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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO SAÚDE BUCAL EM PORTADORES DE HANSENÍASE ALINE SAMPIERI TONELLO Bauru – 2005

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

SAÚDE BUCAL EM PORTADORES DE HANSENÍASE

ALINE SAMPIERI TONELLO

Bauru – 2005

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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

SAÚDE BUCAL EM PORTADORES DE HANSENÍASE

ALINE SAMPIERI TONELLO

Dissertação apresentada à Pró-reitoria

de Pesquisa e Pós-graduação, da Universidade

do Sagrado Coração, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre, no

Programa de Pós-graduação em Odontologia.

Área de Concentração: Saúde Coletiva Orientador: Prof. Dr. Marcos C. L. Virmond

Bauru – 2005

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Tonello, Aline Sampieri T664s Saúde bucal em portadores de hanseníase /Aline

Sampieri Tonello.--2005. 53f. Orientadora: Prof. Dr. Marcos C.L.Virmond Dissertação de Mestrado (Odontologia)-

Universidade do Sagrado Coração, Bauru, São Paulo.

1.Hanseníase 2.Lesões bucais 3.Saúde bucal 4.Manifestações Bucais 5. Epidemiologia 6. Levantamento Epidemiológico I.Virmond, Marcos C. L. II.Título.

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Dedico este trabalho a Deus, pois sem Ele nada

é possível, aos meus pais, que sempre me

apoiaram tornando este sonho realidade, aos

meus irmãos, que estiveram em todos os

momentos ao meu lado e ao meu namorado

Jorge, pelo apoio, paciência, carinho e

compreensão e por estar presente em mais uma

etapa da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador e mestre, Prof. Dr. Marcos C. L. Virmond, pelos caminhos que

brilhantemente me direcionou fazendo uso de sua completa habilidade e dedicação.

À minha co-orientadora Renata de Almeida Pernambuco pela devoção e paciência.

Ao meu pai, por ter me passado um pouco de seu vasto conhecimento.

À minha irmã Paola, pelo seu constante apoio.

À minha amiga Maria Angélica pela força e graciosidade que tornaram este trabalho menos

árduo.

À Priscila, minha colega do curso de Pós-Graduação, pelo companheirismo e ajuda que

também deram mérito a este trabalho.

À Universidade do Sagrado Coração pelo trabalho voltado ao mais nobre ato de ensinar.

Ao Dr. Eymar Sampaio Lopes, coordenador deste curso, que tornou este trabalho

perfeitamente possível.

Aos funcionários da Pós-Graduação, pela dedicação.

Aos pacientes, funcionários e dermatologistas do Instituto Lauro de Souza Lima, em especial,

ao meu irmão Cláudio, pela boa vontade e compreensão.

A todos aqueles que direta ou indiretamente possibilitaram a realização deste trabalho.

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RESUMO

A hanseníase é uma doença infecciosa transmitida de pessoa para pessoa, através do convívio com doentes das formas contagiantes (virchoviana ou dimorfa), sem tratamento. A lepra, como antigamente era denominada, é causada pelo Microorganismo Mycobacterium Leprae ou bacilo de Hansen. Ao longo de toda a história da hanseníase, tem-se observado um constante aumento do número de casos. Porém, nos últimos 10 anos, verificou-se uma diminuição no número de doentes, principalmente nos países endêmicos. As razões para este declínio são o tratamento eficaz através da poliquimioterapia (PQT), o diagnóstico precoce da doença e a reorganização dos programas de controle. A hanseníase é dividida em quatro formas clínicas: indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchoviana. Este estudo teve como objetivo verificar as condições de saúde bucal em 100 pacientes portadores de hanseníase tratados ou em tratamento, do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP, através de um levantamento epidemiológico, utilizando uma ficha específica modificada de avaliação da saúde bucal da Organização Mundial de Saúde (OMS/1997), como também, a utilização de um protocolo próprio do estudo e uma ficha de exame da cavidade bucal, proporcionando um melhor entendimento sobre as patologias bucais encontradas. Os resultados obtidos mostraram que a saúde bucal dos hansenianos examinados foi considerada precária devido ao elevado índice CPOD encontrado (16,07). Nas diferentes formas clínicas da hanseníase, a distribuição do índice CPOD foi considerada homogênea. Nos pacientes tratados e em tratamento, não houve diferença estatisticamente significante, quanto ao CPOD (p=0,62) e quanto à necessidade de qualquer tratamento odontológico, a distribuição foi considerada homogênea. Através do exame clínico, aparentemente não foi encontrada na amostra nenhuma lesão bucal que pudesse ser relacionada com a hanseníase. Palavras – chave: hanseníase; lesões bucais na hanseníase; saúde bucal; manifestações bucais; epidemiologia; levantamento epidemiológico.

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ABSTRACT

The Hansen’s leprosy is an infective disease transmited from person to person, through contact with non treated cases (lepromatous or borderline). Leprosy, as it was Knonwn before, is caused by the microorganism Mycobacterium Leprae or Hansen Bacillus. Along the history of Hansen’s leprosy, it has been observed a constant increase of the number of the cases. However, in the last ten years, it was verified a decrease in the number of sick people, principally in endemic countries. The reasons for this declination are the effective treatment through the polichemotherapy (PQT), the precocious diagnosis of the disease and the reorganization of the programs of control. The Hansen’s leprosy is divided in four clinical types: indeterminate, tuberculoid, lepromatous and borderline. The alterations of the oral mucosa by the Hansen’s leprosy vary according to the clinical type of the disease. This study had as objective, verify the conditions of the oral health in 100 Hansen’s leprosy patients treated or in treatment, of Lauro de Souza Lima Institute, Bauru-SP, through a epidemiological survey, using a modified specific form of evaluation of the oral health of WHO/1997, as well as the use of a own protocol of study and a form of test of the oral cavity, providing a better understanding of the oral pathologies found. The results obtained showed that the oral health of the Hansen’s leprosy people that were examined, were considered scarce because of the high index DMFT (16.07). In the different clinical types of the Hansen’s leprosy, the distribution of index DMFT was considered homogeneous. In patients treated or in treatment, there wasn’t any statistically significant difference, as to DMFT (p=0.62) and as to the need of any odontologic treatment, the distribution was considered homogeneous. Through clinical test, it was not apparently found in the sample any oral lesion that could be related to the Hansen’s leprosy. Key – words: Hansen’s leprosy; oral lesions in Hansen’s leprosy; oral health; oral manifestations; epidemiology; epidemiological survey.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração da sonda IPC............................................................................................... 23

Figura 2 – Distribuição da amostra por sexo ................................................................................ 25

Figura 3 – Distribuição da amostra por grupo étnico ................................................................... 25

Figura 4 – Distribuição da amostra em relação à condição sócio-econômica.............................. 26

Figura 5 – Distribuição da amostra quanto às relações de trabalho ............................................ 26

Figura 6 – Distribuição da média de dentes hígidos, do CPOD e de seus componentes na amostra..................................................................................................................... 28

Figura 7 – Distribuição de dentes perdidos na amostra ................................................................ 29

Figura 8 – Distribuição de dentes restaurados na amostra ........................................................... 29

Figura 9 – Distribuição do uso de prótese superior na amostra.................................................... 30

Figura 10 – Distribuição do uso de prótese inferior na amostra................................................... 30

Figura 11 – Distribuição da necessidade de prótese superior na amostra .................................... 30

Figura 12 – Distribuição da necessidade de prótese inferior na amostra ..................................... 31

Figura 13 – Distribuição da necessidade de restauração de 1 face por dente na amostra ............ 31

Figura 14 – Distribuição da necessidade de restauração de 2 ou mais faces por dente na amostra..................................................................................................................... 32

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição do índice CPOD segundo sexo ............................................................. 28

Quadro 2 – Medidas descritivas do índice CPOD nas diferentes formas clínicas da hanseníase na amostra................................................................................................................ 28

Quadro 3 – Comparação do índice CPOD nos grupos tratados e me tratamento na amostra ...... 32

Quadro 4 – Medidas descritivas do índice CPOD segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra..................................................................................................................... 33

Quadro 5 – Medidas descritivas do índice CPOD segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ............................................................................................. 35

Quadro 6 – Distribuição da média de dentes hígidos nas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ....................................................................................................... 35

Quadro 7 – Distribuição da média de dentes cariados nas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ....................................................................................................... 36

Quadro 8 – Distribuição da média de dentes perdidos nas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ....................................................................................................... 36

Quadro 9 – Distribuição da média de dentes restaurados nas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra .................................................................................................. 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Forma clínica dos casos de hanseníase na amostra .................................................... 27

Tabela 2 – Comparação da necessidade de tratamento odontológico nos grupos tratados e em tratamento na amostra................................................................................................. 32

