ABNT NBR 6028 - Anotações Sobre Resumo Resenha e Fichamento

Embed Size (px)

Citation preview

  • REDAO TCNICA

    RESUMO (NBR 6028), RESENHA E FICHAMENTO

    A NBR 6028, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas, define resumo como

    apresentao concisa dos pontos relevantes de um texto.

    Joo Bosco Medeiros completa a definio afirmando ser o resumo: uma apresentao

    sinttica e seletiva das idias de um texto, ressaltando a progresso e a articulao delas. Nele

    devem aparecer as principais idias do autor do texto.1

    A finalidade do resumo difundir as principais idias do autor lido, de modo a influenciar e

    estimular o leitor leitura do texto completo. Dizem Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi

    que os resumos s so vlidos quando contiverem, de forma sinttica e clara, tanto a natureza da

    pesquisa realizada, quanto os resultados e as concluses mais importantes.2

    Como resumir: noes tcnicas

    Resumir significa fazer um comentrio de alguma coisa. Um resumo dever ser fiel s idias

    do autor, apresentar uma estrutura capaz de revelar o fio condutor por ele traado e expressar tal

    capacidade de sntese que se destaquem os conceitos fundamentais do texto. Tambm,

    imprescindvel ter um cunho pessoal que demonstre a assimilao individual do pesquisador que,

    alicerado em seus interesses bsicos, traar os objetivos do resumo, classificando, informando ou

    criticando.

    Para melhor aproveitamento da leitura preciso entender o texto, pois impossvel resumir

    sem compreend-lo. Para a identificao precisa do tema, no se deve resumir antes de ler o texto

    todo. Veja-se, por partes, como fazer para encontrar a idia principal de um pargrafo, de um

    captulo ou uma seco, na obra.

    Como encontrar a idia principal no pargrafo?

    Antonio Henriques e Joo Bosco Medeiros assim definem o pargrafo: um conjunto de

    frases que forma um bloco, um todo constitudo de uma idia bsica, fundamental, em torno do qual

    gravitam idias secundrias em determinado nmero de linhas.3

    Entendido o que seja um pargrafo, deve-se enumer-los no texto e, em seguida, sublinhar

    as idias principais, fazendo-o com inteligncia. Sublinhar com inteligncia uma arte que ajuda a

    colocar em destaque as idias mestras, as palavras-chave e os pormenores importantes.4 O ato de

    sublinhar favorece marcar o que principal em cada pargrafo, permitindo realizar a reviso imediata.

    importante sublinhar somente as idias principais e os detalhes importantes. No se deve

    sublinhar em demasia.

    1 MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfica: a prtica de fichamentos, resumos, resenhas: estratgias de

    leitura - como redigir monografias : como elaborar papers. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1997, p. 118. 2 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho cientfico. 4. ed. So Paulo:

    Atlas, 1992, p. 73. 3 MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfica: a prtica de fichamentos, resumos, resenhas: estratgias de

    leitura - como redigir monografias: como elaborar papers. 3. ed. So Paulo : Atlas, 1997, p. 119. 4RUIZ, Joo lvaro. Metodologia cientfica: guia para eficincia nos estudos. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1996, p. 39.

  • Observe-se que um pargrafo contm, como j foi referido, uma s idia e geralmente

    comea com uma frase importante. Esta, em seguida, explicada, ilustrada, acompanhada de frases

    que o resumem. Neste caso, a idia principal est no incio do pargrafo. Mas, atente-se que, isso

    no regra. Muitas das vezes a idia principal encontra-se no final do pargrafo. Na maioria das

    vezes, a idia principal parte de uma orao e no a orao inteira. Pode-se resumi-la em poucas

    palavras conforme o exemplo abaixo:

    Pargrafo matriz para resumo:

    Contra a possibilidade de uma cincia do comportamento h um outro argumento, a propsito do qual, ao longo dos sculos, se acumula uma literatura to ampla quo pouco esclarecedora. Refiro-me ao argumento do livre-arbtrio: no podemos formular leis relativas ao comportamento humano, porque os seres humanos so livres para escolher a maneira como iro agir. Reluto em dar ateno a essa discusso ftil, mas a omisso completa poderia ser, suponho eu, chocante; creio que o argumento de importncia especialmente para as cincias do comportamento, que deveriam, examin-lo dos pontos de vista psicolgico e sociolgico para saber por que to persistentemente apresentado e por que merece acolhida to firme.

