Abuso e Dependencia de Opioides

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    1/30

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associao Mdica Brasileira, tem por objetivo conciliar informaesda rea mdica a m de padronizar condutas que auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico.

    As informaes contidas neste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico,

    responsvel pela conduta a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente.

    1

    Autoria: Associao Brasileira de Psiquiatria

    Sociedade Brasileira de Patologia Clnica e

    Medicina Laboratorial

    Sociedade Brasileira de Medicina de

    Famlia e Comunidade

    Elaborao Final: 31 de outubro de 2012

    Participantes: Bicca C, Ramos FLP, Campos VR, Assis FD,

    Pulchinelli Jr A, Lermnen Jr N, Marques ACPR,

    Ribeiro M, Laranjeira RR, Andrada NC

    Abuso e Dependncia dosOpioides e Opiceos

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    2/30

    2 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    DESCRIO DO MTODO DE COLETA DE EVIDNCIA:Foram revisados artigos nas bases de dados do MEDLINE (PubMed) e outras fontes depesquisa, sem limite de tempo. A estratgia de busca utilizada baseou-se em perguntasestruturadas na forma P.I.C.O. (das iniciais Paciente, Interveno, Controle, Outcome).Foram utilizados como descritores:Opioid-Related Disorders, Substance-Related Disorders,Acute Disease, Chronic Disease, Drug Tolerance, Substance Withdrawal Syndrome, analgesics,opioid; narcotics, heroin dependence, substance abuse, intravenous, signs and symptoms,adverse effects, constipation/chemically induced, dizziness/chemically induced, vomiting/chemically induced, deep sedation, heart/drug effects, pupil/ drug effects, complications,developmental disabilities, mortality, pain, pain intractable, pain measurement, prevention &control, Prescription Drugs/adverse effects, Self Medication, causality, disease susceptibility,Anxiety Disorders, Mood Disorders, Depressive Disorders, Age of Onset, Aged, Age Factors,Aged, 80 and over; Genetics, Genetic Variation, Genetic Heterogeneity, Genetic Predisposi-tion to Disease, Genetic Association Studies, Genetic Linkage, Genotype, Phenotype, DNA/genetics, Chromosome Mapping, Genome-Wide Association Study, Gene Frequency, Poly-morphism Genetic, Risk, Risk Factors, Age, Factors, Sex Factors, Sex Characteristics, TimeFactors, Socioeconomic Factors, Acquired Immunodeficiency Syndrome, HIV Infections,HIV Seropositivity, Harm Reduction, Needle-Exchange Programs, Comorbidity, Pregnancy,Pregnancy complications, Fetal development, abnormalities, drug-induced; maternal fetalexchange, milk-human; breast feeding, prenatal exposure delayed effects, gestational age,therapeutic use, psychotropic drug, Medication Adherence, Patient compliance, Drug TherapyCombination, Dose-Response Relationship, drug; delayed-action preparations, opiate substi-tution treatment, methadone, buprenorphine, clonidine, methadyl acetate (LAAM), narcotics

    antagonistics, naltrexone, morphine, oxycodone, hydromorphone, heroin/therapeutic use,cognitive therapy, behavior therapy, psychotherapy, relaxation therapy, self-help groups,combined modality therapy, patient education as topic, rehabilitation, quality of life.Essesdescritores foram usados para cruzamentos de acordo com o tema proposto, em cadatpico das perguntas P.I.C.O. Aps anlise desse material, foram selecionados os artigosrelativos s perguntas que originaram as evidncias que fundamentaram a presente diretriz.

    GRAU DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistncia.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistncia.C: Relatos de casos (estudos no controlados).

    D: Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consensos, estudos fisiolgicosou modelos animais.

    OBJETIVO:Auxiliar o mdico da ateno primria sade a reconhecer e orientar sobre o abuso dosopioides e opiceos, encaminhando o paciente para tratamento especializado.

    CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaborao desta diretriz esto

    detalhados na pgina 21.

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    3/30

    3Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    INTRODUO

    A papoula (Papaver somniferum), planta da onde extrado opio, era cultivada desde 3400 a.C. na Mesopotmia. O uso dopio acompanhou o desenvolvimento da civilizao. Em 330 a.C.,

    Alexandre O Grande levou o pio Prsia e ndia. Hipcratesdesmisticou os atributos mgicos do pio e reconheceu o usocomo narctico no tratamento de doenas internas de mulherese nas epidemias, em 460 a.C. Por 2 sculos, de 1300 a 1500,desaparece da histria europeia. Para a Inquisio, estava ligadoao diabo. Em 1527, durante a Reforma, Paracelsus reintroduz o

    pio na literatura mdica como um ludano. Friedrich Sertrner,em 1803, sintetizou a morna e, em 1827, na Alemanha, comeaa produo comercial. Em 1843, Dr. Alexander Wood descobre aadministrao injetvel da morna, com diminuio no perodode ao e aumento da potncia.

    Os opiceos so classicados em naturais, semissintticos esintticos (Quadro 1). Os opiceos naturais so substncias queso extradas do pio, diretamente do clice da papoula; os semis-

    sintticos so resultado de uma modicao parcial da substnciaoriginal, sendo a herona (diacetilmorna) o primeiro descrito naliteratura mdica, sintetizada por Wright, em 1874. Em 1902,surgem os primeiros relatos em revistas mdicas, discutindo efeitoscolaterais, sintomas de abstinncia e semelhana da sintomatologia adio de morna1(D).

    Quadro 1

    Classificao dos opiceos / opioides.

    Naturais

    Semissintticos

    Sintticos

    Agonistas-antagonistas

    Antagonistas puros

    pio, morfina, codena, tebana

    herona, oxicodona, hidroxicodona, oximorfona, hidroximorfona

    metadona, meperidina, petidina, fentanil,

    levo--acetilmetadol (LAAM)

    buprenorfina, nalbufina, pentazocina

    naltrexona, naloxona

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    4/30

    4 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    Os opioides e opiceos so substncias deorigem e estruturas qumicas diferentes, com

    aes e efeitos clnicos semelhantes. Ambassubstncias qumicas atuam como agonistas dosreceptores opioides especcos pr-sinpticosou ps-sinpticos, localizados geralmente nosistema nervoso central (crebro e medulaespinhal), e tambm no sistema perifrico. Osopioides so substncias fabricadas em labo-ratrio, sintticas, obtidas pela replicao dafrmula qumica de um opiceo. Os opiceos

    tambm so conhecidos por narcticos devidoa sua ao analgsica e hipntica. Os sinais esintomas causados pelo uso crnico de opioidesso conhecidos desde o incio do sculo 202(D).

    Considerando a complexidade do problemaem questo e sendo a Ateno Primria Sade(APS) rmada por princpios de acesso, integra-lidade, longitudinalidade e coordenao inicial

    dos cuidados, faz-se necessria a orientao dosmdicos atuantes na porta de entrada prioritriadesse sistema, a APS, para que estejam prepara-dos para lidar com o uso, o abuso e a dependnciados opioides e opiceos, desde o reconhecimentodo problema at o encaminhamento dos casosmais graves para outros nveis de ateno. Comoo problema resultar em consequncias sociaispara os prprios pacientes e seus familiares, omdico atuante na APS dever identicar arede de ateno sade disponvel para o manejointegral desses usurios, que pode ser formada porNASF (Ncleo de Apoio Sade da Famlia),CAPS (Centro de Ateno Psicossocial), hospi-tais, centros de apoio comunitrios, organizaesno-governamentais (ONGs) e outros aparelhossociais disponveis.

    1. QUAIS SOAS INDICAES TERAPUTICASDOSOPIOIDES/OPICEOS?

    Os opioides constituem as drogas de escolhapara o tratamento da dor aguda ps-operatriae, tambm, para indivduos com grandes quei-maduras ou politraumatizados3(B) e em dorescrnicas4(A)5,6(D). O uso de opioides na Psiquia-tria bem restrito: indicado no tratamento dedependentes de opioides, tanto na desintoxicaocomo na terapia de manuteno. Na desin-toxicao, a retirada dos opioides pode ser feitapor meio da reduo gradativa na dosagem damedicao usada ou pela troca por um opioidede longa ao7(D). Na terapia de manuteno,

    feita a substituio da herona por metadona,um opioide de longa ao, que usado por umperodo maior ou por muitos anos8(A).

    RecomendaoH indicaes teraputicas dos opioides/

    opiceos para o tratamento de dores agudas3(B)e crnicas4(A), assim como no tratamento dadependncia de opioides, da desintoxicao

    terapia de manuteno8(A).

    2. OSOPIOIDES/OPICEOS TM EFICCIA NOTRATAMENTODADORCRNICA?

    A Organizao Mundial de Sade (OMS)lanou, em 1986, o sistema de escadas para otratamento da dor oncolgica4(A)5,6(D). Essesistema consiste de trs degraus e o primeiro

    modelo utilizado e aceito de forma universalpara o controle da dor do cncer. A escadaanalgsica um algoritmo simples e razovelpara o tratamento da dor oncolgica, e baseia-sena gravidade da dor segundo os pacientes. Osestudos demonstram que, com a utilizao daescada analgsica da OMS, obtm-se alvio ade-quado em 90% dos pacientes oncolgicos9,10(D).

    O primeiro degrau, o tratamento da dorleve, recomenda os anti-inflamatrios no-

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    5/30

    5Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 5

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    hormonais (AINES) e os analgsicos comuns,como a dipirona e o paracetamol. Para o trata-mento das dores neuropticas, as medicaesadjuvantes, como antidepressivos e anticonvul-sivantes, so tambm recomendadas.

    O segundo degrau utilizado para o tra-tamento de dores leves a moderadas, e incluia adio de um opioide fraco, quando falhoua prescrio anterior. A codena e o tramadolesto disponveis no Brasil.

    O terceiro degrau substitui o opioide fracopor um forte, que no Brasil inclui a morna,a metadona, a oxicodona, a hidromorfona, ofentanil transdrmico e a buprenorna trans-drmica, recomendado para o controle de doresmoderadas a graves que no so aliviadas com aprescrio do segundo degrau.

    Outras recomendaes da OMS4(A)5,6(D).

