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1 PROCESSO CIVIL AGU Prof. Juliano Colombo Aditamento do Pedido “Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa.” “Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo.” Portanto, o presente artigo fixa um limite para a alteração do pedido ou da causa de pedir que ocorrerá após o saneamento do processo. Ocorre que, antes do saneamento do processo, poderá o Autor modificar o pedido ou a causa de pedir, entretanto, ocorrendo a citação do Réu, somente com a concordância deste será implementada a modificação. Isso implica referir que, antes da citação poderá o autor livremente aditar o pedido. A citação é considerada realizada quando da juntada aos autos do Aviso de Recebimento, conforme já declarou o STJ no REsp 400.042/PE. “Como antes da citação a relação processual ainda não está completa, o autor poderá aditar ou modificar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de qualquer autorização. As despesas que eventualmente decorrerem dessa modificação deverão ser carreadas ao autor, que a elas deu causa, sendo responsável pelo pagamento.” 1 “Termo final. A modificação do pedido ou causa de pedir somente poderá ser feita até o término da fase postulatória. Depois do saneamento do processo (CPC 331 §3º), isto é, depois da audiência preliminar do CPC 331 caput, nem mesmo com a autorização do réu poderá o autor modificar o pedido ou causa de pedir (CPC 264, parágrafo único)” 2 RESPOSTA DO RÉU Uma vez efetivada a citação poderão ser tomadas pelo Réu três posicionamentos: reconhecer a procedência do pedido; restar omisso, sendo revel; responder (resposta do réu); Assim, dentro dessas alternativas, analisaremos a RESPOSTA DO RÉU que poderá ser dada nas seguintes formas; 1 Nelson Nery Jr. 2 Nelson Nery Jr.

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Aditamento do Pedido

“Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa.” “Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.

Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo.”

Portanto, o presente artigo fixa um limite para a alteração do pedido ou da causa de pedir que ocorrerá após o saneamento do processo. Ocorre que, antes do saneamento do processo, poderá o Autor modificar o pedido ou a causa de pedir, entretanto, ocorrendo a citação do Réu, somente com a concordância deste será implementada a modificação. Isso implica referir que, antes da citação poderá o autor livremente aditar o pedido. A citação é considerada realizada quando da juntada aos autos do Aviso de Recebimento, conforme já declarou o STJ no REsp 400.042/PE. “Como antes da citação a relação processual ainda não está completa, o autor poderá aditar ou modificar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de qualquer autorização. As despesas que eventualmente decorrerem dessa modificação deverão ser carreadas ao autor, que a elas deu causa, sendo responsável pelo pagamento.”1 “Termo final. A modificação do pedido ou causa de pedir somente poderá ser feita até o término da fase postulatória. Depois do saneamento do processo (CPC 331 §3º), isto é, depois da audiência preliminar do CPC 331 caput, nem mesmo com a autorização do réu poderá o autor modificar o pedido ou causa de pedir (CPC 264, parágrafo único)” 2 RESPOSTA DO RÉU

Uma vez efetivada a citação poderão ser tomadas pelo Réu três posicionamentos:

reconhecer a procedência do pedido; restar omisso, sendo revel; responder (resposta do réu);

Assim, dentro dessas alternativas, analisaremos a RESPOSTA DO RÉU que poderá ser dada nas seguintes formas;

1 Nelson Nery Jr. 2 Nelson Nery Jr.

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Contestação; Exceção; Reconvenção

Disposições Gerais

Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.

Nesta linha, o prazo da contestação, da exceção e da reconvenção é o mesmo, qual seja: 15 dias.

CONTESTAÇÃO

Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Contestação representa, em síntese, a impugnação do pedido do autor.

A CONCENTRAÇÃO DA DEFESA OU EVENTUALIDADE: o Réu deverá alegar toda a sua defesa na contestação, sob pena de preclusão, ou seja, perderá a oportunidade de fazê-lo. Podendo o autor cumular pedidos na inicial, poderá o Réu cumular defesas, diretamente para todos os pedidos, ou eventualmente, quando o Demandado alega defesas cumuladas, caso a tese anterior não seja acolhida.

