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HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA
RESIDÊNCIA MÉDICA EM CIRURGIA GERAL
ABORDAGEM DO ABDOME AGUDO GINECOLÓGICO
VALDENOR NEVES FEITOSA JÚNIOR
FORTALEZA
2018
2
VALDENOR NEVES FEITOSA JÚNIOR
ABORDAGEM DO ABDOME AGUDO GINECOLÓGICO
ORIENTADOR: DR. GUSTAVO REGO COÊLHO
FORTALEZA
2018
Monografia submetida ao Hospital
Geral de Fortaleza como parte dos
requisitos para a conclusão de
Residência Médica em Cirurgia Geral
3
VALDENOR NEVES FEITOSA JÚNIOR
ABORDAGEM DO ABDOME AGUDO GINECOLÓGICO
Residência em Cirurgia Geral
Hospital Geral de Fortaleza
Aprovado em ___/___/___
Banca Examinadora:
Gustavo Rego Coêlho
Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará
________________________________
Francisco de Assis Costa
Especialista em Cirurgia Geral, Chefe do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital
Geral de Fortaleza
___________________________________
José Eudes Bastos Pinho
Especialista em Cirurgia Geral
______________________________________
4
SUMÁRIO
1. RESUMO..................................................................................................5
2. INTRODUÇÃO.........................................................................................7
3. OBJETIVOS.............................................................................................8
4. METODOLOGIA.....................................................................................10
5. RESULTADOS........................................................................................11
6. CONCLUSÃO.........................................................................................34
7. REFERÊNCIAS......................................................................................36
5
RESUMO
INTRODUÇÃO: Abordagens cirúrgicas em casos de Abdome Agudo
ginecológico são Cada vez mais realizadas por videolaparoscopia. As
principais etiologias na emergência podem ser divididas em 4 grandes grupos:
Inflamatório/infeccioso, hemorrágico, Funcional e Vascular. OBJETIVO:
Orientar a abordagem inicial ao Abdome Agudo Cirúrgico na Emergência do
Hospital Geral de Fortaleza e disseminar conhecimentos para acadêmicos e
residentes. METODOLOGIA: O presente trabalho é parte integrante de um
manual organizado pelos concludentes das residências de Cirurgia Geral e
Digestiva do HGF em conjunto com preceptores do hospital. Cada capítulo foi
baseado em fontes renomadas da literatura cirúrgica mundial bem como artigos
científicos recentes. RESULTADOS: As principais etiologias do Abdome Agudo
Ginecológico Hemorrágico são gravidez ectópica rota e rotura de cisto
hemorrágico, sendo o tratamento rotineiramente cirúrgico por
videolaparoscopia de urgência. Das causas infecciosas, a doença inflamatória
pélvica é a que possui a maior relevância, tendo seu tratamento inicialmente
clínico. Em relação às causas funcionais, os cistos foliculares e luteínicos
assumem as principais causas, tendo seu tratamento normalmente
conservador. Das causas isquémicas, as torções de anexos ou miomas são
uma urgência cirúrgica, devendo ser abordadas o quanto antes.
CONCLUSÃO: Um fluxograma para classificação e propedêutica do Abdome
Agudo Ginecológico na Emergência foi desenvolvido, de forma a orientar o
diagnóstico.
6
ABSTRACT
INTRODUCTION: Surgical approaches in cases of acute gynecological
abdomen are increasingly performed by videolaparoscopy. The main etiologies
in the emergency can be divided into 4 large groups: Inflammatory / infectious,
hemorrhagic, Functional and Vascular. OBJECTIVES: To guide the initial
approach to Acute Surgical Abdomen in the Emergency of the General Hospital
of Fortaleza and disseminate knowledge to academics and residents.
METHODS: This work is an integral part of a manual organized by the HGF
Surgeon General and Digestive Surgeons in conjunction with hospital
preceptors. Each chapter was based on renowned sources from the global
surgical literature as well as recent scientific articles. RESULTS: The main
etiologies of Acute Gynecological Hemorrhagic Abdomen are ruptured ectopic
pregnancy and hemorrhagic cyst rupture, being the routine surgical treatment
by videolaparoscopy of urgency. Of the infectious causes, the pelvic
inflammatory disease is the one that has the most relevance, having its initially
clinical treatment. Regarding the functional causes, the follicular and luteal cysts
assume the main causes, and their treatment is usually conservative. Of the
ischemic causes, the torsos of annexes or fibroids are a surgical urgency and
should be approached as soon as possible. CONCLUSION: A flowchart for the
classification and propaedeutics of Acute Gynecologic Abdomen in the
Emergency was developed, in order to guide the diagnosis.
7
INTRODUÇÃO
O abdome agudo ginecológico é caracterizado como uma
dor ou insulto abdominal, de origem no aparelho reprodutor feminino, podendo
causar peritonite e até mesmo quadro de choque, fazendo com que a paciente
procure assistência médica para uma conduta potencialmente cirúrgica (1,4).
