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Ação e Redação SUSTENTABILIDADE - Alimente esta ideia. II Concurso AÇÃO E redação 2012

Ação e Redação 2012

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Livro do concurso de Redação realizado na Mostra Cultural 2012 - Lourenço Castanho

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Ação e RedaçãoSUSTENTABILIDADE - Alimente esta ideia.

II Concurso AÇÃO E redação 2012

Ação e RedaçãoSUSTENTABILIDADE - Alimente esta ideia.

II Concurso AÇÃO E redação 2012

Apresentação

Há algum tempo temos acompanhado no dia a dia, e também pelo noticiário,

como a ação do homem tem promovido um acelerado processo de degradação

do meio ambiente.

Entretanto, um número cada vez maior de pessoas tem mobilizado esforços

para encontrar soluções que possam minimizar ou acabar com graves problemas

do mundo contemporâneo – lixo tecnológico não reciclável; emissão de gases

efeito estufa; desmatamento de florestas e redução da biodiversidade; utilização de

energia suja com origem poluente, entre muitos outros, são, hoje, foco de atenção

dos cidadãos, das ONGs e também de algumas instituições e empresas.

Entendemos que despertar os jovens para essas questões significa contribuir

para a solução desses problemas. Pensando nisso, a Escola Lourenço Castanho,

o Le Manjue Organique, primeiro restaurante orgânico certificado do Brasil, e

a Fast Shop promoveram, pelo segundo ano consecutivo, o Concurso Ação e

Redação Lourenço Castanho, cujo tema SUSTENTABILIDADE foi abordado sob

o enfoque das energias renováveis, da mobilidade urbana, da alimentação e da

tecnologia.

Alunos a partir do 6º ano do Ensino Fundamental até a 2ª série do Ensino

Médio participaram com textos elaborados nos mais variados gêneros textuais.

Este livro é o resultado do esforço dos alunos, do empenho da equipe de

professores e da parceria de empresas que acreditam na capacidade dos jovens

para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Boa leitura.

Alexandre Abbatepaulo

Diretor Geral

Prefácio

MÃOS DADAS

Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considere a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.

não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,a vida presente.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Aguilar, 1988, p. 68)

 Escrever pressupõe um autor e um leitor dispostos a compartilhar uma rede

de significação que se constrói a partir das motivações e dos conhecimentos prévios de quem escreve e de quem lê. Nesse percurso, o leitor também tem papel ativo na produção dos diversos sentidos que cada texto traz em si. O caminho que vai da situação de escrita até a leitura e o entendimento do leitor compõe o que chamamos de espaço de circulação do texto. Neste segundo ano do Concurso Ação e Redação, os leitores desta antologia escolar são provocados novamente a construir os sentidos dos textos de nossos alunos e partilhar com eles as inquietações que o tema sustentabilidade promove.

Como Drummond nos propõe em seu “Mãos dadas”, pensar o mundo é pensar o hoje, é pensar juntos, “o presente é tão grande, não nos afastemos.” O tempo presente, seus problemas, suas escolhas, suas encruzilhadas tem que ser objeto de discussão social e a escola, como organismo vivo e parte integrante da sociedade, deve estar disposta a enfrentar essas questões.

É importante não esquecer que a escola, nas múltiplas experiências que oferece aos seus alunos, é mais do que um mero pano de fundo. É no cotidiano escolar, especialmente nas aulas de produção textual, que os alunos podem exercitar os vários caminhos de escrita que cada gênero permite. Tornar o leitor competente para participar de vários contextos de produção e de recepção de textos que apresentem valor social é uma das diretrizes básicas do trabalho com a língua portuguesa na Lourenço Castanho.

Assim, ainda que os textos que compõem esta coletânea sejam escolares, ou seja, escritos numa situação de aprendizado de gêneros, de discussão de temas mais restrita, é possível vislumbrar questionamentos que extrapolam o universo escolar, tanto do ponto de vista formal – vocabulário, imagens, domínio da construção sintática – quanto do ponto de vista temático – abordagens criativas do tema chave.

Nesse sentido, iniciativas como a do Concurso Ação e Redação são muito bem vindas, pois se constituem em estratégias complementares para tornar nossos alunos escritores e leitores competentes. A publicação de textos produzidos no contexto escolar, mas que o extrapolam, na medida em que agregam outros leitores, dá a dimensão do quanto um trabalho escolar pode preparar o aluno para vivenciar autonomamente as situações discursivas que ele encontra e encontrará na sociedade em que vive.

Leitor, nosso convite é para que se dedique a pensar conosco “o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.” para, assim, projetarmos o futuro.

Roberta Hernandes AlvesCoordenadora de Língua Portuguesa – Ensino Fundamental II e Ensino Médio

Escola Lourenço Castanho

Agradecimentos

Nosso especial agradecimento às professoras Amanda Lacerda de Lacerda,

Ariadne Mattos Olímpio, Camila Flessati, Daniela de Arruda Garcia, Débie dos

Santos Bastos, Gabriele de Souza e Castro Schumm, Larissa Teodoro Andrade,

Maria Elisa Curti Salome, Roberta Hernandes Alves, Tatiana Albergaria Ricardo,

ao empresário Bruno Fattori e à direção da Fast Shop.

www.lemanjuebistro.com.br

www.fastshop.com.br

www.lourencocastanho.com.br

Sumário Artigo de opinião A Balança Energética A culpa não é nossa Caminhando para uma Mobilidade Sustentável Linha Expressa - Possível solução para o transporte público Locomoção na cidade x Sustentabilidade Melhoria no sistema de transporte = diminuição de Mortes Mudar ou lastimar Novos ventos Qual é o caminho para o sustento? Um estábulo abandonado

Crônicas Ação Analfabeta Com ele é assim Diferentes pontos de vista Existe uma cidade ideal? Falhou na vida, falhou na morte Intransitável Ironia Pensando e Sustentando Pequenos pensamentos, grandes ações Será que é possível?

ENSAIO A Boa Vontade pede ajuda Manifesto Sustentável Possibilidade ou sonho? Público e Violência andam juntos? Tecnologia pra que te quero

Poemas Atitude Azul, Branco e Amarelo É Preciso Recomeçar Verde Bandeira Vou-me embora pra Eldorado

EQUIPE

1112141618202122242526

2930313233343638404143

454647495051

535457586061

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ARTIGO DE OPINIÃO

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A Balança Energética

No Brasil temos várias possibilidades de fontes de energia renovável, mas

temos um grande foco na energia das hidrelétricas, mesmo sendo renovável ela

causa grandes impactos, temos de aproveitar essas outras fontes de energias que

o Brasil nos oferece criando um balanço de igualdade, sem sobrecarregar nem um

sistema ou teremos um sério problema no futuro, na verdade deveria dizer que

já estamos tendo com a usina hidroelétrica de Belo Monte.

Atualmente, no país, 75,9% da energia gerada é por hidrelétricas, isso esta

sobrecarregando os rios de onde captamos a agua, não só isso, temos mais

problemas ambientais na construção de uma usina hidrelétrica, novamente Belo

Monte é um bom exemplo disso, ela inundará uma grande área equivalente a

vários campos de futebol, também segundo o EIA 174 espécies de peixes, 387

espécies de répteis, 440 espécies de aves e 259 espécies de mamíferos estarão em

risco de extinção. Além do mais, 20 mil pessoas sairão da região pelo problema

da inundação, desrespeitando totalmente o conceito de sustentabilidade que visa

à viabilidade economia, a justiça perante a sociedade e a preocupação com o meio

ambiente juntos. Então por que não investir em uma outra energia?

A energia eólica é uma ótima opção no caso do Brasil, já temos 71 parques

eólicos, mas podemos ter mais, no país somente 0,05% de nossa energia é gerada

por essa fonte. Temos uma infinidade de lugares no Brasil, principalmente no

nordeste, para criar essa energia, gerando empregos e sem prejudicar o meio

ambiente, contribuindo para um mundo sustentável. O centro brasileiro de

energia eólica mapeou a velocidade dos ventos no Brasil, podemos constatar que

na região nordeste do país, principalmente no centro da Bahia, temos ventos

superiores a 8,5 metros por segundo, mais que necessário para gerar a energia

eólica. Além do mais no Brasil é possível fazermos essa energia barata, atualmente

ela esta custando US$ 0,06 por megawatt, o menor preço existente no mundo

para essa energia, agora no Brasil.

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Outra fonte possível é a energia solar, temos grande potencial de produção

no nordeste novamente e também na região centro-oeste e norte. Nessas regiões

a radiação solar pode chegar a 6100 Wh/m2 por dia, um nível muito alto. Essa

fonte totalmente renovável e sustentável é o investimento da EBX, a empresa de

Eike Batista que está iniciando um projeto gigantesco no Ceará. Atualmente o

Brasil só gera 1 megawatt de energia a partir dessa fonte, por isso precisamos de

mais investimento na área.

Temos de balancear essa produção, nada em excesso é bom e já temos reflexo

sobre isso. Existem muitas outras energias mais sustentáveis e rentáveis que a

energia hidrelétrica, as quais podemos explorar no Brasil, os grandes visionários

como Eike Batista já viram isso e estão tirando proveito, agora só falta a população

e os grandes empresários que dizem estar fazendo progresso para o país, se

conscientizarem.

