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ESPECIAL HUAMBO OS DESAFIOS DE UMA PROVÍNCIA EM CRESCIMENTO O programa de reconstrução das infra-estruturas e de estabilidade económica está a decorrer num bom ritmo // PÁGS. 20-27 Em cada 10 pedidos de crédito, apenas um é aprovado PR exonera vice-governador de Luanda Pugilato na Cadeia Central de Luanda fere 14 reclusos ECONOMIA. O BNA denunciou tais práticas como resultado da redução do créditos à economia, apelando, por isso, aos bancos a melhorarem os métodos de ava- liação contabilística dos seus clientes. // PÁG. 18 SOCIEDADE. A Polícia de Inter- venção Rápida foi chamada a intervir com explosivos e gás lacrimogéneo para travar os tumultos desta quarta-feira na unidade prisional da capital. // PÁG. 12 POLÍTICA. O Presidente da Repú- blica, exonerou ontem António Gomes Godinho de Resende do cargo de vice-governador da Província de Luanda para os Serviços Técnicos e Infra-Estru- turas. Na mesma data, o Chefe do Executivo nomeou para esse cargo Agostinho da Rocha Fer- nandes. // PÁG. 5 ‘TV Parlamento’ ainda sem data para o arranque // PÁGS. 4-5 Quintiliano dos Santos CULTURA. Paul G investigado por homicídio involuntário O processo surge na sequên- cia de um acidente de viação, que causou cinco mortos // PÁG. 41 300.00 Kwanzas // Sexta-feira, 1 Novembro 2013 // Ano XVI // Número 846-4 // Director: Ramiro Aleixo www.agora.co.ao Tom Carlos CABINDA: SEGUNDO A FLEC O CONFLITO PODIA TER SIDO EVITADO EM 1975 // PÁG. 6

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Informações sobre Angola no geral.

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ESPECIAL HUAMBO OS DESAFIOS DE UMA PROVÍNCIA EM CRESCIMENTO O programa de reconstrução das infra-estruturas e de estabilidade económica está a decorrer num bom ritmo // PÁGS. 20-27

Em cada 10 pedidos de crédito, apenas um é aprovado

PR exonera vice-governador de Luanda

Pugilato na Cadeia Central de Luanda fere 14 reclusos

ECONOMIA. O BNA denunciou tais práticas como resultado da redução do créditos à economia, apelando, por isso, aos bancos a melhorarem os métodos de ava-liação contabilística dos seus clientes. // PÁG. 18

SOCIEDADE. A Polícia de Inter-venção Rápida foi chamada a intervir com explosivos e gás lacrimogéneo para travar os tumultos desta quarta-feira na unidade prisional da capital. // PÁG. 12

POLÍTICA. O Presidente da Repú-blica, exonerou ontem António Gomes Godinho de Resende do cargo de vice-governador da Província de Luanda para os Serviços Técnicos e Infra-Estru-turas. Na mesma data, o Chefe do Executivo nomeou para esse cargo Agostinho da Rocha Fer-nandes. // PÁG. 5

‘TV Parlamento’ ainda sem data para o arranque /// PÁGS. 4-5

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s

CULTURA. Paul G investigado por homicídio involuntário O processo surge na sequên-cia de um acidente de viação, que causou cinco mortos

// PÁG. 41

300.00 Kwanzas // Sexta-feira, 1 Novembro 2013 // Ano XVI // Número 846-4 // Director: Ramiro Aleixo

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CABINDA: SEGUNDO A FLEC O CONFLITO PODIA TER SIDO EVITADO EM 1975 /// PÁG. 6

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ADestaque

EDITORIAL

Afinal, nacionais e estrangeiras (incluindo brasileiras) as prostitutas (unidas) estão em todos os cantos, e todos fingimos que não as vemos

De cabala em cabala lá vamos cantando e rindo

Ramiro Aleixo [email protected]

// Relações Angola -

De repente, o mundo descobriu que os angolanos inventaram a prostituição, que são os maiores prostitutos do mundo e que as prostitutas brasileiras, são as mulheres mais sérias (ingénuas) do planeta. E uma vez mais, andamos pela boca de todos os puritanos do Universo, porque ao contrário dos empresários brasileiros, americanos, ingle-ses, franceses, portugueses, chi-neses, tailandeses, espanhóis, italianos, russos e... envolvidos nas mais diferentes vertentes do negócio do sexo (desde os ins-trumentos, sexo ao vivo, sites aos filmes), os nossos empresá-rios, ou como foram apelidados, ‘traficantes’, são os maiores otá-rios do mundo pois em vez de as explorarem, tornam as prostitu-tas (brasileiras) em mulheres ricas, com ofertas que vão dos 10 aos 100 mil dólares. Não tem sido essa a prática no negócio da prostituição, por-que quem trafica prostitutas tem como principal objectivo ganhar e não perder dinheiro. Contudo, também não é falso que existem ‘proletárias de sexo’ em Angola. Afinal, desfi-lam seminuas e oferecidas no nosso carnaval em plena Mar-ginal e em festas abertas ou fechadas, de forma atentatória contra os nossos hábitos, costu-mes e cultura, ferindo inclusive a nossa sensibilidade. Andam soltas pelos hotéis, casas noc-turnas e mansões, em aviões de ligação regular entre pro-víncias, fazem compras de arti-gos de luxo e de repente, alguém muito iluminado apa-rece a denunciar a existência de uma suposta rede de tráfico de mulheres do Brasil para África do Sul, Portugal, Angola e Áustria, chefiada por um general angolano. Logo na primeira linha da notícia divulgada por um canal televisivo brasileiro, é fácil per-ceber que, por detrás pode existir uma grande ‘maracu-

taia’, como eles dizem. Pare-ceu-nos mais uma daquelas, que tinha (ou tem?), um propó-sito dirigido, que também está patente. Basta analisar o início do primeiro parágrafo: “A Polí-cia Federal acusa um parente do presidente de Angola...” e só depois, no fim, é citado o nome do acusado. Quem pelas mais variadas razões vai ao Brasil, sabe que não é assim tão difícil encon-trar uma prostituta. E, há várias décadas que milhares delas se fazem ao mundo em busca de sobrevivência, e que uma parte considerável acaba nas ruas ou em clubes noctur-nos, ou em agências que as uti-lizam de forma mais selecta. E Angola com o seu boom econó-mico não podia constituir excepção na rota, pelas razões apetecíveis que são conhecidas. Por acaso há da parte da socie-dade e da Polícia Federal brasi-leiras, desconhecimento dessa realidade social, retratada inclusive em novelas, produto que se tornou numa das princi-pais bandeiras do Brasil? Não sendo nossa pretensão colocar no mesmo baú prosti-tutas e milhares de mulheres sérias do Brasil, país irmão, não passa no entanto desper-cebido, que este caso tem uma certa semelhança à muitas outras encomendas feitas, qua-se sempre, em momentos deli-cados do nosso processo políti-co e de reconstrução. Obvia-mente, pode ser enquadrado noutra vertente: o de atingir a imagem de Angola, dos seus dirigentes e abrir mais uma brecha na relação com outro parceiro lusófono. Porquê só agora? Porque havia que espe-rar pelo momento certo... E o momento foi este! Contudo, este caso também deve servir de alerta à navega-ção, para a necessidade de se observar maior rigor na fiscali-dade do que todos fazemos, porque em primeiríssima ins-tância, está a obrigatoriedade do respeito da imagem do país. E nisso, o Ministério do Inte-rior tem profundas responsabi-lidades. Afinal, nacionais e estrangeiras (incluindo brasi-leiras) as prostitutas (unidas) estão em todos os cantos, e todos fingimos que não as vemos.

7.ª Bienal Internacional de São Tomé e Príncipe une dois países e povosNuma parceria entre as fundações Sindika Dokolo, Roça Mundo de João Carlos Silva e a de Carlos Delfim Neves (Ito), as relações Angola - São Tomé conhecem um novo ciclo que ultrapassa quizílias políticas de um período de curtos-circuitos, que ambos os lados não pretendem que volte a ensombrar essa ligação

A aeronave da TAAG levantou voo e nem sequer deu tempo para tirar um cochilho e... pumbas! Aterrou em São Tomé e Príncipe. Fazia mais de duas décadas que não visitava esse país, e por isso estava esque-cido que ele fica já aqui mesmo ao

taforma de cooperação com duas fundações locais, a Roça Mundo e de Carlos Delfim Neves (filho) para produção da 7.ª Bienal Internacio-nal de São Tomé e Príncipe, que apesar de ter abertura oficial ape-nas a 30 de Novembro (até 28 de Fevereiro), já iniciou com um ciclo de conferências e várias aborda-gens artísticas e músico-culturais.

lado, a apenas uma hora e quaren-ta e cinco minutos de voo.

Desta vez acompanho uma dele-gação cultural de mwangolês, que, ao abrigo de uma parceria (que não é estratégica mas sim irmanada de laços consanguíneos) está a ser cimentada entre os dois países e povos, por via da Fundação Sindika Dokolo. Foi estabelecida uma pla-

RAMIRO ALEIXO [email protected]

Fernando Alvim, durante um concerto animado pelo trio Sanga, Irina Vasconcelos, João Guia e Haylton

1 Novembro 20132 a

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São Tomé e Príncipe

O aeroporto de São Tomé é um edifício de pequenas dimensões, e está a ser alvo de profundas obras de modernização e apetrechamen-to, financiadas pela nossa petrolífe-ra nacional a Sonangol. A pista de aterragem tem novo pavimento, está balizada e já permite opera-ções nocturnas, componente impor-tante que poderá beneficiar o fomen-to do turismo, quando esta verten-te for convenientemente explorada pelos santomenses. Infelizmente, ainda não é por razões políticas e não propriamente de carácter eco-nómico ou de potencial. O país é por si só belo!

Do lado de fora de uma rede metá-lica de protecção fixada muito próxi-ma da área de desembarque, várias dezenas de pessoas observam a che-gada dos passageiros, angolanos, san-tomenses e europeus alguns deles portadores de encomendas, cartas ou contribuições financeiras de fami-liares residentes em Angola. E cum-pridas as formalidades migratórias, somos recebidos estreitados por for-te abraço de João Carlos Silva, presi-dente da bienal e o promotor cultu-

ral santomense mais conhecido fora das fronteiras locais, por outro Car-los (Delfim Neves, filho), vice-presi-dente e pelo produtor executivo, o artista plástico mwangolé Fernando Alvim, que representa a Fundação Sindika Dokolo. E é sobre essa figu-ra que me detenho, porque a única oportunidade que tive até hoje para estar próximo dela, foi por via da tele-visão. Confesso que nutro por ele grande respeito e admiração e embo-ra mais alto e mais forte, senti-me pequeno diante da sua entrega volun-tária, do seu profundo conhecimen-to do mundo das artes. Numa voz meia rouca, dá-me as boas vindas e na maior simplicidade, mesmo com os meus protestos, transporta a minha mala para o interior da sua viatura.

Na minha mente, tendo em conta alguma parecença (embora ele não seja propriamente careca), viaja para a imagem de dois colossos revolucio-nários, um dos quais muito querido entre nós: o falecido poeta António Jacinto, meu conterrâneo, nascido no Kwanza Norte e natural de Golun-go Alto, e Vladmir Ilitch Ulianov ‘Leni-ne’, esse lá das terras geladas do fim

do mundo, em Simbrisk, na Rússia. Mas, logo percebo que esse ‘meu Leni-ne’ angolano, tem ideias muito suas, de patriotismo particularmente, que abordamos posteriormente numa suculenta entrevista, que a seu tem-po será aqui publicada.

INTERCÂMBIO CULTURAL. Ao abrigo de laços históricos seculares e num quadro completamente diferente de cooperação e não de subordina-ção, a Fundação Sindika Dokolo e parceiros locais, com uma frente dirigida por Fernando Alvim, sub-divide-se entre Luanda e São Tomé na implementação de um projecto que consumirá um orçamento de mais de 300 mil dólares. A primei-ra grande intervenção está a decor-rer num amplo pavilhão que foi ofi-cina central dos caminhos-de-fer-ro. Está a ser transformado num amplo e moderno espaço para expo-sição de artes visuais, no interior da CACAU (Casa das Artes, Criação, Ambiente e Utopias) gerido por João Carlos Silva, da Fundação Roça Mundo. Mas outra galeria está qua-se concluída, propriedade do jovem Carlos Delfim Neves que também criou a sua própria fundação. A área de exposições da bienal estender-se-á também pelo majestoso hall do Palácio dos Congressos.

Enquanto isso, arrancou o intercâm-bio entre Angola, São Tomé e o mun-do, no domínio musical. Na ala de concertos da CACAU, com capacida-de para mais de 100 pessoas, comple-tamente restaurada também com a intervenção da Fundação Sindika Dokolo, já interagiram músicos locais de referência como Haylton Dias, Yan-nick Delass, Guilherme Carvalho e Nezó (de São Tomé), com Lokua Kan-za (Congo), José Kafala e Irina Vas-concelos (Angola). E foi nesse quadro que com o Sanga Trio (integrado por Pop Show, Sheriff e o percussionista Gato do grupo Afro Sound Star) acom-panhados pelo saxofonista João Guia e por Irina Vasconcelos (pela segun-da vez) viajei nesse mundo que não é bem o meu, mas não tenho dúvidas, representa a complementaridade da outra parte que gostaria de ser.

Nessa viagem que será retratada ao longo de várias edições com depoi-mentos de várias entidades, incluin-do do Presidente da República, per-cebe-se que São Tomé é um pouco de todos os países africanos de expres-são portuguesa e não só. As ilhas não eram habitadas e não se sabe quem chegou primeiro: se os angolanos (angolares) que já dominavam téc-nicas de navegação, se os cabo-ver-dianos, se os portugueses que depois transformaram a ilha num interpos-to comercial de escravos que eram comercializados nas Américas ou

na Europa. O que se tem a certeza mesmo, é que hoje ninguém pode mais desligar esse link que nos une, e mais do que discutir as origens de cada um, o melhor é olharmos para frente e construirmos numa base de fraternidade, de solidariedade e com-plementaridade, uma relação nova onde nenhuma das partes se vê como ‘subalternizada’ por outra.

Se no domínio político e económi-co aos longo dos últimos 23 anos, por instabilidade política em São Tomé, a ligação entre os dois países foi marcada por curtos-circuitos de influências externas e não por inte-resses recíprocos, hoje a visão é outra. Os políticos santomenses já falam na necessidade de um pacto inter-no que, independentemente de quem estiver no poder, não afecte a imple-mentação de programas e projectos de desenvolvimento e respeite par-cerias. E têm consciência que Ango-la pode ser de extrema importância, a julgar até pelo que já tem feito e não tem cobrado.

Nessa nova visão de convivência entre os dois Estados e povos, o intercâmbio cultural, por via das três fundações, começou já a que-brar barreiras e a ‘subir montanhas’, procurando rumos para outros hori-zontes já traçados pela Fundação Sindika Dokolo, num ‘Circuito de Projectos Culturais’ na África Aus-tral que tem a sigla de Transit Aus-tral, que iniciará em Luanda, segui-rá do por São Tomé, rumará para Maputo e passará pelas terras de Madiba, em Joanesburgo. Mas a perspectiva é ir mais longe, à bor-do de outro Circuito Transatlânti-co que tocará também as cidades de Lisboa, Porto, Madrid, Tenerife, Marraquexe, Praia, Dakar e Lagos.

É o recomeço. Ou como recriou no seu imaginário poético São de Deus Lima, da ‘jovem’ guarda que bebeu da seiva de uma frondosa árvore bap-tizada com o nome de Alda do Espí-rito Santo, “... queremos globalizar as desavindas parcelas dos nossos sonhos e anseios, cicatrizar as nos-sas lacerações, viajar ao outro extre-mo da terra na moldura de um peque-no ecrã, conhecer os enigmas da tri-bo azul, entender a linguagem dos cometas, regressando sempre ao coração da casa que é nossa”.

De facto, também precisamos de ir a São Tomé para perceber que todos nós africanos temos um pou-co de todos nós. Provavelmente, não é por mero acaso que São Tomé e Príncipe foi esculpida no Golfe da Guiné, com uma configuração geo-gráfica muito semelhante a um umbigo, no ventre de uma fecunda África que em boa parte ainda está por descobrir. A começar pelos seus próprios filhos.

Os números atestam o seu alcance e visão

4 espaços 2.500 m2 de área 2.000 m2 de expositores 90 dias 200 obras de arte 100 artistas 144 concertos 100 músicos 36 conferências 108 oradores (72 horas) 4.320 horas de trabalho 270 dias de preparação 30.000 visitantes 10.000 estudantes ARTISTAS Andy Warhol, Hank Thomas Willis (EUA), Bernie Searle, David Goldblatt (África do Sul), Binelde Hiyrcan, Edson Chagas, Ihosvanny, Kiluanji Kia Henda, (Angola), Eduardo Malé, Kwane Sousa (S. Tomé), Inês Gonçalves (Portugal), Samuel Fosso (Camarões) Zoulikha Bouabdellah (Argélia) que continuaremos a referenciar nas nossas próximas edições.

7ª Bienal

Na próxima edição

Abriu o país para a democracia, concorreu e perdeu as eleições. Regressou 20 anos depois sem o suporte do MLSTP. Nesse período, o país conheceu três presidentes, 16 primeiros-ministros e viveu períodos de instabilidade política que ainda não foram vencidos. Na próxima edição, leia a entrevista que nos concedeu.

Pinto da Costa

1 Novembro 2013 3a

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GPaís

// Política Nacional

A designada TV Parlamento devia entrar em funcionamento após a tomada de pos-se dos deputados, no ano passado, depois das eleições gerais vencidas pelo MPLA. Fonte da administração da Assembleia Nacio-nal (AN) disse ao Agora que trata-se de equi-pamentos de última geração que, além de televisão, também podem ser utilizados para a emissão do sinal de rádio.

“Houve muito esforço para que os equi-pamentos chegassem ao país e fossem mon-tados. Porém, não sabemos porque razão não estão a servir os objectivos para os quais foram comprados. Esta é uma questão que cabe aos políticos resolver”, referiu a fon-te, recusando-se a entrar em detalhes quan-to aos custos envolvidos na sua aquisição.

Sabe-se no entanto que trata-se de uma

JÚLIO GOMES [email protected]

Debates. TV Parlamento

atirada às ‘calendas gregas’

tecnologia avançada que reedita a que está em serviço na Assembleia da República em Portugal.

Um deputado do MPLA abordado sobre o assunto, ‘esquivou’, aconselhando-nos falar com as pessoas que directamente estiveram ligadas ao processo de compra e instalação das máquinas de alta resolu-ção, ou ainda ao Gabinete de Comunica-ção Constitucional da AN, que também nada avançou.

Todavia, o mesmo parlamentar do ‘maio-ritário’ deixou escapar que “os equipamen-tos estão operacionais e foram testados recentemente por altura do discurso à nação do Presidente da República”.

Académicos ouvidos por este jornal lamen-taram o facto de não serem transmitidos os debates na ‘Casa das Leis’, referindo que “isto deixa um vazio, no processo democrá-tico e fere os postulados da Constituição”.

“O MPLA tem medo que o povo se aper-ceba que a sua maioria parlamentar é uma companhia de charlatões e sonolentos, ape-nas interessados em si mesmos e que valo-rizam mais o basquet, maratonas e os con-cursos de miss. Alvo vai mal em Angola”, disse o professor universitário Pedro Kan-gombe.

Para o politólogo Mariano Vicente (nome fictício), o facto dos debates no Parlamen-to ficarem apenas lá dentro e não serem levados ao conhecimento geral dos cida-dãos representa um atropelo na grande batalha da pacificação do país rumo à democracia. PARECER DA UNITA. O que falta para serem transmitidos os debates na Assembleia Nacional? Para a resposta, o presidente da bancada parlamentar da UNITA, recorreu à Constituição, que “no seu artigo 44 con-

sagra a liberdade de imprensa sem censu-ra prévia de natureza política, ideológica ou artística”. Logo, diz Raul Danda, os órgãos de comunicação social públicos, nomeada-mente TPA, RNA, Angop e o Jornal de Ango-la têm sido impedidos de exercer o seu papel em beneficio do cidadão.

“Os órgãos de comunicação social do Estado sofrem censura prévia, por razões políticas e os deputados não conseguem dar a conhecer ao povo angolano as deci-sões que tomam, o que é lamentável”, reforçou.

Segundo Raul Danda, cabe ao Estado, o dever de criar condições políticas e outras para garantir a efectivação da protecção dos direitos fundamentais dos cidadãos. “O Estado, infelizmente, não cumpre com o seu papel em clara violação da Constitui-ção”, sublinhou, avançando mais: “O gru-po parlamentar da UNITA vai exigir que a

Os equipamentos para a transmissão dos debates na Assembleia Nacional foram adquiridos antes das eleições do ano passado, mas não estão a ser usados

O arranque da transmissão das discussões da AN não tem data marcada

1 Novembro 20134 a

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bleia Nacional, passando a informação plu-ral a que a Constituição obriga”.

UMA INQUIETAÇÃO GENERALIZADA. Manuel Fernandes, um dos vice-presidentes da CASA-CE classificou como “uma inquie-tação generalizada”, que “subscreve a fal-ta de vontade política do MPLA em fazer com que o direito de transmissão seja uma realidade”.

O político não vê motivos que impeçam a transmissão pública das discussões parla-mentares, “quando se dá primazia às emis-sões em directo de concursos de kuduro, miss, dança ou mesmo de futebol que em muitos casos nada representam para a nos-sa vida”.

A CASA-CE, de acordo com Manuel Fer-nandes, vai procurar saber no Parlamento quanto custaram e porquê que os equipa-mentos não estão a ser usados. “Ou se abre

o canal Parlamento, ou um espaço na TPA para a transmissão dos debates”, concluiu.

VISÃO DO PRS. O Partido de Renovação Social (PRS) entende que os debates na AN só não são transmidos por falta de vontade política.

O secterário nacional da juventude do PRS, Júbilo António diz que o problema não está no factor material nem humano, mas sim na abertura política do partido no poder.

Na óptica do líder da JURS, o MPLA impe-de a transmissão das discussões do Parla-mento para evitar que a populaçãoo saiba a quantas andamos em termos de transpa-rência da acção governativa.

A atitude do regime, diz Júbilo, apenas reforça a ditadura e esvazia a democracia.

“Os deputados do PRS e de outras forças políticas da oposição têm sido contudentes na interpelação aos membros do Execuiti-vo. Isto incomoda quem governa”, concluiu.

Os equipamentos há muito chegaram ao país. Foram

montados e apenas ensaiados por altura do

discurso do Presidente da República à nação

A tecnologia reedita a que está ao serviço da

Assembleia da República em Portugal

QUINTILIANO DOS SANTOS

TV e a Rádio Parlamento emitam porque as condições há muito estão criadas. Vamos exigir que a TPA e a RNA na sua grelha de programas incluam os debates na Assem-

PR mexe no Governo de Luanda

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, criou uma comissão técnica interministerial com o objectivo de estabelecer uma norma angolana sobre a segu-rança, que implemente um siste-ma de protecção efectiva contra raios provenientes de descargas atmosféricas.

No Despacho Presidencial, divul-gado ontem, pode ler-se que tal nor-ma se impõe porque existem em Angola zonas de exposição activa de descargas eléctricas que têm pro-vocado vítimas mortais, bem como a destruição de equipamentos eco-nómicos e sociais e outros bens materiais.

A comissão ora criada é coorde-nada pelo Ministro de Energia e Águas e integra os secretários de Estado da Energia, das Telecomu-nicações, da Administração do Ter-ritório, da Indústria, da Agricultu-ra, da Construção, da Habitação e Urbanismo, da Educação, da Saú-de e do Ambiente.

Noutro despacho o PR exonerou ontem António Gomes Godinho de Resende do cargo de vice-governa-dor da Província de Luanda para os Serviços Técnicos e Infra-Estru-turas e nomeou para esse cargo Agostinho da Rocha Fernandes.

João Baptista Borges, Ministro de Energia e Águas

1 Novembro 2013 5a

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G País // Política Nacional

TC diz sim à fiscalização e não a interpelações

O acórdão de 9 de Outubro do Tribunal Constitucional permite que os deputados fiscalizem as acções do Executivo mas sujeita as interpelações aos ministros a uma prévia autorização do Presidente da República

O assunto está a dividir a comuni-dade política da praça. Se para o MPLA, partido vencedor das elei-ções de 2012, o acórdão reflecte o preceituado na Constituição, tal como afirmou em conferência de impren-sa a deputada Guilhermina Prata da bancada do ‘maioritário’, para a opo-sição a decisão do TC representa uma grave regressão da democra-cia para o sentido totalitário.

“Se não podemos fiscalizar as acções do Executivo, então o que estaremos a fazer no Parlamento?”, questionou o deputado Alcides Sakala da ban-cada parlamentar da UNITA, para quem a decisão do TC é uma forma de evitar que sejam descobertos escândalos que envolvam o titular do poder Executivo.

Avançou ainda que, ao mesmo tempo que a decisão do TC belisca a democracia representativa, ele-va a figura do ministro acima da do deputado. “É grave”, criticou o deputado.

O político lembra que nas demo-cracias representativas os ministros nunca se podem posicionar acima dos deputados, porque estes são elei-tos pelo voto directo do povo, enquan-to os ministros são indicados pelo deputado cooptado para dirigir um órgão unipessoal do Estado que é a Presidência da República.

