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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação

AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO

BIBLIOTECÁRIO

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Meu nome é Marco Donizete Paulino da Silva, sou Mestre e Doutorando em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), e Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Meu Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação foi sobre Representação Temática, especificamente sobre o teatro enquanto fenômeno representado pelo sistema de Classificação Decimal de Dewey (CDD); minha dissertação de Mestrado investigou o conceito de Indexação Social no âmbito do Cinema Documentário e da Ciência da Informação; e minha tese de Doutorado é sobre o tema da Interdisciplinaridade enquanto conceito-chave no processo

comunicacional. Espero que, por meio desta disciplina, seja possível compartilhar com vocês um pouco do percurso que tenho realizado até agora.E-mail: [email protected]>.

Claretiano – Centro UniversitárioRua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP [email protected]: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006claretiano.edu.br/batatais

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Marco Donizete Paulino da Silva

BatataisClaretiano

2018

AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO

BIBLIOTECÁRIO

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© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL

Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira

Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado

Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami

Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso

Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

021.26 S581a Silva, Marco Donizete Paulino da Ação cultural : projetos culturais e atuação do bibliotecário / Marco Donizete Paulino da Silva – Batatais, SP : Claretiano, 2018.

112 p.

ISBN: 978-85-8377-554-6

1. Ação cultural. 2. Diversidade cultural. 3. Espaço social. 4. Política cultural. 5. Agente cultural. I. Ação cultural: projetos culturais e atuação do bibliotecário.

CDD 021.26

INFORMAÇÕES GERAISCursos: GraduaçãoTítulo: Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário Versão: fev./2018Formato: 15x21 cmPáginas: 112 páginas

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SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 92. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 153. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 254. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 255. E-REFERÊNCIA .................................................................................................. 26

UNIDADE 1 – UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 292. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 29

2.1. IDENTIDADES ........................................................................................... 302.2. DIVERSIDADE ........................................................................................... 332.3. DIREITOS CULTURAIS .............................................................................. 35

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 373.1. IDENTIDADE ............................................................................................. 373.2. DIVERSIDADE ........................................................................................... 383.3. DIREITOS CULTURAIS .............................................................................. 39

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 405. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 416. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 427. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 43

UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 472. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 48

2.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL .................................... 482.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA ............................................................. 542.3. LEI ROUANET ........................................................................................... 57

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 613.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL .................................... 62

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3.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA ............................................................. 623.3. LEI ROUANET ........................................................................................... 63

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 645. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 666. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 667. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 67

UNIDADE 3 – O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL: COPYRIGHT E COPYLEFT

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 712. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 72

2.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..722.2. COPYRIGHT .............................................................................................. 742.3. COPYLEFT (SOFTWARE LIVRE) ................................................................ 81

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 843.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..843.2. COPYRIGHT .............................................................................................. 843.3. COPYLEFT ................................................................................................. 85

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 865. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 886. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 887. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 90

UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE; CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 932. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 94

2.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL .................................... 942.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE ............................................. 1002.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS ....................................................... 102

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 1053.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL .................................... 1053.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE ............................................. 1063.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS ....................................................... 107

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 1085. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 1096. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 1107. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 111

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

ConteúdoA disciplina “Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário” visa, no contexto do curso de Biblioteconomia (em sua modalidade EaD), ser espaço teórico-prático e reflexivo para contribuir na formação do futuro bibliotecário no que diz respeito à compreensão da complexidade inerente à construção e à atuação desse profissional em projetos culturais e ao estudo da sociedade e da cultura em tempos de globalização. Sua ementa se distingue pela abordagem de temas de grande profundidade, tais como: Identidades Culturais e Diversidade Cultural; Direitos Culturais; Políticas Culturais no Brasil; Política Cultural comparada; Políticas Públicas de incentivos à cultura no Brasil: a Lei Rouanet; Financiamento da Cultura; Sistema de Produção Cultural e outros conceitos a ele relacionados; Propriedade Intelectual, Copyleft e Copyright; Biblioteca em relação às Políticas Culturais no Brasil; Consumo Cultural, Práticas Culturais e Públicos da Cultura; Políticas Culturais de Proximidade; Biblioteca, Centro de Cultura e Ação Cultural; Circuito Cultural, Cultura e Cidade.

Nessa perspectiva, a reflexão sobre cultura e bibliotecas considera os múltiplos contextos a fim de que vocês (enquanto estudantes) compreendam os conceitos apresentados pelas bibliografias abaixo apresentadas, dentro da dinâmica de nossa atuação profissional.

Bibliografia BásicaCEREZUELA, D. R. Planejamento e avaliação de projetos culturais: da ideia à ação. São Paulo: Sesc SP, 2015.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

FURTADO, C. Ensaios sobre cultura e o Ministério da Cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Bibliografia ComplementarBAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 19. ed. São Paulo: Companhia das Letras. 2016.

COELHO NETTO, J. T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1989.

MANGUEL, A. A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

MILANESI, L. A casa da invenção: biblioteca, centro de cultura. 4. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2003.

É importante saber: ––––––––––––––––––––––––––––––––Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:Conteúdo Básico de Referência (CBR):é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO

Prezado aluno, seja bem-vindo!

De maneira geral, estudaremos a sociedade e a cultura em tempos globais; sua diversidade de Identidades Culturais; o tema dos Direitos Culturais e das Políticas Culturais no Brasil em comparação com a Política Cultural de outros países; a questão das Leis de Financiamento (a Lei Rouanet) da Cultura, o Sistema de Produção Cultural e outros conceitos a ele relacionados; questões ligadas à noção de Propriedade Intelectual (Copyleft e Copyright); relações entre a biblioteca e a Política Cultural; o Consumo Cultural, as Práticas Culturais e os Públicos da Cultura (noções de alta e baixa cultura); noções de Circuito Cultural, Cultura e Cidade (Políticas Culturais de Proximidade).

Sugere-se que, a partir de visitas a instituições de caráter cultural (sejam governamentais ou não governamentais), bibliotecas (públicas, de acervo geral ou especializado), centros formais ou informais de informação (tradicionais ou inovadores, de produção de cultura ou de conservação, de exercício de uma ação cultural efetiva), observando-se características particulares nos processos de organização, tratamento, disponibilização e registro de informações, seja estabelecida uma visão mais próxima das realidades culturais e das exigências do desenvolvimento profissional para atender as demandas.

Almeja-se, por meio desta breve introdução, esclarecer algumas noções básicas relacionadas ao conceito de Ação Cultural na sociedade contemporânea, como questões voltadas ao planejamento e à produção de projetos culturais e às perspectivas de atuação do profissional bibliotecário.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Como passo inicial, que será aprofundado nas unidades seguintes, o conceito de Ação Cultural será abordado, primeiro, como junção de duas noções: a da ação como ato de realização de algo pela intervenção da vontade humana; e a da condição da Cultura como uma realidade que envolve uma comunidade de seres pensantes. Na proposição de Coelho (2001, p. 12), nesse tipo de ação:

[...] o agente gera um processo, não um objeto. O objeto pode até resultar de todo o processo, mas não se pensou nele quando se deu início ao processo, e nisso está toda a diferença.

A intervenção humana como ação pode ser entendida pela ideia de que o homem, munido de vontade, interfere no mundo, procurando superar dificuldades concretas ou abstratas, agindo sobre os fenômenos que o atingem ou sobre os espaços em que vive, buscando atenuar ou favorecer determinada situação.

A concepção de cultura, por sua vez, é abordada pela consideração de que, ao trocar experiências em comum com outros seres, nós, seres humanos, produzimos uma realidade que nos une em torno de uma mesma visão ou aceitação mútua de visões conflitantes entre si, buscando o compartilhamento ou a diferenciação de grupos ou regiões.

Existem diversas abordagens sobre o conceito de cultura, principalmente dos pontos de vista antropológico, filosófico e sociológico. Na nossa perspectiva – a de profissionais que lidam com a realização, o registro, a divulgação e a transferência de objetos e informações sobre fenômenos culturais –, entendemos que tal variedade de pontos de vista se alimenta, cada vez mais, de uma realidade sociocultural dinâmica e variável que vem sendo amplificada, exigindo de nós, enquanto profissionais,

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

uma consciência crítica que irá nos orientar sobre as decisões necessárias em cada situação.

Entre os problemas relacionados a essa situação de complexidade, podemos apontar dois bastantes contemporâneos: o caráter líquido das relações interpessoais, ou seja, a falta de estabilidade dessas relações – pelo conceito de Modernidade Líquida, de Bauman (2001); e as situações de grande diferenciação entre tradições e convenções de uma região em relação a uma realidade interativa e globalizada – como observado em Garcia Canclini (2008).

Como passos seguintes, aprofundaremos a noção de Cultura e Ação Cultural, e apresentaremos um breve relato do desenvolvimento do conceito de Ação Cultural.

O que é Cultura e Ação Cultural?

Do ponto de vista antropológico, Cultura, segundo Cunha (2010, p. 17):

Corresponde a todas as formas coletivas e socialmente arbitrárias ou artificiais com que os homens respondem às suas necessidades naturais [...] a palavra cultura abrange as relações sociais e os modos de vida material e simbólico de uma sociedade, incluindo características e valores econômicos, técnicas, estruturas políticas, comportamentos ético-morais, crenças, formas educativas e criações artísticas.

O autor observa que, apesar de essa definição se referir a um pensamento antropológico datado do século 19, ele a considera como a de maior abrangência. Quando, no entanto, Cunha (2010) apresenta uma segunda forma de abordagem da palavra Cultura, destacando a evolução de seu sentido semântico – nascido do sentido de “cultivo da terra” –, observa-se que ele define o conceito de Cultura como a:

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

[...] ação de cuidar e cultivar, não mais a terra, o campo, mas o espírito, o intelecto, os conhecimentos, a sensibilidade estética ou a memória de um fato importante e cujo feito se impôs como épico ou extraordinário. (p. 18).

Essa condição de metáfora pode ser considerada uma mudança bastante relevante para nós, bibliotecários, uma vez que a função de manutenção de uma memória – seja individual ou coletiva – é uma das bases do fazer bibliotecário. Ainda que baseada numa visão tradicional que considera apenas o fato “extraordinário”, digno de registro coletivo – ponto de vista até certo ponto contestado pelos campos do conhecimento da atualidade –, essa valorização de “cultivar” o ato de “conhecer” também propiciou o interesse pelas técnicas de manutenção de um “acervo” humano imaterial: o intelecto.

Uma última ideia de Cultura é apresentada por Cunha (2010, p. 20) quando este diz que:

A acepção clássica de cultura vinculou a vida coletiva à vida privada, ou seja, procurou estabelecer um sentido comum entre a sociedade e o indivíduo. Já no ambiente renascentista, as marcas culturais da contemplação e da ação pública passaram a incluir a vida ativa, isto é, o trabalho e a aplicação científica, fazendo com que a cultura se confundisse com uma busca de caráter politécnico ou enciclopédico.

Ou seja, nessa citação, além de vincular uma noção sociopolítica vinda da Idade Clássica, o autor observa um sentido socioeconômico – uma vez que na fase do Renascimento, com o surgimento da imprensa de Gutemberg, segundo Burke (2003), acentuou-se o valor econômico da escrita e da leitura, e, em consequência, do conhecimento. Esse sentido socioeconômico passou, então, a ser cada vez mais distribuído pela estrutura das sociedades em construção.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Tal valor, ao invés de diminuir, aumentou cada vez mais, propiciando, inclusive, o aparecimento do que Drucker (1999) e Santos e Carvalho (2009) denominam como Sociedade do Conhecimento, ou Sociedade da Informação.

A interação dessas três definições de cultura, ao nosso ver, se dá pela percepção de que, socialmente, articulamos – principalmente na atualidade – essas três dimensões (entre outras) quase sem perceber. Essa consciência no uso dessas visões, no entanto, é demasiada importante para que a deixemos de lado na preparação do bibliotecário como profissional mediador, não só de objetos culturais, mas também de necessidades sociais ligadas ao conhecimento, ou à falta deste.

A Cultura, na dimensão de componente social que sofre ação, pressupõe uma ideia de intervenção do homem em uma realidade cultural, ou seja, pela vontade de intervenção humana se realizam atos em prol de determinada decisão, privilegiando, ou não, efeitos de conservação, dinamização do registro ou da produção de determinada cultura. Assim, a questão de uma atuação bibliotecária a partir dessa constatação se estabelece pela consideração dessa atuação em nível de memória e de produção/incentivo de instrumentos e mecanismos que possibilitem a existência dos objetos e dos fenômenos culturais.

Evolução do conceito “Ação Cultural”

Coelho (2001, p. 10) observa que a Ação Cultural:[...] além de definir-se como área específica de trabalho, ensino e pesquisa, começou a constituir-se num conjunto de conhecimentos e técnicas com o objetivo de administrar o processo cultural – ou sua ausência, como é mais comum entre nós... –, de modo a promover, digamos, uma distribuição mais equitativa da cultura, de suas apregoadas benesses.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Pensando nessa descrição de Cunha (2001) sobre o processo de constituição do conceito de Ação Cultural em nível sociopolítico, observamos uma série de eventos históricos, apresentados pelo autor, que propiciam a ideia de uma Ação Cultural exercida em vários momentos da humanidade. No interesse de sintetizar esse esforço de Cunha (2001), apresentamos a seguinte relação de datas e períodos, com suas respectivas características, ou justificativas básicas:

Quadro 1 Relação de datas e períodos que caracterizam, segundo Cunha (2001), a constituição do conceito de Ação Cultural a partir de eventos históricos em nível mundial.

Século VI a.C. Instituição dos concursos públicos teatrais como projeto de “desenvolvimento” de uma literatura dramática – uma ação equivalente é apontada pela construção do museu-biblioteca de Alexandria, visando salvaguardar os saberes da antiguidade.

Ano de 1530 Fundação do Colégio de Leitores do Reino, renomeado como Colégio de França, espaço em que se ministravam matérias disciplinares sem, no entanto, se confundir com uma Universidade.

De 1770-1775 Organização e exibição, pelo Vaticano, do seu próprio acervo, tornando públicas as visitações aos museus da Santa Fé.

1791 Instituição da “política de monumentos”, pela qual se promovia a transformação de espaços históricos – no caso o Palácio Real do Louvre – em museu (1793).

Um aspecto importante na consolidação dos projetos de Ação Cultural, tendo como parâmetro a questão do financiamento, pode ser observado pela prática do mecenato (prática de encomenda e/ou contratação de artistas, por parte de uma classe abastada), que, no período da Renascença, foi essencial para a produção e manutenção de obras artísticas,

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

ainda hoje consideradas imortais (Shakespeare e Michelangelo como os mais conhecidos).

Se conciliarmos ainda, nessa dinamização, a estabilização do capitalismo como forma de estruturação sociopolítica, ainda que a reconheçamos – conforme descreve Santos (2001) – como um processo evolutivo conturbado do modelo de sociedade capitalista, observamos que os objetos e fenômenos culturais passaram também a ser valorizados por outras qualidades além das estéticas.

O valor econômico da arte ganhou um status relativo, condicionado a outros elementos que não são apenas os de estilo, originalidade ou perícia técnica para a produção-execução da arte, mas também pela consideração de questões menos artísticas: considerando outros elementos que chegam a caracterizar os objetos artísticos enquanto produto de mercado.

Todas essas questões (ainda que entrelaçadas ao conceito de Ação Cultural) serão abordadas de maneira menos explícita no decorrer das unidades apresentadas a seguir, buscando-se esclarecer seus laços de parentesco ou repercussão. Alguns dos conceitos utilizados ao longo dessa nossa narrativa (apresentados com iniciais em maiúsculo no corpo do texto) foram organizados e definidos no instrumento apresentado na próxima seção: Glossário de Conceitos.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS

O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. A maior parte das definições

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

se deu pelo Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia (CUNHA; CAVALCANTI, 2008).

1) Ação Cultural: “conjunto de procedimentos, envolvendo recursos humanos e materiais, que visam pôr em prática os objetivos de uma determinada política cultural” (COE, 1997, p. 32 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 2).

2) Agente Cultural: “aquele que, sem ser necessariamente um produtor cultural ele mesmo, envolve-se com a administração das artes e da Cultura, criando as condições para que outros criem ou inventem seus próprios fins culturais. Atua, frequentemente, embora não exclusivamente, na área da difusão, portanto mais junto ao público do que o produtor cultural. Organiza exposições, mostras e palestras, prepara catálogos e folhetos, realiza pesquisas de tendências, estimula indivíduos e grupos para a autoexpressão, faz, enfim, a ponte entre a produção cultural e seus possíveis públicos. Em 1995, com a aceitação legal de sua figura, antes velada, passou-se, também no Brasil, a chamar de agente cultural a quem encontra patrocinadores para um projeto cultural pronto” (COE, 1997, p. 42 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 8).

