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Existe a necessidade de uma nova inclusão, para além da escolar tradicional: a inclusão em redes sócio-culturais de convivência que gradativamente incorporam tecnologias, ampliando e transformando a ecologia social e cognitiva. Ampliar as redes sociais de convivência eliminando a distância pode levar professores, alunos e instituições a uma necessária ressignificação dos modos de ensinar-aprender e atuar no ambiente. Resumo Introdução

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Nos cursos de formao de professores atuais, a maioria das metodologias educacionais e das tecnologias ensinadas tem se mostr

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AMBIENTES DE APRENDIZAGEM COOPERATIVA EM EA:

uma possibilidade de convivncia em uma ecologia cognitiva digital

LAURINO, Dbora Pereira

Fundao Universidade Federal do Rio Grande

Mestrado em Educao Ambiental

[email protected]

Resumo

Pensar Educao pensar o ambiente enquanto mente, corpo ou instituio, conhecer e se reconhecer no outro, agir para o bem social. pensar nas comunidades, no coletivo e no trabalho cooperativo, o que pressupe a interao,colaborao, relaes de respeito mtuo e no hierrquicas, postura de tolerncia e convivncia com as diferenas. Neste trabalho, alm de discutir sobre o processo cooperativo em EA e as possibilidades de virtualizao em uma ecologia cognitiva digital, relatamos a experincia pedaggica do seminrio Educao Ambiental: Uma Ecologia Virtual Criativa realizada no Mestrado em Educao Ambiental - MEA na Fundao Universidade Federal do Rio Grande - FURG. A proposta do seminrio pautou-se na possibilidade de vivenciar, em grupo, situaes afetivas, cognitivas, criativas, virtuais, cooperativas e autogestivas.

Palavras-chave: ambiente virtual de aprendizagem, ecologia cognitiva digital, cooperao

Introduo

Existe a necessidade de uma nova incluso, para alm da escolar tradicional: a incluso em redes scio-culturais de convivncia que gradativamente incorporam tecnologias, ampliando e transformando a ecologia social e cognitiva. Ampliar as redes sociais de convivncia eliminando a distncia pode levar professores, alunos e instituies a uma necessria ressignificao dos modos de ensinar-aprender e atuar no ambiente.

Em uma ecologia cognitiva, na era da informao, a qual estamos vivenciando e construindo o pensamento coletivo no meio digital, a funo do professor transcende a de difusor de informaes. O professor aquele que incita o intercmbio de saberes, acompanha e desafia a articulao de diferentes formas de trabalho, ou seja, torna-se animador da inteligncia coletiva dos grupos.

Habitar espaos de convivncia virtuais possibilita o contnuo aperfeioamento do profissional da educao. Neste sentido, Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) vm favorecendo a criao de novas formas de interao, de conexo com outras pessoas, e a constituio de redes e sub-redes para trocas de informaes e experincias, potencializando tanto a produo individual quanto a coletiva. As prticas educao, ensino e aprendizagem so relacionais: pressupem encontros, interaes e atualizaes. Isso contrrio idia e ao conceito de distncia. O que propomos, a possibilidade da tecnologia proporcionar vivncias de tele-presena sem distncias, isto , o foco est na possibilidade de convivncia.

No seminrio Educao Ambiental: Uma Ecologia Virtual Criativa, realizado no Mestrado em Educao Ambiental MEA na FURG, propomos vivenciar processos criativos e cooperativos buscando associao entre a vida cotidiana, situaes vivenciadas e o objeto de pesquisa dos mestrandos. Trabalhamos com a mquina e oficinas de sensibilizao, com o virtual e o atual. Tnhamos um AVA Ecovirt (www.ceamecim.furg.br/mea) em potencial, sua constituio e encantamento ocorreram na convivncia, no habitar da comunidade em seus espaos.

Cooperao como surgimento espontneo

O surgimento espontneo da ordem nos pontos crticos de instabilidade um dos conceitos mais importantes da nova compreenso da vida, denominado auto-organizao ou surgimento espontneo. Esse fenmeno do surgimento espontneo foi reconhecido como a origem dinmica do desenvolvimento, da aprendizagem e da evoluo, em outras palavras, a criatividade, a gerao de formas novas uma propriedade fundamental de todos os sistemas vivos, sendo tambm um aspecto essencial da dinmica dos sistemas abertos. A vida dilata-se constantemente na direo da novidade (CAPRA, 2002).