FLEC. Conflito em Cabinda teria sido evitado em 1975

De acordo com o actual homem de ligação entre a organização e as entidades políticas nacionais e estrangeiras, “o conflito que des-de a Independência, em 1975, continua a asso-lar o território de Cabinda é uma consequên-cia do descaso das autoridades portuguesas, por não terem assumido a responsabilidade de devolver o enclave aos seus filhos”.

“Os portugueses deram Cabinda e o seu povo de ‘bandeja’ às novas autoridades angolanas, que, por seu turno, têm dificuldades em enta-bular conversações sérias à volta do assunto, devido ao facto de o país ser alimentado prin-cipalmente pelo petróleo extraído no territó-rio ‘cabindês’. “Não fosse esse terrível erro de Portugal, caberia ao povo de Cabinda escolher em referendo se pretendiam a Independência ou a anexação a Angola, ou ainda outro trata-mento como é o caso dos Açores, que goza de autonomia em Portugal. Mas como isso não

O antigo homem dos Serviços de Inteligência da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) disse ao Agora que a continuação o conflito militar em Cabinda não teria lugar se Portugal tivesse devolvido o território aos seus legítimos donos

Fotografia aérea da cidade de Cabinda DR

uma única direcção que poderá ser do cha-mado Conselho Revolucionário Unido, que funcionará sob liderança da juventude com a assessoria e a sabedoria dos mais velhos.

Calabube Victor Gomes (CVG), fez questão de revelar um dos modos ‘operandis’ da orga-nização, sublinhando que o Executivo, atra-vés das Forças Armadas, nunca conseguirá acabar com a FLEC, devido a facto de ela exis-tir até ao mais alto nível da governação e na função pública, em toda a extensão do terri-tório angolano.

“Se as Forças Armadas e os Serviços de Segu-rança pretendem acabar com a FLEC, então têm de matar todos os ‘cabindas’, a partir daque-les que estão na função pública e das figuras próximas ao Presidente da República, desde que sejam naturais de Cabinda. De outro modo

ERENEU MÁQUINA [email protected]

“A FLEC nunca acabará porque transcende a

dimensão política e passou a ser

uma questão cultural”

foi feito desde 1975 até aos dias de hoje, o san-gue dos cabindas nunca parou de verter e Por-tugal é o principal culpado”, desabafou.

Indagado sobre se depois da assinatura dos acordos do Namibe – entre o Executivo angola-no e o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), representado pelo actual Secretário de Estado para os Direitos Humanos, António Bento Bem-be – existem mesmo forças militarizadas da FLEC, e qual é a base logística em víveres e arma-mento, o ex-homem da secreta da FLEC disse não haver bases militares da organização.

“Se for a Cabinda e percorrer as suas den-sas florestas não verá nenhuma base da FLEC, mas o que posso assegurar é que a FLEC exis-te, está nesta altura a operar reformas, de modo a que seja a juventude a tomar as rédeas da organização, no sentido de que a luta seja somente política e diplomática”, disse, acres-centando que o primeiro passo que está a ser dado é a procura de convergências de todos os movimentos e sectores vivos da comunida-de de Cabinda, de modo a que haja apenas

DR

Deputada Guilhermina Prata, explica o alcance do acórdão

1 Novembro 20136 a

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Xinguilamento da semana

REACÇÃO APÓS CRENTES DA SEITA “ARCA DE NOÉ” TEREM PROFANADO A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA MUXIMA,

NO DOMINGO, DIA 27 *Xinguilamento: entrar em transe (palavra do kimbundo)

Joaquim Ferreira Lopes Bispo da Diocese de Viana

“Trata-se de um grupo de iconoclastas, não sei

energúmenos! (...) Houve a vandalização

da Nossa Senhora da Muxima e outras imagens. O que deve

haver são sentimentos sectários. Pelo local que

escolheram vê-se bem que queriam atingir

a alma angolana”

não será possível”, avançou, sublinhando que os tempos exigem outros modos de actuação. “São pessoas que estão sentadas num bar ou numa tasca qualquer, depois da habitual jor-nada de trabalho. Planificam acções políticas, escolhem o local, a data e, no dia combinado, fazem a acção e regressam para, no dia seguin-te, irem à sua lida normal”, revelou.

“Que matem o Bento Bembe, o Raul Danda, o Zau Puna, Tony da Costa Fernandes, e todos os outros naturais de Cabinda e que exercem importantes cargos no país; que matem, enfim, o próprio povo, só assim acabará. Fora disso, ela nunca acabará porque a FLEC transcen-de a dimensão política e passou a ser uma questão cultural que se enraizou nos corações de todas as pessoas de Cabinda”, asseverou.

CRISPAÇÕES ANGOLA/CONGO. Para este res-ponsável da FLEC, as crispações dos dois Estados estão praticamente sem ‘paternida-de’. Brazaville acusa as FAA de incursão no seu território e captura de 46 militares seus, Luanda diz que trata-se de evitar uma tenta-tiva de ocupação de parte do seu território pelas Forças congolesas, que entraram e cons-truíram três cabanas com cobertura de cha-pas na região de Kitembo. Nesse clima de insegurança, a governadora de Cabinda, Aldi-na da Lomba, anunciou, sem avançar datas, que, haverá um encontro de concertação entre os dois Estados, estando criada uma comissão para o efeito.

A FLEC reafirma que o Executivo angola-no mentiu ao declarar que a tropa angolana nunca esteve em território congolês. “Tenho informações concretas sobre o assunto, esti-ve com as pessoas que tinham sido persegui-das, embora não haja elementos ligados à minha organização”, disse, acrescentando que da zona onde as FAA partiram até onde entraram em choque com a tropa congolesa distam cerca de 160 Kms”.

Embora o encontro entre Luanda e Brazza-ville ainda não tenha data, fonte próxima ao Ministério das Relações Exteriores (MIREX) defende que haverá mesmo necessidade de contactos com as autoridades congolesas, por-que a zona onde os militares congoleses tinham montado o posto avançado, em Kitembo, está a ser disputada pelas duas partes, com prin-cipal realce para o Congo, que evoca a Carta da Conferência de Berlim, com base na qual foram traçadas as actuais fronteiras.

Refira-se que na semana passada Mário Augusto, porta-voz do MIREX, e o embaixa-dor de Angola no Congo, Pedro Mavunza, exi-giram provas do que sucedeu no passado dia 14 de Outubro.

Por seu turno, uma fonte afecta à embaixa-da da República do Congo reafirmou que o seu território foi violado. Porém, segundo dis-se, o incidente não é suficientemente idóneo para beliscar as relações entre os dois Esta-dos. “Tratou-se apenas de um incidente que a seu nível está a ser resolvido, não sendo rele-vante o suficiente para afectar as relações bila-terais entre os Estados”, disse ao Agora, na segunda-feira, um funcionário da embaixada da República do Congo, que optou por não se identificar por não estar autorizado a prestar declarações à imprensa.

PR pode mediar conflito na RDC

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, está a ser sondado pelas Nações Unidas para mediar o conflito na RDC

De acordo com dados em posse do Agora, o nome de José Eduardo dos Santos poderá ser anunciado na cimeira de líderes africanos, que se realiza na próxima segunda-feira, dia 4, na África do Sul.

“Durante o evento serão discuti-dos, entre outros, os assuntos rela-cionados com o prolongamento dos conflitos na região dos Grande Lagos, com particular realce para a guer-ra na RDC”, antecipou a subsecre-tária da ONU, Mary Robinson que esteve em Luanda no princípio des-ta semana.

Segundo a diplomata, a escolha do Chefe de Estado angolano prende-se com a sua influência na região aus-tral de África. “Tenho estado a visi-tar muitos Chefes de Estado em Áfri-ca, mas a escolha do Presidente José Eduardo dos Santos tem que ver com a influência de que ele goza na região”, esclareceu.

No final da audiência que lhe foi concedida pelo PR, Mary Robinson manifestou-se satisfeita e declarou que conta com os préstimos do Che-fe de Estado.

Refira-se que Angola está prestes a assumir a presidência da Confe-rência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), em substituição do Uganda.

A decisão surgiu na 6.ª Cimeira Extraordinária de Chefes de Esta-do e de Governo da CIRGL, realiza-da em Nairobi.

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Saneamento. Degradação das estradas preocupa populares

O que provoca a degradação das estradas em Luanda? Quem responde pela sua reabilita-ção? Que impacto tem o estado das vias na vida das pessoas? O lixo e as águas estagna-das constituem perigo à saúde pública?

Este semanário saiu em reportagem, para constatar o que se passa em algumas vias da capital do país, na medida em que, cerca de metade das estradas principais, secundárias e terciárias “estão afectadas pela deficitária rede de esgotos devido a sobrelotação da cidade” revelou a este semanário, Torres Bunga, direc-tor provincial das Obras Públicas de Luanda.

O problema das vias radica em questões de infra-estruturas; de coordenação multissec-torial entre as instituições como o Governo Provincial e o Ministério da Construção; na sensibilização aos populares no sentido de não deitarem água nas vias e também na von-tade política, alegou o cidadão Tito Santos, morador do município do Cazenga.

Aquele ex-militar das Forças Armadas Ango-lanas (FAA) está insatisfeito com a Compa-nhia União de Cervejas de Angola (CUCA). “O problema está na origem, lá dentro. A empresa cervejeira tem produzido muita água em virtude dos seus serviços. Penso que deviam criar um sistema de drenagem com manilha para que os excedentes possam

Várias estradas estão a ser recuperadas na capital do país no quadro do Programa de Construção, Reabilitação e Manutenção das Vias de Luanda, no entanto, o processo em algumas artérias segue ‘tímido’ com buracos e águas estagnadas à mistura

RÚBIO PRAIA (TEXTO) [email protected] TOM CARLOS (Fotos)

desembocar na vala do Suroca”. A situação nesta parcela da avenida Ngola

Kiluange, vulgo estrada da Cuca, “não vai melhorar nem que chamem a melhor empre-sa de construção e reabilitem cinco, 10, 15, 100 vezes”, alegou.

Apela por isso às entidades competentes no sentido de proceder a manutenção do esgoto que foi construído debaixo do passeio entre as duas faixas de rodagem daquele troço. “Ali escor-re água para a estrada dia e noite”, advertiu.

Os populares daquela zona queixam-se da recolha de lixo ineficiente, do trânsito caóti-co, mas alguns populares ouvidos pelo Ago-ra entendem que a situação tem vindo a melhorar. “Já corre água nas torneiras, por outra, o engarrafamento está aqui mesmo ao pé da linha férrea,”, salientou o indivíduo que reside há três anos naquelas imediações.

Recorde-se que esta tem via uma extensão de mais de 10 quilómetros contados a partir do Cine São Paulo, no distrito do Sambizan-ga até as imediações da moagem do Kicolo, no município de Cacuaco.

A RONDA CONTINUA. A nossa equipa reporta-gem não se confinou a radiografar a aveni-da Ngola Kiluange, apesar de ser uma zona que abarca três localidades distintas. Para quem sai do Cine São Paulo sentido Luanda – Cacuaco, antes da linha férrea está à esquer-da o distrito do Sambizanga, à direita o dis-trito do Rangel, sendo que a linha férrea é a

fronteira, local em que começa o município do Cazenga e se alastra avenida adentro.

Passamos pelo Bairro Popular onde o cená-rio não é dos melhores. Há na zona limítrofe entre a localidade em alusão e o bairro Casse-quel um mercado em que os populares deitam o lixo dentro da vala do Senado da Câmara.

Miguel António, morador da Rua das Vio-letas, alega que “a água vem das imediações do campo Cubaze, em princípio são as águas residuais que fazem com que o asfalto aqui não demore. Antigamente tínhamos muitos eucaliptos”, informou.

Para além do abate das árvores que extraiam a água, o sexagenário, oriundo de Malange, residente no ‘Popula’ há 40 anos aponta pro-blemas de rotura na rede de abastecimento

local, uma vez que remonta da era colonial. “Penso que a canalização aqui foi feita em

1954. Por isso as ruas e estradas ficam alaga-das porque há lençóis de água e os tubos gal-vanizados com o passar do tempo apodrecem. Vejamos, o ‘líquido preciso’ chega às nossas casas e outra parte infiltra-se no solo. Estamos nesse impasse desde o ano de 2005”, revelou.

Como que a temer a chuva, (que se abateu sobre Luanda nesta terça-feira) Miguel Antó-nio disse que “estamos a passar mal. Não temos casas de banho, porque as águas resi-duais nas fossas sépticas provocam retorno dos dejectos, por isso apelamos uma rede de esgotos nova” ao mesmo tempo que aponta soluções “temos aqui a vala da Senado da Câmara, não custa nada construir uma rede

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A Rua das Violetas, no Bairro Popular, antes da chuva da passada terça-feira apresentava este aspecto

Como que a temer a chuva, Miguel António disse que

“estamos a passar mal. Não temos casas de banho,

porque as águas residuais nas fossas sépticas

provocam retorno dos dejectos, por isso apelamos uma rede de esgotos nova”

Gottier Henriques Mbeya, engenheiro

de esgotos nova. A munícipe Délcia Bonifácio, disse ao Ago-

ra que “Isto está assim desde Maio de 2012. Os técnicos vieram cá, fizeram o trabalho de reabilitação da estrada mas não superaram a rotura de água que já é antiga. Antes pelo contrário ignoraram as nossas directrizes. Ultimamente vimo-nos obrigados a colocar entulhos para que os carros e as pessoas pos-sam circular”.

A mesma alega que deviam remover a cana-lização de água antiga e trocá-la, ao invés de colocar a nova rede de distribuição de água em paralelo, um posicionamento comunga-do pela maioria dos populares daquela zona.

Mas se no Bairro Popular o cenário é de alguma aflição, visto que as águas estagna-

das afectam as estradas secundárias e terciá-rias, no município do Cazenga o figurino não é diferente. O motivo porém, é a manifesta negligência dos moradores.

“Alguns deles têm tanques (reservatórios de água subterrâneos), na maior parte das vezes esquecem-se de fechar as torneiras, ou colocar uma bóia ou outro dispositivo que feche a torneira para que a água não trans-borde”, afiançou o responsável do Centro de Documentação e Informação do município do Cazenga, Anibal Ngola.

Salientar que, a maior parte dos bairros de Luanda e a maioria das províncias de Ango-la foram ‘alvo’ do Programa de Água para Todos (PAT), um projecto do Governo ango-lano que arrancou em 2007. A iniciativa, na

Na ronda efectuada no início desta semana o Agora constatou várias estradas sem siste-mas de drenagem, mas o responsável do Gover-no Provincial de Luanda refuta tais obras. “Estes trabalhos deixaram de existir com as críticas que nos foram endereçadas”, disse Torres Bunga.

“As estradas devem ter um perfil trans-versal para permitir o escoamento das águas que não podem atingir as camadas de fundação da base, caso contrário as estradas têm tempo de vida reduzido e avança com outra informação técnica: “o betão betuminoso – camada superficial de um pavimento flexível joga com as acções do ambiente. Quando há calor dilata, quan-do há frio retrai-se”.

No entender de Gottier Mbeya, também professor universitário das cadeiras de Ges-tão de Projectos, Engenharia de Tráfego e Mecânica de Fluídos em três universidades na capital do país, é fundamental que se tenha em consideração a categoria de estrada a construir. “Porque não se pode criar uma via expressa no interior de um bairro, ou mes-mo uma auto-estrada”.

A mesma fonte revelou que há “estradas que estão a passar nos bairros que são autên-ticos atentados aos utilizadores”, por haver carros e pessoas a circular sem a existência de passeios. “Não se consegue compatibili-zar as duas utilizações”.

Mbeya recomenda que se cumpram os requi-sitos mínimos para a construção de estradas, como o estudo dos solos, a pesquisa da região, a qualidade dos materiais a utilizar e se defi-na o tipo de tráfego para as vias a construir.

Neste sentido defende que “quando se cria uma nova estrada deve se ter em conta que vai nascer mais tráfego”. No entanto, enten-de que o problema de Luanda não se resol-ve apenas com a construção de estradas, “esta medida resolve a circulação rodoviária”.

O engenheiro civil reprova a construção da via alternativa a partir do desvio entre a rua Pedro de Castro Van-Dúnem Loy (Kimbango) até o município de Viana, nas imediações da empresa Suave, devido ao “S” a meio do tra-jecto e outras regularidades que subenten-dem ter sido uma obra feita sem projecto.

Uma fórmula que deixa é fazer reabilita-ções periódicas às estradas, a construção de redes de drenagem de esgotos domésticas e às redes de drenagem de água pluviais. Quan-do se coloca uma estrada no meio de um bair-ro é importante que se crie condições para que os populares deitem as águas brancas (loiça, lavagem de roupa) recomenda, “por-que o problema da cidade de Luanda está na reintegração e não na circulação”.

Com Benice Alfredo

Miguel António, munícipe

sua génese previa até 2012 distribuir o ‘pre-cioso líquido’ a cerca de 7,5 milhões e 500 mil pessoas nas zonas rurais, segundo dados do ano transacto disponibilizados pelo Ministé-rio da Energia e Águas.

‘PENSAR EM CIRCULAÇÃO NÃO RESOLVE OS PROBLEMAS DE LUANDA’. Para Gottier Hen-riques Mbeya, engenheiro civil, “a água não é propriamente inimiga do pavimento des-de que a tratemos como deve ser”. O que requer que se construam estradas com um sistema de drenagem eficiente “para que elas tenham no mínimo um tempo de vida útil de 20 anos e tenham colectores e sarjetas de modo a que não fiquem assoreadas (entupi-das)”, assinalou aquele técnico.

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PaísG // Sociedade

Estradas. ‘As obras não param com a chuva’

O Tribunal de Contas diferiu os contratos de empreitada das vias principais, secundárias e terciárias da urbe luandense, no quadro do projecto do Estado angolano sob tutela do Governo Provincial, em parceria com o Minis-tério da Construção. Esta informação foi pres-tada ao Agora por Torres Bunga, director das Obras Públicas.

Mais do que a retoma das obras, o proces-so em marcha abarca “um novo perfil de redes técnicas que leva o saneamento: rede de água, de esgotos, de energia eléctrica e de comu-nicações (telefone e fibra óptica)”.

Para o responsável do Governo Provincial de Luanda (GPL), este perfil, semelhante ao adop-tado na Rua da Samba, é o garante de suces-so, o que significará uma melhor circulação de pessoas e automóveis.

Indagado sobre a estagnação das águas no

As empreitadas em Luanda estão em marcha, sendo que as zonas vão sendo abrangidas gradualmente. O responsável pelas Obras Públicas na capital do país informou ao AAgora que os trabalhos prosseguem, após o interregno que se verificou em 2012

O director das Obras Públicas de Luanda, Torres Bunga

RÚBIO PRAIA [email protected]

asfalto, devido à não existência de colectores e sarjetas eficientes que drenem a água, aque-la entidade refutou. “Não há nenhuma estra-da secundária ou terciária que está a ser fei-ta sem projecto. Houve um concurso de pro-jectistas, depois as obras foram adjudicadas às empresas que ganharam”.

REDES DE DRENAGEM EM ESTADO CAÓTICO. Construída na era colonial, a rede de esgotos da cidade de Luanda está a rebentar pelas cos-turas. “A canalização antiga é de tubos galva-nizados (de ferro), o que se pretende é uma mudança para tubos de plástico (PVC)”, afir-mou este quadro do GPL.

“Toda a rede de drenagem depois de 30 anos deve ter manutenção e supervisão, o que não aconteceu”. O número de pessoas que foi dimensionado para a capital do país era menor, actualmente o índice populacional é dez ou mais vezes mais superior.

“É preciso que se proceda à substituição da

malha de distribuição de água antiga. Quem viu o Bairro Popular até 2005, altura em que não jorrava o ‘líquido da vida’, sabe que não havia águas estagnadas”.

A alternativa para amenizar a situação têm sido as medidas paliativas. Mas o arquitecto Torres Bunga pensa que o projecto urbani-zação do Cazenga, Rangel e Sambizanga vai dar outra dignidade aos populares.

VIAS SEM ESGOTO. “A estrada que sai da Comar-ca de Viana para a Rua do Calemba 2 não tem urbanização quase nenhuma. São constru-ções de génese ilegal (anárquicas). Naquela área específica é preciso que haja uma requa-lificação total, para que consigamos encami-nhar as águas”, disse o responsável, quando instado a abordar a situação de algumas estra-das que não têm esgotos.

Não se pode avançar prazos, segundo Tor-res Bunga, devido à dimensão de Luanda, advertindo que estão a ser cumpridas várias etapas do projecto de construção, reabilita-ção e manutenção das vias, iniciativa relan-çada pelo Presidente da República, José Eduar-do dos Santos, há cerca de um mês.

CENSO DA POPULAÇÃO DIFICULTA. Apenas os cidadãos que residem na zona urbana de Luanda fazem uso da rede de esgotos domés-tica. “Nas zonas suburbanas não existe uma rede de esgotos. Em termos estatísticos, não conseguimos aferir quantas pessoas não bene-ficiam deste serviço por falta do Censo Geral”.

Por outro lado, o Governo acertou com os empreiteiros para que as obras não parem na época chuvosa, de modo que não haverá paragens. “Dizer que nesta altura do ano, ou seja, nos meses de chuva não podemos tra-balhar não é correcto”, realçou.

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Imprensa. Ministério anuncia mudança

No âmbito da celebração do 3 de Maio, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, o Ministério da Comunicação Social pretende realizar a 7.ª edição do Prémio Nacional de Jornalismo, sete meses mais cedo do que nas duas últimas edições

A medida surge com o intuito de conformar o evento à data plasma-da no regulamento deste concurso anual, concebido para incentivar a qualidade e a criatividade dos pro-fissionais da Comunicação Social angolana.

Paulo Gomes, director do Centro de Documentação e Informação do Ministério tutelado por José Luís de Matos, prestou esta informação à imprensa no desfecho da 8.ª reu-nião ordinária do conselho consul-tivo daquele órgão ministerial.

A alteração, segundo aquele diri-gente, assenta em três vertentes, nomeadamente a regularização, recepção dos trabalhos e exigência de maior dedicação dos concorren-tes, representando um grande desa-fio para o corpo de jurados.

O Prémio Nacional de Jornalismo foi instituído em 2008, pelo Minis-tério da Comunicação Social, e teve como vencedores nas diferentes categorias, nas cinco edições já rea-lizadas, entre outros jornalistas Jai-me Azulay, Paulino Damião “50”, Gustavo Gustavo, Carlos Capitan-go e Amílcar Xavier.

O mote é incentivar a criativida-de, o mérito, a excelência e a inves-tigação jornalística.

Relativamente ao Dia Internacio-nal da Liberdade de Imprensa, 3 de Maio, é uma data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul-tura (UNESCO) em 1993, visando incentivar todos os profissionais desta área a investigar e publicar informação livremente.

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A DIRECÇÃO provincial dos Antigos combatentes na província da Lun-da Sul estão com dificuldades de proporcionar assistência social, médi-ca e medicamentosa aos pensionis-tas da região. Noticiou Angop.

Alberto Samário Recua frisou que também há dificuldades em construir residências para os anti-gos combatentes. A instituição controla, nesse altura,14mil e 691 pensionistas e deste número 7mil e 932 são antigos guerrilheiros,608 são antigos combatentes.

Por outro lado os antigos comba-tentes estão associados a um pro-jecto agrícola que visa inseri-los na vida útil.

Brevemente o projecto se benefi-ciará de tractores para cada muni-cípio da província.

Antigos combatentes estão com dificuldades de apoiar pensionistas

ENTRE OS DIAS 13 A 15 do próximo mês, o Ministério da Saúde realiza a última campanha de vacinação contra a poliomielite em 2013, diri-gido às crianças dos zero aos 5 anos em todo país, segundo informou o titular deste órgão do Governo de Angola, José Van-Dúnem.

Segundo disse o político à Angop, a medida enquadra-se no projecto de erradicação des-ta patologia que acomete os membros superiores dos peti-zes caso não tenham sidos imu-nizados padecem de paralisia aguda, daí que a exortação vai para os pais e encarregados de educação, no sentido de acolhe-rem os vacinadores em casa, nos mercados, escolas e demais locais.

Nova campanha contra pólio já em Dezembro

UM HOMEM foi colhido esta quin-ta-feira por um comboio de passa-geiros do Caminho de Ferro de Luan-da (CFL). Segundo o porta-voz do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bom-beiros (SNPCB), Faustino Sebas-tião, a vítima, cuja identidade não foi revelada, atirou-se sobre a linha férrea, tendo perdido um dos mem-bros superiores.

Comboio colhe um homem no Cazenga

O GOVERNO Provincial de Luanda (GPL) continua a trabalhar para a identificação de espaços, com vis-ta à implementação de projectos de auto construção dirigida, no âmbi-to do programa de habitação social.

Segundo o coordenador provin-cial do programa de habitação social, do distrito urbano da Ingombota, Luís Anastácio Manuel, neste momento já foram identificados ter-renos nos municípios da Quiçama, Icolo e Bengo, Cacuaco, Belas e Via-na para a execução das infra-estru-turas, cujas datas não foram reve-ladas.

“Neste momento podemos garan-tir que o processo decorre satisfa-toriamente, para o início da sua implementação, nos próximos tem-pos”, sublinhou.

