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AÇÃO Prof. Júlio Coelho. Observações iniciais Função jurisdicional - dever e poder do Estado de julgar as pretensões apresentadas pelo integrante da sociedade

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AÇÃOAÇÃO

Prof. Júlio Coelho

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Observações iniciaisObservações iniciais• Função jurisdicional - dever e poder do Estado de julgar as

pretensões apresentadas pelo integrante da sociedade que se diz violado num direito material.

• LIDE, que é, como já disse, o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.

• Como também já foi visto, a jurisdição é uma função provocada, exercitando-a o Estado por solicitação de quem lhe exponha uma pretensão a ser tutelada pelo direito (CPC, art. 2º).

• Essa provocação do exercício da função jurisdicional feita pelo sujeito do conflito de interesses, deduzindo sua pretensão no sentido de que se componha o litígio, condição primeira para tal função se exerça e se instaure o processo é a AÇÃO.

•  Ação, jurisdição e processo é o trinômio que enfeixa o fenômeno da resolução do conflito de interesses; a ação provoca a jurisdição, que se exerce através de um complexo de atos, que é o processo.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

• Teoria Imanentista ou civilista: Segundo conceituação romana de Celso, a ação era o direito de pedir em juízo o que nos é devido. Plasmado na idéia de que não havia distinção entre a ação e o direito substancial.

• Formou-se, assim, a doutrina clássica ou imanentista (ou, também, denominada civilista, quando se refere a ação civil), cujo maior expoente foi SAVIGNY

• Para essa doutrina a ação era o próprio direito subjetivo material a reagir contra a ameaça ou violação. Daí três conseqüências inevitáveis: não há ação sem direito; não há direito sem ação; a natureza da ação segue a natureza do direito.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• Predominância no Sec. XIX e ínicio do Séc. XX - Art. 75

CC/1916 (Bevilaqua)• MUTHER, combatendo algumas idéias de Windscheid,

distinguiu nitidamente direito lesado e ação. Segundo sua concepção, ação consiste no direito à tutela do Estado, e que compete a quem seja ofendido no seu direito. Ação é um direito contra o Estado para invocar a sua tutela jurisdicional

• A ação seria, pois, um direito público subjetivo, distinto do direito cuja tutela se pede, mas tendo por pressupostos necessários este direito e sua violação.

• Da ação nascem dois direitos, ambos de natureza pública: o direito do ofendido à tutela jurídica do Estado (dirigido contra o Estado) e o direito do Estado à eliminação da lesão, contra aquele que a praticou.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• Teoria do direito concreto à tutela (Adolpho Wach) -

A ação é um direito autônomo, no sentido de que não tem, necessariamente, por base um direito subjetivo, ameaçado ou violado, porquanto também há lugar a ação para obter uma simples declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica, o que ocorre com as chamadas ações meramente declaratórias.

• Entretanto, como o direito à tutela jurisdicional só pode ser satisfeito através da proteção concreta, a ação só existiria quando a sentença fosse favorável. A ação, pois, seria um direito público e concreto (ou seja, um direito existente nos casos concretos em que existisse o direito subjetivo).

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• Teoria da ação como direito potestativo

(CHIOVENDA) - O direito de ação não é um direito subjetivo porque não lhe corresponde a obrigação do Estado e muito menos de natureza pública, já que dirigida contra o adversário, correspondendo-lhe a sujeição.

• O direito de ação é um direito potestativo, um direito de poder, como tal entendendo-se o direito tendente à produção de um efeito jurídico a favor de um sujeito e com ônus para outro

• a ação é o poder jurídico de realizar a condição necessária para a atuação da vontade da lei. Visa a atuação concreta da lei; é condicionada por tal existência, por isso tem caráter concreto.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• Teoria da Ação como direito abstrato - Ao reverso

da teoria concreta, que condiciona a existência da ação ao acolhimento dela pela sentença, para a teoria abstrata não deixa de haver ação quando uma sentença justa nega o direito invocado pelo autor, como também quando a sentença conceda o direito a quem não o tenha realmente.

• o direito de ação independe da existência efetiva do direito invocado - exige apenas que o autor faça referência a um interesse seu, protegido em abstrato pelo direito, ficando o Estado, tão-só por isso, obrigado a exercer a sua atividade, proferindo uma sentença, ainda que contrária aos interesses do acionante.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• Teoria eclética da Ação (LIEBMAN)- o direito

de ação é tido como existente ainda que o demandante não seja titular do direito material que afirma existir.

