77
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA JOSÉ LUIZ VERBOSKI ACIONAMENTO DE UMA ARTICULAÇÃO ROBÓTICA 3D POR SERVOMOTORES CURITIBA 2007

ACIONAMENTO DE UMA ARTICULAÇÃO ROBÓTICA 3D POR …daelt.ct.utfpr.edu.br/engenharia/tcc/monografia_robo3d_2007.pdf · JOSÉ LUIZ VERBOSKI ACIONAMENTO DE UMA ARTICULAÇÃO ROBÓTICA

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA

CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA JOSÉ LUIZ VERBOSKI

ACIONAMENTO DE UMA ARTICULAÇÃO ROBÓTICA 3D POR

SERVOMOTORES

CURITIBA

2007

JOSÉ LUIZ VERBOSKI

ACIONAMENTO DE UMA ARTICULAÇÃO ROBÓTICA 3D POR

SERVOMOTORES Trabalho de Projeto Final apresentado na

disciplina de Projeto Final II do curso de

Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Winderson Eugenio dos

Santos.

Co-orientador: Eng. Gustavo Emmendoerfer

CURITIBA

2007

AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as portas abertas e pela força para seguir em frente nos momentos

difíceis.

Ao meu orientador, Winderson Eugenio dos Santos, pela confiança, ajuda e

dedicação.

Ao meu co-orientador, Gustavo Emmendoerfer, pelo incentivo, disponibilidade e

esforço em transmitir seus conhecimentos.

Aos professores Paulo Sérgio Walenia e Ivan Eidt Colling, que representam o

departamento acadêmico de Eletrotécnica neste projeto de conclusão de curso.

Ao Lactec por disponibilizar suas instalações e equipamentos.

A todos os professores que através da dedicação e de seus ensinamentos capacitam e

formam cidadãos.

A minha família, principalmente aos meus pais, pela compreensão e pelo apoio

incondicional, em especial os momentos de distância.

“Quando fizeres o bem, escreve tua

dádiva na areia; quando te fizerem o

bem, escreve tua dívida no bronze.”

Provérbio Árabe

RESUMO

Esta monografia propõe o acionamento de uma articulação robótica 3D por

servomotores para ser utilizada na calibração de giroscópios. O sistema utiliza matrizes de

rotação de Euler para localização e monitoramento dos movimentos empregados à articulação

robótica. É apresentada uma revisão bibliográfica sobre os princípios de funcionamento e

utilização de giroscópios. Também são apresentados os equipamentos utilizados no

acionamento, bem como alguns tópicos de controle de servomecanismos indispensáveis para

o desenvolvimento do software e para a controlabilidade do sistema. É mostrado o software

desenvolvido na linguagem de programação LabVIEW e também os parâmetros configurados

para a articulação robótica.

Palavras-chave:

Giroscópio, matrizes de rotação, robótica, LabVIEW.

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Efeito de Sagnac. .............................................................................................. 18 Figura 2 – Representação esquemática de um giroscópio de fibra óptica em configuração

tipo malha aberta com entrada e saída comuns. ....................................................... 19 Figura 3 – Bloco-diagrama de um giroscópio ideal. ......................................................... 20 Figura 4 – Bloco-diagrama de um giroscópio real. ........................................................... 20 Figura 5 – Bloco-diagrama de um sistema de medição angular....................................... 20 Figura 6 – Erro de bias estimado. ..................................................................................... 21 Figura 7 – Ruído na saída do giroscópio. .......................................................................... 21 Figura 8 – Passo angular aleatório em um giroscópio. ..................................................... 22 Figura 9 – Eixo de sensibilidade do giroscópio. ................................................................ 23 Figura 10 – Diferença entre os pólos terrestres (PNG e PSG) e os pólos magnéticos

(PNM e PSM).............................................................................................................. 23 Figura 11 – Forma de onda da velocidade angular com o erro de bias e o giroscópio em

repouso........................................................................................................................ 24 Figura 12 – Forma de onda da velocidade angular com o erro de bias corrigido. .......... 25 Figura 13 – Configuração mecânica escolhida.................................................................. 26 Figura 14 – Bloco de Medição Inercial.............................................................................. 27 Figura 15 – Esquema de dimensões e ângulo. ................................................................... 29 Figura 16 – Limites de posicionamento ............................................................................ 30 Figura 17 – Transformação direta de coordenadas. ......................................................... 30 Figura 18 – Posicionamento do robô relativo aos eixos coordenados. ............................. 31 Figura 19 – Convenção de sentidos positivos. ................................................................... 32 Figura 20 – Rotação de um sistema de coordenadas. ....................................................... 33 Figura 21 – Rotação em torno do eixo y. ........................................................................... 33 Figura 22 – Rotação em torno do eixo y (vista superior). ................................................. 33 Figura 23 – Sequência �, � e � para um sistema zyz. ....................................................... 36 Figura 24 – Simulação sem a utilização de matrizes de rotação. ..................................... 37 Figura 25 – Simulação com a utilização de matizes de rotação........................................ 38 Figura 26 – Rotação em torno do eixo z. ........................................................................... 38 Figura 27 – Sistema em malha fechada. ............................................................................ 40 Figura 28 – Sistema com realimentação de erro. .............................................................. 40 Figura 29 – Formas de onda dos sinais de teste para cálculo de erro em regime

permanente. ................................................................................................................ 41 Figura 30 – Possíveis erros em regime permanente para uma entrada em degrau......... 42 Figura 31 – Possíveis erros em regime permanente para uma entrada em rampa. ........ 43 Figura 32 – Sistema com erro em regime permanente finito para uma entrada em

degrau. ........................................................................................................................ 43 Figura 33 – Ligações entre os equipamentos. ................................................................... 44 Figura 34 – Diagrama de blocos do sistema integrado. .................................................... 45 Figura 35 – Roda de um encoder em código Gray. ........................................................... 47 Figura 36 – Roda de um encoder incremental e sensores. ................................................ 48 Figura 37 – Formas de onda de um encoder incremental no sentido horário.................. 48 Figura 38 – Desenho esquemático de um motor servomotor............................................ 50 Figura 39 – Escolha do tipo de operação para modo corrente. ........................................ 52 Figura 40 – Painel de controle. .......................................................................................... 52

Figura 41 – Diagrama de blocos. ....................................................................................... 53 Figura 42 – Seqüência de execução (diagrama de blocos). ............................................... 55 Figura 43 – Seqüência de execução (painel de controle)................................................... 56 Figura 44 – Painel de controle do VI principal. ................................................................ 57 Figura 45 – Início do movimento do eixo �....................................................................... 57 Figura 46 – Início do movimento do eixo �. ...................................................................... 58 Figura 47 – Início do movimento do eixo �. ..................................................................... 58 Figura 48 – Posição após o término dos três movimentos. ............................................... 58 Figura 49 – Diagrama de blocos do VI principal. ............................................................. 59 Figura 50 – SubVI que cria os componentes do robô. ...................................................... 60 Figura 51 – SubVI que cria do efetuador.......................................................................... 61 Figura 52 – SubVI que mostra a posição do simulador no painel.................................... 62 Figura 53 – SubVI que calcula a matriz de rotação de Euler........................................... 63 Figura 54 – SubVI que calcula as posições do simulador. ................................................ 63 Figura 55 – SubVI que calcula deslocamentos causadas por �. ....................................... 64 Figura 56 – SubVI que calcula deslocamentos causadas por �. ...................................... 64 Figura 57 – Blocos das SubVI`s que movimentam o simulador. ...................................... 65 Figura 58 – Cálculo da redução para o eixo �.................................................................. 65 Figura 59 – Cálculo da redução para o eixo �................................................................... 66 Figura 60 – Cálculo da redução para o eixo �. ................................................................. 66 Figura 61 – Parâmetros de controle para o eixo �. .......................................................... 68 Figura 62 – Parâmetros de controle para o eixo �. ........................................................... 69 Figura 63 – Parâmetros de controle para o eixo �. .......................................................... 69 Figura 64 – Punho do Roboturb com um objeto no efetuador ......................................... 70 Figura 65 – Resposta ao degrau do eixo �. ....................................................................... 71 Figura 66 – Resposta ao degrau do eixo �. ........................................................................ 72 Figura 67 – Resposta ao degrau do eixo �. ....................................................................... 72

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Massas dos componentes da IMU.................................................................... 27 Tabela 2 – Comparação entre especificações do Roboturb e da articulação robótica. .... 27 Tabela 3 – Descrição das funções dos blocos utilizados no exemplo. ............................... 53

LISTA DE SÍMBOLOS

3D Três dimensões

e(t) Erro

c(t) Saída do sistema

C(s) Transformada de Laplace da saída do sistema

�d Delta deslocamento

E(s) Transformada de Laplace do erro

G(s) Função de transferência do percurso direto

Kp Ganho proporcional

Kd Ganho derivativo

Ki Ganho integrativo

L1 Comprimento do primeiro elo do robô

L2 Comprimento do segundo elo do robô

r(t) Entrada do sistema

R(s) Transformada de Laplace da entrada do sistema

s Variável complexa da transformada de Laplace

t Tempo

u(t) Entrada em degrau unitário

x Coordenada de posição do robô relativo ao eixo x

y Coordenada de posição do robô relativo ao eixo y

z Coordenada de posição do robô relativo ao eixo z

� Distância do efetuador do robô à base

� Ângulo de liberdade articulação em torno do eixo z móvel

� Ângulo de liberdade articulação em torno do eixo y móvel

� Ângulo de liberdade articulação em torno do eixo z móvel

wmedido Velocidade angular medida pelo giroscópio

wreal Velocidade angular medida pelo giroscópio com correção de bias

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ...................................................................................................................... 13 1. PROPOSTA..................................................................................................................... 13

1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13 1.2 PROBLEMA.............................................................................................................. 14 1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 15 1.4 OBJETIVOS .............................................................................................................. 15

1.4.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................ 15 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 15

1.5 MÉTODO DE PESQUISA......................................................................................... 16 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................ 16

CAPÍTULO 2 ...................................................................................................................... 18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 18 2.1 GIROSCÓPIO........................................................................................................... 18

2.1.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO GIROSCÓPIO A FIBRA ÓPTICA .. 18 2.1.2 O EFEITO DA ROTAÇÃO DA TERRA............................................................ 22 2.1.3 ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA ........................................................................ 23 2.1.4 CÁLCULO DO ERRO DE BIAS ........................................................................ 24

2.3 ARTICULAÇÃO ...................................................................................................... 25 2.3.1 ESPECIFICAÇÕES............................................................................................ 26

2.4 COORDENADAS DE REVOLUÇÃO....................................................................... 28 2.5 SISTEMA DE COORDENADAS DE ORIENTAÇÃO ............................................. 30 2.6 TRANSFORMAÇÃO ATRAVÉS DE MATRIZES DE ROTAÇÃO.......................... 32 2.7 SERVOACIONAMENTO ........................................................................................ 39 2.8.1 ERRO EM REGIME PERMANENTE ................................................................... 41 2.8.2 FONTES DE ERRO EM REGIME PERMANENTE.............................................. 43 2.9 HARDWARE ........................................................................................................... 44

