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1 Algomais NOVEMBRO/2016

Algomais N OVEMBRO /2016 · Ninho de Palavras / Bruno Moury 26 Baião de Tudo / Geraldo Freire 27 João Alberto 30 Memória Pernambucana 32 Última Página/ Francisco Cunha 36 Nossa

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1Algomais • Novembro/2016

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4 Algomais • Novembro/2016

Economistas estimam que a crise pela qual passamos começa a findar. É certo que seu término tende a ser lento, porém, como diz o provérbio popular: não há mal que perdure nem bem que sempre dure. Hora, portanto, de planejar a retomada. A boa notícia é que Pernambuco sairá da recessão em condições melhores do que nos períodos recessivos do passado. Afinal, os projetos estruturadores implantados nos últimos anos colocaram o Estado num outro patamar. Entretanto, para voltar a crescer são necessários investimentos em infraestrutura e no adensamento das novas cadeias produtivas, como a petroquímica e automotiva. A matéria de capa desta edição coloca em debate como retomar o crescimento, num cenário que não se deve descartar as parcerias público privadas, já que verbas governamentais andam escassas. O repórter Rafael Dantas ouviu técnicos e fontes do governo e da iniciativa privada. O assunto também foi discutido na recente reunião do Conselho Estratégico Algomais – Pernambuco Desafiado. A novidade é que o projeto Empresas & Empresários será retomado com a participação dos conselheiros, uma vez que a crise impactou a realidade econômica do Estado, conjuntura que merece ser investigada com profundidade pela pesquisa da TGI e INTG. Na reportagem da página 14 informamos os detalhes do projeto e também as medidas aprovadas pelos integrantes do Conselho para encaminhar propostas aos ministros pernambucanos do Governo Temer.O Termômetro ÁgilisRH é outra pesquisa em destaque nesta edição. A enquete ouviu empresários e executivos sobre o uso de indicadores de desempenho nas organizações. O leitor também vai conhecer o perfil de Gustavo Maia, jovem empreendedor pernambucano, entrevistado deste mês, um dos criadores do Colab, eleito o melhor aplicativo urbano do mundo pelo prêmio AppMyCity.E, na segunda reportagem da série sobre inovação nas escolas, o leitor conhecerá colégios da rede pública e privada que estão revolucionando a aprendizagem.

Cláudia SantosEditora Geral

editorial

Investir e retornar ao crescimento

DIRETORIA EXECUTIVARicardo de [email protected]

DIRETORIA COMERCIALFábio [email protected]

CONSELHO EDITORIALArmando Vasconcelos, Gustavo Costa, João Rego, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida e Ricardo de Almeida.

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA R. Barão de Itamaracá, 293 - Espinheiro - Recife - PE - Brasil - CEP 52.020-070 - Tel.: (81) 3134 1740 - Fax: (81) 3134.1741 . www.revistaalgomais.com.br

EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)[email protected] Tavares (Consultor Editorial)[email protected]

REPORTAGENSCláudia SantosMaria Regina Jardim Rafael Dantas

EDITORIA DE ARTERivaldo Neto (Editor)[email protected]

FOTOGRAFIADiego Nóbrega

Edição 128 - 11/11/2016 - Tiragem 12.000 exemplares Capa: Massapê Comunicação facebook.com/revistaalgomais

@revistaalgomais

EDIÇÃO 128

E MAIS Entrevista 6

Pano Rápido / Joca Souza Leão 19

Economia / Jorge Jatobá 21

Ninho de Palavras / Bruno Moury 26

Baião de Tudo / Geraldo Freire 27

João Alberto 30

Memória Pernambucana 32

Última Página/ Francisco Cunha 36

Nossa MissãoProver, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.

CAPA

Retomada à vistaPernambuco mira investimentos, visando o período pós-crise 10

AVIAÇÃO

Empresas & EmpresáriosProjeto será feito com Conselho Estratégico Algomais- PE Desafiado 14

PESQUISA

Termômetro ÁgilisRHEnquete investiga uso de indicadores de desempenho nas empresas. 16

EDUCAÇÃO

Escolas do Século 21Colégios do Recife adotam metodologias inovadoras. 22

AUDITADA POR Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

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5Algomais • Novembro/2016

Baobá e Urbanismo LegoParabéns pelo projeto urbanístico desenvolvido em convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente da Pre-feitura do Recife e o InCiti (Instituto de Pesquisa e Inovação para as Cidades da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE). Passei por lá e pensei que era outro lugar. São medidas maravilhosas que nos colocará no ranking do urbanismo up to date!

Eric M. Guimarães - Recife

João CâmaraBelíssima entrevista do paraibano-reci-fense, João Câmara, concedida à Cláudia Santos e Rafael Dan-tas. Parabéns!

Edson Viana Marques--Recife

EscolaExcelente matéria sobre a escola inova-dora, destacando o comentário do mestre Luciano Meira, "o que não funciona é a aula. Ela é que faliu, a escola não".

José Almeida de Queiroz – Recife

Escola IIMuito interessante a matéria que levanta o debate da forma que a edu-cação está mudando. Parabéns!

Paulo José - Casa Forte

cartasESCREVA [email protected]

facebook.com/revistaalgomais

@revistaalgomais

www.revistaalgomais.com.brON LINE

Escola IIIO grande pernambucano Paulo Freire dizia: " Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mundo". Parabéns pela matéria.

Ricardo Pontes - Pina

Escola IVExcelente matéria. Precisamos de mais discussões desse tipo.

Alexandre Mauro - Recife

Escola VA educação faliu há muito tempo. Só a novidade da Medida Provisória que não é novidade alguma e está na contramão da proposta Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Enquanto uma é imposta a outra é dialogada.

Não conheço até hoje pesquisadores sérios que digam ser boa essa medida. A própria BNCC tem um problema de cristalização dos currículos. Não tínhamos um currículo comum a ní-vel nacional, apenas uns parâmetros curriculares. A aula não é exatamente o problema... Se encararmos a apren-dizagem como uma coisa apenas

cognitiva, caímos no mesmo erro.

Lucas Ferreira – Recife

Escola VIA aula faliu... vamos comemorar o dia dos professores reinven-tando a escola: pela criação de cenários de aprendizagem com suporte em tecnolo-gias de redes sociais, pela organização dos projetos de pesquisa em grupos dos estu-dantes.

Gilbraz Aragão - Recife

Edição 127

Está muito boa essa edição. Imperdível!

Mariângela Celso Cavalcanti Borba - Recife

JocaAgradeço a todos que contribuem para o excelente conteúdo informati-vo que nos é dado através da Revista Algomais. Joca Souza Leão, com certeza, tem contribuído com as suas maravilhosas crônicas, aguardo pelas próximas.

Edson Viana - Recife

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6 Algomais • Novembro/2016

“O MUNDO É MAIS INTELIGENTE POR CAUSA DO DIGITAL”

Entrevista a Cláudia Santos

entrevista

gos, para oferecer pequenos serviços de agência de publicidade.

Você nunca pensou em ser assalariado?Eu cheguei a estagiar, fui diretor de artes, de criação em agências, ainda durante a universidade. Daí fui chamado por ami-gos da faculdade para ser sócio deles na agência Massapê em 2006. Na época era uma sala em cima de um estacionamento da clínica da mãe de um dos sócios. Re-formamos e começamos a crescer. Mas, quando estava no fim da faculdade, não queria mais a publicidade. Fui ser sócio, menos como publicitário, mais como empreendedor. Passei um tempo na agência, depois saí e montei uma agên-cia de marketing digital, a Quick Site, em 2008. Era um modelo para desenvolver sites rápidos para pequenos e médios empresários em 48 horas. Nessa época, 2008, ou você contratava o sobrinho de alguém para fazer o site ou uma agência, o que saía muito caro. A gente entrava com preços baratíssimos, 12 vezes, no cartão. Era legal, mas tivemos dificul-

dade em escalar. Entretanto, vendemos mais de mil sites. Depois abrimos para-lelamente a Quick Solution, que era o braço para fazer portais maiores. Ainda nesse ano, criamos o Quick Político, para desenvolver site para candidatos. Sempre fui apaixonado por política. Fi-zemos o site de João da Costa, no Recife, e de Elias, em Jaboatão. Em 2008 pega-mos o desafio de desenvolver o portal nacional do PSDB, que era algo grande. Nessa época criamos também um site de compra coletiva o “Gentes Finas”, que faturou R$ 300 mil em 3 meses e fechamos porque houve o pico da com-pra coletiva, mas em seguida caiu rápi-do. Foi um negócio bem-sucedido para nós. Nesse meio tempo, montamos um empreendimento em Tamandaré. Es-távamos sem dinheiro, mas vimos um terreno legal, fizemos um projeto arqui-tetônico e dividimos o imóvel em flats. Fomos buscar investidores, que com-praram os flats como investimento para vender depois. Tiramos isso do papel e hoje exitem 10 flats e outras coisas.

GUSTAVO MAIA. Empreendedor fala de seus projetos atuais e futuros

Gustavo Maia é um recifense apai-xonado por política e empreendedor incansável. Com apenas 32 anos, já teve negócios que vão de produção de sites à construção de flats. Criou com amigos o Colab, ganhador do prêmio AppMyCity de melhor aplicativo ur-bano do mundo. Inquieto, planeja in-troduzir mudanças no produto para ser algo como o Pokemon Go da cidadania. Confira mais na entrevista.

Você passou a infância no Recife?Sou recifense. Aos 5 anos me mudei para São Paulo. Meu pai é executivo da PwC e foi transferido para lá. Aos 6, ele foi transferido para os Estados Unidos, Indianápolis. Depois, volta-mos para São Paulo, em seguida para o Recife. Foram dois anos fora. Em 1999 fomos para Campinas. Passei um ano e meio e fui fazer intercâmbio no Ca-nadá. Depois voltei para o Recife para fazer faculdade, publicidade. Entrei na faculdade aos 17 e aos 18 montei um es-critório pequeno de design, com ami-

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Explique o que é o Colab?É uma rede social da cidadania. Co-nectamos o cidadão com o governo. Víamos o povo cada vez mais na rua querendo uma interlocução maior. E nós conhecíamos os políticos. Tra-balhei com muita gente boa, séria, comprometida. Mas o governo é uma máquina gigante, ineficiente, difícil. Ajudamos a construir essa relação de forma estruturada para levar o desejo das pessoas até o governo, de forma que ele possa resolver. Não é uma fer-ramenta da prefeitura ou do governo, mas da sociedade civil, e disponibili-zamos uma estrutura para trazer o go-verno para dentro. Basicamente é um aplicativo de celular – mas é disponí-vel também em site – no qual você vê um problema na rua, identifica isso com foto e localização. Essa infor-mação vai para um sistema em que a gente coloca a prefeitura para fazer o atendimento. A primeira prefeitura que trabalhamos foi a de Curitiba.

Quando nasce a ideia do Colab?Em 2010 fizemos várias campanhas para governador, senador, deputados, basicamente em Pernambuco. Em 2011, a Quick recebe um pequeno investi-mento e montamos um escritório em São Paulo. Aqui fazíamos mais desen-volvimento e lá a parte comercial. Em 2012 voltamos a fazer eleição. Era pré--campanha de Raul Henry, que nem chegou a ser candidato. Ele queria fazer um programa de governo colaborativo, perguntando à população, através das redes sociais, o que ela queria. Fazíamos enquetes no Facebook de Raul, toda se-mana, com 30 mil a 50 mil pessoas res-pondendo sobre algum tema da cidade. Estávamos trabalhando para um candi-dato e construímos esse diálogo entre as pessoas através da rede social. Nessa época Eduardo Campos indicou Geraldo e Raul o apoiou. Aí fomos trabalhar na campanha de Geraldo. Acabado o plei-to, começamos a formatar o Colab e o lançamos em março de 2013.

