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1 [ALFABETIZAÇÃO E L ETRAMENTO NA S ALA DE AULA] Alfabetização e letramento na sala de aula Maria Lúcia Castanheira Francisca Izabel Pereira Maciel Raquel Márcia Fontes Martins (Orgs.)

Alfabetização e letramento na sala de aula

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Centro de alfabetização, leitura e escrita – FaE / U

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Desenvolvida no campo das pesquisas antropológicas, a noção de letramento logo se revelou im-portantíssima para outras áreas de conhecimento e, sobretudo, para a teoria e a prática pedagógicas. Afinal, a introdução da escrita na vida dos indivíduos e dos grupos sociais causa profundo impacto e lança uma grande responsabilidade sobre aqueles que a promovem. Daí a importância de conjugar as ações de alfabetização – a aquisição da tecnologia do saber escrever/ler – com a promoção contínua do letra-mento – o uso socialmente situado dessa tecnologia e seu poder de intervenção na vida do cidadão e das comunidades.

Poderíamos traçar aqui, tal-vez, um paralelo com a ampliação, também ocorrida no domínio da antropologia, da noção de compe-tência lingüística (o conhecimento intuitivo que todo falante tem do funcionamento de sua língua ma-terna) para a de competência comu-nicativa: a ativação desse conhe-cimento lingüístico em diferentes situações e contextos de interação social por meio da linguagem. As-sim, não basta saber “a língua”, é preciso aprender a usar essa língua como atividade de inter-relação e de transformação social. De igual modo, não basta “saber ler e es-crever”, é preciso aprender onde,

quando, o quê, de que maneira, com que objetivos sociopolíticos, com que expectativas, com quem e para quem ler e escrever.

No Brasil, os estudos sobre letramento, embora relativamente recentes, já têm produzido impor-tantes frutos teóricos e práticos. É possível dizer que, atualmente, to-dos os programas e políticas impor-tantes de ensino de língua trazem a marca desses estudos. Mais recente ainda, porém, é a busca de inter-locução efetiva entre os conceitos de alfabetização e de letramento, uma interlocução necessária para a promoção de um ensino de língua efetivamente capaz de inserir os aprendizes no tipo de cultura que é a nossa contemporânea, uma cultura eminentemente letrada.

Os artigos reunidos neste vo-lume se encaminham precisamente na direção de identificar e conectar os fios capazes de unir alfabetiza-ção e letramento num único esforço teórico-prático de constituição de um saber e de um agir efetivo contra as disparidades sociais ainda tão profundas no Brasil, que separam numa hierarquia injusta os que têm pleno domínio dos recursos da cul-tura letrada daqueles que não o têm e dos quais, porém, num flagrante parodoxo, esse domínio é incessan-temente exigido.

marcos bagno

Alfabetização e letramento são atualmente temas recor-rentes na produção acadêmica e na produção editorial voltada para a área da Educação. Entretanto, vale questionar: quais têm sido os diálogos possíveis entre esses temas e as práticas de professores alfabetizadores? Foi esse o mote que nos levou a propor esta nova coleção do Ceale, Alfabetização e letramento na sala de Aula, a qual aborda temáticas que tangenciam o cotidiano dos professores. Assim, este primeiro volume da co-leção trata de assuntos como: planejamento escolar, avaliação diagnóstica, interação na sala de aula e letramento literário.

A produção deste livro mostrou-nos que escrever para pro-fessores exige muito mais do que reflexão e disciplina: vimos que é necessário compartilhar, no sentido de ter parte e também de tomar parte. Dessa forma, o desafio foi fazer o exercício de compartilhar o conhecimento acadêmico que temos e, ao mesmo tempo, apoderar, tomar parte do cotidiano da sala de aula. A proposta deste livro é que ele não apenas se aproxime do leitor-professor, mas que possibilite intensificar o diálogo entre a produção acadêmica e o fazer docente.

9 788575 263549

ISBN 978-85-7526-354-9

www.autenticaeditora.com.br0800 2831322

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Alfabetização e letramento na sala de aula

Maria Lúcia Castanheira Francisca Izabel Pereira MacielRaquel Márcia Fontes Martins

(organizadoras)

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Copyright © 2007 by Ceale/FaE/UFMG

conselho editorial

Magda Becker Soares (FaE-UFMG), Anne-Marie Chartier (INRP - Lion), Judith Green (University of California - Santa Barbara), Maria de Lourdes Dionísio (UMIHO - Braga), Elsie Rockwell (CINVESTAV - México), Cecília Goulart (UFF - Niterói), Maria Lúcia Castanheira (FaE-UFMG), Maria de Fátima Cardoso Gomes (FaE-UFMG), Ceris Salete Ribas da Silva (FaE-UFMG)

projeto gráfico de capa

Diogo Droschi

revisão

Ana Carolina Lins Brandão

editoração eletrônica

Conrado Esteves

AutênticA EditorA LtdA. Rua Aimorés, 981, 8º andar . Funcionários30140-071 . Belo Horizonte . MGTel: (55 31) 3222 68 19 Televendas: 0800 283 13 22www.autenticaeditora.com.br

Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica sem a autorização prévia da editora.