2.9.1 COMPUTADOR ................................................................................................ 45 2.9.2 PLACA CONTROLADORA DE MOVIMENTOS (PCM)................................ 46 2.9.3 ENCODERS ....................................................................................................... 46 2.9.4 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA ........................................................ 48 2.9.5 AMPLIFICADOR DE POTÊNCIA .................................................................... 51

2.10 LABVIEW .............................................................................................................. 52 CAPÍTULO 3 ...................................................................................................................... 54

3. PROGRAMA DE GERAÇÃO E EXECUÇÃO DE TRAJETÓRIAS .......................... 54 3.1 PARÂMETROS FIXOS............................................................................................ 54 3.2 PARÂMETROS VARIÁVEIS .................................................................................. 54 3.3 SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO................................................................................ 55 3.4 INTERFACE HOMEM-MÁQUINA (IHM) .............................................................. 56 3.5 DIAGRAMA DE BLOCOS (PROGRAMA) ............................................................. 59 3.5.1 SUBVI DE CRIAÇÃO DA INTERFACE GRÁFICA ............................................ 60 3.5.2 SUBVI DE INTERFACE GRÁFICA NO SIMULADOR....................................... 61 3.5.3 SUBVI DA MATRIZ DE ROTAÇÃO ................................................................... 62 3.5.4 SUBVI DAS EQUAÇÕES DE POSIÇÃO.............................................................. 63 3.5.5 SUBVI DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO ...................................................... 64 3.5.6 SUBVI DE ROTAÇÃO DO SIMULADOR ........................................................... 64 3.5.7 CÁLCULO DAS RELAÇÕES DE TRANSMISSÃO............................................. 65

CAPÍTULO 4 ...................................................................................................................... 67

4. AVALIAÇÃO............................................................................................................. 67 4.1 AJUSTES DE CONTROLE ...................................................................................... 67 4.2 RESPOSTA AO DEGRAU....................................................................................... 70

CAPÍTULO 5 ...................................................................................................................... 74 5. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 74 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................................. 75 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 76

13

CAPÍTULO 1

1. PROPOSTA

1.1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, as áreas de atuação da engenharia elétrica deixaram de ser

apenas as tradicionais, sendo incrementadas por outras áreas emergentes, especialmente as

oriundas do crescimento científico e tecnológico. O mercado exige que um engenheiro

desenvolva, através de sua sólida formação em matemática, física e informática, sua

habilidade de equacionamento de problemas para que proponha as soluções mais adequadas e

eficientes.

Uma prova concreta disso é o projeto PIG Inércia, que está sendo desenvolvido pelo

DAELT 1 para a empresa PIPEWAY, com recursos oriundos do Fundo de Estudos e Projetos

(FINEP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Pedagógico (CNPq) e Sebrae.

O PIG é um equipamento utilizado pela empresa PIPEWAY para percorrer o interior

de dutos – oleodutos ou gasodutos – para avaliar o estado das tubulações. O uso deste

equipamento no Brasil começou com a PETROBRAS, na inspeção de uma linha em 1985.

Após esta experiência pioneira, o número de quilômetros inspecionados por ano vem

crescendo, sendo que para isto são contratadas empresas estrangeiras. Hoje, somente a

PETROBRAS contrata anualmente mais de 4.000 quilômetros de inspeções com PIG

(ABRANTES, [s.d.]).

Com a utilização do PIG em inspeções periódicas é possível identificar os pontos de

corrosão, que após serem localizados podem ser reparados. Isto evita acidentes que podem

causar perdas de produtos, danos ao meio ambiente e perigo à vida humana. Adicionalmente a

esta característica, um PIG deveria também fazer o levantamento das trajetórias dos dutos.

Este é o projeto denominado PIG Inercial. O conhecimento das trajetórias traz duas

informações importantes: a primeira, quantificar os possíveis deslocamentos de tubulação

causados pela diferença de pressão em regiões montanhosas; a segunda, localizar com

1 DAELT: Departamento Acadêmico de Eletrotécnica.

14

exatidão as posições das diferentes soldas ao longo do percurso. Isto permitiria uma rápida

intervenção dos operadores nos pontos com iminência de rompimento.

Para realizar o levantamento da trajetória de uma tubulação, o equipamento que faz o

percurso dentro da tubulação deve conter um Sistema de Navegação Inercial (INS) que

registre os dados de posição ao longo do percurso. Os sensores usados num Sistema de

Navegação Inercial são basicamente sensores de giros (giroscópios), acelerômetros e

odômetros. Para a escolha dos sensores, deve-se considerar a precisão total do sistema, que

deverá ser da ordem de 1 metro para cada 2 quilômetros.

Assim, o presente trabalho destina-se ao estudo de uma articulação robótica

tridimensional servoacionada com a qual seja possível calibrar precisamente os giroscópios

que serão aplicados no INS do PIG Inercial.

1.2 PROBLEMA

A tecnologia atual não é suficiente para construir giroscópios com características

idênticas devido a propriedades intrínsecas dos mesmos. A informação na saída de um

giroscópio apresenta parcelas de ruído ou erro aleatório e de bias ou erro sistemático

acrescentadas ao sinal de velocidade angular. Quando os sinais de ruído e de bias são

integrados juntos com o sinal de velocidade angular, surge um erro na estimativa do ângulo

efetivamente deslocado. Adicionalmente, uma outra incerteza é causada pelo

desconhecimento de orientação frente ao eixo de rotação da terra, pois os giroscópios são

instrumentos sensíveis a ponto de serem afetados por esta rotação (EMMENDOERFER, 2006

apud SANTOS, 2003).

Para que a meta de precisão no projeto PIG Inércia seja atingida, é necessário montar

uma bancada de testes provida de uma articulação capaz de simular todos os movimentos

passíveis de serem realizados pelo PIG Inercial, esses movimentos devem ser extremamente

precisos e conhecidos para que sejam utilizados como gabarito.

15

1.3 JUSTIFICATIVA

Conforme foi descrito anteriormente, o projeto PIG Inércia exige uma bancada capaz

de ensaiar e calibrar giroscópios. Esta exigência vem da nova função a ser implementada ao

PIG. Após sua conclusão, a articulação robótica ficará disponível na UTFPR para que

futuramente venha a ensaiar giroscópios de novos projetos. Assim, espera-se que com a sua

construção os giroscópios possam ser calibrados de forma a permitirem ao INS atingir os

requisitos solicitados no projeto.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Acionar uma articulação robótica 3D através de servomotores buscando atingir a

dinâmica de movimentos necessária para calibrar giroscópios.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Conhecer o princípio de operação do giroscópio.

2. Estudar os conceitos de controle de sistemas e servomecanismos.

3. Ambientar-se com a linguagem gráfica de programação LabVIEW.

4. Elaborar um software de controle da articulação robótica.

5. Realizar a montagem eletroeletrônica.

6. Estudar uma articulação para calibração de giroscópio.

7. Efetuar testes funcionais, interpretar e atuar sobre a parametrização do software de

controle.

16

1.5 MÉTODO DE PESQUISA

Abaixo estão especificadas algumas etapas seguidas para a realização do acionamento

da articulação robótica.

• Realização de estágio na UTFPR para maior tempo em contato com o projeto PIG

Inercial e aproveitar a disponibilidade de equipamentos específicos para acionamentos

robóticos. Além disso, aproveita-se a proximidade com pessoas que têm bons

conhecimentos sobre acionamentos de servomotores, sistemas de orientação,

giroscópios e programação.

• Pesquisa bibliográfica para fundamentação teórica sobre sistemas de controle de

servomecanismos, acionamentos robóticos, servomotores, equipamentos de

posicionamento e de projetos realizados com a utilização de giroscópios.

• Consulta a apostilas e ao manual do LabVIEW para familiarizar-se com esta

linguagem gráfica de programação. Ressalta-se também a utilização de exemplos

disponíveis em sua biblioteca e os auxílios prestados tanto pelo orientador quanto pelo

co-orientador.

• Para a montagem eletroeletrônica e dimensionamentos ressalta-se as consultas a

catálogos e manuais de fabricantes de cabos, servomotores, amplificadores de

potência, placas de controle de movimento, equipamentos de posicionamento e o

projeto da articulação robótica.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

A monografia do projeto tem cinco capítulos. O primeiro foi destinado à introdução

geral seguida pela descrição do problema, que faz alusão às dificuldades a serem resolvidas,

justificativa, objetivo geral, objetivos específicos, método de pesquisa, estrutura do trabalho e

referências. O segundo capítulo contém especificações da articulação robótica e aborda todo o

embasamento teórico necessário para a execução do projeto, tais como: aspectos

aprofundados sobre o modo de funcionamento de giroscópios, fundamentação teórica

referente a sistemas de controle de sistemas, servoacionamentos e equacionamentos. No

17

terceiro capítulo consta a descrição da parte experimental e do software desenvolvido no

LabVIEW. No quarto estão dispostos os resultados e os ajustes obtidos para o controle.

Finalmente, o último capítulo contém as conclusões finais.

18

CAPÍTULO 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo aborda alguns conceitos necessários para o entendimento e execução do

projeto.

2.1 GIROSCÓPIO

O giroscópio é um dispositivo inercial que mede velocidades angulares sem a

necessidade de um sistema de referência de coordenadas externo. Sua sensibilidade baseia-se

em seu eixo de referência interno, assim os movimentos rotacionais aplicados à sua estrutura

são medidos.

2.1.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO GIROSCÓPIO A FIBRA ÓPTICA

Os giroscópios ópticos utilizam em sua topologia o princípio de Sagnac, conforme a

Figura 1 a seguir:

Figura 1 – Efeito de Sagnac.

(SANTOS, 2003)

19

De acordo com este fenômeno, que tem o nome de seu descobridor, dois feixes de luz

que se deslocam em sentidos opostos, terão um deslocamento de fase entre si se houver algum

movimento de rotação ao longo de seu eixo ortogonal. Isto se deve ao fato de a velocidade da

luz permanecer constante, independentemente do movimento circular, então um dos circuitos

ópticos se comporta como se tivesse uma distância maior. Este princípio é empregado em

giroscópios de anel laser (RLG – Ring Laser Gyro), que têm sensibilidade à diferença de

tempo de percurso dos dois feixes e emite um sinal de tensão diretamente proporcional.

Alternativamente à montagem inicial os giroscópios ópticos fazem uso de uma bobina

de fibras ópticas como percurso, conforme a Figura 2:

Figura 2 – Representação esquemática de um giroscópio de fibra óptica em configuração tipo malha

aberta com entrada e saída comuns. (FIZOPTICA, 2004)

Dessa maneira os giroscópios de fibra óptica (FOG – Fiber Optic Gyro) fazem a

medição da diferença de tempo que dois feixes de laser em sentido contrário, levam para

percorrer o percurso de uma bobina de fibra óptica.

Os giroscópios ópticos têm qualidades importantes, tais como: baixa incerteza nos

valores medidos, melhor resolução, imunidade de acelerações ou impactos mecânicos na

resposta de saída, alta robustez e não necessitam de tempo de aceleração inicial (como ocorre

nos giroscópios mecânicos).