Víamos o povo na rua querendo interlocução e conhecíamos os políticos. Trabalhei com gente séria, comprometida. Mas o governo é uma máquina difícil”

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Você tem noção do que está

sendo discutido no Facebook sobre a PEC? O brasileiro está discutindo orçamento!

te do Brasil inteiro começou a entrar em contato conosco. Lembro de uma sema-na que estive num dia com o prefeito de Maceió, outro com o governador do Rio e no outro com o prefeito de São Paulo. Todos querendo entender o aplicativo. Isso em 2013, quando havia acabado de acontecer as Jornadas de Junho. Só em 2014 recebemos apoio do fundo de in-vestimento de São Paulo que investe em negócios de internet. Aí conseguimos vender uma parte da Quick Site e o seu escritório de São Paulo foi destinado a Colab. Eu e os sócios passamos a morar lá. Em 2015 conseguimos os primeiros contratos com uma fundação privada pagando a parte que deveria ser paga pela prefeitura e nos contratou para três cidades: Campinas, Santos e Pelotas. Essa contratação deu o último passo que a gente precisava para poder ter uma tese de dispensa de licitação e conseguir ser contratado pelos governos diretamente.

Como você analisa os movimentos que usam as redes sociais?Os movimentos sociais sempre existiram, mas na internet eles têm a possibilidade de ter mais pessoas falando de política. Vejo algumas pessoas dizendo que a po-litica é rasa. Mas se você olhar há 5 anos, quando não havia rede social, não tinha debate. Antes não tinha briga, mas é me-lhor ter briga hoje porque as pessoas es-tão discutindo. Você tem noção do que está sendo discutido no Facebook sobre a PEC? O brasileiro está discutindo orça-mento. O mundo é muito mais inteligente por causa do digital.

Quais os próximos planos de vocês?A gente está mexendo na rede social, con-tratamos consultor - fui para o Google, no Vale do Silício, ter mentoria para fazer um produto espetacular para o cidadão, para que a pessoa se engaje em andar na cidade. A gente está fazendo um tipo Po-kemon Go da cidadania, dentro do Colab. Queremos também estar em mais prefei-turas. Estamos abrindo um escritório em Brasília. A gente recentemente fez uma sociedade com um pessoal de Portugal. Estamos levando o Colab para lá. A ideia é no final de 2017 abrirmos uma expansão internacional. Talvez chegar na Colômbia. Só depois iremos para o resto do mundo.

entrevista GUSTAVO MAIA

A resposta da prefeitura é rápida?Assim que uma pessoa faz uma publi-cação, a mensagem chega na prefeitura imediatamente e a primeira coisa que ela faz é dizer que recebeu a demanda, que identificou ser verdadeira, pois tem gente que publica informações falsas. Daí comunica que está mandando para um técnico responsável. Em 95% dos casos, essa primeira resposta é em me-nos de cinco horas. A prefeitura também pode consultar a população em situações como: onde colocar R$ 1 milhão entre cinco projetos previstos? No passado de-cisões como essa eram feitas por 80 ou 90 pessoas nas assembleias do Orçamento Participativo. Com o Colab, fizemos isso com 10 mil pessoas participando este ano em Santos (SP).

Vocês estão em quantas cidades?Hoje a Colab é uma das ferramentas so-ciais de relacionamento com o cidadão de Curitiba, Porto Alegre, Teresina, Na-tal, Recife, Campinas, Pelotas, Santos que têm contrato conosco. São 150 pre-feituras no País que usam a plataforma oficialmente. Temos pouco mais de 150 mil usuários e uma taxa de resolução su-perior a qualquer programa. Em algumas prefeituras em que se usa telefone para solicitar serviços, tipo poda de árvore, o índice de 2015 de atendimento e resolu-ção era de 4%. Com o Colab, na mesma prefeitura, alcançamos 90%. Isso porque a ferramenta de gestão que existe por trás é incrível. Ela permite que não apenas coloque pressão nos funcionários públi-cos, mas passe a engajá-los, mostrando que o seu trabalho tem um impacto na-quela pessoa que fez a solicitação. Não é reclamação, é colaboração.

Como trabalham a gestão nos governos?A gente fez uma ferramenta em que as prefeituras podem entrar gratuita-mente. Tomamos essa decisão porque as contratações feitas pelo governo não são um caminho fácil, porque devem ser feitas por licitação. Mas como licitar uma ferramenta que só nós produzimos? Aí as prefeituras experimentam por ser gratuita. Depois conseguimos ser con-tratados. Hoje temos funcionários que ficam dentro da prefeitura. Prefeituras como Recife, Teresina, Campinas, usam a plataforma mais completa, porque são as que temos contratos. Existem mais de 100 ou 150 funcionários da prefei-

tura atuando na ferramenta de gestão. Montamos todo um modelo de gover-nança que estabelece reuniões mensais com os técnicos responsáveis e com os secretários das principais secretarias. Há também reunião bimensal com o prefeito. A partir daí começamos a me-xer com o atendimento, com a relação entre a equipe. Montamos um negócio em que é importante o engajamento do setor público, para que todos na prefei-

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tura trabalhem melhor, com mais gosto, mais vontade. Não é para meter medo ou pressão. É relacionamento.

E o investimento, como conseguiram?No final de 2013 fechamos uma rodada de investimento com um fundo em São Paulo. Antes, neste mesmo ano, lança-mos o Colab e em junho ganhamos o prêmio de melhor aplicativo de cidades do mundo, de uma fundação franco--suíça. A gente bombou na mídia brasi-leira e do mundo. O prêmio veio quan-do tínhamos apenas dois meses de uso.

Onde o Colab era usado?Em nenhuma prefeitura. Era só o lado do cidadão publicando. Tínhamos o interesse em conectar as prefeituras. Como o prêmio bombou na mídia, gen-

Veja mais no site:www.revistaalgomais.com.br

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ESQUENTANDO OS MOTORES Pernambuco cria ambiente para atração de empresas e captação de investimentos no período pós-crise

economia

Pernambuco surfou na onda de crescimento econômico do País na década, mas como todos os entes da Federação

sofreu forte com a crise econômi-ca e política. A retração de 3,5% do PIB estadual em 2015, foi a primeira queda desde 1992. Para frear o desa-quecimento dos setores produtivos, o

poder público e os players econômicos locais têm atuado de forma a preparar o ambiente de negócios para a reto-mada dos investimentos. O reinício de grandes obras de infraestrutura, prin-cipalmente hídricas e de transporte, e o adensamento das cadeias produtivas mais dinâmicas, como a automotiva e de energias renováveis, são os cami-

nhos que estão sendo desenhados no horizonte pernambucano além da crise.

A preparação para o convívio com a escassez hídrica pela qual passa o Estado, com anos de seca, gerou uma das oportunidades mais maduras para captação de recursos. Mesmo com o momento econômico atual, a Com-pesa prevê R$ 400 milhões investi-

Rafael Dantas

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Rafael Dantas

dos neste ano. “No meio de uma crise imensa, seguimos com um potencial de investimento grande”, destaca Ro-berto Tavares, presidente da estatal. Ele lembrou ainda que a média histó-rica da empresa era de R$ 80 milhões por ano. Esses valores não abarcam o que está sendo investido por meio do Programa Cidade Saneada, que é a maior parceria público privada (PPP) de saneamento da América Latina, com um montante de recursos a ser aplicado de R$ 4,5 bilhões. (Leia mais no site: migre.me/voUCr).

A Compesa tem ainda uma car-teira de projetos divididos em dois ministérios que engloba um montan-te de R$ 3,4 bilhões (R$ 1,7 bi com a Integração Nacional e R$ 1,74 bi com a pasta das Cidades), aguardando li-

beração de recursos. A empresa tem acessado também financiamentos através do Banco Mundial, US$ 190 milhões, e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), US$ 330 milhões. “Estamos tocando essa car-teira com dificuldade, mas não dei-xando-a morrer. O momento é para investir fortemente em projetos. Es-tamos armados com diversas fontes e com obras em todo o Estado. Quando a crise diminuir e as fontes de finan-ciamento voltarem a se regularizar estaremos prontos para sair na fren-te”, diz Roberto Tavares.

Ainda em investimentos em in-fraestrutura, outra novidade foi o recente lançamento do Plano Cami-nhos do Desenvolvimento. Tratam--se de três obras estruturadoras na área de transportes apresentadas pelo Governador Paulo Câmara, com objetivo de qualificar a mobilidade da população e ampliar o potencial logístico do Estado. “O Plano Rodo-viário busca integrar cada vez mais Pernambuco, priorizando as rotas de desenvolvimento. Dessa forma, va-mos destravar gargalos e melhorar a

acessibilidade da população, além da condição econômica da região”, disse Câmara na ocasião do lançamento.

A principal novidade é o Miniar-co. Previsto para ser licitado em ju-lho, o Arquinho, que é um trecho de 14,4 km, que promete tirar o tráfego intenso de veículos dentro de Abreu e Lima. “Com essa iniciativa, o gover-nador Paulo Câmara vai possibilitar os estudos técnicos para viabilidade econômica e financeira. É um projeto para investimento privado e, quando ficar pronta, a rodovia será pedagia-da”, adianta o secretário-executivo de transportes, Antônio Cavalcanti Júnior. A estimativa de aporte para esse empreendimento é de R$ 170 milhões. Os demais projetos são a requalificação do contorno urbano da BR-101 e a duplicação da BR-104. Juntas, as obras somam R$ 520 mi-lhões.

Além desses projetos, que estão no escopo do Governo do Estado, o presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco), Gustavo Miranda, des-taca a necessidade de conclusão da

NOVOS CAMINHOSPREENCHER A CADEIA PRODUTIVA DO SETOR AUTOMOTIVO, ATRAINDO FORNECEDORES DA FIAT CHRYSLER, É UMA DAS METAS. A REQUALIFICAÇÃO DA BR-101 CONSTA NO PLANO DO GOVERNO PARA AMPLIAR O POTENCIAL LOGÍSTICO DO ESTADO

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ferrovia Transnordestina pelo Gover-no Federal. “Hoje está em situação de abandono, se retomada seria conver-tida numa oportunidade interessante de aquecimento econômico”, sugere. Sobre obras de menor porte, Miranda acredita que surgirão oportunidades ligadas à mobilidade urbana no Re-cife, além da possibilidade de cons-trução de estacionamentos na cidade. O anúncio da oferta de R$ 34 bilhões para o mercado imobiliário nacio-nal, realizado pela Caixa Econômica, também sinaliza uma reanimação na área de habitação.

CADEIAS PRODUTIVAS. Outra aposta do Governo do Estado para atrair investi-mento é o estímulo ao preenchimen-to dos elos das cadeias produtivas. Após a vinda de grandes empresas, que estruturaram segmentos da nova economia pernambucana, especia-listas sinalizam que há espaço para a instalação de fornecedores, que irão gerar novos empregos e arrecadação tributária. “Temos em Pernambuco várias sementes de polos plantadas. E em todas elas existem investidores esperando que melhore a situação econômica para tomarem decisões de investimento”, avalia o secretário de Desenvolvimento, Thiago Norões.

A cadeia automotiva é uma das que desperta potencial de instala-ção de novas empresas, atraídas pelo parque industrial da Fiat Chrysler Automobiles (FAC). “A Fiat Chrysler veio com a ideia de trazer um con-junto grande de fornecedores. Vie-ram os sistemistas de primeira linha, que estão dentro da planta industrial deles, mas sempre tiveram o projeto de fazer mais um ou dois parques de fornecedores”, afirma Thiago Norões. O movimento, no entanto, foi freado com a crise automobilística. “Esse é um foco nosso e da própria montado-ra, de despertar esse movimento num momento oportuno”.

