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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Pedagogia
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS ABORDAGENS DO BIA E DO
GEEMPA
Autora:Ana Paula de Souza Silva
Orientadora: Profª MSc. Adriana Lira
Trabalho de Conclusão de Curso
Brasília - DF
2014
ANA PAULA DE SOUZA SILVA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO E NTRE AS ABORDAGENS DO BIA E DO GEEMPA
Artigo apresentado ao curso de graduação em Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Pedagogia.
Orientadora: Profª MSc. Adriana Lira
Brasília-DF
2014
Folha de Aprovação
Artigo de autoria de Ana Paula de Souza Silva, intitulado “Alfabetização e Letramento: um estudo comparativo entre as abordagens do BIA e do GEEMPA” , apresentado como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Pedagogia pela Universidade Católica de Brasília, em 11 de novembro de 2014, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
______________________________________________
Profª. MSc. Adriana Lira
Filosofia, Pedagogia – UCB
Orientadora
______________________________________________ Prof. Dr. Cândido Alberto Gomes
Pedagogia e Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação - UCB
Examinador Interno
Brasília
2014
Pegue a criança de 6 anos, limpe bem, lave e enxágue com cuidado.
Enfie a criança dentro do uniforme e coloque-a sentadinha na sala de
aula [...] Abra bem a boca da criança e faça com que ela engula as
vogais. [...] Cada palavra deve ser mastigada no mínimo sessenta
vezes. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em
pedacinhos. [...] Se a criança não desenvolver o que lhe foi dado para
engolir, recomece a receita desde o início, isto é, volte aos exercícios
de prontidão. Repita a receita quantas vezes for necessário. Se não
der resultado, ao fim de três anos enrole a criança em um papel pardo
e coloque um rótulo: “aluno renitente”.
Marlene Carvalho
AGRADECIMENTO
A Deus por me mostrar o propósito e o caminho a seguir na vida.
A minha família, por ser meu alicerce nessa longa caminhada.
Em especial a meu marido Naldo, amigo e companheiro de tantas horas, por acreditar em minha capacidade em momentos que eu mesma duvidei.
A minhas Filhas Sarah e Bruna, por terem que suportar muitas ausências, mesmo na proximidade física.
A minhas amigas de quatro anos de estudos, cúmplices nas alegrias e tristezas, por estarem ao meu lado e me ajudarem a levantar em um momento tão difícil.
Ao Prof. Dr. Cândido Alberto Gomes pelas contribuições ao aprimoramento desse trabalho.
Por último, e não menos importante, a minhas professoras Adriana Lira e Martha Scárdua, por serem fonte de inspiração e referência a esta recém-nascida pedagoga. Com vocês vislumbrei um mundo novo.
A todos, obrigada!
5
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO E NTRE AS
ABORDAGENS DO BIA E DO GEEMPA
Resumo
Este trabalho teve por objetivo comparar as propostas metodológicas do Bloco Inicial de
Alfabetização (BIA) a do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação
(GEEMPA), como auxiliadoras nos processos de alfabetização e letramento nos anos iniciais
do ensino fundamental, bem como identificar suas similitudes e singularidades. A abordagem
deste estudo é qualitativa. A geração de dados se deu nos meses de setembro e outubro de
2014 em uma escola pública do Distrito Federal, no turno matutino. As técnicas utilizadas
foram a entrevista individual, semiestruturada, com cada uma das professoras representantes
das duas metodologias em estudo (BIA e GEEMPA), e ainda a realização da observação não
estruturada em duas turmas do 1º ano do ensino fundamental (crianças de seis a sete anos). A
partir dos dados, foi possível perceber que ambas as metodologias defendem a importância da
alfabetização e do letramento e, cada uma a seu modo, busca propiciar aos alunos
intervenções pedagógicas objetivando a aquisição da mesma. Conclui-se, portanto, que o
diferencial está no professor e em sua prática didática.
Palavras-chave: Alfabetização, Letramento, BIA, GEEMPA.
Introdução
Enquanto estudante do curso de Pedagogia, esta pesquisadora deparou-se com
algumas questões que a intrigaram, levando-a, a partir de algumas disciplinas, a pensar nas
várias formas de violências no espaço escolar, não apenas físicas, mas simbólicas também,
por exemplo, percebida na experiência de mãe ao acompanhar a filha nas tarefas escolares, de
cujo desespero no processo de alfabetização a escola não se dá conta. Para esta pesquisadora,
negar às crianças o direito de aprender a ler e escrever a partir das diferenças e semelhanças,
para que ocorra uma aprendizagem significativa, constitui uma violência simbólica por parte
da escola para com a criança que considera as crianças todas homogêneas, sem levar em conta
suas individualidades e limitações enquanto seres humanos, querendo que estas assimilem,
todas ao mesmo tempo, o domínio das letras, muitas vezes desconhecendo seu próprio nível,
as suas condições sociais, econômicas e afetivas.
6
A fim de situar melhor o leitor deste trabalho, a violência simbólica, segundo Charlot
(2002), constitui a violência da escola, isto é, a maneira como a instituição trata os seus
estudantes, por exemplo, no modo como compõem as classes, no momento de atribuição de
notas e no seu tratamento para com elas. Nesse sentido, Rocha (2012) salienta que existe a
violência que ocorre no ambiente escolar, a violência dirigida à instituição escolar e a
violência da escola, simbólica, que ocorre no relacionamento entre professor e aluno, ou seja,
a escola não só reproduz como também produz situações e relações de violência.
Percebe-se que a escola tenta reproduzir um modelo de inculcação, já na educação
infantil, de valores da cultura dominante. Como estas questões comumente passam
despercebidas, esta autora sentiu-se ainda mais motivada, após cursar a disciplina de
Pedagogia “Alfabetização e Letramento”, que possibilitou conhecer questões sobre os
processos de ensino-aprendizagem, seus conteúdos, metodologias e estratégias de ensino,
levando ao interesse pela pesquisa nesta temática.
Agora, no final de seu curso, esta pesquisadora percebeu uma angústia comum entre
os seus colegas de turma, no momento do estágio final, que se julgam despreparados para
alfabetizar uma turma com algumas dezenas de crianças. Onde está a culpa? Esta é uma
questão nova ou se trata de uma deficiência do curso? A única certeza que se tem é que tal
tarefa é uma responsabilidade na formação das crianças somada às cobranças de colegas
docentes e da família, que nem sempre entendem o processo de alfabetização e cobram
resultados rápidos. Portanto, se o professor obtiver êxito na empreitada será exaltado, se não
carregará esta marca e angústia, que podem até minar a convicção da tão sonhada profissão
(CARVALHO, 2009).
Esta pesquisadora buscou conhecer mais de perto quais as particularidades de cada
uma das abordagens hoje encontradas em parte das escolas do Distrito Federal, a primeira
adotada oficialmente na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, Bloco Inicial de
Alfabetização – BIA, e a segunda, uma proposta inovadora, não obrigatória, que vem sendo
experenciada por alguns professores em escolas do Distrito Federal e em outros Estados do
Brasil, a do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA).