Tabela 3 – Distribuição do uso de prótese superior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra........................................................................................................................ 33

Tabela 4 – Distribuição do uso de prótese inferior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra........................................................................................................................ 34

Tabela 5 – Distribuição da necessidade de prótese superior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra ....................................................................................................... 34

Tabela 6 – Distribuição da necessidade de prótese inferior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra .......................................................................................................... 35

Tabela 7 – Distribuição do uso de prótese superior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ................................................................................................ 36

Tabela 8 – Distribuição do uso de prótese inferior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ................................................................................................ 37

Tabela 9 – Distribuição da necessidade de prótese superior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra ..................................................................................... 37

Tabela 10 – Distribuição da necessidade de prótese inferior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra .................................................................................. 37

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATM = Articulação têmporo mandibular

CEP = Comitê de ética em pesquisa

CPOD = Dente cariado, perdido e obturado

FOUPF = Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo

IPC = Índice periodontal comunitário

IPCNT = Índice periodontal comunitário de necessidade de tratamento

OMS = Organização Mundial de Saúde

PQT = Poliquimioterapia

RAR = Raspagem e alisamento radicular

UFF = Universidade Federal Fluminense

UNAERP = Universidade e associação de ensino de Ribeirão Preto

USC = Universidade do Sagrado Coração

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 12

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................ 15

3. PROPOSIÇÃO ......................................................................................................................... 21

4. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................................... 22

5. RESULTADOS ........................................................................................................................ 25

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 38

7. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 42

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 43

APÊNDICE A............................................................................................................................... 46

ANEXO A .................................................................................................................................... 47

ANEXO B..................................................................................................................................... 49

ANEXO C..................................................................................................................................... 52

APÊNDICE B............................................................................................................................... 53

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1 INTRODUÇÃO

A hanseníase surgiu no Brasil na época do descobrimento, introduzida pelo

colonizador europeu. Os primeiros casos em terras brasileiras datam de 1600, na cidade do

Rio de Janeiro (MIRANDA; MELLO, 1995). Segundo Opromolla (2000), em 1998, o número

de casos registrados no Sudeste da Ásia eram 591.069, nas Américas, 119.279 e na África,

82.522 casos. Calcula-se no início de 2003, 534.000 casos de hanseníase em todo o mundo,

distribuídos em 110 países. No Brasil, estima-se em um total de 77.345 casos (WHORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2002).

Segundo Talhari e Neves (1997), a introdução da poliquimioterapia (PQT), conjunto

de medicamentos usados para o tratamento da hanseníase, pela Organização Mundial de

Saúde (OMS), reduziu o número de pessoas afetadas pela doença em todo o mundo.

A doença, antigamente conhecida como lepra, é uma moléstia crônica causada pelo

Mycobacterium Leprae. Encontra-se apenas no ser humano e a transmissão se faz de forma

direta, de indivíduo para indivíduo (SAMPAIO; CASTRO; RIVITTI, 1987). Estima-se que

90% das pessoas apresentam uma defesa natural contra o Mycobacterium Leprae. A

hanseníase se transmite principalmente através do convívio íntimo e prolongado com os

doentes virchovianos e dimorfos não tratados, sendo as mucosas das vias aéreas superiores, as

principais fontes de bactérias. O leite materno, a urina e as fezes também são considerados

fontes de bacilo. O papel dos insetos como vetor de bacilos é discutível (TALHARI; NEVES,

1997). Acomete preferencialmente a pele e os nervos periféricos, podendo haver também

comprometimento das mucosas nasal e orofaríngea, além de olhos e vísceras (LEÃO, 1997).

Seu período de incubação varia, em geral, de dois a cinco anos, dependendo da exposição e da

resistência do indivíduo (BRASIL, 1994; TALHARI; NEVES, 1997).

As manifestações clínicas da hanseníase têm características próprias. A sua evolução

depende da imunidade celular de cada pessoa e é classificada de acordo com o Congresso de

Madrid, em quatro formas clínicas (OPROMOLLA, 2000):

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1. Indeterminada: manifestação inicial da doença, podendo evoluir, permanecer

estacionária ou até sofrer involução espontânea;

2. Tuberculóide: surge a partir da indeterminada, nos indivíduos que possuem uma alta

imunidade celular ao bacilo. Também pode sofrer involução espontânea. Clinicamente

apresenta poucas lesões e raros bacilos ou baciloscopia negativa.

3. Virchoviana: inicia-se a partir da indeterminada, nos indivíduos que não possuem

nenhuma imunidade celular. Clinicamente apresenta muitas lesões e numerosos bacilos. A

tendência é a piora progressiva e a cura só é possível com a poliquimioterapia.

4. Dimorfa: é considerada uma forma intermediária, existente entre a tuberculóide e a

virchoviana. Evolui a partir da forma indeterminada naqueles que possuem uma moderada

imunidade celular.

De acordo com Aarestrup et al. (1995), diversas localizações anatômicas são atingidas

pela hanseníase, entre estas, a região bucomaxilofacial que possui um destaque quanto à

prevalência e peculiaridades clínico biológicas durante a evolução das diferentes formas da

doença. As áreas na cavidade bucal mais comumente afetadas são palatos duro e mole, úvula,

lábios, língua e gengiva (BECHELLI; BERTI, 1939; KUMAR et al., 1988; SHARMA et al.,

1993). O envolvimento da região anterior da maxila pode resultar em significativa erosão

óssea, com perda de dentes nessa área. O envolvimento maxilar em crianças pode afetar os

dentes em desenvolvimento, levando a hipoplasia do esmalte e ao encurtamento das raízes

(NEVILLE et al., 1998).

As lesões bucais tendem a se manifestar com mais freqüência na hanseníase

virchoviana (SCHEEPERS; LEMMER, 1992), e são inexistentes nas formas tuberculóide e

indeterminada (BRASIL et al., 1973).

Para o tipo virchoviano tem sido descrito predisposição à cárie, gengivite e

periodontite com perda do osso alveolar e conseqüentemente perda dental, iniciada pela crista

óssea interincisal da maxila. Estas alterações só aparecem após 6 a 7anos da manifestação da

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doença, podendo ser comprovada por radiografias da região anterior da maxila. Pode haver

achatamento antero-posterior da arcada superior, em estágios mais avançados, destruição da

espinha nasal anterior, dos ossos próprios do nariz, da região do palato, com conseqüente

perda dos dentes da área (MITAL, 1991 apud REIS et al., 1997).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1999), os levantamentos básicos em saúde

bucal fornecem uma base sólida para as estimativas das condições atuais de saúde bucal de

uma população, além de futuras necessidades de tratamento bucal. Tais levantamentos são

utilizados para a coleta de informações sobre a condição de saúde bucal e necessidade de

tratamento de uma população e também para monitorar as alterações nos níveis e padrões da

doença.

Por ser a hanseníase ainda considerada um problema de saúde pública, devido a sua

alta prevalência e ao seu estigma social, o presente trabalho propôs verificar as condições de

saúde bucal em pacientes hansenianos tratados e em tratamento, do Instituto Lauro de Souza

Lima, Bauru-SP, proporcionando um melhor entendimento sobre as patologias bucais

encontradas.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Bechelli e Berti (1939), realizaram um trabalho, onde examinaram 456 doentes de

hanseníase visando observar a presença de lesões virchovianas nos lábios, bochechas,

gengivas, palato duro e mole, pilares, úvula e amídalas, fixando em 19,1% a freqüência geral

das lesões virchovianas bucais em doentes do tipo virchoviano e misto. Observaram lesões

virchovianas nos lábios em 2,09%, na língua em 1,40%, no palato duro em 11,70%, no palato

mole em 5,90% e na úvula em 3,20% dos doentes virchoviano e misto. Em dois pacientes,

verificaram a perfuração do palato. Segundo os autores, a evolução das lesões lepróticas da

boca é muito lenta e concluíram que um tratamento local adequado poderá impedir o

desenvolvimento das mesmas.

Brasil et al. (1973), examinaram 150 pacientes portadores de hanseníase virchoviana

de ambos os sexos, do Hospital Aimorés de Bauru, com lesões em atividade, através de

exames clínicos-leprológicos, baciloscópicos e histopatológico, com idades entre 16 e 79

anos. Tinham como objetivo observar a relação existente entre os resultados baciloscópicos

dos materiais colhidos do palato e da lesão cutânea e estudar os casos com mucosa bucal

clinicamente normal. Os pacientes foram divididos em 02 grupos em relação ao tempo de

duração da doença. Os autores concluíram que as lesões bucais involuem de acordo com a

baciloscopia, simultaneamente com as lesões de pele. Concluíram, também, que a mucosa

bucal, aparentemente normal pode estar comprometida e que a pesquisa baciloscópica

sistemática desta deverá ser sempre realizada quando se quiser avaliar a incidência de lesões

lepróticas na cavidade bucal.