João Paulo Junqueira - 9º ano

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A culpa não é nossa

A questão do transporte na cidade de São Paulo vem atravessando muitos

governos e funciona como uma espécie de batata-quente, em que um passa o

problema para o outro. Sabemos que o cidadão paulistano demora cerca de 2

horas para chegar ao seu destino, seja de carro ou transporte público.

E nos perguntamos, por que a mobilidade é tão dificultada?

O transporte público, apesar de não ser caótico, está perto desse grau, há

muitos problemas que tem que ser resolvidos, como: superlotação, transporte de

má qualidade, pouca linhas de metrô e ônibus.

Então comprar um carro, é a melhor solução? Não. Além de se emitir muito CO2,

é possível colocar em um ônibus biarticulado cerca de 270 passageiros, e se fôssemos

colocar essas pessoas em carros, a poluição e o espaço ocupado seria extremamente

maior. Além disso, abastecer o tanque desses 270 passageiros seria muito mais fácil se

todos esses fossem em um ônibus. Mas por que isso não acontece?

Além dos problemas já citados, somos bombardeados o tempo todo com

propagandas de carros, redução de taxas, promoções. Isso faz com que a população

sonhe em ter um carro, que custa muito mais caro, gera muito mais CO2, mas

como o objetivo desse sistema é arrecadar dinheiro, acabam sendo ignorados

todos esses problemas e sendo escondidos, para que os cidadãos possam compra-

los e gerar dinheiro para o governo através de impostos, como o IPVA. Para

se ter uma ideia, a tarifa do metrô e do ônibus, hoje em dia está por volta de 3

reais, para alcançar os 20 mil reais, que é o preço médio de um carro simples,

seria necessário o pagamento de 6700 tarifas.

Isso gera uma grande quantidade de carros nas ruas. Mas o rodízio de carros ajuda a

diminuir a quantidade de carros nas ruas, certo? Errado. Isso é outra tática consumista

gerada pelo governo para atingir as pessoas que têm uma condição financeira maior e

podem comprar 2 carros e não têm que ficar um dia sem andar pela cidade.

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Até mesmo andar de bicicleta é difícil, apesar de ser a solução mais sustentável, os cidadãos têm poucas ciclovias disponíveis para serem andadas, menor que cidades como Sorocaba, andar pelas ruas com a bicicleta também é muito difícil, já que o ciclista terá que brigar com os motoristas por espaço, já que o mesmo provavelmente estará muito estressado com o transito caótico que esta enfrentando. Então soluções são muito poucas para solucionar esse problema.

Outro problema que sofremos é que normalmente os trabalhos ficam sempre localizados em uma mesma região, e os donos dos meios de produção moram perto dos seus trabalhos, e com seus carros conseguem chegar com extrema facilidade ao seu destino, mas o pobre trabalhador, que demora 3 horas, 3 ônibus, 2 metrôs e muito cansaço para chegar ao mesmo local que o dono dos meios de produção, que demora cerca de 10 minutos para chegar. Isso é um problema de má distribuição de renda, que em pequenas ações nunca será solucionado.

Isso tudo gera um ciclo em que o cidadão, compra o carro das montadoras de automóveis, que paga impostos para o governo. Abastece em postos, que paga impostos para o governo. Paga multas, que vão para o governo. Paga o conserto desses carros, que gera dinheiro para o governo. Isso tudo gera muitas despesas que acabam indo do bolso do cidadão pra o governo.

Mas que ações podemos fazer para que a emissão de gases poluentes, a quantidade de carros diminua e esse ciclo acabe?

Desde ações pequenas, como se locomover dentro da cidade através de bicicletas, que não geram gases poluentes e poucos pagamentos para o governo. Sabemos que as calçadas são esburacadas, não são niveladas, mas temos que fazer ações pequenas como essas, para que o sistema seja contrariado com a diminuição da compra de carros e tenha que tomar alguma providência.

Outra forma de contrariar o sistema é andar no transporte público, mesmo ele sendo horrível, temos que sair da nossa zona de conforto, temos que sair da bolha e enfrentar a realidade, mesmo estando sem ar para enfrentá-la, já que a poluição nos sufoca. Temos que tirar o sistema da zona de conforto, para que a bolha deles estore, com nossas armas.

João Lazzari - 9º ano

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Caminhando para uma Mobilidade Sustentável

As cidades são grandes polos de desenvolvimento e geração de riquezas

dentro de qualquer país. Como consequência do crescimento dos grandes centros

urbanos, há necessidade de desenvolver os meios de transportes disponibilizados

para seus habitantes, sejam transportes individuais ou de massa (públicos).

Por outro lado, quanto mais crescem os centros urbanos, mais crescem os

danos ambientais decorrentes desse desenvolvimento relacionado à mobilidade.

Assim, a preocupação com a sustentabilidade se faz absolutamente necessária,

buscando o equilíbrio entre o desejável crescimento e a redução dos prejuízos ao

meio ambiente, causados por esse avanço.

No passado, a mobilidade urbana se restringia a veículos automotores

(automóveis, ônibus e caminhões), movidos à queima de combustíveis fósseis,

o que gera até hoje, uma grande poluição atmosférica devido à emissão de

monóxido de carbono (CO2) em grande quantidade.

Apesar desses meios de locomoção persistirem até hoje, muito se tem feito com

tecnologia para a redução dos danos que causam, principalmente para reduzir a

poluição. Podemos tomar como exemplo um automóvel com motor 1.0 atual, e

é provado que este polui até dez vezes menos do que um automóvel 2.0 de vinte

ou trinta anos atrás, e consegue gerar a mesma potência para o carro. A última

geração de motores diesel também já foi criada (Euro V) e com isso os ônibus

e caminhões geram entre dez e vinte vezes menos emissões de monóxido de

carbono, e a potência é maior ainda.

Uma ênfase maior deve ser dada aos transportes de massa movidos exclusivamente

à energia elétrica, tais como os metrôs, monotrilhos, ônibus elétricos e bondes,

que geram zero de poluição. E no caso do Brasil, devido às usinas hidrelétricas,

a energia é 100% renovável.

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Então, sim, é possível conciliar a desejável melhoria da mobilidade urbana

com iniciativas mais modernas que são ecologicamente corretas, e a isso se dá

o nome de sustentabilidade: progresso com preocupação com o meio ambiente.

Cada vez mais surgem novas ideias, assim como os carros elétricos/hybrid, que

nos estimulam a ter um olhar otimista sobre a questão da mobilidade sustentável.

A mobilidade urbana e a sustentabilidade não precisam ser conceitos antagônicos,

e soluções estão aparecendo para que as duas caminhem juntas e no futuro

contribuam para cidades muito melhores.

Vitória Acar - 9º ano

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Linha Expressa Possível solução para o transporte público

Sustentabilidade tem sido um tema muito abordado, não só em grandes

congressos e reuniões, mas também em escolas e faculdades. O tema busca trazer

novas opções, ou melhor, novas soluções para um desenvolvimento em várias

áreas do país, tanto em economia, como na mobilidade urbana e no uso de fontes

naturais em geral. Porém, o desenvolvimento sustentável busca um crescimento

sem agredir, na medida do possível, o meio ambiente.

Um dos grandes problemas enfrentados em uma metrópole do tamanho de

São Paulo é a mobilidade urbana. Hoje temos uma grande (mas não o suficiente)

frota de ônibus atendendo vários pontos estratégicos na cidade. Porém, isso não

é o bastante para acabar com os congestionamentos e as superlotações dentro

do ônibus e, também, falta uma organização melhor e maior das empresas do

transporte público em relação às rotas.

Com a privatização das empresas de transporte comunitário, o governo não

tem como monitorar as linhas do ônibus, o que é extremamente necessário, já

que a ideia principal não é conscientizar os usuários de carros a usar o coletivo,

mas fazer com que essas pessoas vejam uma vantagem em deixar seus veículos

para usar o transporte público. Para que isso seja possível, o governo tem que

entrar organizando e monitorando as rotas dos ônibus.

Os corredores que ligam os bairros ao centro são muito úteis em relação à velocidade,

então, a ideia seria criar novos corredores e torná-los uma única linha, fazendo com

que os ônibus não saiam dela, uma linha expressa, depois, colocar os micro-ônibus

atendendo os bairros e levando as pessoas para o corredor. Com isso, seria possível

equilibrar o número de passageiros em cada veículo, já que todos estariam fazendo

a mesma viagem. Isso traria um conforto bem maior dentro dos ônibus atraindo os

usuários de carro a usarem o coletivo, por ser mais rápido e confortável.

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Com a “linha expressa”, os carros das ruas iriam diminuir a poluição e o

trânsito também. E com o governo fiscalizando as retas, os percursos seriam mais

bem estabelecidos e a segurança seria mais bem aplicada.

Mas tudo será possível se o governo fizer uma parceria com as empresas privadas.

Pedro Borges - 1ª série

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Locomoção na cidade x Sustentabilidade

Há muito tempo são discutidas várias formas de preservarmos o meio ambiente e, ao mesmo tempo, afetarmos o mínimo possível o desenvolvimento humano. Esta discussão se estende a diversas áreas, seja na produção de energia elétrica, de produtos, de alimento, até mesmo na mobilidade dentro das grandes cidades.