    Seguindo as indicaes aqui estabelecidas pode-se extrair a idia principal assim:

    Contra a possibilidade de uma cincia do comportamento, h o argumento do livre-arbtrio: no podemos formular leis de comportamento humano; os homens so livres para escolher. O argumento merece exame dos pontos de vista psicolgico e sociolgico.

    fundamental, para o bom entendimento do texto, adquirir o hbito de identificar a idia

    principal em todos os pargrafos que se l.

    Como encontrar a idia principal de um captulo ou seco, na obra?

    Cabe em qualquer leitura atentar para o sumrio da obra, procurando informaes nos ttulos,

    subttulos, intentando captar os passos do autor. H de se observar a hierarquizao das idias: a

    mais geral para todo o trecho e as menos gerais apresentadas logo abaixo desta. O autor

    geralmente procura distribuir as idias, valorizando-as.

    Exemplo de hierarquizao de idias em um captulo:

    3 NVEIS DE ESTUDO DA GRAMTICA 3.1 Fontica e fonologia 3.1.1 Aparelho fonador 3.1.2 Alfabeto fontico 3.2 Morfologia 3.2.1 Morfe e morfema 3.2.2 Classes de vocbulos 3.3 Sintaxe 3.3.1 Orao: perodo simples e composto 3.3.2 Coordenao e subordinao

    O que so detalhes importantes?

    O prprio autor indica o que importante para expressar seu pensamento. Assim, os

    exemplos, os argumentos, as ressalvas, as excees, so detalhes importantes.

  • Finalmente, como redigir o resumo?

    Segundo a NBR 6028 da ABNT, deve-se evitar o uso de pargrafos no meio do resumo.

    Portanto, o resumo constitudo de um s pargrafo.

    Para formular um resumo alguns lembretes so necessrios: sublinhar depois da primeira

    leitura feita, porquanto se ter a noo do que trata o texto; sempre reconstruir o pargrafo a partir

    das palavras sublinhadas, num movimento integrador de idias; evitar as locues: o autor

    descreve... ou neste artigo, o autor expe que...

    Como se pode perceber, h algumas regras para a confeco do resumo, quais sejam:

    supresso, generalizao, seleo e construo. Estas regrinhas, na verdade so etapas do prprio

    resumo.

    Na supresso eliminam-se as palavras secundrias do texto (assim como: exemplos,

    reforos, esclarecimentos, advrbios, adjetivos, preposies, conjunes) desde que no se

    prejudique a compreenso.

    A generalizao permite a substituio de elementos especficos por outros genricos

    (exemplos: 1. no lugar de ma, limo, pra e laranja, usar a palavra frutas; 2. no lugar de regies

    norte, sul, leste e oeste, do Brasil, utilizar regies do Brasil).

    A seleo elimina as informaes secundrias com a valorizao das primrias.

    A construo a fase na qual o autor cria uma nova frase, respeitando o contedo daquela

    que lhe inspirou (parfrase).

    Na formulao do resumo, o problema deve ser enunciado e as principais descobertas e

    concluses devem ser mencionadas, na ordem em que aparecem no trabalho. O tratamento dado ao

    tema pode ser traduzido mediante uso de palavras como preliminar, minucioso, experimental, terico.

    O resumo ser redigido na terceira pessoa do singular (de preferncia), em perodos curtos e com

    palavras acessveis a qualquer leitor potencialmente interessado.

    Joo Bosco Medeiros expe que o resumo , para o pesquisador, um instrumento de

    trabalho, constituindo-se numa sntese da obra em estudo e, como tal, pode apresentar-se sob trs

    diferentes formas: resumo indicativo, resumo informativo, resumo crtico.5

    O resumo indicativo ou descritivo elimina quaisquer dados que no sejam aqueles essenciais.

    Refere-se s partes mais importantes do texto e, por ser to simplificado, no dispensa a leitura do

    original. Exemplo:

    ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem : a redao no vestibular. So Paulo :

    Mestre Jou, 1981. 184 p.