Em busca de alternativas, instrumentos e estratégias auxiliadoras na alfabetização
infantil, esta pesquisadora se deparou com materiais diversos do GEEMPA, proposta que tem
repercutido em várias regiões do Brasil, com a figura emblemática de uma de suas
fundadoras, Esther Pillar Grossi, que propôs na prática uma teoria de aprendizagem baseada
na psicogênese de Emília Ferreiro: o Pós-construtivismo, cuja máxima é “todos podem
aprender”. A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal implantou o BIA com uma
7
proposta pedagógica pautada na tríade alfabetização letramento e ludicidade, com o “objetivo
de facilitar o desenvolvimento das estruturas cognitivas, afetivas e motoras dos estudantes,
favorecendo a alfabetização e o letramento de forma significativa e que respeite “o tempo” de
cada criança necessita para aprender” (BRASIL, 2012, p. 28).
Diante deste cenário, antes de apresentar as particularidades de cada uma dessas
abordagens de alfabetização, convém lembrar alguns aspectos sobre a alfabetização no Brasil.
Por exemplo, atualmente, e em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação –
LDB (BRASIL, 2006), as crianças ingressam aos seis anos de idade no 1º ano do ensino
fundamental. Fase em que a criança ainda está tentando compreender o que é e como acontece
a escrita, ela cria várias hipótese e invenções que se tornam auxiliares ao seu
desenvolvimento. O docente deve estar preparado para lidar com esta nova realidade, já que o
acréscimo de mais um ano na vida escolar das crianças por si só não é garantia de qualidade
no ensino. Fato que é corroborado pelos atuais resultados de pesquisas. No Distrito Federal,
dados da Prova Brasil 2011 trazem indicadores preocupantes quanto ao domínio da língua
materna e conhecimentos matemáticos, uma vez que somente 27% dos alunos alcançaram o
aprendizado esperado em língua portuguesa e 16% em matemática ao final do ensino
fundamental (MERITT; FUNDAÇÃO LEMANN, 2014). Como explicar crianças que desde
ao nascer têm contato e fazem uso da língua materna terminem a educação básica tão longe
dos índices esperados de êxito? (GONDIM, 2007).
Dessa forma, o presente estudo pretende responder às seguintes questões de pesquisa:
Como a teoria do Pós-construtivismo do GEEMPA auxilia nos processos de alfabetização e
letramento das crianças? Como o sistema de ciclo do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA)
tem tratado o assunto? Quais as similitudes e discordâncias entre as abordagens? Em uma
perspectiva comparada, busca-se comparar as duas metodologias e as experiências das
professoras no sentido de averiguar como cada uma contribui para o processo de alfabetização
e letramento das crianças. Assim, um dos objetivos é averiguar quais as diferenças de cada
uma das abordagens, como cada uma delas pode contribuir com mais êxito para o letramento
das crianças e quais os desafios dos professores de ambas as metodologias para conseguir este
objetivo.
A título de orientação do leitor, organizaram a seguir os seguintes tópicos da revisão
de literatura: 1) Alfabetização e letramento: dois processos distintos, mas complementares; 2)
O Distrito Federal e o sistema de ciclos; 3) Abordagem metodológica I – O Bloco Inicial de
Alfabetização; 4) Abordagem metodológica II - Todos podem aprender: GEEMPA; e em
seguida, apresenta-se a metodologia, os resultados de pesquisa (Similitudes e discordâncias
8
entre as abordagens do BIA e do GEEMPA) do construtivismo ao pós-construtivismo; e as
considerações finais.
1 Alfabetização e Letramentos: dois processos distintos, mas complementares
O conceito de alfabetização é muito discutido e possui vários significados. Sofreu
algumas alterações ao longo dos anos, mas “pode ser definido como a apropriação do sistema
de escrita, que pressupõe a compreensão do princípio alfabético, indispensável ao domínio da
leitura e da escrita” (BRASIL, 2013, p. 9).
Para Soares (2004), a alfabetização é entendida como a apropriação do sistema
convencional da língua escrita. O indivíduo se apropria do código alfabético e das relações
grafofônicas (letra/som). Já o termo letramento é recente, surgiu no Brasil por volta dos anos
80 para nomear claramente fenômenos em que o uso do sistema de escrita é usado em práticas
sociais. Talvez por esse motivo, este último tenha se confundido muito com o primeiro.
Mais precisamente, o termo letramento é a aquisição de habilidades para usufruir de
forma consciente e competente da leitura e da escrita em contextos sociais. Isso não significa
que o professor vai abandonar o ensino de procedimentos e mecanismos indispensáveis ao
aluno para o aprendizado da língua materna, mas capacidades interligadas, necessárias a
aquisição do sistema de leitura e escrita (SOARES, 2004).
Em função disso, e provavelmente em decorrência do termo letramento ter surgido
como uma espécie de extensão do conceito de alfabetização, esses dois processos têm se
mesclado. No entanto, é necessário reconhecer que, embora distintos, são interdependentes e
indissociáveis, ou seja, a alfabetização só tem sentido com o letramento, que, por sua vez, só
acontece em consonância com a apropriação do sistema convencional de escrita (SOARES,
2004).
2 O Distrito Federal e o sistema de ciclos
O desejo do Brasil de ampliar os anos do ensino obrigatório é antigo. Em 1961, o
Brasil aprovou a Lei nº 4.024 que previa quatro anos de obrigatoriedade (BRASIL, 1961). Em
1971, com a Lei nº 5.692 ampliou para oito anos (BRASIL, 1971), mas só com a Lei de
9
Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL, 1996) foi criado o ensino fundamental de
nove anos, com início aos seis anos de idade.
Um reforço decisivo para a implementação foi a aprovação do I Plano Nacional de
Educação (PNE), Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001, que tem como sua segunda meta,
para o Ensino Fundamental, implantação gradual do Ensino Fundamental de nove anos, com a
inserção das crianças de seis anos de idade. Este tem dois pontos principais: “oferecer maiores
oportunidades de aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que,
ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando
maior nível de escolaridade” (BRASIL, 2001).
A LDB, em seu artigo 23, deixa claro que a educação básica não necessariamente se
organizará em anos/séries. Ao contrário defende que “poderá ser organizada em períodos
semestrais, ciclos, grupos não seriados, com base na idade, na competência, em outros
critérios, ou em forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar” (BRASIL, 1996).
No Brasil, os ciclos se apresentam de duas formas: os da aprendizagem e os da
formação. Os ciclos da formação “baseiam-se nos ciclos do desenvolvimento humano e
prevêem uma mudança mais radical no sistema de ensino com a não retenção no ensino
fundamental” (BRASIL, 2012, p. 13). O BIA encaixa-se nos ciclos de aprendizagem
“apresentam uma estrutura de dois ou três anos de aprendizagem e, ao final desse período,
prevê a retenção dos estudantes que não atingiram os objetivos esperados” (BRASIL, 2012, p.
13).
A partir da promulgação da Lei Distrital nº 3.483, de 25 de novembro de 2004, que
estabeleceu a implantação do Ensino Fundamental de nove anos na Rede Pública Escolar do
Distrito Federal (BRASIL, 2004), deu-se início a este processo que em 2009 já estava
implantado em suas 14 Regionais de Ensino. São elas: Brazlândia, Ceilândia, Guará, Gama,
Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto/Cruzeiro, Recanto das Emas,
Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Taguatinga.
3 Abordagem metodológica I – O Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) Para amparar a implantação, em consonância com a Lei Federal nº 11.274, em seu
artigo 5º (BRASIL, 2006), foi necessária, a elaboração de um documento com princípios
metodológicos norteadores, que é a Proposta Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização
10
(BIA), a fim de reorganizar o tempo e o espaço escolares, já que as crianças de seis anos
passaram a integrar o novo Ensino Fundamental de nove anos.
