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N O T Í C I A S - A n o 7 - n º 5 1 aero Manutenção da Mires 4 EMS1 automática do DTCEA-PV

Aeroespaço 51

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Produzida pela Assessoria de Comunicação do DECEA, a Revista Aeroespaço é o veículo jornalístico impresso da instituição

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Page 1: Aeroespaço 51

NO

T Í C I A S - A n o 7 - n º 5 1

aero

Manutenção da Mires 4 EMS1 automática do DTCEA-PV

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2 AEROESPAÇO

Informativo do Depar tamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEAproduzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

Diretor-Geral:Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves MendesAssessor de Comunicação Social e Editor:Paullo Esteves - Coronel Aviador ReformadoCoordenação de pauta e edição:Daisy Meireles (RJ 21523 JP)Redação:Daisy Meireles (RJ 21523 JP)Telma Penteado (RJ 22794 JP)Daniel Marinho (RJ 25768 JP)Denise Fontes (RJ 25254 JP)Gisele Bastos (MTB 3833 PR)Diagramação/Projeto Gráfico:Filipe Bastos (RJ 26888 JD)

Fotos:Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF)e Fábio Maciel (RJ 33110 RF)Contatos:Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraer [email protected]ço: Av. General Justo, 160Centro - CEP 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2123-6404Fax: (21) 2262-1691Editado em Junho/2012Impressão: Ingrafoto

Índice

Reportagem

Eu não sabia

A História do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

Reportagem

Reportagem

Nossa capa Expediente

Menos ruído e mais capacidade

WEBMET - Sistema Automatizado de Registro e Gerenciamento das Observações Meteorológicas

Lutando pelo que é nosso

O DTCEA-PV na Semana de Manutenção Elétrica e Eletrônica realizada por 28 técnicos do CINDACTA IV.Na foto da capa, o fotógrafo Fábio Maciel flagra o 2S Pessoa (DTCEA-PV) e o 3S Figueiredo (CINDACTA IV) durante a manutenção da Mires 4 EMS1 automática na cabeceira do aeroporto.

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13Educação financeira: aula para todos!

Planos de Voo serão readequados para atender novas tecnologias da navegação aérea

Conhecendo DTCEA-PV26Porto Velho - RO

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3AEROESPAÇO

Fotos:Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF)e Fábio Maciel (RJ 33110 RF)Contatos:Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraer [email protected]ço: Av. General Justo, 160Centro - CEP 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2123-6404Fax: (21) 2262-1691Editado em Junho/2012Impressão: Ingrafoto

EditorialSeguimos trabalhando em uma nova edição

com a responsabilidade de informar ao nosso efe-tivo, sempre motivados pela necessidade de não permitir lapsos na comunicação.

Nós, que fazemos parte do DECEA, necessita-mos manter um diálogo aberto e franco. E, para isso, temos vários canais de comunicação. Um de-les é a revista Aeroespaço, um veículo que permi-te acesso aos nossos dados sociais, corportamen-tais, econômicos, históricos e tecnológicos - tudo que faz parte da nossa cultura organizacional.

Assim, abrimos espaços para que todos sejam também comunicadores e possam dar sua visão sobre as ações que são realizadas pelo DECEA, com o objetivo de contribuir para a melhoria do Sistema. É importante que cada componente do DECEA saiba identificar oportunidades para registrar suas ideias e opiniões.

Nesta edição, a contribuição do Major Meteo-rologista Carlos Roberto Henriques e do Suboficial BMT José Carlos de Freitas, na volta da Seção Eu Não Sabia! - com o tema "Webmet" nos traz da-dos tecnológicos para nossa compreensão.

Os autores falam com propriedade sobre o Sistema Automatizado de Registro e Gerencia-mento das Observações Meteorológicas, que visa automatizar o registro dos dados observados nas Estações Meteorológicas de Superfície (EMS) e de Altitude (EMA), aumentando a disponibilidade dos dados nos Bancos de Climatologia e Interna-cional de Dados OPMET (Operational Meteoro-logical Information - Informação Meteorológica Operacional) de Brasília e na Rede Neural.

Ainda nesta edição, damos continuidade a mais um capítulo da publicação da História do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, importante para o conheci-

mento de todos que fazem parte do SISCEAB.Na reportagem das páginas 4 e 5, informamos

sobre os novos procedimentos de aproximação e pouso para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, que representam um grande avanço tecnológico para a aviação comercial brasileira.

Nas páginas 13 a 16, abordamos o investimento do DECEA no planejamento do orçamento fami-liar de seus servidores. "Educação financeira: aula para todos!" fala das alternativas que a Seção de Fatores Humanos sugere para o enfrentamento das questões que causam a desorganização das finanças. Assim, o DECEA permanece investindo em programas que possam ser aplicados em prol da qualidade de vida do efetivo.

Na Seção Quem é? - damos continuidade à valorização do trabalho desempenhado por nosso efetivo. A entrevistada é a Tenente Dentista Lu-ciana Soares de Araújo Inácio, do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Foz do Iguaçu (DTCEA-FI), que provocou uma revolução na saúde bucal dos militares e de seus dependentes. A tenente tem se mostrado muito organizada e dedicada em todas as suas atribuições, adotando o efetivo do DTCEA-FI.

Na reportagem "Planos de Voo serão reade-quados para atender novas tecnologias da na-vegação aérea", informamos que os formulários de preenchimento de Planos de Voo precisarão ser alterados para compatibilizarem-se às novas capacidades disponíveis até o dia 15 de novembro deste ano.

Enfim, continuaremos - na próxima edição - compartilhando ações e inovações para construir novas relações de credibilidade com todo o efeti-vo, gerando novos conhecimentos.

ASCOMAssessoria de Comunicação Social

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4 AEROESPAÇO

DECEA inaugura novos procedimentos de aproximação

Menos ruído emais capacidade

Por Daniel Marinho Foto: Fábio Maciel

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) apresentou, no dia 5 de maio, – em parce-ria com a Gol Linhas Aéreas e a GE Aviation – no-vos procedimentos de aproximação e pouso para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, que representam um grande avanço tecnológico para a aviação comercial brasileira.

Os procedimentos – afinados ao Sistema Sirius, o CNS/ATM brasileiro – são fundamentados no conceito

RNP AR (Required Navigation Performance with Authori-zation Required - Performance de Navegação Requerida com Autorização Requerida), no qual a aeronave realiza a aproximação ao aeródromo, sob a orientação de saté-lites, numa descida contínua e precisa.

Essa precisão torna possível o pouso em condições meteorológicas que normalmente obrigariam as ae-ronaves a aguardar no céu, desviar seu rumo a outros aeroportos ou, até mesmo, terem seus voos cancelados

Reportagem

4 AEROESPAÇO

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5AEROESPAÇO

antes da partida. Isso ocorre porque, com o novo proce-dimento, os mínimos operacionais serão reduzidos de 1.500 mil pés para 300 pés; em outras palavras, o piloto poderá pousar no Santos Dumont em condições mete-orológicas adversas quando o teto baixar até cerca de 90 metros.

Vale ressaltar que, como diz o próprio nome (Autori-zação Requerida), o RNP AR só pode ser executado por aeronaves e tripulações autorizadas pela Agência Nacio-nal de Aviação Civil (ANAC). Estas permissões são confe-ridas após a companhia cumprir uma série requisitos em termos de atualização de equipamentos de navegação embarcados e treinamento especial das tripulações.

O projeto de implementação do RNP AR, de iniciativa do DECEA, teve início em maio do ano passado com a contratação da GE Aviation PBN Services pela Gol. De-pois de muitos estudos e testes realizados pelas equipes operacionais dessas organizações, os procedimentos fo-

ram validados, no início deste ano, em um moderno simulador de voo, em São Paulo.

No evento, um Boeing 737-800 da Gol, que será a primeira companhia aérea a operar RNP AR regular-mente – a partir de julho nos voos da Ponte Aérea -, realizou os novos procedimento de aproximação e pouso para o aeroporto Santos Dumont; um para cada uma das cabeceira de pista.

O Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, esteve presen-te no voo inaugural acompanhado do vice-presiden-te técnico da Gol, Adalberto Bogsan, do diretor de operações de aeronaves da ANAC, Carlos Eduardo Pellegrino, além de outros representantes dessas e outras organizações, tais como o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), a GE Aviation e as companhias aéreas Webjet, Azul e Avianca.

5AEROESPAÇO

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6 AEROESPAÇO

E começa aqui a nossa viagem pelo tempo, que prevê doze paradas essenciais para a compreensão das conjunturas que levaram ao desenvolvimento da aviação militar e civil no Brasil, bem como à criação do Ministério da Aeronáutica.

Assim sendo, senhores passageiros, coloquem suas poltronas na posição vertical, e mantenham a mesinha à sua frente fechada e travada. Observem os avisos luminosos de afivelar cintos e vamos lá!

Primeira parada: Portugal, 1709

Cenário: a Europa fervilhava em invenções e investigações científicas.

Era uma época de avidez pelo conhecimento.

Motivação: o padre brasileiro Bartholomeu Lourenço de Gusmão, sempre

tido como um homem muito culto, havia inventado o que ele mesmo batizou de

“instrumento para se andar pelo ar”.

Em pouco tempo, a notícia do invento se espalhou e alcançou outros países

europeus, rendendo não somente grandes expectativas de ver a tal “má-

quina”, mas também um apelido para Gusmão de “o padre voador” e outro

para o invento, “Balão de São João”, em alusão ao Rei de Portugal D. João V.

Fato relevante: era dia 8 de agosto, quando o padre Bartholomeu Lou-

renço de Gusmão apresentou à Corte Portuguesa seu invento: o balão.

Foram ao todo quatro experiências com balões (aeróstatos) de pe-

quenas dimensões, providos de uma tigela com álcool em combustão.

A quarta tentativa – a bem-sucedida – foi realizada na Sala das Au-

diências do Palácio Real, diante dos olhos atentos do rei D. João V, da

rainha D. Maria Ana de Habsburgo e de fidalgos, damas da Corte e ou-

tros personagens. Na ocasião, o balão subiu até o teto do aposento e,

depois de alguns instantes, desceu com suavidade.

Como os balões eram des-

providos de qualquer contro-

le sobre os mesmos (eram

levados ao sabor dos ven-

tos) e não comportavam

pessoas a bordo, foram

considerados, à época,

inúteis e perigosos,

pois podiam provocar

incêndios.

Lutando pelo que é nosso

Lisboa, 19 de abril de 1709

Eu El-Rei faço saber, que o P. Bartholomeu Lourenço me

representou por sua petição, que elle tinha descoberto um

instrumento para se andar pelo ar, da mesma sorte que pela

terra e pelo mar, e com muito mais brevidade, fazendo-se

muitas vezes duzentas e mais léguas de caminho por dia;

no qual o instrumento se poderiam levar os avisos da mais

importâncias aos exércitos e a terras mui remotas.

Saber-se-hão as verdadeiras longitudes de todo mundo,

que por estarem erradas nos mappas causavam muitos

naufrágios...