Afinal, há alguma maneira de nos locomover economizando tempo e agredirmos pouco ou nada o meio ambiente?

Há pouco tempo, foi realizada uma “corrida” dentro da cidade de São Paulo, na qual um helicóptero, um carro, uma moto, uma bicicleta e alguém se locomovendo por ônibus saíam de um mesmo local e deviam chegar a outro. Para a surpresa de muitos, o primeiro veículo a chegar foi a bicicleta, antes até mesmo do helicóptero, que chegou em segundo, seguido da moto, do ônibus e, por último, pelo carro, que chegou com quase uma hora a mais se comparado com o tempo da bicicleta. Concluímos então que, além de ser o meio de transporte menos poluente entre estes, a bicicleta se mostrou também a mais rápida, enquanto o carro, o mais utilizado entre estes, se mostrou o pior, além de poluir o meio ambiente também.

Então, somente a bicicleta seria um transporte rápido, que melhoraria a condição de vida das pessoas e poluiria menos? E quem não pode utilizá-la devido a uma deficiência ou por não ter renda suficiente?

Em muitas cidades fora do Brasil, principalmente na Europa ou nos EUA, a viabilização do metrô diminuiu a poluição da cidade por carros e ônibus e não deixa de ser rápido e acessível para todos. Se a cidade de São Paulo viabilizasse o uso de metrô, grande parte da poluição produzida por carros e até por ônibus (que poderiam diminuir de quantidade por falta de público) seria eliminada, juntamente com o tráfego caótico na cidade.

Concluindo, a solução mais viável para este problema seria o incentivo para o uso de bicicletas ou do metrô, o que diminuiria não somente o nível de poluição no ar, mas também o estresse de todos, melhorando a qualidade de vida.

João Pedro Abdalla - 1ª série

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Melhoria no sistema de transporte diminuição de Mortes

Você sabia que a poluição já mata mais do que AIDS e o trânsito juntos na cidade de São Paulo? O ar nessa região mata indiretamente, por ano, 7.187 pessoas a partir de 40 anos, isso porque são emitidos na atmosfera diariamente diversos tipos de poluentes como o ozônio (03), Dióxido de Nitrogênio (NO2), partículas inaláveis (PI), entre outros.

Atualmente, o tema sustentabilidade é indispensável para qualquer discussão sobre planejamento urbano. Dentro desta perspectiva, a melhoria da qualidade do ar, a conservação de energia e a diminuição dos impactos gerados pelo trânsito devem fazer parte deste debate.

Uma forma de diminuir esse impacto causado pelos automóveis é usar mais o transporte coletivo, que consome, por pessoa, menos combustível e espaço, diminuindo assim os poluentes emitidos na atmosfera. São Paulo tem a maior frota de ônibus do mundo, com cerca de 15 mil veículos, porém a velocidade é baixa, diminuindo a capacidade de transporte e aumentando o tempo gasto nas viagens, para melhorar essa situação seria necessário que ampliassem os corredores de ônibus para que houvesse mais espaço e os ônibus não tivessem que “competir” com os carros.

Outra solução seria a maior intensidade do uso de bicicletas, mas há dois problemas graves que os ciclistas enfrentam. O primeiro deles é a falta de educação no trânsito, que resulta a todo instante em mortes que poderiam ser evitadas com bom senso e prudência. Segundo, a falta de política pública voltada à implantação de ciclovias na cidade. Quando se fala em ciclovia, não adianta fazer uma que ligue o nada a lugar nenhum. É preciso fazer com que a bicicleta faça parte do dia a dia do cidadão, através de pistas que liguem o bairro ao centro da cidade para o trabalhador e o estudante, assim como interligações entre parques para o lazer. Com isso a poluição no ar da cidade seria bruscamente diminuída e consequentemente as mortes por causa desse as também.

Victoria Pires - 1ª série

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Mudar ou lastimar

Quem nunca ficou horas preso no trânsito enquanto ia para o trabalho? Quem nunca abriu o jornal e se deparou com incontáveis notícias de acidentes e atropelamentos? Esses acontecimentos já estão tão presentes no nosso dia a dia que nem percebemos o quão absurdo são. Essa superlotação e insegurança nas ruas é fruto de um crescimento demasiado e desorganizado da frota automobilística na cidade de São Paulo. Gerando uma instabilidade desnecessária na cidade, por exemplo, todos sabem que sair de carro no período entre as 5 da tarde e 8 da noite por vontade própria é um erro fatal.

Em São Paulo morrem cerca de 1200 pessoas por ano, isso porque a frota na grande capital de acordo com o portal da Globo se encontra em torno de 6390 milhões. Os números grandes são muito assustadores, porem estes só existem graças a números bem pequenos, como por exemplo, a média de pessoas presentes em cada veículo em circulação, olhe para o lado quando estiver no trânsito e veja por si próprio, uma pessoa, um é o número médio de pessoas transportadas por veículo no cotidiano.

São Paulo cresceu em questão populacional muito rapidamente em um espaço de tempo muito pequeno, as cidades europeias como, por exemplo, Paris, cresceram com certa organização e assim acharam suas próprias soluções para o trânsito, a capital francesa tem 213 km de linhas, com mais de 300 estações. A distância média entre uma estação e outra é de aproximadamente 300 m. Ou seja, a locomoção ocorre de forma bem mais tranquila.

O Brasil tem investido muito no transporte ultimamente, mas não o necessário, em São Paulo 46,2% dos poluentes no ar que respiramos tem origem nos veículos, essa poluição traz muitas consequências tanto para a nossa saúde como para o meio ambiente. O aquecimento global já é um assunto bem conhecido, porem não deixa de ser importante, o aumento na temperatura do globo terrestre, o aumento no nível do mar, o perigo que isso oferece para toda a fauna e flora do planeta, incluindo o ser humano. E essa poluição gerada nas cidades grandes não

deixa de ser um contribuinte para essa causa.

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Banir completamente os veículos nunca foi uma opção, pois nem pode ser

considerada uma medida sustentável. A sustentabilidade que procura um equilíbrio

entre o social, econômico e ambiental, não busca soluções extremas que possam

causar um desequilíbrio entre seus pilares. Mas sim soluções práticas e viáveis

visando apenas diminuir os impactos negativos gerados pelos meios de locomoção.

A melhora no transporte público, por exemplo, é uma solução muito visada, um

ônibus tem a capacidade de transportar 120 pessoas, sendo que cada carro tem

em media apenas uma pessoa, 120 carros poluentes poderiam ser trocados por

apenas um ônibus que geraria uma parcela de poluentes imensamente menor.

O investimento no transporte público de qualidade é a melhor opção para as

cidades grandes, as ruas não podem ser aumentas e o gás carbônico não pode ser

contido. Ainda o etanol produzido a partir da cana de açúcar também é considerado

um combustível muito mais favorável para a natureza. O etanol gera muito menos

impacto e, além disso, é uma fonte renovável de combustível, enquanto o petróleo,

matéria prima da gasolina, é de fonte finita e só tende a desaparecer.

Mas a utilização do transporte público na maioria das vezes é visto como

algo que deve ser garantido pelo governo, mas a única forma de pressionar o

estado a investir nessa área é através da pressão pública. O dever de cuidar da

cidade é do povo, o povo deve primeiro perceber e admitir que o nosso sistema

de transporte não está correto, em seguida começar a agir, começar a utilizar os

transportes públicos e começar a demandar uma organização e investimento para

que, quem sabe, algum dia a locomoção dentro da cidade seja feita de forma

pacífica, organizada e simples. Sem engarrafamentos, menor poluição, e com isso

uma melhora significativa na qualidade de vida dos cidadãos. Então, será mesmo

que apenas reclamar da realidade vai ajudar a transformá-la?

Júlia Silva - 9º ano

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Novos ventos

Atualmente, criar polêmicas se tornou extremamente fácil: qualquer assunto, independente de ser relevante ou não, ganha grande importância ao ser abordado por todos. A sustentabilidade em si e todas as suas inúmeras subdivisões se tornaram foco de discussão, e quanto mais próximo do nosso dia a dia o assunto é, mais opiniões divergentes ele gera.

No último mês de setembro, uma empresa espanhola assinou um contrato para promover o desenvolvimento de energia eólica no Brasil, tendo em mente a construção de 10 parques eólicos no estado do Rio Grande do Sul, que, uma vez iniciada sua exploração, produzirão aproximadamente 957 mil megawatts/hora de eletricidade por ano, o que, segundo a empresa, equivale à necessidade energética de meio milhão de lares brasileiros.

A iniciativa gera esperanças sobre um possível aumento da exploração desta fonte de energia sustentável no nosso país, já que é, acima de todas, a fonte de energia mais limpa. É totalmente renovável, baseando-se apenas na força dos ventos, sendo assim inesgotável. Não emite gases poluentes nem gera resíduos, seus aerogeradores não necessitam de combustível ou manutenção constante, e os parques eólicos, além de criarem empregos, não interferem na utilização do solo que os rodeia.