Um exemplo de afecção cirúrgica mais frequente é a Gravidez
Ectópica Rota (GER) (2). Por outro lado, a Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
apresenta-se como um abdome agudo aparentemente cirúrgico, porém o
tratamento, em sua maioria, é clínico com antibioticoterapia adequada.
Esse tipo de abdome agudo tem uma peculiaridade, o perfil de paciente
mais comumente acometido é de mulheres jovens em idade fértil (4), ou seja, a
cirurgia minimamente invasiva deve ser levada em consideração tanto pela
integridade do aparelho reprodutor, quanto pela estética.
Durante o capítulo, as afecções serão divididas didaticamente em:
hemorrágicas, infecciosas ou inflamatórias, vasculares ou isquêmicas e
funcionais (Tabela 1). Sendo apresentadas apenas as mais comuns na nossa
prática cirúrgica.
8
Tabela 1 - Causas de Abdome Agudo Ginecológico
1. Causas hemorrágicas:
- Gravidez ectópica rota
- Cisto ovariano hemorrágico
2. Causas vasculares ou isquêmicas:
- Torção de cisto ovariano
- Torção de mioma uterino
- Torção anexial
3. Causas infecciosas ou inflamatórias:
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
4. Causas funcionais:
- Ruptura de cisto folicular
9
OBJETIVOS
Geral
• Compor um manual para organização e
sistematização de diagnóstico e condutas em casos de Abdome Agudo
Ginecológico na Emergência Cirúrgica do Hospital Geral de Fortaleza.
Específicos
• Descrever, de forma sucinta, a classificação do
Abdome Agudo Ginecológico em quatro grupos etiológicos: Inflamatório,
Funcional, Vascular e Hemorrágico.
• Orientar a propedêutica diagnóstica em casos de
Abdome Agudo Ginecológico, elencando os principais sinais e sintomas de
cada doença, bem como os exames e a terapêutica a ser realizada.
• Disseminar conhecimentos sobre Emergência
Cirúrgica para estudantes de Medicina, médicos e residentes de Cirurgia.
• Elabora um fluxograma para a Abordagem Inicial do
Abdome Agudo Cirúrgico
10
METODOLOGIA
Este trabalho surgiu como iniciativa por parte dos
concludentes das Residências de Cirurgia Geral e Cirurgia Digestiva do
Hospital Geral de Fortaleza, bem como de cirurgiões egressos da residência de
Cirurgia Geral deste Hospital com o objetivo de formar um Manual para orientar
a propedêutica inicial ao Abdome Agudo na Emergência do Hospital Geral de
Fortaleza.
O Manual é composto por 14 capítulos, distribuídos entre
os concludentes. Foram elencados os principais temas referentes a doenças
prevalentes dentre os pacientes admitidos na Emergência do Hospital Geral de
Fortaleza. O presente capítulo, juntamente com o de nome “Abdome Agudo na
Sala de Emergência”, serve de introdução ao Manual, apresentando as
principais causas de Abdome Agudo e a propedêutica diagnóstica inicial.
Para a confecção do capítulo, procuramos adotar
linguagem direta e concisa, além de apresentar o conteúdo de forma breve e
dinâmica. A intenção é fornecer um panorama inicial dos assuntos de forma
que o leitor possa ter uma visão geral, aprofundando seus conhecimentos nos
capítulos específicos de cada doença.
Foram utilizados tanto fontes consagradas da literatura
médica cirúrgica quanto artigos recentes, de forma a permitir um embasamento
teórico e impedir que possíveis vícios da prática diária pudessem contaminar o
texto do capítulo.
Após a escrita do esboço inicial, todos os participantes enviaram
seus textos para uma revisão inicial realizada por um dos membros,
encarregado da organização e estruturação do livro. Foram dadas orientações
de forma a homogeneizar a composição dos capítulos e direcionar a escrita
para os objetivos do Manual.
Após a primeira revisão, os autores receberam os capítulos
de volta com sugestões. Uma vez realizadas as alterações sugeridas, os textos
foram enviados para a apreciação dos revisores específicos de cada tema,
escolhidos dentre preceptores das residências envolvidas. Uma vez concluída
a segunda revisão, essa versão do texto foi enviada para revisão ortográfica,
diagramação e demais trâmites envolvidos no processo de publicaçã
11
RESULTADOS
O texto a seguir apresenta a versão final do capítulo (a introdução
corresponde à introdução dessa Monografia).
Inicialmente, será visto uma abordagem geral de um Abdome Agudo
Ginecológico. Logo após, iremos abordar as principais doenças
individualmente.
1 – QUADRO CLÍNICO E EXAME FÍSICO
A apresentação de uma paciente com abdome agudo
ginecológico é bastante variável, dependendo da causa base, o que dificulta,
em certos casos, o diagnóstico adequado.
Seguindo a orientação de uma boa prática médica, a história
clínica pormenorizada, associada a um exame físico bem conduzido, é de
extrema importância na propedêutica desse tipo de afecção.