Eduardo Couture na sua obra “Fundamentos do Direito Processual Civil” assim refere:

“Uma expressão exagerada, mas ilustrativa do princípio da eventualidade, e da necessidade de evitar a preclusão das alegações logicamente anteriores, contém-se no seguinte dístico clássico: ‘Primeiro, não me deste dinheiro algum; segundo, já o devolvi faz um ano; terceiro, disseste que era um presente; e, finalmente, já prescreveu”.

Assim, ocorrerá cumulação eventual de defesa quando o Réu alega uma defesa para a hipótese da outra, anteriormente formulada, não ser colhida.

Na contestação serão argüidas as defesas processuais e defesas materiais.

Sendo corretamente feita na inicial, dispensa-se a qualificação das partes. O Réu deverá especificar as provas que pretende produzir, conforme parte final do art. 300. Tratando-se de prova documental, deverá juntá-la com a contestação escrita, conforme refere o art. 396 do CPC: “Compete à parte instruir a petição inicial (art.

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283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.”

Antes de discutir o mérito da demanda, deverá o autor alegar, querendo, uma das matérias do art. 301 do CPC, entretanto, todas as matérias lá referidas, com exceção da convenção de arbitragem, o juiz conhecerá de ofício.

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação; (o autor poderá aqui, conseguir apenas a reabertura do prazo para a apresentação de defesa, conforme art. 214, § 2o “Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão”.)

II - incompetência absoluta; (devendo ser alegada como preliminar da contestação, requerendo a invalidade dos atos decisórios e remessa ao juízo competente – o juiz ao acolher a alegação declina ao juiz competente, conforme estabelece o art. 113, §2º do CPC, a competência absoluta não pode ser modificada. A incompetência relativa será argüida por meio de exceção)3

III - inépcia da petição inicial; (petição inicial não preenche os requisitos impostos pela lei, art. 295, parágrafo único) 4

IV - perempção; (abandono da causa por três vezes, art. 268, parágrafo único)

V - litispendência; (uma ação é idêntica a outra, pois possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, nos termos do art. 301, §2º do CPC)

Vl - coisa julgada; (aqui entendida a coisa julgada material, levando a extinção do processo sem julgamento de mérito, ocorre a repetição de ação já decidida por sentença de mérito transitada em julgado, art. 301, § 3o “Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso”).

3 Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. § 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas. § 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente. – Incompetência absoluta em razão da matéria e hierarquia. 4Art. 295. Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

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VII - conexão; (conexão e continência, art. 103 e 104, acolhida a conexão ou continência, ocorre a reunião das causas para julgamento conjunto, a reunião se dará no juízo prevento)5

Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; (o juiz determinará seja sanado o vício, art. 13 do CPC, tendo como conseqüência final a extinção do processo sem resolução do mérito)6

IX - convenção de arbitragem; (na hipótese das partes terem pactuado o compromisso arbitral, acolhida leva a extinção do processo sem julgamento do mérito)

X – carência de ação; (legitimidade para a causa, interesse processual e pedido juridicamente possível)

Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. (por exemplo, falta do depósito na ação rescisória)

O réu não poderá efetivar negativa geral, não sendo admitida a chamada defesa genérica. Aqui se fala, portanto, na chamada impugnação especificada, dado que, na regra, presume-se verdadeiros os fatos não impugnados.

Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão; (por exemplo nos casos de direito indisponíveis)

II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; (por exemplo no caso da prova substancial como a propriedade imobiliária que se prova com a certidão do registro imobiliário)

III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. (quando o réu contesta expressamente alguns fatos mas de seu conjunto está implicitamente todos os fatos alegados na inicial).

Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao

5 Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. 6 Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.

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curador especial e ao órgão do Ministério Público. (permite-se, nesses casos, a negativa geral. Do mesmo benefício goza a Defensoria Pública).

Na contestação a impugnação poderá ser direta quanto ao fato, quando diretamente é negada a ocorrência do fato ou ainda, admite o fato, mas afirma que este não possui o efeito jurídico pretendido.

