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Livro: Amor Verde OlivaAutor: Marcos Cesar Dutra
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Amor Verde Oliva
1
Amor
Verde Oliva
Marcos Cesar Dutra
(ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO, QUALQUER
SEMELHANÇA COM NOMES, FATOS OU SITUAÇÃO
DA VIDA REAL SERÁ MERA COINCIDÊNCIA).
1ª Edição Todos os direitos reservados ao autor
Amor Verde Oliva
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O Autor
Marcos Cesar Dutra nasceu em São Sebastião
do Paraíso - MG, no dia 22 de outubro de 1966.
Ainda criança mudou-se para a cidade
de Morro Agudo - SP, onde estudou casou-se e
vive com a esposa. Em 2012 lançou seu primeiro
livro “Insurgência Poética” livro de poesias.
Suas poesias foram publicadas em varias
Antologias poéticas, sendo reeditadas entre as
melhores do ano em um site literário.
Agora com este trabalho mostra seu lado
romancista em “AMOR VERDE OLIVA” uma
aventura romântica que promete emocionar e
prender a atenção do leitor. Atualmente
trabalha no Ensino Profissionalizante como
Instrutor na cidade de Morro Agudo/SP.
Morro Agudo, junho de 2014.
Amor Verde Oliva
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Sinopse
Pedro é um rapaz que nasceu em uma pequena
cidade, mas que tinha um sonho que iria além
das fronteiras daquele lugar. Era o sonho de um
dia se tornar um soldado do exército, depois de
realizado seu objetivo ele conhece o grande
amor de sua vida, uma bela moça chamada
Lorena e juntos vivem um lindo romance.
Mas um dia o destino irá separar Pedro do seu
grande amor, trazendo consequências para o
rumo de suas vidas. Passando situações onde
tudo poderia estar perdido o jovem soldado
arriscará a própria vida para reencontrar seu
grande amor!
Você vai se emocionar nesta aventura
romântica que é a estória de Pedro e Lorena um
“AMOR VERDE OLIVA”.
Marcos Cesar Dutra
Autor
Amor Verde Oliva
4
Dedicatória
Este livro é dedicado a todos que tem um
sonho e ainda não começaram a lutar por ele,
talvez por ter outras prioridades em sua vida ou a
incerteza de sua realização. O destino coloca
vários caminhos a nossa frente, mas cabe a nós
decidirmos qual deles seguir. Descobri isso bem
na maturidade de minha vida, aprendi também
que independentemente do tamanho do êxito
de nossos projetos, temos o dever de realiza-los,
pois eles foram colocados a nossa frente para
que cumpramos nossa missão nesta terra, seja
ela qual for.
As vidas de todos os seres humanos estão
entrelaçadas em um único propósito universal e
tudo que fizermos de bom ou de ruim um dia se
refletirá em nosso caminho em forma de
consequências positivas ou negativas. Se de
alguma forma ou por algum motivo atrasamos o
inicio de nossos sonhos nunca é tarde para
começarmos.
O soldado Pedro protagonista desta estória nos
dá um exemplo de perseverança já despertado
em sua juventude e nos mostra também a força
que o amor pode nos transmitir seja ele em
qualquer uma de suas faces.
Marcos Cesar Dutra ( Autor )
Amor Verde Oliva
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Prefácio
O Homem, como comunicador, transmite seus
conhecimentos e passa boas lições para os que
lhe são próximos. O escritor, como comunicador,
conta histórias e nos presenteiam com
conhecimentos que enriquecem nossas vidas. A
soma do homem e o escritor coloca a pessoa
em um patamar superior ao normal, deixando
em evidência uma narrativa que tem a intenção
de melhorar o viver dos leitores. O livro “Amor
Verde Oliva”, do professor Marcos Cesar Dutra,
traz este beneficio.
O sonho de Pedro é comum a tantos jovens
brasileiros, que anseiam melhorias para suas
vidas, e formas de conseguir recursos para dar
um futuro confortável a seus familiares. E sua
busca se faz com a participação de
personagens que encontramos diariamente em
nosso cotidiano. O bom, o mau, o sério, o
companheiro, o chato, alguém que sabe um
segredo, o paizão, e a bela, que é protagonista
de toda história que pretende ter um final feliz.
A estória de amor do personagem Pedro
relembra a adolescência de tantos jovens como
Amor Verde Oliva
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ele, que se apaixona por uma bela garota e
enfrenta desafios para estar próximo a ela. Tal
qual a grandeza desse amor são as peripécias
que nosso herói passa para tentar viver dias
felizes para sempre.
A narrativa traz também informações
importantes para quem sonha em ingressar no
Exército brasileiro e quer saber um pouco mais
sobre as peripécias enfrentadas dentro de um
quartel. O bom desempenho do soldado Pedro
mostra que quando se quer conseguir algo,
vontade e dedicação prevalecem sobre o
cansaço físico e mental. O amor pelo verde oliva
de suas vestes do Exército Brasileiro foi tão
intenso quando a sua paixão a primeira vista
pela sua amada.
Mesmo frente às dificuldades enfrentadas por
Pedro, o autor nos mostra ensinamentos úteis em
nosso dia a dia. Há sempre uma lição em cada
capitulo, e quando tudo parece caminhar para
um final feliz, uma onça aparece no meio da
fuga. São emoções que este livro nos traz,
fazendo com que mesmo cansado de ler, há
motivos para continuar por mais uma página.
Amor Verde Oliva
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Parabéns meu amigo e escritor Marcos Dutra!
Desde a primeira vez que me falou sobre o tema
de seu livro, fiquei curioso em saber como seria a
narrativa. Agora, depois de ler, tenho certeza de
que “missão dada, é missão cumprida”! Amor
Verde Oliva de se ler é um livro muito bom! Li em
três dias, e tenho certeza de que você leitor, lerá
em pouco tempo.
Boa leitura!
ROGÉRIO CHIARÓTTI
Jornalista Jornal O momento e Escritor
Amor Verde Oliva
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O Começo
Amor Verde Oliva
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Era fevereiro de 1983, numa pequena cidade do
interior que tinha a agricultura como uma das
suas poucas fontes de sua renda, sem muitos
recursos e oportunidades para aqueles que
sonhavam com algo melhor para suas vidas.
Neste local abençoado por Deus pelas
maravilhas naturais, que vivia um jovem de
dezessete anos conhecido por todos como
Pedrinho.
Pedro era o segundo filho de um casal de
trabalhadores rurais que dedicavam suas vidas
para alimentá-lo juntamente com mais quatro
irmãos. Morando em um pobre vilarejo da
pequena cidade a vida de Pedro não era muito
diferente das demais pessoas daquele local, mas
apesar de tudo ele não reclamava de sua
condição, era um jovem feliz que cumpria suas
obrigações e sonhava com algo melhor para
sua vida, tendo a certeza que quando chegasse
a hora isto iria acontecer.
Amor Verde Oliva
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Em uma época difícil não só para a família de
Pedro, mas para todo o país que vivia uma
gigantesca inflação financeira aliada a uma
taxa de desemprego maior ainda, não sobrando
muito que fazer nos finais de semana para a
juventude daquele lugar, já que o dinheiro era
escasso e programado para as contas do
sustento familiar. Com a ajuda da avó que
morava longe e os visitava todos os anos, seu pai
conseguiu comprar uma pequena tevê preta e
branca, e era neste magico aparelho que o
jovem passava varias horas assistindo os clássicos
de guerra do cinema.
Os momentos eram fantásticos e excitantes o
jovem rapaz imaginava-se fazendo parte
daquelas aventuras, usando uma linda farda e
vivendo os maiores perigos. No final encontrava
uma jovem linda que o beijava com imenso
calor e paixão fazendo-o perceber que tudo
que passara valeu a pena, pois era um homem
Amor Verde Oliva
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realizado que também encontrou seu
verdadeiro amor, logo em seguida o filme
terminava e junto com ele também eram
adiados seus sonhos, mas Pedro tinha certeza
que um dia eles iriam se realizar.
Ao lado de sua casa morava um homem
conhecido como Senhor Messias, era um
Expedicionário da segunda guerra mundial, que
participou nas frentes de combate em Monte
Castelo na Itália, o garoto gostava de chama-lo
de Sargento Messias, já que foi reformado com
esta patente.
O soldado Messias na época embarcou para a
Itália em um em um grupo de reconhecimento e
lá pôde presenciar os momentos de terror da
guerra, sendo marcado com o sofrimento da
perda de grandes amigos que fizera durante a
viagem para aquele lugar, apesar de todo o
sofrimento, trauma e angustia vivida na batalha
Amor Verde Oliva
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o Sargento Messias sempre dizia: - Orgulho-me
do fiz por amor ao meu País minha e família e
sinto-me com o dever cumprido!
Aquelas palavras soavam como hino para um
grande herói nos ouvidos do jovem Pedro, que
sonhava com o dia em que colocaria o traje
verde-oliva e se orgulharia de tê-lo conquistado.
A cidade em que vivia era considerada como
município não tributário, em virtude disso todos
os alistados naquele local eram dispensados do
serviço militar e Pedro já tinha dezessete anos
completando dezoito naquele semestre, época
do alistamento militar obrigatório em seu País.
O garoto estava decidido, faria o que fosse
possível para incorporar as fileiras das forças
armadas, procurando seu amigo e contador de
suas histórias preferidas o Sargento Messias,
perguntou-lhe: - Como faço para ser convocado
para o exército, pois aqui em nossa cidade
Amor Verde Oliva
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todos são dispensados? Seu amigo responde-lhe
que isto seria possível sim, era só ele encontrar
uma cidade que sediada uma unidade militar e
alistar-se como voluntário. Pedro não perdeu
tempo e procurou se informar e soube de uma
cidade que havia um regimento de carros
blindados, semelhante ao que o Sargento
Messias pertencia na época da guerra. Sem
perder tempo o jovem preparou-se para partir
em direção a esta unidade com algum dinheiro
que havia guardado trabalhando em suas horas
de folga limpando terrenos, a cidade militar
ficava cerca de duzentos quilômetros dali.
Embarcando na rodoviária local seguiu em
direção ao seu destino e seu grande sonho,
eram quase nove horas da manhã quando
Pedro desembarca no local onde daria seus
primeiros passos em direção ao seu ideal, a
cidade tinha cerca de sessenta mil habitantes,
mas muito agitada, pois era um polo militar que
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abrigava um grande regimento do exército e
uma base da força aérea. O garoto fica
maravilhado, logo na rodoviária onde havia
vários rapazes um pouco mais velhos que ele,
elegantemente fardados com suas respectivas
insígnias e símbolos de suas armas.
Aquilo não lhe parecia real sentia-se dentro de
um filme de guerra onde os soldados
embarcavam para seu destino despedindo-se
de suas amadas e seus familiares, olhando todo
aquele movimento imaginava-se dentro de
alguns meses também no mesmo local,
orgulhoso e fardado indo para sua cidade rever
os amigos e a família. Durante alguns minutos o
jovem não se moveu, ficou em pé ali parado
olhando tudo aquilo e sonhando acordado.
Mas se quisesse que seu sonho torna-se
realidade não podia perder tempo,
imediatamente após alguns minutos de transe e
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êxtase seguiu o mais rápido possível em direção
ao posto de alistamento daquela unidade
militar, com o endereço anotado em um
papelzinho e pedindo informações aos
moradores não foi difícil encontrá-lo. Após
apresentar-se no local como voluntario, em
pouco tempo saiu dali com o documento que
para ele era o mais importante de sua vida o
alistamento militar.
Três meses depois teria que se apresentar no
quartel para o exame de seleção, então saberia
se o seu maior desejo na vida se tornaria
realidade. Voltando para casa, em sua
pequena cidade a vida continuava
normalmente e o jovem contava os dias um a
um no calendário e quando ficava sozinho
indagava-se em pensamento: - Será que vou ser
aprovado, e se não for o que farei? Mas como
tudo tem a sua hora e seu tempo, chegou o
grande dia do jovem Pedro, ele iria se
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apresentar na segunda-feira as 14h00min no
Regimento de Blindados daquela cidade. O
quartel estava localizado em uma grande
avenida, chegando à entrada principal
chamada de portão das armas lá estavam dois
imponentes carros de combate (tanques de
guerra), um da primeira guerra mundial e outro
da segunda, também havia duas guaritas onde
duas sentinelas armados de fuzis permaneciam
imóveis cumprindo seu dever, no centro um
Cabo portando uma metralhadora de nove
milímetros comandava a entrada e saída do
portão.
Aquela visão para Pedro era algo que somente
tinha visto nos filmes, pois em sua pequena
cidade o máximo que poderia ver era o soldado
Zacarias da policial local, com uma idade
avançada e fora de forma ajudava o Delegado
João a resolver os pequenos desentendimentos
locais que era o máximo que acontecia por ali.
Amor Verde Oliva
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Avistando Pedro o Cabo do portão das armas
perguntou-lhe: - O que você deseja rapaz? Não
pode ficar aí parado, esta é uma área de
segurança. O jovem com o alistamento em
mãos responde: - Estou aqui para o exame de
seleção.
Indicando-lhe onde era o setor de seleção
mandou que o jovem seguisse até local, lá havia
muitos rapazes aguardando para o exame,
quando chamados Pedro todo eufórico foi o
primeiro a encaminhar-se para a sala de
atendimento. O local era enorme os jovens
estavam encostados na parede um ao lado do
outro, pois foi assim que lhe pediram para
aguardar um oficial medico que iria examiná-los.
Pedro era um jovem muito tímido que só havia
tido uma namorada em toda sua vida, nem
mesmo permanecia sem camisa na frente de
seus pais, e qual não foi a sua surpresa quando
um homem de quase um metro e noventa com
Amor Verde Oliva
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uma farda verde e duas estrelas nos ombro diz
com uma voz alta e um semblante sério: -
Atenção meus jovens, todos sem roupa agora!
Ele ficou desconcertado, pois havia naquele
local mais de quarenta rapazes, mas aquele era
o seu sonho e não poderia inicia-lo de maneira
covarde deixando de se despir, sem pensar
muito e com uma vergonha terrível lá estava o
garoto igualzinho quando veio ao mundo.
Depois de concluído o exame o Tenente
Médico encaminhou-os para um Sargento
chamado Falcão onde seriam submetidos a
uma entrevista de seleção. Pedro foi o primeiro a
entrar, sentado em frente uma mesa, o
graduado pergunta-lhe: - Muito bem rapaz!Vejo
pela sua ficha que você é um voluntário, estou
certo? E ele responde: - Sim sou voluntário e
estou aqui para realizar um sonho! E o Sargento
conclui dizendo: - Que maravilha nós aqui
amamos os voluntários, farei tudo o que puder
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para que você possa realiza-lo. Aquilo foi como
musica para os ouvidos do jovem garoto que
até esquece o constrangimento que passou
durante o exame médico, pois sabia que ali
dentro alguém havia gostado dele e esse
alguém se chamava: *Sargento Falcão (nome
que estava bordado em sua farda). Pediram aos
rapazes que aguardassem até às dezessete
horas quando seria fixado nos murais da
enfermaria do quartel o nome dos dispensados e
convocados daquele dia. As 16h55 min foram
fixados os editais de convocação e dispensa dos
candidatos daquele dia, Pedro mais que
depressa correu para ver se o seu nome
constava entre os convocados, e qual não foi à
alegria do rapaz quando seus olhos puderam
decifrar o seu nome em uma lista que dizia:
“Convocados para o Serviço militar no ano de
1984”. Ele deveria se apresentar no Regimento
no dia trinta de janeiro de 1984, O garoto voltou
Amor Verde Oliva
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para casa feliz e satisfeito com sua conquista,
que parte dela segundo ele devia-se ao
bondoso Sargento Falcão que prometeu fazer
um esforço para seleciona-lo. Os meses se
passaram e era chegado o dia de sua viagem
definitiva para a cidade militar, pois a partir de
agora ficaria lá como soldado do Exército,
prepara sua mala com poucas e humildes
roupas, despede-se de sua família prometendo
aos seus pais que um dia seria um grande
homem nas fileiras militares.
O garoto toma o seu destino em direção ao
Regimento de Carros de Combate que agora
será a sua casa. Pedro apresenta-se no quartel
pontualmente no horário marcado, havia no
local cerca de duzentos jovens que como ele
foram convocados para o serviço militar,
encaminhados para o interior da fortaleza
depois de verificada toda documentação foram
divididos em cinco grupos e encaminhados
Amor Verde Oliva
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aos*esquadrões (*Subdivisões em um Quartel de
Cavalaria Blindada onde os recrutas ficam
alojados, dormem, tomam banho e recebem
treinamentos, cada esquadrão tem uma função
diferente durante um combate tais como:
comunicações, manutenção, combate direto e
operações especiais).
