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“Respirei, meti-me na soletração, guiado por Mocinha. Gaguejei sílabas um mês. No fim da carta elas se reuniam, formavam sentenças graves, arrevesadas, que me atordoavam.Eu não lia direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os conceitos sisudos: “A preguiça é a chave da pobreza– Quem não ouve conselhos raras vezes acerta – Fala poucoe bem: ter-te-ão por alguém”. Esse Terteão para mim era umhomem, e não pude saber que fazia ele na página final dacarta. – Mocinha, quem é Terteão? Mocinha estranhou apergunta. Não havia pensado que Terteão fosse homem. Talvez fosse. Mocinha confessou honestamente que não conhecia Terteão. E eu fiquei triste, remoendo a promessa de meupai, aguardando novas decepções.”
(Graciliano Ramos – Infância)
• [...] os métodos viraram palavrões. Ninguém podia mais falarem método fônico, método silábico, método global, pois todos eles caíram no purgatório, se não no inferno. Isso foi uma consequência errônea dessa mudança de concepção de alfabetização.
Magda Soares
Segundo Magda Soares
“... É um absurdo não ter método na educação.
Educação é, por definição, um processo dirigido a
objetivos. Só vamos educar os outros se
quisermos que eles fiquem diferentes, pois
educar é um processo de transformação das
pessoas. Se existem objetivos, temos de
caminhar para eles e, para isso, temos de saber
qual é o melhor caminho. Então, de qualquer
teoria educacional tem de derivar um método que
dê um caminho ao professor.
É uma falsa inferência achar que a teoria
construtivista não pode ter método assim como é
falso o pressuposto de que a criança vai aprender
a ler e escrever só pelo convívio com textos.”
O ambiente alfabetizador não é suficiente.
• Mas, afinal, em que consiste realmente um processo de alfabetização na perspectiva do letramento?
• Como conciliar o trabalho com o ensino do sistema alfabético de escrita com as situações de leitura e produção de textos?
• Como possibilitar situações de leitura e produção de textos a sujeitos que ainda não sabem ler e escrever de forma autônoma?
Alguns equívocos...
• Alguns professores entendem que alfabetizar letrando é utilizar a leitura de diferentes textos apenas como pretexto para o trabalho com palavras que, após escolhidas do texto lido, são divididas em sílabas para depois ser trabalhadas valendo-se do estudo das famílias (ou padrões) silábicas.
• Outros acreditam que, apenas com a oportunização da leitura e produção coletiva de textos, os alunos que ainda não dominam o sistema de escrita podem vir a, sozinhos, apropriar-se desse conhecimento.
• Sendo assim, não oportunizam atividades de reflexão sobre a palavra nem sistematizam o ensino do sistema de escrita alfabético.