e movendo-Se de uma maneira singular, testificando sobre a verdade da Palavra de Deus que acabou de ser apre-sentada. Assim sendo, quando as pessoas respondem com um coração aberto e com fé – e, em sua fome por Deus, pedem para receber tudo o que Ele forneceu para elas – Ele responde à fome delas de uma maneira profunda (Mt 5:6; Jo 6:35). E elas recebem de fato! Mais da unção de Deus para o ministério é liberada para elas. Entenda, por favor, que Deus não Se limita ao local de uma conferência ou a um evento. O Deus-Espírito está presente em toda parte, e Ele responde aos que O buscam com todo o seu coração (Jr 29:12,13). Deus o encontrará onde quer que você esteja, quando você O buscar de todo o seu coração. Aleluia! Eu quero dizer novamente que ninguém entende plena-mente como o Espírito de Deus pode mover-Se e agir e como Ele Se move e age. Contudo, sabemos de fato que Deus, atra-vés do Seu Espírito, responde à nossa fome por Ele. O Espírito Santo enche as pessoas novamente em resposta à oração (Lc 11:9-13). Quando a sua fé é estimulada, elas come-çam a pedir com fé, crendo deste ponto em diante (Hb 11:6).

Os Melhores Pedidos Como já aprendemos, os apóstolos impunham as mãos uns nos outros e em outros obreiros, orando por eles e comis-

sionando-os ao ministério (At 13:2,3; 6:1-6). Deus os dirigia a fazer isto. Assim sendo, algo necessário e dinâmico estava acontecendo. Talvez não compreendamos tudo o que se refere aos cami-nhos do Espírito Santo. Mas sabemos o seguinte: À medida que o Espírito Santo nos dirige a orarmos pelos outros – e à medida que permitimos que outros homens e mulheres de Deus orem por nós – a unção, os dons, a sabedoria de Deus e outras coisas mais são transmitidos. Muito embora não possamos de-cidir quem recebe os dons e a unção de Deus, certamente po-demos orar para que os outros sejam poderosos instrumentos e para que sejam usados eficazmente no serviço de Deus pelo poder do Espírito Santo! (2 Tm 1:6,7). Sempre precisamos nos submeter e aceitar de braços aber-tos a vontade soberana de Deus para nossa vida nessas ques-tões. Talvez os melhores pedidos que podemos fazer a Deus sejam: “Quais são os dons e a tarefa que Tu tens para mim? Como o Senhor me chamou para usá-los? O que Tu queres dar-me para que eu possa cumprir a Tua vontade?” Deus tem tarefas, chamados e propósitos ministeriais es-pecíficos para todo homem e mulher. Juntamente com essas coisas, Ele nos dá abundantemente “acima de tudo o que pe-dimos ou pensamos, de acordo com o poder [o Espírito Santo] que opera em nós” (Ef 3:20) para nos capacitar a cumprirmos a Sua vontade, à medida que entregamos completamente nossa vida e desejos a Ele.

2. A Unção Não Deve Ser Guardada Para Nós Mesmos A unção não tem o propósito de ser contida, possuída ou mantida para nós mesmos. O propósito básico da unção é capacitar-nos para sermos eficazes no ministério ou em nossas tarefas. Isso inclui darmos de graça aos outros no ministério o que nos foi dado pelo Espí-rito Santo. O próprio Jesus, no início do Seu ministério, disse: “O Es-pírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu...” (Lc 4:16-21). Você notará, ao ler esses versículos, que Jesus em se-guida citou várias coisas para as quais Ele foi especificamente ungido para fazer pelos outros. A unção é um privilégio sagrado. Não devemos desejá-la a fim de sermos percebidos como sendo mais espirituais ou melhores que uma outra pessoa. A unção é uma capacitação do Espírito Santo, dada para nos tornar mais frutíferos e eficazes no ministério e em nosso chamado. Isso significa que de fato nos tornaremos melhores servos a todos (Jo 13:12-17). Um es-tilo de vida e uma atitude de doação, em todos os níveis e di-mensões da vida, é o mandamento da Bíblia a todos os crentes (Mt 10:8; Lc 6:38; At 20:35). Deus deseja que o Seu povo dê continuamente dos seus recursos e capacidades para beneficiar outros. Sem um estilo de vida de doação, não seremos saudáveis espiritualmente, e o Corpo de Cristo também estará carente. Deus nos deu um exemplo na geografia de Israel que ajudará a ilustrarmos esse princípio.

Vida ou Morte Israel tem duas grandes extensões de água. Uma delas é o Mar da galiléia, e a outra é o Mar Morto. O Mar da galiléia

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é um lindo lago de água doce que é repleto de vida. O Mar Morto é exatamente como o seu nome. Ele é tão cheio de sal e minerais que não consegue ser propício à vida. A água do Mar Morto não é potável e é tão insalubre que uma exposição pro-longada a ela pode queimar a sua pele, causar uma cegueira, ou até mesmo matá-lo! O Mar da galiléia é suprido pela água doce de riachos e correntezas que nele deságuam. No extremo inferior, esta água doce, em seguida, flui para fora e entra no Rio Jordão, o qual, por sua vez, desemboca diretamente no Mar Morto. Como é possível então que a vivificante água doce do Mar da galiléia se torne o tóxico e sem vida Mar Morto? Há uma importante diferença entre estes dois “mares”: Águas boas e saudáveis desembocam em ambos, mas fluem para fora somente do Mar da galiléia. O Mar Morto não tem nenhuma saída. A água do Mar Morto somente fica estagnada e evapora, deixando para trás um acúmulo cada vez maior de sal e minerais. A água se torna venenosa e sem vida. Da mesma maneira, a unção do Espírito Santo na vida do ministro tem o propósito de produzir a vida de Jesus nos ou-tros. Ela aumenta a vida de Deus dentro de nós, e, aí então, flui através de nós para os outros. Devemos dar continuamente aos outros através de um ministério e um serviço poderosamente capacitados e vivificantes. Quando oramos pelos outros, pregamos, ensinamos a Palavra, e compartilhamos palavras de edificação sob a unção do Espírito Santo, somos ministros vivificantes, que abençoamos e edificamos os outros. Se nos tornarmos ego-ístas com o nosso tempo ou esforços – e escolhermos não fornecer um “fluir” contínuo da vida do Espírito Santo den-tro de nós no ministério e no serviço aos outros – a unção do Espírito Santo ficará estagnada dentro de nós. O nosso propósito é recebermos contínua e revigoradamente do Es-pírito Santo (Ef 5:18,19), e aí então distribuirmos as “águas vivas” que recebemos, através do ministério e serviço aos outros (Jo 7:37-39). Você pode ler sobre este princípio em Mateus 25:14-30. O que aconteceu com o servo que não fez nada com os dons e com a unção que Deus lhe havia dado?

3. A Unção Pode Ser Limitada ou Interrompida. Já aprendemos que a unção é a Pessoa e a presença do Deus-Espírito Santo. O Espírito Santo não é uma força incor-pórea ou impessoal. O Espírito Santo é a Pessoa de Deus. As Escrituras revelam que o Espírito Santo pode ser “en-tristecido” (Ef 4:30). Isso significa “deixá-Lo angustiado, ficar magoado ou ficar contristado”. O Espírito Santo também pode ser “extinguido” (1 Ts 5:19). Essa palavra contém a idéia de ser suprimido ou sufocado, como um fogo que é apagado com água. a. Extinguindo o Espírito Santo. Como extinguimos o Espírito Santo? Isso acontece muito frequentemente quando as pessoas são resistentes ou apáticas, com relação à obra e ao mover do Espírito Santo. Se as pessoas estiverem relutantes em responder aos direcionamentos ou desejos do Espírito San-to de Se mover em seu meio, elas poderão parar (extinguir) a Sua obra em seu meio. Por outro lado, o Espírito Santo também pode ser extin-

guido quando os nossos esforços humanos ou o nosso entu-siasmo substituem a verdadeira obra do Espírito Santo. Há igrejas em que as pessoas realmente preferem praticar os seus próprios rituais e formalidades a cada semana, sem nenhum desejo de darem as boas-vindas a uma nova obra do Espírito Santo em seus cultos. Quando isso acontece, Ele não tem a liberdade de agir e mover-Se. Dessa forma, o Espírito é “ex-tinguido”. Há outros lugares em que as pessoas querem “agir” como se o Espírito Santo estivesse presente. Elas podem pular para lá e para cá, gritar, tremer ou outras coisas semelhantes. É ver-dade que quando o poder do Espírito Santo está em ação, há às vezes manifestações físicas. Mas, se isso for feito somente como uma formalidade, e não em resposta a uma obra genuína do Espírito Santo, esse comportamento também pode extinguir a verdadeira obra que o Espírito Santo deseja fazer nesse mo-mento. Todas as vezes que as pessoas escolhem substituir a verda-deira presença e obra do Espírito Santo por uma formalidade, Ele não tem a liberdade de mover-Se da maneira como deseja. Assim sendo, Ele é extinguido. O que todos esses exemplos têm em comum? Todos eles revelam a tentativa do homem de controlar ou imitar a obra de Deus. As pessoas podem decidir que elas estão confortáveis com uma certa formalidade ou estilo que elas querem adotar. Todas as semanas, é o mesmo programa ou formalidade em seus cultos. Infelizmente, isso pode impedir que o Espírito Santo aja de fato em seus cultos para ministrar Sua vida, poder, cura e unção às pessoas. Não há nenhum espaço ou convite para Ele vir e agir. Nessas situações, a vontade do homem se opõe ao desejo do Espírito Santo – e o Espírito Santo é “extinguido” ou não tem a liberdade de agir. A Bíblia fala especificamente sobre os esforços da carne humana substituindo o poder e a presença do Espírito Santo: “Não por força, nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4:6).

De Pastor Para Pastor: Líder de igreja: até mesmo o seu próprio estilo ou forma pode limitar a obra do Espí-rito Santo. Todas as vezes que um grupo de crentes se reúne, é preciso estar sensível ao que o Espírito Santo quer fazer.

Talvez Ele deseja mover-Se de uma maneira dócil, sos-segada, e ministrar cura. Talvez o Espírito Santo venha com poder e liberte os cativos! Talvez Ele introduza uma sensa-ção de uma celebração triunfante durante a adoração, para edificar a fé e a expectativa dos crentes; ou talvez Ele traga uma grande convicção de pecado, e, com isso, um desejo de arrependimento aos que estão presentes, com relação aos seus fracassos diante de Deus.

O ponto é que sempre devemos dar as boas-vindas e permitir tempo para a obra do Espírito Santo em nossos cultos. Precisamos orar, ouvir e obedecer aos direciona-mentos e palavras proféticas que talvez venham. Aí en-tão, o nosso “estilo” de ministério ou de pregação deve alinhar-se com o que o Espírito Santo estiver fazendo nesse momento.

Por exemplo, se estivermos sendo exuberantes ou gritando quando o Espírito Santo quiser ministrar paz ou

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“quietude” (Sl 46:10), extinguiremos a Sua obra nesse momento. Se ignorarmos um sentimento de celebração que está surgindo na adoração, talvez interrompamos um irrompimento vitorioso no meio do povo.Talvez precise-mos até fazer uma pausa durante a adoração e permitir que todos os presentes esperem no Senhor para ouvir d’Ele pessoalmente.

Movendo-se com o Espírito SantoÉ vitalmente importante que, como líderes de igreja,

desenvolvamos um discernimento e sensibilidade com relação ao Espírito Santo. Isso é feito melhor através de prolongados tempos de oração nos dias que antecedem o dia em que os crentes se reunirão. Esses tempos de oração não devem envolver somente o pedido para que Deus abençoe o que você já planejou. Esta é uma oportu-nidade de submeter o seu coração e planos a Deus, e de esperar n’Ele, para você receber um sentimento do que ELE deseja fazer! Tome tempo durante a reunião também para esperar, ouvir e discernir.

Decida ser uma pessoa que esteja comprometida a qualquer coisa que Deus queira fazer. Lembre-se: esta é a Igreja d’Ele, e estas pessoas são o povo d’Ele. Você está aí para servi-las, cuidar delas e discipulá-las. Mas, o que é mais importante, o seu papel é mostrar às pes-soas o caminho que as leva a Deus e ensinar-lhes como responder ao Seu Espírito em tudo! O Espírito Santo pode fazer uma obra de libertação, edificação ou cura numa pessoa muito rapidamente durante um culto. Esse tipo de trabalho, de outra maneira, talvez leve meses, ou talvez nunca aconteça absolutamente, sem o ministério do Espí-rito Santo nesse momento. Assim sendo, vamos nos mo-ver com o Espírito Santo e cooperar com a Sua obra todas as vezes que nos reunirmos! ■

b. Entristecendo o Espírito Santo. As Escrituras também falam sobre entristecermos o Espírito Santo (Ef 4:30). “Entris-tecer” significa deixar alguém triste ou angustiado. O Espírito Santo pode ser entristecido por qualquer coisa que permitimos ou nutrimos em nosso coração que não tenha as características de Jesus. Podemos ter atitudes, hábitos, pensamentos, palavras ou ações – o que quer que seja que não for semelhante a Cristo entristecerá o Espírito Santo. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes selados para o dia da redenção. Que toda amargura, ira, cólera, gritaria, maledicência e malícia sejam tiradas do vosso meio. Antes sede benignos uns com os outros, misericor-diosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou.” (Ef 4:30-32.) A exortação de Paulo aos cristãos efésios os ajuda a com-preender que eles são o templo do Espírito Santo, tanto indivi-dualmente (1 Co 6:19) como corporativamente (1 Co 3:9-17), como Corpo de Cristo. Pelo fato de que o Espírito de Deus habita em nós, pode-mos ter um relacionamento íntimo com Ele. O Espírito Santo pode ser entristecido porque Ele nos ama (Rm 5:5). Vamos nos afastar de qualquer pensamento ou ação que possa causar tristeza e angústia ao Espírito de Deus que habita dentro de nós.

O Espírito e a Palavra Talvez haja líderes que digam que dão as boas-vindas à obra do Espírito Santo em seu meio. No entanto, eles podem tornar-se presunçosos, negligenciando o estudo diligente da Palavra de Deus e o preparo necessário para ensinar e discipular os outros nos caminhos do Senhor. Eles simplesmente “deixam que o Espírito Santo faça a obra”. Esse tipo de pensamento é errado e pode levar a sérios problemas na vida do líder e dentro da igreja. Essa atitude pode tornar-se uma desculpa para a pre-guiça ou para a falta de disciplina, o que Deus não abençoa. A Bíblia fala muito claramente aos líderes sobre essa ques-tão. “Sê diligente para apresentar-te a Deus aprovado, um obreiro que não tem do que se envergonhar, que divide corre-tamente a palavra da verdade.” (2 Tm 2:15.) Como líderes, precisamos preparar nosso coração com muita oração e encher nossa mente com a Palavra de Deus. Precisamos estudar diligentemente as Escrituras e preparar en-sinos da Palavra de Deus que ajudem os que lideramos a se tornarem discípulos maduros de Jesus Cristo. Não podemos nunca ensinar erros, doutrinas falsas ou idéias carnais devido a uma falta de estudo e de familiaridade com a verdade da Pala-vra de Deus. Seremos julgados pelo que ensinamos aos outros (Tg 3:1). Quando estamos preparados através da Palavra de Deus, podemos ter a total expectativa de que a unção do Espírito Santo trará poder à pregação da verdadeira Palavra de Deus. Podemos ter a expectativa de que o Espírito Santo nos usará como um instrumento nesse momento de ministério, e também ter a expectativa de que o Seu poder se seguirá com sinais e maravilhas. Mas, se não formos diligentes em estudar a Bíblia e orar, provavelmente ministraremos muito mais das nossas próprias idéias ou inclinações carnais. Como o Espírito Santo pode nos ungir quando não estamos apresentando a Palavra de Deus ou representando plenamente a Cristo em nossa vida e ministé-rio?

Unção Espontânea A Bíblia ensina de fato que há ocasiões em que o Espírito Santo pode encher nossa boca com as palavras certas: “Mas, quando vos entregarem, não vos preocupeis com a maneira nem com o que deveríeis falar, pois vos será dado nesta hora o que deveríeis falar.” (Mt 10:19; veja também Marcos 13:11 e Lucas 12:11,12.) No entanto, esses versículos se referem a si-tuações de perseguições ou de circunstâncias incomuns, e não a uma reunião semanal normal do seu rebanho! Portanto, essa referência bíblica nunca deve ser usada como uma desculpa para não estudarmos diligentemente a Palavra de Deus e não prepararmos ensinos sãos. Talvez haja ocasiões em que seremos chamados inespera-damente para pregarmos, orarmos ou ministrarmos. Eu creio que nesses momentos vem uma unção espontânea (ajuda) do Espírito Santo. Lembre-se: Ele é Aquele que deseja tornar Je-sus conhecido e atrair as pessoas à salvação através de Jesus Cristo! Ele nos usa em qualquer situação para fazer isto. Mas, quanto mais preparados estivermos na Palavra de Deus e na oração, tanto mais bem preparados estaremos para que Deus nos use eficazmente.

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Deus requer que os Seus líderes sejam diligentes e fiéis para com a Sua Palavra. Isso é para o benefício pessoal do lí-der, como também para o benefício dos que ele lidera. O hábito diário do estudo bíblico e da oração desenvolve dentro de nós uma “represa espiritual” à qual o Espírito Santo pode recorrer. O Espírito Santo então acrescenta o Seu poder, sabedoria e re-velação divinas ao que dizemos. Esta combinação pode mudar a vida do ouvinte! A Palavra de Deus nos exorta a estarmos sempre prepara-dos para que o Espírito Santo nos use em qualquer situação (2 Tm 4:2; 1 Pe 3:15). Isso é conquistado somente através de um estudo diligente da Palavra de Deus e da oração!

4. A Unção Pode Ser Usada de Maneira Abusiva ou Incorreta.

Há vários exemplos nas Escrituras de homens e mulheres que usaram incorretamente ou abusaram do poder do Espírito Santo. Ao fazerem isso, este mau comportamento deles trouxe o juízo e a correção de Deus. a. Juízes Capítulos 13-16 – Sansão. O dom de Deus a San-são foi uma grande força física. Quando o Espírito Santo vinha sobre Sansão (Jz 13:24,25; 14:6,19; 15:14), ele fazia grandes feitos contra os filisteus que oprimiam a Israel. No entanto, muito embora Sansão tivesse um dom excelente e incomum, a sua fraqueza moral causou a sua queda e encurtou a sua vida e serviço a Israel. (Veja Juízes Capítulo 16.) Sansão achava que poderia viver à sua própria maneira e ainda assim esperar que Deus o ungisse. Isso foi uma presun-ção total e causou o seu fracasso como servo de Deus. Ainda que ele tivesse se arrependido mais tarde e Deus o usasse uma vez mais, a vida e o ministério de Sansão provavelmente cum-priram muito menos do que Deus intencionava. [Analisaremos mais detalhadamente como o caráter tem um impacto direto sobre a unção do líder de igreja na Seção III. B.1., Caráter e Unção.] b. Levítico 10:1-3 – Nadabe e Abiú. Esses dois filhos de Aarão (o Sumo Sacerdote) foram ungidos para servirem como sacerdotes ao povo de Israel. A Bíblia revela que eles oferece-ram fogo “profano” (estranho ou estrangeiro) diante do Se-nhor, de uma maneira “que Ele não havia lhes ordenado” (Lv 10:1). Isso foi feito em desobediência ao mandamento anterior de Deus (Êx 30:9). Deus havia estabelecido os horários e os métodos precisos para os sacrifícios e ofertas dos sacerdotes. A obediência ao Senhor e aos Seus caminhos sempre é uma prioridade máxima. O fato de que Nadabe e Abiú foram ungidos como sacerdotes não os isentou de sua desobediência. O juízo de Deus foi rápi-do e severo sobre esses dois filhos de Aarão, cujo serviço para Deus foi feito da maneira deles (Lv 10:2). Como líderes de igreja, precisamos sempre obedecer tanto o direcionamento do Espírito Santo como os princí-pios e mandamentos da Palavra de Deus. Não podemos cair na armadilha de acharmos que podemos escolher minucio-samente a maneira pela qual nós queremos seguir a Deus e ministrar em Sua Igreja. Precisamos aceitar de braços abertos TUDO o que Ele nos revela através da Sua Palavra sobre um ministério eficaz, e exercê-lo com todas as nossas forças!

De Pastor Para Pastor: É tentador para os líderes de igreja que Deus unge – especialmente os que Deus está usando grandemente – achar que os mandamentos bási-cos das Escrituras de alguma forma não se aplicam mais a eles. Eles se esquecem que tudo o que fazem é feito diante dos olhos de um Deus santo (Lv 10:3).

Todos nós já ouvimos sobre homens e mulheres a quem Deus estava usando grandemente e que então ca-íram em fracassos morais, impropriedades financeiras, e em outras graves ofensas e pecados. Estes fracassos raramente vêm sobre eles num só momento. Eles geral-mente começam com “pequenos” meios-termos e descul-pas, que levam a uma desobediência à Palavra e a um fracasso total (Tg 1:14,15).

Nunca podemos nos esquecer que Deus é santo, e que Ele nos chamou para que fôssemos santos também (Lv 11:44; 1 Pe 1:16). A Palavra de Deus, os Seus man-damentos e os Seus preceitos são para todos os crentes e seguidores de Cristo – especialmente para os Seus líderes chamados e ungidos! ■

c. Números 11:16-30 – os Anciãos. A Bíblia registra um evento nas jornadas de Israel em que Deus colocou o Seu Es-pírito sobre 70 anciãos e eles profetizaram (v. 25). Houve dois homens que não se reuniram com os outros no Tabernáculo, mas permaneceram no arraial. O Espírito veio sobre eles tam-bém, e eles começaram a profetizar (v. 26). Josué, que na época era o assistente de Moisés, pediu que esses dois homens fossem impedidos e proibidos de profetizar (v. 28). Moisés, no entanto, repreendeu a Josué e expressou o seu desejo profético de que todos os membros do povo de Deus tivessem o Espírito Santo sobre eles (v. 29; veja também Joel 2:28,29; Atos 2:14-21).

Obediência a Deus:nossa prioridade máxima.

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Josué, provavelmente, tinha boas intenções, pois estava preocupado com o fato de que aqueles dois homens estivessem profetizando fora de ordem, uma vez que não estavam presen-tes com os outros anciãos. Josué, no entanto, estava errado em achar que era responsabilidade sua decidir quando e através de quem Deus falaria.

De Pastor Para Pastor: Quando os líderes tentam exercer o seu próprio controle ou restringir a ação do Espírito Santo, eles estão errados. Frequentemente, os nossos desejos e motivações são bons, no sentido de que “todas as coisas sejam feitas decentemente e com ordem” (1 Co 14:40). Mas os nossos caminhos não são os caminhos de Deus (Is 55:8,9). Os nossos padrões ou conceitos humanos sobre as coisas com as quais nos sentimos confortáveis talvez não tenham nada a ver com o que Deus deseja fazer num dado momento.

Deus pode mover-Se de maneiras incomuns, através de fontes improváveis, e com métodos incomuns. Con-sidere a jumenta de Balaão (Nm 22:22-40), ou Jesus usando a terra e a saliva ao curar um homem cego (Jo 9:1-7).

Estamos vivendo em dias de uma grande colheita e do derramamento do Espírito de Deus. Extraordinários eventos, milagres, declarações proféticas e outras mani-festações do Espírito de Deus estão aumentando ao redor do mundo. Precisamos usar o discernimento, sim, e não simplesmente aceitar ou crer em tudo que está sendo fei-to em nome de Deus (Mt 7:21-23). No entanto, também precisamos aprender a cooperarmos e nos movermos com o Espírito Santo em qualquer momento.

Não somos os que decidem quando, como e através de quem o Espírito Santo pode agir. O vaso que Deus usa certamente não será perfeito. Nenhum de nós o é, mas somos aqueles através dos quais Deus decidiu agir!

Contudo, precisamos observar que as Escrituras tam-bém deixam claro que não devemos nos envolver com os que estão vivendo em pecado ou ensinando coisas er-radas (1 Tm 6:3-5; 2 Tm 3:1-5). Também precisamos ter o cuidado de julgarmos corretamente as profecias (1 Co 14:29). Não devemos usar os padrões externos do mundo para avaliarmos ou conhecermos um irmão ou irmã (2 Co 5:16,17).

Como pastores, em nosso desejo de liderar, podemos ser tentados a tomar o controle. Aí então estaremos cor-rendo o risco de interferirmos ou interrompermos comple-tamente a obra do Espírito Santo em nosso meio (como Josué quase o fez).

Devemos dedicar tempo para discipularmos os que servimos com relação a quando e como profetizar. Con-tudo, precisamos então estar dispostos a permitir que o Espírito Santo aja através deles à medida que eles apren-dem e crescem.

Lembre-se: o nosso papel como pastores é liderar e fazer com que as pessoas cresçam como discípulos. Isso significa, entre outras coisas, que nós lhes ensinamos – e liberamos – para que elas recebam do Espírito Santo e respondam ao Seu direcionamento. ■

d. Atos 5:1-11; 8:9-24 – Ananias & Safira; Simão, o Fei-ticeiro. O Livro de Atos registra duas tentativas separadas na

Igreja Primitiva de se usar incorretamente o poder do Espírito Santo. 1) A primeira delas envolvia Ananias e Safira (At 5:1-11). Eles estavam tentando enganar a liderança da Igreja Primitiva com relação à venda de sua propriedade. Porém, quando Pedro os confrontou, ele citou a ofensa deles como uma “mentira ao Espírito Santo” (v. 3). Fica claro com esse texto que a questão não tinha a ver com a quantia de dinheiro que eles deram (v. 4). Eles foram julgados por sua hipocrisia. Deus estava confrontando o tipo de hipocrisia e espírito religioso que caracterizava os escribas e fariseus (Mt 23:1-36; 6:1-6; Mc 12:38-40; etc.). Os que seguem a Cristo devem ter uma retidão que exceda a retidão dos fariseus (Mt 5:20). Deve ser uma retidão do cora-ção, e não uma forma externa ou simplesmente uma aparência de retidão. Também deve ser dito que se alguém tiver de fato esta retidão interna, ela se revelará num comportamento exter-no que também seja verdadeiramente um comportamento de retidão (Mt 23:25,26). Aparentemente, Ananias e Safira estavam usando o sin-gular e profundo mover do Espírito Santo na Igreja Primitiva para o seu benefício próprio. Eles estavam dando a impressão de estarem cooperando com a obra, mas, obviamente, eles tinham motivações egoísticas e segundas intenções. As suas ações revelam que eles não respeitavam a autoridade dos apóstolos que Deus havia designado como líderes – e, em úl-tima análise, não respeitavam nem honravam o Espírito Santo de quem os apóstolos haviam recebido autoridade. Deus viu o coração de Ananias e Safira, e trouxe um juízo rápido e severo sobre eles (At 5:5,9,10). O desejo de Deus é o de uma Igreja pura e santa (Ef 5:27). Para realizar isso, o Senhor da Igreja age incessantemente para transformar e purificar a Sua Noiva (Ef 5:26,27). Ele nos ama o suficiente para nos disciplinar e nos castigar (1 Pe 4:17; Hb 12:3-11). 2) A segunda ocasião de uma tentativa de se usar ina-propriadamente a unção do Espírito Santo na Igreja Primi-tiva encontra-se em Atos 8:9-24. Aqui, encontramos Simão, o feiticeiro, que era um novo convertido a Cristo (v. 13). Enquanto Simão seguia Filipe, ele ficou estupefato com as coisas grandiosas e milagrosas que via o Espírito Santo fa-zendo! Quando Simão testemunhou os apóstolos ministrando aos outros no poder do Espírito Santo, ele cobiçou este poder para si mesmo. Em sua imatura e ainda mundana forma de pensar, Simão ofereceu dinheiro aos apóstolos a fim de receber aquele poder (v. 18,19). Pedro, pelo poder do Espírito Santo, discerniu as motiva-ções do coração de Simão. “Pois eu vejo que você está enve-nenado pela amargura e preso pela iniqüidade” (v. 23). Era óbvio que Simão tinha motivações egoísticas. O seu coração estava preso pelo pecado, e ele não desejava o Espírito Santo a fim de glorificar a Deus e servir aos outros. “Amargura” neste contexto é como um ciúme ou uma in-veja competitiva (Tg 3:14). Simão queria ser importante e im-pressionar os outros, talvez como quando ele era um feiticeiro (At 8:9-11). Ele queria o poder de Deus para o seu benefício próprio.

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De Pastor Para Pastor: Até mesmo hoje em dia, en-contramos líderes que são verdadeiramente dotados, un-gidos, e que estão sendo usados por Deus. Infelizmente, porém, eles podem começar a achar que são mais impor-tantes do que deveriam achar. Eles começam a agir como se o poder fosse deles, e não de um Deus misericordioso (2 Co 4:5-7). Eles usam o ministério para engrandecer o próprio nome, para ganhar riquezas, ou para influenciar os outros a segui-los.

A maioria dos líderes não começam desta maneira. Os bons líderes anseiam em ver Deus movendo e rece-bendo a glória quando a vida das pessoas é transformada pelo Seu poder. No entanto, se não formos cautelosos e diligentes no sentido de guardarmos o nosso coração (Pv 4:23), poderemos nos desviar.

O Diabo não consegue negar, frustrar, atacar ou ven-cer o poder de Deus (Jo 1:5). Assim sendo, Satanás tenta enganar e envenenar o coração do líder (2 Co 2:11; 11:13-15), para fazer dele um vaso que esteja servindo a si pró-prio e não mais servindo a Deus e Seus propósitos. ■

Ficando Firmes na Fidelidade No caso de Ananias e Safira, e com Simão, lições de cautela e sobriedade são fornecidas a nós. Precisamos estar cientes de que Satanás tem o poder de influenciar os nossos pensamentos e ações, se permitirmos isto (At 5:3). Não devemos dar-lhe nenhum espaço para ele agir (Ef 4:27). No entanto, quando os líderes de fato fracassam – esco-lhendo o pecado em vez da retidão – isto é um problema mui-to sério. Em primeiro lugar, pelo fato de que o nosso Deus é santo, o pecado viola o nosso relacionamento com Ele. Todos os seguidores de Cristo foram chamados e receberam o man-damento de terem santidade pessoal e pureza moral (1 Pe 1:13-19). Em segundo lugar, somos chamados para sermos líderes a quem é confiado o cuidado do povo de Deus. Quando ce-demos ao pecado, quebramos esta confiança e tornamo-nos maus exemplos para o povo que lideramos. Também deixamos as ovelhas vulneráveis aos ataques do Inferno (1 Pe 5:2-4; At 20:28-30; Hb 13:7,17; Tg 3:1). Se Satanás conseguir destruir um líder, as ovelhas serão dispersas e ficarão vulneráveis à queda (Mc 14:27). Os nossos fracassos também ferem as nossas famílias e a nossa reputação. Ferimos a Família de Deus também, e ferimos a reputação de outros líderes de igreja fiéis, os quais, conse-quentemente, são vistos com desconfiança e suspeitas. (Veja as instruções de Paulo sobre a escolha de anciãos em 1 Timóteo 3:1-7.) Satanás visa líderes de igreja muito especificamente com os seus estratagemas de destruição. Mas lembre-se: ele não consegue fazer com que você peque, a menos que você escolha seguir as tentações dele. Resista ao Diabo, e ele tem que fugir de você (Tg 4:7). O seu papel e unção de liderança é um privilégio; também é uma responsabilidade séria e essencial. A Bíblia nos dá muitas exortações sobre permanecermos fiéis e terminarmos bem (Mt 24:13; Fp 3:17-19; 2 Tm 4:6-8). Devemos permanecer firmes em nossa esperança e fé em Cristo até o fim, sendo exemplos ao rebanho da nossa fidelidade, por amor a Jesus e para a Sua glória (1 Pe 5:2,3).