Independentemente da tecnologia utilizada na sua construção, um giroscópio é

utilizado para fins de medição de localização angular. Portanto, seu sinal de saída em

velocidade angular precisa ser integrado. Esta integração ocasiona erros que devem ser

considerados, independentemente da aplicação. O giroscópio apresenta parcelas de ruído (erro

aleatório) e de bias (erro sistemático) acrescentadas ao sinal de velocidade angular. As

Figuras 3 e 4 mostram os diagramas de blocos giroscópios ideais e reais.

20

Figura 3 – Bloco-diagrama de um giroscópio ideal.

(SANTOS, 2003)

Figura 4 – Bloco-diagrama de um giroscópio real.

(SANTOS, 2003)

Para obter-se a orientação angular em torno do eixo sensitivo, deve-se acrescentar um

módulo integrador à saída do giroscópio, como ilustra a Figura 5.

Figura 5 – Bloco-diagrama de um sistema de medição angular.

(SANTOS, 2003)

21

Mas, neste caso, acontece uma integração dos sinais de ruído e de bias junto ao sinal

de velocidade angular, implicando no surgimento de um erro na estimativa do ângulo

efetivamente deslocado. O bloco-diagrama mostra ainda uma terceira fonte de incerteza,

causada pelo desconhecimento de orientação frente ao eixo de rotação da Terra. Para que o

giroscópio não faça leituras erradas, é necessário levar estes erros em consideração. Uma

forma para reduzir a incerteza de bias (Figura 6) é através da leitura do offset (sinal médio)

presente na saída do giroscópio enquanto o mesmo encontra-se imóvel, para então corrigir

(Figura 7) este valor nas leituras seguintes quando em movimento angular.

De acordo com SANTOS (2003), a integração do sinal de velocidade de um

giroscópio retorna um valor composto por três parcelas: i) a posição angular propriamente

dita; ii) um termo que cresce com o tempo de forma proporcional ao bias estimado, acrescido

da influência de rotação da terra e; iii) passo angular aleatório que cresce proporcional ao

desvio do ruído e à raiz quadrada da velocidade angular. As diversas curvas na Figura 8

ilustram aspectos típicos para vários passos angulares aleatórios.

Figura 6 – Erro de bias estimado.

(EMMENDOERFER, 2006)

Figura 7 – Ruído na saída do giroscópio.

(EMMENDOERFER, 2006)

22

Figura 8 – Passo angular aleatório em um giroscópio.

(SANTOS, 2003)

2.1.2 O EFEITO DA ROTAÇÃO DA TERRA

Um giroscópio livre (não provido de um sistema de nivelamento) mantém seu eixo de

rotação fixo em relação ao espaço, e não em relação à superfície da Terra. A Terra gira no

sentido horário com uma velocidade angular de uma rotação a cada 23 horas 56 minutos 4

segundos e 9 centésimos(23h56m04,09s), ou seja sua velocidade angular é de

aproximadamente 0,00417807º/s. Para um observador na superfície da Terra, o eixo do

giroscópio pareceria manter a mesma direção, apontando para leste. Entretanto, para um

observador no espaço, o eixo do giroscópio parece inclinar gradualmente com velocidade

constante até atingir uma volta completa ao final de um dia.

Para evitar um erro proveniente da rotação da terra, faz-se necessário a utilização de

algum sistema de orientação geográfica. Com isso, a superfície do giroscópio deve ser

posicionada perpendicularmente ao eixo de rotação da Terra.

O eixo de sensibilidade do giroscópio a ser utilizado é perpendicular a sua superfície

circular, como mostra a Figura 9.

23

Figura 9 – Eixo de sensibilidade do giroscópio.

2.1.3 ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA

A bússola é um dos mais antigos e comuns métodos de orientação geográfica. Seu

mecanismo é baseado no alinhamento de sua agulha magnética com o campo magnético da

Terra. Deve-se tomar cuidado com possíveis interferências magnéticas, que são

majoritariamente causadas por equipamentos elétricos. Sua medição é confiável, desde que

seja feita a correção do erro causado pela diferença entre a orientação dos pólos magnéticos e

o eixo de rotação da terra, como pode ser visto na Figura 10.

Figura 10 – Diferença entre os pólos terrestres (PNG e PSG) e os pólos magnéticos (PNM e PSM).

Essa diferença varia de acordo com a posição geográfica e deve ser levada em

consideração no posicionamento do giroscópio para que não seja medido nenhum movimento

terrestre.

Os problemas citados acima podem ser solucionados através de um equipamento GPS

que se baseia em informações transmitidas via satélite. Uma de suas funções permite informar

24

a posição do pólo norte geográfico da Terra com precisão e segurança, pois suas medições

não são susceptíveis a interferências magnéticas.

2.1.4 CÁLCULO DO ERRO DE BIAS

As informações descritas anteriormente devem ser consideradas para o correto

posicionamento do giroscópio. Para a medição do bias é necessário alinhar o eixo de

sensibilidade do giroscópio perpendicularmente ao eixo de rotação da Terra, impedindo que a

medição da rotação do planeta seja adicionada ao bias.

Após o alinhamento o giroscópio deve ser mantido em repouso, e um número definido

de amostras de sinal deve ser extraído de sua saída. Com estas amostras o bias pode ser

calculado pela Equação (2.1), que nada mais é do que a média de todas as amostras.

)/()(

smediçõesden

mediçõesbias °

°= �

(2.1)

A figura a seguir mostra o sinal de medição de velocidade angular com um

grampeamento causado pelo bias.

Figura 11 – Forma de onda da velocidade angular com o erro de bias e o giroscópio em repouso.

(EMMENDOERFER, 2006)

Com o cálculo do erro de bias é possível deduzir a Equação (2.2), que deve ser

utilizada para corrigir medições posteriores. A Figura 12 ilustra o sinal corrigido.

)/( sbiasww medidoreal °−= (2.2)

25

Tem-se wreal como velocidade angular sem o erro de bias e wmedido como velocidade

angular medida pelo giroscópio sem correção. O bias deve ser calculado pela Equação (2.1).

Figura 12 – Forma de onda da velocidade angular com o erro de bias corrigido.

(EMMENDOERFER, 2006)

Através da execução de movimentos conhecidos, pela articulação, é possível medir na

saída de giroscópios: o grau de deslocamento causado pelo bias, o fator de escala de leitura, a

distribuição do ruído e a ortogonalidade entre os giroscópios de um Sistema de Navegação

Inercial.

2.3 ARTICULAÇÃO

A dinâmica de movimentos com a precisão requisitada pela bancada de testes de

giroscópios pode ser realizada pelo punho robótico utilizado no projeto Roboturb2. Por isso,

esta é a configuração mecânica adotada para o projeto. Seu modelo possibilita a fixação de

giroscópios e tem liberdade para fazer com precisão, através de servomotores, movimentos

rotacionais em torno de três eixos, ver Figura 13.

2 Roboturb: Robô manipulador destinado às tarefas de soldagem de cavitações nas pás de turbinas de usinas hidrelétricas.

26

Figura 13 – Configuração mecânica escolhida.

(LACTEC, 2001)

Tratando-se de um projeto já elaborado, é necessário fazer um comparativo entre as

cargas para as quais o punho robótico foi dimensionado e as novas cargas a serem aplicadas.

2.3.1 ESPECIFICAÇÕES

Apesar de movimentos similares, os parâmetros utilizados no dimensionamento do

punho do Roboturb diferem dos parâmetros requisitados pela articulação robótica, pois há

outras cargas e outros perfis de movimento (aceleração e velocidade) envolvidos.

Para analisar a possibilidade de utilização do punho do Roboturb deve-se levar em

conta a maior carga a ser aplicada. Apesar da carga não estar construída é possível estimar sua

massa com base no seu projeto que inclui: três giroscópios, três acelerômetros e parafusos

distribuídos em um bloco de alumínio. Tal bloco é chamado Unidade de Medição Inercial

(IMU) e está representado na Figura 14, suas estimativas de massas estão na Tabela 1.

27

Figura 14 – Bloco de Medição Inercial.

Tabela 1 – Massas dos componentes da IMU. Componente Unidades Massa Massa Total

Giroscópio 3 0,425 kg 1,285 kg

Acelerômetro 3 0,075 kg 0,225 kg

Parafuso 18 0,0025 kg 0,045 kg

Bloco de Alumínio 1 1,4 kg 1,445 kg

A tabela a seguir faz um comparativo entre as especificações aplicadas ao punho do

Roboturb e as necessárias para a articulação 3D.

Tabela 2 – Comparação entre especificações do Roboturb e da articulação robótica. (KAPP, 2001)

Especificações operacionais

Roboturb Articulação 3D

Capacidade de carga útil na garra 2 kg 3 kg

Força adicional de manipulação na garra 10 N 0 N

Força adicional exercida no braço 20 N 0 N

Aceleração máxima 0,981 m/s² 0,981 m/s²

Verifica-se que não há necessidade de um redimensionamento, visto que o total de

cargas utilizado para dimensionar o Roboturb é inferior ao total de cargas estimado para a

28

articulação robótica. Os seguintes dados do Roboturb são importantes para a parametrização

do software:

Eixo �:

• Pinhão: 25 dentes;

• Coroa: 40 dentes;

• Relação Harmonic Drive: 1/140;

• Encoder: 4000 pulsos.

Eixo �:

• Pinhão: 16 dentes;

• Coroa: 58 dentes;

• Relação Harmonic Drive: 1/100;

• Encoder: 2000 pulsos.

Eixo �:

• Pinhão: 16 dentes;

• Coroa: 48 dentes;

• Relação Harmonic Drive: 1/120;

• Encoder: 4000 pulsos.

2.4 COORDENADAS DE REVOLUÇÃO

As variáveis das juntas são aquelas grandezas físicas que permitem representar o

movimento relativo entre elos. No caso de juntas de revolução, são os ângulos de rotação

entre um elo e o anterior. No caso das juntas prismáticas, a distância entre um elo (ou um

ponto determinado deste) e a junta que o une com o elo anterior. A articulação a ser

empregada funciona através de revoluções e, portanto, merece ser mais bem detalhada.

A Figura 15 mostra que a posição do efetuador da articulação pode ser encontrada

através de cálculos matemáticos com a posição angular medida pelo encoder em função dos

comprimentos dos elos relativos à base da articulação.

29

L2

L1

L1

L2

Figura 15 – Esquema de dimensões e ângulo.

Os robôs manipuladores de coordenadas de revolução são chamados assim por terem

as primeiras juntas, de posicionamento do efetuador, de revolução. Este fato torna as três

primeiras coordenadas generalizadas em ângulos de rotação que, neste trabalho, foram

chamados de �, �, e � . Para calcular a posição do efetuador é necessário saber o valor dessas

três coordenadas generalizadas, além dos comprimentos dos elos que são:

• L1 = 100 milímetros;

• L2 = 100 milímetros.