E visto que allegrou, hei por bem fazer-lhe mercê ao

supplicante de lhe conceder o privilégio de que pondo por

obra o invento de que trata, nenhuma pessoa, de qualidade

que for, possa usar delle em nenhum tempo neste reino e

suas conquistas, com qualquer pretexto, sem licença do

supplicante ou de seus herdeiros, sob pena de perdimento

de todos os seus bens ametade para elle supplicante, e a

outra ametade para que os acusar: e só o supplicante poderá

usar do dito invento, como pede na sua petição.

Trecho da Resposta Real da petição feita por Gusmão – em grafia original

Disponível na Torre do Tombo – Lisboa, Portugal. Bartholomeu de Gusmão

O balão de São João

Por Telma Penteado* Extraído do livro "A História do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro"

6 AEROESPAÇO

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7AEROESPAÇO

“Batalha do Riachuelo”, de Pedro Américo

Segunda parada: Brasil, 1864Cenário: a Província de Mato Grosso havia sido invadida

pelo Exército do Paraguai, sob as ordens do seu então presiden-te Francisco Solano López.

Motivação: o ataque paraguaio teve por justificativa uma intervenção armada do Brasil naquele país em 1863, colocando fim à guerra civil uruguaia ao depor o então presidente Ataná-sio Aguirre e empossar seu rival Venâncio Flores.

De acordo com historiadores contemporâneos, como Le-andro Narloch (autor do livro “Guia politicamente incorreto da História do Brasil”), Solano López queria expandir seu território e acabou, entre outras ações, entrando em conflito com o Im-pério Brasileiro e a República Argentina, numa ação insana que vitimou seu povo e devastou seu país.

Assim, em dezembro de 1864, teve início o maior conflito armado internacional da América do Sul: a Guerra do Paraguai. De um lado, o Paraguai. De outro, a famosa Tríplice Aliança, for-mada pelo Brasil, pelo Uruguai e pela Argentina, que, em março de 1870, saíram vencedores.

Fato relevante: primeira vez em nossa história que um equipamento aéreo foi empregado em momento de confli-to por militares brasileiros. Durante a Guerra do Paraguai, o então Comandante do Exército, Marquês de Caxias, identi-

ficou a necessidade da utilização de um balão para fins de ob-servação. Quem conta esta história é o Segundo Tenente Reformado em Controle de Tráfe-go Aéreo Antonio Gomes Pereira Guerra Filho, em sua palestra sobre os “70 anos de criação do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira”.

De acordo com o Tenente Guerra, o primeiro balão a ser enviado partiu do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro e che-gou ao teatro de operações em dezembro de 1866. “Por con-ta de problemas técnicos de armazenamento e manuseio, o balão encontrava-se inutilizado”, explicou Guerra.

Foram então encomendados outros dois balões aos Es-tados Unidos da América (EUA) e o resultado almejado so-mente foi alcançado em 24 de junho de 1867. “Esta data marca, até hoje, o Dia da Observação e do Reconhecimento Aéreo. Estava aberta a primeira página da Aeronáutica na história nacional”, conta o Tenente.

Ao final da Guerra do Paraguai, por todo seu desempe-nho, o Marquês de Caxias foi promovido a Duque e, poste-riormente, nomeado Patrono do Exército Brasileiro.

Alberto Santos Dumont

Terceira parada: França, 1906

Cenário: o mundo da Belle Époque francesa estava em pol-

vorosa. Era uma época de paz, desenvolvimento e otimismo que

acolhia as inovações tecnológicas do início do Século XX.

Motivação: a ciência abria janelas para um horizonte de

possibilidades que, de tantas, mal eram vislumbradas pelos

seus próprios inventores. Os irmãos Lumière inventavam os ci-

nematógrafos e os expressionistas inovavam a pintura. Tudo era

novidade e criação.

Fato relevante: era 12 de novembro de 1906, quando o brasi-

leiro Alberto Santos Dumont, que já havia provado que “estruturas

movidas a hidrogênio ou ar quente poderiam ser dirigíveis” (Nar-

loch, 2011), registrou seu primeiro voo controlável com um objeto

mais pesado que o ar, sem ser um balão de ar quente.

A façanha ocorreu no Campo de Bagatelle, próximo a Paris.

Em seu inesquecível 14-Bis, ele voou uma distância de 220 me-

tros a cerca de seis metros de altura.

Não podemos deixar de ressaltar aqui dois inventores ame-

ricanos que afirmam serem eles os verdadeiros inventores do

avião. São os irmãos Wright – Orville e Wilbur.

Discussões acirradas sobre a autoria da des-

coberta seguem até os dias de hoje, o que nos

faz, em respeito a todos, citá-los.

O argumento do registro oficial do voo que

Santos Dumont fez e que os irmãos não fize-

ram é um dos pontos do debate. O outro é

o argumento de que “os aviões dos irmãos

Wright não saíam do chão usando força

própria. Uma catapulta os impulsionava

no momento da decolagem, que era tam-

bém facilitada por uma linha de trilhos em declive”, co-

menta o historiador Leandro Narloch.

Segundo seus relatos, “como o Comitê francês que premiou

Santos Dumont proibia forças externas empurrando os apare-

lhos, a façanha dos Wright é inválida. Já o 14-Bis de Santos Du-

mont realizou um voo autônomo, impulsionado por um motor

próprio”. Em seguida, o autor tece teorias, baseadas em farta

documentação, que buscam dar a César o que é de César. Mas

estas são outras histórias.

7AEROESPAÇO

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8 AEROESPAÇO

Balão Aerostático no Campo de Santana

Cenário: o Brasil presidido por

Afonso Pena promove-se inter-

nacionalmente. No ano anterior,

o País foi representado por Rui

Barbosa na Segunda Conferên-

cia da Paz realizada em Haia,

que tinha por objetivo discu-

tir o desarmamento ante a

eminência de uma guerra de

proporções mundiais (que se tornou uma

realidade em 1914).

E, no que diz respeito às Forças Armadas, o momento

é de desenvolvimento e expansão.

Motivação: o então Ministro da Guerra, Marechal Hermes

Rodrigues da Fonseca, adquiriu da França mais quatro balões de

observação para uso do Exército Brasileiro.

Fato relevante: em 20 de maio de 1908, no dia da apresen-

tação destes balões de observação às autoridades militares, o

Primeiro Tenente de Cavalaria Juventino Fernandes da Fonseca

sofreu um acidente quando pilotava o Balão Aerostático de 250

metros cúbicos, vindo a falecer.

Segundo relatos da época, foi instaurada uma comissão para

averiguar as causas do acidente fatal, marcando, assim, a primei-

ra comissão de análise do primeiro acidente aeronáutico.

E, por extensão, o Tenente Juventino é considerado o pri-

meiro Aeronauta das Forças Armadas.

Quinta parada: Brasil, 1914

Cenário: desde os primórdios da história da aviação, com a apre-

sentação do brasileiro Alberto Santos Dumont com seu primeiro voo

em aeronave com meios próprios pelos céus do Campo de Bagatelle,

França, a 23 de outubro de 1906, o Brasil tem seus olhos voltados

para o céu.

Como bem salientou o Professor, Coordenador Pedagógico da

Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro e Editor-Chefe

do Portal RA (Rotas Aéreas), Rafael Sayão, “desde antes da Primeira

Guerra Mundial, para alguns aviadores, atravessar o atlântico sem es-

calas era a meta e com o avanço da grande guerra, a aviação tomaria

um grande impulso em virtude do uso dos aviões como arma de gran-

de poder ofensivo”. Já na primeira década do século XX era significa-

tiva a quantidade de aeronaves cruzando os céus do Brasil e o olhar

empreendedor no que diz respeito à implementação da aviação em

ambiente militar se tornava uma realidade palpável.

“Podemos dizer”, prossegue Rafael

Sayão, “que a aviação civil precedeu a

aviação militar em terras brasileiras,

com a fundação do Aeroclube Brasi-

leiro, sendo o primeiro aeroclube do

Brasil e um dos primeiros do mundo,

fundado cinco anos após o primeiro

voo do avião”.

O Aeroclube Brasileiro foi

fundado em 11 de outubro de

1911. E no meio desse frenesi

chega ao Brasil, em 1912, um

grupo de pilotos estrangeiros formado por Roland Garros, Ernesto

Darioli, Edmond Planchut e o italiano Gian Felice Gino. E foi este mes-

mo grupo que propôs a criação de uma Escola de Aviação.

Motivação: aproveitando o momento favorável, Felice Gino se

reúne com outros pilotos italianos – Vittorio Bucelli, Eduino Orione e

Arturo Jona – e funda a Escola Brasileira de Aviação.

Fato relevante: sendo Hermes da Fonseca um grande entusias-

ta da aviação, o apoio foi prontamente concedido com a assinatura

de um acordo que garantia o devido funcionamento da Escola com a

construção de oito hangares e oficinas para manutenção das aerona-

ves no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro.

Assim, com a chegada de nove aeronaves vindas da Europa, em 2

de fevereiro de 1914, têm início as atividades da Escola já com uma

relação de 35 militares para fazer o curso apresentada pelo próprio

Ministro da Guerra.

Segundo o Professor Rafael Sayão, “estes oficiais, oriundos da

Marinha e do Exército, foram os primeiros brasileiros a se submete-

rem a um sistema de instrução aérea formalizado no Brasil”.

Porém, o advento da Primeira Guerra Mundial, somado às restri-

ções no envio de peças para reposição e na alocação de recursos finan-

ceiros para o prosseguimento das atividades dos cursos, obrigou a Es-

cola Brasileira de Aviação a fechar suas portas em junho de 1914, sem

formar nenhum piloto nos seus pouquíssimos meses de existência.

Vale ressaltar aqui que, apesar da Escola não poder ter concedido

qualquer Brevê aos militares que lá cursavam pilotagem, um militar

brasileiro já havia sido brevetado na França em 29 de abril de 1911.

Era o Tenente da Marinha Jorge Henrique Moller.

Escola de Aviação, no Rio de Janeiro

Quarta parada: Brasil, 1908

8 AEROESPAÇO

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9AEROESPAÇO

Escola Brasileira de Aviação

Sexta parada: Brasil, 1915Cenário: Rio de Janeiro e Santa Catarina. Com as portas

fechadas, a Escola Brasileira de Aviação decide emprestar

suas aeronaves ao Exército Brasileiro.

Desde 1911, o sul do Brasil era palco de uma disputa

entre os estados do Paraná e de Santa Catarina pela posse

de uma área limítrofe, rica em erva-mate e madeira, resul-

tante de uma guerra com a Argentina, da qual saímos ven-

cedores.

Motivação: apesar dos limites terem sido definidos,

muitas pessoas viviam em estado de isolamento e pobreza.

Em pouco tempo, quando uma ferrovia que ligava São

Paulo a Rio Grande foi aberta, um grupo de sertanejos

(nome dado aos moradores da região) se mobilizou e, lide-

rados por Miguel Lucena da Boaventura, ex-soldado da Po-

lícia Militar do Paraná, que se dizia ser o monge José Maria,

iniciou um combate contra as autoridades locais.

Este embate violento, que tomou grandes proporções,

ficou conhecido como a Guerra do Contestado.