Brasil et al. (1974), realizaram um estudo através de exame clínico da mucosa bucal

de 150 pacientes portadores de hanseníase virchoviana com lesões em atividade, visando

maior ênfase às lesões hansênicas da cavidade bucal. Concluíram que o comprometimento da

mucosa bucal na hanseníase virchoviana é mais freqüente do que afirma a maioria dos

autores; as máculas, pápulas, tubérculos, infiltrações e placas, não são lesões características da

hanseníase, só devendo ser consideradas específicas quando apresentarem resultados

baciloscópicos positivos; a localização mais freqüente das lesões hansenianas na mucosa

bucal em ordem decrescente foi na úvula, palato duro e lábios.

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Alfieri et al. (1983), realizaram um trabalho com 30 pacientes hansenianos, de ambos

os sexos, sendo 18 homens e 12 mulheres, com idade variando entre 18 a 73 anos e os

dividiram em dois grupos, onde 15 apresentavam hanseníase dimorfa e 15, hanseníase

tuberculóide. O objetivo foi detectar a presença de lesões na mucosa bucal. Foram realizados

exames clínicos, histopatológicos. As lesões bucais encontradas foram fotografadas. Fizeram

a biópsia. Os autores detectaram a presença de lesões bucais em 13 pacientes e concluíram

que: existe um envolvimento específico da mucosa bucal em pacientes com hanseníase

tuberculóide e dimorfa; o número de bacilos no palato é sempre igual ou menor do que o

encontrado nas lesões da pele; e, que a mucosa bucal dos tuberculóides e dimorfos não é uma

importante fonte de eliminação do bacilo.

Kumar et al. (1988), realizaram um trabalho com 22 pacientes portadores de

hanseníase dimorfa e virchoviana, sem lesões aparentes na cavidade bucal, visando encontrar

algum envolvimento patológico no palato duro ou mole. O estudo foi realizado na clínica de

lepra da Pós Graduação do Instituto Médico de Educação e Pesquisa em Chandigar, Índia. A

idade dos pacientes variava entre 17 e 60 anos, sendo 15 homens e 07 mulheres. A duração da

doença variava de 03 meses a 17 anos. Os resultados mostraram que através do exame

histopatológico, os palatos duro e mole apresentaram baciloscopia positiva. O estudo mostra a

importância do envolvimento bucal na hanseníase.

Rosa et al. (1992), realizaram um estudo para verificar as condições de saúde bucal no

grupo de 60 anos ou mais, na cidade de São Paulo. Com base em dados referentes à cárie,

doença periodontal, necessidade e uso de prótese e prevalência de alterações em tecidos duros

e moles, concluíram que este grupo apresenta um nível muito precário de saúde bucal.

Recomenda-se a definição de política e de programas odontológicos específicos para a

terceira idade.

Scheepers e Lemmer (1992), descreveram sobre o caso de um paciente do sexo

masculino com 46 anos de idade que apresentava eritema virchoviano com ulceração

destrutiva de palato duro e mole, o mesmo tem sido observado por mais de uma década. Os

autores sugerem que essa ulceração destrutiva pode ser a causa das deformidades do palato e

úvula na hanseníase.

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Sharma et al. (1993), realizaram um trabalho com dez pacientes portadores de

hanseníase virchoviana, que foram submetidos a estudos clínicos e histopatológicos para

evidência de envolvimento da língua pela hanseníase. Os resultados mostram que três

pacientes examinados tinham evidências clínicas de envolvimento na língua. Um dentre estes

três, apresentava uma lesão nodular e os outros dois, língua fissurada. Em relação ao exame

histopatológico, seis pacientes apresentaram baciloscopia positiva. Os autores concluíram que

a língua é propensa ao envolvimento pela hanseníase virchoviana, assim como a boca e o

palato.

Aarestrup et al. (1995), realizaram um trabalho no qual examinaram 30 hansenianos

das formas dimorfa ou virchovianas, de ambos os sexos, cadastrados na Unidade de Saúde Dr.

Antônio Carlos Pereira Filho/Juiz de Fora-MG, através de exames clínico-odontológicos

rotineiros. Os pacientes foram classificados de acordo com os critérios estabelecidos por

Ridley-Jopling. Todos os pacientes examinados estavam sob tratamento poliquimioterápico,

preconizado pela OMS, e foram divididos em grupos de acordo com a forma da doença e

tempo de diagnóstico. Os autores chegaram à conclusão que o estudo demonstrou uma alta

prevalência de doença periodontal crônica inflamatória em hanseniano e que os resultados

sugerem uma correlação direta entre a forma virchoviana e o tempo de diagnóstico da doença,

com o desenvolvimento de doença periodontal crônica inflamatória.

Reis et al. (1996/1997), realizaram um trabalho com o objetivo de revisar todos os

tipos de hanseníase, descrevendo suas características clínicas e histopatológicas com ênfase

nas manifestações bucais. Concluíram que a hanseníase manifesta-se na cavidade bucal como

nódulos que podem ulcerar afetando o palato duro e mole, gengiva e língua. Além disso, é

necessário que o profissional de odontologia reconheça tais manifestações para poder

diagnosticar precocemente a doença e também salientar que o bacilo pode ser detectado em

exames histopatológicos de mucosa, mesmo na ausência de lesões visíveis.

Fernandes et al. (1997), realizaram um trabalho com 104 pessoas de 60 anos ou mais,

de um centro de saúde da cidade de São Paulo, onde foram analisadas as condições protéticas.

Através do exame clínico observaram que 88,60% dos dentes já foram extraídos e que

47,10% das pessoas são edentadas. O número de pessoas utilizando algum aparelho protético

é de 81,70%, mas 85,60% das próteses em uso precisavam ser reparadas ou substituídas. Os

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resultados mostraram o baixo nível de saúde bucal e a precária assistência prestada pelos

serviços de saúde a estas pessoas.

Neville et al. (1998), relataram que as lesões bucais tendem a se manifestar nos

primeiros anos da hanseníase e que a presença de lesões bucais na hanseníase virchoviana,

varia de 19 a 60%. As áreas mais afetadas são palatos duro e mole, úvula e língua.

A Organização Mundial da Saúde (1999), relatou que os levantamentos básicos em

saúde bucal produzem dados básicos confiáveis para o desenvolvimento dos programas

nacionais ou regionais de saúde bucal e para o planejamento da quantidade e do tipo de

profissionais adequado para o tratamento bucal.

Meneghim e Saliba (2000), realizaram um trabalho com o objetivo de: avaliar a

condição de dentes, raízes e periodonto; uso e necessidade de prótese; ATM; condição de

mucosa bucal; e, através de questionário, os hábitos de saúde bucal. Examinaram 209 pessoas,

de ambos os sexos, distribuídas pelas faixas etárias de 45-59 anos, 60 a 69 anos e 70 anos ou

mais, pertencentes aos grupos da 3.ª idade de Piracicaba, SP, Brasil. Concluíram que: o índice

médio de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOD) foi de 26,58 e a prevalência de cárie

radicular, por indivíduo foi de 0,83; quanto à condição periodontal, entre 12,44% e 18,66%

dos indivíduos apresentavam perda de inserção entre 0 e 3 mm; 86, 12% não necessitavam de

prótese na arcada superior e 60,77% não necessitavam de prótese na arcada inferior; 61,11%

na faixa etária de 45-59 anos, 60,71% na de 60-69 anos e 69,81% na de 70 anos ou mais, não

apresentavam sintomatologia na articulação têmporomandibular (ATM); e, em relação à

mucosa bucal, a ulceração foi a de maior prevalência. Verificou-se a necessidade do

desenvolvimento de programas de atendimento e de um currículo específico para a graduação

e pós-graduação em odontogeriatria.

Opromolla (2000), citou lesões hansenianas presentes nas amídalas, palato mole, duro,

pilares e língua. As gengivas são pouco comprometidas, mas há lesões periodontais.

Cangussu et al. (2001), realizaram um trabalho com 157 indivíduos, sendo 107 da

faixa etária de 35-44 anos e 50, da faixa de 65 anos ou mais, tendo como objetivo verificar as

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20

condições de saúde bucal nessas faixas etárias em indivíduos residentes em Itatiba/SP, de

forma a reorientar a política de saúde bucal desenvolvida no município. Desenvolveram um

estudo de prevalência com uma amostra definida pela demanda das unidades básicas de

saúde, empresas, professores e funcionários de escolas públicas e particulares do município e

instituições asilares. Concluíram que: o CPOD para a faixa etária de 35-44 anos foi de 21,01 e

de 28,14 para a faixa de 65 anos ou mais; 39,44% da faixa etária de 35-44 anos, não

necessitavam de nenhuma prótese e para a faixa de 65 anos ou mais, 38,00%; e, a condição

periodontal da amostra foi considerada satisfatória sendo necessário facilitar o acesso aos

serviços de saúde bucal para adultos jovens e avaliar a possibilidade de implantação de um

serviço de referência de reabilitação protética.