3) Capital Cultural: “[...] o conjunto dos instrumentos de apropriação dos bens simbólicos. Sob esse aspec-to, considerando-se a questão do ponto de vista do consumo cultural – um dos modos de apropriação dos bens simbólicos –, a alfabetização integra o ca-pital cultural ou o capital simbólico de um indivíduo

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

tanto quanto sua educação em geral e seu treina-mento para apreciar a música, a pintura, o cinema ou qualquer outra modalidade cultural.” (COELHO, 1997, p. 84).

4) Ciberespaço: 1. Espaço-tempo eletrônico criado pelas redes de comunicação e computadores multimídia. 2. Termo criado por William Gibson, em Neuromancer (1984), para descrever o mundo e a sociedade que se reúne ao redor do computador. (CUNHA; CAVALCAN-TI, 2008, p. 80).

5) Cidadania Social: “[...] conquista de significativos di-reitos sociais, no domínio das relações de trabalho, da segurança social, da saúde, da educação e da ha-bitação por parte das classes trabalhadoras das socie-dades centrais [...]” (SANTOS, 2001, p. 243).

6) Cidadão: Substantivo considerado a partir do concei-to de Cidadania Social.

7) Copyleft: “a permissão para copiar livremente um programa de computador. Ant: Copyright. <=> direito autoral” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 109).

8) Copyright: Termo em inglês para designar Direito Autoral.

9) Creative Commons: “[...] criado em 2002 por Lawrence Lessig como uma reação contra a extensão do período de direitos autorais personificada no Digital Millenium Copyright Act e em outra legislação apoiada no Centro de Domínio Público, sediada na Stanford Law School. A organização sem fins lucrativos aspira usar direitos privados de criar mercadorias públicas, protegendo trabalho, estimulando uso e construindo

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uma camada de direitos autorais razoáveis, flexíveis e regras restritivas.” (PRYTHERCH, 1995 apud NORTE, 2010, p. 16)

10) Cultura Digital: “novas formas de expressão induzidas pelas tecnologias digitais e pela internet, que mudam os papéis das instituições culturais e o próprio conceito de cultura” (APD, 2005 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 112).

11) Direito Autoral: “1. Valor que se cobra pelo uso de marca comercial ou industrial, patente, assistência técnica ou científica. 2. Percentagem paga ao autor pela venda de suas obras. No Brasil, o autor geralmente recebe da editora, ou da organização detentora dos seus direitos autorais, 10% do preço final, ou preço de capa, cobrado quando da comercialização do produto.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 127).

12) Globalização: “[...] o processo de globalização da economia, ao qual se associa o fenômeno da globalização cultural, está em curso pelo menos desde a época das grandes viagens marítimas no século XVI, de que resultou a colonização das Américas; sua intensificação potencializada deu-se após a Segunda Guerra Mundial e, de modo mais específico, nas duas últimas décadas – em particular graças ao aperfeiçoamento dos meios de comunicação de massa e da informática. Mesmo não estando esse processo ainda plenamente configurado, uma vez que subsistem centros de decisão nacionais e regionais, a globalização da economia caracteriza-se pela predominância das empresas multinacionais, aquelas com atividades.” (COELHO, 1997, p. 182).

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13) Identidade Cultural: “[...] sistema de representação (elementos de simbolização e procedimentos de encenação desses elementos) das relações entre os indivíduos e os grupos e entre estes e seu território de reprodução e produção, seu meio, seu espaço e seu tempo. No núcleo duro da identidade cultural – aquele que menos se desbasta através dos tempos, mesmo nas situações de distanciamento do território original –, aparecem a tradição oral (língua, língua sagrada, língua sagrada secreta, narrativas, canções), a religião (mitos e ritos coletivos, de que são exemplos as peregrinações ou a absorção de drogas sagradas) e comportamentos coletivos formalizados. Como extensões desse núcleo duro, surgem os ritos profanos (carnaval, manifestações folclóricas diversas), comportamentos informalmente ritualizados (ir à praia, frequentar espetáculos esportivos) e as diversas manifestações artísticas.” (COELHO, 1997, p. 200).

14) Instituição Cultural: Estrutura relativamente estável voltada para a regulação das relações de produção, circulação, troca e uso ou consumo da cultura (ministérios e secretarias da cultura, museus, bibliotecas, centros de cultura, etc.). Essa regulação, nas instituições, se faz por meio de códigos de conduta ou de normas jurídicas. (COELHO, 1997, p. 219).

15) Interdisciplinaridade: Prática que: “[...] requer não apenas especialistas nas diversas áreas envolvidas (e nunca será demais ressaltar o papel que a competência representa aqui), mas, acima de tudo, um projeto que coordene as atividades, para o qual convirjam as ações, e que tenha sido elaborado para

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ser posto efetivamente em prática. Sem projeto não há interdisciplinaridade. Sem projeto não há ação cultural.” (COELHO, 2001, p. 68).

16) Mercado Simbólico: “Designa tanto o conjunto de operações de compra e venda de obras de cultura e de arte, especificamente (realizadas em galerias, livrarias, bilheterias de cinema, bancas de jornais, lojas de discos), como o universo global por onde circulam, são produzidas e consumidas as obras de cultura e arte – nesse caso, também instituições como os museus integram esse mercado.” (COELHO, 1997, p. 250).

17) Mercado: “grupo de compradores reais ou potenciais de um produto ou serviço.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 245).

18) Metáfora: “emprego de uma palavra concreta para exprimir uma noção abstrata, na ausência de todo elemento que introduz formalmente uma comparação.” (DUB, 1995, p. 411 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 247)

19) Momento Ontológico: Espaço temporal relativo ao emprego da Ontologia como instrumento de orientação de definição conceitual.

20) Multiculturalismo: “De uso corrente a partir da década de 80, em particular nos EUA e na Europa, indica preferencialmente um novo modo de interação entre grupos étnicos e, em sentido amplo, entre culturas distintas pela orientação religiosa, pelo sexo, pelas preferências sexuais etc. Sob o aspecto étnico, o multiculturalismo apresenta-se como lutas

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

de minorias raciais por uma política de igualdade de oportunidades e é um herdeiro dos movimentos dos anos 60 nos EUA.” (COELHO, 1997, p. 262).

21) Ontologia: “especificação de uma conceitualização, podendo incluir a descrição de objetos, conceitos e outras entidades num contexto ou parte dele, bem como as relações entre eles. Fornece significado para descrever explicitamente uma conceituação atrás de um conhecimento representado em uma base de conhecimento.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 268)

22) Open Access: “[...] diz-se do acesso à literatura técnico-científica que estará disponibilizada na internet, sendo permitido a qualquer usuário ler, copiar, distribuir, imprimir, fazer buscas e fazer hipervínculo aos textos completos desses artigos. O usuário levará em conta que o autor do texto é o detentor dos direitos autorais e que deverá receber a devida citação.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 4).

23) Pluralismo Cultural: “Verifica-se uma tendência para definir pluralismo cultural como a convivência, no mesmo nível de igualdade e na mesma dimensão espaçotemporal, de diferentes modos culturais: modos eruditos ao lado de populares, modos de minorias étnicas ao lado das tendências dominantes etc.” (COELHO, 1997, p. 291).

24) Política Cultural: “[...] programa de intervenções realizadas pelo Estado, instituições civis, entidades privadas ou grupos comunitários com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e promover o desenvolvimento de suas representações simbólicas. Sob esse entendimento imediato, a

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

política cultural apresenta-se assim como o conjunto de iniciativas, tomadas por esses agentes, visando promover a produção, a distribuição e o uso da cultura, a preservação e divulgação do patrimônio histórico e o ordenamento do aparelho burocrático por elas responsável.” (COELHO, 1997, p. 292).

25) Prática Cultural: “Em sentido amplo, dá-se o nome de prática cultural a toda atividade de produção e recepção cultural: escrever, compor, pintar e dançar; são, sob esse ângulo, práticas culturais tanto quanto frequentar teatro, cinema, concertos etc. Numa acepção mais radical, são consideradas práticas culturais as atividades relacionadas com a produção cultural propriamente dita.” (COELHO, 1997, p. 312).

26) Produto Cultural: “Tratados regionais de integração econômica e cultural definem os produtos culturais como aqueles que expressam ideias, valores, atitudes e criatividade artística e que oferecem entretenimento, informação ou análise sobre o presente, o passado (historiografia) ou o futuro (prospectiva, cálculo de probabilidade, intuição), quer tenham origem popular (artesanato), quer se tratem de produtos massivos (discos de música popular, jornais, histórias em quadrinhos), quer circulem por público mais limitado (livros de poesia, discos e CDs de música erudita, pinturas). Embora dessa definição participem conceitos vagos, como ‘Ideias’ e ‘criatividade artística’, ela exprime um consenso sobre a natureza dos produtos culturais.” (COELHO, 1997, p. 317).

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

27) Produto de Mercado: “qualquer coisa oferecida a um mercado para aquisição, atenção, uso ou consumo, a qual possa satisfazer uma necessidade ou desejo.” (TAR, 2001, p. 320 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 294).

28) Propriedade Cultural: “[...] expressão genérica que cobre duas situações jurídicas distintas: a) a propriedade, por uma pessoa física ou jurídica, de um produto ou bem cultural de autoria de uma segunda pessoa; b) a propriedade, pelo autor, de sua própria obra – também conhecida como propriedade intelectual ou direito autoral.” (COELHO, 1997, p. 318).

29) Sentido Semântico: “3. Significação que toma a palavra num texto: fundamental (ex.: aquele anjo é barroco), ou acessória (ex.: és um anjo); concreta (ex.: margem do rio), ou abstrata (ex.: à margem da vida); própria (ex.: laranja madura), ou figurada (ex.: homem maduro).” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 331).

30) Sistema de Produção Cultural: “[...] a análise da dinâmica cultural a partir de quatro estágios ou fases: 1. a fase da produção propriamente dita do objeto cultural (preparação do roteiro, filmagem, montagem de um filme; impressão de um livro; montagem de uma peça teatral; realização de um desfile de carnaval); 2. a distribuição desse produto a seus consumidores finais ou aos intermediários que, num segundo momento, permitirão o acesso ao produto por parte dos consumidores interessados (distribuição do filme pronto às salas de exibição; distribuição do

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livro às livrarias e aos pontos de venda); 3. a troca ou permuta do direito de acesso ao produto cultural por um valor em moeda; 4. o uso: momento da exposição direta do produto cultural àqueles a quem se destina e de sua apropriação por parte do público.” (COELHO, 1997, p. 344).

31) Sociedade da Informação: “2. Conglomerado humano cujas ações de sobrevivência e desenvolvimento se baseiam em criação, uso, armazenamento e disseminação intensa dos recursos de informação e do conhecimento, mediados pelas tecnologias da informação e comunicação.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 347).

32) Sociedade do Conhecimento: “1. Termo cunhado por Peter Drucker para se referir à sociedade cujo desenvolvimento é realizado pelo valor dos conhecimentos e dos saberes dos membros que a compõem.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 348).

33) Teoria dos Sistemas: “[...] disciplina lógico-matemática, cujo conteúdo é a formulação e derivação dos princípios válidos para os sistemas em geral.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 359)

34) Terminologia: “3. Conjunto de termos que representa o sistema de conceitos de uma área específica do conhecimento.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 360).

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

COELHO, T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 2001.

_______. Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras, 1997.

CUNHA, M. B. da.; CAVALCANTI, C. R. de O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

DRUCKER,P. F. Sociedade pós-capitalista. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

NORTE, M. B. Glossário de termos técnicos em ciência da informação: Inglês/português. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2010.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2001.

SANTOS, P. L. V. A. C.; CARVALHO, A. M. G. Sociedade da informação: avanços e retrocessos no acesso e no uso da informação. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 19, n. 1, p. 45-55, jan./abr. 2009.

5. E-REFERÊNCIAGARCIA CANCLINI, N. Leitores, espectadores e internautas. Tradução Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: <http://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2017.

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UNIDADE 1UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

Objetivos• Apresentar o conceito de Identidade Cultural.• Fazer perceber os diversos níveis de Identidade Cultural.• Problematizar as definições de Identidades Culturais.• Fazer perceber as exigências de atuação do bibliotecário no campo cultural.• Relacionar Direitos Culturais com ações de promoção das Identidades

Culturais.

Conteúdos • Noções do conceito de Identidade. • Influências definidoras das Identidades em nível social.• Noções de Direitos Culturais e exigências da atuação do bibliotecário.

Orientações para o estudo da unidadeAntes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

1. INTRODUÇÃO

Então? Que tal darmos início aos estudos de nossa primeira unidade? Prontos?

Nesta unidade, trataremos de temáticas relacionadas com a questão das Identidades, considerando o impacto desse conceito nas relações sociais, sendo, portanto, bastante impactante também em nossa atribuição profissional de organizar tanto as ações de registro quanto as de promoção de fenômenos e objetos de interesse a tais identidades. Nosso enfoque, nas unidades seguintes, será dado sobre os elementos exigidos na preparação de Projetos de Intervenção Cultural.

Para tanto, observaremos os elementos que fazem parte da construção dessas identidades, os elementos políticos ou sociais que repercutem em sua constituição, as modalidades de tipologias (terminologias determinadas pelos princípios de campos específicos do conhecimento) e os espaços em que tais denominações circulam (o caráter interdisciplinar desse movimento de disseminação promovido pela internet ou pelas Tecnologias de Comunicação e Informação – TICs).

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, consideramos necessário o aprofundamento desses conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

2.1. IDENTIDADES

Quando consideramos a execução de uma Ação Cultural de maneira reflexiva, percebemos que tudo que fizermos para sermos eficientes no processo de produção dessa ação deverá repercutir os interesses do grupo em que se origina ou para o qual se destina essa ação, ou seja, o objetivo da Ação Cultural deve estar contextualizado.

Se nos orientarmos pelo pensamento de Bourdieu (2001), teremos como princípio a ideia de que uma coletividade socialmente estabelecida, com suas noções de espaços de atuação e de agentes de promoção desses espaços, conforme o próprio desenvolvimento de sua consciência de articulação, retém o “poder” de decisão (ou ambiciona retê-lo) em torno dos interesses próprios.

Essa questão, a nosso ver, está bastante enraizada na noção de Identidade desses grupos de indivíduos e, portanto (considerando que a sociedade possui uma variedade de perfis ou qualidades), também em uma variada gama de características que determinam uma decisão em torno de um assunto em vez de outra. A naturalização desse fenômeno de determinação de valores positivos ou negativos em razão de uma maioria com poder decisório é, pois, uma das questões abordadas por Bourdieu (1989) em sua teoria sobre o Capital Simbólico, capital este constituído de:

Todas as manifestações do reconhecimento social [...] todas as formas do ser percebido que tornam conhecido o ser social, visível (dotado de visibility), célebre (ou celebrado), admirado, citado, convidado, amado etc. [...] (BOURDIEU, 1989, p. 295).

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A Cultura, no entender do teórico francês, é essa rede de interesses que se move conforme a ordenação de valores simbólicos no campo da comunicação social. Nesse campo, o espaço social de articulação dos grupos tem como agentes indivíduos socialmente relacionados com seus valores de classe ou ideologia.

A partir disso, os conceitos de Espaço Social e Agente Social tornam-se essenciais às premissas que estabelecem valores de pertinência, ou não, do que faz parte de uma boa cultura ou de uma má cultura, ou, em termos mais recorrentes, uma Cultura Popular ou uma Cultura Erudita, ou, ainda, uma Alta Cultura e uma Baixa Cultura. Todas essas denominações são baseadas nos critérios socialmente regulados pelo poder simbólico de uma “dominação”.

Isso é importante para que se observe que a questão dos Direitos Culturais esbarra (quando negligenciados) nessas condições de “negociação” social. Ou seja, grupos sociais culturalmente – e, às vezes, também economicamente – identificados por características minoritárias ou sem representação social forte acabam por serem excluídos ou pouco considerados nas decisões de manutenção ou projeção de suas manifestações, tradições ou convenções culturais.

O principal aspecto desafiador para a superação das deficiências de implantação de uma Ação Cultural eficientemente democrática, em relação ao seu acesso e à sua absorção, a nosso ver, reside na problemática apontada por Bauman (2001, 2003) na questão de falta de estabilidade das relações sociais em uma sociedade denominada pelo autor como de caráter líquido – pelo conceito de Modernidade Líquida.