Fato relevante: como vimos no quesito “cenário”, os

aviões da recém-fechada Escola Brasileira de Aviação fo-

ram cedidos, em 1915, ao Exército Brasileiro, que há quatro

anos estava guerreando contra o levante de José Maria.

Neste episódio de nossa história, pela primeira vez no

Brasil (e na América

do Sul!), um avião

foi usado em uma

área de conflito. As

missões nas quais as aeronaves

foram aplicadas eram de observação e bombar-

deio.

Convocado pelo General Setembrino de Car-

valho, o Tenente Ricardo Kirk ficou responsável

pelas operações aéreas em apoio às operações

terrestres em missões de reconhecimento.

E foi justamente numa dessas missões, em

1° de março de 1915, que a aeronave do Tenen-

te Kirk – primeiro oficial do Exército Brasileiro a

aprender a pilotar na École d’Aviation d’Etampes, na França

(tirou seu brevê em 22 de outubro de 1912) – sofreu uma

pane mecânica sob condições desfavoráveis de visibilida-

de, levando-o à morte.

Por sua atuação na Guerra do Contestado, o Tenente

Kirk é considerado o Patrono da Aviação do Exército Brasi-

leiro. Após o final desta guerra, os aviões emprestados ao

Exército foram devolvidos e, em 1916, o Curso de Pilota-

gem pôde ser retomado.

Sétima parada: Brasil, 1916

Cenário: Rio de Janeiro. Arsenal da Marinha.

Motivação: em meio aos eventos militares com emprego

de aeronaves, surgiu uma nova iniciativa no âmbito do ensino

aeronáutico no Brasil. Dando continuidade à missão da extinta

Escola Brasileira de Aviação, a Marinha do Brasil fundou, em 23

de agosto de 1916, a Escola de Aviação Naval, com sede no Ar-

senal de Marinha Carreira Tamandaré.

Fato relevante: os aviões usados nesta Escola vieram dos

Estados Unidos. Os três hidroplanos Curtiss – que tinham, à épo-

ca, a velocidade máxima de 80 km/h – foram trazidos junto com

pilotos militares americanos da própria empresa, entre eles

Orthon Hoover, que, além de mecânico, foi o primeiro instrutor

de voo da Escola de Aviação Naval.

Ainda no final de

1916, a Escola formou

a sua primeira turma

e o Exército, que ain-

da não dispunha de

sua escola própria,

enviava alguns de

seus oficiais para se formarem por lá.

De acordo com os dados apresentados pelo Tenen-

te Guerra, em seus anos de atividades, a Escola formou 86 pilo-

tos da ativa, sem contar os que foram para a reserva. Sua última

instalação foi a atual sede do Correio Aéreo Nacional (CAN), no

Galeão (RJ).

Hidroavião Curtiss

Ten Kirk

9AEROESPAÇO

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10 AEROESPAÇO

Oitava parada: Brasil, 1919Cenário: fim da Primeira Grande Guerra. Aos poucos, o Brasil

volta à normalidade e retoma as atividades de aviação.Motivação: ainda em 1911, mais precisamente em 14 de outu-

bro, é fundado o Aeroclube Brasileiro, o primeiro do Brasil e um dos primeiros do mundo e, por esta razão, sendo considerado o “berço da aviação brasileira”.

A título de curiosidade, em sua Ata de Fundação constam os no-mes de civis e militares ilustres, políticos, professores e homens de negócios, “todos irmanados pelo mesmo ideal: fomentar no Brasil o desenvolvimento da novel e futurosa arte da aviação”, segundo consta no atual site do Aeroclube. Seu Presidente de Honra foi o sócio-fundador Alberto Santos Dumont, sendo o Almirante José Carlos de Carvalho o primeiro Diretor Presidente.

Fato relevante: com os novos tempos de paz advindos do fim da Guerra, é efetivada a filiação do Aeroclube junto à Fédération Aéro-nautique Internationale (FAI), o que elevou o nível do Aeroclube à de Oficial Examinador dos pilotos formados no Brasil.

Nestes moldes, o primeiro militar a ser brevetado no País foi o 1º Tenente do Exército Raul Vieira de Mello, em cerimônia realizada em 21 de agosto de 1919. Vale ressaltar, ainda, que um ano antes, em 1918, oito militares brasileiros foram envia-dos à Inglaterra, três aos Estados Unidos e dez à Itália para se formarem pilotos.

Meses antes da formação do Tenente Raul Vieira de Mello, mais precisamente em 10 de junho, foi oficialmente criada a Escola de Aviação Militar, cujo primeiro Co-mandante foi o Tenente-Coronel Estanislau Vieira Pamplona.

E, por ocasião de sua inauguração, apesar de todos os louros do Aeroclube, o Exército, na figura do Ministro de Guerra da Primeira República, General José Caetano de Faria, solicitou que a instituição desocupasse o Campo dos Afonsos, uma vez que o local seria desti-nado à sede da Escola.

Foi na França que o Exército buscou suporte, contratando instru-tores de voo e mecânicos, além do recebimento, entre 1919 e 1920, de equipamentos e aviões Nieuport e Spad 84, provenientes da Pri-meira Guerra Mundial. O ensino aeronáutico da Escola formou sua primeira turma em 22 de janeiro de 1920. Além do brevê de piloto militar, os alunos receberam diplomas internacionais de piloto-avia-dor emitidos pelo Aeroclube Brasileiro em nome da FAI.

Dando prosseguimento às atividades do Aeroclube, sob a presi-dência do Deputado Maurício de Lacerda, foi estimulada a criação de Escolas de Aviação em outros estados. Tal incremento foi primordial para a disseminação da cultura e da mentalidade aeronáutica por meio do ensino da aviação.

Décima parada: Brasil, 1928Cenário: efervescência continua sendo a palavra que talvez

melhor defina esta época. A aviação no Brasil está em pleno de-

senvolvimento e os laços estabelecidos com as potências eu-

ropeias permitem não só que nossos pilotos avancem em seus

estudos, como também propiciam que homens visionários per-

cebam os horizontes ampliando as possibilidades de atuação

da aviação no País.

Motivação: o contato com as Forças Aéreas europeias –

Royal Air Force (RAF, Inglaterra), Armée de l’Air (França) e Ae-

ronautica Militare (Itália) – instigou o desejo de se criar uma

instituição independente para assuntos aeronáuticos no Brasil.

Fato relevante: em 7 de outubro de 1928 o engenheiro-

geógrafo então Major-Aviador Lysias Augusto Rodrigues,

tendo acompanhado os avanços das Forças Aéreas de países

europeus, publicou no suplemento de domingo “O Jornal” o

artigo: “Uma Premente Necessidade: O Ministério do Ar”. Nes-

ta publicação ele deu início a uma campanha pela “criação de

um organismo para congregar, sob uma única orientação, as

aviações civil e militar” (fonte: site Reservaer).

“Afirmava que sem um Ministério próprio o Brasil jamais

Tenente Raul (de branco)

Lysias Augusto Rodrigues

10 AEROESPAÇO

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11AEROESPAÇO

teria uma aviação capaz de atender às exigências impostas por

sua imensidão geográfica”, comenta o autor do texto, Brigadeiro

do Ar Carlos G. S. Porto. Assim Lysias escreveu no referido artigo:

“No Brasil, as aviações militar, naval, civil e comercial iniciam,

apenas, as suas organizações, e infelizmente sem unidade de

doutrina, sem uma diretiva única. Por que não começarmos já

pelo caminho certo, aproveitando a experiência dos povos em

posição de destaque no campo aeronáutico? A criação do Mi-

nistério do Ar se impõe, entre nós, como o único meio de con-

jugar esforços, dar uma diretiva única”.

“Precisamos criar aeroportos, aeródromos e campos de pou-

so em cada cidade, aldeia ou vila nacional; precisamos ligar to-

dos os nossos centros comerciais por linhas aéreas, bem como

nossas capitais às capitais e cidades importantes dos países vi-

zinhos; precisamos fundar fábricas de aviões de todos os tipos

e de motores de todas as potências, onde milhares de operários

terão trabalho certo e bem remunerado; precisamos tornar co-

nhecidas de todos os brasileiros as grandes, as reais vantagens

que advirão do progresso da aviação entre nós, não só para o

país em geral, como para cada um em particular”, conclui.

Nona parada: Brasil, 1925Cenário: estamos em plena efervescência no campo de ensino

e formação de pilotos e profissionais de aeronáutica.Motivação: desejando qualificar profissionais em outras áreas

da aviação além da formação de pilotos, surgem no Brasil, logo nes-te início do século XX, os primeiros cursos voltados para a Engenha-ria Aeronáutica.

Os conhecimentos, ainda incipientes em relação ao que se desenvolveu ao longo dos tempos, eram, à época, essencialmente empíricos. Os conceitos empregados advinham de outros ramos da Engenharia. Em plena década de 20, o incremento mais consistente da Engenharia Aeronáutica veio atrelado ao desenvolvimento de aviões militares da época da Primeira Guerra Mundial. Por outro lado, as pesquisas científicas fundamentais prosseguiram através da combinação das experiências empíricas com os estudos teóricos de física em plena atividade.

Fato relevante: nesta mesma época a Marinha, que estava desejando construir uma fábrica de aviões e acessórios, matri-culou, no dia 05 de outubro de 1922, o Piloto-Aviador Naval e Engenheiro Civil Tenente Raymundo Vasconcellos de Aboim no Imperial College of Science and Technology de Londres, para

que este cursasse a cadeira de Engenharia Aeronáutica. Como fruto dos seus estudos, o Tenente Aboim formou-se no ano

de 1925, sendo o primeiro Engenheiro de Aeronáutica do Brasil e da América do Sul. A saber: o curso de Engenharia Aeronáutica foi criado em 1939, com o intuito de ser ministrado na então Escola Técnica do Exército (ETE), sediada na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente o local sedia o Instituto Militar de Engenharia (IME).

No ano de 1947 os Diplomas de Engenheiro Aeronáutico passa-ram a ser registrados no Ministério da Aeronáutica (MAER). Anos mais tarde, foram feitas as primeiras contratações de professores em nome do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), criado em 16 de janeiro de 1950, pelo Decreto nº 27.695.

Neste mesmo ano os Cursos de Preparação e Formação de Enge-nheiros de Aeronáutica foram transformados nos Cursos Fundamental e Curso Profissional e o ITA foi instalado no então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos (SP) - atual Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Atualmente existem os programas de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica (PG-EAM), Engenharia Eletrônica e Computação (PG-EEC), Física

(PG-FIS) e Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica (PG-EIA).

Prédio do IME, antiga Escola Técnica do Exército

11AEROESPAÇO

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12 AEROESPAÇO

Décima segunda parada: Brasil, 1931Cenário: o posicionamento favorável de militares para o

incremento da aviação no Brasil e para a criação do Ministé-

rio do Ar prossegue com força total.

Motivação: assim sendo, ações paralelas levaram à cria-

ção de órgãos de fundamental importância para a expansão

da atividade aeronáutica em todo território nacional.