O BIA apresenta uma organização escolar em ciclos de aprendizagem, buscando o
avanço de todos com qualidade de aprendizagem e respeito às questões individuais. O Distrito
Federal (DF) adotou a progressão continuada onde os estudantes têm progressão do 1º ano
para o 2º e deste para o 3º, estabelecendo a não reprovação nos anos iniciais da alfabetização.
A retenção só acontece ao final do ciclo, ou seja, do 3º para o 4º ano. Esta nova concepção
adotada é a garantia de que todos os estudantes terão seus tempos de desenvolvimento
respeitados (BRASIL, 2012). A base estruturante desta proposta sustenta-se em três eixos, a
tríade de alfabetização, letramento e ludicidade. Esses eixos integradores buscam facilitar a
aprendizagem do aluno em suas várias dimensões (cognitiva, afetiva, social e motora)
auxiliando o processo de alfabetização e letramentos1 (BRASIL, 2012).
Nesse sentido, o eixo orientador da alfabetização e letramento traz a concepção de que
o personagem central do processo de aprendizagem é o aluno e não o conteúdo a ser
trabalhado. Reconhece ainda que o estudante tem o direito inalienável de apropriação da
tecnologia (codificar e decodificar) e da dimensão linguística necessária para se alfabetizar
em consonância com a apropriação do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita.
Assim, a língua materna deve ser trabalhada com toda a sua complexidade e riqueza, de modo
contextualizado, fazendo sentido na realidade do aluno. Outro aspecto integrante é a
ludicidade como parte do processo de alfabetização e letramento do aluno, já que, ao brincar,
a criança entra em contato com o imaginário e com situações reais do seu dia a dia, ou seja, a
possibilidade de experimentar, inventar e reinventar estas reconstruções. É um momento
importante de socialização, sem grandes restrições, ou com a mediação do professor, que
poderá testar suas hipóteses ou refutá-las (BRASIL, 2012).
Vale ressaltar que os objetivos de aprendizagem ao final do ciclo devem ser claros e
bem estabelecidos, uma vez que requerem uma mudança na organização do trabalho
pedagógico. Pesquisa realizada pela Coordenadoria de Editoração de Inovações Pedagógicas
da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF), com professores,
coordenadores e diretores atuantes do BIA, constatou que um dos pontos de maior discussão
apontados pelos professores está no fato da retenção escolar acontecer somente ao final do
ciclo. A maioria ainda não conseguiu trabalhar com esta dinâmica de aprendizagem
1 A proposta do BIA adota o termo “letramentos” tendo em vista as diferentes funções de utilização da língua
escrita e falada bem como dos diferentes espaços que acontecem (BRASIL, 2012).
11
continuada e interativa (BRASIL, 2009 apud BRASIL, 2012). Dessa forma, o professor tem
papel fundamental a desempenhar nesta nova organização dos espaços e do trabalho
pedagógico (BRASIL, 2012).
4 Abordagem metodológica II: Todos Podem Aprender: GEEMPA
O grupo GEEMPA foi fundado em 1970, como organização não-governamental, por
uma equipe de professores, em sua maioria primários, que lecionavam no Instituto de
Educação General Flores da Cunha em Porto Alegre. Os membros deste grupo tinham em
comum o engajamento e uma participação intensa no Movimento da Matemática Moderna,
que ganhava força no Brasil. Assim, nasceu como Grupo de Estudos sobre o Ensino da
Matemática de Porto Alegre (GEEMPA), com o foco na reestruturação da Matemática como
ciência, ou seja, reuniu profissionais decididos a investir em pesquisas e ações voltadas para a
melhoria do ensino da Matemática em escolas públicas (FISHER, 2006).
Segundo Grossi (1994, p. 97), os primeiros anos do GEEMPA se caracterizaram como
um tempo de “ depuração dos livros-textos de mil incorreções matemáticas, ao mesmo tempo
em que bons matemáticos passaram a se ocupar do ensino, criando atividades didáticas
logicamente condizentes com os conteúdos visados, o que foi avanço extraordinário” . Foi por
volta de 1983 que o grupo assumiu nova identidade, sem abandonar os princípios que
nortearam sua criação. Manteve a mesma sigla e passou a designar-se Grupo de Estudos sobre
Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação. Sobre esta mudança a professora Esther Grossi,
uma das fundadoras e primeira presidente do grupo, ressalta que a equipe “percebeu que o
maior problema da educação na escola elementar no Brasil não era a aprendizagem da
matemática, mas a aprendizagem da leitura e da escrita” (GROSSI, 2005, p. 12).
Após um estudo experimental de alfabetização realizado em uma vila de Porto Alegre
(Santo Operário), chamadas de classes experimentais ou piloto2, o grupo promoveu várias
ações com o envolvimento dos professores de Porto Alegre, realizando uma série de
encontros, seminários, palestras, reuniões de estudo, entre outras atividades3. A partir dos
bons resultados obtidos em classes populares, o Grupo estendeu suas atividades para outros
Estados e passou também a preocupar-se com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), uma 2 Sobre este estudo conferir: A Experiência das classes-piloto organizadas pelo GEEMPA, ao tempo da
matemática moderna (FISCHER, 2006). 3 Foram firmadas algumas parcerias com o Ministério da Educação (MEC), devido ao tamanho das ações desenvolvidas. Para maior detalhamento dos projetos, consultar as publicações do GEMMPA, por exemplo: 30.000, GEEMPA (BRASIL, 2003).
12
vez que a ideia chave geempiana é de que todos podem aprender, “a inteligência é um
processo garantidamente acessível a todos” (GROSSI, 2005, p. 30).
O trabalho científico do Grupo compreende três campos de pesquisa: “aprendizagem
dos alunos, formação dos professores e gestão de uma inovação nos sistemas de ensino”
(GROSSI, 2005, p. 25). O GEEMPA é parte integrante de uma rede de estudos e pesquisas
científicas internacionais. Isso se deve principalmente a encararem a educação como tarefa
profissional, com base científica.
Em síntese, as bases teóricas do pensamento pós-construtivista estão fundamentadas
nos estudos e pesquisas de Piaget, Vygotski, Wallon, Dienes e Picard, Emilia Ferreiro, Sara
Pain, Gérard Vergnaud, entre outros.
A teoria psicogenética de Piaget estudou como a criança aprende com ênfase na
epistemologia genética ao analisar os grandes estágios: sensório-motor (do nascimento até os
dois anos), pré-operatório (dos dois aos sete anos), operações concretas (dos sete até a
adolescência) e operações formais (adolescência até a fase adulta). Concentra-se na interação
do sujeito com o meio: construtivismo. Para que a aprendizagem ocorra é necessário que
aconteçam dois processos: o da assimilação e o da acomodação aos esquemas já existentes.
Dessa forma, o conhecimento não é sobreposto aos existentes e sim o resultado dos processos
de reestruturação e reorganização mental (GROSSI ,2005; TUBOITI, 2012).
Vygotski traz a concepção de “sujeito social”, assim, as aprendizagens são construídas
através tanto da interação do sujeito com o meio como com os outros. Criou o conceito de
“zona de desenvolvimento proximal”, ou seja, o aprendizado se adianta ao desenvolvimento
biológico e não se limita a ele. É a fase de transição entre o que a criança já sabe fazer sozinha
(zona de desenvolvimento real) e aquilo em que necessita de auxílio, seja do adulto ou de
outra criança (zona de desenvolvimento potencial). Dessa forma, o que é potencial hoje será o
real de amanhã (GROSSI, 2005; TUBOITI, 2012).