O espaço de trabalho do manipulador é o termo que se refere ao espaço dentro do qual

o manipulador consegue efetuar os movimentos comandados. Geralmente está ligado a

formas conhecidas como: cones, cilindros e esferas, os quais são relativos às máximas e

mínimas distâncias a serem alcançadas.

“A posição do punho de um manipulador pode ser representada no

espaço de trabalho ou no espaço de juntas. A posição no espaço de

trabalho é determinada pela posição do punho segundo um sistema de

três eixos cartesianos ortogonais, cuja origem é geralmente solidária

com a base do robô. Portanto, a posição do punho é representada no

espaço no espaço de trabalho como um vetor de três componentes

[x y z]. A posição das juntas é representada pelo vetor de coordenadas

30

generalizadas, ou vetor cujas componentes representam a posição de

cada junta (ângulo se for de revolução ou distância se for prismática),

relativas a uma posição inicial arbitrária” (PAZOS, 2002).

Raio da esfera = L1

Figura 16 – Limites de posicionamento .

2.5 SISTEMA DE COORDENADAS DE ORIENTAÇÃO

Levando em consideração a maioria das aplicações industriais, onde um robô pode ser

controlado e programado a partir do sistema de coordenadas associadas ao seu efetuador,

pode-se também implementar o controle por coordenadas além do controle por entrada de

ângulos. A malha de controle de uma junta robótica é estabelecida a partir da comparação de

grandezas articulares, tornando-se necessário a realização de uma transformação geométrica

apropriada para o estabelecimento da correspondência entre as variáveis articulares (ângulos)

e as coordenadas absolutas do efetuador. A Figura 17 apresenta um esquema descrevendo o

problema de transformação direta de coordenadas para um robô com N graus de liberdade.

Transformação Direta

y z

x

Figura 17 – Transformação direta de coordenadas.

31

A operação que realiza a correspondência entre esses dois espaços é chamada de

transformação de coordenadas. A transposição direta de coordenadas apresenta uma solução

única, o mesmo não acontecendo com o problema inverso, onde manipuladores com um

número de graus de liberdade superior a três podem conduzir a soluções múltiplas.

Com o auxílio da Figura 18, a qual mostra o robô posicionado de forma a centralizar o

eixo z no segundo elo, chega-se às seguintes equações transformadoras de coordenadas:

Φ= cos..1 θsenLx (2.3)

Φ= sensenLy ..1 θ (2.4)

θcos.12 LLz += (2.5)

2221 . zsenL += θρ

(2.6)

x

y

z

Figura 18 – Posicionamento do robô relativo aos eixos coordenados.

Para o referenciamento do robô há necessidade de estabelecer algum sistema de

coordenadas fixo para informar as posições e orientações, sendo que a adoção de uma

32

referência no efetuador torna difícil a localização real do objeto a ser manipulado. Assim, é

preciso fazer transformações de coordenadas entre os sistemas fixo e móvel de modo que

torne possível conhecer a posição efetiva do objeto manipulado pelo robô.

A representação da orientação da extremidade do robô pode ser feita através dos

ângulos �, �, e �, respectivamente em torno dos eixos x, y, e z, cujos sentidos positivos

acompanham as indicações das setas (Figura 19).

z

x

y

Figura 19 – Convenção de sentidos positivos.

2.6 TRANSFORMAÇÃO ATRAVÉS DE MATRIZES DE ROTAÇÃO

Há muitos anos a modelagem matemática empregada no campo de estudos da robótica

para descrever rotações no espaço é baseada no emprego de matrizes de rotação R(3x3). A

fim de representar a orientação espacial de um corpo rígido em relação a um frame 3 de

referência, uma matriz de rotação R é a matriz que descreve a projeção de um frame preso a

este corpo em relação àquele frame de referência. Uma rotação no espaço tridimensional pode

ser observada na Figura 20.

3 O termo frame será utilizado para expressar uma terna (x, y, z) de vetores unitários ortonormais.

33

x1

x2

z1z2

y1

y2

Figura 20 – Rotação de um sistema de coordenadas.

Essa rotação pode ser representada através da rotação em torno de três eixos distintos,

sendo considerado um ângulo � em torno do eixo z, um ângulo � em torno de y e um ângulo

� em torno do eixo x. As figuras a seguir exemplificam uma rotação em torno do eixo y.

x2

x1

z1

z2

Eixo de Rotação

y1=y2

Figura 21 – Rotação em torno do eixo y.

x1

x2

z1

z2

y1=y2

Figura 22 – Rotação em torno do eixo y (vista superior).

Utilizando a Figura 21 é possível equacionar um sistema que fornece os vetores x2, y2 e

z2 resultantes da rotação � dos vetores x1, y1 e z1.

34

1112

1112

1112

.cos.0..0.1.0

..0.cos

zyxsenz

zyxy

zsenyxx

θθ

θθ

++=++=

−+=

(2.7)

Rearranjando-se o sistema anterior na forma matricial, chega-se à Equação (2.8) que

transforma o vetor de base 1 (x1, y1 e z1) para base 2 (x2, y2 e z2).

���

���

���

���

� −=

���

���

1

1

1

2

2

2

.cos0

0100cos

z

y

x

sen

sen

z

y

x

θθ

θθ

(2.8)

Além do fato desta matriz apresentar o valor de seu determinante igual à unidade,

outra propriedade importante inclui sua ortogonalidade, o que significa que a inversa desta

matriz pode ser obtida pela transposição de seus termos. Assim, pode-se escrever a

Equação (2.9).

���

���

���

���

−=

���

���

2

2

2

1

1

1

.cos0

0100cos

z

y

x

sen

sen

z

y

x

θθ

θθ

(2.9)

Aplicando os mesmos conceitos para os eixos z e x, chega-se às matrizes de rotação de

um ângulo � em torno de z e de um ângulo � em torno do eixo x respectivamente, nas

Equações (2.10), (2,11), (2,12) e (2.13).

���

���

���

���

ΦΦ−ΦΦ

=���

���

1

1

1

2

2

2

.1000cos0cos

z

y

x

sen

sen

z

y

x

(2.10)

���

���

���

���

ΦΦΦ−Φ

=���

���

2

2

2

1

1

1

.1000cos0cos

z

y

x

sen

sen

z

y

x

(2.11)

35

���

���

���

���

−=

���

���

1

1

1

2

2

2

.cos0

cos0001

z

y

x

sen

sen

z

y

x

ψψψψ

(2.12)

���

���

���

���

−=���

���

2

2

2

1

1

1

.cos0

cos0001

z

y

x

sen

sen

z

y

x

ψψψψ

(2.13)

Observando as Equações (2.8), (2.10) e (2.12) chega-se à conclusão que as alterações

na orientação de vetores em x, y ou z podem ser expressas por matrizes de rotação R.

Portanto, para a transformação do vetor de base 1 (x1, y1 e z1) para base 2 (x2, y2 e z2) serão

adotadas as seguintes matrizes de rotação:

���

���

ΦΦ−ΦΦ

=Φ1000cos0cos

)( sen

sen

Rz

(2.14)

���

���

� −=

θθ

θθθ

cos0010

0cos)(

sen

sen

Ry

(2.15)

���

���

−=

ψψψψψ

cos0cos0

001)(

sen

senRx

(2.16)

Sucessivas rotações, aplicadas ao corpo rígido, podem então ser matematicamente

modeladas pela multiplicação de cada uma das matrizes que expressam tais rotações.

Particularmente, se as rotações forem aplicadas com relação a um frame de referência

fixo, deve ser realizada uma pré-multiplicação das matrizes; enquanto que se forem aplicadas

com relação a um frame móvel, deve ser realizada uma pós-multiplicação das matrizes

(SANTOS, 2003).

Essas rotações elementares constituem a base para uma representação mínima de

rotações espaciais, uma vez que é possível expressar genericamente qualquer rotação como

36

uma seqüência de três destas rotações elementares. Ou seja, a obtenção da matriz de rotação

de um corpo rígido, pode então ser obtida pelo produto das matrizes de rotações elementares

conforme descrito nas Equações (2.17) e (2.18), respectivamente para frames fixos ou frames

móveis.

)().().( ψθ xyzRPY RRRR Φ= (2.17)

)().().( 321 γβα RRRREuler =

(2.18)

Partindo da Equação (2.18) e substituindo as matrizes de rotação representadas em

(2.14), (2.15) e (2.16), chega-se à matriz de rotação de Euler:

���

���

ΦΦ+Φ−Φ+ΦΦΦ+ΦΦ+Φ−

−=

cos.coscos..cos.cos..cos..cos..cos.cos..cos.cos

cos.cos.cos

θθψψθψψθθψψθψψ

θθψθψ

sensensensensensen

sensensensensensensen

sensen

REuler (2.19)

No caso da Equação (2.18) os eixos de referência 1, 2 e 3 podem ser escolhidos

livremente a partir de um conjunto de doze opções apresentadas por Euler, a saber: xyx, xyz,

xzx, xzy, yzy, yzx, yxy, yxz, zxz, zxy, zyz e zyx; com os ângulos �, � e � correspondentes aos

respectivos ângulos �, � e � daqueles eixos de Euler selecionados.

Na Equação (2.17), baseada no princípio das rotações sucessivas relativas a um frame

fixo, identifica-se os ângulos de rolamento (�), guinamento (�) e arfagem (�), os quais são

largamente empregados em sistemas de navegação. Tais ângulos são também conhecidos na

literatura como roll, pitch e yaw e formam o sistema RPY de representação mínima das

rotações no espaço.

Devido às características construtivas, sabe-se que o punho do Roboturb segue os

ângulos de Euler na seqüência zyz, a qual é identificada por: rotação de � em torno do eixo z,

rotação de � em torno do eixo y`e rotação de � em torno do eixo z``, conforme a Figura 23.

yy`

z=z`

y`=y``

z``=z```z`` z`y```

y``x

x` x` x`` x`` x```

Figura 23 – Sequência �, � e � para um sistema zyz.

37

As sucessivas rotações a serem aplicadas ao punho robótico tornam necessária a

aplicação da matriz de rotação para o simulador. Desta forma, coordena-se os movimentos do

robô com o simulador utilizando um sistema de coordenadas móvel.

A figura a seguir representa a simulação de um movimento de 180º em torno do eixo x

do frame fixo, no sentido anti-horário e sem utilizar a matriz de rotação de Euler. Nota-se que

durante toda a trajetória o frame móvel não é rotacionado.

x

y

z

z

x

y

z

x

yz

x

y

x

y

z

z x

yz

xy

Figura 24 – Simulação sem a utilização de matrizes de rotação.

A figura a seguir mostra a simulação do punho robótico executando o mesmo

movimento, porém com a utilização da matriz de rotação de Euler. Percebe-se que o sistema

de coordenadas rotaciona de forma real. Neste caso, é possível visualizar que um objeto

acoplado ao efetuador termina o movimento de ponta-cabeça.

38

x

y

zz

z

z

z

x

x

x

x

x

yy

y

y

y

z

x

y

z

Figura 25 – Simulação com a utilização de matizes de rotação.