Fato relevante: na década de 30 o País já possuía um

número significativo de escolas de pilotagem e aeroclubes

e a aviação comercial já estava em plena atividade.

Nesse contexto, em 22 de abril de 1931, o então Pre-

sidente da República, Getúlio Vargas, criou, por meio do

Decreto nº 19.902, o Departamento de Aeronáutica Civil

(DAC), com sede no Rio de Janeiro, ficando este subordina-

Décima primeira parada: Brasil, transição da década de 20 para 30

Cenário: como bem define o historiador Tenente Guerra,

“o Brasil estava em plena fase de consolidação da aviação”.

Motivação: os excelentes retornos do investimento que

o Exército e Marinha faziam na aviação fomentavam ainda

maiores empreendimentos tanto nas atividades de execu-

ção, quanto nas de estudo e ensino.

Fato relevante: a campanha pela criação do Ministério do

Ar ganhava cada vez mais destaque. Fato é que os militares

que retornavam de seus cursos na Europa estavam cada vez

mais entusiasmados com a concretização desta proposta,

evidenciando amplamente as vantagens da união das avia-

ções Militar, Naval e Civil.

do diretamente ao Ministério da

Viação e Obras Públicas.

O DAC tinha por missão estu-

dar, orientar, planejar, controlar,

incentivar e apoiar as atividades

da aviação civil pública e privada.

Como na transição da década

de 40 para 50 diversas empresas de

aviação surgiram e se desenvolve-

ram no Brasil, o Departamento foi de

importância fundamental na regu-

lamentação do setor, envolvendo a

organização do transporte de passa-

geiros e de cargas.

Somente em setembro de 1969, 28 anos após a criação do

Ministério da Aeronáutica (falaremos mais adiante sobre esse ca-

pítulo da História), seu nome foi modificado para Departamento

de Aviação Civil (DAC), permanecendo assim até março de 2006,

quando, ao ser extinto, foi absorvido pela atual Agência Nacional

de Aviação Civil (ANAC).

Ainda no ano de 1931, em paralelo à criação do DAC e aos de-

bates sobre a estruturação do Ministério, foi inaugurado o Serviço

Postal Aéreo Militar, mais adiante chamado de Correio Aéreo Mili-

tar e, por fim, em 1934, Correio Aéreo Nacional.

Este, sim, é um capítulo à parte.

Vamos a ele na próxima edição!

Catalina

Entrada do Quartel de Aviação Naval (década de 30)

12 AEROESPAÇO

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13AEROESPAÇO

Pensando em melhorar a qualidade de vida do seu efetivo, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) - através da Subdivisão de Fatores Humanos (SFTH) - criou o “Programa de Planejamento do Orçamento Familiar”, reafirmando o seu compromisso com o presente e o futuro de seus integrantes e familiares.

De baixo custo e implantação razoavelmente prática, o pro-jeto é um aliado importante para ações de Serviço Social numa organização que possui servidores em vários municípios brasi-leiros e, por isso, necessita de soluções funcionais para orientar o efetivo em relação ao planejamento do orçamento familiar.

Baseado em três pilares: organização, controle e planejamen-to, o programa visa sensibilizar o servidor e sua família para que possam gerir o orçamento familiar com eficiência e proveito, contribuindo, assim, para a melhoria das relações familiares. “O objetivo maior desse programa é estimular o público a pensar e agir de forma crítico-reflexivo com relação às finanças e a adotar planilhas financeiras de auxílio para o planejamento do orça-mento familiar, bem como focar a importância de ter projetos de vida, de curto, médio e longo prazos”, explica a coordenadora do programa, a assistente social da SFTH, Ibla de Castella Martins de Azeredo Bastos Filha.

Organização financeira é qualidade de vida, fortalece os laços familiares, gera segurança, satisfação pessoal e profissional.Por outro lado, a desordem financeiratira o sono, a saúde e obom humor dequalquer pessoa.

Reportagem

Educação financeira:aula para todos!

Por Denise FontesFotos: Fábio Maciel e 2S FOT Pantoja

DECEA investe no planejamento do orçamento familiar

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14 AEROESPAÇO

O efetivo do DECEA pode contar com uma ferramenta eficiente e prática para organizar as finanças pessoais e que ajuda a controlar o orçamento familiar. No site da Subdivisão de Fatores Humanos estão disponíveis vá-rias planilhas que podem ajudar a controlar facilmente suas receitas e despesas mensais.

Recorrer a essas planilhas de cálculo foi uma alter-nativa viável para a Terceiro Sargento Kethelyn Lopes Lima, que trabalha da Seção de Pessoal Militar (SPM) do DECEA. A militar aprendeu a importância de poupar e administrar os gastos com o Programa de Planejamen-to do Orçamento Familiar. “Com o uso das planilhas, pude identificar onde eu gastava mais e fui enxugan-do onde eu possuía despesas excessivas. Eu tinha uma meta: comprar um carro à vista, com isso eu me sentia motivada a economizar em função do meu objetivo”.

Economizar virou uma das palavras-chave da vida da pedagoga da Seção de Instrução e Atualização Técni-ca (SIAT) do Parque de Material de Eletrônica do Rio de Janeiro (PAME-RJ), Christina Fernandes Neves. “Eu era muito consumista e não tinha um controle sobre os meus gastos. Aprendi com a palestra a fazer um plane-jamento doméstico”. Ela diz que não basta apenas eco-nomizar. “Eu faço uma planilha e lanço todas as minhas despesas. Isso é a base, é o início para quem quer come-çar a organizar a sua vida financeira”. Christina também investiu em outra fonte de renda para complementar o seu salário. “Eu comecei fazer cupcakes para vender, com isso ganhei um dinheiro extra, o que me ajudou a pagar minhas dívidas”.

Segundo a assistente social do PAME-RJ, Tathiana Almeida Soares a palestra ajudou a despertar a cons-ciência do profissional sobre a responsabilidade com relação aos seus recursos financeiros. “O objetivo do programa vai além de ensinar as pessoas a lidar com o próprio dinheiro. Aprendemos a planejar a curto, a médio e a longo prazos, e mostrar que é possível mudar nossa condição de vida”.

O DECEA, ao implantar o programa ensina o conceito do consumo consciente, os perigos dos juros dos car-

tões de crédito e parcelamentos, entre outras armadi-lhas do crédito fácil. Fomenta, ainda, o efetivo a poupar para alcançar os objetivos dos projetos de vida.

A aplicação desse projeto visa, também, sugerir alter-nativas de enfrentamento das questões que causam a desorganização das finanças.

Transforma-se, assim, em um caminho viável para a participação, a mobilização e o apoio ao efetivo, trazen-do como consequência, êxito no cumprimento da sua missão institucional.

DTCEAs atentos a saúde financeira do efetivo

O programa abrange todos os Destacamentos espalhados por todo o território brasileiro. Para tanto, é montado um cro-nograma por área geográfica, otimizando recurso e tempo para atender o efetivo.

A execução do projeto é de responsabilidade das Organi-zações subordinadas ao DECEA, que têm como meta realizar palestras sobre o planejamento do orçamento familiar.

Histórico

Desde a sua criação em 2005, o Programa de Pla-nejamento do Orçamento Familiar já foi implanta-do no DECEA e em suas Organizações subordinadas e nos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA). Um trabalho realizado em conjunto com os profissionais da Seção de Serviço Social Regional.

2005 - Demanda apresentada pelos Primeiro e Tercei-ro Centros Integrados de Defesa Aérea e Con-trole de Tráfego Aéreo (CINDACTAs I e III).

2006 – Capacitação das assistentes sociais do DECEA pelo Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural do Rio de Janei-ro (UFRRJ).

– Implantação no DECEA, no Instituto de Carto-grafia Aeronáutica (ICA), no Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) e na Comissão de Im-plantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA).

2007 – Implantação no CINDACTA I e DTCEAs subordi-nados.

2008 – Retroalimentação no DECEA, ICA, GEIV, CISCEA. – Implantação nos CINDACTAs III e IV e DTCEAs

subordinados. 2009 – Implantação no Serviço Regional de Proteção

ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) e DTCEAs subor-dinados.

2010 – Capacitação pelo Banco Central. – Implantação no PAME-RJ. – Retroalimentação no CINDACTA I.2011 – Implantação no CINDACTA II e DTCEAs subor-

dinados.

Tathiana Almeida Soares, assistente social do PAME-RJ, dá orientação financeira individual

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15AEROESPAÇO

Além dessas ações, as assistentes sociais das sedes são também responsáveis por desenvolver outras etapas do pro-grama, como atendimento individualizado aos militares da unidade, parcerias com órgãos de defesa do consumidor, ins-tituições financeiras e empresas prestadoras de serviços bási-cos, bem como projetos de geração de renda com oficinas de aprendizado para os familiares.

O conceito do orçamento familiar também é divulgado por meio do viés da saúde. Alimentação saudável, reaproveita-mento de alimentos, dicas de como comprar alimentos, pla-nejamento das compras e economia doméstica são alguns dos temas abordados.

Uma série de projetos voltados aos servidores civis e milita-res e às suas respectivas famílias vem sendo implantados nas sedes e nos Destacamentos.

- Cozinha Brasil - projeto de grande relevância, desenvol-vido em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), que tem por objetivo promover uma orientação sobre cardápios com valor nutritivo e baixo custo, proporcionando uma ali-mentação saudável.

- Mulher Arte e Renda - visa desenvolver o lado profissio-nal das esposas e dependentes dos militares, promovendo o bem-estar, a valorização e a integração das famílias às suas ci-dades de lotação.

- Preparação para a Reserva e Aposentadoria - visa dar uma total assistência aos militares que estão ingressando na reserva remunerada. A elaboração de um novo projeto de vida, o replanejamento do orçamento familiar, o empreende-dorismo são alguns dos temas abordados pelo programa.

De acordo com Ibla, foi possível perceber, durante a imple-mentação do programa nos Destacamentos, a angústia gera-da no indivíduo e em seus familiares quanto ao planejamento financeiro. “Convidamos o sujeito a uma análise da sua vida financeira, isso porque não aprendemos nos bancos escolares disciplinas sobre como lidar com o dinheiro”.

Nesta tarefa de ajudar os servidores civis e militares no seu planejamento financeiro, as palestras de sensibilização têm um papel muito importante. No entanto, para que o projeto tenha êxito é fundamental o apoio dos líderes, incentivando as iniciativas e a participação dos colaboradores.

“Toda ação voltada para o apoio ao homem é importante porque de algum forma traz benefícios para o servidor e sua

família. Percebemos a necessidade de implantar programas que façam com que eles se sintam pertencentes ao grupo, trazendo maior comprometimento e interação entre a sede e o efetivo”, declara Denize Jans Costa Silva, assistente social do CINDACTA II - para quem a implantação de projetos sociais, torna-se uma grande estratégia para o próprio comando.

Essa estratégia é ratificada pelo Comandante do DTCEA de Santiago (RS), Primeiro Tenente Especialista em Comunica-ções Rogério Refosco, que ressaltou a importância do evento por contribuir para a valorização do efetivo. “O emprego dos conhecimentos e ferramentas disponíveis contribuiu para que encontremos um equilíbrio entre os recursos financeiros rece-bidos e as despesas assumidas, com reflexos positivos na vida profissional e emocional. Ter o domínio da situação financeira nos dá segurança e tranquilidade”.