Na outra ponta da Zona da Mata, nos estaleiros, na petroquímica e na instalação do segundo terminal de contêineres estão as apostas do poder público para reaquecimento econô-mico. Após um início de grande de-pendência das encomendas da Petro-bras, as gigantes do polo naval Suape têm conquistado uma clientela dife-

Qualificamos indústrias para entrar nas novas cadeias e incentivamos a inovação para torná-las competitivas"

RICARDO ESSINGER

estaleiros do polo, de acordo com Balanço Empresarial elaborado pelo consultor José Emílio Calado, sofre-ram nos dois últimos anos. Enquanto o Atlântico Sul acumulou um prejuízo de R$ 698,8 milhões, o Vard Promar teve um déficit de R$ 790,5 milhões no período.

Ainda em Suape, outro inves-timento esperado no Complexo In-dustrial Portuário é o andamento da construção dos players do setor petro-químico. Em visita ao Planalto, no fi-nal do mês de outubro, a conclusão da Refinaria Abreu e Lima foi uma das de-mandas do governador Paulo Câmara ao presidente Michel Temer.

Quanto a PetroquímicaSuape e a Companhia Integrada Têxtil de Per-nambuco (Citepe), colocadas à venda pela Petrobras, há uma expectativa de que com a vinda de um empreende-dor privado haja investimentos para o aproveitamento máximo das suas uni-dades. O complexo tem capacidade de produzir resina PET, PTA (ácido teref-tálico purificado), além de beneficiar a fibra têxtil e poder fabricá-la. “Dessas, hoje apenas uma está funcionando e outra precariamente, pela incapacida-de de investimento da Petrobras nos últimos três anos", afirma Norões. Ele avalia que um investidor estrangeiro vai querer aproveitar ao máximo os ati-vos que já estão colocados ali, quando

rente. O secretário avalia que, num primeiro momento, as encomendas de outras fontes são uma iniciati-va de sobrevivência do setor, porém elas permitirão no futuro uma reto-mada do desenvolvimento da indús-tria metalmecânica. Os dois maiores

ÁGUA. PAULO CÂMARA E ROBERTO TAVARES VISITAM OBRAS DA ADUTORA DE PIRANGI

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Pernambuco, ainda na gestão de Eduardo Campos, apostou em cheio nas parcerias público priva-das. A primeira PPP do Estado e a pioneira no setor de rodovias no País foi a Rota dos Coqueiros, idealizada no início de 2006. Depois vieram a construção da Arena Pernambuco, o Presídio de Itaquitinga (essa não concluída) e o programa Cidade Sa-neada. Na opinião do consultor Ilo Fonseca Leite, “existe muita coisa a se fazer no Estado” através desse modelo de atração de investimentos.

“Qualquer área que você ima-ginar do setor de infraestrutu ra e prestações de serviços, é possível implementar uma PPP, indepen-dente de ser pequeno ou grande”, informa Ilo Leite. Ele defende que o Arco Metropolitano e a revitaliza-

O caminho das PPPs

ção da BR-232 são duas grandes opor-tunidades nessa linha. “As PPP’s são consideradas uma importante ave-nida para financiamento de projetos de infraestrutura. Essas duas grandes obras do setor rodoviário são o arco e a flecha”, diz o especialista que pales-trou sobre PPPs em setembro em Wa-shington, por convite da U.S. Agency for International Development.

Parcerias menores, voltadas para prestações de serviços, também estão na mira dos investidores. “Seria possível en-trar na área de cursos profissionalizantes ou mesmo de hospitais. Por pouco não fizemos no passado a PPP dos hospitais metropolitanos”. Ele lembra que no Es-tado existem experiências em andamen-to em educação e que no passado houve projeto para o Expresso Cidadão.

Duas outras PPPs já estão na mira da Compesa. Uma seria de levar es-gotamento sanitário para o interior do Estado, a exemplo da que está em an-damento na RMR. “A gente tem um planejamento ousado de elevar a co-

bertura de esgoto dos 21% atuais no Es-tado inteiro para 75%”, afirmou Roberto Tavares. Outra, parceria, de menor en-vergadura, é voltada para gerar energia própria através do lixo, com previsão de demandar R$ 70 milhões.

Há várias sementes de polos plantadas e investidores à espera que melhore a situação econômica"

THIAGO NORÕESsurgir a volta da dinâmica desse setor. Entre 2014 e 2015 as empresas soma-ram um prejuízo de R$ 5,5 bilhões.

Para fomentar o adensamento dessas cadeias produtivas, a Fiepe tem realiza-do um trabalho de formação. "Estamos atuando na capacitação dos empresários, para qualificar a indústria existente para que ela possa entrar nessas cadeias de valor recém-instaladas em Pernambu-co. Incentivamos muito a inovação para torná-las competitivas", diz.

ENERGIA. A indústria de energias re-nováveis também está na pauta de atração de investimentos. Fábricas em Suape produzem equipamen-tos para o setor e o interior do Es-tado apresenta potencial de produ-ção energética. Em participação no Conselho Estratégico Pernambuco Desafiado, o ministro das Minas e Energias do Governo Federal, Fer-nando Bezerro Filho, mencionou que nessa área há grande possibilidade de crescimento nos próximos anos em todo o País e que o Governo Federal irá incentivar os biocombustíveis e a geração de energia por matrizes re-

nováveis.A microgeração de energia distri-

buída é um segmento com grandes oportunidades de atração de inves-timento, na avaliação do diretor da Publikimagem, Bruno Herbert. As recentes permissões da Aneel para que os cidadãos e empresas produ-zam sua própria energia e a busca por redução dos custos para atraves-sar a crise geram um ambiente de oportunidades principalmente para a produção solar. “Num momento de crise, em que as empresas não sabem onde investir com segurança seu di-nheiro, a redução dos custos é um caminho. Como a energia elétrica é grande parte dos custos de qualquer empresa, o investimento em fontes renováveis se tornou atrativo”, diz Herbert. Além dessas, Essinger, da Fiepe, lembra de um potencial futu-ro de produção de energia nuclear. "O projeto de uma usina em Itacuruba segue muito atualizado", informa.

As sementes plantadas ainda antes do solo árido da crise - e agora sendo preparadas - aguardam a melhoria do mercado e o ânimo dos investidores.

ILO LEITE. MODELO ABRANGE NOVAS ÁREAS

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14 Algomais • Novembro/2016

Projeto vai pesquisar PE além da criseEstudo, que começou nos anos 1990, investigará como as empresas estão superando a atual conjuntura econômica

empresas & empresários

Pernambuco muito além da crise". Esse é o tema que vai pautar o Projeto Empresas & Empresários (E&E), lançado

na 3ª Reunião do Conselho Estratégi-co Algomais Pernambuco Desafiado, no final de outubro. O projeto, que se desdobrará ao longo do ano de 2017, vai investigar como as empresas es-tão superando a difícil conjuntura econômica e criando condições para chegar ao futuro.

O proejto E&E surgiu nos anos 1990 com a finalidade de traçar uma radiografia da realidade empresarial em Pernambuco. Nas últimas edi-ções realizou um vasto estudo dos se-tores produtivos do Estado, mapeou as oportunidades, ameaças, forças e fraquezas de cada segmento, bem como os desafios setoriais. A profun-didade da crise, entretanto, impactou radicalmente esses estudos, que ago-ra serão atualizados pela TGI e INTG.

Os membros do Conselho Estra-tégico vão participar da formatação e da execução da pesquisa. Trata-se de um fórum composto por lideranças que fazem a diferença nas diversas cadeias produtivas do Estado e em movimentos sociais, que tem como

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15Algomais • Novembro/2016

missão refletir sobre os desafios de Pernambuco.

De acordo com o diretor da Al-gomais e sócio da TGI, Ricardo de Almeida, o projeto sempre buscou escutar os players estratégicos no Es-tado em cada setor. A iniciativa do Projeto E&E também tem a caracte-rística de proporcionar um impacto positivo na economia pernambuca-na e na dinâmica das suas empresas. “Sempre nos preocupou saber o que pensam os empresários que a fazem diferença em Pernambuco", ressal-ta. "Ao mesmo tempo a pesquisa tem uma natureza investigativa e mobili-zadora. Não nos interessa apenas um trabalho com rigor científico. Sem-pre pretendemos que esses estudos estivessem a serviço da mobilização e da gestão estratégica das empresas

e do Estado”, acrescenta o consultor.O projeto vai apontar as possí-

veis alternativas para as organiza-ções atravessarem a crise, a partir do exemplo das empresas pesquisadas que enfrentam a difícil conjuntura econômica de forma bem sucedida. A proposta é pesquisar os setores: automotivo, construção civil, fruti-cultura irrigada e viticultura, indús-tria criativa, logística e transporte de passageiros, metalmecânica, moda e confecção, petroquímico, processa-mento de alimentos e bebidas, servi-ços modernos, sucroenergético, TIC, turismo e cultura e varejo moderno.

Também é objeto do trabalho o mapeamento dos gargalos mais crí-ticos de cada setor e a proposição de necessidades de ações do Estado para aumentar a competitividade local e melhorar o ambiente de negócios, visando à atração de investimen-tos. Como conclusão desse esforço, o Projeto Empresas & Empresários também vai reconhecer empresas que se destacam, homenageando-as com o Prêmio Quem faz Algomais

por Pernambuco. A seleção dos ho-menageados também contará com a participação dos conselheiros

MINISTROS. Como desdobramento do segundo encontro do Conselho, que reuniu os quatro ministros per-nambucanos, o Conselho Estratégi-co Algomais Pernambuco Desafia-do discutiu os próximos passos da sua mobilização. “O desafio deixado pelos ministros foi sistematizar pro-postas que possam impulsionar as oportunidades de crescimento para o Estado, com clareza de prioridades”, afirma Ricardo de Almeida.

Para atender essa missão, foi constituída uma comissão de siste-matização, que ficará responsável pela organização das propostas do Conselho. Foram escolhidos entre os

presentes o seguinte grupo: Fran-cisco Cunha (TGI), Eduardo Carva-

lho (ABA), João Bosco (consultor), Hugo Gonçalves de Souza (Tambaú Alimentos) e Paulo Roberto Barros e Silva (Rede Prócidade). Após sis-tematizadas, as propostas serão va-lidadas pelos demais integrantes do Conselho, antes de serem entregue aos ministros.

Hugo Gonçalves, presidente da Tambaú e do Sindicato da Indústria de Doces e Conservas, um dos in-tegrantes da comissão, afirmou ser preciso focar as propostas para ques-tões relativas especificamente à reali-dade pernambucana. “Existem várias reformas que o Brasil precisa. Isso é inegável, como a da Previdência e a trabalhista. Mas esses são temas na-cionais. Neste fórum, com olhar para Pernambuco, não podemos perder a grande oportunidade de pensar o Estado com a presença de ministros pernambucanos”. Ele sinalizou como temas estratégicos a Transnordestina e a Transposição do São Francisco.

O Conselho Estratégico Algomais – Pernambuco Desafiado se reúne em encontros semestrais ordinários. As reuniões extraordinárias poderão ser convocadas sempre que neces-sário para debater temas específicos. Cada encontro terá como resultado proposições reais de enfrentamento dos desafios para o desenvolvimento sustentável de Pernambuco, que se-rão temas de matérias Algomais.

Nós não podemos perder a grande oportunidade de pensar o Estado com a presença dos ministros pernambucanos

HUGO GONÇALVES

LIDERANÇASMEMBROS DO CONSELHO ESTRATÉGICO TERÃO PARTICIPAÇÃO ATIVA NO PROJETO E&E 2017 E NO PRÊMIO QUEM FAZ ALGOMAIS POR PERNAMBUCO

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16 Algomais • Novembro/2016

Um ferramenta a ser exploradaTermômetro ÁgilisRH mostra que empresas precisam trabalhar melhor os indicadores de desempenho

pesquisa

Os indicadores de desem-penho são essenciais para o sucesso de uma organiza-ção. Eles aferem se as metas

traçadas estão sendo alcançadas nos diversos setores da empresa, seja o volume de vendas, o número de aces-so ao site corporativo, a quantidade de demissões ou ainadimplência dos clientes.