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Nesse sentido, a partir do conceito de Modernidade Líquida, é possível compreender um grau acentuado de “fluidez” do que se poderia chamar de Identidades Sociais – o mesmo processo (de um ponto de vista histórico) é apresentado por Santos (2001) ao tratar das variadas formas com que as “classes sociais” se comportaram a partir da segunda metade do século 20. Sem dúvida, tanto Bauman quanto Santos, nos respectivos trabalhos citados, problematizam essa questão da Identidade oferecendo perspectivas questionadoras desses conceitos em uma sociedade dinâmica como a nossa (em ajuste contínuo de prioridades).

Tipologias e campos

Se analisarmos, histórica e sociologicamente, a noção de Identidade sempre existiu nas sociedades. No entanto, sua definição evoluiu ao longo dos séculos, absorvendo traços ou predicados (qualidades) de campos de conhecimento que influíram determinantemente para suas distinções.

Consideramos a noção de Ser Humano a partir de sua qualidade substantiva, que, na Idade Clássica (período da Grécia antiga), pela abordagem filosófica, tendo Aristóteles (1984) como base, a percepção do mundo constituía o “ente” como experiência da consciência de si em relação ao que se percebia como existência.

O homem será, no entanto, considerado (séculos depois) de um ponto de vista psicológico, sendo definido por características relacionadas ao seu caráter subjetivo, como sujeito de ações conscientes e inconscientes determinadas pela relação conflituosa entre os elementos internos e externos a uma personalidade. A base da teoria de Representações Sociais

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

de Goffman (1985) é, pois, essa situação entre uma noção de sujeito e de meio externo.

Abordando a questão do ser de um ponto de vista sociológico, podemos utilizar as observações de Bourdieu (2001), considerando o homem na perspectiva de Indivíduo (ser em uma ordem social), ou ainda, nas considerações de Santos (2001), podemos dividir o conceito de Indivíduo em outra dimensão, a de Cidadão (em uma ordem mais política).

Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá acompanhar as influências dos laços sociais na construção de identidades. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. DIVERSIDADE

Se correlacionarmos essas questões de campos de conhecimentos e suas definições “territoriais” de conceitos – definições baseadas numa Teoria Geral de Terminologia, teoria desenvolvida por Eugen Wüster (1898-1977), pela qual os termos são demarcações de campos especializados do conhecimento –, verificamos que, se não são totalmente contrárias à ideia de Interdisciplinaridade, são, pelo menos, grandes dificultadores do entendimento mútuo quando são exigidas interações entre campos disciplinares.

Isso porque, antes da revolução tecnológica promovida pela inserção das TICs como recursos facilitadores dos processos de comunicação e pela dinamização desses processos por meio da aceleração de transferência de informações, a questão de domínios fechados de conhecimento (territórios) se tornou discutível pela situação de compartilhamento em rede, por meio

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

da web, ambiente em que não há uma divisão rígida de espaços disciplinares e conteúdos. Essa delimitação do conhecimento pela linguagem especializada “restrita” se torna incoerente, senão impraticável, pois, cada vez mais, o leigo acessa, por meio da internet, conhecimentos variados.

Pensemos que a complexa rede de termos estabelecida pela troca dinâmica de informações na web não se limita pela questão espacial (a troca de mensagens acontece entre as mais diversas partes do globo), nem por categorias-padrão de usuários, pois o acesso, em sua maior parte, não está determinado pelo nível de conhecimento especializado do usuário. Nessa perspectiva, como dito anteriormente, o leigo avança no território web.

Em nível espacial, podem ocorrer, portanto, troca de mensagens tanto na ordem Global (planeta), quanto na ordem Nacional (interna às nações), Regional (em localidades específicas), ou, ainda, nas mais variadas combinações entre tais ordens. Ou seja, se antes a questão da complexidade se apresentava em uma situação “territorial disciplinar” e localizada, agora ela se expande além das categorias culturais de campos e de regiões geográficas.

Nosso grande desafio enquanto Agente Cultural é, nesse cenário cada vez mais expandido, conseguir compatibilizar essa aparente desintegração de identidades em uma condição de comunicação efetiva em relações indivíduo-indivíduo, indivíduo-grupo, grupo-grupo, e assim por diante, com interações que permitam tanto o entendimento mútuo quanto a produção de um consenso em torno das diferenciações do outro e de si mesmo de maneira, se não harmoniosa, ao menos não conflituosa. Ou seja, sugere-se compatibilizar os interesses de grupos em relação às variadas noções de Cultura.

Em nosso exercício profissional, tenderíamos a

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

compreender primeiro o que “é” a Cultura do grupo atendido e seu contexto, para depois lançarmos mão dos recursos e dos planejamentos exigidos para a realização das Ações Culturais objetivadas no Projeto a ser desenvolvido, com o consequente registro/armazenamento dos eventos produzidos com o fim de fortalecer a memória coletiva daquela comunidade.

As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam do fenômeno da Identidade no contexto contemporâneo e de sua dinâmica local-global. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. DIREITOS CULTURAIS

Cunha (2010, p. 100) afirma que um dos impactos da Globalização foi o de acentuar o aspecto de mundialização do capitalismo, em que:

[...] os vínculos com as relações internas de um país tornaram-se ainda mais frouxos, o que também se revela no descompromisso com seus trabalhadores, pensados e tratados não mais como classe [...] sujeitos políticos [...], mas como consumidores [...].

Paralelamente, tais indivíduos (desvalorizados politicamente), no movimento de descoberta de direitos não tão “universais” por outros grupos, são colocados à margem, tendo como competidores “[...] comunidades especiais, as quais, por sua vez, reivindicam direitos agora culturais, que constituem, igualmente, o conteúdo do multiculturalismo.” (CUNHA, 2010, p. 100, grifo do autor).Uma das primeiras manifestações de defesa desses direitos, apontado pelo autor, foi o movimento dos Direitos Civis, nos Estados Unidos, nos anos de 1960, em que se combatia a segregação racial, então permitida no país.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

A questão dessa dinâmica de acentuação da diferença do outro como traço a ser defendido, e como direito a ser respeitado, ao mesmo tempo que tenta sanar ou diminuir injustiças sociais também impele para o confronto ou, pelo menos, para o enfrentamento com as opiniões contrárias, uma vez que repercute na noção de igualdade ou da universalidade dos direitos numa Sociedade Democrática.

Se, voltando a Bourdieu (2001), encararmos a Naturalização dos processos e dos valores sociais, tendo como base as considerações de Cunha (2010) em torno da sua abordagem de Grupos Sociais (coletividades diferenciadas entre si), vemos que, como conclusão: “[...] os grupos devem ter um significado político e uma representação corporativa [...] capazes de “desmascarar ilusões universalistas.” (BOURDIEU, 2001, p. 104).

Nessa perspectiva, o conceito de Dialogismo aparece como capacidade ou exercício de diálogo entre partes que disputam ou argumentam acerca de temas de interesse mútuo, resultando dessa premissa que o Direito Cultural tem como apoio de sua efetivação o processo dialógico, de que derivam tanto o reconhecimento quanto a aceitação mútua das partes envolvidas.

Enfatizando essa questão de democratização no embate com a realidade dos Direitos Culturais, tendo o conceito de Ação Cultural o sentido de instrumento de consolidação e proteção dos conhecimentos e tradições específicas, a Ação Cultural passou a significar “educação popular”, segundo a qual: “[...] o povo deveria ser estimulado a romper com o torpor intelectual e apropriar-se das ferramentas do pensamento crítico.” (CUNHA, 2010, p. 38).

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

Garcia Canclini (1990; 2008), teórico argentino contemporâneo, traz algumas reflexões interessantes a respeito da dinâmica cultural das sociedades contemporâneas, sobretudo quando essa dinâmica está relacionada com a questão da internet, considerada um dos territórios-fenômenos promotores de acesso democrático à informação.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3 para compreender como as relações do trabalho bibliotecário se dão na questão das Identidades Culturais e suas relações com os Direitos Culturais.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Ação Cultural – Vídeos Complementares – Complementar 1.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. IDENTIDADE

O processo de construção da noção de Identidade, no contexto da modernidade, é uma das principais considerações na

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atuação do bibliotecário enquanto agente de uma Ação Cultural eficiente. Buscando-se promover um aprofundamento sobre essa perspectiva, a seguir são apresentados textos que devem ser lidos complementarmente.

• BAUMAN, Z. Relato de um encontro com Zygmunt Bauman. Entrevista a Mário Mazzilli. Café Filosófico. 2017. Disponível em: <http://www.institutocpfl.org.br/2017/01/16/relato-de-um-encontro-com-zygmunt-bauman-por-mario-mazzilli/>. Acesso em: 13 ago. 2017.

• FREIRE, I. M. Acesso à informação e identidade cultural: entre o global e o local. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 58-67, maio/ago., 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a07v35n2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• MIRANDA, A. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a10v29n2>. Acesso em: 12 ago. 2017.

3.2. DIVERSIDADE

O conceito de Sociedade de Informação é um tema transversal à nossa realidade, por isso, sua abordagem por outros autores foi considerada relevante para a percepção dos elementos contemporâneos em que o Indivíduo, socialmente localizado, está inserido, principalmente quando se relaciona com questões de Direito Cultural.

Dessa maneira, a seguir são listados alguns autores que se debruçaram sobre tais assuntos.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

• CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A. L. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n3/a04v29n3>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• SCHÜLER, F. O que consideramos uma sociedade justa? Café Filosófico. 2017. Disponível em:<http://www.institutocpfl.org.br/2017/07/25/na-tv-fernando-schuler-fala-sobre-o-conceito-de-justica/>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• WERTHEIN, J. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v29n2/a09v29n2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

3.3. DIREITOS CULTURAIS

Os princípios de Ação Cultural foram abordados ao longo desta unidade. Neste subtópico, é sugerida a leitura de alguns autores que elaboram o tema de maneira a torná-lo mais amplificado tanto teórica quanto historicamente.

• CAVALCANTI, I. B.; ARAÚJO, C. S.; DUARTE, E. N. O bibliotecário e as ações culturais: um campo de atuação. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p. 21-34, 2015. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/16626/14651>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

UFMG, v. 12, n. 2, p. 145-169, 1983. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/15776>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• SANCHES, G. A. R.; RIO, S. F. do. Mediação da informação no fazer do bibliotecário e seu processo em bibliotecas universitárias no âmbito das ações culturais. In CID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, p. 103-121, jul./dez., 2010. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/incid/article/view/42323/45994>. Acesso em: 12 ago. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

1) Considerando o pensamento de Bourdieu (2001), os conceitos de Espaço Social e Agente Social são essenciais a premissas que estabelecem valores de pertinência, ou não, sobre o que faz parte de: a) a) uma boa cultura ou de uma má cultura.b) b) uma Cultura Popular ou de uma Baixa Cultura.c) c) uma Cultura Erudita ou de uma Alta Cultura.d) d) uma Cultura Excêntrica ou de uma Cultura Ordinária.

2) O conceito de Identidade pode ser compreendido por meio de campos do conhecimento que:a) a) ignoram os indivíduos e suas noções de valor econômico.b) b) estabelecem seus sentidos pela consideração de nexos psicológicos.c) c) determinam seus sentidos por meio de uma terminologia

especializada.d) d) julgam seus contribuintes segundo os interesses em pauta.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

3) Quais são os direitos, segundo Cunha (2010), considerados como conteú-dos do Multiculturalismo?a) Os direitos constitucionais.b) Os direitos democráticos.c) Os direitos à informação.d) Os direitos culturais.

4) Tente explicar a citação a seguir: “[...] o povo deveria ser estimulado a romper com o torpor intelectual e apropriar-se das ferramentas do pensa-mento crítico.” (CUNHA, 2010, p. 38).

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:

1) a.

2) c.

3) d.

4) Espera-se que você consiga relacionar a questão educacional envolvida na afirmação.

5. CONSIDERAÇÕES

Ao chegarmos ao final desta unidade, esperamos que você tenha adquirido noções mais claras sobre o que são Identidades Culturais e quais são os mecanismos sociais que influenciam em sua definição e articulação.

Também se supõe que você adquira a consciência de que, enquanto profissional bibliotecário envolvido na elaboração de ações que auxiliam na proteção e promoção dos valores culturais existentes nos seus espaços de atuação – valores que garantam o

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

exercício dos direitos culturais com justiça social –, você recorra a estratégias de conciliação entre a diversidade de visões sobre os mais variados temas.

A complexidade existente nessa condição de atributo comum (e tão particular a cada indivíduo) garante às Identidades e aos Direitos Culturais um interesse valioso no movimento de democratização do conhecimento e, também, na combinação de noções e opiniões nem sempre harmoniosas entre si.

Provocar e estabelecer um diálogo produtivo entre os setores financiadores da Cultura (sejam públicos ou privados) são tarefas consideradas essenciais para o desenvolvimento da cultura, tendo como objetivo a promoção de uma sociedade melhor e, eficientemente, mais justa.

Não deixe de tomar contato com os materiais indicados nos Conteúdos Digitais Integradores. Na próxima seção, Unidade 2, abordaremos o tema das Políticas Culturais e das Leis de Incentivo e Financiamento à Cultura (em especial a Lei Rouanet). Até lá!

6. E-REFERÊNCIASBAUMAN, Z. Relato de um encontro com Zygmunt Bauman. Entrevista a Mário Mazzilli. Café Filosófico. 2017. Disponível em: <http://www.institutocpfl.org.br/2017/01/16/relato-de-um-encontro-com-zygmunt-bauman-por-mario-mazzilli/>. Acesso em: 13 ago. 2017.

CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A.L. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n3/a04v29n3>. Acesso em: 12 ago. 2017.

CAVALCANTI, I. B.; ARAÚJO, C. S; DUARTE, E. N. O bibliotecário e as ações culturais: um campo de atuação. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p. 21-34, 2015. Disponível em:

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/16626/14651 . Acesso em: 12 ago. 2017

FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n. 2, p. 145-169, 1983. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/15776>. Acesso em: 12 ago. 2017.

FREIRE, I. M. Acesso à informação e identidade cultural: entre o global e o local. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 58-67, maio/ago., 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a07v35n2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

MIRANDA, A. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a10v29n2>. Acesso em: 12 ago. 2017.

GARCIA CANCLINI, Néstor. Leitores, espectadores e internautas. Tradução de Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: http://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf. Acesso em: 12 ago. 2017.

SANCHES, Gisele A. Ribeiro; RIO, Sinomar Ferreira do. Mediação da informação no fazer do bibliotecário e seu processo em bibliotecas universitárias no âmbito das ações culturais. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, p. 103-121, jul./dez., 2010. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/incid/article/view/42323/45994 . Acesso em: 12 ago. 2017.

SCHÜLER, Fernando. O que consideramos uma sociedade justa? Café Filosófico. 2017. Disponível em: http://www.institutocpfl.org.br/2017/07/25/na-tv-fernando-schuler-fala-sobre-o-conceito-de-justica/ . Acesso em: 12 ago. 2017. [50 min.].

WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago., 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v29n2/a09v29n2.pdf . Acesso em: 12 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARISTÓTELES. A metafísica. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

______. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOURDIEU, P. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS

______. O poder simbólico. Lisboa: DIFEL, 1989.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

GARCIA CANCLINI, N. Culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad. Miguel Hidalgo: Grijalbo, 1990.

GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Tradução de Maria Célia Santos Raposo. Petrópolis: Vozes, 1985.

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POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

Objetivos • Apresentar o conceito de Política Cultural.• Fazer conhecer os principais movimentos de estabelecimento de Políticas

Culturais no mundo e no Brasil.• Apresentar as características e exigências dos instrumentos de

financiamento das Ações Culturais no Brasil• Promover a aquisição de noções sobre a Lei Rouanet: funcionamento e

características.

Conteúdos • Noções do conceito Política Cultural. • Histórico de desenvolvimento do conceito de Política Cultural em nível

internacional e nacional.• Noções básicas sobre as Leis de Financiamento da Cultura (Lei Rouanet

entre elas).

Orientações para o estudo da unidadeAntes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas

UNIDADE 2

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

1. INTRODUÇÃO

De uma maneira geral, ao falarmos de Políticas Públicas, já se estabelece uma relação direta entre movimentos de manutenção e proteção da Cultura por meio de instrumentos institucionais ligados ao Estado (vínculo direto com a ideia de setor ou órgão público). Cunha (2010, p. 81) define Política Cultural como:

[...] o conjunto de intervenções e decisões dos poderes públicos por meio de programas e atividades artístico-intelectuais ou genericamente simbólicas de uma sociedade, conduzido em nome do interesse geral ou do bem comum de uma coletividade, embora desse âmbito se encontre habitualmente excluída (mas nem sempre) a política de educação ou de ensinos formais.