Além de mostrar a importância dada aos Destacamentos mais isolados, a palestra apresentada em Santiago proporcio-nou um importante aprendizado na vida do Soldado Claiton Dalvan Gonçalves Eberhardt. “Percebi que minhas ações do cotidiano encontravam respaldo no assunto em pauta. Iden-tifiquei pensamentos, atitudes e ideias que já há algum tempo eu havia adotado como prática pessoal” - revela o militar.

Como se vê, uma boa saúde financeira passa por mudanças de hábitos e, somente com orientação, educação e envolvi-mento da família as mudanças sociais ocorrem.

Alunos da EEAR aprendem a lidar com dinheiro

em aula de educação financeira

Com o crescimento da aviação civil nos últimos anos e vi-sando atender à demanda, houve expressivo aumento no número de alunos nas especialidades das áreas de Controle do Espaço Aéreo na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). Concomitante a esse fato, tem crescido o número de processos envolvendo movimentação por interesse particular, muitas vezes associados a problemas de natureza socioeco-nômica.

Atentos a essa realidade - e aproveitando a sugestão dada pelos graduados, durante a avaliação do Programa, que o as-sunto deveria ser apresentado no início da carreira, ainda na Escola - a Divisão de Planejamento e Recursos Humanos (D-PRH) em parceria com a SFTH desenvolveram um trabalho

Militares do DTCEA Uruguaiana atentos à apresentação da assistente social Denize Jans Costa Silva (CINDACTA II)

Psicóloga Renata Luiz Moreira da Silva (SFTH) aplica treinamento para o efetivo do DTCEA em Foz do Iguaçu (PR)

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16 AEROESPAÇO

de prevenção e promoção social com 242 alunos formandos da EEAR, em outubro de 2011. Assim, começariam a vida pro-fissional sob uma diretriz planejada com suas finanças.

Lições simples, como gastar menos do que se ganha, inves-tir essa diferença, poupar, planejar, definir objetivos e conquis-tar o equilíbrio financeiro foram aplicadas de forma prática e dinâmica.

A proposta do DECEA é que esse trabalho de conscientiza-ção aconteça anualmente com os formandos das seguintes especialidades: Controle de Tráfego Aéreo (BCT), Meteorolo-gia (BMT), Comunicações (BCO) e Informações Aeronáuticas (AIS).

A apresentação contou com a ilustração de um vídeo, pro-duzido pela SFTH em parceria com a Assessoria de Comunica-ção Social (ASCOM) do DECEA, onde puderam conhecer de-poimentos de graduados que viveram diferentes experiências financeiras.

Em sua palestra, Ibla provocou uma reflexão acerca do montante a ser recebido pelos alunos, da organização finan-ceira pessoal, bem como dos compromissos com a nova vida que se iniciaria a partir da conclusão dos cursos na EEAR.

A educação financeira familiar é uma matéria ainda pouco disseminada nas escolas. Ao mesmo tempo, saber sobre finan-ças é fundamental para uma vida mais próspera e tranquila.

Foco no fator humano

Iniciativa como essa também foi realizada no DECEA, onde o programa foi coroado com sucesso. No dia 10 de maio, uma palestra sobre o assunto foi apresentada para militares trans-feridos e recém-chegados ao Departamento.

A apresentação faz parte da programação do Programa Integrar, que tem por objetivo facilitar a adaptação dos mili-tares às suas novas realidades profissionais e biopsicossociais, proporcionando auxílio e orientação ao novo ambiente de trabalho.

Foram abordados diversos assuntos como a importância de se ter um projeto de vida, o comportamento enquanto consumidor, a influência dos aspectos psicológicos e o uso de cartões de crédito e de cheque especial.

“Não se trata apenas de economia, de cortar gastos, mas sim de saber gastar com qualidade, empregando os recursos

no que realmente é importante para uma vida saudável”, jus-tifica Ibla.

A iniciativa, no entanto, não termina por aí e já faz parte do calendário de outras organizações. É o caso do CINDACTA IV, que realizará o programa no segundo semestre deste ano nos Destacamentos de Belém (DTCEA-BE), São Luiz (DTCEA-SL), Porto Velho (DTCEA-PV), Rio Branco (DTCEA-RB) e Boa Vista (DTCEA-BV).

Os resultados

Para o Chefe interino do Subdepartamento de Administração (SDAD), Coronel Aviador Leonidas de Araujo Medeiros Júnior, esta iniciativa possibilita ao efetivo lançar um novo olhar sobre a questão da organização e do planejamento orçamentário, melho-rando a qualidade de vida do efetivo e de sua família. “Quando o militar deixa de ter problemas financeiros, ele tem um nível de sa-tisfação maior, contribuindo para um maior equilíbrio e harmonia no ambiente de trabalho, além de ajudar na melhoria da produ-tividade”.

O Chefe da Subdivisão de Fatores Humanos (SFTH), Major Avia-dor Marco Aurélio Lima Moraes, complementa a importância des-sas ações para o efetivo do DECEA e das Organizações subordi-nadas. “Orçamento familiar não é apenas a simples anotação das despesas realizadas, mas o planejamento das despesas, a escolha de prioridades, o controle do fluxo de caixa, a geração de bem-estar, atrelado às questões de preservação ambiental".

Participar do programa não é uma tarefa fácil, porém, é ne-cessária. “O planejamento financeiro é um processo racional de administrar sua renda, seus investimentos, suas despesas, seu pa-trimônio, suas dívidas, objetivando tornar realidade seus sonhos, desejos e objetivos”, conclui o Major Marco.

Quanto a receptividade do efetivo em relação ao programa, Coronel Leonidas afirma que tem sido positiva. "O projeto vem ao encontro das necessidades dos militares, contribuindo para a melhoria da saúde financeira”.

O mais gratificante, segundo Ibla, é perceber como o DECEA pode auxiliar as pessoas nesse processo. “Vez ou outra encontra-mos militares nos informando sobre a mudança de vida a partir da experiência com o programa”.

Desde a sua criação, o Programa vem obtendo bons resultados. Após sua implantação no DECEA e em suas Organizações subor-dinadas houve uma redução do endividamento do efetivo em torno de 25% em relação aos empréstimos consignados, além de uma queda pela procura dos benefícios sociais. “É um trabalho de formiguinha e estamos colhendo frutos bastante significativos”, comemora Ibla.

Esses profissionais demonstram que estão juntos aos que pre-cisam de apoio e essas ações sociais têm levado educação finan-ceira ao efetivo como um todo e a meta para 2012 é intensificar o Programa com o objetivo de informar e esclarecer sobre alternati-vas de investimentos, renegociação de dívidas e geração de renda para o efetivo.

O resultado nos mostra que melhorar a qualidade de vida é pri-mordial e a prevenção é a base do trabalho. Portanto, o Programa de Planejamento do Orçamento Familiar é um importante investi-mento do DECEA na vida financeira de seus colaboradores.

Ibla, assistente social da SFTH, durante apresentação do Programa Integrar no DECEA aos militares recém-chegados

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17AEROESPAÇO

Um grande avanço na busca da qualidade na prestação dos serviços de observações de superfície e de altitude

Por Major Meteorologista Carlos Roberto HENRIQUES & Suboficial BMT JOSÉ CARLOS de FreitasSeção MET

WEBMETSistema Automatizado de Registro e Gerenciamento das Observações Meteorológicas

Seção

EU NÃO SABIA

O Sistema Automatizado de Registro e Gerencia-mento das Observações Meteorológicas (WEBMET) visa automatizar o registro dos dados observados nas Estações Meteorológicas de Superfície (EMS) e de Altitude (EMA), aumentando a disponibilidade dos dados nos Bancos de Climatologia e Interna-cional de Dados OPMET (Operational Meteorologi-cal Information - Informação Meteorológica Opera-cional) de Brasília e na Rede Neural.

A característica principal do WEBMET é minimi-zar os erros de registros e da formatação das men-sagens meteorológicas enviadas aos Bancos de Climatologia e Internacional de Dados OPMET de Brasília, por meio de regras baseadas no manual da OMM (Organização Meteorológica Mundial) - WMO 306 - e nas normas estabelecidas no Anexo 3 da Or-ganização de Aviação Civil Internacional (OACI).

O Sistema WEBMET entrou em operação no dia 1º de dezembro de 2011 e disponível em todos aeroportos do SISCEAB pela Inter-net (www.webmet.aer.mil.br) e pela Intraer (www.webmet.intraer). Foi desenvolvido pela Atech, que figura hoje entre as dez empresas no mundo que atuam no gerenciamento e contro-le de tráfego aéreo e participa em parceria com a Aeronáutica brasileira do projeto de evolução dos sistemas atuais para o novo conceito inter-nacional de gerenciamento aéreo do futuro.

O acesso ao Sistema WEBMET pode ser feito por meio de qualquer EMS ou EMA conectada a Internet e que possua as facilidades de um bro-wser de Internet, desde que previamente cadas-trada no Servidor de Gerenciamento para aces-so ao sistema.

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Finalidade

O Sistema WEBMET disponibiliza de forma auto-matizada, segura e rápida o envio de dados mete-orológicos coletados nas EMS e EMA ao Banco de Dados Climatológicos (BDC).

Gera, a partir dos dados registrados das EMS, ar-quivo no formato XML (Extensible Markup Langua-ge) para a Rede Neural Artificial destinada a pre-visão de tendência de visibilidade e teto para os aeroportos selecionados.

A partir dos dados das Estações Meteorológicas de Superfície cria automaticamente as mensagens meteorológicas METAR (Aerodrome Routine Mete-orological Report – Informação Meteorológico de Rotina de Aeródromo), SPECI (Aerodrome Special Meteorological Report – Comunicado Meteoroló-gico Especial de Aeródromo) e SYNOP (Surface Sy-noptic Observations - Observações Sinóticas à Su-perfície) para serem complementadas e enviadas ao Banco OPMET (Banco de Dados de Informações Meteorológicas Operacionais).

O sistema é capaz de importar as mensagens TEMP ( Mensagem de Observação da Pressão, tem-peratura, Umidade e Vento em Altitude) e PILOT (Mensagem de Observação do Vento em Altitude) das estações de radiossondagens e enviá-las ao Banco OPMET de Brasília.

O WEBMET funciona em uma plataforma de har-dware constituída de servidores Web que dispo-nibilizam os serviços de interfaceamento com os usuários finais, e servidores de aplicação que são responsáveis pelo tratamento dos dados segundo as regras de observação e codificação das mensa-gens meteorológicas.

Descrição Operacional

O WEBMET desenvolvido em ambiente compatí-vel com a internet, de fácil operação, apresenta re-cursos para a visualização, edição, transmissão de dados, criação de gráficos, pesquisa de arquivos e telas padronizadas.