A história gineco-obstéstrica tem papel importante para elucidação
diagnóstica. Informações como uso de anticoncepcionais, metrorragia,
dispareunia, ciclo menstrual, corrimento e relação sexual sem proteção são de
extrema relevância.
O exame físico ginecológica com avaliação da cavidade vaginal e
anexos, nesses tipos de patologias, é imprescindível. Tanto é que para fechar
critérios diagnostico para DIP, a realização de tal exame é mandatória. O
exame especular permite a caracterização do aspecto do colo, identificando
sinais de gravidez, traumatismo ou infecções.
Epidemiologicamente, o perfil de paciente é uma mulher jovem, em
idade fértil, relatando dor pélvica aguda caracterizada em hipogastro, podendo
ou não se tornar progressivamente difusa, levando, em alguns casos, a sinais
de peritonite (2).
12
Causas hemorrágicas podem demonstrar palidez, adinamia, choque
hipovolêmico e dor abdominal difusa com irritação peritoneal. Nos casos de
uma Gravidez Ectópica Rota, a paciente pode apresentar sinal de Blumberg
pela peritonite, sinal de Cullen (equimose periumbilical) e sinal de Laffon (dor
no ombro/escapular pela irritação do nervo frênico). O grito de Douglas é um
sinal presente durante o toque vaginal quando se comprime o fundo de saco.
Nas vasculares, a dor é o sintoma mais relevante, caracterizada como
súbita e de forte intensidade, deixando a paciente muitas vezes em posição
antálgica. O perfil da paciente com afecção inflamatória/infecciosa, como a DIP,
segue os preceitos de um processo inflamatório intra-abdominal: dor
inicialmente localizada com progressão para difusa, febre associada, hiporexia,
adinamia etc. (2)
3 – EXAMES LABORATORIAIS
Os exames laboratoriais são comuns aos que são solicitados em
outras entidades de abdome agudo.
Hemograma completo para avaliar o grau de anemia em um
provável cisto hemorrágico roto. O leucograma, a Proteína C Reativa (PCR) e a
Velocidade de Hemossedimentação (VHS) nos mostrarão como está a
resposta inflamatória da paciente, pois, quando alterados, podem sugerir um
quadro mais grave.
O coagulograma – Tempo de Ação de Protrombina (TAP) e
Tempo Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) – nos ajudará principalmente na
programação cirúrgica e anestésica, pois, se tais exames estiverem alterados,
o bloqueio do neuroeixo com uma raquianestesia, por exemplo, estará
contraindicado.
Os exames acima também servem como uma alerta de prováveis
complicações durante o ato cirúrgico, sendo prudente já solicitar reserva de
13
Concentrado de Hemácias, Plasma Fresco Congelado e Concentrado de
Plaquetas.
Exames como função renal, eletrólitos, função hepática e
gasometria arterial não costumam estar alterados, pois a população mais
acometida é de mulher jovem em idade fértil. Contudo, em paciente que
apresentam um abdome agudo em estado grave, com sinais de sepse ou
choque, os exames supracitados devem ser solicitados, porém não devem
atrasar a conduta cirúrgica.
O Súmario de Urina, ou Urina tipo 1, é um exame a ser
considerado pelo o diagnóstico diferencial com cistite ou pielonefrite.
Muito importante não esquecer jamais da necessidade de solicitar
beta-hCG, marcador de atividade trofoblástica, para toda paciente em idade
fértil e com abdome agudo. Um beta-hCG negativo afasta a possibilidade de
prenhez ectópica, uma vez que não há, por definição, gravidez sem elevação
deste exame. Níveis acima de 1000 UI/L asseguram gestação em 95% dos
casos. (4)
Então, resumidamente, os exames que podemos solicitar para um
abdome agudo ginecológico são:
- Hemograma Completo - Sódio
- TAP - Potássio
- TTPA -Gasometria Arterial
- Uréia - Creatinina
- Beta-hCG (obrigatório) - Sumário de Urina
- VHS - PCR
14
4 – EXAMES DE IMAGEM
O rotina de abdome agudo com raio-x pode nos auxiliar no
diagnóstico diferencial do abdome agudo ginecológico, como em casos de
cálculo renal, quando radiopaco, ou um fecalito em topografia de apêndice, ou
até mesmo um quadro de obstrução intestinal.
Devido à anatomofisiopatologia do abdome agudo ginecológico, o
Ultrassom (US), tornou-se um método essencial na avalição inicial dessa
patologia. Apesar de ser operador-dependente, é um exame barato e de fácil
acesso, sendo na maioria dos casos suficiente para o diagnóstico. (5)
Podemos solicitar o US abdominal, que pode nos mostrar patologia
abdominais, como calculo renal e apendicite. Em seguida, um US transvaginal
pode ser realizado para caracterizar melhor o útero e anexos. (5)
Na GER, por exemplo, podemos ter alguns achados interessantes ao
US que fecham o diagnóstico, como massa anexial com líquido livre em
cavidade (8). A Figura 1 mostra duas prenhez ectópica, onde podemos
visualizar uma massa em região anexial (A e B) e um anel tubário – “sinal da
rosca” – apresentando centro anecóico, periferia hiperecogênica com um halo
anecóico ao redor (C e D).