Cabo Amarildo já estava no exercito há cinco
anos e gostava muito do que fazia, com a lista
dos nomes foi ele quem levou o grupo de Pedro
para seu respectivo setor, colocados em
formação frente ao alojamento, aguardaram a
chegada do seu comandante que lhes daria as
boas vindas. Após quinze minutos em pé e
imóveis debaixo do sol ele aparece, Era um
homem grande e forte com três estrelas em
cada ombro e um bigode robusto com um olhar
sério e penetrante, colocando as mãos para trás
percorreu bem devagar todas as fileiras olhando
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nos olhos de cada um, como se estivesse
gravando seus rostos.
Antes de sua chegada foi dito a todos pelo
Cabo Amarildo que, não encarassem
diretamente o Comandante quando estivessem
em posição de sentido, foi a primeira regra
ensinada a eles antes da apresentação.
Quando se aproxima de Pedro ele não resiste,
seus olhos se se movem para o lado em direção
ao oficial que naquele instante para diante do
rapaz que rapidamente olha para frente
desviando o olhar de seu Comandante.
Após passar a revista o Oficial Comandante
coloca-se frente à tropa e com uma voz alta e
grave inicia seu discurso dizendo:- Meu nome é
“Capitão Aristóteles”, bem vindos ao Exército a
partir de agora vocês a ele se integram, e tudo
que farão será por ele e pela segurança e
soberania de nossa Pátria, se necessário
Amor Verde Oliva
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defendendo-os com o sacrifício da própria vida!
Cada um de vocês receberá um nome de
guerra de acordo com seus nomes e
sobrenomes, este nome será gravado em suas
fardas e serão chamados por ele. Disciplina,
obediência e coragem são os requisitos mínimos
de um soldado, titulo que vocês receberão
somente se merecerem, por enquanto serão
apenas *conscritos, (*Que, ou o que foi alistado,
recrutado), passarei o comando do treinamento
de vocês para o Sargento Falcão, que assume a
partir de agora!
Pedro fica maravilhado com as palavras do
Comandante, pois nunca viu ninguém
demonstrar tanta força de comando,
imponência e autoridade como o Capitão
Aristóteles. Sua alegria foi maior ainda quando
soube que seu primeiro amigo de farda e um
dos responsáveis por sua convocação seria o
seu treinador, o bondoso Sargento Falcão.
Amor Verde Oliva
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O Treinamento
Amor Verde Oliva
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Após o Sargento Falcão caminhar em direção à
tropa, Pedro se vê frente a frente a ele, logo dá
um leve sorriso para o Sargento como sinal de
gratidão ao seu benfeitor, o graduado cara a
cara com o rapaz pergunta-lhe em voz alta: -
ESTA RINDO DE MIM RECRUTA? O jovem
assustado balança a cabeça de um lado para o
outro indicando uma resposta negativa a
pergunta, pois estava incapaz de emitir um som
sequer de sua voz pelo tamanho do susto que
havia tomado! – No chão agora! Quero dez
flexões! Diz o sargento. O jovem rapidamente
abaixa-se com as palmas das mãos ao solo, o
corpo esticado e cumpre a ordem do rígido
graduado fazendo as dez flexões, terminando o
sargento lhe ordena que as faça novamente
dizendo que não ouviu a contagem, e Pedro
repete o exercício contando até dez em alto
volume. Após as boas-vindas do Sargento Falcão
ao jovem Pedro, ele inicia o seu discurso à tropa
Amor Verde Oliva
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dizendo:- Eu estou no comando agora e farão o
que eu disser vocês receberão treinamento e
conhecimento das normas e disciplinas militares,
se não as cumprirem receberão punições
severas, não estou aqui para agrada-los, mas
para treina-los e transforma-los em soldados, não
permitirei insubordinação e indisciplina, serão
divididos em grupos e cada um receberá uma
tarefa imediatamente!
Naquele momento começaram a chegar ao
local onde estava o pelotão alguns soldados
mais antigos que estavam por terminar o seu
tempo obrigatório de serviço militar, que se
desligariam dentro de mais ou menos um mês,
começaram a andar ao redor dos recém-
chegados olhando-os de cima a baixo como se
fossem presas prestes a serem atacadas. Em
seguida foram divididos em cinco grupos com
cerca de dez recrutas cada um e entregues a
Amor Verde Oliva
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um soldado mais antigo para comandar as
tarefas.
Não tendo tempo nem de guardar suas malas,
que estavam no chão do pátio do alojamento,
cada grupo seguiu para suas missões
comandadas por um *soldado antigo (*Como
eram chamados os veteranos que estavam
prestes a terminar tempo o serviço militar
obrigatório).
O grupo de Pedro que era comandado pelo
Soldado Mendonça e foi levado para os fundos
do quartel onde havia uma área de treinamento
chamada pista de obstáculos, lá foram
entregues enxadas e rastelos para que os
recrutas efetuassem a limpeza do local.
Durante a distribuição das tarefas alguns
soldados de outros grupos passaram por eles
correndo em marcha acelerada rumo aos locais
de trabalho com os veteranos gritando e
Amor Verde Oliva
28
dizendo que eram muito moles, umas mocinhas
e não iriam suportar o treinamento do Exército.
Isso é uma tática psicológica usada em
unidades militares para preparação dos
combatentes em situações de humilhação
perante o inimigo, mas os garotos recém-
chegados ainda não percebiam isto. O soldado
Mendonça também como Pedro era uma rapaz
do interior de família humilde e de bom
coração, nosso jovem sonhador percebeu pela
maneira com que conversava com os recém-
chegados durante as tarefas.
Mendonça reuniu todos perto dele e disse:-
Temos que terminar a limpeza desta área até o
fim do dia, quando chegar um graduado por
perto vou gritar com vocês, dizer que são uns
imprestáveis ou coisa assim, mas tudo isto faz
parte de um treinamento psicológico, fiquem em
silêncio trabalhando que tudo dará certo ok! O
local media mais ou menos o tamanho de um
Amor Verde Oliva
29
quarteirão e meio e estava bem sujo,
começaram sua tarefa e como haviam
combinado, quando um graduado passava
pelo local o Soldado Mendonça fazia o seu
papel de malvado gritando e esbravejando
com todos, e quando ia embora davam até
uma tímida risadinha, para não abusando da
sorte.
O trabalho começara mais ou menos às nove
horas da manhã, as doze tiveram o almoço no
*rancho do quartel (*nome do restaurante dos
soldados) e logo em seguida voltaram ao
trabalho. Mendonça havia sido camarada com
os rapazes, mas não poderia dispensá-los de sua
tarefa longa e árdua, eram quase seis horas da
tarde e não haviam terminado, depois de um
longo jantar de quinze minutos, voltaram a
trabalhar terminando às nove e trinta. Levados
de volta ao esquadrão foram colocados em
formação e entregues ao comando do Sargento
Amor Verde Oliva
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Falcão que estaria sempre presente, pois era um
*laranjeira (*apelido dado aos militares que fixam
residência dentro do quartel).
Com um rosto sério e as sobrancelhas franzidas
diz a todos em alta voz: - Às dez horas teremos o
toque do silêncio, quase todas as luzes serão
apagadas e vocês não poderão mais transitar
no esquadrão, devem estar em suas camas
dormindo, são nove e quarenta e cinco, vocês
tem dez minutos para tomarem banho e irem
para suas camas em silêncio. O Sargento libera
os recrutas que correm como loucos em direção
ao banheiro, conduzidos pelos veteranos que os
rodeiam gritando:- Vamos logo, seu bando de
imprestáveis, suas mocinhas, corram! Todos
começam a se despir ali mesmo, alguns ficam
somente de cuecas, mas os soldados lhe
ordenam que tirem toda a roupa, o sanitário
tinha capacidade para umas quinze pessoas e
eles estavam em cerca de cinquenta, todos nus
Amor Verde Oliva
31
empurrando-se uns aos outros em direção aos
chuveiros que foram retirados ficando somente
os canos de agua que jorravam friamente em
cima deles. Depois do banho de apenas alguns
segundos, subiram todos juntos para o dormitório
que se localizava no segundo andar do prédio
do esquadrão, era um salão enorme com varias
camas tipo beliche onde finalmente puderam
deitar e agradecer a Deus por aquele dia haver
se findado.
Pedro estava confuso e não entendia o que
estava acontecendo, não sabia o que
significava toda aquela loucura e correria
daquele dia, afinal de contas ele estava ali para
ser um soldado e pensou que a primeira coisa
que faria seriam treinamentos e táticas especiais
de guerra. Mas tudo fazia parte de um conjunto
tático que ele compreenderia mais tarde. São
dez horas e ouve-se o som de uma corneta
anunciando o final de uma jornada para os
Amor Verde Oliva
32
recrutas e a imponência total e imperativa do
silencio domina aquele local. O Recruta Pedro,
que se tornara a partir de agora desfruta de seu
novo leito de descanso como se fosse um
premio que recebeu por terminar aquele dia
intacto, nunca pensou que sentiria tanto prazer
em estar em uma cama prestes a dormir, sem
conseguir pensar muito mais, ou indagar em sua
mente sobre os acontecimentos daquele dia,
perde o controle sobre o seu corpo entrega-se
ao sono.
Dominado por um sono pesado e profundo sua
mente ouve de longe o soar de uma corneta
que ecoa por todo o lugar, de repente acorda
assustado pelo estrondo de *coturnos (botas que
os soldados usam) percorrendo todo o
dormitório que tinha assoalhos de madeira,
eram os soldados antigos que gritavam em alta
voz para os recrutas: - Acordem seu bando de
preguiçosos!Já esta na hora! Todos se põem de
Amor Verde Oliva
33
pé rapidamente e são ordenados para
arrumarem suas camas de maneira impecável
ou perderiam o café da manhã, para verificar a
mesma era jogada uma moeda no lençol
estendido e se ela não pulasse teriam que fazer
a arrumação novamente, Pedro repetiu a
operação três vezes para ser liberado.
Depois de tomarem um estranho chá preto que
era servido com pão foram colocados em
formação em frente ao esquadrão durante
algum tempo, aguardando seu comandante.
Impecavelmente trajado, com aquele olhar serio
e penetrante surge pela porta do prédio o
grande Capitão Aristóteles, imediatamente
todos os que estavam por lá, soldados, cabos e
sargentos enrijeceram o corpo na posição de
sentido e lhe prestaram *continência (saudação
militar apresentada pelos subordinados aos
superiores, que respondem da mesma maneira
Amor Verde Oliva
34
elevando a mão espalmada rumo à fronte). Sua
vestimenta era invejável, os coturnos brilhavam
como mármore negro polido, sua calça e
camisa engomadas tinham os vincos
milimetricamente alinhados em seu corpo, suas
estrelas e condecorações eram como joias
adornando um rei, por mais que olhassem não
conseguiam achar uma falha em seu barbeado.
Lá estava ele novamente com as mãos para
trás vistoriando fileira por fileira da formação dos
Recrutas. Depois disso posicionou-se novamente
frente aos comandados e disse: - Começaremos
hoje mais um dia de treinamento com a ajuda
de Deus, ontem vocês tiveram a oportunidade
de conhecerem o regimento e participarem de
suas atividades, hoje receberão o seu nome de
guerra juntamente com o fardamento, calçados
e equipamentos necessários para suas
atividades, passarão também por um período de
isolamento onde se dedicarão totalmente ao
Amor Verde Oliva
35
treinamento militar sem poderem se ausentar da
unidade, desejo a todos um ótimo dia!
Pedro ali imóvel ouvindo seu comandante
pensou: - Meu Deus é agora que ele vai dizer o
que eu temia! E o Capitão concluiu: - Passo o
comando agora ao Sargento Falcão.
Imediatamente o Capitão Aristóteles se retira
para o seu gabinete e aquele homem que já
não era tão amado pelo jovem Recruta, e sim
temido solta um forte brado dizendo: Vamos
aprender a serem soldados, seus *mocorongos!
(*apelido de significado desconhecido dado aos
recrutas) Naquele dia eles receberam os
equipamentos, e logo em seguida
encaminhados para a sala de aula onde seriam
transmitidos todo conhecimento teórico e
legislativo sobre o sistema militar, a parte pratica
do treinamento ficaria por conta do bondoso
Sargento Falcão. Os dias foram passando e
seguiam sempre o mesmo cronograma, na parte
Amor Verde Oliva
36
da manhã conhecimentos teóricos e a tarde
treinamento prático como ordem unida que
inclui comandos de voz e marcha, dentro em
breve começariam as praticas de combate, que
era o que Pedro aguardava ansiosamente. Fazia
vinte e cinco dias desde o início do
confinamento dos recrutas e com mais quinze
poderiam sair do quartel para o seu primeiro
passeio pela cidade. Os rapazes começaram a
se conhecer melhor, pois conforme iam
progredindo no treinamento sobrava-se mais
tempo para o dialogo entre eles nas horas de
folga, durante este tempo Pedro pôde conhecer
Elias, ao contrario dele o moço era de uma
grande cidade e havia estudado em boas
escolas.
O Soldado Elias e o Soldado Pedro se tornaram
grandes amigos e estavam juntos a todo o
momento, até mesmo nos treinamentos mais
difíceis quando o Sargento Falcão não lhes
Amor Verde Oliva
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deixava nem mesmo pensar no que estava
acontecendo, simplesmente teriam que agir
com os reflexos e instintos de um soldado, tática
imprescindível para sobrevivência do militar
durante um ataque surpresa. Depois de muito
esforço físico, aprendizado diário de combate,
leis e regras do sistema militar, estava chegando
o dia da primeira folga dos Recrutas que seria no
domingo.
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O romance
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O toque da alvorada nunca foi recebido com
tanta felicidade como naquele dia, os soldados
cantavam e gritavam com alegria no dormitório,
já que os veteranos não os perseguiam mais
como nos dias em que chegaram ao regimento.
Durante a noite preparam suas fardas de passeio
para andar pela cidade, naquela época o
soldado do exército era proibido andar trajado
com roupas civis e não poderiam descumprir
nenhuma norma do militar a que estavam
subordinados. O soldado Pedro havia combinado com seu
melhor amigo no regimento que sairiam juntos
naquele dia para conhecer a cidade e
paquerar as garotas, já que o amigo o soldado
Elias por ter sido criado numa grande cidade era
mais desinibido e dizia que tinha muita sorte com
as meninas. Às cinco horas da tarde havia
terminado o dia de trabalho dos Recrutas, eles
teriam a noite de sábado e o domingo de folga.
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Era o fim do confinamento, todos correram em
direção ao esquadrão para tomarem banho e
se prepararem para conhecer a cidade, alguns
iam viajar para suas cidades na região. Como
Pedro e Elias moravam mais longe resolveram
ficar e passear por ali mesmo. Os dois jovens
soldados colocaram sua farda de passeios
engraxaram os coturnos e exultando de alegria
se encaminharam em direção ao portão das
armas, que era a saída oficial do quartel.
-Vamos conhecer a praça no centro da cidade,
dizem que é o local onde as meninas gostam de
ficar! Disse Pedro ao amigo Elias, que
imediatamente concordou respondendo: -
Vamos lá Pedrinho, quero ver como você se sai
com elas. Depois disso deram uma boa
gargalhada e continuaram andando. Por volta
das sete horas da noite a praça central estava
cheia e havia lindas garotas mais ou menos da
idade deles, após caminharem bastante e não
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despertarem o interesse de nenhuma das jovens
os dois sentaram-se em um banco em frente a
uma sorveteria para descansar um pouco. Pedro
começou a observar o movimento do local e
reparou que também passeavam por ali alguns
jovens cadetes da Força Aérea que,
despertavam suspiros e olhares das jovens, então
ele concluiu que este era o tipo de militar que
elas se interessavam, não um humilde recruta
como ele e seu amigo Elias.
De repente para o jovem Pedro tudo parou,
nem mesmo o som das pessoas conversando
podia-se adentrar aos seus ouvidos, todos seus
sentidos estavam direcionados a mais bela
imagem que suas retinas já haviam
contemplado. Naquele momento ele descobriu
o sentido da palavra beleza, uma linda jovem
de pele alva como a neve, com os olhos negros
mais lindos e arredondados que já viu a boca
com uma simétrica perfeita com uma cor
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púrpura e suave circuncidando-a, ela estava
junto com algumas amigas entrando naquela
sorveteria. Imediatamente Pedro sai
rapidamente em direção àquela visão
encantadora. Elias sem saber o que estava
acontecendo atravessou a rua atrás do amigo e
disse: Tá maluco cara! Como você sai correndo
desse jeito, um carro poderia ter te atropelado! E
o jovem recruta responde sem olhar para o
amigo para não a perder de vista:- Veja como
ela é linda!
Era uma época de muito calor e a sorveteria
estava lotada, Elias olha de um lado para o
outro e reponde: - De quem você esta falando?
Pedro diz: Ali no balcão de vestido branco junto
com as amigas. Elias dá uma risada e
novamente responde: - O que é que você
andou bebendo hein cara? Essa gata não é pro
seu bico! Mas o jovem esta incapaz de ouvir as
criticas do amigo naquele momento, dedica-se
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somente a comtemplar aquela imagem linda e
estonteante que surgira em seu caminho.