Segundo Tuboiti (2012, p. 36), em seus estudos, Wallon “ não dissocia o biológico do
social; um está imbricado no outro, por isso, refere-se ao sujeito como sendo geneticamente
social; a necessidade do outro está registrada no organismo”. A criança é um sujeito plural e
não deve ser considerada de forma fragmentada. O pensamento da criança se inicia com a
família, primeiro grupo ao qual a criança pertence. À medida que vai crescendo seu núcleo de
contatos também vai aumentando progressivamente e de formas distintas, essas experiências
indispensáveis para a formação e a aprendizagem da criança.
Por sua vez, as descobertas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky representaram grande
contribuição para a proposta geempiana. Seus estudos consideram a criança como centro do
13
processo de aprendizagem, sua lógica e suas hipóteses. Basearam-se na psicogênese de Piaget
para compreender como as crianças aprendem a língua escrita. O alfabetizador passou a
encarar e analisar o erro da criança como uma hipótese criada pela criança no processo de
aquisição da língua escrita, erro-construtivo. Em seus estudos, Emília Ferreiro e Ana
Teberosky perceberam que as crianças passam por quatro níveis de hipóteses: pré-silábico,
silábico, silábico-alfabético e alfabético (GODIM, 2007).
O construtivismo deixou algumas lacunas, pois levou em consideração apenas o
indivíduo e seu contato com o objeto do conhecimento. Mas, com os estudos de Wallon, que
definiu o sujeito como “geneticamente social”, somados aos de Vygotski, que complementou
este ser complexo “socius”, valorizando esta linguagem interior e a interação mediada pelo
outro, o Pós-construtivismo ganhou solidez e espaço. Uma vez que somos seres
geneticamente sociais, a aprendizagem não pode se realizar sozinha, é um fenômeno grupal.
Em função desses estudos e com contribuições de outras ciências (da antropologia, da
psicanálise, da filosofia e da ciência política), é que se consolidou o pós-construtivismo
adotado pelo GEEMPA (TUBOITI, 2012).
Para síntese e melhor visualização das diferenças entre as abordagens em tela,
apresenta-se ao leitor o quadro 1:
14
Quadro 1: Prática didática e Fundamentos Teóricos: BIA x GEEMPA Prática Didática
Abordagem do BIA (Ensino Construtivista)
Abordagem do GEEMPA (Ensino Construtivista)
Explicar Provocar
Apresentar linearmente, passo a passo, item por item, aspectos do conteúdo;
Apresentar globalmente, numa rede, elementos do campo conceitual a ensinar;
Enfileirar os alunos; Agrupá-los de 4 em 4 alunos;
Centrada no professor; Descentrada entre 3 grupos de interlocutores – os que sabem mais, o mesmo ou menos do que um aprendente;
A merenda não faz parte da pedagogia; A merenda é uma atividade pedagógica;
Há um só tipo de aula na atividade professor x turma de alunos;
Há três tipos de aula: • Nos grupos áulicos • Na aula entrevista individual • Nas atividades culturais
Seguir a lógica dos conteúdos a ensinar; Seguir a lógica de aprender do aluno;
Avaliar a posteriori Avaliar a priori para planejar
Fundamentos Teóricos
Ensino Construtivista / Abordagem do BIA
Ensino Pós-Construtivista / Abordagem do GEEMPA
Aprende-se individualmente; Aprende-se socialmente;
Avaliam-se conteúdos; Avaliam-se competências associadas a esquemas de pensamento;
A aprendizagem é um fato objetivo; A aprendizagem é um processo subjetivo;
Promove-se automaticamente; Promove-se com base em esquemas de pensamento;
A idade cronológica é o critério de enturmação;
O núcleo comum de conhecimentos é o critério de enturmação;
Aprende-se continuamente; Aprender é um processo descontínuo;
Nem todos podem aprender. Todos podem aprender.
Fonte: GEEMPA, 2012 p. 13-14
15
Metodologia
Caracterização da pesquisa
Este artigo é de abordagem qualitativa. Segundo Bauer e Gaskell (2007, p. 23), “a
pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das realidades sociais”.
Para Terence e Filho (2006), na abordagem qualitativa, o pesquisador busca uma
imersão nos fenômenos pesquisados, interpretando-os sob a ótica dos participantes na
situação observada, seu enfoque não é nas relações lineares nem tampouco em dados
quantificáveis. Assim sendo, analisar as práticas pedagógicas advindas das propostas do
GEEMPA e do BIA voltadas para a alfabetização e o letramento de crianças no ensino
fundamental será de fundamental importância para a compreensão do benefício ou não de
ambas as propostas.
Trata-se de um estudo comparado, pois possibilita o cotejo de indivíduos, grupos ou
acontecimentos, observando suas similitudes e singularidades (GIL, 1999). É a relação direta
com o objeto de estudo que possibilitará ao pesquisador perceber a sutileza e significado dos
comportamentos e situações experenciadas, ou seja, o contato in loco no ambiente
alfabetizador, um sistema complexo de significados e contextos. Em suma, esta pesquisa, de
acordo com as técnicas de geração de dados utilizadas, caracteriza-se com um estudo de caso.
Para Pereira, Godoy e Terçariol (2009, p. 427), “o estudo de caso caracteriza-se como o
estudo profundo de um objeto, de maneira a permitir amplo e detalhado conhecimento sobre o
mesmo”. Já para Yin (2010), o estudo de caso é uma situação única, pois não se preocupa
somente com os dados, mas com diversas variáveis que não se pode controlar. É útil para
responder perguntas do tipo “como” e “por que”.
Geração de dados
Para a geração de dados foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas
entre os meses de setembro e outubro de 2014. Os encontros foram marcados por e-mail e
pela coordenadora da unidade escolar, conforme a disponibilidade das entrevistadas, e
duraram aproximadamente cinquenta minutos cada um. Este instrumento de geração de dados
foi escolhido por possibilitar ao pesquisador explorar as opiniões e impressões sobre o
assunto em questão, com perguntas que norteiam as indagações principais do estudo, e assim
possibilita ao entrevistado discorrer sobre o assunto sem estar preso a indagações formuladas
(BAUER; GASKELL, 2007).
16
As entrevistas consistiram em um encontro individual, seguida de um roteiro,
apresentado nos apêndices B e C, previamente estabelecido com tópicos e questões dos
assuntos pertinentes para o estudo. No decorrer da conversa outros assuntos e até mesmo
curiosidades foram surgindo.
Também foi adotado um breve questionário, aplicado durante as entrevistas, como
forma de obter dados que auxiliassem na construção do perfil dos entrevistados. Segundo Gil
(1999, p. 128), “pode-se definir questionário como técnica de investigação composta por um
número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo como
objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, interesses, expectativas, situações vivenciadas
etc”.
Foram utilizados os registros das observações não estruturadas ou simples que também
ocorreram entre os meses de setembro e outubro de 2014. Para Gil (1999), a observação
simples compreende aquela em que o pesquisador observa de forma espontânea, como um
expectador, sem interferir na realidade estudada. Vai além da simples constatação dos fatos,
há itens, que pela sua relevância, costumam ser considerados pelo pesquisador (os sujeitos, o
cenário e o comportamento social).
O universo da pesquisa
A escola
A pesquisa foi realizada em uma escola pública da Secretaria de Estado de Educação
do Distrito Federal (SEEDF), em duas turmas de 1º ano do ensino fundamental. A escolha se
deu em função dessa unidade escolar possuir professores que trabalham com as duas
propostas objetos desse estudo.