D. PREFIGURAÇÕES DA UNÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Ao continuarmos o nosso estudo, vamos examinar algumas prefigurações da unção no Antigo Testamento. Como foi men-cionado anteriormente, o Antigo Testamento foi dado para a nossa instrução e exemplo (Rm 15:4; 1 Co 10:11). Ele nos aju-dará a adquirirmos um quadro mais completo da unção como uma promessa dada e que foi inicialmente cumprida no início da era da Igreja Neo-Testamentária. (Veja Atos Capítulo 2.)

1. Prefigurações Simbólicas Há várias prefigurações simbólicas no Antigo Testamento da Pessoa e obra do Espírito Santo. a. Fogo – No Tabernáculo e no altar de incenso, as ofertas queimadas tinham um fogo que ardia continuamente e que foi originalmente iniciado por Deus (Lv 9:24; 2 Cr 7:1-3). Este fogo deveria ser mantido e estar ardendo sempre (Lv 6:13). Esta mesma imagem de fogo, que simboliza a presença viva do Espírito de Deus, também é vista no Novo Testamento (Mt 3:11; At 2:3). b. Água – A água é um símbolo usado no Antigo Testamen-to para mostrar o Espírito Santo trazendo um refrigério espiri-tual e bênçãos de Deus. Nesta parte do mundo em que a água era rara, o uso simbólico da água para representar o Espírito de Deus falava claramente às pessoas (Sl 23:2; Is 35:6,7). Ezequiel teve uma visão de um grande rio fluindo da habi-tação de Deus em Seu Templo (Ez 47:1-12). Isso refletia o fluir irrestrito do Espírito de Deus sobre o Seu povo. Jeremias usa a “fonte de águas vivas” (Jr 2:13; 17:13) para retratar a presença de Deus através do Seu Espírito. Jesus tam-bém fala de águas vivas: “... do seu coração fluirão rios de água viva. Mas isto Ele falou com relação ao Espírito...” (Jo 7:37-39.) Nesta ocasião, Jesus estava profetizando especifica-mente sobre o derramamento vindouro do Espírito Santo (Jo 14:16,17; At 2). c. Sangue - Lemos no Antigo Testamento sobre uma unção especial para os sacerdotes que envolvia o sangue (Êx 29:19-21). d. Óleo - O óleo era amplamente usado em todo o Antigo Testamento. Desde o uso comum na culinária, nas luminárias e nos cosméticos, até a mais elevada das funções do Templo, o óleo tinha um papel importante. O óleo era especialmente simbólico da presença e do poder consagrador do Espírito Santo. Vemos isto com os reis (1 Sm 10:1), sacerdotes (Êx 29:1-9), e com a purificação cerimonial dos leprosos (Lv 14:10-18). O óleo também simbolizava a alegria (Is 61:3), e a sua au-sência representava a tristeza ou a humilhação (Jl 1:10). O óleo também era uma imagem da prosperidade (Dt 33:24), do con-solo (Jó 29:6), e do alimento espiritual (Sl 45:7).

Um Poderoso Quadro Simbólico Através desta breve análise do Antigo Testamento, vemos o rico depósito de símbolos, quadros e imagens que nos revelam muito sobre a unção do Espírito Santo e da Sua obra em nossa vida. Como prefigurações, eles representam a unção e a obra do Espírito Santo que temos à nossa disposição hoje! Essa un-ção é a promessa cumprida do nosso Pai Celestial (Jl 2:28-32)

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de derramar o Seu Espírito sobre o Seu povo (At 2:15-20, 33-39). Um dos quadros simbólicos mais poderosos da unção do Espírito Santo é a fabricação e o uso do santo óleo da unção. Um estudo da seguinte passagem nos dará muitas revela-ções sobre a natureza e a função da unção do Espírito San-to: “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu pois toma também para ti das principais especiarias – quinhentos siclos de mirra líquida, a metade disto de canela aromática (duzen-tos e cinqüenta ciclos), duzentos e cinqüenta ciclos de cálamo aromático, quinhentos siclos de cássia, de acordo com o siclo do santuário, e um him de azeite de oliveira. E disto farás um óleo de unção santo, um unguento composto segundo a arte do perfumista. Será um óleo de unção santo. Com ele ungirás o tabernáculo da congregação e a arca do testemunho, a mesa e todos o seus utensílios, o castiçal e os seus utensílios, e o altar do incenso, o altar das ofertas queimadas com todos os seus utensílios, e a pia com a sua base. Tu os consagrarás, para que possam ser santíssimos; tudo o que os tocar precisa ser santíssimo. E ungirás a Aarão e seus filhos, e os consagrarás, para que possam ministrar a Mim como sacerdotes. E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Este será um óleo de unção santo para Mim por todas as vossas gerações. Não será derramado na carne do homem, nem fareis nenhum outro como ele, con-forme a sua composição. Santo é, e será santo para vós. Quem quer que seja que compuser tal perfume como este, ou que dele puser sobre um estranho, será extirpado do seu povo.” (Êx 30:22-33.) O óleo da unção era sagrado e santo ao Senhor. Os israelitas deveriam considerar o óleo da unção da mesma maneira. Esta mistura era um óleo da unção separado e singular, que deveria ser usado somente para cerimônias sagradas (vv. 31-33). Deus deu uma fórmula divina para este óleo da unção (vv. 22-25). Ele não deveria ser duplicado para outros usos. O seu uso era proibido para qualquer um que fosse estrangeiro ao povo da aliança de Israel (v. 33).

Designação Divina Como ele era uma prefiguração da unção do Espírito Santo, os estatutos muito rígidos com relação a este óleo da unção especial nos revelam três princípios muito importantes: Em primeiro lugar, Deus tem uma vontade soberana com relação à unção do Seu Espírito. Exatamente como Ele dirigiu os ingredientes do óleo da unção (Êx 30:22-25), assim também é somente Deus que dirige a Sua unção (1 Sm 10:1) e a ma-neira pela qual esta unção deve ser expressa através da vida de uma pessoa (1 Co 12:7,11). Em segundo lugar, o óleo da unção era para os sacerdo-tes que serviam no Tabernáculo (Êx 30:30). Ele não deveria ser derramado sobre a carne de alguém (Êx 30:32). Todos os genuínos crentes em Jesus Cristo, como “sacerdócio real” de Deus (1 Pe 2:9,10; Ap 1:6), têm uma unção do Espírito Santo (1 Jo 2:20-27). Esta unção não se encontra disponível ao incrédulo. O Es-pírito de Deus habita somente nos que são salvos e que andam em obediência a Deus (Jo 3:5,6; Rm 8:14-16; 1 Co 12:3).

De Pastor Para Pastor: No Antigo Testamento, o Sumo Sacerdote entrava no Santo dos Santos uma vez por ano para fazer expiação pelo povo. (Veja Levítico 16.) Somente ele tinha um acesso direto a Deus a cada ano.

Por ocasião da morte de Cristo na Cruz, o véu bem espesso e semelhante a um tapete, que separava o Santo dos Santos no Templo, foi sobrenaturalmente rasgado em duas partes, de alto a baixo (Mc 15:38; veja também Êxo-do 26:31-33). Este poderoso evento revela que um pleno acesso a Deus agora era possível a todas as pessoas. Quando Cristo cancelou a dívida do pecado da humani-dade na Cruz, a salvação pela fé n’Ele foi disponibilizada a todos os que O recebessem (Rm 10:9,10).

Todos os que invocam o nome do Senhor serão salvos (Rm 10:12,13). E todos os que são salvos pela fé em Jesus Cristo têm um livre acesso ao “trono da graça” (Ef 3:12; Hb 4:16; 10:19), que é a própria presença de Deus! Aleluia!

Os cristãos não precisam mais de um sacerdote ou de ninguém mais para ir a Deus em nome deles. Todos os cren-tes podem e devem ter o seu relacionamento pessoal com Deus através da oração, da adoração e da comunhão. Eles podem conversar e orar a Ele; eles podem ouvi-Lo.

Esse acesso a Deus para todos os que crêem em Seu Filho para a salvação é o motivo pelo qual todos os cren-tes são chamados de um sacerdócio santo. “... vós tam-bém, como pedras vivas, estão sendo edificados numa casa espiritual, um sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais [isto é, adoração, oração, ações de serviço, dízimos e ofertas] aceitáveis a Deus através de Jesus Cristo.” (1 Pe 2:5; veja também Apocalipse 1:6.)

Os “sacrifícios espirituais” aos quais somos chamados não fazem com que sejamos aceitos por Deus. Já somos aceitos por Deus por causa do sacrifício de Jesus na Cruz. A nossa salvação é somente pela fé em Jesus, e não por nenhuma das nossas obras próprias (Ef 2:8,9).

É por isso que o véu que separava o Santo dos Santos no Templo foi rasgado desde o alto até embaixo. Este ato demonstrava simbolicamente que a nossa salvação foi iniciada por Deus. Isso significa que Deus nos alcançou pelo favor imerecido (graça) de Cristo, morrendo pelos nossos pecados na Cruz.

Os nossos esforços no sentido de sermos retos são fúteis em última análise e não podem nos obter a salva-ção (Rm 3:9-20; Gl 2:16). No entanto, vivemos na prática e expressamos a nossa fé através de sacrifícios espiritu-ais, à medida que andamos em obediência a Deus e no serviço ao Seu Corpo e ao mundo (Tg 2:14-26).

Pastor, você precisa ensinar essas verdades básicas da Cruz frequentemente. Os que você lidera precisam compreender a salvação que eles receberam gratuita-mente, e, por sua vez, precisam ser capazes de comu-nicá-la claramente aos que estão tentando desespera-damente “receber por merecimento” a salvação, através de outro meio que não é o que Cristo já nos forneceu (1 Pe 3:15). ■

Em terceiro lugar, o óleo da unção não deve ser duplicado para outros usos, nem deve ser falsificado (Êx 30:32,33). A unção com o óleo no Antigo Testamento simbolizava a designação divina de um objeto ou pessoa. Esta designação consagrava o objeto ou a pessoa a um lugar ou função especial nos propósitos de Deus.

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Com uma designação soberanamente ordenada vinha a au-toridade e o poder necessários para se capacitar o indivíduo a cumprir o que Deus havia decretado (1 Sm 16:13; Is 61:1). O mesmo princípio se aplica ao crente do Novo Testamento, in-dependentemente do lugar de serviço que Deus lhe deu, dentro ou fora da Igreja. Isso também se aplica aos que Deus chamou especificamente para o serviço ministerial de tempo integral (2 Co 1:21; 1 Ts 5:24). Deus nos disponibiliza tudo o que precisa-mos, não somente para que sejamos servos frutíferos Seus, mas também para que sejamos vencedores na vida e no ministério!

O Problema com as Falsificações A disponibilidade da unção de Deus para nós é uma no-tícia maravilhosa! Contudo, precisamos ter cuidado para não falharmos com relação às admoestações de Êxodo 30 sobre falsificarmos o óleo da unção. Deus considerava isto uma ofen-sa grave, até mesmo criminosa (Êx 30:32,33). O que pecasse desta maneira era “estirpado” do povo de Israel. Os estudiosos bíblicos frequentemente associam essa palavra com o fato de alguém ser condenado à morte. O que o simbolismo da falsificação significa para nós hoje, como ministros do Novo Testamento? Já examinamos o peca-do de usarmos a unção de Deus para o nosso benefício próprio (Fp 1:15,16). Há outras maneiras pelas quais a unção de Deus é falsificada no ministério hoje. Algumas pessoas no ministério erroneamente acham que a meta das suas pregações é fazer com que as pessoas fiquem en-tusiasmadas. Assim sendo, elas falsificam a unção através do seu exuberante estilo de pregação ou ensino. Às vezes, elas dizem coisas que as pessoas querem ouvir, até mesmo contradizendo a Bíblia. Talvez contem histórias exageradas, ou talvez usem ou-tras formas de manipulação para entusiasmarem a multidão. Outros no ministério talvez queiram ser impressionantes para ganharem seguidores para si mesmos. Eles talvez falsifi-quem a unção, fingindo entender os “profundos mistérios” que ninguém mais entende (2 Co 11:3,4). Eles reivindicam títulos ou posições a fim de impressionar os outros, ou usam a sua posição ou autoridade para influenciar os outros a fazerem coisas que talvez sejam pecaminosas ou que talvez beneficiem o líder. Há muitas outras maneiras em que as pessoas são tentadas a falsificarem ou usarem inapropriadamente a unção. No entanto, o ponto em questão é o seguinte: a falsificação ou o uso inapro-priado da unção do Espírito Santo é uma grave ofensa a Deus. É também uma forma de engano que, quando houver persistência, dá lugar ao mundo demoníaco na vida do líder de igreja. No fim, isso trará o juízo de Deus na vida dessa pessoa também. A falsificação da unção do Espírito Santo é abordada no Novo Testamento. Um dos exemplos mais evidentes é quando Paulo condena os “falsos apóstolos”. Paulo os iguala à tenta-tiva de Satanás de imitar os anjos de Deus a fim de desviar os crentes. (Veja 2 Coríntios Capítulo 11.) Há hoje em dia os que aparentam ser mensageiros ungidos por Deus, mas que não são. O Novo Testamento dá muitas ad-moestações sobre eles (Mt 7:15-20; At 20:27-30; 2 Co 11:1-15; gl 1:6-10; Cl 2:18-23; 1 Tm 4:1-3; 2 Tm 3:1-9; 2 Pe 2:1-22; 1 Jo 4:1-6; Jd 3-19). Mais tarde neste artigo, estudaremos sete características que se encontram nos que agem com uma genuína unção do

Espírito Santo. Esta lista será útil no exame do seu próprio mi-nistério, como também no discernimento da presença genuína do Espírito Santo em outros ministérios ou líderes de igreja.

De Pastor Para Pastor: Não há nada errado com o desejo de sermos eficazes no ministério e de termos o poder da unção do Espírito Santo. Mas é errado fingirmos que somos algo que não somos, incluindo-se a tentativa de agirmos como se estivéssemos ungidos.

Além disso, por que deveríamos fazer o esforço de fingirmos que estamos ungidos, quando podemos verda-deiramente ser ungidos – se quisermos receber a unção nos termos de Deus, e não nos nossos próprios termos?

Podemos proteger nossa vida do pecado e do engano com relação à unção – e entrarmos numa unção cada vez maior e genuína do Espírito – de várias maneiras:

● Aceite os dons e o chamado que Deus lhe deu. Não inveje nem critique o que os outros têm, nem tente imitá-los.

● Ore diariamente para conhecer a vontade de Deus para você e para o seu ministério.

● Esteja satisfeito com o lugar para o qual Deus o cha-mou e com o que Ele está pedindo que você faça.

● Peça continuamente a ajuda e o poder de Deus para você fazer a vontade d’Ele.

● Relembre a si mesmo todos os dias que você está no ministério para servir a Deus e aos outros, e não para servir a si mesmo ou para o seu benefício próprio.

Também mantenha em mente que não há nenhum es-tilo de pregação ou de liderança específico que seja mais “ungido” do que um outro estilo. Eu já vi líderes ungidos que falam dócil e sossegadamente. Enquanto ensinam a Palavra de Deus, as pessoas são soberanamente cura-das ou tocadas pelo Espírito Santo. Outros líderes talvez demonstrem expressões físicas externas ou talvez come-cem a falar mais alto quando o Espírito Santo está minis-trando através deles aos outros. Nenhum destes estilos é certo ou errado.

O importante é cultivar uma sensibilidade ao Espírito Santo todas as vezes que você ministrar. Espere, ouça, corresponda ao que Ele estiver dizendo e fazendo numa dada reunião. Aí então alinhe o seu estilo com o que o Espírito Santo desejar ministrar num certo momento.

Lembre-se de que Deus o chamou exatamente como você é. Ele lhe deu dons específicos por uma razão. Ele deseja usá-lo como a pessoa que você é, juntamente com os dons que você tem – em combinação com a unção e a obra transformadora do Espírito Santo – para ministrar aos outros. ■

2. Lições com o Óleo da Unção Vamos examinar agora, mais minuciosamente, os ingre-dientes do óleo da unção e o que eles revelam sobre a unção do Espírito Santo. Especificamente, o óleo da unção continha mirra, canela, cálamo aromático, cássia e azeite de oliva (Êx 30:23,24). a. Mirra. A mirra era um narcótico suave, usado como analgésico. Conhecida pelo seu cheiro agradável, era também usada na fabricação de perfumes e cosméticos. A mirra se encontrava entre os presentes que foram dados ao Bebê Jesus pelos magos (Mt 2:11). Na Cruz, houve uma tentativa de se dar mirra a Jesus para aliviar o Seu sofrimento,

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porém Ele a recusou (Mc 15:23). Ao recusar esse analgésico, Cristo Jesus ficou firme em Sua missão de “provar a morte por todos” (Hb 2:9). Devido à sua fragrância, a mirra também foi uma das especiarias usadas para o sepultamento de Jesus (Jo 19:39). O uso da mirra como um agente que remove a dor tem um significado profético para nós. Jesus Cristo, o Ungido, veio para carregar os nossos fardos na Cruz. Neste lugar de sacrifí-cio, Jesus cumpriu o Seu propósito de ser Aquele que nos cura (1 Pe 2:24) e Aquele que nos liberta da escravidão do pecado e da morte (Hb 2:9,14-18). Como um símbolo profético no óleo da unção, a mirra nos retrata como o Espírito Santo nos ajuda a introduzirmos as pessoas na cura e libertação de suas angústias, da escravidão ao pecado e das enfermidades. O profeta Isaías fala profetica-mente do poder da unção: “... o jugo será destruído por causa do óleo da unção” (Is 10:27). A palavra hebraica referente a um jugo sendo “destruído” neste versículo vai além de sim-plesmente ser danificado ou quebrado; ela significa “comple-tamente destruído”. O poder do Espírito Santo pode libertar totalmente as pes-soas e trazer uma cura completa aos enfermos. O desejo de Deus é que ministremos aos outros desta maneira com a unção do Espírito Santo. b. Canela. Nos tempos bíblicos, a canela era uma espe-ciaria rara, cara e altamente apreciada (Ct 4:14). A canela tem uma fragrância agradável, mas é mais conhecida pelo seu gos-to bem forte ao ser usada em certas comidas. Assim sendo, a presença desta especiaria no santo óleo da unção nos retrata o fogo ou zelo que vem da unção do Espírito Santo. João Batista descreveu Jesus, o Messias, como Aquele que nos batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3:11). A palavra “fogo” neste versículo é interpretada por alguns como um agente de purificação no coração do crente. Há uma certa verdade nesta interpretação, mas o seu significado vai ainda além. O fogo é explosivo, poderoso e consumidor. As Escritu-ras falam de Jesus sendo consumido com o zelo pela Casa de Seu Pai (Jo 2:13-17).

Intrepidez Sobrenatural Há um exemplo claro deste tipo de zelo ardente do Espí-rito Santo no Novo Testamento. Antes do Dia do Pentecos-tes, os discípulos e os poucos crentes que restaram estavam juntos numa sala em Jerusalém (At 1:12-14). Jesus lhes ha-via dito que eles deveriam evangelizar o mundo (At 1:8). Contudo, como que uma tarefa tão grande assim poderia ser realizada por tão poucos? Eles não eram grandes oradores, filósofos, ou bem instruídos. Eram pessoas comuns, cerca-das por uma cultura hostil, que havia acabado de crucificar o seu líder. Esses homens e mulheres não eram covardes, mas estavam confusos, incertos, e sem nenhuma idéia do que fazer ou de como fazê-lo. No entanto, eles sabiamente esperaram, conti-nuando em oração, enquanto mantinham a unidade e o enco-rajamento mútuo. Muito embora não compreendessem, eles se ativeram à promessa que Jesus lhes havia feito de um poder vindouro do Espírito Santo (At 1:5,8). E, assim sendo, eles aguardaram...

“E, de repente, veio um som do Céu, como de um vento veemente e impetuoso, o qual encheu toda a casa em que estavam assentados. Aí então lhes apareceram línguas di-vididas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios com o Espírito Santo...” (At 2:2-4.) Num só momento, a vida daquelas 120 pessoas foram transformadas ao serem cheias com o Espírito Santo! Imedia-tamente, aquele evento ganhou notoriedade (At 2:5-13). Pedro, um pescador inculto, que havia negado a Cristo por temor, de repente fica de pé e intrepidamente prega o seu primeiro ser-mão sob a unção do Espírito Santo (At 2:14-39). Como resul-tado, cerca de 3.000 almas foram acrescentadas ao Reino de Deus naquele mesmo dia (At 2:41). Os discípulos passaram de uma condição de temor, de ove-lhas inseguras, para uma condição de intrepidez, de pastores que testificavam e operavam milagres! Eles anunciavam o Evangelho sem timidez, até mesmo a ponto de passarem por sofrimentos e pela morte. Esse é o zelo ardente que vem da unção do Espírito Santo (At 4:23-31). Esse zelo não é um momento passageiro das emoções humanas. É uma força, uma intrepidez que surge do interior como uma chama quando temos a unção do Espírito Santo. É uma profunda confiança na verdade da Palavra de Deus e do Evangelho de Jesus Cristo que nos move a agirmos, a orarmos, a pregarmos, a crermos num milagre – tudo isso pelo poder do Espírito Santo! c. Cálamo Aromático. É altamente aromático. A raiz era muito desejada pelos perfumistas. A agradável fragrância era liberada mais, ferindo-se ou triturando-se a raiz da planta. Da mesma maneira, há um tipo de ferimento ou trituramen-to da vida do crente que é necessário para se liberar o aroma perfumado da presença de Deus dentro de nós. Observe que este não é o mesmo tipo de quebrantamento e destruição que vem de escolhas pecaminosas e rebeldes. Ao contrário, é um quebrantamento santo que vem somente pela mão de Deus. Este trituramento espiritual, ainda que doloroso às vezes, produz duas coisas: Em primeiro lugar, ele mata a nossa carne – os nossos de-sejos egoísticos e a nossa dependência própria (Lc 9:23-26; Rm 12:1,2; 13:14; gl 5:16-26).

Os discípulos passaram de uma condição de temor, de ovelhas inseguras, para uma condição de intrepidez, de pastores que

testificavam e operavam milagres! Eles anunciavam o Evangelho sem

timidez, até mesmo a ponto de passarem por sofrimentos e pela

morte. Esse é o zelo ardente que vem da unção do Espírito Santo.

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Em segundo lugar, esta “quebra” da nossa vida permite que uma medida maior da graça e do poder de Deus se manifeste em nós e através de nós. Paulo escreve exatamente sobre isso em sua Carta aos Coríntios (2 Co 12:7-10).

De Pastor Para Pastor: Como líderes de igreja, sen-timos a necessidade de sermos fortes, confiantes e com-petentes. O resultado disso pode ser não deixarmos ne-nhum espaço para que o Espírito Santo seja forte através de nós. Há um tipo certo de fraqueza que faz com que nos apoiemos apropriadamente no Espírito Santo e de-pendamos da Sua unção em nossa vida. É assim que o ministério é feito pelo Seu poder, e não pelo nosso próprio poder.

Há uma base bíblica para o tipo de ferimento que acompanha a unção do Espírito Santo. Esse trituramento não pode, e não deve, ser evitado. É uma parte necessária do nosso amadurecimento à imagem de Cristo – levando-nos a uma vida de entrega, confiança e obediência, como nada mais consegue fazer.

Tome, por favor, alguns minutos, e leia os seguintes exemplos bíblicos, meditando na verdade de cada um de-les:

● Jesus – Isaías 53:1-6; Atos 3:18; Hebreus 5:8; 12:2

● Paulo (e outros) – Atos 9:15,16; Romanos 8:18; 2 Coríntios 1:3-7; 4:7-18; 6:4-10; 11:22-30; 12:7-10

● Todos os crentes – 1 Tessalonicenses 2:14-16; 2 Timóteo 3:12; 1 Pedro 4:1-19 ■

Autonegação Vivificadora O poderoso princípio de se quebrar e ferir é visto em outros simbolismos bíblicos também. Por exemplo, na comunhão, o quebrar e o triturar são uma parte necessária da formação dos elementos (Lc 22:14-20; 1 Co 11:23-26). Jesus usou o pão (tri-go quebrado e moído) e o vinho (uvas trituradas) como símbo-los do que Ele estava para fazer por toda a humanidade através da Sua crucificação. Jesus Cristo carregou o juízo de Deus sobre Si mesmo como justa consequência dos nossos pecados. A Sua morte so-bre a Cruz revela o trituramento divino final que foi necessário para se liberar a vida (At 2:23,24) – a vida eterna da salvação, pela fé em Jesus. graças a Deus que não temos que passar por esse sofrimento, muito embora seja isso o que o nosso pecado e a nossa rebelião merecem! No entanto, há um morrer do nosso ego que é necessário a fim de que a vida e o poder de Deus dentro de nós sejam libe-rados através de nós. Isso NãO é um tipo de martírio fanático ou automutilação para “provar” a nossa espiritualidade. Con-tudo, o andar com Cristo e o servi-Lo plenamente exigem uma disposição de se viver uma vida de autonegação e submissão à vontade de Deus, até mesmo a ponto do sacrifício (2 Sm 24:18-24; Lc 9:23-26).

Tornando-nos Vasos Dignos de Confiança A atitude de Jesus em meio ao sofrimento é o nosso exem-plo máximo: “... o qual, pela alegria que Lhe estava propos-ta, suportou a Cruz, desprezando a vergonha, e assentou-Se à destra do Trono de Deus” (Hb 12:2). Jesus aceitou plenamente os propósitos de Deus-Pai em Seus sofrimento e sacrifício.

Obviamente, Jesus não teve prazer no sofrimento (Lc 22:42-44). No entanto, Ele de fato compreendeu a necessidade da Cruz (Lc 24:46-49). A Sua disposição de sofrer e morrer em nosso lugar não somente liberou a nossa salvação, mas tam-bém foi um ato de obediência para cumprir a vontade do Pai (Mt 26:39,42,44). O nosso sofrimento e o nosso sacrifício podem ser peque-nos, comparados com o que Jesus nos deu, mas é algo difícil, no entanto. Contudo, temos de fato o benefício do maravilhoso compromisso de Deus de usar o nosso sofrimento para a Sua glória e para o nosso bem ao mesmo tempo! (Tg 1:2-5,12.) Deus está comprometido em tomar os sofrimentos e tribula-ções que encontramos nesta vida e transformá-los em bênçãos no final (Rm 5:1-5; 8:18; 2 Co 4:17). O compromisso do nosso Pai para conosco é claramente de-clarado: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem dos que amam a Deus, dos que são chamados de acordo com o Seu propósito” (Rm 8:28). E qual é o “propósito” de Deus para os que creram em Cristo para a salvação? Isso tam-bém foi claramente declarado exatamente no versículo seguinte: “... sermos conformados à imagem do Seu Filho, para que Ele pudesse ser o Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29). Deus deseja usar tudo em nossa vida para nos moldar à imagem de Cristo, a vasos adequados para o uso do Mestre (2 Tm 2:19-21). Às vezes, o nosso sofrimento é devido à frag-mentação deste mundo e à natureza pecaminosa das pessoas que estão nele. Em outras ocasiões, Deus pode orquestrar as circunstâncias em nossa vida para o Seu uso e propósito divi-no. De qualquer maneira, Deus promete usar essas coisas para o nosso bem. Deus nos transformará de tal maneira que nos tornemos vasos puros e dignos de confiança da Sua vontade e propósito, permitindo que a unção do Espírito Santo possa fluir através de nós desobstruidamente. Mas precisamos cooperar com a Sua obra em nossa vida e nos rendermos a ela!

A Fragrância de Cristo Todo crente em Cristo, especialmente todo líder de igreja, é chamado para ser alguém que “exale a fragrância do Seu conhecimento em toda parte. Pois somos para Deus a fragrân-cia de Cristo entre os que estão sendo salvos e entre os que estão perecendo” (2 Co 2:14,15). Este aroma da realidade da presença de Deus será liberado através da nossa vida à medi-da que nos entregarmos à Sua santa obra de “trituramento” e transformação. Em toda a Escritura, e hoje em dia, Deus usa homens e mu-lheres comuns de maneiras poderosas. Frequentemente, eles suportam trituramentos e ferimentos em seu preparo e durante o seu serviço. Mas, devido a isso, os propósitos de Deus são cumpridos e a fragrância de Deus é liberada através de suas vidas. Vale a pena sermos lembrados outra vez que não há na verdade nenhum grande homem e mulher de Deus – somente homens e mulheres humildes (quebrantados, rendidos), que são grandemente usados por Deus! d. Cássia. A cássia é a casca de uma planta que é semelhan-te à canela. A cássia era usada como um laxante nos tempos bíblicos. Como um símbolo no santo óleo da unção, a cássia representa o efeito purificador da unção do Espírito Santo.

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É verdade que a unção do Espírito Santo nos fornece poder, dons e capacitações divinas. Mas, além disso, a obra do Espíri-to Santo é transformar a vida dos que Ele unge. Podemos estudar um exemplo claro da importância desta obra na vida do Rei Saul. Samuel ungiu a Saul para que ele fosse rei sobre Israel (1 Sm 10:1). Saul foi separado para o propósito designado de Deus de ser rei. A unção deu a Saul autoridade, dons e capacitações para executar a sua tarefa dada por Deus. As Escrituras revelam ainda mais do que Saul recebeu com a sua unção: “Aí então o Espírito do Senhor virá sobre ti, e profetizarás com eles, e serás transformado num outro ho-mem” (1 Sm 10:6). Aí então, logo depois disto: “E aconteceu que, quando ele se virou para se afastar de Samuel, Deus lhe deu um outro coração” (v. 9). Podemos ver que a unção não somente equipou a Saul com o que ele necessitava, mas também incluiu uma obra trans-formadora. Isso o transformou num instrumento muito mais valioso e útil nas mãos de Deus. Este é um quadro maravilhoso e encorajador do que a unção do Espírito Santo pode nos for-necer como instrumentos de Deus também. Infelizmente, Saul (assim como outros) virou as costas a tudo o que Deus lhe havia dado, rejeitando a Palavra e os man-damentos de Deus, para fazer a própria vontade (1 Sm 15:22-33). Como foi trágico que o que começou como um grande reinado sobre Israel terminou em vergonha para o Rei Saul e a sua família!