Comparadas a todos os benefícios, as opiniões contrárias que essa fonte de energia levanta são insignificantes: impactos visuais para os moradores da região e a distância das habitações mais próximas de pelo menos 200 metros para se evitar impacto sonoro são irrelevantes quando se pensa na diminuição da emissão de CO2 na atmosfera. O único argumento que pode gerar dúvidas é o de que não se produz 100% da potência, já que a velocidade do vento é variável. Porém, se pararmos para analisar, todas as outras fontes de energia sofrem algum tipo de interferência natural.

A energia eólica no Brasil é mais um passo para o desenvolvimento sustentável do nosso país, que caminha de vento em popa.

Carolina Nahas - 1ª série

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Qual é o caminho para o sustento?

Sustentabilidade pode ser definida como a capacidade do ser humano se integrar com o mundo preservando o seu ambiente, sem prejudicar futuras gerações.

A sustentabilidade se apoia em 3 tópicos: ambiental, econômico e social. Sustentabilidade é como você consome, de quem você consome e como você descarta os resíduos.

Quando pensamos em sustentabilidade a questão da energia é um caso importante, pois sem energia a economia não se desenvolve.

As energias renováveis e sustentáveis devem atender a demandas como ser ecologicamente corretos e ser economicamente viáveis.

Estar em harmonia total com o ambiente parece difícil, porém existe uma forma de captar energia que é aparentemente limpa, não emite gases e tem impactos ambientais reduzidos. Esta fonte é a energia eólica, um caminho alternativo que é, no começo, caro para ser implantado, mas ao longo do processo mostra-se mais viavelmente sustentável e econômico.

Essa energia é extraída pelo próprio vento sem emitir gases, porém para extraí-la é preciso construir parques eólicos que oferecem o perigo de desequilíbrio do Bioma. Outro risco é saber se podemos depender 100% do vento.

No Brasil, a energia elétrica hoje é gerada por usinas hidrelétricas. Pesquisadores apontam que o Brasil poderia substituir a energia hidrelétrica para eólica, pois no nordeste existe potencial de ventos e períodos de seca nos quais as hidrelétricas não conseguem suprir as suas demandas devido à quantidade mínima de água.

Consertar as coisas já prejudicadas parece impossível, mas podemos administrar adquirir informações e cuidar do que está ao nosso alcance. Estamos levantando o cinza e cortando o verde, isso não é a solução do desenvolvimento. Antes de falarmos em mudar o planeta devemos pensar e conseguir mudar o ser humano, pois não somos o centro da terra e sim uma parte dela.

João Lucas Vettore Catan - 1ª série

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Um estábulo abandonado

Se fosse oferecida a você uma carroça para circular pela cidade, você a usaria?

Aposto que sua resposta, assim como a minha, seria não. E em um carro esporte,

com mais de duzentos cavalos, capaz de chegar a 280 quilômetros em 10 segundos,

você andaria? Aposto que você responderia novamente como eu, dizendo sim.

E se eu te falasse que, para nós paulistas, de nada adiantaria ter uma cavalaria

debaixo do capô, já que só usamos uma mula. Triste não é? Um estudo recente,

apresentado pelo instituto Akatu, mostra que a velocidade média de um carro na

cidade é menor do que a velocidade de uma carroça. Alcançamos uma situação

crítica, é chegada a hora de mudar.

Precisamos achar uma solução para mudar o rumo do trânsito. Uma que seja

o mais rápida, barata, viável, eficiente em velocidade e ecológica.

Primeiramente, é preciso diminuir o transporte privado. Para tal, é preciso

melhorar o transporte público (em qualidade e quantidade). Aumentar a frota de

ônibus pode até parecer uma boa opção, considerando que um dos articulados

pode diminuir em cerca de 150 carros andando na rua, mas não seria ecológico.

As emissões dos carros causam a poluição do ar e a acidificação do solo. Metrôs

podem ser melhores ainda, mas é demorado e caro de se construir.

Considerando os defeitos que as possibilidades nos oferecem, a melhor parece

ser os trens e o velho e bom bonde. Os dois são mais rápidos e mais baratos

de se construir do que os outros dois meios anteriormente citados, pois não são

meios de transporte subterrâneos tornando melhor o número de trabalhadores e

maquinário. E pensando ainda mais profundamente, colocar um bonde na rua

iria causar a ocupação de uma faixa, que com o tempo iria diminuir a quantidade

de carros na rua, diminuindo as emissões de gases do efeito estufa. Vale lembrar

também que os trens e bondes são movidos com energia elétrica, e, desde que sua

origem seja limpa, como é na maioria das vezes aqui em São Paulo (hidrelétrica),

sua produção não é prejudicial ao meio ambiente.

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Mas é claro que só isto não basta. É preciso manter a qualidade e o conforto

dos meios de transporte, melhorar calçadas, implantar políticas de transporte de

uso particular e campanhas também. Você sabia que na Alemanha existe um

projeto chamado carona solidária? Consiste basicamente em um site onde você

registra o trajeto que você tem que percorrer até seu trabalho e o horário em que

ele é feito, e o site, em resposta, te dá contatos de pessoas que devem percorrer

o mesmo caminho ou algum similar. Vocês combinam os detalhes da carona e o

passageiro, em troca do favor, vai dividir as despesas da viagem com você.

Concluindo, a construção de bondes e trens é o começo da melhor solução.

Vai muito além. É necessária a criação de uma série de outros fatores, como

projetos e reformas. Mas isso só vai se tornar realidade se nós mostrarmos que

não estamos satisfeitos com a atual situação. Aproveite, nestas eleições, vamos

votar no político que defenda nossos ideais.

Artur Audi - 9º ano

CRÔNICA

30

Ação Analfabeta

- Bom dia, filho! Como foi na escola hoje?- Foi legal... Tirei dez em Artes e nove em Inglês!- Meu garoto! Parabéns, Augusto! - Obrigado, mamãe! Mas eu estou preocupado... Hoje, a professora de Ciências,

passou uma lição de casa muito difícil que eu não vou conseguir fazer! A gente tem que fazer uma história narrando a rotina de uma criança mostrando ações sustentáveis. A professora deu um exemplo: a reciclagem, o básico né.

- É filho, realmente, sustentabilidade é bem mais do que isso. São os atos sustentáveis que as pessoas podem e devem fazer para um ambiente melhor, porque, afinal, nós vivemos nesse tal meio ambiente. Poluindo ele, jogando lixo na rua ou até fumando, estamos, automaticamente, nos prejudicando em muitos sentidos...

- Ah, então já sei! Vai começar assim... “Joãozinho, acordou pela manha e escovou seus dentes de torneira fechada.

Tomou seu café da manhã orgânico e foi de carro á escola com seu pai...”- Mas, meu anjo, - interrompeu a mãe pensativa – ir de carro não é a melhor

opção, pois emitem gases nocivos muito prejudiciais como o CO2. Mesmo se os carros híbridos e elétricos entrarem no mercado, essa poluição ainda vai ser um grande problema.

- Hum,... então o Joãozinho vai de ônibus!- É... ônibus, de fato é uma melhor opção que os carros, em relação a

movimentos sustentáveis: produz menos toneladas de gases prejudiciais, pois é movido a óleo diesel e assim, até com os tais “ônibus verdes”, não vão deixar de produzir gases tóxicos.

- Então tá! O Joãozinho vai de bicicleta.- Bicicleta? Acho que não seria um jeito seguro e rápido para ir á escola,

mesmo não poluindo... o mesmo do que se ele for a pé!- Tá bem! Tive uma ideia. O Joãozinho não vai à escola!

Isabella Iervolino - 8º ano

31

Com ele é assim

Enquanto não pensarmos em sustentabilidade no trânsito, muita violência irá

ocorrer dentro das grandes metrópoles. Um caso que me chamou a atenção foi

quando, após uma discussão no trânsito da grande São Paulo, um homem tirou

um facão de cortar cana-de-açúcar debaixo do banco e disse “comigo é assim...”,

e o outro que ainda estava dentro do carro, tirou um revólver de dentro do porta-

luvas e disse “e comigo é assim!”. Com medo, o homem do facão entrou no

carro, pôs o cinto de segurança e saiu a toda velocidade pelo sinal vermelho em

plena Santo Amaro, quase atropelando vários pedestres que estavam atravessando

a avenida. Esse é um caso que me deixou em estado de choque, pois relata a

neurose e a impaciência das pessoas no congestionamento.

Apesar da fiscalização da Controlar, o ar está cada vez mais poluído,

prejudicando a saúde humana, as pessoas estão mais neuróticas e violentas e o

tráfego nas ruas continua intenso e preocupante.

Será que o meio mais sustentável para resolver esse problema é o transporte

público? Essa pergunta só será respondida quando a sociedade colaborar, se

respeitar, ser mais paciente, se conscientizar e exigir uma melhora nos transportes

públicos.

Fabiana Gentil - 7º ano

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Diferentes pontos de vista

No meio de todo aquele trânsito havia um carrinho bem pequenininho, que

levava Armando e seu filho menor para casa.