Podemos pensar as tecnologias digitais e os AVAs como sendo relativamente recentes, principalmente quando os relacionamos com as instituies educacionais. Recentes no sentido de ainda no possurem distines identitrias para produzirem um consenso social, nem mesmo dentro da comunidade cientfica e escolar. E, refletindo um pouco, ser que teremos ou queremos esta identidade nica? Ou ser que uma de suas caractersticas mutabilidade constante? Ser que seus diferenciais no seriam a prpria caracterstica de no ter formas definidas e rgidas, de serem no momento? E ainda, este fato, poderia constituir um estmulo diversidade?

A diferenciao e a abertura de novas possibilidades no delineamento de ambientes virtuais de aprendizagens (AVA) esto fortemente ligadas s invenes, s criaes e s construes de pesquisadores, professores e alunos em interao com a sociedade e com o desenvolvimento tecnolgico.

A interao, na teoria de Piaget, analisada detalhadamente para explicar o desenvolvimento. Em termos de desenvolvimento cognitivo e moral, esta interao encaminha-se para relaes de natureza cooperativa, em que so requisitos o respeito mtuo e a busca da autonomia.

Para Piaget (1973), h dois tipos de respeito: o respeito unilateral, que decorre de uma primeira forma de relao social onde os sujeitos so heternomos - uma relao de coao; e o respeito mtuo, que decorre de uma relao de cooperao. Quando os sujeitos praticam este ltimo tipo de respeito entre si, tornam-se autnomos.

A cooperao o conjunto das interaes entre indivduos iguais, igualdade enquanto legitimidade de experincias, e diferenciados, no sentido de que somos nicos e possumos experincias/vivncias que nos so prprias.

Sociologicamente, a cooperao organizou-se em correlao com a diviso do trabalho social e com a diferenciao psicolgica dos indivduos que dela resultou. A cooperao supe a autonomia dos indivduos, ou seja, a liberdade de pensamento, a liberdade moral e a liberdade poltica. (PIAGET, 1998b)

Porm, a liberdade oriunda da cooperao no significa anarquia, mas sim autonomia, ou seja, a incluso do indivduo a uma norma que ele mesmo escolhe e para a constituio da qual ele colabora.

No livre o indivduo que est submetido coero da tradio ou da opinio dominante, que se submete de antemo a qualquer decreto da autoridade social e permanece incapaz de pensar por si mesmo. Tampouco livre o indivduo cuja anarquia interior impede-o de pensar e que, dominado por sua imaginao ou por sua fantasia subjetiva, por seus instintos e por sua afetividade, jogado de um lado para o outro entre todas as tendncias contraditrias de seu eu e de seu inconsciente. livre, em contrapartida, o indivduo que sabe julgar, e cujo esprito crtico, o sentido da experincia e a necessidade de coerncia lgica colocam-se a servio de uma razo autnoma, comum a todos os indivduos e independente de toda autoridade exterior. (PIAGET, 1998b, p. 154)

Segundo Piaget (1973), co-operao cooperar na ao, operar em comum; quando h coordenao de pontos de vistas diferentes, pelas operaes de correspondncia, reciprocidade ou complementaridade e pela existncia de regras autnomas de condutas fundamentadas no respeito mtuo.

Para que haja uma cooperao real, so necessrias as seguintes condies: existncia de uma escala comum de valores; conservao da escala de valores e existncia de reciprocidade na interao (PIAGET, 1973). Esse processo de cooperao s possvel atravs de um relacionamento heterrquico baseado na compreenso dos interesses individuais e coletivos do grupo, respeitando a individualidade, o tempo e o processo cognitivo de cada indivduo.

Descrita por Reigota (2001), a educao ambiental o prprio processo de cooperao, ou seja, a forma de Educao que prepara cidados para exigir justia social, cidadania nacional e planetria, autogesto e tica nas relaes sociais e com a natureza. Ou ainda, para Sato (2002), a EA [...] um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. (p. 17). Para isso necessrio, conhecer o que ambiente na concepo de cada um garantindo a contextualizao, respeitando a individualidade e buscando a cooperao (REIGOTA, 1998).

No Seminrio possuamos uma proposta, como dito anteriormente, porm as atividades, as vivncias, as produes, os estudos, as leituras baseavam-se no devir do grupo, que era composto por uma diversidade de profissionais: jurista, professores de educao fsica, de qumica e de filosofia, pedagogos, jornalistas, arte-educadores, bilogos, oceanlogo, fisioterapeuta, gegrafo, economista (os mestrandos) matemtico e psiclogo (os docentes). A diversidade nos constitua e o interesse e as pesquisas dos mestrandos conduziam o seminrio e possibilitaram encontros que potencializaram e conectaram pesquisas.