De Pastor Para Pastor: Deus deu ao Rei Saul tudo o que ele precisava para cumprir a sua tarefa e para ser um rei bem-sucedido. Saul fez isto por algum tempo, e foi frutífero. Mas, infelizmente, Saul escolheu fazer o que ele queria, em vez do que Deus havia ordenado, e o seu fim foi o fracasso.

Quando Deus nos chama, Ele disponibiliza o que ne-cessitaremos para cumprir Sua vontade. Mas nunca se esqueça de que o que o Pai está nos moldando para ser é tão importante quanto o que Ele está nos chamando para fazer. Deus deseja a nossa transformação, de modo que nos tornemos semelhantes a Cristo em nosso caráter e em nossas ações.

O nosso Pai exige que obedeçamos a Sua Pala-vra e que confiemos n’Ele em todas as coisas. Nunca amadureceremos a um ponto em que não mais preci-saremos crescer e corresponder à obra transformado-ra do Espírito Santo! Esse é um processo que dura a vida inteira.

O Espírito Santo nos corrige, repreende, e nos conven-ce do pecado. Deus não nos condena (Rm 8:1), mas Ele realmente exige que Lhe obedeçamos e nos rendamos à Sua obra transformadora. Às vezes podemos tropeçar ou falhar, mas precisamos nos arrepender rapidamente e voltar ao alinhamento e à submissão apropriados a Deus e à Sua vontade.

Deus age para nos transformar:● Para a Sua glória;● Para a nossa alegria, paz e bênção; e● Para nos fazer mais frutíferos e eficazes no minis-

tério como Seus embaixadores e como servos uns dos outros. ■

Respondendo à Obra do Espírito Ao estudarmos a cássia, aprendemos sobre uma obra fun-damental do Espírito Santo. Ele vem para purificar o que não está alinhado com a vida, o caráter e a Pessoa de Cristo. Um si-nal vital de uma pessoa verdadeiramente ungida é que ela está se transformando cada vez mais à semelhança de Cristo em seu caráter – e não necessariamente em alguma grande capacidade, dom ou ministério que ela exiba. Como líderes de igreja, precisamos permitir que o Espíri-to Santo lide continuamente com as nossas fraquezas carnais, tentações e falhas. Não devemos entristecer o Espírito Santo, resistindo à Sua obra transformadora em nós (Ef 4:30). Colheremos o que semearmos, quer seja a retidão e a bên-ção, ou a corrupção (gl 6:7,8). Deus nos responsabilizará, como líderes, de acordo com um padrão mais rígido (Tg 3:1). Não se engane! Não podemos enganar a Deus. Se você persis-tir no pecado, mais cedo ou mais tarde ele se tornará óbvio a todos (Nm 32:23). Assim sendo, escolha a retidão! Responda à obra do Es-pírito Santo! Obedeça e confie em Deus! Receba a Sua unção em sua vida e ministério! Seja exemplo de um vaso receptivo, ensinável e rendido à obra do Espírito Santo! Permita que Ele aja em você, a fim de que Ele possa ser glorificado ainda mais através de você! Amém! e. Azeite de Oliva. O óleo é o símbolo mais frequentemen-te usado para se representar o Espírito Santo, tanto no Antigo como no Novo Testamento. O azeite de oliva, como um ingre-diente do santo óleo da unção, tem um significado profundo. Ele tem elementos de cada um dos outros quatro ingredientes, e acrescenta mais uma característica singular. Nos tempos bíblicos, o azeite de oliva era: ● usado como um remédio, para tratar de enfermidades e dores (como a mirra); ● usado como combustível para as luminárias, e estava associado ao fogo (como a canela); ● feito através do trituramento e do ferimento, e exalava um aroma agradável (como o cálamo); ● usado para se limpar e purificar tanto externa quanto internamente (como a cássia). Contudo, o azeite de oliva tem uma qualidade adicional que é vital ao Corpo de Cristo. O azeite de oliva é um lubrificante natural. Ao ser colocado entre ou sobre dois objetos, ele reduz o atrito e o desgaste. Esse simbolismo fala conosco sobre a necessidade e a im-portância da unidade no meio do povo de Deus. As Escrituras apresentam este conceito de se associar a unção e a unidade de uma maneira linda: “Ó quão bom e quão agradável é que os ir-mãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, escorrendo sobre a barba, a barba de Aarão, escorrendo sobre a orla das suas vestes. É como o orvalho do Hermon, descendo

Colheremos o que semearmos, quer seja a retidão e a bênção, ou a corrupção (Gl 6:7,8). Deus nos responsabilizará, como líderes, de

acordo com um padrão mais rígido.

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sobre os montes de Sião; pois lá o Senhor ordena a bênção – a vida para sempre” (Sl 133). A unidade no meio do povo de Deus é uma fonte de ale-gria e paz. Deus Se agrada quando o Seu povo caminha num relacionamento correto de uns com os outros. A Sua bênção é liberada e a unção do Espírito Santo flui mais livremente.

Relacionamento Sinfônico O conceito bíblico de unidade é frequentemente mal com-preendido. Nas Escrituras, unidade não é a mesma coisa que uniformidade. A uniformidade é quando todas as coisas são exatamente as mesmas, e não há nenhuma diferença em nenhum aspecto. No entanto, o conceito de unidade nas Escrituras é como uma sinfonia. Numa sinfonia, há muitos instrumentos musicais diferentes. Cada um deles toca uma parte diferente, mas todas estas várias partes estão contribuindo sob a direção de um ma-estro. Assim sendo, há um todo lindo e harmonioso. Isto também se aplica ao Corpo de Cristo. Há muitos dife-rentes dons, chamados, estilos, personalidades e capacidades. No entanto, todos fomos chamados a um relacionamento sin-fônico (Jo 17:20,21). Ninguém é exatamente o mesmo que uma outra pessoa. Contudo, cada um foi chamado para tocar uma parte importante. Deus, então, dirige os participantes dispostos a uma harmoniosa sinfonia – o Seu Corpo, amando uns aos outros como um testemunho ao mundo (Jo 13:34,35). Paulo fala sobre isso ao comentar sobre os dons de manifes-tação do Espírito Santo em 1 Coríntios Capítulo 12 (veja tam-bém 1 Coríntios 14:26-40). A Igreja Primitiva era um exemplo dessa unidade, a qual era promovida pela presença ungidora do Espírito Santo (At 2:42, 44-47).

Perigos da Desunião A desunião entre os membros do Corpo de Cristo tem am-plas ramificações. Paulo repreendeu os coríntios com relação

ao seu divisionismo (1 Co 3:1-23). Ele os chamou de carnais e imaturos: “Pois ainda sois carnais. Porque onde há inve-jas, lutas e divisões entre vós, porventura não sois carnais, comportando-se como meros homens?” (V. 3.) A desunião e as divisões entre os irmãos é uma ofensa grave. Ela não é somente algo destrutivo; ela também limita seriamente a rapidez e a eficácia da obra do Reino de Deus. A argumentação de Paulo sobre os dons de manifestação, men-cionada acima, foi ocasionada pela desordem e pela desunião criadas pelo orgulho e egoísmo das pessoas. O mais lamentável é o fato de que quando os membros do Corpo de Cristo não têm amor uns para com os outros e não servem os propósitos do Senhor de uma maneira unificada, o nosso testemunho diante do mundo é severamente tolhido. A Bíblia insistentemente nos relembra que o mundo saberá que somos cristãos pelo nosso amor uns para com os outros (Jo 13:35). Se o mundo não vê a presença do amor entre nós, o nosso testemunho ao mundo parece questionável. Nós podemos fazer grandes obras em nome de Cristo – ser grandes pregadores, fazer cruzadas evangelísticas e muito mais. Mas, se não amamos os nossos irmãos e irmãs em Cristo, esses atos perdem a sua eficácia. (Veja 1 Coríntios 13.) Há inúmeras exortações nas Escrituras com relação ao peri-go das atitudes que violam ou impedem a unidade no Corpo de Cristo. Por favor, tome alguns minutos e leia apenas algumas delas:

● Romanos 13:13,14● gálatas 5:13-23● Efésios 4:20-29● 1 Timóteo 6:3-5● Tito 3:9-11● Tiago 3:14-16● 1 João 2:9-11; 3:10-18

Esses versículos mostram claramente que onde há divisões, lutas, inimizades, amargura, ciúme, competições, ressentimen-

A Igreja: um todo harmonioso... cada parte é importante.

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tos, etc., a unidade é tolhida e até mesmo quebrada. Isso entris-tece o Espírito Santo (Ef 4:30) e pode apagar a Sua presença ungidora (1Ts 5:19). É óbvio que onde as atitudes carnais estão presentes, o Diabo também está por trás do cenário, trabalhando ardu-amente para trazer divisões e impedir a obra de Deus (Tg 3:16). “Divida e conquiste” é uma estratégia tão velha quanto o próprio Diabo – uma estratégia que ele aprendeu a usar bem para impedir e tentar destruir o Corpo de Cristo. No entanto, suas estratégias somente serão eficazes se cooperarmos com elas!

Relacionamentos: Valorizados por Deus A unção do Espírito Santo traz cura e reconciliação dos re-lacionamentos dentro do Corpo de Cristo. Isso deve ser verda-deiro especialmente entre os líderes. Deus espera que vivamos num relacionamento correto – primeiramente com Ele, e, aí então, uns com os outros (Ef 2:14-17). São somente o orgulho humano, a inveja e o egoísmo amargurado os obstáculos. São essas atitudes que o Diabo usa para semear a desunião, o ódio e a falta de perdão no Corpo. Se você sente que o seu irmão tem algo contra você, vá até ele e tente acertar as coisas (Mt 5:23,24). Se você tiver alguma coisa contra alguém, ARREPENDA-SE rapidamen-te! (Mt 5:21,22). Arrependa-se por ter se ofendido e permi-tido que a ira, o ódio e as atitudes críticas se arraigassem em seu coração. Perdoe os outros, para que o juízo de Deus não venha sobre você (Mt 6:14,15; veja também Mateus 18:21-35). Deus dá uma grande importância aos relacionamentos – tanto é que Ele enviou o Seu Filho para sofrer e morrer, a fim de que o relacionamento com Ele, o qual foi quebrado pelo nosso pecado, pudesse ser restaurado. Dessa mesma maneira,

o Seu amor e o Seu perdão para conosco possibilitam os relacionamentos corretos de uns com os outros. Já aprendemos que o que Deus ordena, Ele sem-pre torna possível. E Ele nos ordenou que tivésse-mos relacionamentos corretos uns com os outros (Jo 13:34,35). Precisamos valorizar e investir continuamente em nosso relacionamento com Deus. Também precisamos fazer a mesma coisa com os nossos irmãos e irmãs em Cristo. Todo ministério duradouro e transformador de vidas flui de relacionamentos saudáveis. Este pro-cesso começa com o que recebemos de Deus em nos-so relacionamento com Ele. Aí então, por amor, com-paixão, e pelo que recebemos de Deus, nós nos damos aos outros e os servimos. Esse é o padrão de Deus para o ministério. A vida de Jesus nesta terra serve como um exemplo contínuo desse tipo de padrão ministerial para nós.

Unidade, Diversidade, Amor Há diferenças de expressão no Corpo de Cristo. Contudo, não é preciso que as diferenças se tornem pedras de tropeço à unidade e ao relacionamento (Rm 14:13). Lembre-se: unidade não é o mesmo

que uniformidade. Unidade é um relacionamento sinfônico à medida que cada um de nós responde à obra interna da unção do Espírito Santo em nossa vida. O Espírito Santo sempre nos convence do pecado, nos ajuda e nos leva a um relacionamento correto com os outros – se formos recepti-vos. Uma diretriz simples para a unidade foi expressa da seguin-te maneira: “Nas coisas essenciais, unidade; nas não-essen-ciais, diversidade; em todas as coisas, caridade (amor)”. À medida que crescemos e vivemos na unção do Espírito Santo, vamos ter a graça e o amor uns para com os outros! À medida que fazemos isso, a unção do Espírito Santo e o teste-munho de Cristo podem ser liberados mais plenamente em nós e através de nós!

Recebendo Entendimento Este breve estudo sobre o santo óleo da unção (Êx 30:22-33) revela que Deus nos deu algumas imagens e prefigurações impressionantes sobre a obra do Seu Espírito Santo. Certamen-te, o nosso estudo das Escrituras nos dá entendimento, sabedo-ria e esperança (Rm 15:4). No decorrer deste estudo até esta seção, talvez você tenha algumas perguntas, como, por exemplo: ● Será que eu posso crescer na unção? Em caso afirmati-

vo, como? ● Será que há algo parecido com uma “unção falsa”? Em

caso afirmativo, como eu posso reconhecer uma unção genuína?

● O que fere ou extingue a unção em minha vida? ● Será que eu posso ser continuamente cheio com a unção

do Espírito Santo? Falaremos sobre essas e outras perguntas na próxima se-ção, Andando na Unção. &

O Espírito Santo nos conduzirá nos

relacionamentos certos.

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VOLUME 23 – NÚMERO 1 – 2009 ATOS / 35

Ao iniciarmos o nosso estudo sobre aprendermos a viver diariamente na unção do Espírito Santo, vamos rever breve-mente alguns princípios cruciais. A unção do Espírito Santo não é um “distintivo espiritual” a ser alcançado. Tampouco é uma mera familiaridade com pa-lavras ou frases religiosas. Ao contrário, é um relacionamento vivo e crescente com o Espírito Santo. Lembre-se: o Espírito Santo é uma Pessoa, exatamente como Jesus e o Pai são Pessoas. Portanto, podemos – e deve-mos – aprender a andar num relacionamento diário e vivo com o Espírito Santo. Já aprendemos que a unção não é algum tipo de força ou poder místico para usarmos ou manipularmos com propósitos egoísticos. A unção é, no entanto, um poder divino, uma ca-pacitação, e um dom diretamente ligado à Pessoa do Espírito Santo e à Sua presença em nossa vida. O poder que vem da presença do Espírito Santo flui através do nosso relacionamen-to pessoal com Ele. A unção é a Pessoa do Espírito Santo, trazendo com a Sua presença todo o poder, dons e autoridade que são necessários para cumprirmos a vontade do Pai num dado momento do ministério ou de uma tarefa.

A Nossa Responsabilidade Primordial Já aprendemos que durante a época do Antigo Testamento, o Espírito Santo de Deus “vinha sobre” os Seus profetas, sacer-dotes, juízes e outros servos. Nos tempos do Novo Testamento e nos tempos subsequen-tes – também conhecidos como “A Era da Igreja” – o Espírito Santo tem sido derramado (Atos Capítulo 2). O Deus-Espírito habita dentro de cada crente genuíno, para nos guiar, consolar e ministrar, através de nós, a outros (Jo 7:37-39; 14:16,17,26). Todos os crentes em Jesus Cristo receberam o Espírito San-to (1 Jo 2:20,27). Isso é necessário porque todos os crentes são chamados a alguma forma de expressão de ministério como

membros do Corpo de Cristo (Ef 4:12). Todos nós precisamos da ajuda do Espírito Santo todos os dias! Mas, para os que são chamados a uma tarefa ministerial específica, encontra-se disponível uma unção específica e pro-funda. Esta unção é dada por Deus em Sua soberania. Podemos recebê-la e crescer nela, ou escolhermos rejeitá-la ou ignorá-la. Este tipo de unção (capacitação divina pelo Espírito Santo) relaciona-se diretamente com os dons e chamado. Por exem-plo, alguém chamado para cumprir o dom de evangelista (Ef 4:11) talvez não tenha a unção para um dom apostólico. Ele funcionará melhor e será mais frutífero ao agir de acordo com o poder, dons e autoridade para os quais foi ungido – neste caso, como evangelista. Contudo, na aplicação cotidiana e prática, talvez não seja tão simples assim. Muito embora alguém possa ser chamado e ungi-do para uma tarefa ministerial específica, cada um de nós ainda tem um chamado geral como crente em Cristo de viver e funcio-nar diariamente como um participante do Corpo de Cristo. Por exemplo, pelo que podemos ver nas Escrituras, Timó-teo foi provavelmente chamado para ensinar e pastorear na igreja. Contudo, Paulo também lhe ordenou a “fazer a obra de um evangelista” (2 Tm 4:5) – não ser um evangelista, mas, às vezes, fazer a obra necessária para evangelizar os outros. Portanto, vemos que, como ministros de Cristo, todos nós temos responsabilidades e tarefas gerais a fazermos que talvez não envolvam o nosso chamado específico. No entanto, ainda assim elas são necessárias e importantes para o funcionamento sadio do Corpo de Cristo. A nossa responsabilidade primordial e fundamental, como crentes em Jesus Cristo e como líderes de igreja, é a obediência a Cristo. Precisamos obedecer ao Senhor e viver de acordo com os padrões que Ele já nos deu através da Sua Palavra. Nas Escrituras, vemos que muitas responsabilidades foram designadas aos crentes: servir aos outros, alimentar os pobres, cuidar dos órfãos, treinar os santos, alcançar os perdidos – a

A Unção do Espírito Santo

PARTE III

andando na Unção

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lista prossegue. Haverá tempos e ocasiões em sua vida com Cristo em que você precisará devotar tempo e esforços a essas formas de serviço ministerial, além do seu chamado ou tarefa primordial. Uma boa diretriz a ser seguida no discernimento do que você deve estar fazendo no ministério é a seguinte: “Tudo o que as suas mãos encontrarem para fazer, faça-o com todas as suas forças” (Ec 9:10; veja também Colossenses 3:23). Ore com relação a todas as oportunidades, e, em seguida, obedeça ao Senhor rapidamente quando Ele o chamar para servir aos outros. Não importa se a tarefa diante de você for grande ou pequena – o que é importante é que quando o Senhor lhe pedir que a faça, você Lhe obedeça!

De Pastor Para Pastor: A minha primeira “posição” oficial como ministro licenciado e formado em escola bíbli-ca foi como zelador de tempo integral de uma igreja gran-de. Eu passei dois anos limpando banheiros, despejando o lixo, passando o aspirador de pó em salas de reuniões, pegando papéis e outras coisas jogadas no chão, e fazen-do outras tarefas maçantes, porém necessárias.

Eu realmente não gostava desse emprego. Não era fácil. E era humilhante. Mas eu sabia que Deus havia me pedido que o fizesse. E era parte do melhor preparo para a aprendizagem de servir ao Corpo de Cristo que eu ja-mais poderia ter recebido. Foi verdadeiramente um teste da minha fidelidade.

A minha obediência com relação a esta tarefa e a mi-nha diligência em executá-la levaram à porta aberta para a próxima tarefa, e assim por diante com cada tarefa mi-nisterial através dos anos. Eu tenho iniciado igrejas, ensi-nado jovens, pastoreado igrejas, falado em conferências, dirigido equipes missionárias, evangelizado e muito mais. E, de alguma forma, pela graça de Deus, neste período de 30 anos, o Senhor me preparou e me dirigiu à posição de estar dirigindo agora um ministério mundial.

Eu realmente creio que não estaria dirigindo o World MAP hoje, se eu não estivesse disposto a obedecer ao Senhor da melhor maneira possível em toda esta traje-tória – passo a passo, cumprindo cada tarefa – não im-portando o que Ele me pedisse para fazer em Seu nome. Eu nem sempre obedeci perfeitamente, e tenho cometido erros ao longo do caminho. Mas, de maneira geral, fiz o melhor possível para continuar seguindo o caminho da obediência que Deus tem colocado diante de mim.

Deus tem um plano para a sua vida. Ele sabe melhor como dirigi-lo de maneira a cumpri-lo. A nossa obediência a Deus e à Sua Palavra não é uma opção – é uma neces-sidade! ■

O Nosso Chamado Primordial Independentemente do nível de liderança ou influência, o nosso chamado primordial é sempre com relação ao nos-so relacionamento com Cristo. Esse relacionamento inclui a obediência, a confiança, o serviço, a santidade pessoal, a humil-dade, todos os frutos do Espírito (gl 5:22,23), e o crescimento contínuo. Essas características fornecem o fundamento para um precioso e crescente relacionamento com Jesus Cristo. Um dos resultados deste sólido fundamento de relacionamento pessoal é a liberação do ministério através de você, e a unção que você necessitará para cumprir as suas tarefas ministeriais.

Com esta revisão básica dos princípios fundamentais em mente, vamos agora analisar mais detalhadamente o que signi-fica “Andar no Espírito”.

A. PROTEGENDO A UNÇÃO Quando o Espírito Santo nos unge para o ministério, é um privilégio sagrado. É algo que precisamos fomentar e proteger em nossa vida. Obviamente, eu não estou querendo dizer que o Espírito Santo (Aquele que nos unge) precisa, de alguma forma, da nos-sa proteção. Ao contrário, precisamos proteger o nosso próprio coração e vida da poluição espiritual e moral deste mundo (2 Pe 1:2-4; 1 Jo 2:15-17). Salomão, o escritor de Provérbios, exorta: “Guarda o teu coração com toda diligência, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23). É através da nossa vida que a unção do Es-pírito Santo flui no ministério aos outros. Assim sendo, a nossa vida (o nosso coração) precisa ser mantida pura.

1. Ratos no Poço Paulo afirma que cada crente em Cristo é um “templo do Espírito Santo” (1 Co 6:19,20). Como tal, somos exortados a não permitir que o nosso “templo” seja poluído, sendo partici-pantes do pecado. (Veja também Romanos 6.) A Bíblia contém inúmeras exortações sobre permanecer-mos puros em nosso corpo, alma, e espírito (1 Jo 3:2,3). Essas passagens são dirigidas a todos os crentes, especialmente aos líderes do Corpo de Cristo! Por que a pureza pessoal é tão importante? Porque o Espí-rito Santo habita dentro de nós – de cada um de nós que fo-mos redimidos “com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem mácula” (1 Pe 1:19), e não com o sangue de touros e bodes (Hb 9:13,14). Quando participamos de ações ou atitudes pecaminosas, o lugar em que o Espírito Santo deseja habitar torna-se impuro e poluído.

Mantendo-nos Puros Digamos que há uma fazenda ou vilarejo com um único poço de água disponível. Todos usam este poço e dependem da água deste poço. A água é usada para a limpeza, para o pre-paro dos alimentos, para a lavagem das roupas e para se beber. Imagine que você precise usar esta água, mas aí então você descobre que ratos mortos estão flutuando no poço. Isso nos dá um quadro gráfico de como nossas escolhas po-dem causar um impacto no templo do Espírito Santo dentro de nós. Ele é a nossa maior fonte para tudo o que precisamos para a nossa vida diária. Mas não somente para nós pessoalmente. O Espírito de Deus dentro de nós, como líderes de igreja, nos ajuda a sermos uma fonte santa para os outros. Verdadeiramente, no ministério, nós damos aos outros do que nós somos e do que recebemos (Mt 10:8; veja também a analogia do Mar da galiléia/Mar Morto na página 22). Mas, e se estivermos permitindo que “ratos” entrem em nossa vida? Certamente a presença de hábitos e atitudes pecaminosos nos envenenará e nos poluirá, afetando nosso ministério, nosso relacionamento, nossa família, nosso emprego – tudo o que tocarmos. Quais são alguns dos “ratos no poço” mais comuns? O

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Novo Testamento nos dá várias categorias, e, em seguida, cita os itens específicos dentro destes agrupamentos:

● Frutos da carne (gl 5:19-21). ● Comportamento inapropriado, baseado no engano do

pecado (Ef 4:17-32). ● Legalismo, ou o espírito de religiosidade (gl 5:1-6;

Cl 2:11-23). ● Lutas por posições, títulos, poder (Mt 6:1,2,5,16; 23:2-

12). ● Uso do ministério para se acumular riquezas e posses

(Mt 6:19-21,24; 1 Tm 6:3-10; 2 Tm 4:10). ● Atitude crítica, amargura, falta de perdão (Mt 7:1-6;

18:21-35; Cl 3:12-19; Hb 12:15; Tg 3:13-18). ● Falsos ensinamentos, heresias (Mt 24:4,5,11,23-27;

gl 1:8; 2 Co 11:13-15; 1 Tm 4:1-5, 2 Tm 2:14-18; 2 Pe 2:1-22; Jd 7-19).

Essa é apenas uma breve descrição dos “ratos” que podem arruinar o “poço” pessoal do seu coração, e também poluir os outros que estão dentro da esfera da sua influência de vida e ministério. Como líder no Corpo de Cristo, você foi chamado para uma vida de pureza e santidade (Mt 5:8; 1 Co 9:24-27; Hb 12:14; 1 Pe 1:13-19). A unção que Deus dá aos Seus servos chamados é muito mais preciosa e sagrada que o santo óleo da unção do Tabernáculo do Antigo Testamento – pois ela é a própria pre-sença do Espírito Santo! O nosso chamado mais sublime é o de vivermos num relacio-namento correto com Deus. Isso requer que tenhamos uma vida pura e imaculada como um “templo” apropriado (1 Co 6:19,20), um lugar de residência para o Espírito Santo. Uma vida de pu-reza glorifica e agrada a Deus, nosso Pai, e nos faz muito mais dignos de confiança e utilizáveis nas mãos do Mestre. Somente você pode manter o seu próprio poço puro. De-cida-se agora a ser um vaso limpo, do qual flua o Espírito de Deus sem impedimento, e a Palavra de Deus sem adulteração. Torne-se um instrumento ministerial purificado, o qual Deus possa ungir para fazer grandiosos feitos para a Sua glória e propósitos! (1 Co 10:31; 2 Tm 2:19-21)

Uma Lição do Fracasso Salomão foi um rei levantado por Deus e que recebeu dons excepcionais (1 Rs 3:5-14; 4:29-34). Ele recebeu duas visita-ções milagrosas do Senhor. (Veja 1 Rs 3 e 9.) Foi ordenado a Salomão que ele observasse todos os caminhos de Deus e obe-decesse aos Seus estatutos e leis (1 Rs 3:14; 6:11-13; 9:4-9). E isso Salomão fez – por algum tempo.

No entanto, lemos mais tarde que o governo de Salomão terminou em destruição e ruínas para ele e para todo o seu rei-no (Veja 1 Rs 11.) Salomão, como tantos e tantos líderes, começou bem, mas acabou mal. Como isso aconteceu? Pode ser sumarizado numa só palavra: desobediência. Um exame mais meticuloso do Livro de 1 Reis revela que Salomão era uma pessoa brilhante, “mais sábio do que todos os homens” (1 Rs 4:31). Ele obteve riquezas inigualadas (1 Rs 10:11-29) e o louvor e a honra dos homens (1 Rs 10:1-9). Mas aí então, Salomão começou a violar os claros mandamentos de Deus (1 Rs 11:1,2). E, lentamente, escolha após escolha, con-cessão após concessão, Salomão ficou absorto consigo mesmo e com as bênçãos e privilégios que foram obtidos por causa da unção e dos dons de Deus. Esse caminho acabou na destruição do reinado de Salomão. O que, então, podemos aprender com a vida e o reinado de Salomão? a. A distração leva ao relaxamento (falta de disciplina e diligência). Salomão escreveu que são “as raposinhas que es-tragam as vinhas” (Ct 2:15). A corte de Salomão estava repleta de riquezas e oportunidades, e de muitas pessoas que fariam qualquer coisa para ficar perto dele. Você crê que Deus conhece a capacidade do coração hu-mano de ser distraído, até mesmo por prazeres aparentemente inocentes – e aí então ser levado a uma indisciplina e finalmen-te à desobediência? Eu creio que sim. Sabendo isso, Ele falou repetidamente a Salomão para obedecer a tudo o que Ele lhe havia ordenado (1 Rs 6:12; 9:4). Mas Salomão não ouviu ao Senhor, especialmente depois que ele ficou “bem-sucedido”.

DISTRAÇÃO

CHAMADODE DEUS

Lembre-se de Salomão:Distraído... arruinado.

Como líder no Corpo de Cristo, você foi chamado para uma vida de pureza e santidade. A unção que Deus dá aos Seus servos chamados é muito mais preciosa e sagrada que o santo óleo da unção do

Tabernáculo do Antigo Testamento – pois ela é a própria presença do Espírito Santo!

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De Pastor Para Pastor: Líder de igreja: Até mesmo o ministério pode tornar-se uma distração caso se torne a sua paixão consumidora – ele pode afastá-lo do tempo na presença de Deus, devido ao fato de você estar ocupado demais ou devido à pressão pela constante necessidade dos outros. Jesus, enquanto estava nesta terra, exempli-ficou para nós a necessidade de tomarmos tempo para ouvirmos do Seu Pai e de sermos espiritualmente revigo-rados (Mc 1:35-39; Lc 5:16; 6:12).

Nunca podemos esquecer que o Senhor é a fonte e a origem da unção do Seu Espírito e do nosso entendimen-to da Sua Palavra (Jo 1:33; 6:63,68). Isso vem d’ELE! Um ministério verdadeiramente frutífero é o transbordamento do que recebemos aos pés de Jesus em oração, espe-rando n’Ele e estudando a Sua Palavra (Lc 10:41,42; Jo 15:16). A maioria de nós conhecemos essa verdade bem simples e básica. O problema acontece quando deixamos de aplicar diariamente esse princípio fundamental para uma vida e um ministério cheios de poder.

Vamos ficar de guarda contra os tipos de distrações que nos esgotam, ou que nos levam a meios-termos e ao peca-do. O coração de Salomão foi afastado de Deus pelo que ele permitiu em sua vida (1 Rs 11:1-4,9). A sua lealdade e a sua obediência a Deus foram enfraquecidas com ocupa-ções mundanas a ponto de causar a sua própria destruição e a ruína de tudo sobre o qual Deus o havia estabelecido.