A partir do acompanhamento e análise de um conjunto de indicado-res é possível mensurar se a gestão da empresa atende às expectativa de re-sultados, se são necessárias mudan-ças e qual o impacto proporcionado por essas mudanças. “Cada empre-sa deve criar indicadores a partir de sua realidade, em consonância com a estratégia da organização, a produ-tividade e o resultado da operação”, orienta Carla Miranda, sócia da Ági-lisRH. Em razão da sua importância, os indicadores foram o tema da edi-ção mais recente da pesquisa Termô-metro ÁgilisRH.

Ao todo foram 149 entrevistados – entre sócios de empresas, gestores e profissionais de RH – e nada menos que 119 (80%) afirmaram utilizar indica-dores de desempenho. “A simples exis-tência do indicador pode não significar muito, caso não tenha interpretação e acompanhamento”, ressalva Carla.

Para entender o que diz a consul-tora, basta fazer uma analogia com a saúde: o indicador é o sintoma, como a febre, por exemplo, que pode ser decorrente de uma gripe, dengue

ou de outra infecção. “No caso das empresas também deve-se levantar hipóteses para descobrir os motivos que levaram à ocorrência de um in-dicador. Dificilmente haverá apenas uma causa”, explica Fernando Braga, sócio da TGI. “Para que sejam melhor interpretados, é fundamental serem analisados a partir do cruzamento de informações com outros indicadores. Portanto, essa análise deve ser feita, de forma conjunta, por gestores de diferentes áreas da empresa”, alerta o consultor.

A pesquisa mostrou que entre os que disseram trabalhar com indica-dores, 58% promovem reuniões es-tratégicas de forma sistemática com todas as áreas da organização para

realizar essa análise. “Mas 22% dos entrevistados não o fazem sistema-ticamente e 20% não realizam esses fóruns”, ressalva Carla. Organizações que promovem essa articulação entre os departamentos conseguem detec-tar problemas antes que eles preju-diquem de forma mais profunda os resultados.

É o caso da Padeirão, distribui-dora de insumos para padarias e con-feitarias. “Nossos departamentos são regidos por indicadores e nos reuni-mos semanalmente com os gestores. Numa dessas reuniões verificamos que o índice de inadimplência subiu muito”, relata Frederik Bringel, dire-tor comercial da distribuidora. Des-cobriu-se que essa elevação ocorreu

DIVULGAÇÃO. CARLA E FERNANDO ORIENTAM QUE DADOS DEVEM SER ANALISADOS POR GESTORES DE DIFERENTES ÁREAS E COMPARTILHADOS COM TODOS OS FUNCIONÁRIOS

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17Algomais • Novembro/2016

em função do aumento das vendas, o que, a priori deveria ser um bom in-dicador. “Freamos a venda e nos pla-nejamos para vender melhor e não em quantidade”, reviu o executivo.

Entre os gestores das empresas pesquisadas verificou-se que boa par-te deles (76%) priorizam o acompa-nhamento dos indicadores. Mas 57% relataram que o conhecimento e a compreensão da importância da ferra-menta ficam restritos a uma parcela da diretoria e não é estendida a todos os funcionários. Uma realidade, que se-gundo Braga, impede que se ampliem os benefícios proporcionados pela fer-ramenta. “Quando o indicador está articulado com a estratégia e o negócio da empresa e é conhecido por todos, a equipe passa a entender a importân-cia dele e começa a fazer acontecer de fato. Então o indicador deixa de ser um mero marcador e passa a ser um instrumento efetivo para aperfeiçoar o desempenho da companhia”, justifica o consultor.

RH. A pesquisa mostra ainda que os indicadores de recursos humanos são pouco utilizados. Dos 119 entrevistados que possuem indicadores na empresa, apenas 36% disseram que contam com índices de RH, que são acompanhados conjuntamente pelos gestores. Porém, 23% têm a ferramenta, mas sua evolu-ção não é acompanhada sistematica-mente em reuniões gerenciais, e nada menos que 41% não possuem esses índices.

“Muitas vezes os indicadores exis-tentes são mais relacionados ao de-partamento pessoal, são informações como o índice de turnover (rotatividade do quadro de funcionários)”, constata Carla. Embora esses dados sejam enca-rados pelas empresas sob a ótica do que representam em termos de custos, a consultora afirma que eles podem ser-vir também de insumo para o RH. “A companhia, muitas vezes, se atém, por exemplo, ao número de pessoas que saíram da empresa. Não há uma preo-cupação em saber as razões do desli-gamento, se foi porque o colaborador não vislumbrava ascensão na carreira, se ele teria qualificação para outro car-go ou se gostaria de ser transferido para outro departamento”, exemplifica.

A boa notícia é que entre os en-

trevistados que afirmaram não ter indicador de RH, 90% manifestaram o desejo de implantá-lo. Mais: eles conhecem os benefícios que a ferra-menta pode proporcionar. “Os res-pondentes destacaram ganhos como melhoria da produtividade e dos resultados, melhoria do tempo de atendimento e qualidade dos servi-ços prestados, comprometimento da equipe, além da diminuição da hora extra, dando mais qualidade de vida aos funcionários”, salienta Carla.

Apesar dos benefícios, implan-tar indicadores numa empresa nem sempre é um processo fácil. “Exige

determinação, tempo e dedicação dos gestores, que param de produ-zir para implantá-los ou analisá-los. Requer também esforço financeiro como adquirir sistemas informatiza-dos. Mas são um grande suporte para o gestor”, recomenda Carla.

Ciente de que poderia encontrar resistência, Frederik Bringel optou por utilizar a ferramenta como um dos componentes para a remunera-ção dos gestores. “Cada gestor tem quatro a cinco indicadores que ba-lizam a sua performance e eles re-presentam 30% a 50% do salário”, informa o diretor comercial.

ALERTA. ÍNDICE DE INADIMPLÊNCIA FEZ FREDERIK BRINGEL FOCAR NA QUALIDADE DA VENDA

SÃO UTILIZADOS INDICADORES DE RH NA SUA EMPRESA?

41,2%

36,1%22,7%

Sim e são acompanhados nas reuniões gerenciais

Sim, mas não são acompanhados sistematicamente

Não há indicadores de RH

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18 Algomais • Novembro/2016

GESTÃO MAISTGI CONSULTORIA EM GESTÃO

www.tgi.com.br

O papel do gestor nas marcas fortes

Não há dúvidas de que comunicar-se bem é essencial para uma boa gestão da marca. Con-tudo, uma comunicação

só será efetiva se, na base organiza-cional, tiver o completo respaldo da equipe. Será um grande desperdício de recursos posicionar-se no merca-do, por exemplo, com uma imagem de inovação e cuidado com o cliente (mérito da comunicação) se, na hora do atendimento, os vendedores pas-sarem a ideia oposta (demérito dos gestores).

Sendo assim, os gestores estra-tégicos e os responsáveis pela gestão da marca devem tomar o cuidado de posicionar a empresa de forma ali-nhada com o que ela realmente é. Passar uma imagem para o mercado que não tem como pilares os valores e a essência organizacional pode ser uma armadilha muito custosa.

Para isso, é fundamental cuidar das equipes e garantir que sejam re-presentantes dos valores e princípios organizacionais, reforçando aquilo que uma comunicação consistente passará. É essencial que as equipes comprem a ideia da marca e atuem como suas guardiãs. Seja ela uma equipe de vendas, que tem contato direto com o cliente, ou uma que se restrinja a trabalhos internos, ambas representantes da empresa, ainda que uma com maior impacto e a ou-tra com impacto menos visível.

Os gestores, nesse contexto, devem atuar como agentes tão estratégicos quanto os profissionais de marketing, já que são essenciais para garantir que os esforços de comunicação se respal-darão numa base empresarial sólida. Para que a marca seja repassada com integridade à equipe, o gestor deve:

1. Ter clareza da identidade institu-cional da empresa, estando comple-tamente sintonizado com os valo-res organizacionais, diferenciais de atuação e demais características que a tornam única.

2. Ser um exemplo de representante da marca para a equipe. A equipe se espe-lhará nele para agir e só estará alinhada à marca se o gestor também estiver.

3. Recrutar e treinar a equipe para garantir que todos estejam alinha-dos com a essência da empresa. Passar para os empregados os funda-mentos da marca (valores, atitudes

“Uma má experiência come no café da manhã qualquer humanização de marca”

Paulo Peres - Publicitário

desejadas, diferenciais de atuação) reforça a identificação deles com a empresa e, sobretudo, ajuda a fazer com que entendam qual a conduta desejada.Em resumo, o gestor deve trabalhar para deixar um “saldo positivo” para a marca institucional. Ou seja, todos os gestores devem, continuamen-te, contribuir para a construção de uma marca forte. Devem, portan-to, entregar não somente resultados financeiros e operacionais satisfa-tórios mas, também, um saldo que reforce a imagem que a empresa terá perante clientes, empregados, for-necedores e demais agentes.

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19Algomais • Novembro/2016

Joca Souza Leão*

Pano Rápido

Filmezinho de cowboy preto e branco, fim de noite, nada mal. Nem sei o título. Já esta-va rolando quando zapeei. Não

era com John Wayne nem dirigido por John Ford, porque quando é dirigido por John Ford a gente sabe logo pelos planos-sequência e travellings.

Os mocinhos defendiam a cons-trução da estrada de ferro no velho oeste e os bandidos a boicotavam: explodiam pontes, provocavam des-carrilamentos e avalanches. E os ín-dios estavam a favor dos bandidos. O que não é nenhuma novidade em filmes de cowboy.

Bandidos e índios lutando por cau-sas com algum mérito é que era novida-de. Bandidos defendendo os empregos de milhares de pais de família honestos e índios lutando pela preservação do meio ambiente, ambos ameaçados pela chegada da estrada de ferro.

Quando era menino – até a ado-lescência, acho – a gente não via a tecnologia como ameaça de nada. Ao contrário. Tecnologia era um negó-cio que vinha como radinho de pilha (portátil e mais barato que o radião), maquininha eletrônica de calcular (com as quatro operações mais raiz quadrada e álgebra, que eu não sei para que servem até hoje) e camisa Volta ao Mundo, que era só lavar, não precisava passar (olha aí!, a gente não via, mas, na verdade, já tava desem-pregando as passadeiras).

Tecnologia era sinônimo de coisas práticas, rápidas e divertidas. Nada de apertar roscas e parafusos, tipo “Tem-

pos Modernos”, de Chaplin. “A tecnologia destrói empre-gos burros e cria trabalhos inteligentes”, teria dito al-guém. Ao homem, seriam re-servadas tarefas mais nobres e não repetitivas. Trabalhar--se-ia menos e ganhar-se-ia mais. Ah! aposentar-se-ia mais cedo também (e contar-se-ia nos dedos os textos com mesóclises). Essas eram as expectativas. Nossas, pelo menos. Meninos nos anos 50.

Depois de muita bala de bandido ruinzinho de pontaria e índio galo-pando em círculo e gritando como que pedindo para ser alvejado, o trem do filme de cowboy chegou ao velho oeste. Chegou trazendo o progresso. E levando grãos, rebanhos e minérios para o leste. O progresso de uns, o desmantelo de outros.

As pequenas cidades, paradas obrigatórias das diligências, não eram mais nem passagem de trem. Toda a logística montada no tempo das dili-gências (estalagens, estábulos, ofici-nas, curtumes, seleiros, marcenarias, serrarias, saloons...) chegava ao fim. Levas de desempregados. Enquan-to uma diligência, com seis cavalos, cocheiro e ajudante, transportava quatro, cinco passageiros, um único maquinista de trem e alguns auxilia-res transportavam dezenas, e depois centenas, de pessoas e toneladas de carga. De quebra, o “cavalo de ferro” espantava para longe as manadas de búfalos, que eram alimento, vestuá-rio e coberta das tendas dos índios.