Dessa maneira, na introdução da unidade anterior, percebe-se que os eventos dos festivais na Grécia antiga ou mesmo os estatutos ou leis lançados durante o regime monárquico, tais como os de licença de exploração de obras intelectuais na Inglaterra do século 17 (BURKE, 2003), são interferências do poder governamental no processo de dinamização da Cultura, do que advém que a ideia central de Política Cultural é uma realidade existente há muito tempo nas sociedades ocidentais.

Entre os objetivos desta unidade, está o de estabelecer de maneira mais clara essa relação no desenvolvimento histórico do conceito, sem, no entanto, nos prendermos às datas (ainda que elas sejam um dado interessante de exploração), tentando estabelecer algum nexo causal entre os eventos historicamente localizados e as exigências de um interesse de comprometimento do Estado – ou do poder governamental – em manter uma série de ações em favor de determinada expressão cultural.

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, consideramos necessário o aprofundamento desses conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL

Em um sentido lato, Política Cultural, segundo Cunha (2010), abrange questões jurídicas relacionadas à proteção de bens ou atividades, ou define: como se deve exercer a ação (princípios, regras e métodos) ou seu gerenciamento; quem dela se deve encarregar; o que, por meio dela, estaria relacionado à manutenção ou difusão.

Para entrarmos na questão dos organismos internacionais – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e Organização das Nações Unidas (ONU) entre eles – como promotores de uma Política Cultural eficiente, cabe averiguar, primeiramente, os contextos de sua origem. Segundo Cunha (2010, p. 96), tais contextos se deram em meio à:

[...] prosperidade econômica do pós-guerra, incluindo-se a revalorização de expressões nacionalista em países recém-saídos da colonização ou integrantes do então chamado ‘terceiro mundo’ [...].

Esses organismos são citados pelo autor ao se referir a duas produções deles – primeiro, pela Declaração dos Direitos do Homem e, depois, pelo documento Problemas e Perspectivas. Os trechos selecionados por Cunha (2010) ressaltam direitos estabelecidos ao homem quanto ao desenvolvimento de seu sentimento de comunidade, ao acesso à arte e aos benefícios

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

científicos, assim como ao desenvolvimento de seu potencial cognitivo, cultural, coletivo e ambiental. Segundo o autor:

[...] a existência de uma política cultural – desde que coerente, ampla e eficaz – constitui uma forma de expansão de conhecimentos e de práticas simbólicas, de integração social e de exercício de cidadania. (p. 96).

No que diz respeito aos modelos de aplicação de Políticas Culturais pelo Estado, Cunha (2010) reconhece uma variedade de orientações, apresentadas, de forma contraposta, nas seguintes condições: de forte intervenção ou de fraco comprometimento (respectivamente, dirigistas ou liberais); nacionalistas ou cosmopolitas; gradualistas ou revolucionárias; elitistas ou populistas; tradicionalistas ou modernistas.

Por fim, parafraseando Hillman-Chartrand (1989), Cunha (2010) apresenta quatro tipos de Políticas Públicas: a do Estado-facilitador (que financia por meio de “recursos indiretos”), típico dos Estados Unidos; a do Estado-mecenas (que financia por meio de recursos próprios), com exemplos como os da Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia; a do Estado-arquiteto (que orienta o uso de recursos por meio de estruturas próprias), típico da maior parte dos países europeus e latino-americanos; e a do Estado-engenheiro (Estado-autoritário, aquele que domina a vida cultural do país), característico das ditaduras e comunidades fundamentalistas e teocráticas.

Construção histórica do conceito de Política Cultural: Rússia, França e Brasil

Convém assinalarmos que o recorte sobre esses três países foi realizado por Cunha (2010) e, nesse sentido, observamos uma tentativa de descrição de características específicas a cada

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

um deles, que, na intenção de síntese e interesse didático, serão apresentadas no Quadro 1 (comparando as propostas da Rússia e da França) e, depois, rediscutidas em relação às propostas do Brasil.

Quadro 1 Acontecimentos relacionados ao conceito de Política Cultural na Rússia e na França.

País Ano Acontecimento Interesse/função/setor

Rússia 1917

1921

Institui-se o Comissariado da Instrução Popular (Narkompros).

Encontro do Partido Bolchevique que apresentou críticas ao Narkompros

Alfabetização e Educação em níveis: científico, tecnológico e artístico (dramaturgia, música, literatura, espaços históricos, bibliotecas, academias de arte plásticas e gráficas, fotografia, cinema).

Programa de Organização do Proletariado (Proletkult).

Programa de apresentações artísticas ambulantes (Agitprop).

Em nível educacional: Escola Única de Trabalho (ensino inicialmente politécnico e gradualmente especializado).

Reformulação do órgão em setores de:

- Educação Profissionalizante;

- Socioescolar;

- Política educacional; e

- Colegiado acadêmico.

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França 1932

1946

1959

1960

Secretaria de Estado das Belas-Artes (mais tarde, 1945, Direção Geral das Artes e das Letras

Nova Constituição

Instalação da V República Francesa (Ministério de Assuntos Culturais)

Política das Casas da Cultura

- Escola Nacional Superior de Belas-Artes;

- Conservatório Nacional de Música;

-Escola Nacional Superior de Artes Decorativas.

Declaração expressa do Estado como responsável pela garantia de acesso dos cidadãos à Cultura

Aspectos dominantes:

- Intenção ideológica clara;

- Filosofia de apoio seletivo do Estado à criação artístico-profissional;

- Autonomia orçamentária, administrativa e operacional.

Proposta, relativamente inovadora, em que se procurava estimular a produção com aposta no profissionalismo e na alta qualidade artística.

Fonte: adaptado de Cunha (2010).

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Pode-se perceber que cada realidade nacional caracterizou um tipo de iniciativa governamental. Na Rússia, por exemplo, observa-se que a cristalização da estrutura russa pelo regime socialista estabeleceu as bases de condução de sua Política Cultural, mantendo-se, no entanto, os princípios básicos que delinearam o conceito, estabelecendo-se por meio de interesses e setores burocráticos de controle das ações. As decisões, em si, não são democráticas, mas de setores ou departamentos institucionais ligados ao propositor (o Estado), que procura “capacitar” seu cidadão a ocupar papéis e categorias profissionais na estrutura do país.

Na França, por sua vez, o caráter inicial é de se pautar pelo valor da Arte Erudita (Alta Cultura), constituindo-se, progressivamente, pela ideia da arte como um produto de mercado, passível de se manter por meio de sua qualidade artística. O Estado financia, mas também estimula o desenvolvimento de um perfil mais autossustentável para os agentes do setor, a partir do que, a nosso ver, derivaram (na década de 1970) apelos de “Indústria Cultural”, “Marketing Cultural” e “Subvenção Artística”.

Se elaborarmos, pela descrição de Cunha (2010), uma lista cronológica de eventos que fortaleceram o conceito de Política Cultural no Brasil, obtém-se a seguinte ordem, representada pelo Quadro 2:

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Quadro 2 Acontecimentos relacionados ao fortalecimento do conceito de Política Cultural no Brasil.

Data Acontecimento

1930

Foi instituído o Ministério da Educação e Saúde Pública, como um dos símbolos da Política Cultural do movimento revolucionário, composto de correntes ideológicas contrapostas: liberais, antiliberais e socialistas; ou, ainda, tradicionalistas e modernistas.

1937No instituto acima mencionado, nasceram o Instituto Nacional

do Livro e a Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

1938 Criação do Conselho Nacional de Cultura (renomeado, em 1966, como Conselho Federal de Cultura).

19691973

Criação do Programa de Ação Cultural (PAC), que destinava créditos para produções artísticas; e criação da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme) para, inicialmente, promover a divulgação de filmes nacionais, passando, depois, a colaborar no financiamento, na produção e na distribuição de cinema.

1975Criação do Conselho Nacional de Cinema (Concine), extinção do

Instituto Nacional de Cinema (INC) e da Fundação Nacional de Arte (Funarte).

Fonte: adaptado de Cunha (2010).

Nessa perspectiva, Cunha (2010), utilizando um pronunciamento datado de 1982 (creditado a Mário Brockmann Machado, ex-diretor da Funarte e ex-subsecretário do MEC), observa uma crítica ao uso do termo Política Cultural naquele contexto, sobretudo pela falta de interação entre os órgãos e o baixo valor dos investimentos. O autor ainda destaca duas características na atuação das agências de fomento do setor: um clientelismo “cristalizado” (sem atenção aos interesses e perfis de seus “clientes”); e um assistencialismo que apoiava projetos de pouca possibilidade de desenvolver autossuficiência.

Cunha (2010) elabora, a partir dessas considerações, reflexões a respeito: das formas de participação e representação

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dos grupos interessados nos processos decisórios; das formas de articulação de ações levando em conta as distâncias regionais e estaduais; da maneira de equacionar os recursos frente à diversidade de manifestações; de, no que concerne ao apoio, se ele deveria priorizar os projetos, programas ou instituições; de se o estabelecimento de agências de fomento seria mais produtivo que a construção de espaços físicos; e, por último, de se haveria maior risco de descontinuidade pelo apoio apenas a eventos e não a processos de educação artístico-intelectual.

Voltando à lista de acontecimentos fortalecedores do conceito e da aplicação de Políticas Culturais:

• 1985: no contexto da nova República (pós-ditadura), a área cultural ganha maior autonomia político-administrativa;

• 1986: é editada a Lei do Fundo de Promoção Cultural; e• 1991: reordenação dos mecanismos de incentivo no

Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), com a criação de três grupos de apoio (Fundo Nacional de Cultura – FNC –, Fundos de Investimento Cultural e Artístico e Incentivos a Projetos Culturais).

Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá complementar essa visão dos quadros históricos em que o desenvolvimento do conceito de Política Cultural se deu. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando redimensionar o conteúdo estudado.

2.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA

Tendo como tema a Lei do Fundo de Promoção Cultural, citada na seção anterior, observamos que, segundo Cunha (2010, p. 90), essa lei tinha como objetivo:

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[...] instituir formas de captação de recursos financeiros e de financiamentos de atividades, lançando mão de abatimento tributário ou renúncia fiscal, modelo sujeito a variadas críticas de naturezas técnica e política.

Num seminário realizado em 8 e 9 de maio de 1997, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, que resultou na obra composta pelos registros textuais organizados por Franceschi et al. (1998), são feitas várias considerações ainda atuais a respeito do tema das leis de incentivos fiscais à Cultura.

No primeiro texto, de autoria de Faria (1998), é feita uma avaliação bastante pertinente a respeito das leis de incentivo em alguns municípios (os principais, citados pelo autor, são os de Belo Horizonte, São José dos Campos e Vitória) e seus impactos no plano municipal geral:

• Positivos: pelo esforço em atender às exigências dessas leis, decorrem uma melhor qualificação dos produtos culturais e, também, um estímulo ao debate cultural, consequentemente, uma atenção mais acentuada dos grupos de interesse à estrutura social que alicerça as ações em prol da cultura; e

• Problemáticos: pouco conhecimento da lei e do jargão especializado nela utilizado; e exigência de que o empresário que obtenha isenção por incentivar a Produção Cultural abra totalmente suas contas para averiguação (sem uma necessária transparência dos critérios de investigação).

Outra questão é que, segundo Faria (1998), a aplicação da lei é pouco eficiente. “[...] para os produtores culturais e comunitários, [há] uma dificuldade de financiar a arte experimental e os projetos de formação.” (p. 79), o que significa

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dizer que muitos dos projetos não são acessíveis “[...] à grande parte da população.” (p. 79), permitindo-se o acesso a esses recursos por grupos com perfil empresarial, resultando em ganhos privados por meio desse capital público.

Um problema adjacente, mas de grande gravidade, é, segundo o autor, a cristalização da ideia de que Política Cultural se reduz a aplicar recursos financeiros em Projetos Culturais. Ainda que isso seja uma etapa essencial do processo, não é sua única prerrogativa.

Pensar uma Política Cultural é planejar ações visando a um objetivo resultante do investimento financeiro – e não se fala aqui em “retorno” financeiro (como se o fenômeno cultural passasse por uma metamorfose que o transformasse em um produto de troca mercadológica), mas de um resultante que espelhe a dinamização das ações, impactando positivamente a coletividade (produtores e agentes culturais, empresas, população) em torno de sua própria cultura, fortalecendo-a e enriquecendo-a.

Faria (1998) finaliza sua fala propondo algumas ações às Políticas Culturais, transcritas aqui de maneira simplificada: 1) Investimento direto do Estado, promovendo o debate sobre o “valor estratégico” da Cultura na vida nacional; 2) Fortalecimento dos Fundos de Projetos Culturais, inclusive em nível municipal, com chamamentos de participação/debate a toda comunidade cultural; 3) Estímulo do envolvimento das comunidades culturais – sociedade civil em nível municipal, estadual e federal – abertas a discussões sobre o tema.

A quarta proposta, preenchimento de algumas lacunas na lei, nas palavras de Faria (1998), seria efetivada pela inclusão de critérios de avaliação dos projetos, critérios tais como:

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“[...] geração de emprego e renda, valorização de cidadania do município, grau de aderência, vocações e potencialidades municipais [...]” (p. 83).

Nota-se nessa proposição o entendimento de que a Política Cultural não se atém à verificação de rentabilidade monetária do projeto em curto prazo, mas também em médio e longo prazo, produzindo uma infraestrutura própria, nascida de um enraizamento da ação na própria Identidade Cultural de cada comunidade.

As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam do tema do Financiamento e das Leis de Incentivo à Cultura. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. LEI ROUANET

No tocante a esse tema, e preferindo não entrar na questão jurídica, selecionamos o texto de Roberto Muylaert (1994), apresentado na última parte da obra Marketing Cultural: Comunicação Dirigida. Para falar sobre a Lei em si, notamos que controvérsias incidem sobre a honestidade de seus investimentos, sobretudo por uma série de situações que antecedem sua criação e estão mais relacionadas com o ambiente político do que, propriamente, com a Lei.

Não entraremos nessas controvérsias, e fazemos uso do texto de Muylaert (1994) em razão de ele ser apenas descritivo, explicando um pouco do jargão envolvido na Lei, assim como sua estrutura e alguns mecanismos do qual faz uso. Tal descrição foi assim organizada:

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1) Informação dos mecanismos de que faz uso o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), em que a Lei está alocada (de onde vêm seus recursos): Fundo Nacional da Cultura (FNC); Fundo de Investimento Cultural e Artístico (FICART); e Incentivo a Projetos Culturais.

2) Definições básicas de termos usados no contexto da Lei, tais como: Beneficiários, Doação, Incentivadores, Mecenato, Patrimônio Cultural, Patrocínio, Pessoas Físicas e Jurídicas de Natureza Cultural, Produção Cultural Independente (em diversas áreas), Projetos Culturais, Segmentos Culturais (em diversas modalidades).

3) Forma de operacionalização dos recursos, que se dá (na época da obra) por meio de:

4) [...] financiamentos, a fundo perdido ou reembolsáveis [...] através de mecenato, isto é, de doações ou patrocínios de pessoas físicas ou jurídicas – que terão em contrapartida benefícios fiscais – a projetos culturais que obtenham aprovação prévia da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNCI) [...]. (MUYLAERT, 1994, p. 284, grifos do autor).

5) Tipo de clientela, composta por uma série de modalidades, categorias e condições de execução, apresentadas pelo Quadro 3:

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Quadro 3 Tipos de clientela em relação aos tipos de atendimentos promovidos pela Lei Rouanet.

Clientela: composiçãoAtendimento tipo

FNC Mecenato

Pessoas Físicas:Artistas, produtores

culturais, pesquisadores e técnicos da área cultural.

Sem reembolso:Bolsa de estudo, de

trabalho ou de pesquisa, passagens e ajuda de custo.

Doações ou patrocínios a pessoas físicas ou jurídicas; projetos culturais previamente aprovados pela CNIC.

Instituições Públicas:Órgãos oficiais da

administração direta, assim como autarquias e fundações do governo.

Sem reembolso de até 80% do valor do projeto na forma de auxílios.

Não procede.

Instituições Privadas (sem fins lucrativos):

Fundações, institutos, museus, arquivos, bibliotecas, teatros etc.

Inscritas no CNSS do Ministério da Ação Social e que apresentem projeto cultural ao MEC.

Sem reembolso de até 80% do valor do projeto na forma de subvenções sociais.

Doações ou patrocínios a pessoas físicas ou jurídicas; projetos culturais previamente aprovados pela CNIC.

Obs.: nesse caso, o registro no CNSS pode ser substituído pela declaração de Utilidade Pública Federal, Estadual ou Municipal.

Instituições Privadas (com fins lucrativos):

Empresas que apresentem projeto cultural.