    As medicaes devem ser tomadas prefe-rencialmente pela via oral, mas a via trans-drmica boa alternativa quando h algumimpedimento para a primeira;

    Os analgsicos devem ser dados pelo rel-gio, ou seja, em intervalos xos;

    A dose deve ser individualizada devido variabilidade individual na metabolizao e tolerncia aos opioides;

    Reavaliar com frequncia, para reajuste dadose ou troca da medicao;

    Aps o surgimento da escada analgsica,houve expanso para sua utilizao nasdores crnicas no-oncolgicas e foi criadoo quarto degrau, para aqueles pacientes queno respondem terapia medicamentosa ouque no toleram seus efeitos colaterais, que o tratamento intervencionista da dor6(D).

    As evidncias da eccia dos opioides emdor no-oncolgica tem crescido bastante emmuitas doenas11(B), entre 18% e 41% desses

    pacientes que recebem derivados de opioidespara dor no-oncolgica evoluem para abusode substncia3(B). No Quadro 2, observam-se alguns graus de recomendao para algunsopioides em dor crnica no-oncolgica.

    Quadro 2

    Estudo

    Morfina de liberao cronogramada em dor no-oncolgica12

    Oxicodona em dor na coluna13

    Oxicodona em osteoartrose14

    Hidromorfona em dor mista15

    Fentanil transdrmico (FT) X Oxicodona em lombalgia crnica16

    Buprenorfina transdrmica em dor crnica no-oncolgica17

    Graus de recomendao para uso de opioides.Grau de recomendao

    B

    A

    A

    B

    B

    A

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    6/30

    6 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    RecomendaoO uso de opioide conforme a escala anal-

    gsica da OMS tem boa eficcia no trata-mento da dor crnica oncolgica4(A) e no-oncolgica11,12(B). O uso deve ser preferencial-mente via oral, em intervalos xos; as dosesdevem ser individualizadas, com reavaliaofrequente5,6(D).

    3. COMOINCIDEOUSODEOPIOIDESEQUALAPREVALNCIADADEPENDNCIA?

    Estima-se entre 12 a 21 milhes de usu-rios de opioides no mundo inteiro, sendo quetrs quarto deles usam herona. A Europa e a

    sia so os principais mercados de consumode pio proveniente do Afeganisto18(D). NosEUA, o uso de herona estimado por 1,2milhes de usurios (0,6 % da populao en-tre 15 e 64 anos)19(D). Os americanos so os

    maiores usurios mundiais de opiceos20(A),consomem 80% do suplemento global. As ven-das dessas medicaes aumentaram 149%, de50,7 milhes de gramas, em 1997, para 126,5milhes de gramas, em 10 anos. E a venda

    per capita foi de 74 miligramas, em 1997,para 369 miligramas, em 2007 (402%)3(B).Os analgsicos derivados dos opiceos paratratamento de dor oncolgica ou no, mas

    sem prescrio mdica, geralmente so obtidosentre amigos ou por internet e seu consumoaumentou significativamente em 10 anos(1293% para metadona, 866% para oxicodonee 525% para derivados do fentanil)3(B). Essesmedicamentos sem prescrio mdica levam amorte 9,3 vezes mais frequentemente que acocana e 5,3 vezes, que a herona, nos EUA,sendo que quase 80% dessas mortes so no-intencionais3(B).

    O Quadro 3 apresenta a prevalncia do usode herona entre os estudantes americanos, no

    ano de 200921

    (D).No Brasil, o segundo levantamento domi-

    ciliar nas 108 maiores cidades, realizado peloCEBRID, em 2005, revelou que 1,3% da popu-lao faz uso na vida de opioides e as mulheres,entre 18 e 34 anos, so as que mais usam22(A).

    A incidncia de uso de herona de 0,09% e dexaropes de codena, 1,9%. O Brasil o maiorconsumidor de analgsicos opioides da Amricado Sul. Embora exista uma variedade de drogasopioides com indicao para uso clnico, osproblemas mais prevalentes esto associados herona23(D). O risco de uso e dependnciade outros opioides est limitado a pessoas quedesenvolveram dependncia no curso de umtratamento mdico e aos prossionais da sadeque tm acesso a opioides22(A). Estima-se, noBrasil, que entre os mdicos a taxa de uso nocivo de 4% e dependncia de opioides, 22,7%24(B).

    RecomendaoO uso incide entre pacientes que utilizam o

    opioide por prescrio mdica ou pelos prpriosprossionais da sade e a prevalncia estimadade dependncia no pas de 22, 7%24(B).

    Quadro 3

    Na vida

    ltimo ano

    ltimo ms

    Uso de herona por estudantes americanos, em 2009.

    8 grau

    1,3%

    0,7%

    0,4%

    National Institute on Drug Abuse, 201021(D)

    10 grau

    1,5%

    0,9%

    0,4%

    12 grau

    1,6%

    0,7%

    0,4%

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    7/30

    7Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 7

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    4. COMOAGEM OS OPICEOS/OPIOIDES?QUALSEUCURSOATADEPENDNCIA?

    Os opiceos agem em pelo menos cinco tiposde receptores especcos (Quadro 4), que se loca-lizam principalmente nas reas sensoriais lmbicase do hipotlamo, na amgdala e regio cinzentaperiaquedutal. Esses receptores esto envolvidosprincipalmente na dor, percepo, recompensa,respirao, presso sangunea e alerta21,25(D).

    Os padres de uso de opioides e algunsaspectos da sua toxicidade so poderosamenteinuenciados pela via de administrao e pelo me-tabolismo especco, bem como pelas condiessociais que determinam seus custos e pureza epelas sanes vinculadas a seu uso para nalida-des no-mdicas. Assim, os usurios podem serdivididos em: usurios clnicos, que abusam deanalgsicos em situao clnica; usurios de rua,

    aqueles que usam obtendo de fontes no-mdicase os que obtm a metadona legalmente26(D).

    O uso de opioides pode estar associado adiversos transtornos, dos quais o abuso e adependncia so apenas dois.

    Os transtornos vistos com mais frequnciaso aqueles induzidos por intoxicao, absti-

    nncia, sono e disfuno sexual. O delrio podeocorrer em pacientes hospitalizados. Fatoreseuforizantes e reforadores agudos, evitao deestados aversivos de abstinncia e talvez a per-sistncia de abstinncia leve protrada tenhamum destaque na dependncia de opioides26(D).

    Fatores como a disponibilidade da droga,vulnerabilidade, normas sociais e transtornospsiquitricos foram os principais determinan-tes da experimentao de herona e risco depsicopatologia. Os opioides so reforadorespositivos da autoadministrao de drogas eusados para eliminar estados desagradveisou aversivos, como dor, ansiedade e depresso(reforo negativo). A evoluo tpica parausurios de opioides ilcitos iniciada porperodos de abstinncia, voluntria ou forada(por deteno ou hospitalizao), e dura de

    algumas semanas a muitos meses, seguidospor recada ou uso de opioide e recada. Entreos adultos que ingressaram em tratamento, arecada ocorre mais frequentemente nos pri-meiros trs meses. Um tero dos pacientes recainos primeiros seis meses26(D). O tratamento

    Quadro 4

    Receptores opiceos21,25(D).

    Mu ()

    Kappa (k)

    Delta ()

    Epsilon ()

    Sigma ()

    Subtipo 1- responsvel pelos sintomas de analgesia, euforia e depresso respiratriaSubtipo 2- medeia efeitos gastrintestinais, como obstipao

    Medeia analgesia, sedao, miose, disforia e sintomas psicomimticos, como despersonalizao e desrealizao

    Medeia analgesia e pode estar associado mudana de humor

    Pode estar associado sedao

    Associado mudana de humor e talvez alucinaes. Ao antitussgena

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    8/30

    8 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    modica o risco de morte. A taxa de morta-lidade por abuso de herona de 14,66% (IC95% 12,82-16,50%), mas com o tratamentoh reduo do risco de 2,38% (RRR=2,38%com IC 95% 1,79-3,9%)27(B).

    Dentre os opioides, a herona a drogamais abusada e com alto poder de causardependncia. vendida como p branco oumarrom ou como substncia negra pegajosa,conhecida nas ruas como herona alcatronegro. A herona usada nas ruas normalmente misturada com outras drogas e/ou substn-cias como acar, amido, leite em p, quininoe estricnina. Muitos abusadores, por noconhecerem a procedncia e pureza da droga,ou pela combinao com o lcool, podem terrisco aumentado de overdose e morte19,28(D).Intoxicao aguda por opioide caracteriza-sepela trade de miose, depresso respiratria ecoma. A herona geralmente injetada, chei-

    rada/inalada ou fumada e chega rapidamenteao crebro, onde convertida em morna e seliga aos receptores opioides. Na forma cheirada,a herona inalada pelo nariz absorvida pelacorrente sangunea atravs dos tecidos nasais.Na forma fumada, inalada pelos pulmes. Osefeitos da herona fumada ou cheirada duramde 10 a 15 minutos20(A). A via preferencial deuso a parenteral (venosa e intramuscular). A

    injeo de herona a forma mais comumenteutilizada por pessoas em tratamento. Aps ainjeo intravenosa, ocorre intenso estado deeuforia (rush), com incio entre 7 e 8 segundos.Com a injeo intramuscular, o incio desseefeito mais lento, entre 5 e 8 minutos, acom-panhado de boca seca, rubor quente da pele,sensao de peso nas extremidades e confusomental. Com o uso da herona regular, a tole-

    rncia se desenvolve e mais herona necessriapara obteno de efeito de mesma intensidade.

    Todos os trs mtodos de administrao podemlevar a dependncia e a outros problemas de

    sade graves19

    (D).RecomendaoO uso ilcito de opioide marcado por

    perodos de abstinncia, que podem ser longose seguidos por uma recada, que mais frequen-temente ocorre nos primeiros trs meses26(D).Tem risco elevado de overdose e morte, prin-cipalmente se associado ao lcool21,28(D) e o

    tratamento modica esse risco27

    (B).5. QUAISSOOSSINAISESINTOMASDE IN-

    TOXICAOAGUDA/ABUSOPOROPIOIDESECOMOMANEJ-LOS?

    Os opioides usados abusivamente produzemum quadro de intoxicao, caracterizado porsedao, alterao do humor (predominando

    euforia) e miose (excetuando meperidina, quecausa midrase). Com o aumento da dose podeocorrer uma superdosagem (overdose), aciden-talmente (mais frequente) ou intencionalmente(tentativas de suicdio), o que requer atendimen-to mdico de emergncia (Quadro 5).