Na contestação a impugnação também poderá ser indireta, alegando a existência de um outro fato impeditivo (alegação de absolutamente incapaz ao contratar), ou de um fato modificativo (alegação de parcelamento da dívida, por isso ela não é exigível na sua totalidade) ou de um fato extintivo (alegação que já pagou a dívida).7

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:

I - relativas a direito superveniente; (fato ou situação jurídica que surgiu após a apresentação da defesa)

II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;

III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

EXCEÇÕES Existem três espécies de exceções processuais previstas no CPC, quais sejam: - Exceção de incompetência (somente a relativa); - Exceção de impedimento; - Exceção de suspeição.

A exceção é verdadeiro incidente processual, pois, de maneira automática, ocorre a suspensão do processo principal.

Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).

Poderá ser oferecida a exceção mesmo sem a contestação, visto que não há qualquer disposição em contrário acerca da interposição simultânea. Entretanto, como a exceção suspende o processo principal art. 306 do CPC, o prazo contestacional fluirá no que restar a partir do julgamento definitivo.

“Como ocorre a suspensão, o prazo de defesa será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação, se é que faltava. Assim, quando lhe será lícito 7 José Carlos Barbosa Moreira.

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oferecer as outras modalidades de resposta: a) se repelida a exceção de incompetência, a partir da data em que o réu for intimado da decisão; b) se acolhida a exceção de incompetência, a partir da data em que o réu for intimado do recebimento dos autos pelo órgão competente; c) se repelida a exceção de impedimento ou suspeição (pelo tribunal), desde a data em que, baixados os autos ao órgão a quo, for o réu intimado do despacho que ordenar o cumprimento do acórdão; d) se acolhida a exceção de suspeição ou impedimento, da data em que o réu for intimado do recebimento dos autos pelo substituto legal do juiz incompatível” (Barbosa Moreira)

Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição. (a exceção de incompetência não poderá ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição, pois, caso não alegada, prorroga-se a competência, nos termos do art. 114)

Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006) (faculdade que facilita o exercício da exceção por parte do réu – antes da alteração,o demandado tinha de deslocar-se ao foro onde a causa estivesse tramitando, para alegar a incompetência territorial)

Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada. (Na exceção de incompetência a expressão “definitivamente julgada” é entendida pelo STJ como ao julgamento efetuado pelo primeiro grau de jurisdição – Resp 848.954/PR / Nas exceções de impedimento e suspeição estas são definitivamente julgadas quando o tribunal as acolhe ou rejeita – Rext e Resp não possuem efeito suspensivo, portanto o processo principal começa a ter curso novamente)

Exceção de Incompetência Na forma de exceção, sempre irá se referir à exceção de incompetência relativa. Aqui, ressalte-se que não se aplica a regra do art. 304, visto que a legitimidade é exclusiva do Réu ou Ministério Público. Aqui aplica-se a disciplina da competência. Ressalte-se que a incompetência relativa é sempre originária, ou seja, não se pode falar de incompetência relativa por fato superveniente, pois aplica-se a perpetuação da jurisidição.

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Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina. (Na sua petição o excipiente é obrigado a indicar o foro ou juízo competente).

Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo

Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias.

Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente. (por exemplo no caso de intempestividade. caso não seja admitida a exceção caberá agravo de instrumento/fungibilidade, de igual forma, do julgamento da exceção de incompetência relativa, caberá agravo de instrumento).

Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

“Procedência. Acolhida a exceção, o juiz remeterá os autos do processo principal para o foro ou juízo competente. Diferentemente da incompetência absoluta que,se reconhecida, enseja a anulação dos atos decisórios praticados pelo juiz absolutamente incompetente (CPC 113 §2º), as decisões proferidas pelo juízo relativamente incompetente devem ser mantidas, inclusive a que determinou a citação, que continua com a eficácia de obstar a decadência e/ou interromper a prescrição”8

“Improcedência. Rejeitada a exceção, cessa a suspensão e o processo prossegue normalmente no juízo de origem, retomando seu curso. Essa decisão é impugnável pelo recurso de agravo.” 9

Exceção de Impedimento ou Suspeição

As causas de impedimento estão expressas no art. 134 do CPC:

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: I - de que for parte; II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;

8 Nelson Nery Jr. 9 Nelson Nery Jr.

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III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.