15
Figura 1 - Gestação ectópica tubária em duas pacientes (A + B) e (C + D); A. Útero
(cabeça de seta); B. Massa tubária (seta branca); C. Útero (cabeça de seta) com anel tubário
(seta amarela) ao lado; D. Ovário direito (seta azul) com anel tubário (seta amarela) ao lado.
Fotos cedidas pelo Dr. Helvécio Feitosa.
Em casos de dúvida diagnóstica, mesmo após a realização da
ultrassonografia, podemos realizar exames como a Tomografia
Computadorizada (TC) e a Ressonância Nuclear Magnética (RNM), que são
exames que podem nos dar uma visão melhor da patologia em questão, com o
porém de serem caros e de difícil acesso. (6)
5 - TRATAMENTO
Como citado anteriormente, o tratamento do abdome agudo
ginecológico possui uma peculiaridade importante: ocorre em mulheres jovens
com idade fértil e, às vezes, sem prole definida. Dessa forma, a integridade do
16
aparelho reprodutor e a estética devem ser levadas em consideração. A
cirurgia minimamente invasiva então ganha bastante espaço nessas situações
(17).
A cirurgia laparoscópica possui o benefício de ser diagnóstica e
possivelmente terapêutica ao mesmo tempo. Contudo, devemos ter uma
indicação adequada, pois também é um procedimento com riscos e feito sob
anestesia geral.
A conduta expectante ou conservadora também deve ser
aventada. A gravidez ectópica, se não rota, possui tratamento medicamentoso,
como será visto adiante. Na DIP, em suas fases iniciais, a conduta é
antibioticoterapia. Rotura de cisto funcional ou torção de anexos podem ser
auto-resolutivos, apenas com conduta expectante.
Em caso de dúvida diagnóstica, a laparoscopia pode ser indicada
para elucidar o caso, sem necessitar de tratamento cirúrgico (17).
Atualmente, o tratamento cirúrgico por laparoscopia é preferencia. Só
não se recorre a este recurso quando há instabilidade hemodinâmica,
indisponibilidade do equipamento e ausência de um cirurgião habilitado na
técnica laparoscópica (4). A conversão de laparoscopia para laparotomia deve
ser considerada nas seguintes situações:
a) se a paciente se tornar hemodinamicamente instável;
b) falha do equipamento ou instrumental laparoscópico;
c) problemas para visualização adequada do campo cirúrgico (p.ex.
falha na remoção dos coágulos).
O uso do manipulador uterino (dispositivo introduzido via vaginal)
durante a laparoscopia deve ser sempre lembrado.
O cirurgião necessita ter um bom conhecimento da anatomia pélvica
para realizar as várias técnicas cirúrgicas que demandam um abdome agudo
ginecológico.
As possíveis cirurgias realizadas na vigência de um abdome
agudo ginecológico são:
17
- Salpingectomia, sendo a mais comum tanto por laparoscopia,
como por laparotomia (consiste na retirada da trompa acometida);
- Salpingostomia (enuclacao do ovo embrionário com conservação
da trompa);
- Histerectomia, em casos de intensa miomatose uterina sangrante;
- Drenagem de Hematoma ou abscesso;
- Anexectomia; -
Apendicectomia;
- Ooforectomia; -
Cistectomia;
- Líse de Bridas; -
Miomectomia.
6 - CAUSAS DE ABDOME AGUDO GINECOLÓGICO
6.1 – EPIDEMIOLOGIA
Dentre as causa hemorrágicas, a GER é a causa mais comum,
ocorrendo entre 1:4.000 e 1:30.000 gestações. A sua incidência aumenta nas
pacientes submetidas à fertilização in vitro, chegando a aproximadamente
1:100 (2).
A prenhez ectópica oscila em torno de 1 a 2 % das gestações
sendo mais frequente em mulheres acima dos 30 anos de idade e naquelas
que já conceberam anteriormente (9). Sua localização mais comum é na
ampola, seguida da posição ístimica.
18
A DIP ocorre principalmente nas mulhrese jovens e nulíparas com
incidência de 850.000 casos/ano nos Estados Unidos (2). A sua taxa de
mortalidade é baixa, porém sua morbidade é alta, trazendo como
consequências: infertilidade, aumento da chance de prenhez ectópica, dor
pélvica e dispareunia (9).