Índices para catálogo sistemático: 1. Alfabetização e letramento : Lingüística 410

dados internacionais de catalogação na Publicação (ciP)(câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

08-08621 CDD-410

Alfabetização e letramento na sala de aula / Maria Lúcia Castanheira, Francisca Isabel Pereira Maciel, Raquel Márcia Fontes Martins, (organi-zadoras). – Belo Horizonte : Autêntica Editora : Ceale, 2008. – (Coleção Alfabetização e Letramento na Sala de Aula)

Bibliografia. ISBN 978-85-7526-354-9

1. Alfabetização 2. Professores - Formação 3. Letramento I. Castanheira, Maria Lúcia. II. Maciel, Francisca Isabel Pereira. III. Martins, Raquel Márcia Fontes. IV. Série.

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Sumário

Apresentação

Os conceitos de alfabetização e letramento e os desafios da articulação entre teoria e práticaFrancisca Izabel Pereira MacielIara Silva Lúcio

O planejamento das práticas escolares de alfabetização e letramentoCeris S. Ribas da Silva

O registro da rotina do dia e a construção de oportunidades de aprendizagem da escritaMaria de Fátima Cardoso GomesMaira Tomayno de Melo DiasLuciana Prazeres da Silva

Avaliação da leitura e da escrita nos primeiros anos do Ensino FundamentalDelaine Cafiero Gladys Rocha

Letramento literário na sala de aula: desafios e possibilidadesAparecida PaivaPaula Cristina de Almeida Rodrigues

As autoras

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Para quem pesquisamos? Para que e para quem escrevemos?1 Indagações como essas se aplicam a todos os campos do conhecimento; entretanto, assumem um significado especial para atores do campo educacional. A coleção Alfabe-tização e Letramento na Sala de Aula, iniciada pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), com o presente volume, apresenta uma das possibilidades, entre outras tantas, de resposta a essas questões.

Pesquisamos em busca de uma melhor compreensão dos processos de alfabetização e letramento, considerando as suas múltiplas facetas, a necessidade de integração de dife-rentes abordagens teóricas no estudo desses fenômenos e, por fim, mas não menos importante, os condicionantes sociais, econômicos e políticos constitutivos desses processos em diferentes esferas sociais, particularmente, na esfera escolar. Essa busca é orientada pela necessidade de contribuirmos para a construção da escola pública como um espaço no qual os alunos de diferentes camadas sociais possam ampliar

1 Uma discussão sobre polêmicas e desafios gerados por essas questões pode ser encontrada em MOREIRA et al., 2003.

Apresentação

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o seu acesso e confirmar a sua permanência no mundo da escrita. Pesquisamos a fim de contribuir para a produção de alternativas conceituais que possam subsidiar e (re)orientar as práticas pedagógicas, desenvolvidas no dia-a-dia das salas de aula de nossas escolas, de forma a modificar o atual (e já por muitos anos existente) quadro de fracasso e exclusão escolar e, particularmente, do mundo da escrita.

Escrevemos visando à socialização dos conhecimentos produzidos em nossos estudos com outros pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, professores, espe-cialistas e administradores do sistema público de ensino, como possibilidade de mantermos vivas as chamas da indagação, da discussão e da reflexão sobre uma temática reconhecidamente crucial para a transformação de um mundo desigual e injusto na distribuição dos bens econômicos e culturais entre seus cidadãos. Por meio dessa socialização, oferecemos à crítica e à avaliação, por parte de nossos leitores, os resultados de análises e pesquisas propostas e geradas em diversas frentes de atuação político-educacional.

Esta nova coleção, mais uma vez, traz ao centro das dis-cussões os fenômenos da alfabetização e do letramento; desta vez, entretanto, enfatizando as implicações dos conhecimentos produzidos sobre essa temática para a sala de aula, ou seja, para o que acontece (ou pode vir a acontecer!) nas interações estabelecidas entre professores e alunos que participam, coti-dianamente, da construção de oportunidades de aprendizagem da leitura e da escrita.