Governo de Luanda implementa projecto de auto construção

EXCESSO DE VELOCIDADE, condu-ção em estado de embriaguez e inversão de marcha em zonas proi-bidas estão entre as causas de mor-te na província da Lunda Sul.

No balanço semanal efectuado pela Polícia Nacional, quatro cidadãos perderam a vida e 26 ficaram feri-dos. A sinistralidade rodoviária na Lunda Sul está em crescendo naque-la região do Leste do país.

Quatro vidas ceifadas em acidentes de viação na Luanda Sul

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Escaramuças na Cadeia Central de Luanda ferem 14

Segundo apurou o Agora, as fricções entre os reclusos começaram na terça-feira, mas só na quarta-feira é que atingiram propor-ções graves.

Os reclusos queimaram colchões e destruí-ram camas, o que precipitou a chamada da Polícia de Intervenção Rápida (PIR).

O porta-voz do estabelecimento, Meneses Kassoma, adiantou que os presos envolveram--se em cenas de pancadaria quando proce-diam à manutenção das casernas 2, 6 e 11. O responsável acrescentou que houve uma ten-tativa de invasão, acto que justificou a inter-venção da PIR, resultante no ferimento de 14 presos, três dos quais em estado grave.

Esta versão foi, contudo, contrariada por um

A Polícia de Intervenção Rápida interveio com meios explosivos e gás lacrimogéneo, para travar os tumultos que deflagraram na manhã desta quarta-feira, 30, na Cadeia Central de Luanda, envolvendo reclusos pertencentes a gangues rivais

ERENEU MÁQUINA [email protected]

preso com quem o Agora conversou, como se de um familiar se tratasse.

O jovem, que há nove meses aguarda jul-gamento, aponta como razões para a desor-dem a sobrelotação do estabelecimento, os maus-tratos por parte dos agentes, a má ali-mentação e a violência, responsáveis pela revolta dos reclusos.

“A cadeia esta com mais de 3.000 mil pre-sos, quando só deveria suportar 1.500. Não há condições de acomodação dos presos nesta cadeia. As refeições que nos são ser-vidas não servem, nem mesmo para ani-mais”, disse, descrevendo o prato de papas de milho que faz parte da ementa dos almo-ços. “É servido com molho e um ou dois grãos de feijão. Sem exagero, dois grãos de feijão”, insistiu, repetindo para não dei-xar dúvidas.

O jovem de 27 anos acrescentou ainda que os detidos comem um tipo de peixe que a socie-dade rejeita. “Nós comemos o peixe ‘camaca-pa’, espécie de baiacú, que tem pele rija e den-tes grossos. É esse peixe que está a provocar a sarna aqui na cadeia”, revelou.

Questionado sobre o estado de saúde dos seus companheiros de ocasião, afirmou que muitos estão a sofrer de sarna, doença da pele geralmente provocada pela falta de higiene. “Uns têm sarna, incluindo eu próprio. Mas o que mais aborrece é que se formos ao posto médico com dores de barriga o enfermeiro vai receitar paracetamol, e se formos com dores de cabeça também será paracetamol e se for-mos com tosse idem. Quer dizer, para todas as doenças o remédio é paracetamol”.

De igual modo, o recluso indicou que a inter-venção da Polícia com engenhos explosivos não é a primeira. “Sempre que há briga entre reclusos, a Polícia faz uso desses meios lacri-mogéneos, e nós somos obrigados a tapar a boca com panos molhados para não ficarmos intoxicados. São muitos os que têm ficado into-xicados e desmaiam devido ao gás dos explo-sivos usados pela Polícia”, disse.

O porta-voz Menezes Kassoma garantiu que foi criada uma comissão de inquérito para determinar as causas que estiveram na base da referida rixa, e responsabilizar os autores pelos novos crimes cometidos.

Recorde-se que, em Agosto passado, o anti-go director da CCL foi exonerado devido aos maus-tratos aos presos. Em 2012, na cadeia de Viana ocorreu um caso semelhante que resultou na exoneração da direcção daquele estabelecimento prisional.

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Cartão de estrangeiro residente em renovação

Com o fim do cartão de residência vitalício, o Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) apela aos titulares deste documento que se desloquem aos serviços no sentido de procederem à sua substituição

Antes vitalício, a partir de agora válido por cinco anos, renováveis por igual período. Em fase de mudan-ça – para aumentar a segurança e fiabilidade dos processos de iden-tificação, favorecendo o melhor con-trolo da população estrangeira no país –, o cartão de estrangeiro resi-dente introduz, além de novos pra-zos de validade, uma nova tipolo-gia.

Por isso, o SME apela à colabora-ção dos titulares deste documento, no sentido de se dirigirem aos ser-viços da instituição e actualizarem os registos, na data corresponden-te ao dia e mês em que o cartão foi emitido.

O modelo actual resulta da entra-da em vigor da Lei número 2/07, de 31 de Agosto, aprovada para reno-var o figurino aos diversos actos migratórios. Neste sentido, as nor-mas determinam ainda a exigência de captação de dados biométricos.

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G País // Economia

De acordo com Domingos Cunha, quadro da SONANGOL, as empresas pretendem testar a teoria de que as costas de Angola e do Brasil, onde foram descobertos gran-des depósitos no pré-sal, são uma espécie de espelho uma da outra.

“Os resultados que temos até agora mostram uma qualidade do petróleo semelhante em Angola e no Brasil”, revelou à Bloomberg.

Em 2007, a Petrobras anunciou que havia petróleo na camada pré-sal, a maior descoberta das últimas três décadas, com depósitos contendo 20 mil milhões de barris.

Mencionando investimentos que podem atingir 3 mil milhões de dólares apenas em 2014, Domingos Cunha mencionou a Bri-tish Petroleum (BP), Statoil ASA e a Cono-coPhillips, como algumas das empresas petrolíferas que vão tentar reproduzir o sucesso do Brasil.

Angola, o segundo maior produtor de petróleo em África, a seguir à Nigéria, com uma produção de 1,78 milhões de barris por dia em 2012, pretende passar a extrair 2 milhões de barris por dia até 2015, ultra-passando o seu mais directo concorrente.

Em termos de legislação, o Governo vai

Empresas petrolíferas vão explorar pré-sal

Angola pretende aumentar os níveis de produção para 2 milhões de barris por dia

Empresas petrolíferas a operar em Angola vão fazer prospecção de petróleo em depósitos que se situam no pré-sal, camada geológica por baixo do fundo do mar

agravar as taxas de impostos sobre as empre-sas petrolíferas a operar no país o que aumentará os custos em 10%.

De acordo com um decreto presidencial, a entrar proximamente em vigor, aque-las empresas serão obrigadas a adicionar % à taxa do imposto que já pagam sobre a maioria dos serviços e fornecimentos e 10% no que se refere ao aluguer de equi-pamentos.

O governo constituiu em 2010 uma equipa especial interministerial para a reforma tri-butária a fim de aumentar a colecta e elimi-nar lacunas na legislação numa tentativa de simplificar os procedimentos fiscais.

Angola, membro da Organização dos Paí-ses Exportadores de Petróleo (OPEP), pro-duziu cerca de 1,78 milhões de barris por dia em Setembro, de acordo com dados compilados pela agência.

De recordar que o Instituto Nacional dos Petroleos, no Kwanza Sul, ganhou, recen-temente um centro de formação para a indústria petrolífera.

O centro, que dispõe de equipamentos de última geração provenientes dos Estados Unidos da América, Portugal e Alemanha, tem capacidade para dar formação a 120 estudantes.

No plano de estudos constam construções mecânicas, metálicas, canalizações e gás, manutenção e automação industrial, electri-cidade e energia, informática, tecnologias de informação e comunicação, projecto e dese-nho bem como qualidade e ambiente

O Instituto Nacional de Petróleos foi cria-do em 1983 e oferece cursos de geologia petro-lífera, minas, perfuração e produção, pro-cessamento de gás, refinaria, instrumenta-ção petrolífera, mecânica de instalação petrolífera, electricidade industrial, opera-dores de produção e de refinaria sendo o cor-po docente constituído por 83 professores.

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“Os investimentos podem atingir 3 mil milhões de dólares

apenas em 2014 com esta nova fase da

indústria petrolífera angolana”

Gás. Angola LNG abaixo da capacidade

A Sonangol confirmou, para finais de 2014, o funcionamento pleno da fábrica de processamento de gás natural que actualmente oscila nos 20% da capacidade instalada

A informação foi avançada por Paulo Fernandes, à margem do fórum sobre a Indústria do Petró-leo e Gás do país, que avançou que o quinto carregamento de gás natu-ral deverá ser preparado antes da suspensão total da produção para a manutenção das instalações, devi-do à fuga registada em Setembro último.

Apenas dois blocos, segundo dis-se, o 17, explorado pela Total, e o 31, pela BP, estão a canalizar gás para a unidade de processamento do Soyo.

Os problemas registados no arran-que do projecto, que obrigaram a sucessivos adiamentos da saída do primeiro carregamento, que ocor-reu somente em Junho passado para o Brasil, fazem com que a fábri-ca comece a operar na totalidade “provavelmente” no final de 2014.

O projecto Angola LNG foi lançado em 2007 para aproveitar o gás natu-ral resultante da exploração petrolí-fera, evitando a sua queima, reunin-do a Chevron (36,4%), SONANGOL (22,8%), BP Exploration (13,6%), ENI (13,6%) e Total (13,6%) e representa um investimento de 10 mil milhões de dólares prevendo-se que tenha uma vida útil mínima de 30 anos.

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O director de produção da fábrica, Mateus Isa-bel Matumona, disse que a empresa tem uma produção capaz de abastecer o mercado ango-lano, estando a analisar a viabilidade de come-çar a exportar para os países vizinhos.

A produção da unidade fabril é assegurada por duas linhas de enchimento, estando a primeira (a mais antiga) dotada de uma capa-cidade de enchimento de 20 mil garrafas/hora, enquanto a segunda conta com uma linha de enchimento de 35 mil garrafas/hora.

A unidade fabril do Dondo produz igual-mente a cerveja Nocal, marca pertencente ao mesmo grupo empresarial, que adquire a matéria-prima a empresas de países como a África do Sul, França e Bélgica.

Cerveja. EKA produz 53,3 milhões de litros por mês

Cabinda. Governo vai entregar terrenos abandonados

De acordo com o secretário provincial da Agricultura, João Macaia, o governo está a trabalhar com o Ministério de tutela no sen-tido de fazer com que as referidas explora-ções agrícolas voltem à posse do Estado.

Em causa estão explorações de café e de cacau e palmares votadas ao abandono des-de o seu redimensionamento há mais de 20 anos a favor dos actuais donos, que se reve-laram incapazes de proceder ao seu aprovei-tamento.

A revitalização do sector passa pela aplica-ção da estratégia do governo que visa a recu-peração das explorações que se encontram nesta situação, em particular quatro que têm uma área conjunta de quase 1400 hectares.

A Tecmad Mining Services está a efectuar per-furações na mina de diamantes de Camutué, no Cuango, Lunda Norte, para testar a viabi-lidade de expansão da exploração mineira.

A empresa informou terem sido recolhidas amostras de uma zona que foi escavada a uma profundidade de 150 metros para deter-minar a viabilidade do projecto.

O quimberlito de Camutué foi descoberto em 1958 e começou a ser explorado em 2007, abrangendo uma área de 28 hectares, junto ao rio Luachimo.

A Lunda Norte, na fronteira com a Repú-blica Democrática do Congo, tem 16 das 108 concessões de todo o país, que é o quarto pro-dutor mundial de diamantes, depois do Botswa-na, Rússia e Canadá.

Estão em actividade na região a mina do Cuango, a segunda maior da região e o quim-berlito do Lucapa, que produz actualmente 12 mil quilates por mês.

A venda de diamantes em bruto extraídos em Angola proporcionou uma receita de 922,9 milhões de dólares em 2012, com uma pro-dução de 8,3 milhões de quilates, de acordo com dados da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam).

Diamantes. Mina do Camutué volta produzir na Lunda Norte

Pescas. Governo compra barco para investigação

A ministra das Pescas revelou em Luanda que decorre o processo de aquisição de uma embarcação científica oceanográfica com as valências adequadas para a realização da investigação em vários domínios.

Victoria de Barros que falava na abertura do workshop sobre oceanofgrafia que encer-rou ontem, acrescentou que esta iniciativa visa doptar o Instituto Nacional de Investi-gação Pesqueira (IIP) de meios para realizar a investigação e compreender melhor os recursos marinhos.

O trabalho do IIP permitiu ‘sondar’ ocor-rências como o El Nino que afectou as cap-turas entre 1995 e 2011.

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PaísG // Economia

PUBLICIDADESegundo o director nacional de Tele-comunicações, Eduardo Sebastião, Angola está actualmente envolvida no lançamento de um satélite russo, com um custo de 300 milhões de dóla-res e o lançamento está previsto para 2017 e a construção de um cabo sub-marino de 200 milhões de dólares estabelecendo ligação ao Brasil.

“Queremos incentivar as empre-sas internacionais a juntarem-se às angolanas e estamos prontos para que os investidores definam as suas próprias estratégias”, disse o direc-tor de Telecomunicações a agência financeira Bloomberg, posição que pretende criar não só riqueza mas “bem-estar social, através do aumen-to do número de postos de trabalho”.

Eduardo Sebastião afirmou que os quatro operadores fixos, incluindo a estatal Angola Telecom e a MS Tele-

com, uma subsidiária da SONANGOL, serão autorizados a competir com as operadoras móveis Unitel e Movicel na rede fixa e nos telemóveis.

As operadoras de Angola fazem actualmente parte de um consór-cio chamado Cabo Angola e que vai operar os 6 mil quilómetros de cabo submarino de Luanda até Fortaleza, Brasil, sendo que as negociações estão em andamento para arranjar o financiamento, revelou Eduardo Sebastião.

Relativamente ao futuro satélite de telecomunicações, aquele res-ponsável disse que a sua colocação em órbita ajudará Angola a propor-cionar melhores ligações para a transmissão de grande volume de dados, ajudando, por exemplo, as empresas petrolíferas na prospec-ção e perfuração.

Negócios. Angola investe nas telecomunicações

O Governo vai investir 500 milhões dólares nas telecomunicações

A carteira de projectos do sector de Telecomunicações e Tecnologias de Informação, cuja execução vai até 2017, apresenta um valor de 800 milhões de dólares

BFA rende 58 milhões de dólares ao BPI

A actividade em Angola deve continuar a ser a mais dinâmica do grupo português Banco BPI dando origem a lucros de cerca de 58 milhões de dólares até Setembro

A actividade do Banco de Fomento Angola (BFA) foi responsável por mais de 80% dos lucros obtidos pelo Banco Portugês de Inves-timento (BPI) de Janeiro a Setembro.

O anúncio foi feito pelo presidente execu-tivo desta instituição financeira, nesta quar-ta-feira em Lisboa.

O BFA, maioritariamente detido pelo Ban-co BPI, é também participado pela Unitel.

Ao longo dos nove primeiros meses do ano, o Banco BPI obteve um lucro de 72,7 milhões de euros (Cerca de 80,3 milhões de dólares), montante que representa uma quebra de 37,9% face ao resultado registado no período homólogo de 2012.

Fernando Ulrich disse que a quebra nos lucros ficou a dever-se à descida da margem financeira e das comissões e a subida em 35,5 milhões de euros dos custos com juros pagos

pelos instrumentos de dívida convertíveis em acções (as chamadas obrigações CoCo) sub-scritos pelo Estado português.

As imparidades de crédito deverão conti-nuar a ser a principal preocupação, refere, citando também as medidas de austeridade para explicar a expectativa negativa gerada com a queda dos lucros.

Em Angola, o BPI detém quotas de mer-cado de 9% e 15% na concessão de crédi-to e nos depósitos, respectivamente, de 24% nos cartões e de 30% em terminais de pagamento, através do Banco de Fomen-to Angola, que controla em 50,1%.

Em meados deste ano, o BFA servia já 1 milhão de clientes, com forte presença em Luanda e uma cobertura alargada de todo o território, constituída por 140 balcões, 8 centros de inves-timento e 14 centros de empresas.

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PaísG // Economia

José de Lima Massano fez este pronuncia-mento quando intervinha na conferência promovida pela consultora Deloitte para apresentar a sua análise do desempenho dos bancos comerciais em Angola.

Porém os números apresentados pelo ges-tor constam do estudo interno que o BNA realizou, no ano passado, sobre a activida-de creditícia no mercado angolano.

O objectivo foi de perceber o mercado do crédito que, nos últimos dois anos, regis-tou uma queda consideravel, embora os bancos apontem a falta de liquidez, em fun-ção dos emprestimos já concedidos.

O avaliou entidades públicas, empresas financeiras e não-financeiras e pessoas sin-gulares e, segundo José de Lima Massano, entre outras conclusões, destaca a falta de informação sobre a actividade económica de quem pede crédito, designadamente por não terem contabilidade organizada ou ine-xistência de dados fiáveis ou actualizados sobre a sua actividade empresarial.

O estudo expôs “fragilidades” nos procedi-

Banca. Falta de liquidez afecta concessão de crédito

José de Lima Massano, governador do BNA

O governador do Banco Nacional de Angola, disse, em Luanda, que nove em cada dez pedidos de crédito são rejeitados pela banca a operar no país, que viu em 2012 o crédito malparado duplicar

mentos de acompanhamento da utilização dos créditos concedidos e “insuficiências ope-racionais” dos departamentos responsáveis pela recuperação do crédito malparado.

Por sua vez, o estudo da Deloitte sinaliza que o crédito malparado em Angola dupli-cou em 2012, confirmando as conclusões de outro estudo analítico sobre a banca angolana, divulgado também em Luanda, pela KPMG, que fixa em 83,5% o crescimen-to do crédito malparado em 2012.

KWANZA SEGURO. Há dois anos que o mer-cado monetário regista a estabilidade do kwanza, face ao dólar.

O governador do BNA citou os factores monetários que mais influenciaram e o controlo do comportamento dos preços.

Por isso, segundo afirmou, a institui-ção vai prosseguir a missão de preser-vação da moeda nacional, visando a sua melhor contribuição na consolidação do quadro de estabilidade macroeconómi-ca do país.

A inflação homóloga em Angola atin-giu uma taxa de 8,93% em Setembro pas-sado, convergindo para a meta de infla-ção a médio prazo, cujo intervalo se situa entre 7% e 9%, o que também con-tribui para a redução do custo do cré-dito à economia.

Apelou, por isso, à banca comercial a ope-rar no país, no sentido de trabalhar mais, a fim de se dotar de maior capacidade téc-nica as estruturas de avaliação de risco para que possam prestar melhor apoio na gestão do crédito e facilitar o aconselha-mento aos operadores económicos que recorram aos seus serviços.

A inflação homóloga em Angola atingiu uma taxa de 8,93% em Setembro

passado, convergindo para a meta de inflação a

médio prazo, cujo intervalo se situa entre

7% e 9%, o que também contribui para a redução

do custo do crédito à economia

EDSON CHAGAS

África. FMI baixa crescimento

O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa a previsão de crescimento para a África subsariana, em 0,7 e 0,1 pontos neste e no próximo ano

As previsões de crescimento eco-nómico para os dois maiores paí-ses lusófonos africanos mantêm-se inalteradas: o FMI espera que Ango-la cresça 5,6% e 6,3% neste e no pró-ximo ano, e antecipam que Moçam-bique vai crescer 7% este ano, ace-lerando para os 8,5% em 2014.

O Fundo considera que um acen-tuar do abrandamento económico mundial é um dos três principais ris-cos para a economia dos países subsaa-rianos. “Uma desaceleração acentua-da do crescimento global (que con-tinua incerto e sujeito a significativos riscos negativos), especialmente na China, pode prejudicar as exporta-ções, principalmente através de pre-ços mais baratos nas matérias-pri-mas, e reduzir os fluxos de ajuda de Investimento Directo Estrangeiro”, escrevem os técnicos do FMI.

Sublinham que uma significativa queda nos preços do petróleo ou de outras matérias-primas prejudica-ria os exportadores que ainda estão demasiado dependentes do petró-leo”, exemplificando com os casos de Angola e da República Democrá-tica do Congo.

Para além de um travão mais for-te ao crescimento, o FMI aponta ain-da riscos internos (levantamentos populares e tensões políticas) e um retrocesso nos fluxos de capital.

“É possível que um aperto nas condições monetárias dos EUA, ou uma nova mudança nas expectati-vas, possa levar a novos constran-gimentos nos mercados financei-ros, que teriam implicações nas con-dições financeiras da maioria das economias africanas financeira-mente integradas, algumas das quais pretendem emitir obrigações de dívida nos próximos meses”.

As recomendações do Fundo para contrabalançar estes perigos já cons-tam de relatórios anteriores, e pas-sam essencialmente pela aposta das políticas macroeconómicas e finan-ceiras na estabilidade, principal-mente no que diz respeito ao “enco-rajamento a investimentos priva-dos produtivos”.

MARTINS CHAMBASSUCO [email protected]

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Desafios e oportunidades de uma província em desenvolvimento

Huambo As informações avançadas ao Agora pelo Gabinete de Estudos e Planeamento (GEP) revelam que o Governo da Província do Huambo está bem encaminhado, relativamente ao cumprimento do programa de reconstrução das infra-estruturas da cidade e de estabilidade económica, integrado no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.

É nesta perspectiva que se trabalha para mudar a imagem da cidade, promovendo-se o aumento de serviços básicos para a população nos diferentes sectores, nomeadamente agricultura, saúde, educação e indústria. Para isso tem contribuído, segundo apurámos, a mudança de política na administração pública, com o aumento dos investimentos, cada vez mais direccionados para melhorar o desempenho dos serviços. Isto de forma a que, num futuro próximo, a urbe recupere o seu potencial produtivo, ao mesmo tempo via de afirmação da região enquanto pólo competitivo da economia nacional e plataforma para o lançamento da província numa rota preferencial e obrigatória para o turismo. Textos: Martins Chambassuco [email protected] Fotos: Tom Carlos

Especial

Morro Luvili no Alto Hama

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E Especial // Huambo

Sociedade. Uma região que cresce todos os dias

A estabilidade política e económica da pro-víncia permite às autoridades transformar a região na terra do futuro, com prioridades na formação de quadros e na reactivação da indústria transformadora, paralisada duran-te o conflito armado.

Este ano, decorreu no Planalto Central o processo de auscultação da sociedade civil para o enriquecimento do programa de des-envolvimento local, envolvendo um conjun-to de acções que visam tornar o Huambo uma zona atractiva, em termos de negócios, turis-mo, indústria, agricultura, educação e saúde.

A aposta na reconstrução das infra-estru-turas básicas e no melhoramento dos servi-ços públicos, em todo o território, trouxe dias melhores para os nativos, embora ainda per-sistam questões pontuais por resolver.

Olhando para trás, observa-se que, nos últi-mos anos, os investimentos públicos e priva-dos aumentaram consideravelmente, permi-tindo despertar interesses nos vários domí-nios.

Neste sentido, o executivo do governador Faustino Muteka apostou na continuidade e conclusão dos projectos já iniciados em 2012, particularmente no sector social (Educação e Saúde), potenciado os orçamentos disponi-bilizados.

O grande objectivo é, sem dúvida, melho-rar rotinas, reduzindo o custo de vida de mui-tas famílias, num trabalho sustentado pelo aumento e desenvolvimento de programas

A cidade do Huambo completou, recentemente, 101 anos da sua existência, num percurso dividido entre avanços e recuos enquadrados numa realidade que se transforma todos os dias, desde o fim da guerra. Embora o crescimento económico e a estabilidade social já sejam notórios, as autoridades locais acreditam num futuro ainda melhor, construído a partir da consolidação dos investimentos em projectos sociais

O comércio de rua tem os dias contados no Huambo

nos sectores da agricultura, construção, ener-gia e águas, saúde e educação.

Com uma população estimada em 2,7 milhões de habitantes, o Huambo é, nos dias que cor-rem, o centro de atracção de muitos investi-mentos privados, mas é fundamental dizer que o aumento de projectos e infra-estrutu-ras públicas está a devolver à região o aumen-to da capacidade produtiva.

As potencialidades agrícolas, alinhadas com as terras aráveis e a investigação agrária, são realidades que se transformaram na mais- -valia para estimular o crescimento do Pro-duto Interno Bruto local e reanimar o ador-mecido ‘celeiro de Angola’.

Os investimentos em curso, na província, permitiram ampliar as redes escolares e sani-tárias e aumentar os projectos habitacionais em todos os municípios, onde várias obras de construção estão em fase conclusiva.

O realce vai, especificamente, para a edu-cação, onde o governo gizou, há três anos, um programa inclusivo para a construção, em toda a província, de escolas de 26 salas, referentes ao 2.º ciclo.

É caso para se dizer que o desenvolvimen-to do Huambo foi projectado de forma a envol-ver todos os domínios da vida. Nesta linha, não existe nenhuma localidade que não tenha recebido um projecto social financiado pelo Estado. Assiste-se, assim, ao recomeço de uma vida orientada para o progresso e esta-bilidade económica e social.

EmpregoA província não realizou, este ano, um con-curso público, na verdadeira acepção da palavra. Isto porque, segundo explicam as autoridades, este instrumento exige uma abrangência nacional. Mas, dentro do qua-dro legal de substituição de quadros da admi-nistração pública – que faleceram nos últi-mos dez anos, ou atingiram a idade da refor-ma – foi aberto, recentemente, um concurso público na educação, saúde e administra-ção na carreira geral, limitado à quota finan-ceira disponível. A procura foi tanta que não foi possível integrar todos os candidatos, mas apenas aqueles que tiveram os melho-res resultados. De acordo com as previsões, os seleccionados assumirão funções dentro do aparelho do Estado em 2014.