F i n a n c i a m e n t o s reembolsáveis por meio da Caixa Econômica Federal, com as condições de financiamento definidas de acordo com as necessidades de cada segmento cultural.

Doações ou patrocínios a pessoas físicas ou jurídicas; projetos culturais previamente aprovados pela CNIC.

Notas: Siglas: FNC (Fundo Nacional da Cultura); CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura); CNSS (Conselho Nacional do Serviço Social); MEC (Ministério da Cultura). Fonte:

adaptado de Muylaert (1994, p. 284-286).

1) Equiparações dos projetos em relação aos planos anuais conforme seu caráter de Sociedade Civil

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(com finalidade de dar apoio a instituições culturais oficiais do Governo Federal) ou de Instituição Cultural (com reconhecimento, pelo CNIC, dos serviços prestados à cultura nacional).

2) Benefícios fiscais no Imposto de Renda, com as diversas modulações desses benefícios estabelecidos a partir de opções de exercício do incentivo (em favor do próprio contribuinte ou de outros).

3) Descrição dos destinos/forma da aplicação dos Fundos de Investimento Cultural e Artístico (FICART), ou seja, perfis dos projetos (produção comercial, ações arquitetônicas, outras) e condição de uso (contratação, participação em projeto, aquisição de direitos autorais).

4) Respectivamente, limite de deduções fiscais autorizadas, montante global do recurso e suas fontes.

5) Respectivamente, pela previsão de estímulos por instituições financeiras e legislação básica a que se refere a Lei.

Obviamente, esses tópicos não pretendem discutir profundamente tais condições – inclusive em razão da data de sua escrita –, no entanto, problematizam as bases principais pelas quais a Lei Rouanet se orientou.

Botelho (1998), por exemplo, salienta que a mencionada lei foi sancionada para substituir a Lei Sarney, de 1986. Segundo a autora:

Na intenção de corrigir os erros da lei anterior – acusada de facilitar fraudes –, a nova lei de incentivos fiscais, em seu

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primeiro momento, chamou mais atenção por seu peso e dificuldade do que por seu sucesso. (p. 98).

Em nota posterior, Botelho (1998, p. 101) informa que os cuidados decorrentes da experiência anterior forçaram a exigência de: “[...] aprovação prévia por parte de uma comissão do Ministério da Cultura composta por representantes de associações de classe e de seus próprios órgãos específicos.”, ocasionando demora na tomada de decisão e “complicação” burocrática.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3. para conhecer e compreender o mecanismo da Lei Rouanet.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Ação Cultural – Vídeos Complementares – Complementar 2

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

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3.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL

As questões relacionadas ao desenvolvimento da noção de Política Cultural, do ponto de vista histórico, são aprofundadas nos textos sugeridos para leitura complementar ao tópico 2.1. desta unidade.

• CALABRE, L. História das políticas culturais na América Latina: um estudo comparativo de Brasil, Argentina, México e Colômbia. Escritos, v. 7, n. 7, 2013. Disponível em:<http://www.casaruibarbosa.gov.br/escritos/numero07/escritos%207_12_historia%20das%20politicas%20culturais.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.

• FURTADO, C. Que somos? In: FURTADO, C. Ensaios sobre a cultura e o Ministério da Cultura. FURTADO, Rosa Freire D’Aguiar (Org.). Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. Disponível em:<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2110422/mod_resource/content/1/Celso%20Furtado.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2017.

• TOLILA, P. Cultura e desenvolvimento: como a cultura contribui para a economia. In: TOLILA, P. Cultura e economia. São Paulo: Iluminuras, 2007. Disponível em:<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1725085/mod_resource/content/1/TO L I L A % 2 C % 2 0 Pa u l % 2 0 - % 2 0 C o m o % 2 0 a % 2 0economia%20chega%20%C3%A0%20cultura.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2017. [p.75-80].

3.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA

Os textos apresentados a seguir ilustram um pouco as questões relacionadas ao tema do Financiamento da Cultura,

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amplificando a consideração de tais questões no âmbito dos espaços urbanos, com a apresentação de uma listagem de leis categorizadas segundo os Estados que as criaram, no Brasil.

• LOPES, A. C. L. Impactos do investimento público em difusão audiovisual na configuração do espaço urba-no paulistano: um ensaio metodológico para avaliação de políticas culturais. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, n. 1, p. 19-36, nov., 2015. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/online/artigo/9717_ANA+CAROLINA+LOUBACK+LOPES>. Acesso em: 16 ago. 2017.

• MOUTINHO, C. Breve análise das políticas públicas cul-turais para o teatro em Portugal e no Brasil: uma visão da atuação nas cidades do Porto e São Paulo. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, n. 3, p. 169-185, nov., 2016. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/onli-ne/artigo/10680_CARINA+MOUTINHO>. Acesso em: 16 ago. 2017.

• SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Departamento Na-cional. Estudos das leis de incentivo à cultura. Brasília: SESI; DN, 2007. Disponível em: <http://www.sesipr.org.br/cultura/uploadAddress/4._estudo_das_leis_de_incentivo_a_cultura[59199].pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.

3.3. LEI ROUANET

A Lei Rouanet é apresentada por meio dos textos listados a seguir, com ênfase no primeiro, que estabelece instruções normativas para funcionamento/aplicação da lei no contexto de 2017.

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• BRASIL. Ministério da Cultura. Lei Rouanet: instrução normativa 1/2017. Ministério da Cultura. 2017. Disponível em: <http://rouanet.cultura.gov.br/legislacao/>. Acesso em: 18 ago. 2017.

• BRASIL. Ministério da Cultura. Programa nacional de apoio à cultura: orientações básicas. Brasília: MEC; PRONAC, [s.d.]. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/tecidocultural/curso_acc/3/03_lei_rouanet.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.

• BRASIL. Ministério da Cultura. Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura. Tutorial 1: novo cadastro e primeiros passos da nova proposta. Brasília: MEC; SALIC, Disponível em: <http://rouanet.cultura.gov.br/>. Acesso em: 16 ago. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

1) Levando em conta o sentido lato atribuído ao conceito de Política Cultural por Cunha (2010), qual das alternativas abaixo pertence à definição de “exercício da ação”?a) a) Interesse e conciliação.b) b) Cuidados mútuos entre os agentes culturais.c) c) Princípios, regras e métodos.d) d) Recurso monetário e projeto.

2) Qual dos aspectos categorizados por Faria (1998) faz parte dos impactos positivos das leis de incentivo no plano municipal geral?

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a) A sujeição às exigências promove maior assertividade na proposição dos projetos no tocante à economia dos grupos.

b) Pouco conhecimento da lei e do jargão especializado nela utilizado.c) Pelo esforço em atender às exigências dessas leis, decorre uma melhor

qualificação dos produtos culturais.d) Exigência de que o empresário que obtenha isenção por incentivar a

produção cultural abra totalmente suas contas para averiguação.

3) Qual é a observação feita por Muylaert (1994) na categoria de atendimento por mecenato em relação à categoria de clientela Instituição Privada sem fim lucrativo?a) O financiamento procede de doações ou patrocínios a pessoas físicas

ou jurídicas; projetos culturais previamente aprovados pela CNIC.b) Registro no CNSS pode ser substituído pela declaração de Utilidade

Pública Federal, Estadual ou Municipal.c) Não procede.d) São dirigidas a empresas.

4) Explique com suas palavras por que o financiamento de Projetos Culturais, na opinião de Faria (1998), não é a única atividade de uma Política Cultural efetiva do Estado.

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:

1) c.

2) d.

3) b.

4) Espera-se que você consiga considerar a questão da Ação Cultural como resultante de um planejamento a ser realizado pelo Estado em médio e longo prazo, ultrapassando a questão do financiamento e abrangendo outros aspectos do entorno (seja comunidade ou, mesmo, parceiros empresariais situados no contexto socioeconômico do ambiente em processo de intervenção).

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5. CONSIDERAÇÕES

Esperamos que você tenha obtido habilidades para identificar o que vem a ser uma Política Cultural efetiva, capaz de promover os interesses tanto de produção de fenômenos e objetos culturais quanto de desenvolvimento de comunidades e grupos, sobretudo em seu caráter cidadão. Também esperamos que consiga distinguir os elementos necessários para a elaboração de Projetos Culturais, visando à utilização das leis de incentivo, tendo, inclusive, uma noção aproximada do que consiste a Lei Rouanet e de sua estrutura básica.

Na próxima unidade, abordaremos a questão do Sistema de Produção Cultural e os conceitos de Propriedade Intelectual e suas relações com os conceitos de Copyright e Copyleft nos âmbitos jurídico e cultural.

6. E-REFERÊNCIASCALABRE, L. História das políticas culturais na América Latina: um estudo comparativo de Brasil, Argentina, México e Colômbia. Escritos, v. 7, n. 7, 2013. Disponível em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br/escritos/numero07/escritos%207_12_historia%20das%20politicas%20culturais.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.

FURTADO, C. Que somos? In: FURTADO, Celso. Ensaios sobre a cultura e o Ministério da Cultura. FURTADO, Rosa Freire D’Aguiar (Org.) Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2110422/mod_resource/content/1/Celso%20Furtado.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2017.

TOLILA, P. Cultura e desenvolvimento: como a cultura contribui para a economia. In: TOLILA, P. Cultura e economia. São Paulo: Iluminuras, 2007. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1725085/mod_resource/content/1/TOLILA%2C%20Paul%20-%20Como%20a%20economia%20chega%20%C3%A0%20cultura.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2017. [p. 75-80].

LOPES, A. C. L. Impactos do investimento público em difusão audiovisual na configuração do espaço urbano paulistano: um ensaio metodológico para avaliação de políticas culturais. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, n. 1, p. 19-36,

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

nov., 2015. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/online/artigo/9717_ANA+CAROLINA+LOUBACK+LOPES>. Acesso em: 16 ago. 2017.

MOUTINHO, C. Breve análise das políticas públicas culturais para o teatro em Portugal e no Brasil: uma visão da atuação nas cidades do Porto e São Paulo. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, n. 3, p. 169-185, nov., 2016. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br/online/artigo/10680_CARINA+MOUTINHO>. Acesso em: 16 ago. 2017.

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BRASIL. Ministério da Cultura. Lei Rouanet: instrução normativa 1/2017. Ministério da Cultura. 2017. Disponível em: <http://rouanet.cultura.gov.br/legislacao/>. Acesso em: 18 ago. 2017.

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BRASIL. Ministério da Cultura. Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura. Tutorial 1: novo cadastro e primeiros passos da nova proposta. Brasília: MEC; SALIC, Disponível em: <http://rouanet.cultura.gov.br/>. Acesso em: 16 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOTELHO, I. As leis de incentivos fiscais à cultura. In: FRANCESCHI, Antonio et al. Marketing cultural: um investimento com qualidade. São Paulo: Informações Culturais, 1998. p. 91-102.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

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FRANCESCHI, A. et al. Marketing cultural: um investimento com qualidade. São Paulo: Informações Culturais, 1998.

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UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS

MUYLAERT, R. Incentivos fiscais à cultura. In: MUYLAERT, R. Marketing cultural & comunicação dirigida. São Paulo: Globo, 1994. p. 284-286.

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O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL: COPYRIGHT E COPYLEFT

Objetivos • Compreender a noção de Sistema e sua relação com o Sistema de Produção

Cultural.• Aprender a noção de Propriedade Intelectual a partir dos conceitos de

Copyright e Copyleft.• Apresentar uma visão geral do desenvolvimento dos conceitos de Direito

Autoral.• Possibilitar a identificação dos impactos resultantes do uso indevido do

Direito Autoral.• Promover o reconhecimento dos impedimentos legais no uso cotidiano de

informações nos âmbitos físico e virtual.

Conteúdos • Noções sobre Sistema e Sistemas de Produção Cultural. • Descrição do desenvolvimento histórico e sociológico do Direito Autoral.• Noções de Propriedade Intelectual e suas relações com os conceitos de

Copyright e Copyleft.• Descrição sobre questões de ordem legal a respeito do Direito Autoral nos

âmbitos físico e virtual.

UNIDADE 3

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UNIDADE 3 – O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL: COPYRIGHT E COPYLEFT

Orientações para o estudo da unidadeAntes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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1. INTRODUÇÃO

Quando pensamos em um Sistema de Produção Cultural, devemos considerar como elementos circundantes desse tema a delimitação das expressões culturais como objetos resultantes das Práticas Culturais, sem, no entanto, reduzir tais objetos à ordem de um simples produto conceituado apenas por seu valor econômico, ou seja, sem a observância de que, ainda que a ele esteja, ou seja, anexado um índice monetário, tal índice não deve predominar em detrimento de seu caráter de objeto produzido e compartilhado na dimensão dos indivíduos e da comunidade que nele se inscrevem como Identidades Culturais originais e, portanto, potencial e factualmente detentoras da administração de seu uso e circulação.

Nessa perspectiva, temas como Propriedade Intelectual, Copyright e Copyleft surgem como assuntos relevantes, pois, tanto na ordem de um direito natural de produção quanto na ordem de um direito patrimonial de fruição dos derivados e resultantes da criação de um objeto cultural (sejam tais ordens consideradas por seu caráter moral ou econômico), são questões que devem ser respeitadas e defendidas na estrutura social e política.

Dessa forma, esta unidade considerará as relações de pertinências dos temas acima mencionados (Sistema de Produção Cultural, Propriedade Intelectual, Copyright e Copyleft) como aspectos de que derivam considerações de várias outras noções, que, por sua vez, deverão ser aprofundadas nos subtópicos apresentados a seguir.

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2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, consideramos necessário o aprofundamento desses conteúdos por meio do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL

Para tratar do conceito de Sistema Cultural, a nosso ver, requer-se vasculhar, rapidamente, a noção de Sistema, que será abordada aqui pelas considerações de Morin (2015) acerca da Teoria dos Sistemas, nascida a partir de uma reflexão de Ludwig von Bertalanffy, na década de 1950, que se expandiu em diversos sentidos. Segundo Morin (2015, p. 19):

[...] o campo da teoria dos sistemas é muito mais amplo, quase universal, já que num certo sentido toda realidade conhecida, desde o átomo até a galáxia, passando pela molécula, a célula, o organismo e a sociedade, pode ser concebida como sistema, isto é, associação combinatória de elementos diferentes.

A partir dessa consideração, podemos simplificar, no interesse didático desta unidade, a ideia de Sistema como um conjunto de outros componentes interdependentes. Se fizermos uma analogia entre um Sistema qualquer e um Sistema biológico (tal como o do organismo humano), podemos observar que ambos se compõem, e se mantêm, pela combinação funcional e eficiente dos seus vários subsistemas (sendo possível indicar como subsistemas do Sistema biológico de um ser humano, por exemplo, o sistema cardíaco, o sistema sanguíneo, o sistema digestório etc.).

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As considerações de Morin (2015), no entanto, amplificam o conceito de Sistema, categorizando-o em duas modalidades: aberto, em que “[...] há desequilíbrio no fluxo energético que o alimenta [...]” (p. 21); e fechado, que: “[...] está em estado de equilíbrio, ou seja, as trocas de matéria/energia com o exterior são nulas” (p. 21).

Nessas condições, insistindo no interesse didático desta unidade, podemos entender um Sistema Cultural como pertencente, idealmente, à categoria de sistema aberto, pelo qual há influência constante entre ele e o ambiente que o cerca, assim como no interior de sua estrutura, refletindo uma interação dinâmica e constante.

Um dos componentes interdependentes de um Sistema Cultural, seguindo essa lógica, poderia ser concebido como de ordem produtora, um subsistema que Coelho (2001, p. 74) apresenta como um “sistema de produção cultural”, reconhecido pelo funcionamento em:

[...] quatro clássicas fases: 1. a produção propriamente dita do bem cultural; 2. sua distribuição aos pontos nos quais pode vir a entrar em contato com seu eventual destinatário; 3. a troca do bem (em nosso regime, sua troca por dinheiro), que o coloca em contato direto com seu virtual usuário, (adquirente ou consumidor); 4. a fase última, a do consumo ou uso efetivo desse bem.

No contexto brasileiro, pode ser reconhecida a existência desses “momentos” de produção, distribuídos em diversos setores da Cultura (subsistemas tais como o cinematográfico, literário, cênico etc.), que, numa tentativa de organização, podem ser abrigados em sistemas gestores institucionais dirigidos pelo Estado, pelo Sistema Nacional de Cultura (SNC), por Conselhos Municipais de Cultura (CMC), entre outros; ou por associações

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profissionais, Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), entre outros.

Cabe salientar que o “regime” mencionado pelo autor no item 3 da citação anterior se refere ao regime econômico capitalista, que perpassa toda a estrutura de manutenção dessa ordem produtiva observada. Ordem essa que confere valores e sentidos simbólicos aos objetos produzidos nesse sistema maior que é a Sociedade Capitalista.