A construo de pginas possibilitou o intercmbio e a reflexo das potencialidades do ciberespao. Aos poucos o sentimento de comunicar e compartilhar foram transformados no de interagir e conversar, ento os espaos coletivos do AVA, mural, frum, biblioteca e lista de discusso, foram sendo habitados, colocados em movimento.

Ecologia Cognitiva Digital, que organizao essa?

Entendemos AVA como possibilidades de organizao em uma ecologia cognitiva digital, cujo foco central de operao se d no acoplamento entre sistemas que estruturam o espao educacional: indivduos, recursos digitais, formas de interao, proposta educacional e pressupostos tericos.

Segundo Varela (1989) as faculdades cognitivas esto ligadas ao historial da vivncia, da mesma maneira que uma vereda anteriormente inexistente vai aparecendo conforme se caminha. A idia de cognio no a resoluo de problemas por meio de representaes, mas sim o fazer-emergir criador de um mundo, com a nica condio de ser operacional no meio no qual produz sua existncia.

Para Varela, Thompson & Rosch (1997) a cognio a ao corporificada que est ligada a histrias vividas, sendo estas histrias vividas resultados da evoluo como deriva Deriva o caminho seguido por trocas estruturais de um sistema, a qual surge a cada momento gerada pelas interaes do sistema com outro sistema independente, enquanto que sua relao de correspondncia (adaptao) com este outro sistema (meio) e sua organizao (classificao) permaneam sem variao (MATURANA 1988). natural. Nossa corporizao humana e o mundo que se enactua mediante nossa histria de acoplamento refletem somente uma de muitas vias evolutivas possveis. Sempre estamos restringidos pelo caminho que trilhamos, mas no h um fundamento ltimo que dite os passos que damos.

Conforme Mazzochi (2000), as contribuies de Chardin (apud COSTA 1995) e Bateson (1991) forneceram condies tericas para Lvy (1997a) propor o conceito de ecologia cognitiva como um espao de agenciamentos, de interaes concretizadas nas coletividades pensantes homens-tecnologias-instituies.

Chardin com base em seu amplo conhecimento em fsica, biologia e astronomia afirmou que a evoluo da espcie tendia a constituio de um organismo humano planetrio sugerindo assim a formao de uma conscincia planetria. Bateson (1991) discute acerca de uma ecologia das idias que amplia o sentido individualizante de mente, ou seja, a mente no ligada somente ao corpo, mas tambm s vias e mensagens que se do fora do corpo, que provem do sistema social total interconectado, assim fazendo parte da ecologia planetria.

Podemos ento dizer que ecologia cognitiva aponta para a idia de uma construo do conhecimento coletivo, na interao com os outros e com o ambiente social, institucional e tecnolgico. " o estudo das dimenses tcnicas e coletivas da cognio" (LVY, 1993).

No Ecovirt, como ilustra o recorte 1, pode-se perceber o processo de construo coletiva, da complexificao da noo do que indivduo e meio, do que subjetivo e objetivo.

Recorte 1 Frum: Nossas Dissertaes (www.ceamecim.furg.br/mea)

Traumas e provocaes. Enviado por Lu, dia 19/4/2003 hora 9:26

[...] gostaria de levantar uma reflexo. Lembro-me que ao terminar a defesa do meu projeto, a Ma. ponderou que havia gostado da proposta, mas no tinha percebido como a minha pesquisa contribuiria com o grupo no qual estava pesquisando. A pensei: "ser que sou apenas uma sugadora de dados?" Acredito que a pesquisa e a produo de conhecimentos pode trazer vrios tipos de contribuies. [...]. No meu caso especificamente, com certeza, minha pesquisa no se trata de uma pesquisa-ao, mas estou envolvida com o grupo pesquisado (at o ltimo fio de cabelo) e acredito que em uma anlise de implicaes do meu envolvimento de sujeito com o objeto, os resultados podero dar fortssimos suportes para que eu possa continuar trabalhando com eles em uma nova perspectiva, quem sabe mais participativa da parte deles. Mas tambm espero contribuir com os outros aspectos acima citados. E vocs, j pensaram sobre isto?

Retorno da pesquisa. Enviado por Ma, dia 23/4/2003 hora 9:1:19

Eu no s questionei a Lu, como me questiono a respeito do retorno da pesquisa para a sociedade e o grupo pesquisado. [...].