Todos os dias Armando saía do seu trabalho às cinco e quinze e buscava seu

filho menor na escolinha. Armando já tinha cinco filhos e sua situação financeira

não era muito boa, mas dava para sustentar sua família. A coisa que Armando

mais odiava era o trânsito das seis horas, pois demorava uma eternidade para

chegar em casa, ficava sonhando que seu carro poderia passar por todos os

carros, imediatamente acordava do seu sonho com as buzinas das pessoas mais

estressadas e sem paciência. No trânsito, pensava nos problemas da vida dele e

punha uma boa parte da culpa na cidade de São Paulo.

Sempre quando estava pensando em seus problemas, ligava o rádio para

tentar se distrair, mas como era época de eleição, ficar ouvindo aqueles políticos

corruptos e mentirosos só piorava mais ainda sua situação.

Enquanto Armando só reclamava, seu filho se divertia com os tipos de carros,

via as fumaças poluentes como se fossem nuvens que não paravam de se mexer,

o lixo do rio Tietê como crocodilos, o lixo no chão como tubarões que não

poderiam encostar nos carros que eram barcos de piratas.

Mas apesar de Armando odiar o trânsito por vários motivos, seu filho amava,

pois era a única hora que ele tinha com o pai.

Manoela Guelli Ambrosio - 8º ano

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Existe uma cidade ideal?

Eu sou paulistana. Nasci em São Paulo, cresci em São Paulo e continuo em São Paulo. E amo, sinceramente, essa cidade. Mas, infelizmente, nada neste mundo é perfeito, nem essa cidade tão maravilhosa! Há problemas desde o perigo até a poluição. Mas como solucionar esses problemas?

Outro dia, saí de casa um pouco atrasada para ir à escola. Mas como o trânsito dessa cidade piora em apenas 5 minutos? Eram 7h10 da manhã e a movimentação já assombrava stress! Só com a ajuda de Deus para chegar na hora!

Nesse dia não consegui prestar atenção na aula. Fiquei pensando sobre o trânsito. Como pode piorar tanto às sete da manhã em apenas cinco minutos? Bem, a cidade de São Paulo tem aproximadamente 12 milhões de habitantes. Isso deve “ajudar” um pouco.

Depois da aula, minha avó veio em casa para ser entrevistada para um trabalho da escola. Era para perguntar sobre a década de 40, quando ela tinha exatamente a minha idade. Como todos sabem, a vida era mais calma. Não havia trânsito, tanta criminalidade, as crianças podiam brincar na rua livremente, o grande movimento era no centro... Enfim, era bem diferente! Algumas coisas com que eles estavam acostumados, hoje é o “sonho” de muitas pessoas, como por exemplo, a tranquilidade, mas será que queríamos que São Paulo fosse daquele jeito? Hoje temos cinemas, shopping, muito mais atrações do que eles tinham. Como ser “sustentável” numa cidade tão grande, com violência, trânsito e poluição, como São Paulo? Como harmonizar o homem paulistano com a natureza, que por sinal é bem pouca? E a nossa cultura estressada de querer tudo para ontem? Será que existe alguma solução?

Existem propostas para acabar com a poluição que aflige a vida e principalmente a saúde. Vamos pensar no trânsito: por que é tão movimentado e perigoso? Talvez se continuarmos a usar ônibus, por exemplo, o problema diminuísse. Talvez usar mais combustíveis sustentáveis ajudasse. Mas de uma coisa eu tenho certeza: as pessoas, em primeiro lugar, precisam se conscientizar. Vamos todos nos conscientizar para que o problema acabe e São Paulo passe a ser a cidade ideal?

Bianca Valéria Martengo Vizzotto - 7º ano

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Falhou na vida, falhou na morte

O alto ruído das diversas buzinas o acordou. Ele se espreguiçou na beira da

calçada marcada pelos anos, adaptando seu olhar à mais nova manhã que pairava

na cidade.

Ele era um mendigo, aquele que, quando passamos por seu território, logo

pede restos de dinheiro que habitam nossas carteiras, vendo o tempo passar.

O homem tirou a caixinha de cigarros que havia comprado na semana anterior

com esmolas arrecadadas do bolso de sua calça miserável. Dela, retirou seu último

cigarro. Acendeu-o com um isqueiro fajuto, tragando a droga tranquilamente.

A fumaça escapulia pela boca do mendigo. Ele seguiu-a, atravessando seu

percurso até o céu. O homem olhou para cima. A fumaça produzida parecia uma

nuvem no infinito azul. Sim, uma nuvem... Há quanto tempo ele não via uma

nuvem?

O que acontecia com o mundo?

Olhou para a pequena praça que se encontrava alguns metros à sua direita.

Diversas latinhas de cerveja e vários maços de cigarro invadiam a grama. A

fumaça vinda do escapamento dos carros engasgava as árvores.

Onde estava o tão famoso verde?

Indignou-se. Será que ele havia passado tanto tempo dormindo? Por que

estava tão calor? Por que o cheiro de gás vencia o cheiro das frutas que vinha das

árvores? Por que estava tão CINZA?!

O mundo que o simples mendigo conhecia havia acabado, ele não pertencia

àquele novo mundo incolor, então por que estava vivo?! Por que ainda respirava

aquele ar tão sujo? Percebeu rapidamente que viver naquele mundo simplesmente

não era viver.

Levantou-se, objetivo. Ainda com o cigarro na boca, cambaleou precariamente

até a faixa de pedestres, nem se preocupando com os olhares que tentavam furá-lo.

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Posicionou-se no meio da rua, sentindo-se livre. Iria morrer, estava pronto.

Assim que o sinal abrisse, seria amassado por diversas rodas até que seu coração

finalmente desistisse de viver.

Ele esperava ansiosamente o sinal abrir. Iria pular no primeiro carro que se

mexesse. Estava pronto.

Finalmente, ele avistou a luz verde surgir. Respirou fundo, havia chegado a hora.

Mas nenhum carro passou, nem uma mísera moto. Estranhou e olhou para os dois

lados da rua, querendo uma resposta. Foi aí que percebeu que estava RODEADO

por carros, em todos os ângulos. Nenhum andava, nenhum parecia vê-lo.

O mendigo havia virado parte do engarrafamento.

Felipe Ioschpe - 8º ano

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Intransitável

André, a caminho do trabalho, refletia sobre os negócios na empresa. Os

problemas só aumentavam: a cada minuto deparava-se com contas a pagar,

reclamações de clientes e funcionários, manutenções a serem feitos, ligações

a serem atendidas... Com todas as suas preocupações, não percebera o quanto

teria que esperar para chegar em seu serviço. O trânsito era terrível e as filas de

automóveis cresciam cada vez mais. Ligou o rádio. Seus pensamentos estavam,

completamente, fora de órbita, até que percebera que a propaganda eleitoral

já estava no ar. Tinha se esquecido de que, em breve, as eleições ocorreriam.

Começou a prestar atenção nos discursos dos candidatos. Todos tinham algum

diferencial, alguma proposta que o tornasse diferente dos outros. Mas, em geral,

possuíam uma única semelhança: pregavam o “mundo sustentável”... Mas, o que

isso significa?

O trânsito melhorou um pouco e André continuava a pensar sobre o “mundo

sustentável”, atento ao que os candidatos diziam.

Um deles começava dizendo sobre o que, supostamente, teria feito em seu

último mandato. De acordo com ele, melhorara a situação no trânsito paulistano,

visando o transporte público. Novos corredores de ônibus foram feitos, as estradas

e avenidas foram melhoradas, maior número de ônibus, foram incluídas mais

frotas para evitar a superlotação, etc.

André ficou impressionado com o que acabava de ouvir. Há muito tempo, não

escutava um candidato dizer ter feito tantas coisas pelo trânsito da cidade de São

Paulo. Pensava isso até olhar para sua direita: muitas pessoas disputavam pela

entrada em um único ônibus. Pessoas se “entulhavam” para garantir um pequeno

espaço no ônibus.

Abalado, olha ao seu redor. Aquelas imensas filas de carros, que causavam o

trânsito, eram ocupadas, geralmente, por uma única pessoa...

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A palavra “sustentabilidade” veio a sua mente. Lembrou que há algum tempo

aprendera que o significava. Equilíbrio de Relações. Mas, o que está acontecendo

no mundo atual, neste exato momento se enquadra neste tremo?

André continuava concentrado em seus pensamentos, chegando a uma única

conclusão: se continuarmos assim, o mundo sustentável não seria conquistado.

Virou-se novamente. O ponto de ônibus estava lotado. De novo. Enquanto,

o trânsito não fluía porque centenas de carros eram ocupados por uma única

pessoa... Percebeu o problema?

Dezenas de pessoas disputam um mínimo espaço em um ônibus, outras

andam sozinhas em um espaçoso carro.

Se nós, cidadãos, continuarmos deste jeito, agindo assim, o mundo não

evoluirá, as pessoas não evoluirão...

A Sustentabilidade só poderá ser alcançada, quando mudarmos nosso jeito de

ser e de pensar. Quando percebemos que sustentabilidade não significa só salvar

o meio ambiente, mas também as pessoas.