    A intoxicao acidental ocorre em pessoascom baixa tolerncia substncia, ao uso as-

    sociado a outras drogas depressoras do sistemanervoso central ou a uma variao abrupta dadose. O quadro clnico da overdose normal-mente agudo, h rpida estimulao cerebral,seguida de depresso do sistema nervoso central,obnubilao da conscincia ou coma, depressorespiratria, diminuio da atividade cardacae, em casos mais graves, convulses e morte. Aoverdose causa de mortalidade entre depen-dentes de opioides, principalmente usurios deherona2,28(D), podendo ser modicada diante

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    9/30

    9Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 9

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    Quadro 5

    Sinais eSintomas

    Uso RegularUso, intoxicao aguda e overdose

    2,28

    (D).

    Manejos

    Intoxicao Aguda Overdose

    Uso via oralAnalgesia

    MioseXerostomiaConstipao

    Diminuio da diureseNuseaVmito

    SonolnciaEnfraquecimento dos dentes

    Dificuldade de concentrao e de evocaoReduo do desejo e do desempenho sexual

    Dificuldades de relacionamentoProblemas no trabalho e financeiros, violaes

    da leiRisco de tolerncia e dependncia

    Uso endovenosoCoceira

    Sensao de prazer extremoSensao de calor no corpoEsquecimento do mundo"

    Mos e ps pesados

    Uso recente de opioideHumor alterado

    (Euforia inicial, seguida deapatia e disforia)

    Sensao de calorRuborPruridoMiose

    Depresso respiratriaAgitao ou retardo psicomotor

    Fala arrastadaJulgamento prejudicado

    Prejuzo no funcionamento socialou ocupacional

    Torpor ou comaPrejuzo na ateno ou memria

    Reteno urinria

    Pupilas puntiformes ou midrasedevido a anxia

    Depresso respiratriaLbios e corpo azulados

    Edema pulmonarArreflexia

    Rigidez muscularComa

    HipotermiaHipotensoBradicardia

    ChoqueAumento da presso intracraniana

    Arritmia cardacaConvulses

    Morte (depresso respiratria, edemapulmonar e cardaco)

    Opioides prescritos:Monitoramento mdicoOrientar sobre riscos

    Avaliao rotineira do tempo e dose de uso,tolerncia, dependncia

    Uso abusivo:Iniciar vnculo mdico pacienteQuestionar uso

    Orientar sobre riscosAvaliar tempo uso, tipo de substncia, dose, via

    de administrao, sinais de tolerncia edependncia

    Solicitar exames laboratoriais para monitorizaodo uso e abuso das substncias

    Entrevista motivacionalEnvolver a famlia e corresponsabilizar cuidado

    Avaliar droga usada, dose, tempodesde ingesto e possibilidade

    de hipxiaManter acesso endovenoso

    Controlar vias areas e sinais vitais

    Avaliar condies cardiopulmonaresMonitorar at diminuio oucessao da intoxicao

    No usar estimulantesComa:

    Tratar como na overdose (vercoluna ao lado)

    Aps cessada a fase de intoxica-o, seguir com as mesmasorientaes relacionadas ao

    uso abusivo (ver ao lado)

    Estabilizao do pacienteControlar vias areas e sinais vitais,

    Manter acesso endovenosoPrevenir aspirao

    Entubao/respirador

    Tratar hipotenso e arritmiaJ na unidade de internaohospitalar:

    Presso positiva de oxignio (seedema pulmonar)

    Coma: Naloxone 0,4mg (1 ml)endovenoso. Dobrar a dose

    15/15 minutos at resposta ou,no mximo, 3 doses.

    Manuteno: 4mg de Naloxone/litro deSG 5%,100 ml/h em 24-72 horas.

    Monitorar at 72 horas

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    10/30

    10 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    do uso de naloxane29(B). A mortalidade entrejovens usurios de drogas ilcitas 10 vezes

    maior que da populao geral, sendo estimada de9,1 por 1000 pessoas/ano (IC 95% 6,6-12,5%)e geralmente ocorre por overdose (57,9% doscasos), sendo que, em 13,1% dos casos, opaciente morre com abuso de substncias de-correntes de prescrio mdica. Estar em usode herona injetvel no ltimo ms aumenta aprobabilidade de morte em 5,8% (Hz=5,8%IC 95% 1,4-24,3%)30(B). O diagnstico do

    paciente, realizado com uma anamnese dopaciente ou com o acompanhante, associadoaos sinais e sintomas, ir nortear a sequnciado atendimento. O cuidado clnico inicial deveestabelecer uma via de acesso venoso adequado,com funcionamento das vias areas superiorese prevenindo aspiraes pulmonares, certicar-se do funcionamento cardaco e investigar aexistncia de hemorragia. O mdico da APS

    dever estar atento para tais sinais e sintomas(Quadro 5) para que possa, aps estabilizaoclnica, encaminhar o paciente com suspeitade overdose, de forma segura, por meio de umservio mvel de urgncia, para uma unidadede pronto-socorro mais prxima, para que esteseja adequadamente assistido. Esses cuidadosdevem ser mantidos at a droga ser metabolizadae o quadro clnico estabilizar. Outros cuidados

    mais especcos dependero das condies dopaciente, que poder necessitar de respirador ecuidados intensivos.

    O tratamento da superdosagem de opioidesdeve ser feito em salas de emergncia einclui31(D):

    Estabelecimento de suporte ventilatrioadequado;

    Correo da hipotenso e manejo do edemapulmonar, que est relacionado ao vaza-

    mento nos capilares pulmonares e no sobrecarga de uido e, portanto, as drogasdiurticas so contraindicadas;

    O coma e a depresso respiratria so acha-dos comuns nesses casos. O uso de naloxona proposto em todos os casos em que existaa suspeita de overdose de opioides, e se nohouver resposta, como, por exemplo, midra-

    se, agitao, melhora no nvel de conscinciae do padro respiratrio, imperativo revisarimediatamente o diagnstico de intoxicaopor opioides

    Avaliao da temperatura corporal (seestiver febril, investigue a existncia de in-feces, inclusive pneumonia de aspirao,

    endocardite, celulite, meningite, HIV ehepatite;

    Convulses induzidas por meperidina sorevertidas com o uso de naloxona.

    RecomendaoA intoxicao caracterizada por sedao,

    alterao do humor e miose. Caso haja au-

    mento da dose, isso pode causar uma super-dosagem e necessitar atendimento mdico deemergncia. O cuidado inicial inclui estabe-lecimento de funcionamento das vias areas,averiguao do funcionamento cardaco eda existncia de hemorragia. Esses cuidadosiniciais e geralmente emergenciais devem sermantidos at que a droga seja metabolizada eo quadro clnico estabilizado, pelo mdico dequalquer nvel de assistncia31(D).

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    11/30

    11Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 11

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    6. QUAIS SO OS SINAIS E SINTOMAS DASNDROME DE DEPENDNCIA E DEABSTI-

    NNCIA DE OPIOIDES E COMO INICIAR OTRATAMENTO?

    Sndrome de DependnciaOs opioides e opiceos so substncias

    muito aditivas e com alto potencial paradependncia. A exposio continuada a essassubstncias inicia um processo de habituao,cerebral e comportamental, aos efeitos da

    droga. Com essa adaptao droga, surgemos sinais e sintomas da dependncia. O graude dependncia varia com o tipo, a dose, otempo de uso e a velocidade de metabolizao eexcreo da substncia2,23,32(D). Os grupos demaior risco para dependncia so os usuriosde herona, os pacientes com dor crnica eos prossionais da sade. Para o diagnsticode dependncia de opioides so utilizados os

    critrios do CID 1033

    (D).Existem algumas peculiaridades ligadas a

    essas substncias: a tolerncia um fenme-no dissocivel da dependncia, sendo maisfrequente com morna e outros opioides deao curta; a ssura to intensa quantointensa for a adio do usurio; e a sndromede abstinncia inicia brevemente aps a cessa-

    o do uso e requer atendimento clnico2

    (D). uma situao muito desconfortvel, masgeralmente no perigosa28(D). Tambmexistem peculiaridades ligadas ao gnero e esteconhecimento pode ser til para identicaode populao de risco. No h diferenasentre os gneros ao avaliar o uso de morna(89% para os dois grupos) ou oxicodona (68%para homens e 65% para mulheres) entre osdependentes, mas a ssura maior entre asmulheres34(B).

    A dependncia de opioides uma condiocrnica, com recadas frequentes. Saindo da

    emergncia clnica, o paciente deve ser enca-minhado para atendimento especializado, pararealizao do tratamento especco. Por isso,o mdico deve reconhecer a existncia de umarede de ateno sade que disponibilize ser-

    vios multiprossionais e transdisciplinares,tais como NASF e CAPS; pois, alm do tra-tamento farmacolgico, ser necessria a utili-zao de tcnicas no-medicamentosas, comoa terapia cognitiva-comportamental28

    (D

    ).O tratamento melhora a qualidade da vida

    do dependente de opioides e opiceos35(B). Operodo de desintoxicao pode ser feito deforma ambulatorial ou mediante internao,com taxas semelhantes de abstinncia aps 1ms, de somente 16%; mas sendo mais longoem pacientes ambulatoriais36(B).

    O tratamento deve incluir a fase dedesintoxicao e de manuteno37,38(D).Utilizam-se frmacos tipo metadona39-43(B),buprenorna44-47(B), naltrexona oral45,48(B)ou intravenosa49(B); clonidina41,50,51(B),levo--acetilmetadol (LAAM)52(B), almde troca por opioides menos potentes comretirada gradual53(B); devendo ser asso-ciado a psicoterapia 47 (B )54 (C) e apoiopsicossocial55(B). Novos frmacos tm sidoavaliados56(A)57(B), com menos hipotensoque a clonidina 56(A) (Quadro 6).

    Sndrome de AbstinnciaOs sinais e sintomas de abstinncia surgem

    no dependente de opioide com a falta da subs-tncia, por diminuio ou parada do uso. Issoocasiona queda do nvel srico de opioide e, emresposta, ocorre hiperatividade autonmica e

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    12/30

    12 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    somtica. A sndrome de abstinncia uma situa-o que necessita manejo clnico apurado28,58(D).

    A intensidade do quadro clnico varia de acordocom a substncia e a dose usada, alm do tempotranscorrido desde o ltimo uso (Quadro 7).Por exemplo, a abstinncia de herona comeade 4 a 12 horas aps a ltima dose59(B) e, parametadona, de 24 a 72 horas60(B). Os sintomaspodem surgir de poucas horas at semanas oumeses do ltimo uso do opioide61(B).