A Figura 26 mostra que o deslocamento na direção do eixo móvel x pode ser calculado

através da soma de pequenos deslocamentos (�d) causados pela variação de ângulos (�a)

durante o movimento. Esse cálculo também pode ser aplicado para os deslocamentos nas

direções dos eixo y e z.

z0

z1

z2

x0

x1

x2

y0

y1

y2

d0-1

d1-2

a0-1

a1-2

Figura 26 – Rotação em torno do eixo z.

39

Para isso é necessário fazer um equacionamento com as dimensões do robô e as

entradas de ângulos em radianos. Para movimentos gerados através da rotação do eixo �, tem-

se:

ψθ cos..1Lx = (2.20)

ψθ senLy ..1= (2.21)

0=z (2.22)

Para movimentos gerados pela rotação do eixo �, tem-se:

ψθ sensenLx ...1 Φ= (2.23)

ψθ cos...1 senLy Φ= (2.24)

0=z (2.25)

Naturalmente, a precisão dos cálculos de deslocamentos nas direções x, y e z depende

da quantidade de deslocamentos (�d) coletados durante a execução do movimento. Desta

forma, quanto menor forem os �d mais aproximado é o cálculo.

2.7 SERVOACIONAMENTO

Designa-se o nome de servoacionado aos sistemas de controle com malha fechada. Os

sistemas com malha fechada são altamente utilizados em casos que necessitam precisão de

parada e movimento. Na maioria dos casos, é necessária a aplicação de encoders ou resolvers.

Conforme (PAZOS, 2002), em sistemas de malha fechada, o controlador recebe dois

sinais, a referência r(t) e a resposta y(t), como mostrado na Figura 27. Assim, o controlador

pode fazer comparações entre o sinal de resposta e o sinal de referência. Caso aconteça algum

distúrbio que afaste a resposta da referência, este pode gerar um sinal de excitação à planta

u(t) no sentido de compensar os efeitos do distúrbio, de modo a corrigir a ação da planta até

retornar ao comportamento desejado. Esse segundo sinal recebido pelo controlador é

conhecido como sinal de realimentação ou feedback.

40

Controlador Plantau(t)r(t) y(t)

Realimentação ou feedback

Figura 27 – Sistema em malha fechada. (PAZOS, 2002)

Alternativamente ao sistema anterior, é possível controlar utilizando apenas um sinal.

Para isso, basta fazer uma realimentação negativa que deve fazer a diferença entre o sinal de

entrada e de resposta, como mostrado na Figura 28. Esse sinal de diferença é chamado de erro

e(t). O objetivo é que a resposta acompanhe a referência (y(t) = r(t)), ou e(t) = 0. Portanto, se

o controlador receber um erro positivo (referência maior que a resposta), gera uma excitação

que aumente o valor da resposta até atingir o valor da referência novamente. Se o controlador

receber um erro negativo (resposta maior que a referência), faz o contrário, gera u(t) de

maneira que diminua a resposta y(t) até e(t) = 0.

Controlador Plantau(t)e(t) y(t)

Realimentação ou feedback

r(t)

+ -

Figura 28 – Sistema com realimentação de erro.

(PAZOS, 2002)

Para que a precisão desejada seja atingida é necessário conhecer as características do

sistema utilizado. O fabricante da placa controladora de movimentos (PCM) que será utilizada

no projeto, National Instruments, disponibiliza um programa para computador que efetua

esses testes.

Uma das funções do programa é a aplicação de um degrau para extrair informações em

regime transitório, que são indispensáveis para a parametrização do punho. A falta dessa

parametrização diminui a controlabilidade do sistema, podendo acarretar em erros de

posicionamento ou oscilações demasiadas em torno do ponto de parada.

Segundo NISE (2002), para se obter um melhor comportamento dinâmico, deve-se

utilizar compensadores para melhorar tanto a resposta transitória do sistema quanto para

melhorar as características de erro em regime permanente. A resposta transitória é definida

como a parte da curva de resposta devida a um sistema e a forma como esse sistema absorve

ou dissipa energia; quando se tem sistemas que ficam estáveis ao longo do tempo, a resposta

transitória é a parte da curva anterior ao regime permanente. Já o erro de regime permanente é

41

definido como a diferença entre a entrada e a saída de um sistema depois de a resposta natural

se reduzir a zero.

Para utilizar os ajustes através de compensadores é necessário saber que quando o

ganho do sistema é ajustado para se atender à especificação da resposta transitória ocorre a

deterioração do desempenho em regime permanente, uma vez que a resposta transitória e a

constante de erro estático estão relacionados com o ganho. Quanto maior o ganho, menor o

erro em regime permanente, porém maior a ultrapassagem percentual.

2.8.1 ERRO EM REGIME PERMANENTE

O erro em regime permanente é a diferença entre a entrada e a saída de teste quando o

tempo tende ao infinito. Para este cálculo de erro ser aplicado, a articulação robótica deve

apresentar um comportamento estável.

A seguinte figura ilustra as entradas de teste (sinais de teste) usadas para análise e

projeto de erro em regime permanente.

t

r(t)

t

r(t)

t

r(t)

Degrau Rampa Parábola Figura 29 – Formas de onda dos sinais de teste para cálculo de erro em regime permanente.

Sendo a articulação robótica um sistema de controle de posição, em que a posição de

saída segue a posição comandada na entrada, é interessante aplicar sinais em degrau à entrada

para determinar a capacidade do sistema de controle em se posicionar com relação a um alvo

estacionário. A entrada degrau consiste em um sinal contínuo de tensão aplicado

abruptamente ao servomotor por um tempo suficiente para se obter a estabilização do

movimento. Este sinal, em particular, pode ser aplicado através do software Measurement &

Automation, desenvolvido pela National Instruments.

As entradas em rampa, ao contrário do degrau, representam entradas com velocidade

constante em um sistema de controle de posição com a amplitude da entrada crescendo

42

linearmente com o tempo. Estas formas de onda podem ser usadas para testar a capacidade do

sistema para seguir uma entrada linearmente crescente, ou, em outras palavras, de seguir um

alvo que se movimenta com velocidade constante. (NISE, 2002)

Para obter a capacidade de rastreamento de alvos que se movem com variações de

aceleração são aplicadas as entradas de sinal em parábola que fornecem um sinal suave no

início e com um crescimento muito rápido após algum tempo.

A Figura 30 mostra que para uma entrada de sinal degrau, após um longo período de

tempo e para um sistema estável, dois tipos de saídas são possíveis. A saída 1 apresenta erro

em regime permanente nulo, e a saída 2, um erro não nulo.

Erro de estado estacionário 2

Saída 2

Entrada

Tempo

c(t)

Saída 1

Figura 30 – Possíveis erros em regime permanente para uma entrada em degrau.

(NISE, 2002)

A Figura 31 a seguir faz alusão à capacidade do sistema seguir uma entrada em rampa.

Quando o transitório desaparece e o tempo tende ao infinito o resultado pode ser similar à

saída 1, saída 2 ou saída 3. No caso da saída 1 o sistema apresenta erro em regime permanente

nulo e, portanto, atinge a resposta desejada. Para a saída 2 o sistema apresenta um erro finito,

medido verticalmente entre a entrada e a saída 2. A outra possibilidade é uma inclinação da

saída diferente da inclinação da entrada, como mostra a saída 3. Neste caso o erro em regime

permanente tende a infinito ao medi-lo verticalmente entre a entrada e a saída 3. Este último

resultado permite afirmar que o sistema não tem capacidade para seguir uma entrada em

rampa.

43

Saída 2

Saída 1

Entrada

Saída 3

Erro de estado estacionário 2

Tempo

c(t)

Figura 31 – Possíveis erros em regime permanente para uma entrada em rampa.

(NISE, 2002)

2.8.2 FONTES DE ERRO EM REGIME PERMANENTE

Os erros em regime permanente dos sistemas de controle, em sua maioria, são

provenientes da não linearidade, como folgas de engrenagens e em motores que exigem a

ultrapassagem de um valor mínimo de tensão para que seu movimento seja iniciado. O

comportamento não linear como fonte de erro em regime permanente deve ser estudado

quando o sistema apresentar problemas não decorrentes de sua configuração e do tipo de

entrada. (NISE, 2002)

A Figura 32 exemplifica um sistema genérico, onde R(s) é a entrada, C(s) é a saída e

E(s) é o erro. Tomando G(s) como o produto do ganho pela planta, verificam-se as seguintes

equações:

)()()( sCsRsE −= (2.26)

)().()( sGsEsC = (2.27)

R(s)

+ -

C(s)Ganho Planta

E(s)

Figura 32 – Sistema com erro em regime permanente finito para uma entrada em degrau.

44

No caso de retroação unitária, o erro em regime permanente pode ser calculado com

base na função de transferência a malha fechada do sistema, T(s), ou com base na função de

malha aberta, G(s).

O teorema do valor final é válido para sistemas com função tal que quando aplicada a

transformada de Laplace resulte em pólos apenas no semiplano da esquerda e, no máximo, um

pólo na origem. Satisfeitos estes requisitos pode ser aplicado o teorema do valor final na

equação de erro, E(s) isolado, resultante de operações com as Equações (2.26) e (2.27). Assim

chega-se na Equação (2.28).

)(1)(

lim)(0 sG

ssRe

s +=∞

(2.28)

2.9 HARDWARE

A Figura 33 mostra a forma que os equipamentos ficam ligados para o acionamento de

um eixo. Como se pode observar, o posicionamento é baseado em leitura de encoders e a

forma de operação do usuário sobre o sistema é feita através de um computador. 45

Figura 33 – Ligações entre os equipamentos.

4 PCM: Placa Controladora de Movimentos. 5 UMI: Interface de Comunicação.

45

O diagrama a seguir tem como objetivo dar um panorama sobre a montagem

eletroeletrônica necessária para o acionamento de três eixos. Seus componentes estão

descritos mais adiante.

Fonte PCM+ -

Computador

Amplificador

Encoder

M

+5VGNDAABBII

EIX

O 1

-OUT+OUT

Amplificador

Encoder

M

+5VGNDAABBII

EIX

O 2

-OUT+OUT

Amplificador

Encoder

M

+5VGNDAABBII

AX

IS 3

-OUT+OUT

8

8

8

Figura 34 – Diagrama de blocos do sistema integrado.

2.9.1 COMPUTADOR

O computador deve ser equipado com placa controladora de movimentos e cabo

compatíveis. Neste caso, para a placa PCI-7344 deve-se utilizar a interface de comunicação

UMI-7764 e o cabo SH68-C68-S (todos produzidos pela National Instruments). A utilização

46

do computador é indispensável para a realização dos ensaios, pois além da execução do

software deverá exibir uma interface visual homem-máquina que permita a entrada de dados e

que seja de simples compreensão do operador.

2.9.2 PLACA CONTROLADORA DE MOVIMENTOS (PCM)

A PCM foi desenvolvida pela empresa National Instruments para fazer o controle de

aceleração, velocidade e posicionamento de servomotores e motores de passo. Para o projeto

da articulação será utilizado o modelo PCI-7344 que tem capacidade de controlar até quatro

eixos simultaneamente. A placa PCI-7344 deve ser conectada a um barramento PCI do

microcomputador para interpretar e processar programas desenvolvidos na linguagem de

programação LabVIEW. Os sinais recebidos dos encoders são comparados com os

parametrizados no programa de controle e então a PCM envia sinais de comando para o

amplificador de potência que, por sua vez, deve produzir movimento no motor ou pará-lo de

acordo com o programado.