Um dos resultantes dessa questão valorativa atribuída aos objetos culturais em circulação, como produtos de interesse monetário, é a atribuição, pelo sistema social, de direitos de uso da forma e do conteúdo desses objetos a outros indivíduos. Aos criadores desses objetos, considerados “proprietários intelectuais” dessas criações, é reservado o direito de liberação, ou não, do uso de suas obras – que, consequentemente, são consideradas como uma “propriedade intelectual” de seu autor-criador. Tal mecanismo é conhecido como Direito Autoral (ou Copyright).

Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá aprofundar essas noções de sistema e subsistemas. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. COPYRIGHT

Considera-se pertinente observar que o percurso narrativo desta seção é similar ao apresentado por Furnival, Almeida e Silva (2015), definido como base de condução desse tema pelo

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grau de sintetização que o trabalho desses autores oferece em relação ao desenvolvimento do conceito de Copyright.

Segundo Gandelmam (2007), a história do Direito Autoral pode ser observada, inicialmente, a partir dos seguintes períodos e nas seguintes condições:

• Na era Clássica [e Medieval]: como um reconhecimento de ordem moral, sem resultar, no entanto, em remuneração (por exemplo, quem recebia pelo trabalho (manual) de transcrição do material original eram os copistas, e não os autores da obra).

• No século 15, a partir da invenção da imprensa por Gutenberg: os governantes concediam os direitos de impressão/comercialização de obras aos editores, e não aos autores, pressupondo-se que os primeiros detinham autorização dos autores.

Na Inglaterra, o conceito de Copyright, segundo Gandelman (2007), nasceu da lei do Copyright Act (1709), outorgada na regência da Rainha Ana. Por meio dessa lei, a coroa concedia um privilégio (direito de royalties) de imprimir cópias impressas de determinadas obras (por 21 anos, a partir do registro formal da obra).

Na França, por sua vez, o Droit d’auter (1791) nasceu em razão dos princípios instaurados pela Revolução Francesa (1789), relacionando o direito do autor às ideias de manutenção de ineditismo, paternidade e integridade de sua obra, entendendo tais qualidades como direitos morais inalienáveis e irrenunciáveis, classificando-os como direitos patrimoniais (transferíveis para seus herdeiros e sucessores legais).

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No Brasil, o desenvolvimento da noção de Direito Autoral pode ser descrito a partir da seguinte ordenação de fatos:

• De 1827 a 1917: instauraram-se leis que regiam o tema de forma inconstante, até que, em 1917, se caracteriza o Direito Autoral como uma propriedade “literária, científica e artística”.

• Em 1973: fez-se a revisão da maior parte da lei anterior, mantendo-se sua caracterização como um direito jurídico.

Pela Lei do Direito Autoral, o sujeito-autor (titular da obra intelectual) e o objeto protegido (independentemente do suporte físico ou veículo material pelo qual se formaliza) se incluem numa dimensão moral a qual garante ao primeiro:

[...] o controle à menção de seu nome na divulgação de sua obra e o respeito à sua integridade, além dos direitos de modificá-la ou retirá-la de circulação [...] (GANDELMAN, 2007, p. 33).

No que diz respeito à dimensão patrimonial, por sua vez, a lei “[...] visa regular as relações jurídicas da utilização econômica das obras intelectuais” (GANDELMAN, 2007, p. 33), estabelecendo-se por meio de princípios legislativos que consideram: as ideias na forma de expressão; a independência do valor literário da obra; e a originalidade como um valor situado em sua forma de expressão e não no seu conteúdo.

Os aspectos de territorialidade e prazos de proteção são, respectivamente, definidos como nacional (podendo ser administrado por meio de tratados e convenções em caso de usos no exterior) e dependente da tipologia do trabalho. Observa-se, ainda, que o caráter legal ou ilegal de uso de uma obra está condicionado por autorizações prévias e expressas do autor, ou de quem detém seus direitos (herdeiros, por exemplo).

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Se observarmos o Direito Autoral de uma perspectiva territorial global, observamos que há uma série de tentativas de se manter um grau de “reciprocidade” a respeito do tema. O Brasil, por exemplo, buscou aderir a uma série de tratados e convenções – de Roma, em 1965; de Berna e Genebra, em 1975; e o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS), em 1994, que incluía, entre seus interesses, a proteção de programas de computadores.

Trazendo a questão dos Direitos Autorais para o ambiente virtual (sobretudo da internet), podemos, primeiramente, fazer referência a leis que visam proteger os Direitos Autorais no ciberespaço, citando, por exemplo: Right in Sound Recordings Act (1995) ou a Public Law 104-39. A abrangência desta última, segundo Gandelman (2007, p. 182), propõe:

[...] direito exclusivo de execução pública (performance) para as gravações sonoras que estão sendo executadas, por meio de assinatura de transmissões digitais. Cria [...] novo diploma legal [...] Copyright Act [...] que [...] abrange expressamente esse novo direito de execução pública na transmissão digitalizada de gravações sonoras.

Tratando especificamente da internet, podemos citar contratos pioneiros de Sociedades Civis (no caso, norte-americanas) que administram questões de licença e arrecadação das criações de seus associados. Entre essas, mencionamos: a Broadcast Music, Inc. (BMI), que propôs a licença para transmissão (distribuição) dessas criações via internet (Internet Computer Agreement); e a American Society of Composers, Authors and Publishers (ASCAP), que propôs a licença de obras musicais no ciberespaço (Experimental License Agreement for Computer Online Services, Eletronic Bulletin Boards, Internet Sites and Similar Operations).

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As questões jurídicas levantadas em torno da internet se dão em razão de não se poder afirmar se a internet é um meio de comunicação impresso ou um veículo de broadcasting (caso das emissoras de TV). Da definição dessa questão, derivariam duas consequências legais: no primeiro caso, estabeleceria a internet como um meio livre de censura e controle governamental; no segundo caso, a internet ficaria sujeita a esse controle e à autorregulação.

Alguns complicadores dessa situação são apontados por Gandelman (2007): o primeiro é que a internet não tem dono, ou seja, não seria possível ainda estabelecer responsabilidades nesse âmbito; o segundo é seu princípio elementar, pois, embora ela seja formada a partir da transformação de átomos em bits (questão do suporte), isso não altera a legitimidade de cobrança do Direito Autoral.

Alguns pontos ainda se encontram em discussão: a obra transmitida é uma reprodução, uma distribuição ou ambas? A responsabilidade é do servidor de acesso ou do indivíduo que incorpora conteúdo e o transmite? Qual a importância dos territórios onde se origina, onde se recepciona e onde se vende o sinal?

Na categoria de manipulação de imagens e sons, o princípio de plágio é o elemento fundamental de transgressão potencial, passível de penalidade no caso de reconhecimento total ou parcial, na obra produzida, de outra obra sem menção de seu autor original. Segundo Gandelman (2007, p. 191), em solo americano:

Quaisquer alterações na informação de titularidade e outros detalhes fraudulentos e de utilização ilegal, que venham a prejudicar os legítimos interessados, estarão sujeitos a sanções

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civis e penais que podem chegar a multas de 500 mil dólares e ou prisão de até cinco anos.

Referindo-nos à atualização de publicações sobre a internet no Brasil, lançando mão de Kurbalija (2016, p. 230), observa-se que: “A Lei 12.965, de 23 de abril de 2014 (o Marco Civil da internet) contém um detalhamento excepcional sobre direitos e deveres no âmbito da internet pelo Comitê Gestor da internet no Brasil”.

Segundo o Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito do Rio De Janeiro, abrigado na Fundação Getúlio Vargas, o Marco Civil da internet no Brasil:

[...] busca traçar as diretrizes, os parâmetros, as pautas que serão detalhadas e desenvolvidas no futuro por legisladores, governantes, magistrados, além de estudantes e pesquisadores de temas ligados ao desenvolvimento da rede (FUNDAÇÃO..., 2012, p. 23).

São três os pilares do Marco Civil da internet; o primeiro, o de Fundamentos, tem como base:

[...] [o] reconhecimento da escala mundial da rede; os direitos humanos e o exercício da cidadania em meios digitais; a pluralidade e a diversidade; a abertura e a colaboração; a livre-iniciativa; a livre concorrência e a defesa do consumidor (FUNDAÇÃO..., 2012, p. 23).

O segundo pilar, o de Princípios, por sua vez, tem como base:

[...] [a] garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de pensamento, nos termos da Constituição; a proteção da privacidade; a proteção aos dados pessoais; a preservação e a garantia da neutralidade da rede; a preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede, por meio de medidas compatíveis com os padrões internacionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas; a responsabilização dos

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agentes de acordo com suas atividades nos termos da lei; e, finalmente, a preservação da natureza participativa da rede. (FUNDAÇÃO..., 2012, p. 24).

Por último, o terceiro pilar, o de Objetivos, procura efetivar:[...] a promoção do direito de acesso à internet a todos os cidadãos; a promoção do acesso à informação, ao conhecimento e à participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos; a promoção da inovação e o fomento à ampla difusão de novas tecnologias e modelos de uso e acesso; e a promoção da adesão a padrões tecnológicos abertos que permitam a comunicação, a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicações e bases de dados (FUNDAÇÃO..., 2012, p. 24).

A lei que estabelece os princípios de uso da internet no Brasil, aprovada em 2014, apresenta em seu art. 19, parágrafo 2, o seguinte enunciado a respeito dos Direitos Autorais na rede:

A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5º da Constituição Federal (BRASIL, 2014b, p. 1).

Na opinião de Joost Smiers (2006), o Copyright, no contexto globalizado, tornou-se um negócio administrado por uma tendência em fixar controle sobre bens culturais por meio de fusões que possibilitam acesso, manipulação e “domínio” dos componentes “autoria” e “obra”, impondo como lógica do entretenimento atual a oferta reduzida e, consequentemente, o consumo exacerbado de produtos-patrimônios de empresas. Segundo o autor:

A melhor forma de adquirir direitos de imensas quantidades de entretenimento e outros materiais artísticos é por meio de fusões. Sinergia é a base lógica para os conglomerados abocanharem tanto material de copyright quanto possível [...] (SMIERS, 2006, p. 92).

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Nesse contexto, o mundo cultural pode ser entendido como espaço de lutas simbólicas – um Campo, pela acepção de Bourdieu (1989), orientado por valores simbólicos de uma cultura dominante –, organizado a partir das demandas por direitos de propriedade particular e atuação de advogados, mas, também, relacionados com os determinantes dessas lutas. Um exemplo citado por Smiers (2006) que ilustra essa tendência a disputas de ordem legal refere-se à causa movida pelo artista Daniel Buren, autor das fontes instaladas na monumental Place de Terreaux, em Lyon (França): “Ele pleiteava receber copyright de todos que fotografassem a praça” (SMIERS, 2006, p. 94).

As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam da questão do Copyright e possibilitam a compreensão desse tema por outros ângulos. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. COPYLEFT (SOFTWARE LIVRE)

Todo movimento exagerado em uma direção, em nível social, repercute numa tentativa de mudança de perspectiva, ou de “correção” de rota, buscando uma adequação do que se considera inconciliável. Nesse sentido, em oposição ao princípio de Copyright, nasceu o princípio de Copyleft.

A princípio, o movimento de Copyleft (Software Livre) foi uma reação ao predomínio da Microsoft no mercado de software de computadores, de que derivou a criação do sistema operacional Linux, instalando um novo modelo de negócio, baseado no princípio de Cooperativismo.

Com o desenvolvimento da ideia do Software Livre – liberdade de produção por cooperação coletiva –, estabeleceu-

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se – pela dinamização da liberdade de compartilhamento de informação pela internet – um ambiente propício ao aparecimento de outras formas de gerenciamento do conhecimento social; entre alguns exemplos de softwares que se baseiam nesses princípios, podemos citar:

1) Wikipedia: enciclopédia construída integralmente pelo princípio de colaboração internacional, permitida, por sua vez, pelo conceito de “licença de uso”, que dá liberdade aos usuários visitantes de criarem novos verbetes e revisarem os já existentes, sem intervenção “editorial”. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/>. Acesso em: 14 nov. 2017.

2) Revista Kuno5hin: site colaborativo sobre tecnologia e cultura. Tanto separadamente como em suas interações, é uma comunidade virtual movida pelo “agrupamento” de pessoas inquietas, dispostas a discutir o mundo e as condições de viver esse mundo enquanto realidade mútua. Disponível em: <http://www.kuro5hin.org/>. Acesso em: 14 nov. 2017.

3) Creative Commons: mecanismo que objetiva desenvolver licenças para disponibilização de trabalhos realizados por qualquer indivíduo ou entidade interessados na liberação de uso público desses trabalhos. Disponível em: <http://creativecommons.org.br/>. Acesso em: 14 nov. 2017.

4) Sherpa/Romeo: é parte dos Serviços SHERPA da University of Nottingham. Romeo tem colaborado com outros parceiros internacionais, contribuindo para o desenvolvimento e a manutenção do serviço. Disponível em: <http://www.sherpa.ac.uk/index.html>. Acesso em: 14 nov. 2017.

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No nível institucional brasileiro, o portal Software Público, desenvolvido pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (BRASIL, 2014a, p. 1), descreve o instrumento Software Público brasileiro como:

[...] um tipo específico de software livre que atende às necessidades de modernização da administração pública de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e é compartilhado sem ônus no Portal do Software Público Brasileiro, resultando na economia de recursos públicos e constituindo um recurso benéfico para a administração pública e para a sociedade.

Outros ambientes têm pesquisado e publicado a respeito do tema no Brasil – espaços como o da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, por exemplo –, possibilitando maior aprofundamento dessa discussão.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3 para compreender melhor a questão do Copyleft e sua implicação no trabalho bibliotecário.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Ação Cultural – Vídeos Complementares – Complementar 3.

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3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL

Tanto a noção de Sistema de Produção Cultural quanto a de Propriedade Intelectual serão aprofundadas neste subtópico. Nosso objetivo com esta seleção de textos é sensibilizá-lo no tocante aos elementos essenciais desses dois componentes, a nosso ver, desapercebidamente entrelaçados em nosso cotidiano.

• LIMA, Marília de. Seminário de produção cultural vídeo 01: cultura e produção cultural: introdução. ECOOA Cursos. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ljSPCOwjYtA>. Acesso em: 23 ago. 2017.

• O MERCADO e o negócio da indústria cultural no Brasil. SEBRAE-SP. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uMiuu6PrkiM>. Acesso em: 23 ago. 2017.

• TEORIA Crítica e a indústria cultural. Rádio e TV UNESP Bauru. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mLmw6JaJNlc>. Acesso em: 23 ago. 2017.

3.2. COPYRIGHT

O conceito de Copyright – sinônimo de Direito Autoral, no Brasil – é aprofundado pelo material apresentado nesta subseção.

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Tentamos realizar uma seleção abrangente que contemplasse questões de aplicação e de conceituação do tema, esperando que a seleção oportunizasse uma visão mais relacionada com o fazer bibliotecário no contexto contemporâneo.

• CRUZ, Ranielle Sauzem. A tutela dos direitos autorais na idade mídia e a garantia da liberdade de acesso à informação no âmbito internacional. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO E CONTEMPORANEIDADE. 1., Santa Maria. Anais... Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2012/9.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

• MAGRANI, Eduardo. II Seminário Diálogos Biblioo: Legislação de direitos autorais do Brasil. Biblioo Cultura Informacional. 2016. Disponível em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/eduardo-magrani-2/>. Acesso em: 22 ago. 2017.

• ZANINI, Leonardo Estevam de Assis. A proteção internacional do direito de autor e o embate entre os sistemas do copyright e do droit d’auteur. Revista Videre, v. 3, n. 5, 2011. Disponível em: <http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/videre/article/view/971>. Acesso em: 23 ago. 2017.

3.3. COPYLEFT

Tal como objetivado na subseção anterior, nos mesmos moldes, tentamos elaborar uma seleção de textos que exemplificassem as aplicações do conceito e, em algum sentido, aprofundassem sua dimensão teórica.

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• BENETI, Daniela. Fanfiction.net: o fenômeno da escrita colaborativa, criatividade, storytelling e a questão do copyright na internet. Cultura de Rede. 2009. Disponível em: <http://Culturaderede.Pbworks.Com/W/Page/9823229/Daniela%20Beneti%20-%20Fanfiction>. Acesso em: 22 ago. 2017.