Maria Luiza de Oliveira Jorge - 7º ano

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Ironia

Pedro estava voltando de seu trabalho bem no horário de “rush” em São

Paulo. O trânsito estava muito ruim, ele ia da Vila Nova a Moema. A cada três

minutos que andava parava um minuto, e em algumas partes de seu trajeto

esperava o farol abrir por pelo menos dois minutos e meio. Porém tinha que se

conformar, morava na maior cidade do Brasil. Por que mesmo decidiu ir morar

lá? Sinceramente não conseguia se lembrar. Ele estava entediado, então ligou o

rádio para ouvir alguma coisa. Estava no horário político, ia ser uma boa ideia

prestar atenção, já que nem sequer tinha ouvido falar os nomes dos candidatos

a prefeito.

A primeira propaganda falava: “Ele dobrou a quantidade de transportes públicos

no Brasil e quer fazer mais!”, então, o próprio candidato começou a falar: “É

verdade, eu amo a cidade de São Paulo, vou também diminuir o preço do bilhete

único e...” depois disso Pedro parou de ouvir. Estava muito concentrado olhando

as pessoas no ponto de ônibus. Algumas deveriam estar ali porque não tinham

dinheiro para bancar um carro. Outras apenas porque achavam mais sustentável

andar em um transporte público do que em um transporte privado. Quando o

ônibus chegou, todos entraram correndo para conseguir assentos. Havia umas

50 pessoas em um ônibus em que deveria caber 40. Ele pensou que deveria ser

por causa dos poucos transportes públicos em relação à população de São Paulo.

“Precisava se concentrar nas propostas, as eleições já estão chegando!” disse

para si mesmo. E lá veio o próximo candidato: “Construindo novas estradas e

melhorando a dinâmica do andamento nas ruas, consegui melhorar o trânsito

principalmente nos horários de “rush” em São Paulo”. Para Pedro isso soava

irônico, já que justo no horário de “rush” em que estava não conseguia andar

quatro minutos sem parar.

“E a sustentabilidade?” pensou “quando estamos em tempos normais ninguém

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toca nesse assunto, mas em tempo de eleição, é o mais comum de se dizer!” Bom,

não demorou muito até que o próximo candidato começasse a falar, agora era a

voz de uma mulher: “Quero ver a cidade de São Paulo crescendo sustentavelmente!

Por isso pintei várias faixas da ciclovia para que os ciclistas possam ter mais

segurança na hora de pedalar!”. Pedro queria muito ter ouvido aquela mulher e

o que ela fez, mas depois da palavra “sustentável” ele quase atropelou um ciclista

que estava pedalando fora da ciclovia porque lá não tinha nenhuma.

Depois de trinta minutos dirigindo em um trajeto que deveria ter durado no

máximo dez, chegou em casa e deitou na cama exausto. Antes de adormecer

começou a refletir sobre se todos os candidatos falam a verdade na hora de

propor coisas ou se sua proposta não sairia do papel, então decidiu estudar mais

um pouco sobre as eleições e partidos.

Ana Vila Pacheco - 7º ano

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Pensando e Sustentando

Às 6h da manhã, acorda com um barulho que vinha do silêncio absoluto. Deu um tapinha no despertador e se sentou sobre a cama. Ainda estava com os olhos meio fechados, mas se levantou.

Deu alguns passos e começou a abrir a janela como fazia toda manhã. Viu o céu cinza e milhares de pingos caindo agressivamente. “Ah não, dia de chuva”, pensava Luiz, agora com cara de desapontado.

Se vestia com a sua camiseta listrada e sua gravata e tomava seu café e uma torrada queimada cheia de manteiga.

Meia hora depois sentava em seu carro e colocava seu cinto. Ligava o rádio. Sua expressão piorou ainda mais de saber que a cidade estava inundada, inclusive a sua rota para o trabalho.

Pensa um pouco, mas lembra de que não tem outro jeito de ir, devido à greve do metrô. Luiz respirou fundo e engatou a marcha. Deparou-se com o maior trânsito, eram carros pra lá e pra cá, ônibus gigantes

soltando fumaça, buzinas alta e xingamentos de todo o tipo. O marronzinho da CET afobado tentava acalmar o povo, tentava ajudar, porém, a voz do coitado sumia no grande espaço.

Não podia se mexer para nenhum dos lados, então sem ter o que fazer, Luiz começou a refletir, todo aquele mundaréu de gente, fumaça saindo de carros e ônibus monstruosos, pessoas jogando lixo nas ruas, entupindo bueiros e causando inundações, onde estava a sustentabilidade dessa cidade? Embaixo de todo aquele lixo e gases que a população produzia? Algo devia mudar.

Olhava em seu redor. Via outdoors políticos e propagandas de produtos sustentáveis, agora pensava no que adiantava ter milhões de propostas, mas não ter pessoas para praticá-las? Luiz pensava em um modo de mudar as coisas, começando pela sua vida. Separava o lixo reciclável, deixava mais o carro na garagem, economizava a água potável, votava em candidatos confiáveis e tudo mais que podia ajudar o mundo. Ele estava fazendo sua parte e esperava um dia em que outros mudassem com ele.

Nina Saeki Sunago - 7º ano

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Pequenos pensamentos, grandes ações

Mãe e filho voltavam da escola na hora do “RUSH”, quando se deparam com

um grande engarrafamento. A mãe, já estressada por ter tido um dia daqueles no

trabalho, opta por se calar, já o filho aproveita a oportunidade para conversar...

- Mããããããããããe!!!

- Oi.

- Tem muito carro, né? Vai demorar bastante para chegarmos em casa.

- Vai e tem.

Passam-se alguns minutos e o engarrafamento continuou firme e forte, e então

a mãe resolve tirar uma soneca...

- Mãããããããããããããããe!!!!!!

- Oi, filho.

- Sabia que eu aprendi na escola hoje que no mundo tem quase a mesma

quantidade de carro e gente. É os carros vão dominar... Aqui em São Paulo, por

exemplo, mais de mil carros são comprados por dia!!!

- Ah, sério? Que bom, filho!

- Aham, seríssimo! E mãe, por que você acha bom que as pessoas comprem

carros?

- Porque é sinal de desenvolvimento...

- Ah... Mãe, lá na escola também me contaram que é toda essa quantidade de

carro que causa esse amontoado, que nos faz ficar na rua por horas...

- Ah, jura bebê? Nem imaginava...

- Eba!!! Mãezinha, isso quer dizer que está aprendendo muita coisa comigo?

- Opa, sempre, filho... Vivendo e aprendendo né? Hahaha.

- Mãe, e você acha que essa quantidade toda de carros que está sendo produzida,

pode exterminar as pessoas? Por isso que agora, estão tendo as bicicletas laranjinhas

na rua, para chamar a atenção das pessoas e impedir, atrasar essa “dominação”?

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- HAHAHAHAHA, filho, claro que não! Essas bicicletas funcionam como

uma prática sustentável, para cidade, para que as pessoas parem um pouco de

andar de carro e assim para que não poluam tanto o meio ambiente, elas são...

Vamos dizer assim... Um incentivo à população.

- Ah mãe, então você é a favor dessas novas medidas?

- É, sou, mas...

- Mas o quê? Então por que não estamos voltando para casa de bicicleta?

- Porque existe perigo... e é mais confortável andar de carro.

- Ah, mas, eu quero começar a voltar de bicicleta da escola, para me tornar

uma pessoa... sus... susten...

- S-u-s-t-e-n-t-á-v-e-l, filho.

- Isso!!!

- Filho, você pode ser uma pessoa sustentável em outros tipos de ações, não

só indo de bicicleta para escola, outras formas mais fáceis e viáveis. Você pode,

por exemplo, economizar água, energia, e muitas outras coisas, dessa forma a

natureza agradecerá e meu bolso também! Luz que o Marcelinho apaga é luz que

a Sandra não paga! Não é assim que o namorado da sua irmã fala para você?

- É sim, haha. Ah, vou começar a fazer isso então, Dona Sandra!

- Faça, filho, faça... Agora que tal tirarmos uma soneca? Já que ainda não

saímos do mesmo lugar...

Marina Bechara Tebexreni - 8º ano

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Será que é possível?

A jovem entusiasmada esperava por este momento há meses. Aquela palestra seria a mais incrível de todas. Ela já havia ensaiado e estudado o assunto de todas as formas possíveis.

Ela sempre fora assim: preocupada com as outras pessoas, com o mundo, com o meio ambiente. Finalmente teria a chance de poder compartilhar esse pensamento, esse modo de vida que todos poderiam e deveriam ter. Finalmente a solução para o enorme problema da mobilidade urbana fora resolvido, e ela teria a chance de dizer isso a todos. Imagine só, um dos maiores problemas da nossa cidade acabaria, teríamos uma forma fácil e rápida de nos locomover sem poluir muito, e transportando muitos de uma vez, ou seja, sem trânsito!

Mas era mesmo uma chance única, pois a pobre moça perdera qualquer outra por conta de incidentes anteriores. Apenas esta noite uma exceção seria aberta, somente esta.

Meu Deus como estava ansiosa, a moça não parava de andar de um lado para o outro em seu quarto. Ela mudaria tudo, ficaria marcada na história. O mundo começaria a sentir o ar puro, São Paulo seria outra cidade. Depois de todos aqueles anos de tentativa, tudo daria certo.