Todas as lógicas para interpolação de eixos com trajetórias lineares ou circulares são

recursos disponíveis nesta PCM e podem ser utilizados conforme os requisitos do programa

de deslocamento de eixos. Desta maneira, a PCM tem capacidade para determinar o

comportamento dos eixos na execução de trajetórias.

2.9.3 ENCODERS

Os encoders, ou codificadores, são sensores de posição constituídos por um ou mais

sensores ópticos de barreira que detectam a passagem de uma roda perfurada. Quando os

sensores estiverem colocados em cima de um dos furos da roda, detectarão um estado lógico.

Quando fizerem leitura de uma parte não perfurada, detectarão um estado lógico contrário.

(PAZOS, 2002)

A roda fica ligada mecanicamente ao eixo girante, assim o movimento provoca uma

seqüência de sinais digitais (0 e 1) que são detectados pelos sensores. Os sensores repassam as

informações aos controladores que, por fim, fazem o controle da posição.

47

Segundo a necessidade e precisão para o qual são designados, os encoders são

divididos em absolutos e incrementais.

Os absolutos têm um conjunto de sensores ópticos alinhados ao longo do raio da roda,

e a roda furada tem um código determinado de furos. Existem encoders de código binário,

Gray, ou BCD. Por isso, sempre devolvem a posição absoluta do eixo. Um aumento de

precisão infere num aumento do número de bits do código, portanto maior o número de

sensores. A Figura 35 mostra um encoder absoluto de código Gray que possui maior

utilização no mercado em relação aos de código binário.

Figura 35 – Roda de um encoder em código Gray.

(PAZOS, 2002)

Os encoders incrementais têm apenas dois sensores ópticos e a roda perfurada tem

apenas uma fileira de furos eqüidistantes. A passagem entre um furo e outro fornece um pulso

e, consequentemente, cada sensor retorna um trem de pulsos na medida em que a roda gira.

Neste tipo de encoder a posição é demarcada através de pulsos transmitidos e

acumulados ao longo do tempo. Esses pulsos, quadrados, são transmitidos pelo encoder

através de dois canais A e B que são defasados de 90° para que possam indicar o sentido do

movimento. Caso o canal A esteja 90° adiantado em relação ao canal B o sentido é horário,

caso contrário o sentido é anti-horário. O canal Index, conhecido como zero, é utilizado como

ponto de referência do encoder e fornece um pulso quadrado a cada volta. A Figura 36 mostra

como estes sensores fazem a leitura do encoder.

48

Figura 36 – Roda de um encoder incremental e sensores.

As formas de onda para a rotação no sentido indicado pela seta da figura anterior

estão representadas na Figura 37. Nota-se que a onda de saída do canal A está adiantada em

relação a B, logo o sentido é horário.

Figura 37 – Formas de onda de um encoder incremental no sentido horário.

O encoder incremental é utilizado para medir rotações de uma posição com respeito

a outra, e não posições absolutas, sendo necessário partir sempre de uma posição conhecida.

Apesar dessa desvantagem, os encoders incrementais possuem uma resolução muito maior

que a dos encoders absolutos, levando em consideração a quantidade de sensores utilizados.

Para apenas dois sensores numa roda vazada com 64 furos é possível obter uma resolução de

5,625º. (PAZOS, 2002)

2.9.4 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Segundo KOSOW (1985), os servomotores de corrente contínua (CC) são acionados

por corrente proveniente de amplificadores eletrônicos ou amplificadores, reatores saturáveis,

amplificadores retificadores controlados, ou por qualquer um dos vários tipos de

amplificadores rotativos.

As características fundamentais a serem buscadas em qualquer servomotor são que o

torque de saída do motor seja mais ou menos proporcional à sua tensão de controle aplicada

por um amplificador e também que o sentido do torque seja determinado pela polaridade

instantânea da tensão de controle.

49

Atualmente, o desenvolvimento das técnicas de acionamentos de corrente alternada

(CA) e a viabilidade econômica têm favorecido a substituição dos motores de corrente

contínua pelos motores de indução acionados por inversores de freqüência. Apesar disso,

devido às suas características e vantagens o motor CC ainda se mostra a melhor opção em

alguns casos específicos.

Os motores CC são classificados em várias categorias, de acordo com a forma de

produção do campo magnético e conforme o projeto e construção da armadura. De maior

interesse é a classificação quanto à forma de produção do campo magnético, sendo

classificados como Motores de Fluxo Magnético Variável e Motores de Fluxo Magnético

Constante. Os de Fluxo Magnético Variável são assim chamados por terem o estator

conectado a fontes externas com diferentes formas de enrolamentos, algumas são conhecidas

como: campo série, campo independente, shunt e composto. Os de Fluxo Magnético

Constante são conhecidos como Motores de Ímã Permanente, ou Servomotores, pois

utilizam-se de ímãs permanentes para produzir o campo magnético, o que resulta em

características de torque, corrente e de velocidade bastante lineares.

Os motores CC são ainda subdivididos de acordo com a forma de comutação. Os

motores convencionais possuem escovas e comutadores mecânicos, enquanto que em outros a

comutação é feita eletronicamente (sem escovas) e por isso são chamados de Brushless.

O motor de corrente contínua é composto de duas estruturas magnéticas:

• Estator (enrolamento de campo ou ímã permanente);

• Rotor (enrolamento de armadura).

Um servomotor CC normalmente possui número de pares de pólos acima do

convencional e ranhuras oblíquas para os enrolamentos de armadura. Sua aplicabilidade na

automação é alta por ter: alta dinâmica, respostas rápidas, torque, suavidade de movimento,

precisão, e pequenas dimensões.

A Figura 38 mostra de maneira simplificada um servomotor onde o estator é

constituído por ímã permanente e o rotor é um eletroímã que é alimentado por um sistema

mecânico de comutação. Esse sistema é formado por um comutador, solidário ao eixo do

rotor, que possui uma superfície cilíndrica com diversas lâminas às quais são conectados os

enrolamentos do rotor; e por escovas fixas, que exercem pressão sobre o comutador e que são

ligadas aos terminais de alimentação. O propósito do comutador é de inverter, através de

50

escovas, a corrente na fase de rotação apropriada de forma que o conjugado desenvolvido seja

sempre na mesma direção.

Figura 38 – Desenho esquemático de um motor servomotor.

O princípio da força agindo na armadura pode ser facilmente entendido através da

utilização da regra da mão direita. Esta regra determina a direção da força relativa à direção

da corrente e do campo. Sendo o sentido da corrente indicada pelo dedo médio e o sentido do

campo magnético pelo indicador, obtém-se o sentido de atuação da força dada pelo polegar.

Quando a bobina apresenta-se na posição horizontal, os pólos opostos se atraem, a

bobina é forçada a girar no sentido anti-horário até que os pólos da bobina Norte e Sul

alcancem, respectivamente, os pólos Sul e Norte do estator. Nessa situação as forças se

equilibram e não há torque, por isso esse é o instante adequado para inverter o sentido da

corrente na bobina. Desta maneira os pólos de mesmo nome ficam muito próximos e acarreta

numa força de repulsão. Devido à inércia do rotor o movimento continua no mesmo sentido.

A inversão do sentido da corrente, no momento oportuno, é condição indispensável para

coordenar as atrações e repulsões e então manter o movimento.

Conforme PINTO e KRAUSE (2006, apud MARTIN, 1996), em muitos casos, o

controle de velocidade, posição e/ou torque exigem um comparador e um amplificador que

possua ajustes, tais como integradores, para aumentar a controlabilidade do motor. Um

encoder pode ser usado para fazer a realimentação através do fornecimento de um sinal para o

circuito digital de realimentação que calcula a compensação necessária para ajustar o circuito

de potência. Assim, o controlador envia o sinal de referência, que pode ser tanto o parâmetro

de velocidade como o parâmetro de posição, quando este estiver trabalhando em malha

51

fechada. O comparador subtrai o sinal do sensor, que é a resposta do motor, resultando no

sinal de erro, que é amplificado para alimentar o motor. Assim, quando o sinal de referência

tiver o mesmo valor do sinal devolvido pelo sensor de referência o erro é zero e, portanto, o

servomotor fica estático. Caso contrário, o controlador libera uma tensão proporcional ao erro

para que o motor entre em movimento ou acelere até encontrar a posição ou velocidade de

referência.

2.9.5 AMPLIFICADOR DE POTÊNCIA

Para que os movimentos sejam efetuados há necessidade da utilização de um

amplificador de potência que receba os comandos da PCM. Levando em consideração que a

potência exigida por cada um dos motores tem efeito direto sobre seus respectivos

amplificadores, torna-se indispensável o dimensionamento dos amplificadores. O

dimensionamento baseia-se nos valores de potência máxima, corrente e tensão de alimentação

requerida pelos motores. Segundo o projeto do Roboturb, os três eixos utilizam o mesmo tipo

de motor: Maxon DC RE Ø25 mm 118755. Suas principais especificações são:

• Tensão Nominal: 48 Vcc;

• Corrente Motor Travado: 5,978 A;

• Potência Máxima Nominal: 20 W.

Desta maneira chega-se à conclusão que para os três servomotores devem ser usados

amplificadores Maxon ADS_E 50/5, com as seguintes características técnicas.

• Tensão de Operação: 12 a 50 Vcc;

• Corrente Máxima: 10 A;

• Potência Máxima Nominal: 250 W.

Deve-se mudar o interruptor de escolha de modo de operação do amplificador para

controle por corrente (Figura 39), já que este é o modo de comunicação utilizado pela

52

PCI-7344. Destaca-se que este amplificador tem proteção contra temperatura excessiva e

curto-circuito nos enrolamentos do motor.

Figura 39 – Escolha do tipo de operação para modo corrente.

2.10 LABVIEW

O software de acionamento da articulação robótica foi desenvolvido a partir da

plataforma LabVIEW, a qual possui uma biblioteca dedicada exclusivamente ao acionamento

e controle de movimento de motores. A partir de uma linguagem gráfica, conhecida como

Linguagem G, seu ambiente de programação é composto por duas telas de interface. Uma

delas é o diagrama de blocos (tela de programação), a outra é o painel de controle, pela qual é

realizada a interface com o usuário.

A figura a seguir é referente a um exemplo da biblioteca do LabVIEW, cuja função é

monitorar o movimento de um eixo. Seus dados de entrada exigidos são: a placa de controle

de movimento, o eixo a ser movido e em qual posição (pontos de encoder) deverá parar. A

leitura de posições é indicada por uma régua ao mesmo tempo em que é realizado o

movimento.

Figura 40 – Painel de controle.

O diagrama de blocos do exemplo mostrado na Figura 41 está representada na

seguinte figura:

53

Figura 41 – Diagrama de blocos.