• CORDEIRO, André. A informação que quer ser livre: Crescem as iniciativas para tornar os artigos científicos acessíveis a todos. Revista.br, v. 12, n. 8, p. 20-23, 2017. Acesso em: <https://cgi.br/media/docs/publicacoes/3/revista-br-ano-08-2017-edicao12.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

• O MENINO da internet: a história de Aaron Swartz. Direção: Brian Knappenberger. Produção: Kickstarter, 2014. Home page. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uAe_9qBxwOc>. Acesso em: 23 ago. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

1) O conceito de Direito Autoral (Copyright) é, especificamente, uma das di-mensões da: a) a) produção científica.b) b) produção tecnológica.c) c) propriedade intelectual.d) d) produção nacional.

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2) Qual dos tratados a seguir incluiu a questão dos computadores?a) Berna.b) Roma.c) TRIPS.d) Genebra.

3) O movimento Copyleft, inicialmente, foi uma reação à:a) ideologia fundamentalista da Linux.b) tolerância ao desenvolvimento tecnológico.c) criação de tecnologias midiáticas.d) predominância da Microsoft no mercado de computadores (software).

4) Tente explicar em que contexto podem ser aplicados os seguintes questionamentos: a obra transmitida é uma reprodução, uma distribuição ou ambas? A responsabilidade é do servidor de acesso ou do indivíduo que incorpora conteúdo e o transmite? Qual a importância dos territórios onde se origina, onde se recepciona e onde se vende o sinal?

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:

1) c.

2) c.

3) d.

4) Espera-se que você consiga estabelecer relações entre questões apresentadas na abordagem do ambiente virtual e alguns pontos da Lei de Direitos Autorais relacionados ao ambiente físico, demonstrando que prevalece uma controvérsia entre estes dois aspectos, físico e virtual.

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5. CONSIDERAÇÕES

Por meio dos pontos salientados durante esta unidade, tentamos estabelecer alguns elementos orientadores da prática bibliotecária em relação à questão dos objetos culturais em circulação no Sistema de Produção Cultural no âmbito nacional, abordando, no entanto, alguns referenciais estrangeiros.

Supomos que o tema não se esgota, de maneira nenhuma, a partir desses recortes, mas que estes são promotores do desenvolvimento de uma atitude responsável e criticamente aplicada, principalmente, pela limitação e complexidade inerente ao contexto contemporâneo, em que a internet e as TICs proliferam sua influência na troca e disseminação de mensagens em variados suportes.

Na próxima unidade, abordaremos a relação da biblioteca com o tema das Políticas Culturais no Brasil, trazendo como temas conexos a ideia de Proximidade entre Públicos, Consumo e Práticas Culturais. Consideramos tais assuntos como desdobramentos dos temas anteriormente desenvolvidos, cabendo, entretanto, enfatizá-los enquanto componentes críticos na Ação Cultural do bibliotecário.

6. E-REFERÊNCIASBENETI, D. Fanfiction.net: o fenômeno da escrita colaborativa, criatividade, storytelling e a questão do copyright na internet. Cultura de Rede. 2009. Disponível em: <http://Culturaderede.Pbworks.Com/W/Page/9823229/Daniela%20Beneti%20-%20Fanfiction>. Acesso em: 22 ago. 2017.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. O que é o Software Público. Portal Software Público Brasileiro. 2014a. Disponível em: <https://softwarepublico.gov.br/social/spb/o-que-e-o-software-publico>. Acesso em: 23 ago. 2017.

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BRASIL. Presidência da República. Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014: estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília: Casa Civil, 2014b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 27 ago. 2017.

CORDEIRO, A. A informação que quer ser livre: Crescem as iniciativas para tornar os artigos científicos acessíveis a todos. Revista .br, v. 12, n. 8, p. 20-23, 2017. Acesso em: <https://cgi.br/media/docs/publicacoes/3/revista-br-ano-08-2017-edicao12.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

CRUZ, R. S. A tutela dos direitos autorais na idade mídia e a garantia da liberdade de acesso à informação no âmbito internacional. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO E CONTEMPORANEIDADE. 1., Santa Maria. Anais... Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2012/9.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito do Rio de Janeiro. Relatório de políticas de internet Brasil 2011. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2012. Disponível em: <http://www.cgi.br/sobre-cg/index.htm>. Acesso em: 10 nov. 2017.

FURNIVAL, A. C. M.; ALMEIDA, B. M.; SILVA, M. D. P. As Políticas de Direitos Autorais e de Reuso Presentes nas Revistas Brasileiras de Acesso Aberto das Áreas Biológicas e de Saúde Disponibilizadas na Plataforma Scielo-Brasil. Encontros Bibli, v. 20, n. 44, p. 25-42, 2015. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2015v20n44p25>. Acesso em: 02 dez. 2015.

GANDELMAN, H. De Gutemberg à internet: direitos autorais das origens à era digital. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007. <http://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/1/CadernoCGIbr_Uma_Introducao_a_Go

vernanca_da_Internet.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2017.

LIMA, M. de. Seminário de produção cultural vídeo 01: cultura e produção cultural: introdução. ECOOA Cursos. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ljSPCOwjYtA>. Acesso em: 23 ago. 2017.

MAGRANI, Eduardo. II Seminário Diálogos Biblioo: Legislação de direitos autorais do Brasil. Biblioo Cultura Informacional. 2016. Disponível em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/eduardo-magrani-2/>. Acesso em: 22 ago. 2017.

O MENINO da internet: a história de Aaron Swartz. Direção: Brian Knappenberger. Produção: Kickstarter, 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uAe_9qBxwOc>. Acesso em: 23 ago. 2017.

O MERCADO e o negócio da indústria cultural no Brasil. SEBRAE-SP. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uMiuu6PrkiM>. Acesso em: 23 ago. 2017.

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UNIDADE 3 – O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL: COPYRIGHT E COPYLEFT

TEORIA Crítica e a indústria cultural. Rádio e TV UNESP Bauru. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mLmw6JaJNlc>. Acesso em: 23 ago. 2017.

ZANINI, L. E.de A. A proteção internacional do direito de autor e o embate entre os sistemas do copyright e do droit d’auteur. Revista Videre, v. 3, n. 5, 2011. Disponível em: <http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/videre/article/view/971>. Acesso em: 23 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: DIFEL, 1989.

COELHO, T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 2001.

KURBALIJA, J. Uma introdução à governança da internet. Tradução Carolina Carvalho. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2015.

SMIERS, J. As artes sob pressão: promovendo a diversidade cultural na era da globalização. São Paulo: Escritura Editora; Instituto Pensante, 2006. 367 p.

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BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE; CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

Objetivos • Apresentar as relações da biblioteca com o conceito de Política Cultural.• Promover o conhecimento dos elementos básicos de um Projeto Cultural.• Possibilitar o reconhecimento dos pontos de apoio do conceito de Políticas

Culturais de Proximidade em relação à Ação Cultural.• Possibilitar a identificação das questões relacionais entre consumo e Prá-

ticas Culturais.• Estabelecer uma noção global que permita a possibilidade de compati-

bilização entre a Ação Cultural eficiente e a complexidade sociocultural contemporânea.

Conteúdos • Descrição dos movimentos de aproximação entre o espaço biblioteca e o

conceito de Políticas Culturais.• Descrição das fases e dos componentes básicos de um Projeto Cultural.• Aprofundamento do conceito de Política Cultural de Proximidade.• Relação entre consumo e Práticas Culturais.

Orientações para o estudo da unidadeAntes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

UNIDADE 4

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UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE;CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE;CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

1. INTRODUÇÃO

Retomando um pouco o conceito de Sistema como um conjunto de componentes interdependentes que se conformam em condições de abertura (Sistema Aberto) e fechamento (Sistema Fechado), nas considerações de Morin (2015), compreende-se a Cultura, necessariamente, como um Sistema Aberto, que permite trocas entre o meio que o cerca e os próprios segmentos internos que o formam. Entendemos que uma Política Cultural de Proximidade, no âmbito nacional, deva ter como pauta os elementos que influenciam tais dinâmicas.

Nesse sentido, temas como Territórios (espaços de delimitação física, virtual ou conceitual), Públicos (indivíduos, grupos ou coletivos a que se direcionam determinada ação e/ou mensagem) e Práticas Culturais (ações voltadas para concretização ou desenvolvimento de determinada cultura, seja esta local, nacional ou global) são elementos determinantes do funcionamento, ou da prospecção para projetos de ordem cultural.

Cerezuela (2015, p. 16) salienta, no tocante à proposição/elaboração de um Projeto:

Seria um equívoco pensar que um bom projeto é aquele que está tecnicamente bem formulado. O melhor dos projetos é aquele que está bem fundamentado em suas finalidades e seu contexto, e depois, mas só depois, está bem exposto num documento que ajuda o redator a apresentá-lo e o leitor a entendê-lo.

Apropriando-nos dessa premissa, compreendemos que o aconselhamento é que, mesmo cuidando da forma, não nos esqueçamos nunca do conteúdo, seus embasamentos e objetivos, pois uma forma bem elaborada, mas vazia de “alma” resultaria

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UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE;CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

em frustração pelo uso ineficiente dos recursos, resultando em uma situação ineficaz.

Assim, contextualizando a noção de Projeto com o objeto Cultura, Cerezuela (2015, p. 24) define o Projeto como: “[...] a concretização de uma vontade que, particularmente no campo cultural, chamaremos de política cultural [...].” Com o objetivo de enfatizar a definição que o autor dá de Política Cultural, continuamos na mesma citação: “[...] entendendo por isso [Política Cultural] o conjunto de valores, ideias, orientações e diretrizes que uma organização quer desenvolver” (p. 24).

Desse modo, nos tópicos apresentados a seguir, trataremos dessas confluências entre a execução, o meio e os objetivos da interação, tendo como motivador de nossa discussão a obtenção de uma solução que contemple: a harmonização entre as questões de diversidade cultural pela busca de um consenso entre os agentes e o espaço social da ação.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, consideramos necessário o aprofundamento desses conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador, apresentado no Tópico 3 desta unidade.

2.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL

No Brasil, o pensamento a respeito da biblioteca sob o aspecto histórico, geralmente, se elabora a partir da chegada da família real portuguesa, no século 17. Outras abordagens,

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UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE;CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

relacionando a biblioteca com o desenvolvimento da Biblioteconomia, indicam o movimento jesuíta (século 16). Milanesi (1983) inclui ambos os eventos em sua narrativa sobre o desenvolvimento da biblioteca, no capítulo dedicado ao tema no Brasil.

De maneira precisa, pelo recorte de Política Cultural no Brasil, em relação ao espaço biblioteca, dependendo do autor – pela perspectiva de Cunha (2010), por exemplo, utilizado em unidade precedente –, o conceito de Política Cultural pode se mesclar com o conceito de Política Pública relacionada à Cultura, possibilitando uma visão um pouco menos rigorosa do conceito, empregado em relação às iniciativas governamentais de financiamento da Cultura.

Nesta unidade, complementarmente, utilizaremos a visão de Teixeira Coelho (2001), um pouco mais crítica, em que o Investimento Financeiro, em si, é considerado uma das etapas das Políticas Culturais, cabendo estabelecer outros componentes do ciclo de desenvolvimento total da Cultura.

Segundo o autor:Para existir, um bem cultural tem de ser produzido. Mas isso não basta [...] é preciso que esse bem chegue a seu usuário ou consumidor, e isto requer um mecanismo de distribuição que leve o produto aos diversos pontos onde aquele usuário ou o inevitável intermediário se localiza. Tendo-se garantido a produção e a distribuição, ainda não se garantiu quase nada: aquele usuário deve poder apossar-se fisicamente do produto cultural, para o que, em nossa sociedade, precisará de dinheiro (troca). E isto resolvido, seja porque o usuário tem dinheiro, seja porque se encontre alguma forma substitutiva (doação, subsídio, financiamento), para que o processo cultural se complete é preciso que o usuário realmente use o bem, integre-o em si, penetre nele (COELHO, 2001, p. 76).

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UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE;CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

Pela posição de Coelho (2001), essa gama de ações e exigências não é contemplada pelas “Políticas Culturais”, que, dessa maneira, deixam de ser uma política eficiente, ou melhor, são apenas ações isoladas, incapazes de darem à Cultura – em médio ou longo prazo – uma chance razoável de desenvolvimento e uso “democrático” tanto do ponto de vista do artista quanto do usuário.

Os momentos históricos da Ação Cultural, no geral, são classificados por Coelho (2001) como de caráter Institucional (visão patrimonialista, que dá ênfase à valorização da obra de arte), Sociológico (pelo qual se enfoca a questão social, valorizando sua função pedagógica) e Individualista (não existente no Brasil, segundo o autor, é aquela que se interessa pelo desenvolvimento do sujeito como ser autônomo).

O autor não chega a destacar o papel da biblioteca como espaço destinado ao desenvolvimento de uma Política Cultural; faz, no máximo, uma distinção entre a biblioteca e espaços como Centros de Cultura/Casas de Cultura, que, em território francês, envolvem um interesse educativo, contrastante com o interesse cultural defendido por Coelho (2001).

Assim, vemos então que, independentemente do uso do termo biblioteca, a lógica de atuação que o autor confere ao Centro de Cultura francês é, de modo geral, a mesma atribuída às bibliotecas brasileiras, ou seja, de instrução pedagógico-educacional, sem motivação libertário-cultural, prevalecendo uma ideia de dominação sobre o outro pela imposição de uma “imagem” civilizatória de Cultura, desconsiderando o que esse outro entende, ou quer entender, sobre Cultura.

Podemos perceber que a posição é semelhante à naturalização da atribuição de um valor cultural a determinados

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UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE;CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

tipos de conhecimentos (como padrões certificados) em detrimento de outros (como padrões destituídos de certificação), estabelecendo valorização do indivíduo conforme o conteúdo informacional que este detém em relação a essa escala de valores, o que Bourdieu (1989) denominou de Capital Cultural.

Nas considerações de Coelho (2001), ainda precisamos construir essa ideia de Política Cultural – sobretudo no Brasil –, desvinculando-a de uma visão reducionista que a considera como sinônimo de Política Educacional e de Produção Cultural Mercantil. No sentido dessa desvinculação, um primeiro desafio seria reconsiderar o conceito de Produção Cultural numa escala mais “vital”, ou seja:

[...] romper os monopólios da produção e colocá-Ia ao alcance efetivo do maior número de pessoas. A isto é que se poderá chamar de “democratização da cultura” propriamente dita. Criemos cem, mil, um milhão de produtores. Esta seria a ação cultural por excelência, em sintonia com tendências radicais na arte detectadas pelo menos desde o início da década de 60 (COELHO, 2001, p. 84).

O que supomos, então, como prerrogativa de uma Política Cultural real, no âmbito da biblioteca (ou de outros espaços semelhantes), poderia ser resumido pela consideração desse espaço como lugar de descoberta e de exercício de desenvolvimento criativo tanto de uma cidadania quanto de uma subjetividade inerente a cada indivíduo, comunidade ou grupo social.

Dessa maneira, o que propomos no tópico a seguir, é abordar o tema do Projeto Cultural, como uma estratégia de solidificação desse interesse.

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A ideia de projeto

Tendo como ponto de partida as ideias de Coelho (2001) sobre como o Agente Cultural deve proceder, faremos uso da “localização” estratégica desse elemento, que, segundo o autor:

[...] está no centro de um cruzamento ligando diversas figuras normalmente afastadas umas das outras: a arte, o artista, a coletividade, o indivíduo e os recursos econômicos (ou fontes financiadoras, como o Estado ou a iniciativa privada, que não produzem a cultura diretamente, mas detêm o poder de torná-la realidade) (COELHO, 2001, p. 67).

Em consequência dessa carga de atribuições, tratar da questão do projeto parece algo que ultrapassa os limites físicos desse indivíduo, que, no entanto, lançando mão de certa sensibilidade, disciplina e senso administrativo, poderá produzir um Projeto Cultural tanto bem elaborado quanto bem fundamentado.

Concentrando-nos, agora, na questão do projeto, parece-nos até contraditório abordá-lo enquanto subtópico – dado o valor que representa. No entanto, a ideia do projeto, ainda que sutilmente, perpassa todo o complexo de unidades desse trabalho, uma vez que os assuntos-temas dessas unidades são delineados como ações ou combustíveis para uma ação efetiva, “politicamente” estabelecida.

Falar em projeto é falar em ação planejada e, portanto, logicamente, falar em Projeto Cultural é falar em Ação Cultural planejada. Retomando Cerezuela (2015), todo projeto envolve o risco, uma vez que planejar algo significa estabelecer ações que visam ao cumprimento de objetivos futuros (sejam em curto, médio ou longo prazo), havendo, portanto, a possibilidade de interferências não pensadas e a alteração dos trajetos idealizados no momento de proposição.