Pegou a chave para ir. De repente se lembrou: era a semana da mobilidade urbana, ela não podia sair de carro naquele dia. Foi então para o ponto de ônibus, mas também não deu, pois estava lotado, e não daria tempo de esperar outro. Pegou então a bicicleta, e já na primeira esquina foi roubada. Sem bicicleta, sem ônibus, sem carro. Pediu carona para um homem numa bicicleta para dois, mas não pôde ir, pois o moço cobrava 15 reais e ela não tinha nada. Então nem de táxi poderia ir. Voltou irritada para casa e pegou a chave do carro de novo, e quando tentou ligar, a gasolina acabara.

- Desisto, é impossível se locomover nessa cidade.

Tereza Curti Bresser Pereira - 8º ano

ENSAIO

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A Boa Vontade pede ajuda

Quando ouvimos a palavra “sustentabilidade” é de se esperar que a imagem que vem à cabeça das pessoas seja a da esperança de um mundo verde e preservado, onde a eficiência e a preocupação com a natureza convivam, afinal, é o que visa este conceito, não é?

Mas se atualmente olharmos ao redor, percebemos que os meios de transporte aos quais recorremos todos os dias sem nenhum questionamento e reflexão, são, entre outros, o motivo de este parecer um sonho tão distante. Em uma metrópole como São Paulo, que abriga em seu território mais ou menos 12 milhões de habitantes, é difícil aceitar que, em um engarrafamento quilométrico, as pessoas estejam sozinhas em carros que abrigariam 4 pessoas ou até mais.

Os carros tradicionais (os não elétricos, por sinal, caros demais e não acessíveis para a maioria da população) são uma das maiores fontes de gasto de energia: é como se, em cada R$ 2,60 pagos por litro de gasolina, seu carro fizesse uso de apenas 30 centavos, o equivalente a 10% da energia potencial que recebeu.

Então, por que não andar de bicicleta? É simples, o governo não exatamente ajuda as pessoas que optam por isso. A presença significativa de ciclovias na cidade não é algo discutível, certamente, pois não existe. Logo, a sua boa vontade em ajudar o meio ambiente e de quebra queimar calorias é lançada ao espaço quando percebe que não tem vez em meio aos carros e ônibus nas ruas, o que dirá em avenidas movimentadas. Andar pela calçada? Boa sorte ao tentar desviar dos buracos e pessoas. Ao mesmo tempo.

Já o metrô, o mais “amigável” ao ambiente dos transportes públicos, por não emitir quantidades catastróficas de gases poluentes como monóxido de carbono, exige uma verdadeira caminhada até a estação mais próxima, dependendo de onde se mora, pois a malha subterrânea não é exatamente o destino dos investidores governamentais.

A sustentabilidade, enfim, exige esforço e boa vontade das pessoas, e isso é um fato. Mas sem mudanças de medidas públicas e incentivo político eficaz, nem toda a boa vontade do mundo mostrará os resultados que queremos ver.

Eleonora Cintra - 2ª série

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Manifesto Sustentável

Vivemos hoje indiscutivelmente a era da tecnologia. Viver, e digo viver, em São

Paulo ou qualquer outra cidade, em especial as que se tornaram a modernidade é

uma prova fácil e concreta disso, pego Nova York como exemplo. Lembro-me do

susto que tive na última vez que estive lá. Entrei numa loja judaica de eletrônicos

e ouvi imediatamente um barulho contínuo metódico vindo do teto. Nada mais

era que uma esteira responsável pela circulação dos produtos. Ao escolher para

comprar um deles, o vendedor o colocava em uma bandeja que seguia até a

esteira e chegaria em questão de minutos ou segundos no caixa.

Vi naquele momento um retrato da sociedade americana, consumidora,

capitalista e tecnológica. Três características que conversam entre si e se completam.

Chaplin e Orwell já previam como se tornaria a organização econômica social

da sociedade neoliberal em pleno desenvolvimento tecnológico dando foco à

Inglaterra e aos EUA. Mas junto com a globalização, mais países entraram na

esfera. E como não entrar? O modelo impõe facilmente suas regras hegemônicas.

Quase contraditoriamente, países do Norte vão à ONU alegando a má forma,

postura e conduta que países do Sul vêm adotando em relação a seus recursos

naturais, para então falar de um dos dez assuntos mais comentados no Google:

sustentabilidade.

Como ser sustentável no mundo capitalista? Apesar de não ser totalmente

contraditória, a sustentabilidade exige maior cuidado e responsabilidade com

recursos do meio, que o desenvolvimento tecnológico capitalista visa. Por que

então os países do Norte, que são os maiores detentores de capital investido

diretamente na tecnologia, são os mais sustentáveis? A Alemanha, por exemplo,

manda fechar sua usina nuclear e é a grande investidora da energia solar. Em

algumas cidades do seu interior, não se usa água em vaso sanitário e as fezes

seguem caminho direto para virar adubo.

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A verdade é que estes são os países que possuem mais dinheiro para investir

nesse meio “alternativo”. É cada vez mais importante ser politicamente correto

e a mídia, que se adotou como 4º poder, provoca pânico quando pensa na

possibilidade de escassez de recursos do meio. Mas veja só! A sustentabilidade

hoje também está servindo como recurso em prol da capital. O que seria de nós

se o petróleo acabasse amanhã?

Não teríamos mais guerras, ou talvez, justificativas ensaiadas para tais. Mas

ao mesmo tempo, o que iríamos vestir? Não há praticamente hoje roupa que

não seja feita de plástico- objetos então! E a gasolina? As três possibilidades são

paralelas para o capitalismo.

Marx e Engels já presumiam, em seu “Manifesto Comunista”, que o capitalismo,

e ainda com o crescimento tecnológico dos dias atuais, sofreria crises geradas por

ele mesmo. Perece que uma - das muitas - da vez, é a finitude de tais recursos.

Seria utópico pensar que poderíamos deixar tudo de lado e abraçar a

sustentabilidade. O modelo e nossa cultura não permitem. Mas é chegado o

momento de revermos algumas ações, como o consumismo desenfreado, e

conscientizarmo-nos.

Resta-nos agora - e não é pouco - assistir e acompanhar como será essa

amizade de disputas e contradições, mas ainda necessária, entre capitalismo e

tecnologia com a sustentabilidade. Nos dias em que vivemos cada vez mais um

depende do outro. A questão é como os governos - e nós - vamos conciliar e nos

adequar ao pacote de ambos.

Mariana Khaznadar - 2ª série

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Possibilidade ou sonho?

A necessidade de se pensar e reestruturar o modo de vida humano, a fim de garantir a sustentabilidade, tem se manifestado cada vez mais urgentemente ao redor do mundo. A complexidade de se implementar novos hábitos, o silencioso recurso de abandonar certos confortos e a busca por soluções rápidas e não comprometedoras de organização na qual o mundo se encontra tem deixado a situação estagnada, existindo uma ausência de ação real.

O discurso que promove a sustentabilidade vem sendo muito mais utilizado para a manipulação popular, usando tanto o campo político quanto o econômico. Exemplos disso variam desde a situação da Amazônia e a importância de ser “cuidada por mãos capazes” até a venda de água engarrafada com menor utilização de plástico. Poucas são as ações pensadas para de fato conservar os recursos naturais ou cortar gastos desnecessários, como é o caso da introdução de painéis solares ou a produção de carros híbridos.

A maior dificuldade de reconfigurar a sociedade em moldes sustentáveis está na decisão pelo processo que gere o maior equilíbrio entre os aspectos ambientais e aqueles de caráter socioeconômico.

Introduzir mais veículos de circulação pública de boa qualidade, como trens e ônibus, criar novas linhas de metrô e fornecer condições variáveis para o trânsito de ciclistas não só reduziria notavelmente a quantidade de gases poluentes emitidos, como dissiparia o tráfego intenso que sofre São Paulo. O problema reside na reforma massiva e de alto custo que tais medidas envolveriam, intensificado pela corrupção dos políticos e apatia popular. Um terceiro agravante seria a relutância em abandonar o uso do carro pelos motoristas, pois esse é culturalmente visto como referência a status e poder.

Para que a vida sustentável passe de um projeto para uma realidade, o mundo inteiro deve perceber a necessidade de mudança e ceder em prol de um futuro que apresente condições ideais de se viver.

O sonho utópico de uma sociedade sustentável parece caminhar lentamente, será que veremos algum dia o sonho se tornar realidade?

Daniela M. Boudakian - 2ª série

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Público e Violência andam juntos?

Antes de qualquer definição, pode-se dizer que sustentabilidade é um dos temas atuais mais polêmicos. Quando falamos de sustentabilidade, logo escapa o mesmo comentário “Ah, natureza!” Mas além de englobar o meio ambiente, também estão em discussão aspectos políticos econômicos e sociais.

O termo da moda ainda não tem uma definição exata, por conta disso podemos encaixar diversos temas que discutam tal polêmica. Unindo dois grandes itens que geram debates, como a sustentabilidade e o transporte na cidade grande, a preocupação se torna maior e mais complexa.