A Tabela 3 mostra as funções desenvolvidas pelos blocos compõem este VI6, ou

Instrumento Virtual.

Tabela 3 – Descrição das funções dos blocos utilizados no exemplo.

Configura o tipo de operação para o movimento com os parâmetros escolhidos pelo

usuário. A forma de execução pode ser escolhida como: posição absoluta, posição

relativa, velocidade, posição modular, contorno absoluto e contorno relativo.

Carrega a posição a ser atingida pelo eixo escolhido.

Inicia o movimento do eixo escolhido.

Lê a posição de um eixo.

Verifica se o movimento atinge a posição desejada. Caso afirmativo faz o eixo parar e

permite que as operações posteriores sejam realizadas.

Pára o movimento do eixo conforme a desaceleração escolhida.

Avalia os erros ocorridos no movimento.

6 VI: Termo utilizado para referenciar programas na linguagem de programação LabVIEW.

54

CAPÍTULO 3

3. PROGRAMA DE GERAÇÃO E EXECUÇÃO DE TRAJETÓRIAS

O software desenvolvido em LabVIEW baseia-se na aquisição de posições de

encoders. Sua função é interpretar os valores lidos para utilizá-los em cálculos de posição,

deslocamento e movimentar um robô juntamente com seu simulador.

O controle do posicionamento dos eixos é feito através de uma PCM da National

Instruments, modelo PCI-7344, com capacidade de controle de quatro eixos simultaneamente.

Esta placa recebe os dados de posicionamento e transfere um sinal de comando para o

amplificador de potência.

3.1 PARÂMETROS FIXOS

Alguns parâmetros de hardware e software são definidos previamente e não podem ser

modificados. A identificação da PCM instalada no computador é o principal parâmetro de

hardware, é especificado como Board ID e permanece sempre na posição 1 para

computadores que tenham apenas uma placa de controle.

Outros parâmetros estão disponíveis apenas no diagrama de blocos e devem ser

alterados somente no caso de alguma nova especificação no projeto do robô, como é o caso do

número de pontos (counts) por volta dos encoders e redimensionamento do robô.

3.2 PARÂMETROS VARIÁVEIS

Os parâmetros variáveis estão dispostos em cinco sub-painéis e podem ser alterados de

acordo com a preferência do usuário. A seqüência dos movimentos é feita por um cluster que

executa o movimento na seqüência escolhida pelo usuário no painel de controle. Nele, além

55

da Board ID, o usuário deve digitar o eixo a ser movimentado, a velocidade, a aceleração e a

posição absoluta desejada para o eixo.

3.3 SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO

Primeiramente, antes de todas as etapas, o software entra em funcionamento

(Visualizado na Figura 42 e Figura 43) e faz a inicialização em zero de leitores de dados. Em

seguida começa a execução de um laço while loop (2) que tem por função acionar uma

estrutura case (3), a qual aguarda um clique com o mouse sobre o botão “Iniciar Movimento”.

Esse clique deve tornar verdadeiro o requisito da estrutura case (3) que permite a leitura dos

dados inseridos pelo usuário e envia-os para dentro de um novo laço while loop (4).

O while loop (4) dá início à seqüência de movimentos desejada pelo usuário até que

sejam concluídos. As aquisições de posição são realizadas dentro do while loop (5) que

distribui os dados para os dois principais conjuntos do programa: simulação de movimento e

cálculo de posicionamento.

Todo este processo pode ser interrompido a qualquer momento se for pressionado o

botão “Sair” do painel de controle ou se for detectado algum erro na execução do programa.

Com este tipo de parada o software perderá os dados registrados e reiniciará em zero. Caso

haja necessidade de parar um movimento sem perder os dados deve-se clicar em “Stop”.

Nesse caso, o motor corrente pára e pode ter seu movimento reiniciado com os valores do

ponto em que parou através de um clique em “Iniciar Movimento”.

Figura 42 – Seqüência de execução (diagrama de blocos).

(4) (3)

(2)

(5)

(1)

56

Figura 43 – Seqüência de execução (painel de controle).

3.4 INTERFACE HOMEM-MÁQUINA (IHM)

Os pontos principais para o modelamento da IHM foram a praticidade e a simplicidade

na utilização. Algumas instruções foram colocadas com o intuito de ajudar o usuário nas

primeiras operações: ao rodar o programa há necessidade de ativar os sub-painéis com o

duplo clique do mouse ou automaticamente com a inserção dos parâmetros desejados.

Estando o programa em execução deve-se clicar sobre o botão “Iniciar Movimento”

para dar início ao movimento. Para parar a execução repentinamente o usuário deve utilizar os

botões “Stop” ou “Sair”, sendo que o primeiro possibilita continuar a execução do ponto onde

foi parado sem a perda de dados enquanto que o segundo perde todos os dados e pára

inclusive a execução do programa. O botão “Sair” é recomendado para os casos que

necessitem zerar o leitor.

O posicionamento do efetuador é indicado em milímetros, na forma x, y e z com

relação a base inicial adotada e atualizado simultaneamente com o movimento. Os

deslocamentos nas direções x, y e z são indicados na mesma forma, conforme é mostrado no

painel de controle na Figura 44:

(2)

(1)

57

Figura 44 – Painel de controle do VI principal.

Um simulador de movimentos com dimensões baseadas no projeto da articulação foi

criado para permitir ao usuário monitorar seus ensaios através da tela do computador. As

Figuras 45 a 49 mostram uma seqüência de deslocamento de noventa graus nos eixos �,

� e �.

Figura 45 – Início do movimento do eixo �.

58

Figura 46 – Início do movimento do eixo �.

Figura 47 – Início do movimento do eixo �.

Figura 48 – Posição após o término dos três movimentos.

59

3.5 DIAGRAMA DE BLOCOS (PROGRAMA)

Como explicado anteriormente, o diagrama de blocos corresponde ao programa que,

quando executado, tem suas propriedades apresentadas no painel de controle. Para facilitar a

visualização dos VI`s no LabVIEW usualmente emprega-se o propósito de construir VI`s que

caibam completamente em apenas uma tela de monitor, como na Figura 49, mas para tanto

pode ser necessário criar SubVI`s.

Um SubVI é um conjunto de blocos agrupados dentro de apenas um ícone, que tem

sua execução realizada dentro de um VI principal. Esta técnica permite que o programador

tenha um melhor aproveitamento do espaço de trabalho e facilita alterações de sub-rotinas,

pois qualquer alteração em um SubVI é sentida em todos os pontos onde o mesmo é chamado.

Figura 49 – Diagrama de blocos do VI principal.

60

3.5.1 SUBVI DE CRIAÇÃO DA INTERFACE GRÁFICA

O LabVIEW permite que o programador crie desenho através do fornecimento de

pontos delimitadores de superfícies.

O SubVI da Figura 50 mostra o diagrama de blocos de construção das várias partes do

simulador, sendo que para os paralelepípedos foi necessário informar os vértices com seus

respectivos pontos médios e suas coordenadas para posicionamento no local de simulação. No

caso dos cilindros a seqüência foi a mesma, mas um for loop é usado para gerar pontos em

forma de circunferência.

Na medida em que são criados os pontos delimitadores, os mesmos são colocados em

vetores e transferidos para um SubVI que tem a finalidade de traçar superfícies por esses

pontos.

Figura 50 – SubVI que cria os componentes do robô.

A criação dos pontos é feita fora do loop de leitura para que o desenho seja criado

apenas uma vez e quando o movimento iniciar o simulador tem seus pontos girados com o

61

auxílio das matrizes de rotação. O efetuador tem um SubVI (Figura 51) independente que o

refaz a cada mudança de posição. Esta maneira evita a criação de um ponto de referência

individual, pois precisa-se que o giro seja feito em torno de sua ponta e não do seu centro.

Figura 51 – SubVI que cria do efetuador.

3.5.2 SUBVI DE INTERFACE GRÁFICA NO SIMULADOR

Para a simulação da articulação robótica e da Unidade de Medição Inercial (IMU)

utilizou-se de Plots que têm a finalidade de traçar linhas ou superfícies entre pontos. A

simulação uniu um total de quinze Plots num único sistema 3D, sendo utilizados: cinco Plots

para o mecanismo do robô, três Plots para os giroscópios da IMU, um Plot para o bloco da

IMU, três Plots para criar o sistema de coordenadas fixo e três Plots para o sistema de

coordenadas móvel. Esses Plots podem ser observados na Figura 52 nesta seqüência.

62

Figura 52 – SubVI que mostra a posição do simulador no painel.

3.5.3 SUBVI DA MATRIZ DE ROTAÇÃO

Conforme a teoria vista no capítulo anterior, sabe-se há necessidade de um SubVI que

calcule as matrizes de rotação ao longo do movimento para que façam o simulador ser

movido numa forma real. A Figura 53 mostra o SubVI que calcula as matrizes de rotação

através da Equação (2.19).

63

Figura 53 – SubVI que calcula a matriz de rotação de Euler.

3.5.4 SUBVI DAS EQUAÇÕES DE POSIÇÃO

As Equações (2.3), (2.4) e (2.5) calculadas no segundo capítulo foram colocadas numa

SubVI (Figura 54) para gerar as coordenadas a serem seguidas pelo simulador. Estas

coordenadas também são mostradas na tela para indicar a posição atual do simulador.

Figura 54 – SubVI que calcula as posições do simulador.

64

3.5.5 SUBVI DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

Para informar os vários deslocamentos (�d) foram necessários dois novos SubVIs

(Figura 55 e Figura 56) que calculam o deslocamento do efetuador conforme os ângulos �, � e

�. A primeira foi destinada especialmente a cálculos com as rotações de � e a segunda para

rotações de �.

Figura 55 – SubVI que calcula deslocamentos causadas por �.

Figura 56 – SubVI que calcula deslocamentos causadas por �.

3.5.6 SUBVI DE ROTAÇÃO DO SIMULADOR

O desenho do simulador tem todos os pontos multiplicados pelas matrizes de rotação,

desta forma o simulador se move da mesma maneira que o robô. Para esta operação foram

criados SubVIs que recebem esses pontos e os agrupa em matrizes para que todos sejam

multiplicados pela matrizes de rotação.

Os diagramas de blocos destes SubVIs de rotação são demasiadamente grandes e

dispensáveis neste trabalho, então preferiu-se mostrar apenas seus ícones (Figura 57).

65

Figura 57 – Blocos das SubVI`s que movimentam o simulador.

3.5.7 CÁLCULO DAS RELAÇÕES DE TRANSMISSÃO

Os redutores utilizados nas transmissões entre os servomotores e as juntas fazem com

que cada volta do eixo do motor, ou do encoder nele instalado, não corresponda a uma volta

da junta correspondente no robô. Isto torna possível utilizar motores menores e diminuem

erros de posicionamento, por outro lado torna os movimentos mais lentos. Os cálculos das

relações de transmissão são indispensáveis no programa para que suas leituras indiquem o que

realmente está acontecendo no robô. Para conhecer o movimento efetivo do robô foi criada a

estrutura case da Figura 58 que utiliza os valores apresentados na página 27.

Figura 58 – Cálculo da redução para o eixo �.