Menos frequentemente, as torções parciais ou totais de órgãos
ou tumores pélvicos podem ser causa de abdome agudo. Provocam quadro
agudo de dor ao causarem isquemia dos mesmos; quando não se intervém o
mais precocemente possível, pode haver necrose e perda total do órgão,
ocasionando a morte. Nos Estados Unidos, estudos epidemiológicos mostram
que a torção ovariana é a quinta causa de emergência cirúrgica ginecológica,
correspondendo a aproximadamente 2,7% de todos os casos de abdome
agudo. É também mais comum nas mulheres que se submeteram à
estimulação ovariana. (10)
6.2 – DIAGNÓSTICO, APRESENTAÇÃO,
CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO.
6.2.1 Gravidez Ectópica Rota
A Prenhez Ectópica é definida quando o blastocisto não está
implantado na superfície endometrial uterina. As gestações ectópicas podem
acontecer desde as trompas (local mais comum), até fígado ou diafragma
(locais raros) (7). A prenhez ectópica mais comum é a ampular, seguida da
ístmica.
Seu diagnóstico deve ser suspeitado na vigência dessas três
condições:
- Atraso menstrual
19
- Dor pélvica
- Sangramento transvaginal
A partir desse quadro e na possibilidade de abdome agudo
ginecológico, um Ultrassom Transvaginal (USTV) deverá ser solicitado. Este
método consegue visualizar um saco gestacional intrauterino a partir de 5
semanas. Caso a idade gestacional seja desconhecida, podemos usar o valor
discriminatório do Beta-hCG, que é de 1.500 mUI/mL - valor no qual um saco
gestacional já deveria ser visualizado (7).
Seguem fluxogramas de investigação diagnóstica numa suspeita de
GER (Figura 2 e 3).
Figura 2 - Fluxograma para o diagnóstico não invasivo da gravidez ectópica. Adaptado
de: Elito Junior j, Montenegro NAMM, Soares RC, Camano L. Gravidez ectópica não rota –
diagnóstico e tratamento. Situação atual. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008; 30(3):149-59
20
Figura 3 - Fluxograma para o diagnóstico não invasivo da gravidez ectópica. Adaptado
de: Elito Junior j, Montenegro NAMM, Soares RC, Camano L. Gravidez ectópica não rota –
diagnóstico e tratamento. Situação atual. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008; 30(3):149-59
Em relação ao tratamento, há a possibilidade de conduta
conservadora e clínica na gravidez ectópica utilazando metotrexato (7). No
livro, contudo, será abordado o tratamento da prenhez ectópica ROTA.
A abordagem de uma paciente com GER deve ser analisada com
cuidado, dando preferência à via laparoscópica (Figura 4). O cirurgião deve ter
programação para o ato operatório, sendo as opçoes esclarecidas à paciente.
21
Figura 4 – Gravidez ectópica (seta branca) por videolaparoscopia. A – Note a presença
de sangue livre na cavidade proveniente da rotura da prenhez ectópica. B - Note o ovário (seta
azul) abaixo e o restante da trompa (seta amarela), com a prenhez ampular. Foto cedida pelo
Dr. Nogueira.
Orientações para a paciente: possibilidade de histerectomia,
colostomia, internamento em UTI e conversão para laparotomia. Tais medidas
extremas normalmente são tomadas no diagnóstico tardio da afecção, porém
devem ser sempre levadas em consideração.
Sumariamente, temos dois tipos de tratamento cirúrgico: Radical
e Conservador.
O tratamento radical consiste na Salpingectomia – Figuras 5 e 6
– (descrição cirúrgica ao final do capítulo), tendo como indicações (4):
- Sangramento incontrolável;
- Paciente com prole constituída;
- Gravidez ectópica recorrente;
- Trompa uterina lesada;
- Saco gestacional > 5 cm.
Note que a Figura 6 mostra uma salpingectomia por via vaginal
(colpotomia), técnica descrita inicialmente em 1896 que, assim como a
laparoscópica, é menos invasiva e possui menos complicações no pós-
22
operatório. Contudo, possui restrição quanto à experiencia do cirurgião, o que a
torna uma via de exceção. Dessa forma, a videolaparoscopia é via de escolha
(20).
No tratamento conservador, podem ser realizados os seguintes
procedimentos: Salpingostomia Linear (mais comum), Ressecção Segmentar e
Expressão Fimbrial. Levando em consideração que não há indicação para
tratamento radical, as indicações para as cirurgias conservadoras seguem
abaixo (4):
- Implatação na região ístimica (Ressecção Segmentar com
possibilidade de reanastomes imediata ou tardia);
- Implatação próxima a região da fímbria (Expressão Fimbrial);
- Prole não definida;
- Trompa contralateral doente;
- Saco gestacional < 5 cm.
23
Figura 5 – Peça cirúrgica de uma salpingectomia por uma gravidez ectópica. Note o
feto ligado pelo cordão umbilical à trompa (seta branca). Foto cedida pelo Dr. André Nunes.
Figura 6 – Prenhez ectópica numa paciente submetida à Salpingectomia via vaginal. A
– Visualização de trompa acometida (seta branca) via vaginal (Colpotomia). B – Produto de
salpingectomia. C – Salpingotomia para visualização de concepto. Fotos cedidas pelo Dr.
