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Carlos Maltz

Abilolado Mundo Novo

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Primeiro livro de Carlos Maltz, fundador e primeiro baterista dos Engenheiros do Hawaii

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Page 1: Abilolado Mundo Novo

Carlos Maltz

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O diálogo foi introduzido na litera-tura por Platão. Foi uma forma

engenhosa de envolver o leitor na complexa viagem do raciocínio, em forma de conversa. As conclusões e impasses brotam dos intercâmbios, da troca de visões e impressões, da mul-tiplicidade e variedade de percepções, que, no ser humano, estão longe da uniformidade. Tornou-se um método de investigação filosófica.

Mais tarde, com São Paulo, surge a literatura epistolar, em que o

diálogo se dá por cartas, com a troca de impressões reduzida ao universo de dois interlocutores solitários, mas dirigidas a um número indefinido de destinatários.

Tornou-se um método de doutri-nação religiosa.

Conservou mesmo assim o pro-cesso da tensão dialética, em

que visões distintas duelam, em busca da verdade, que, se estabelecida, terá o leitor como juiz absoluto, senhor das deduções.

No caso das epístolas de São Pau-lo, diferentemente dos diálogos

A velhA erA no divãRuy Fabiano

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de Platão, a visão é unilateral. Não se conhece - não se ouve - a voz do in-terlocutor, apenas supõem-se os argu-mentos que provocou, e a refutação e esclarecimentos que recebe.

O romance elevou o gênero epis-tolar ao nível da estética. E teve

momentos de esplendor em Chordelos de Laclos, com o clássico Ligações Perigosas, em que a trama romanesca se manifesta por cartas trocadas entre os protagonistas.

Carlos Maltz, psicólogo, astrólogo e roqueiro, uniu suas habilidades

heterogêneas - e incomuns numa única pessoa - para, fundindo as tradições epistolar e platônica, perpetrar um achado: a transposição do gênero para o âmbito da internet.

Reuniu num chat, que mantém em seu site, um microcosmo da

juventude brasileira de hoje, que transita por blogs, twitter, orkut e outros espaços de interatividade que a internet já há alguns anos oferece, inaugurando uma nova era nas comunicações interpes-soais. Uma era que funde (e confunde) muitas eras, frequentemente sem o devido senso de proporções, e que ex-põe o espírito deste tempo confuso e apocalíptico. O resultado é fascinante.

Ao mesmo tempo em que expõe suas idéias, leituras e observa-

ções, Maltz faz a cabeça de seus inter-locutores - ou pelo menos a conduz por caminhos que lhes são desconhecidos e inesperados -, sem que estes o percebam.

Abilolado Mundo Novo

Vem aí...

Carlos MaltzR$ à definir240 Páginas • 1a EdiçãoFormato 16,0 cm x 23,0 cmISBN 978-85-7636-095-7Editor: Roberto GobattoLançamento Nov. 2010

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Não há o tom explícito do mestre falando ao discípulo, como no

caso do Sócrates de Platão - que, embo-ra de carne e osso, não deixa de ser um personagem recriado por seu discípulo.

Maltz, com a autoridade que lhe dá a longa vivência en-

tre jovens - é um dos fundadores e primeiro baterista da banda de rock Engenheiros do Hawaii -, funde suas habilidades para colocar em cena o exame da realidade contemporânea.

Capta os desencantos de uma geração criada sob a égide

do consumo e da busca liberticida do prazer, e que, cumprindo à risca esse ideário, se sente lograda por não encontrar o pote de ouro da

felicidade no fim do falso arco-íris que lhe descortinaram.

O resultado é a sensação de or-fandade e a rebeldia niilista,

que, mais que agressão, expressam frustração e um doloroso pedido de socorro. Maltz fala no dialeto dos in-terlocutores, conhece-lhe os códigos, artes & manhas, o que lhe permite penetrar num círculo habitualmente impermeável aos forasteiros, dar o seu recado e, mais que isso, vê-lo de algum modo recepcionado.

E le não é propriamente um fo-rasteiro. Sabe com quem está

falando. Abriu mão de uma carreira vitoriosa de pop-star para refugiar-se em Brasília e estudar outro tipo de as-

Não é hora para estarmos en-tediados. Eu não estou nem um pouco entediado. Existem coisas incríveis acontecendo por aí e estão fora da grande mídia. As coisas quentes mesmo, são ainda meio inacessíveis. Não por bar-reiras ideológicas e religiosas como no passado (pelo menos aqui no ocidente). São barreiras dentro de nós mesmos armadas pela nossa preguiça espiritual, nosso comodismo existencial, barrados pelo medo de aban-donar o velho navio do materi-alismo. Vivemos um momento incrível da humanidade. Uma civilização está ruindo e outra começando.

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tros: os do firmamento. Abdicou da fama, sabendo-a um falso brilhante, e dedicou-se a buscar, inicialmente via astrologia, o sentido da existên-cia. Tornou-se psicólogo, estudioso da espiritualidade. E constatou que a Nova Era nada mais é (ou será) que a consumação de valores transmitidos desde priscas e imemoriais eras - e ja-mais praticados. O novo está no antigo. No eterno. Resta observá-lo.

Essa visão perpassa os diálogos, que fogem à ineficácia do tom

professoral/moralista. Se o adotasse, seria expelido. E é essa habilidade de pisar em ovos que lhe permite, neste originalíssimo Abilolado Mundo Novo, desvendar um cenário psicossocial

denso, dramático e surpreendente, que vale, no fim das contas, por um tratado metafísico-sociológico.

É a melhor radiografia que con-heço dos efeitos concretos do

relativismo humanista há décadas em curso. O vazio espiritual, a confusão de valores, a deterioração da instituição família, o consumismo imposto pela idade mídia brotam dos diálogos, que transcorrem fluviais, com todas as imperfeições e interjeições estilísti-cas com que rolam na internet. Maltz percebeu, na fragmentação aparente, povoada de reticências, um vasto pai-nel alegórico, que resulta num quadro expressionista.

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Quem quiser conhecer o que se passa na cabeça da atual ge-

ração de jovens brasileiros de classe média urbana - microcosmo da civi-lização ocidental - encontrará aqui vasto manancial.

O leitor jovem compartilhará do privilégio que tiveram os

cinco interlocutores de Maltz aqui reunidos, encontrando esclarecimen-tos para suas perplexidades - ou ao menos podendo constatar que alguns espantos e enigmas de que padece não são exclusivos da geração atual. Constituem um quadro clínico que abrange as gerações anteriores, pois a origem do mal é antiga.

O leitor maduro - pois este livro está longe de se destinar ape-

nas aos jovens - poderá refletir sobre o legado que ajudou a construir, na imperceptível ruptura que, em algum momento da história, se operou, no curso de muitas gerações.

Quanto ao autor, ao colocar a Velha Era no divã do espaço

virtual, marcou um gol de placa. Fez-se, com humildade, paciente de si mesmo.

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el escama

Giselle Beckham

Agent Smith

Cavaleiro da TrisTe Figura

Mutanteeuzinha

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carlosmaltz.com.br

abiloladomundonovo.blogspot.com