SaúdeA província conta com cerca de 240 unida-des sanitárias, desde hospitais a centros e postos de saúde, reabilitados e construídos nos últimos 11 anos. “Em todos os municí-pios temos uma unidade sanitária para os primeiros cuidados de saúde. O Tchinjen-je é a única excepção, mas, no próximo ano, beneficiará de uma infra-estrutura hospi-talar de dimensão municipal. Enquanto isso, Caála é a solução”, explicou ao Agora fon-te do governo provincial.

“A acompanhar esta nova realidade, todos os centros de saúde estão apetrechados com consumíveis, nomeadamente medicamen-tos e meios de transporte para o apoio aos doentes e pessoal técnico em serviço”, com-pleta o mesmo contacto.

SAÚDE EM NÚMEROS Existem 30 médicos angolanos e 31 estran-geiros – à razão de um médico por cada 43.000 habitantes –, apoiados por 3.915 outros téc-nicos de saúde de nível médio e básico.

Em termos de infra-estruturas, salta à vista o Hospital Geral do Huambo, reabi-litado e equipado a partir de um investi-mento de 36 milhões e 400 mil dólares. Com 700 camas para internamentos nas mais variadas especialidades, esta unidade de saúde trata doentes de todos os municí-pios da circunscrição e das províncias do Kwanza-Sul, Huíla e Benguela.

Segundo os indicadores hospitalares, dia-riamente são atendidos, em média, 350 doentes no banco de urgência e internados entre 100 a 120 pacientes.

A elevada afluência evidencia as muitas difi-culdades com que se debate esta unidade hos-pitalar, sobressaindo a insuficiência de enfer-meiros, já que dos 702 necessários apenas existem 352, que auxiliam 61 médicos.

O hospital possui serviços de medicina geral, cirurgia, ortopedia, pediatria, gine-cologia e obstetrícia, neonatologia, psi-quiatria, oftalmologia, otorrinolaringo-logia, estomatologia, cardiologia, cuida-dos intensivos, hemoterapia e laboratório.

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EducaçãoPesando os prós e os contras do sector edu-cativo, Victor Chissingui, director do Gabi-nete de Planeamento e Estudos (GEP) do Governo da Província do Huambo (GPH) é taxativo no balanço. “Ainda há muito tra-balho para fazer, mas estamos no bom cami-nho para inverter os maus indicadores. É preciso ver, por exemplo, que não temos muitas crianças a estudar debaixo das árvo-res ou em salas feitas de chapas de zinco”.

Entre os esforços do governo da provín-cia, está o investimento na ampliação da rede escolar, através da construção de esco-las de vários níveis.

Por outro lado, o responsável sublinhou que, apesar de o país viver em paz há 11 anos, “durante muito tempo o Huambo foi fusti-gado pela guerra civil e, como consequên-cia disso, viu reduzida a sua capacidade de responder ao crescimento da população”.

“Neste momento, a taxa de natalidade é de 5% ao ano, uma variante superior à de crescimento das infra-estruturas. Daí decor-rem estas insuficiências, que, acreditamos, têm solução dentro daquilo que tem sido a aposta do governo local, relativamente à formação de quadros”, analisa o director do GEP.

“Existem limites naquilo que são os orça-mentos, e, certamente, o objectivo das auto-ridades é alargar as infra-estruturas a nível de todos os municípios, comunas e aldeias. Mas um dos grandes propósitos é reduzir

o fosso neste sector vital para qualquer sociedade”, defendeu.

“Seguidamente, baixaremos para as comu-nas com escolas do 1. ºciclo de 12 salas e, finalmente, iremos para as aldeias. Neste sentido, queremos criar uma cadeia de for-mação em que a criança não tenha neces-

Região Académica III Ensino Superior : 1 universidade; 1 instituto superior; 1 escola superior politécnica; 4 institutos superiores privados; Ensino Básico: 896 escolas primárias do ensino geral; 81 escolas do 1.º ciclo, 25 escolas do 2.º ciclo; 62 colégios particulares

Até 2017 Serão construídos 13 mil fogos, sendo que em cada município vão erguer-se 200 casas evolutivas. Para a centralidade da Caála prevêem-se 4 mil residências e para Bailundo 2 mil fogos

HabitaçãoDentro do programa da construção de 1 milhão de casas, lançado em 2008 pelo Pre-sidente da República, estão a ser erguidos, na província, cerca de 13 mil fogos habita-cionais, que acomodarão os quadros da administração pública e demais população.

Questionado a propósito deste programa, o director do Gabinete de Planeamento e Estu-dos do Governo da Província do Huambo, Vic-tor Chissingui, adianta que existem municípios em que as obras já têm um grau de execução na ordem dos 60%. “A nossa grande prioridade é fazer com que os 200 fogos que estão a ser erguidos a nível dos municípios sirvam, primei-ramente, os técnicos que assegurarão os servi-ços públicos. Posteriormente, serão distribuí-das as residências aos outros habitantes. Esta-mos à espera da venda dos imóveis, porque as casas não são grátis, mas serão vendidas no âmbito da renda resolúvel, a partir do salário de cada beneficiário, num período de 20 anos”.

Só para se ter um exemplo, as 100 casas ergui-das para a juventude já foram entregues aos respectivos beneficiários. “Não há dificulda-des na entrega de residências, embora tenha-mos o registo de atrasos nas obras de constru-ção de infra-estruturas de apoio nas centrali-dades da Caála e Bailundo, onde estão a ser construídos 3 mil e 2 mil fogos habitacionais respectivamente”, afirmou o economista.

Segundo o nosso interlocutor, dentro do Pla-no Nacional de Desenvolvimento 2013-2017, e no quadro do programa de investimentos públi-cos, nos últimos anos o Huambo gere um orça-mento médio de cerca de 8 mil milhões de Kwanzas, ou seja, mais de 800 milhões de dóla-res. “Não é o suficiente, mas satisfaz as neces-sidades da província”, nota o responsável, acres-centando: “Só teremos mais orçamento se tiver-mos mais produtividade”.

Victor Chissingui considera que os investi-mentos têm sido aplicados de forma eficaz e con-veniente. “Isto reflecte-se na realidade em que, ano após ano, surgem infra-estruturas novas e mais projectos sociais. A província está a atingir um nível considerável de desenvolvimento e temos de seleccionar projectos estruturantes para o rápido crescimento económico da região”, explicou o gestor, defendendo que, embora as necessidades sejam muitas, “dias melhores virão”.

sidade de recorrer às outras localidades para estudar. É um processo que estamos a con-cretizar para que todas as crianças tenham acesso à educação”, referiu o responsável.

A província, segundo avançou, não está acima da média nacional, mas tem quadros que estão a contribuir suficientemente para o bom desempenho no subsistema de ensi-no. “Queremos ultrapassar, até ao final de 2015, a herança colonial, pela qual na vila só pode haver uma escola com quatro salas. A realidade hoje é diferente porque há cons-ciência de que todo o país tem direito ao ensino e educação. Estamos a trabalhar para deixar de ter escolas provisórias”, refor-çou o nosso interlocutor, assegurando que o quadro até aqui apresentado insere-se no programa do Governo de luta contra a pobre-za. “Este é o melhor que o país já teve”, con-sidera, explicando, contudo, que o comba-te à miséria tem sido “acompanhado pelo programa de investimentos públicos”.

Isto significa que 25% do orçamento, naqui-lo que é a despesa de capital da província, diri-ge-se para a educação, sendo que cerca de 30% das despesas são referentes ao pessoal. “A pro-víncia tem neste momento uma média de 25 mil professores para o ensino secundário”. O Huambo possui também a Escola de Artes e Ofícios e o Centro de Formação Profissional Fadário Muteka, que ministra cursos básicos de electricidade, mecânica, torneiro mecâni-co, sapataria, carpintaria e electrónica.

A província, segundo avançou o governo, não está acima da média nacional, mas tem quadros que contribuem para o bom desempenho no subsistema de ensino

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E Especial // Huambo

Economia. Expansão da banca, indústria, turismo e circulação ferroviáriaNo domínio económico, o destaque vai para o desenvolvimento do Pólo Industrial da Caála, para a construção do Porto Seco da Tchicala Tcholohanga e para a expansão dos serviços bancários em todos os municípios da província em 2014

Locomotiva parada na Estação Central do CFB no Huambo

Capital EcológicaNa década de 1980, a província ficou conhe-cida como Huambo Cidade Vida, em função do seu potencial ecológico. Mas, depois das eleições de 1992, o quadro mudou com o eclodir da guerra, que afectou a estrutura verde da cidade.

Para compensar o tempo perdido, as auto-ridades trabalham no mega projecto de trans-formar a antiga Nova Lisboa na capital do ambiente.

A recente entrada em funcionamento da Casa Ecológica do Huambo é o sinal do empenho do governo local, que, para além deste projec-to, está a trabalhar na eliminação saudável de todos os resíduos sólidos na província. A capi-tal ecológica promete concretizar-se, visto que existem condições para o efeito. “O Huambo tem o segundo maior aterro sanitário do país, implantado numa área de 1.000 hectares, e não temos grandes focos de lixo espalhados nas ruas. Todos os resíduos recolhidos são depositados a 28 quilómetros da cidade, onde temos uma incineradora para o lixo hospita-lar”, disse o economista e director do Gabine-te de Planeamento e Estudos da província.

Victor Chissingui revelou que, “naquilo que é a dimensão da lei 20/10”, o Huambo foi admitido a investir cerca de 5 milhões de dólares (500 milhões de kwanzas). No entan-to, ressalva, a primeira fase de ‘injecção de capital’ andou nos 390 milhões de kwanzas, valor que pode permitir a construção de um aterro sanitário definitivo nos próximos anos”.

A juntar a isto, está prevista para breve a reactivação do jardim zoológico e a requali-ficação das zonas verdes, incluindo 50 jardins, bem como lancis e passeios. “Com a compo-nente do conhecimento, temos informações disponíveis para a conservação do meio ambien-te. Apostamos na preservação e requalifica-ção do pulmão verde da cidade que é a estu-fa”, antecipa, antes de concluir as projecções. “Decorrem os trabalhos de iluminação do quarteirão e a ribeira envolvente também está a ser melhorada. Estamos a trabalhar para que a lagoa da baixa tenha água própria de forma a que os banhistas usufruam de toda a paisagem existente”.

Centro CulturalO acervo cultural e histórico da província será melhor conservado quando entrar em funcionamento o Centro Cultural do Huam-bo. O empreendimento, concebido pelas auto-ridades, está a ser erguido no centro da cida-de, junto à biblioteca Constantino Camoli. Apesar de estar já em fase de acabamento, a inauguração só deverá ocorrer no segun-do semestre de 2014.

Composto por cinco edifícios de três pisos, o futuro ‘Centro Cultural do Huambo’ reuni-rá o histórico da província, desde a fundação até aos dias de hoje.

Apontado como um símbolo da província, poderá servir também como um centro de conferências do Planalto Central.

Com o andar das obras, embora relativa-mente atrasadas, as autoridades locais acre-ditam que a primeira fase será entregue no primeiro semestre do próximo ano.

A empresa encarregue da fiscalização do projecto reconheceu ser uma obra ambicio-sa para aquilo que são as características da região e a história do seu povo.

“Os nossos filhos terão a oportunidade de investigar a vida dos ancestrais, através de um acervo cultural classificado e organiza-do em termos de temáticas. Por isso, assegu-ro que, a par de Luanda, o Huambo ganhou uma mega infra-estrutura que reportará a vida do centro do país”, avançou o fiscal da obra, Geovani Morais.

O arquitecto, que há dois anos trabalha no empreendimento, detalhou tecnicamente o projecto, revelando que o complexo terá duas bibliotecas, um edifício administrativo, uma sala de conferências e dança, uma área de exposição, camarins, restaurantes, lojas e cafetarias, tudo com acessos exclusivos para deficientes.

Turistas e estudantes de diferentes partes do país terão a possibilidade de entrar em contacto com o passado de uma região que foi referenciada como zona de guerra até 2002, quando terminou o conflito armado.

No perímetro do Centro Cultural do Huam-bo, encontra-se o memorial do general por-tuguês, Norton de Matos, fundador da cida-de, de quatro figuras femininas que repre-sentam as quatro virtudes cardinais e de Vicente Ferreira, o alto comissário de Ango-la que, entre 1926 e 1928, impulsionou a construção de um grande laboratório de patologia veterinária no Huambo, duas esta-ções zootécnicas, doze delegações de sani-dade pecuária.

O Huambo está bem servido em ter-mos de mercado monetário. Dos 23 bancos existentes no país, pelo menos 18 representações já se instalaram na província, o que corresponde a 78% do mercado. Um sinal claro do potencial económico, uma vez que as

instituições monetárias seguem regiões com maior capacidade económica.

Reagindo a esta presença, o homem forte do GEP, Victor Chissingui, dis-se que, por um lado, os movimentos de crédito criados para potenciar as micro, pequenas e médias empre-

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mente aos funcionários da adminis-tração pública e, neste sentido, temos o Banco de Poupança e Crédito (BPC), que tem a maior concentração dos salários dos funcionários públicos. Mas hoje não é apenas o BPC que pode acolher aquilo que são os salá-rios, mas outros bancos comerciais”, lembrou o académico, ressaltando a agressividade da concorrência inter-bancária. Isto considerando os ban-cos que já manifestaram interesse em instalar-se nos municípios, com destaque para o BIC, Sol e BFA.

INCENTIVOS EMPRESARIAIS. O Huam-bo está localizado na chamada zona C, classificada como uma região que tem os maiores incentivos fiscais atra-vés da Agência Nacional para o Inves-timento Privado (ANIP). À luz da lei em vigor no país, a nível do municí-pio já existe uma representação da ANIP que cria a componente de par-cerias público-privadas, bem como os incentivos relativos à isenção das tarifas alfandegárias para os investi-dores, nacionais ou estrangeiros, que queiram investir naquela região.

Existe, não só, para contribuir para o rápido crescimento das pequenas e médias empresas, mas também para que possa dinamizar o desen-volvimento na componente do Pro-duto Interno Bruto local.

“Acreditamos que os incentivos são os normais que o Estado tem vindo a promover nos últimos anos, crian-do mecanismos naquilo que são os investimentos públicos, no âmbito municipal e provincial, com concur-sos públicos que estimulem as micro, pequenas e médias empresas”, con-sidera o entrevistado, referindo-se a parcerias, por exemplo, com empre-sas que fornecem a merenda escolar às instituições de ensino público. “Algu-mas empreitadas de média dimen-são têm sido realizadas com as empre-sas que aos poucos têm-se organiza-do administrativamente e conseguem satisfazer aquelas necessidades pon-tuais exigidas por lei”, continuou.

PÓLO INDUSTRIAL DA CAÁLA. O futu-ro Pólo Industrial foi concebido para uma área de mil hectares, assumin-do-se com um projecto de âmbito cen-tral. Nesta altura, está em curso a ela-boração do projecto executivo para o loteamento, uma vez que já foi iden-tificado o terreno. “Se tudo correr bem, a infra-estruturação do empreen-dimento poderá avançar no início de 2014”, antecipa. “O que queremos é que as unidades industriais se insta-lem com o menor custo possível, em termos de produção, na zona indus-trial que está a receber o fornecimen-to de electricidade, a partir da barra-

comboio para transportar as maté-rias-primas com menor custo, ele-vando a sua competitividade.

A este empreendimento alia-se tam-bém a infra-estruturação do Porto Seco da Tchicala Tcholohanga. O objectivo é tornar o Huambo numa plataforma logística. “Trata-se de uma infra-estrutura a ser erguida numa área minimamente aceitável com 400 hectares. Ali estarão não só as empresas, mas também as incu-badoras de empresas, e ainda um entreposto, onde quase toda a região Sul possa desalfandegar os seus pro-dutos, aproveitando a linha férrea”.

Para já, é apontado como um pro-jecto a desenvolver através de par-cerias público-privadas, na sua com-ponente de infra-estruturação, pre-vendo-se que os privados possam realizar as suas actividades com maior naturalidade possível.

“A nossa ideia é que só se poderá desenvolver a região se esta platafor-ma logística for efectivada. Claro que este objectivo não se consegue sem a relação multissectorial, envolven-do-se não só os caminhos-de-ferro, mas também as instituições, como o Ministério dos Transportes e o Gover-no da Província do Huambo. Tem de haver sinergias para que esse objec-tivo seja alcançado”, disse.

to dos níveis económicos da provín-cia. Os empresários conseguem ganhar mais, uma vez que os cus-tos do transporte também reduzi-ram”, descreveu Victor Chissingui.

O Huambo concorre para a capital do conhecimento, e a existência de múltiplas variáveis pode devolver ao Planalto Central o título de celeiro de Angola. “Só aqui encontramos a Faculdade de Ciências Agrárias, para formar os engenheiros agrónomos. Temos ainda a Faculdade de Veteri-nária, dois institutos de investigação agronómica e o Instituto Médio Agrá-rio. São sinais e condições técnicas sustentáveis para que o Huambo se transforme num grande celeiro. As terras aráveis e recursos hídricos fora da média, fazem parte do potencial agrícola da província”, entusiasma-se o director do GEP. “O que desin-centiva a grande produção tem que ver com a indústria transformado-ra. Só se incentiva as empresas agro--pecuárias a produzirem mais se hou-ver receptividade em transformar os produtos do campo e este é o nosso objectivo”, sublinha.

Para as indústrias paralisadas, o sinal positivo vem do Ministério do Comércio, que está a desenvolver uma série de projectos e a nível da província. Já instalou um Centro de Logística e Distribuição (CLOD) para comprar a produção do campo e faci-litar o seu escoamento. Optimista, o nosso interlocutor garantiu que “a partir do momento em que começa a haver este tratamento da produ-ção local, a intenção das cooperati-vas e dos camponeses será produzir cada vez mais, uma vez que o desti-no da sua produção está identifica-do em termos de venda. Isto não era possível até há bem pouco tempo, factor que causava um certo desin-centivo no seio dos pequenos pro-dutores, que não tinham a certeza sobre o futuro dos seus produtos”.

Relativamente ao turismo, a Direc-ção Provincial do Comércio, Hotela-ria e Turismo identificou 116 pontos de interesse turístico nos 11 municí-pios que integram a província. Estas atracções encontram-se, neste momen-to, em fase de classificação para, pos-teriormente, serem submetidas a concurso público e, assim, permitir--se a intervenção de empresas priva-das do sector. O plano prevê, até 2017, a recuperação e exploração dos pon-tos turísticos identificados.

A este nível, perfilam-se o Granja Pôr-do-sol, as albufeiras do Kuan-do e Ngove, as águas térmicas do Alto Hama e do Lepi, as pedras do Kawe e Ganda na Caála e a Praia dos amores. De referir ainda que, recentemente, entraram em fun-cionamento os hotéis Ekuikui, Cha-pesseka, Kassueka e Katito.

Victor Chissingui, director do GEP

sas e, por outro, o efeito multiplica-dor na economia regional, contri-buem para o aumento do produto per capita local. “É junto das institui-ções financeiras que se cria a rela-ção entre as empresas e o governo”, disse o nosso interlocutor.

Mesmo que o Tchinjenje, Longon-jo, Mungo e Tchicala Tcholohanga ainda não tenham nenhuma agência bancária, a verdade é que com o cres-cimento económico dos municípios a instalação de serviços bancários já será possível. “Neste momento pode-mos dizer que o município sede, Bai-lundo, Caála, Katchiungo, Londuim-bale, mormente no Alto-Hama, e Uku-ma já beneficiam dos produtos bancários, faltando o Tchinjenje, Lon-gonjo, Mungo e Tchicala Tcholohan-ga. Mas tudo está a ser feito no senti-do de encurtar a distância às pessoas que procuram os serviços bancários, não apenas para receber os seus salá-rios, mas para beneficiarem de outros serviços oferecidos pelos bancos”.

Como fica a vida dos funcionários públicos nestas localidades? “Esse é exactamente o nosso grande proble-ma. É nossa intenção, em termos de administração, promover a econo-mia de experiência e a de tempo. Normalmente, os primeiros bancos a instalarem-se nos municípios são os que oferecem serviços directa-

gem do Gouve. Temos também em vista, com a implementação deste projecto, a redução de custos opera-cionais, transportes e o caminho-de--ferro”, assegurou, referindo também que os empresários podem usar o

COMBOIO NO PLANALTO CENTRAL. De um tempo a esta parte, se com-pararmos os preços dos produtos comercializados na província, nota--se claramente uma redução.

“Naquilo que são os custos dos materiais de construção civil, actual-mente pode-se dizer que são os mais baixos desde o fim da guerra. Os cidadãos conseguem ter as residên-cias construídas a partir de blocos feitos de cimento. Os inputs agríco-las já se conseguem trazer, a partir do litoral, sem grandes custos ope-racionais. E podemos dizer que estes efeitos estão a permitir o alargamen-to da capacidade produtiva e o aumen-

“Naquilo que são os custos dos materiais de construção civil,

actualmente pode-se dizer que são os mais

baixos desde o fim da guerra.

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E Especial // Huambo

Caála. O renascer da capital do milho

Mais de 100 milhões de Kwanzas foi o valor disponibilizado, este ano, pelo Governo Provincial do Huambo para apoiar agricultores e associações de camponeses, no âmbito da estratégia de fomento agrícola no município da Caála

A nova cidade é o orgulho dos habitantes do município satélite

Estes financiamentos vão garantir uma maior produção de cereais para criar excedentes que sirvam de matéria-prima ao sector indus-trial da região.

O dinheiro, ora investido, servirá para com-prar sementes, instrumentos de trabalho, fer-tilizantes, pesticidas e outros utensílios, que

permitirão aos agricultores aumentar a pro-dução e as áreas de cultivo, criando exceden-tes para o mercado e para a indústria trans-formadora.

O Governo Provincial do Huambo preten-de também relançar e desenvolver a indús-tria transformadora de produtos de campo

a nível do município, no sentido de minimi-zar a pobreza entre as comunidades rurais.

Ainda assim, existem muitas dificuldades por parte dos camponeses para escoar e arma-zenar os seus produtos, agravadas pela falta de infra-estruturas agro-industriais para a transformação destes mesmos bens. No entan-to, a entrada em funcionamento do Centro de Logística e Distribuição (CLOD) da Caála, este mês, promete alterar este quadro.

O município enfrenta alguns constrangi-mentos como a baixa produtividade, a pou-ca disponibilidade de acesso a serviços de assistência técnica de qualidade, os custos muito elevados dos insumos, o baixo nível de qualificação da mão-de-obra disponível e ain-da os custos fixos muito elevados.

CIDADE NOVA. Localizada 12 quilómetros a Este da vila da Caála e a 11 a Oeste da cida-de do Huambo, é um dos maiores projectos habitacionais da província construídos no Planalto Central, no pós-Independência. O empreendimento é apontando como uma infra-estrutura do futuro e, quando concluí-da, os seus 4 mil fogos habitacionais estarão à disposição da população.

Com 60% de construção, o projecto estru-tura-se como um bom exemplo do que serão as novas centralidades.

A cidade alberga habitações de tipologia T3, com 100m2 de área útil. Os arranjos de infra--estruturas e drenagem estão quase concluí-dos, e as actividades no interior das habita-ções estão a correr a bom ritmo.

A construção começou em 2011 e, para finais 2014, está prevista a conclusão das 2.000 resi-dências da primeira fase da empreitada, acom-panhadas da entrada dos primeiros inquili-nos.

Estas 2.000 casas estão na fase conclusiva de execução. Em termos de procura, cerca de 1.500 pessoas manifestaram interesse em morar na nova centralidade.

Neste momento, decorrem trabalhos de criação de redes de esgotos, arruamentos, sistemas de fornecimento de energia eléctri-ca, abastecimento de água, o asfaltar das ruas e criação de parques de estacionamento. Na nova cidade, os moradores terão as condi-ções necessárias de acomodação, incluindo escolas, hospitais, mercados, espaços verdes e zonas de recreio e desporto.

Estes financiamentos vão garantir uma

maior produção de cereais para criar

excedentes que sirvam de matéria-

prima industrial

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Bailundo. A vila que se transforma todos os dias

Foi desta forma que Estêvão Malengue, chefe de secretaria, da administração municipal, caracterizou o crescimento da antiga vila Teixeira da Silva que se tornou no símbolo da resistência do povo umbundu à ocupação colonial

O largo Ekuikui II e a O’Mbala do Rei são o cartão de visita do Bailundo

O fim da guerra civil e a consequente repo-sição da administração do Estado fez com que a região se torna-se num eixo fundamen-tal na circulação de pessoas e bens.

Mas o grande propósito, segundo a admi-nistração, é o aumento da rede de distribui-

ção alimentar e a expansão de serviços a todos as cinco comuna.

“Temos a certeza de que a actividade empre-sarial, no município, tem vindo a crescer e a nível do governo tudo está a ser feito para a implementação de projectos de comerciali-

zação de produtos do campo e contribuir no aumento do rendimento das famílias”, disse Estêvão Malengue.