    O tratamento da sndrome de abstinncia deopioides inicia-se pela desintoxicao (Quadro

    7). No entanto, o seguimento do tratamentoser decisivo para a continuidade da abstinncia.No atendimento do paciente em situao deprivao aguda, deve ser realizada uma avaliaoclnica detalhada, seguida do estabelecimento do

    vnculo mdico-paciente. Os cuidados iniciaisassociados ao incio da medicao visam dimi-nuio do desconforto do paciente e dos riscosassociados privao.

    O frmaco de primeira escolha para trata-mento da abstinncia a metadona. Diante dadenio de sndrome de abstinncia (midrase,

    Quadro 6

    DesintoxicaoTratamento da dependncia de opioides

    37,38

    (D).

    Ambulatorial ou hospitalarCurta (medicao at 30 dias)

    Longa (medicao de 30 a 60 dias)Manejo:

    AnamneseExame mdico

    Avaliao da gravidade da dependnciaMinimizao do desconforto

    Retirada progressiva do opioide em uso (5 a 14 dias)ou Troca por opioide menos potente e retirada gradual

    (estabelecer dose do 1odia e retirar 10% a 25% ao dia)ou Metadona* (20 a 40 mg, 2 a 4 vezes/dia por 24 a 72 horas

    e aps fazer reduo progressiva de 10 a 20% ao dia,conforme sintomatologia, at retirada total)

    ou Clonidina 0,3 a 1,2 mg/dia(pouco efetiva para insnia, agitao e fissura)

    ou Naloxone (0,4 a 0,8 mg IM) + Clonidina (1 mg/dia)Associar:

    Monitoramento da fissuraTreinamento de habilidades para fissuraEntrevista motivacional

    Acompanhamento familiar

    Desintoxicao

    Durao de 6 a 24 meses

    Medicaes:Metadona* (at 180 dias, na menor dose tolerada, sem sinto-

    mas de privao)ou

    Buprenorfina (8 a 16 mg/dia, sublingual)ou

    Clonidina (0,3 a 1,2 mg/dia)

    LAAM (levo-alfa-acetilmetadol) Herona

    Naltrexone 50 a 100 mg/dia(incio aps 10 dias sem opioides)

    Associar:Suporte social

    Terapia cognitivo-comportamental/longo prazo

    (preveno da recada e resoluo de problemas)Grupos de autoajudaTerapia familiar

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    13/30

    13Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 13

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    aumento de 10 mmHg da presso sistlica e10 bpm da frequncia cardaca, podendo existirsudorese, calafrios, suspiros, dores no corpo,diarreia, rinorreia e lacrimejamento) inicia-seo uso de 10 mg de metadona via oral, podendoser repetido a cada 4 horas, se pelo menos dois

    critrios descritos ainda existirem (Quadro 9).O uso por 12 semanas de metadona entre 30-130 mg/dia, na mdia de 97 mg/dia, compa-rado a placebo leva a benefcio de 1 em cada 2pacientes tratados (RRA=66,9% com IC95%51,5-80,5% e NNT=2 com IC95% 1-2), ondebenefcio signica menor quantidade de vezesde uso de herona por semana ou menor dosede herona na semana62(B). Cuidado especial

    deve ser observado ao administrar metadona empacientes com comorbidades (Quadro 8)63(D).

    Para pacientes refratrios e no responde-dores ao tratamento convencional, foi avaliadoo emprego de herona como terapia substitutivaao uso de herona ilcita. Ao comparar o uso

    Quadro 7

    Caracterstica

    6 a 14 horasSndrome de abstinncia de opioides

    28,58

    (D).24 a 72 horas 30 semanas ou +

    AnsiedadeFissura

    CompulsoInquietude

    IrritabilidadeMidrase

    AnorexiaSudoreseBocejosEspirrosNuseas

    Obstruo nasalRinorreia

    LacrimejamentoLombalgiaArrepiosTremores

    Ansiedade intensaInsniaTremor

    Bocejos contnuosDor abdominal

    Fraqueza

    VmitoDiarreiaSensao de frio

    PiloereoVermelhido

    Espasmos muscularesDor abdominalHipertensoTaquicardia

    Febre e calafriosEjaculao/ herona

    InapetnciaInsniaFissura

    AdinamiaAstenia

    Hipotenso

    BradicardiaDesnimoDesmotivao

    Sinais eSintomas

    Tempo aps uso

    Desconforto fsico Pico Desconforto vago

    Quadro 8

    Metadona deve ser utilizada com cuidado empacientes com63(D):

    Asma, doena pulmonar obstrutiva crnica, depresso respira-tria pr-existente, hipxia e hipercapnia;

    Depleo de volume e uso de alfa-bloqueadores;

    Trauma cerebral;

    Coadministrao com depressores do sistema nervoso central; Dor abdominal aguda;

    Intoxicao alcolica.

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    14/30

    14 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    de metadona via oral com herona injetvel,h benefcio de interrupo do uso em 6 meses

    com uso de herona em 1 em cada 2 pacientestratados (RRA=45,9% com IC 95% 27-64,8%e NNT=2 com IC 95% 2-4). No h dife-rena signicativa ao usar metadona injetvelou via oral (NNT=16 com IC 95% 4 atinnito)64(A). A prescrio de herona como te-rapia substitutiva deve permanecer como ltimotratamento para pacientes refratrios devido maior taxa de efeitos adversos graves59(B).

    RecomendaoA intensidade do quadro clnico varia de

    acordo com a substncia, dose usada e tempotranscorrido desde o ltimo uso2,23,32(D). Adependncia de opioides uma condio cr-nica e com recadas frequentes e o tratamentodeve combinar o uso de frmacos, terapiacognitivo- comportamental e planos no-far-

    macolgicos. O tratamento da dependnciadeve incluir a desintoxicao e o tratamentode manuteno e modifica a qualidade de

    vida dos dependentes35(B). A intoxicao poropiceos uma emergncia mdica e deve sertratada inicialmente com metadona sempre quedisponvel62(B). Se o quadro clnico permitir,o paciente deve ser transferido para serviosespecializados que administrem a metadona.

    7. QUAISSOASMORBIDADESMAISCOMUNS,CLNICAS E PSIQUITRICAS, RELACIONADASAOUSOAGUDOECRNICODEOPIOIDES?

    O uso de opioides atinge diferentes sistemascorporais e sua ao pode causar diversos sinaise sintomas que se manifestam no usurio eso diagnosticados em uma avaliao clnica(Quadro 9).

    O uso crescente de medicaes opioides semprescrio mdica representa um problema de

    sade pblica e os transtornos psiquitricos(transtornos de humor bipolar, depresso maior,transtorno de ansiedade, transtorno de ansie-dade generalizada e pnico) esto associados aesse modo de uso65-67(B). O uso de opioides podedesencadear o incio dos transtornos psiquitri-cos, sendo um dos fatores da alta prevalncia decomorbidades entre os usurios66(B). Estudosrealizados com abusadores de opioides encon-

    traram 37% a 85% dos pacientes com critriosde comorbidades psiquitricas ao longo da vida,particularmente depresso unipolar (30%),transtorno de personalidade (6%) e transtornode ansiedade generalizada (4%)68(B). Em umaamostra europeia, as comorbidades psiquitricasmais frequentes foram transtorno do humor,depresso recorrente e ansiedade, com presenasignicativa de sintomas somticos. A prevaln-cia de transtorno psictico em dependentes deopioides no foi signicativa. Os psicticos quedesenvolveram dependncia de opioides foramdiagnosticados como transtorno psictico inter-mitente, consequentes ao transtorno bipolar tipoI ou a psicose induzida por substncia69(B). Ouso crnico de herona pode confundir algunssintomas da intoxicao crnica de herona coma concorrncia de transtorno psiquitrico.

    A presena de transtornos psiquitricosaumenta o risco de uso de opioides e o riscode dependncia65,70(B). As comorbidades tmimpacto negativo no tratamento de substituiopara usurios de herona71(B).

    RecomendaoO uso de opioides pode desencadear trans-

    tornos psiquitricos e ser um dos fatores de au-mento da prevalncia de comorbidades65-67(B).

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    15/30

    15Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 15

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    Quadro 9

    Sistemas corporaisSistemas corporais e os sinais e sintomas do uso de opioides

    2,21

    (D).

    Pele e anexos

    Sinais e sintomas

    marcas de picadas de agulhaedema

    abscessoslceras

    Sistema cardiovascular miocarditesarritmias cardacas

    endocarditesarterites

    tromboflebitesangete necrotisante

    perturbaes da presso arterial

    Sistema nervoso central crises convulsivasdelrio

    estado confusional agudomielite transversa aguda

    leses de nervos perifricosmeningite bacteriana

    hiperalgesia

    Sistema gastrointestinal hepatitecirrose heptica

    pancreatite

    Sistema genitourinrio e reprodutor enfermidades do sistema reprodutorirregularidades menstruais

    sndrome genitourinrio-nefrticaginecomastia

    Sistema respiratrio microinfartos pulmonaresfibrose pulmonar crnica

    granuloma de corpo estranhoedema pulmonarpneumonia bacterianapneumonia aspirativa

    pneumonias relacionadas ao HIVtuberculose

    Sistema hematopoitico aplasia de medula

    Sistema musculoesqueltico artrite esqueltico-spticaosteomieliterabdomilise

    miopatias fibrosas

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    16/30

    16 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    Os transtornos psiquitricos elevam o risco deuso, de dependncia e as taxas de recada70,71(B),

    pois existe uma associao de potencializaomtua.

    8. QUAIS SOAS COMPLICAES MAISGRAVESRELACIONADASAOUSODEOPIOIDES?

    A expectativa de vida em dependentes deopioides, especialmente dependentes de herona, acentuadamente reduzida. Uma proporo

    substancial dessas mortes deve-se a reaes t-xicas, overdose da droga, infeces relacionadas droga e suicdios26(D). A taxa de mortalidadede usurios de drogas ilcitas de 9,1%30(B),enquanto que de dependentes de herona de14,6%29(B).