A unidade é uma Escola Classe que atende turmas do segundo período da educação
infantil até o 5º ano do ensino fundamental. Foi reformada recentemente e reentregue à
comunidade no ano passado, 2013. Possui oitocentos e setenta alunos atendidos em trinta e
três turmas, nos turnos matutino, vespertino e um semi-integral. Dispõe de laboratório de
informática, quadra de esportes coberta e um mini refeitório, local que as crianças realizam
seus lanches e refeições. As turmas observadas são compostas por vinte e dois alunos, cada
uma, entre meninos e meninas. A maioria reside nas proximidades da escola.
Do total das turmas onze são do 1º ano, duas trabalham com a abordagem do
GEEMPA e nove com a do BIA. A atuação das duas professoras da nova metodologia
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(GEEMPA) se deu por opção de ambas. Até o início do ano só havia uma professora que
trabalhava com esta abordagem, o que influenciou outra professora que, neste ano, decidiu
mudar sua prática docente. As demais trabalham com a abordagem do BIA por ser a
concepção adotada na rede pública escolar do DF.
Perfil e contexto dos participantes
Para realização da pesquisa foram selecionadas duas professoras que trabalham com
turmas de 1º ano do ensino fundamental. A primeira foi indicada pela coordenadora regional
do grupo GEEMPA no DF, por já trabalhar com a proposta há sete anos, em uma escola
pública do DF. A segunda pela coordenadora da unidade escolar, por trabalhar com a proposta
do BIA desde o início de sua implantação no DF, há cerca de quatorze anos. Possuem
algumas similitudes: ambas são do sexo feminino, possuem mais de quarenta anos de idade,
mais de onze anos dedicados à docência. Possuem ainda nível superior e especializações.
Trabalham com carga horária de 25 horas semanais em sala de aula em um turno e 15 horas
em outro turno em atividades de coordenação, entre outras. Trabalham na SEEDF em regime
efetivo.
Todas as participantes foram convidadas a fazer parte da pesquisa e concordaram com
a gravação da entrevista, mantendo, portanto, suas identidades em sigilo, bem como o da
instituição escolar. Para tanto, assinaram um termo de anuência e, a fim de manter o
anonimato, aqui serão identificadas como Professora A (metodologia I - BIA) e Professora B
(Metodologia II - GEEMPA), respectivamente. As transcrições das entrevistas são literais, ou
seja, não houve revisão das falas dos participantes.
Resultados e discussão
Similitudes e diferenças entre as metodologias do BIA e do GEEMPA - do construtivismo ao pós-construtivismo
O construtivismo de Piaget trouxe uma revolução ao modo como a aprendizagem das
crianças era compreendida até então. Superou o empirismo e o inatismo, ou seja, se contrapôs
à concepção de que o conhecimento era produto exclusivo das interações com o meio exterior,
comparando o indivíduo a uma “tábula rasa”, e à ideia de que o conhecimento era “inato”. “O
construtivismo faz ver que entre o dado da realidade e o conhecimento há uma fecunda
elaboração do aprendente, e este foi um avanço científico considerável”, assim entendemos
18
que não se nasce inteligente, torna-se inteligente aprendendo, e todos podem aprender
(GROSSI, 2004, p. 10).
A proposta do BIA, fundamentada no construtivismo, sem dúvida, foi um avanço
quanto à forma que a alfabetização era tratada há alguns anos atrás, quando o seu insucesso
muitas vezes era atribuído somente aos alunos. Mas, infelizmente esta foi uma política
pensada de “fora” para “dentro” da escola, ou seja, foi implantada na SEEDF sem discussão
e/ou consulta por parte da comunidade escolar. Outro ponto levantado pela professora A é de
que a escola não possui estrutura para trabalhar de forma diferenciada com as turmas de
alfabetização. Este fato é corroborado por sua fala:
É porque o processo é assim: você toma conhecimento e você parte para ação muitas vezes sem o preparo devido. Na implantação do BIA, a gente, os primeiros [...] Foi aprendendo, fazendo. Tanto é que tinha um curso de formação, mas a gente já estava trabalhando. Geralmente, o que acontece na Secretaria é primeiro se implanta depois se prepara o professor. [...] Em relação à alfabetização tinha a proposta de turmas reduzidas, um auxiliar para ajudar na sala. O quê que acontece: a gente tem que se virar sozinha. O material, muitas vezes a gente tira dinheiro do próprio bolso para comprar (TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA, 26/09/2014).
Vale ressaltar que foram observadas duas diferenças significativas que interferem
diretamente na prática docente das duas professoras: a primeira foi a forma por que estas
optaram pela abordagem que norteia sua prática docente: a Professora A teve contato logo que
a proposta foi implantada na SEEDF; a Professora B trabalhou por algum tempo com a
mesma proposta, mas há aproximadamente sete anos reinventou sua prática docente. O
segundo ponto é a expectativa de se é possível ou não alfabetizar 100% de uma turma. A
Professora A aceita e admite que a proposta do BIA até os dias atuais não foi colocada em
prática integralmente, já a Professora B não só aceita como afirma já ter logrado tamanho
êxito.
Comparando o construtivismo e o pós-construtivismo evidenciam-se três diferenças
significativas: a primeira, de que a aprendizagem é um processo contínuo e ininterrupto. A
segunda, a de que a aprendizagem é individual, em ritmo próprio e particular de cada aluno, e
a terceira, a de que alunos de uma classe menos favorecida economicamente não conseguem
aprender do mesmo modo e no mesmo ritmo dos de classe mais abastardas (GROSSI, 2004).
Para o GEEMPA (2012), a alfabetização é um processo descontínuo e não cumulativo,
ou seja, é um pulo, uma quebra, resultado de uma competência adquirida: a de conseguir
compreender o texto lido e conseguir escrever um texto que outra pessoa entenda o sentido
que o aprendente quis dar ao seu escrito. Dessa forma, para se alfabetizar, o sentido vem antes
da decodificação, para que faça sentido ao aprendente. A contextualização é tão necessária
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quanto a soletração e o conhecimento das letras, ou seja, alfabetização significativa não existe
sem letramento, caminham juntas.
Assim, o GEEMPA se opõe à justificativa usada para a implantação dos sistemas de
ciclos adotados pelo BIA: que a aprendizagem é um processo contínuo, ininterrupto e
individual. O processo de aprendizagem se assemelharia com uma escada, a subida em
degraus e não com uma rampa, uma subida linear. A professora B possui uma percepção clara
acerca desse processo descontínuo, interdependente de alfabetização da língua escrita e da
leitura:
Com os dados da aula-entrevista, a gente traça a nave da zona de desenvolvimento proximal, porque para a gente já está bem claro que são dois caminhos que a criança caminha: leitura e escrita. Nem sempre eles caminham junto. Eu mesma já tive aluno que está alfabetizado, que lê tudo e tem aluno que lê tudo e continua alfabético na escrita. Porque ele tem uma boa leitura, mas na escrita não conseguiu fazer um texto que um adulto conseguisse ler (ENTREVISTA, 01/09/2014).
A aprendizagem é um processo permeado por rupturas, uma dialética entre o
conhecimento adquirido e um conflito produzido por uma nova descoberta. Essa
desconstrução do conhecimento anteriormente assimilado exige uma nova organização e
estruturação das funções cognitivas para uma assimilação de um novo conhecimento e assim
sucessivamente: “Para continuar aprendendo, há que desconstruí-los, a fim de gerar um novo
alicerce que possibilite a edificação de novos saberes” (GROSSI, 2004, p.4).