Algumas perguntas boas a fazer a si mesmo com rela-ção a QUALQUER atividade em sua vida são as seguin-tes: “Será que esta atividade ou atitude está me aproxi-mando mais de Deus e dos Seus propósitos para a minha vida? Ou será que está me distanciando?” ■

b. O louvor dos homens é uma armadilha mortal. Ensi-nar ou pregar para se obter o louvor dos homens é uma arma-dilha que leva ao engano. É somente Deus que pode realizar coisas de valor eterno (Zc 4:6). Sim, Deus realmente deseja usar-nos como vasos através dos quais Ele possa agir. No entanto, o poder e a glória perten-cem somente a Deus por qualquer coisa que seja feita através de nós. Pois, sem Ele, não podemos fazer nada (Jo 15:5). Deus revelou em Sua Palavra que Ele não compartilha a Sua glória com ninguém (Is 42:8; 48:11). Não devemos buscar a gló-ria ou o louvor dos homens pela obra do ministério (Jo 7:18). Uma das críticas mais incisivas que Jesus fez foi aos escri-bas e fariseus. Ele os repreendeu pelo amor deles aos louvores dos homens (Mt 23:5-12; Jo 5:41-44). Muito embora eles co-nhecessem as Escrituras e estivessem familiarizados com os caminhos de Deus, o orgulho os levou a não estarem dispostos a aceitarem ou crerem em Jesus Cristo como seu Messias (Jo 5:39,40).

Seguindo em Suas Pegadas Jesus recebeu a unção do Espírito Santo sem medida (Jo 3:34,35). Ele era e é o Rei sobre todos os reis e o Senhor sobre todos os senhores. Contudo, por amor a nós, Ele Se fez um Servo humilde (Mt 20:28; Fp 2:3-11). Verdadeiramente, como líderes no Corpo de Cristo, deve-mos permitir “o mesmo sentimento em nós, que também estava em Cristo Jesus...” (Fp 2:5). Não recebemos o Espírito Santo sem medida, como Jesus recebeu. Contudo, temos de fato to-

dos os Seus recursos disponíveis a nós, à medida que vivemos num relacionamento de obediência a Ele e ao Espírito Santo (2 Pe 1:2-4). Obviamente, até mesmo com tais recursos, não estamos acima, nem somos melhores que o nosso Mestre. Em vez dis-so, devemos ser semelhantes a Ele (Jo 13:12-17), usando o que Deus fornece para humildemente servirmos aos outros. Por-tanto, nunca deveríamos nos orgulhar de nós mesmos quando Deus nos usa no ministério. Precisamos nos resguardar do or-gulho – o pecado do Diabo (1 Tm 3:6).

O Mais Perigoso dos Pecados O orgulho é um pecado mortal que pode lentamente envene-nar até mesmo o líder mais comprometido e impedir o fluir da unção do Espírito Santo. Talvez um líder de igreja tenha gran-des habilidades, sabedoria, ou conhecimento, mas orgulhar-se dessas coisas é tolice. Primeiramente, porque tudo o que temos vem de Deus. Em segundo lugar, porque toda a nossa sabedoria, capacitação e habilidades de fato não são nada em comparação com a unção do Espírito de Deus e também com o que somente Deus pode fazer (Mt 7:21-23; 1 Co 3:18-21; 4:20; 8:1-3)! O orgulho é provavelmente o mais perigoso dos pecados. Foi o pecado fundamental de Satanás (Is 14:12-14). O orgulho pode fazer com que pensemos que podemos fazer as coisas melhor do que Deus, e no final nos leva a uma rebelião contra Deus. Quando começamos a fazer os nossos próprios planos in-dependentemente da submissão a Deus, estamos na verdade em rebelião contra Deus. Quando não estamos totalmente ren-didos a Ele, ficamos separados d’Ele, pois, “Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6). O orgulho faz com que nos sintamos auto-suficientes e au-todependentes. Consequentemente, cremos que não precisa-mos mais ser ensinados por Deus ou pelos homens. Resistimos ao pensamento de que precisamos de alguma coisa de Deus, e paramos de pedir. Assim sendo, também paramos de receber (Tg 4:1,2). É preciso uma fé humilde, como de uma criança, para pedirmos ou aprendermos com o nosso Pai Celestial (Mt 18:3,4). Deus é o Fornecedor de tudo o que precisamos. Precisamos reconhecer humildemente que precisamos d’Ele e do que Ele supriu para nós, ou nunca receberemos nada. O orgulho impe-de que tenhamos este tipo de humildade, roubando-nos assim as bênçãos do Reino de Deus, inclusive a Sua unção.

Confie Somente no Senhor Imagine por um momento uma moeda. Num dos lados está estampada a palavra “orgulho”. No outro lado está estampado “o temor dos homens”. Esses dois pecados da carne frequente-mente se manifestam juntos na vida de uma pessoa. “O temor do homem traz uma armadilha, mas todo aquele que confia no Senhor estará seguro” (Pv 29:25). O “temor do homem” tem muitas facetas. Algumas maneiras comuns pelas quais os pastores caem nesta armadilha são:

● Temor de desagradar ou aborrecer os membros da con-gregação (até mesmo a ponto de tolerar os pecados de-les).

● Demonstrar privilégios extras aos que dão dinheiro ou que têm influência.

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● Dizer ou fazer coisas para tentar ganhar a aprovação de (ou para ser notado como sendo melhor do que) outros pastores amigos ou outros crentes.

Há muitas outras maneiras pelas quais podemos cair na ar-madilha do temor do homem. Contudo, independentemente do método, quando você dá lugar ao temor do homem, você fica preso à armadilha de fazer a vontade de outras pessoas. Você fica preso na armadilha das suas opiniões e julgamentos. Como então você poderá servir ao Senhor com todo o seu coração, quando você está ocupado, servindo as opiniões dos homens? Não podemos servir a dois mestres (Mt 6:24). Não podemos ficar em pé quando o nosso coração está dividido (Sl 86:11; Mc 3:24,25). Jesus também enfrentou este problema, através dos desejos egoísticos das pessoas (Mc 1:35-39; Jo 6:15,22-40), dos jul-gamentos dos fariseus (Mt 22:15-22; Lc 7:36-50), ou até mes-mo através das exigências da Sua própria família terrena (Mt 12:46-50; Jo 7:1-9). Em todos estes e em outros pontos, Jesus não tentou satis-fazer as opiniões das pessoas. Ao contrário, Jesus manteve o Seu foco em fazer somente a vontade de Deus, acima de todas as demais coisas, e independentemente do custo. Até mesmo quando as pessoas criam em Jesus e pareciam segui-Lo, Ele sabia quão volúvel podia ser o coração das pes-soas (Jo 2:23-25). Jesus admoestava os Seus seguidores a não confiarem nem buscarem os louvores dos homens (Lc 6:26), pois, se for a boa opinião dos homens que buscarmos, o nosso coração não está disposto a servir somente ao Senhor. O Senhor está procurando pessoas cujo coração seja total e somente leal a Ele. É através de pessoas assim que Ele faz grandes coisas (2 Cr 16:9) e sobre as quais Ele derrama a Sua unção! Observe o que nos mantém seguros do temor do homem: é a confiança no Senhor (Pv 29:25). Quando conhecemos o Senhor, quando O buscamos para conhecermos a Sua vontade, quando agimos em obediência ao que Ele disse porque confia-mos n’Ele totalmente, não importa o que os homens possam pensar. A nossa confiança precisa ser no Senhor! Quando estamos mais interessados no que ELE pensa, não somos presos na ar-madilha de temermos o que as pessoas pensam. c. Grandes meios-termos começam com as “raposi-nhas” dos pequenos meios-termos (Ct 2:15). Há um pro-blema comum entre os líderes que Deus está usando de uma maneira significativa. Eles talvez comecem a achar que são tão importantes que não precisam mais obedecer todos os princí-pios e padrões de Deus. Talvez eles os conheçam e sejam aptos a ensiná-los, mas não creem mais que precisem pessoalmente viver de acordo com eles. Isso é o que eu denominei de “Cláusula de Exceção da Liderança”. É quando os líderes acham que se tornaram tão importantes que não precisam mais ser humildes, ou servir, ou ser pacientes com os outros, ou ser abnegados, etc. Em suas mentes, eles se tornam a “exceção” aos padrões de Deus. Eles consideram desculpável a busca de seus caminhos egoísticos e carnais por causa de sua “importância” ou “sucesso”. Eles aceitam a maneira de pensar do mundo, que de alguma forma o seu sucesso no ministério é devido às suas grandes habilidades e talentos – e começam a viver como se fossem celebridades!

Pelo fato de que Deus é fiel em continuar a ministrar atra-vés deles (Rm 11:29), esses líderes começam a presumir da bondade de Deus. Eles começam lentamente a adotar atitudes e comportamentos que mais tarde os levarão a pecados cabais. Isso resultará em seu fracasso no ministério, até mesmo a pon-to de destruir a sua fé (1 Tm 1:19) ou de cauterizar a sua cons-ciência (1 Tm 4:2). Causará também um entristecimento (Ef 4:30) e uma extinção (1 Ts 5:19) do Espírito Santo de Deus. E, mais tarde, parará completamente o fluir da unção de Deus. Como líderes de igreja, somos chamados para sermos um exemplo do caráter de Cristo ao Corpo de Cristo. Não deve-mos ser a exceção! Precisamos conhecer a Palavra de Deus e viver de acordo com ela, da melhor maneira possível. Se de fato falharmos, precisamos nos arrepender rapidamente (2 Co 7:10; Ap 3:19). Que cada um de nós ouça as admoestações das Escrituras: “... saiba com certeza que o seu pecado o alcançará” (Nm 32:23; veja também gálatas 6:7,8; 1 Timóteo 5:24,25).

Guardando o Seu Coração A Bíblia exorta: “Guarda o teu coração com toda a dili-gência, pois dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23). Sa-lomão escreveu esse versículo, talvez depois de ter destruído o seu relacionamento com Deus e arruinado o seu reinado. Não sabemos ao certo, mas a verdade do que Salomão es-creveu pelo Espírito de Deus ainda fala claramente conosco hoje. O Diabo tem muitos “ratos” que ele usa para nos tentar. A nossa própria carne também tem muitos desejos errôneos e pecaminosos. Contudo, essas coisas podem entrar e poluir o poço da nossa vida se simplesmente abrirmos a porta para elas. Elas podem corromper nosso coração – o lugar da habitação para o Espírito de Deus – simplesmente se permitirmos que elas entrem e se dermos lugar ao pecado. Assim sendo, o que podemos fazer para mantermos o nosso “poço” puro? Como somos o templo do Espírito Santo (1 Co 6:19,20), há alguns passos práticos que podemos dar. Vamos analisá-los agora.

2. O Caminho Para a Pureza a. Viva de acordo como os padrões da Palavra de Deus. O salmista faz uma pergunta crucial, e, em seguida, a responde. “Como o jovem pode purificar o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” (Sl 119:9).

Até mesmo quando as pessoas criam em Jesus e pareciam segui-Lo, Ele sabia quão

volúvel podia ser o coração das pessoas (Jo 2:23-25). Jesus admoestava os Seus

seguidores a não confiarem nem buscarem os louvores dos homens (Lc 6:26), pois,

se for a boa opinião dos homens que buscarmos, nosso coração não estará disposto a servir somente ao Senhor.

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Através das Cartas de Paulo a Timóteo e a Tito, o Espírito Santo dá claras direções a todos os pastores. As três “Epístolas Pastorais” (1 & 2 Timóteo e Tito) foram escritas a pastores (Timóteo e Tito) sobre assuntos pastorais. É nas Cartas a Timóteo que lemos que a Palavra de Deus – e não as opiniões dos homens – é o nosso guia para tudo o que fazemos, dizemos, nos tornamos, e ministramos (1 Tm 4:12-16; 2 Tm 2:15-18; 3:16,17). Jesus fala que a Palavra de Deus é o nosso padrão para a vida. Ele declara que fazer menos do que seguir toda a Palavra é um fracasso que nos põe em risco de juízo (Mt 5:17-20). A Palavra de Deus é inspirada pelo Espírito Santo (2 Tm 3:16; 2 Pe 1:19-21) e é confirmada pelo Espírito Santo (Jo 14:26; Hb 4:12,13). As opiniões e idéias dos homens – não importa quão bem-intencionadas ou atraentes – não são o nosso guia para a vida. Também não são o que devemos ensinar às nossas congrega-ções sobre a vida no Reino de Deus. Precisamos ter muito cuidado com relação às opiniões dos homens (1 Co 2:1-16), mesmo se por acaso concordarmos com elas, pois os homens, até aqueles que respeitamos e em quem confiamos, são apenas isto: meros homens. É verdade que algumas pessoas podem nos ajudar. Elas po-dem nos ensinar o que aprenderam. O seu conhecimento da Palavra de Deus e a sua experiência podem ser benéficos para nós, mas isto só vai até aí e é útil apenas no que concorda ple-namente com a Palavra de Deus! A nossa vida não pode ser purificada pelas opiniões das pessoas ou pelas últimas tendências no ministério. Somente podemos andar em retidão diante do Senhor à medida que O seguimos e obedecemos a Sua Palavra. Há somente um Espírito Santo e somente uma fonte para a eterna Palavra de Deus – a Bíblia! Assim sendo, leia-a, me-dite nela, estude-a, memorize-a, obedeça-lhe, viva-a, pregue-a, ensine-a! Amém! b. O Espírito Santo age na oração. “O espírio do homem é a lâmpada do Senhor, sondando todas as profundezas do seu coração” (Pv 20:27). Os nossos tempos de oração são uma fonte de bênção e instrução, como também um lugar de comu-nhão. A oração também pode ser uma arma poderosa quando dirigida pelo Espírito Santo. Infelizmente, nas movimentadas atividades da vida, os lí-deres de igreja como você e eu frequentemente negligencia-mos os tempos vitais de simplesmente esperarmos no Senhor. Mas é somente à medida que damos tempo para esperarmos e ouvirmos que o Espírito Santo pode verdadeiramente agir em nosso coração. Cada um de nós precisa de um “exame de coração” regular e minucioso pelo Espírito Santo. À medida que oramos e es-peramos no Senhor, Ele pode revelar motivações escondidas, áreas de impureza ou de fraquezas. Em Seu amor por nós e pelo Corpo de Cristo, o Espírito Santo quer nos convencer de pecados e nos moldar, a fim de que possamos resolver estas mesmas coisas que, caso contrário, atrapalharão, ou até mesmo destruirão nossa vida e ministério.

Guardando-nos do Engano de Nós Mesmos O simples fato de que estamos ativos no ministério, que co-nhecemos a Bíblia, e que podemos ensinar os outros não signi-

fica que sejamos perfeitos. Mais do que qualquer outro motivo, essas coisas devem nos fazer mais conscientes da capacidade do coração humano de ser enganado e de dar desculpas para o pecado! Separe, por favor, alguns momentos agora e leia os seguin-tes versículos: ● Provérbios 16:2,25; 28:26 ● Jeremias 17:9,10 ● 1 Coríntios 10:12,13 Há muitos outros versículos que revelam claramente a nossa necessidade de abrirmos nosso coração diante do Es-pírito Santo. O Senhor já conhece nossa área de conflitos. Não podemos escondê-la d’Ele. No entanto, podemos en-ganar a nós mesmos e permitir que o pecado, os desejos carnais, ou ao desânimo devido a comportamentos pecami-nosos continuem até que produzam o fruto da iniquidade em nossa vida. O Senhor está procurando corações que sejam mantidos puros e isentos do pecado. Ele deseja que nada atrapalhe a Sua unção, ou a frutificação em nossa vida e ministério. À medida que você humildemente demonstra ser digno de confiança no sentido de guardar o seu coração do pecado e permite que o Espírito Santo o purifique de dentro para fora, a unção de Deus pode ser derramada sem limitações.

De Pastor Para Pastor: Quanto mais tempo cami-nhamos com o Senhor, tanto mais fácil é não sentirmos necessidade da obra de moldagem do Espírito Santo em nossa vida.

Infelizmente, para os líderes de igreja isso é especial-mente verdadeiro. Ficamos tão ocupados aprendendo so-bre a Palavra de Deus e ensinando-a que começamos a presumir que também a estamos aplicando diariamente em nossa vida. Ficamos tão absortos em orar pelo nos-so ministério e pelos outros que negligenciamos o passar tempo apenas esperando no Senhor para ouvirmos d’Ele para o nosso próprio bem. Aprendemos a continuar sor-rindo e agindo como se tudo estivesse bem, até mesmo se estivermos lutando contra o pecado ou o desânimo in-terno. Será que você consegue admitir que isso às vezes pode ser verdadeiro?

Jesus declarou que a nossa retidão precisa ser uma retidão do coração. Ela precisa exceder a forma limitada e externamente religiosa dos fariseus (Mt 5:20).

Lembre-se de que Jesus não morreu pela humanida-de a fim de começar uma nova religião. Ele deu a Sua vida para que pudéssemos ser restaurados a Deus, e, aí então, ser continuamente transformados, cada vez mais, à imagem do que o homem foi originalmente criado para ser, antes que o pecado tão brutalmente nos danificasse (Mt 15:10-20; 23:23-28; Rm 12:1,2; 2 Co 3:18; 1 Jo 3:1-3). Já aprendemos que esse é um processo que dura a vida toda, até mesmo para nós como líderes.

Se negligenciarmos a condição interna do nosso co-ração, torna-se muitíssimo fácil cairmos como presas do pecado. Talvez os problemas comecem pequenos, mas pequenos meios-termos sempre levam a meios-termos maiores e mais destrutivos. É por isso que é essencial permitirmos que o Espírito Santo aja em nosso coração diariamente, para nos persuadir e para acabar com os problemas antes que eles nos levem ao pecado. ■

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“Sonda-me, ó Deus…” Precisamos desesperadamente que o Espírito Santo seja uma lâmpada brilhando em nossa alma e espírito. Precisamos que Ele revele a condição do nosso coração, para que possamos ser pu-rificados, renovados e transformados. Essa é a vontade de Deus para nossa vida! (Fp 1:6; 2 Co 3:18; Rm 8:29.) À medida que cooperamos em oração com essa obra do Espírito, somos desenvolvidos em “vasos de honra” (2 Tm 2:20,21). Aí então, Deus poderá derramar livremente a unção do Seu Espírito Santo, liberando mais de quem Ele é, tanto em nós, como também através de nós para outros, no ministério. Que a nossa oração diária seja como a de Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece as minhas ansiedades; e vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23,24). c. Ande em obediência. “E somos testemunhas Suas des-tas coisas, como também é o Espírito Santo, que Deus deu aos que O obedecem.” (At 5:32.) Já falamos sobre o lugar da Palavra de Deus e da obra transformadora do Espírito Santo na vida pessoal do pastor. Essas são chaves vitais para vivermos uma vida de pureza. No entanto, ambas podem ser ineficazes em nossa vida – se nos recusarmos a obedecer. Desobedecemos quando ignoramos os mandamentos de Deus ou simplesmente negligenciamos seguir por completo o que o Espírito Santo revelou ao nosso coração (Tg 1:21-25). Saul é um exemplo claro desse tipo de fracasso. (Veja 1 Sa-muel 15:1-35.) Davi aprendeu bem com os fracassos de Saul e escreveu sobre esse princípio vital. (Veja Salmos 40:6-8.) Os líderes de igreja frequentemente estão dispostos a ser-virem e até mesmo a se sacrificarem para o ministério. Isso não está errado. Contudo, Deus deseja algo mais importante do que o sacrifício. Ele requer a nossa obediência humilde e consagrada (1 Sm 15:22,23). Já estudamos a importância da obediência ao Senhor e à Sua Palavra em questões das nossas motivações internas, atitudes e comportamento diário. No entanto, a obra do Espírito também re-quer a nossa obediência em questões da obra do Senhor – tanto no que fazemos, como também na maneira como o fazemos.

Alinhados Através da Obediência Moisés aprendeu uma lição imensamente dolorosa com re-lação à obediência ao direcionamento de Deus (Nm 20:7-13). Deus ordenou a Moisés que ele “falasse à rocha diante dos olhos deles, para que ela liberasse a sua água” (v.8). No en-tanto, Moisés golpeou a rocha (v.11). A consequência foi o fato de que não foi permitido a Moisés entrar na Terra Prometida (v.12; veja também Deuteronômio 31:1,2; 32:48-52). Por que Moisés desobedeceria este claro mandamento do Senhor? Os filhos de Israel haviam enfrentado a seca e a sede no deserto duas vezes antes (Êx 15:22-26; 17:1-7). Na primeira ocasião, Deus instruiu Moisés a lançar uma árvore em águas amargas e não-potáveis, e as águas ficaram doces. Na segunda ocasião, Deus disse a Moisés para golpear uma rocha, e águas frescas saíram. Mas, na terceira ocasião, Deus pediu que Moisés fizesse algo diferente. Ele pediu que Moisés falasse à rocha. Em vez disso Moisés regressou a um método antigo e golpeou a rocha.

Talvez Moisés não estivesse aberto a esta nova maneira pela qual Deus queria mover-Se. Talvez Moisés estivesse irado ou impaciente com os filhos de Israel, que estavam reclamando. Não sabemos ao certo. Mas isto sabemos com certeza: a deso-bediência de Moisés desagradou ao Senhor (Nm 20:12). A lição importante é esta: O resultado nesta situação não foi tão importante quanto o método! Os filhos de Israel de fato obtive-ram a sua água desejada. Contudo, a medida de Deus com relação à obediência não consistia no resultado. Ela consistia no fato de o Seu servo seguir completamente a maneira de Deus de realizar o Seu propósito. Essa é a essência da obediência! Devemos seguir a Palavra de Deus e o direcionamento do Espírito Santo, até mesmo se não compreendermos a ra-zão com nossa mente limitada. (Veja Isaías 55:8,9; 1 Coríntios 1:18-25.) Deus nos deu o Seu Espírito Santo para nos dirigir e nos direcionar. Nós, como filhos de Deus, somos chamados para crermos n’Ele e obedecer-Lhe (Rm 8:14). Entenda por favor que a obediência não é uma questão de se merecer a bênção ou a unção de Deus. Contudo, quando andamos em obediência, alinhamo-nos com o Senhor e com os princípios da Sua Palavra. À medida que fazemos isso, mais do poder da unção de Deus encontra-se disponível a nós. Este princípio foi abordado por Paulo: “Mas eu disciplino o meu corpo e o coloco em sujeição, para que, tendo pregado aos outros, eu mesmo não fique desqualificado” (1 Co 9:27). Paulo estava plenamente consciente de que o seu comporta-mento pessoal estava diretamente ligado ao ministério que Deus lhe havia dado.

Padrões do Novo Testamento O pastor tem dois aspectos básicos com relação à sua vida: a vida particular/pessoal e a vida pública/ministerial. A expec-tativa de Deus com relação à obediência envolve ambas as áre-as. A vida do pastor, tanto pessoal quanto pública, precisa estar sob a disciplina e o desenvolvimento do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Se o líder de igreja for dedicado à obediência em todas as áreas da sua vida, a unção do Espírito de Deus fluirá para todas as áreas também. É um erro crermos que a unção é simplesmente para o mi-nistério público. O Senhor está igualmente interessado em sua eficácia em sua vida familiar e pessoal, como também na ma-neira em que Ele poderá usá-lo num trabalho secular ou em outras circunstâncias. Os requisitos no Novo Testamento para os líderes de igre-ja (leia 1 Timóteo 3:1-7) são também os nossos padrões como pastores. Os presbíteros da Igreja Primitiva eram os pastores das igrejas locais. Assim sendo, as diretrizes e padrões para sua vida pessoal e pública são os padrões para os pastores hoje.

A Ordem Bíblica Muitos e muitos pastores negligenciam esses padrões, es-pecialmente no que tange às necessidades de suas esposas e filhos. Eles acham que, de alguma forma, é algo santo o fato de negligenciarem as suas famílias a fim de dedicarem todo o tempo ao ministério. A Palavra de Deus deixa bem claro que NãO foi para fazerem isso que Deus chamou os pastores! O marido (incluindo-se o pastor) deve amar a sua esposa,

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como Cristo ama a Igreja, abundante e sacrificialmente. O pas-tor e sua esposa devem ter respeito e amor um pelo outro, oran-do e servindo um ao outro. Os filhos não devem ser mimados, nem tratados como servos. Eles devem ser cuidados e tratados carinhosamente, criados de uma maneira santa e amorosa. De-vemos ser, para nossos filhos, exemplo do caráter de Cristo e do amoroso Pai Celestial. (Veja Efésios 5:22-33; 6:1-4; Colos-senses 3:18-21; 1 Pedro 3:7.) As nossas famílias devem ser uma prioridade, e a provisão de suas necessidades é uma responsabilidade que não podemos igno-rar: “Mas, se alguém não provê à subsistência dos seus, especial-mente dos seus próprios familiares, negou a fé e é pior do que os incrédulos” (1 Tm 5:8). A ordem bíblica é: o nosso relacionamen-to com Deus em primeiro lugar, a nossa família em segundo, e o ministério e outras responsabilidades depois dessas duas coisas. O manuseio das finanças pelo pastor também deve ser diri-gido pelos princípios da Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. Os recursos que Deus fornece ao pastor pessoalmente devem ser usados para: ● bendizer ao Senhor através de dízimos e ofertas;

● abençoar as nossas famílias através do nosso suprimen-to de suas necessidades;

● abençoar os outros ao compartilharmos do que Deus supriu para nós.

Toda a Ajuda que Necessitamos O ministério público do pastor também deve ser realizado em obediência à Palavra de Deus e pelo direcionamento do Espírito Santo. O Espírito Santo nos ajuda e frequentemente nos direciona com relação ao que Ele quer que façamos em situações ministeriais específicas. À medida que nos dedicarmos e nos disciplinarmos, ouvir-mos conselhos santos, estudarmos a Palavra de Deus, orarmos regularmente enquanto seguimos o direcionamento do Espírito Santo, cresceremos e amadureceremos como líderes cristãos.Ao fazermos isso, podemos esperar um fluir cada vez maior da unção de Deus sobre nossa vida e através do nosso ministério (Veja as exortações de Paulo a Timóteo: 1 Timóteo 4:12-16; 6:11,12,20; 2 Timóteo 1:6,7,13,14; 2:1,15,16,22-25; 4:1-5.) Esse é o desejo de Deus para nós! Ele disponibiliza toda a aju-da que necessitamos para servi-Lo fielmente e para vivermos de acordo com os Seus caminhos. Mas precisamos escolher obedecer!

De Pastor Para Pastor: Se um pastor ou líder de igre-ja violar ou continuamente ignorar os princípios básicos com relação à sua vida particular e pública, a unção de Deus será extinta. Haverá a perda da frutificação, tanto no lar como no ministério.

A menos que haja um total arrependimento e um novo e genuíno compromisso com os propósitos de Deus, o líder corre o risco de sofrer uma destruição, tanto pessoal-mente como no ministério. Essa destruição talvez leve al-gum tempo, mas tenha a certeza de que todos colhemos o que semeamos (Gl 6:7,8).

Infelizmente, há líderes dotados e poderosamente un-gidos na Igreja hoje em dia que têm uma vida hipócrita. Em outras palavras, eles ensinam uma coisa, mas vivem de outra maneira.

Todos falhamos às vezes, e nenhum de nós é ima-culadamente perfeito. Contudo, não estou me referindo a um ponto ocasional de falha, após o qual vem um rápi-do arrependimento. Estou me referindo a uma constante e flagrante violação dos padrões da Palavra de Deus na vida pessoal do líder.

O nosso Deus e Pai e o nome de Jesus Cristo são de-sonrados com isso. As pessoas do mundo são afastadas da salvação através de Cristo devido a essa hipocrisia. Os membros da Igreja e famíliares também se decepcionam devido a essa falta de integridade na vida pessoal dos líderes.

Isso é errado, e, se o seu comportamento faz com que outros tropecem, Jesus nos adverte que há um juízo que não falha (Lc 17:1,2). O juízo de Deus sobre as nossas obras virá com certeza (1 Co 3:11-15). ■

O Senhor de Todas as Áreas da Nossa Vida O Espírito Santo habita dentro de nós como crentes; Ele nos unge para que os propósitos de Deus sejam cumpridos. O desejo d’Ele é encher as nossas vidas totalmente, e não somen-te o que se relaciona com o ministério. Jesus deve ser o Senhor de todas as áreas da nossa vida – de todo o nosso coração, e não somente de uma parte (1 Pe 3:15). Precisamos obedecer ao Senhor e a Sua Palavra em todas as áreas da nossa vida, para que Ele possa receber glória e para que possamos ser instru-mentos eficazes para os Seus propósitos! d. Precisamos de relacionamentos com os nossos colegas. Os pastores e líderes são frequentemente relutantes no sentido de revelarem coisas sobre sua vida. As suas inseguranças podem dar lugar ao ciúme ou à competição mútua. Satanás se aproveita destas tendências a fim de manter o Corpo de Cristo (especial-mente os líderes) dividido e um com medo do outro. Uma boa parte da nossa eficácia como líderes de igreja se perderá sem relacionamentos sadios com outros líderes. Preci-samos uns dos outros, provavelmente mais do que imaginamos ou queremos admitir. Os crentes, incluindo os pastores, são uma família (irmãos e irmãs). Essa é uma característica muito mais importante do que títulos, posições, afiliações denomina-cionais, ou o tamanho da igreja. Os vários dons e funções no Corpo de Cristo são dados a fim de trabalharmos eficientemente juntos (Rm 12:3-8; 1 Co 12). Nenhum de nós tem o que é preciso para ser eficaz no mi-nistério sem a parceria de outros crentes e líderes. No entanto, este tipo de unidade requer maturidade, amor, atitude de servo e humildade.

Forte Apoio Os pastores, especialmente, precisam uns dos outros. Preci-samos dar lugar e buscar relacionamentos com outros pastores e líderes consagrados. O propósito principal disto é a criação de uma responsabilidade mútua. Precisamos ter isto para a nossa saúde espiritual e proteção contra fracassos. Esses relacionamentos devem permitir uma abertura genu-ína, um lugar para compartilharmos nossos desafios, dificulda-des e triunfos na vida e no ministério. Neste círculo de amiza-de e relacionamento, podemos receber ministrações, orações e aconselhamentos bíblicos. Deus deseja este tipo de relacionamento para nosso cresci-

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mento e maturidade: “Como o ferro afia o ferro, assim o ho-mem aguça o rosto do seu amigo” (Pv 27:17). Os relacionamentos de confiança podem fornecer um lugar seguro para compartilharmos nossos temores, preocupações e tentações. Podemos confessar nossas falhas e pecados (Tg 5:16) e receber ministrações e encorajamento. Todos os que estão no ministério precisam de encoraja-mento. O Diabo trabalha arduamente para tentar os líderes e levá-los a caírem em fracassos pessoais ou a abandonarem o ministério. Às vezes, as pessoas – até mesmo em nossas con-gregações – nos entendem erradamente ou talvez se oponham a nós, ou até mesmo ajam com ódio em relação a nós. Preci-samos do apoio de amigos espiritualmente fortes e dignos de confiança para nos ajudarem a passarmos por essas situações, a fim de emergirmos como vitoriosos através de Cristo!

De Pastor Para Pastor: Não creia na mentira que é mais “espiritual”, a de que você não precisa de outras pessoas em sua vida. Na verdade, quanto mais maduros nos tornarmos, tanto mais reconheceremos a nossa ne-cessidade de relacionamentos santos no Corpo de Cristo. Paulo nos diz que juntos formamos o Templo de Deus, cheio com o Espírito Santo (1 Co 3:16,17).