Da minha infância pra cá, algumas expectativas se confirmaram com o progresso, outras não, retrocederam, até. E breve, muito breve, o limite de idade para aposentadoria deve au-mentar, para que ninguém leve a vida na flauta antes de a velhice chegar.

Enquanto isso, daqui do terraço do meu apartamento, assisto à cons-trução de um edifício que, pela pin-ta e tamanho do terreno, deverá ter muitos andares. Uma grua, com tec-nologia da gota serena, comandada por um único operador, carrega tudo que se possa imaginar numa obra: de blocos de concreto a uma simples lata d’água. Penso cá com meus botões: quantos operários, pais de família (como os cocheiros das diligências), não estarão sendo substituídos por essa grua? Até que a filha da grua, um dia, não precise mais de ninguém para operá-la.

Quando a gente é menino, não vê essas coisas.

* Joca Souza Leão é cronista

[email protected]

Dese

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Rica

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elo

NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS

P.S. Meu livrinho Crônicas e 50 his-tórias miúdas já se encontra à venda nas melhores livrarias.

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20 Algomais • Novembro/2016

* Teresa Sales é socióloga.O conteúdo deste artigo é extraído da Revista Será (www.revistasera.info)

Mares de esmeralda Socióloga se desaponta ao deparar-se com as entradas obstruídas que dão acesso às praia de Carneiros

revista será

Teresa Sales

Deitada na rede no terraço da casa de Marília, em Tamanda-ré, posso escutar e ver o mais esmeralda de todos os mares

que conheci. Sebastião fotografa sem pa-rar. Reservo para ele uma surpresa ainda mais bonita para o último dia.

Conheci-a, como os de minha ge-ração, deserta, longas areias, uma igre-jinha perdida em imenso coqueiral. Os bares, sorrateiros, chegaram primeiro. Nós, pernambucanos, íamos desco-brindo aquela joia rara de nosso litoral. Ali, é como se a cor de esmeralda, que eu vejo desta varanda em Tamandaré, se ornasse de uma natureza ainda mais deslumbrante.

Saímos cedo de casa. Aproveitar as várias claridades do sol, boas para fotografia. Uma placa improvisada, meio corroída pela ferrugem, anuncia o limite entre Tamandaré e Carneiros. Inicia-se aí o périplo de uma pernam-bucana, orgulhosa em mostrar a mais linda de suas praias ao carioca do mar que vive na montanha.

Apropriamo-nos dos lugares belos que fazem parte de nossa história pes-soal com o mesmo orgulho que senti-mos com qualquer feito vitorioso de nossos filhos. Queremos compartilhar.

Inútil tentativa. Todas, absoluta-mente todas as entradas para a Praia dos Carneiros estão com acesso ex-clusivo a proprietários de sítios, casas, pousadas, bares, restaurantes. Com horário comercial para entrada: das 9 às 16 horas. Num deles, uma cerca se-para o lugar onde ficarão os carros e ônibus de turistas à sombra do coquei-

ral, e a entrada para o bar, único meio de chegar ao mar. Para atravessar a cerca, 12.

Módica quantia, comparada à for-tuna que mexicanos, sul-americanos em geral, incluindo nós, brasileiros, pagamos ao “coyote” para atravessar a vergonhosa cerca de Tijuana, que há muito, nesses tempos de globalização do capital, está se espalhando pelo mundo, para impedir aos pobres che-gar aos locais dos ricos.

Que isso se faz em todo canto não é novidade nem desculpa. Boissucanga, linda praia do litoral norte de São Pau-lo, foi pioneira. Só que lá existem pelo menos umas ruas, discretas, é certo, mas existem, que dão acesso público à praia. É inconstitucional vedar ao pú-blico o acesso à praia.

Convenhamos que aqui exagera-

ram na dose. Em uma das barreiras, o guarda motoqueiro, embora jovem, lembrava, no tratamento grosseiro e prepotente, um feitor de antigos en-genhos. Engenhos de paisagem tão bucólica, encontrados no caminho da praia, arrodeados dos cocurutos de cana que serviram um dia de motivo para o nosso poeta maior. Arrancassem todos aqueles pés de cana (agora que o poeta já se foi), a raiz daquele mal ainda perdura, espraiou-se pelas cidades em gestos, atitudes, comportamentos de mandos e subserviências.

Aliás, a Praia dos Carneiros, que não vimos hoje, nunca esteve tão en-cravada numa Casa Grande.

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21Algomais • Novembro/2016

ECONOMIA JORGE JATOBÁ

Economista

Sem Limite

O Estado brasileiro é insa-ciável e gasta mal. Nos últimos 25 anos, os gastos federais vêm crescendo 6 % ao ano acima da infla-

ção e com velocidade duas vezes supe-rior à do Produto Interno Bruto (PIB). Desde 2011, esse desequilíbrio fiscal se aprofundou rapidamente. Só de 2013 para cá a dívida bruta do País em relação ao PIB elevou-se de 52% para 72%, uma trajetória insustentável e preocupante. O estrago fiscal feito pelo governo ante-rior foi extenso e profundo, resultado de inúmeros erros de política econômica e de descontrole nos gastos que foram mascarados por vários truques de con-tabilidade pública. Existem, como nós sabemos, outras formas de gastança.

O dinheiro público é desperdiçado em inúmeros privilégios remunera-tórios descolados do mercado de tra-balho, geradores de desigualdades na distribuição da massa salarial, e dis-seminados nos três níveis de governo, mas que assumem especial destaque no judiciário, legislativo, Ministério Público e em algumas carreiras de Es-tado hospedadas no executivo federal. O dinheiro público também escapa pelos dutos da corrução sistêmica, pela má qualidade na elaboração, gestão e execução de políticas públicas e pe-los subsídios contidos em programas recentes de apoio aos empresários e a grandes empresas que somaram, em média, R$ 63 bilhões por ano durante o período 2012-2016. Qualquer brasi-leiro conhece e pode apontar como se gasta muito e sobretudo como se gasta mal apesar de pagarmos impostos em montante equivalente a 36% do PIB. Quanto maior o tamanho do Estado, no contexto de uma cultura politicamen-te patrimonialista e corporativa, maior tende a ser o desperdício de recursos públicos e irrefreável a tendência para aumentar os impostos.

O Estado não gera riqueza, quem produz riqueza são os empresários e

pública. Os recursos serão agora ainda mais escassos, exigindo a elaboração de um orçamento realista baseado em prioridades e em critérios claros e bem fundamentados para justificar as des-pesas primárias. O Executivo Federal e o Congresso Nacional vão, ainda mais, ser a arena e o locus do conflito distri-butivo onde os grupos de interesse in-crustados nos diversos nichos do apa-relho de Estado vão lutar para defender suas corporações que, aliás, já se mani-

festaram previamente por meio de questionamentos a PEC 241 realizados pela Procuradoria Geral da Re-pública e pelo Superior Tribunal de Justiça. Dois desafios se colocam com a possível aprovação da legislação: ser racional na elaboração e execução do orçamento e enfrentar os grupos de interesse, acos-tumados à cultura do Es-tado Pai-Patrão. Se tudo

funcionar corretamente muito desper-dício será reduzido e muitos privilégios extintos. O gasto terá que ser mais ra-cional e bem focado.

Os dois setores – educação e saúde –, que alguns críticos temem que terão seus orçamentos reduzidos, não pos-suem, de fato, limites exclusivos. Cabe ao Executivo, ao Congresso Nacional em interação com a sociedade civil, na definição das prioridades posicionarem bem esses setores no conjunto dos re-cursos livres da limitação. Aí teremos o teste da prioridade. Apenas 16% do orçamento federal é gasto com os 45% mais pobres. Os restantes 84% são des-pendidos com aqueles brasileiros que se situam entre os 55% mais ricos (STN/MF). Os gastos sociais poderão ser pre-servados e eventualmente ampliados. Um dos méritos da PEC 241 é que ela revelará as verdadeiras prioridades do Estado brasileiro e a força política dos grupos de interesse.

[email protected]

Apenas 16% do orçamento federal é gasto com os 45% mais pobres. Os restantes 84% são despendidos com aqueles que se situam entre os 55% mais ricosrecada gera inflação, juros altos, mais impostos e dívida, criando as condições para uma recessão e, por conseguinte, para o desemprego.

A história recente indica que é ne-cessário limitar os gastos públicos. O estrago, como visto acima, foi grande e profundo nas contas públicas e na economia. O PIB per capita recuou 9% nos últimos dois anos. A PEC 241 em votação terminal no Congresso Na-cional tem esse objetivo. A legislação se propõe a limitar o crescimento do gasto público à inflação do ano anterior medida pelo IPCA. Ou seja, os gastos públicos se manterão constantes em termos reais por 20 anos, sendo permi-tido a partir do décimo ano uma revisão em cada período de gestão. A medida é dura e polêmica, mas é necessária co-nhecendo-se o ímpeto irrefreável para gastar do Estado brasileiro.

Esse limite nos gastos vai gerar bons desafios para os políticos e para a gestão

trabalhadores. O Estado tributa pessoas e empresas, arrecadando, de um lado, e gastando, de outro para poder prover serviços públicos tais como educa-ção, saúde e segurança. O Estado deve também, como arrecadador e gasta-dor, mediar o conflito distributivo ao se defrontar com os diversos grupos de interesse dentro e fora do setor público que disputam os recursos disponíveis. Quando o Estado gasta mais do que ar-

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22 Algomais • Novembro/2016

Uso de plataformas educacionais digitais contribui para aprendizagem dos alunos e começa a mudar a aula

educação

De olho na escola do futuro

PARCERIAS. COLÉGIOS PERNAMBUCANOS, COMO O FAZER CRESCER, ESTÃO ASSOCIADOS A EMPRESAS DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Ao mesmo tempo em que a aula tradicional deixa de ser atrativa para os alunos, algumas escolas reagem e experimentam métodos inovado-res de educação. Muitos deles estão ancorados no uso de novas tecnolo-gias e todos baseiam-se num maior protagonismo do aluno. Sai de cena o professor como único transmissor de conhecimento e surge a aula coman-dada em parceria com o estudante. Mas para alcançar essa garotada, que

é nativa digital, ou seja, já nasceu com a presença da internet, as insti-tuições de ensino vivem um processo de transição. O uso de novas metodo-logias e softwares educacionais estão despertando o interesse do alunado.

Apesar da presença do compu-tador, projetores e internet na edu-cação não ser um fenômeno novo, o professor Alexandre Mauro, do Co-légio Fazer Crescer (CFC), considera que apenas agora as escolas pernam-

bucanas trabalham com ferramen-tas digitais voltadas especificamente para a aprendizagem. “Como educa-dores, usávamos tecnologia feita para sociedade, adaptando os recursos para educação. A partir do momento em que temos gente desenvolvendo produtos, programas, aplicativos e jogos educacionais, aí temos muito mais que a simples interação do aluno com o professor”, afirma Mauro.

A imersão do estudante nos as-

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suntos é feita por um caminho mais autônomo do que apenas por livros e pela tutela do professor. Para o aluno Tibério Cerqueira, do terceiro ano do CFC, o uso das ferramentas digitais trazem o estudante ao mesmo pa-tamar do mestre. “Estamos juntos construindo o conhecimento. Esses aplicativos ampliam essa interação de aluno e professor, que é o primeiro passo para uma grande mudança no âmbito da educação”. Com as novas plataformas, os alunos têm a possibi-lidade de escolher alguns caminhos próprios de estudo, como projeções multimídias, games educativos ou vídeos. Entusiasta da aplicação dos jogos digitais na educação, o aluno cita o uso do Minekraft (um game que permite a construção do espaço urbano usando blocos) no apoio es-colar. "O aluno pode construir uma cidade ou um local agrícola num mo-delo real, com os conhecimentos que aprende em geografia, por exemplo. Há um aprendizado de urbanismo nesse caminho, que não é imposto pelo professor, bem distante da aula formal", exemplifica.