Com uma população, maioritariamente camponesa, as autoridades trabalham no estão determinada no apoio às cooperativas agrícolas com a distribuição de fertilizantes e alfaias

“No sector da educação foram dados pas-sos significativos. Nos últimos 12 meses foram construídas mais de 50 salas de aulas, redu-zindo, assim o número de crianças fora do sistema de ensino e alunos a estudarem ao ar livre, em todas as comunas”, explicou o nosso entrevistado, assegurando que para assegurar o bom funcionamento deste sec-tor foram construídos, nas comunas, casas para acomodar os professores. O número des-tes, também subiu e já ronda os cerca de 1806, distribuídos em toda a extensão.

Mas o grande orgulho dos naturais é sem dúvidas a centralidade que está a ser ergui-da na região. “Quando terminarem as obras, em 2015, o município ganhará 3 mil fogos habitacionais”, avançou o secretário muni-cipal, que acredita que as obras terminarão dentro dos prazos.

A grande preocupação, do momento, pren-de-se com a falta da água canalizada que não está a jorrar nas torneiras da vila e arredo-res, em função da avaria da bomba da esta-ção de captação de água. “Esta situação está a preocupara a administração, visto que como consequência, a população, para confessou

alimento, faz recurso à água dos poços e mui-tos não oferecem segurança sanitária”, notou o nosso interlocutor que acredita que a situa-ção poderá ser ultrapassada nos próximos dias.

Na saúde, o Bailundo conta com 26 unida-des sanitárias e um centro materno infan-til, recentemente inaugurado. “Como ganhos da entrada em funcionamento deste centro, foi a redução do recurso constante ao Hos-pital Regional do Huambo”, disse Evaristo Chissende, director do Hospital Municipal do Bailundo.

Relativamente ao espaço físico do hospi-tal, o médico referiu que não existe um hos-pital municipal como tal onde se possa inte-grar todos os serviços, mas está em agen-da a construção de uma unidade hospitalar que possa acomodar todos os doentes. “Esta é a grande deficiência e é difícil trabalhar nestas condições, mas seja como for, esta intenção de correcção já foi manifestada a administração, a direcção provincial da saú-de e o governo trabalham para que se encon-tre a solução para deixar de se assistir os pacientes nas naves improvisadas nas ime-diações do centro materno-infantil do Bai-lundo”, sublinhou.

“Nas naves provisórias funciona a medici-na, cirurgia, ortopedia, laboratório e estoma-tologia. No hospital da Igreja Evangélica do Chilwme, temos o centro nutricional tera-pêutico e a pediatria acoplada aos serviços de laboratório”, revelou o médico clínico, recordando que a maternidade está acopla-da ao bloco operatório e funciona no centro materno infantil.

Em termos de assistência, em Outubro, foram feitas mais de 20 cirurgias. Para já o sucesso dos serviços prestados são atribuí-dos ao esforço do GPH e da direcção da saú-de, tendo em conta que até a data da sua inau-guração, os casos complicados da materni-dade tinham de ser necessariamente transferidos para o Hospital Regional do Huambo.

Quanto a capacidade de internamento e conforme está mapeado, o HMB tem 210 camas distribuídas em 130, nas naves, 50 no Chilwme e 30 no centro materno infantil. Na medida em vão sendo ampliados os serviços a tendência será de aumentar o número de camas.

Em termos geográficos, o Bailundo ocupa uma extensão de 7275 quilómetros quadra-dos com cinco comunas, nomeadamente a sede do Bailundo, Bimbe, Hengue, Lunje e Luvemba, com 257699 habitantes, corres-pondendo à 20% da população do Huambo.

Nos últimos 12 meses foram construídas mais de 50 salas de aulas, reduzindo, assim o número de crianças fora do sistema de ensino

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E Especial // Huambo

Geografia. Fronteiras e características da província

A provincia do Huambo tem como limites a norte, Kwanza Sul, nordeste e leste, Bié, a sul, Huila e a oeste Benguela

Imagem de satélite do mapa do Huambo

DIVISÃO ADMINISTRATIVA E FÍSICA. 11 municí-pios e 26 comunas, com uma superfície de 35.771.15km

Integra-se quase totalmente na zona 24, conhecida como Planalto Central. Apenas pequenas áreas, uma a noroeste e outra a sudoeste fazem parte das zonas 17 e 25.

Tem uma temperatura média anual infe-rior a 20º C. e uma precipitação média anual de 1400mm, chovendo durante aproximada-

mente 7 meses do ano, com frequentes que-das de granizo.

DEMOGRAFIA. A sua população é estimada em 2.786.974 habitantes, maioritariamente cam-ponesa.

REGIÕES AGRÍCOLAS. Caála, Ekunha, Longon-jo, Ukuma e Londuimbale, delimitadas pela cadeia marginal de montanhas, são as regiões

potencialmente agrícolas onde com maior predominância se pratica a cultura da bata-ta, feijão e hortícolas.

Ainda Cáala e o município sede do Huam-bo são zonas tradicionais de produção do milho, enquanto que o Bailundo, Tchicala Tcholohanga e Kacthiungo têm como produ-ção predominante fruticultura e hortícolas.

HIDROGRAFIA. Nascem no Huambo, nomea-damente no município da Tchicala Tcholo-hanga, importantes rios do país como: o Kune-ne, Keve, Kutato e Kubango.

RECURSOS MINERAIS Manganês - no Longonjo, Bailundo e Cáala Bario, Ferro e Fosfatos - Bailundo e Cáala Wolframio – na sede da provincia Caulino- nos municípios do Huambo,Ukuma e Londuimbale. Grafite - Cáala. Ouro e Cobre - Cáala e Ukuma.

CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA: 1. AGRICULTURA Superficie agrícola: estimada em 433.726,7ha Principais culturas: feijão, milho, batata rena, batata-doce, café, soja, frutas diver-sas e hortícolas 2. PECUÁRIA Principais explorações: gado bovino, capri-no, suíno, ovino e aves. Praticada por peque-nos empresários e criadores tradicionais. A pesca a continental, embora sendo ainda uma

actividade pouco explorada também já é uma realidade.

3. INDÚSTRIA O parque industrial, o segundo do país, foi destruído durante a guerra e só agora come-ça a sua revitalização com investimentos públicos e privados. Outrossim, em termos energéticos a província é abastecida por gru-pos térmicos e há um ano entrou em funcio-namento a barragem do Ngove. Têm-se como previsão a instalação de indústrias com pen-dor agro-industrial e a extracção do pescado a partir dos rios principais.

A sua maior altitude encontra-se no Mor-ro do Moco, na Província do Huambo, a 2.620 metros.

Tem uma temperatura média anual de 20º C. e uma precipitação anual de 1400mm, chovendo aproximadamente 7 meses do ano, com frequentes quedas de granizo

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OZoom

// Internacional

Guerra do Congo. Rebeldes perdem força

O desmantelamento de importantes bastiões do grupo radical M23, anunciado esta semana por Kinshasa, fez renascer uma esperança há muito penhorada: devolver a paz ao Congo

As Nações Unidas também assumiram o combate DR

Num promissor e inesperado volte-face, as Forças Armadas da República Democrática do Congo recuperaram, nos últimos dias, o controlo de várias cidades até aqui domina-das pelos rebeldes do movimento M23.

Segundo anunciou o Exército de Kinshasa, as tropas do Governo precipitaram, no pas-sado fim-de-semana, um recuo inédito dos extremistas, que, ao fim de três dias de com-bates, viram-se forçados a abandonar os bas-tiões de Kibumba, Kiwanja e Rutshur.

A esta já desmantelada frente de guerrilha, juntou-se, na quarta-feira, a cidade de Buna-gana, considerada o derradeiro reduto do M23, igualmente ‘amputado’ da base militar de Rumangabo.

RADICAIS RECONHECEM PERDA DE POSIÇÕES. Apesar do avanço ofensivo do Exército, eviden-ciado na fuga do cabecilha político do movi-mento – Bertrand Bisimwa –, os extremistas apenas reconheceram a derrota em Kiwanja.

Conforme admitiu à AFP o porta-voz do M23, Amani Kabasha, o grupo adoptou uma posição defensiva, optando por abandonar a

cidade e “deixá-la sob responsabilidade da MONUSCO”– a missão de paz que a ONU con-duz no terreno.

O tom de moderação, raro no discurso radi-calizado do movimento, chega meses depois de uma histórica viragem estratégica por par-te das Nações Unidas.

DA PAZ PARA A GUERRA DAS NAÇÕES UNIDAS. Após 14 anos no terreno – com um custo anual de operações estimado em 1,5 mil milhões de dólares –, a ONU decidiu inverter a sua voca-ção original, orientada para a promoção da Paz.

A mudança, traduzida na constituição da Brigada de Intervenção das Nações Unidas, formada por 3.000 soldados, está a revelar-se mais eficiente do que a missão de pacifi-cação, incapaz de aliviar a média de 45 mil mortes mensais.

O pesado balanço volta a ser discutido ao mais alto nível na próxima segunda-feira, 4, durante a Cimeira Conjunta CIRGL/SADC. O encontro, que reúne representantes da Con-ferência Internacional da Região dos Grandes Lagos e da Comunidade para o Desenvolvi-mento da África Austral, promete atribuir ao Presidente José Eduardo dos Santos a respon-sabilidade de mediar o conflito (ver pág.7).

PAULA CARDOSO [email protected]

5,4milhões de cadáveres desde 1998

45.000mortes mensais

1.100mulheres violadas por mês

Balanço

2,2milhões de deslocados internos

400.000refugiados

20.000soldados das Nações Unidas

1,5mil milhões de dólares de factura anual pela presença da ONU

Serifo Nhamadjo DR

Desviados das urnas por falta de verbas, os guineenses recuperaram o sentido dos votos

Sem um novo calendário eleitoral à saída da cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada no final da semana passada no Senegal, o Pre-sidente guineense de transição, Seri-fo Nhamadjo, assumiu a incumbên-cia de anunciar a nova data das elei-ções gerais, desconhecida até à hora de fecho desta edição.

O compromisso do Chefe de Esta-do foi assumido no final da reunião da CEDEAO, marcada pelo dossiê guineense. Apesar de os líderes afri-canos não terem conseguido con-certar uma data para o escrutínio, inicialmente marcado para 24 de Novembro, o problema de financia-mento ficou resolvido: a organiza-ção regional disponibilizou-se para canalizar os fundos necessários à concretização do acto eleitoral.

O ‘empurrão’ financeiro já inspi-rou a ironia do antigo chefe de Esta-do timorense, José Ramos-Horta, baseada no valor do auxílio: 20 milhões de dólares.

“Com 20 milhões de dólares têm de ser umas eleições Gucci. Terão de comprar t-shirts da Gucci, mas genuínas e não chinesas, e reló-gios Gucci para todos. É por isso que custará 20 milhões de dóla-res”, gracejou.

A este montante junta-se uma aju-da de seis milhões de dólares, anun-ciada pelo Governo de Timor-Leste.

20 milhões de dólares para Bissau

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Moçambique. As tensões não desarmam

Enquanto o Presidente descarta uma acção militar da Frelimo, abrindo a porta ao diálogo com Dhlakama, os homens da Renamo acusam-no de orquestrar um plano “para assassinar” o seu líder

Vivo ou morto? Em Moçambique ou no estran-geiro? As incógnitas sobre o paradeiro de Afonso Dhlakama, que desde a semana pas-sada têm alimentado toda a sorte de conjec-turas, retrocederam, nesta quarta-feira, ao primeiro de todos os focos de especulação. “O líder da Renamo está a ser perseguido com armas pela Frelimo, que planeia assas-siná-lo”.

A acusação contra o partido no poder, trans-mitida pelo porta-voz da maior força da opo-sição, em declarações à agência de notícias Reuters, fragiliza as esperanças na negocia-ção de um entendimento, proposta pelo Pre-sidente do país, Armando Guebuza.

GOVERNO DESCARTA OPÇÃO MILITAR. “A solu-ção é o diálogo e não uma intervenção mili-tar. Desafio Dhlakama a ser parte da solução e não parte do problema”, exortou o Chefe de Estado, numa entrevista concedida à agên-cia AFP.

Apesar de reafirmar que o ex-rebelde e diri-gente da Renamo conduz há largos meses “uma agressão armada que ameaça a sobe-

rania nacional”, o líder da Frelimo descarta o cenário de um confronto armado.

“Não acredito nisso, e este é um não vee-mente, de que vamos regressar à guerra”, declara o Presidente, que, horas antes, tam-bém desmentia os rumores de que a Freli-mo solicitou apoio militar ao Zimbabué para lançar uma ofensiva armada.

“Nada foi pedido até agora. A solidarieda-de deles (do Governo de Harare) para nós é importante, mas não temos nenhuma solici-tação em termos militares”, asseverou Arman-do Guebuza, na conferência de imprensa que marcou o fim da edição 2013 das ‘presidên-cias abertas’.

As garantias do Chefe de Estado continuam, porém, a ser rebatidas pela oposição que insis-te na necessidade de, em defesa da vida de Dhlakama, manter em segredo o seu para-deiro.

“É mais seguro”, reforça o porta-voz da Rena-mo, que, além de repudiar o que diz ser uma ‘caça ao homem’ engendrada pelas forças do poder, fala numa campanha de silenciamen-to do partido, através de ataques armados.

Pelo contrário, o Governo vai engrossan-do a lista de acusações contra a oposição, recém-alargada ao argumento de inconsti-

PAULA CARDOSO [email protected]

DR

SEIS RAPTOS EM 72 HORAS Se na arena política antagonizam-se posições, globalmente percepcionadas como sinais de guerra, nas ruas de Moçambique a população une vozes numa jornada dupla de mobilização. Além das mensagens de exortação ao diálogo entre Frelimo e Renamo, perigosamente comprometido a partir da ruptura dos Acordos de Paz de Roma (1992), a sociedade civil conjuga esforços pelo fim da onda de raptos, que, nos últimos dias, fizeram disparar os alarmes para o agravamento da criminalidade. “Nas últimas 72 horas foram raptadas seis pessoas em Maputo”, contabilizava, no final da semana passada, o director do portal Canal Moz, em declarações ao semanário português Expresso. De acordo com Fernando Veloso, apesar de o fenómeno dos sequestros não ser novidade no país, o facto de os mesmos começarem a incidir sobre crianças revela uma variação no modus operandi dos raptores. Pior do que isso, as últimas notícias dão conta do assassinato de um adolescente de 13 anos, esquartejado e queimado às mãos de uma quadrilha, que cumpriu a ameaça de matar o menor caso a família desobedecesse às instruções e contactasse a Polícia. O caso agitou ainda mais as águas pela sua localização: ao contrário dos crimes até aqui relatados, invariavelmente ocorridos na capital do país, Maputo, o rapto fatal aconteceu mais a Norte do país, na Beira. A circunstância alimenta os receios de alastramento da violência, sentimento já versado para o conteúdo de uma petição online. Dirigida ao parlamento moçambicano, a mensagem, lançada pelo movimento activista “Moçambique é Nosso!”, angariou mais de 500 assinaturas nas primeiras horas de divulgação, apelando a um pedido de “apoio internacional técnico e tecnológico” para ajudar a conter a vaga de criminalidade.

Crime

tucionalidade. “A partir do momento em que os homens

armados da Renamo deixaram de ser guar-das do seu dirigente e passaram a instrumen-to de chantagem contra o Estado, começa-ram a realizar ataques contra civis, contra unidades militares e policiais, a Renamo entrou em situação de inconstitucionalida-de, pois, nos termos do artigo 77 da Consti-tuição da República, é vedado aos partidos políticos preconizar ou recorrer à violência armada para alterar a ordem política e social do país”, esclarece a Presidência moçambi-cana, numa nota recém-divulgada.

A DISPUTA DO GÁS NA BASE DA RUPTURA. Radi-calismos à parte, a agência Lusa contabili-zou, nos últimos 10 dias, pelo menos seis ata-ques a colunas de automóveis que circula-vam no distrito da Gorongosa, próximo da base da Renamo.

Embora não existam dados oficiais, a impren-sa moçambicana estima que a recente deri-va violenta já custou 60 vidas.

As previsões apontam ainda para uma série de perdas económicas. “A situação política é um factor de risco, como as cheias o são. Temos de reconhecer que se o clima de insegurança aumen-tar pode ter um efeito tremendo sobre o cresci-mento económico”, antecipou na quarta-feira fonte do Fundo Monetário Internacional.

Segundo os especialistas, um dos factores determinantes nestas contas é a linha férrea de Sena, na medida em que a via – localiza-da na área onde se concentra a tensão – é o ponto por onde passam as exportações de carvão. Um dos motores de desenvolvimen-to nacional. Contudo, o principal factor de divisão, apontam os analistas, são as reser-vas de gás natural.

“Esta disputa tem sobretudo uma motiva-ção financeira”, defende Joseph Hanlon da Britain’s Open University, peremptório nas apreciações.

“A Renamo e os seus militares vêem a lide-rança da Frelimo com grandes carros, casas caras e negócios”, observa o britânico à AFP, assinalando que a diferença entre ricos e pobres tem vindo a acentuar-se.

“Neste contexto, generalizou-se um senti-mento de revolta entre as figuras de proa da Renamo, que passaram a cobiçar as fontes de riqueza nacional”, reforça o analista, con-trapondo: “Por outro lado, a Frelimo é vista como uma força incapaz de partilhar o bolo”.Guebuza e Dhlakama continuam às avessas

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O Zoom // Internacional

EUA acusados de violar dados do Google

A polémica novela do programa de espionagem dos Serviços Secretos entrou num novo capítulo: agora a Casa Branca é suspeita de se apropriar de dados dos gigantes tecnológicos Google e Yahoo

Os protestos contra o programa de espionagem da Agência de Segu-rança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla original), que no pas-sado fim-de-semana juntou milha-res de cidadãos nas ruas de Washing-ton, avolumam-se à medida que se divulgam novos dados comprome-tedores para a Casa Branca.

Depois de uma primeira ronda de indignação – provocada pelas reve-lações do ex-colaborador dos Ser-viços Secretos, Edward Snowden, que provou que os EUA realizam escutas telefónicas de forma indis-criminada no território norte-ame-ricano –, seguiram-se as suspeitas sobre o escrutínio a líderes mun-diais, com a Presidente do Brasil Dilma Rousseff e a chanceler ale-mã, Angela Merkel à cabeça.

Agora junta-se a notícia, publica-da na quarta-feira pelo The Washing-ton Post, de que a NSA infiltrou-se nas bases de dados dos gigantes tec-nológicos Google e Yahoo, para se apropriar de informações.

No meio de tudo isto, uma per-gunta permanece sem resposta: o Presidente dos EUA tinha ou não conhecimento de que os líderes mundiais estava sob escuta?

Embora algumas publicações garan-tam que não, como o The Wall Street Journal, não faltam as que defen-dem o oposto. É o caso do germâ-nico Bild am Sonntag, para quem não há dúvidas de que Barack Oba-ma estava a par, desde 2010, das escutas a Angela Merkel.

Questionado sobre o assunto, o Chefe de Estado limitou-se a decla-rar que a Casa Branca apenas for-nece directrizes políticas à NSA.

1. VLADIMIR PUTIN, PRESIDENTE DE RÚSSIA

2. BARACK OBAMA, PRESIDENTE DOS EUA

3. XI JINPING, PRESIDENTE DA CHINA

4. FRANCISCO I, PAPA 5. ANGELA MERKEL, CHANCELER ALEMÃ 6. BILL GATES, FUNDADOR DE MICROSOFT

7. BEN BERNANKE, PRESIDENTE DA RESERVA FEDERAL DOS EUA

8. ABDULLAH BIN ABDUL AZIZ AL SAUD, REI DA ARÁBIA SAUDITA 9.MARIO DRAGHI, PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL EUROPEU 10. MICHAEL DUKE, CEO DA CADEIA DE LOJAS WAL-MART

A gestão do conflito sírio, decidido segundo a negociação russa e não a partir de um ataque dos EUA conforme se perfilava, aliada à crise orçamental de Washington e ao escândalo de espionagem, ditaram a ascensão do líder russo e a queda do norte-americano no ranking da revista Forbes sobre os 10 homens com mais peso internacional

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R // Desporto

Apesar das vulnerabilidades, visíveis na fal-ta de infra-estruturas, o desporto adaptado, já galardoado com 127 medalhas internacio-nais, ganha espaço competitivo dentro e fora de portas, conforme demonstra a presente edição do Afrobasket.

Em plena disputa da prova, que termina amanhã na capital, o secretário-geral do Comi-té Paralímpico Angolano (CPA), António da Luz, recebeu a equipa do Agora para uma ‘visita-guiada’ pelo estado das modalidades disputadas por cidadãos com deficiência.

“O desporto adaptado está a viver um momen-to grandioso, com a realização do IV Campeo-nato Africano em Cadeiras de Rodas (Afrobasket). Ainda que os resultados da selecção estejam aquém das expectativas, Angola é um dos paí-ses de África que presta maior atenção ao des-envolvimento do desporto praticado por dimi-nuídos físicos”, considera o número dois do CPA.

Como reflexo disso, além da actual organi-zação do Afrobasket, o país prepara-se para acolher, em 2015, na província de Benguela, a V edição da Taça de África das Nações de Futebol para Amputados (CANAF).

“Se queremos estar presentes no Rio’2016,

MÁRIO SILVA [email protected] AMPE ROGÉRIO (Fotos)

Numa altura em que o país se estreia na organização do Campeonato Africano em Cadeiras de Rodas, a decorrer até amanhã em Luanda, e quando já se projecta a realização, em Benguela, da Taça de África das Nações de Futebol Para Amputados, o AAgora foi sentir o pulso ao desporto adaptado nacional

Desporto Adaptado. Afrobasket dribla o preconceito em Angola

“Cada cadeira de rodas da selecção nacional de

basquetebol custou 2.200 dólares ”, contabiliza o

número dois do Comité Paralímpico

ção dos apoios: “Infelizmente o Governo con-tinua a ser o único patrocinador oficial”.

O resultado está à vista. “Não há infra-estru-turas para o desporto praticado por deficien-tes físicos, não existem campos nem pavi-lhões adequados, porque os que existem não são apropriados para essa vertente despor-tiva. Há mesmo atletas que só entram em contacto com uma pista de atletismo quan-do vêm à Luanda”, lamenta.

De forma a contrariar os indicadores de exclu-são, o Comité pretende alargar o calendário competitivo nacional a um número maior de modalidades, perspectivando-se, por exemplo, a realização de um campeonato nacional de goalbol (basquetebol para cegos).

Para além desta modalidade, o CPA anteci-pa ainda a massificação do ténis, futebol com muletas, natação e atletismo, que já é uma realidade em todas as províncias.

IMPULSO BRASILEIRO. A crescente aposta nos paralímpicos também se evidencia no pro-tocolo assinado por Angola e Brasil, em Mar-ço deste ano, que deverá permitir ao despor-to adaptado nacional consolidar o sucesso internacional. Isto depois de os êxitos alcan-çados pelo velocista José Sayovo terem cap-tado as atenções mundiais para a capacida-de dos atletas africanos.

O acordo firmado em São Paulo, entre Leo-nel Pinto (na qualidade de presidente do Comi-té Paralímpico Angolano e Africano) e o homó-logo brasileiro Andrew Persons, pode ser exten-sivo aos demais países africanos, contemplando a realização de treinos, provas conjuntas, está-gios, formação de treinadores e fisioterapeutas.

Os esforços prometem ampliar ainda mais as conquistas, já significativas, dos atletas paralímpicos: nos últimos 12 anos, ou seja, desde que existe o CPA, o país conquistou 45 medalhas de ouro, 44 de prata e 36 meda-lhas de bronze, resultantes das participações nos campeonatos do mundo, africano e pan--africano, e ainda nos Jogos Paralímpicos.

Neste já expressivo palmarés, o atletismo é rei, sendo a modalidade que mais vezes repre-

temos de organizar e vencer o certame”, defen-de António da Luz, acérrimo defensor das potencialidades nacionais.

“Estamos no bom caminho, apesar de as condições financeiras não corresponderem ao volume de trabalho que temos. Mas, den-tro daquilo que é possível, temos consegui-do pelo menos realizar algumas provas ao nível das competições nacionais”.

BASQUETEBOL EXPANDE-SE EM CINCO PROVÍN-CIAS. No caderno de encargos do CPA, destaca--se ainda um projecto de massificação do bas-quetebol adaptado em cinco províncias do país, que está a ser desenvolvido em Malanje, Nami-be, Uíge, Lunda-Norte e Kuando-Kubango.

Em cada uma destas regiões, marcadas pela escassez de infra-estruturas, António da Luz acrescenta que o CPA já criou condições para a aquisição de meios, como cadeiras de rodas de competição, bolas, cronómetros e cestos, que estão alocados às províncias. O apoio, nota o responsável, revela-se crucial para contor-nar a falta de financiamento.

“Cada cadeira de rodas da selecção nacional de basquetebol custou 2.200 dólares”, exem-plifica o número dois do Comité Paralímpico, frisando que este “não é um desporto barato”.

Por isso, o secretário-geral defende que qual-quer plano de expansão exige a diversifica-

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Com cinco derrotas em cinco partidas do Afrobasket, à selecção nacional resta apenas sonhar com um 5.ª lugar

sentou o país no estrangeiro, contabilizando 15 presenças além-fronteiras. Por seu turno, o bas-quetebol em cadeira de rodas soma três parti-cipações internacionais, enquanto que a nata-ção conta com duas incursões fora de portas.