    Estudo realizado sobre redaes de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base nas novas tendncias dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramtica do texto, uma teoria do texto. So objeto de seu estudo a coeso, o clich, a frase feita, o no-texto e o discurso indefinido. Parte de conjecturas e indagaes, apresenta os critrios para a anlise, o candidato, o texto e farta exemplificao.

    6

    5 MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfica : a prtica de fichamentos, resumos, resenhas : estratgias de

    leitura : como redigir monografias : como elaborar papers. 3. ed. So Paulo : Atlas, 1997, p. 119. 6 Exemplo retirado de: MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfica: a prtica de fichamentos, resumos,

    resenhas - estratgias de leitura: como redigir monografias : como elaborar papers. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1997, p. 119.

  • O resumo informativo reproduz com fidelidade a matriz, no que diz respeito s idias

    principais e detalhes importantes. Exemplo:

    ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redao no vestibular. So Paulo: Mestre

    Jou, 1981. 184 p.

    Examina 1500 redaes de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro resultou de uma tese de doutoramento apresentada USP em maio de 1981. Objetiva caracterizar a linguagem escrita dos vestibulandos e a existncia de uma crise na linguagem escrita, particularmente desses indivduos. Escolheu redaes de vestibulandos pela oportunidade de obteno de um corpus homogneo. Sua hipteses inicial a da existncia de uma possvel crise na linguagem e, atravs do estudo, estabelecer relaes entre os textos e o nvel de estruturao mental der seus produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carncia de nexos, de continuidade e quantidade de informaes, ausncia de originalidade. Tambm foram objeto de anlise condies externas como famlia, escola, cultura, fatores sociais e econmicos. Um dos critrios utilizados para a anlise a utilizao do conceito de coeso. A autora preocupa-se ainda com a progresso discursiva, com o discurso tautolgico, as contradies lgicas evidentes, o nonsense, os clichs, as frases feitas. Chegou concluso de que 34,85 dos vestibulandos demonstram incapacidade de domnio dos termos relacionais: 16,95 apresentam problemas de contradies lgicas evidentes. A redundncia ocorreu em 15,25 dos textos. O uso excessivo de clichs e frases feitas aparece em 69,05 dos textos. Somente em 40 textos verificou-se a presena de linguagem criativa. s vezes o discurso estrutura-se com frases bombsticas, pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.

    7

    O resumo crtico apresenta uma crtica congruente, com alicerce cientfico a respeito do texto

    em estudo. Ser nesse caso, um resumo interpretativo, denominando-se resenha.

    Cabe salientar que a resenha no um simples resumo. Este apenas um elemento da

    estrutura da resenha. O resumo no admite o juzo valorativo, o comentrio, a crtica. A resenha

    exige tais elementos. Normalmente, uma resenha traz as seguintes informaes:

    1) Referncias Bibliogrficas (seguir as normas da ABNT)

    2) Apresentao do texto

    Qual o texto?

    Quem o autor?

    Com que propsito foi escrito?

    Que tipo de texto esse?

    Para que leitor foi escrito?

    3) Resumo

    Uma exposio sucinta das idias que voc considera serem as mais relevantes do texto

    4) Crtica

    7 Exemplo retirado de MEDEIROS, Joo Bosco. Redao cientfica : a prtica de fichamentos, resumos,

    resenhas : estratgias de leitura : como redigir monografias : como elaborar papers. 3. ed. So Paulo : Atlas, 1997, p. 119.

  • O autor atingiu seus objetivos?

    Quais sim, como ou por qu?

    Quais no, como ou por qu?

    Anlise tanto da forma quanto do significado.

    5) Conselhos para o leitor

    Quem deve ler?

    Quem no deve ler?

    Por qu?

    O fichamento uma forma de investigar que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar) todo

    o material necessrio compreenso de um texto ou tema. Instrumentos imprescindveis para o

    pesquisador, as fichas permitem: identificar as obras, conhecer seu contedo, fazer citaes, analisar

    o material, elaborar crticas.8

    uma parte importante na organizao da pesquisa de documentos, permitindo um fcil

    acesso aos dados fundamentais para a concluso do trabalho. Esse trabalho facilitar a procura do

    pesquisador, que ter ao seu alcance as informaes coletadas nas bibliotecas pblicas ou privadas,

    na Internet, ou mesmo em seu acervo particular, evitando que consulte mais de uma vez a respeito

    de um determinado tema, por no conseguir guardar em sua memria todas os dados aos quais teve

    acesso.