Chaise (2001), realizou um trabalho onde analisou as condições de saúde bucal e

necessidades de tratamento de pacientes não submetidos a atendimento prévio que se

dirigiram ao setor de triagem da Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo-

FOUPF. Foram analisados os dados de 300 fichas clínicas de pacientes de ambos os sexos,

com idades variando entre 12 e 84 anos, examinados entre fevereiro e novembro de 1999.

Concluíram que em relação às condições de saúde bucal, o índice CPOD médio da população

foi de 20,10 com predominância em mulheres. Em relação à prótese, 34,00% dos pacientes

faziam uso dela. Quanto à necessidade de tratamento dentário: 85,60% dos indivíduos

necessitavam de restaurações; 32,30%, de coroas unitárias; 50,00%, de cuidados pulpares; e,

22,20%, de exodontias. Os 59,70% da amostra necessitavam de prótese parciais e 16,30% de

próteses totais.

Menezes et al. (2001), realizaram um trabalho com 125 pacientes de idade variando

entre 15 e 65 anos, com o objetivo de avaliar os dados obtidos no levantamento de cárie e

necessidades de tratamento da doença periodontal na comunidade de Campo Grande, Mato

Grosso do Sul. Através dos índices de CPOD e do índice periodontal comunitário de

necessidade de tratamento (IPCNT) e registro de controle de placa, observaram que o índice

de CPOD obtido foi de 7,04 para a faixa etária de 15 a 19 anos; 13,52, para 20 a 29 anos;

19,44, para 30 a 39 anos; 20,76, para 40 a 49 anos; e, 20,08, para 50 a 65 anos. O registro de

controle de placa atingiu a média geral de 87,50% e 100% da população necessitava de algum

tipo de tratamento periodontal.

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21

Scelza, et al. (2001), realizaram um estudo que verificou o estado de saúde bucal de

103 pacientes com idade superior a 60 anos do programa interdisciplinar de geriatria e

gerontologia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Realizaram o exame clínico

intrabucal dos idosos, visando averiguar o índice CPOD e utilização de prótese total e parcial.

Concluíram que: em relação aos dentes hígidos e índice CPOD, não houve diferença

estatisticamente significante entre os gêneros; quanto aos dentes cariados, perdidos e

restaurados em ambos os sexos, a diferença não foi significante; e, em relação às próteses

totais, as mulheres usavam mais que os homens.

Leandrini (2002), realizou um estudo onde analisou as condições de saúde bucal e

necessidades de tratamento através de 337 prontuários e fichas clínicas de pacientes de ambos

os sexos, não submetidos a atendimento prévio triados para a disciplina de clínica integrada

da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, com idade entre 14 e 70 anos ou mais, que

realizaram tratamentos durante o ano de 2001. Concluiu que: em relação à utilização de

prótese, 33,82% faziam uso de prótese parcial removível; 34,92%, de prótese parcial fixa;

52,86% faziam uso de prótese total; e, 29,15% de coroas unitárias. Quanto à necessidade de

prótese: 79,97% necessitavam de próteses parciais e 50,72%, de próteses totais. Os 11,59%

dos indivíduos necessitavam de pelo menos um tratamento endodôntico e 19,88%

necessitavam de exodontias.

Silva, et al. (2004), realizaram um trabalho com o objetivo de verificar a prevalência

de cárie, o uso e necessidade de próteses totais em 202 indivíduos, sendo 101 adultos na faixa

etária de 35-44 anos e 101 idosos na faixa etária de 65-74 anos de idade. Concluíram que a

porcentagem de edêntulos para os adultos foi de 8,91% e de 74,25% para os idosos. O CPOD

foi de 22,86 e de 31,09, para adultos e idosos, respectivamente. O maior componente do

CPOD para os adultos foi de dentes restaurados (57%), seguido de dentes perdidos (40,54%);

para os idosos, foi de dentes perdidos (92,64%). Somente 1% dos adultos necessitava de

próteses totais superiores e inferiores, já para os idosos, estas foram de 48,50% e 45,50%

respectivamente. Portanto, há necessidade de programas preventivos e educativos tanto para

adultos como para idosos, a fim de que estes adultos cheguem à terceira idade com uma

condição de saúde bucal melhor que à relatada atualmente.

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22

3 PROPOSIÇÃO

O presente trabalho propôs verificar as condições de saúde bucal através de um

levantamento epidemiológico, em 100 pacientes hansenianos tratados e em tratamento do

Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP, identificando as patologias bucais encontradas e

proporcionando um melhor conhecimento sobre sua prevalência.

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23

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal, descritivo, em que foram examinados no período de

abril a dezembro de 2004, 100 pacientes portadores de hanseníase, cadastrados no

ambulatório, na enfermaria e na colônia do Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP,

classificados de acordo com o Congresso de Madrid, em indeterminados, tuberculóides,

virchovianos e dimorfos, de ambos os sexos, com idade variando de 16 a 77 anos. Todos os

pacientes estavam ou estiveram sob tratamento poliquimioterápico (PQT), padronizado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotado pelo Ministério da Saúde. Os pacientes

foram examinados em consultório odontológico existente no próprio Instituto, pela autora do

trabalho (examinadora) e por um anotador.

Os prontuários específicos contendo os dados referentes à identificação de cada

paciente, bem como, idade, sexo, história da doença atual, história médica pregressa, história

odontológica e história familiar, foram disponibilizados pelo Instituto. A condição sócio-

econômica dos hansenianos também foi analisada de acordo com as anotações contidas no

prontuário do paciente, baseadas no instrumento de classificação sócio-econômica/1997

proposto por Graciano et al. (1999). Todos os dados citados foram transportados para

protocolo próprio deste estudo (APÊNDICE A), para a consignação de parâmetros

comparativos.

Para a análise das condições de saúde bucal dos hansenianos, foram realizados exames

clínicos baseados na metodologia preconizada pela OMS/1997, através de pinça e espelho

clínicos e sonda IPC (índice periodontal comunitário) (FIGURA 1), utilizada somente para

diagnóstico de cárie e quando necessário, nas faces oclusal, vestibular e lingual dos dentes.

Foram verificados a condição extra bucal, a avaliação da ATM, a condição da mucosa bucal,

as condições dentárias, através do índice de cárie, o CPOD, a necessidade de tratamento do

elemento dentário, as condições protéticas e o uso e necessidade de prótese. Todos estes

dados foram anotados em ficha específica, modificada para este estudo, pois não foram

utilizados os dados contidos nela referentes à opacidade e hipoplasia do esmalte, fluorose,

anomalia dentofacial, ao índice periodontal e à perda de inserção (ANEXO A) (OMS, 1999).

Outras alterações acessórias de interesse da saúde bucal, identificadas durante os exames,

também foram anotadas.

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24

FIGURA 1 – Ilustração da sonda IPC

Verificou-se também neste estudo, a presença de lesões bucais relacionadas com a

hanseníase, através somente de exames clínicos da mucosa bucal. Estas, caso fossem

encontradas, seriam fotografadas e seu diagnóstico anotado em uma ficha específica de exame

da cavidade bucal (ANEXO B) (BRASIL et al., 1974).

Os resultados foram tabulados em relação à sua prevalência e possíveis correlações

entre os parâmetros de idade, sexo, forma clínica, tempo de doença, tipo de tratamento, entre

outros. O parâmetro de idade da amostra foi estratificado pelas faixas etárias de 10-19, 20-29,

30-39, 40-49, 50-59 e 60 anos ou mais e também pelas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74

anos, como preconizado pela OMS/1997 (OMS, 1999). Posteriormente, foram submetidos à

análise estatística para obtenção de médias, desvio padrão e taxas, permitindo demonstrar o

perfil da saúde bucal destes pacientes.

Todos os casos examinados receberam noções de higiene bucal e prevenção de cáries

e doença periodontal. Os casos em que foram detectadas necessidades de tratamento foram

encaminhados para o setor de Odontologia do Instituto Lauro de Souza Lima.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Universidade do

Sagrado Coração (USC), conforme a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde (ANEXO C).

Os pacientes receberam informações sobre os exames que seriam realizados e suas

finalidades. Foi solicitado aos mesmos assinar, caso aceitassem participar da pesquisa, um

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termo de consentimento (APÊNDICE B) contendo os objetivos do estudo, detalhes dos

procedimentos de exame e a afirmação de que sua recusa não resultaria em qualquer

modificação de seu atendimento na unidade de tratamento.