Os grupos de amizade e responsabilidade devem ser escolhidos em oração e com cuidado. Nem todos que você conhece serão parceiros compatíveis para a oração, e nem todos terão maturidade para serem dignos de con-fiança. Encontre pessoas que você respeita e em quem possa confiar. Procure aquelas que têm maturidade, sa-bedoria e sensibilidade ao Espírito Santo para genuina-mente falarem a verdade em amor.

A oração deve ser o foco principal em um grupo assim. Além disso, esses grupos devem envolver a comunhão somente com pessoas do mesmo sexo – homens com ho-mens, e mulheres com mulheres.

Esses relacionamentos vitais nos manterão “afiados” e firmemente estabelecidos no caminho do crescimento, da pureza, e de uma unção maior! ■

3. Sete Características da Unção Genuína As confusões com relação à natureza e propósito da unção frequentemente se devem a uma exposição única ou a curto prazo a um evento ministerial. Talvez seja um poderoso ser-mão, uma oração comovente, ou a presença de sinais ou mila-gres numa reunião. A visão a curto prazo pode levar a mal-entendidos de duas maneiras. Primeiramente, é fácil acharmos erroneamente que a unção é entusiasmo, talento, dons, estilo, ou habilidades no mi-nistério. Em segundo lugar, talvez pensemos que um momento de auge em uma manifestação sobrenatural seja o propósito total da unção. Muito embora esses momentos milagrosos ou de entusias-mo possam ser verdadeiramente o resultado da unção do Espí-rito Santo, precisamos nos lembrar de que há mais coisas com relação à unção. É importante desenvolvermos uma visão a longo prazo da unção. Esse é o entendimento de que a unção genuína resultará em vidas transformadas (Rm 12:1,2). Por “vidas transformadas” eu quero dizer vidas que estão solidamente fundamentadas na Palavra de Deus e na oração.

As pessoas que têm uma vida transformada estão alcançando e servindo o mundo ao seu redor através do seu testemunho e do seu serviço de amor. Elas estão resistindo ao pecado e às obras da carne, andando em humildade e arrependimento. Elas estão ativas no Corpo de Cristo. Tendo descoberto os seus dons espiri-tuais, elas estão usando-os no ministério. Elas estão se tornando mais semelhantes a Cristo o tempo todo! Essas coisas devem ser verdadeiras com relação a um líder transformado, bem como àqueles a quem um líder ungido está ministrando. Um ministério verdadeiramente ungido é consistentemente frutífero, com o resultado contínuo de vidas sendo salvas e dis-cipuladas para serem seguidoras de Cristo. Um ministério ungido não é um caminho ao reconhecimen-to, às riquezas, ou à comodidade. O Apóstolo Paulo era um homem profundamente ungido, grandemente usado por Deus. Contudo, ele sofreu intensamente, foi pobre e frequentemente perseguido, passou tempos na prisão, e foi até mesmo despre-zado pela Igreja que ele buscava servir (2 Co 4:8-15; 7:2-6; 11:23-33). A vida de Paulo foi terminada pelo machado de um executor quando ele foi decapitado em Roma. No entanto, um pouco antes da sua morte, Paulo declarou que a sua recompen-sa total era uma “coroa de retidão, que o Senhor, o justo Juiz, lhe daria naquele Dia, e não somente a ele, mas também a todos os que amam a Sua vinda” (2 Tm 4:8). A vida de Paulo não chegou a grandes coisas, de acordo com os padrões do mundo de “sucesso”. Até mesmo alguns cristãos de hoje talvez não achem que Paulo foi um grande apóstolo. No entanto, a reputação de Paulo foi que ele proclamava in-trepidamente o Evangelho de Jesus Cristo (At 17:1-6). Ele era conhecido como um homem de autoridade e poder, até mesmo pelo mundo demoníaco (At 19:15). Ele ensinava e discipula-va outros, e iniciava igrejas. Paulo foi inspirado pelo Espírito Santo a escrever o que se tornou um terço do nosso Novo Tes-tamento (a maior parte escrita enquanto ele estava na prisão pela sua fé). E o Apóstolo Paulo foi um agente principal para a divulgação do Evangelho por todo o mundo conhecido de então. Paulo era verdadeiramente ungido de Deus, cheio do poder do Espírito Santo! (Cl 1:24-29) Precisamos ser claros com relação ao propósito da unção de Deus. Não recebemos a unção de Deus para o nosso ganho pessoal ou para o entretenimento de outras pessoas. É para que os propósitos de Deus sejam cumpridos! É para ministrarmos de maneira tal que as pessoas sejam transformadas pela Pala-vra e pelo poder do Deus!

Testando a Nós Mesmos Precisamos usar discernimento nestes dias, para perce-bermos o que é de Deus e o que é do homem. Precisamos discernir o que é do Espírito de Deus, e o que é de um es-pírito diferente (2 Co 11:4). A Bíblia nos diz que, à medida que o tempo avançar, o mundo demoníaco tentará cada vez mais desviar as pessoas. Até mesmo cristãos serão enganados e desviados, rejeitando o que é verdadeiramente de Deus (2 Tm 3:1-9; 4:3,4). Precisamos “testar os espíritos” (1 Jo 4:1-6), porque o Dia-bo busca ativamente enganar e destruir as pessoas (2 Co 2:11;

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10:1-5; 11:14; 1 Pe 5:8). Além disso, homens malignos tenta-rão usar a Deus e as coisas espirituais para servirem a si pró-prios (2 Co 11:13-15; Fp 1:15,16; 2 Pe 2). Como, então, podemos saber o que é verdadeiramente a unção do Espírito Santo? E por qual medida podemos testar a nós mesmos para garantirmos que estamos andando fiel e obe-dientemente a Cristo com relação à unção? Eis aqui sete características que serão evidentes com rela-ção à unção do Espírito Santo. A unção genuína do Espírito Santo: 1) sempre glorificará Jesus (Jo 16:14), e não os homens, ou nem mesmo o ministério; 2) será fiel e consistente com todo o conselho da Palavra de Deus (Jo 14:26), uma vez que o Espírito Santo jamais violará a Palavra de Deus escrita; 3) fará com que aconteça uma vida espiritual nos que são expostos ao ministério ou que o recebem (Jo 6:63) – as pessoas ficarão mais comprometidas com Jesus, com a Sua Palavra, e com os Seus caminhos; 4) direcionará as pessoas a Jesus e à Sua salvação, e não a uma outra pessoa ou a sinais e maravilhas (Jo 15:26); 5) promoverá a paz e a unidade no Corpo de Cristo (1 Co 12:1-14) entre os que amam ao Senhor e a Sua Igreja mais do que os seus próprios pontos de vista; 6) terá o poder de transformar vidas (1 Co 2:4,5; 4:20; 1Ts 1:5), que é o produto de um ministério ungido; 7) produzirá o caráter de Cristo nas pessoas (gl 5:16-24; 2 Co 3:18) – esta é a vontade de Deus para todos os seguidores de Cristo! A presença dessas sete importantes características da un-ção genuína será uma marca dos que ministram na unção do Espírito Santo. Essas características também nos ajudam a perceber a necessidade de uma visão da unção a longo pra-zo. Pode haver uma unção a curto prazo ou espontânea para um momento específico do ministério. Mas, como pastores do Corpo de Cristo, somos ungidos para fazermos discípulos e treinarmos o povo de Deus – um trabalho a longo prazo – e não para termos apenas momentos ocasionais de um ministério emocionante. Use a lista acima para examinar seu ministério. Como líder de igreja, você tem um precioso e importante chamado para pastorear as pessoas do Corpo de Cristo. Cristo é o nosso Sumo Pastor. Ele o chamou como um subpastor. Será a Ele que você prestará contas pela maneira pela qual você cumpriu o Seu en-cargo de cuidar das Suas ovelhas (1 Pe 5:1-4).

Será que Podemos Receber Mais? O nosso papel é seguirmos diligente e fielmente a Cristo. Precisamos aplicar os padrões e princípios da Palavra de Deus em nossa vida e crescer constantemente em nossa capacidade de sermos dirigidos pelo Seu Espírito. O chamado ministerial que Deus lhe deu não é o seu mi-nistério. É o ministério DELE que Ele deseja exercer através de você! O ministério, quando exercido à maneira de Deus, dá origem a uma grande frutificação (Jo 15:14-16) e é acompa-nhado da Sua unção. Já estabelecemos que a unção do Espírito Santo é sobera-

namente designada por Deus. Ela será consistente com o nosso chamado e dons. Essa unção não está sujeita à vontade huma-na, a não ser a nossa capacidade de recebê-la ou rejeitá-la. Se você for como eu, você deseja mais da unção de Deus em sua vida e ministério. O clamor do seu coração é ser um vaso eficaz através do qual os propósitos do Reino de Deus possam ser cumpridos. Assim sendo, será que é possível não somente recebermos a unção de Deus, mas também crescermos na unção que Deus nos dá? Será que podemos receber mais do que temos agora? Vamos analisar brevemente essas perguntas.

B. CRESCENDO NA UNÇÃO O desejo do Senhor é que você tenha a unção do Espírito Santo. Também é desejo d’Ele que você cresça em sua capaci-dade de viver e ministrar na unção do Espírito Santo. Não há nenhum atalho para crescermos na unção de Deus. Tampouco a unção é nossa, para que a agarremos e a usemos a fim de sermos poderosos no ministério para o nosso benefício próprio. Lembre-se de que o poder de Deus não está separado da Sua Pessoa. Unção é a presença do Espírito Santo – que sempre estará sujeita à vontade e propósito de Deus, e não à nossa própria vontade e propósito.

1. Caráter e Unção É importante compreender que, à medida que você cresce no caráter de Cristo, você crescerá na unção. O nosso caráter complementará e liberará a unção através da nossa vida, ou bloqueará e impedirá a obra do Espírito Santo através de nós. (Veja Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19.) Lembre-se de que acima de tudo somos filhos e filhas de Deus. A obra sacrificial de Cristo possibilitou que fôssemos restaurados a um relacionamento com o nosso Pai Celestial. Jesus Cristo, como Cabeça da Igreja (Cl 1:18; 2:19), nos chamou e nos deu dons espirituais – a fim de que, como filhos e filhas de Deus, pudéssemos servir o Corpo de Cristo (Ef 4:11-16; 2 Tm 1:9). Esses dons e chamados espirituais funcionam plena e corretamente apenas quando são capacitados e direcio-nados pelo Espírito Santo (1 Co 12:7 – todos os dons funcio-nam de acordo com esse princípio). É por isso que podemos dizer que todos os ministérios verdadeiramente ungidos fluem de relacionamentos. O nosso relacionamento de submissão e de um crescimento cada vez maior com Cristo é a base sobre a qual funciona o ministério que transforma vidas. Independentemente do seu nível de ma-turidade ou experiência com o Senhor, isso ainda é verdadeiro. Jamais se esqueça de que um ministério eficaz flui do fato de mantermos um relacionamento revigorado e cada vez mais pro-fundo com Jesus Cristo!

Lembre-se que o poder de Deus não está separado da Sua Pessoa. A unção é a pre-

sença do Espírito Santo – que sempre esta-rá sujeita à vontade e propósito de Deus, e não à nossa própria vontade e propósito.

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De Pastor Para Pastor: É realmente fácil demais no ministério negligenciarmos o nosso relacionamento com o Senhor. Talvez comecemos a achar que o “maná” de ontem, proveniente d’Ele, seja suficiente para hoje. Mas não é!

Jesus faz uma poderosa admoestação que ilustra esse problema. Leia Mateus 7:21-23. As pessoas que estão sendo descritas nesses versículos são pessoas da Igreja – pessoas com ministérios proféticos, ministérios de liber-tação, os que ministram com sinais e maravilhas, etc.

Contudo, esses líderes, em algum ponto ao longo do caminho, deixaram o seu “primeiro amor” (Ap 2:1-5). Eles foram enganados, achando que a manutenção de uma aparência de sucesso no ministério (tendo a forma ex-terna) seria suficiente. Eles talvez até mesmo consigam citar passagens bíblicas e usar a autoridade do nome de Jesus. No entanto, eles não estão andando num relacio-namento genuíno, obediente e revigorado com o Senhor. Eles não O conhecem, e Ele não os conhece. O seu fim é terrível (Mt 7:23). ■

A Estratégia de Satanás Como já aprendemos, uma das obras do Espírito em nossa vida, depois da salvação, é a nossa transformação pessoal (Rm 8:29; 2 Co 3:18). É a nossa cooperação, que dura a vida toda, com essa obra – juntamente com a nossa obediência diária à Palavra de Deus e o nosso tempo em Sua presença – que de-senvolve dentro de nós um caráter santo. Satanás resiste ativamente ao crescimento do caráter santo nos líderes de igreja. O Diabo não consegue corromper ou rou-bar de nós a unção e os dons do Espírito Santo. Ao contrário, o oposto é verdadeiro: “Para este propósito o Filho de Deus foi manifesto, para que Ele pudesse destruir as obras do Diabo” (1 Jo 3:8; veja também Lucas 10:17-20; Romanos 8:37-39; 2 Coríntios 10:3-5; Colossenses 2:14,15; Hebreus 2:14). Pelo fato de que o Diabo não tem nenhum poder para dani-ficar ou corromper a unção e os dons do Espírito Santo, o seu alvo principal é você! Satanás busca ativamente roubar, matar, e destruir os santos (Jo 10:10). Uma das maneiras pelas quais

ele faz isso é tentando solapar o caráter santo, especialmente nos líderes da Igreja. O Diabo tenta corromper os líderes de igreja e torná-los inadequados para os propósitos de Deus (1 Co 9:24-27; 2 Tm 2:19-22). Ele faz isso através de tentações, enganos, temores, intimidações, divisões, orgulho, egoísmo. Qualquer que seja o pecado, Satanás será a fonte! As tentações de Satanás geralmente começam de maneiras pequenas. Ele começa a apelar aos nossos desejos carnais e na-tureza egoística. O Diabo teve séculos para observar o compor-tamento humano e para desenvolver maneiras de tentar fazer com que caiamos. Não precisamos temê-lo – mas certamente precisamos ser cautelosos e ficar de guarda o tempo todo! (1 Pe 5:8,9.) Observe que somos mais vulneráveis às artimanhas do Dia-bo quando negligenciamos o nosso contínuo e crescente re-lacionamento com Jesus Cristo (1 Tm 4:1,2; 2 Tm 1:1-9; Hb 2:1-3). Se não estivermos perto de Cristo, seremos muito mais tentados a fazermos exceções para nós mesmos, a darmos des-culpas para deslizes de comportamento, a acolhermos pensa-mentos concupiscentes. Todas essas coisas levam ao pecado, ao engano e ao fracasso (Tg 1:13-15). O desejo de Deus é que a Sua unção penetre em nosso ca-ráter. O caráter santo (ou a sua falta) causa um impacto direto em nossa frutificação e eficácia no ministério. Deus quer que a Sua unção venha a fluir em nossa vida e através dela, sem a barreira da iniquidade. Não é nenhum exagero dizermos que a unção tem tanto a ver com o caráter (o nosso) como com o poder (de Deus). Vamos dedicar um momento agora para aprendermos com a vida do Homem mais ungido que já viveu.

2. As Pegadas do Mestre Verdadeiramente, Jesus Cristo foi a Pessoa mais ungida que já andou sobre a terra. Ele tinha o Espírito Santo sem medida (Jo 3:33-35). A Sua inigualável unção foi profetizada séculos antes do Seu nascimento (Is 61:1-3). Jesus confirmou essa pro-fecia no início do Seu ministério (Lc 4:17-20). O ministério de Jesus na terra confirmou que Ele era ver-dadeiramente O Ungido. Um rápido exame no Evangelho de Lucas, Capítulos 4 e 5, revelam o Seu grande poder desde o início do Seu ministério. Jesus foi ungido para:

● Expulsar demônios (4:33-37, 41);● Ensinar com autoridade (4:22,32);● Curar os enfermos (4:38-40;5:15);● Chamar as pessoas ao arrependimento (5:17-26,31,32);● Fazer sinais e maravilhas (5:4-9);● Profeticamente chamar as pessoas ao ministério (5:10,

27);● Desenvolver um grupo de liderança central (5:11);● Curar um leproso, que era algo espantoso para aquela

época (5:12-15). Essa é apenas uma amostra de como Jesus começou o Seu ministério terreno. Ele realizou muitíssimo mais do que isso. Há apenas um Filho de Deus que veio à Terra, morreu por nós, e aí então ressuscitou para mostrar que Ele era verdadeiramen-te Deus! Jesus é Aquele que nos chamou (1 Co 1:26-31). Ele nos deu

Satanás: velho observador do comportamento humano.

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todos os dons necessários (Ef 4:11-16) e o poder (Jo 16:7) para cumprirmos a Sua vontade (Jo 15:16). Cristo encarregou a Sua Igreja a dar prosseguimento à Sua obra (At 1:4-8). É somente pelo poder do Espírito Santo de Deus que podemos realizar isso plenamente. Esse mesmo Es-pírito que ungiu Jesus foi derramado sobre a Terra, e está dis-ponível a todos os que creem em Jesus Cristo para a salvação! (Rm 8:14-17) Aleluia!

Andando nas Pegadas de Jesus Deus está procurando os que são leais a Ele (2 Cr 16:9). Je-sus mostrou-Se leal a Deus e agradável a Ele (Mt 3:17). Jesus foi obediente à vontade do Pai em todas as coisas (Hb 10:5-7). Muito embora Jesus fosse capaz de pecar, Ele jamais pecou (Hb 4:15). Já que Ele é o nosso exemplo em todas as coisas, o que podemos aprender com a vida de Jesus Cristo com relação a crescermos na unção? Vamos andar em Suas pegadas por um momento para recebermos as lições que promoverão o cresci-mento em nosso caráter e nas questões espirituais. a. Jesus Era Submisso às Autoridades. Jesus escolheu ser submisso às autoridades que foram estabelecidas sobre Ele. Até mesmo quando Ele ainda era um Menino, Ele era submisso a Seus pais e a outras autoridades da Sua comunidade (Lc 2:41-51). E, durante todo o Seu ministério terreno, Jesus submetia-Se continuamente ao Seu Pai Celestial. A Bíblia ensina que nós, como líderes, também estamos

sujeitos a estruturas de autoridade em nossa vida. Há gover-nos, denominações, igrejas, empregos – todas estas coisas têm estruturas de autoridade. Nós podemos encontrar segurança e conforto no fato de termos essas autoridades sobre nós. No entanto, em alguns ca-sos, talvez não concordemos completamente com elas. Talvez até mesmo nos encontremos em submissão a autoridades que são ímpias, egoísticas, ou tirânicas. É provável que durante a nossa vida sirvamos a figuras de autoridade benevolentes e também aparentemente injustas. Mas, qualquer que seja a natureza dessas figuras de autorida-de, a Palavra de Deus nos instrui com relação à importância da submissão como um padrão de vida. Isso inclui a submis-são a:

● Deus (Tg 4:7);● Autoridades governamentais (Rm 13:1-7; 1 Pe 2:13-17;

veja também a nota abaixo);● Liderança no Corpo de Cristo (1 Co 16:15,16; 1 Ts

5:12,13; Hb 13:7,17);● Uns aos outros no Corpo de Cristo (Ef 5:21; 1 Pe 5:5);● Maridos, por suas esposas (Ef 5:22; Cl 3:18);● Pais, por seus filhos (Ef 6:1-3; Cl 3:20);● Empregadores, por seus empregados (Ef 6:5-8; Cl 3:22-

25; 1 Pe 2:18-21). NOTA: Como cristãos, devemos ser pacientes com o nos-so governo sempre que possível. Jesus não exigiu a derrubada de Roma, muito embora, naquela época, ela oprimisse a Israel terrivelmente. Mas, se um governo ou líder nega ao povo a liberdade de adorar e obedecer a Deus, precisamos continuar servindo a Deus – muito embora isso possa trazer perseguições (1 Pe 4:12-19). A única ocasião em que você pode considerar não se sub-meter às autoridades estabelecidas sobre a sua vida é se elas lhe ordenarem a violar as Escrituras, ou a violar um princípio de conduta moral (por exemplo, mentindo, roubando, tendo um comportamento sexual imoral, etc.). Por exemplo, se uma autoridade governamental ordenar que você pare de pregar o Evangelho ou que você se abstenha de falar em nome de Jesus, o mandamento supremo de Cristo o impulsiona a esta proclamação de qualquer modo. Os após-tolos continuaram a pregar desta maneira (At 4:1-31; 5:17-42; 8:1-4). Se você enfrentar esse tipo de situação, ela exigirá mui-to cuidado, sabedoria e coragem. Seja dirigido pelo Espírito Santo, e Deus será glorificado! (Mc 13:9-13.)

O Princípio da Submissão A submissão é um princípio fundamental na vida do crente, especialmente na vida do líder de igreja. Precisamos nos sub-meter a Deus, acima de tudo, em todas as coisas. Em seguida precisamos escolher nos submeter aos que estão em autoridade sobre nós – quer seja em nossa comunidade, denominação, tra-balho, ou numa outra situação. Até mesmo se não concordarmos com eles, se não gostar-mos deles ou se não merecerem nosso respeito, precisamos permanecer submissos em nossas atitudes e ações. A única exceção é se, em seu papel de autoridade, eles exi-girem que você viole a Palavra de Deus, ou se eles estiverem conduzindo outras pessoas a fazerem o mesmo.

Deixe o exemplo de Jesus guiar seu

crescimento.

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De Pastor Para Pastor: Há ocasiões em que talvez tenhamos dificuldades com uma figura de autoridade. Tal-vez achemos que não estamos sendo tratados justamente ou recebendo um respeito ou agradecimento apropriado.

O exemplo de Jesus para nós nessas situações é que Ele “Se esvaziou, assumindo a forma de um escravo” (Fp 2:7). Cristo não buscava a aprovação ou o louvor dos ho-mens, em parte porque Ele sabia quão fútil isso é. As pesso-as podem mudar rapidamente as suas opiniões (Jo 2:23-25; 6:15,26,60-66).

Jesus Cristo buscava a satisfação do Seu Pai Celes-tial. Ele também escolhia o papel de um Servo (Mt 20:28). Do Seu coração de submissão e serviço veio a salvação para nós como também uma grande glória para Deus (Fp 2:7-11).

Como líderes de igreja, seremos colocados às vezes em posições de autoridade. A fim de liderarmos eficaz-mente com autoridade, precisamos primeiramente apren-der a viver e caminhar sob autoridade! Isso significa que precisamos compreender como viver de acordo com o princípio da submissão.

Se você estiver tendo um problema com um líder em autoridade, há alguns passos práticos a serem tomados. Em primeiro lugar, ore diariamente por essa pessoa. Isso o ajudará a obter a perspectiva de Deus sobre ela. Em seguida, busque ao Senhor com relação à solução d’Ele para o seu conflito. Busque as Escrituras e espere no Se-nhor para a resposta d’Ele.

Talvez você precise ir a essa pessoa e compartilhar suas preocupações de uma maneira humilde (Mt 5:23,24). Você também pode buscar conselhos dos que são sábios e objetivos, os quais o ajudarão a resolver o problema, em vez de somente ficarem do seu lado.

Finalmente, mantenha correto o seu coração (que in-clui nenhuma reclamação ou fofoca) e confie que Deus será o seu Defensor (Sl 5:1; 7:10; 31:2; 59:16,17; etc.). Isso é exemplificado na vida de Davi, o qual escolheu honrar a Deus e esperar o Seu tempo, muito embora o comportamento de Saul fosse difícil e às vezes ímpio. (Leia 1 Samuel 16 – 24.) ■

Deus talvez não seja o autor de uma tribulação ou dificul-dade em nossa vida, mas Ele de fato promete usar todas as situações para o nosso bem. Esse “bem” é o fato de Ele nos moldar à imagem de Cristo (Rm 8:28,29). Às vezes Deus usa as dificuldades que enfrentamos para testar o nosso coração (Êx 20:20; 1 Cr 29:17). Em outras oca-siões, um relacionamento desafiador talvez nos force a amadu-recermos. A escolha de respostas santas em meio a dificuldades sempre faz com que cresçamos em nosso caráter. Se escolhermos adotar a atitude e o coração de Cristo no meio das tribulações, isso frequentemente leva ao fato de Deus nos confiar uma medida maior da Sua autoridade, influência e unção. b. Jesus Cresceu em Maturidade. Jesus entregou-Se a um padrão de crescimento firme e equilibrado (Lc 2:52). Muito embora esse versículo provavelmente envolva a juventude de Jesus, ainda assim ele estabelece um exemplo para nós de um padrão saudável de crescimento e maturidade pessoal. 1) “cresceu em sabedoria” – Uma fonte principal de sabe-doria é a Palavra de Deus. À medida que você a lê e a estuda,

peça que o Espírito Santo abra o seu entendimento e fale com você com relação à verdade (2 Tm 2:15). Jesus disse que o Espírito Santo “vos ensinará todas as coisas e trará à vossa lembrança todas as coisas que Eu vos disse” (Jo 14:26). O Espírito de Deus vivificará (tornará vivas e relevantes) as palavras de Jesus. O Espírito Santo extrai da Palavra de Deus o que deposi-tamos em nossa vida. Fazemos depósitos ao lermos e estudar-mos a Bíblia, como também ouvindo ou estudando ensinos e sermões bíblicos sãos. Como líderes de igreja, precisamos nos entregar completa-mente ao estudo, memorização e aplicação das Escrituras a fim de crescermos em sabedoria. Esta leitura e estudo, no entanto, não é para fazermos sermões! É para o nosso crescimento pesso-al. Aí então, do poço cada vez mais profundo dos ricos depósitos da Palavra de Deus em nossa vida, podemos extrair as verdades que o Senhor vivificar em nosso coração ao ministrarmos aos outros. Isso trará grandes bênçãos pessoais para nós, como tam-bém para as pessoas a quem ministramos (1 Tm 4:12-16). 2) “cresceu em… estatura” – Já aprendemos que os nos-sos corpos são templos do Espírito Santo (1 Co 6:12-20; 1Ts 4:1-8). Portanto, precisamos ser bons administradores dos cor-pos que Deus nos deu. A nossa saúde física pode ter um im-pacto direto sobre a nossa capacidade de sermos eficazmente usados por Deus no ministério. Todos estamos cientes dos óbvios abusos ao nosso corpo físico que devem ser evitados: embriaguez ou abuso de drogas (Ef 5:18); imoralidade sexual (1 Ts 4:3-5); glutonaria (1 Co 6:12,13; 9:24-27). Em vez de fazermos uso desses abusos, use-mos nosso corpo no serviço do Senhor! A Bíblia de fato diz que o exercício físico tem menos valor do que a santidade (1 Tm 4:8), mas o exercício ainda tem al-gum valor. No entanto, devemos manter as nossas prioridades, não ficando mais preocupados com as nossas condições físicas do que com as nossas condições espirituais. Exercícios diários moderados são bons para a nossa saúde. Fazer o melhor possível para comermos alimentos saudáveis também é importante. Devemos observar nossas agendas para garantirmos que estamos dormindo adequadamente. Essas questões podem contribuir com a nossa eficácia e longevidade, aumentando o número de anos que Deus pode nos usar e rece-ber glória através do nosso serviço a Ele! 3) “cresceu... na graça com Deus” – Jesus andava em obe-diência à vontade do Pai. Todo o Seu ministério era fazer o que Deus-Pai queria que Ele fizesse (Jo 5:19,30). Jesus falava o que o Pai estava dizendo (Jo 8:26,28) e fazia as obras de Deus (Jo 5:17; 9:4; 14:10). Jesus obedecia perfeitamente à vontade do Pai – tanto que pôde dizer: “O Pai não Me deixou sozinho, pois Eu sempre faço as coisas que O agradam” (Jo 8:29; veja também João 4:34; 6:38). Mas, além da Sua obediência, Jesus também andava num estreito e íntimo relacionamento com o Pai pelo Espírito. Jesus frequentemente saía sozinho para orar (Lc 5:16). O tempo do verbo grego original nesse versículo revela que o passar tempo a sós em oração era um hábito regular para Jesus. A obediência de Jesus não ganhou o amor ou o favor de Deus. No entanto, ela de fato garantiu que nenhum pecado ou

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meio-termo violasse o Seu relacionamento com o Pai. Isso é importantíssimo para nós, pois Jesus estendeu esta mesma pro-messa de um relacionamento íntimo a nós! Jesus promete “manifestar-Se” (revelar-Se) a nós à me-dida que andamos em obediência aos Seus mandamentos (Jo 14:21-24). A nossa obediência a Cristo e à Sua Palavra, em coisas grandes e pequenas, ajuda-nos a nos posicionar espiri-tualmente para andarmos mais intimamente com o Senhor. A nossa obediência não ganha o favor do Senhor, mas ela de fato permite um relacionamento e uma comunhão cada vez mais profundos com o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. E é desse lugar de relacionamento íntimo que a unção do Espírito Santo fluirá em nós e através de nós de uma maneira crescente. 4) “cresceu… na graça com… os homens” – Isso não sig-nifica que Jesus buscava o louvor ou a opinião favorável dos homens. Jesus, no entanto, de fato escolheu não agir com ar-rogância, muito embora Ele fosse verdadeiramente superior a todos os homens! Ao contrário, Jesus falava e agia com amor.