AS HERDEIRAS DE JOSÉ ARMANDO SAYOVO, RECORDISTA NACIONAL. Nesta frente de con-quistas externas, eleva-se o nome do velocis-ta José Armando Sayovo. Actualmente com 41 anos, o angolano mais medalhado de sem-pre conseguiu a proeza de, no ano passado, na sua despedida paralímpica, arrebatar o ouro e o bronze. O duplo pódio cumpriu-se, respectivamente, nas provas de 400 m e de 200 m para atletas invisuais.

“Como o Sayovo não é eterno, já estamos a preparar os seus substitutos”, refere o secre-tário-geral do CPA, de esperanças focadas no desempenho de uma dupla feminina.

“Temos duas meninas com um futuro riso-nho. No campeonato do mundo de França conquistaram duas medalhas, uma de prata nos 400 m, na classe T11, e outra de ouro”.

Ao par promissor, António da Luz prevê juntar, em breve, uma comitiva mais expres-siva. “Já temos um grupo de 36 atletas pré-seleccionados, que estão a participar nas diversas competições, quer a nível nacional, quer internacional”.

O número dois do Comité acrescenta ain-da que esses desportistas “estão a ser prepa-rados para representar o país nos Paralím-picos Rio’2016, competição para a qual já existe o patrocínio de uma empresa privada, no sentido de Angola participar em vários ‘meetings’ internacionais”. Isto para permi-tir uma preparação que não comprometa as marcas conquistadas nas edições anteriores.

Afinal, lembra o dirigente, “o desporto adap-tado tem trazido vários triunfos ao país”. Para projectá-los ainda mais, o responsável acres-centa que é necessário “prestar maior aten-ção e apoio à classe feminina”, tendo em con-ta que o número de praticantes ainda é mui-to reduzido.

Neste sentido, António da Luz considera que a crescente visibilidade do desporto adap-tado, através da dinamização das provas nas diversas modalidades, surge como um gran-de impulsionador.

“A realização do IV Campeonato Africano em Cadeiras de Rodas, vulgo ‘Afrobasket’, pode aca-bar com o preconceito que ainda existe na socie-dade angolana”, refere o secretário-geral do CPA, apontando o desporto como uma via de supera-ção de obstáculos.D

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Além da participação em eventos internacionais, na esfera nacional os atletas angolanos com deficiência disputam uma série de provas, que, salvo pequenos ajustes, permitem traçar um competitivo calendário desportivo. Contudo, os campeonatos ainda estão longe de abranger todas as modalidades reconhecidas pelo Comité Paralímpico Angolano: futebol, atletismo, basquetebol, voleibol sentado, goalbol (basquetebol específico para cegos), boccia e halterofilismo. Taça Sayovo – Janeiro Campeonato Nacional de Corta-Mato – Fevereiro Campeonato Nacional em Cadeiras de Rodas – Maio Campeonato de Atletismo em pista – Junho Campeonato Nacional de Futebol – Agosto Taça Lwini – Dezembro

Calendário competitivo

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Bravos do Maquis 1 - 0 R. do Libolo Petro de Lda 2 - 0 Progresso Asa 3 - 1 1º de Agosto Interclube 0 - 0 Benfica de Lda D. da Huila 0 - 0 1º de Maio Santos 0 - 3 Kabuscorp A. Namibe 2 - 1 R. da Caála Porcelana FC 1 - 1 D. Sagrada Quando

a corda rebenta no lado mais fraco

CARTÃO AMARELO

O Girabola caminha para o seu des-fecho e algumas equipas já começa-ram a fazer os respectivos balanços. Até aqui nada mais justo. Acontece, porém, que à semelhança do que se tem verificado todos os anos, os trei-nadores continuam a ser o principal ‘bode expiatório’ para justificar os fra-cassos protagonizados pelas equipas.

Infelizmente muitos dirigentes des-portivos teimam em dar um mau exemplo ao futebol, atribuindo os seus erros, de forma deliberada, a pessoas em quem antes confiaram. Ou seja, não se percebe como é que o presidente de um determinado clu-be, que durante toda a época fute-bolística arrastou-se para conquis-tar a maioria dos pontos pode, no final do campeonato, exigir que a equipa esteja entre os primeiros do campeonato. O mais recente discur-so do presidente do Progresso do Sambizanga, Paixão Júnior, sobre a posição da sua equipa no Girabola, é uma prova inequívoca de como é fácil apontar o dedo acusador ao trei-nador. Depois de afirmar que os nos-sos técnicos são o ‘elo mais fraco’ do campeonato, o homem máximo dos sambilas decidiu lançar discursos ‘ameaçadores’ à sua equipa técnica, prometendo demiti-los, caso a equi-pa não termine na quinta posição.

De facto, exigir é fácil, mas o que os nossos dirigentes esquecem, por vezes, é de satisfazer as necessidades das respectivas equipas, porque está cla-ro que ‘não se fazem omeletes sem ovos’. De que vale uma equipa sonhar com patamares mais altos do que aqueles que pode alcançar, se não tem uma equipa e conjunto capaz de fazer face aos desafios da época. E o que acontece com o Progresso é um exemplo claro do que está a aconte-cer também no Interclube e Libolo, cujos técnicos podem ser sacrifica-dos pela ‘boa época’ que fizeram! E é como diz Artur Almeida: temos de mudar a mentalidade do futebol.

MATEUS XAVIER

CLASSIFICAÇÃO LIGA GIRABOLA

1. Kabuscorp

2. 1º de Agosto

3. Bravos do Maquis

4. Petro de Luanda

5. Sagrada Esperança

6. Interclube

7. Desportivo da Huila

8. Recreativo do Libolo

9. Progresso

10. Recreativo da Caála

11. 1º de Maio

12. Benfica de Lda

13. ASA

14. Porcelana FC

15. Atlético do Namibe

16. Santos FC

TOTAL CASA FORA

P J V E D G

70

55

51

46

45

40

39

39

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34

32

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29

29

29

29

29

29

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9

9

10

10

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8

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7

7

6

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7

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7

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12

9

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8

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8

7

8

5

1

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5

9

6

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8

10

11

11

13

9

14

15

15

19

51-15

41-22

39-22

35-20

35-27

35-33

35-31

32-30

32-31

29-33

24-38

26-29

25-37

25-41

27-59

25-49

J V E D G

14

14

15

15

14

15

15

14

14

15

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14

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9

9

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3

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1

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2

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33-3

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17-13

14-9

17-17

14-16

13-21

18-14

18-17

17-26

J V E D G

15

15

14

14

15

14

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10

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0

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3

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2

2

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0

5

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6

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5

5

11

12

11

19-3

16-19

15-14

12-14

14-17

14-19

21-14

18-19

15-18

15-25

7-21

12-13

12-16

7-27

9-42

8-23

O ASA precisa de ganhar para manter essa expectativa. Mas, se o Porcelana FC empatar, não tem qualquer necessidade de pontuar. Os “aviadores” têm nas mãos a possibilidade de ser uma das equipas totalistas do Girabola, apesar da sua actual posição classificativa. Se os nami-benses vencerem e os outros dois candidatos à despromoção perderem, a equipa do Atlético vai ser a grande vencedora, garantindo a permanência na prova. Mário Silva

Luta animada na ‘cauda’

RESULTADOS 29.ª JORNADA

R. do Libolo - ASA 1º de Agosto - Interclube Kabuscorp- Petro de Lda Sagrada - B. do Maquis B. de Luanda - R. da Caála Progresso - D. da Huila A. Namibe - Santos 1º de Maio - Porcelana FC

29.ª JORNADA

02/10, 15h00

02/10, 15h30

02/10, 15h30

02/10, 15h00

02/10, 15h30

02/10, 15h30

02/10, 15h30

02/10, 15h30

Meyong (Kabuscorp)

Guedes (Sagrada Esperança)

Bena (D da Huila)

Massinga (Progresso)

Paizinho (Bravos do Maquis

Yano (Progresso)

Love (Kabuscorp)

Laucha (IPorcelana)

MELHORES MARCADORES

18

12

12

12

11

9

9

8

É tudo ou nada, ASA!

Os “aviadores”, carecidos de pon-tos, viajam até Calulo para enfren-tar o campeão destronado do Gira-bola.

Aliás, o Libolo no seu reduto, e com o apoio do seu público, dá aos visitantes hipóteses quase nulas de saírem da Vila de Calulo com a per-manência garantida.

RECREATIVO DO LIBOLOASAEstádio: Calulo

Ao Porcelana só a vitória interessa

O Porcelana FC pode esfregar as mãos de alívio porque vai ao encon-tro dos ‘proletários’, equipa com poucos argumentos para fazer face ao objectivo, que passa pela sobre-vivência no “convívio dos grandes”. Vale referir que uma possível der-rota dos kwanza-nortenhos signi-fica o descalabro total.

1º DE MAIOPORCELANA FCEstádio: Municipal

O jogo das multidões

O Kabuscorp, campeão antecipado do Girabola, e o seu presidente, Bento Kangamba, pretendem festejar e fechar a época com um triunfo diante do seu “arqui-rival”. Porém, os tricolores tam-bém almejam terminar com uma vitó-ria, e tudo farão para derrotar os pupi-los de Edouard Antranik.

KABUSCORP DO PALANCAPETRO DE LUANDAEstádio: 11 de Novembro

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Hipismo. Angola admitida em Genebra na Federação Equestre Internacional

Representada na reunião magna do órgão que superintende a modalidade a nível mun-dial pelo vice-presidente, Ginga Almeida, e pelo secretário-geral, Paulo Alexandre, a Fede-ração Equestre de Angola concretiza, este mês, o sonho da aposta na internacionaliza-ção da modalidade no contexto mundial. O propósito perseguido pelo elenco liderado pelo general José Alfredo ‘Ekuikui’ confirma--se agora, com a integração de Angola no gru-po de países africanos membros da federa-ção internacional.

Apesar de não ter tradição no desporto hípi-co (cavalos), o país acaba de confirmar, com a admissão no grupo 9 – em que se perfilam as federações equestres africanas –, o come-ço de um novo ciclo, cujo objectivo funda-mental é ganhar visibilidade internacional.

FEDERAÇÃO AFRICANA DE DESPORTO EQUES-TRE A GALOPE. Durante a presença na Suí-

MATEUS XAVIER

A Federação Equestre de Angola (Fequangola) foi convidada a participar, pela primeira vez, a 7 de Novembro próximo, na Assembleia Geral da Federação Equestre Internacional (FEI), a ser realizada em Genebra, na Suíça

Angola busca em Genebra apoio para competir nos próximos Jogos Olímpicos

Automobilismo. GP 11 de Novembro ‘corre’ no Autódromo O Autódromo de Luanda voltará a estar agitado no próximo dia 3, com a reali-zação do grande prémio de automobi-lismo e motociclismo, em alusão aos 38 anos da Independência de Angola.

A prova organizada pela Federa-ção Angolana de Desportos Motori-zados (FADM), conjuntamente com o Ministério da Juventude e Despor-tos, contará com a participação de 60 pilotos nas duas especialidades, tendo a organização criado todas as condições para o êxito do certame.

De acordo com a organização, a prova será disputada no circuito per-manente do Autódromo de Belas, em Luanda, com a distância de 4,350 km por volta.

A competição incluirá a categoria de GTS (grandes turismos e sport-protótipos), a de classe de turismo até 2.000 centímetros cúbicos – isso para os automóveis – e a categoria de 600 centímetros cúbicos para motos. Para motos (AGP600+Open), a disputa realiza-se em duas man-gas de 11 voltas cada. Em carros (CNVTUR), será o número de man-gas e 12 voltas. O GT&Sport (corri-da única), será em 17 voltas.

De acordo com o programa, os trei-nos livres e cronometrados aconte-cem sexta-feira e sábado, reservan-do-se o domingo para as corridas, a partir das 13 horas.

Esta prova é também pontuável para a 9.ª e última jornada do Cam-peonato Nacional de velocidades, que encerra a temporada desporti-va da FADM.

“Aspectos relativos ao melhora-mento da pista, assistência técnica, médica e de segurança aos concor-rentes e espectadores estão assegu-rados”, garantiu Ramiro Barreira, vice-presidente da FADM.

Mário Silva

ça, a delegação angolana aproveitará para dar a conhecer a realidade actual do des-porto hípico nacional. Em Genebra, a comi-tiva da Fequangola confirma ainda a inte-gração na zona africana, como membro da federação internacional, devendo ser um dos observadores no processo de criação da futura Federação Africana de Desporto Equestre, uma aposta dos países africanos membros da Federação Equestre Interna-cional. Quénia e África do Sul encabeçam a zona africana.

Com a estreia no palco internacional a Fequangola começa, de acordo com o seu secretário-geral, Paulo Alexandre, a edificar as infra-estruturas para, num curto espaço de tempo, poder organizar concursos nas várias especialidades hípicas.

“Compete aos Centros Hípicos recrutar bons mestres na arte de bem cavalgar em toda a sela, bem como técnicos especialistas na for-mação de atletas de topo, que dignifiquem este prestigiado desporto e o elevem às mais

DR

altas instâncias nacionais e internacionais”, balizou o principal executivo da federação em declarações à imprensa.

Paulo Alexandre valoriza, em nome da Federação Equestre Angolana, o estabele-cimento de parcerias, ao mesmo tempo que exorta à união de esforços e troca de sabe-res e experiências, no sentido de um cami-nho único na dignificação do mundo eques-tre, na paixão pelo cavalo e pelo hipismo. Isto não apenas como um desporto de eli-te, mas como um desporto que venha a ser praticado por crianças e jovens de todos os estratos sociais.

“Apela-se, assim, ao mecenato e à filantro-pia, tão necessários à formação para o ver-dadeiro exercício da cidadania e culto deste desporto. E este é um desporto ímpar, que carece de treino e convívio permanente com o cavalo”, sublinhou.

INCURSÃO NA DIÁSPORA PARA AVENTURA OLÍM-PICA . O secretário-geral da Fequangola valo-riza a criação dos vários centros hípicos no país, como principais parceiros da federação. Acredita, por isso, que outros centros hípi-cos irão surgir, a breve trecho, na Polícia Nacional (Luanda), na Catumbela, Huambo, e Kuando Kubango. Encoraja, no entanto, a que todos tenham a intenção de abrir cen-tros equestres, a darem as mãos e a fazerem uma caminhada juntos, num processo de uni-dade nacional, em redor do cavalo e do des-porto e saúde que este singular animal pro-porciona ao homem.

“Fazer o culto do mundo equestre, valori-zar o cavalo e ensinar a arte equestre é tare-fa de todos os centros hípicos, nunca esque-cendo a transmissão desse saber pelas gera-ções subsequentes. Somos também formadores de cidadãos mais cultos, mais responsáveis, mais humanistas e mais preparados para a competição ao mais alto nível”, considerou Paulo Alexandre.

O responsável federativo lembrou, a finali-zar, que a Fequangola está consciente das dificuldades e tudo fará para estar com os seus associados, incentivando-os e apoiando--os em todas as suas a actividades. A etapa que se segue, segundo o secretário-geral, é a organização de torneios ou concursos inter--hípicos, com o objectivo de apurar os melho-res pares de atletas cavaleiros e cavalos para representar Angola, nos concursos interna-cionais e nos jogos Olímpicos.

“Estamos a encontrar, na diáspora, atletas que nos possam representar nas próximas Olimpíadas, e as possibilidades são muito positivas”, anunciou.

No próximo dia 28 do corrente mês, Ango-la recebe a visita de uma delegação da Argen-tina, que aproveitara a presença no nosso país, para trabalhar com a federação ango-lana na preparação dos projectos para exibi-ção do primeiro Pólo no país e criação da pri-meira equipa de Pólo em Angola.

A Federação procura apoios para a cons-trução de um hipódromo nacional e centros hípicos nas restantes províncias. O órgão rei-tor da modalidade, que tem como presiden-te da direcção José Alfredo “Ekuikui”, con-trola no país 4.000 cavalos.

DR

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R Mais // Desporto Internacional

Bola de ouro. Blatter acusado de ‘viciar’ a eleição do Melhor Jogador do Mundo

O homem forte da FIFA voltou a ser crucifi-cado pela incontinência verbal, ao dar a conhe-cer a sua preferência na eleição do melhor jogador do mundo. Joseph Blatter surpreen-deu tudo e todos ao descrever Lionel Messi e Cristiano Ronaldo como futebolistas de esti-los radicalmente diferentes. Nesta aprecia-ção, o responsável acabou por admitir que o seu voto vai para o argentino.

Como se não bastasse a declaração de pre-ferência, o presidente do organismo que atri-bui a Bola de Ouro perdeu-se em elogios ao craque argentino, afirmando que “Leo Messi é um bom rapaz” e “nada exuberante”, que joga muito bem e marca muitos golos.

BLATTER IMITA GESTOS DE RONALDO. A pos-tura, que alimenta suspeitas sobre a parcia-lidade da FIFA, tornou-se ainda mais censu-rável pela forma como o dirigente se referiu a Cristiano Ronaldo. Em vez de se ficar pelas palavras, Blatter levantou-se e tentou imitar o jogador português.

MATEUS XAVIER

O Presidente da FIFA declarou publicamente que prefere Lionel Messi a Cristiano Ronaldo, na lista de nomeados para a Bola de Ouro, prémio que distingue o melhor jogador do mundo. A posição valeu-lhe duras críticas, que forçaram um pedido de desculpas

Presidente da FIFA causa polémica ao dizer que prefere Messi na eleição da Bola de Ouro

Polémica. Diego Costa recusa jogar pelo Brasil

O avançado do Atlético de Madrid, Diego Costa, já não vai jogar pela selecção do Brasil. O brasileiro natu-ralizado espanhol decidiu renunciar à convocatória do seleccionador Luiz Felipe Scolari, para representar a canarinha no Mundial de 2014.

A decisão do jogador causou um enorme mal-estar no seio da Con-federação Brasileira de Futebol (CBF) e da equipa técnica da selecção, ao ponto do seleccionador, Scolari, afir-mar que o jogador acabou com o sonho de milhões de adeptos.

“Um jogador brasileiro que se recu-sa a vestir a camisa da Selecção Bra-sileira e a disputar uma Copa do Mundo no seu país só pode estar automaticamente desconvocado”, afirmou o treinador ao site da CBF.

“Ele está a virar as costas para um sonho de milhões, o de representar a nossa Selecção pentacampeã em uma Copa do Mundo no Brasil”, acrescentou ‘Felipão’.

Depois de ter sido pré-convocado por Luiz Felipe Scolari para os jogos amigáveis contra Honduras e Chi-le, Diego Costa anunciou que não mais vestirá as cores da selecção do seu país, ao oficializar publica-mente o seu desejo de vestir a cami-sola da Espanha.

Apesar de a CBF ter insistido na pressão ao jogador, para que mudas-se de decisão – revelando que con-tinuaria a tentar “até à última ins-tância” para ter o jogador na Selec-ção – a vontade de Diego Costa prevaleceu.

“Existe um processo democráti-co. Eu fui favorável a ele jogar pela Selecção. Mas, agora que ele disse isso, eu não o traria. O processo se esgotou, ninguém pode nos acusar de omissão. Está encerrado, vai pre-valecer a opinião do jogador”, afir-mou o coordenador técnico da selec-ção, Carlos Alberto Parreira.DR

“É como um comandante em campo”, disse, enquanto simulava um soldado a marchar, demonstração acompanhada pelos risos de uma plateia. Entusiasmado, o pre-sidente continuou: “Um gasta mais com o cabeleireiro do que o outro, mas não pos-so dizer quem é o melhor. A lista para a Bola de Ouro sai na próxima terça, e eles [técnicos e capitães das selecções nacio-nais e jornalistas escolhidos] vão decidir. Gosto dos dois, mas prefiro Messi”, encer-rou, agregando, assim, mais uma polémi-ca ao já vasto currículo.

A cena provocou inúmeras reacções em Por-tugal e em Espanha, sobretudo do próprio Cris-tiano Ronaldo. O jogador português foi muito lacónico na sua observação, tendo escrito na sua página do Facebook: “O vídeo mostra claramen-te o respeito e a consideração que a FIFA tem por mim, pelo meu clube e pelo meu país. Mui-tas coisas ficam explicadas agora”. O futebolis-ta terminou desejando a Joseph Blatter “saúde e uma longa vida, com a certeza de que vai con-tinuar a testemunhar, como merece, os suces-sos das suas equipas e jogadores favoritos”.

PEDIDO DE DESCULPAS. À ironia de Ronaldo juntou-se um coro de indignados, num movi-mento crítico que forçou Blatter a retractar--se. Tão logo o presidente da FIFA se aperce-beu da polémica, apressou-se a endereçar, em carta dirigida à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), um pedido de desculpas.

Blatter diz ter sido muito mal interpreta-do e lamentou que as suas palavras tenham sido descontextualizadas. Esclareceu que, no fim de uma intervenção numa conferên-cia de imprensa sobre a eleição do Melhor Jogador do Ano – na Universidade de Oxford – o moderador pediu-lhe uma opinião sobre os jogadores Cristiano Ronaldo e Lionel Mes-si. O presidente da FIFA adianta que res-pondeu que os dois são excepcionais, clas-sificando-os como “estrelas iguais do nosso desporto, mas cada um com um estilo de jogo diferente”.

Note-se que o dirigente escreveu ao presi-dente da FPF, Fernando Gomes, depois de este ter enviado ao líder da FIFA uma carta a pro-pósito das declarações do máximo responsá-vel do organismo sobre o futebolista luso.

Craque gera controvérsia no Brasil e em Espanha

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Fórmula 1. Vettel imparável

Sebastian Vettel está no topo do mundo. O piloto alemão da Red Bull/Renault sagrou-se tetracampeão do Mundo de Fórmula 1 ao vencer, no passado domingo, o GP da Índia, tornando-se, aos 26 anos, o mais jovem piloto a chegar ao pódio.

A conquista alcançada por Vettel permitiu à Red Bull ficar a três corridas de terminar o Mundial e de arrebatar o título de campeão do mundo de F1 pelo quarto ano consecuti-vo. A três provas do final, ou seja, com 75 pon-tos por disputar, Vettel lidera o Mundial com 322 pontos, mais 115 do que Alonso, segun-do classificado.

Para conquistar o seu 4.º título consecutivo, Vettel precisava de terminar apenas no 5.º posto no circuito Buddh, em Nova Deli, mas alcançou a 10.ª vitória da temporada, 6.ª seguida e 36.ª da sua carreiraMATEUS XAVIER

Jovem piloto alemão é o novo recordista do desporto automóvel mundial DR

O germânico, nascido em Heppenheim a 3 de Julho de 1987, que bateu recordes de pre-cocidade na conquista de todos os seus títu-los, igualou o registo do francês Alain Prost, também campeão por quatro vezes: em 1985, 1986, 1989 e 1993.

Depois de no ano passado ter entrado para a restrita lista dos tricampeões, juntando-se ao australiano Jack Brabham, ao britânico Jackie Stewart, ao austríaco Niki Lauda e aos brasileiros Nelson Piquet e Ayrton Senna, Vettel está somente atrás do argentino Juan Manuel Fangio, cinco vezes campeão nos pri-mórdios da F1, e do seu compatriota Michael Schumacher, que ostenta sete títulos, cinco dos quais consecutivos (2000-2004).

O germânico pode ainda tornar-se o primei-ro piloto a ganhar nove corridas consecuti-vas numa época, se vencer as três provas que restam, em Abu Dhabi, nos Estados Unidos e no Brasil. Esse feito colocá-lo-ia também ao nível de Schumacher, com 13 triunfos conse-guidos num ano.

UM TETRACAMPEÃO SEM PONTOS FRACOS. Sebastian Vettel é tido por muitos como um piloto que só consegue ganhar porque tem o melhor carro. Mas estes críticos esquecem-se que o segredo para os triunfos na F1 está na aliança entre a eficácia do monolugar e os dotes de pilotagem. E nesta combinação deve incluir-se a comunicação que o piloto é

capaz de estabelecer com a máquina, enge-nheiros e projectistas.

É também por isso que a opinião de Adrian Newey, o “mago” que desenha os carros da Red Bull – e que já rendeu 4 títulos de cons-trutores –, tem de ser levada em conta. “É difícil encontrar uma fissura na sua arma-dura”, afirma Newey, garantindo também que a pilotagem de Vettel é a mais comple-ta. Sem esquecer, claro, a tal comunicação com os responsáveis pela técnica. “De cada vez que ele entra no carro tem maior conhe-cimento do que tinha na última vez em que saiu de lá”, assegura Newey.

Embora recuse fazer comparações entre Vettel e Webber, o director técnico da Red Bull é claro: “Acusavam-no de muitas coisas, como por exemplo de não ser capaz de fazer ultrapassagens ou de protagonizar algumas manobras pouco ortodoxas. Essas opiniões não fazem qualquer sentido, não há dúvidas sobre o talento, o ritmo e a forma como está em pista”, completa Newey. Mais do que elo-gios gratuitos, esta é a opinião de alguém que lida quase diariamente com o alemão e que sabe o óbvio: é também por Vettel que os Red Bull continuam a ser os monolugares (bom, pelo menos aquele atribuído ao tetracam-peão...) mais eficazes do pelotão.