Uma atividade recente, realizada pelo professor Rogério Cavalcanti, do CFC, sobre urbanização, somou a experiência de observar a cidade no Google Earth e no Street View e poste-riormente de sentir o espaço público (a própria rua da escola) com os olhos fechados. “Essa experiência foi bem interessante, porque não ficamos só sentados em sala. Associamos a tec-nologia com essa experiência na rua, onde observamos coisas que normal-mente não tínhamos visto. Todos es-tavam ligados e atentos”, conta a alu-na Marcela Coutinho, do segundo ano do ensino médio.

Outra experiência bem sucedida das novas tecnologias na escola é o uso da plataforma Geekie no Colégio Equipe. Ela permite adaptar a apren-dizagem de acordo com as necessida-

CRIATIVIDADEPARA O ASSESSOR EM TECNOLOGIA EDUCADIONAL, JAIME CAVALCANTI, ALUNOS E PROFESSORES TESTAM NOVOS ROTEIROS DE AULA E SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS QUE FOGEM DOS FORMATOS TRADICIONAIS

ção de ferramentas digitais. "Os erros e acertos dos alunos nesse ambiente geram um relatório que indica que conteúdos precisam ser reforçados".

Outros dois sistemas, o Missu e o FTD Digital, também são usados por estudantes para questões e simulados do Enem e de vestibulares e permi-te acessar conteúdos pedagógicos extras. Também geram relatórios. “Com os simulados disponíveis nes-sas plataformas, os docentes passam a dispor de mais tempo para a orien-tação dos alunos, pois deixam de in-vestir muito da sua carga horária na elaboração e correção de provas”, avalia o professor Armando Vascon-celos, diretor do Equipe.

Outra característica das novas ferramentas é apoiar o professor a repensar sua aula. Fora do conven-cional. Através de parceria com o Google for Education, algumas escolas recifenses criam um espaço voltado para estimular novas práticas peda-gógicas: a Sala Google. “É um lugar para pensar junto com alunos e pro-fessores novos roteiros de aulas e se-quências didáticas que saiam do for-mato tradicional de ensino. A função dessa sala é mesclar a tecnologia com roteiros criativos. A própria arquite-tura do ambiente é um cenário dife-rente, planejado para uma interação

Com o suporte

tecnológico, o professor passa a ter ferramentas para focar o seu trabalho na aprendizagem"

ARMANDO VASCONCELOS

des específicas de cada aluno. “Nesse ambiente virtual os estudantes aces-sam videoaulas e respondem a ques-tionários com perguntas relativas às disciplinas", explica Felipe Cavalcan-ti, auxiliar de coordenação na opera-

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mais dinâmica”, avalia Jaime Cavalcan-ti, assessor de tecnologia educacional do Colégio Boa Viagem, pioneiro nessa iniciativa. Projeções multimídias, video-conferências e acesso a mapas virtuais e softwares de edição compartilhados são algumas alternativas de uso desse espaço.

Na análise dos especialistas, a chegada desses mecanismos ao meio escolar motiva os alunos e desafia os professores. Um case de sucesso per-nambucano nesse segmento é a OJE (Olimpíada dos Jogos Digitais em Edu-cação). Desenvolvido pela Joy Street, que tem Luciano Meira como cientista--chefe. A plataforma consiste em uma rede social com vários jogos digitais, dispostos na forma de desafios ao longo de uma aventura que articula habilida-des cognitivas e colaborativas.

Os alunos cadastrados na pla-taforma disputam competições em equipes envolvendo todas as escolas da rede pública que dispõem do ser-viço. “A Olimpíada funciona como uma gincana, as pessoas se reúnem para competir. Nosso mantra é asso-ciar a aprendizagem com o diálogo e a diversão”, explica Luciano.

ALUNOS-PROGRAMADORES.Outra ino-vação ousada é levar os alunos a faze-rem a programação. Essa experiência tem sido vivida pela Escola Técnica Estadual Cícero Dias/NAVE. Lá os es-tudantes optam pelos cursos técnico em programação ou design de jogos. A infraestrutura tecnológica de ponta e a presença de professores oriundos do Cesar alavancaram o engajamento.

Na escola, os alunos são desafia-dos a trabalhar ao longo do ano em projetos de sua escolha, que integram eventos como o Decola. “Trata-se de uma ponte entre o estudante e o mer-cado de trabalho. Ele apresenta seus projetos para uma banca examina-dora, composta por professores da UFPE e empresários da área de TI”, afirma Aldineide de Queiroz, gestora da ETE Cícero Dias.

O professor Carlos Burgos lembra que os projetos são de muita qualida-de. “Temos vários alunos muito en-gajados. Eles são desafiados a desen-volverem trabalhos inovadores. Em algumas ocasiões, as turmas se unem para criar de forma conjunta, aplica-tivos ou jogos”.

A aluna Victória Pinheiro, por exemplo, que pretende fazer o ves-tibular para medicina, já está de-senvolvendo em equipe um projeto (um aplicativo voltado para pessoas com Alzheimer) que integra progra-mação e sua futura área de atuação. “A escola abre espaço para que o aluno possa praticar de fato o pro-tagonismo juvenil e sair da teoria. Já estou unindo meus conhecimen-tos do curso técnico com a área que pretendo seguir”. Além da formação técnica, ela lembra que os alunos são instigados a pensar como empreen-dedores ao elaborarem os trabalhos.*Veja conteúdo extra: migre.me/vqjPU

LUCIANO MEIRA. "NOSSO MANTRA É ASSOCIAR APRENDIZAGEM, DIÁLOGO E DIVERSÃO"

PROJETOS. VICTÓRIA PINHEIRO ESTÁ TRABALHANDO NUM APLICATIVO NA ÁREA DE SAÚDE

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25Algomais • Novembro/2016 25Algomais • Novembro/2016

Conexão com as demandas do mundoPara formar os cidadãos que serão pro-tagonistas do século 21, um dos desafios das escolas é oferecer um ambiente de aprendizagem que desenvolva as ha-bilidades que o mundo demanda. Há uma rede de instituições que estuda e aplica na sua rotina as dinâmicas para trazer para o DNA dos alunos elemen-tos empreendedores, como inspiração, curiosidade, inteligência emocional, criatividade, pensamento crítico, cola-boração e comunicação.

Uma instituição pernambucana, prestes a completar 30 anos, que está conectada com essas tendências é a ABA Global Education. Integrando às redes internacionais Maple Bear School (Canadá) e a IB World Schools (Suíça), a escola tem investido, atra-vés dessas parcerias, em metodolo-gias de ensino inovadoras. Para quem antes era um cursos de inglês, hoje o idioma é o que seu diretor chama de uma commodity. “Somos um ecossis-tema que atua em várias frentes edu-cacionais. O inglês continua sendo

fundamental para todo o conjunto, pois é difícil captar o que o mundo espera do aluno de hoje sem o idio-ma. Nossa missão é levar nossos es-tudantes a compreenderem o mundo e atuarem para torná-lo melhor”, afirma Eduardo Carvalho, diretor da ABA Global Education e Harvard Ad-vanced Leadership Fellow .

Além dos cursos de idiomas, o ABA dispõe da primeira escola bilín-gue do Norte-Nordeste (da Educação Infantil até o Fundamental 1) e ofer-ta um conjunto de serviços para os alunos que querem estudar ou seguir carreira internacional. Há programas focados em habilidades para a vida (School4Life), com formações anco-radas em conhecimentos requeridos no século 21, nas áreas de mídias, lin-guagem dos computadores (coding), empreendedorismo e criatividade.

A estrutura dos currículos está disposta para formar cidadãos de-safiados a solucionar dificuldades da vida real. “O mundo requer trabalha-

dores com capacidade para resolver problemas complexos e em contexto global. Isso pressupõe conhecimento além das disciplinas tradicionais, ou seja, é necessário ter habilidades que compreendem relacionamento, pro-cessos decisórios, flexibilidade, bom domínio em tecnologias, comunica-ção, além de terem uma consciência global”, diz Eduardo Carvalho.

A prática é uma característica desses "ecossistemas" de aprendiza-gem mais avançados. Os alunos são desafiados a tirar as ideias do papel e testados em contextos reais. Eles são impulsionados a criar o seu game ou a exibir o seu filme numa sala de cinema. Em tempos em que a infor-mação é acessível na internet, o que o estudante sabe é menos importante do que o que ele consegue fazer com o conhecimento adquirido.

“A capacidade de inovar e a ha-bilidade para resolver problemas são muito mais importantes do que o co-nhecimento acadêmico”, avalia Car-valho. Na ponderação do especialista, essa leitura do que o mundo espera dos seus alunos aponta para a neces-sidade de escolas laboratórios, onde os estudantes conquistem o diploma por desenvolverem habilidades e va-lores como empreendedores sociais e não apenas por dominarem conheci-mentos sobre fatos e teorias.

MERCADO ATUAL. EDUARDO CARVALHO: "OS TRABALHADORES HOJE PRECISAM RESOLVER PROBLEMAS COMPLEXOS EM CONTEXTO GLOBAL"

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NINHO DE PALAVRAS

[email protected]

Você entra no banheiro da biblioteca da universidade para satisfazer corriquei-ras necessidades e encon-tra uma nota de R$ 50, no

chão, estendida ao lado da privada. O local está fechado, obviamente. Ali, na solidão da intimidade, você e a onça. E agora? O que fazer?

Como primeira opção, você pode-ria se dirigir à coordenação da biblio-teca ou ao setor de achados e perdi-dos, interpelar o funcionário, dizendo: “Senhor, com sua licença, acabo de achar um animal que anda em extin-ção na minha carteira, esta onça. Estou a devolvê-la, por favor, tente localizar o proprietário deste pobre animal”. Como segunda opção você poderia prender a onça na jaula do seu bolso, afinal ninguém está vendo, não é mes-mo!? Há uma terceira opção: fazer de conta que não viu a fera e dar as cos-tas, evitando tentações, dúvidas, pro-blemas e, sobretudo, tornando desne-cessária a tomada de decisão. Ou seja, acovardando-se, você poderia sair correndo antes que a onça abocanhas-se sua consciência. E se você for es-querdista anarquista, puto da vida com o estrago que o capitalismo direitista causou ao mundo, ainda há a opção de limpar suas partes íntimas com o pelo felpudo da felina pintada, jogando na privada todo o ódio que emana da sua consciência político-econômica, afinal dinheiro é mesmo uma merda, o mal do mundo.

Ocorre que você permanece em plena dúvida. Sentado ao trono, coto-velos nas coxas, mãos no queixo, como na famosa pose da escultura de Rodin, você pensa. Pensa. E pensa. Fecha os olhos, lembra dos ensinamentos do pai e da mãe. “Menino, isso não está certo”. “Não faça isso”. “Olhe, Deus tá vendo!” “Deus castiga!” Você che-

ga a escutar a voz da sua vó, dizendo: “Nada é melhor do que o sono dos jus-tos”. Você pensa em inúmeras coisas ao mesmo tempo, desde o episódio do Sítio do Pica Pau Amarelo, onde Emília, Narizinho, Visconde e todos os outros procuravam pela onça pintada, até a palestra do Leandro Karnal com seus ensinamentos filosóficos sobre ética.