Enquanto as garotas estão sendo servidas, outro
atendente pergunta aos rapazes que também
estavam à beira do balcão, apenas alguns
metros delas: O que vocês querem? Aquilo foi
constrangedor, pois não tinham uma moeda nos
bolsos já que o pouco dinheiro que sobrou para
Pedro depois da viagem ao quartel ele havia
gasto com produtos de higiene pessoal tendo
apenas alguns trocados, a única coisa que veio
a mente para responder para o atendente foi: -
Dois copos de agua, por favor! O funcionário diz
com um ar não muito amigável: - Não servimos
agua aqui, desocupem a frente para que eu
possa atender outros clientes! Enquanto isso
após as garotas serem servidas, se viram para o
lado para saírem, é quando ela olha em direção
a Pedro e por alguns segundos fica lhe observa,
o coração do recruta dispara e ele nem pode
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acreditar no que esta acontecendo é quando
suas amigas já na porta do estabelecimento lhe
chamam gritando:- Lorena!Vamos embora! E ela
dá um suave sorriso para ele e sai correndo em
direção a suas amigas.
Desviando-se das pessoas que lotavam o
estabelecimento ele tenta chegar até a porta
em tempo de vê-la mais de perto, enquanto
encosta um carro conduzido por um jovem
cadete da Força Aérea que as leva embora
daquele local. Qual não foi a tristeza do pobre
Recruta ao ver a mulher mais linda que seus
olhos puderam comtemplar partir na companhia
de um rapaz que com certeza teria um futuro
promissor e com um ótimo salario como piloto de
caças, ao contrario dele que nem sabia até
onde poderia chegar como um recruta do
exército. Atravessando a rua sentando naquele
banco com uma visível tristeza no olhar e um
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gigantesco sentimento de inferioridade perante
o acontecido.
Elias aproximou-se devagar, pois percebeu a
tristeza do amigo e o consolou dizendo: Que é
isso meu amigo hoje é o nosso dia e tem muita
mulher por aí, você nem conhece aquela moça,
vamos levante-se e esqueça o que aconteceu!
Então saíram caminhando pela movimentada
praça e novamente o amigo Elias tenta consolar
Pedro dizendo: Um soldado antigo me contou
sobre um bar onde existe um local nos fundos
reservado para os soldados, é aqui pertinho
vamos até lá! Concluiu conduzindo-o pelo
braço.
E os dois seguiram para o barzinho que Elias
havia falado, Pedro estava desconsolado
imaginando como poderia conversar com a
garota se a visse novamente, pois parecia que
ela era de um nível social bem acima do seu.
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Chegando ao estabelecimento foram atendidos
por uma jovem que era neta de um senhor que
era o proprietário, e logo perguntaram: - Onde a
gente pode tomar alguma coisa sem sermos
vistos? Pois um amigo me indicou este local. A
moça os levou por um corredor que dava nos
fundos do bar e havia um reservado com mesas
e cadeiras, sentando os dois pediram uma
bebida mais barata, pois estavam com
pouquíssimo dinheiro. A garota lhes trouxe uma
garrafa de dois litros com uma caipirinha feita de
cachaça, mas que estava geladinha, e eles não
perderam muito tempo, começaram a tomar a
bebida e conversar sobre a vida no quartel, seus
sonhos e suas famílias, por algum tempo o
Soldado Pedro havia até esquecido o
acontecido naquela sorveteria, mas lembrando-
se daquele momento e encorajado pelo efeito
do álcool, que já estava subindo um pouco a
cabeça, disse para o amigo: - Elias meu amigo e
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irmão de farda, eu tenho que ver aquela Deusa
novamente, não vou desistir de tentar falar com
ela! Elias também já meio tonto responde para o
amigo: - Deixa de ser sonhador Pedro, você é só
um recruta vai querer competir com um cadete,
tá maluco guerreiro?
Os dois amigos conversaram e beberam por
cerca de duas horas, foi quando o dono do bar
pediu que se retirassem, pois iria fechar às nove
e trinta da noite e faltavam apenas cinco
minutos. Foi quando os dois tomaram um grande
susto, lembraram-se quer deveriam estar no
quartel até às dez horas da noite ou não
entrariam mais. Levantando-se rapidamente
Pedro sentiu o efeito do álcool, já que não era
acostumado a estes excessos. Endireitando o
corpo disse ao amigo: Vamos embora correndo
Elias ou seremos punidos no primeiro dia de
folga! Depois de pagarem a bebida contando
os trocados que os dois tinham, saíram em
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disparada em direção ao quartel que ficava
cerca de cinco quarteirões de onde estavam,
com um enorme esforço mental e físico para
dominar o efeito da bebida, chegaram ao
portão do regimento faltando cinco minutos
para o toque de recolher. Fazendo um olhar
sério, franzindo as sobrancelhas e o peito
estufado, passaram pelo corpo da guarda
prestando continência e olhando para frente
sem mesmo mexer os olhos. Passado o susto da
entrada no quartel foram para o alojamento,
deitaram em suas camas silenciosamente
mesmo parecendo que elas estivessem
rodando. Pedro pensou consigo: - Obrigado
meu Deus nunca mais vou voltar a beber! Ele
sabia que se fosse pego e caísse nas mãos do
Sargento Falcão, iria se arrepender muito desse
dia.
Passado o final de semana o corneteiro anuncia
a alvorada e mais um dia de treinamento irá
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começar. Pedro e Elias acordam com uma
imensa dor de cabeça, proveniente dos
excessos na folga do final de semana que havia
sido muito agitada, mas isso não é uma
desculpa aceitável para não se cumprir as
obrigações de um militar, principalmente no
caso do treinamento diário. O Sargento Falcão
reúne todo o esquadrão em frente o alojamento
e anuncia: - Espero que todos estejam dispostos
no dia de hoje, pois veremos as suas aptidões
físicas durante um treinamento pratico na pista
de obstáculos! Os dois sentiram até vontade de
chorar naquele momento, a pista de obstáculos
como o próprio nome diz, é composta de
trechos onde os soldados rastejam embaixo de
um arame farpado com cerca de trinta ou
quarenta centímetros de altura, sobem em uma
corda de mais de seis metros de altura,
atravessam rastejando trechos de lama e muitas
mais coisas que podemos ver em filmes de
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guerra, pois a finalidade é essa, prepara-los para
a mesma.
Ao chegar à área de treinamento o Sargento
Falcão diz em voz alta: Não vou perguntar a
vocês quem será o primeiro a começar, pois
entre nós temos um voluntário do serviço militar,
que também será voluntário para todas as
tarefas! Pedro já começou a imaginar quem o
Sargento Falcão chamaria. E o temido Sargento
exclama em alto e bom som o nome do primeiro
soldado a enfrentar a pista de obstáculos: -
Soldado Pedro, fora de forma e acelerado! O
rapaz saiu correndo em direção do primeiro
desafio que era subir em uma rede de cordas
trançadas e colocadas em uma elevação de
quarenta e cinco graus, que quando chegasse
ao topo desceria em linha reta em direção ao
solo por outra rede. O susto foi tão grande que
Pedro atravessou o obstáculo em um tempo
mais curto do que o de costume pelos soldados,
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o Sargento ordenou que todos juntos partissem
em direção à pista, enquanto ele gritava:-
Vamos seus bandos molengas, um bebê de dois
anos é mais rápido do que vocês! No meio de
toda aquela correria, soldados por toda parte e
o Sargento Falcão gritando por todo lado, Pedro
podia ver claramente aquele rosto alvo, doce e
meigo que deslumbrara naquela noite de folga
e também podia ouvir aquela voz que a
chamava revelando o lindo nome “Lorena”. Foi
quando a não tão doce voz do Sargento gritou
em seus ouvidos enquanto rastejava: - Mais
depressa soldado você esta parecendo uma
tartaruga, se estivesse em combate estaria
morto agora! Ele tratou de se apressar já que
não queria ouvir mais os gritos do graduado tão
próximo de seus ouvidos.
Terminado aquele dia, os jovens soldados
dominados pelo cansaço vão para a cama
bem cedo. Pedro e Elias dormiam no mesmo
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beliche e naquela noite Pedro chama o amigo
que estava deitado na parte de cima da cama:
- Elias você esta acordado? Elias responde: -
Estou o que você quer? Pedro diz: Eu tenho que
encontrar aquela garota de novo, você viu o
jeito que ela me olhou? Elias responde sonolento:
- Sim senhor sargento! Pedro senta-se na cama e
balança o ombro do amigo dizendo: Acorda
rapaz, estou falando com você! É quando vem
uma voz do fundo do alojamento reclamando: -
Cala a boca que eu quero dormir! Pedro desiste
de falar com Elias e adormece viajando para o
mundo dos sonhos.
Estava ele em sonho naquela praça em frente à
sorveteria onde havia visto Lorena pela primeira
vez, quando ela sai trajando aquele lindo vestido
branco com um sorriso encantador e
caminhando em sua direção, os dois se
encontram e ela diz: - Eu te amo Pedro! No
instante em que seus lábios se tocam
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suavemente e ele pode sentir o delicioso
perfume e a maciez de sua pele branca e
delicada, sentindo-se homem mais feliz e
realizado do mundo, como em um passe de
magica tudo desaparece e ele esta novamente
em pé sozinho em frente aquele lugar. Tomado
por um sentimento de pânico e desespero o
jovem soldado acorda assustado em seu
alojamento no quartel.
Pedro estava decidido a lutar pela jovem que
conquistou o seu coração, e assim que seu
amigo Elias acorda e ele diz ao confidente:- Elias
meu amigo, hoje vou até o lugar onde vi aquela
garota e ficarei lá até que ela apareça! O
amigo responde:- Tá bom e o que você vai dizer
pra ela? Pedro responde:- Não sei, mas preciso
vê-la de novo, pois não consigo parar de pensar
nela! Elias diz: Tudo bem, eu vou com você,
afinal amigo é para estas coisas!
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Durante uma semana ele voltou na pracinha
todos os dias à noite na tentativa de reencontrar
aquela que agora verdadeiramente era a
garota dos seus sonhos, mesmo entristecido e
parecendo que o destino não queria que se
encontrassem, ele não desistiu.
No terceiro dia da segunda semana de espera,
o nosso jovem soldado estava naquela praça
onde viu a bela e inesquecível Lorena pela
primeira vez, e como se estivesse vivendo o
sonho daquela noite no quartel a bela moça
surge como um lindo amanhecer de primavera,
que encanta nossos olhos com o desabrochar
das flores e a suave brisa que nos toca o rosto
fazendo sentir o aroma das rosas. Mas Pedro não
poderia vacilar ou iria acontecer o que se
sucedeu naquele dia, ela desapareceria e
talvez nem conseguisse encontra-la novamente,
rapidamente ele se posiciona na porta da
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sorveteria do lado de fora e assim que a jovem
sai, ele a segue de perto.
Percebendo que sendo acompanhada, ela
para e se vira para o soldado perguntando:-
Você esta me seguindo? E o jovem apaixonado
nervoso e gaguejando um pouco responde:-
Não de jeito nenhum, é que outro dia eu te vi
com suas amigas e te reconheci. Lorena
responde com outra pergunta:- Por isso esta me
seguindo? Pedro responde:- Não, não é isso, é
que pensei que a gente poderia dar uma volta
na pracinha para nos conhecermos e conversa
um pouco! Como ela tinha simpatizado com o
rapaz desde aquele dia e havendo muita gente
na praça concluiu que não haveria problema
em conhecê-lo, depois disso ela responde:- Tá
bem! Vamos dar somente uma volta e você vai
embora! Enquanto os dois caminham Pedro
conta toda sua história, desde que era bem
pequeno em sua cidade natal, seu sonho de um
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dia ser um soldado, enfim toda sua trajetória até
aquele dia, Lorena sorri todo o tempo achando
muito engraçado, pois ele não parava de falar
tomado pela emoção de estar ali bem pertinho
dela. O passeio que a principio era somente
uma voltinha pela praça, torna-se um monólogo
de Pedro de quase duas horas. Enfim quando o
garoto apaixonado silencia-se um pouco, ainda
sorrindo e com uma doce voz ela lhe diz:- Gostei
muito de te conhecer e me diverti muito, mas
agora tenho que ir embora. Pedro pergunta:-
Posso te levar para casa? Lorena responde:-
Hoje não, meu irmão irá me levar. Ele pergunta
novamente:- Já que você disse hoje não, quer
dizer que posso te ver de novo? Olhando bem
nos olhos do rapaz e mostrando aquele doce
sorriso, pois também queria vê-lo novamente a
linda jovem responde:- Está bem! Sábado nos
encontramos no mesmo lugar!
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O chamado
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Explodindo de felicidade ele a observa indo
embora para encontrar-se com irmão, e nem
pensa em segui-la para não estragar aquele
encontro maravilhoso. Pedro volta para o
quartel caminhando e cantando baixinho, pois
nunca havia sentido uma alegria tão grande em
estar ao lado de alguém como a que sentiu
estando ao lado de Lorena.
Chegando ao alojamento do regimento contou
tudo para Elias nos mínimos detalhes, ele ficou
feliz por Pedro, mas como era um jovem de
cidade grande e um pouco mais acostumado
com as armações da vida deu um conselho ao
seu melhor amigo:- Só não se apaixone demais
amigão, isso pode doer mais tarde!
Pedro não entendeu o que o amigo disse, mas
também não importava naquele momento ele
era o homem mais feliz e realizado do mundo,
um soldado do exército como sempre sonhou e
para completar conheceu a mulher dos seus
sonhos, e mesmo sem haver tocado em sua mão
os momentos que passaram juntos foram
maravilhosos e brindados no final com uma
promessa de reencontro. Assim foram passando
os dias, Pedro estava muito bem em seus
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treinamentos no quartel, feliz como nunca havia
sido antes, chegado o dia do segundo encontro
ele estava no local combinado uma hora antes
aguardando ansioso e imaginando o que diria a
ela chegasse. Logo então ela surge sorridente e
linda caminhando em sua direção um frio
repentino corre por seu estomago como se
estivesse em uma montanha russa.
Após cumprimentá-lo sem que ele tivesse tempo
de falar ela diz: - Pedro aquele dia você me
disse tudo sobre você, agora quero contar sobre
mim! Na verdade ele sentiu até certo alivio de
ouvir isto, pois poderia relaxar um pouco e
admirar a linda moça enquanto falava.
Lorena contou tudo sobre ela e sua família, seu
pai era Capitão reformada da Força Aérea, sua
Mãe sempre foi do lar sendo sua principal
confidente e apoiadora em suas decisões, o Pai
também era um bom homem só que mais
acostumado com os costumes e regras militares,
que nem sempre funcionam dentro de um lar,
tinha também um irmão que era Cadete da
Força Aérea e pretendia seguir os passos do Pai.
Pedro fica meio assustado, pois imagina que não
seria ele o rapaz dos sonhos dos Pais de Lorena,
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mas fica também aliviado ao descobrir que o
jovem Cadete que a levara para casa naquele
dia era na verdade seu irmão e não seu
namorado! Mesmo Pedro sendo um humilde
recruta do exército, Lorena havia se encantado
com ele, um jovem sonhador que lutava por seus
objetivos e que também a fazia rir muito se
sentindo feliz ao seu lado.
Depois de conversarem bastante, parecia que
já se conheciam há muito tempo, sentaram-se
em um banco e permaneceram alguns
segundos em silencio simplesmente olhando um
para o outro, e sem que percebessem seus
lábios foram se aproximando até se tocarem
provocando um êxtase de felicidade interior
nunca antes experimentado por nenhum deles.
Depois do beijo apaixonado Lorena se despede
de Pedro, pois seu pai exigia que chegasse a sua
casa no horário marcado. De repente
aproximam-se do casal algumas amigas da
jovem, e uma delas pergunta: - Vamos embora
Lorena? Olhando com um ar sorridente para
Pedro. O casal se levanta com as mãos dadas, e
se olham com um desejo imenso de estarem
cada vez mais juntos, mas nem sempre se se
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pode fazer o que se deseje. Diante a situação
Lorena despede-se de Pedro dizendo:- Fiquei
muito feliz por estar com você hoje! Se quiser
podemos nos ver de novo. Imediatamente o
apaixonado soldado responde:- Nada me faria
mais feliz nesta vida que te ver novamente!
Sendo assim combinaram um novo encontro.
Ao saírem Pedro ouve uma de suas amigas
comentar: - Nossa Lorena, como ele é bonitinho!
E novamente ele volta para o quartel onde
agora era a sua casa, alegre e feliz, pois tinha
certeza que havia encontrado a mulher da sua
vida!