    A condio clnica domina o quadro de in-toxicao, que cursa com: respirao diminuda,

    lbios azulados e corpo plido ou azulado, pupi-las em cabea de alnete, hiperemia da mucosanasal (para pacientes que cheiram a droga),marcas recentes de picadas, edema pulmonar,respirao ruidosa e ofegante e estado de choque,arritmias cardacas e/ou convulses, em especialcom a codena, propoxifeno ou meperidina. Amorte pode ocorrer por combinao de paradarespiratria e edema pulmonar e/ou cerebral e

    coma

    26

    (D

    ). A trade coma, pupilas puntiformese depresso respiratria sugere fortemente into-xicao por opioide28(D).

    Infeces de pele e rgos sistmicos sobastante comuns. Por causa do comparti-lhamento de seringas e outros equipamentospara injeo da droga, os usurios podem sercontaminados por doenas infectocontagio-sas, principalmente vrus do HIV/AIDS ehepatites B e C21,26,28(D). Dependentes de

    herona geralmente compram as seringas nomesmo local de compra da droga, reutilizam e

    compartilham essas agulhas at 20 vezes e tmvrios parceiros sexuais em 39% dos casos, oque aumenta o risco dessas doenas72(B). At omomento, a cobertura mundical de prevenode HIV/AIDS em populao usuria de subs-tncias ilcitas injetveis bastante pequena;somente 82 pases tm programas de troca deagulhas; 70 pases tm implantado a terapiade substituio de opiceos e 66 pases tm

    os dois programas conjuntamente. J a dis-ponibilidade de terapia antiretroviral maisuniversal. Hoje, como forma de reduo dedanos, se distribui 0,3 seringas por usurio porano, sendo a necessidade de 2 (1-4) seringas porms; estima-se que 1 em cada 100 dependentesestejam utilizando a terapia de substituio deopiceos, mas a necessidade seria 8 (6-12) decada 100 dependentes73(B).

    A aplicao de injeo cutnea (skin pop-ping) pode causar ampla ulcerao e desgu-rao, como resultado de necrose qumica ouinfeco. Complicaes frequentes decorrentesde pneumonite por estalococos podem estarrelacionadas a embolia sptica, endocardite,leses da valva tricspide ou das valvas articae mitral e septicemia. Complicaes menos

    frequentes, mas igualmente srias, so a me-ningite e o abscesso cerebral28(D). Emboramuitas das complicaes infecciosas estejamrelacionadas diretamente ao uso de opioidesinjetveis, a morte resultante da combinao deopioides com lcool ou sedativos ou por com-portamentos autodestrutivos no incomumentre aqueles que so tratados subsequente-mente com opioides orais, tais como metadonae propoxifeno26,28(D).

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    17/30

    17Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 17

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    RecomendaoOs opioides afetam vrios sistemas cor-

    porais e podem causar vrias complicaesgraves26,28(D). No somente os opioides ilcitoscausam problemas, mas tambm os utilizadoscom prescrio.

    9. EXISTEMREPERCUSSESDOUSODEOPIOIDESNAGRAVIDEZENORECM-NASCIDO?

    A prevalncia de uso de opioides na gestao

    alta, variando de 1% a 27%74

    (B)75

    (D), sendoum dos maiores problemas de sade pblica76(D).O uso de opioides parece no ser teratognico oucitotxico, mas as utuaes nas concentraesde opioides no sangue materno podem gerarsintomas de abstinncia ou overdose fetal74(B).Mulheres grvidas com abuso de substnciaspsicotrpicas esto em risco de descoberta tardiada gestao, comportamento negligente, m-

    nutrio, falta de acompanhamento obsttricoadequado, exposio a locais violentos, abuso demltiplas substncias, elevado uso de nicotinae baixa adeso a tratamentos77(B)75(D).O usode herona endovenosa por gestantes aumentao risco de complicaes mdicas, como doenasinfecciosas, endocardite, abscessos e doenassexualmente transmissveis75,76(D). Devido aisto, os mdicos da APS junto com sua equipede sade devero reforar o cuidado e avaliar anecessidade de encaminhar a gestante usuriade opioides para um servio de pr-natal de altorisco e de sade mental.

    A herona tambm capaz de atravessar aplacenta e aumenta em 6 vezes o risco de com-plicaes obsttricas, tais como sangramentode terceiro trimestre, baixo peso ao nascer,aborto espontneo, placenta prvia, desco-lamento de placenta, aspirao de mecnio,

    sofrimento fetal, parto prematuro, natimorto,maior morbidade puerperal74,77(B). As com-

    plicaes fetais mais frequentes decorrentesdo uso materno de opioides so: sndrome deabstinncia em at 94% dos bebs, decinciade crescimento ps-natal, microencefalia, pro-blemas neurocomportamentais, aumento damortalidade neonatal, aumento em 74 vezesdo risco de morte sbita75,76(D); por isso, faz-se necessrio o acompanhamento conjunto daequipe de APS e ateno secundria atravs

    da pediatria e psiquiatria, sobretudo para oscasos de complicaes mais graves, tais comona sndrome de abstinncia neonatal.

    A sndrome de abstinncia neonatal ca-racterizada por uma disfuno do sistema ner-

    voso autnomo, trato gastrointestinal e sistemarespiratrio75(D). Os sintomas mais frequentesde tal sndrome so: reexo de moro alterado,

    choro excessivo, congesto nasal, bocejos,espirros, vmitos, diarreia, febre, diculdadede suco e, em casos graves, convulses emorte74(B)75(D). O incio da sndrome de absti-nncia pode ocorrer desde as primeiras 24 horasat 10 dias aps o nascimento, dependendo dasubstncia de abuso utilizada pela me durantea gestao75(D). O tratamento necessita serprontamente estabelecido e o uso de opiceoscom retirada progressiva reduz o risco de crisesconvulsivas78(B).

    O prognstico perinatal de gestantes de-pendentes de opioides e de seus bebs melhoracom o manejo especializado da dependncia,incluindo a prescrio de terapia de substitui-o, suporte mdico e psicossocial, bem comomonitoramento precoce da gestao79(B). O jconsagrado uso de metadona, e recentementede buprenorna, para tratamento de recadas

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    18/30

    18 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    em gestantes dependentes de opioides74,77(B),permite uma sndrome de abstinncia neonatal

    mais leve e evita parto prematuro80

    (B)81

    (C),sem modicar o crescimento intrauterino doconcepto82(B).

    RecomendaoDiante da alta prevalncia de uso de opio-

    ides durante a gestao74(B), h necessidadede investigao ativa. Deve-se evitar uso deopioides durante a gestao, em decorrncia da

    possibilidade de diversas complicaes maternase fetais75(D). Gestantes dependentes de opioidesdevem ser mantidas em tratamento com meta-dona ou buprenorna para se denir a melhorabordagem74,77(B), necessitando de cuidadoampliado em servios de Ateno Primria eSecundria.

    10. QUALMTODODETRATAMENTODADEPEN-DNCIADEOPIOIDESMAISEFICAZ?

    O tratamento da dependncia pode serdividido em 2 abordagens: desintoxicao emanuteno.

    A prioridade inicial da desintoxicao no conseguir a abstinncia, mas sim ser a primeiraetapa de um tratamento a longo prazo83(A).

    A abordagem farmacolgica mais utilizadano processo de desintoxicao de um dependentede opioide aplicao da terapia de substituiocom metadona ou buprenorna e, a seguir, areduo gradual das mesmas84(A). A desintoxi-cao com metadona geralmente mais longa,podendo durar de 7 dias at 6 meses84(A). J adesintoxicao com buprenorna geralmentedura cerca de 1 ou 2 semanas84(A). A ecciada buprenorna parece ser similar da me-

    tadona na adeso ao tratamento, no uso dedrogas e nos sintomas de privao durante adesintoxicao85(D). Ao comparar buprenornacom metadona no h diferena signicativaentre os tratamentos, com OR=1,64 (IC95%0,68-3,79)86(A).

    A clonidina um agonista alfa2adrenrgicoutilizado no manejo dos sintomas de abstinnciados opioides84(A)85(D). A metadona e a bupre-norna so mais ecazes do que a clonidina nadesintoxicao de opioides86(A)85(D). Metadona melhor que a clonidina, com OR=2,42(IC95% 1,07-5,27); da mesma forma que abuprenorna melhor que a clonidina, comOR=2,01 (IC95% 2,01-7,46)86(A).

    Outra formulao pesquisada foi a buprenor-na-naloxone que, quando comparada clonidi-na, durante a desintoxicao, demonstrou taxade sucesso teraputico 9 vezes superior87(B). Taltrabalho tambm identicou que o tratamentohospitalar teve taxa de sucesso 7 vezes maiordo que o tratamento ambulatorial87(B). Amorna de liberao lenta foi utilizada comoopioide menos potente, com retirada gradual,no sendo inferior ao uso de metadona em 22dias de tratamento para desintoxicao. Ambosos tratamentos tm alta taxa de abandono (49%com morna e 51% com metadona) e a desin-toxicao no modica o desejo (craving) dosopiceos, que se mantm moderado (VAS=40mm)83(A).

    At o momento, a associao de apoio psi-cossocial com o tratamento de desintoxicaono modicou o benefcio do tratamento farma-colgico (RR=1,03, com IC95% 0,98-1,07),nem aumentou o tempo de abstinncia dos opi-ceos (RR=1,12, com IC95% 0,92-1,37)55(B).

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    19/30

    19Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 19

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    O tratamento de manuteno de pacientesdependentes de opioides consiste no uso prolon-

    gado de agonistas de opioides, como a metadonae a buprenorna85(D).

    A medicao mais estudada e usada nomundo inteiro desde a dcada de 1960 a me-tadona, que segue sendo considerada de primeiralinha88(B)85,89(D). A OMS preconiza que o tra-tamento de manuteno com metadona umaimportante ferramenta disponvel no manejo

    de dependentes de opioides88

    (B). Foi classi-cada como uma medicao essencial devido asua eccia, segurana e anlise comparativade custo-efetividade. A metadona aumenta aadeso ao tratamento, reduz o abuso de opioidese a criminalidade dos usurios quando compa-rada a um grupo controle no submetido a taltratamento88(B).

    Em 2002, foi aprovado peloFood and DrugAdministration(FDA) o uso da buprenorna notratamento de manuteno para dependentes deopioides89(D). A buprenorna um agonistaparcial de opioide, que parece ter resultados notratamento de manuteno de dependentes deopioides similares aos da metadona, sendo umamedicao segura85,89(D). Tem a vantagem quepode ser prescrita por um mdico generalista

    (ao contrrio da metadona), mas ainda h pou-cos mdicos treinados85,89(D). A buprenornatem um custo maior do que o da metadona enecessita de administrao diria89(D). A bupre-norna sublingual pode ser uma alternativa parao manejo agudo e tratamento a longo prazo dejovens dependentes de opioides, apresentandobaixo risco de overdose90(B).