Graça e Verdade Jesus exemplificou para nós o equilíbrio perfeito do caráter de Deus: “E a Palavra Se fez carne e habitou entre nós, e nós contemplamos a Sua glória, a glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14); “pois a lei foi dada através de Moisés, mas a graça e a verdade através de Jesus Cristo” (v.17). Jesus passava tempo com os pecadores (Mt 9:9-13) e com os religiosos (Lc 7:36-50). Ele falava do amor e propósito de Deus a qualquer um que ouvisse. Jesus não buscava a aprova-ção ou o louvor dos homens, mas Ele de fato procurava revelar o coração e a Palavra de Deus-Pai em todas as situações. Jesus ensinava que Deus espera que mantenhamos puros e imaculados os nossos relacionamentos. A Bíblia claramente re-vela um grande número de comportamentos carnais e pecami-nosos que são inaceitáveis a Deus em nossos relacionamentos, incluindo-se os seguintes: falta de perdão, amargura, ira, inve-ja, ciúme, contendas, fofocas, espírito crítico, etc. (Mt 5:21-24, 43-48; 6:12,14,15; 7:1-6; 18:21-35; Rm 12:9-21; gl 5:13-15, 19-21; 1 Jo 2:9,10; 3:10-18 – essas são apenas algumas das muitas referências que ilustram a forte ênfase de Deus com relação a termos relacionamentos corretos uns com os outros.) Não podemos controlar as atitudes ou o comportamento dos outros, mas podemos decidir quais serão os nossos comportamen-tos e atitudes. E, muitas vezes, a nossa atitude de “graça e verda-de” abre o caminho para a reconciliação e a paz com outros. Quando trabalhamos para termos relacionamentos corretos, cheios com a “graça e verdade” de Deus, isto facilita a unida-de. Uma maior unidade no Corpo de Cristo é uma chave para a liberação da presença e unção do Espírito Santo em nossa vida, em nossas igrejas, e em nossas comunidades. Também é um tes-temunho ao mundo da verdade do Evangelho (Jo 17:20,21). c. Jesus Andava em Humildade. Indubitavelmente, o Deus-Filho era o mais humilde de todos os homens. Jesus era totalmente Deus, e, contudo, Ele assumiu a forma de um Ho-mem e o papel de um humilde Servo, para que Ele pudesse en-tregar a Sua vida por todos nós (Fp 2:7,8). Se quisermos andar em Suas pegadas, precisamos andar em humildade. Jesus começou o Seu ministério humilhando-Se, até mes-

mo quando não parecia ser necessário. Vemos isso quando Je-sus veio a João Batista, enquanto este último estava batizando as pessoas para o arrependimento do pecado (Mt 3:13-17). Obviamente, Jesus não precisava arrepender-Se, pois Ele não tinha nenhum pecado (Hb 4:15). João até mesmo tentou dissuadir a Jesus, sabendo que Jesus era imaculado e superior a ele (Mt 3:14). Contudo, Jesus ainda assim pediu para ser bati-zado por João: “Permita que seja assim por agora, pois assim é adequado, para que cumpramos toda a justiça” (v. 15). Por que Jesus pediu para ser batizado? Este evento marcou a inauguração, o início, do ministério de Jesus. Concordantemen-te, Jesus escolheu neste ato de submissão ao batismo nas águas identificar-Se com os pecadores – pessoas como você e eu. Jesus, o Imaculado Filho de Deus, escolheu colocar-Se ao lado da humanidade pecaminosa em Sua missão de trazer a esperança da salvação a toda a humanidade. A fim de “cumprir toda justiça”, Jesus reconheceu a vontade de Deus de que Ele assumisse o fardo dos pecados da humanidade e fosse o seu Redentor e Salvador.

O Servo dos Servos Jesus sabia que Sua missão designada por Deus seria tor-nar-Se um humilde Servo para para a humanidade (Mt 20:28). Ele estava ciente disso, até mesmo aos doze anos de idade (Lc 2:41-50). Isso foi confirmado novamente através do que acon-teceu imediatamente após o Seu batismo nas águas. “Depois de ser batizado, Jesus saiu imediatamente da água; e eis que os Céus se abriram a Ele, e Ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e pousando sobre Ele. E subitamente uma voz veio do Céu, dizendo: Este é o Meu Filho amado, em quem Eu Me comprazo.” (Mt 3:16,17.) Três coisas aconteceram com Jesus enquanto Ele humilde-mente obedecia à vontade de Deus no batismo: 1) “os Céus se abriram” (v.16 b) – Isso simbolizava Deus revelando a Si Mesmo e os Seus propósitos de uma nova e poderosa maneira através do Seu Filho. Jesus era e é Deus (Cl 1:15,16,19; Hb 1:3). Vê-Lo, ouvi-Lo, e conhecê-Lo é ver-dadeiramente conhecer a Deus. Em Jesus, Deus havia Se reve-lado ao homem pecaminoso de uma maneira mais clara do que jamais havia acontecido. 2) “o Espírito de Deus descendo” (v.16 c ) – Jesus recebeu uma poderosa e ilimitada unção do Espírito Santo. Isso O capa-citou a cumprir o propósito e a vontade de Deus, revelando o co-ração de Deus mais plenamente e abrindo o caminho da salvação a todos. Recebendo a unção do Espírito Santo, Jesus tornou-Se Aquele que batiza o crente com o Espírito Santo (Lc 3:16). 3) “Meu Filho amado, em quem Eu Me comprazo” (v.17) – Com toda certeza, Deus falou com uma profunda revelação para confirmar a identidade de Cristo. No entanto, essa decla-ração traz consigo um significado ainda mais profundo. Há duas partes nessa declaração que são provenientes de passagens proféticas do Antigo Testamento sobre o Messias. “Este é o Meu Filho amado...” é de Salmos 2:7. Os judeus historicamente aceitavam todo este Salmo como sendo uma descrição profética do Messias vindouro. A segunda parte, “em quem Eu Me comprazo”, é de Isaías 42:1. Esse capítulo de Isaías, juntamente com o Capítulo 53, profetiza sobre o Messias como sendo o Servo Sofredor, o Re-

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dentor que traria a justiça, a misericórdia e a salvação de Deus a toda a humanidade. Ao falar essas palavras, Deus confirmou que Jesus verda-deiramente é o há muito aguardado e profetizado Messias. Ele é o Escolhido de Deus para ser o Salvador, Rei de todos os reis, e Senhor de todos os senhores. Isso também confirmava que o caminho à eterna e divina coroa era somente através da Cruz. O Rei de reis deveria primeiramente ser o Servo de todos (Fp 2:5-11). O Seu caminho ao Trono era a obediência ao Pai (Hb 5:8). Jesus cumpriria a missão que era motivada pelo amor (Jo 3:16).

Jesus Ofereceu Ajuda a Todos Com esses eventos ligados ao batismo de Jesus, podemos aprender importantes lições com relação à unção. Em primei-ro lugar, a obediência voluntária de Jesus de Se humilhar, até mesmo quando não era necessário, liberou mais do que Deus pretendia para Ele e desejava fazer através d’Ele. Jesus ofe-receu ajuda a todos, sem condenação, oferecendo o amor, o perdão e a salvação de Deus (Jo 8:1-11). Ele liderava pelo exemplo em humildade (Jo 13:1-17), revelando essencialmen-te o coração de amor do Pai na Cruz (1 Jo 4:9,10).

De Pastor Para Pastor: Líder de igreja, nós também precisamos andar numa humilde obediência a Deus. Pre-cisamos humildemente oferecer ajuda e alcançar a todos com o Evangelho. Essas verdades talvez pareçam ób-vias, mas isso não significa que estejamos praticando-as! O humilhar a nós mesmos é frequentemente um desafio muito grande. A humildade está diretamente ligada ao nosso caráter. E o nosso caráter é um fator vital para o crescimento e a frutificação do nosso desempenho na un-ção do Espírito Santo.

Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça aos humil-des. Qual de nós não necessita mais da graça de Deus em sua vida? Ela é liberada a nós através da nossa humildade.

Essa humildade não é um “rastejamento” ou um ódio a nós mesmos com o intuito de impressionarmos os outros, mostrando-lhes como somos tão “espirituais”. A pessoa verdadeiramente humilde não precisa ostentar a sua hu-mildade aos outros. Quando alguém finge ser humilde, o resultado é tão desagradável quanto uma demonstração de orgulho. A verdadeira humildade é uma questão do co-ração. É uma atitude de solicitude altruística pelos outros. É uma ausência total de arrogância ou vaidade.

Permita-me recomendar várias atitudes e ações santas que nos ajudam a andarmos numa humildade obediente. Seria sábio fazermos destas coisas hábitos diários:

● Pedirmos perdão a quem magoamos ou ofendemos.● Perdoarmos de coração, até mesmo quando o per-

dão não for solicitado.● Amarmos alguém que aparentemente para nós seja

impossível de se amar ou de merecer alguma coi-sa.

● Pedirmos ajuda e aceitá-la.● Recusarmos títulos, posições, ou privilégios cujo

uso único é colocar-nos “acima” dos outros.● Escolhermos uma tarefa de serviço que não traga

nenhuma atenção, nenhum louvor, nenhuma hon-ra, e nenhuma recompensa imediata.

● Permitirmos que outros recebam o crédito que tal-vez seja devidamente nosso. ■

Jesus ensinava frequentemente sobre a humildade, conhe-cendo as nossas tendências humanas ao orgulho (Mt 6:1-15; 18:1-4; 20:20-28). Se desejamos receber a unção genuína do Espírito Santo – que resulta na frutificação de vidas transfor-madas – então precisamos andar como Jesus andou. É um caminhar de uma humilde obediência e fidelidade à vontade de Deus revelada em Sua Palavra; é um caminhar de acordo com a orientação e o direcionamento do Espírito Santo todos os dias (Mq 6:8). d. Jesus Entendia as Provações. Imediatamente após o Seu batismo, Jesus foi “dirigido pelo Espírito” ao deserto para jejuar, orar e batalhar contra Satanás (Lc 4:1-12). Talvez achás-semos que após a Sua experiência de ser batizado e ungido pelo Espírito Santo, Jesus seria enviado imediatamente a um ministério poderoso e visível. Mas a sabedoria de Deus é mui-to maior do que a nossa (Is 55:8,9) e os Seus propósitos são estabelecidos com uma meta eterna em mente. É óbvio que a provação de Jesus foi de acordo com o plano de Deus (Mt 4:1; Mc 1:12,13; Lc 4:1). Há muito que se aprender com as atitudes adotadas por Je-sus durante a Sua hora de tribulação e provação. Ele não mur-murava nem reclamava. Ele não cedia ao temor ou à confusão. Durante toda a provação, e com a sua subsequente vitória, Je-sus colocava a Sua total confiança em Deus-Pai.

De Pastor Para Pastor: Como líderes de igreja, en-frentamos provações, tribulações e tentações múltiplas e singulares. O fato de sermos líderes na Igreja pode nos enviar dos mais altos pináculos da alegria às maiores pro-fundezas da frustração e da derrota – e, muitas vezes, isso acontece simplesmente entre um domingo e o próxi-mo domingo!

Amigo pastor: como líder na igreja, você é um alvo para os ataques do Inferno. Talvez você se sinta sozinho em suas lutas, achando que ninguém mais o compre-ende. Pode ser tentador você pensar que se você fosse mais maduro ou espiritual, você não passaria por tempos tão difíceis assim. Talvez você seja até mesmo tentado a desistir e abandonar o ministério. Essas mentiras do Dia-bo têm o propósito de desanimá-lo. Não creia nelas!

A verdade é que qualquer um que tente servir ao Se-nhor enfrentará perseguições, provações e tentações (2 Tm 3:12) – inclusive Jesus. A Sua vida é um exemplo para nós de como podemos enfrentar e aguentar as pro-vações com um sentimento maior de vitória e confiança em Deus.

Jesus sabia que Deus não O deixaria nem O abando-naria. Ele sabia que Deus é fiel e que as Suas promessas são verdadeiras. Ele sabia que Ele podia cumprir a vonta-de do Pai, com o poder do Espírito Santo e com a ajuda de Deus: “Aquele que vos chama é fiel, o qual também o fará” (1 Ts 5:24). Eu recomendo que você memorize esse versículo e medite nele quando você enfrentar desafios ou dificuldades. Aí então dedique um tempo para estudar cuidadosamente as revelações e princípios abaixo, prove-nientes da vida de Jesus. Eles também o ajudarão duran-te as ocasiões de desafios. ■

Jesus não questionava o motivo pelo qual aquilo estava acontecendo com Ele. Em vez disso, Jesus suportava a pro-vação, confiando que uma parte do propósito de Deus estava

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sendo realizada, tanto em Sua vida como através da Sua vida. Jesus encontrava a paz e a força em Sua submissão a Deus e em Sua confiança no imutável poder da Palavra de Deus.

Armadura que Serve Quando Deus nos leva a um novo nível de responsabilidade ou libera uma nova unção para nós, Ele geralmente permite que se siga um período de provação. Vamos analisar algumas das razões pelas quais a provação pode ser tão importante as-sim: Precisamos “crescer” na unção que Deus nos dá. Deus nos “esticará” espiritualmente para o nosso bem. No entanto, o crescimento pode ser desconfortável. Talvez sejamos tentados a ficarmos ressentidos ou a resisti-lo. Contudo, pelo fato de que Deus sabe o que nos aguarda o futuro, Ele procurará preparar-nos para a vitória, em vez da derrota. Isso requer que sejamos fortalecidos e amadurecidos, e requer que nos entreguemos ao processo. Podemos ver uma prefiguração desse princípio no Antigo Testamento (1 Sm 17:38,39). Davi estava para enfrentar o gigan-te golias. Saul queria que Davi usasse a sua armadura pessoal. No entanto, Davi rejeitou a armadura de Saul e declarou: “Eu não consigo andar com ela, pois eu não a testei” (v. 39). Davi não poderia usar eficientemente a armadura que não lhe servia bem e que ele não estava acostumado a usar. Muito embora a armadura funcionasse bem para Saul, ela não havia sido experimentada por Davi e ele não estava familiarizado com ela. Da mesma maneira, a unção e os dons nos quais somos cha-mados a andar devem ser nossos – e não de outra pessoa. É fácil demais colocarmos a nossa confiança nos dons e na unção de uma outra pessoa. Talvez tentemos imitá-la, até mesmo pre-gando os seus sermões ou fazendo uma mímica do seu estilo. Tentamos funcionar numa “armadura” que não é a nossa! A tentativa de se funcionar na unção de uma outra pessoa é um problema porque Deus chamou você. Ele quer usar você. A unção que Ele lhe deu é para você. Você é um vaso singular que Deus deseja usar de uma maneira específica. A tarefa que Ele tem é para você, e a unção que Ele lhe dá se encaixará per-feitamente em sua tarefa. No entanto, geralmente é necessário algum tempo para você compreender e “crescer” em seu chamado, em sua tarefa, e em sua unção. Às vezes, Deus usa um tempo de provação ou tribulação para ajudá-lo a desenvolver-se e a “caber na arma-dura” que Ele tem para você. Quando você se entrega a Deus nessas ocasiões, Ele faz com que você cresça, a fim de que você fique forte e capaz de funcionar em sua própria “arma-dura” – a sua unção que Ele lhe deu – para que você possa ser vitorioso e frutífero em Seu chamado. Precisamos aprender a extrair os recursos que Ele nos deu. As tribulações frequentemente nos revelam as nossas ina-dequabilidades. Em tempos difíceis, reconhecemos mais do que nunca o quanto necessitamos do Senhor e do que somente Ele pode suprir. Já aprendemos a importância de termos um tipo santo de fraqueza, que aumenta a nossa dependência em Deus (2 Co 12:7-10). Esse tipo de fraqueza permite que sejamos vasos através dos quais a unção do Espírito Santo possa fluir.

A Nossa Contínua Necessidade de Deus Quando estamos cheios com a unção de Deus e funcionan-do com confiança e fé (a qual se baseia na obediência) ainda há um perigo do qual precisamos estar cientes. Este perigo é que, pouco a pouco, podemos começar a depender de nós mesmos e da nossa experiência e habilidade acumulada. Aí então de-pendemos cada vez menos do Senhor ou do poder do Espírito Santo. Isso não precisa acontecer, mas pode acontecer se não tivermos cuidado. Jesus disse: “Eu sou a videira, e vós sois os ramos. Aquele que permanece [continua, demora-se, habita, faz residência] em Mim, e Eu nele, produz muitos frutos, pois sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Permita-me enfatizar aqui que a unção do Espírito Santo tem tudo a ver com Jesus. Não tem a ver com dons, poder, ou ministério. Nem ao menos tem a ver com as pessoas a quem estamos ministrando – tem tudo a ver com Jesus! As sete ca-racterísticas da verdadeira unção [citadas na página 44] têm uma coisa em comum: TODAS elas apontam para Jesus. É somente n’Ele, pelo Espírito de Deus, que nós “vivemos e nos movemos e temos a nossa existência” (At 17:28). Inde-pendentemente do quanto Deus esteja nos usando, e indepen-dentemente de quanta experiência adquiramos, sempre preci-samos manter uma fé simples, como a de uma criança. Este tipo de fé envolve uma confiança humilde e uma dependência cada vez maior no Senhor. A nossa natureza humana pode nos levar a um egoísmo e a um sentimento de independência de Deus. No entanto, as tribulações e as provações nos relembram da nossa contínua necessidade d’Ele, como também da Sua graça e toque sobre a nossa vida. Precisamos ser purificados a fim de sermos libertos para recebermos mais da Sua unção. Jesus disse: “É o Espí-rito que vivifica; a carne não serve para nada. As palavras que Eu vos falo são espírito, e elas são vida” (Jo 6:63). A presença do Espírito de Deus em nossa vida faz com que a nossa natureza pecaminosa fique desconfortável – como deve ficar! Porque o Espírito e a carne (a natureza pecaminosa) es-tão em guerra um com o outro, ou são “contrários” um ao outro (gl 5:16,17; veja também Tiago 4:1-10; 1 Pedro 2:11). Deus conhece o que está em nosso coração, mente e persona-lidade que impedirá ou bloqueará a unção do Seu Espírito San-to. As provações e tribulações frequentemente funcionam como agentes de purificação, forçando as nossas fraquezas a subirem à superfície, a fim de que elas sejam tratadas.

Removendo as Impurezas Os artesãos que trabalham com prata e ouro lhe dirão que o minério, ao ser extraído, está cheio de impurezas. Ele tem que ser aquecido e derretido a fim de se forçar as impurezas a subirem à superfície. Aí então as escórias (materiais refugados) são habilidosamente retiradas da superfície do metal líquido (Pv 25:4). Esse processo é geralmente repetido muitas e muitas vezes, até que o metal esteja purificado e seja utilizável. Os que estão aquecendo o minério sabem o momento exato de se remover o precioso metal das chamas, a fim de se evitar que ele seja danificado. De modo semelhante, Deus usa nossas tribulações para

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fazer com que as impurezas em nós sejam “levadas à super-fície” e expostas. Aí então elas podem ser reconhecidas – e removidas através do arrependimento, da cura e da liberta-ção, livrando-nos das amarras da nossa natureza pecamino-sa.

De Pastor Para Pastor: Líder de igreja: o que sobe à superfície em sua vida quando as circunstâncias “ficam quentes” (se intensificam) ou quando você se sente pres-sionado? Como você reage, ou a que você recorre para um alívio? O que sobe à superfície revela uma atitude ou comportamento que talvez Deus queira purificar, curar ou remover da sua vida? Será que pode haver algo que talvez Ele queira ensinar-lhe em meio à tribulação ou di-ficuldade?

As ocasiões em que somos confrontados com as nos-sas fraquezas e impurezas não devem ser temidas. Deus, em Seu amor, usa as provas, as provações e as tribu-lações para purificar-nos e moldar-nos. Ele também nos dá revelações, entendimento e toques soberanos do Seu amor e graça, e revelações da Sua Palavra. Ele usa essas ocasiões para “esticar” a nossa fé e para transformar o nosso caráter a fim de que sejamos vasos mais eficazes e úteis. ■

A Sabedoria Testada Deus usa as tribulações para nos purificar e nos fortalecer. Deus não nos prova a fim de fazer com que nos sintamos fra-cassados ou porque não somos “bons o suficiente”. Não! Deus permite provações e tribulações em nossa vida para aumentar a nossa força, pois Ele não quer que sejamos fracos nas horas em que precisarmos ser fortes (Pv 24:10; Jr 12:5). Deus usa as tribulações para nos preparar para podermos receber mais da Sua unção e sermos fiéis a Ele! É por isso que Tiago nos exorta a “considerarmos uma grande alegria quando entrarmos em várias tribulações” (Tg 1:2). As Escrituras vão adiante e nos encorajam a suportarmos pacientemente as tribulações (vv. 3,4), sabendo e confiando que o nosso Deus fiel as usará para o nosso bem e para a Sua glória. Essa é a Sua promessa para nós (Rm 8:28,29). Tiago prossegue e nos aconselha a também pedirmos sabe-doria (Tg 1:5-8) – e, com fé, esperarmos a resposta de Deus. Por que precisamos dessa sabedoria? Será que é só para es-caparmos das tribulações? Não, mas, ao contrário, é para nos dar discernimento e entendimento, a fim de que, independen-temente da fonte da tribulação, saibamos o que fazer enquanto Deus estiver operando em nós.

Necessidade de Uma História Provada Deus deseja dar-nos mais do Seu Espírito. No entanto, isso requer que tenhamos a força de caráter e a maturidade para não desperdiçarmos ou usarmos inadequadamente os Seus dons. Você não daria um carro a uma criança de cinco anos de idade, não importando o quanto ela se sentisse pronta para dirigi-lo, não é? Ela não teria a maturidade para lidar com a respon-sabilidade. Ela precisa primeiramente crescer física, mental e emocionalmente. Esse mesmo princípio se aplica no Reino de Deus. Olhe para as instruções de Paulo a Timóteo sobre a designação de pres-bíteros e diáconos (1 Tm 3:1-13). É louvável e bom se alguém quiser ser um líder. Contudo, essa pessoa precisa ter uma histó-ria provada de comportamento e caráter santos, e de maturidade na vida. Especificamente, Paulo instrui a Timóteo que um novo convertido não deve ser designado como presbítero, pois os no-vos convertidos ainda não têm esse tipo de maturidade.

Ficando de Pé na Tentação O nosso Deus é perfeito em santidade. Ele jamais comete-rá um ato maligno, e Ele jamais nos tentará – a nós, os objetos do Seu amor – a praticarmos o mal ou a pecarmos (Jó 34:10-12; Tg 1:13-18). Satanás é o autor do mal; ele vem para roubar, matar e des-truir (Jo 10:10). O Diabo não consegue arruinar ou limitar nos-sos dons ou unção diretamente, os quais estão sob o governo soberano de Deus. No entanto, Satanás nos tenta na área do nosso caráter. Ele tenta nos atacar, nos enganar, nos poluir, ou nos desqualificar como instrumentos de Deus. Se ele conse-guir persuadir-nos a escolhermos atitudes ou comportamentos pecaminosos, aí então a obra de Deus através da nossa vida poderá ser atrapalhada ou destruída através do nosso fracasso pessoal. O que então devemos fazer, uma vez que o nosso “adver-sário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, bus-cando a quem possa tragar” (1 Pe 5:8)? Devemos lidar com as tentações da mesma maneira que Jesus o fez no deserto (Lc 4:3-12). Os métodos para resistirmos às obras do Diabo es-tão sumarizados para nós também em Tiago 4:7-10. Leia essa passagem das Escrituras, e vamos estudá-la agora juntos por alguns momentos. “Submeta-se a Deus” – obedeça e confie no Senhor. A obe-diência à Sua Palavra nos manterá longe dos lugares ou situa-ções de tentação. Além disso, corra a Ele primeiramente em oração quando você estiver sendo tentado. Não tente resistir às tentações sem a ajuda de Deus. “Resista ao Diabo” – use a Palavra de Deus e a sua lin-guagem espiritual de oração (“línguas – 1 Coríntios 12 e 14). Una-se em oração com alguém em quem você confia. “Aproxime-se de Deus” – coloque toda a sua situação dian-te de Deus em oração e permita que Ele resplandeça a luz do Seu Espírito e da Sua Palavra em seu coração. Seja paciente e espere n’Ele, para que Ele faça o que somente Ele pode fazer. Resista à tentação de fazer as coisas com as próprias mãos e de tentar resolver ou consertar a situação por você mesmo. “Limpe as suas mãos”, “purifique o seu coração”, “humi-lhe-se” – à medida que o Espírito Santo revelar ou convencê-lo de pecados em áreas de escravidão e fraquezas em sua vida,

Satanás é o autor do mal; ele vem para roubar, matar e destruir... O Diabo não

consegue arruinar ou limitar nossos dons ou unção diretamente, os quais estão sob o governo soberano de Deus. No

entanto, Satanás nos tenta na área do nosso caráter. Ele tenta nos atacar, nos

enganar, nos poluir, ou nos desqualificar como instrumentos de Deus.

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coloque essas situações diante de Deus em oração com um coração humilde e arrependido. Confesse as suas falhas e a sua necessidade da obra purifi-cadora de Deus, do Seu perdão, cura e libertação.

Graça Para Sermos Vencedores Além disso, há uma outra poderosa lista de instruções que nos ajudam a saber como nos en-volver em batalhas espirituais. Leia Efésios 6:10-18. Essa passagem nos instrui a vestirmos a nossa armadura, a tomarmos a Espada do Espírito (a Pa-lavra de Deus) e a sermos “banhados” em oração. Aí então, depois de haver feito todo o possível, fique firme em sua fé, confiança e submissão a Deus. Você pode resistir ao Diabo e às suas obras, e ele tem que fugir! Deus lhe dará a vitória hoje! O inimigo não desiste. Ele tentará novamente, uma vez que a meta dele é a sua destruição. Isso foi verdade até mesmo com Jesus. Muito embora Ele enfrentasse uma grande tribulação no deser-to – e teve uma vitória total – esse não foi o Seu combate final com o inimigo. (Veja Lucas 4:13; veja também Mateus 16:23; Lucas 22:1-6.) No entanto, com todas as tentações, Jesus não cedeu ao pecado. Lembre-se de que Deus está completamente a seu favor (Rm 8:31). Ele até mesmo prometeu que não permitiria que você fos-se tentado além do que você consegue resistir. Ele sempre pro-videnciará uma maneira de escape (1 Co 10:13; 2 Pe 2:9). Vamos nos regozijar, portanto, porque temos um Rei que intimamente conhece e compreende as nossas lutas. Este justo e amoroso Salvador liberalmente nos convida a recebermos a Sua força, poder e graça para sermos vencedores como Ele (Hb 4:14-16). Precisamos buscar um padrão vitalício de confiança no poder do Espírito Santo. Quando Jesus voltou depois de quarenta dias no deserto, a Bíblia registra o seguinte: “Aí então Jesus voltou no poder do Espírito à Galiléia, e notícias sobre Ele percorreram todas as regiões vizinhas” (Lc 4:14). Jesus veio à Sua cidade natal de Nazaré. Este era o lugar em que Ele havia crescido e em que Ele ia à sinagoga para o Sábado (Lc 4:16-30). Foi lá que Ele Se levantou para ler, escolhendo de todas as Escrituras a seguinte passagem de Isa-ías 61:1,2: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres; Ele Me enviou para curar os quebrantados de coração, para proclamar liber-dade aos cativos, e a recuperação da vista aos cegos, para li-bertar os que estão oprimidos; para proclamar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4:18,19). Jesus declarou que a Sua obra messiânica seria realizada pelo “Espírito do Senhor”. Jesus foi ungido e capacitado pelo Espírito Santo. Foi somente através desta unção que Ele pôde fazer tudo o que Ele declarou profeticamente com relação ao Seu ministério.

Total Dependência do Senhor Na passagem citada acima, Jesus está estabelecendo o pa-drão perfeito de como podemos executar a vontade do Pai.

Como sabemos, Jesus veio somente para fazer a vontade do Pai, e não a Sua própria vontade. Semelhantemente, você e eu somos chamados para fazermos a vonta-de do Pai, e não a nossa própria vontade. Não somos chamados para realizarmos “o nosso programa”, indepen-dentemente do quão bom acharmos que ele possa ser. Ao contrário, somos chamados, auto-rizados e capacitados para realizarmos a von-tade de Uma só Pessoa – Deus. E para fazer-mos a vontade de Deus, precisamos do poder de Deus!

Como já aprendemos, o nosso grande desafio, à medida que amadurecemos nas coisas de Deus, é nos tornarmos cada vez mais dependentes dEle e do poder do Espírito Santo. É fácil demais começarmos a depender dos nossos crescentes dons e habilidades. Talvez tenhamos algum sucesso, e, assim sen-do, nos afastamos da oração planejada ou do estudo da Bíblia. Talvez não nos sintamos tão famintos espiritualmente, ou tão ansiosos de vermos Deus operando na vida das pessoas ou da nossa comunidade. A nossa confiança é então colocada mais em nossas experiências e habilidades acumuladas, e menos no poder e unção do Espírito de Deus. Nessas situações, as dificuldades e tribulações podem fa-zer com que nos ajoelhemos uma vez mais, e elas podem nos trazer de volta ao nosso lugar de dependência do Senhor para tudo o que necessitamos na vida e no ministério. Podemos ver, na vida de Jesus, ocasiões de grandes mila-gres e ministério, e ocasiões de grandes tribulações e oposi-ções. Mas, em ambas as situações, o Imaculado Filho de Deus era totalmente dependente do poder capacitador do Espírito de Deus. Jesus escolheu assumir as limitações de um corpo humano e esvaziar-Se dos Seus privilégios divinos (Fp 2:7). Devido a isso, Jesus aceitou ficar completamente dependente da vontade do Pai e do poder capacitador do Espírito Santo. Isso O susteve durante Sua vida e Seu ministério, e até mesmo em Sua morte e subsequente e gloriosa ressurreição! Se Jesus, o Deus-Filho, precisava do poder da unção do Es-pírito Santo para cumprir a vontade do Pai, quanto mais você e eu precisamos?

Provações:Os Instrumentos de Deus que nos Moldam

Deus usa as provações em nossa vida. Ele não está nos pu-nindo nessas ocasiões. Exatamente o oposto é a verdade. Pelo fato de que Deus nos ama, Ele nos disciplina (Hb 12:3-11).

Não ceda!

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Pelo fato de que verdadeiramente somos Seus filhos e filhas (Rm 8:14-16), Ele faz o que é necessário para moldar-nos e fazer com que cresçamos à Sua imagem (2 Co 3:18). Pelo fato de que somos co-herdeiros com Cristo (Rm 8:17), e estamos destinados a governarmos e reinarmos com Ele (2 Tm 2:12; Ap 5:10), passaremos por provações para que elas nos preparem para o que está por vir (Rm 8:18; 2 Co 4:17). Não vamos temer nem fugir das provações e dificuldades que virão a cada um de nós. Mas, ao contrário, como escreve Tiago, vamos “considerar como uma grande alegria quando passar-mos por várias provações” (Tg 1:2), pois elas são os próprios instrumentos que Deus usará para moldar-nos, transformar-nos, e preparar-nos para sermos usados para Sua glória!

3. Busca da Pessoa de Deus Como já vimos, há muitos princípios e lições a ser apren-didos com a vida e ministério de Jesus. Inquestionavelmente, ninguém jamais ensinou como Ele (Lc 4:32). Jesus executou sinais, maravilhas e milagres em todo o Seu ministério – tan-tos, na verdade, que o Apóstolo João declara que foram muito numerosos para se registrar! (Jo 21:25) Uma vez que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb 13:8), as obras que Ele fez durante o Seu minis-tério terreno ainda estão sendo feitas hoje. As grandes obras e os milagres estão sendo feitos pelo Espírito Santo, através dos membros do Corpo de Cristo. Isso significa que o ministério que Jesus começou, enquanto Se encontrava na Terra, Ele deu agora aos Seus seguidores, para que eles o continuassem (At 1:1-8). Não recebemos, obviamente, a Sua missão de morrer na Cruz pelos pecados da humanidade. Essa foi uma missão de Cristo somente. A salvação eterna é somente através do sacri-fício d’Ele (At 4:12). Não há nada que possamos fazer para acrescentarmos a esta obra grandiosa e consumada. Nós deve-mos apenas recebê-la!