A cada degrau que atingem, os indivíduos passam a pertencer a um certo grupo da
sociedade e a juntos criar novas hipóteses para os processos de aprendizagem. Nesse sentido,
aprender é um fenômeno grupal, social. Essa dialética entre o aprendente e o objeto do
conhecimento está intrinsecamente atravessada pelo outro (GROSSI, 2012).
Este entendimento da necessidade do outro no processo de aprendizagem é observável
na aula mediada pela professora B:
Os alunos são organizados em grupos de aprendizagens (grupos áulicos), a composição é decidida através de uma votação realizada usualmente após a aula-entrevista com cada criança. Os alunos escolhem com quem querem aprender, a quem querem ensinar e com quem gostariam de trocar experiências. No grupo, é eleito um representante que, quando solicitado, auxilia a professora e os demais colegas do grupo em algumas atividades. Durante a realização das atividades, os alunos se ajudam mutuamente, comemoram e cobram postura (respeito a uma regra do jogo, por exemplo) quando um componente não está agindo de forma satisfatória (DIÁRIO DE CAMPO, 25/09/2014).
Nesta abordagem, os alunos aprendem com um professor que também aprende e o
lócus é a sala de aula. Os professores têm sua formação continuada por meio de cursos e
assessorias diretamente com especialistas do GEEMPA e pelos encontros semanais com
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outros professores, para estudo e discussões de estratégias. Assim, os grupos de estudos são
acompanhados de perto, situação evidenciada na fala da professora B:
[...] Completando, a gente tem esse grupo de estudos, que é semanal que se reúne toda quinta-feira, a gente recebe quinzenalmente ou ás vezes mensalmente assessoria das duas coordenadoras do GEEMPA em Brasília, são elas que são responsáveis por esse núcleo em Brasília, ou seja, pelo menos uma vez por mês a gente está com elas. A gente participa das assessorias fora, que são em vários Estados do Brasil. Algumas assessorias são em Porto Alegre, no Rio de Janeiro (ENTREVISTA, 01/09/2014).
Tanto os cursos como as assessorias giram em torno de quatro disciplinas práticas e
cinco disciplinas teóricas, a saber: Psicogênese da alfabetização e da matemática; Didática da
alfabetização e da matemática; Interação social nas aprendizagens; Pedagogia; Psicologia
cognitiva; Aspectos antropológicos do aprender; Aspectos psicanalíticos do aprender; Saúde e
educação e Aspectos filosóficos da aprendizagem (GEEMPA, 2012, p.13).
Para a proposta do BIA, a formação continuada dos professores é vista como um
complemento à formação inicial, capaz de suprir lacunas e fragilidades. Deve ser articulada
com a prática didática numa perspectiva crítico-reflexiva. Tentar superar a dicotomia entre
teoria e prática. Sem esquecer que o “indivíduo professor” traz uma história de vida,
aprendizagens que devem ser consideradas e respeitadas em sua prática docente. Esse
desenvolvimento profissional docente é entendido como um processo tanto coletivo como o
individual. Assim, não propõe uma prática rígida, inflexível, ao respeitar o conhecimento e
caminhar profissional do professor. O BIA propõe uma reflexão e, se necessário, uma
ressignificação dessa prática. A SEEDF oferece uma estrutura de apoio pedagógico ao
professor por meio da Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (EAPE), das
coordenações pedagógicas individuais e coletivas e os Centros de Referência em
Alfabetização –CRA (BRASIL, 2012).
É importante ressaltar que esta formação continuada é ofertada pela SEEDF, mas cabe
ao professor buscar esta formação. A professora A reconhece os benefícios dos cursos
ofertados e, sempre que possível, realiza-os. No entanto, lembra que outros professores,
sobretudo os mais antigos, resistem a mudanças e preferem continuar a “dar” aulas da mesma
forma que faziam há anos atrás. Outro ponto de preocupação da mesma é de que professores
recém-contratados são “jogados” em turmas de alfabetização sem estarem preparados,
recebem um curso básico na SEEDF no ingresso ao serviço público e vão para as escolas.
Muitas vezes não encontram o apoio necessário e quem mais sofre são os alunos. Uma crítica
é a forma que o trabalho do professor é acompanhado:
Preenchemos um relatório e enviamos para a SEEDF, mesmo que coloquemos que o aluno não atingiu algum nível esperado, ninguém vem saber o que aconteceu e
21
perguntar se precisamos de auxílio (ENTREVISTA, PROFESSORA A, 26/09/2014).
Um ponto em comum entre o modelo de ciclos e a proposta do GEEMPA é de que a
idade certa para se alfabetizar uma criança são os seis anos de idade. A diferença marcante é
que o GEEMPA considera que “o tempo é inimigo das dificuldades de aprendizagem”, ou
seja, vê a necessidade do professor ter em mente um prazo determinado, uma delimitação,
para que isto ocorra, levando-se em consideração a turma e o contexto. Haja vista que o
projeto logrou grande êxito ao alfabetizar turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em
cerca de três meses. Isso se deve primeiramente à existência de um núcleo comum de
conhecimentos na turma: a de não estar alfabetizada.
Uma das críticas ao sistema de ciclos é que, pelo sistema de progressão adotado pelo
BIA, se perdesse este núcleo comum de “conhecimentos ou não conhecimentos”. Assim,
empurra-se uma criança que ainda não está alfabetizada para o ano seguinte, onde a maioria já
possui esta competência. Portanto, o GEEMPA considera falsa a ideia de que o aluno demora
três anos para se alfabetizar, pois, ao final de cada ano em que a criança não conseguiu se
alfabetizar ocorrem as férias e como esta competência não estava consolidada, o aluno
retrocede, tendo que, no ano seguinte, recomeçar muitas vezes de um nível inferior ao que
estava no ano anterior e, ainda, com o agravante de ter a autoestima rebaixada por se ver em
uma turma onde a maioria já logrou esta conquista. Defende a promoção com base em
esquemas de pensamento (GEEMPA, 2012).
Apesar de trabalhar com a abordagem do BIA a fala da professora A traz uma
profunda crítica da realidade vivenciada na sala de aula sobre o sistema de ciclos e não
retenção:
Tem crianças que, ela tem uma dificuldade, então para ela vencer essa dificuldade, é porque eu acho que tem que ser um trabalho muito estruturado e acho que poucas escolas têm o trabalho coletivo. Vamos supor: a gente já detecta problemas com crianças com dificuldades desde a educação infantil. Então, se não começa a trabalhar essas crianças desde o início, porque às vezes a criança só falta uma coisinha e tinha que ser retida, mas o que acontece é que a criança avançou, mas não foi o que se esperava. Se tivesse um trabalho continuado em grupo seria mais proveitoso (ENTREVISTA, 26/09/2014).
Sobre a dicotomia entre teoria e prática:
Infelizmente é muito bonito no papel, mas, assim, a proposta do 1º ano, o que a criança tem que chegar ao final, é diferente do 2º, então você imagina, a criança tem que chegar ao final do 1º ano pelo menos lendo, nem que seja lentamente, mas ela tem que já começar a entender o que ela lê e a produzir pequenos textos. Você pega uma criança “dessa”, que agora que se apropriou só do alfabeto, você manda pro 2º ano. O quê que vai acontecer: ele mal se preparou pelo 1º vai pro 2ª, a professora tem os objetivos dela do 2º. Aí, o que acontece: ele vai lá pro 3º ano e, se não for bem trabalhado, ele vai ficar retido lá 2 ou 3 anos. Então é aí que está a problemática. É muito bonito ficar assim: “Ah é porque a criança tem aquele
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tempo”. “Ah não foi alfabetizada no primeiro, pode ser no segundo”. Pode. Mas, se não houver um trabalho da escola e dos profissionais de forma sistematizada, dificilmente vai sair do papel (ENTREVISTA, 26/09/2014).