O tempo passa. Você sentado ali, suando frio. Então escuta o barulho da porta e os passos de um alguém aden-trando ao banheiro. “Toc-toc” e uma voz rouca: “Com licença, você viu se deixei cair do bolso da minha calça uma nota de R$ 50?”. Pronto, você está a salvo! O dono do animal apare-ceu. “Deixe-me ver se está por aqui”, você responde, disfarçando a verdade de quem esteve trancafiado amorosa-mente com a onça, na mesma jaula fe-dorenta, durante a eternidade daque-les minutos anteriores. “Ah, sim, está

Oncinha pintada e o mínimo ético BRUNO MOURY FERNANDES

Cronista

aqui”. E entrega a felina por debaixo da porta, com sua face virada para cima, enquanto as costas se arrastam pelo límpido e brilhoso piso de porcelanato. Naqueles milésimos de segundo você mira os olhos da onça, chegando a sen-tir as garras a segurar suas mãos, como num balé da triste despedida. Adeus, oncinha pintada!

Titubear é humano, mas com ética não se pode transigir. Aquilo que você faz quando ninguém está vendo cha-ma-se ética. Quando há dúvida entre o certo e o errado é porque já se perdeu a dignidade. É porque a ética já deixou de ser um valor. Ainda existem pessoas honestas no mundo. Tudo bem, estão em extinção, assim como a onça. Mas são nelas que devemos nos espelhar. Em tempos de crise de valores, aplau-sos para quem, ao menos, devolve aquilo que não lhe pertence. É o míni-mo ético sendo apreciado.

“Toc-toc” e uma voz rouca: “Com licença, você viu se deixei cair do bolso da minha calça uma nota de R$ 50?”

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baião de [email protected] Freire

O FIM DO DINHEIRO

Na Suécia, até igrejas aderiram à moeda virtual. Estou falando do país que foi pioneiro na criação de uma cédula nacional, em 1661, agora a caminho de ser a primei-ra sociedade sem dinheiro físico. A cesta, que por séculos circulava durante o culto, deixou de fazer esse percurso de banco em banco. Motivo: poucos suecos hoje carre-gam notas ou moedas. Os diáconos encontraram a solução: criaram um sistema no qual a contribui-ção é feita eletronicamente e isso virou prática comum no país. As igrejas suecas hoje funcionam com caixas eletrônicos em todas elas. Enquanto o coral canta, o telão exibe uma conta bancária e os fiéis apenas teclam nos seus celulares por alguns segundos e o milagre da contribuição se realiza.

A CASA DO PREFEITO

João Dória, que está assumindo a prefeitura de São Paulo, mora no Jar-dim Europa, área nobre da capital, numa casa avaliada em R$ 46 mi-lhões. Quanto será que ele paga de IPTU?

PROVÉRBIO

“Somente quando um mosquito pousa em seus testículos é que você se dá conta de que sempre há uma maneira de resolver um problema sem violência”?

O CARRO

Pode haver investimento pior? O dono anda em média 20 km por dia. Diariamen-te, o carro descansa em torno de 22 horas ou uma média de 95% do tempo. É o ativo mais mal utilizado do mundo. Pense num carro de R$ 40 mil como investi-mento em 365 dias. Se você bota esse dinheiro pra render, pode ter, em um ano, 45 mil. Mas, se comprar um carro, em 12 meses ele estará valendo somente 32 mil, ou menos do que isso. Vá contando: perde 20% anualmente e ainda tem o custo do IPVA, o seguro, a manutenção. Só para existir, o seu carro lhe cobra mais de 30% do preço dele. Mas tem um investimento pior: o casamento.

REPENTISTA

João Paraibano: “Decorando o cenário do Sertão”: Um matuto lascando o marmeleiro/Pra botar nas três bocas do fogão/A mexida no caldo de feijão/O cuscuz esma-gado na bacia/Tudo isso eu encontro noite e dia/Deco-rando o cenário do Sertão.

LENDA ÁRABE

Dois amigos viajavam pelo deserto, quando num determinado ponto da viagem um agrediu o outro. O ofendido, sem nada dizer, pegou o cajado e escreveu na areia: “Hoje o meu melhor amigo me derrubou no chão”. Passado algum tempo, na mes-ma viagem pelo deserto chegaram a um oásis. Lá, caíram na água para um banho relaxante, quando o amigo agredido começou a se afogar e foi resgatado pelo agres-sor até a margem. Foi quando o resgatado pegou o saibro e escreveu numa pedra: “hoje o meu melhor amigo salvou a minha vida.” O primeiro perguntou: por que quando você foi agredido escreveu na areia, e quando foi salvo escreveu na pedra?” O outro respondeu: “quando um grande amigo nos ofende devemos registrar esse dano na areia para que o vento do perdão e do esquecimento se encarregue de apa-gar. Mas, quando um amigo nos faz algo grandioso, devemos registrar na pedra da memória e do coração, onde nenhum vento do mundo possa apagar.”

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Visitar o Massangana é uma viagem à infância do abolicionista e aos áureos tempos da cana-de açúcar

arruando por Pernambuco

O engenho de Joaquim Nabuco

Neste arruar pelos caminhos de Pernambuco, eis que sou levado às terras do Engenho Massangana, no município

do Cabo de Santo Agostinho, onde, en-tre 1849 e 1857, viveu o menino Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, que, nascido no sobrado 119 da atual Rua da Impe-ratriz, no Recife, aqui viveu os seus pri-meiros anos. Batizado em 8 de dezembro do mesmo ano, na capela de São Mateus, do Engenho Massangana, recebeu na pia batismal o nome de Joaquim Aurélio, em homenagem ao seu padrinho, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho, casado com dona Ana Rosa Falcão de Carvalho, de quem receberia os cuidados maternos durante os seus primeiros 8 anos de vida.

Essa sua primeira infância foi vivi-da nessas terras, convivendo com a es-cravidão africana e a condição de vida de semovente, a que era submetido o indivíduo nascido de útero escravo no Brasil. O bastante para lhe marcar o destino, como ele bem declara em Mi-nha Formação (1909): “Massangana ficou sendo a sede do meu oráculo ínti-mo: para impelir-me, para deter-me e, sendo preciso, para resgatar-me, a voz, o frêmito sagrado, viria sempre de lá”

Em 1857 o menino é surpreendido com a morte de sua madrinha, Ana Rosa. A morte de sua protetora fez com que o levassem para a casa paterna, no Rio de Janeiro. No seu livro de me-

Fotos e texto Leonardo Dantas

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mórias, o capítulo Massangana vem marcar toda a vida literária de Joaquim Nabuco, fora ele o divisor de águas, entre a infância, cercado de escravos e sentindo nos pés o bagaço da cana que saía das moendas do engenho.

Mas, afinal, o que seria Massanga-na? Nos dicionários consultados, desde o vetusto Antônio de Moraes Silva (1813) até o clássico Laudelino Freyre, além dos atuais Aurélio Buarque de Holanda e Antônio Houaiss, não se encontram

quaisquer registros. No Dicionário Lello (Porto, 1959) aparece Massangano, com a designação de “posto administrativo do concelho de Cambambe, Angola”; servindo ainda para denominar “mau clima; terrenos pantanosos”.

Palavra de origem africana, portan-to, que chega até nós através de escravos angolanos para cá trazidos. Consultando o Dicionário Kimbundu-Português, de A. de Assis Júnior (Luanda, s/d), obser-vamos que o vocábulo na sua forma mas-culina, Massanganu, serve como desig-nativo de “confluência; foz. Lugar onde dois rios se juntam num só: Massanganu-ma Lukala ni Kuanza”; serve assim para denominar o “antigo concelho (divisão administrativa de distrito; parte de um

distrito) da freguesia de Nossa Senhora da Vi-tória, constituindo hoje a área e sede do posto deste nome, concelho de Cambambe (Don-do), distrito de Quan-za-Norte, província de Luanda, compreendida na língua de terra for-mada pelos rios Lucala e Quanza, na margem direita deste rio”.

Tudo bem de acordo com a denominação do Engenho Massangana, em cujas terras se unem os riachos Mas-sangano e Algodoais, que juntos formam o rio Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Mas por que Massangana e não Massan-gano? O vocábulo Massangana, como designação do engenho da infância de Joaquim Nabuco, já se encontra presente em documentos do século 18.

Ao instituir o Morgado de Nossa Se-nhora da Madre de Deus no Cabo de San-to Agostinho, em 28 de outubro de 1580, o vianês João Paes Barreto deu início à colonização da sesmaria que lhe fora doada pelo primeiro donatário Duarte Coelho (1535-1554) nela levantando dez engenhos, dentre os quais o Massanga-na. O mesmo engenho aparece como pertencente àquele morgadio, quando da instalação da Vila do Cabo de San-to Agostinho, em 18 de junho de 1812. Criada por Alvará Régio de 27 de julho de 1811, a vila teve como seu primeiro capitão-mor o sétimo e último morgado Francisco Paes Barreto, futuro Marquês do Recife, que veio a falecer em 26 de se-tembro de 1848.

Massangana aparece, ainda, em anún-cio do Diario de Pernambuco, no qual Dona Ana Rosa Falcão de Carvalho comunica o falecimento do seu escravo, Elias, episódio também anotado por Joaquim Nabuco em seu livro de memórias, ao transcrever parte da carta de sua madrinha comunicando o desenlace ao seu pai, Conselheiro Nabuco de Araújo... “o meu Elias o qual fez-me uma falta sensível, tanto a mim como ao meu filhinho...”.

O vocábulo, que na língua kimbun-du serve para designar “confluência, foz; lugar onde dois rios se juntam num só”, a exemplo de tantos outros de origem africana, como maximbombo (Moçam-bique) que em Pernambuco veio a ser usado como maxambomba, assumiu entre nós a forma feminina pura e sim-plesmente, sem qualquer interferência de qualquer erudito.

Deve-se tudo, como diria o poe-ta Manuel Bandeira, à “língua certa do povo/ porque é ele que fala o gostoso português do Brasil” ....

O Engenho Massangana, mais re-centemente era propriedade da Usina Santo Inácio, tendo sido desapropriado pelo Incra que o transfere em comodato para a Fundação Joaquim Nabuco, sur-gindo assim essa Casa Museu. A simpáti-ca casa senhorial encontra-se mobiliada com peças do mobiliário pernambucano da segunda metade do século 19, apre-sentando uma exposição sobre a vida e obra do grande abolicionista, réplicas de retratos e pinturas das suas várias fases, tudo acompanhado de guias especial-mente treinados que levam o visitante a conhecer esta parte de nossa história.

Nessa exposição, ali montada por técnicos daquela Fundação, o primeiro senão... Lá está escrito que o nome En-genho Massangana foi uma criação do próprio Joaquim Nabuco, ao escrever o seu livro "Minha Formação" (1911), pura inverdade como já comprovamos an-teriormente... pedindo, urgentemente, que o texto do primeiro painel seja rees-crito pelos responsáveis (!)

Ao seu redor as casas da senzala apa-recem em excelente conservação e, na colina ao lado, a igrejinha de São Mateus está a dominar a paisagem, tendo no seu interior a imagem de seu padroeiro, presenteada pela senhora Vivi Nabuco, neta do próprio Joaquim Nabuco, depois de tomar conhecimento do desapareci-mento da escultura original (!).

CASA MUSEUO LOCAL PERTENCE À FUNDAJ NABUCO, EM REGIME DE COMODATO, E POSSUI PEÇAS DATADAS DO SÉCULO 19

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30 Algomais • Novembro/2016

João Alberto [email protected]

CHAYZA DANTAS

ANA LUIZA CÂMARA E LU ALCKMINBRILHO FEMININO

Muito jovem, Chayza Dantas vem se destacando como dire-tora executiva da Chlorophylla, uma das maiores empresas do ramo de cosméticos e perfumaria do Brasil, com 30 anos no mercado. Ela é uma das principais responsáveis pelo su-cesso da fábrica de Gravatá, que está operando com 70% da sua capacidade e que chegará aos 100% no primeiro semes-tre do próximo ano. Comanda também o projeto de expan-são das lojas próprias no Nordeste, foram 10 neste ano. Além de bonita e elegante, ela não para de se aprimorar: atual-mente tem investido em estudos de neurolinguística.