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5 RESULTADOS

Neste estudo foram examinados 100 pacientes do Instituto Lauro de Souza Lima,

Bauru-SP, afetados pela hanseníase, dos quais 77% já haviam sido tratados e 23% ainda

estavam sob tratamento com a PQT, sendo 70% do sexo masculino e 30% do sexo feminino

(FIGURA 2), com idade variando entre 16 e 77 anos. Dentre eles, 81% eram brancos, 14%

eram pardos e 5% eram negros (FIGURA 3). Desses, 75% residiam na zona urbana, 11% na

zona periurbana e 14% moravam na zona rural.

70%

30%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

MASCULINO FEMININO

MASCULINO

FEMININO

FIGURA 2 – Distribuição da amostra por sexo

81%

14% 5%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

BRANCOS PARDOS NEGROS

BRANCOS

PARDOS

NEGROS

FIGURA 3 – Distribuição da amostra por grupo étnico

Sobre a condição sócio-econômica dos hansenianos constatou-se que 69% eram de

classe social baixa inferior, 25% correspondiam à classe baixa superior, 5% à classe média

inferior e somente 1% fazia parte da classe média (FIGURA 4).

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Considerando as relações de trabalho, 28% da amostra se mantinham afastados do

trabalho por algum motivo, os aposentados representavam 29% e os 43% restantes

correspondiam aos não afastados do trabalho (FIGURA 5).

5% 1%

69%

25%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

BAIXA INFERIOR

BAIXA SUPERIOR

MÉDIA INFERIOR

MÉDIA

FIGURA 4 – Distribuição da amostra em relação à condição sócio-econômica

29% 28%

43%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

RELAÇÕES DE TRABALHO

APOSENTADOS

AFASTADOS

NÃO AFASTADOS

FIGURA 5 - Distribuição da amostra quanto às relações de trabalho

A Talidomida e a Predinisona, medicamentos admi nistrados para as reações causadas

pela hanseníase, eram usados respectivamente por 21% e 24% da amostra.

Quanto à classificação clínica da hanseníase, a forma virchoviana foi a mais

encontrada, totalizando 47% dos casos, seguida pela dimorfa, 33%, a tuberculóide, 15% e,

posteriormente, a indeterminada, representando somente 5% (TABELA 1).

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TABELA 1 – Forma clínica dos casos de hanseníase na amostra Forma clínica N %

indeterminada 5 5,0

tuberculóide 15 15,0

virchoviana 47 47,0

dimorfa 33 33,0

total 100 100,0

A avaliação clínica do exame extra bucal revelou que 90% da amostra tinham

aparência extrabucal normal, os outros 10% apresentavam lesões de pele classificadas como,

lesões hipocrômicas residuais e lesões hipercrômicas (marrons acinzentadas) provocadas pelo

medicamento clofazimina.

Em relação à cavidade bucal, avaliou-se primeiramente a ATM e observou que 93%

não apresentavam dor e 35% afirmaram a presença de estalidos.

Através do exame clínico da cavidade bucal, pôde-se observar que 57% da amostra

tinham língua saburrosa, em 28% a mucosa apresentava-se normal e os 15% restantes

apresentavam outras alterações, tais como, trauma de mordida e língua pilosa. Aparentemente,

nenhuma lesão bucal que pudesse ser relacionada com a hanseníase, foi encontrada na

amostra. A ocorrência de bruxismo foi confirmada por apenas 21% dos hansenianos.

Quanto à condição dentária, o índice CPOD médio da amostra foi de 16,07 (FIGURA

6), sendo a média de 15,4 no sexo masculino e 17,6 no feminino, como mostra o QUADRO 1.

A distribuição do CPOD nas diferentes formas clínicas da hanseníase pode ser vista no

QUADRO 2.

A média de dentes hígidos na amostra foi de 11,91 (FIGURA 6), sendo que somente

1% possuía os 29 dentes hígidos, 2% não apresentavam nenhum dente hígido, 35% possuíam

de 1 a 7 dentes hígidos, 30% tinham hígidos de 8 a 14 dentes, 22% apresentavam de 15 a 21, e

os 10% restantes, de 22 a 28 dentes hígidos. Já em relação aos dentes cariados, a média foi de

3,19 (FIGURA 6).

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QUADRO 1 – Distribuição do índice CPOD segundo o sexo CPOD

Sexo Média Desvio Padrão

Masculino 15,4 6,55

Feminino 17,6 6,97

QUADRO 2 – Medidas descritivas do índice CPOD nas diferentes formas clínicas da hanseníase na amostra

CPOD

Formas clínicas Média Desvio Padrão

indeterminada 13,4 6,02

tuberculóide 14,3 8,99

virchoviana 16,5 6,44

dimorfa 16,6 6,10

Em relação aos dentes perdidos por cárie, a média foi de 8,43 (FIGURA 6), onde 14%

não apresentavam nenhum dente perdido, 1% apresentava 28 dentes perdidos, 59% tinham

perdidos, de 1 a 12 dentes, os 26% restantes possuíam de 13 a 26 dentes perdidos (FIGURA

7).

A média de dentes restaurados foi de 4,46 (FIGURA 6). Nenhuma restauração foi

apresentada por 30% da amostra. Os 47% da amostra possuíam entre 1 a 8 dentes restaurados,

os outros 23% tinham de 9 a 18 dentes restaurados (FIGURA 8). Nos hansenianos estudados,

a média de dentes restaurados e com cárie foi de 0,7, sendo que 67% não possuíam nenhum

dente restaurado e com cárie, os 33% restantes tinham de 1 a 5 dentes restaurados e com cárie.

8,43

4,46

11,91

16,07

3,19

0

5

10

15

20

MÉDIA DE DENTES HÍGIDOS, DO CPOD E DE SEUS COMPONENTES

HÍGIDOS

CPOD

CARIADOS

PERDIDOS

RESTAURADOS

FIGURA 6 - Distribuição da média de dentes hígidos, do CPOD e de seus componentes na

amostra

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30

59%

26%

1%

14%

0%

20%

40%

60%

80%

NENHUM

1 A 12

13 A 26

28

FIGURA 7 – Distribuição de dentes perdidos na amostra

47%30%

23%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

NENHUM 1 A 8 9 A 18

NENHUM

1 A 8

9 A 18

FIGURA 8 – Distribuição de dentes restaurados na amostra

O traumatismo presente também foi avaliado e observou-se que somente 12%

apresentavam a coroa fraturada.

Em relação ao uso de prótese superior, 64% não usavam nenhuma prótese; 16%

tinham prótese total; 13% usavam prótese parcial removível; e, os 7% restantes, faziam uso de

outros tipos de próteses (FIGURA 9). No arco inferior: 87% não usavam nenhuma prótese;

5% tinham prótese parcial fixa; e, os 8% restantes, faziam uso de outras próteses (FIGURA

10).

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16%

64%

13%

7%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

USO DE PRÓTESE SUPERIOR

NENHUMA

PRÓTESE TOTAL

PRÓTESE PARCIALREMOVÍVEL

OUTRAS

FIGURA 9 – Distribuição do uso de prótese superior na amostra

87%

5% 8%0%

20%

40%

60%

80%

100%

USO DE PRÓTESE INFERIOR

NENHUMA

PRÓTESE PARCIAL FIXA

OUTRAS

FIGURA 10 – Distribuição do uso de prótese inferior na amostra

A avaliação da necessidade de prótese no arco superior relatou que 57% não

necessitavam de nenhuma prótese; 30% precisavam de prótese com múltiplos elementos; e, os

13% restantes tinham, como necessidade, outros tipos de próteses (FIGURA 11). Já no arco

inferior, 21% não necessitavam de próteses; 63% precisavam fazer uso de prótese com

múltiplos elementos; e, os 16% restantes, outros tipos de próteses (FIGURA 12).

57%

30%

13%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

NECESSIDADE DE PRÓTESE SUPERIOR

NENHUMA

PROTESE COM MÚLTIPLOSELEMENTOS

OUTRAS

FIGURA 11 – Distribuição da necessidade de prótese superior na amostra

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16%21%

63%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

NECESSIDADE DE PRÓTESE INFERIOR

NENHUMA

PRÓTESE COMMÚLTIPLOSELEMENTOS

OUTRAS

FIGURA 12 – Distribuição da necessidade de prótese inferior na amostra

De todos os pacientes examinados, 97% necessitavam de algum tipo de tratamento,

sendo a raspagem e alisamento radicular (RAR) necessários em 89% da amostra.

Em relação às necessidades de tratamento, que foram observadas em cada dente

separadamente, não houve necessidade de confecção de restauração de 1 face por dente, em

86%, sendo que 14% necessitavam deste tipo de tratamento (FIGURA 13). Já da restauração

de 2 ou mais faces, por dente, 29% não apresentavam necessidade, 53% precisavam de 1 a 5

restaurações, os outros 18% necessitavam de 6 a 11 restaurações de 2 ou mais faces (FIGURA

14).