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Todo bom projeto, nessas circunstâncias, prevê ações se baseando em um quadro contextual realista. Todo ótimo projeto é, nesse sentido, o projeto finalizado dentro do objetivo estabelecido no início e, etapa por etapa, construído, executado e realizado dentro de um período de tempo pré-estabelecido.

As etapas apresentadas por Cerezuela (2015) podem ser sintetizadas por duas dimensões básicas:

1) Planejamento/Formulação: propõe-se o que se pretender fazer e formaliza-se essa pretensão em um documento dirigido a uma avaliação interna ou externa.

2) Produção/Execução: sendo validado o projeto, parte-se para sua realização, cabendo também sua avaliação.

O autor detalha sua proposta de elaboração de Projetos Culturais nas seguintes fases:

• Bases conceituais: vetor composto das definições de finalidades do projeto, dinâmicas territoriais e setoriais, enquadramento por outras propostas, origens e antecedentes do projeto, análise interna da organização pela qual o projeto será gerido e diagnóstico.

• Definição: em que se verificam quais são os destinatários do projeto, os objetivos e as previsões de avaliação, os conteúdos, as estratégias e as atividades a serem contempladas, e o modelo de gestão a ser empregado na execução.

• Produção: em que se apresenta um planejamento da produção, sua estrutura organizacional e de recursos humanos, a forma de comunicação, os requisitos tanto técnicos quanto de infraestrutura, as questões jurídicas envolvidas e a forma de gestão econômica e financeira.

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Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá acompanhar as influências dos laços relacionais entre a biblioteca e as Políticas Culturais. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE

Uma questão intimamente relacionada à ideia de Política Cultural, conforme já salientado, é o de Política Pública, que, se comparada à primeira, pode levantar a seguinte distinção: uma Política Cultural não precisa ser necessariamente “planejada” pelo Estado, podendo ser elaborada por organizações de ordem civil, ao passo que uma Política Pública advém, teórica e praticamente, de uma iniciativa do Estado na ordem pública.

Nesses termos, mesmo que uma Política Pública envolva elementos da Sociedade Civil ou do Setor Privado – em papéis claramente definidos –, ela continua a ser uma ação política que tem no Estado seu agente deliberador, sendo necessário que sua iniciativa atenda aos interesses desses diversos públicos, ou que os reflexos de sua “intervenção” atinjam os objetivos e as classes que deles se abasteçam.

Já tocamos no ponto da grande diversidade de Identidades e Culturas no plano social contemporâneo, considerando, inclusive, o fenômeno da Globalização como um fator impactante na condução de Políticas Públicas Globais em detrimento de realidades locais. Neste subtópico, a questão a ser desenvolvida é a de que o uso de Políticas Culturais de Proximidade entre públicos diversificados é, essencialmente, uma questão política.

Guerreiro (2011, p 179) observa que:

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Refletir sobre o patrimônio simbólico de uma sociedade não é tarefa trivial. O conceito de cultura adotado por determinado governo na definição de uma política de Estado refletirá diferenciadamente na execução da política cultural a ser executada.

Isso nos conduz para outro componente inerente à Cultura, de grande impacto na proposição/execução de Políticas Culturais, a diversidade, pois, segundo Coelho (2011, p. 21), caminhar para a “diluição” das diferenças numa sociedade é descaracterizar a Cultura, “[...] que move o indivíduo, o grupo, para longe da indiferença, da indistinção [...]”.

Segundo Silva (2011, p. 95), os aspectos considerados relevantes para uma Política Cultural de Proximidade são aqueles:

[...] que procuravam dar conta de algumas facetas dos processos culturais locais, tais como: participação na vida cultural da comunidade; intercâmbio cultural; políticas com foco na cultura como direito; contribuição às políticas públicas; transversalidade da cultura; e gestão compartilhada.

Tais aspectos parecem fortalecer a noção de um movimento que solidifique o envolvimento orgânico dos indivíduos com seu meio, desenvolvendo a ideia de uma identidade multifacetada (capaz de se orientar tanto pelos estímulos exteriores ao seu espaço de articulação social quanto aos apelos de sua própria comunidade). Ou seja, o reconhecimento de uma Cultura Global não diminui o valor de uma Cultura Local, pelo contrário (e até contraditoriamente), fortalece a ambas.

Também se verifica uma ideia de responsabilidade mútua entre coletividade, Estado e Instituições envolvidas no processo de desenvolvimento dessa política, deslocando a tarefa do agente cultural para um patamar que Coelho (2001, p. 65) considera “coadjuvante”, pois caberia a esse agente “[...] reconhecer que na

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ação cultural seu objetivo não é criar diretamente, mas apenas criar as condições para que outros o façam.”

As leituras indicadas no Tópico 3.2 trazem aspectos relativos à questão das Políticas Culturais de Proximidade. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

Por último (mas não menos importante), nos deparamos com a questão do Consumo Cultural e sua relação com as Práticas Culturais. Aborda-se primeiramente o conceito de Consumo, no contexto da Cultura, pela concepção de Coelho (2001, p. 82), que considera o termo mais:

[...] apropriado para designar aquilo que ocorre numa sociedade alienada onde, por motivos fúteis e exteriores àqueles que assim procedem, coisas são compradas e “utilizadas” de um modo superficial.

Ele também orienta sobre a utilização do termo Uso, a ser empregado, segundo o autor:

“[...] quando o processo por ele coberto [...] [implique] a apropriação plena do bem pelo sujeito, na exploração de todo seu potencial, na integração entre bem e sujeito.” (COELHO, 2001, p. 82).

Cabe salientar que ambos os conceitos são abordados por Coelho (2001), no contexto de Ação Cultural, como resultantes desta, e, portanto, limitados a essa condição. Ou seja, o autor tenta ordenar um sentido menos “alienante” e mais “consciente”.

A repercussão desse controle terminológico provoca impacto relevante na forma com que se conduziria, inclusive,

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o processo de construção dessa Ação Cultural e dessa Política Cultural, pois, na proposta de Coelho (2001), o grau de envolvimento do indivíduo no processo de construção de uma Cultura própria – ou reconhecimento dos principais elementos que compõem essa Cultura – estaria relacionado com a condição de Ator Cultural (para distinguir do papel de Agente Cultural) ocupada pelo sujeito, grupo ou comunidade no centro da ação.

Trata-se de criar o maior número possível de oportunidades para que o maior número possível de interessados conheça a parte essencial da aventura cultural que é a criação, distanciada milhões de anos-luz da experiência passiva da contemplação, da recepção. (COELHO, 2001, p. 85)

A Prática Cultural, nesse sentido, deixa de ser uma palavra vazia, ou situada em fenômenos localizados – e engessados. Ela passa a ser uma realidade do próprio sujeito que a experimenta em toda a sua potencialidade – o que não implica, segundo o autor, a exclusão dos profissionais do sistema produtivo de consumo artístico, mas, sim, a inclusão do leigo como produtor também de sua realidade cultural.

As esferas de vida impactadas por essa Prática Cultural, enquanto resultado de uma Ação Cultural eficiente, são elencadas por Coelho (2001), e apresentadas aqui, sinteticamente como:

• Imaginação: esfera em que “[...] a consciência reflete sobre si mesma, inventa a si mesma, se abre para as possibilidades, libertando-se do ser e do dever ser para aceitar o desafio do poder ser [...]” (p. 93).

• Ação: esfera em que “[...] o sujeito, ativamente pronto, sem tensão ou distração, penetra no tempo presente e viabiliza aquilo que sua imaginação ‘pré-sentiu’, ‘pré-dispôs’ [...]” (p. 43).

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• Reflexão: esfera em que é permitido “[...] fazer a si mesmo uma proposta de continuidade de si próprio, de sua consciência e de sua ação, numa integração com o passado capaz de permitir-lhe o exercício teórico [...]” (p. 94).

Assim, a finalidade e os objetivos de uma Ação Cultural relativos a uma Cultura vivamente estabelecida se realizam pela manutenção desse fenômeno, sem, no entanto, tentar controlá-lo ou moldá-lo a partir de contingências próprias do Agente Cultural. A biblioteca se encerra nessa realidade pela própria missão de armazenar e distribuir conhecimento.

A prática cultural bibliotecária, seja esta representada pelo agente ou pela instituição, não deve ser confundida com a prática de sua comunidade, ou daqueles que nela buscam respostas (ou mais questionamentos) acerca de suas necessidades informacionais. Sua missão também não deve ser a de impor valores a bel-prazer, ela deve se conduzir de acordo com as necessidades de seus usuários, atendendo-os de maneira que estes mesmos obtenham os recursos informacionais de que estão necessitados.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3 para compreender um pouco a mais o tema do Consumo e das Práticas Culturais.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo

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(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Ação Cultural – Vídeos Complementares – Complementar 4.

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3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL

No tocante à realidade da biblioteca e à sua relação com a Política Cultural no Brasil, foram selecionados os seguintes textos, considerados auxiliares de uma visão mais abrangente do tema.

• ITAÚ CULTURAL. Políticas culturais, passado e presente: observatório (2016): episódio 6. Itaú Cultural. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=57WGVQAz0OY>. Acesso em: 26 ago. 2017.

• MACHADO, Elisa Campos; CALIL JUNIOR, Alberto; ACHILLES, Daniele. Mapeamento das políticas culturais nacionais voltadas para as bibliotecas públicas no Brasil. Questões em Rede. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 15., 2014, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2014, p. 2283-2301. Disponível em: <http://enancib2014.eci.ufmg.br/documentos/anais/anais-gt5>. Acesso em: 26 nov. 2017.

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• SOUZA, Alison Barbosa de; SILVEIRA, Fabrício José Nascimento da. Organização, cultura e políticas públicas: reflexões acerca da Biblioteca do Centro Cultural Vila Fátima. Políticas Culturais em Revista, v. 9, n. 1, 2016. Disponível em: <https://portalseer.ufba.br/index.php/pculturais/article/view/17297>. Acesso em: 26 ago. 2017.

3.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE

O conceito de Políticas Culturais de Proximidade é estabelecido a partir de uma série de iniciativas que ultrapassam a perspectiva de Política Pública, entrelaçando essa esfera do Estado a uma ideia de coletividade localizada.

Assim, selecionamos a seguir alguns autores que refletem sobre tais entrelaçamentos.

• BOLÁN, Eduardo Nivón. Políticas culturais locais: a experiência das cidades mexicanas, os institutos locais de cultura e as celebrações do bicentenário como tensão entre o local, o nacional e o global. In: Módulo 2: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-tMvcLI2Meg>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 5/6. 148 min.).

• DE LEÓN, Jorge Fernandez. Políticas culturais locais como motor do desenvolvimento: os processos de descentralização e a aplicação de políticas de proximidade. In: Módulo 1: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VBcD13Io0ME>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 5/6. 148 min.).

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• MATOSO, Rui. Que opções para uma política cultural transformadora? Revista Lusófona de Estudos Cultu-rais, v. 2, n. 2, 2014. Disponível em: <http://estudos-culturais.com/revistalusofona/index.php/rlec/article/view/116/112>. Acesso em: 26 ago. 2017.

3.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS

As ideias de Consumo e de Práticas Culturais são amplificadas pelas abordagens de Coelho (2001). Visando estabelecer uma contraposição eficiente, sem, necessariamente, ser contrária às ideias desse autor, sugerimos a leitura das obras abaixo relacionadas.

• CARASSO, Jean Gabriel. Ação cultural, ação artística: se há duas palavras... há duas coisas! Sala Preta, v. 12, n. 1, 2012. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57543/60579>. Acesso em: 26 ago. 2017.

• COELHO, José Teixeira. Cultura, sustentabilidade e re-configuração. In: Módulo 2: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Dispo-nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ad5--RvZvM7Y>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 1/6. 103 min.).

• SARAVIA, Enrique. Cultura e economia: encontros e con-flitos. In: Módulo 2: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=X4Adj0OU1cc>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 2/6. 116 min.).

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4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

1) Teixeira Coelho (2001) considera o Financiamento/Investimento na Ação Cultural: a) uma etapa essencial.b) uma etapa importante, mas não única.c) uma etapa desnecessária.d) uma situação de exploração.

2) Um bom Projeto é, na visão de Cerezuela (2015):a) algo bem embasado em sua finalidade e no contexto em que se insere.b) algo que compreende várias tentativas de conversão do entorno.c) algo que se prolonga por vários meses.d) algo continuamente modificado.

3) Qual a principal distinção entre Política Pública e Política Cultural?a) A primeira é proposta pelo Estado e a segunda, pela Cultura.b) A primeira é iniciada pela Sociedade Civil e a segunda, pelo Estado.c) Não há distinção, ambas são idênticas.d) A primeira é proposta pelo Estado e a segunda pode também ser

proposta pela Sociedade Civil.

4) Coelho (2001) apresenta três esferas da vida impactadas pela Prática Cultural: Imaginação, Ação e Reflexão. Baseados na descrição do autor, mas com suas próprias palavras, tentem descrever cada uma delas.

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:

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1) b.

2) a.

3) d.

4) Espera-se que sejam observadas as características essenciais dos con-ceitos a partir do que o autor descreve, que podem ser sintetizadas no desenvolvimento de: Imaginação, pela capacidade de criar condições de ação; Ação, pela capacidade de agir a partir das condições “imaginadas”; e Reflexão, pela capacidade de pensar a si mesmo e promover aprofunda-mento dessa capacidade.

5. CONSIDERAÇÕES

De uma maneira geral, esperamos que com este material você possa ter desenvolvido, tanto pela teoria quanto pela observação dessa teoria aplicada ao campo da Biblioteconomia, visões mais elaboradas do que vem a ser uma Ação Cultural, assim como dos elementos que compõem sua efetiva realização a partir de várias perspectivas.

Ao longo das unidades, foram destacadas perspectivas de ordem institucional, ordem sociológica e relacionadas à sociedade civil. Nessa lógica, foram discutidas questões que abordam o Financiamento ou o Investimento de origem estatal, as Políticas Culturais de Proximidade e as disparidades entre importantes conceitos, como Identidades Culturais, Comunidades e o Consumo e Produção da Cultura.

Essas dimensões não são, e não pretendem ser, uma “definição final” de tais questões, elas objetivam, apenas, servir de combustível para aprofundamentos que tendem a ser cada vez mais elaborados e, até mesmo, investigados empiricamente (no próprio exercício profissional). Uma disciplina como a nossa

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não nos parece reduzível a conceituações e observações das práticas teorizadas, exigindo, antes, que estas sejam aplicadas em situações reais, e administradas de maneira em que seja possível verificar quais as soluções e os aprendizados derivados dessa articulação entre o que se “sabe” e o que se apreende.

Assim, agradecemos o interesse por nossas proposições e pela seleção de autores (e ideias), dos quais nos sentimos porta-vozes. Sabemos que, às vezes, as exigências de nosso dia a dia nos impedem de dedicarmos o tempo necessário a algumas fases e etapas de nosso aprendizado. No entanto, como frisado anteriormente, nosso exercício profissional nos intimará a revisitar os textos ora apresentados, e aí, certamente, todos perceberemos que aprendemos mais do que achávamos ter aprendido.

6. E-REFERÊNCIASBOLÁN, E. N. Políticas culturais locais: a experiência das cidades mexicanas, os institutos locais de cultura e as celebrações do bicentenário como tensão entre o local, o nacional e o global. In: Módulo 2: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-tMvcLI2Meg>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 5/6. 148 min.).

CARASSO, Jean Gabriel. Ação cultural, ação artística: se há duas palavras... há duas coisas! Sala Preta, v. 12, n. 1, 2012. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57543/60579>. Acesso em: 26 ago. 2017.

COELHO, J. T. Cultura, sustentabilidade e reconfiguração. In: Módulo 2: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ad5-RvZvM7Y>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 1/6. 103 min.).

DE LEÓN, Jorge Fernandez. Políticas culturais locais como motor do desenvolvimento: os processos de descentralização e a aplicação de políticas de proximidade. In: Módulo 1: curso de especialização em gestão cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VBcD13Io0ME>. Acesso em: 26 ago. 2017. (Parte 5/6. 148 min.).

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GARCIA CANCLINI, N. Leitores, espectadores e internautas. Tradução de Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: <http://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

ITAÚ CULTURAL. Políticas culturais, passado e presente: observatório (2016): episódio 6. Itaú Cultural. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=57WGVQAz0OY>. Acesso em: 26 ago. 2017.

MACHADO, E. C.; CALIL JUNIOR, A.; ACHILLES, D. Mapeamento das políticas culturais nacionais voltadas para as bibliotecas públicas no Brasil. Questões em Rede. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 15., 2014, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2014, p. 2283-2301. Disponível em: <http://enancib2014.eci.ufmg.br/documentos/anais/anais-gt5>. Acesso em: 26 nov. 2017.

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