Há muito tempo reconhecemos a natureza multifacetada dos processos de alfabetização e letramento, bem como a mul-tiplicidade de aspectos constitutivos da vida cotidiana da sala de aula. É em razão desse reconhecimento que, neste primeiro volume da coleção, optamos por tratar algumas dessas facetas e alguns desses aspectos a partir de diferentes perspectivas de análise. Este primeiro volume deve ser visto como um pequeno

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ApresentAção

painel da variedade de desafios com que nos deparamos em nossos estudos, na confluência das seguintes questões: “E daí? O que esses estudos têm a dizer sobre o espaço da sala de aula e aos que nele atuam direta ou indiretamente?”.

A composição desse pequeno painel é iniciada pelo texto “Os conceitos de alfabetização e letramento e os desafios da articulação entre teoria e prática”, de Francisca Izabel Pereira Maciel e Iara da Silva Lúcio, que aborda indagações feitas por professores sobre as implicações dos conceitos de alfabetização e letramento para a prática da sala de aula. Ao considerarem que a análise e a reflexão sobre a alfabetização na perspectiva do letramento são recentes no nosso país, as autoras discutem por que e como alfabetizar na perspectiva do letramento.

Em seguida, no texto “O planejamento das práticas esco-lares de alfabetização e letramento”, Ceris S. Ribas da Silva traz à discussão a organização das práticas de alfabetização e letramento, considerando o planejamento como algo impor-tante para o desenvolvimento de ações autônomas e efetivas dos profissionais da educação e, considerando ainda, que as questões que envolvem o fracasso na alfabetização das crianças passam, entre outros aspectos, pela reflexão sobre a organiza-ção das atividades de ensino na sala de aula. Nesse sentido, a autora aborda questões como: Que princípios articulam as atividades e os conteúdos a serem ensinados? Que formas de realização das atividades podem ser exploradas em sala de aula? Como definir as formas de participação dos alunos no planejamento?

No texto “O registro da rotina do dia e a construção de oportunidades de aprendizagem da escrita”, Maria de Fátima Cardoso Gomes, Maira Tomayno de Melo Dias e Luciana Prazeres da Silva analisam um caso expressivo ocorrido em uma turma de alfabetização, durante o evento interacional Registro da Rotina do Dia. Nessa análise, as autoras refletem sobre como, no processo interacional em sala de aula, o uso

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e o conhecimento do gênero textual Agenda articulam-se ao estudo sobre características estruturais do sistema de escri-ta do português, no caso, a estrutura silábica das palavras. Dessa forma, elas demonstram a relação entre os processos de alfabetização e letramento, identificando oportunidades de aprendizagem da língua escrita, por meio da análise desse evento interacional.

Cada vez mais presentes no contexto educacional, as avaliações sistêmicas da aprendizagem se tornam objeto de estudo e discussão. Esse tema é abordado no texto “Avaliação da leitura e da escrita nos primeiros anos do ensino funda-mental”, por Delaine Cafieiro e Gladys Rocha, que discutem a avaliação da alfabetização externa à escola, como instrumento que possibilita, além de diagnosticar problemas de leitura e escrita, induzir ações e redirecionar trajetórias para garantir o direito a uma educação de qualidade, independentemente das condições econômicas e sociais de um dado grupo. As seguintes questões são discutidas nesse texto: Por que avaliar a alfabetização? Que habilidades de leitura e escrita os alunos desenvolvem já nas séries iniciais do Ensino Fundamental? O que fazer com os resultados? O objetivo central do trabalho é mostrar que o diagnóstico da alfabetização realizado por avaliações externas pode ser bastante útil para o dia-a-dia da escola.

Finalmente, no texto “Letramento literário na sala de aula: desafios e possibilidades”, Aparecida Paiva e Paula Cristina de Almeida Rodrigues discutem aspectos ligados à leitura literária no contexto escolar, por meio da reflexão sobre o papel dos professores como formadores de leitores, os tempos escolares destinados ao trabalho com a leitura literária nas salas de aula, as condições de acesso à produção literária e as políticas de aquisição e distribuição de livros de literatura para as escolas.

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ApresentAção

Ao iniciarmos a coleção Alfabetização e Letramento na sala de aula, trazendo à discussão textos que abordam dife-rentes facetas da alfabetização e do letramento, esperamos contribuir para a construção de conhecimentos que favoreçam a articulação entre a teoria e a prática educacional, a cons-trução de alternativas pedagógicas capazes de atender aos desafios vivenciados por aqueles que atuam na sala de aula e criar efetivas possibilidades de aprendizagem da leitura e da escrita para todos os alunos.

Maria Lucia CastanheiraFrancisca Izabel Pereira MacielRaquel Márcia Fontes Martins

Referência:

MOREIRA, A. et al. Para quem pesquisamos, para quem escrevemos: o impasse dos intelectuais. São Paulo: Cortez, 2003.

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