Finalmente o jovem acha o que lhe faltava, a
mulher dos seus sonhos, a visão mais bela já
comtemplada por seus olhos, dando-lhe uma
imensa felicidade seguida por um sentimento de
realização! E assim foram passando os dias,
Pedro em seus treinamentos e plantões de
guarda no quartel e nas poucas horas de folga o
casal se encontrava para terem lindos
momentos de amor. Como em toda história
romântica no começo é linda, assim também se
desenrolava a de Pedro e Lorena. Certo final de
semana eles combinaram se encontrar em uma
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cachoeira que havia numa estância fora da
cidade, mas de fácil acesso por todos que
moravam naquela cidade e passeavam por lá
aos domingos. Eles tiveram lindos momentos de
amor e paixão no local, durante um desses
momentos Lorena estava com seu amado
quando apaixonadamente disse-lhe: Pedro meu
amor quero ficar com você pelo resto dos meus
dias, pois nunca amei tanto alguém assim!
Pedro tomado pela emoção de sua alma
apaixonada, também lhe proferiu juras de amor
eterno dizendo: Também te amo como nunca
amei ninguém nesta vida e seria mais feliz morto
que longe de você! Após as apaixonadas
promessas de amor trocaram um longo beijo
apaixonado.
Mas a moça tinha que cumprir os seus horários e
Pedro preparou-se para leva-la embora, ele
nunca havia chegado próximo de sua casa,
sempre a deixava na pracinha onde se
encontravam, chegando onde se despediria de
sua amada alguns minutos depois um carro
encostou a uns trinta metros de onde estavam os
dois e abrindo a porta saiu um homem de
grande estatura, cabelos grisalhos e um grande
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bigode parecendo o do Capitão Aristóteles,
posicionando-se a porta do veiculo começou a
observa-los de longe no momento em que os
dois apenas conversavam. Pedro intrigado com
o Homem perguntou a Lorena: Meu amor você
conhece aquele homem? Quando ela se vira
para olhar toma um tremendo susto e com uma
voz tremula diz para Pedro: Tenho que ir agora,
aquele é meu Pai! Enquanto ela sai correndo em
direção a ele, o rapaz apenas observa sem
demonstrar nenhuma reação, pois já sabia
como era seu pai, e o que mais queria naquele
momento era evitar um confronto direto.
Entrando no carro Lorena aparentemente
assustada e com medo da reação do velho
Capitão, educadamente o cumprimenta
perguntando-lhe:- Olá Papai! O que o senhor
esta fazendo por aqui? O velho e experiente
Capitão Floriano como era chamado, com um
olhar de desconfiança e curiosidade responde
para a filha com outra pergunta:- Eu estava indo
para casa quando vi você conversando com
aquele soldado, quem é ele? Lorena quase que
gaguejando responde:- É apenas um amigo só
estávamos nos cumprimentando! O velho respira
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fundo, aguarda alguns segundos olha para sua
única filha com quem tem o maior cuidado e
diz:- Minha querida, por favor, não fique de
muita conversa com esses soldadinhos do
exército, eles vem para a nossa cidade somente
para cumprir o tempo obrigatório e depois vão
embora sem nem se despedir, e eu não quero
que você se envolva com essas pessoas.
A jovem não respondeu nada, apenas pensa
consigo mesma:- “Como ele pode falar assim de
alguém que nem conhece”! Em silêncio segue
para casa com o Pai que a partir de agora daria
uma atenção maior aos passeios da garota.
De volta a sua vida de soldado Pedro procura
Elias e conta o acontecido, pois estava
preocupado com Lorena e confuso não sabia o
que fazer, Elias aconselha dizendo:- Vai devagar
e com cuidado com esse namoro, o pai dela é
do alto escalão e isso pode trazer complicações
pra você! Mas a ultima hipótese que passaria na
mente do rapaz naquele momento seria se
separar de sua amada, uma atitude dessas
desmoronaria todo o seu mundo. Passados
alguns dias do susto o namoro volta a sua
normalidade. Pedro e Lorena encontrando-se
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nos finais de semana e vivem lindos momentos
de amor, em um desses momentos eles estavam
em um banquinho debaixo de uma arvore na
praça da cidade, olhando-se profundamente e
com a certeza que nunca mais poderiam se
separar, pois eram almas gêmeas unidas pelo
destino para viver um grande amor, com o
coração cheio deste sentimento a jovem diz ao
seu amado:- Meu querido Pedro, nada neste
mundo destruirá o que sinto nunca se esqueça
disso!
Ele fica emocionado com a declaração, mas
também preocupado, pois existiam muitas
barreiras entre os dois. Antes que ele pudesse
dizer algo, surge bem à frente o maior temor do
casal, o Capitão Floriano, que imediatamente
ordena à filha:- Lorena, para dentro do carro
agora! Assustada tenta dizer algo, mas o Pai sem
dar a menor chance de resposta repete a
ordem.
Sem dizer nada ela corre chorando para o
carro, deixando o pai na companhia do recruta,
que em pé com os olhos arregalados ouve a
advertência do Capitão Floriano:- Olhe aqui
meu rapaz não tenho nada contra você, nem
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mesmo te conheço! Prestando-lhe continência
em sinal de respeito ou talvez medo, diz o jovem:
- Meu nome é Soldado Pedro Capitão!
O oficial olha bem em seus olhos e dizendo:-
Muito bem Soldado Pedro, como eu lhe disse
não tenho nada contra você, mas acho que no
momento não é a pessoa certa para se
relacionar com minha filha, ela é muito jovem,
ainda esta estudando e você esta apenas de
passagem por aqui, então acho melhor não se
verem mais. Com imensa tristeza e um frio no
estomago Pedro responde ao Capitão Floriano
aquilo que o seu coração jamais responderia: -
Sim Senhor!
Ele sente que o risco de perder seu grande amor
começava a se tornar realidade, e talvez não
pudesse suportar a dor de uma separação.
No caminho de casa na companhia do Pai a
jovem Lorena não consegue segurar as lagrimas,
apesar de não dizer muita coisa Floriano fica
preocupado com a situação, pois o estava
visível à paixão da moça pelo rapaz. Dentro do
Regimento Pedro vai até grêmio recreativo de
seu esquadrão, onde seu companheiro Elias
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estava vendo tevê. Chegando lá se aproxima
dele e diz:- Elias venha comigo, preciso falar
com você! Ele responde:- Espere um minuto,
estão falando no noticiário sobre um Senador
que desapareceu na floresta amazônica.
Ele aguarda o amigo e também vê uma parte
do plantão do telejornal que dizia:- “A Polícia
Federal ainda não tem nenhuma pista do
desaparecimento do Senador Plácido Parreira,
que aconteceu nesta quarta-feira durante uma
visita a uma comunidade ribeirinha na
Amazônia”. Não esperando o termino da
matéria Pedro novamente chama o amigo, que
rapidamente se levanta e o segue.
Elias pergunta: - Que aconteceu você parece
desesperado? Ele responde:- Estou mesmo, o pai
da Lorena nos viu juntos e veio conversar
comigo! Elias pergunta: - Que disse a ele? Pedro
responde: Não disse nada, ele que me falou
para não encontra-la mais! Elias novamente
aconselha o amigo: - Pedro esqueça essa
garota, ela não tem nada de parecido com
você, ela é filha de um oficial, irmã de um
cadete e você apenas um recruta do exército,
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não precisa nem ser muito inteligente para saber
que esse seu namoro acabaria desse jeito!
O jovem soldado fica entristecido e não aceita a
situação, pois afinal tinha orgulho em ser um
soldado do exército, era um sonho realizado e
completado com o surgimento do sentimento
maravilhoso que unia o casal.
Aquela semana foi muito triste para o ele, que
não teve mais noticia de Lorena, na época não
havia telefones celulares ou internet para se
comunicarem. Algumas amigas dela também se
tornaram amigas de Pedro, e também gostavam
de passear na avenida onde estava sediado o
quartel com um enorme muro *vermelho branco
*(cores da cavalaria blindada) que se estendia
por cerca de oitocentos metros, logo no inicio
deste muro estava o portão das armas que é a
entrada principal vigiada vinte quatro horas ao
dia por dois sentinelas armados de fuzis e um
cabo portando uma metralhadora de calibre
nove milímetros.
Era uma sexta-feira e o soldado Pedro estava de
plantão no portão de entrada quando uma
moça aproximou-se, conversou com o cabo que
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estava no comando entregando-lhe um bilhete,
como Pedro estava de sentinela tinha que
permanecer imóvel, apesar de ter reconhecido
aquela jovem como uma das amigas de Lorena.
Recebendo o bilhete das mãos de seu superior
que também era seu amigo guardou-o no bolso
para ler depois da troca guarda, chegado o
momento sentou-se em um banco e abriu
aquele pedaço de papel temendo o que seus
olhos poderiam decifrar naquelas palavras, o
bilhete dizia o seguinte: -“Pedro meu amor estou
morrendo de saudades e com medo do que
pode nos acontecer, meu Pai não quer que eu
te veja, mas meu coração não suportaria tal
coisa, penso em você todos os dias, por favor,
não me esqueça, teremos que ficar algum
tempo sem nos vermos até que meu Pai se
acalme um pouco, entrarei em contato com
você não me procure”. Amo-te muito! Lorena.
Entristecido entendeu o jovem que aquilo era
necessário, também naquela semana os
soldados fariam um acampamento tradicional e
muito importante, onde ficariam oito dias na
mata recebendo treinamentos que os
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qualificariam como “combatente básico de
selva”.
Pedro pensou consigo mesmo:- “De agora em
diante serei o melhor soldado do Regimento e
mostrarei o meu valor”! Era madrugada de
segunda-feira quando o toque da alvorada
ecoou em todo o regimento, despertando os
guerreiros para o tão falado acampamento.
Seriam mais de trinta quilômetros de marcha até
o local do treinamento em uma reserva
ecológica militar.
Depois de uma hora do inicio da marcha calor
era intenso e todos podiam sentir o cansaço, as
pernas eram as mais afetadas devido ao
movimento constante suportando o peso do
corpo juntamente com uma mochila contento
barraca, equipamentos e o poderoso fuzil 762
que pesa cerca de 5 quilos sendo transportado
em bandoleira nos ombros, mesmo havendo
intervalos de quinze minutos para o descanso
em cada etapa não era o suficiente, mas a raça
do soldado brasileiro era capaz de superar esta
e muitas outras dificuldades. Chegando ao local
acampamento estava tudo preparado, os
soldados montaram suas pequenas barracas,
Amor Verde Oliva
71
onde os de grande estatura ficavam com os pés
para fora quando deitados.
Terminada esta etapa todos ficam em
formação frente a um palanque onde o
comandante faz um pronunciamento para
todos, e dá como iniciada a “OPERAÇÃO BOINA
PRETA” como era chamada, pois todos que
fossem até o final do acampamento,
receberiam em uma linda cerimonia no
Regimento, a tão cobiçada “BOINA PRETA” e o
titulo de “Combatente Básico de Selva”.
Separados em agrupamentos de mais ou menos
vinte ou vinte cinco soldados, comandados por
sargentos e cabos, seguiram em marcha
acelerada para as *oficinas * (locais onde
receberiam treinamento especifico).
O soldado Pedro estava determinado a ser o
melhor em seu grupo e para isso usaria toda sua
vontade, força e energia, requisitos essenciais
para o sucesso de uma missão militar, entre uma
oficina e outra havia algumas de longa distancia
a percorrer, logo na primeira nosso jovem
soldado teve um desempenho perfeito, sem um
minuto de descanso após a chegada ao local
Amor Verde Oliva
72
começava o ensinamento da primeira tática de
combate.
Sentados no chão os soldados assistiam com
pequena lousa portátil o Sargento Instrutor
ensinar todas as táticas de camuflagem em
combate, chegada a hora de colocar em
prática, foi ordenado a todos que com uma
pequena pá cavassem uma trincheira em
apenas alguns minutos, enquanto eles
realizavam a tarefa os graduados ficavam a sua
volta gritando e pressionando para que
cumprissem a missão mais rápido possível ou
iriam fazer flexões até seus braços não
aguentarem mais. Com algumas bolhas na mão
e quase tendo um ataque de câimbra Pedro foi
o primeiro a terminar.
A partir daquele momento Pedro passou a ser
observado pelo Sargento Falcão, que também
era um dos coordenadores da operação devido
sua larga experiência militar, cada vez mais
motivado pelo descaso sofrido pelo pai de sua
amada, nosso jovem guerreiro avançava como
um carro de combate impenetrável,
destacando-se dos demais companheiros.
Amor Verde Oliva
73
Ele não queria ser apenas um recruta por muito
tempo e daria tudo de si para conquistar seu
objetivo maior, que era uma posição de
destaque dentro do seu esquadrão, pois isto lhe
acrescentaria muito em seu currículo. Os dias
foram seguindo as tarefas dificultando-se cada
dia mais e ele não fraquejava seguia firme com
o um combatente sedento por atingir o seu alvo.
Era a força do amor agindo com todo o seu
poder e persistência no coração, no corpo e na
alma de um soldado, amor pelo verde oliva de
suas vestes, pela pele alva, voz suave e os lábios
mais doces que já provou os de sua amada e
inesquecível Lorena! Embalado nesta força
chega com seu grupo chega a mais temida e
comentada das *oficinas da operação,
chamada Prisioneiro de Guerra!
Durante o combate o soldado fica exposto a
vários riscos, entre eles ode tornar-se um
prisioneiro de guerra e deve estar preparado
para esta situação. A oficina prisioneiro de
guerra tem como finalidade, dar uma pequena
amostra da situação que irão encontrar.
Chegando ao local como de costume tiveram
primeiramente o treinamento teórico e depois o
Amor Verde Oliva
74
prático, que era a parte mais difícil. Pedro como
sempre por ser voluntário foi o primeiro a ser
chamado para uma demonstração de técnicas
de interrogatório usadas em combate para
extrair informações de prisioneiros, o famoso Pau
de Arara foi a primeira a ser apresentada, com o
jovem soldado fazendo o papel de um
prisioneiro foi colocado em um galho reto de
mais ou menos dois metros de comprimento e
elevado para encaixar-se em dois pequenos
mastros de um metro e meio de altura com duas
*forquilhas (* galhos abertos em formato de V),
ali foram demonstradas as técnicas de torturas
que eram submetidos os prisioneiros de guerra,
tudo feito por oficiais treinados, neste tipo de
tarefa tudo é devidamente calculado para não
ocasionar lesões ou ferimentos aos recrutas,
somente um pouquinho de sofrimento para não
se esquecerem do que foi ensinado.
Após oito dias terminaram os treinamentos da
Operação Boina Preta e Pedro havia passado
por todas as etapas com louvor, conseguindo
até alguns elogios de seus superiores, retornando
ao regimento foi organizada uma cerimônia
com a presença dos familiares e amigos dos
Amor Verde Oliva
75
soldados para a entrega da famosa Boina Preta
que os qualificando-se como “Combatente
Básico de Selva”.
Assim como todos os presentes Pedro estava
muito feliz, pois seu sonho de uma carreira militar
estava se desenrolando, faltando somente uma
coisa para completar aquele momento, sua
amada Lorena! Qual não foi a surpresa do rapaz
quando estava em formação junto com a tropa
e olhou para os presentes na cerimônia e pode
ter uma visão que lhe fez transbordar de
felicidade e alegria, pois aquele rosto meigo,
alvo e lindo que um dia avistara em uma
sorveteria na pracinha da cidade, naquele
momento estava enviando-lhe um lindo sorriso e
um aceno, sem poder retribuir pela imobilidade
de um soldado em formação militar o jovem
expressou também um sorriso carinhoso e
discreto simbolizando um gesto de amor!
Terminada a cerimônia seus familiares dirigiram-
se em sua direção abraçando o jovem e
parabenizando com muito orgulho e satisfação
pelo feito conquistado, imediatamente depois
sem perder os olhos a de sua amada o jovem foi
em sua direção e abraçando-a Pedro não
Amor Verde Oliva
76
conseguiu emitir sequer um som de sua boca,
pois seus braços falavam por si entrelaçando a
jovem com a força de um amor indestrutível e
sedento pelo calor de seu corpo! Ao tocar de
seus lábios sentiram-se como se não mais
estivessem naquele lugar elevando-se ao ápice
da satisfação e do prazer! Pedro com os olhos
úmidos e voz tremula pela emoção diz a ela: -
Lorena minha querida, nunca mais quero me
distanciar de você, pois entendi finalmente que
não sou mais capaz de viver sozinho! A bela
donzela também já com as lagrimas escorrendo
pela face responde: - Eu também não sei viver
sem você meu querido Pedro, só DEUS sabe o
quanto sofri sem a sua presença e estou
decidida a enfrentar tudo e todos para ficarmos
juntos para sempre!
Aquela tarde foi maravilhosa para o valente
soldado que pode apresentar Lorena para sua
família, que ficou imensamente encantada com
a jovem. Mas nem tudo na vida se resume em
felicidade e momentos maravilhosos, pois não
muito longe dali o Capitão Floriano pai de
Lorena sabia onde a filha estava, mas não quis
interferir já que havia tomado uma decisão que
Amor Verde Oliva
77
segundo ele colocaria um fim no romance dos
dois.