• Aponta a existência de categoria estranha ao mérito da causa, que são as denominada condições da ação, verdadeiros requisitos de exigência do direito de agir.

• Nesse passo, o direito de ação só existe se o autor preencher tais requisitos. Esta teoria foi consagrada em nosso Código de Processo Civil, art. 267, VI.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• A referida teoria sofreu alguns aprimoramentos ao longo do

tempo: estas condições da ação são, na verdade, requisitos do legítimo exercício da ação, e não requisitos de existência do direito de ação. Este, é abstrato em sua essência, mas pode ser exercido de forma legítima ou abusiva (quando não presentes estes requisitos).

• Os requisitos seriam:• (a) legitimação para agir (pertinência subjetiva para propositura

da demanda), • (b) interesse em agir (representado pelo binômio necessidade-

adequação) • (c) possibilidade jurídica do pedido (melhor seria dizer da

demanda)• No Processo Penal, fala-se ainda em uma quarta condição: a justa

causa. Em nosso sistema processual penal não se admite ação penal pública ou privada sem vir acompanhada de um suporte probatório mínimo (art. 648, inc. I, CPP). “ A simples instauração doprocesso penal já atinge o chamado status dignitatis do réu” (Afrânio Silva Jardim)

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

• A ação, portanto, é usualmente definida como sendo o direito público subjetivo abstrato, exercido contra o Estado juiz, visando a prestação da tutela jurisdicional.

• É ela um direito pois contrapõe-se ao dever do Estado de resolver os litígios.

• Direito esse subjetivo porque envolve exigência deduzida contra o Poder Público, visando o cumprimento da norma geral de conduta tida como violada (direito objetivo).

• Abstrato, pois independe da existência do direito material concreto alegado pelo autor.

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NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃONATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO• Trata-se de direito ao provimento jurisdicional

(favorável ou desfavorável, justo ou injusto) e, portanto, direito de natureza abstrata.

• direito autônomo e instrumental, porque sua finalidade é dar solução a uma pretensão de direito material.

• Efeitos jurídicos do direito de ação: A ação tem inegável natureza constitucional (CF, art. 5º, inc. XXXV). A garantia constitucional da ação tem como objeto o direito ao processo, assegurando às partes não somente a resposta do Estado, mas ainda o direito de influir sobre a formação do convencimento do juiz – através do denominado devido processo legal (art. 5º, inc. LIV).

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CONCEITO DE AÇÃOCONCEITO DE AÇÃO• "direito ao provimento jurisdicional, qualquer que seja

a natureza deste – favorável ou desfavorável, justo ou injusto, e, portanto, direito de natureza abstrata. É, ainda, um direito autônomo (que independe da existência do direito subjetivo material) e instrumental, porque sua finalidade é dar solução a uma pretensão de direito material".(Cintra,Grinover e Dinamarco)

• Direito à prestação jurisdicional – José de Albuquerque Rocha (2007,p. 164). “Direito de pedir a atividade jurisdicional do Estado e de participar necessariamente de seu desenvolvimento processual, tendo em vista a obtenção de proteção relativamente a uma situação subjetiva ou objetiva, violada ou ameaçada de violação, afirmada no processo”.

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ELEMENTOS DA ELEMENTOS DA AÇÃOAÇÃO

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ELEMENTOS DA AÇÃO• A importância da estabilidade das decisões judiciais - em

determinado momento, devem se tornar firmes, imutáveis, como se se tratasse de lei a reger aquele determinando interesse submetido à apreciação judicial. (coisa julgada)

• Impossibilidade de discussão simultânea da mesma questão por juízes distintos (litispendência);

• Para que se possa estabelecer com absoluta clareza a gama de efeitos capazes de determinar a inflexibilidade do comando emergente da sentença judicial (e o juiz competente para proferi-la), é preciso que se delimitem os contornos, objetivos e subjetivos, dentro dos quais esses efeitos estarão garantidos

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ELEMENTOS DA AÇÃO• É preciso, então, identificar ação por ação, e via de

consequência cada processo nascido de cada momento de exercício do direito de ação.