Nogueira.
6.2.2 Doença Inflamatória Pélvica
A DIP é uma doença inflamatória/infecciosa que possui um largo
espectro de apresentação. Desde apenas uma endometrite até uma peritonite
abdominal. É definida como um conjunto de sinais e sintomas inerentes à
ascensão (ao trato genital superior) de uma infecção adquirida na comunidade
(DST) (11).
24
É importante sabermos quais os agentes etiológicos mais
comuns, pois assim podemos guiar nosso tratamento. Os mais prevalentes são
a Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis. (11,12)
São fautores de risco: idade < 25 anos, nível socioeconômico
baixo, início precoce de atividade sexual, tabagismo, alcoolismo, múltiplos
parceiros sexuais e história prévia de DST ou DIP (12).
O quadro clínico clássico que deve ser levantada a hipótese de
DIP é o seguinte:
- Corrimento vaginal purulento
- Dor abdominal pélvica
- Febre
Vale lembrar que a DIP também pode ser assintomática em
alguns casos. (11)
Devido à ascensão do processo inflamatório para o trato genital
superior e cavidade abdominal, a DIP pode se apresentar de várias formas(13):
- Endometrite
- Abscesso tubo-ovariano, entre alças, em fundo de saco,
subdiafragmático.
- Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (exsudato purulento ou
aderências na superfície hepática), também conhecida como aderências em
“cordas de violino” – Figura 6.
- Infertilidade por fator tubário
25
Figura 6 – Paciente com DIP. Durante a laparoscopia, visualizado aderências em
“cordas de violino” (Sd. de Fitz-Hugh-Curtis – seta branca) acima do fígado (seta azul). Foto
cedida pelo Dr. Nogueira.
O diagnóstico mostra-se difícil em alguns casos por causa da
gama de variações na apresentação clínica. Não existe teste diagnóstico
definitivo para DIP (15).
O Ministério da Saúde, seguindo recomendações do Centers for
Desease Control (CDC), orienta que o diagnóstico seja feito da seguinte
maneira(15):
- Um critério ELABORADO
- Um critério MAIOR + três critérios MENORES
Veja os critérios na Tabela 2 a seguir:
Tabela 2 - Critério maiores, menores e elaborados para DIP.
Critérios Maiores
- Dor no abdômen inferior
- Dor à palpação dos anexos
26
- Dor à mobilização do colo uterino
Critérios Menores
- Temperatura axilar > 37,5ºC
- Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal
- > 5 leucócitos por campo de imersão em secreção endocervical
- Proteína C reativa ou Velocidade de Hemossedimentação elevada
- Comprovação laboratorial de infecções cervical pelo Gonococo,
Chlamydia ou Mycoplasma
- Massa pélvica
- Leucocitose
Critérios Elaborados
- Histopatologia com evidência de endometrite
- US pélvica com evidência de abscesso tubo-ovariano ou no Fundo de
Saco de Douglas
- Laparoscopia com evidência de DIP
Adaptada de: 14. Roberta Maia de Castro Romanelli, Stella Soares Sala Lima, Luciana Vilela
Viotti, Wanessa Trindade Clemente, Regina Amelia Lopes Pessoa de Aguiar, Agnaldo Lopes
Silva Filho. Abordagem atual da doenca inflamatória pelvica. Rev Med Minas Gerais 2013;
23(3): 347-355
A DIP possui um estadiamento que serve para classificar e guiar a
conduta terapêutica, domiciliar ou hospitalar. Segue a classificação de Monif
(14):
- Estágio 1: Endometrite/salpingite sem peritonite;
- Estágio 2: Salpingite aguda com peritonite;
27
- Estágio 3: Salpingite aguda com abscesso tubo-ovariano ou oclusão
tubária;
- Estágio 4: Abscesso tubo-ovariano roto.
Atualmente, recomenda-se tratamento ambulatorial apenas para o
Estágio 1 (maioria dos pacientes). Os outros estágios devem ser tratados em
regime hospitalar com antibioticoterapia venosa, considerando a possibilidade
de abordagem cirúrgica. A Tabela 3 resume as principais indicações
(12,14,15).
TABELA 3 – INDICAÇÕES DO REGIME DE
TRATAMENTO NA DIP
AMBULATORAL HOSPITALAR
- Estágio 1 de Monif - Estágios 2, 3 e 4 de Monif
- possibilidade de ingesta oral das
medicações
- Suspeita de outras emergências
cirúrgicas
CIRÚRGICO - Falha no tratamento ambulatorial
- Suspeita de rotura do
abscesso/hemoperitônio
- Intolerância ou baixa adesão ao
tratamento ambulatorial
- Falha do tratamento clínico - Gestantes
- Abscesso em fundo de saco - Paciente imunocomprometidos
São critérios considerados também para tratamento hospitalar: a
ausência de resposta clínica, a piora do quadro geral, impossibilidade de
acompanhamento ambulatorial e a intolerância aos medicamentos (14).