Por ser um militar de influencia tinha muitos
conhecidos no meio das *três armas (Exército,
Marinha e Aeronáutica).
Usando seu poder de amizades junto ao alto
escalão do exército conseguiu um presente de
grego para o jovem Pedro, que naqueles dias
cumpria suas obrigações em sua unidade, feliz
por sua conquista. Era uma manhã de segunda-
feira durante a formação militar do esquadrão
quando sargento Falcão ordena em voz alta: -
Soldado Pedro fora de forma! O rapaz
apreensivo sai da formação e se apresenta
frente ao Sargento que lhe diz: - Soldado
apresente-se imediatamente na sala do Capitão
Aristóteles!
O rapaz nem indagou nada ao graduado, pois
uma das primeiras regras militares é de que
ordem dada é ordem cumprida, receoso e
munido de uma curiosidade enorme o jovem
combatente apresenta-se no gabinete de seu
comandante, entrando o Capitão ordena-lhe
que fique à vontade e sente-se frente a sua
Amor Verde Oliva
78
mesa. Por alguns instantes o oficial permanece
em silêncio assinando alguns documentos e nem
olha para ele, depois dá uma longa respirada
estica as costas na cadeira e olhando fixamente
nos olhos do garoto assustado lhe diz: Soldado
Pedro!Tenho recebido muitas boas referências
sobre o seu desempenho nos treinamentos,
tanto teóricos como práticos, inclusive seu
comandante e instrutor Sargento Falcão me
disse devíamos explorar este seu desempenho
oferecendo-lhe uma chance de fazer uma
carreira militar. Por isso resolvi recomenda-lo para
o Curso de Formação de Cabos em uma de
nossas unidades de fronteira no norte do País.
Assustado e ao mesmo tempo alegre pelo
reconhecimento ele não sabia como reagir, pois
imediatamente em sua mente surgiu a real
possibilidade de distanciar-se de Lorena! Sem
tempo para que o rapaz pense ou responda
algo o Comandante conclui: - Parabéns soldado
você parte em uma semana! E em alta voz
ordena: - Dispensado!
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79
A partida
Amor Verde Oliva
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Sem saber como reagir ele sai do gabinete
quase catatônico, depois de alguns passos
consegue conscientizar-se que esta em um
dilema terrível, pois terá que decidir entre o
sonho de sua vida que é uma carreira militar e o
seu verdadeiro amor!
Durante todo aquele dia Pedro cumpriu suas
obrigações e serviços os quais estava designado,
mas por nenhum segundo deixou de pensar na
situação em que estava naquele momento de
sua vida. Pensar em ficar sem a sua amada era
algo que seu coração jamais poderia aceitar,
mas por outro lado jogar seu sonho pela janela
seria um alto preço a pagar. Nas forças armadas
principalmente no exército não é aceitável a
recusa de uma chance de subir no escalão
hierárquico, pois se isto acontecer raramente se
terá uma nova chance já que muitos anseiam
esta oportunidade.
O jovem soldado procura seu amigo Elias e se
abre com ele contando tudo que estava se
passando, com uma forte angustia no pergunta
ao amigo: - O que eu faço meu amigo? Não
posso jogar o meu sonho pela janela e nem ficar
sem o grande amor de minha vida, que devo
Amor Verde Oliva
81
escolher? Sem muito rodeio o amigo responde
sabiamente ao colega: - Meu amigo nem tudo o
que queremos podemos ter nesta vida, mas meu
Pai costuma me dizer que em toda situação se
tivermos um pouco de paciência e meditação
conseguimos encontrar um meio termo.
No auge de sua agonia em tomar a decisão
correta, não havia achado solução alguma,
decidiu então acatar o conselho do amigo e
tirou aquela noite para meditar e encontrar este
meio termo. Na manhã seguinte quando se
preparava para o café da manhã foi abordado
por seu amigo que lhe disse: - Tenho a solução
para você Pedro! Com um tom de alegria
continuou: - Lembrei-me de um amigo de meu
Pai que era caminhoneiro e viajava o País todo e
ficava até três meses sem visitar a família por
causa do trabalho, mesmo assim foi casado por
trinta anos e só parou de viajar quando se
aposentou você vai dizer pra Lorena que será a
mesma coisa e que ele deverá te esperar, pois
disso depende o futuro dos dois! Novamente
abraçando o amigo Elias exclamou: - O que
seria de você sem mim Pedrão!
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82
Sem a mesma empolgação o apaixonado
combatente concordou, pois sabia o que dizer
já que havia decidido não desperdiçar a
oportunidade que lhe fora dada pelo Capitão
Aristóteles. Ao findar-se o dia de trabalho ele saiu
de seu Regimento para encontrar-se com
Lorena no mesmo local onde se conheceram
encontro este que haviam marcado desde o dia
daquela cerimônia.
Estavam quase em meados do ano eram oito
horas da noite com poucas estrelas no céu, o
movimento no local também era reduzido, uma
brisa de inicio de inverno balançava as folhas
das arvores suavemente. De repente surge
caminhando em sua direção a maior alegria de
sua vida e seu maior incentivo em ter uma vida
vitoriosa, alegria esta que atendia pelo nome de
Lorena!
Emudecidos aproximaram-se um do outro em
com um forte abraço seguido por calorosos
beijos apaixonados por alguns minutos nada
disseram um ao outro, apenas desfrutaram
aquele momento como se fosse o ultimo ato de
amor de suas vidas, sem nada saber Lorena
parecia sentir que ficaria longe de seu amor.
Amor Verde Oliva
83
Após uma parcial satisfação na troca de
caricias sentaram-se no mesmo banquinho onde
tudo começou, e Pedro olhando fixamente em
seus olhos com os seus já umedecidos diz: - Amor
eu tenho uma boa noticia para te dar! Ela
assustada pergunta-lhe: - Se a noticia é tão boa
porque sinto esta tristeza tão grande em seu
olhar? Ele responde: - O Capitão Aristóteles me
ofereceu uma oportunidade de graduação que
era um grande sonho pra mim como foi o de
ingressar no exército, só que para isto teremos
que nos distanciar por algum tempo já que esta
oportunidade esta no norte do País! A jovem
sem poder se controlar cai em lagrimas ao
imaginar-se longe de Pedro, ele imediatamente
a toma em seus braços na tentativa de consolar
a pobre moça e a si mesmo!
O rapaz continua: - Ele ofereceu-me um curso
que pode durar cerca seis meses, depois pedirei
transferência para voltar ao meu regimento de
origem, tenho amigos que conhecem soldados
que fizeram isso e hoje são graduados como
Sargento e vivem com suas famílias desfrutando
de um bom salario, meu amor eu só peço que
você esteja esperando por mim quando voltar e
Amor Verde Oliva
84
eu te prometo que nunca mais nos separaremos!
Conclui o soldado apaixonado.
Ela concorda com e lhe promete estar de
braços abertos esperando quando voltasse, pois
também queria o melhor para ele e entendeu
seu posicionamento compreendendo que o
amor exige sacrifícios. Com a voz rouca e quase
soluçando ela diz: - Não vou deixar de pensar
em você um só momento, vou escrever todos os
dias e este tempo somente servirá para
aumentar o meu amor por você! Depois dessas
palavras cai em seus braços, dominada pelas
lagrimas, sentindo o calor de seu corpo e seu
cheiro para guardar na memória durante o
tempo em que estivesse longe.
Depois da sofrida despedida o Soldado Pedro
segue para o quartel onde ele residia cumprir
sua rotina de soldado e preparar-se para a sua
partida ao norte do País que seria em alguns
dias.
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85
A selva
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Nem mesmo imaginando que o Capitão
Floriano estava por traz desta transferência
repentina, Pedro prepara-se para sua viagem
em uma manhã ensolarada do final do mês de
maio, ele organiza todo seu equipamento, suas
rupas e sai do alojamento para despedir-se de
alguns amigos, o primeiro que encontra
esperando do lado de fora é seu fiel parceiro
Elias, que com um apertado abraço diz: - Não
sei como você vai se virar sem mim, vai com
Deus meu amigo, e boa sorte! Emocionado
Pedro diz para Elias: - Não vou me esquecer de
você amigão, logo estarei de volta e com divisas
nos braços para você me pagar muitas flexões!
Entre gargalhadas os dois se despedem
juntamente com os outros do esquadrão,
seguindo para o *portão das armas * (saída do
quartel) onde uma viatura o levaria a base
aérea da cidade para embarcar em um avião
Hercules C- 130 carregado de suprimentos, na
saída nosso herói observa toda a arquitetura do
seu querido Regimento onde tudo começou,
pois já amava aquele local como sua casa!
Chegando a Base Aérea ele fica admirado com
o tamanho e a imponência do robusto Hercules
Amor Verde Oliva
87
C-130, um avião cuja função principal, é o
transporte aéreo de cargas armamentos e
paraquedistas de varias forças armadas em todo
o mundo, capaz de decolar e pousar em
pequenas pistas improvisadas. Além de
suprimentos também embarcaram alguns
militares da Força Área com o objetivo de
executar missões de reconhecimento de
fronteira naquela região.
Dentro da nave, acomodado a uma poltrona, e
preso a fortes cintos de segurança, o jovem
combatente imagina o lindo rosto de sua
amada e relembra os momentos de amor e
paixão que juntos viveram naquela cidade que
ficava para trás e cada vez mais distante sob o
ronco dos poderosos motores do Hercules.
Depois de três horas desembarca no seu destino
em plena floresta amazônica numa unidade de
Comando Especial de Fronteira para iniciar seus
treinamentos e lutar pelo seu futuro nas forças
armadas.
Era outra realidade para o jovem soldado,
completamente diferente daquela do interior do
estado de São Paulo, logo na entrada do
Quartel pode avistar vários pelotões em
Amor Verde Oliva
88
formação, já em pesado treinamento físico, o
que fazia parte da rotina daquela unidade.
Depois de se apresentar ao seu comandante
Major Campos militar de vinte e dois anos de
carreira com varias condecorações, treinado
em guerra na selva e experiente no combate
direto por já ter participado de vários conflitos
naquela região com garimpeiros e guerrilheiros
que atravessavam a fronteira.
Pedro foi encaminhado para seu alojamento,
como o horário do *rancho (Refeição) já havia
passado e iniciado o período da tarde o
comandante cedeu, resto do dia para sua
instalação e reconhecimento do local, seu guia
neste dia foi um soldado chamado Ubiratã, que
automaticamente tornou-se seu primeiro amigo.
Em certo momento o recém-chegado disse ao
novo amigo: - “Ubiratã”, eu posso perguntar
uma coisa? Ele responde com um sorriso, como
se já soubesse o que era, é claro soldado!Ele
então pergunta: - De onde você veio? Era uma
pergunta meio indiscreta, pois acabava de
conhecer o rapaz, mas isto foi devido aos seus
traços faciais e pele parda que indicavam
sangue indígena, tendo ouvido falar que os
Amor Verde Oliva
89
índios daquele lugar não eram muito amigáveis
e não gostavam de conviver com os brancos,
Pedro não resistiu à curiosidade de saber a
origem do soldado Ubiratã, que já era
acostumado com isto e sem um pingo de
constrangimento e até achando engraçado o
receio do jovem ele responde: - Venho do norte
do grande rio da fronteira, meu povo esta aqui a
muitos e muitos anos, tantos que nem sei quanto,
povo que amo mais do que a mim mesmo, tanto
que hoje uso esta farda para defendê-lo de
homens gananciosos que vem do outro lado do
rio.
Pedro fica encantado com a história do Soldado
Ubiratã e com vontade saber mais, já que nunca
havia imaginado que índios podiam fazer parte
das Forças Armadas, mas resolve deixar sua
curiosidade para ser saciada outo dia, afinal eles
haviam acabado de se conhecer. E com
tapinha de leve nas costas do jovem, pois havia
simpatizado com ele Ubiratã lhe diz: - Agora
acho melhor você descansar um pouco.
Levando-o para seu alojamento se despede
encaminhando-se para outros afazeres. Depois
do rancho da noite chega a hora mais difícil, era
Amor Verde Oliva
90
quando sua mente e seu coração o traziam-lhe
as lembranças de sua amada que ficara muito
distante, já na primeira noite ele começa a
escrever sua primeira carta contando tudo o
que aconteceu inclusive que havia conhecido o
primeiro índio em sua vida e que não usava
cocar e nem arco e flecha, e sim uma farda
camuflada e portava um *FAL 762(Fúsil
Automático Leve) de fabricação Belga na
época.
São seis horas da manhã e o corneteiro local
anuncia a alvorada para toda a unidade do
Comando Especial de Fronteira, o novo lar do
nosso soldado, em frente ao prédio do
Comandante havia um pátio enorme onde todo
o efetivo entrava em formação para os
comunicados diários do Comandante e o
hasteamento da Bandeira Nacional. Depois que
o efetivo imóvel em posição de sentido estava
em formação voltado para a direção de um
palanque ao lado do mastro da Bandeira, Surge
aquele homem de um metro e oitenta com
longas botas, uma farda camuflada, boina
verde e trazendo consigo uma mascote que os
olhos de Pedro não puderam acreditar era uma
Amor Verde Oliva
91
onça pintada que o acompanhava como se
fosse um cão de guarda, subindo no palanque o
imponente Major Campos começou seu
pronunciamento dizendo: - É com muita honra
que estou mais um dia no comando desta
unidade de fronteira, tarefa esta que me foi
confiada pelo Coronel Luís Felipe até o seu
retorno da capital federal onde está reunido
com o alto comando militar, todos sabem a
situação de alerta que nos encontramos devido
as infiltrações de garimpeiros e militantes
mercenários de nações vizinhas em nosso
território, por isso peço grande empenho de
todos em suas tarefas diárias e treinamentos, pois
“o Exército pode permanecer mil anos sem ser
usado, mas não pode ficar um minuto sem estar
preparado”, contando com o apoio e
dedicação de todos iniciaremos mais um dia
com a graça de Deus prontos para morrer pela
soberania de nossa Pátria qualquer que seja a
hora!
Terminado o pronunciamento do comandante,
ao toque da corneta inicia-se o hasteamento do
pavilhão nacional, apresentando armas todos
olham fixamente para a bandeira nacional.
Amor Verde Oliva
92
Pedro nunca sentiu tanta emoção em sua vida,
o que sempre sonhou quando criança estava
acontecendo com ele, pois amava tudo aquilo
e neste dia teve a certeza que era isto que
queria para o resto de sua vida.
Logo depois foi encaminhado ao gabinete do
comandante para sua apresentação oficial e
designação, chegando à presença do
comandante o jovem coloca-se em posição de
sentido conforme as normas militares informando
seu numero e nome de guerra, em seguida o
mesmo pede-lhe que fique a vontade e diz: -
Muito bem soldado Pedro, em seu
encaminhamento para nosso comando,
enviado por seu Regimento, você tem boas
referencias e consta também aqui sua
dedicação ao serviço militar durante o tempo
em que esteve naquela unidade, espero que o
mesmo seja procedido neste comando, vou te
encaminhar para o Sargento Ananias treinador
do seu agrupamento no curso de cabo e
lembre-se soldado a partir de agora você será
um combatente de selva e isto exigirá muito
mais de você acompanharei o seu
desempenho, por enquanto é só isso soldado!
Amor Verde Oliva
93
Pedro põe-se de pé em posição de sentido
pedindo permissão para se retirar da presença
do seu comandante, que o libera na mesma
hora. Ao sair fica por alguns instantes parado em
frente ao prédio do comando observando toda
movimentação do pátio daquele lugar
totalmente novo, os soldados com fardamentos
típicos de combate em selva correndo em
marcha acelerada, as viaturas que passavam
de um lado para o outro cruzando todo o local,
naquele pequeno momento ele sente como se
estivesse dentro de um dos filmes que assistia
quando criança em sua casa naquela pequena
cidade em que morava.
Mas o momento de êxtase é interrompido
quando ele é chamado por Ubiratã: - Vamos
embora soldado o sargento Ananias estas nos
esperando. E os dois seguiram para onde seria
iniciado naquele dia o aprendizado para o curso
de cabos, chegando lá no momento em que o
graduado estava colocando todos enfileirados
para dar inicio aos treinamentos. Rapidamente
os dois entram em formação e o Sargento
começa comunicando: - Todos que estão aqui
hoje são candidatos a uma graduação militar, a
Amor Verde Oliva
94
primeira que receberão se forem merecedores e
cumprirem todas as determinações, técnicas e
estratégias que aprenderão, todos serão
avaliados por mim e somente eu aprovarei ou
não o desempenho de cada um, sou muito
rígido em meus critérios e noventa por cento do
treinamento será em selva, tenham um bom
curso e deem o melhor de vocês!