Repensando a prtica Enviado por Ca, dia 29/7/2003 hora 14:54:1

Assim como voc, sempre quis fazer com que o meu projeto de pesquisa contribuisse para as pessoas de maneira significativa,auxiliando e refletindo o dia-dia.Conquistar um espao de pesquisa muito difcil para simplesmente no corresponder as expectativas de pessoas que acreditam em ns.Como professora minhas idias sempre foram achar sadas e respostas para situaes problemticas do cotidiano escolar. [...]

Compromisso. Enviado por Mo , dia 7/8/2003 hora 11:51:32

[...]Acho que pesquisas em instituies pblicas, de modo geral, tem o compromisso de retornar resultados,etc. para as comunidades em que esto inseridas. No que diz respeito s investigaes que utilizam informaes retiradas do contexto escolar, por exemplo, isso nem sempre acontece e, infelizmente, contribuem negativamente para futuras aes envolvendo escolas e universidade. Por outro lado, em nosso caso especfico, de professores que buscam por meio de cursos de aperfeioamento, o envolvimento em projetos de investigao que possuem, do ponto de vista pessoal (nfase no "pessoal"),alguma significncia, penso que tudo mais conseqncia. Me explico melhor. Mesmo que as contribuies do trabalho sejam "apenas pessoais", nos transformando enquanto indivduos, isso j suficiente para dizermos que valeu! Se contribuir para repensarmos nossas prticas, reavaliarmos nossas atitudes, (re)significarmos nossas aes, j valeu em termos de contribuio, pois lidamos com pessoas, nosso trabalho permanentemente permeado de interaes com pessoas. [...].

O conhecimento construdo e compreendido a partir das relaes constitudas nessa comunidade, da qual fazem parte os indivduos, suas aes, as relaes entre eles, as tcnicas de comunicao, os recursos tecnolgicos utilizados, os artefatos criados e as formas como tudo isso se encaixa.

Com base nos estudos de Ong (1987); Bateson (1991); Lvy (1993); Guattari (1993); Maraschin & Axt, (2000) poderamos falar de pelo menos trs ecologias cognitivas: oral, escrita e digital. Nessas duas primeiras ecologias o significado da palavra diferenciado. Poderamos dizer que a escrita reconfigura a ecologia oral. E da mesma forma, ser que novas tecnologias da informao e comunicao, tambm no reconfiguram as ecologias cognitivas oral e escrita? Certamente que sim, as formas de escrever e de expressar se alteram e se potencializam, as formas de relacionarmos a oralidade e a escrita se modificam. O texto pode ter som, imagem, movimento. Lvy (1997b) refere-se a essa reconfigurao dizendo:

(...) o saber [na ecologia cognitiva digital] poderia novamente ser carregado pelas coletividades humanas vivas, do que por suportes separados, servidos por intrpretes ou cientistas. S que desta vez, ao contrrio da oralidade arcaica, o carregador direto do saber no seria mais a comunidade fsica e sua memria carnal, mas sim o ciberespao, a regio dos mundos virtuais pelo intermdio dos quais as comunidades descobrem e constrem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes.

No trivial interagirmos com diferentes modos sociais e institucionais de organizao dos saberes, como tambm no trivial que esses acoplamentos se dem atravs da linguagem oral, escrita ou por processos digitais. A idia que cada ecologia cognitiva - uma rede atualizada das relaes entre os sujeitos, as tecnologias e as instituies produz regimes cognitivos diferenciados.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem

Quando falamos em um ambiente virtual de aprendizagem estamos considerando a atividade cognitiva dos sujeitos sempre na interao de uns com os outros e com as tecnologias disponveis, que produzem um ordenamento, uma forma diferenciada de rede cognitiva.

Cada sujeito que participa de um AVA recria-o na convivncia, atravs de suas interaes, de seus questionamentos, contribuies, crticas, enfim, de suas aes/operaes, sempre perpassado pela tecnologia. Nem somente individual, nem somente coletivo, mas essencialmente construdo (MAADA, SATO & MARASCHIN, 2001).

Diferentemente da noo vinda do senso comum, na qual virtual est relacionado com o no-real, como algo da fantasia, da imaginao, consideramos a relao atual e virtual mais interessante para nossas reflexes (LVY, 1996). A contraposio virtual x real traz a idia de uma dicotomia: existe uma realidade dada que podemos representar e outra que o que imaginamos e falsa.