De Pastor Para Pastor: Entenda, por favor, que o mi-nistério de Jesus não foi encurtado pela Sua crucificação. O motivo principal da missão de Jesus aqui na Terra foi a Sua morte na Cruz para a salvação da humanidade. Essa salvação foi gloriosamente realizada através da Sua morte e subsequente ressurreição (Jo 19:30; Ef 1:17-23; Fp 2:5-11; Hb 9:11-15).

Assim sendo, podemos dizer com confiança que nin-guém matou ou assassinou Jesus contra a Sua vontade. Ao contrário, a morte de Cristo pelos nossos pecados foi parte do propósito preordenado de Deus para Ele (Jo 1:29; 12:27; 19:5-11; At 2:22-24,33). Jesus recebeu volun-tariamente essa missão e a realizou plenamente. ■

Obras Maiores Os que entre nós receberam a salvação através de Jesus Cris-to receberam o ministério de Jesus para continuá-lo, até mesmo “aos confins da terra” (At 1:8). Recebemos o Espírito Santo para nos capacitar a cumprir esse abençoado mandamento. Jesus também disse: “Com toda certeza Eu vos digo que quem crê em Mim, as obras que Eu faço, ele também fará; e obras maiores do que estas ele fará, porque Eu vou para o Meu Pai” (Jo 14:12). Nesse versículo, vemos claramente que Jesus nos chamou para continuarmos as Suas obras.

Contudo, precisamos entender que isso não significa que as nossas obras de alguma forma serão superiores às de Cris-to. Tampouco poderemos jamais nos tornar iguais a Cristo de maneira nenhuma (Mt 10:24,25; Jo 13:16), pois somente Jesus era e é Deus, e somente Jesus é Um em essência com Deus-Pai e com Deus-Espírito Santo (Jo 10:30). Quando Jesus disse “obras maiores”, Ele estava Se referin-do ao fato de que faríamos obras que são maiores em número e extensão. A extensão do ministério de Jesus foi de aproxima-damente três anos e meio. O nosso ministério pode estender-se durante toda a nossa vida. O ministério terreno de Jesus foi geograficamente confi-nado a uma pequena área e a um número relativamente pe-queno de pessoas. Isso é limitado em comparação aos milhões de seguidores de Cristo e ao nosso chamado de irmos até “os confins da terra” (At 1:8). Devemos “pregar o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16:15) e “fazer discípulos de todas as nações” (Mt 28:19). Assim sendo, essas são as “obras maio-res” que faremos!

Boas Novas Para Todos O plano no coração de Deus-Pai foi trazer a salvação a todas as pessoas. Através da morte e ressurreição de Jesus, isto agora é possível. No entanto, estas Boas Novas maravilhosas preci-sam ser contadas a todas as nações (Mt 24:14; Jo 4:35). Como saberão, a menos que alguém lhes conte? (Rm 10:14,15.) A tarefa de todos os crentes é fazer com que as Boas No-vas da salvação através de Cristo sejam conhecidas a todas as pessoas. Mas, para realizarmos isso, precisamos do poder e da capacitação do Espírito Santo de Deus! Pelo poder do Espírito Santo, “Ele convencerá o mundo do pecado, da justiça, e do juízo” (Jo 16:7-11). Foi também pelo Espírito Santo que sinais e maravilhas foram feitos pelos primei-ros apóstolos (At 2:43; 5:12; etc.). Os mesmos sinais e maravi-lhas pelo poder do Espírito Santo têm continuado através da Era da Igreja, e estão disponíveis a nós hoje (1 Co 12:9,10). A maioria dos pastores e líderes de igreja de hoje anseia em ver mais do poder evidente de Deus através de seus ministé-rios. Desejamos ver os enfermos curados, os demônios expul-sos, os mortos ressuscitados – e muito mais – e tudo isso para a glória de Jesus! Essas obras certamente estão disponíveis a nós hoje pelo poder do Espírito Santo. Jesus as fez em Seu ministério pelo Espírito Santo (At 2:22). E Ele prometeu que nós também as faríamos (Jo 14:12) pelo mesmo Espírito Santo (1 Co 12:11). Nós podemos e devemos esperar – e ter fé – que Deus confir-me a pregação do Evangelho com um poder de milagres através dos nossos ministérios (Mc 16:19,20). Isso Ele fará pelo poder do Espírito Santo, de acordo com a Sua vontade. Aleluia!

Os Sinais Apontam Para Deus Neste ponto precisamos trazer uma perspectiva de equilí-brio e cuidado. O foco ou meta do nosso ministério nunca deve ser milagres, sinais e maravilhas. Tampouco essas coisas de-vem tornar-se o desejo do nosso coração. É verdade que Deus está fazendo muitas coisas maravilho-sas e milagrosas no mundo hoje, mas qual é o propósito desses poderosos sinais, maravilhas e milagres?

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Um “sinal” ou “maravilha” é um evento ou ocorrência anormal ou muito incomum (leia mais sobre sinais no encarte especial abaixo). O propósito que Deus tem para os sinais é atrair a nossa atenção. Por exemplo, uma sarça ardente no de-serto talvez não seja tão incomum assim. No entanto, quando esta sarça continua a ter uma aparência de que está queimando por muito tempo, mas não é consumida, ela certamente atrai a nossa atenção e percepção! (Veja Êxodo 3:1-3.) Contudo, um sinal é mais do que simplesmente um fenô-meno ou algo incomum. O propósito principal dos sinais ou milagres é apontar para algo. O que quer que seja que o sinal ou maravilha esteja apontando determina a sua validade. Todos os sinais e maravilhas feitos pelo Espírito Santo sempre e em todos os casos apontam para Deus-Pai ou para o Deus-Filho, Jesus. O sinal em si não é o “destino final” ou o pon-to focal. Ao contrário, o sinal deve levar as pessoas ao destino. Deus conseguiu a atenção de Moisés com uma sarça arden-te que não se consumia. No entanto, uma vez que Deus tinha a atenção de Moisés, Ele começou a revelar a Si Mesmo (Êx

3:4-6) e o Seu propósito para o Seu povo (Êx 3:7 - 4:17). Qual era mais importante? Deus fazer com que uma sarça ardesse continuamente, ou o que Ele revelou sobre Si Mesmo e o Seu propósito?

Será que o Evangelho é Claramente Pregado? A base para julgarmos sinais e maravilhas, palavras profé-ticas, visões e ocorrências espirituais semelhantes não é o fato de serem incomuns ou sobrenaturais. Até mesmo o Diabo pode usar o engano para realizar sinais e maravilhas sobrenaturais limitados (2 Co 11:14). As obras de Satanás com relação a isso aumentarão à medida que entrarmos nos tempos do fim (Mt 24:23-25; 2 Ts 2:8-10; Ap 13:13,14; 16:14; 19:20). O mundo demoníaco tentará produzir milagres falsos a fim de enganar as pessoas, afastando-as da verdade do Evangelho e de Jesus como o único caminho da salvação. No entanto, até mesmo esse exemplo negativo mostrará que os sinais e mara-vilhas podem atrair a atenção das pessoas. Assim sendo, a verdadeira base para julgarmos os sinais e

Os sinais, maravilhas e milagres de deus sãO bOns, e, às vezes, sãO algO que devemOs esperar ver hOje. Eles não cessaram com a morte dos pri-meiros apóstolos (aprox. 100 d.C.). Tampouco cessaram quando as Es-crituras do Novo Testamento foram “canonizadas” (o termo usado para significar um reconhecimento oficial por parte da liderança da Igreja dos escritos apostólicos como sendo ins-pirados por Deus – aprox. 300 d. C.). O Espírito Santo está fazendo ain-da hoje as obras que Jesus começou há quase 2.000 anos! Jesus é o “mes-mo ontem, hoje e para sempre” (Hb 13:8). E Ele é O que nos chamou para continuar as Suas obras (Jo 14:12), pelo poder do Espírito Santo. Contudo, por mais emocionantes que sejam os sinais, maravilhas e milagres, há um limite com relação ao que eles conseguem realizar. Já estabelecemos que os sinais exis-tem para capturarem a atenção das pessoas e que eles devem sempre direcioná-las a Jesus. Isso é vital, porque os sinais e maravilhas não fazem com que a “fé salvadora” cresça no coração da pessoa. A fé que é desenvolvida somente num sinal ou maravilha tem a tendência de ser superficial e não-duradoura. (Para um exemplo disto, leia João 6, especialmente os versí-culos 14, 15, 26-35, 60-64.) Em última análise, para entrar na salvação, a pessoa precisa escolher

Uma Breve análise de sinais e maravilhascorresponder à verdade de Jesus Cristo – quem Ele é e o que Ele fez por ela na Cruz. Ela precisa crer n’Ele, arrepender-Se dos seus pecados, e recebê-Lo como seu Senhor e Salva-dor.

O Primeiro Lugar Pertence a Je-sus Jesus, no início do Seu ministé-rio, compreendia a natureza malig-na e superficial do coração humano (Jr 17:9). Jesus não Se entregou nem Se “comprometeu” com as pessoas que O estavam seguindo (Jo 2:23-25). Ele discerniu que elas tinham apenas uma fé superficial n’Ele, que surgia “quando viam os sinais que Ele fazia” (v. 23). Os milagres, sinais e maravilhas feitos pelo poder do Espírito Santo são legítimos e válidos. Deus usa-os para ganhar a atenção das pes-soas, mas a fé duradoura precisa ser edificada em algo – Alguém! – muito mais eterno e sólido: Jesus Cristo! Uma fé que é edificada na Pes-soa de Cristo e em Seu sacrifício pelos nossos pecados é uma fé só-lida, duradoura e salvadora. Esse é o tipo de fé que transforma vidas e que permanece forte e cresce, ape-sar das adversidades e tribulações. Esse é o tipo de fé que pode durar a vida toda – até a eternidade! O Espírito Santo de fato usa si-nais, maravilhas e milagres para

capturar a atenção das pessoas, mas Ele faz isso a fim de levá-las a uma oportunidade de escolherem crer em Cristo para a salvação. Va-mos analisar dois exemplos disso. No primeiro exemplo (Jo 9:1-41), Jesus curou um homem que havia nascido cego. Esse homem foi curado, mas, em seguida, Jesus o confrontou com a oportunidade de crer n’Ele (Jo 9:35-38). No segundo exemplo (At 13:4-12), Paulo confrontou um feiticeiro maligno. Sob a unção do Espírito Santo, Paulo declarou um juízo pro-fético sobre o feiticeiro (vv. 9-11). Um procônsul, que viu essa demonstra-ção de poder, ficou convencido de que o que Paulo havia lhe ensinado sobre Cristo era verdadeiro (v. 12). Você observará que, em ambos os casos, a fé em Cristo não se baseou no sinal em si. Baseou-se na questão de a pessoa ter crido ou não em Jesus Cristo (Jo 9:35-38; At 13:12). O sinal ou maravilha simplesmente serviu para validar a verdade e o poder do Evangelho de Jesus Cristo. Líder de igreja: os sinais e mara-vilhas devem ter o seu lugar em seu ministério, mas o primeiro lugar em todas as coisas pertence a Jesus. Tudo o mais deve simplesmente e muito claramente direcionar as pes-soas a Ele. Jesus é o Salvador de-las! Jesus é o Senhor delas! Todo o louvor e glória para Ele! &

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maravilhas pelo Espírito Santo é a seguinte: Será que este acon-tecimento glorifica a Jesus? Será que ele direciona as pessoas ao Senhor? Será que leva as pessoas a responderem a Ele? – a amarem, adorarem, obedecerem e seguirem a Jesus Cristo? Será que o Evangelho está sendo claramente pregado, a fim de que os não-salvos tenham uma oportunidade de se arrependerem? Será que o nome de Jesus Cristo está sendo exaltado acima de todos os outros nomes? Essas são as perguntas que precisamos respon-der à medida que buscamos um discernimento e entendimento sobre a questão dos sinais e maravilhas.

Nenhum Outro Deus Isto nos leva a um dos princípios mais importantes do andar, ministrar e crescer na unção do Espírito Santo: Será que estamos buscando a Deus pelo que Ele fará por nós? Ou será que estamos buscando a Deus por quem Ele é, e buscando-O devido ao nosso desejo de termos um relacionamento com Ele – desejando somente conhecê-Lo e fazê-Lo conhecido? Já estabelecemos que o poder de Deus não está separado da Pessoa de Deus. A unção do Senhor é o Espírito de Deus operan-do num vaso humano submisso a Ele, e através desse vaso. Mas o que acontece quando alguém perde o seu foco em Deus, ou direciona inadequadamente a sua fome por coisas es-pirituais e se afasta d’Ele? Podemos ver os resultados desastro-sos disso entre os líderes religiosos judeus dos dias de Jesus. Jesus confrontou os líderes religiosos que desejavam matá-Lo (Jo 5:16-18). Eles eram homens com uma instrução meti-culosa e profunda, mas haviam se perdido no caminho, apesar do seu conhecimento. Jesus os repreendeu por haverem perdido de vista o propó-sito específico de todo o seu aprendizado: “Examinais as Es-crituras, pois cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam. Mas não quereis vir a Mim para terdes vida” (Jo 5:39,40). Os líderes judeus conheciam as Escrituras, mas eles haviam falhado em compreender a Palavra Viva – Jesus, que estava bem na frente deles! (Jo 1:1-5,14.) Mais tarde, uma vez mais, Jesus repreendeu a elite religiosa por sempre buscar um sinal, muito embora eles já tivessem testemunhado muitos sinais assim (Mt 12:38,39). E Jesus os repreendeu uma terceira vez ao falar sobre a cegueira dos fari-seus, escribas e mestres da lei, os quais estavam pedindo mais um outro sinal (Mt 16:1-4). Aí então, pouco antes do final do ministério de Jesus, quan-do a cegueira voluntária dos fariseus com relação à verdade permaneceu inalterada, Jesus pronunciou um juízo sobre eles (Mt 23:37-39). Onde Jesus estava querendo chegar com isso? Há muitas li-ções a ser aprendidas com os confrontos de Jesus com os líderes religiosos dos Seus dias. Mas, essencialmente, Jesus estava salien-tando que os judeus estavam buscando o que eles queriam que Deus fizesse por eles – mas não a causa do próprio Deus! Essa é uma das razões pelas quais eles rejeitaram a Jesus como o Messias. Ele não lhes dava o que queriam, ou seja, que Ele iniciasse naquele exato momento um Reino na Terra em que os fariseus, escribas e mestres da lei estivessem entre os líderes privilegiados. Eles desejavam poder, influência e riquezas ma-

teriais. Eles haviam ficado confortáveis com as suas posições, títulos de respeito e status social (Mt 6:2,5,6,16-18; 23:2-7; Jo 12:42,43; etc.). Eles haviam perdido o foco inteiramente, pen-sando somente em si mesmos. Jesus, obviamente, condenava esta atitude de serviço a si próprios e de orgulho religioso. Os líderes religiosos haviam se esquecido de uma verdade fundamental sobre o Deus a quem diziam que serviam. “Não terás nenhum outro deus diante de Mim... Pois Eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus zeloso.” (Êx 20:3,5.) Deus é justamente zeloso pelo nosso amor e devoção. Em primeiro lugar, porque somente Ele em todo o Universo é dig-no do nosso amor e adoração. Em segundo lugar, porque Deus é o nosso Criador e devemos a nossa existência como raça hu-mana viva a Ele (gn 1:26-28; 2:18-25; Jo 1:3). Em terceiro lugar, porque Ele deu o Seu Filho para nos redimir – a nós, os objetos do Seu perfeito amor – do pecado e da morte (Cl 2:11-15; 1 Jo 4:9,10). Essa verdade é confirmada novamente no Novo Testamento: “O Espírito que em nós habita tem ciúmes” (Tg 4:5). Essa afir-mação foi feita durante uma repreensão aos primeiros cristãos que estavam tentando usar a Deus para satisfazerem os seus de-sejos egoísticos (Tg 4:1-4). Eles foram chamados de “adúlteros e adúlteras” (v. 4), porque estavam traindo o seu relacionamen-to comprometido e santo com o seu Salvador, a fim de buscarem os prazeres carnais e passageiros deste mundo. Mas, mesmo assim, Deus não os rejeitou. Em vez disso, Ele teve zelo por eles, pois somente Ele os amava verdadeira-mente. Deus recebe de volta e perdoa o adúltero que verdadei-ramente se arrepende (Tg 4:6-10). Fica claro, então, que não devemos violar o nosso amor e serviço a Deus, ficando apaixonados por qualquer outra coisa.

Evite Ser Afastado Em nossa função como pastores e líderes no Corpo de Cris-to, deve haver somente Um que possua a nossa lealdade, fide-lidade, desejo e esperança – Jesus!

● Não sinais, maravilhas, ou milagres;● Não um grande ministério, ou os que têm um grande

ministério;● Não dons, chamados, capacidades, posições ou títulos;

Deus é justamente zeloso pelo nosso amor e devoção. Em primeiro lugar,

porque somente Ele em todo o Universo é digno do nosso amor e adoração.

Em segundo lugar porque Deus é o nosso Criador e devemos a nossa existência

como raça humana viva a Ele. Em terceiro lugar porque Ele deu o Seu

Filho para nos redimir – a nós, os objetos do Seu perfeito amor – do pecado e da

morte (Cl 2:11-15; 1 Jo 4:9,10).

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● Nem mesmo as bênçãos d’Ele. Dizem que os maiores obstáculos para os crentes são fre-quentemente as bênçãos que Deus dá ao Seu povo. Por que isso seria assim? Porque a nossa atenção e desejos podem facil-mente ser afastados de Deus, e, em vez disso, ficar fixados nas bênçãos d’Ele. Nosso coração é enganosamente egoístico (Jr 17:9). Muito embora possamos ser salvos, ainda assim somos muito propensos ao pecado (1 Jo 1:8).

De Pastor Para Pastor: Amigo e líder de igreja: en-tenda por favor que não é errado você querer que a pre-sença e a unção do Espírito Santo sejam derramadas so-bre você e o seu ministério. O grande desejo de Deus é que você tenha isso!

Mas, se não formos sábios e cautelosos, nosso co-ração pode ser seduzido. Em nosso desejo de termos sucesso no ministério, podemos começar a focar o que Deus pode fazer por nós, em vez de concentrarmos o nosso amor por Ele, somente por quem Ele é.

Vagarosa e sutilmente, podemos ser afastados de uma busca santa da Pessoa de Deus no lugar de ansiar-mos pelo que Ele pode fazer por nós. Foi precisamente isso o que aconteceu com os fariseus. Eles substituíram um relacionamento de submissão com Deus pelo seu conhecimento sobre Deus. Eles sabiam muito sobre as Escrituras e questões religiosas, mas não O conheciam. Não desejavam o próprio Deus, mas buscavam o que Ele podia fazer por eles.

Alguns líderes de hoje, em vez de se sentirem atraídos para Deus, são atraídos pelos fenômenos sobrenaturais que frequentemente acompanham o mover do Espírito Santo. É como alguém que quer se casar com um homem rico ou uma mulher rica, por causa das riquezas que essa pessoa possui. Esse indivíduo deseja as riquezas da pes-soa, e o que ela pode fazer por ele, mais do que deseja a pessoa. Que atitude terrível e egoística!

Quando ansiamos por experiências sobrenaturais, o nosso amor pelo próprio Deus pode transformar-se em algo inferior a puro – e pode até mesmo ficar frio (Mt 24:12). Isso é semelhante à atitude revelada em Simão, o feiticeiro, que buscava o poder milagroso do Espírito San-to para o seu benefício próprio (At 8:9-24).

O nosso Deus é zeloso por nós. Ele deseja a nossa lealdade, o nosso amor e a nossa devoção, porque Ele nos ama com um amor eterno (Rm 5:5; 1 Jo 3:1). Os que fixaram todo o seu coração no Senhor são o tipo de pes-soas para as quais Ele olha. É através dos Seus filhos consagrados que Ele pode manifestar-Se de maneira po-derosa (Dn 11:32). ■

O Nosso Primeiro Chamado Muitas vezes nas Escrituras, somos exortados a buscar a “face” de Deus (2 Cr 7:14; Os 5:15; Sl 27:8; etc.). A face de Deus, da maneira retratada na Escrituras, representa a Pessoa de Deus, o Seu coração. Contudo, em nenhum lugar das Escrituras somos exorta-dos a buscar a “mão” de Deus. A “mão” de Deus, ou a “mão” do Senhor, refere-se às Suas obras, Suas ações, Suas bênçãos. Podemos ver os resultados da operação de Deus (a Sua mão) através do que Ele faz. E não é errado querermos ver esses resultados em nosso ministério e através dele.

Mas entenda, por favor: É quando buscamos a face de Deus (o Seu coração, Ele próprio) que descobrimos a vontade de Deus e o que Ele deseja fazer. À medida que seguirmos e obedecermos à Sua vontade, aí então veremos a poderosa mão de Deus através do Seu Espí-rito em ação! A busca de Deus e o nosso relacionamento com Ele precisam ser sempre a nossa prioridade. É desse lugar que tudo de valor no ministério fluirá.

Verdadeiros Filhos, Verdadeiros Servos Jesus disse: “Se alguém Me servir, que Me siga; e onde Eu estiver, lá estará o Meu servo também. Se alguém Me servir, a ele o Meu Pai honrará” (Jo 12:26). Observe que, neste versículo, Jesus está na posição de pre-eminência. Jesus é o Senhor da Igreja (Ef 1:22), e nós devemos segui-Lo. Ele não está nos seguindo por aí, no ministério, para abençoar o que pedimos que Ele abençoe. O nosso primeiro chamado como líderes de igreja é um rela-cionamento diário de busca do Senhor – conhecendo-O, aman-do-O, adorando-O, tendo comunhão com Ele (Sl 63:1-8). É a par-tir deste lugar que verdadeiramente descobriremos a Sua vontade e planos para a nossa vida, nosso ministério, e tudo o mais. O desejo de Deus é derramar a Sua bênção, a Sua unção, os Seus sinais e maravilhas sobre a Sua Igreja, e sobre você como Seu líder chamado. Mas será que Ele pode confiar isso a você? Será que você tem a maturidade, a força de caráter, e a sabedoria para permanecer leal somente a Ele? Deus promete liberar mais da Sua “mão”, se o nosso coração pertencer somente a Ele. “Pois os olhos do Senhor percorrem toda a terra, para mostrar-Se forte por aqueles cujos corações são leais [totalmente comprometidos, obedientes] a Ele.” (2 Cr 16:9.) Ele zelosamente quer o nosso coração com um zelo santo, pois Ele nos ama com o Seu amor eterno (Rm 8:31-39).

De Pastor Para Pastor: Deus absoluta e incondicio-nalmente o ama! Independentemente das suas imperfei-ções, Ele o ama profunda, pessoal e eternamente. Você não foi criado somente para o serviço ministerial.

Se Deus quisesse mais servos, Ele simplesmente teria feito mais anjos. Mas Ele criou você porque Ele queria fi-lhos e filhas que andassem num relacionamento com Ele. Os anjos são incapazes de terem esse tipo de relaciona-mento com o seu Criador. Somente nós, seres humanos, podemos experimentar isso (Hb 2:14-18; 1 Pe 1:12).

Cristo não deu a Sua vida a fim de que você pudesse estar no ministério. Ele morreu para ser o sacrifício pelos seus pecados, a fim de que você pudesse ser restaurado a um relacionamento com Deus.

Não somos apenas servos do Senhor. Somos os ami-gos de Cristo (Jo 15:15) e co-herdeiros com Ele (Rm 8:17). Somos filhos e filhas do Deus Vivo (Rm 8:15,16). Temos o privilégio e a oportunidade de servirmos ao Senhor e ao Seu Corpo por amor e gratidão a Ele! ■

Diariamente em Sua Presença A unção do Espírito Santo está diretamente ligada com a nossa constante prioridade de buscarmos a Pessoa de Deus. O Rei Davi, a quem o Senhor Se referia como “um homem segundo o Meu [de Deus] próprio coração” (At 13:22), nos dá instruções para um relacionamento com Deus: “Quando dis-

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seste: ‘Busca a Minha face’,o meu coração disse a Ti: ‘A Tua face, Senhor, buscarei’” (Sl 27:8). “Buscar” significa “procurar e tentar encontrar fervorosa, diligente e persistentemente, até que o objeto da nossa busca seja encontrado”. Jesus também falou sobre esse princípio (Mt 6:33; 13:44-46; Lc 11:9-13). Buscar a Deus custa tempo e energia. Talvez tenhamos que desistir de alguns confortos, privilégios ou atividades. Mas é através da busca de Deus que chegamos a conhecê-Lo. Deste relacionamento íntimo, começamos a conhecer a Sua vontade para nossa vida e nosso ministério. À medida que andamos em obediência à Sua vontade, Ele libera a Sua unção sobre nós e através de nós. Vamos colocar sempre a nossa prioridade máxima num tempo diário na presença do Senhor. É aí que receberemos o que é verdadeiramente eterno em substância, e que não dimi-nui nem se enfraquece (Lc 10:38-42). Decida-se hoje, e todos os dias: “A Tua face, Senhor, buscarei.”

Revisão Ao concluirmos esta seção, “Crescendo na Unção”, lem-bre-se, por favor, que cada um de nós pode e deve crescer no poder ungidor do Espírito Santo. Isso inclui você (como pastor e líder) – e as pessoas que você lidera! Você tem responsabilidades como um subpastor (1 Pe 5:2-4) do povo de Deus. Elas incluem a garantia de que cada pessoa que você lidera esteja crescendo em seu entendimento da Palavra de Deus, como também crescendo em sua capaci-dade de ministrar no poder do Espírito Santo. Esse é o padrão bíblico para um crescimento sadio no Corpo de Cristo. (Veja Efésios 4:11-16, especialmente o versículo 12). O caminho para o crescimento na unção talvez seja um tan-to quanto diferente do que você poderia esperar. Vamos rever os princípios mais importantes e vitais para o crescimento na unção:

● Pureza;● Fraqueza santa;● Humildade;● Submissão a autoridades;● Resposta certa às provações;● Um coração somente para Deus; ● Andar e crescer num relacionamento diário com Deus.

Jesus era o nosso exemplo de todas essas características. Ele era o Homem mais ungido que já andou sobre a terra. Ele nos convida a andarmos em Suas pegadas, no caminho da un-ção de Deus. À medida que fizermos isso, receberemos uma medida plena de tudo o que necessitamos para cumprirmos o sublime chamado do Senhor para nós!

C. RECEBENDO A UNÇÃO DELE Eu fazia parte da equipe ministerial numa Conferência Para Pastores em Cuba. Pouco antes do final da conferência, foi per-mitido algum tempo para testemunhos dos participantes. Um cavalheiro idoso e um tanto quanto debilitado fisicamente, e que era obviamente cego, foi ajudado em seu caminho enquan-to vinha vagarosamente à plataforma. Este irmão idoso começou o seu testemunho, comparti-lhando que ele havia servido ao Senhor toda a sua vida. Os membros da sua família também estavam servindo ao Senhor.

Ele informou a multidão sobre as muitas igrejas que ele havia iniciado durante a sua vida, inclusive as seis igrejas que ele havia iniciado naquele ano! Ele falou sobre o fato de ter perdido a visão e como isso foi um grande desafio, incluindo a necessidade de ter alguém lendo a Bíblia para ele todos os dias. Aí então ele pausou por alguns momentos e abaixou a sua cabeça. O auditório com mais de 1.000 pastores ficou em silên-cio. Subitamente, aquele homem levantou as suas mãos num gesto de triunfo e gritou: “Eu perdi a minha visão, mas não o fogo!” Toda a assembléia irrompeu em brados de alegria e adoração a Deus. O que manteria um homem com 76 anos de idade “em cha-mas” – e ainda pregando, ensinando, evangelizando e inician-do igrejas? Somente a unção do Espírito Santo e a dedicação daquele homem no sentido de ser usado por Deus, para os Seus propósitos e glória!

Tesouro num Vaso de Barro A minha esperança é que Deus me use eficazmente todos os dias da minha vida até que Ele me leve ao meu lar celestial. Mas não é preciso muito tempo no ministério para percebermos que o serviço no ministério pode ser cansativo e exaustivo em todos os níveis – física, mental, emocional e espiritualmente. Isso não é de todo mal, pois não devemos ser egoístas com os dons, com o poder, e com a unção de Deus. Devemos conti-nuamente dar o que Deus nos deu. Tampouco devemos ser pre-guiçosos ou indisciplinados no ministério (Lc 9:62; Ec 9:10; Cl 3:23). Ao contrário, devemos nos esforçar ao máximo pela causa de Cristo. Contudo, se ficarmos cansados demais, “esgotados” ou exaustos, isto poderá criar sérios problemas. Deus sabe que somos finitos e limitados em nossas forças. Assim sendo, Ele de fato nos oferece a Sua força, sabedoria, graça, capacidades e poder, a fim de fazermos a Sua vontade – e precisamos deses-peradamente dessas coisas, pois, sem Ele, não podemos fazer nada (Jo 15:5). Paulo compreendia esta necessidade ao escrever: “Mas te-mos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (2 Co 4:7). Como um expe-riente e amplamente realizado apóstolo de Cristo, Paulo sabia que o poder e a motivação para se fazer a vontade de Deus não estão nas habilidades ou capacidades naturais do homem. Em vez disso, “esse tesouro” dentro do “vaso de barro” que é nossa vida – que nos dá tudo o que necessitamos – é a unção do Espírito Santo! (Leia 2 Coríntios 3:1 - 4:18.)

Ele Supre Nossas Necessidades Os requisitos do ministério (ou o simples viver como cris-tão no mundo de hoje) podem nos exaurir do poder e da força de Deus. O próprio Jesus precisava ser revigorado espiritual-mente, recebendo o ministério do Espírito de Deus. Um estudo dos Evangelhos revela as muitas ocasiões em que Jesus Se apartava para lugares solitários para orar (por exemplo, Lucas 4:42; 5:16; 6:12). Após esses tempos de oração, Jesus agia poderosamente, tomava importantes decisões em Seu ministé-rio, era preparado para suportar provações, etc. O que está sendo revelado a nós pelo exemplo de Jesus?

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Para respondermos essa pergunta, vamos examinar duas passa-gens bíblicas.