“Está numa classe à parte. E a caminho de tornar-se o melhor piloto de sempre da Fór-mula 1. Se não é... já”. Esta frase não pertence a Adrian Newey. Foi proferida por Lewis Hamil-ton, campeão do Mundo em 2008 e um dos pilotos que não têm conseguido travar a supre-macia do alemão. Os números que se compi-lam nesta página dão uma ideia do que já foi conseguido por Vettel desde a estreia em 2007. Uma trajectória ainda mais impressionante se considerarmos o tempo de carreira que ain-da tem pela frente. “Um feito incrível para alguém com esta idade”, reforça Hamilton.

NÚMEROS DE VETTEL 1376 TOTAL

DE PONTOS CONQUISTADOS

117 GP DISPUTADOS 91 CORRIDAS DISPUTADAS

PELA MESMA EQUIPA 62 CORRIDAS NA LIDERANÇA 61 PRESENÇAS NA 1.ª LINHA

DA GRELHA DE PARTIDA 59 PRESENÇAS NO PÓDIO

43 POLE POSITIONS 36 VITÓRIAS

21 VOLTAS MAIS RÁPIDAS 17 PÓDIOS NUMA

SÓ TEMPORADA (2011) 15 NÚMERO DE POLE POSITIONS

NUMA ÚNICA ÉPOCA (2011) 7 NÚMERO DE “HAT TRICKS” POLE/VITÓRIA/VOLTA MAIS

RÁPIDA 6 SEQUÊNCIA DE VITÓRIAS

(AINDA EM ACÇÃO) 4 TÍTULOS DE CAMPEÃO

DO MUNDO

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R Mais // CulturaMais // Cultura

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As vozes e os ritmos que dão a cantar a música de Angola

Desde Maio em movimento, o projecto “Documentar a Música de Angola” já percorreu as províncias do Namibe, Benguela, Cabinda, Lunda Norte, Malanje e Luanda, além de incluir passagens por Portugal, França e Áustria. Até à apresentação final, todas as rotas conduzem à delimitação do mapa de sonoridades nacionais

“O que aqui colhemos, aqui deixamos. Quem vier e quiser pegar nos registos

tem aqui uma porta aberta”, revela a directora

do projecto

Primeiro resistiram amordaçadas aos dita-mes da opressão colonial. Depois sobrevive-ram abafadas pelo troar dos tambores da guerra. Agora finalmente em liberdade, con-quistada entre clamores de paz, dezenas de vozes da cultura angolana unem-se pela ele-vação da música nacional.

O coro afina-se sob a batuta do projecto “Documentar a Música de Angola” que, à ima-gem da própria designação, se propõe ras-trear os sons e os ritmos do país.

Para isso, além de embarcar numa expedi-ção por seis das 18 províncias nacionais – nomeadamente Luanda, Benguela, Lunda Norte, Malanje, Namibe e Cabinda – a inicia-tiva percorre as cidades portuguesas de Lis-boa e do Porto, a capital francesa Paris e ain-da a austríaca Viena.

50 TESTEMUNHOS CONVERTIDOS NUM TRIPLO CD, NUM DVD E NUM CATÁLOGO. “Também fizemos investigação em arquivos digitais localizados nos Estados Unidos da América e em Bruxelas”, revela Ulika da Paixão Fran-co, directora editorial e de produção do “Docu-mentar a Música de Angola”.

No terreno desde Maio, o trabalho reúne os contributos de uma equipa luso-angolana multidisciplinar, conduzida pela empresa UPF-Comunicação e Relações Públicas com o financiamento do Banco de Desenvolvimen-to de Angola (BDA).

“Costumo dizer que este projecto tem dois grandes momentos: o do reencontro – traba-lhado entre mim e o Presidente do Conselho de Administração do BDA – e o do acolhimen-to – a partir do momento em que se juntou à

PAULA CARDOSO [email protected]

equipa o António Rodrigues, repórter de pro-fissão e ex-correspondente da Agência Lusa em Angola”, descreve Ulika, sublinhando a mais-valia informativa conferida pelo jornalista.

“Foi com o António que tracei a segunda viagem a Angola, que, pela qualidade em ter-mos de material produzido, revelou ser a de maior importância”, reforça a responsável, entrevistada pelo Agora entre viagens para recolha de testemunhos.

Com uma bagagem aproximada de 50 entre-vistas, na maioria a artistas, o “Documentar a Música de Angola” encaminha-se agora para a recta final: produzir e editar um tri-plo CD, um DVD e um catálogo.

O processo, construído a partir do contri-buto de cerca de 15 profissionais, é apresen-tado no próximo mês de Dezembro, despido de quaisquer pretensões científicas.

“Ninguém aqui é crítico de música, não tenho diplomados em História, nem especia-listas em Etnomusicologia”, desconstrói Ulika, peremptória em enquadrar o projecto no pla-no estrito das relações públicas e comunica-ção institucional.

EM NOME DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL. “Quanto à música de Angola somos todos ignorantes. Os grandes contribuintes são os músicos. Limitamo-nos a reportar, a colocar o microfone. Mas eles é que sabem o que cantam”, destaca a directora do pro-jecto, incansável nas homenagens.

“Angola deve-lhes muito. Dinheiro nenhum no mundo paga os grandes senhores da músi-ca da nossa terra, e, neste sentido gostava que fossem melhor tratados. Eles têm sido o sal deste povo”.

Bonga, Nástio Mosquito, Wiza, Filipe Muken-ga, Walter Ananás, Aline Frazão...os nomes

misturam novatos e veteranos, num concerto de vozes que promete fazer história no país.

“Este projecto é extremamente importan-te para a valorização da música angolana”, reconhece Belmiro Carlos, que fala ao Ago-ra na qualidade de secretário-geral da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC), parceira desta iniciativa.

“É falsa a ideia de que as instituições em Angola não funcionam. Só temos a agrade-cer à Ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, pela forma como tem apoiado este projecto”, refere a directora do projecto, destacando o envolvimento da governante.

“Tem sido uma parceira não apenas no papel, mas na realidade, demonstrando conhe-cimento profundo da realidade cultural de Angola”.

Apesar dos múltiplos contributos inventa-riados para “Documentar a Música de Ango-

la”, Belmiro Carlos destaca a urgência de con-solidar os ímpetos de pesquisa.

“Há uma clara falta de documentação, nomea-damente por causa do período da guerra, que contribui para o desconhecimento das gera-ções mais novas em relação à própria iden-tidade cultural”, nota o responsável da UNAC, apelando ao resgate das nossas raízes.

“Todo o movimento que aconteceu antes da Independência corre o risco de se perder. Por isso, mesmo sendo uma gota num ocea-no, este projecto representa um contributo inestimável para a nossa música”, remata o secretário-geral, que é também cantor e com-positor.

“Não nos podemos esquecer que há muito por conhecer e registar”.

PARTILHA PARA O FUTURO. A escala repete-se na leitura de Ulika, que, num assumido dever “de ser realista”, defende que o contributo do projecto é “muito pequeno, perante o enor-me contributo que a cultura de Angola deu a cada um de nós”.

Dimensões à parte, a directora do Docu-mentar assume o compromisso de partilhar os esforços. “O que aqui colhemos, aqui dei-xamos. Quem vier e quiser pegar nos regis-tos, seja um etnomusicólogo, um investiga-dor, um cientista social, ou um historiador, tem aqui uma porta aberta para fazer mais e melhor”, antecipa Ulika da Paixão Franco, criticando o egoísmo de alguns.

“Ofende-me que muitos promotores cul-turais não tenham a dignidade de devol-ver o património a seu dono. Vou entre-gar tudo ao Estado. Todo o material, des-de relatórios a brutos de filmagens”, garante a directora, sem meias-palavras. “Tudo isto é do país”.

“Não podemos esquecer que há muito por conhecer

e registar. Isto é apenas uma gota no oceano”,

defende Belmiro Carlos da UNAC

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R Mais // Cultura

Baía de Luanda expõe Palanca

Patentes na Casa da Palanca, situada na Marginal de Luanda, mais de 20 réplicas da palanca negra gigante partem em digressão pelas 18 províncias do país no próximo ano

Segundo o director do projecto, Luís Polanah, a iniciativa, com 13 meses de duração, tem um cunho de responsabilidade ambiental, social e cultural. Isto porque, além de sensibilizar para o risco de extinção da palanca, a exposição permite ‘explorá-la’ enquanto símbolo nacional e potenciá-la como instrumento de solidariedade.

Sobre este último aspecto, o res-ponsável explicou que, uma vez cumprido o período de exposição, será realizado um leilão para ven-da das obras, cujas receitas vão reverter para a recém-criada Ori-ginal Foundation.

“Esta é a primeira edição de uma iniciativa inovadora da Original Foun-dation, criada pela empresa Original Brands que, através da palanca negra, símbolo nacional, aspira obter ver-bas para ajudar milhares de crian-ças desfavorecidas que necessitam de pequenas cirurgias correctivas de deficiência física”, destacou.

Luís Polanah acrescentou ainda que o evento também “contribui-rá para a preservação da espécie animal e do ambiente”.

Para garantir a transparência des-

te processo, a fundação – que rece-berá 10% do valor de cada peça tran-saccionada – será auditada pela KPMG, de forma a garantir que o valor obti-do será realmente canalizado para as crianças desfavorecidas.

Além da presença na Casa da Palan-ca, as peças serão expostas noutros espaços, como o Belas Shopping, onde o público poderá apreciar o trabalho do colectivo de artistas, desafiados para esta iniciativa.

VISITA ESCOLAR PARA CONTEMPLAR A PALANCA. À boleia de uma vista escolar na Baía de Luanda, o Ago-ra comprovou como alunos e pro-fessores recebem orientações dos guias sobre a importância da expo-sição e o desenvolvimento susten-tável e económico.

Para a professora Sónia Marisa a actividade é uma forma de criar hábitos sustentáveis nos alunos.

“É uma excelente oportunidade para os professores mostrarem as tendências da arte contemporânea. Mas também é uma chance de dis-cutir o ensino da arte no país e de fazer uma revisão nos métodos de trabalho”, concluiu.

Cremildo Silva

BESAfoto premeia melhores da arte

Selma Fernandes foi a grande vencedora da edição deste concurso de fotografia, arrebatando o júri com a imagem de um grupo de crianças, retratadas a preto e branco

Foto de Selma Fernandes, a vencedora do concurso DR

“A fotografia demonstra, graficamente, a força da imagem, mesmo sem identificar os rostos das crianças, e transporta-nos para a alegria do momento, fazendo lem-brar grandes exemplos de clássicos da foto-grafia”, destacaram os jurados do concur-so, na consagração de Selma Fernandes como grande vencedora da edição 2013 do BESAfoto.

O segundo prémio foi para a imagem de Adalberto Gourgel, que retrata a situação dos albinos em África. “Esta questão tem sido relatada com um particular enfoque no estigma social que atinge indivíduos com albinis-mo. Esta imagem, no entanto, trans-mite uma mensagem diferente. Uma mensagem de esperança e de coe-xistência”, justificou o júri.

Finalmente, a escolha do terceiro prémio recaiu sobre uma fotografia de meninos, apanhados entre movimentos de luta. “Esta foto ultrapassa a imagem ‘cliché’ de crian-ças africanas, com brilhantes olhos negros e aparência frágil”, considerou o júri, acres-centando: “ A foto tem beleza, poesia e reme-te-nos para a alegria da infância. Estas emo-ções são transmitidas pelas qualidades téc-nicas da foto e pela sua equilibrada composição”.

Abordado pelo Agora, Adalberto Gourgel mostrou-se satisfeito com o prémio e opor-

tunidade que lhe foi proporcionada para expor os seus trabalhos.

Presente na cerimónia, o secretário de Estado da Cultura elogiou a iniciativa do Banco, tendo considerado que o prémio deve continuar, por consagrar a criatividade na arte de fotografar.

Cornélio Caley salientou ainda que o pré-mio prestigia e valoriza os profissionais que actuam no sector, bem como aqueles que de modo amador dão asas a uma paixão.

Já Ana Paula Salgueiro, da comunicação e imagem do BESA, faz um balanço positivo do evento e destaca o seu impacto social.

“A missão do banco passa por pre-miar, promover e ajudar os artistas angolanos a alcançar o reconhecimen-to da sua arte”, acrescentou.

Questionada sobre a lógica por detrás da atribuição das menções honrosas, que permitiu distinguir três vezes o mesmo fotógrafo, Sal-gueiro salientou que isso decorre

do próprio processo de selecção. “O júri esco-lhe as imagens que considera melhores, des-conhecendo quem são os fotógrafos”.

CREMILDO SILVA [email protected]

Palancas expostas na Baía de Luanda

“A missão do banco passa por premiar, promover e ajudar os artistas angolanos a alcançar o reconhecimento da sua arte” T

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A relação estava ao soluços, a patinar em actos de afecto pouco frequentes. Os encon-tros do casal eram esporádicos e sem fogo, sem chama, sem beijos verdadeiros.

Ambos frequentavam a 10.ª classe numa escola pública de Luanda. Ele era o delega-do de turma, tudo pela disciplina que osten-tava e impunha aos seus colegas foi nomea-do ao cargo ainda no início do ano lectivo, para alegria dela.

Estavam a um passo do paraíso com carí-cias, confissões de amor e todos os mimos que a flecha do cupido cria nos corações apaixonados.

O casamento seria consumado tão logo con-cluissem o ensino médio, bastava-lhes come-çar o primeiro ano do ensino superior para legalizar a relação juntos dos pais e assim, dar a conhecer a meio mundo o que sentiam um pelo outro.

Não demorou muito para que consogros se conhecessem, num dia de emoções fortes em que isolados, por pouco comiam a fruta do pecado. Prudente, Luzia pediu-lhe que pro-vasse que a amava e fosse com ela para dar a conhecer aos futuros sogros os seus reais intentos, na véspera.

Diniz concordou interrompido que estava o ciclo de beijos laços, e desta feita correspon-der positivamente a primeira prova de amor.

O tempo fez questão de retardar o pedido de noivado. Por dias a fio o casal desconhe-cia-se como se jamais se tivesse conhecido, as marés de desentendimentos era cada vez mais intempestivas.

Como se inicialmente Luzia não se arre-piasse quando ouvisse o nome do seu ama-do ou que ele, Diniz não ganhava rebrilho nos olhos ao olhar para a sua cara-metade.

A situação estava a ganhar contornos ‘incon-tornáveis’, em princípio a relação transpare-cia sólida em caldas de mel de prosperidade, subitamente experimentava o fel do frio do amor. Como?

O amor é um sentimento que se rega com amor correspondido, quando assim não acon-tece gera o ódio, mas nem sempre.

Como o sentimento nasceu na escola foi lá que Diniz achou por bem tirar satisfações sobre o love affair que ia a bad romance, sem as paran-gonas do caso dos músicos Chris Brown e Rihanna, mas ia à pique, de mau a pior.

Luzia não se fazia rogada pelas indagações do ex – amado. Quis saber o motivo de tanta ausência será que tinha feito algum dispara-te e não deu por ele? Pensou e minguou em divagações sem fundamento. Chegou inclu-sive a agarrá-la pelos braços e por pouco exce-deu-se na força física para induzi-la a voltar para os seus braços. Ninguém tinha capaci-dade para demovê-la dos seus intentos.

Os pais da menina aperceberam-se da hesi-tação. Ela não quis continuar a sua vida amo-rosa com Diniz. Estava à espera da melhor altura para dizer com muito tacto para não magoar. O seu coração era de outra pessoa.

O mais lesado seria Diniz, entre ambos sem-pre foi ele que o mais apaixonado, mais dispo-nível para aquela relação. Era visível a olho nu.

Os pais aconselharam –na agir calmamen-te, fazer a escolha que achasse a mais acer-tada para si, eram incompatíveis segundo ela. Por isso e aliado o facto dele a ter mal-tratado naquele dia na escola ela decidiu dis-solver a relação.

Ligou para ele a fim de se encontrarem novamente na escola, para admiração do rapaz volvidos dois meses sem receber uma ligação da sua rainha. Seerá que depois daque-le interregno ela tinha visto que era ele quem devia amar para sempre? Ela reconsiderou. Deve ter caído em si, julgou.

Não entendeu, não tinha plateia a vergonha e a desilusão não teriam tanto peso como se fosse tudo dito assim em plena hasta pública, daí a instantes num piscar de olhos Luzia caiu do segundo piso da escola, num gesto grotes-co pela brusquidão com que esboçou o empur-rão àquela que sempre disse ser sua amada.

Ela jogou limpo, disse o que lhe ia na alma, que nada mais queria com ele senão a sua ami-zade, que não poderiam continuar juntos, rogou para que ele entendesse aquele adeus como uma despedida de alguém que o respei-tou enquanto partilhava o mesmo afecto.

Luzia perdeu a vida pelas mãos do supos-to namorado, o crânio atingiu o solo num só impacto.

Mais uma jovem morreu por conta de quem diz que ama. Atrás das grades ele se pergun-ta: - O que é o amor? É triste…

FRENTE & VERSO

Quando o adeus quer dizer tchau e goodbye

RÚBIO PRAIA

VAUMARA REBELO encontra-se na Rússia, onde no próximo dia 9 irá participar na gala de coroação da mulher mais bela do universo.

Rebelo terá a responsabilida-de de se manter no ranking do grupo de mulheres mais belas do mundo, depois de Leila Lopes ter alcançado o primeiro lugar em 2011, com o título de Miss Universo.

Fontes próximas do Comité Miss Angola, revelaram que a concorrente angolana parte com boas perspectivas, a julgar pela recente vivência nos Estados Unidos e experiência que adqui-riu ao longo do seu mandato. Recentemente, as mais de 80 candidatas que já se encontram em Moscovo visitaram diversos pontos turísticos da capital e ensaiaram para a grande final.

Miss Angola já em Moscovo

DR

A DÉCIMA EDIÇÃO da mostra será inaugurada na próxima terça-fei-ra, às 18h, na galeria de arte Cela-mar, com a participação de artis-tas de diversas nacionalidades.

Marcela Costa, a responsável da galeria, explicou que a ini-ciativa tem como finalidade a cooperação de artistas nacio-nais e estrangeiros, assim como proporcionar a troca de expe-riências entre os artistas par-ticipantes.

Exposição Coopearte a caminho

DR

Na semana finda foi veiculado na imprensa pública e nas redes sociais que Paul G, músico que se notabilizou no grupo de SSP, teve um acidente de viação em que fracturou a clavícula direi-ta e sofreu ferimentos ligeiros.

O acidente aconteceu na via expressa da Camama, segundo disse o próprio a um portal da Internet. Agora o desastre do can-tor, recém-distinguido com o pré-mio de Melhor Videoclip no con-curso Angola Music Awards (AMA), reaparece nas notícias associado a uma acusação de homicídio involuntário de cinco pessoas.

Segundo o Agora apurou, há um processo na Direcção Provin-cial de Investigação Criminal sobre a ocorrência. Contudo, não foi possível obter informações oficiais do cantor ou do seu agen-te, Daniel Mendes.

Paul G investigado por homicídio involuntário

O AUDITÓRIO da União dos Escri-tores Angolanos testemunhou, ontem, o lançamento do Gran-de Prémio de Literatura. O lan-çamento desta iniciativa, de fomento à cultura literária nos Países Africanos de Língua Ofi-cial Portuguesa (PALOP), é um importante passo na materiali-zação dos projectos de apoio as áreas sociais e culturais levados a cabo pela empresa Sonangol, em parceria com a União dos Escritores Angolanos.

Grande prémio de literatura dos PALOP

“RECUPERANDO O TEMPO PER-DIDO” é o título do segundo álbum do rapper Luís Emídio “Tulewis”, que estará disponí-vel para os fãs a partir de domingo, 3, no Parque da Inde-pendência, em Luanda. O músi-co referiu que o disco, com 13 faixas musicais, traz a públi-co mensagens de amor, rela-ções familiares e problemas sociais, como a droga, a delin-quência e a paz.

“Tulewis” lança disco

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R Mais // Consumo

Bloco de Representações. S.A. Venda, assistência e formação na área da segurança A Bloco de Representações dispõe das mais inovadoras soluções em segurança, abrangendo uma vasta área, desde a videovigilância à prevenção de incêndios

VIDEOVIGILÂNCIA. Os sistemas de videovigi-lância são um forte elemento dissuasor da criminalidade em geral e do roubo em par-ticular, permitindo monitorizar operações e antecipar necessidades em termos de pre-venção de riscos.

A BLOCO disponibiliza uma ampla gama de tecnologias de videovigilância, que garan-tem um nível de organização e controlo sobre dados de vídeo, permitindo o acesso às gra-vações a partir de qualquer parte do mundo, através de um PC ou de um smartphone.

CONTROLO DE ACESSOS. Actualmente, os sis-

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PUBLIREPORTAGEM

temas electrónicos de controlo de acessos necessitam de ir muito para além da mera função de bloquear ou desbloquear portas, disponibilizando soluções de segurança que ofereçam todo o controlo e informação. Isto para que os negócios possam ser geridos de uma forma mais eficiente.

Os nossos sistemas de controlo de acessos podem ajudá-lo nessa missão, assegurando que somente as pessoas autorizadas têm aces-so às áreas reservadas do seu empreendi-mento, constituindo-se a gestão dos acessos como uma ferramenta não só de segurança, mas também de organização.

DETECÇÃO DE INCÊNDIOS. Um sistema de detecção de incêndios tem a função de detec-tar um incêndio numa fase precoce, de uma forma rápida e fiável. Estes sistemas, além de accionarem o alarme, desencadeiam ain-da uma série de processos de activação que impedem a propagação do fogo, como actua-ção de compartimentações, activação de sis-temas de extinção, etc.

A nossa gama de produtos apresenta-se como apropriada para a maioria das instalações do mer-cado, abrangendo desde pequenas a grandes ins-talações e desde instalações simples de retalho a instalações industriais mais complexas.

EXTINÇÃO AUTOMÁTICA DE INCÊNDIOS. A pro-tecção contra incêndios é fundamental em áreas com conteúdos de elevado valor ou informações vitais como sejam museus, cen-trais telefónicas etc.

Os nossos sistemas, baseados nos padrões mais recentes das normas internacionais per-mitem uma resposta rápida a um incêndio numa fase precoce, por forma a proteger vidas e bens, tendo ainda como preocupação o meio ambiente.

DETECÇÃO DE INTRUSÃO. Os nossos sistemas de detecção de intrusão são concebidos para

ajudar a proteger pessoas e bens. Afinal, se os seus bens são valiosos, nada é

mais precioso do que a vida dos seus fami-liares, funcionários e clientes.

ANTI SHOP-LIFTING. A BLOCO disponibiliza sistemas de EAS nas tecnologias RF, AM e EM. Qualquer uma das tecnologias é extre-mamente fiável quando implementadas nas suas áreas preferenciais de protecção. Os sis-temas de EAS podem ser complementados por sistemas de detecção de metais, sistema de detecção de inibidores de sinal (jammers) e contagem de pessoas.

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ALazer

60 anos de Oprah, 100 milhões de festa De um lado encontram-se relíquias, como

um aparador Luís XVI. Do outro exibem-se modernidades tecnológicas como bicicletas electrónicas e, pelo meio, também se arran-jam retratos da dona da casa com persona-lidades de fama global, como o ex-basquete-bolista Michael Jordan.

Distribuídos por várias assoalhadas da Terra Prometida – nome por que é conhecida a man-são californiana de Oprah Winfrey – os múlti-

A caminho do 60.º aniversário, Oprah Winfrey ‘abre’ as portas da sua mansão de Los Angeles a um leilão. Amanhã, perto de 600 peças da denominada Terra Prometida serão licitadas a favor do seu projecto educativo na África do Sul

PAULA CARDOSO [email protected]

A aclamada mulher mais poderosa do mundo está em fase de remodelações DR

plos luxos domésticos da popular apresentado-ra vão amanhã a leilão, incluídos na programa-ção das festas do seu 60.º aniversário.

Avaliados em largos milhares de dólares, os bens, num total aproximado de 600 peças, prometem converter-se numa nova tranche de financiamento para a Oprah Winfrey Lea-dership Academy for Girls, a escola exclusi-vamente para meninas que a rainha dos media criou na África do Sul.

Com este gesto, a mulher mais poderosa do mundo – segundo o ranking da revista espe-cializada em fortunas, Forbes – reforça uma das características por que é internacional-mente reconhecida: a filantropia.

Aliás, jogadas de audiências e acções de marke-ting à parte, convém não esquecer que entrou para a história o momento do entretanto encer-rado programa Oprah Winfrey, em que a apre-sentadora distribuiu carros a cada um dos teles-pectadores presentes na assistência.

FESTA ABRILHANTADA POR DESFILE DE CELE-BRIDADES. Desta vez, porém, a oferta dos valo-res leiloados é, ao mesmo tempo, um presen-te para dar e para receber. Conforme confi-denciou a apresentadora à imprensa norte-americana, o esvaziar de algumas divi-sões da Terra Prometida – comprada há 10 anos por 85 milhões de dólares – obedece também a um ambicioso plano de remode-lação da mansão.

Entregue à decoradora norte-americana Rose Tarlow, famosa pelos projectos hollywoo-descos, a obra será inaugurada a 29 de Janei-ro de 2014, na anunciada mega festa de Oprah, e promete reconfigurar os cómodos à ima-gem da proprietária.

Conforme a própria reconhece amiúde, a mansão – que tem na lista de excessos 14 casas de banho – ergueu-se à medida dos sonhos de uma infância marcadamente pobre, entretanto esvaziados pela realidade do suces-so mundial.

