Algoritmo Para o Tratamento Do DM Tipo 2 - SBD

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2011

Algoritmo pArA o trAtAmento do diAbetes tipo 2AtuAlizAo 2011

posicionamento oficial sbd no 3 2011Julho de 2011

ndice-3PREFCIO -6MDULO 1 OBJETIVOS E LIMITAES DAS DIRETRIZES E CONSENSOS MDICOS - 7MDULO 2 DIAGNSTICO DO PR-DIABETES DIAGNSTICO E PREVENO DO DIABETES - 10 MDULO 3 ALGORITMO SBD 2011 PARA O TRATAMENTO DO DIABETES - 14 MDULO 4 ORIENTAO TERAPUTICA PARA INSULINIZAO NO DIABETES TIPO 2. - 17 MDULO 5 RESUMO DO PERFIL TERAPUTICO DOS FRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 2 - 23MDULO 6 RESUMO DO PERFIL TERAPUTICO DE NOVOS FRMACOS COM LANAMENTO NO BRASIL PREVISTO PARA OS PRXIMOS DOIS ANOS - 25 MDULO 7 CONCEITOS BSICOS DE FARMACOECONOMIA APLICADA AO TRATAMENTO DO DIABETES

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PREFCIOA Sociedade Brasileira de Diabetes vem sendo solicitada por instituies pblicas e privadas para se posicionar oficialmente quanto a vrios conceitos e recomendaes relativos a importantes aspectos da assistncia pessoa com diabetes na prtica clnica diria. Alm disso, mdicos especialistas e clnicos no especialistas tm uma urgente necessidade de atualizar seus conhecimentos e suas condutas clnicas, recorrendo a orientaes da SBD sob a forma de atividades presenciais de atualizao, consensos e, mais recentemente, atravs de Posicionamentos Oficiais sobre os aspectos mais importantes relacionados boa prtica clnica na assistncia ao portador de diabetes. Os Posicionamentos Oficiais SBD-2011 tero por objetivo divulgar os pareceres oficiais da SBD em relao a aspectos preventivos, diagnsticos e teraputicos do diabetes e das doenas comumente associadas. Outro objetivo igualmente importante o de propiciar aos associados o recebimento, via correio, dos Posicionamentos Oficiais da SBD, como mais uma prestao de servios que visa atualizar continuamente os mdicos e os gestores de servios de ateno ao portador de diabetes. So Paulo, julho de 2011.

dr. sAulo CAVAlCAntiPresidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

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Coordenao Editorial:

dr. Augusto pimazoni nettoCRM-SP 11.970 Coordenador do Grupo de Educao e Controle do Diabetes do Centro Integrado de Hipertenso e Metabologia Cardiovascular do Hospital do Rim e Hipertenso da Universidade Federal de So Paulo UNIFESP. Coordenador do Projeto de Posicionamentos Oficiais da Sociedade Brasileira de Diabetes.Editores Mdicos:

drA. AdriAnA CostA e FortiCRM-CE 1.659 Doutora pela Universidade Federal de So Paulo e Professora Adjunta da Universidade Federal do Cear.

dr. Antonio CArlos piresCRM-SP 27.611 Professor Adjunto Doutor da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia da Faculdade Estadual de Medicina de So Jos do Rio Preto.

dr. bernArdo leo WAJCHenbergCRM-SP 2.471 Professor Emrito de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.

dr. Jorge luis grossCRM-RS 04.731 Professor Titular do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Chefe do Servio de Endocrinologia do Hospital das Clnicas de Porto Alegre.

drA. luCiAnA bAHiACRM-RJ 52-52723/7 Mestre em Endocrinologia e Metabologia e Doutora em Biocincias pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

dr. milton C. FossCRM-SP 15.741 Professor Titular de Clnica Mdica (Endocrinologia e Metabologia) da Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo - USP.