1. Sejam Cheios! “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissipação, mas enchei-vos com o Espírito.” (Ef 5:18.) Há três princípios significativos que vêm da estrutura origi-nal da língua grega para a frase “enchei-vos com o Espírito”. a. Essa frase está no tempo verbal do presente. Isso signifi-ca que a ação está acontecendo agora e continuamente. Em outras palavras, “enchei-vos com o Espírito” significa que devemos ser continuamente cheios com o Espírito Santo. Essa é uma notícia maravilhosa! “Ser continuamente cheios” significa que podemos ser cheios não somente uma vez, mas vez após vez! Recebemos o Espírito Santo na salvação (Rm 8:15,16; Ef 1:13-15). Essa é uma unção geral dada a todos os crentes (1 Jo 2:20,27). Quando somos soberanamente chamados para tare-fas ministeriais, Deus disponibiliza unções adicionais que nos ajudarão a funcionarmos frutiferamente nessas tarefas. Deus nos dá da Sua Pessoa, poder e dons. Mas, à medida que distribuímos isso no ministério, podemos ficar “vazios” ou espiritualmente exauridos. Assim sendo, Deus possibilitou que fôssemos cheios com o Seu Espírito Santo vez após vez, tanto quanto necessário! Esse padrão é claramente visto no ministério da Igreja Primi-tiva. O Livro de Atos registra algumas dessas ocasiões para nós:

● Pedro foi cheio para pregar o Evangelho e defender a fé (At 4:8).

● Os discípulos receberam intrepidez e poder para prega-rem o Evangelho, apesar das perseguições (At 4:31).

● Paulo foi inicialmente cheio com o Espírito Santo (At 9:17), e depois cheio novamente quando ele estava para enfrentar poderes demoníacos (At 13:9).

● Seguindo-se a um confronto com líderes religiosos, os discípulos foram cheios novamente com o Espírito San-to (At 13:42-52).

● Estêvão foi cheio uma vez, e cheio novamente (At 6:5; 7:55).

● Barnabé também foi cheio novamente (At 13:52). Esse enchimento repetido com o Espírito Santo trazia um grande poder à pregação e ensino destes discípulos. As suas intrépidas declarações do Evangelho também eram acompa-nhadas por sinais e maravilhas (At 5:12). Alguns talvez creiam que estes milagres ocorriam somente através dos primeiros apóstolos. Mas o Livro de Atos revela que sinais e maravilhas pelo Espírito Santo estavam sendo fei-tos através de quem quer que Ele escolhesse. Por exemplo: Estêvão, que havia sido designado para servir às mesas (At 6:8), e “os irmãos” (At 14:1-7). Paulo escreve sobre o fato de que o Espírito Santo pode mover-Se milagrosa-mente através de qualquer um que Ele escolha para capacitar e dirigir. (Veja 1 Coríntios 12:1-11.)

Aumento Através da Doação Há um benefício adicional ao fato de sermos continuamen-te cheios com o Espírito Santo. À medida que “de graça rece-bemos e de graça damos” (Mt 10:8), a nossa capacidade de recebermos mais da Sua unção é aumentada! Esse princípio

do Reino de Deus é válido nas finanças, no tempo, no serviço e em outras áreas – quanto mais damos, tanto mais recebemos. Estamos crescendo todas as vezes que ministramos, dis-tribuindo a vida e o poder do Espírito Santo aos outros. Isso significa que podemos então receber mais, e, desta forma, ter mais para distribuirmos. Este abençoado processo de recebermos e darmos, rece-bermos e darmos, é um benefício a todos os envolvidos. Deus é bendito e glorificado porque a Sua vontade está sendo cum-prida. Os membros do Corpo de Cristo são abençoados e estão crescendo e se tornando discípulos fortes (Ef 4:12-16). Você, como ministro, está sendo abençoado – como um poderoso e fiel servo do Senhor, cumprindo o Seu chamado e crescendo em sua capacidade de se dar no ministério, como também de receber mais do Espírito Santo! Tudo isto depende do sermos cheios com o Espírito San-to – continuamente. É um processo separado do recebimento do dom soberano do Espírito Santo na salvação, ou do sermos batizados com o Espírito Santo (At 8:14-17; 19:1-7). Devemos viver de uma maneira tal que sejamos continuamente cheios com o Espírito Santo, vez após vez! b. A frase “enchei-vos com o Espírito” (Ef 5:18) também foi conjugada no Modo Imperativo. Isso significa que essa frase é um mandamento, e não uma sugestão! Deus sabe muito melhor do que nós o quanto necessitamos do Seu poder e capa-citação. Verdadeiramente, precisamos do Espírito Santo a fim de vivermos como vencedores na vida diária. Mas, ainda mais do que isso, precisamos de uma presença transbordante do Seu Espírito a fim de sermos frutíferos e eficazes no ministério. Quando Deus dá um mandamento, ele é sempre:

● justo e razoável● para a Sua glória● para o nosso bem● possibilitado pela Sua provisão!

Deus, através da Sua vontade soberana, possibilitou para nós a provisão ilimitada do Espírito Santo. E Ele ordena que sejamos continuamente cheios com a Sua provisão divina do Espírito Santo. Aleluia! Esse é um mandamento que deveríamos nos apressar a obede-cer todos os dias, e em todos os momentos de necessidade. c. A frase também foi escrita na Voz Passiva. Isso signi-fica que os novos e contínuos enchimentos do Espírito Santo não podem ser realizados pelos nossos esforços. Não podemos merecê-los ou trabalhar para sermos dignos de recebê-los. Eles são uma dádiva de Deus para nós. Podemos apenas abrir nosso coração e receber o que Ele deseja dar-nos. No entanto, precisamos estar posicionados para receber o enchimento do Espírito! Nisso está uma chave importante de se viver uma vida cheia do Espírito e de se ter um ministério cheio do Espírito. Você já se perguntou por que algumas pessoas aparente-mente estão sempre cheias com o Espírito Santo, movendo-se nos dons, na sabedoria, no poder, etc. – ao passo que outros aparentemente não agem dessa maneira? A maneira de você se posicionar para estar continuamente cheio com o Espírito Santo de Deus é rendendo-se. Isso sig-nifica que tudo na sua vida precisa ser submetido e entregue a Deus – a sua vontade, os seus planos, as suas fraquezas, e, es-

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pecialmente, os seus pontos fortes. Quando você faz isso, você está entregando todo o seu ser ao Espírito Santo e aos desejos d’Ele para você. A entrega da nossa vida ao Espírito Santo nos coloca numa posição espiritual de recebermos mais pronta e liberalmente o que Ele deseja dar-nos. Contudo, observe, por favor, que a entrega da nossa vida ao Espírito Santo não é a mesma coisa que sermos possuídos. Os demônios são os únicos que tentam tomar a vontade e a perso-nalidade da pessoa (Lc 8:29-38a). Os líderes das seitas e das falsas religiões talvez tentem também controlar ou subjugar outras pessoas, porque estão agindo sob enganos demoníacos. Não somos chamados para ser “fantoches” religiosos, sem uma mente ou capacidade de fazer escolhas. Ao contrário, so-mos chamados a um relacionamento de amor, confiança e co-operação com a presença do Espírito Santo vivendo dentro de nós. Ele está presente para agir em nós, para nos transformar e nos purificar, e para agir através de nós como vasos minis-trantes para o Senhor Deus. Quando entregamos nossa vida a Deus e à Sua obra desta maneira, somos posicionados a receber novos e contínuos enchimentos de unção.

De Pastor Para Pastor: Como filhos do nosso Pai Celestial devemos ser direcionados pelo Espírito Santo (Rm 8:14). A palavra “direcionados” neste versículo está no Particípio Presente. Isso significa que devemos ser continuamente direcionados.

Esse direcionamento contínuo do Espírito Santo inclui, mas não se limita a um conhecimento formal dos manda-mentos e princípios das Escrituras – e à nossa obediência a eles. Essa é uma maneira básica de sermos direciona-dos pelo Espírito Santo, uma vez que Deus já nos revelou em Sua Palavra como devemos viver no dia-a-dia.

Mas o fato de sermos continuamente direcionados pelo Espírito Santo também envolve o desenvolvimento de uma sensibilidade aos Seus direcionamentos, os quais podem vir a qualquer hora. O Espírito Santo talvez o dire-cione com relação ao seu ministério, à sua vida pessoal, ao ponto de necessidade de uma outra pessoa, ou a mui-tas outras coisas. Ele sempre está presente com você, para ajudá-lo e direcioná-lo nesta vida. O Espírito Santo também o ajuda a saber como cooperar com Ele na minis-tração às necessidades dos outros.

Se um direcionamento for do Espírito Santo, ele sem-pre o levará a obedecer os mandamentos e os padrões morais da Palavra de Deus escrita. Se você se sente dire-cionado pelo Espírito Santo a fazer uma mudança impor-tante ou a fazer algo que é incomum para você, é sábio seguir as exortações das Escrituras e buscar conselhei-ros espiritualmente maduros (Pv 11:14; 24:6). Eles podem ajudar a confirmar se o que você está sentindo é de fato do Espírito Santo – ou indicar que talvez não seja. Isso o ajudará a guardar-se contra erros ou enganos. ■

Sumário Aprendemos três importantes princípios com relação à fra-se bíblica “enchei-vos com o Espírito” (Ef 5:18).

● Nós podemos ser continuamente cheios, além de ape-nas uma experiência.

● Nós precisamos ser continuamente cheios, como Deus nos ordenou.

● Nós recebemos o contínuo e divino enchimento e un-ção do Espírito Santo somente através de Deus. É uma dádiva d’Ele, e a condição para recebê-la é entregar nossa vida a Ele.

2. Busquem a Deus! Talvez você esteja se perguntando neste exato momento: “O que preciso fazer para receber este novo enchimento (un-ção) do Espírito Santo de Deus? Será que devo ir a um lugar especial? Dizer palavras específicas? Buscar alguém para orar por mim? Será que preciso ir a reuniões especiais?” A seguinte passagem bíblica sagrada revela como e quando podemos receber mais da unção do Espírito Santo. Jesus disse: “Assim Eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontra-reis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede rece-be, e o que busca encontra, e a quem bate abrir-se-lhe-á. Se um filho pede pão a qualquer pai dentre vós, será que ele lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, será que lhe dará uma serpente ao invés de um peixe? Ou se pedir um ovo, será que lhe oferecerá um escorpião? Se vós, então, sendo maus, sabeis como dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que Lhe pedirem!” (Lc 11:9-13). Nessa passagem, Jesus nos dá instruções muito simples de como podemos ser novamente cheios, vez após vez, com o Es-pírito Santo. a. Nós devemos pedir, buscar, bater. Deus é o Doador do Espírito Santo (v. 13). A admoestação nesse versículo de bus-carmos ao Senhor – pedir, buscar, bater – foi escrita no Tempo Presente na língua grega original. Esta estrutura verbal significa que continuamos a fazê-lo, até mesmo agora. Devemos continuar pedindo, continuar bus-cando, continuar batendo – até que recebamos uma resposta do nosso amoroso Senhor. Temos a promessa: “Todo aquele que pede recebe, e o que busca encontra, e a quem bate abir-se-lhe-á” (v. 10). Aleluia! Deus Se deleita em derramar o Seu Espírito sobre nós. A nossa parte é simplesmente pedir-Lhe. Jesus usou três exemplos sobre a nossa busca do Espírito Santo – pedir, buscar, bater. Ele não está revelando três meca-nismos ou métodos separados. Ele está nos exortando a buscar-mos a Deus fervorosamente, e com sinceridade. Observe que não há nenhuma menção de implorarmos ou de tentarmos provar os nossos méritos para recebermos. Esses esforços não são necessários. Aliás, são atitudes que podem na verdade bloquear a nossa capacidade de simplesmente receber-mos pela fé como amados filhos e filhas de Deus. b. O Espírito Santo é para filhos e filhas. Os que são fi-lhos e filhas de Deus, que assim se tornaram através do novo nascimento espiritual (Jo 1:12,13; 3:5-8), não precisam implo-rar ao seu amoroso Pai Celestial por Suas bênçãos prometi-das. Jesus ilustra essa grande verdade com a analogia de como nós, como pais, responderíamos aos nossos próprios filhos (Lc 11:11,12). Aí então Jesus prossegue e compara o nosso papel de pais com a posição de Deus como nosso Pai Celestial (v. 13). Em seguida, Jesus contrasta a nossa natureza limitada, pe-

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caminosa, com a ilimitada perfei-ção e amor de Deus. Se nós, como pais “malignos” (pecaminosos), não negaríamos a nossos filhos boas dádivas, por que acharíamos que o nosso perfeito e santo Pai Celestial faria isso a Seus filhos? (Para mais detalhes com relação ao coração de Deus para conosco, leia Romanos 5:6-10; 8:31-39; 1 Jo 3:1; 4:10,12-19). Não somos mendigos que pre-cisam suplicar e implorar diante de um Deus relutante. Somos filhos e filhas do Deus Altíssimo, e Ele Se deleita em encher-nos com o Seu Espírito Santo! Devemos pedir com humildade e com uma entrega total de nossa vida. Contudo, nós, como Seus fi-lhos e filhas, podemos “nos apro-ximar com intrepidez do trono da graça, para que possamos obter misericórdia e encontrar graça que nos ajude em tempos de necessidade” (Hb 4:16; veja também Efésios 3:12; Hebreus 10:19-22). c. O que pode nos impedir de receber? Há problemas que podem nos atrapalhar de sermos continuamente cheios com o Espírito Santo. 1) A presença do pecado ou de meios-termos em nossa vida (Rm 6:12-14; 1 Co 5:6,7). A Bíblia ensina que jamais se-remos perfeitamente impecáveis nesta vida (1 Jo 1:8). Todos teremos pontos ocasionais de falhas, pelos quais precisamos rapidamente nos arrepender e receber o perdão de Deus. No entanto, não devemos nos entregar a contínuos meios-termos com o mundo, com a carne, e com o Diabo. A Bíblia cita este tipo de comportamento como “prática” do pecado (gl 5:21). Isso significa envolver-se no pecado como um hábi-to regular ou praticá-lo repetidamente. Esses pecados contínuos nos desqualificam de sermos vasos adequados para o uso do Mestre (1 Co 9:24-27; 2 Tm 2:19-21). O nosso Deus é um Deus santo e nos chama a sermos santos também, pelo poder do Seu Espírito e da Sua graça operando dentro de nós (1 Pe 1:13-19). O Espírito, que é santo (Rm 1:4), deseja operar através de instrumentos que também sejam santos. 2) A presença de motivações egocêntricas, como do nos-so ego ou orgulho (Mt 7:21-23; Fp 2:3,4; 1 Tm 6:3-5). Já es-tudamos o pecado do orgulho e os seus perigos. Como líderes de igreja, devemos ser como Jesus, que é “manso” e “humilde” (Mt 11:29). Deus não unge os que estão servindo com motivações erra-das (Tg 4:6). Precisamos permitir que nosso coração seja son-dado pelo Espírito Santo (Pv 16:2) e purificado do desejo de ter nossa própria glória. Ei aqui alguns versículos bíblicos para você ler e meditar neles: 2 Crônicas 16:9; Provérbios 13:10; 16:5,18; Mateus 23:8-14; gálatas 5:20; Filipenses 1:15,16; 1 Timóteo 3:6; Tiago 3:14 - 4:4.

3) Uma falta de uma total entrega de toda a sua vida (Rm 12:1,2; gl 2:20). Eu já escrevi so-bre a importância de você entregar toda a sua vida a Deus. No entanto, permita-me salientar que a unção do Espírito Santo é dada a fim de que o servo de Deus rendido tenha poder no serviço e para o serviço. Se desejamos o poder de Deus por qualquer outra razão que não seja servir a Ele e aos outros, não pode-mos esperar a Sua unção em nossa vida. O nosso serviço rendido deve ser direcionado por Deus, pois Ele sabe melhor como usar-nos no Corpo de Cristo. Não chegamos necessariamente a escolher o que faremos por Deus. Nosso coração deve desejar fazer o que quer que Ele possa pedir que façamos. A nossa posição de completa

rendição é necessária a fim de recebermos o poder de Deus e conhecer a Sua vontade. Em seguida precisamos escolher obedecê-Lo. É assim que podemos ser genuinamente frutíferos no ministério. 4) Uma fé que seja fraca ou ausente (Hb 11:6; Tg 1:6). “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10:17). Precisamos aprender com as Escrituras o que Deus disponibili-zou para nós, ou a nossa fé será fraca. Ao ler este estudo bíblico sobre a unção, você aprendeu que o poder do Espírito Santo está disponível a você hoje. E não somente um pouquinho, como uma gota d’água no deserto. O Espírito Santo deve fluir através de você como RIOS! (Jo 7:37-39.) Deus é um Pai amoroso, que Se deleita em dar da Sua vida e poder aos Seus filhos. Mas precisamos pedir com fé, confian-do que Ele responderá ao clamor do nosso coração (Sl 138:3). Se você está preocupado porque a sua fé é fraca ou peque-na, lembre-se então do que Jesus disse com relação à fé: “... se tiverdes fé como uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Move-te daqui para lá’, e ela se moverá; e nada vos será impossível” (Mt 17:20b). Jesus revelou que a nossa fé pode ser pequena, mas ain-da assim eficaz – SE for direcionada a Deus! Não devemos colocar a nossa fé em nós mesmos, ou na quantidade de fé que temos. Devemos colocar a nossa fé em Deus e em Sua Palavra. Pois, o que Ele diz, Ele fará! Podemos confiar que Ele cumprirá a Sua Palavra, e podemos assim colocar a nossa fé totalmente n’Ele. Portanto, fortaleça a sua fé na Palavra de Deus. Confie no que está revelado na Palavra sobre Aquele que é o seu Criador, o seu Salvador, o seu Rei! Vá a Ele frequentemente, busque a Sua face – e Ele lhe responderá (Jr 29:11-13). 5) Uma falta de fome espiritual (Sl 63:1,2; 84:1,2; Mt 5:6; Jo 6:35,48; 7:37-39). Deus sempre responde a uma fome espi-ritual por mais d’Ele.

PLENITUDEDE DEUS

PECADOBarreira mortal

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Uma falta de fome espiritual pode ser causada por muitas coisas, como por exemplo:

● Tragédias, angústia ou morte (como na perda de um membro da família), causando um tédio emocional ou espiritual.

● Desânimo, fracassos ou cansaço, fazendo com que você se sinta desesperançado ou desmotivado a buscar ao Se-nhor.

● Ira, amargura ou falta de perdão com relação aos outros – inclusive com relação a Deus ou a si mesmo – extin-guindo o desejo por Deus.

● Prazeres e distrações deste mundo, ou preguiça e com-placência, bloqueando ou até mesmo destruindo uma fome santa por mais de Deus.

A vida pode ser difícil e cheia de desafios a ser vencidos. Mas podemos ser encorajados porque Deus providenciou ma-neiras de superar qualquer angústia, tristeza ou fracasso que possamos ter experimentado. O poder de Deus de cura e li-bertação, o Seu amor e perdão, a Sua misericórdia e graça – e a Sua unção – são nossos se simplesmente nos achegarmos a Ele. O Apóstolo Paulo nos dá uma revelação de como ele ia além das coisas que poderiam atrapalhar a sua busca e fome por Deus. Ele escreveu o seguinte aos filipenses (3:12-14): “Não que eu já tenha alcançado, ou que já esteja aperfeiçoado...” (v. 12a.) Paulo reconhecia humildemente as suas fraquezas e falhas. “… mas eu sigo adiante, para que eu possa alcançar aqui-lo para o qual Cristo Jesus também me alcançou...” (v. 12b.)Paulo sabia que ele não poderia desistir. Ele tinha que prosse-guir, por amor ao Evangelho. “Irmãos, eu não me considero como que tendo alcança-do…” (v. 13a.) Paulo não compreendia tudo, inclusive tudo o que havia acontecido com ele. “… mas uma coisa eu faço, esquecendo-me das coisas que estão atrás...” (v. 13b.) Paulo tomou uma decisão consciente de abrir mão da dor ou mágoa, do sucesso ou fracasso – de tudo o que era passado. “… e avançando para as coisas que estão à frente...” (v. 13c.) Paulo escolheu abrir mão do passado, e avançar em dire-ção dos propósitos de Deus para ele. “Eu avanço firmemente em direção do alvo, pelo prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.” (v. 14.) Paulo decidiu continuar buscando a Deus, e a vontade de Deus, qual-quer que fosse o custo. Em meio a todo tipo de adversidade ou provação, de toda alegria e vitória, Paulo seguia ao Senhor com todo o seu co-ração. Arar o solo não-cultivado do nosso coração (Os 10:12) nem sempre é um processo curto ou fácil. Mas se nos colocar-mos abertamente diante de Deus – d’Aquele que nos criou, que nos salvou, que nos amou – poderemos receber um coração renovado e uma nova fome pelo Senhor (Ez 36:26,27). d. Precisamos esperar no Senhor. As Escrituras nos exortam a frequentemente “esperarmos no Senhor” (Sl 25:5; 27:14; 37:7,9,34; Is 30:18; 40:31; Lm 3:25,26; etc.). Esse é um princípio importante da vida cristã. Sempre há bênçãos que vêm da espera no Senhor. No entanto, nem sempre é da nossa natureza esperarmos.

Tornamo-nos impacientes, temerosos ou esquecidos. A nossa vida atarefada, a obra do ministério, as pressões para tomarmos uma decisão – muitas coisas nos pressionam e fazem exigên-cias do nosso tempo. Mas há uma verdade na vida que é simples, porém doloro-sa: sempre arrumamos tempo para o que é verdadeiramente importante para nós. Infelizmente, nem sempre percebemos o que é realmente importante até que seja tarde demais.

De Pastor Para Pastor: É importante separamos um tempo ocasionalmente para avaliarmos as nossas priori-dades, analisarmos nossa vida meticulosamente, e consi-derarmos todas as nossas atividades. Aí então devemos colocar tudo isso diante do Senhor, considerar a Sua Pa-lavra, e decidir se as nossas prioridades estão alinhadas com as d’Ele.

Se a exortação bíblica de passarmos tempo para “es-perarmos no Senhor” não é prioritária em nossa lista, ela deveria ser. Pois esta é a única maneira pela qual nós O ouviremos falando conosco. ■

Aproximando-nos Mais de Deus Para recebermos mais do Espírito Santo em nossa vida, pre-cisamos pedir. E, em seguida, precisamos esperar no Senhor. Ao esperarmos, é muito mais provável que ouçamos a Sua “voz mansa e suave” (1 Rs 19:12). A espera permite que o Es-pírito Santo lide com o nosso coração e vida, preparando-nos para recebermos mais da Sua presença e poder. Talvez Ele re-vele um bloqueio ou barreira para o nosso recebimento, talvez Ele nos convença de algum pecado, talvez Ele nos instrua ou direcione, ou outras coisas mais. É frequentemente durante as ocasiões em que esperamos pacientemente que a obra de transformação está ocorrendo em nossa vida. À medida que somos transformados, recebemos. À medida que recebermos mais do Seu Espírito, obviamente seremos mais eficazes e frutíferos no serviço. Um outro grande benefício de esperarmos no Senhor é que o tempo em Sua presença nos aproxima cada vez mais d’Ele. Passamos a conhecê-Lo de uma maneira muito mais profunda e pessoal. Enquanto espera no Senhor, talvez você queira ficar em si-lêncio (Sl 46:10). Ou você pode orar silenciosamente em lín-gua espiritual, ou adorar em voz baixa (1 Co 14:2,15). Mas lembre-se: o propósito principal de esperarmos no Senhor é ouvirmos e recebermos. Isso é feito melhor de uma maneira silenciosa e suave. Em sua fome por mais de Deus, as suas orações podem elevar-se no volume. Isso não é necessariamente errado, mas apenas lembre-se de que você não tem que provar o seu desejo ou merecimento com o volume das suas orações. Você tampou-co precisa implorar em voz alta ao Senhor para que Ele ouça e responda. Em vez disso, confie em Sua promessa: “… quanto mais o vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que Lhe pedem” (Lc 11:13).

Não Tenha Medo Alguns talvez tenham medo de que esperar no Senhor por mais do Espírito Santo pode trazer um espírito demoníaco. Isso

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não é possível! Os demônios somente podem entrar onde fo-ram especificamente convidados, ou pela participação da pes-soa em atividades satânicas, como a feitiçaria, por exemplo. Se você estiver orando ao Senhor e o seu desejo for para Ele somente, nenhum demônio poderá subitamente “vir de mansi-nho” sobre você. Você não precisa ter medo disso! O mundo demoníaco está ciente de que, à medida que você receber mais do Espírito Santo, você andará no poder de Deus de uma maneira mais intensa. Isso significa que a sua intrepidez e autoridade em questões espirituais aumentarão naturalmen-te. Assim sendo, o Diabo talvez procure tentá-lo ou distraí-lo, para afastá-lo do tempo gasto buscando ao Senhor. Mas lembre-se: Você é um santo que foi comprado e lavado com o sangue de Jesus Cristo. Satanás e seus demônios não têm nenhum poder sobre você que você não lhes dê diretamen-te. O Diabo foi derrotado na Cruz (Cl 2:14,15). Assim sendo, tome a sua armadura e espada (Ef 6:10-18) e fique firme no Espírito à medida que você se aproxima de Deus (Tg 4:7,8). e. Receba a unção do Espírito Santo pela fé. Somos fi-lhos de Deus e herdeiros das Suas promessas (Rm 8:17; 2 Co 1:20; gl 3:26). Isso inclui a promessa do Espírito Santo (At 2:38,39). Já aprendemos que este não é um enchimento que acontece somente uma vez, mas é um contínuo e novo enchi-mento da Sua presença e poder em nossa vida (Ef 5:18). O que Deus prometeu Ele cumprirá. Assim sendo, apenas peça-Lhe! Portanto, vamos pedir – e continuar pedindo, buscando e batendo – até que tenhamos recebido (Lc 11:9,10). Deus quer que você tenha o Espírito Santo por completo (Lc 11:13). Sim-plesmente abra o seu coração e creia n’Ele e em Seu desejo de enchê-lo – enquanto você espera pacientemente por Ele (Hb 11:6). A oração por um novo enchimento pode ser uma ocorrência diária, porque devemos ser continuamente cheios! Precisamos do Seu poder e presença, a cada momento, em tudo o que faze-mos.

Apenas Receba Recebemos pela fé, e não pelos nossos sentimentos. Esta-mos buscando uma transmissão da presença do Espírito Santo, e não uma experiência emocional. Enquanto você pede, você pode assumir qualquer posição física com a qual você se sinta confortável – sentado, ajoelhado, de pé ou prostrado no chão. Você pode estar em seu quarto de oração, na cozinha, no quar-to, na igreja ou ao ar livre. A posição e o local não são tão importantes quanto o seu coração aberto e o seu desejo de re-ceber. Quando você pedir um novo enchimento do Espírito Santo, use quaisquer palavras que estiverem em seu coração. Não há uma maneira certa ou errada de se orar a Deus. Ele quer ouvir de você, exatamente da maneira como você é. O seu pedido poderá assumir um formato parecido com o seguinte: “Vem, Espírito Santo. Eu abro o meu coração para receber mais de Ti. Eu entrego o meu coração e a minha vida a Ti. Eu peço que Tu me enchas novamente. Enche a minha vida com a Tua presença. Enche a minha boca com louvores a Deus. Enche o meu ministério com o Teu poder, para que eu possa ser um vaso útil para Deus...” Use as suas próprias palavras e

abra o seu coração a Deus. Ore e receba! Seja cheio, em nome de Jesus! Aleluia!

Conclusão Meus irmãos e irmãs, amigos obreiros nos campos de Deus, e parceiros no serviço ministerial para o Evangelho: vocês e eu temos um chamado sublime de fato! Temos a honra de servir-mos ao amado Corpo de Cristo, aos que “não foram redimidos com coisas corruptíveis, como prata ou ouro… mas com o pre-cioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem manchas e sem máculas” (1 Pe 1:18,19). Este é um chamado que não podemos – e não devemos – tentar cumprir com a nossa própria força. graças a Deus, pois Ele nos deu tudo o que precisamos para verdadeiramente sermos frutíferos, verdadeiramente eficazes, e para verdadei-ramente glorificá-Lo! Começamos este estudo com a Palavra de Deus:

“Não por força, nem por poder,mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.”

(Zacarias 4:6.) Deus, através das eras, já fez coisas grandes e maravilho-sas, mas há tantas outras coisas que Ele prometeu fazer e que ainda estão para ser cumpridas! Há “obras maiores” a serem feitas – milagres, sinais e ma-ravilhas para a glória de Jesus (Jo 14:12). E Deus quer fazê-las através de você! O Senhor deseja a intrépida proclamação do Evangelho, a conversão dos perdidos a Cristo, e o estabeleci-mento da Igreja d’Ele. Ele deseja isso para a SUA igreja, para a SUA cidade, para a SUA nação! glória a Deus! Deus está continuamente procurando os que entregarão totalmente a própria vida à vontade d’Ele. Ele está buscando aqueles cujo coração é leal a Ele, através dos quais Ele possa mostrar-Se forte. Ele responde aos que O desejam acima de qualquer outra coisa, e que permitem que a sua fome espiritual por Ele cresça – os que intrepidamente dirão: “Eis-me aqui! Envia-me a mim” (Is 6:8). Há apenas uma maneira de você cumprir completamente o chamado e a vontade de Deus para a sua vida e ministério – isto é, através da unção do Espírito Santo! É pelo poder do Espírito Santo que você receberá a transformação, as capacita-ções e os dons necessários para que você seja e faça tudo o que Deus deseja e espera de você. E basta apenas pedir! Deus lhe dará abundantemente do Seu Espírito. Creia nis-so, receba a Sua unção, ande nela e ministre com ela. À medida que você distribuir a vida e o poder do Espírito Santo em ser-viço aos outros, Ele terá mais para derramar, tanto para dentro de você, como através de você. Que o Senhor o abençoe e abra os seus olhos espirituais para que você compreenda a Sua verdade. Que você receba a Sua graça e ajuda para obedecê-Lo em todas as coisas. Que Ele o unja abundantemente, como também o seu ministério, para que a vida de outras pessoas possa ser transformada e tornar-se uma glória para Aquele que morreu para salvá-las. E que Deus receba todo o louvor, toda a glória, toda a honra que Lhe é devida de sua vida e ministério, à medida que você caminha e cresce na unção do Seu Espírito Santo. Eu peço isso diante do Pai, no forte e poderoso nome de Jesus Cristo nosso Salvador. Amém! &

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7. Esta edição de ATOS foi: ( ) fácil de entender ( ) difícil de entender ( ) de grande ajuda ( ) desnecessáriaEscreva e compartilhe conosco sobre como a Revista ATOS ou o livro O Cajado do Pastor têm ajudado em seu ministério. Apreciaríamos receber fotos sua usando a Revista ATOS ou O Cajado do Pastor em seu trabalho de pregação ou ensino.

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projetada para treinar e equipar líderes de igreja. Contém escritos, com base bíblica, de muitos autores cheios do

Espírito. Esse livro foi compilado para satisfazer as necessidades

especiais de líderes de igreja que trabalham na Ásia,

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