A partir destas observações, subentende-se que “nasceu gente é inteligente”, desde que
os indivíduos sejam adequadamente provocados e que as aprendizagens complexas têm que
ser organizadas, planejadas e mediadas. Não podem ser adquiridas sozinhas sem ser
sistematizadas. Portanto, não é verídico o estereótipo de que crianças oriundas de classes
menos favorecidas necessitam de maior tempo para aprender. Isto seria o mesmo que taxá-las
de “menos competentes” pela condição social e/ou familiar. Além disso, a adoção da
progressão automática, sem se levar em conta as estruturas cognitivas já logradas pelos
alunos, é um equívoco, pois este modelo atende mais aos dados oficiais do que propriamente
aos alunos (TUBOITI, 2012).
Quando questionada sobre os maiores desafios vivenciados no trabalho em sala com a
metodologia do BIA, a Professora A respondeu:
Eu acho que o maior desafio é justamente a estrutura familiar. Porque eu sei que o papel de um educador é orientar as crianças, mas está sobrecarregando demais a professora. Uma hora você tem que ser até psicólogo (ENTREVISTA, 26/09/2014).
Para a Professora B, além da demanda de tempo para estudos e da escassez de
material, o maior desafio é a opção feita:
Alfabetizar é um desafio independente da proposta que você utiliza. E alfabetizar dentro da proposta pós-construtivista é mais desafiante ainda, porque ela vai na contramão da rede. Entendeu? Porque a gente trabalha na contramão. Quando todo mundo esta querendo “dispensar aluno”, nós estamos lutando para manter dentro de sala. Quando todo mundo está querendo aplicar prova, a gente está brigando para não ter prova (ENTREVISTA, 01/09/2014).
Considerações finais
Este trabalho buscou comparar duas propostas metodológicas empregadas na SEEDF.
A partir da experiência de duas professoras buscou-se averiguar como cada uma contribui
para o processo de alfabetização e letramento das crianças em turmas do 1º ano do ensino
fundamental.
A partir das análises feitas sobre as respostas das duas professoras, bem como das
observações realizadas, pode-se considerar que ambas as metodologias, a seu modo,
desenvolvem a alfabetização e do letramento, objetivando a aquisição da escrita e da leitura
por seus alunos, para que estes possam participar e usufruir de forma ativa da sociedade.
Vale ressaltar que, além dos aspectos didáticos e teóricos que norteiam as propostas
estudadas, o “ator principal” é o professor, que tem a opção de seguir ou não a proposta
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empregada na rede escolar pública do DF, o BIA. Cabe a eles, acatar e trabalhar, adaptar-se à
metodologia seguida pela maioria dos professores ou reinventar-se e buscar novas formas de
alcançar a aprendizagem significativa dos alunos. Assim, o professor destaca-se como
elemento importante no processo de alfabetização e letramento das crianças, uma vez que a
ele cabe integrar as vantagens de ambas as metodologias em benefício do ensino-
aprendizagem.
Esta autora constatou que, de fato, não existe uma “receita de alfabetização” pronta e
inalterada a ser seguida. Outra constatação é que ambas as professoras também se queixaram
da formação inicial que receberam na faculdade, ou seja, os currículos estudados nos cursos
de licenciatura estão aquém da realidade encontrada em sala de aula. Porém, a busca pela
formação continuada tem papel fundamental para a construção de uma prática reflexiva e
consciente e, mais uma vez, entra a opção pessoal do professor, já que a SEEDF oferta cursos
e oficinas, mas a participação de forma crítica e proveitosa é voluntária.
Nesse quesito, a proposta do GEEMPA tem vantagens, por ser uma opção pessoal, o
contato com as “regras” a seguir se dá logo no início das formações e os sacrifícios e tempo
dedicados vêm desde o começo.
A proposta do BIA trouxe um novo jeito de olhar o aluno, como um ser complexo,
permeado por uma história cheia de significados, que devem ser considerados no ato
educativo, porém, como observado, estes avanços não conseguiram ser traduzidos para a
prática docente como deveriam. Nesta abordagem, o professor ainda se sente órfão no ato de
ensinar, não sente segurança e queixa-se por estar sobrecarregado de funções que deveriam
ser desenvolvidas em parceria tanto com a escola como com a família. É um aprender a fazer
fazendo, tateando aqui e ali para, aos tropeços, ir encontrando o caminho.
Esta tensão interna se traduz por vários momentos na desilusão da capacidade
transformadora da educação e, como Freire (1992, p. 11) sabiamente ressalta, “ensinar e
aprender são movidos pelo desejo e pela paixão”. Talvez por esse motivo a proposta do
GEEMPA logre mais êxito, conforme sugere a professora B: “O pós-construtivismo não
muda sua prática, muda você. A gente como pessoa. Eu posso te dizer com certeza que eu não
sou a mesma pessoa de antes do pós-construtivismo e após”. Esta paixão em ensinar se reflete
na alegria das crianças ao se verem subindo degraus nas escadas da psicogênese, na interação
com o grupo e com a professora. É a paixão palpável, transbordante, transgressora e
transformadora indispensável na dialética da aprendizagem.
O GEEMPA, por não ser uma proposta oficialmente adotada na rede escolar do DF,
ainda causa certo “estranhamento” nos demais professores, uma vez que pode parecer ousada,
24
que requer muito tempo de dedicação e estudo. Requer que o professor deixe sua zona de
conforto e experimente o novo. Talvez, por esse motivo, na escola observada, somente duas
professores trabalham com esta metodologia.
Referências
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25
nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Disponível em :<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm.> Acesso em: 05 maio 2014 CARVALHO, Marlene. Alfabetização sem receita e receita de alfabetização. Boletim Carpe diem. Belo Horizonte, Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação, v. 4, jan./fev. 1994. Disponível em: < http://euestudo.com.br/escola/index.php/39-diversos/62-receita-da-alfabetizacao-e-alfabetizacao-sem-receita> Acesso em: 03 maio 2014. CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2009. CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, n. 8, p. 432-443, 2002. Disponível em: <
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Apêndices
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO E NTRE AS ABORDAGENS DO BIA E DO GEEMPA
APÊNDICE A: Termo de consentimento livre e esclarecido
Você está sendo convidado a participar voluntariamente de uma pesquisa da Universidade Católica de Brasília sobre educação. Leia cuidadosamente o que se segue e quaisquer dúvidas serão respondidas prontamente. Você muito contribuirá para o estudo comparativo da alfabetização e letramento na perspectiva do projeto Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) e do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA).
Este estudo será conduzido pela estudante Ana Paula de Souza Silva com o objetivo de analisar e comparar as concepções pedagógicas adotadas pelo BIA e a aplicação da teoria do pós-construtivismo do GEEMPA, nas práticas de alfabetização e letramento que visem facilitar o processo de ensino e aprendizagem de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental I, para elaboração de seu trabalho final do curso de Graduação em Pedagogia sob a orientação da Profª. MSc. Adriana Lira, professora adjunta da Universidade Católica de Brasília – UCB.