O tratamento com antibióticos deve ser guiado para os germes
Gonococo, Chlamydia e anaeróbicos. O esquema antimicrobiano a ser seguido
28
pode ser tanto o do Ministério da Saúde (semelhante ao CDC), como a da
própria Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH).
O esquema de Antibióticos recomendado pela CCIH do Hospital
Geral de Fortaleza (HGF) é o seguinte:
Tratamento ambulatorial:
1ª linha – Ceftriaxona 250 mg, IM, Dose Única + Doxiciclina 100
mg , VO de 12/12 horas por 14 dias.
Alternativo – Ciprofloxacino 500 mg, VO, de 12/12 horas +
Tetraciclina 500 mg, VO, de 6/6 horas por 14 dias.
OBS: Os esquemas podem ser associados ao Metronidazol 400 a
500mg, VO de 12/12h ao esquema de tratamento, especialmente em
casos de vaginose ou de necessidade de cobertura para anaeróbios.
Tratamento Hospitalar:
1ª Linha – Ampicilina-Sulbactam 3 g, EV, de 6/6 horas +
Doxiciclina 100 mg, VO, de 12/12 horas por 14 dias.
Alternativo – Clindamicina 900 mg, EV, 8/8 horas + Gentamicina
3-5 mg/kg dose, IM/EV, por 14 dias.
OBS²: Segundo o CDC (12), a Cefoxitina (2 g, EV, de 6/6 horas)
pode ser usada como alternativa à Ampicilina-Sulbactam. A dose da
Gentamicina pode ser: 2mg/kg, EV/IM, seguido por uma dose de
manutenção de 1,5 mg/kg de 8/8 horas.
O tratamento do parceiro também deve ser realizado, caso tenha
tido contato sexual nos últimos 60 dias. O tratamento proposto pode ser (14):
Azitromicina 1g, VO, Dose única + Ceftriaxona 250 mg, IM, dose
única ou Ciprofloxacina 500 mg, VO, dose única.
O tratamento cirúrgico segue a mesma ideologia da Prenhez ectópica
rota, dando preferência à videolaparoscopia, que na DIP faz parte dos critérios
elaborados. Novamente, a paciente deve ser advertida sobre as principais
complicações do ato cirúrgico.
29
Em especial na DIP, o cirurgião deve estar preparado para os seguintes
procedimentos:
- Drenagem de abscessos + toalete da cavidade;
- Coleta de material para exame de cultura;
- Lise de aderências;
- Aposição de drenos;
- Salpingectomia, anexectomia e histerectomia.
6.2.3 Ruptura de Cisto Funcional
As doenças benignas do ovário incluem uma grande variedade de
entidades. Dentre elas, temos os cistos funcionais, tumores benignos bem
comuns em adolescentes e em mulheres jovens com idade fértil, porém podem
estar presente em qualquer idade. São eles: os cistos foliculares, os cistos de
corpo lúteo e os cistos tecaluteínicos (19).
Tais cistos são achados normalmente incidentais e de regressão
natural. Contudo, podem evoluir com crescimento excessivo, rotura e ruptura,
gerando um abdome agudo ginecológico (16).
Devido à hemorragia pra cavidade folicular em sua formação, o
cisto de corpo lúteo apresenta maior chance de rotura e hemorragia,
comparativamente aos outros custos funcionais (19).
A paciente pode apresentar com dor pélvica importante, podendo
estar associada a reflexos autonômicos como náuseas e vômitos (16).
Dependendo da quantidade de sangue acumulado em um cisto, pode ser
possível certo grau de hipovolemia ou até mesmo choque hemorrágico, sendo
esta situação bem mais grave e rara.
30
O US transvaginal é imprescindível na propedéutica do cisto de
ovário. O exame ultra-sonográfico realizado por profissionais experientes
apresenta sensibilidade superior aos marcadores tumorais, por exemplo, na
detecção de tumores de ovário (18).
São características de um cisto funcional ao ultrassom:
- Unilateral;
- Cística;
- Cápsula intacta;
- Superfície Lise;
- Conteúdo homogêneo com septos finos
- “Anel de Fogo” (achado ao Doppler de um cisto de corpo lúteo)
Como a maioria dos cistos são achados incidentais, sua conduta
é expectante, podendo ser feito controle ecográfico programado, pois sua
resolução costuma ser espontânea. Caso a paciente apresente sintomas,
mesmo com líquido livre na cavidade, o tratamento com analgésicos ou anti-
inflamatórios pode ser realizado, associado ao seguimento ultrassonográfico
(18).
Mais uma vez, a laparoscopia possui papel fundamental nos
casos de cistos funcionais que necessitam de abordagem cirúrgica.