    A formulao buprenorna-naloxone foiestudada na desintoxicao de tais jovens e ob-

    servou-se que o tratamento estendido (12 sema-nas) foi mais custo-efetivo do que o tratamentobreve (2 semanas)90(B). O uso do naloxone naformulao para se evitar que dependentesde opioides dissolvam os comprimidos e o ad-ministrem de modo endovenoso85(D). Recentemetanlise demonstrou que a buprenorna considerada uma alternativa teraputica ecaz,mas menos efetiva que a metadona quandoutilizada em doses adequadas91(A). Outros estu-dos demonstraram eccia similar de ambas asmedicaes86(A). Nova formulao foi estudada:

    implantes subcutneos de buprenorna, queobtiveram eccia signicativamente superiorao placebo no tratamento de dependentes deopioides durante as 24 semanas avaliadas92(B).

    Outra medicao que pode ser utilizadano tratamento de manuteno de dependentesde opioides o LAAM93(B). um analgsicode longa durao, agonista de opioide, que foi

    liberado pelo FDA em 199393(B). Pode seradministrado 3 vezes por semana, ao contrrioda metadona, que necessita ser administradadiariamente93(B). Quando comparado meta-dona, demonstrou superioridade na adeso aotratamento no acompanhamento por 1 ano) ena reduo do consumo de opioides93(B), almde levar a menor crise de abstinncia (RR=0,81,com IC95% 0,72-0,91 e NNT=10) e permitir

    mais interrupo do uso de opioides que a me-tadona (RR=1,46, com IC95% 1,07-1,73 eNNT=8)94(B) . No seguimento de at 18 me-ses, observa-se manuteno do tratamento, compossibilidade de suspenso do uso de herona nosdependentes tratados com LAAM, sem diferen-as ao avaliar melhora do comportamento crimi-noso, reduo do nmero de parceiros sexuais ereduo do risco de exposio ao HIV95(B). Ao

    comparar os efeitos pr-arrtmicos da metadonae do LAAM, observa-se que o uso de LAAM por

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    20/30

    20 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    24 semanas induz ao prolongamento do interva-lo QT do eletrocardiograma de 0,409 0,022

    segundos para 0,418 0,028 segundos, fatoque no ocorre com o uso da metadona96(B).Pacientes tratados inicialmente com metadonaforam randomizados para tratamento de ma-nuteno com metadona ou LAAM durante24 semanas e no houve diferena signicativaentre os grupos ao avaliar complicaes clnicascardiovasculares relevantes97(B).

    RecomendaoO melhor tratamento para cada pacientedependente de opioide varia de acordo comcomorbidade, gravidade da dependncia, redede apoio existente, histria dos tratamentos jrealizados, custos e efeitos colaterais de cadamedicao. A terapia de substituio com me-tadona continua sendo uma das medicaes deprimeira linha88(B).

    11.HEVIDNCIASDEQUEOSFATORESGEN-TICOSTENHAMPAPELNOUSOCRNICODEOPIOIDES?

    Os estudos genticos ainda no conseguiramidenticar claramente quais os genes poderiamcontribuir para o surgimento e manuteno deum quadro de abuso/dependncia de opioides,

    talvez pelo elevado nmero de genes, mutaese polimorsmos que podem estar envolvidos.No entanto, existem considerveis evidnciaspara um forte componente de herdabilidade nadependncia de opioides98(D). A signicativainuncia dos fatores hereditrios na respostacomportamental aos opioides foi detectada emestudos genticos pr-clnicos. Os gentiposmais investigados associados dependncia deopioides em ratos so os C57BL/6J (C57) e oDBA/2J (DBA). Parece que a morna poten-

    cializa a recompensa cerebral em ratos comgentipo C57 e no no gentipo DBA98(D).Em pacientes em uso crnico de medicaesopioides, h associao dessa condio com uma

    variao do DNA no gene do receptor nicot-nico de acetilcolina (nAChR) no cromossomo15q25.199(B).

    Pepitdeos opioides, que agem via receptormu e kappa, parecem estar envolvidos nosistema de recompensa opioide, na depen-dncia e na vulnerabilidade dependnciade opioides 10 0(B )10 1(C ). Experimentosbioqumicos demonstraram que a adminis-trao crnica de morfina gera reduo dosnveis de peptdeos e da expresso de genesque os codificam no ncleo accumbens, nohipotlamo e na medula102(D). Estudo comuma mutao (S28P) no gene do receptormu (MOR) foi identificada em dependentesde opioides99(B). Outra pesquisa avaliou a

    associao do polimorfismo 36G> T no genedo receptor kappa (KOR) em dependentesde herona por, no mnimo, 4 anos101(C).

    A concluso foi que tal polimorfismo pa-rece estar relacionado com a dependnciade opioides, sugerindo que o alelo T possainfluenciar na vulnerabilidade para compor-tamento abusivo ou para traos de personali-dade que predisponham ao uso abusivo101(C).

    Na interao do sistema opioide com osprincipais neurotransmissores, observou-seque o tratamento repetido com morfina emratos gerou diminuio nos nveis de mRNAdo receptor D2 de dopamina e aumento domRNA do receptor N-methyl-D-aspartato(NMDA) de glutamato102(D).

    Estudo analisou possvel relao entre o

    fator neurotrco derivado do crebro (BDNF)

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    21/30

    21Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 21

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    e a neurotrona-3 (NT3) de ratos com o usocrnico de opioide (morna)103(D). Tanto o

    BDNF como a NT3 so fatores neurotrcosresponsveis por diversas atividades neuronais,como regulao da sobrevivncia, diferenciaoe plasticidade. Observou-se que, aps injeocrnica de morna nos ratos, houve elevaosignicativa nos nveis de mRNA do BDNF eda NT3 no ncleo paragigantocelular (localiza-do na medula) quando comparado a um grupocontrole. Mesmo 72 horas aps a ltima injeode morna, os nveis ainda permaneciam maisaltos do que os dos controles. Enm, parece queo tratamento crnico com morna gerou uma

    up-regulation da expresso gnica do BDNF eda NT3 no ncleo paragigantocelular103(D).

    RecomendaoEmbora ainda no se saibam quais so os

    genes que podem contribuir para o surgimentoda dependncia de opioides, existem evidnciasfortes da existncia do fator gentico na suadeterminao99,100(B).

    CONFLITODEINTERESSE

    Assis FD: consultor da empresa Vertez,em tratamento intervencionista da dor.

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    22/30

    22 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    REFERNCIAS

    1.Booth M. Opium: a history. London: Simon& Schuster; 1996.

    2. Kreek MJ. Neurobiology of opiates andopioids. In: Galenter M, Kleber HD, eds.Textbook of substance abuse treatment.4aed. Arlington: American PsychiatricPublishing; 2008. p.247-325.

    3. Manchikanti L, Fellows B, Ailinani

    H, Pampati V. Therapeutic use, abu-se, and nonmedical use of opioids: aten-year perspective. Pan Physician2010;13:401-35.

    4. Nicholson AB. Methadone for cancerpain. Cochrane Database Syst Rev2007;(4):CD003971.

    5. World Health Organization. Cancer painrelief. 2nd ed. Geneva: WHO ofce ofPublication; 1996.

    6. World Health Organization. NationalCancer Control Programs. Political andmanagerial guidelines. Executive summa-ry. Geneve: World Health Organization;2002.

    7. Labbate LA, Fava M, Rosenbaum JF,Arana GW. Drugs for the treatment ofsubstance use and addictive disorders.In: Handbook of Psychiatric DrugTherapy. 6 ed. Philadelphia: Lippincott

    Williams & Wilkins; 2010. p.193-203.

    8. Jain K, Jain R, Dhawan A. A double-blind, double-dummy, randomized con-

    trolled study of memantine versus bupre-norphine in naloxone-precipitated acute

    withdrawal in heroin addicts. J OpioidManag 2011;7:11-20.

    9. Portenoy RK, Lesage P. Management ofcancer pain. Lancet 1999;353:1695-700.

    10. Bruera E, Kim HN. Cancer pain. JAMA2003;290:2476-9.

    11. Noble M, Treadwell JR, Tregear SJ, Co-ates VH, Wiffen PJ, Akafomo C, et al.

    Long-term opioid management for chro-nic noncancer pain. Cochrane DatabaseSyst Rev 2010;(1):CD006605.

    12. Maier C, Hildebrandt J, Klinger R,Henrich-Eberl C, Lindena G.. Morphineresponsiveness, efcacy and tolerabilityin patients with chronic non-tumorassociated pain: results of a double-blind

    placebo-controlled trial (MONTAS).Pain 2002;97:223-33.

    13. Hale ME, Fleischmann R, SalzmanR, Wild J, Iwan T, Swanton RE, et al.Efcacy and safety of controlled-release

    versus immediate-release oxy- codone:randomized, double-blind evaluation inpatients with chronic back pain. Clin J

    Pain 1999;15:179-83. 14. Friedmann N, Klutzaritz V, Webster

    L. Efcacy and safety of an extended-release oxycodone (Remoxy) formulationin patients with moderate to severeosteoarthritic pain. J Opioid Manag2011;7:193-202.

    15. Palangio M, Northfelt DW, Portenoy RK,Brookoff D, Doyle RT Jr, Dornseif BE,

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    23/30

    23Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 23

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    et al. Dose conversion and titration witha novel, once-daily, OROS osmotic tech-

    nology, extended-release hydromorphoneformulation in the treatment of chronicmalignant or nonmalignant pain. J PainSymptom Manage 2002;23:355-68.

    16. van Ojik AL, Jansen PA, Brouwers JR,van Roon EN. Treatment of chronic painin older people: evidence-based choiceof strong-acting opioids. Drugs Aging2012;29:615-25.

    17. Boehme K, Likar R. Efcacy and tole-rability of a new opioid analgesic formu-lation, buprenorphine transdermal thera-peutic system (TDS), in the treatment ofpatients with chronic pain. A randomised,double-blind, placebo-controlled study.Pain Clinic 2003;15:193-202.

    18. World drug report: United NationalOffice on Drugs and Crime; 2011.Disponvel em: http://www.unodc.org/do-cuments/data-and-analysis/WDR2011/

    WDR2011-ExSum.pdf. Acesso em:23/6/2011.