• É tão importante identificar a ação, que a lei exige a clara indicação dos elementos identificadores logo no ato introdutório da demanda, ou seja, na petição inicial de qualquer processo: cível (CPC, art. 282, incs. II, III e IV); trabalhista (CLT, art. 840, § 1º) e na denúncia ou queixa-crime (CPP, art. 41), sob pena de indeferimento liminar da petição inicial (CPC, arts. 284 e 295, par. ún., inc. I).

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ELEMENTOS DA AÇÃO• O processo gerado porque A moveu ação de cobrança contra B,

porque este lhe devia o cumprimento da obrigação de pagar determinada quantia, referente à compra e venda de um automóvel, não interfere no processo em que o mesmo A, por força de contrato de compra e venda de um terreno urbano, igualmente move contra B.

• Cada ação levada a juízo, portanto, deve ser particularmente observada, para que dela se extraiam elementos identificadores, de forma que possa ser considerada separadamente e distinguida das outras ações que também tenham sido propostas ou que possam vir a ser propostas futuramente.

• A doutrina e também o CPC (art. 301, § 2.°) apontam três elementos, com base na teoria da tríplice identidade: as partes, o pedido e a causa de pedir (causa petendi).

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PARTES• O primeiro exercício que se deve fazer, sempre que se queira

identificar uma ação e o processo que ao seu exercício se seguiu, é verificar quais são as partes

• O autor é aquele que, em nome próprio, e de regra defendendo direito de que afirma ser o titular (regra geral do art. 6.° do CPC), vem a juízo para expor sua pretensão e formular o pedido diante da jurisdição.

• O réu, que é o outro dos sujeitos parciais da ação e do processo, é aquele em direção a quem ou contra quem o autor formulou o pedido de tutela jurisdicional.

• Se, num determinado processo, A e B são, respectivamente, autor e réu, é fácil distinguir, pela análise desse elemento subjetivo, se há alguma outra ação em que A e B estejam situados nas mesmas situações ou nas posições inversas (B como autor e A como réu).

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PARTES

• A qualidade de parte implica sujeição àquilo que for decidido no processo, de forma que os chamados efeitos subjetivos da coisa julgada alcançarão a um e a outro dos sujeitos parciais.

• Se vier a juízo, como autor ou como réu, alguém a quem não afeta a situação jurídica controvertida (parte ilegítima), mesmo assim, até que haja extinção do processo sem julgamento do mérito (da pretensão, da lide), processualmente haverá a sujeição às regras que norteiam a conduta da parte.

• Logo, do ponto de vista processual, parte ilegítima também é parte, enquanto exista o processo ou enquanto não seja excluída dele, por força do reconhecimento da ilegitimidade

• Denominação: exequente e executado, impetrante e impetrado, reclamante e reclamado, etc.

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PEDIDO (OBJETO)• Quem vai a juízo, ou seja, quem invoca a proteção da atividade

jurisdicional do Estado, movimentando esse aparato estatal, o faz porque dele necessita e porque tem uma pretensão a respeito da qual fará um pedido ao Poder Judiciário.

• O autor, ao exercer o direito de ação e dar início ao processo, quer que, ao seu final, o pedido seja atendido, de forma que o Poder Judiciário decida pela sua procedência e emita, para esse fim, um provimento que resolva a lide, pondo fim à discussão a respeito daquela situação jurídica e, enfim, faça valer aquele direito de que o autor se diz titular.

• duas vertentes distintas: uma de natureza processual (provimento jurisdicional - PEDIDO IMEDIATO) e outra vinculada ao direito material subjacente à pretensão (bem da vida - PEDIDO MEDIATO). Ação declaratória (PEDIDO MEDIATO = IMEDIATO)

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CAUSA DE PEDIR• a quem invoca uma providência jurisdicional quanto a um bem

pretendido, cumpre dizer no que se funda o seu pedido. Esses fatos constitutivos (art. 282, inc. III, do CPC) e o fato criminoso (art. 41 do CPP), também concorrem para a identificação da ação proposta.

• Ao levar sua pretensão a juízo, o autor apresenta duas ordens de fundamentos: os fatos a respeito dos quais pretende uma solução do Estado e o direito que, em seu entender, decorre de tais fatos.

• Teoria da substanciação - são necessárias, além da fundamentação jurídica, a alegação e descrição dos fatos sobre os quais incide o direito alegado como fundamento do pedido.