    Os registros no so feitos necessariamente nas tradicionais folhas pequenas de cartolina

    pautada. Podem ser feitos em folhas de papel comum, cadernos ou, mais modernamente, em

    bancos de dados computadorizados, entre outros. O importante que eles estejam bem organizados

    e de acesso fcil para que os dados no se percam. Existem quatro tipos bsicos de fichamentos: o

    fichamento bibliogrfico por autor, o fichamento bibliogrfico por assunto, o fichamento de transcrio,

    e o fichamento de resumo/analtico. Veremos a elaborao dos dois ltimos.

    Ficha de transcrio (ou de citao)

    Este tipo de fichamento serve para que o pesquisador selecione as passagens que achar

    mais interessantes no decorrer da obra. necessrio que seja reproduzido fielmente o texto do autor

    (cpia literal). Aps a transcrio, indica-se a referncia bibliogrfica cabvel, ou ento encabea-se a

    ficha com a referncia bibliogrfica completa da obra e aps a(s) citao(es), coloca(m)-se o(s)

    nmero(s) da(s) pgina(s) de origem. Se o trecho for citado entre aspas duplas e no seu curso

    houver uma palavra ou expresso aspeada, estas aspas devero aparecer sob a forma de aspas

    simples ().

    8 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho cientfico. 4. ed. So Paulo : Atlas, 1992, p. 51.

  • Transcrio Ttulo do fichamento

    Referncia bibliogrfica

    Texto de fichamento

    Ficha resumo/analtica

    Uma ficha resumo/analtica consiste numa sntese de um livro, captulo, trecho ou de vrios

    livros com a inteno de elaborar um trabalho ordenado de concluses pessoais ou mesmo de um

    grupo. Para fazer uma ficha resumo/analtica necessrio: verificar a indicao bibliogrfica, fazer

    um esquema, e elaborar o resumo propriamente dito.

    A indicao bibliogrfica mostra a fonte da leitura; o resumo sintetiza o contedo da obra em

    redao do prprio fichador e/ou atravs de transcries literais, e nesse caso, com indicao

    parenttica da(s) pgina(s); as citaes dizem respeito s transcries significativas da obra; a

    anlise crtica do contedo lido apresenta as apreciaes do fichador, pela anlise e crticas

    coerentes e cientificamente responsveis, sustentadas nas idias do prprio fichador e/ou em outros

    textos, os quais sero devidamente referenciados conforme ABNT, no corpo desse item ou em notas

    de rodaps da ficha; a ideao coloca em destaque as novas idias surgidas frente leitura reflexiva.

    Resumo Ttulo do fichamento

    Referncias bibliogrficas

    IDEAO:

    OBSERVAES:

  • Bibliografia: CERVONI, Jean. A enunciao. So Paulo, tica, 1989. CITELLI, Adilson. Linguagem e persuaso. 10. ed. So Paulo, tica, 1995. FVERO, Leonor L. Coeso e coerncia textuais. 3. ed. So Paulo, tica, 1995. FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A Redao pelo Pargrafo. Braslia, Editora UnB, 1995. FIORIN, Jos Luiz. Linguagem e ideologia. So Paulo, tica, 1988. KLEIMAN, Angela. Leitura ensino e pesquisa. 2. ed. Campinas, Pontes, 1989. ---------------------. Oficina de leitura: teoria e prtica. 6. ed. Campinas, Pontes, 1998. KOCH, I. V. & TRAVAGLIA, L. C. A coerncia textual. 6. ed. So Paulo, Contexto, 1995. ---------------------. Texto e coerncia. 4. ed. So Paulo, Cortez, 1995. MARCUSCHI, Luiz Antnio. Anlise da conversao. So Paulo, tica, 1986. SAVIOLI, Francisco Plato & FIORIN, Jos Luiz. Para entender o texto: leitura e redao. So Paulo,

    tica, 1995. ---------------------. Lies de texto: leitura e redao. So Paulo, tica, 1996. ZILBERMAN, R. & SILVA, E. T. da (Org.). Leituras: perspectivas interdisciplinares. 2. ed. So Paulo,

    tica, 1991.