    19. National Institute on Drug Abuse. Rese-arch report series heroin abuse and addic-

    tion; 2005. Disponvel em: http://www.nida.nih.gov/ResearchReports/Heroin/Heroin.html. Acesso em: 23/6/2011.

    20. Manchikanti L, Helm S 2nd, FellowsB, Janata JW, Pampati V, Grider JS,et al. Opioid epidemic in the UnitedStates. Pain Physician 2012;15(3Suppl):ES9-38.

    21. National Institute on Drug Abuse.

    Infofacts: heroin; Update march 2010.Disponvel em: http://www.drugabuse.

    gov/PDF/Infofacts/Heroin10.pdf. Aces-so em: 23/6/2013.

    22. Carlini EA, Galduroz JCE, Noto AR,Nappo AS. II levantamento domiciliarsobre o uso de drogas psicotrpicas noBrasil: estudo envolvendo as 108 maio-res cidades do pas, 2005. Disponvelem: www.obid.senad.gov.br Acesso em:5/9/2012.

    23. Baltieri DA, Strain EC, Dias JC, Sci-voletto S, Malbergier A, Nicastri S,et al. Diretrizes para o tratamento depacientes com sndrome de dependnciade opioides no Brasil. Rev Bras Psiquiatr2004;26:259-69.

    24. Alves HNP, Surjan JC, Nogueira -

    Martins LA, Marques ACP, Ramos SP,Laranjeira RR. Perl clnico e demogr-co de mdicos com dependncia qumica.Rev Assoc Med Bras 2005;51:139-43.

    25. Francis RJ, Franklin JE. Transtornopor uso de alcohol y otras substanciaspsicoativas. In: Hales RE, Yudofsky SC,Talbott JA, eds. Tratado de psiquiatria.

    Barcelona: Ancora; 1995. p.373-434.

    26. Jerome H, Jaffe MD.Transtornos relacio-nados a opioides. In: Kaplan HI, SadockBJ, eds. Tratado de psiquiatria. Porto

    Alegre: Artmed; 1999. p.910-34.

    27. Degenhardt L, Bucello C, Mathers B,Briegleb C, Ali H, Hickman M, et al.Mortality among regular or dependentusers of heroin and other opioids: a syste-

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    24/30

    24 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    matic review and meta-analysis of cohortstudies. Addiction 2011;106:32-51.

    28. Stine SM, Kosten RT. Opioids. In: McCrady SB, Epstein EE, eds. Addiction:a comprehensive guidebook. New York:Oxford University Press; 1999. p.141-61.

    29. Centers for Disease Control and Preven-tion. Community-based opioid overdoseprevention programs providing naloxone- United States, 2010. MMWR Morb

    Mortal Wkly Rep 2012;61:101-5.

    30. Evans JL, Tsui JI, Hahn JA, Davidson PJ,Lum PJ, Page K. Mortality among younginjection drug users in San Francisco: a10-year follow-up of the UFO study. Am

    J Epidemiol 2012;175:302-8.

    31. Baltieri DA. e col. Projeto Diretrizes:

    Abuso e dependncia dos opiceos. SoPaulo: Associao Mdica Brasileira eConselho Federal de Medicina; 2008.

    32. Cordeiro DC. Tratamento farmacolgicoda intoxicao aguda por opioides. In:Diehl A, Cordeiro DC, Laranjeira R, edsTratamento farmacolgico para depen-dncia qumica: da evidncia cientca

    prtica clnica. Porto Alegre: Artmed;2010. p.215-22.

    33. World Health Organization. The ICD-10Classication of mental and behavioraldisorders: clinical descriptions and diag-nostic guidelines. Geneve: World HealthOrganization; 1992. p.26-7.

    34. Back SE, Payne RL, Wahlquist AH,Carter RE, Stroud Z, Haynes L, et al.

    Comparative proles of men and womenwith opioid dependence: results from a

    national multisite effectiveness trial. AmJ Drug Alcohol Abuse 2011;37:313-23.

    35. Karow A, Verthein U, Pukrop R, ReimerJ, Haasen C, Krausz M, et al. Quality oflife proles and changes in the course ofmaintenance treatment among 1,015patients with severe opioid dependence.Subst Use Misuse 2011;46:705-15.

    36. Day E, Strang J. Outpatient versus inpa-tient opioid detoxication: a randomizedcontrolled trial. J Subst Abuse Treat2011;40:56-66.

    37. Pollack MH, Penava SA, Bolton E,Worthington JJ 3rd, Allen GL, FarachFJ Jr, et al. A novel cognitive-behavio-ral approach for treatment-resistant

    drug dependence. J Subst Abuse Treat2002;23:335-42.

    38. McHugh RK, Hearn BA, Otto MW.Cognitive behavioral therapy for subs-tance use disorders. Psychiatr Clin North

    Am 2010;33(3):511-25.

    39. Blanken P, Hendriks VM, Koeter MW,

    van Ree JM, van den Brink W. Cravingand illicit heroin use among patients inheroin-assisted treatment. Drug AlcoholDepend 2012;120:74-80.

    40. Schwartz RP, Kelly SM, O'Grady KE,Gandhi D, Jaffe JH. Randomized trial ofstandard methadone treatment comparedto initiating methadone without coun-

    seling: 12-month ndings. Addiction2012;107:943-52.

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    25/30

    25Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 25

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    41. Mannelli P, Peindl K, Wu LT, PatkarAA, Gorelick DA. The combination

    very low-dose naltrexone-clonidine in themanagement of opioid withdrawal. Am JDrug Alcohol Abuse 2012;38:200-5.

    42. Huang CL, Chung-Wei L. Factorsassociated with mortality among he-roin users after seeking treatment withmethadone: a population-based cohortstudy in Taiwan. J Subst Abuse Treat

    2013;44:295-300.43. Oviedo-Joekes E, Guh D, Brissette S,

    Marchand K, Marsh D, Chettiar J, et al.Effectiveness of diacetylmorphine versusmethadone for the treatment of opioiddependence in women. Drug AlcoholDepend 2010;111:50-7.

    44. Gowing L, Ali R, White JM. Bupre-norphine for the management of opioidwithdrawal. Cochrane Database Syst Rev2009;(3):CD002025.

    45. Weiss RD, Potter JS, Fiellin DA, ByrneM, Connery HS, Dickinson W, et al.

    Adjunctive counseling during brief andextended buprenorphine-naloxone treat-ment for prescription opioid dependence:a 2-phase randomized controlled trial.

    Arch Gen Psychiatry 2011;68:1238-46.

    46. Ponizovsky AM, Grinshpoon A, Margo-lis A, Cohen R, Rosca P. Well-being,psychosocial factors, and side-effectsamong heroin-dependent inpatientsafter detoxification using buprenor-phine versus clonidine. Addict Behav2006;31:2002-13.

    47. Montoya ID, Schroeder JR, Preston KL,Covi L, Umbricht A, Contoreggi C, et

    al. Inuence of psychotherapy attendanceon buprenorphine treatment outcome. JSubst Abuse Treat 2005;28:247-54.

    48. Coviello DM, Cornish JW, Lynch KG,Alterman AI, O'Brien CP. A randomi-zed trial of oral naltrexone for treatingopioid-dependent offenders. Am J Addict2010;19:422-32.

    49. DeFulio A, Everly JJ, Leoutsakos JM,Umbricht A, Fingerhood M, BigelowGE, et al. Employment-based reinforce-ment of adherence to an FDA approvedextended release formulation of naltre-xone in opioid-dependent adults: a ran-domized controlled trial. Drug AlcoholDepend 2012;120:48-54.

    50. Gowing L, Farrell M, Ali R, White JM.Alpha2-adrenergic agonists for the ma-nagement of opioid withdrawal. CochraneDatabase Syst Rev 2009;(2):CD002024.

    51. Zhang XL, Wang GB, Zhao LY, Sun LL,Wang J, Wu P, et al. Clonidine improvedlaboratory-measured decision-makingperformance in abstinent heroin addicts.

    PLoS One 2012;7:e29084.

    52. Karow A, Reimer J, Schfer I, KrauszM, Haasen C, Verthein U. Quality oflife under maintenance treatment withheroin versus methadone in patients withopioid dependence. Drug Alcohol Depend2010;112:209-15.

    53. Zarghami M, Masoum B, Shiran MR.Tramadol versus methadone for treatment

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    26/30

    26 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    of opiate withdrawal: a double-blind,randomized, clinical trial. J Addict Dis

    2012;31:112-7.54. Min Z, Xu L, Chen H, Ding X, Yi Z,

    Mingyuang Z. A pilot assessment ofrelapse prevention for heroin addicts in aChinese rehabilitation center. Am J Drug

    Alcohol Abuse 2011;37:141-7.

    55. Amato L, Minozzi S, Davoli M, VecchiS. Psychosocial and pharmacologicaltreatments versus pharmacological treat-ments for opioid detoxication. CochraneDatabase Syst Rev 2011;(9):CD005031.

    56. Yu E, Miotto K, Akerele E, MontgomeryA, Elkashef A, Walsh R, et al. A Phase3 placebo-controlled, double-blind,multi-site trial of the alpha-2-adrenergic

    agonist, lofexidine, for opioid withdrawal.Drug Alcohol Depend 2008;97:158-68.

    57. Song H, Li J, Lu CL, Kang L, Xie L,Zhang YY, et al. Tetrodotoxin alleviatesacute heroin withdrawal syndrome: amulticenter, randomized, double-blind,placebo-controlled study. Clin Exp Phar-macol Physiol 2011;38:510-4.

    58. Benyamin R, Trescot AM, Datta S,Buenaventura R, Adlaka R, Sehgal N,et al. Opioid complications and sideeffects. Pain Physician 2008;11(2Suppl):S105-20.

    59. Ferri M, Davoli M, Perucci CA. Heroinmaintenance for chronic heroin-depen-dent individuals. Cochrane Database SystRev 2011;(12):CD003410.

    60. Ilgen M, Jain A, Kim HM, TraftonJA. The effect of stress on craving for

    methadone depends on the timing oflast methadone dose. Behav Res Ther2008;46:1170-5.

    61. Hser YI, Huang D, Brecht ML, Li L,Evans E. Contrasting trajectories ofheroin, cocaine, and methamphetamineuse. J Addict Dis 2008;27:13-21.