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dr. Antonio CArlos lerrioCRM-SP 13.821 Professor Livre Docente de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo. Mdico Assistente do Ncleo de Diabetes do InCor-HCUSP.

dr. bAlduino tsCHiedelCRM-RS 07.953 Mdico Endocrinologista Mestre em Gentica Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes Diretor-Presidente do Instituto da Criana com Diabetes RS.

dr. domingos mAlerbiCRM-SP 22.199 Doutor em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo USP.

dr. Jos egidio pAulo de oliVeirACRM-RJ 52-16765/1 Professor Titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Chefe do Servio de Diabetes e Nutrologia do Hospital Universitrio Clementino Fraga Filho da UFRJ.

dr. mArCos tAmbAsCiACRM-SP 18.198 Chefe da Disciplina de Endocrinologia do Departamento de Clnica Mdica da Faculdade de Cincias Mdicas da UNICAMP.

dr. ruY lYrACRM-PE 8.271 Doutor pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor de Endocrinologia da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade de Pernambuco.

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mdulo 1obJetiVos e limitAes dAs diretrizes e Consensos mdiCosAo contrrio do que muita gente pensa, o conceito de medicina baseada em evidncias (MBE) no se restringe apenas a conceitos derivados de grandes estudos clnicos da literatura internacional. Estes so apenas componentes importantes de uma concepo muito mais ampla de MBE que tambm leva em considerao a experincia pessoal do mdico e as preferncias individuais dos pacientes para a elaborao de condutas teraputicas mais personalizadas e com maior probabilidade de sucesso. A figura 1 resume esse conceito ampliado de MBE, segundo o qual as decises clnicas baseadas em evidncia resultam da combinao harmnica entre seus trs componentes bsicos.

Evidncias de pesquisas

Decises clnicas baseadas em evidncia Experincia clnica Preferncias de paciente

Fonte: Evidence Based Clinical Practice. John P Geyman et al Butterworth Heinemann, 2000.

Como decorrncia dessa moderna concepo da MBE, os documentos de consenso, as diretrizes e os posicionamentos oficiais das entidades mdicas devem ser observados por essa mesma tica racional, ou seja, devem ser encarados apenas e to somente como abordagens de orientao geral e no como bblias de condutas mdicas que devam ser obrigatoriamente seguidas para todos os pacientes, independentemente de suas caractersticas e preferncias individuais e sem considerar os aspectos culturais, econmicos e sociais das comunidades onde vivem. Na prtica, poucos mdicos dependem de diretrizes e algoritmos de tratamento para suas decises teraputicas. Os cuidados com as pessoas com diabetes devem ser individualizados em consonncia com abordagens mais especficas que incluem educao do paciente, probabilidade de aderncia, efeitos colaterais e custos dos tratamentos prescritos, entre outros.16

mdulo 2diAgnstiCo do pr-diAbetes diAgnstiCo e preVeno do diAbetesOs critrios diagnsticos para diabetes esto resumidos na tabela 1:

tabela 1

Critrios diAgnstiCos pArA o diAbetesComentriosO teste deve ser realizado atravs de mtodo rastrevel ao mtodo do DCCT e devidamente certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP) (http://www.ngsp.org). O perodo de jejum deve ser definido como ausncia de ingesto calrica por pelo menos 8 horas.

Critrios A1C 6,5% = ou =

glicemia de jejum 126 mg/dl = ou =

glicemia 2 hs aps sobrecarga com 75 g de glicose: 200 mg/dl = ou = glicemia ao acaso 200 mg/dl

Em teste oral de tolerncia glicose. Esse teste dever ser conduzido com a ingesto de uma sobrecarga de 75 g de glicose anidra, dissolvida em gua, em todos os indivduos com glicemia de jejum entre 100 mg/dL e 125 mg/dL.

Em pacientes com sintomas clssicos de hiperglicemia, ou em crise hiperglicmica.

Importante: a positividade de qualquer um dos parmetros diagnsticos descritos confirma o diagnstico de diabetes. Na ausncia de hiperglicemia comprovada, os resultados devem ser confirmados com a repetio dos testes. Fonte: American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes 2011. Diabetes Care 2011;34(Suppl 1):S11-S61.