A cirurgia será indicada em casos de dúvida diagnóstica e em pacientes
com instabilidade hemodinâmica ou peritonite. Usualmente, o procedimento
realizado é a Cistectomia (retirada do cisto), sendo incomum a necessidade de
ooforectomia ou salpingectomia. Na dúvida diagnóstica, uma biópsia de
congelação poderá ser solicitada. Caso seja encontrado cisto em ovário
contralateral, este não deverá ser abordado, evitando ao máximo a
manipulação desnecessária das demais estruturas pélvicas, a fim de impedir a
formação de aderências (18).
Cuidado! Em determinadas situações, uma paciente gestante (10
semanas, por exemplo) pode apresentar líquido na cavidade ao US associado
31
a uma massa anexial complexa (corpo lúteo). A retirada do cisto pode resultar
em abortamento provocado.
A rotura do cisto ovariano representa a principal causa de erro
diagnóstico de Gravidez Ectópica Rota. Um exame valioso nesta situação é a
dosagem da progesterona sérica, indicativo de gestação viável. Um valor
excedendo a 25 ng/mL exclui gestação ectópica com sensibilidade de 97,5%.
Já valores inferiores a 5 ng/mL sugerem gestação inviável (22).
6.2.4 Torção de anexos ou de mioma
A torção de estruturas pelo seu pedículo pode acarretar em
isquemia e, consecutivamente, em necrose. Dessa forma, temos um abdome
agudo ginecológico de causa vascular.
Por isso que o diagnóstico e tratamento precoce são
imprescindíveis, evitando a progressão da doença para um quadro grave e
talvez perda do órgão em questão.
Normalmente o sintoma mais comum é uma dor forte de início
súbito (tipo “facada”), associada a um exame físico incialmente sem grandes
alterações à palpacão abdominal. Contudo, a palpacão de uma massa anexial
associada a esse quadro é bastante sugestiva de torção anexial (16).
O exame de eleição para o diagnóstico é a US, podendo revelar
um aumento e edema dos anexos com a presença de líquido circundando o
órgão comprometido. A dopplerfluxometria pode nos dar uma segurança da
viabilidade vascular do órgão e nortear a decisão de cirurgia conservadora (4).
Os miomas são os tumores mais comuns da mulher em idade
reprodutiva, afetando cerca de 20-30 % das mulheres com idade superior a 30
anos. Normalmente, os miomas pediculados são os mais propensos a sofrerem
32
torção (1), como mostrado na figura 7 de uma paciente que deu entrada no
Hospital Geral de Fortaleza com abdome agudo ginecológico.
Figura 7 - Mioma pediculado torcido (seta branca). Note o útero (seta azul) e ovários
íntegros (seta amarela). Foto cedida pelo Dr. Valdenor Feitosa.
A torção de anexos ou cisto anexiais é mais incomum
provavelmente por tais estruturas possuirem maior sustentação e fixação
anatômica. Em relação ao cisto de ovário, quando maiores que 10 cm,
possuem probabilidade maior de ocorrer torção, levando a um quadro
isquêmico (1).
Inicialmente, pelo menos, a laparoscopia deve ser o método de
escolha para abordagem cirúrgica. Como no caso da Figura 4, a paciente foi
inicialmente submetida à técnica laparoscópica e, após o diagnóstico, decidiu-
se por uma incisão de pfannenstiel para a miomectomia, garantindo uma
estética melhor no pós-operatório e uma menor resposta metabólica ao trauma
cirúrgico.
Os tipos de abordagens para os cistos ou ovários torcidos podem
ser radicais ou conservadores (4).
Em pacientes com prole definida ou perimenopausa:
33
- Anexectomia sem reverter a torção do pedículo;
Em paciente com idade reprodutiva:
- Reversão da torção, observação do retorno de fluxo sanguíneo por 20
minutos.
- Proceder com oofaropexia ou cistectomia, caso tecido revitalizado.
Atualmente, há indícios de que a origem de neoplasias de ovário
seja nas trompas. Dessa forma, nos casos em que for necessário realizar a
ooforectomia, há a indicação de realizar uma salpingectomia profilática,
diminuindo o risco futuro de desenvolvimento de Neoplasia de ovário (21).
34
6 – CONCLUSÃO
Como mostrado, uma paciente com abdome agudo ginecológico
merece uma história clínica criteriosa aliada a um exame físico cuidadoso. A
ecografia possui um caráter essencial na abordagem desse tipo de paciente,
sendo imprescindível na abordagem inicial. Todos esses fatores, se realizados
adequadamente, nos guiarão a um diagnóstico definitivo.
A abordagem cirúrgica, quando indicada, deverá ser por via
laparoscópica como tratamento de primeira linha, diminuindo, assim, os riscos
inerentes à manipulação dos órgãos pélvicos e garantindo uma menor resposta
métabolica.
Um fluxograma para guiar o atendimento foi confeccionado.
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7 – COLABORADORES
Dr. André Nunes Benevides (Cirurgia Digestiva)
Dr. Francisco Nogueira Chaves (Ginecologia e Obstetrícia)
Dr. Hélvcio Neves Feitosa (Ginecologia e Obstetrícia)
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