• A fundamentação jurídica é, via de regra, a causa de pedir próxima; o fato gerador do alegado direito se constitui, também na generalidade dos casos, na causa de pedir remota.

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CONDIÇÕES DA CONDIÇÕES DA AÇÃOAÇÃO

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CONDIÇÕES DA AÇÃO• Como vimos, o direito de ação faz parte do sistema

constitucional de garantias, próprias do Estado de Direito;

• O acesso à jurisdição, sob a perspectiva constitucional, é direito extraordinariamente amplo quanto ao seu exercício, na medida em que qualquer afirmação que o autor faça acerca de lesão ou ameaça a direito que entenda de sua titularidade pode se constituir em pretensão suficiente para exercer essa garantia, de modo a passar a ter o direito de receber alguma resposta jurisdicional.

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CONDIÇÕES DA AÇÃO• Entretanto, embora o direito de ação tenha matriz

constitucional, ele se submete às regras processuais. É a ordem jurídica infraconstitucional processual que dispõe a respeito da ação, uma vez exercido o direito de acesso à jurisdição.

• O direito de ação se submete às regras processuais, devendo respeitar as condições previstas no lei, que, presentes, permitem sua admissibilidade regular pelo Poder Judiciário, dando ensejo a efetiva apreciação do pedido formulado pelo autor.

• Ausente qualquer dessas condições legais, fica bloqueado o caminho para a integral prestação da tutela, pois o juiz deve decretar a carência da ação e extinguir o processo sem o julgamento do mérito.

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CONDIÇÕES DA AÇÃO• Logo, ao lado de um direito absolutamente abstrato e

incondicionado de ter acesso aos juízes e tribunais (direito de acesso à jurisdição), há o direito "processual" de ação (direito de receber sentença de mérito, ainda que desfavorável).

• Para que exista esse direito “processual” de ação, devem estar presentes determinados requisitos sem os quais não se justifica o integral desenvolvimento da atividade jurisdicional - as "CONDIÇÕES DA AÇÃO“

• São três as condições que permitem a regular admissibilidade da ação:

• LEGITIMIDADE DAS PARTES• POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO• INTERESSE PROCESSUAL

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LEGITIMIDADE DAS PARTES• Autor e réu devem ser partes legítimas. Para que se compreenda

a legitimidade das parte, e preciso estabelecer-se um vínculo entre o autor da ação, a pretensão trazida a juízo e o réu

• Quanto ao autor, deve haver ligação entre ele e o objeto do direito afirmado em juízo. O autor, para que detenha legitimidade, em princípio deve ser o titular da situação jurídica afirmada em juízo (art. 6.° do CPC).

• Quanto ao réu, é preciso que exista relação de sujeição diante da pretensão do autor.

• Em regra geral, é parte legítima para exercer o direito de ação aquele que se afirma titular de determinado direito que precisa da tutela jurisdicional, ao passo que será parte legítima, para figurar no pólo passivo, aquele a quem caiba a observância do dever correlato àquele hipotético direito.

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LEGITIMIDADE DAS PARTES• Note-se que, para a aferição da legitimidade, não importa saber

se procede ou não a pretensão do autor; não importa saber se é verdadeira ou não a descrição do conflito por ele apresentada. Isso constituirá o próprio julgamento de mérito. A aferição da legitimidade processual antecede logicamente o julgamento do mérito.

• Ex: Se A se afirma credor de B por determinada quantia, em razão de algum vínculo igualmente afirmado, A será parte legítima para figurar como autor da ação, ao passo que B será parte legítima para estar no pólo passivo. Se, entretanto, A se afirma credor de certa quantia, que lhe deve C, e propõe ação contra B, este é parte ilegítima para figurar no processo como réu.

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LEGITIMIDADE DAS PARTES• Note-se que, para a aferição da legitimidade, não importa saber

se procede ou não a pretensão do autor; não importa saber se é verdadeira ou não a descrição do conflito por ele apresentada. Isso constituirá o próprio julgamento de mérito. A aferição da legitimidade processual antecede logicamente o julgamento do mérito.

• Ex: Se A se afirma credor de B por determinada quantia, em razão de algum vínculo igualmente afirmado, A será parte legítima para figurar como autor da ação, ao passo que B será parte legítima para estar no pólo passivo. Se, entretanto, A se afirma credor de certa quantia, que lhe deve C, e propõe ação contra B, este é parte ilegítima para figurar no processo como réu.