AS ARMAS

O ministro Raul Jungmann trabalha num projeto para que as armas apreendidas com criminosos, traficantes especial-mente, em vez de serem destruídas, como acontece atual-mente, passem para o acervo das polícias. Hoje, os marginais têm armas bem mais poderosas que as dos policiais

ABANDONO

Nunca mais se falou de uma solução para a BR-232, que se deteriora a cada dia, com manutenção pra lá de precária. A privatização, com certeza, resolveria todos os proble-mas. As rodovias privatizadas no litoral do sul do estado são exemplos de sucesso nesta área.

INTERESSE PELO MÃE CORUJA 

Em recente encontro no Palácio do Campo das Princesas, Ana Luiza Câmara, primeira-dama de Pernambuco, e Lu Alckmin, primeira-dama de São Paulo, conversaram lon-gamente sobre programas sociais que elas comandam nos dois Estados. A paulista mostrou interesse especial pelo Mãe Coruja e anunciou que voltará brevemente ao nosso Estado para conhecer todos os detalhes do projeto

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31Algomais • Novembro/2016

João Alberto

RAUL HENRY

O que secomenta...

... por aí

QUE a Casa Cor deste ano superou a todas as expectativas e foi um enorme sucesso. QUE a Capela de Nossa Senhora das Graças, no Instituto Ricardo Bren-nand, entrou na lista das igrejas mais bonitas do país. QUE o Aeroporto dos Guararapes pode entrar numa próxima lista de privatizações do governo federal. QUE permanece o roubo de peças dos equipamentos de ginásticas colocados no calçadão da Avenida Boa Viagem. QUE a reforma da Conde da Boa Vista foi promessa de campanha de todos os candidatos a prefeito e tem que ser prioridade do próximo governo.

O CRESCIMENTO DO PMDB       Raul Henry comemora mui-to o excelente resultado que o PMDB teve na recente eleição municipal, graças ao traba-lho que ele realizou de incre-mentar a presença do partido no Estado, desde que assu-miu a presidência do diretó-rio estadual. Passou de sete para 18 o número de prefeitos no Estado e aumentou de 60 para 160 seus vereadores.

CINEMA

Felipe Fernandes, que é filho de Paulo Fer-nandes, diretor da CBN brilha no cinema. Seu curta O delírio é a Redenção dos Aflitos, uma ficção de 21 de minutos, que fez mui-to sucesso no Festival de Cannes.

PERFUMES

Depois que vendeu a Eletro Shopping, o empresário Richard Saunders se de-dica à Yes! Cométicos. Ele espera fechar o ano com 200 pontos de venda, inclu-sive em todos os shoppings centers.

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32 Algomais • Novembro/2016

memória pernambucana

Marcelo Alcoforado

Faz pouco mais de dez anos. Foi em maio de 2006. Um violino Stradivarius foi arrematado em um leilão nova-iorquino por US$

3,5 milhões. Não é engano, não. É o que você leu, mesmo! Três milhões e meio de dólares, um valor que jamais fora alcan-çado por um instrumento musical em leilão. Estimada pelos especialistas em US$ 2,5 milhões, a surpreendente valo-rização foi consequência de uma acirrada disputa entre dois milionários que deram seus lances por telefone.

Relembre-se, desde já, que o ins-trumento leiloado não era um violino qualquer. Era nada menos do que um Stradivarius fabricado em 1707 pelo lu-thier italiano Antonio Stradivarius. Em maio de 2015, outro instrumento da mesma marca, fabricado em 1699, fora vendido por cerca de US$ 2 milhões.

Por que, você pode estar pergun-tando, o violino de 1699, mais antigo, alcançou preço menor do que o de 1707?

A resposta é simples. O de 1707 per-tence ao período dourado de Stradiva-rius, que vai dos anos 1700 a 1720. Na-queles 20 anos ele produziu os violinos mais cobiçados pelos colecionadores de instrumentos musicais do mundo. Ademais, calcula-se que Stradivarius tenha feito cerca de mil instrumentos musicais, dos quais só existem cerca de 620 violinos, informam os analistas de Christie's, que realizou o leilão de 2006.

É uma disponibilidade muito pequena, convenha-se, levando em conta a fasci-nação e o interesse mundial pelos violi-nos Stradivarius, devido a seu som úni-co, alcançado com a precisão e a finura do grande mestre que lhes dá nome.

Para lhe dar uma noção da obra de arte que é, dois pesquisadores univer-sitários da Suécia utilizaram avançados modelos feitos em computador para analisar sua construção, esperando ver revelados os segredos daquele artesa-nato tão perfeito. Não viram.

Algumas pesquisas sugerem que o segredo da rica ressonância dos Stradiva-rius pode estar tanto na idade da madeira como nos vernizes especiais ou ainda nos tratamentos aplicados ao material. Será?

Será que, nestes tempos de tanto e tão vertiginoso progresso, de tanto sa-ber, ainda não se sabe como obter o som de um Stradivarius? Eram as mais esta-pafúrdias explicações para tanta beleza, algumas dando conta de que o segredo de Antonio Stradivarius, o imortal fa-bricante de violinos, estava no verniz que, misturado a cinzas vulcânicas, ele passava nos instrumentos. Por que, en-tão, os que assim pensavam não foram produzir violinos em Pompeia, que em 79 houvera sido destruída pelo Vesúvio? Decerto ali haveria muita cinza...

Outra versão atesta que o artesão selecionava as madeiras que usava de navios naufragados. Elas teriam mais

dureza e resistência por terem fica-do em contato com a água salgada por muitos anos. Nenhuma dessas histórias foi comprovada, mas isso não impor-ta. A sutileza do som dos instrumentos Stradivarius é inigualável e se perpetua.

Pensando bem, isso só pode mes-mo ser saboroso fruto do talento do luthier. Analise: criado pelo também italiano Gasparo de Saló, durante 200 anos a arte de fabricar instrumentos de primeira classe foi atributo das famílias Amati, Guarnieri e Stradivarius, mas foi esta que glorificou o instrumento e é glorificada como a produtora dos mais cobiçados violinos do planeta.

O mais famoso entre os famosos Stradivarius e também o mais valioso violino do mundo é o Messias, que se encontra no Ashmolean Museum de Oxford, Inglaterra. Foi produzido pelo mestre em 1716 e até hoje é o violino antigo mais preservado do mundo. Pelo que dizem os que já o viram, ele apa-renta ter acabado de ser feito. A propó-sito, foi o único violino que Stradivarius nunca vendeu, e que manteve em sua posse até morrer. Ele devia ter robustas razões para isso, concorda?

Pernambucano de São José do Belmonte, João Batista era um dos raros fabricantes de violinos do Brasil

O virtuose que nunca tocou

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Como outros instru-mentos de cordas, os vio-

linos são construídos pelos luthiers, artistas que produzem

artesanalmente, com técnica, sensibi-lidade e apuro, instrumentos musicais de corda com caixa de ressonância. De modo geral, é uma profissão legada de geração para geração, de pai para filho. É atividade centenária, embora sejam poucas as oficinas que ainda existem no Brasil, e mesmo nas principais escolas de luteria do mundo, como Itália, França, Bélgica, Hungria, Holanda, Alemanha.

Para ser luthier, impõe-se saber es-colher a melhor madeira, submersa ou não, impregnada de cinzas vulcânicas ou não, estar atento às consequências da umidade, entender pelo menos um pouco da linguagem musical, e ter ou-vidos sensíveis. São requisitos básicos da luteria, já que se constituem alguns dos fatores que favorecem a sonorida-de de um violino, um violão e de outros instrumentos. Ou não.

A grande diferença, no entanto, está no artista.

“É um artesanato fino que requer muito conhecimento e estudo, e onde a evolução técnica se faz presente mais nos materiais usados, em ferramentas, do que no processo de fabricação pro-priamente dito, totalmente manual”, observa Nilton de Camargo, um dos mais renomados luthiers brasileiros.

Mês passado, morreu aos 89 anos o luthier João Batista. Pernambucano de São José do Belmonte, João Batista era um dos raros fabricantes de violinos do Brasil. Havia mais de 60 anos que ele produzia e consertava instrumentos de corda.

Autodidata, aprendeu vendo um tio trabalhar e produziu seu primeiro ins-trumento, uma rabeca, em 1948.

Viúvo, João Batista se foi deixando centenas de filhos. Os quatro do casa-mento e os tantos órfãos da ajuda que ele sempre dava aos músicos que, ne-cessitados de consertos em seus instru-mentos danificados, corriam em busca do auxílio que ele jamais negou.

Não foi, enfim, um virtuose como instrumentista, mas o foi como fabri-cante de instrumentos.

João Batista, nome de santo, está no céu, e os anjos, alegres, estão dizen-do amém. Afinal, com João Batista por lá, nunca mais suas harpas deixarão de soar harmoniosamente.

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Apesar de já ter percorrido uma boa parte do Recife a pé (cerca de 7 mil km nos últimos 10 anos dentro da cidade – o equivalente a ida e volta a Florianópolis), só outro dia me dei

conta de uma coisa estranhíssima: praticamente não é possível ir da Zona Norte à Zona Sul, e vice--versa, a pé.

A não ser que se vá caminhando até Afogados e, de lá, pela Imbiribeira até o cruzamento com a Antônio Falcão/General Mac Arthur, depois dire-to até a praia. A outra alternativa é ir até a Praça do Marco Zero, pegar um barco, atravessar até os arrecifes e ir por cima do molhe até o Pina. Existe uma terceira que é ir por dentro de Joana Bezerra até a Avenida Sul e cruzar por baixo da linha do metrô, numa passagem pra lá de esquisita, até o Cabanga.

Fora isso, se a tentativa for pelo mesmo per-curso dos carros, o infeliz pedestre terá que cruzar a pé o Viaduto Cinco Pontas e o Cais José Esteli-ta até o Cabanga ou arriscar a vida por cima do Viaduto Capitão Temudo, disputando espaço com veículos motorizados que passam chutados. Neste último caso, se conseguir chegar vivo até a Ponte Paulo Guerra, terá que arriscar a vida mais uma vez, pulando a mureta de concreto e atravessar correndo a entrada da Via Mangue para alcançar, pulando outra mureta, o prosseguimento da cal-çada da ponte, literalmente arrancada neste tre-cho. O curioso é que no local picharam na mure-ta: “O pedestre atravessa como? Voando?” (e até para ter acesso ao shopping RioMar ele teria que

O pedestre atravessa como? Voando?

Consultore arquiteto

gamento do Capitão Temudo quanto a construção da Via Mangue, se deram praticamente um dia desses... Ambos sem calçada e sem preocupação com o pedestre (e com o ciclista também). Pelo que sei, a calçada e a ciclovia da Via Mangue fo-ram acrescentadas depois do projeto pronto e aprovado quando alguém disse: “oi, cadê a cal-çada?”

O que dizer da mobilidade de uma cidade na qual o pedestre só consegue ir da Zona Norte à Zona Sul voando? No mínimo, que muita coisa precisará mudar para que o conceito de caminha-bilidade das cidades desenvolvidas seja, de fato, adotado entre nós.

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Só outro dia me dei conta: Praticamente não é possível ir da Zona Norte à Zona Sul, e vice-versa, a pé

voar porque a calçada é interrompida por outra mureta para além da qual projeta-se um precipí-cio de uns dois andares de altura).

A ficha dessa situação absurda de uma cidade que não se conecta para o pedestre só caiu recen-temente quando me vi, mais uma vez, em meio a esse quadro absolutamente surrealista, muito mais quando me dei conta de que, tanto o alar-

FRANCISCO CUNHAúltima página

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