Quanto à exodontia, 36% necessitavam de 1 a 14 dentes extraídos, já 64%, não

necessitavam de nenhuma exodontia. Em ralação à necessidade de endodontia, somente 5%

necessitavam deste tipo de tratamento.

86%

14%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

NECESSIDADE DE RESTAURAÇÃO DE 1 FACE POR DENTE

NÃO NECESSITAVAM

NECESSITAVAM

FIGURA 13 – Distribuição da necessidade de restauração de 1 face por dente na amostra

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18%

29%

53%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

NECESSIDADE DE RESTAURAÇÃO DE 2 OU MAIS FACES POR DENTE

NENHUMA

1 A 5

6 A 11

FIGURA 14 - Distribuição da necessidade de restauração de 2 ou mais faces por dente na

amostra

Realizou-se o teste de Mann Whitney, comparando o índice CPOD nos grupos de

pacientes que estavam tratados e os que estavam em tratamento, não havendo diferença

estatisticamente significante (p = 0,62). A comparação do índice CPOD nestes grupos pode

ser observada no QUADRO 3.

QUADRO 3 - Comparação do índice CPOD nos grupos tratados e em tratamento na amostra CPOD

Grupos Média Mediana Posto Médio Número

Tratados 16,2 18 51,3 77

Em Tratamento 15,6 17 47,9 23

Houve uma distribuição homogênea em relação à necessidade de qualquer tipo de

tratamento odontológico nestes dois grupos, como mostra a TABELA 2.

TABELA 2 – Comparação da necessidade de tratamento odontológico nos grupos tratados e em tratamento na amostra

Grupos

Tratados Em tratamento

Necessidade de

tratamento N (%) N (%)

Necessita 74 (96,10) 23 (100,00)

Não necessita 3 (3,90) 0 (0,00)

Total 77 (100,00) 23 (100,00)

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Os resultados obtidos segundo as faixas etárias de 10-19 anos, 20-29 anos, 30-39 anos,

40-49 anos, 50-59 anos e 60 anos ou mais, referentes ao índice CPOD, ao uso de prótese

superior e inferior, à necessidade de prótese superior e inferior, estão relatados no QUADRO

4 e TABELAS 3, 4, 5 e 6, respectivamente.

QUADRO 4 – Medidas descritivas do índice CPOD segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra

CPOD

Faixas etárias Média Desvio Padrão

10-19 anos 5,0 5,66

20-29 anos 11,3 6,22

30-39 anos 15,4 6,82

40-49 anos 18,4 6,07

50-59 anos 16,2 6,30

60 anos ou mais 18,0 5,43

TABELA 3 – Distribuição do uso de prótese superior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra

Uso de prótese superior

Sem

prótese

Prótese

parcial fixa

Prótese parcial

removível

Próteses parciais

fixas e removíveis

Prótese

Total

Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

10-19 anos 2 (100,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 2 (100,00)

20-29 anos 14 (82,35) 2 (11,76) 1 (5,89) 0 (0,00) 0 (0,00) 17 (100,00)

30-39 anos 10 (55,56) 2 (11,11) 2 (11,11) 0 (0,00) 4 (22,22) 18 (100,00)

40-49 anos 24 (64,86) 1 (2,70) 4 (10,82) 1 (2,70) 7 (18,92) 37 (100,00)

50-59 anos 6 (46,15) 0 (0,00) 4 (30,77) 1 (7,69) 2 (15,39) 13 (100,00)

60 anos/+ 8 (61,54) 0 (0,00) 2 (15,38) 0 (0,00) 3 (23,08) 13 (100,00)

Total 64 (64,00) 5 (5,00) 13 (13,00) 2 (2,00) 16 (16,00) 100 (100,00)

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35

TABELA 4 – Distribuição do uso de prótese inferior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra

Uso de prótese inferior

Sem

prótese

Prótese

parcial fixa

Prótese parcial

removível

Próteses parciais

fixas e removíveis

Prótese

Total

Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

10-19 anos 1 (50,00) 1 (50,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 2 (100,00)

20-29 anos 15 (88,24) 2 (11,76) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 17 (100,00)

30-39 anos 18 (100,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 18 (100,00)

40-49 anos 32 (86,49) 1 (2,70) 2 (5,41) 1 (2,70) 1 (2,70) 37 (100,00)

50-59 anos 11 (84,62) 1 (7,69) 1 (7,69) 0 (0,00) 0 (0,00) 13 (100,00)

60 anos/+ 10 (76,92) 0 (0,00) 2 (15,39) 1 (7,69) 0 (0,00) 13 (100,00)

Total 87 (87,00) 5 (5,00) 5 (5,00) 2 (2,00) 1 (1,00) 100 (100,00)

TABELA 5 – Distribuição da necessidade de prótese superior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra

Necessidade de prótese superior

Não

necessita

Prótese

unitária

Prótese com

múltiplos

elementos

Prótese unitária

e múltiplos

elementos

Prótese

total

Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

10-19 anos 2 (100,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 2 (100,00)

20-29 anos 12 (70,59) 2 (11,76) 3 (17,65) 0 (0,00) 0 (0,00) 17 (100,00)

30-39 anos 12 (66,67) 2 (11,11) 4 (22,22) 0 (0,00) 0 (0,00) 18 (100,00)

40-49 anos 18 (48,66) 5 (13,51) 12 (32,43) 1 (2,70) 1 (2,70) 37 (100,00)

50-59 anos 8 (61,54) 1 (7,69) 4 (30,77) 0 (0,00) 0 (0,00) 13 (100,00)

60 anos/+ 5 (38,46) 1 (7,69) 7 (53,85) 0 (0,00) 0 (0,00) 13 (100,00)

Total 57 (57,00) 11(11,00) 30 (30,00) 1 (1,00) 1 (1,00) 100 (100,00)

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36

TABELA 6 – Distribuição da necessidade de prótese inferior segundo as faixas etárias de 9 em 9 anos na amostra

Necessidade de prótese inferior

Não

necessita

Prótese

unitária

Prótese com

múltiplos

elementos

Prótese unitária e

múltiplos elementos

Prótese

total

Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

10-19 anos 2 (100,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 2 (100,00)

20-29 anos 7 (41,18) 1 (5,88) 9 (52,94) 0 (0,00) 0 (0,00) 17 (100,00)

30-39 anos 1 (5,56) 6 (33,33) 11 (61,11) 0 (0,00) 0 (0,00) 18 (100,00)

40-49 anos 5 (13,51) 3 (8,11) 26 (70,27) 1 (2,70) 2 (5,41) 37 (100,00)

50-59 anos 3 (23,08) 2 (15,38) 7 (53,85) 0 (0,00) 1 (7,69) 13 (100,00)

60 anos/+ 3 (23,08) 0 (0,00) 10 (76,92) 0 (0,00) 0 (0,00) 13 (100,00)

Total 21 (21,00) 12 (12,00) 63 (63,00) 1 (1,00) 3 (3,00) 100 (100,00)

A distribuição do índice CPOD e a média de dentes hígidos, cariados, perdidos e

restaurados, nas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos, como preconiza a OMS, podem ser

vistas, respectivamente nos QUADROS 5, 6, 7, 8 e 9.

QUADRO 5 – Medidas descritivas do índice CPOD segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra

CPOD

Faixas etárias Média Desvio Padrão

35-44 anos 17,6 6,70

65-74 anos 20,0 6,12

QUADRO 6 – Distribuição da média de dentes hígidos nas faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra

Dentes hígidos

Faixas etárias Média Desvio Padrão

35-44 anos 10,1 7,19

65-74 anos 7,8 6,34

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QUADRO 7 – Distribuição da média de dentes cariados nas faixas etárias de 35-44 anos e 65- 74 anos na amostra

Dentes cariados

Faixas etárias Média Desvio Padrão

35-44 anos 2,5 2,87

65-74 anos 1,0 1,00

QUADRO 8 – Distribuição da média de dentes perdidos nas faixas etárias de 35-44 anos e 65- 74 anos na amostra

Dentes perdidos

Faixas etárias Média Desvio Padrão

35-44 anos 9,5 7,30

65-74 anos 17,0 5,70

QUADRO 9 – Distribuição da média de dentes restaurados nas faixas etárias de 35-44 anos e 65- 74 anos na amostra

Dentes restaurados

Faixas etárias Média Desvio Padrão

35-44 anos 5,3 5,07

65-74 anos 2,0 2,00

Quanto ao uso de prótese superior e inferior e à necessidade de prótese tanto superior

quanto inferior, nas faixas de 35-44 anos e 65-74 anos, os resultados podem ser vistos

respectivamente, nas TABELAS 7, 8, 9 e 10.