Os critrios para caracterizao laboratorial de pr-diabetes esto resumidos na tabela 2. Essa condio clnica encaixa-se, modernamente, sob o ttulo de categorias de risco aumentado de diabetes e engloba as condies anteriormente denominadas glicemia de jejum alterada e tolerncia diminuda glicose.

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tabela 2

Critrios diAgnstiCos pArA o pr-diAbetes ou risCo AumentAdo de diAbetesComentrios

Critrios glicemia de jejum entre 100-125 mg/dl = ou = glicemia 2 hs aps sobrecarga com 75 g de glicose: de 140-199 mg/dl = ou = A1C entre 5,7% e 6,4%

Condio anteriormente denominada glicemia de jejum alterada.

Em teste oral de tolerncia glicose. Condio anteriormente denominada tolerncia diminuda glicose.

De acordo com recomendao recente para o uso da A1C no diagnstico do diabetes e do pr-diabetes.

Importante: a positividade de qualquer um dos parmetros diagnsticos descritos confirma o diagnstico de prdiabetes. Fonte: American Diabetes Association. Standards of medical Care in Diabetes 2011. Diabetes Care. 2011;34(Suppl 1):S11-S61.

As modificaes positivas do estilo de vida podem ter papel decisivo na preveno do diabetes, conforme demonstram estudos de grande porte, conduzidos em diferentes partes do mundo e que provaram que hbitos de vida mais saudveis (dieta balanceada, rica em fibras, visando peso corporal realisticamente adequado, associada atividade fsica de, pelo menos, 150 minutos semanais) so capazes - em indivduos pr-diabticos - de reduzir seu risco de diabetes mellitus em 58%, conforme mostraram os resultados do estudo conduzido pelo Finnish Diabetes Prevention Study Group (DPS) sobre a preveno do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em pessoas com tolerncia diminuda glicose.2 Estudos tambm demonstraram a eficcia da acarbose e da metformina na preveno do DM2. Mais recentemente, em maro de 2011, foram anunciados os resultados do estudo sobre o potencial da pioglitazona para a preveno do diabetes em indivduos com intolerncia diminuda glicose. Em comparao com o placebo, a pioglitazona reduziu o risco de converso da tolerncia diminuda glicose para DM2 em 72%, embora tambm promovesse edema e ganho de peso.3

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diante dessas consideraes, recomenda-se: ODM2podeserprevenidoou,pelomenos,retardado,atravsdeintervenoemportadoresdepr-diabetes. Esses pacientes devem alterar seu estilo de vida, tais como modificao dos hbitos alimentares, perda ponderal (reduo de ao menos 5% a 10% do peso corporal) caso apresentem sobrepeso ou obesidade, bem como atividade fsica moderada (por exemplo, caminhadas), pelo menos, 150 minutos por semana. Almdasmedidasdeestilodevida,ousodametformina(indicaoprioritria,sobretudoemportadoresde obesidade e com idade inferior a 65 anos) ou, alternativamente, acarbose ou pioglitazona, podem ser considerados para pacientes jovens com risco moderado/alto para desenvolvimento de DM2, desde que no apresentem contraindicaes para tais medicamentos.

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mdulo 3Algoritmo sbd 2011 pArA o trAtAmento do diAbetes Metas laboratoriais para a caracterizao do bom controle glicmico Antes de elaborar a proposta para o novo algoritmo, a SBD revisou suas recomendaes sobre as metas laboratoriais para caracterizao do bom controle e da adequao do tratamento do diabetes tipo 2. Para tornar as metas laboratoriais mais realistas e mais aplicveis realidade da prtica clnica, a SBD resolveu definir os nveis desejveis e os nveis tolerveis das metas laboratoriais consideradas na avaliao do controle glicmico e da adequao da conduta teraputica. A meta desejvel de A1C para pessoas adultas com diabetes e na ausncia de gravidez continua sendo