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LEGITIMIDADE DAS PARTES• Em princípio, são legitimados para agir, ativa e passivamente, os

titulares dos interesses em conflito - legitimação ordinária.• Contudo, em alguns casos, o ordenamento jurídico concede direito de

ação a quem não seja o titular do interesse substancial, mas a quem se propõe a defender interesse de outrem. - legitimação extraordinária (art. 6º, CPC).

• Jurisdição Coletiva - necessidade de redimensionar o tradicional conceito de legitimidade para que este fosse compatível com a tutela dos interesses de grupo, mormente para a defesa de interesses difusos e coletivos. Legitimidade do MP, da Defensoria Pública, associações civis para ACP (Lei 7.347/85);

• CF que abriu a legitimação a diversas entidades para a defesa de direitos supraindividuais (art. 5º, incs. XXI e LXX; art. 129, inc. III e § 1º, art. 103 etc.).

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POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

• É tradicional associar-se a idéia de impossibilidade jurídica do pedido com urna "macroimprocedência" do pedido.

• Nessa perspectiva (discutível), o pedido seria juridicamente impossível quando o juiz pudesse constatar de plano a sua inviabilidade.

• Na verdade, haverá pedido juridicamente possível sempre que inexistir vedação expressa.(ex.: pedir a prisão civil do suposto devedor de uma obrigação pecuniária não-alimentícia; pretender promover execução por quantia certa comum, como penhora, contra a Fazenda Pública; pedir a condenação do réu ao pagamento de uma dívida de jogo).

• Assim, ainda que inexista previsão expressa na lei (norma material) quanto ao tipo de providência requerida, se proibição não houver, estar-se-á diante de pedido juridicamente possível.

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INTERESSE PROCESSUAL• O interesse processual está presente sempre que a parte

tenha a necessidade de exercer o direito de ação para alcançar o resultado que pretende, relativamente à sua pretensão e, ainda mais, sempre que aquilo que se pede no processo (pedido) seja útil (adequado) sob o aspecto prático.

• A necessidade da tutela repousa na impossibilidade de obter a satisfação do alegado direito sem a intercessão do Estado – ou porque a parte contrária se nega a satisfazê-lo, sendo vedado ao autor o uso da autotutela, ou porque a própria lei exige que determinados direitos só possam ser exercidos mediante prévia declaração judicial

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INTERESSE PROCESSUAL• Será, porém, desnecessária a tutela jurisdicional, não

havendo, portanto, interesse processual, se A, maior e capaz, de posse de documento comprobatório do nascimento de seu filho, requerer, representado pela mãe do recém-nascido, a tutela do Estado, pela via judicial, para obter o direito ao registro do filho junto ao oficio do registro civil. Para tanto, é desnecessária a invocação da tutela jurisdicional, bastando que A se dirija ao cartório do registro civil do local em que se deu o nascimento e o declare ao oficial.

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INTERESSE PROCESSUAL• Utilidade (adequação) – é a relação existente entre o pedido do

autor ao vir em juízo e o provimento jurisdicional solicitado. • A utilidade se afere, pois, a partir do resultado prático que pode

advir da tutela jurisdicional, o que é intimamente ligado à adequação procedimental para a consecução dos fins almejados.

• “Existe interesse processual quando a parte tem necessidade de ir a juízo para alcançar a tutela pretendida e, ainda, quando essa tutela jurisdicional pode trazer-lhe alguma utilidade do ponto de vista prático. Movendo a ação errada ou utilizando-se do procedimento incorreto, o provimento jurisdicional não lhe será útil, razão pela qual a inadequação procedimental acarreta a inexistência de interesse processual.” (Nelson Nery Junior)

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INTERESSE PROCESSUAL• Por exemplo, o mandado de segurança, ainda como exemplo de

inadequação, não é medida hábil para a cobrança de créditos pecuniários; a execução é inadequada para a cobrança de valores de contrato de crédito bancário (Sumula 273/STJ)

• O interesse processual nasce, portanto, da necessidade da tutela jurisdicional do Estado, invocada pelo meio adequado, que determinará o resultado útil pretendido, do ponto de vista processual.

• É importante esclarecer que a presença do interesse processual não determina a procedência do pedido, mas viabiliza a apreciação do mérito, permitindo que o resultado seja útil, tanto nesse sentido quanto no sentido oposto, de improcedência