Tela de Acesso ao Sistema WEBMET

Registro de Observação Meteorológica de Superfície

Tela de importação de TEMP e PILOT

Diagrama de Contexto do Sistema WEBMET

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19AEROESPAÇO

Uma ferramenta capaz de prover um meio de comu-nicação entre os órgãos de meteorologia, proporcionar alta disponibilidade de operação, operar em ambientes

amigáveis com o usuário, possibilitar a extração de backup, emitir relatórios estatísticos, proporcionar segurança para registros e transmissão dos dados meteorológicos.

Telas do Sistema WEBMET

Com a implantação do Sistema WEBMET no Servi-ço de Meteorologia Aeronáutica do Brasil, obteve-se um aumento significativo no processo de inserção de dados climatológicos no BDC, na confiabilidade

e na disponibilização de informações OPMET aos usuários, dando, dessa forma, um grande avanço na busca da qualidade na prestação dos serviços de ob-servações de superfície e de altitude.

Conclusão

Registro de Observações de Vento

Cadastro de Estação Meteorológica de Superfície

Cadastro de equipamentos das pistas de Estação Meteorológica de Superfície

Cadastro de Estação Meteorológica de Altitude

19AEROESPAÇO

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20 AEROESPAÇO

Tenente DentistaLuciana Soares InácioDesde que assumiu no DTCEA-FI tem exercido funções como elo social e na área de comunicação provando que com disposição é possível fazer um bom trabalho

Seção

QUEM É?

Entrevista por Gisele BastosFotos: Luiz Eduardo Perez e arquivo pessoal

20AEROESPAÇO

O desejo de servir sempre foi imperativo na vida de Lu-ciana Soares de Araújo Inácio, 31 anos. Foi na cidade de Foz do Iguaçu (Paraná), divisa com Puerto Iguazú (Argenti-na) e Ciudad del Este (Paraguai), que seu sonho começou a tornar-se realidade. O cenário não poderia ser mais bonito: às margens das Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravi-lhas da natureza.

Natural do Rio de Janeiro, com apenas dois anos mudou-se para Brasília quando o pai foi transferido a trabalho. Ainda pequena, a terceira de quatro irmãos descobriu sua vocação para a odontologia. Luciana chegava mais cedo às consultas para acompanhar os irmãos e perguntar ao dentista sobre os procedimentos.

Decidida, focou sua missão em servir a população na área da saúde. Em 1998, aos 17 anos, mudou-se para o in-terior de São Paulo para cursar Odontologia na Universida-de de Ribeirão Preto. A mãe, Dona Maria Ligia, conta que desde pequena Luciana tinha este anseio. Foram quatro anos cursando a faculdade em tempo integral.

No dia seguinte a formatura, de volta a Brasília, come-çou a atender em um consultório particular, dividindo seu tempo com a pós-graduação em Periodontia – ciência que trata doenças do sistema de implantação e suporte dos dentes.

Três anos depois surgiu a oportunidade de prestar con-curso para a Força Aérea Brasileira (FAB). Aprovada, passou

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21AEROESPAÇO

pelo período de adaptação à carreira militar sem dificulda-de. Em função de sua especialização, a Segundo-Tenente QOCON (Quadro de Oficiais Convocados) Dentista Luciana passou a atender no Hospital de Forças Armadas (Brasília-DF), em 2005.

A entrada para a FAB coincide com outro passo impor-tante. Em julho do mesmo ano casou-se e, repetindo sua história de infância, teve de deixar Brasília para acompa-nhar o marido, aprovado em um concurso público e desig-nado para trabalhar na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná.

Durante um ano, o casamento foi à distância e começa-ram as tentativas para uma transferência. Um ano depois, Luciana deixava Brasília mais uma vez para assumir o posto de dentista no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Foz do Iguaçu (DTCEA-FI), na época sob o comando do Major Aviador Marcelo de Lima Pinheiro. Imediatamente, a Tenente Luciana também assumiu o atendimento odonto-lógico no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Catanduvas (DTCEA-CTD), distante 210 quilômetros de Foz do Iguaçu. Uma vez por mês, a militar viaja para atender os militares e dependentes daquele DTCEA.

Em Foz do Iguaçu não teve problemas de adaptação e abraçou a cidade e o Destacamento como sua segunda casa. “O DTCEA é um lugar excepcional e tem pessoas, na mesma situação, sem família, que são muito receptivas. O custo de vida também é bom, para iniciar a vida de casado foi ótimo”, explicou.

Elo social

Além de cuidar da saúde bucal do efetivo, dependentes, militares da reserva e pensionistas, por necessidade do serviço acabou incorporando outras funções. A primeira foi como elo social. Luciana achava que era possível me-lhorar suas atribuições e sentia o desejo de ajudar mais as pessoas.

Sua ação inicial foi uma reunião para conhecer as princi-pais necessidades dos servidores. Como resultado foi feita uma parceria com Plano de Saúde e o credenciamento de

clínicas. Também foi obtido desconto junto a academias de ginástica e farmácia, além de convênio com uma faculda-de e com escolas de ensino infantil, fundamental e médio. Foi criado ainda um canal de benefícios para solicitação de cesta básica e de medicamentos, além de adesão ao Proje-to Educação, para ressarcimento de despesas com material escolar, e o Projeto Soldado Cidadão. Ela montou um livro com anotações sobre as ocorrências com os soldados e faz uma avaliação criteriosa acerca das atividades desenvolvi-das por eles. A Tenente Dentista Luciana normatizou e re-gulamentou uma função que até então não era desempe-nhada por ninguém oficialmente. “O mais importante não é o trabalho em si, é o apoio à família, ao atendimento das necessidades”, descreve.

Luciana passou a ser a voz do efetivo quanto às questões sociais e, entre tantas atividades e campanhas, duas mere-

“O mais importante não é o trabalho em si, é o apoio à família, ao atendimento das necessidades”

Sala de espera de pacientes para atendimento odontológico no DTCEA-FI

A paciência com as crianças é uma virtude da Tenente Luciana

[[

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22 AEROESPAÇO

cem atenção. A primeira foi de arrecadação de perecíveis e itens de higiene para a família de um Sargento que passa-va por dificuldade financeira. A segunda foi o atendimento a uma família do Destacamento, em que um dos três filhos era portador de leucemia. Luciana organizou um almoço para angariar fundos para o tratamento do pequeno Ar-thur (nome fictício).

Com olhar atento também observou algumas necessida-des por informação e promoveu palestras para o efetivo e familiares sobre saúde bucal – também no DTCEA-CTD e na vila Militar, localizada em Cascavel – e doenças sexu-almente transmissíveis (DST). Outro tema abordado foi a utilização de drogas. Profissionais da Polícia Federal aler-taram e esclareceram dúvidas para evitar o uso de entor-pecentes. Foram mostrados ainda os efeitos dos diferentes tipos de substâncias e as consequências para os usuários. Também foi feita uma apresentação com os cães de busca da Polícia Federal, que as crianças adoraram.

A campanha mais recente foi um mutirão de cirurgia de terceiro molar em conjunto com o Segundo Centro In-tegrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II). Provido de equipamentos específicos para este procedimento, o Tenente Dentista Fabiano Augusto Sfier de Mello realizou 26 cirurgias de extração de cisos no consultório odontológico do DTCEA-FI, auxiliado pela Tenente Luciana, que também fez o pós-operatório dos pacientes atendidos.

Comunicação

O trabalho trouxe visibilidade e a Tenente Luciana foi convidada pelo Comandante da época (Capitão CTA Paulo Roberto da Silva) a ser um elo também na área de Comu-nicação Social. Sem medo de desafios, Luciana assumiu a função com a tranquilidade que lhe é peculiar. “Não sabia direito o que era ou se teria habilitação para isso, mas re-solvi encarar”, lembra.

Somou as suas atribuições a organização de eventos, a chefia da recepção em eventos internos e externos, a co-

memoração de aniversariantes e a divulgação de texto e fotos das atividades do Destacamento na página da Intraer do CINDACTA II. Executou ainda o Projeto Visita da Família, proposto pela Assessoria de Comunicação do DECEA com o objetivo de mostrar às famílias a importância de cada es-pecialidade no controle do tráfego aéreo.

Seu tempo no consultório diminuiu, mas manter a saúde bucal do efetivo continua sendo prioridade, mesmo que ela não consiga mais dissociar as funções. “Hoje não vejo uma coisa separada da outra. Em um atendimento odon-tológico às vezes a pessoa traz um problema, então o ser-viço social entra automaticamente e, dependendo da situ-ação, a comunicação social também. Hoje em dia as áreas estão interligadas”, explica.

Equipe participativa

Para tantos afazeres, Luciana conta com a ajuda de dois auxiliares. A civil Lourene Dias Camillo há dois anos coopera no consultório odontológico. Quando chegou de Santa Ma-ria (Rio Grande do Sul) com o marido, o Sargento Camillo, passou por um período de adaptação em que a ajuda de Luciana foi fundamental para enfrentar a nova rotina. “É ma-ravilhoso trabalhar com ela. A Luciana é disposta, humana e conquista a confiança das pessoas”. De sua experiência no consultório, a servidora se surpreende por ver a paciência com que a dentista atende as pessoas, principalmente as crianças. “Se ela tiver que gastar todo o horário dela com algum paciente vai fazê-lo. Se ela sabe que alguém tem medo, vai colocar uma música, um barulhinho de água. São poucos os profissionais que se preocupam com isso, este é o diferencial dela”, elogia.

Não faltam adjetivos para o trabalho da militar. O Tercei-ro-Sargento QESA (Quadro Especial de Sargentos) Edismar Viana Luna, fez curso de técnico em saúde bucal e volun-tariou-se para auxiliar no consultório. Ele chama atenção para o cuidado com o qual Luciana atende cada pacien-te, colocando-se à disposição para atender telefonemas, a qualquer hora, além de atendimentos emergenciais, inclu-sive nos finais de semana.

Soldado Cidadão: militares trabalhando na horta do DTCEA-FI

Visita da Família: crianças são orientadas sobre o lançamento do balão meteorológico

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“Preocupada com o trabalho, a equipe e o paciente”, assim o Sargento Luna explica que Luciana está sempre disposta a ajudar, a levantar a autoestima dos pacientes: “é uma pessoa altruísta”, diz. Diretamente subordinado à Tenente, não raras vezes viu a profissional colocar literal-mente a mão na massa, nos eventos e festividades do Des-tacamento. “Ela corta o tomate, a cebola, não se prende ao fato de ser chefe. Ela vai além, veste a camisa, não se omite. Está sempre disposta a ouvir e dar bons conselhos”. Um deles ficou marcado para o Sargento Luna: “ela sempre diz para eu me colocar no lugar da pessoa”.

A doutora Luciana tornou-se referência. Clécia Porfírio de Oliveira, esposa do Primeiro Sargento Eltom Carlos de Oliveira, há nove anos na Vila Militar, foi convidada para ser seu elo social. A empatia de Clécia por Luciana foi imedia-

ta. “Tudo que ela faz é bem feito, falo que ela é nossa mãe-zona, que podemos tê-la como psicóloga, como amiga, ela sabe ouvir”.