O jovem percebe que naquela unidade tudo
era levado muito a sério principalmente o
treinamento prático, pois disso dependia a
sobrevivência dos mesmos em incursões na
mata fechada, foi um dia de muito suor e
trabalho militar duro, Pedro lembra-se dos seus
primeiros dias no Regimento do sul do País que
também não foi brincadeira, os dias vão
passando ele vai se familiarizando com o local,
fazendo amizades, até mesmo gostando do
aprendizado duro, pois tinha a certeza que
havia nascido para aquilo. O difícil para ele era
a chegada da noite, quando ia para seu
alojamento e saudade torturava seu peito com
recordações dos momentos de amor e paixão
vividos com sua amada Lorena, que já não
estava mais ao seu lado.
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Com o coração partido pela dor da separação
alia-se aos únicos amigos que podem ajuda-lo
naquele momento de dor, a caneta e o papel e
com eles conta tudo o que esta acontecendo
em sua vida naqueles dias, juntamente com
apaixonadas juras de amor e promessas de
voltar aos seus braços assim que for possível,
para nunca mais se separarem.
Os dias se passam e naquela cidade militar do
interior do sul do País onde sua cara metade
vivia, um carteiro se desloca calmamente com
sua bicicleta parando em frente uma bela casa
para entregar uma correspondência
endereçada para uma moça chamada Lorena,
tocando a campainha ele é recebido pela
própria jovem que parecia já estar esperando!
Ao ler o remetente a alegria toma conta de
Lorena que corre para o quarto, curiosa em
saber como esta seu querido e amado Pedro,
logo que começa a ler as lagrimas tomam conta
de rosto derramando as gotas de amor em todo
o papel, terminando abraça a carta se
recostando em seu travesseiro imaginando tê-lo
ao seu lado.
Amor Verde Oliva
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E na floresta amazônica o treinamento segue
em ritmo acelerado, com sua juventude,
disposição e preparo recebido em seu
regimento de origem o soldado Pedro vai se
enquadrando nas características exigidas de um
combatente de selva, seu treinamento do curso
estava quase no fim quando foi convocado
juntamente com outros soldados para uma
missão no leito do rio da fronteira cerca de
cento e cinquenta quilômetros do Comando.
Amor Verde Oliva
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O confronto
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O grupo convocado se reuniu com o Sargento
Ananias que seria o comandante da missão,
contando com dezessete soldados participantes
em uma sala de palestras ele passou todas as
coordenadas dizendo: - Vocês foram
selecionados por serem os melhores e se
destacado em seus agrupamentos, esta missão
será no meio da floresta seguindo o leito do rio,
faremos a segurança e retaguarda de um grupo
de estudantes universitários em um trabalho
voluntário com as comunidades a margem do
rio, chegaremos dois dias antes deles e
montaremos acampamento, vamos preparar o
local para o pouso do helicóptero que os
deixará conosco, partiremos na segunda-feira,
portanto vocês terão o final de semana para
organizarem todo o equipamento da missão!
Após sua explanação dispensou o grupo para
iniciarem os preparativos.
O soldado Ubiratã também foi convocado fato
que deixou Pedro muito contente, pois ele era
naquele momento como seu amigo Elias que
sempre esteve junto nos momentos bons e ruins
do começo de sua vida militar, Ubiratã
repetindo o gesto como no dia em que se
Amor Verde Oliva
99
conheceram dá uns tapinhas nas costas de
Pedro e lhe diz: - Agora será de verdade
Soldado *Hama! *(Hospede no vocabulário
Yanomami), apelido que havia dado a Pedro
que sempre lhe contava sobre seu desejo de
voltar para sua amada com as tão sonhadas
divisas de graduação nos braços.
Segunda-feira três horas da manhã inicia-se a
alvorada para o grupo da missão que parte logo
em seguida e após quarenta minutos dentro de
uma embarcação militar fortemente armada
portando uma metralhadora de grosso calibre,
parte rumo ao seu destino. A região era palco
de alguns conflitos entre mercenários do outro
lado da fronteira, garimpeiros clandestinos com
o exército local motivo pelo qual não
economizavam equipamentos de combate ao
transitarem por ali. Apesar da lindíssima visão da
natureza durante a viagem o Soldado Pedro
estava receoso e com certo medo pelas histórias
contadas pelos soldados, por isso pergunta para
Ubiratã que estava sentado ao seu lado na
embarcação: - Ubiratã meu amigo você já
presenciou algum combate com os guerrilheiros
por aqui? Com um pequeno sorriso e a
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tranquilidade de quem estava em casa, pois a
floresta era o seu berço ele responde: - Fique
tranquilo Hama nosso exército é muito bem
treinado e equipado para este tipo de ação,
eles sempre que nos encontram estão em
pequeno numero e logo se entregam para evitar
*baixas (*mortes). Pedro recebe a resposta com
certo alivio e tranquilizando-se mais durante a
viagem, algumas horas depois a barca com o
destacamento chega ao seu destino, após
desembarcarem todo o equipamento e montar
acampamento a margem do rio, preparam a
área para o pouso do helicóptero que chegaria
com a equipe de estudantes voluntários para o
trabalho comunitário que seria feito em uma vila
próxima dali.
O Sargento Ananias reúne o grupo e anuncia a
equipe que efetuaria a guarda naquela noite
escalando o Soldado Pedro e Ubiratã, foi uma
noite difícil já que eles estavam cansados da
viagem que havia começado muito cedo, logo
na chegada também prepararam o
acampamento e o local do pouso, na sua
primeira noite na selva em uma missão real com
armamento e munição de verdade Pedro
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passaria acordado, assustado com o silencio da
noite, os sons da floresta e mesmo cansado ele
não cochila um minuto sequer. Terminando a
noite sem alterações e problemas, os dois
amigos passam o serviço para os guardas do dia
e saem para tomar o café da manhã, depois de
se alimentarem Ubiratã diz ao amigo: - Vamos
dar umas voltas Pedro? Quero te mostrar
algumas coisas.
Eles se afastam um pouco do acampamento
entrando na floresta, Ubiratã começa a mostrar
algumas plantas típicas da região como a flor
da Amazônia, o trevo cumaru, a mangarataia,
capim santo e outras plantas que trazem vários
benefícios medicinais para os seres humanos, ele
mostra também as variedades de aves e animais
que existem na floresta, depois lhe conta uma
história: - Quando eu era pequeno em minha
aldeia meu povo não gostava do contato com
o homem branco, pois já havia ouvido muitas
histórias contadas a nós por outros povos sobre a
sua ganancia, mas como meu Pai que era de
descendência de chefes em nosso povo
resolveu sair e conviver com o homem branco
por algum tempo e conhece-lo e descobriu algo
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102
terrível, que o seu poder era muito grande e
jamais poderíamos combate-lo corpo a corpo,
sendo um guerreiro inteligente aprendeu como
conseguir aquilo que o homem branco mais
amava o ouro, adquirindo uma boa quantidade
conseguiu me enviar para a capital para estudar
com o homem branco e aprender como lutar e
defender a nossa gente, deixando minha Mãe,
meu Pai e meus sete irmãos mais novos estudei
por alguns anos na capital, no começo pensei
em ser um engenheiro ganhar muito dinheiro
para ajudar o meu povo, mas descobri que todo
o dinheiro que ganhasse com a profissão não
bastaria para resolver os problemas da minha
nação, depois pensei em ser um politico chegar
até o senado ou a câmara dos deputados e
assim cumprir a minha missão, mas qual não foi a
minha decepção ao saber que os mesmos nada
fazem que não seja em beneficio próprio e
sozinho não conseguiria nada, até o dia que li
uma matéria em um jornal sobre o exército e seu
trabalho nas fronteiras defendendo nossa
floresta dos invasores gananciosos e as reservas
indígenas, foi então que descobri que esses
homens davam as sua vidas para conservar tudo
aquilo que faz parte da história e da minha
Amor Verde Oliva
103
gente apesar de não ser divulgado e de não
receberem nenhuma homenagem por isso.
Porque não existe nada mais honroso para um
homem que dar a vida pelo seu povo e pela sua
terra, por isso hoje uso esta farda com muito
orgulho defendendo tudo isto que você esta
vendo.
Pedro fica emocionado com tudo que ouve e
como sinal de aprovação e afeição pelo amigo
lhe dá um abraço dizendo: - Parabéns meu
amigo seus País, seus irmãos e todo o seu povo
devem se orgulhar muito de você, porque eu me
orgulho de ser seu amigo!
Mas aquele belo momento é interrompido pelo
som estarrecedor de rajadas de metralhadoras
que vem da direção do acampamento, Pedro
pergunta assustado: - O que é isto? Antes que o
amigo possa responder junto com os tiros ouvem
o estrondo de uma explosão semelhante ao som
de granadas, imediatamente saem correndo
por entre os arbustos em direção ao local dos
tiros, chegando perto puderam avistar a fumaça
de focos de incêndios, os tiros começam a
cessar e deitados atrás de um barranco viram
vários soldados atravessando o rio e
Amor Verde Oliva
104
desembarcando no acampamento eles usavam
fardas verdes bem rusticas e seu armamento
não eram padronizados, puderam ver também
seus companheiros de arma tombados ao solo
imóveis.
Assustados não sabiam o que fazer, pois o
numero do inimigo era maior do que eles sem
contar que estavam desarmados, quando
saíram deixaram seus fuzis no acampamento.
Pedro pergunta assustado: - O que é isso meu
Deus? Quem são eles? O amigo responde: - São
guerrilheiros mercenários do outro lado da
fronteira, vamos embora daqui, temos que
informar ao Comando! No instante em
começam a se levantar sentem um metal ainda
quente tocar suas nucas ouvindo uma voz alta
lhes ordenar algo que não entendem direito,
pois era em outro idioma, pondo-se de pé
lentamente com as mãos na nuca os dois
soldados se rendem ao inimigo que os leva para
o centro do acampamento. Guiados sob a mira
das armas que fortemente tocavam suas
costelas empurrando-os para frente eles
chegam à presença de uma mulher fardada
que parecia dar as ordens por ali, ela conversa
Amor Verde Oliva
105
com os dois soldados sob o seu comando e
depois olhando fixamente ara os olhos de Pedro
golpeia-o com a coronha do fuzil em seu rosto
ele cai imediatamente sentindo o gosto do
sangue em sua boca, Ubiratã também é
golpeado na nuca e coloca-se de joelhos diante
da mulher inescrupulosa.
Pedro pensa em sua família que não via há
tempos e em sua amada Lorena e tem a certeza
que nunca mais os veria, pois aquele instante
seria o ultimo de sua vida e de seu companheiro
Ubiratã, mas a mulher emite outra ordem e seus
dois comandados que levantam os prisioneiros
pelos braços colocando-os novamente diante
dela que desta vez fala com os dois em seu
próprio idioma: - Vou perguntar para vocês
somente uma vez e dependendo da resposta
pagarão com suas vidas! E continua: - Qual
destacamento vocês pertencem e o que
estavam fazendo por aqui? Ubiratã responde
para a mulher: - Pertencemos a este
destacamento e estávamos procurando
algumas plantas quando ouvimos os tiros e
viemos para cá. Com um olhar de desprezo ela
diz ao soldado: - Que vergonha, um índio
Amor Verde Oliva
106
defendendo esse sistema capitalista! E
novamente com violência golpeia o pobre
rapaz que cai novamente ao solo, Pedro tenta
reagir em defesa do amigo, mas novamente
tem uma arma engatilhada em sua cabeça que
também recebe um golpe. Os dois foram
acorrentados pelo pescoço e forçados a
carregar para os barcos todo o equipamento,
munição e armamento que eles puderam
pegar, durante a tarefa puderam ver seus
companheiros caídos no chão, baleados e
sangrando, alguns estavam vivos e gravemente
feridos sem forças nem para se levantarem
depois de todo o equipamento carregado os
dois foram levados de barco para o outro lado
do rio como prisioneiros e seus amigos deixados
ali ao solo. Dentro do barco Pedro pode ouvir
quando a um dos guerrilheiros chamou a mulher
pelo nome dizendo: - Comandante Dolores!
Soube então seu nome e a sua patente entre
eles, chegando do outro lado, Pedro e Ubiratã
desembarcaram juntamente com a mulher e
alguns soldados da guerrilha, enquanto o
restante subia o rio com os equipamentos
roubados do exército. Seguindo uma trilha que
Amor Verde Oliva
107
vai para o interior da floresta eles são levados
pelo grupo de terra.
Algumas horas depois o helicóptero com a
equipe de estudantes universitários sobrevoa o
acampamento constatando o ataque e
comunicando o Comando do Exército sobre o
acontecido. Alguns quilômetros no interior da
floresta os dois soldados continuam sendo
levados com o grupo por trilhas desconhecidas
e caminhos usados somente pelos próprios
guerrilheiros, depois de horas de caminhada
com as mãos amarradas, correntes laçadas ao
pescoço e feridos pelos golpes que sofreram
quando aprisionados, suas forças estão quase se
exaurindo quando Comandante Dolores ordena
que o grupo pare.
Seria ali onde acampariam como cães os
prisioneiros são acorrentados a uma arvore para
pernoitarem, depois que todos estavam
repousando ficando somente um guerrilheiro de
sentinela os dois amigos puderam conversar em
sussurros, o Soldado Pedro disse ao amigo: - Isso
não é como os filmes que eu assistia quando
criança nós vamos morrer aqui nesta floresta e
jamais poderei realizar meus sonhos e rever
Amor Verde Oliva
108
minha amada e você meu amigo também não
verá mais o seu povo nem sua família! Ubiratã
responde: - Vou te contar algo que meu Pai me
contava quando pequeno. Continua dizendo: -
O homem tem que viver a sua história, pois ela o
levará onde terá que ir, mesmo que esteja
cansado, ferido, desanimado, até mesmo
achando que irá morrer deve lutar pelo destino
que deseja, pois um guerreiro que não luta não
é um guerreiro, por isso tem que fazer o
impossível para terminá-la como um dia lhe foi
mostrado em seus sonhos, somente assim terá
esperança para realizar o que ainda não foi
realizado!
Logo em seguida recebe um chute da sentinela
que lhes faz um sinal para que se calem,
recostando-se no tronco da arvore em que
estava preso Pedro medita em tudo aquilo que
o amigo lhe falara e de certa forma entende
que enquanto estivesse vivo não poderia desistir
dos seus sonhos e deveria manter a esperança
de sair dali com vida, poucos minutos depois
uma forte chuva cai de repente, o que é normal
em áreas de florestas, sem nenhuma proteção
eles permanecem encolhidos e desprotegidos
Amor Verde Oliva
109
durante toda a noite. Com os primeiros raios do
sol sob o comando da comandante Dolores
como era chamada pelos seus subordinados o
grupo levanta acampamento para seguir em
frente, Pedro sentia-se debilitado, pois ele não
estava adaptado à selva como o amigo que era
de linhagem indígena, a chuva daquela noite o
deixou doente e um pouco febril. Ubiratã tenta
se comunicar com um dos soldados dizendo que
o amigo precisava de cuidados médicos e não
estava em condições de caminhar, sem acatar
o pedido do jovem índio obrigaram-no a
entrelaçar Pedro nos braços e ajuda-lo a iniciar
a trajeto. No fim do segundo dia chegam ao
acampamento dos guerrilheiros recebidos com
salvas de tiros pela vitória obtida contra o
destacamento dos jovens. A mulher no
comando ordena que o médico deles cuide de
Pedro que recebe alguns antibióticos é
alimentado juntamente com Ubiratã, depois são
colocados em uma cabana de madeira vigiada
por um guarda, era uma cela improvisada onde
havia outros prisioneiros lá dentro. Entre eles um
senhor de sessenta anos que atendia pelo nome
de Senhor Parreira e mais duas mulheres que não
falavam seu idioma, uma se chamava Mercedes
Amor Verde Oliva
110
e a outra Maria. Como estavam muito cansados
da viagem não conversaram muito apenas
deitaram-se no chão em esteiras improvisadas
como camas e descansaram para recuperar-se.
Naquele momento tiveram uma sensação de
alivio, pois estavam livres das pesadas correntes
e tinham um local coberto e quente para
repousar. Depois de três dias reclusos dentro da
cabana feita de troncos e coberta com folhas
de zinco Pedro se recupera com o efeito dos
antibióticos, as mulheres saiam durante o dia
para ajudar nos afazeres do acampamento
cozinhando para os soldados e cuidando de
suas roupas, durante a noite voltavam à cabana
que era vigiada vinte e quatro horas por guardas
em revezamento de turnos.
Pedro e Ubiratã haviam contada sua história
para seus companheiros de reclusão, o senhor
Parreira disse que estava visitando a Amazônia
quando foi surpreendido e levado pelos
soldados, as mulheres não conversavam muito
porque tinham medo dos soldados e dentro da
cabana havia uma separação com uma tela
arame farpado entre eles e as mulheres.