Na relao virtual/atual no h contraposio. A atualizao a criao, a inveno de solues a partir da virtualidade que uma problemtica oferece. Virtualizao um devir sempre em movimento, a constante abertura de possveis. Assim, pensamos que um AVA pode se atualizar em diferentes direes, pois o sistema, por sua constituio, pressupe fontes constitutivas de problematizao. O AVA operaria transformando virtualidades em atualizaes e vice-versa.

Quando buscamos uma informao, por exemplo, acreditamos que encontraremos o que precisamos. Mas, ao encontrarmos a informao, somos jogados em novos planos de virtualidade, ao nos depararmos com inmeras outras informaes alm das que buscamos. As atualizaes so possveis dada a estrutura do sistema; cada leitor faz diferentes observaes e leituras de acordo com seus interesses, sua experincia. As fontes de informao tm uma virtualidade que possibilita ao sujeito atualizar uma ou vrias solues para sua questo, sem contudo esgotar todas as possibilidades. Mesmo porque, a cada atualizao, novos possveis se abrem; o processo de virtualizao dinmico, remontado a cada soluo atualizada.

O Recorte 2, evidencia esses novos possveis que se atualizam e que so potencializados pela virtualizao.

Recorte 2 Frum: Nossas Dissertaes

O prazer de ler. Enviado por Ti , dia 10/6/2003 hora 15:43:3

[...] fui instigada a responder a uma sugesto da Lu para a Na sobre o processo de escrita e fiquei pensando quanto pode ser similar o processo de leitura de um texto. Para comear podemos fazer uma leitura despretensiosa e fugaz e em seguida deixarmos nos envolver pelo corpo, cheiro, cor , densidade, fluxos e tudo mais que um textos pode nos suscita. E falando em texto eu nunca li tanto em minha vida. [...]

e cada vez mais descobertas Enviado por Lu, dia 12/6/2003 hora 17:54:29

E o interessante, Tininha, que quanto mais a gente l, surgem novas idias, coisas que a gente nem tinha pensado. s vezes, numa leitura despretensiosa, como vc disse, a gente consegue alinhavar um monte de idias da pesquisa, que antes estavam soltas. Estou passando por esse processo agora. No sei se por estar no meio da coleta de dados, os contedos das entrevistas parecem puxar as informaes dos textos que a gente vai lendo.[...].

estar solto. Enviado por Ti , dia 17/6/2003 hora 16:1:28

Estar solto as vezes pode ser uma vantagem. Os conteudos esto fresquinhos, no esto ainda contaminados por referenciais teoricos e a espera de serem conectados, capturados, desdobrados entre conjunes,ou talvez transfigurados entre outras possibilidades. Estou divagando entre as solturas de seus conteudos e a insipincia dos meus.

infinitos sentidos...Enviado por Ne , dia 1/7/2003 hora 18:51:

Tininha muito importante que alguem trabalhe com a percepo do mundo que nos cerca atravs dos sentidos, todos sentidos, infelizmente nos tormamos escravos, na minha opinio, da viso, abstraindo os outros sentidos, resgatar nossa sensibilidade o primeiro passo para nos tornarmos integrantes e integrados do todo.

Umas vises a mais Enviado por Ti , dia 10/7/2003 hora 9:33

[...] o nosso olhar esta o tempo todo capturado por infinitas imagens, interferencias Esteticas, sentimos o tempo todo mas no nos apropriamos do sentido da viso. ir alm do significado quase ditador do sentido viso, para aos poucos nos rendermos a infinitos olhares, infinitas miradas.

Sobre o olhar, Enviado por Ma, dia 12/7/2003 hora 10:50:2

Deixo uma prola da MC. na ltima reunio da orientao coletiva: "A luz das teorias implcitas cegam nossos olhos". preciso aprender a ver novamente. Dizem que Jorge Liuz Borges disse que aprendeu a ver depois que ficou cego.

Nesse sentido, a abertura dos possveis cognitivos, no entendimento de Piaget (1985), a inveno, a criao. Nesse dilogo podemos observar as interaes e as interpretaes desses sujeitos de suas atividades acontecendo simultaneamente e determinando a abertura de novos possveis cada vez mais numerosos, cujas interpretaes so cada vez mais ricas.

Pensamos que essa abertura de possveis potencializada com as tecnologias digitais. O digital potencializa a prpria virtualidade dos objetos e, mais que isso, modifica as formas de nos relacionarmos com eles, com outros sujeitos e conosco mesmos.