Optando por participar você responderá um questionário do perfil do participante e participará de uma entrevista individual. Sua identidade será mantida em sigilo. Somente a pesquisadora terá acesso às informações para verificar os dados do estudo. Caso sejam transcritos trechos do questionário e/ou da entrevista no corpo do trabalho, sua identidade não será revelada.
Agradecemos desde já sua colaboração.
Declaro que li e entendi o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e que sou Voluntário (a) a tomar parte neste estudo.
Brasília, ____de ____________ de 2014.
_______________________________
Assinatura do Participante
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: UM ESTUDO COMPARATIVO E NTRE AS ABORDAGENS DO BIA E DO GEEMPA
APÊNDICE B: Termo de consentimento livre e esclarecido da Escola
A Instituição escolar está sendo convidada a participar voluntariamente de uma pesquisa da Universidade Católica de Brasília sobre educação. Leia cuidadosamente o que se segue e quaisquer dúvidas serão respondidas prontamente. Você muito contribuirá para o estudo comparativo da alfabetização e letramento na perspectiva do projeto Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) e do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA).
Este estudo será conduzido pela estudante Ana Paula de Souza Silva com o objetivo de investigar e comparar as concepções pedagógicas adotadas pelo BIA e a aplicação da teoria do pós-construtivismo do GEEMPA, nas práticas de alfabetização e letramento que visem facilitar o processo de ensino e aprendizagem de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental I, para elaboração de seu trabalho final do curso de Graduação em Pedagogia sob a orientação da Profª. MSc. Adriana Lira, professora adjunta da Universidade Católica de Brasília – UCB.
Optando por participar os professores responderão um questionário do perfil do participante, participarão de uma entrevista individual e será realizada uma observação em cada turma participante. A identidade será mantida em sigilo. Somente a pesquisadora terá acesso às informações para verificar os dados do estudo. Caso sejam transcritos trechos do questionário e/ou da entrevista no corpo do trabalho, a identidade não será revelada.
Agradecemos desde já sua colaboração.
Brasília, ____de ____________ de 2014.
Instituição:__________________________________________________________________
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Assinatura do Diretor da Escola
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Apêndice C - Questionário / perfil do (a) participante
1- Sexo: Feminino ( ) 1 Masculino ( ) 2 2 – Idade: Entre 19 e 24 anos ( ) Entre 25 a 30 anos ( ) Entre 31 a 40 anos ( ) Mais de 40 anos ( ) 3- Tempo na docência: Menos de 5 anos ( ) 1 6 a 10 anos ( ) 2 11 anos ou mais ( ) 3 4 – Grau de escolaridade (assinale mais de uma opção se necessário) Magistério ( ) 1 Graduação ( ) 2 Cursando especialização ( ) 3 Especialização completa ( ) 4 Cursando especialização ( ) 5 Mestrado completo ( ) 6 Cursando mestrado ( ) 7 Doutorado completo ( ) 8 Cursando doutorado ( ) 9 6 – Qual a sua carga horária de trabalho nesta escola? ______________
7- Condições de trabalho
Efetivo ( ) Contrato de trabalho ( ) Outro. ( ) . Qual ? ______________________________________________
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Apêndice D - Roteiro de Entrevista Semiestrutura para o (a) professor (a) da abordagem 1: Bloco Inicial de Alfabetização (BIA)
1. O que o (a) senhora entende por letramento?
2. Como se dá a alfabetização e letramento da criança na proposta do BIA?
3. O senhor(a) acredita ser possível o letramento das crianças através da proposta do
BIA?
4. Há quanto tempo, o (a) senhor (a) conhece a proposta do BIA? Como o (a) senhor (a)
tomou conhecimento desta proposta?
5. Há quanto tempo, o (a) senhor (a) trabalha com a proposta do BIA?
6. Para execução da proposta do BIA, qual o número máximo de estudantes por sala?
7. Quais os recursos indispensáveis para a execução da proposta do BIA?
8. Qual a metodologia usada no projeto BIA?
9. Como deve ser o espaço da sala de aula para execução da proposta do BIA?
10. Quais os desafios para executar a proposta do BIA de modo a alfabetizar e letrar as
crianças?
11. Que subsídio a escola dá para se colocar em prática a proposta do BIA?
12. Os pais conhecem a proposta de alfabetização do BIA?
13. O (a) senhor (a) fez o último curso de formação do BIA? Quando foi?
14. Para o(a) senhor (a), quais as fragilidades do projeto BIA? Quais as suas propostas
para torná-lo mais eficiente?
15. Há um acompanhamento do trabalho do professor na execução da proposta do BIA?
16. Como se dá a avaliação dos estudantes na proposta do BIA?
17. A senhora acha que é possível alfabetizar e letrar 100% das crianças com a proposta
do BIA? Todas as crianças terminam o ano letivo alfabetizadas e letradas?
18. Como a senhora se sente usando a proposta do BIA? Quais os ganhos desta proposta
para a sua formação?
19. O senhor(a) já escutou falar da proposta do GEEMPA? O que o (a) senhor (a) sabe
sobre ela? Caso sim, como o senhor (a) diferencia as duas propostas?
20. O (A) senhor (a) trabalha por opção com a proposta do BIA ou é uma imposição da
escola?
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Apêndice E - Roteiro de Entrevista Semiestruturada para o (a) professor (a) da abordagem 2: Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA)
1. O que o(a) senhora entende por letramento?
2. Como se dá a alfabetização e letramento da criança na proposta do GEEMPA?
3. O senhor(a) acredita ser possível o letramento das crianças através da proposta do
GEEMPA?
4. Há quanto tempo, o(a) senhor(a) conhece a proposta do GEEMPA? Como o (a) senhor
(a) tomou conhecimento desta proposta?
5. Há quanto tempo, o (a) senhor (a) trabalha com a proposta do GEEMPA?
6. Para execução da proposta do GEEMPA, qual o número máximo de estudantes por
sala?
7. Quais os recursos indispensáveis para a execução da proposta do GEEMPA?
8. Qual a metodologia usada no projeto GEEMPA?
9. Como deve ser o espaço da sala de aula para execução da proposta do GEEMPA?
10. Quais os desafios para executar a proposta do GEEMPA de modo a alfabetizar e letrar
as crianças?
11. Que subsídio a escola dá para se colocar em prática a proposta do GEEMPA?
12. Os pais conhecem a proposta de alfabetização do GEEMPA?
13. O (a) senhor (a) fez o último curso de formação do GEEMPA? Quando foi?
14. Para o (a) senhor (a), quais as fragilidades do projeto GEEMPA? Quais as suas
propostas para torná-lo mais eficiente?
15. Há um acompanhamento do trabalho do professor na execução da proposta do
GEEMPA?
16. Como se dá a avaliação dos estudantes na proposta do GEEMPA?
17. O (A) senhor (a) acha que é possível alfabetizar e letrar 100% das crianças com a
proposta do GEEMPA? Todas as crianças terminam o ano letivo alfabetizadas e
letradas?
18. Como o (a) senhor (a) se sente usando a proposta do GEEMPA? Quais os ganhos
desta proposta para a sua formação?
19. O (A) senhor (a) já escutou falar da proposta do BIA ou já trabalhou com ela? Caso
sim, como o senhor (a) diferencia as duas propostas?
20. O (A) senhor (a) trabalha por opção com a proposta do GEEMPA ou é uma imposição
da escola?