Enquanto isso o exército começa a fazer
Amor Verde Oliva
111
incursões por toda região do ataque ao
destacamento procurando o inimigo e os dois
prisioneiros, mas infelizmente não podiam
ultrapassar a fronteira sem autorização que
estava sendo aguardada do governo vizinho. O
Sargento Ananias e outros oito soldados haviam
sobrevivido e foram encaminhados para o
hospital militar da região. Em pouco tempo a
noticia do ataque se espalhou e foi divulgada
pela imprensa em todo o País. Em um daqueles
dias em que toda família se reúne em frente à
tevê para assistir o noticiário, na casa de Lorena
não era diferente todos estavam juntos quando
veio a noticia em um telejornal: - Um
desacatamento do exército que estava
acampado nas margens de um rio na fronteira
da Amazônia foi atacado e dois militares foram
levados como prisioneiros, Soldado Pedro de
Alcântara e o Soldado Ubiratã Gomes o exército
esta intensificando as buscas na região, mas
ainda não tem noticias dos supostos guerrilheiros
e nem dos prisioneiros. A jovem entre em pânico
e começa a chorar na frente de todos temendo
o que poderia acontecer com o seu amor
verdadeiro, comovidos com a situação todos
vão ao seu lado para consolá-la, o Pai também
Amor Verde Oliva
112
se entristece arrependendo-se do que fez
quando usou sua influencia para transferir o
rapaz, ele chama a filha do lado e conta-lhe o
que fez dizendo-se arrependido e que irá fazer
tudo que puder para ajudar. A jovem em
soluções e com o coração partido diz ao Pai: -
Porque o senhor fez isso, com sua atitude só
conseguiu uma coisa acabar com a minha
felicidade e se acontecer algo ao Pedro minha
vida não terá mais sentido! Correndo para o seu
quarto deixa o pesaroso Pai em seu canto com
os olhos umedecidos pela dor que causou a
filha, sendo abraçado pela esposa diz a ela: -
Não era isso que eu queria!
Enquanto isso na floresta: Depois de alguns dias
enclausurados os dois soldados são levados à
presença da comandante que lhes fala: - Vou
dar uma chance para vocês colaborarem com
a nossa causa e se sentirem uteis, serão soltos
durante o dia para colaborarem nos afazeres do
acampamento, mas muito cuidado, pois
estaremos vigiando vocês o tempo todo e não
tentem escapar, pois o ato de fuga tem em uma
punição muito severa e uma coisa eu lhes
garanto, somos muito bons em perseguições na
Amor Verde Oliva
113
selva, afinal de contas esta é a nossa casa! Os
dois permanecem quietos somente ouvindo a
mulher, pois sabem que a partir daquele
momento poderiam começar a ter esperanças
em um plano de fuga, afinal de contas também
eram militares e muito bem treinados para todo
tipo de situação em combate.
Mercedes e Maria estavam por conta da
comida e da costura nos fardamentos dos
guerrilheiros, Pedro e Ubiratã ajudavam a servir,
lavar os utensílios e limpar todo o
acampamento. A vigilância era severa, tinham
que pedir permissão até para fazerem suas
necessidades fisiológicas acompanhados de um
vigia armado. O tempo vai passando e eles vão
fazendo o reconhecimento da área e da rotina
dos guardas, não se poderia pensar em um
plano de fuga sem que todos os detalhes fossem
averiguados. Um dia desses de trabalho depois
de servidos os soldados na refeição da tarde,
Pedro chama Ubiratã e faz um pergunta: - Você
não esta curioso com certa coisa? Ele responde:
- Estou curioso com muita coisa, do que você
esta falando? Pedro novamente: - Percebeu que
não deixam o Senhor Parreira sair da cabana
Amor Verde Oliva
114
durante o dia a não ser para tomar um pouco
de sol e fazer suas necessidades e desde o
primeiro dia ele me parece familiar! Diz Ubiratã: -
Deve ser alguém importante ou perigoso para
eles, mas eu não o conheço! Logo os guardas
interrompem a conversa mandando-lhes
trabalhar que já estava quase na hora de
voltarem para sua reclusa.
As buscas são intensificadas pelo exército nas
áreas da fronteira, vários destacamentos são
espalhados por terra e agua percorrendo uma
grande faixa do rio e da floresta todos
comandados pessoalmente pelo Major Campos,
mas não podem ultrapassar para o outro lado
que é justamente onde os jovens se encontram.
Bem longe dali a filha do Capitão Floriano
permanece dia e noite em seu quarto chorando
e aguardando alguma noticia de Pedro, mas
nada acontece. Os pais não suportando mais o
sofrimento da filha e o arrependimento que
torturando velho militar cada dia mais, a mãe
decide com muita autoridade cobrar do esposo:
- Você tem que fazer alguma coisa nossa
menina não pode continuar sofrendo deste jeito!
Depois de pensar algum tempo toma uma
Amor Verde Oliva
115
decisão ele vai até o quarto da jovem e lhe diz: -
Arrume suas malas nós iremos para Manaus
acompanhar de perto as buscas pelo rapaz!
Levantando-se ela corre para abraçar o pai que
fica comovido e aliviado com a reação da filha.
Em seu cativeiro durante a noite Pedro conversa
com velho senhor lhe dizendo: - Não há nada
pior do que quando nos tiram nossa liberdade! E
o velho diz ao rapaz: - Engana-se meu filho, a
pior coisa que pode acontecer ao homem esta
dentro dele, criada por ele próprio! Com um ar
de interrogação Pedro pergunta ao ancião: -
Como assim? Depois de um pequeno sorriso no
rosto ele diz ao soldado: - Quando você esta
dentro de sua casa existem normas e regras a
seguir, horário para deitar-se, levantar, horário
para as refeições, não se pode nem mesmo
cuspir no chão de sua casa, pois sua mãe ou sua
esposa lhe chamarão a atenção porque você
descumpriu uma regra, chamada
charmosamente de regra da boa educação,
então podemos concluir que nem mesmo nossas
casas não somos totalmente livres, mas ainda
temos o nosso trabalho que começa bem
cedinho com um horário marcado para seu
Amor Verde Oliva
116
inicio e se não cumprirmos esta regra somos
punidos com descontos em nosso soldo, não
podemos fazer a nossa vontade e sim temos que
desempenhar a função pela qual fomos
contratados com nossos intervalos controlados
pela empresa, até mesmo aqueles em que
fazemos nossas necessidades fisiológicas, em
resumo podemos concluir que em nosso
trabalho não somos totalmente livres, isto vale
para tudo em nossa vida, pois se não existissem
leis, regras e normas a sociedade encontrar-se-ia
totalmente no caos. E continua: - Então não
lamente pela liberdade, pois dificilmente irá
encontrá-la em sua totalidade, lamente pelo
medo, o medo é algo que nasce dentro de nós
e aos poucos vai crescendo criando força nos
dominando, em alguns chega a um estágio tão
critico que já não é mais medo e sim pânico, o
medo nos impede de crescer, de amar, sorrir,
produzir e o pior de tudo nos impede de sonhar,
a nossa vida nada mais é do que sonhos. Sonho
de viver um grande e verdadeiro amor, sonho
de procriar sonho de crescer, sonho de lutar e
sonho de vencer! Por isso meu filho não lamente
pela liberdade, lamente pelo medo, pois ele
pode apagar todos os seus sonhos!
Amor Verde Oliva
117
A fuga
Amor Verde Oliva
118
A partir daquelas palavras Pedro percebe que a
única maneira de saírem dali seria enfrentando
seus medos e teria que colocar em prática todo
treinamento que receberam em sua unidade
militar, sua mente começa a trabalhar em
sentido de bolar um plano de fuga daquele
lugar. Decide então que partir do dia seguinte
começaria a trabalhar em uma boa estratégia
de fuga. Enquanto isso bem cedinho o Capitão Floriano
chega com sua esposa e filha na capital
Amazonense hospedando-se em um hotel da
cidade, logo depois com um avião fretado
segue para o Comando de fronteira para saber
como estão as buscas aos jovens sequestrados.
Recebido pelo Comandante Major Campos ele
é informado sobre a situação. Diz o
Comandante: - Estamos com vários
destacamentos percorrendo toda área do rio
onde possivelmente eles podem aparecer, são
sete embarcações e alguns homens a pé no
leito do rio, não podemos passar para o outro
lado, mas o exército vizinho já foi autorizado pelo
governo a começar buscas aéreas com
helicópteros, não estamos medindo esforços
Amor Verde Oliva
119
para encontra-los e estaremos mantendo-lhe
informado amigo Floriano! Concluiu o Major
Campos ao amigo de arma, voltando para a
capital junto a sua esposa e filha conta o que
lhe foi transmitido no Comando e fazem o que
somente lhes resta, esperar!
Pedro começa a observar e gravar em sua
mente toda a rotina do acampamento
procurando uma brecha para encaixar sua
estratégia, conseguindo um pequeno saco
plástico começa guardar dentro dele uma
farinha que comiam no acampamento, todos os
dias durante o trabalho de servir os soldados ele
colocava um punhado em seus bolsos e depois
dentro de sua cela de madeira colocava neste
saco e enterrava em um canto. Ubiratã
conseguiu um cantil que estava perdido na
mata quando fazia suas necessidades, ele seria
de muita utilidade para pegarem agua da
chuva, pois as aguas de poças poderiam estar
contaminadas.
Mercedes era quem costurava as roupas dos
soldados e Pedro que já estava se familiarizando
com o idioma deles, sendo assim pede que ela
lhe consiga uma agulha de costura, uma tampa
Amor Verde Oliva
120
de vidro de conserva e alguns pedaços de
papel higiênico privilégio somente dos guardas e
das mulheres, ela fica com medo e resiste um
pouco, mas acaba conseguindo o que o jovem
lhe pedira.
Durante uma tarde dentro da cabana de
reclusão o soldado Pedro chama para bem
perto de si Ubiratã e o senhor Parreira que havia
se tornado como um Pai e conselheiro para os
dois jovens eles haviam lhe contado suas histórias
de vida e aberto o seu coração, falando em voz
baixa lhes conta o que planeja: - Eu tenho um
plano para fugirmos daqui que é o seguinte;
achei um lugar no canto de trás da cabana que
poderemos quebrá-lo abrindo um buraco de
cerca de trinta centímetros o suficiente para
passarmos, a troca da guarda se dá às seis horas
da tarde e as seis e quinze é o horário do lusco-
fusco neste horário a visão na floresta é muito
difícil, Ubiratã é índio e esta acostumado com
isto desde criança e nos guiará até o rio mais
próximo, pois já foi até lá uma vez com os
soldados para buscar a agua das refeições, não
poderemos entrar nele iremos uns trinta quarenta
metros de sua margem guiados por uma bussola
Amor Verde Oliva
121
improvisada, temos um cantil para guardarmos a
agua da chuva que cai todos os dias na floresta
e cerca de cinco quilos de farinha que consegui
guardar para esta ocasião, já estamos aqui há
três meses e não quero inteirar o quarto mês.
Estão comigo? Todos respondem que sim!
Três dias depois da conversa numa uma tarde
em que os prisioneiros estavam trancados inicia-
se a troca da guarda no acampamento dos
guerrilheiros, são exatamente seis horas e dez
minutos horário em que começa o chamado
lusco-fusco quando o sol vai se pondo e a noite
chegando, eles subitamente ouvem um barulho
familiar como de um helicóptero e era mesmo
uma aeronave que passava por cima das
arvores, no mesmo instante forma-se um pânico
no acampamento, pois ele estava em baixa
altitude, por cima das arvores, imediatamente
todos começam a correr e se esconder olhando
para cima. Pedro percebe que não poderia
perder aquela oportunidade e diz aos amigos: -
É agora! Vamos abrir o buraco e sair! Começam
a chutar a madeira no fundo da barraca até
quebrá-la e conseguirem abrir um buraco
estreito onde vão passando com certa
Amor Verde Oliva
122
dificuldade, o ultimo a sair é Pedro que diz a
Mercedes e Maria: - Mandaremos ajuda pra
vocês! Saindo como haviam planejado e
aproveitando a distração dos guerrilheiros que
tinham seus olhos voltados para o alto, Ubiratã
vai à frente com o senhor Parreira segurando por
trás em suas calças depois Pedro do mesmo
jeito, pois a visão era mínima devido ao
crepúsculo e as folhas que se levantavam do
chão pelo vento causado pela aeronave. O
jovem índio dispara em direção ao rio
esbarrando em galhos, espinhos e todo tipo de
vegetação da floresta já que não tinham um
facão, fugindo sem olhar para trás nunca
correram em suas vidas!
Como o acampamento dos guerrilheiros era
bem camuflado com galhos em cima das
barracas, e cabanas em meio as enormes
arvores, sem avistar nada o helicóptero vai
embora. Saindo os soldados de seu esconderijo
para voltar à rotina do um deles percebe o
buraco no lado de trás da cabana e olhando
em seu interior, não vê nenhum dos prisioneiros,
começa a gritar emitindo um alerta em todo o
Amor Verde Oliva
123
local, rapidamente Comandante Dolores reúne
um grupo que sai no encalço dos mesmos.
Após vinte minutos de uma corrida desesperada
guiada pelo guerreiro Ubiratã no interior da
floresta, chegaram à margem do rio exaustos e
com os rostos arranhados pela vegetação, mas
não poderiam descansar com o inimigo no seu
encalço, o rio não era muito grande tinha cerca
de vinte metros de largura, nadando chegaram
do outro lado adentrando na mata por cerca
de trinta metros de sua margem e começaram a
rastejar na vegetação seguindo o seu curso.
Em poucos instantes puderam ver o inimigo que
estava do outro lado caminhando lentamente
ao lado do rio com suas armas prontas para
atirar em qualquer coisa que se mexesse. Pedro
lembrou-se do disse a Comandante Dolores no
dia em que conversaram e sabia que a punição
para eles seria a morte, diante da situação disse
aos amigos: - Teremos que entrar mais dentro da
mata, pois eles irão seguir o curso do rio até o
seu fim. E rastejando como cobras foram
adentrando na floresta até não ouvirem mais o
som das aguas.
Amor Verde Oliva
124
A noite havia chegado e não se ouvia mais os
seus perseguidores, concluindo-se que já
estavam uma boa distancia deles resolveram
achar um local para passarem a noite e
descansar, não havendo mais visibilidade na
floresta seria impossível prosseguir. O soldado
índio lhes instrui a quebrar alguns galhos e
arrancar alguns cipós, pois dormiriam amarrados
pela cintura em cima das arvores cobertos com
galhos e folhas protegendo-se dos animais, da
chuva e principalmente estariam camuflados,
sendo assim o fizeram. Durante a madrugada
Pedro ouve alguma coisa mexer na vegetação
da floresta, de repente em meio à escuridão ele
pode ver dois olhos brilharem no escuro e eles
olhavam exatamente para ele, em alguns
segundos os olhos brilhantes começam a se
afastar desaparecendo no escuro, de súbito a
vegetação balança violentamente e ouvindo-se
um rugido, era uma onça que acabava de
capturar a sua presa.
A noite termina e a chuva que vinha todos os
dias faltara naquela noite e isso não era muito
bom, pois o cantil permaneceria vazio e beber a
agua das poças era muito perigoso devido às
Amor Verde Oliva
125
bactérias. Pedro pega a agulha, a tampa de
conserva e um pequeno pedaço de papel
higiênico conseguido com as mulheres para
improvisar uma bussola, que funciona
perfeitamente lhes mostrando a direção que
deveriam seguir para chegar ao rio da fronteira.
Sem perder muito tempo eles seguem viagem
pela majestosa floresta amazônica. As
dificuldades continuam durante o caminho, o
cansaço juntamente com a falta de agua
diminuem o ritmo no trajeto.
A idade avançada faz com que o Senhor
Parreira necessite de pausas com intervalos
menores atrasando ainda mais os nossos
fugitivos, durante alguns momentos eles nem
conversavam entre si, cada um tinha o seu
pensamento nas coisas que os esperavam além
das fronteiras daquele lugar, suas casas,
familiares, amigos e para o jovem Pedro
principalmente a lembrança de sua razão de
lutar e ter esperanças de sobreviver e sair dali
diretamente para os braços daquela que é a
maior alegria de sua vida a tão amada e
querida Lorena! Por isso estava determinado a
seguir em frente e manter-se concentrado em
Amor Verde Oliva
126
seu plano de fuga nos mínimos detalhes. Neste
momento de descanso e meditação ele
permanece sentado no tronco de uma arvore e
do alto dela é percebido por um ser vivente que
se autodenomina dono do lugar ao avistar
Pedro classifica-o como um invasor, deslizando
em movimentos circulares entre os galhos tenta
aproximar-se lentamente do soldado cansado,
sorrateiramente vai diminuindo a distancia sem a
menor percepção do jovem, vendo a jugular
que palpitava em alto ritmo decide o seu alvo,
encolhendo-se para dar velocidade ao seu
golpe abre a boca expondo suas presas mortais,
estava tudo calculado não haveria erro, o golpe
seria certeiro e fatal sem perder mais tempo
dispara em direção ao ponto de ataque,
estando apenas alguns centímetros de atingi-lo
o animal sofre um forte golpe em sua cabeça
lançando-o para longe da vitima.