TABELA 7 – Distribuição do uso de prótese superior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra

Uso de prótese superior

Sem prótese Prótese parcial

removível

Próteses parciais

fixas e removíveis

Prótese Total Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

35-44 anos 18 (66,67) 2 (7,41) 1 (3,70) 6 (22,22) 27 (100,00)

65-74 anos 2 (40,00) 1 (20,00) 0 (0,00) 2 (40,00) 5 (100,00)

Total 20 (62,50) 3 (9,38) 1 (3,12) 8 (25,00) 32 (100,00)

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TABELA 8 – Distribuição do uso de prótese inferior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra

Uso de prótese inferior

Sem

prótese

Prótese

parcial fixa

Prótese parcial

removível

Próteses parciais

fixas e removíveis

Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

35-44 anos 23 (85,19) 1 (3,70) 2 (7,41) 1 (3,70) 27 (100,00)

65-74 anos 3 (60,00) 0 (0,00) 2 (40,00) 0 (0,00) 5 (100,00)

Total 26 (81,25) 1 (3,13) 4 (12,50) 1 (3,12) 32 (100,00)

TABELA 9 – Distribuição da necessidade de prótese superior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra

Necessidade de prótese superior

Não

necessita

Prótese

unitária

Prótese com

múltiplos elementos

Prótese unitária e

múltiplos elementos

Prótese

total

Total

Faixas

etárias

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

35-44 anos 14 (51,85) 3 (11,11) 8 (29,64) 1 (3,70) 1 (3,70) 27 (100,00)

65-74 anos 3 (60,00) 0 (0,00) 2 (40,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 5 (100,00)

Total 17 (53,13) 3 (9,38) 10 (31,25) 1 (3,12) 1 (3,12) 32 (100,00)

TABELA 10 – Distribuição da necessidade de prótese inferior segundo as faixas etárias de 35-44 anos e 65-74 anos na amostra

Necessidade de prótese inferior

Não

necessita

Prótese

unitária

Prótese com múltiplos

elementos

Prótese unitária e

múltiplos elementos

Prótese

total

Total

Faixas

etárias

N (%) N(%) N (%) N (%) N (%) N (%)

35-44 anos 4 (14,82) 2 (7,41) 19 (70,37) 1 (3,70) 1 (3,70) 27 (100,00)

65-74 anos 2 (40,00) 0 (0,00) 3 (60,00) 0 (0,00) 0 (0,00) 5 (100,00)

Total 6 (18,75) 2 (6,24) 22 (68,75) 1 (3,13) 1 (3,13) 32 (100,00)

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6 DISCUSSÃO

A análise dos resultados mostrou que a saúde bucal dos hansenianos, tomados como

um grupo, pode ser considerada precária devido ao elevado índice CPOD encontrado na

amostra: 16,07. Entretanto, o CPOD encontrado nos hansenianos pode não ser considerado

tão elevado se comparado ao encontrado por Leandrini (2002), na população não hanseniana,

que foi de 26,01 com predominância em mulheres.

Em relação ao sexo, a distribuição do índice CPOD foi considerada homogênea, sendo

a média do CPOD de 15,4 no sexo masculino e 17,6 no sexo feminino.

Nas diferentes formas clínicas da hanseníase, a distribuição do índice CPOD também

foi considerada homogênea, sendo a média de 13,4 na forma indeterminada; 14,3 na

tuberculóide; 16,5 na virchoviana e 16,6 na dimorfa. Dados estes, que contradisseram aos

citados por Mital (1991) apud Reis et al. (1997), onde relatou-se uma predisposição à cárie

para o tipo virchoviano.

Em relação à necessidade de tratamento do elemento dentário, os resultados

mostraram que dos 100 pacientes examinados, 36% necessitavam de exodontia e 5% de

tratamento endodôntico. Por outro lado, Chaise (2001) encontrou na população não

hanseniana, 22,20% necessitando de exodontia e no que diz respeito à endodontia, o autor

encontrou um resultado mais elevado, sendo que 50,00% necessitavam deste tipo de

tratamento.

O CPOD encontrado para as faixas de 10-19 anos, 20-29 anos, 30-39 anos, 40-49

anos, 50-59 anos e 60 anos ou mais foi respectivamente de: 5,0; 11,3; 15,4; 18,4; 16,2; 18,0.

Resultados estes, similares aos encontrados por Menezes et al. (2001), cujo CPOD para as

faixas de 10-19 anos, 20-29 anos, 30-39 anos, 40-49 anos foi respectivamente de: 7,04; 13,52;

19,44; 20,76. Já Brasil (1988), em um levantamento Nacional realizado no Brasil, encontrou

um CPOD mais elevado no que se refere a faixa de 50-59 anos de 27,27. Para a faixa de 60

anos ou mais, Rosa et al. (1992), relataram um alto índice CPOD de 29,03 se comparado ao

encontrado nos hansenianos.

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40

Em relação ao uso de prótese total, tanto superior, quanto inferior, 23,08% na faixa de

60 anos ou mais, usavam este tipo de prótese. Já no trabalho realizado por Fernandes et al.

(1997), a porcentagem nesta faixa etária, foi mais elevada, onde 69,40% usavam prótese total.

Quanto à necessidade de prótese total na faixa etária de 50-59 anos, somente 7,69%

necessitavam deste tipo de prótese. Resultado este, mínimo, se comparado a Brasil (1988),

onde 73,5% necessitavam de prótese total.

Para as faixas etárias de 35-44 anos (27% da amostra) e de 65-74 anos (5% da

amostra), o CPOD médio encontrado foi respectivamente de 17,6 e 20,0. Na faixa etária de

35-44 anos, Cangussu et al. (2001), encontaram um CPOD similar de 21,01, mas na faixa

etária de 65-74 anos, o índice CPOD foi considerado diferente (28,14). Brasil (2004), em um

levantamento de saúde bucal na região Sudeste do Brasil, encontrou um CPOD semelhante

para a faixa etária de 35-44 anos, de 20,30, mas para a faixa etária de 65-74 anos, o CPOD foi

diferente (28,61). Comparando-se com os dados encontrados por Brasil (2004), em um

município brasileiro com mais de 100 mil habitantes, o CPOD na faixa etária de 35-44 anos

foi semelhante (19,29) e diferente na faixa etária de 65-74 anos (27,28). Sugere-se que esta

diferença do CPOD na faixa etária de 65-74 anos, deve-se ao pequeno número de indivíduos

examinados.

A média dos componentes CPOD para faixa etária de 35-44 anos foi de 10,1 para

dentes hígidos, 2,5 para cariados, 9,5 para dentes perdidos e de 5,3 para restaurados. Já para a

faixa etária de 65-74 anos, a média de dentes hígidos foi de 7,8, para cariados foi de 1,0, para

os dentes perdidos, 17,0 e 2,0 para os restaurados. Os resultados na faixa etária de 35-44 anos

foram semelhantes aos encontrados por Brasil (2004) na região Sudeste do Brasil, onde a

média de dentes hígidos foi de 10,4, 1,8 para cariados, 11,6 para perdidos e 5,3 para

restaurados. Para a faixa etária de 65-74 anos, os resultados de Brasil (2004) foram

semelhantes quanto à média de dentes cariados (0,6) e à de dentes restaurados (0,9) e

diferentes na média de dentes hígidos (2,6) e perdidos (27,0), um resultado maior ao

encontrado nos hansenianos para a mesma faixa etária.

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Quanto ao uso de algum tipo de prótese superior, nas faixas etárias de 35-44 anos e

65-74 anos, 33,30% e 60,00% respectivamente faziam uso de prótese. No arco inferior,

14,81% e 40,00% respectivamente usavam este tipo de prótese. Os resultados obtidos foram

diferentes aos encontrados por Brasil (2004) na região Sudeste do Brasil, onde para as

mesmas faixas etárias, 40,16% e 71,29% respectivamente usavam prótese superior e 28,09% e

63,55% respectivamente faziam uso de prótese inferior. Os dados referentes à necessidade de

prótese superior mostraram que para essas faixas etárias, 48,15% e 40,00% respectivamente

necessitavam deste tipo de tratamento, já no arco inferior, 85,18% e 60,00% necessitavam de

alguma prótese. Enquanto Brasil (2004) na região Sudeste do Brasil encontrou 33,10% e

26,81% respectivamente necessitando de prótese superior e 65,18% e 50,71%

respectivamente com necessidade de prótese inferior.

Em relação ao uso de prótese total no arco superior, nas faixas etárias de 35-44 anos e

65-74 anos, 22,22% e 40,00% respectivamente, usavam prótese total. Silva et al. (2004)

encontraram resultados similares para a faixa etária de 35-44 anos, onde 18,81% usavam

prótese total, mas diferentes para a faixa etária de 65-74 anos, dos quais, 52,48% usavam este

tipo de prótese.