Clécia fala com admiração da revolução na saúde bucal das famílias do Destacamento, através do trabalho minu-cioso da dentista. Emocionada, também lembra com cari-nho dos eventos promovidos para arrecadação de cestas básicas, do almoço beneficente para angariar fundos e do envolvimento que a militar tem com aqueles que preci-sam. As lágrimas e a voz embargada têm dois motivos, o primeiro é que o marido de Clécia será transferido e o se-gundo é que Luciana tem data para deixar a FAB, por fazer parte do quadro temporário.

Unanimidade

“Como dentista é uma excelente profissional, desem-penha sua função com mérito, é atenciosa, prestativa. Se preocupa com o bem-estar do paciente, avisa sobre o procedimento, passa tranquilidade, confiança”, revela o Comandante do Destacamento, Major Especialista em Me-teorologia Joacir Augustinho de Oliveira.

Sua avaliação da profissional é das melhores. Ele afirma que a Tenente Luciana é muito exigente consigo mesma, buscando sempre 100% dos resultados: “Qualquer tipo de missão com o apoio dela tem índice excelente. Ela coorde-na, gerencia comissões, atende bem os prazos”.

O perfil apontado pelo Major Oliveira é o de comprome-timento na execução da missão, com envolvimento pleno, não apenas no horário de expediente, mas o tempo ne-cessário para concluir a tarefa. “Ela se envolve realmente, apesar de não ser psicóloga, acaba atuando como tal. As pessoas usam a cadeira do consultório como divã e desa-bafam com ela”, avalia o Comandante.

Os problemas alheios não afetam o humor de Luciana. De acordo com o marido, ela sabe separar as situações com serenidade. “É a pessoa mais tranquila que já conheci, uma mulher que supera as expectativas a cada dia”, descre-ve o marido Leandro.

Ele vê com orgulho a forma como sua esposa é tratada por todos. Até hoje, por exemplo, Luciana recebe telefo-nemas de ex-pacientes consultando sobre procedimentos odontológicos e atende pessoas de outras cidades. “Ela gosta do trabalho, não só da parte de Odontologia. Ela as-sumiu funções fora da carreira, que consegue desenvolver perfeitamente bem. Se tem um problema que ninguém consegue resolver, passa para a doutora que ela resolve. Ela é militar, sabe se posicionar, mas tem dificuldade em dizer não”. O histórico de Luciana no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Foz do Iguaçu comprova isso. Subordinados, familiares, dependentes e reservistas reco-nhecem o empenho e dedicação com que Luciana cumpre sua missão, a ponto de chamá-la de mãe do Destacamen-to, apesar de ainda não ter filhos. Seus planos para o futuro incluem a maternidade: em princípio três filhos, além de continuar cuidando dos mais de cem militares e civis do efetivo que adotou no DTCEA-FI.

Luciana e o marido Leandro projetam ter filhos no futuro [[

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Planos de Voo serão readequados para atender novas tecnologiasda navegação aéreaFormulários de preenchimento de Planos de Voo precisarão ser alterados para compatibilizarem-se às novas capacidades disponíveis até o dia 15 de novembro deste ano

Para acompanhar as novas tecnologias da navega-ção aérea e os modernos recursos aviônicos – que, aos poucos, incorporam-se ao cotidiano da ativida-de – os formulários de preenchimento de Planos de Voo precisarão ser alterados para compatibilizarem-se às novas capacidades disponíveis até o dia 15 de novembro deste ano.

A medida é uma orientação da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), na qual o Depar-tamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) vem se empenhando desde outubro de 2010, quando estabeleceu um comitê para coordenar essas altera-

ções no País, norteadas pela Emenda 1 à 15ª Edição do Procedimento dos Serviços de Navegação Aérea para o Gerenciamento de Tráfego Aéreo (PANS-ATM - Doc 4444).

O comitê – composto por representantes de orga-nizações do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeronáutica (INFRAERO) e da indústria aeronáutica brasileira em geral – vem atuando, desde então, em-penhado nessa transição.

O novo plano de voo abarca novas funcionalidades

Por Daniel MarinhoFotos: Fábio Maciel e Luiz Eduardo Perez

Reportagem

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e tecnologias da navegação aérea, tais como o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), a Navegação por Área (RNAV), a Nave-gação Baseada em Performance (PBN), os enla-ces de dados (datalinks), a Vigilância Dependen-te Automática por Radiodifusão e por contato (ADS-B e ADS-C, respectivamente), dentre ou-tras. Elas serão consideradas pelos siste-mas de gerenciamento, viabilizando ao controlador as informações necessárias para o planejamento do tráfego aéreo com um maior aproveitamento.

Em face às necessidades de instrução e divulgação dessas modificações, o Sub-departamento de Operações (SDOP) do DECEA vem realizando uma série de semi-nários voltados a públicos específicos da co-munidade aeronáutica em diversas localida-des do País; bem como disponibiliza, desde o início do ano, um site especialmente dedicado às modificações provenientes da Emenda 1 à 15ª Edição do PANS-ATM. Nele é possível en-contrar informações mais detalhadas a respei-to do plano de ação adotado, das avaliações de segurança operacional, das orientações aos pi-lotos, da legislação, do cronograma de eventos, dentre outros dados. Para acessá-lo, consulte no endereço do site na Internet:

www.decea.gov.br/emenda1

Seminário Modificações no Preenchimento do Plano de Voo realizado no Rio de Janeiro

Ver o site e utilizar o visual da planilha.http://www.decea.gov.br/emenda1/instrucao-e-treinamento/seminarios-e-eventos-realizados/

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Conhecendo o

DTCEA-PVPorto Velho - RO

O Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Velho (DTCEA-PV) tem 56 anos de atividade. Subordinado técnico e operacionalmente ao Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), conta com o apoio administrativo da Base Aérea de Porto Velho (BAPV). Por Daisy MeirelesFotos: Fabio Maciel

O Comandante

O Major Aviador Renato dos Reis Campos é Coman-dante do Destacamento desde 16 de dezembro de 2011. É carioca, tem 40 anos e é casado com Fran-cineide, com quem tem um filho de seis anos, Pedro Henrique.

Iniciou a carreira na Força Aérea Brasileira em 1990 e alcançou o posto de major

em agosto de 2010. Tem cursos de sobrevivência no mar e na selva, de piloto básico em aeronaves T-25A/C Universal e T-27 Tucano.

Já serviu nas seguintes OM: Segundo Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (2º/3º GAv), no Segundo Esquadrão de Transporte Aéreo (2º ETA), no Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT), no Comando Aéreo de Treinamento (CATRE), nas Bases Aéreas de Recife (BARF) e Afonsos (BAAF) e na Academia da For-ça Aérea (AFA).

Major Renato é auxiliado por dois oficiais: na Seção Técnica pelo Primeiro Tenente MET Reynaldo Vieira Santa Cruz Costa e na Seção Operacional pelo Primei-ro Tenente CTA Charles Gomes Moura.

Após muitos anos voando pelo Brasil, Major Re-nato resolveu pousar em Porto Velho, onde en-controu um ambiente acolhedor no DTCEA-PV. Gastando menos tempo no deslocamento para o trabalho, conseguiu mais tempo para ficar com a família e ter melhor qualidade de vida.

Seção

Major Renato - Comandante do DTCEA-PV

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A História do DTCEA-PV

Na década de 50 já era considerável o crescimento da atividade aérea na Amazônia do Brasil, tornando imperativa a necessidade de se implantarem Núcle-os de Proteção ao Voo, com a finalidade de oferecer apoio aos aeronavegantes que se aventuravam nos céus da região norte do País, bem como estreitar as relações desta com as demais regiões.

O dia 3 de novembro foi a data escolhida para co-memorar o aniversário do Destacamento, quando o Núcleo de Proteção ao Voo de Porto Velho (NPV-PV) iniciava experimentalmente a operação da Estação-Rádio, que foi efetivada após 16 dias de operação, em 19 de novembro de 1955, de acordo com o Boletim Ostensivo nº 032 de 15 de fevereiro de 1956 do então Quartel General da 1ª Zona Aérea (QG-1), hoje Primei-ro Comando Aéreo Regional (COMAR I).

O NPV-PV situava-se próximo à antena do radiofa-rol, às margens do Rio Madeira, onde amerissavam os Catalinas da FAB e da Panair do Brasil, funcionava das 6 às 18 horas e compunha-se de apenas três pe-quenas e distintas edificações de madeira, a saber: a Estação-Rádio, a Casa de Força (KF) e a Casa dos Trans-missores (KT).

No dia 8 de dezembro de 1971, o Núcleo passou à subordinação do Serviço Regional de Proteção ao Voo de Belém (SRPV-BE), juntamente com os NPV de Eduardo Gomes e Belém quando, enfim, setorizou-se a proteção ao voo. Foi quando chegaram os primeiros controladores de voo e meteorologistas.

O NPV acomodou-se como pode: a Estação-Rádio foi transferida para a Vila dos Cabos, mais precisamen-te a primeira casa à esquerda de quem se dirige à Base Aérea, ao passo que, o Controle de Voo e a Estação Meteorológica funcionaram, provisoriamente, num barraco de madeira no Aeroporto Belmont, até o ano de 1975, quando foi terminada a construção do atual prédio da Unidade.

Tudo começou com o radiofarol, seguindo-se a pri-meira estação de radiotransmissão, dotada das po-

sições de telegrafia e fonia. Após a transferência do Destacamento para o Aeroporto, outros equipamen-tos foram sendo introduzidos, visando sempre à pro-teção ao voo.

Por intermédio da Portaria nº 1351/GM3, de 30 de outubro de 1979, foi ativado o Destacamento de Pro-teção ao Voo de Porto Velho (DPV-PV) classificado na Categoria Especial.

Um dos primeiros auxílios eletrônicos a serem ativados foi a recalada. Por volta de 1979, instalaram-se no Bel-mont o Farol Rotativo e a “Biruta”, ambos auxílios visuais.

Com a ativação do Centro de Controle de Área (ACC) de Porto Velho, que ocorreu no ano de 1982, houve o redimensionamento dos limites da Região de Infor-mação de Voo (FIR). O horário de funcionamento pas-sou a ser de 24H, ou seja, o DPV passou a operar dia e noite responsabilizando-se, através do ACC, por uma área de aproximadamente 1.200.000 quilômetros, a qual inclui Acre, Rondônia, a terça parte do estado do Amazonas e parte do Mato Grosso, circunscrito, inter-nacionalmente, pelos Centros de Controle de Bogotá (Colômbia), de La Paz (Bolívia) e de Lima (Peru).

Com a criação do Serviço Regional de Proteção ao Voo de Manaus, aos 27 de junho de 1983, o DPV-PV passou à sua subordinação.

No ano de 1985, o radiofarol foi deslocado para o sítio denominado “Areia Branca”, alinhado com a pis-ta numa distância de 10.277 metros. Atualmente está instalado na BAPV e a área que anteriormente ocupa-va encontram-se instaladas as KT HF G/A TX e KT IO-NOSSONDA, oriundas do Projeto SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia).