Alm da potencializao da virtualidade e da modificao nas formas de relacionamento com os objetos, novas experincias so criadas, flexibilizando a noo de identidade, de tempo, de espao, recriando o prprio objeto.

Da mesma forma, o ambiente virtual (digital) de aprendizagem um sistema cognitivo que se constri na interao entre sujeitos-sujeitos e sujeitos-objetos, transforma-se na medida em que as interaes vo ocorrendo, que os sujeitos entram em atividade cognitiva. atualizado a cada soluo provisria e sua virtualidade se modifica a cada problematizao. Da mesma forma os sujeitos so transformados na/pela interao. No existem fronteiras rgidas do que meio, objeto e sujeito, pois um ambiente virtual de aprendizagem, sob a perspectiva construtivista, se constitui sobretudo pelas relaes que nele ocorrem.

Inteligncia Coletiva: a consequencia da cooperao

Partimos do pressuposto de que o conhecimento se transforma e se qualifica na/pela atividade do sujeito. Para conhecermos, precisamos atuar, interagir e ressignificar: O conhecimento aquilo que fazemos com a informao. o sentido que lhe damos, como a combinamos. Conhecimento relao. ao, exerccio, atividade, movimento, redes, conexes. (MARASCHIN & AXT, 1998).

Sob essa perspectiva, pensamos o conhecimento como relaes resultantes das possibilidades de experimentaes, vivncias e convivncias, constitudas por conexes individuais, coletivas e institucionais, caminhado, assim, para a construo de uma Ecologia Cognitiva.

A constituio e a convivncia no AVA Ecovirt na perspectiva da construo de uma ecologia cognitiva digital ocorreu no seu encantamento e este permanecer encantado enquanto ns, professores, alunos, pesquisadores, continuarmos atualizando-o. Cada um responsvel pelo encantamento. Dessa forma, o AVA passou a ser NOSSO, do coletivo de integrantes da comunidade, constituindo assim a comunidade virtual digital.

A tecnologia no deve ser vista como um fim em si mesma, mas sim como um suporte rede de conhecimento. O conhecimento advm e dura somente por causa da imensa coletividade dos homens e seus produtos, da fervilha fbrica dos povos, do meio humano em geral. Quem segrega e sustenta o saber? A prpria vida da espcie e de seu mundo. Todo o saber est na humanidade (LVY, 1995).

A partir da interao entre o conhecimento existente e tecnologias disponveis, que tecnologias e conhecimentos so gerados permitindo assim um processo de inovao contnua, dia aps dia. Nesse processo, o homem consegue identificar novas maneiras de desenvolver suas atividades e conseqentemente, diferentes so as necessidades, e estas provocam alteraes nos rumos das profisses e em suas atividades.

Em nossa experincia, enquanto seminrio em um curso de Ps-graduao, chega o momento de encerramento, de despedidas, porm no Ecovrit, surge a possibilidade de continuidade pelo interesse da comunidade e mais, de nova atualizao, de incluso de outros estudantes que faro parte de um outro seminrio - Trs Ecologias - que uma atividade de extenso oferecida pelo MEA. A eles ser apresentado o AVA e feita a proposta de, se quiserem participar de nossa comunidade.

Cada momento hora para encantamentos - virtuais, digitais, presenciais, de todos os tipos. O que importa experienciar e compartilhar a experincia. criar espaos de convivncia para atualizaes da Inteligncia Coletiva, mais como um campo de problemas do que uma soluo, mais como um modo de realizao da humanidade que a rede digital universal felizmente favorece, sem que saibamos a priori em direo a quais resultados tendem as organizaes que colocam em sinergia seus recursos intelectuais. (LVY, 1999)

Um AVA ser encantado ou re-encantado sempre que nele forem possveis atualizaes que apostem na vida, na criao, na cooperao. A cada atualizao, novas diferenciaes sero feitas, e a comunidade constituir-se- na convivncia (SATO, MAADA & MARASCHIN, 2001).

Porm, segundo Capra (2002) existe uma diferena crucial entre as redes ecolgicas da natureza e as redes da sociedade humana. Num ecossistema nenhum ser excludo da rede, j no mundo humano, da riqueza e do poder, grandes segmentos da populao so excludos das redes globais.

Talvez, o maior desafio das instituies educativas, da virtualizao e por que no dizer, da Educao, seja a construo de novos modos de ao para atuao, num mundo ecossistmico.

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