As causa de suspeição, por sua vez, estão elencadas no art. 135 do CPC:

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo

As exceções de impedimento e suspeição atacam a capacidade subjetiva, a compatibilidade, afastando o juiz da causa. Ambos, impedimento e suspeição, podem afetar a imparcialidade da jurisdição e do Estado-Juiz. Assim, a parcialidade, na regra não gera a extinção do processo, mas a remessa ao substituo legal. Nas causas de impedimento, que dão ensejo à nulidade do ato e à exceção de impedimento, há presunção absoluta de que o magistrado não possui condições subjetivas para atuar com imparcialidade. Aqui não se aplica o prazo de 15 dias, podendo inclusive ser reconhecida de ofício. Admite-se inclusive ação rescisória (art. 485, II do CPC). Nas causas de suspeição, que invalidam o ato processual praticado pelo magistrado, embora este possa reconhecer-se suspeito, a parte tem o prazo preclusivo de 15 dias para oferecer a exceção, sob pena de preclusão. Não se admite a ação rescisória.

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Evidentemente, o prazo somente começará a correr da ciência do fato que enseja a suspeição. “É possível que o autor já alegue a suspeição/impedimento do magistrado concomitantemente ao ajuizamento da demanda. Isso ocorre quando só houver um juiz para julgar a causa, fato muito comum em comarcas menores.”10

Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas.

Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal. (Nelson Nery Jr ressalta que o magistrado tem capacidade postulatória para fazer sua defesa no incidente, não necessitando de advogado. Para este doutrinador isto habilita inclusive o magistrado a subscrever recursos para o STJ e STF)

Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal. (Deste acórdão caberá somente o recurso especial e/ou extraordinário).

“O adversário do excipiente poderá recorrer? A parte adversária não pode recorrer, pois ninguém tem direito a ser julgado por determinado juiz; todos têm o direito de ser julgados pelo juiz competente. Demais disso, cuidando-se de suspeição ou impedimento reconhecidas pelo juiz, não se poderia cogitar de recurso, pois inexistirá decisão no primeiro grau que seja impugnável. Por último, não haveria interesse recursal, pois não haveria mudança de foro ou juízo competentes, somente ocorrendo modificação física do juiz”11 “Recurso. A decisão que julga exceção de impedimento ou suspeição é interlocutória, sendo impugnável pelo recurso de agravo e não por apelação RT 568/117” RECONVENÇÃO

10 Fredie Didier Jr. 11 Calmon de Passos.

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É verdadeira ação inversa do demandado contra o demandante.

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem. Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias. (aqui é intimação e não citação) Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção. (sendo proposta, a reconvenção adquire autonomia) Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.

“Chama-se reconvenção a ação proposta pelo réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo) no mesmo processo por este instaurado contra aquele. Embora tratada pelo Código como modalidade de “resposta do réu”, a reconvenção é verdadeira ação, distinta da originária”12 Na reconvenção deve existir: - existência de conexão entre as causas (nexo de semelhança); - existência de processo pendente; - mesma competência; - mesmo procedimento. Não cabe reconvenção, no processo de execução, no processo cautelar, na fase de cumprimento de sentença, na ação popular (conforme entendimento do STJ), bem como no procedimento sumário e no rito do juizado especial. “(...) se a ação originária segue rito especial, admite-se a reconvenção caso o procedimento a esta adequado seja o mesmo, ou caso se torne igual nas fases subseqüentes à postulatória – v. g. quando a ação originária é daquelas que, com a contestação, passam a seguir o rito ordinário, e a este obedece também a reconvenção”.13 - Sendo indeferida a reconvenção cabe agravo de instrumento. Questões 01 - Assinale a alternativa correta. A exceção de incompetência suspende o processo até que ocorra:

12 José Carlos Barbosa Moreira. 13 José Carlos Barbosa Moreira.

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a) O ato do Juiz mandando processar a exceção; b) O julgamento da exceção em primeira instância; c) O julgamento, em segunda instância, do recurso interposto contra a decisão de primeiro grau; d) O trânsito em julgado da decisão que acolher a exceção; e) O trânsito em julgado da decisão que rejeitar a exceção. 02 - O artigo 306 do Código do Processo Civil diz que, uma vez recebida a exceção, o processo ficará suspenso “... até que seja definitivamente julgada”. Na hipótese dela ser indeferida liminarmente: a) o processo ficará suspenso até o trânsito em julgado da decisão que julgar a exceção; b) o processo prosseguirá, na expectativa do trânsito em julgado da decisão que julgar a exceção; c) o processo ficará suspenso, pelo menos até o exame do agravo de instrumento, no juízo de retratação; d) o processo ficará suspenso até o trânsito em julgado da apelação. 03 - ( ) Na exceção de incompetência, a petição pode ser protocolizada no juízo do domicílio do réu, com remessa ao juízo que determinou a citação. 04 - ( ) O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao advogado escolhido pela parte beneficiária da assistência judiciária. 05 - ( ) Na ação popular, consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, não é admitida a reconvenção. 06 - ( ) Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazo para a resposta não correrá antes da intimação do despacho que deferir a desistência. 07 - ( ) O ato que indefere a petição de reconvenção é sentença e desafia apelação. 08 - ( ) Reconhecida a incompetência, suspeição ou impedimento, os autos serão remetidos para o juízo competente, para que lá o feito prossiga e seja julgado. 09 - ( ) A exceção e a reconvenção importam na suspensão do processo principal até que se decidam os incidentes. 10 - ( ) Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu. 11 - ( ) Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa.

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12 - ( ) A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo. 13 - ( ) Quando o autor houver omitido, na petição inicial, pedido que lhe era lícito fazer, só por ação distinta poderá formulá-lo. 14 - ( ) antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, sendo que após o chamamento inicial, a alteração do pedido ou da causa de pedir somente será permitida com o consentimento do réu e até o momento da prolação da sentença. 15 - ( ) Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, mesmo com o consentimento do réu. 16 - ( ) Em ação que verse sobre propriedade, posse ou demarcação de terra, o autor poderá optar por demandar no foro do domicílio do réu ou no foro do local do imóvel objeto da demanda, pois a hipótese é de competência territorial e, portanto, relativa. 17 - ( ) As partes podem, desde que estejam de comum acordo estabelecer o foro competente para a causa, elegendo, por exemplo, o juízo da 1ª. Vara Cível para processar o feito, sendo previsto no Código de Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de competência territorial. 18. ( ) As partes podem, desde que estejam de comum acordo estabelecer o foro competente para a causa, elegendo, por exemplo, o juízo da 1ª. Vara Cível para processar o feito, sendo previsto no Código de Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de competência territorial. 19. ( ) Sendo proposta demanda perante juízo incompetente em razão do território, por exemplo, sendo o réu domiciliado em São Paulo e a ação proposta em Campinas, pode ocorrer de o órgão jurisdicional tornar-se competente se o réu não opuser exceção no prazo legal. 20. ( ) Sendo proposta demanda perante juízo incompetente em razão do território, por exemplo, sendo o réu domiciliado em São Paulo e a ação proposta em Campinas, pode ocorrer de o órgão jurisdicional tornar-se competente se o réu não opuser exceção no prazo legal. Considere que A proponha contra B ação de reparação de dano causado em acidente de veículo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Em face dessa consideração, julgue as questões a seguir, relativas à competência 21. ( ) A competência para processar e julgar o feito será da Justiça estadual, exceto se o autor ou réu forem a União, autarquia ou empresa pública federal, quando então a ação deverá tramitar pela Justiça Federal. 22. ( ) A ação poderá ser proposta na cidade do Rio de Janeiro, ainda que B resida

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em São Paulo, não se aplicando, na hipótese, a regra geral da competência pelo domicílio do réu.