O valor 360 colocado junto às operações matemáticas serve apenas para fazer a

conversão de rotação para graus.

Em decorrência dos movimentos serem efetuados em seqüência, notou-se que a leitura

das distâncias percorridas dava um salto em cada vez que o botão “Iniciar Movimento” era

pressionado. Descobriu-se que o programa zerava seu marcador de leitura de encoder e então

voltava ao valor anterior e isto era entendido como um delta deslocamento para o programa.

Para solucionar este problema foi utilizada a mesma estrutura case de cálculo das relações de

transmissão. Basicamente é calculado o valor que entra indevidamente nos cálculos e então é

retirado do valor indicado pelo programa (Ver Figura 59 e Figura 60).

66

Figura 59 – Cálculo da redução para o eixo �.

Figura 60 – Cálculo da redução para o eixo �.

Para o eixo móvel z não houve necessidade de descontar esse valor, chamado de

“Gap” no programa, porque o eixo z sempre está sempre perpendicular ao movimento e,

portanto, nunca terá deslocamento na sua direção.

67

CAPÍTULO 4

4. AVALIAÇÃO

4.1 AJUSTES DE CONTROLE

Como foi comentado no segundo capítulo, sabe-se que quando o ganho do sistema é

ajustado para atender à especificação da resposta transitória ocorre a deterioração do

desempenho em regime permanente, uma vez que a resposta transitória e a constante de erro

estático estão relacionados com o ganho. Quanto maior o ganho, menor o erro em regime

permanente, porém maior será a ultrapassagem percentual.

A solução para esses problemas foi a utilização de um controlador Proporcional

Derivativo Integrativo (PID). Assim, a resposta é melhorada com a introdução da derivação e

o erro é melhorado com a introdução de uma integração no percurso direto.

Com base nisso, optou-se por melhorar a resposta transitória antes do erro em regime

permanente. O principal enfoque foi deixar o sistema ajustado para um posicionamento

preciso, mas sem grandes perdas de velocidade de resposta.

O programa Measurement & Automation, já apresentado, possui uma função (Servo

Tune) de calibração automática de motores através dos ajustes dos parâmetros Kp (ganho

proporcional), Kd (ganho derivativo) e Ki (ganho integrativo). Em cada motor foi utilizada

primeiramente esta função, Servo Tune, para que servisse como referência inicial para os

ajustes manuais.

O ajuste manual é baseado em valores arbitrários de Kp, Kd e Ki de modo a atingir a

resposta desejada para o sistema, conforme a resposta a uma onda em degrau. As figuras a

seguir mostram os valores obtidos para os três servomotores.

68

Figura 61 – Parâmetros de controle para o eixo �.

Como pode-se observar na Figura 61 os valores de ganho proporcional, derivativo e

integrativo para o eixo � são:

• Kp = 89;

• Kd = 439;

• Ki = 25.

Da mesma forma observa-se os valores encontrados para o eixo � (Figura 62), que são:

• Kp = 90;

• Kd = 425;

• Ki = 26.

69

Figura 62 – Parâmetros de controle para o eixo �.

Finalmente encontra-se os valores de ajuste para o eixo � (Figura 63), o qual

movimenta todo o conjunto.

• Kp = 90;

• Kd = 445;

• Ki = 25.

Figura 63 – Parâmetros de controle para o eixo �.

70

Com o intuito de melhorar a visualização e colocar uma carga em movimento, foi

fixado um objeto no efetuador com dimensões semelhantes às da Unidade de Medição

Inercial (Figura 64).

Figura 64 – Punho do Roboturb com um objeto no efetuador .

4.2 RESPOSTA AO DEGRAU

Conforme explicado anteriormente, a adequação do movimento é feita através do

programa Measurement & Automation com a aplicação de um degrau com o número de

pontos de encoder escolhida pelo usuário

Como pode ser observado na Figura 65, o programa monitora a forma com que a

requisição do movimento em degrau é feita, neste caso 1000 pontos de encoder, e o

comportamento do eixo frente a este degrau. Para o caso do eixo �, o valor de ultrapassagem

percentual ficou em 30%, em contrapartida o sistema teve uma resposta relativamente rápida

e ainda conseguiu atingir a posição esperada. Os valores encontrados foram:

• Tempo de assentamento = 591 milisegundos;

• Tempo de subida = 27 milisegundos;

• Tempo de pico = 45 milisegundos;

71

• Ultrapassagem percentual = 30%.

Figura 65 – Resposta ao degrau do eixo �.

Os resultados para o eixo � (Figura 66) foram melhores que os do eixo �, pois tem-se

uma resposta mais rápida (tempo de subida menor) com ultrapassagem percentual menor e

ainda com menor tempo de assentamento. Os valores obtidos foram:

• Tempo de assentamento = 579 milisegundos;

• Tempo de subida = 18 milisegundos;

• Tempo de pico = 30 milisegundos;

• Ultrapassagem percentual = 20%.

72

Figura 66 – Resposta ao degrau do eixo �.

A curva alcançada para o eixo � (Figura 67) ficou bastante semelhante a que foi

encontrada para o eixo �. As diferenças notáveis são a ultrapassagem percentual e a forma de

assentamento da onda. Percebe-se que o eixo � tem uma atenuação mais lenta devida a maior

inércia do conjunto movido pelo mesmo.

Figura 67 – Resposta ao degrau do eixo �.

73

• Tempo de assentamento = 594 milisegundos;

• Tempo de subida = 27 milisegundos;

• Tempo de pico = 42 milisegundos;

• Ultrapassagem percentual = 35%.

Em suma, nota-se que o comportamento do punho robótico, quando submetido ao

degrau, depende da inércia da massa colocada em movimento. Assim, deve haver um novo

ajuste dos parâmetros PID quando forem feitas significativas mudanças na carga manipulada.

74

CAPÍTULO 5

5. CONCLUSÕES

O controle de posição através do computador é uma ferramenta bastante moderna e

confiável para qualquer sistema de posição que necessite de qualidade e precisão. Sua

flexibilidade e facilidade para alterações de parâmetros são suas principais virtudes.

Durante a realização deste trabalho foi necessária a montagem eletroeletrônica de três

servomotores com os demais componentes de controle para que o software fosse testado

durante o seu desenvolvimento. Também foram feitas pesquisas sobre o funcionamento de

giroscópios para assegurar que o modelo de articulação robótica escolhida atendesse à

característica principal necessária aos ensaios, ou seja, movimento de rotação em torno de três

eixos ortogonais com precisão.

Com a articulação desenvolvida pode-se realizar ensaios de calibração em giroscópios,

bem como verificar a ortogonalidade dos giroscópios de uma Unidade de Medição Inercial

(IMU). Os encoders, as reduções e a ausência de folgas nas transmissões foram fatores

preponderantes para que o robô tivesse a precisão adequada.

A aprendizagem da linguagem de programação LabVIEW mostrou uma curva de

crescimento exponencial. Os primeiros passos foram bastante lentos, mas, após a

familiarização com suas ferramentas, acabou por facilitar e acelerar o desenvolvimento do

trabalho. Sua utilização em conjunto com a linha de equipamentos da National Instruments

simplificou o acionamento dos servomotores. A possibilidade de construir formas geométricas

foi bastante importante, pois com a criação do simulador o usuário tem uma ferramenta muito

útil para o monitoramento de seus ensaios.

O controle de cada eixo teve seus ganhos Kp, Ki e Kd ajustados pelo programa

Measurement & Automation, cuja função principal é utilizar esses valores para inicializar a

placa PCM juntamente com as configurações parametrizadas pelo usuário. Este ajuste deve

ser realizado sempre que a carga movimentada tiver significativa mudança, pois a inércia da

carga tem influência substancial sobre a performance do punho.

O punho mostrou uma boa controlabilidade quando submetido a uma entrada em

degrau. Para isso foram feitos ajustes de controle PID levando em consideração a velocidade

75

de resposta e o erro em regime permanente, obtendo-se como resultado um robô com

ultrapassagem percentual e tempo de assentamento elevados.

Percebeu-se que as matrizes de rotação de Euler são muito úteis quando se trata de

rotações em três dimensões porque indicam com segurança a orientação de um objeto mesmo

após diversos movimentos rotacionais.

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Os conceitos desenvolvidos aqui podem ser utilizados como ponto de partida para o

desenvolvimento de diversas outras frentes ligadas à robótica.

• Programa de aquisição de dados de giroscópios e acelerômetros para

verificação computadorizada de ortogonalidade entre giroscópios e

acelerômetros de Blocos de Medição Inercial.

• Acionamento da articulação robótica com a utilização de cinemática inversa

para um movimento simultâneo dos eixos.

• Desenvolvimento de um programa que controle as demais juntas do Roboturb

para utilização em ensaios com deslocamentos lineares, circulares e

helicoidais.

• Propor e executar rotinas de ensaios para giroscópios e acelerômetros com base

em normas.

76

REFERÊNCIAS

ABRANTES, Antonio. Pig Geométrico. Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em:

<http://inventabrasilnet.t5.com.br/pigeomet.htm>. Acesso em: 06 Set. 2006.

ALENCAR NETO, Álvaro P.; STRAUHS, Faimara R.; WALENIA, Paulo S. Normas de

Formatação e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos. Curitiba: Departamento

Acadêmico de Eletrotécnica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2004.

Disponível em: <http://br.groups.yahoo.com/group/Projeto_Final_2006b/>. Acesso em:

12 Set. 2006.

EMMENDOERFER, Gustavo; RODRIGUES, Hudson Augusto; PENA, Jailson Silvério.

Readequação de um Sistema de Medição da Curvatura de um Trilho de Robô Através

de Giroscópios. 2006. 130f. Trabalho de Conclusão de Curso - Curso de Graduação em

Engenharia Industrial Eletrotécnica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba,

2006.

FIZOPTIKA PRODUCTS. VG949PD. Moscow, 2004. 1 p. Folha de dados. Disponível em:

<http://www.fizoptika.ru/products/catalog/949pd_mount.pdf>. Acesso em: 20 Nov. 2006.

KAPP, Walter. Projeto Roboturb. Curitiba: Lactec, 2001. Memória de Cálculo.

KOSOW, Irving L. Máquinas Elétricas e Transformadores. 13. ed. Rio de Janeiro: Globo

Editora, 1998.

LACTEC. Projeto Roboturb. Curitiba: Lactec, 2001. Desenhos Mecânicos.

NISE, Norman S. Engenharia de Sistemas de Controle. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora,

2002.

PAZOS, Fernando. Automação de Sistemas & Robótica. 1. ed. Rio de Janeiro: Axcel

Books, 2002.

77

PINTO, Felipe; KRAUSE, Luiz Felipe. Automatização de Posicionamento em uma Mesa

XY com comando numérico Computadorizado (CNC). 2006. 101f. Trabalho de Conclusão

de Curso - Curso de Graduação em Engenharia Industrial Eletrotécnica, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2006.

SANTOS, Winderson Eugenio. Sistema para identificação da curvatura na junta

prismática de um robô via quaternions. 2003. 172f. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-

graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

2003.