Ao realizar o exame clínico da cavidade bucal, aparentemente não foi encontrada na

amostra, nenhuma lesão bucal de origem hanseniana. Já ao realizar o exame extra bucal, a

exceção ficou para apenas 10% que apresentavam lesões de pele classificadas como,

hipocrômicas residuais e lesões hipercrômicas provocadas pela clofazimina. Entretanto, estes

achados não devem ser caracterizados como lesões pertinentes ao contexto deste estudo.

Desta forma, a não detecção aparente de lesões específicas da hanseníase na cavidade bucal,

diferiu dos relatos de Bechelli e Berti (1939), que encontraram lesões hansenianas nos lábios,

língua, palatos duro e mole e na úvula, de Brasil et al. (1974), que relataram lesões

hansenianas localizadas em ordem decrescente na úvula, palato duro e lábios e de Sharma et

al. (1993), que descreveram a presença de uma lesão nodular em um paciente e língua

fissurada em outros dois pacientes.

A ausência aparente de lesões bucais específicas da hanseníase na amostra, deve-se ao

fato de que a maioria (77%) dos pacientes examinados já havia sido tratada com a PQT e

provavelmente também, ao presente quadro do controle da doença em que o diagnóstico está

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sendo feito de forma mais precoce e abrangendo maiores contingentes populacionais. De fato,

verifica-se um declínio de casos novos de hanseníase devido à reorganização dos programas

de controle da doença e também à introdução da poliquimioterapia (PQT), pela OMS em

1982, com a qual mais de 8 milhões de portadores de hanseníase foram tratados e curados.

Esse tratamento mais precoce também contribuiu para a prevenção de deformidades, segundo

Talhari e Neves (1997). Por outro lado, verificaram-se neste grupo, alterações bucais típicas

da população em geral que merecem considerações de ordem assistenciais e da saúde pública.

Neste sentido e em função do observado neste estudo, sugere-se às Autoridades,

Universidades e pesquisadores ligados à área de odontologia em saúde coletiva, maior

divulgação dos resultados de trabalhos semelhantes a este, não somente no meio científico,

mas também, em meios de comunicação em massa.

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7 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos e para a amostra estudada, pode-se concluir que:

7.1. A saúde bucal dos hansenianos foi considerada precária devido ao elevado índice

CPOD.

7.2. Nas diferentes formas clínicas da hanseníase, a distribuição do índice CPOD foi

considerada homogênea.

7.3. O CPOD não apresentou diferença estatística ao se comparar os grupos tratados e

em tratamento com a PQT.

7.4. A moderna abordagem do controle da hanseníase, com o uso da

poliquimioterapia, reorganização dos programas de controle e o diagnóstico precoce, podem

ser a causa da ausência aparente de lesões bucais específicas da hanseníase no grupo

estudado.

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REFERÊNCIAS

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FERNANDES, R. A. C. et al. Uso e necessidade de prótese dentária em idosos que demandam um centro de saúde. Rev. Bras. Odontol., v. 54, n. 2, p. 107-110, mar./abr. 1997.

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APÊNDICE A - PROTOCOLO PRÓPRIO DO ESTUDO 1. IDENTIFICAÇÃO:

Nome: __________________________________________________ No. ____________ Data de Nascimento: _________ Idade: ______Sexo: ___ Cor: ______Cadastro: _______ Nacionalidade: ______________ Naturalidade: _____________ Estado Civil: _________ Condição Sócio-econômica: __________________ Data de Observação: _____________

2. ANAMNESE: 1) Sofre (u) de alergia a algum medicamento ou alimento? ( ) SIM ( ) NÃO 2) Se sim, qual (is)? __________________________________________________ 3) Já teve hemorragia? ( ) SIM ( ) NÃO 4) Já teve reumatismo infeccioso? ( ) SIM ( ) NÃO 5) Sofre (u) de gastrite ou úlcera? ( ) SIM ( ) NÃO 6) Tem ou teve algum distúrbio cardiovascular? ( ) SIM ( ) NÃO 7) É diabético ou tem algum diabético na família? ( ) SIM ( ) NÃO 8) Já desmaiou alguma vez? ( ) SIM ( ) NÃO 9) Está tomando algum medicamento? ( ) SIM ( ) NÃO 10) Se sim, qual (is)? ( ) SIM ( ) NÃO 11) Já teve ou tem problemas no fígado? ( ) SIM ( ) NÃO 12) Já teve ou tem problemas nos rins? ( ) SIM ( ) NÃO 13) Já teve ou tem problemas pulmonares? ( ) SIM ( ) NÃO 14) Já teve ou tem sangramento gengival? ( ) SIM ( ) NÃO 15) É fumante? ( ) SIM ( ) NÃO 16) Se sim, quantos cigarros por dia? ( ) SIM ( ) NÃO 17) Outras _________________________________________________________ 3. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: 1) Forma clínica: _____________________________________________________________ 2) Duração da doença: _________________________________________________________ 3) Tratamento: _______________________________________________________________ 3.1) Medicação usada: ____________________________________________________ 3.2) Tempo de uso: _______________________________________________________ 4) Deformidades e áreas anestesiadas/amortecidas: __________________________________ 4. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: 1) Hanseníase Tratada ( ) ou em tratamento ( ) 2) Prováveis desencadeantes: ___________________________________________________ 5. TESTE DE SENSIBILIDADE DO PALATO DURO: HEMIARCO DIREITO HEMIARCO ESQUERDO 2 gramas ( ) SIM ( ) NÃO 2 gramas ( ) SIM ( ) NÃO 4 gramas ( ) SIM ( ) NÃO 4gramas ( ) SIM ( ) NÃO

Assinatura ________________

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ANEXO A – FICHA DE AVALIAÇÃO DE SAÚDE BUCAL (OMS/1997) MODIFICADA (FRENTE)

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ANEXO A – FICHA DE AVALIAÇÃO DE SAÚDE BUCAL (OMS/1997) MODIFICADA (VERSO)

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ANEXO B – FICHA ESPECÍFICA DE EXAME DA CAVIDADE BUCAL

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ANEXO B – FICHA ESPECÍFICA DE EXAME DA CAVIDADE BUCAL (CONTINUAÇÃO)

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ANEXO B – FICHA ESPECÍFICA DE EXAME DA CAVIDADE BUCAL (CONTINUAÇÃO)

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ANEXO C – DOCUMENTO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO (USC) DE APROVAÇÃO DO

PROJETO DE PESQUISA

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO

Título do Projeto: Lesões orais na Hanseníase Endereço: Rod. Comt. João Ribeiro de Barros km 225 fone: 31035901 Pesquisador responsável: Prof. Dr. Marcos C. L. Virmond Local em que será desenvolvida a pesquisa: Instituto Lauro de Souza Lima Itens:

• Resumo: Neste estudo, você será submetido a exames clínicos intra e extra orais de rotina, onde examinaremos sua boca, seus dentes e sua gengiva, utilizando pinças, sondas e espelhos bucais, para avaliar as condições de sua saúde bucal e identificar possíveis lesões bucais associadas com a Hanseníase. Serão utilizados na pesquisa apenas os resultados obtidos na avaliação clínica, permanecendo em sigilo o seu nome, isto é, ele nunca será revelado em publicações ou apresentações dos resultados deste projeto.

• Riscos e Benefícios: Estes exames não acarretaram nenhum risco ou dor para a sua realização. Como benefício, você receberá instruções de higiene bucal, prevenção de cáries e da doença periodontal, promovendo assim, uma melhora da sua saúde bucal.

• Custos e Pagamentos: Não existirão encargos adicionais associados a sua

participação na pesquisa, ou seja, nenhum custo.

• Confidencialidade Eu................................................entendo que, qualquer informação obtida sobre mim, será confidencial. Eu também entendo que meus registros de pesquisa estão disponíveis para revisão dos pesquisadores. Esclareceram-me que minha identidade não será revelada em nenhuma publicação desta pesquisa; por conseguinte, consinto na publicação para propósitos científicos.

• Direito da Desistência Eu entendo que estou livre para recusar minha participação neste estudo ou para desistir a qualquer momento e que a minha decisão não afetará adversamente meu tratamento na clínica ou causar perda de benefícios para os quais eu poderei ser indicado.

• Consentimento Voluntário Eu certifico que li ou foi-me lido o texto de consentimento e entendi seu conteúdo. Uma cópia deste formulário ser-me-á fornecida. Minha assinatura demonstra que concordei livremente em participar deste estudo. Assinatura do participante da pesquisa:............................................................... Data:....................................... Eu certifico que expliquei a (o) Sr. (a).................................................................., acima, a natureza, propósito, benefícios e possíveis riscos associados à sua participação nesta pesquisa, que respondi todas as questões que me foram feitas e testemunhei assinatura acima. Assinatura do Pesquisador Responsável:................................................................ Data:......................................

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