Para preencher este vazio, a todo-poderosa dos media prepara-se para desembolsar mais de 100 milhões de dólares, entre renovação doméstica e celebração aniversariante.

“Preparem-se”, avisa ao The London Times uma figura próxima da norte-americana. “Está em marcha a mais ousada, louca e selvagem festa de aniversário desde o último casamen-to real britânico, e, ao contrário dos governan-tes europeus, a dona da festa não terá de pagar pela presença de superestrelas, porque elas fazem parte do seu círculo de amigos”.

A roda de influências de Oprah, que deve-rá abrilhantar a festa com uma uma legião de celebridades – onde se incluem os nomes de Beyoncé, Diana Ross e Tina Turner –, pro-mete ainda estender a lista de convidados a figuras de topo da política norte-americana, encabeçadas pela sempre badalada e presi-dencial família Obama.

É por isso sem um milímetro de contenção que Oprah Winfrey partilha os planos de cele-bração, conforme demonstra uma recente entrevista ao canal CBS: “Vou ter a maior e mais estrondosa festa que algum dia sonhei”.

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DISTANCIADA da imagem de sex symbol que lhe impulsionou a carreira artísti-ca, a actriz Sharon Stone ressurge ago-ra no papel de Prémio da Paz, reconhe-cimento que já distinguiu, entre outros, o músico irlandês Bono Voz e o ex-fute-bolista italiano Roberto Baggio.

Personalidades de acção, todos inte-gram a ‘galeria branca’ da Cimeira Anual dos Nobel da Paz, iniciativa que elege individualidades empenhadas na pro-moção de um mundo melhor. No caso da premiada de 2013, escolhida por um comité de Prémios Nobel – onde se inclui por exemplo o Dalai Lama –, os méri-tos residem nas campanhas de luta con-tra sida, desde há 10 anos travada em nome da American Foundation for AIDS Research. Organização norte-america-na direccionada para a investigação de uma vacina contra a doença.

De sex symbol a Prémio da Paz

MAIS DO QUE UMA FOTO de família, este é um retrato histórico, que enquadra na mesma imagem todas as linhas de suces-são ao trono de Inglaterra.

Além dos já habituais Príncipes Char-les, William e Harry – respectivamen-te 1.º. 2.º e 4.º na linha de sucessão –, a fotografia inclui o novo herdeiro da Coroa, filho do Príncipe William e a da Duquesa de Cambridge, Kate Middle-ton. Baptizado no mesmo dia em que a imagem foi captada, há uma sema-na numa cerimónia com pouco mais de 20 convidados, o pequeno George é, aos três meses, o 3.ª na linha de sucessão à Rainha de Inglaterra.

A nova jóia da coroa

Cães, gatos, coelhos e até ratinhos da Índia, este ano nem os animais domésticos foram poupados à febre norte-americana do Dia das Bruxas.

Mascarados conforme manda a tradi-ção do Halloween, comemorado ontem, os zoos de trazer por casa foram conta-giados pelo entusiasmo dos donos, que não olharam e meios para fazer a festa.

De acordo com a Federação Nacional do Comércio, a factura dos gastos em ador-nos animais rondou os 330 milhões de dólares, previsão que confirma o poten-cial deste segmento de mercado.

“A tendência tornou-se de tal forma expressiva que várias comunidades orga-nizam desfiles ou simples concentrações de animais mascarados”, lê-se no insus-peito Wall Street Journal.

330 milhões de dólares para Halloween animal

O estatuto de supermodelo pode abrir muitas portas, mas não chega para atra-vessar as fronteiras dos EUA. Esta é a con-clusão a que se chega a partir das pági-nas do The New York Post, onde se lê que a britânica Kate Moss está na lista negra das autoridades por causa das drogas.

A história, que recupera uma manche-te de 2005 na qual a modelo surgia a sni-far cocaína, vem à baila a propósito da fes-ta de 60.º aniversário da Playboy.

Apesar de o porta-voz da revista garan-tir que Londres sempre foi a primeira opção, a imprensa assegura que a festa aconteceria em Los Angeles, não fosse o percalço de Kate .

Kate Moss barrada baralha planos da Playboy

No pódio dos artistas mortos mais lucra-tivos de sempre – partilhado com nomes como Elizabeth Taylor, Elvis Presley, Bob Marley ou John Lennon – Michael Jackson converteu-se numa fonte fértil em dis-putas financeiras. Como se não bastas-sem as já longas guerras familiares, ago-ra também o produtor musical Quincy Jones vem reclamar o seu quinhão.

Segundo adianta a imprensa norte-americana, Jones alega que assinou alguns dos êxitos mais badalados do eter-no Rei da Pop, como Billie Jean e Thril-ler, reivindicando 110 milhões de dóla-res em direitos de autor.

A polémica chega na mesma semana em que correu mundo a notícia da liber-tação do médico Conrad Murray, após cumprir dois dos quatro anos de prisão a que foi condenado.

A pesada herança de Michael Jackson

NA FORMA DE ESCULTURAS, telas, qua-dros, gravuras ou fotografias, deze-nas de artistas apresentam, desde o passado sábado, na Galeria de Arte do Casino Estoril, em Portugal, tra-balhos que falam a mesma língua: o português.

Assinadas por nomes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, as obras estão reunidas na exposição “Artistas da Lusofonia”, para ver até ao próximo dia 26 de Novembro.

Os contributos de Angola vêem-se pela arte de Armanda Alves, Dora Iva Rita, Guilherme Mampuya, José ZAN Andrade, Júlio Quaresma, Neves e Sou-sa e Rui Manuel Jordão.

Artistas da lusofonia expõem em Lisboa

O mundo de olhos postos no Uganda

Hotéis esgotados, operadores de viagens sem mãos a medir, voos a abarrotar e, por estes dias, todas as rotas turísticas parecem con-duzir os destinos para o Uganda. De acordo com a Ministra do Turismo de Kampala, Maria Mutagamba, citada pela imprensa local, pelo menos 10 mil forasteiros, na maioria cientis-tas e académicos, confirmaram a deslocação ao país para assistir a um eclipse solar total.

O fenómeno – que ocorre quando a lua fica entre a Terra e o Sol, deixando o astro-rei totalmente encoberto – está calendarizado para o próximo domingo, dia 3, e, de tão raro, só se prevê que volte a acontecer daqui a mais de um século, a 3 de Junho de 2114.

Não estranha por isso que os números da pere-grinação ultrapassem os 30 mil turistas, estima-tiva apresentada pelo Turismo do Uganda no final da semana passada, a partir dos pedidos de informação que têm chegado a Kampala.

A romaria ao país encaminha-se sobretudo para a cidade de Pakwach – identificada como

O Governo de Kampala espera receber mais de 30 mil turistas estrangeiros este fim-de-semana, mobilizados para assistir a um eclipse solar total

PAULA CARDOSO [email protected]

o melhor ponto ugandês para contemplar o fenómeno –, a que se juntam outras quatro localizações privilegiadas: Arua, Soroti, Gulu e Masindi.

DESDE 1983 A CAÇAR ECLIPSES. No seu encal-ço segue já uma delegação de 40 alemães, incluindo astrónomos, turistas e “caçadores de eclipses”. Como Daniel Fischer, astróno-mo e jornalista, especializado em eclipses solares. Conforme relata na sua edição onli-ne o diário ugandês New Vision, este entu-siasta germânico “viaja desde 1983 para con-templar eclipses totais, tendo já percorrido cinco continentes, incluindo África”.

Agora direccionado para o Uganda, Fischer surge como um dos potenciais destinatários de uma campanha turística estrategicamen-te montada pelo Governo de Kampala: à boleia da procura astronómica, o Executivo está a promover as atracções do Uganda. A come-çar pela diversidade da vida selvagem, enri-quecida por ‘procissões’ animais, pontuadas por elefantes, rinocerontes, hipopótamos, leões, antílopes, girafas e chimpanzés.

À boleia do fenómeno solar, o país promove outras atracções DR

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CLIC DO TOM

LazerACONSELHOS ÚTEIS

Kibala, Kwanza-Sul

Educar crianças hoje constitui dos maiores desafios de qualquer socie-dade e cada vez mais com maior frequência, um número considerá-vel e de pais e educadores formu-lam a seguinte pergunta: “onde foi que eu errei”?

Outros ainda, reclamam, desolados: “demos a mesma educação e cada um se comporta de forma diversa”.

De acordo com estudos realiza-dos por vários especialistas, reco-menda que a falha reside no fac-to de não se ter em conta que, ao nascer, cada criança traz já con-sigo, a soma das experiências vivi-das em outras existências, o que justifica que devemos partir do princípio que não pode haver uma igual à outra, psicologicamente falando.

Por essa razão, referem os estu-dos, o primeiro erro dos pais ocor-re ao darem a mesma educação aos filhos sem perceber as suas diferen-ças, porque o que serve para uns, pode não servir para outros.

Vários especialistas recomendam que, para educar uma criança é pre-ciso primeiro conhecê-la muito bem, e que esse exercício exige convivên-cia. Somente ela permitirá obser-var cada tendência dos educandos.

No convívio diário, observando a criança a brincar com os amigui-nhos, há grandes possibilidades de se perceber se ela é egoísta ou altruís-ta, violenta ou pacífica, pela sua for-ma de falar e de se comportar.

Uma criança egoísta fala sempre na primeira pessoa: “o meu carri-nho”, “a minha bola”, “o meu robô”, enfim... tudo é só dela e ninguém pode tocar.

Já o altruísta tende a fazer as suas interpretações no plural: “os nos-sos brinquedos” dando a possibili-dade a que todos brinquem com o que lhe pertence.

O violento está sempre armado contra os irmãos e os coleguinhas.

HOSPITAIS HOSPITAL JOSINA MACHEL 222 336 346 / 222 336 349 S.O. PEDIATRIA 222 339 888 HOSPITAL PEDIÁTRICO 222 391 442 HOSPITAL AMÉRICO BOAVIDA 222 380 118 / 222 380 119 HOSPITAL MILITAR 222 322 315 / 222 322 316 HOSPITAL DO PRENDA 222 351 300 / 222 351 400 MATERNIDADE CENTRAL 222 323 052

BOMBEIROS POSTO DE COMANDO 115 UNIDADE OPERATIVA CENTRAL 222 323 333 UNIDADE ESPECIAL DO PORTO 222 310 656 UNIDADE MUNICIPAL DE VIANA 222 290 540

POLÍCIA POSTO DE COMANDO 113 222 332 301 / 222 330 895

AMBULÂNCIAS SERVIÇO NACIONAL 116

CONTACTOS

TO

M C

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ETU MU DIETU*

* ESTAMOS ENTRE NÓS

PARA RIR

CASAMENTO Um casal dormia profundamen-te. De repente, lá pelas três da manhã, escutam ruídos fora do quarto. A mulher sobressaltada, levanta-se da cama e diz para o homem: – Aaaaaaiiiiii meu Deus, deve ser o meu marido! O homem levanta-se espantadís-simo e despido, pula pela janela e cai em cima de uma planta com espinhos. Em poucos segundos regressa ao quarto e diz: – Desgraçada... o teu marido sou eu! BANDIDOS No dia da audiência, o acusado faz uma proposta ao seu advogado: – Vamos combinar o seguinte: se eu apanhar cinco anos de cadeia, pago-lhe 100 mil Kz. Se forem três, pago 200 mil e se apanhar somen-te um ano, dou-lhe 500 mil. Com-binado? No dia seguinte, o advogado visi-ta o cliente à prisão e comunica: – Consegui um ano, portanto deve-me 500 mil Kz! E olhe que tive-mos sorte, pois eles queriam a absolvição. PROCURA DE EMPREGO Numa entrevista para emprego, o dono da empresa pergunta ao entre-vistado: – Por acaso o senhor tem alguma recomendação da empresa onde trabalhava? – Claro que sim!!! – E qual é a recomendação? – Eles recomendaram que procu-rasse outra empresa!!!!! ADIVINHAS O que é que está em cima de nós? R: Forme a frase no sentido inver-so. O otneca oduga

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FARMÁCIA ALAMEDA 254 Al.M. Van-Dúnem 222 430 293/222 446 240/222 447 554 FARMÁCIA ALEX R. Comdt Gika 222 327 960 FARMÁCIA MACULUSSO 72/b Av. Comdt Che Guevara 222 322 442 FARMÁCIA CENTRAL 1 24/24 16 Largo Amílcar Cabral 914 52 69 17 FARMÁCIA CENTRAL 2 24/24 Rua 21 de Janeiro Rotunda do Gamek 914 52 69 28 FARMÁCIA CENTRAL 3 24/24 586 R. Directa da Samba - Samba 914 52 69 28 FARMÁCIA GIRASSOL 165 R. Rei Caravela 222 449 895 FARMÁCIA DESTA VEZ, LDA. R. Oliveira nº Nelito Soares 222 266 388 FARMÁCIA EDITAL Av. Comdt Valónia – Viana 222 291 074 FARMÁCIA HIGIENE 206 R Comdt Cuinha 222 332 827 FARMÁCIA IDÁLIA Av. Ho Chi Min. 222 326 762 FARMÁCIA INGOMBOTAS 38 R. Guilherme Inglês 222 333 278 FARMÁCIA JANEIRO 131 Av. 4 Fevereiro 222 332 260 FARMÁCIA JANICA 11, R. Guerra Junqueiro 222 446 567 FARMÁCIA KIANDA 71 Av. Murtala Mohamed 222 309 455 FARMÁCIA KINAXIXI 25 r/c Av. Comdt Valódia 222 449 443 FARMÁCIA LANESA 343 r/c Av. Ho Chi Min 222 445 926 FARMÁCIA LUANDA 35/37 R. Aníbal de Melo 222 445 490 FARMÁCIA LUVEFOR Av. Hoji Ya Henda 222 430 087 FARMÁCIA MEDIANG 55/AR. Liga Nac Africana 222 440 517 FARMÁCIA MODELO Al. Manuel Van-Dúnem 222 449 449 FARMÁCIA NOVASSOL 69A Av. Portugal 222 391 502 FARMÁCIA PAGUE MENOS Mirantes Talatona 222 460 502 / 222 460 416 FARMÁCIA PROVIFARMA Aviário B.º Cazenga 912 412 959 FARMÁCIA RAINHA GINGA 179 R.R.ª Ginga 222 337 997 FARMÁCIA ROMED 27 R. Rei Katyavala 222 447 175 FARMÁCIA SADIA 31 Av. Comandante Valódia 222430 284 FARMÁCIA SAGRADA SOS 61 R. Joaquim Kapango - 222 395 468 FARMÁCIA SERRA 62/64 R. Amílcar Cabral - 222 395 047 FARMÁCIA TROPICAL 16 R. Pedro Félix Machado 222 334 862 FARMÁCIA UNIVERSAL 97 R. Cón. Manuel Neves - 222 442 052 FARMÁCIA VALÓDIA 42 Av. Hoji Ya Henda - 923 324 291 FARMÁCIA YOHAN 1 Tv. 21 Janeiro B.ºMorro Bento 222 405 655

FARMÁCIASTEMPO

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HUAMBO

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Céu Limpot

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nubladorAguaceirosx Chuvaw

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LUANDA

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PARIS

INGREDIENTES 12 fatias de bacon 6 medalhões de lombo de porco (250 gr) Sal, pimenta e 1 colher de colorau 2 dl de vinho branco 2 dl de azeite 6 dentes de alho 1 colher de sopa de vinagre 1 colher de sopa de sumo de limão 4 brócolos grandes

MODO DE PREPARO 1. Enrole duas Fatias de bacon em volta de cada medalhão e prenda com palitos de madeira. Tempere com sal, pimenta, colo-rau, alho, vinho branco e o sumo

Medalhões de porco com bacon

DR

GASTRONOMIA

INGREDIENTES 2 latas de leite condensado 10 ovos 3 dl de leite 3 dl de sumo de laranja natural Caramelo para caramelizar a for-ma

MODO DE PREPARO 1. Numa tigela, misture o leite con-densado com os ovos mexendo mui-to bem com uma vara de arames.

Pudim de laranja

de limão. Descasque as batatas, cor-te-as em rodelas de 1 cm de espes-sura. Leve a cozer em água tempe-rada com sal, por 10 minutos. Escor-ra e reserve. 2. Core a carne em metade do azei-te e transira para um refractário. Disponha as batatas em volta e leve ao forno por cerca de 20 minutos. Coza os brócolos em água ferven-te temperada com sal, por cinco minutos. 3. Escorra e salteie no restante azei-te com dois dentinhos de alho pica-dos. Retire do calor e tempere com o vinagre. Sirva os medalhões com as batatas e os brócolos a acompa-nhar. Retire os palitos dos medalhões.

Adicione o leite e, por fim, o sumo de laranja e raspa, mexa novamen-te. Caramelize a forma com 23 cm de diâmetro. Verta o preparado e leve ao forno a 190ºC, em banho-maria, durante cerca de 40 minu-tos. 2. Retire depois de cozido, e deixe arrefecer bem e desenforme sobre um prato de servir. Decore com uma tira de casca de laranja e cerejas em calda. Sirva o pudim fresco.

DR

Colaboração de Yola Pinto

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O secretário de Estado do Inte-rior considerou ontem que o desarmamento da população civil ainda é um problema.

Eugénio Laborinho, que fala-va ontem na Marginal, no acto alusivo à semana internacio-nal do desarmamento dos cida-dãos em posse ilegal de armas, revelou que de Março de 2008, a Outubro de 2013, foram reco-lhidas 87 mil 999 armas de diversos calibres, das quais 75.945 entregues de forma voluntária.

Desarmamento ainda é um problema

O Presidente de Cabo Verde, Jor-ge Carlos Fonseca, vai efectuar nos próximos dias 4 a 5 de Novem-bro, uma visita oficial ao nosso país, durante a qual deverá man-ter um encontro de trabalho com o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos.

O programa prevê ainda uma deslocação à Assembleia Nacio-nal para participar numa sessão especial e fará uma palestra na Faculdade de Direito da Univer-sidade Agostinho Neto.

As relações bilaterais entre ambos os países estabeleceram-se desde os primórdios anos de indepen-dência, embora tenham sido for-malizadas juridicamente apenas a 30 de Agosto de 1997, com a assi-natura do Acordo Geral de Coo-peração, na cidade da Praia.

Presidente de Cabo Verde em Luanda

A FECHAR

FICHA TÉCNICA: Chefe de Redacção: Paula Cardoso Sub-chefe de Redacção: Júlio Gomes Redacção: Cremildo Silva, Ereneu Máquina, Martins Chambassuco, Mário Paiva, Mário Silva, Rúbio Praia e Benise Alfredo (estagiária) Colaboradores permanentes: Elias Kahango (Huíla), Fernando Heitor, Inglês Pinto, Lutchíla Fuco Carlos, Manuel Lupassa (Benguela) Fotografia: Tom Carlos Design Gráfico: Nuno Janela (Coordenador), Augusto Abias Secretária de Redacção: Rosa Ngola Publicidade: Sofia Costa (Directora Comercial), Yonara Carneiro (Delegada Comercial) Tel. (+244) 222 3223831/222 322654/64 Email: [email protected] Impressão: Damer Gráficas, S.A. Propriedade: Nova Vaga Registo N.º 148/B/96 N.º Contribuinte: 0.105.915/00-9 Tiragem: 5.000 exemplares Endereço: Rua Damião de Góis nº 81 (Alvalade) Email: [email protected] Telefones: +244 222 323831/222 322665 - Fax +244 222 323838

Faustino Muteka

SOBE E DESCE

Uma boa notícia chega-nos do Planalto Central onde o governo provincial decidiu arregaçar as mangas para devolver o ‘brilho’ da estufa- -fria. Há muito a reabilitação daquela estância balnear era reclamada pelos munícipes e visitantes que conheceram o Huambo na época da ‘outra senhora’, quando foi ‘cidade-vida’. O staff do governador Faustino Muteka trabalha para que a urbe volte aos tempos em que também era a Nova Lisboa, por causa da semelhança das ruas com as de Lisboa, em Portugal. E os passeios e lancis também estão a ser reparados. Boas iniciativas!

01/11/2013

TAAG

Infelizmente, apesar do empenho da governação, ainda está a faltar muito para que a nossa companhia de bandeira, a TAAG, tenha uma prestação próxima da excelência, não só para prestígio do país, mas também para que tenha rentabilidade (mais). E o sector comercial (reservas) é uma das áreas que necessita de refinar a sua relação com os agentes. Como é possível, até à última hora, um cliente estar pendurado por ‘falta de lugares’ numa ligação para S. Tomé mas, posto no avião, constatar que havia mais de 20 lugares vazios? Falta comunicação?

Dentre os vários assuntos que ocorreram, no início da semana, o vandalismo ao Santuário da Muxima, no pretérito domingo, parece ter sido o que mais cha-mou a atenção, sobretudo de cató-licos, que são a maioria da popu-lação do país. Um dado a reter nisto é o facto de a imagem de Nossa Senhora ter sido parcial-mente quebrada por um grupo de jovens revoltados com os cató-licos, por “adorarem imagens”, conforme relatos de testemunhas. O argumento assim apresentado não tem valor e ainda bem que os seis malfeitores foram ‘caça-dos’ pela Polícia, aguardando-se que seja esclarecido o móbil des-te caso insólito.

Contudo, enquanto era vanda-lizado o Santuário da Muxima em Luanda, no bairro Futungo II, uma multidão de rapazes e rapa-rigas de vários pontos da perife-ria da capital ‘invadiu’ a praia com música alta, gritaria e con-sumo exagerado de bebidas alcoó-licas. A farra, com muita cerve-ja, pinchos e mufete, iniciou por volta do meio-dia de domingo e apenas terminou na manhã des-ta segunda-feira.

A algazarra venceu os morado-res. “Ninguém dormiu”, diziam uns. “Essa juventude está perdi-da”, diziam outros. Mas a verda-de é que a desordem na praia do Futungo II está a crescer cada vez mais, acabando com as noi-tes tranquilas naquele que já foi

um dos melhores bairros desta urbe de mil e um problemas.

Ninguém trava esta anarquia? A Polícia montou nas cercanias um posto móvel. Mas os seus efec-tivos pouco ou nada podem fazer diante de tanta gente nova e baru-lhenta. Os relatos referem ainda que nesta confusão também se fuma liamba, um estupefaciente que está na origem da degrada-ção física e da conduta, associan-do-se ainda à prostituição e ao roubo em viaturas e residências.

Os desvios à conduta avançam de forma preocupante, enquan-to os programas de moralização da sociedade das autoridades reve-lam-se cada vez mais frouxos. Quanto mais se fala da necessi-dade da observância dos valores cívicos e morais, tanto mais ocor-rem cenas de ‘arrepiar o cabelo’.

O ‘assalto’ ao Santuário, ou a farra ensurdecedora no Futungo II tiveram como actores jovens daqui. Angolanos. E não de outra galáxia como nos deu a entender o vigário da diocese de Bengue-la para quem “este comportamen-to (referindo-se ao caso da Muxi-ma) não é de angolanos”.

No seio da nossa juventude avul-tam consciências frustradas por falta de confiança no futuro.

A mudança desse quadro passa por uma maior inclusão das pes-soas nos programas de desenvol-vimento, por melhorar a educação, os serviços públicos e distribuir melhor a riqueza do país. Estes aspectos, constam do programa de governação do MPLA para o quin-quénio 2012-2017. O tempo corre célere, e as pessoas querem ouvir, ver e sentir que as desigualdades de hoje serão ultrapassadas ama-nhã. O Executivo está com a ‘bata-ta quente nas mãos’, quando falta pouco para terminar o mandato. É ver para crer como São Tomé.

Os jovens, as farras e a bebedeira

No seio da nossa juventude avultam

consciências frustradas por falta

de confiança no futuro

EXCITAÇÕES

“Uma pastora, Eva Adriano Gaspar, colocada na comuna de Munhino, município da Bibala, acusada de ter desferido um golpe com um mucharico (pau com que se cozinha o funji) a uma menor de 10 anos de idade, foi condenada a pena de 45 dias”. Violência doméstica, SEMANÁRIO ANGOLENSE

“O Presidente (José Eduardo dos Santos) traça uma coisa, mas há colegas e camaradas meus que fazem outra. Ficam a acotovelar os outros, ficam a desviar para ir dar às damas. No nosso partido mesmo. Os dirigentes do meu partido devem ser mais exemplares”. Maria Mambo Café CAFÉ DA MANHÃ (LAC)

“Já estou numa fase em que engoli os sapos todos da lagoa, agora não posso engolir a água da lagoa senão vou morrer”. Boavida Neto, Bié SEMANÁRIO A CAPITAL

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O ministro das Relações Exte-riores, Georges Chikoti, vai repre-sentar o Presidente da Repúbli-ca, José Eduardo dos Santos, na Cimeira Conjunta CIRGL/SADC de Chefes de Estado e de Gover-no, a ter lugar no próximo dia 4 de Novembro, em Pretória, na África do Sul.

A cimeira, que será antecedi-da de uma reunião ministerial, domingo, dia 3, tem como objec-tivo analisar, entre outros assun-tos, a implementação do Acor-do-Quadro para a paz, estabili-dade e cooperação na República Democrática do Congo, assina-do em 24 de Fevereiro de 2013, em Addis Abeba, Etiópia.

DR

RADARJÚLIO GOMES

Cimeira. Chikoti representa Chefe de Estado

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