    62. Newman RG, Whitehill WB. Double-

    blind comparison of methadone andplacebo maintenance treatments ofnarcotic addicts in Hong Kong. Lancet1979;2:485-8.

    63. Ward J, Hall W, Mattick RP. Role ofmaintenance treatment in opioid depen-dence. Lancet 1999;353:221-6.

    64. Strang J, Metrebian N, Lintzeris N, PottsL, Carnwath T, Mayet S, et al. Supervi-sed injectable heroin or injectable metha-done versus optimized oral methadone astreatment for chronic heroin addicts inEngland after persistent failure in ortho-dox treatment (RIOTT): a randomisedtrial. Lancet 2010;375:1885-95.

    65. Martins SS, Fenton MC, Keyes KM,Blanco C, Zhu H, Storr CL. Mood andanxiety disorders and their associationwith non-medical prescription opioiduse and prescription opioid-use disorder:longitudinal evidence from the Natio-nal Epidemiologic Study on Alcoholand Related Conditions. Psychol Med2012;42:1261-72.

    66. Martins SS, Keyes KM, Storr CL, Zhu

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    27/30

    27Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 27

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    H, Chilcoat HD. Pathways betweennonmedical opioid use/dependence and

    psychiatric disorders: results from the Na-tional Epidemiologic Survey on Alcoholand Related Conditions. Drug AlcoholDepend 2009;103:16-24.

    67. Schuckit MA. Comorbidity betweensubstance use disorders and psychiatricconditions. Addiction 2006;101:76-88.

    68. Ahmad B, Mufti KA, Farooq S. Psychia-

    tric comorbidity in substance abuse (opio-ids). J Pak Med Assoc 2001;51:183-6.

    69. Maremmani I, Pani PP, Pacini M, Bi-zzarri JV, Trogu E, Maremmani AGI,et al. Subtyping patients with heroinaddiction at treatment entry: factorderived from the Self-Report SymptomInventory (SCL-90). Ann Gen Psychia-

    try 2010;9:15.

    70. Maremmani I, Perugi G, Pacini M,Akiskal HS. Toward a unitary perspectiveon the bipolar spectrum and substanceabuse: opiate addiction as a paradigm. J

    Affective Disorders 2006;93:1-12.

    71. Maremmani AG, Rovai L, Pani PP,

    Pacini M, Lamanna F, Rugani F, et al.Do methadone and buprenorphine havethe same impact on psychopathologicalsymptoms of heroin addicts? Ann GenPsychiatry 2011;10:17.

    72. Zule WA, Desmond DP. An ethnogra-phic comparison of HIV risk behaviorsamong heroin and methamphetamineinjectors. Am J Drug Alcohol Abuse1999;25:1-23.

    73. Mathers BM, Degenhardt L, Ali H, Wies-sing L, Hickman M, Mattick RP, et al HIV

    prevention, treatment, and care services forpeople who inject drugs: a systematic reviewof global, regional, and national coverage.Lancet 2010;375:1014-28.

    74. Minozzi S, Amato L, Vecchi S, DavoliM. Maintenance agonist treatmentsfor opiate dependent pregnant wo-men. Cochrane Database Syst Rev2008;(2):CD006318.

    75. Winklbaur B, Kopf N, Ebner N, Jung E,Thau K, Fischer G. Treating pregnantwomen dependent on opioid is not thesame as treating pregnancy and opioiddependence: a knowledge synthesis forbetter treatment for women and neonates.

    Addiction 2008;103:1429-40.

    76. Winkbaur B, Jung E, Fischer G. Opioiddependence and pregnancy. Curr OpinPsychiatry 2008;21:255-9.

    77. Fischer G, Ortner R, Rohrmeister K,Jagsch R, Baewert A, Langer M, et al.Methadone versus buprenorphine inpregnant addicts: a double-blind, Double-dummy comparison study. Addiction

    2006;101:275-81.

    78. Osborn DA, Jeffery HE, Cole MJ. Opiatetreatment for opiate withdrawal in new-born infants. Cochrane Database SystRev 2010;(10):CD002059.

    79. Lejeune C, Simmat-Durand L, GourarierL, Aubisson S, Groupe d'Etudes Gros-sesse et Addictions (GEGA). Prospectivemulticenter observational study of 260

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    28/30

    28 Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    infants born to 259 opiate-dependentmothers on methadone or high-dose bu-

    prenorphine substitution. Drug AlcoholDepend 2006;82:250-7.

    80. Concheiro M, Jones HE, Johnson RE,Choo R, Huestis MA. Preliminarybuprenorphine sublingual tablet phar-macokinetic data in plasma, oral uid,and sweat during treatment of opioid-dependent pregnant women. Ther DrugMonit 2011;33:619-26.

    81. Unger A, Jagsch R, Jones H, Arria A,Leitich H, Rohrmeister K, et al. Ran-domized controlled trials in pregnancy:scientic and ethical aspects. Exposureto different opioid medications duringpregnancy in an intra-individual com-parison. Addiction 2011;106:1355-62.

    82. Jansson LM, Dipietro JA, Velez M, ElkoA, Williams E, Milio L, et al. Fetalneurobehavioral effects of exposure tomethadone or buprenorphine. Neuroto-xicol Teratol 2011;33:240-3.

    83. Madlung-Kratzer E, Spitzer B, BroschR, Dunkel D, Haring C. A double-blind,randomized, parallel group study to com-

    pare the efcacy, safety and tolerabilityof slow-release oral morphine versus me-thadone in opioid-dependent in-patientswilling to undergo detoxication. Addic-tion 2009;104:1549-57.

    84. Meader N. A comparison of methadone,buprenorphine and alfa (2) adrenergicagonists for opioid detoxication: a mixed

    treatment comparison meta-analysis.Drug Alcohol Depend 2010;108:110-4.

    85. Wesson DR, Smith DE. Buprenorphinein the treatment of opiate dependence. J

    Psychoactive Drugs 2010;42:161-75. 86. Meader N. A comparison of methadone,

    buprenorphine and alpha (2) adrenergicagonists for opioid detoxication: a mixedtreatment comparison meta-analysis.Drug Alcohol Depend 2010;108:110-4.

    87. Ziedonis DM, Amass L, Steinberg M,Woody G, Krejci J, Annon JJ, et al.

    Predictors of outcome for short-termmedically supervised opioid withdrawalduring a randomized, multicenter trialof buprenorphine-naloxone and clonidinein the NIDA clinical trials network drugand alcohol dependence. Drug AlcoholDepend 2009;99:28-36.

    88. Johansson BA, Berglund M, Lindgren

    A. Efcacy of maintenance treatmentwith methadone for opioid dependence:a meta-analytic study. Nord J Psychiatry2007;61:288-95.

    89. OConnor PG. Advances in treatmentof opioid dependence: continued pro-gress and ongoing challenges. JAMA2010;304:1612-4.

    90. Polsky D, Glick HA, Yang GJ, Subrama-niam GA, Poole SA, Woody GE. Cost-effectiveness of extended buprenorphine-naloxone treatment for opioid-dependent

    youth: data from a randomized trial.Addiction 2010;105:1616-24.

    91. Mattick RP, Kimber J, Breen C, Davoli

    M. Buprenorphine maintenance versusmethadone maintenance for opioid de-

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    29/30

    29Abuso e Dependncia dos Opioides e Opiceos 29

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

    pendence. Cochrane Database Syst Rev2008; CD002207.

    92. Ling W, Casadonte P, Bigelow G, Kam-pman KM, Patkar A, Bailey GL, et al.Buprenorphine implants for treatment ofopioid dependence: a randomized control-led trial. JAMA 2010;304:1576-83.

    93. Anglin MD, Conner BT, Annon J,Longshore D. Levo-alfa-acetylmethadol(LAAM) versus methadone maintenance:

    1-year treatment retention, outcomes andstatus. Addiction 2007;102:1432-42.

    94. Clark N, Lintzeris N, Gijsbers A, WhelanG, Dunlop A, Ritter A, et al. LAAMmaintenance vs methadone maintenancefor heroin dependence. Cochrane Data-base Syst Rev 2002;(2):CD002210.

    95. Anglin MD, Conner BT, Annon JJ, Lon-gshore D. Longitudinal effects of LAAMand methadone maintenance on heroinaddict behavior. J Behav Health Serv Res2009;36:267-82.

    96. Wieneke H, Conrads H, Wolstein J,Breuckmann F, Gastpar M, Erbel R, etal. Levo-alpha-acetylmethadol (LAAM)

    induced QTc-prolongation: results froma controlled clinical trial. Eur J Med Res2009;14:7-12.

    97. Wo lstein J, Gastpar M, Finkbeiner T,Heinrich C, Heitkamp R, Poehlke T,et al. A randomized, open-label trialcomparing methadone and levo-alpha-acetylmethadol (LAAM) in maintenancetreatment of opioid addiction. Pharma-copsychiatry 2009;42:1-8.

    98. Elmer GI, Pieper JO, Hamilton LR,Wise RA. Quanti tati ve differences

    between C57BL/6J e o DBA/2J micein morphine potentiation of brain sti-mulation reward and intravenous self-administration. Psychopharmacology2010;208:309-21.

    99. Erlich PM, Hoffman SN, Rukstalis M,Han JJ, Chu X, Linda Kao WH, et al.Nicotinic acetylcholine receptor genes onchromosome 15q25.1 are associates withnicotine and opioid dependence severity.Hum Genet 2010;128:491-9.

    100. Franke P, Wang T, Nthen MM,Knapp M, Neidt H, Albrecht S, et al.Nonreplication of association betweenmu-opioid-receptor gene (OPRM1)

    A118G polymorphism and subs-tance dependence. Am J Med Genet

    2001;105:114-9.

    101. Gerra G, Leonardi C, Cortese E,D'Amore A, Lucchini A, Strepparola G,et al. Human kappa opioid receptor gene(OPRK1) polymorphism is associatedwith opiate addiction. Am J Med GenPart B 2007;144B:771-5.

    102. Przewlocki R. Opioid abuse and braingene expression. Eur J Psychopharmacol2004;500:331-49.

    103. Hatami H, Oryan S, Semnanian S,Kazemi B, Bandepour M, Ahmadiani

    A. Alterations of BDNF and NT-3genes expression in the nucleus paragi-gantocellularis during morphine depen-

    dency and withdrawal. Neuropeptides2007;41:321-8.

  • 7/24/2019 Abuso e Dependencia de Opioides

    30/30