Em 7 de março de 2003, o DPV-PV passou a desig-nação de Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Velho (DTCEA-PV) e a Estação Radar Meteo-rológica (EMR), composta pelo Sistema Radar Meteo-rológico Doppler foi homologada e efetivada opera-cionalmente, com horário de funcionamento de 24H em 13 de junho do mesmo ano.

Seção de Operações: SO BCT Jonas, SO BCT Justino e civil LúciaTorre de Controle - Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira

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As atividades do Destacamento

Dentre as funções que desempenha, destacam-se o Controle de Tráfego Aéreo, o Serviço de Meteorologia Aeronáutica e o Serviço de Informações Aeronáuticas.

Hoje, o Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira - que está passando por ampliação e refor-ma - oferece aos aeronavegantes, por intermédio do DTCEA-PV, o controle do tráfego aéreo realizado pela TWR e APP, o serviço de meteorologia pela EMS, ainda, os auxílios ADF, VOR/DME, ILS/DME e Radar primário/secundário, além dos auxílios visuais AVASIS e PAPIS, de responsabilidade da INFRAERO. Está previsto cerca de 27 mil movimentos aéreos para 2012.

Além disso, equipamentos na faixa de UHF, dedica-dos às operações militares, também, estão instalados, possibilitando comunicações seguras de voz e dados entre os pilotos da Força Aérea que sobrevoarem Ron-dônia.

Em apoio aos serviços meteorológicos, o Destaca-mento possui uma Estação Meteorológica de Altitude (EMA), um radar meteorológico e uma estação recep-tora de sinais do satélite geoestacionário de observa-ção da Terra, mais conhecido como GOES.

O efetivo do DTCEA-PV se divide em dois locais de trabalho. O mais antigo fica localizado bem ao lado do aeroporto, onde funcionam as Seções Técnica e

Operacional, com Sala AIS, TWR, Almoxarifado, APP, e a área mais nova, advinda do Projeto SIVAM, onde funciona o Comando, a Seção Administrativa, VHF, EMA, EMS, SATCOM. Nos dois ambientes há espaço para descanso, sala de estar com TV, refeitório e dor-mitório.

Outras atividades dos técnicos do DTCEA-PV é a ma-nutenção na Unidade de Telecomunicações (UT) de Ji-Paraná e no Rádio Farol Não-Direcional (NDB) de Guajará Mirim.

E, assim, o DTCEA-PV segue sua missão, provendo os meios necessários para que os serviços de controle do espaço aéreo, telecomunicações, meteorologia e in-formações aeronáuticas, de modo seguro e eficiente, contribuindo com a vigilância, a segurança e a defesa do espaço aéreo sob sua área de responsabilidade.

O DTCEA-PV se orgulha de algumas conquistas, dentre elas, a implantação do SGSO, a instalação do VISIR da TWR/APP e a interligação por fibra ótica do ILS, do DVOR e da EMS.

Porém, ainda há muito a ser feito, como reforma e isolamento acústico da TWR, mudança da Sala AIS para o aeroporto e outras ações.

Na segunda semana de maio, o Destacamento pas-sou por uma manutenção técnica (elétrica e eletrôni-ca) advinda do CINDACTA IV.

Sala AIS: SO AIS Rudinei e 3S AIS Nathália

Clube dos Oficiais: lazer para a família do militar O Esquadrão de Saúde (BAPV)

Subseção de Meteorologia: 2S DMT Leonardo

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Integração do efetivo

São 75 profissionais envolvidos na missão do Desta-camento. Toda sexta-feira, os servidores civis e milita-res se confraternizam em um café da manhã coletivo. Algumas vezes se reúnem para um jogo de futebol.

Os clubes da guarnição de Porto Velho, locais de confraternização dos militares e dependentes, têm es-truturas similares, tanto para Cabos, Soldados e Taifei-ros, como para Sargentos e Suboficiais e para Oficiais: piscina, quadras esportivas, salão de festas, parques infantis e bares são compartilhados com todos.

Peculiaridades do DTCEA-PV

Três funcionários, dois civis e um militar, fazem par-te do grupo dos mais antigos do Destacamento.

Roberto Aragão da Silva, agente administrativo, tem 35 anos de serviço público e está há 32 anos no DTCEA-PV. Atualmente trabalha na Seção de Supri-mento, tem 62 anos, é manauara e solteiro. Sente-se reconhecido por sua dedicação e já foi indicado ao prêmio de servidor civil padrão. Sabe que pode con-tar com o apoio da FAB, e já teve experiência, quando esteve doente há quatro anos. Adotou Porto Velho como sua terra e não pensa em sair da cidade, já que se aproxima o tempo de se aposentar.

O Suboficial Rudinei Moreira Nascimento é supervi-

sor na Sala AIS, tem 48 anos e serve em Porto Velho há 23 anos. É natural de Guaratinguetá, SP. "Ser mili-tar não é difícil", diz ao completar 30 anos de carreira. Muito apaixonado pelo seu trabalho, segundo seus companheiros, Rudinei ama a cidade e diz: "Porto Ve-lho me abraçou e aqui fiz minha vida".

Formada em Serviço Social, Lúcia Lane Sales de Oli-veira, de 47 anos, trabalha na Seção de Operações. É portovelhense e tem duas filhas. Passou alguns anos em São José dos Campos, no início de sua carreira, no Instituto de Proteção ao Voo (IPV), hoje ICEA. Comple-ta, em 2012, 20 anos de dedicação ao DTCEA-PV.

A vila habitacional

Boa parte do efetivo tem apoio de Próprio Nacional Residencial (PNR). Em Porto Velho há vilas para cabos e soldados; para sargentos - bem próximo à BAPV e ao DTCEA-PV; e para oficiais no Centro da Cidade.

A Comissão de Implantação do Sistema de Contro-le do Espaço Aéreo (CISCEA) está construindo uma nova vila para os oficiais, com nove casas, em frente ao Clube dos Oficiais; e outra para sargentos com 60 apartamentos, próximo ao Aeroporto, com previsão de entrega para outubro deste ano, o que finaliza a lista de espera de militares por PNR em Porto Velho.

A CISCEA tinha um projeto para mais oito casas para

Obra de ampliação da Vila dos OficiaisVila Habitacional de Cabos, ao lado da BAPV

Seção Administrativa: 2S BCO Adalberto, 1S BCO Caldas e 2S SAD MaltezoSubseção de Suprimentos: Civil Roberto e 3S BSP Maia

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oficiais, mas cedeu o terreno para que o COMAR VII construísse na área 36 novos apartamentos e, além disso, mais 12 quitinetes destinadas a oficiais solteiros.

Para os graduados, a CISCEA está erguendo cinco blocos de 12 apartamentos, enquanto o COMAR VII está construindo outra vila, no mesmo padrão.

Hotel de Trânsito

A Guarnição de Porto Velho conta com o apoio de dois hotéis de trânsito da BAPV. Um atende a gradu-ados e outro a oficiais, ambos com excelentes aco-modações, quartos amplos, bem equipados com TV e ar-condicionado, área de apoio aos hóspedes com ge-ladeira, microondas e fogão e um ótimo atendimento do efetivo do hotel aos hóspedes.

Apoio social

O Esquadrão de Saúde da BAPV apoia toda a guar-nição de Porto Velho, incluindo área odontológica, como clínica geral, prótese, endodontia, periodon-tia, cirurgia geral e odontopediatria. Casos especiais, como implante e ortodontia, são reembolsados via Saram aos militares.

Na área médica, os militarem contam, ainda, com o convênio da Unimed Nordeste para atendimento

em outros hospitais e clínicas da cidade.Outro excelente apoio vem do Exército Brasilei-

ro, com o atendimento no Hospital da Guarnição (HGU), bem no Centro da cidade.

Há ainda, os hospitais públicos estaduais e muni-cipais, como Hospital de Base, Nove de Julho, João Paulo e outros.

O Elo Social do Destacamento é a Terceiro Sar-gento BMT Mariluce Martins Rêgo Rodrigues, que realiza suas ações com o apoio do serviço Social do CINDACTA IV e da BAPV com auxílio para compra de óculos e material escolar, cesta básica etc.

A BAPV apoia o efetivo do DTCEA-PV, também, com o transporte para o local de trabalho para quem mora na vila.

A cidade de Porto Velho

Porto Velho é a terceira maior cidade do Norte do Brasil e seu crescimento se deu a partir das instalações ferroviárias da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, com a exploração da borracha, da cassiterita e do ouro.

A cidade tem muitas histórias e riquezas naturais. A Casa de Cultura Ivan Marrocos, o Museu da Estrada de Ferro, a Catedral do Sagrado Coração de Jesus e o símbolo da cidade, as Três Marias, monumento trazido pelos ingleses (três caixas d'águas que até 1957 servi-

Hospital de Guarnição (HGU) do Exército, apoio no atendimento médico ao militar Crescimento da construção civil na cidade

Vista aérea parcial da cidade de Porto Velho Museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré

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ram para abastecer Porto Velho) são alguns exemplos.Com uma população de 435.732 habitantes e uma

área de 34.096,429 km², Porto Velho é orgulho da Amazônica Ocidental e progrediu muito nesses últi-mos dez anos. A cidade agora comporta um shopping center com grandes lojas e cinco cinemas, que nada ficam a dever a outras capitais do País. Na cidade há ainda os teatros do SESC e do Sest-Senat.

Porto Velho teve um boom da construção civil e ain-da encontramos muitas obras na cidade, como a do primeiro grande teatro. Outro grande progresso para a região é a construção de duas pontes, uma delas, na BR-319, vai ligar Porto Velho a Manaus.

Outra atração é o Mercado Municipal, com peixes, farinhas, artesanato e remédios naturais à venda. Bons restaurantes na cidade oferecem comidas típi-cas da região amazônica, como pintado, tucunaré, tambaqui e outros peixes, além do famoso pirão de farinha d'água bem temperado com pimenta.

Sair de Porto Velho por via aérea, apenas em alguns voos diretos. Para Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais, apenas com escalas e/ou conexões. De barco, há saídas para Manaus (3/5 dias) e Belém (4 dias). De automóvel ou ônibus, pode-se chegar, através da BR 364, para várias capitais, como Cuiabá, Belo Horizon-te, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador e outras.

As Universidades Federal e Estadual de Rondônia, Facinter, Faculdade Interamericana, Faculdade São Lucas, Unipec, Fundação Getúlio Vargas e outras uni-dades de ensino são opções para que o militar e sua família têm para concluir o nível superior. Boas escolas particulares de ensino médio também são encontra-das na cidade.

Já o sistema de transporte público é precário para a população e os usuários reclamam do tempo de espe-ra, que varia de 30 a 60 minutos. Há, na cidade, mais de 420 quilômetros de vias asfaltadas. Nas ruas princi-pais, dos dois lados, há acostamentos para estacionar os carros. Não há flanelinhas em Porto Velho. Porém, segundo relatos, os motoristas estão começando a enfrentar engarrafamentos nos horários de pico, mas nada comparado a São Paulo e Rio de Janeiro.

Estrada de Ferro Madeira Mamoré - cem anos de históriaNo comércio, diversos tipos de farinha

As Três Marias

Caldeirada de Tambaqui de um restaurante típico

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