Transporte em São Paulo vem se tornando cada vez mais um problema. A quantidade de carros particulares chega a ser extravagante, criando tráfegos lentíssimos e uma mobilidade muito mais dificultada. Tal aspecto se dá devido aos chamados preconceitos inconscientes, tentativas de segurança e um ego chamado status. Ao andar em seu carro exuberante e de aparência de tanque de guerra, a burguesia mais do que acredita estar segura, quer demonstrar que pode, que tem condições de ter melhor qualidade não só de vida, mas em se locomover. Acontece que ela mesma acaba por se prejudicar. Primeiramente por causar o trânsito e depois por contribuir com a poluição do planeta, adoecendo não só a natureza, como a própria saúde.

Uma entre várias boas e viáveis soluções, seria o transporte público que, em muitos países da Europa, é muito mais comum e utilizado do que o privado. Mas acontece que além do investimento em melhoria tais em São Paulo, que deve ser maior, tem que ocorrer uma conscientização da classe aristocrata de que a rua e o público não são sinônimos de violência e perigo, que o transporte público traria benefícios: menos tempo gasto no trânsito, uma socialização e convivência ativa entre diferentes pessoas, o desenvolvimento da conversa, diferente da buzina, e uma vida muito mais saudável, sem stress, com menos poluição e mais exercícios fora da academia do bairro nobre de prédios duplex e blindados.

Helena Bretos - 2ª série

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Tecnologia pra que te quero

A cada dia que passa é mais difícil falar de desenvolvimento humano e urbano sem falar de tecnologia. A maioria dos empreendimentos hoje pensados, ligados a qualquer campo de conhecimento, envolve, mesmo que mais sutilmente, meios tecnológicos para serem efetivados com sucesso.

Querendo ou não, essa dependência traz prejuízos à sociedade, se pensada por uma perspectiva sustentável. O modelo capitalista do qual fazemos parte exige movimento intenso de inovação e renovação, visando sempre o lucro econômico, de forma que torna a tecnologia fundamental para tanto. Essa visão capitalista, no geral, traz oposições ao ideal de sustentabilidade, que une cuidado, preocupação e preservação do meio ambiente só que encaixados no modelo. É aí que entra o questionamento do conceito, pois não se sabe até que ponto essas medidas se combinarão sem que haja um choque entre o que cada uma propõe em sua essência. Um bom exemplo é em relação aos excedentes. Não há ainda no Brasil políticas de fato colocadas em prática que controlem o “o que fazer depois?” Isso é visível desde indústrias e usinas onde materiais como substâncias químicas tóxicas que sobram são despejadas na natureza em decorrência, por exemplo, do controle de gastos, até nossas próprias casas, onde grande parte das pessoas não consegue separar lixo orgânico do reciclável ou não sabe o que fazer com pilhas em baterias já inutilizáveis.

Contudo, a própria tecnologia, se usada com um pouco mais de distanciamento de fins só economicamente lucrativos e extremamente capitalistas, poderia ser desenvolvida para meios mais exclusivamente lucrativos em relação à preservação do ambiente e, sendo assim, mais próximo ao que a sustentabilidade busca. Um exemplo relevante é, mais uma vez, relacionado ao descarte de substâncias na natureza. A tecnologia pode trazer variados destinos para esses produtos, se houver vontade, tempo e dinheiro voltados para isso, a serem depositados em projetos. Antes, estes quatro elementos eram escassos, mas agora só há “falta” dos três últimos.

Isabella Menossi - 2ª série

POEMAS

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Atitude

O mundo

É o nosso lar.

Mas, nos últimos séculos,

Não estamos conseguindo preservar.

O mundo,

De tanto lixo, poluição, desmatamento, caça,

Acabou ficando Imundo.

Inexistente.

Acabou se tornando um mundo sem-graça.

E sua maioria, ainda por cima,

É coberta com infinitos tons

Tons de cinza.

Tons de Irresponsabilidade,

Tons de Inimizade,

De guerra,

De Individualidade.

Porque um mundo de verdade,

Não tem esse tipo de ser

Que destrói.

Esse ser Inconsequente,

Que,

Um dia,

Ainda vai destruir de vez,

O mundo,

E a gente.

O mundo de verdade

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Tem de tudo;

Muitas florestas, animais, harmonia.

E, fora dele,

Tudo de ruim;

Preconceito, raiva, agonia.

Num mundo de verdade,

Ninguém se mata,

Ninguém se rouba.

Nada se desmata,

Nada se derruba.

Nada se polui,

Nada se caça.

Ninguém se exclui,

Ninguém se ameaça.

Mas, em contrapartida,

O mundo é um lugar incrível.

Assim como os seres que o habitam

E suas invenções

Que revolucionam,

Que acreditam

No mundo de verdade.

Os problemas são distantes.

Ou, até então,

PARECEM estar.

Não conscientizamo-nos

Que esse monte de problemas;

Desmatamentos, caças, poluições,

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Estão dependendo

SÓ das nossas ações.

Devemos agir, e depressa!

Mas ninguém se dispõe a tentar

Ninguém liga para o futuro do mundo,

Pois ali não vão mais estar.

“Ora, a culpa é DELES!”

“ELES que poluem!”

“ELES que desmatam!”

“ELES deixam o planeta Imundo!”

ELES somos NÓS!

E NÓS mudamos o mundo!!

Raffaella Queiroz - 6º ano

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Azul, Branco e Amarelo

Onde estás

Vivo verde

Verde vivo?

Ó Pátria amada, idolatrada

Salve! Salve!

Teus risonhos lindos campos

não têm mais flores

Em nossos bosques não há

mais vidas.

Onde estás

Ó verde-louro

da nossa flâmula?

Terra Adorada!

Dos filhos deste

solo és mãe gentil.

Pátria desmatada, Brasil!

Gigante pela própria natureza

Eras bela, eras forte, agora

o teu futuro espelha essa

tristeza.

Giovanna Scramuzza Barreto - 6º ano

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É Preciso Recomeçar

Quando o mundo foi criado,

não tinha defeitos.

Ele era limpo, bonito,

absolutamente perfeito!

Então chegou o Homo Habilis,

o coletor de alimentos.

Alimentava-se da natureza,

mas a deixava sempre do mesmo jeito.

Essa espécie vira o Homo Sapiens,

muito mais inteligente.

Inteligente para quê?

Se só destrói o meio ambiente!

Construiu ruas, carros e casas,

mas, o Rio Tietê gosta de poluir

Para ele não tem problema nenhum,

pois acha que é só Salto que vai sentir!

Então acontecem as enchentes,

porque do céu a água não para de cair.

É decepcionante dizer isso!

Pois antigamente o rio Tietê,

era usado para o homem se divertir!

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Com tanto lixo,as pragas urbanas começam a surgir.Cupins, ratos, baratas e mosquitos,e a culpa é toda dos bichos!

Leptospirose, gastrenterite, febre tifoide, hepatite, tudo isso porque o ser humanonão é capaz de viver com limite.

O lixo então,faz aumentar a poluição. Plásticos, vidros, metais e papéis,demoram em fazer a decomposição.É um longo processo, que precisa de paciência e determinação!

Mas não adianta só olhare ficar julgando.Um jeito de reaproveitar, é reciclando.Um novo mundo nós criaremos, para aqueles que ainda virão.

Afinal nós somos o futuro,de um planeta em evolução.E até da menor semente,Frutos produzirão.

Beatriz de Souza Bim - 6º ano

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Verde Bandeira

Folhas verdes que vejo lá em cima

Pode-se pensar que é o céu

Mas esse céu não é azul, esse meu céu é verde

Verde da cor da natureza

A casa de todo animal

E das grandes árvores que mudam

A cor do meu céu, o deixando especial

O que seria uma pintora sem sua tela?

O mesmo que o meu céu sem sua cor mais bela

E o que eu seria sem meu céu e sua cor?

O que mais seria?

Não respiraria, choraria e sentiria dor

E o verde da bandeira do meu país eu nunca mais veria

Sem árvores eu não viveria

Chiara Tedeschi - 6º ano

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Vou me embora pra Eldorado

Vou-me embora pra Eldorado

Lá sou amigo do rei

Lá não tem desmatamento

Rio limpo sempre terei

Vou-me embora pra Eldorado

Onde tem mico-leão

Onde vejo a mata verde

Longe da poluição

Vou-me embora pra Eldorado

Onde canta o sabiá

Lá não tem desigualdade

Eu não volto mais pra cá

Quando sinto uma saudade

Sonho sempre acordado

Eu me lembro bem daqui

Vou-me embora pra Eldorado

Guilherme Alves Barreto - 6º ano

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Equipe

Alexandre AbbatepauloDiretor Geral

Antonio Sérgio Pfleger de Almeida Diretor de Unidade - Ensino Fundamental II

Wagner Cafagni BorjaDiretor de Unidade - Ensino Médio

Roberta Hernandes AlvesCoordenadora de Língua Portuguesa

Professoras do Ensino Fundamental Ariadne Mattos Olímpio - 6º anoDébie dos Santos Bastos - 7º ano Maria Elisa Curti Salomé - 8º ano Daniela de Arruda Garcia - 9º ano Larissa Teodoro Andrade - Corretora

Professoras do Ensino MédioTatiana Albergaria Ricardo - 1ª série Camila Flessati - 2ª série Gabriele de Souza e Castro Schumm - 3ª série Amanda Lacerda de Lacerda - Corretora

APOIO

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