Pedro pula imediatamente para o lado e vê
diante dele seu amigo Ubiratã com um forte
galho em sua mão. Com o coração disparado
pelo susto agradece ao amigo: - Obrigado
Ubiratã se não fosse por você minha caminhada
terminaria aqui! Diz Ubiratã: - O animal é como
Amor Verde Oliva
127
nós, ele protege o seu território, nós não fazemos
parte da sua cadeia alimentar, mas invadir o
local onde ele vive é uma infração grave que
eles punem sem misericórdia do mesmo modo
que nós quando temos nossa casa invadida ou
mesmo nosso País, por isso não somos muito
diferentes deles, agora vamos embora antes que
escureça. E continuaram sua caminhada por
entre a vegetação e algumas poucas trilhas.
Estando cansados no terceiro dia de fuga com
sede e alimentando-se somente daquela pouca
farinha que Pedro havia juntado, começam a
suspeitar que pudessem estar perdidos pela
selva, conversando Pedro e Ubiratã sobre qual
caminho a seguir são interrompidos pelo Senhor
Parreira que lhes diz: - Estão ouvindo isso? Pedro
responde perguntando: - O que foi? Ubiratã
decifra o som e diz: - É barulho de agua!
Seguindo a direção do som que vai
aumentando cada vez mais, depois de alguns
minutos podem do alto de um barranco avistar
um rio pequeno, mas que tinha uma forte
correnteza, Pedro empolgado se prepara para
descer o barranco dizendo aos amigos: - vamos
embora é só segui-lo que chegaremos ao rio da
Amor Verde Oliva
128
fronteira! Na mesma hora é impedido por
Ubiratã que o empurra para o solo pedindo
também para que o Senhor Parreira se abaixe
dizendo: - Olhe bem entre as arvores naquela
direção. Olhando onde apontava o soldado
índio viram um guerrilheiro chegando à margem.
E agora como vamos chegar até lá? Pergunta
Pedro, e seu companheiro de farda responde: -
Como guerreiros! Pegando um galho com uma
ponta lascada que estava no chão o
combatente indígena começa a descer o
barranco lento e silenciosamente rastejando em
direção ao inimigo fortemente armado, um
pequeno erro ou ao menor barulho seria
imediatamente metralhado impiedosamente,
naquele momento. Pedro observando quieto e
atento à ação do amigo lembra-se da serpente
que quase o matara naquela arvore, como o
animal ele deslizava rumo ao seu alvo e seu
ataque teria que ser perfeito e certeiro.
Invisível no meio da vegetação ele aproxima-se
do inimigo que sem imaginar o que o espera,
também cansado e com sede abaixa para a
margem do rio para lavar o rosto com aquela
agua cristalina e em um ultimo segundo de sua
Amor Verde Oliva
129
existência vê naquelas belas aguas um vulto se
levantar em suas costas sentindo algo
atravessar-lhe o peito tirando imediatamente os
seus sentidos e encerrando sua permanência
neste mundo ele desfalece. Com o inimigo ao
solo aumenta-se a chance de sucesso da fuga,
pois agora estariam de posse de alguns
carregadores de munição e um fuzil automático
para ser usado em um possível revide aos seus
perseguidores, chegando próximo do soldado
abatido Pedro fica tremendamente assustado
nunca antes tinha visto alguém morto, apesar de
ter sido treinado para isso quando se torna
realidade esta condição o choque emocional é
instantâneo.
Sabendo que não teria tempo para analisar ou
até mesmo discutir aquela situação, recolhem
do inimigo o que lhes poderia ser útil e seguem o
caminho pelo curso do rio com a intenção de
alcançarem a fronteira. Não muito tempo
depois do acontecido a Comandante Dolores
juntamente com o seu destacamento encontra
seu soldado abatido à margem do rio, com um
semblante de raiva e uma enorme sede de
vingança brada em alta voz aos seus
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comandados: - Vamos descer o rio e matar esses
desgraçados! Os três fugitivos não estavam
muito mais que uma hora na frente de seus
perseguidores, mas este tempo é muito pouco
para quem estava debilitado e cansando em
uma marcha em plena floresta, por isso não
podiam perder tempo.
Usando toda a energia que lhes restava os
fugitivos descem rapidamente pela sua margem,
para chegar à fronteira atravessar o rio e
livrarem-se de seus perseguidores, o Senhor
Parreira era o que tinha mais dificuldades pela
sua idade, mas com a ajuda dos amigos
também seguia em frente no mesmo ritmo. Em
certo momento eles pararam em uma curva do
rio sentando-se em uma pedra para
desancarem um pouco, Ubiratã havia
entregado a arma a Pedro já que tinha as
melhores pontuações nos treinamento de tiro
enquanto ele auxiliava o Senhor Parreira que
estava debilitado pelo cansaço. Desanimado e
sem esperanças de escapar com vida daquele
lugar o ancião diz aos jovens combatentes: -
Não se preocupem comigo podem seguir em
frente, vou ficar por aqui! Pedro responde ao
Amor Verde Oliva
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velho sem hesitar: - De jeito algum iremos todos
juntos e chegaremos a salvo! Pois durante o
tempo que ficaram no cativeiro ele havia sido
como um Pai para os dois jovens, animando-os
no sentido de que não poderiam perder as
esperança, dando-lhes ótimos conselhos sobre a
vida e a melhor maneira de se adaptarem
aquela situação que já estava acostumado por
estar a mais tempo no local. Enquanto eles
conversam e descansam um pouco Ubiratã
volta alguns metros no caminho para verificar se
havia algum sinal de seus perseguidores, subindo
em uma arvore ele avista cerca de uns duzentos
metros os guerrilheiros sob o Comando da
impiedosa Comandante Dolores. Descendo com
uma rapidez animal ele volta para o local onde
seus amigos descansavam e diz: - Rápido vamos
sair daqui agora!
A partir daquele momento começam a
caminhar com os pés na água próxima dos
joelhos para não deixarem rastros à vista do
inimigo, tentativa não muito bem sucedida já
que soldados eram treinados e habituados na
selva e poderiam notar qualquer anormalidade
recente naquele ambiente, continuando a
Amor Verde Oliva
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perseguição os inimigos começam a aproximar-
se mais a cada momento, aumentando assim o
risco de um ataque que poderia ser fatal. Depois
de uma meia hora caminhando avistaram o final
do pequeno riacho que desaguava no
imponente e extenso rio da fronteira a alegria e
a esperança toma conta de suas almas
voltando toda energia e ânimo aos seus
corações, com aquela visão estampada em
frente aos seus olhos simbolizando a liberdade
eles se abraçam e dizem em alta voz: -
Conseguimos, conseguimos! Interrompendo o
momento de festa e celebração ecoa em seus
ouvidos o mesmo som que ouviram no dia do
ataque ao seu destacamento, estampidos de
tiros e rajadas de armas automáticas tomam
conta do lugar acertando as arvores perto de
onde estavam imediatamente eles deitam para
se protegerem-se e identificar de onde estava
partindo o ataque repentino.
O soldado Pedro consegue meio a vegetação
avistar um guerrilheiro entre as arvores, deitado
ele prepara sua arma lentamente, controlando
a respiração e lembrando-se de seu treinamento
no exército, aguarda o momento certo em que
Amor Verde Oliva
133
o inimigo retira sua cabeça por de trás da arvore
para tentar uma visualização, em um movimento
sincronizado com o inimigo seu dedo indicador
aciona o gatilho disparando o projétil em uma
linha reta e precisa acertando o centro de sua
testa esfacelando seu cérebro por entre as
arvoras.
Isto desencadeia uma reação instantânea do
inimigo que volta a disparar com toda sua
capacidade de fogo em direção a eles,
encolhidos para se protegerem os fugitivos
aguardam a pausa do ataque, que acontece
em alguns segundos. Sem mais reação de
nenhum dos lados a Comandante manda que
dois de seus homens avancem para verificar o
resultado do fogo intenso, curvados os dois
caminham apenas alguns metros e são atingidos
mortalmente por Pedro que mantinha sua
posição. Depois disso ela ordena que todos
mantenham suas posições mirando na direção
em que os fugitivos estavam aguardando o
momento certo de atacar. Pedro rasteja até
seus amigos que estavam cerca de três metros
dele e aproximando pergunta-lhes: - Vocês
estão bem? O senhor Parreira responde: - Tudo
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bem comigo! Olhando para o Soldado índio e
nota que sua respiração estava rápida e nota
um semblante de dor em seu rosto,
imediatamente percebe seu ferimento e uma
grande quantidade de sangue em suas vestes.
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O resgate
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Desesperado procura o local onde ele foi
atingido e ao ver começa a chorar e diz ao
amigo: - Você não vai morrer meu amigo eu não
vou deixar, nós vamos sair daqui! Ubiratã
consciente de sua condição diz ao amigo: - Eles
vão ficar escondidos aguardo nos levantarmos
para atacar, olhem ali próximo a margem do rio
da fronteira tem um tronco onde duas pessoas
podem boiar com ele e tentar chegar do outro
lado, ainda temos alguns carregadores de
munição eu ficarei aqui dando cobertura e
atirando contra eles enquanto vocês correm
para lá. Pedro discorda dizendo que não irá
abandonar o amigo, mas não havendo outra
escolha finalmente convencido pelo amigo, não
tendo muito tempo, entre lagrimas eles se
abraçam despedindo-se para sempre. O
Soldado índio Ubiratã que até ali dedicara sua
vida para defender o que achava correto, faria
aquilo que é mais honroso para um guerreiro
dedicar a própria vida em defesa da liberdade,
juntando suas ultimas forças prepara sua arma,
aponta em direção dos seus perseguidores e
inicia uma sequência de disparos automáticos
mortais. Na mesma hora Pedro e o Senhor
Parreira correm em direção ao tronco à margem
Amor Verde Oliva
137
do rio que divide as duas nações empurrando-o
para a água ao som de rajadas de balas
começam a dar braçadas somente com um dos
membros enquanto o outro abraça a
improvisada embarcação, as lagrimas de Pedro
se misturam com as águas do rio, pois naquele
momento imagina o desfecho trágico que se
abateria sobre seu amigo quando sua munição
acabasse. Não demorando muito tempo o som
dos tiros não mais é ouvido acontecendo o que
Pedro estava imaginando, tendo avançado não
mais que cinquenta metros dentro do rio olham
para trás e pode ver quando os guerrilheiros vão
chegando à margem e apontando suas armas
para eles e começam a disparar, eles imaginam
que seria o final da história e que todo sacrifício
que fizeram até aquele momento teria sido inútil,
até mesmo o do podre e valente Ubiratã que
doara sua vida pela liberdade dos amigos. Com
o zunido das balas atravessando águas Pedro
começa a falar com Deus em oração e pede: -
Meu Deus olhe pela minha família e por minha
querida Lorena, pois não mais a verei e nem
poderei realizar os meus sonhos ao seu lado!
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Como se suas orações estivessem sendo
recebidas ouve o som de um motor de barco
roncando, olhando para o centro do rio vê uma
embarcação em alta velocidade indo para sua
direção, chegando mais perto percebe que o
barco tinha uma pintura de camuflagem, mas
não conseguia enxergar nenhum tripulante do
mesmo. Estando apenas a alguns metros dos
dois fugitivos o barco desliga o motor chegando
bem próximo a eles, é quando em uma visão
cinematográfica Pedro e o Senhor Parreira
podem ver seis soldados armados de fuzis se
levantarem na embarcação disparando em
direção aos guerrilheiros na margem do rio, no
momento da ação os dois são resgatados por
um dos tripulantes do barco e colocados a
bordo, imediatamente o motor é ligado e eles
saem em alta velocidade da linha de tiro. Eram
os soldados do Batalhão de fronteira que
estavam efetuando buscas naquela região.
Entre os tripulantes Pedro reconhece o Sargento
Ananias e lhe diz em alta voz: - Sargento sou eu
Soldado Pedro se lembra? O sargento responde:
- É claro meu rapaz jamais esqueço meus
combatentes, onde esta o soldado Ubiratã?
Entristecido Pedro conta o que aconteceu com
Amor Verde Oliva
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seu amigo e o Sargento lhe diz: - Sinto muito
soldado, vou entrar em contato com o Major
Campos que esta com um helicóptero de
buscas próximo daqui.
Em poucos minutos eles podem avistar a
aeronave que passa por eles em direção ao
local onde estavam os guerrilheiros e com a
aproximação são recebidos à bala pelos
famigerados, com uma rápida reação de contra
ataque o helicóptero Pantera AS-565 despeja
todo seu poder de fogo em cima dos cruéis
insurgentes aniquilando-os totalmente. Dentro
embarcação Pedro permanece em silencio e
sua mente faz uma retrospectiva de tudo que
passou naqueles últimos meses, lembra-se dos
momentos que passou com seu grande amigo o
valente Soldado Índio Ubiratã e uma mistura de
alegria e tristeza toma conta do seu ser. Durante
a viagem de volta em alta velocidade observa
toda aquela floresta que os rodeia da mesma
maneira de quando viera, só que desta vez com
uma visão diferente, sabendo realmente o que
ela significa e que precisa ser vigiada e
protegida, pois é um tesouro cobiçado por
muitos, alguns bons e outros com uma maldade
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sobre-humana, daí entende a missão dos
valentes soldados do exercito naquela região
que chegam até mesmo a entregar suas vidas
em defesa da soberania de uma nação e de
todo o seu povo.
O Soldado Pedro é separado do senhor Parreira
e levado para um Hospital Militar em Manaus
para exames, Lá recebe a visita de Lorena e de
toda sua família, o Capitão Floriano arrependido
também havia trazido os pais de Pedro, todos o
abraçam e ficam felizes com o seu retorno, logo
após o sogro lhe pede perdão permitindo o
romance entre os dois, foram os momentos mais
felizes que o jovem tinha vivido nos últimos
tempos.
A imprensa de todo o pais noticiava o resgate
de dois prisioneiros na Amazônia das mãos de
guerrilheiros internacionais, durante um destes
noticiários ele fica sabendo que o Senhor
Parreira era na verdade o Senador Plácido
Parreira desaparecido há quase nove meses. O
soldado Pedro torna-se um herói nacional, sendo
convidado para ir até Brasília para receber a
maior honra entregue a um militar da Amazônia,
a “Medalha Serviço Amazônico” destinado a
Amor Verde Oliva
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premiar militares do exército que por dedicação,
abnegação e capacidade profissional hajam
prestado relevantes serviços em organizações
do exército na Amazônia.
Depois de condecorado pelo Presidente da
Republica juntamente com o Senador Plácido
Parreira que se tornaria um parceiro de Pedro na
defesa dos territórios na fronteira do país na
Amazônia, votando importantes projetos em
favor do aparelhamento das unidades militares
naquela região, o jovem soldado foi promovido
a terceiro Sargento e continuou na Amazônia
por quase quinze anos, casou-se com Lorena
teve três filhos, duas meninas e um menino.
Comandou vários destacamentos de fronteira e
incursões na selva combatendo garimpeiros
clandestinos internacionais guerrilheiros e
mercenários de todo tipo interessados em roubar
nossos recursos. Sua primeira missão foi dar a
localização exata do acampamento em que foi
prisioneiro onde as duas mulheres foram
resgatadas pelo exército de seu país. Durante
todo este tempo Pedro viveu feliz com sua
esposa e filhos, tornando-se conhecido por todos
principalmente pelos militares que o admiravam
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por suas histórias em combate e sua coleção de
medalhas recebidas por bravura.
Dezoito anos depois do resgate na floresta
amazônica, naquele mesmo quartel de uma
pequena cidade do interior de São Paulo onde
o jovem Pedro um tímido rapaz de uma cidade
menor ainda se apresentou para o serviço
militar, preparava-se uma grande cerimônia
com mais de quatrocentos soldados em
formação, oficiais e graduados em suas posições
aguardando seu novo Comandante que seria
anunciado, quando sai do prédio do Comando
Geral em direção ao palanque um militar com
uma vestimenta impecável, enormes botas
reluzentes e o peito cheio de medalhas como
nunca se havia visto em nenhum outro naquela
unidade, ele sobe no palanque se posicionando
frente à tropa e é anunciado pelo locutor oficial
do regimento: - Em determinação do Comando
Geral do Exercito Brasileiro apresento-lhes o novo
Comandante Geral Trigésimo Regimento de
Carros Blindados o “Coronel Pedro de
Alcântara”.
Imediatamente em um movimento rápido e
firme quatrocentos soldados estavam
Amor Verde Oliva
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apresentando armas em sinal de respeito para
aquele que um dia foi um jovem e tímido rapaz
de família pobre que tinha um sonho. O sonho
de viver um grande amor um “AMOR VERDE
OLIVA”
Fim
(Este trabalho é dedicado especialmente a
todos os soldados, graduados e oficias do
exercito brasileiro que em qualquer tempo
guerra ou paz estão prontos para doar as
suas vidas por nossa soberania e
integridade!)
Marcos Cesar Dutra
(autor).