12
América do Sul: Um continente em ebulição Informativo do Sindicato dos Professores no Distrito Federal - Ano XXIV - Nº 142 -Setembro/2005 CNTE CONTEE Reajuste do fundo para o DF é de 18,17% Segunda edição do Sinpro nas Praças foi um sucesso No último dia 28 tivemos o nosso segundo Domingo Radical, desta vez no Gama, na Praça Itapuã. Como no Paranoá, onde foi realizada a primeira edição, foi um sucesso total. O público,que variava de acordo com o estilo de música, aproveitou na maior paz, até porque o tema do Sinpro nas Praças foi Educando para a Paz. Para se ter uma idéia, participaram 18 grupos de rap, duas bandas de rock, um grupo de break e o profes- sor e cantor de MPB, Jairo Mendonça, sem contar ou- tros grupos que não estavam na programação e deram uma canja. Também mar- caram presença a galera do skate e os grafiteiros. Os companheiros da secre- taria de Cultura, Chico do Gama, Claúdia Bullos e Marco Aurélio tiveram o apoio de Elda e TH Tomas no evento, que foi realizado das 14h30 às 23h30. Ainda não definimos o próximo Domingo Radical, mas fiquem atentos na pá- Diante das informa- ções de que o governo federal irá reajustar em 18,17% o fundo consti- tucional destinado ao custeio dos salários das áreas de saúde, educa- ção e segurança do DF, a diretoria do Sindicato solicitará uma audiência com urgência com o go- vernador Joaquim Ro- riz. O reajuste significa- rá R$ 800 milhões a mais em relação a 2005. Isso significa que o GDF terá bem mais recursos para corrigir os nossos salários, do que os R$ 300 milhões que havia prometido. Esperamos realmente que isso ocorra, já que os salários dos profes- sores são os mais bai- xos das carreiras do GDF e a categoria foi uma das poucas que não tiveram suas tabe- las salariais corrigidas. O repasse do total do fundo do DF será R$ 5,25 bilhões. De 2002 para cá houve uma cor- reção de 76,17% nos valores do Fundo. Nesta audiência ire- mos colocar ao gover- no local a expectativa da categoria de que uma parte significativa desse repasse seja uti- lizada para conceder uma correção em nos- sa tabela salarial. Veja as tabelas com os salários de setembro nas páginas 10 e 11 gina do Sinpro, que divulga- remos logo que possível. Você é importante nesse processo de valorização da cultura. Participe! Confira a agenda dos saraus culturais Em continuidade ao pro- jeto do Sarau Cultural, rea- lizaremos no próximo dia 9 de setembro o evento em Planaltina. No dia 7 de ou- tubro será a vez do Recan- to das Emas e no dia 11 de novembro em Brazlândia. Os movimentos populares tomam conta da América doSUl, apesar da forte presença militar dos EUA e resistência das velhas oligarquias. Páginas 4,5 e 6 momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm momomnmomo mom mn mnom mn momo mm Educação para a Paz foi o tema do show, com a presença da comunidade local A palestra “Educação – uma lição para o Brasil” abrirá oficialmente a IV Conferência de Educação do Distrito Federal – aju- dando a construir caminhos - que será realizada pelo Sinpro nos dias 16, 17 e 18 de setembro. O encontro é preparatório para o Con- gresso de Educação e suas discussões possibilitarão a reflexão dos professores do DF a respeito de questões que estão na ordem do dia da educação brasileira. A instituição do Fundo da Educação Básica (Fundeb) e o financiamento da edu- cação, as políticas públicas de educação, o projeto político- pedagógico, os conselhos es- colares e a gestão escolar e a IV Conferência de Educação será em setembro educação com qualidade so- cial são alguns dos temas que serão debatidos. Como as vagas são limi- tadas em 600 participantes, o sindicato estabeleceu como critério que cada es- cola pública poderá indicar até dois representantes, sendo que um deverá ser o delegado ou representante sindical e o outro escolhido pelos professores. Para os professores das escolas par- ticulares basta ser sindicali- zado. A Conferência será re- alizada na Contag (Confe- deração Nacional dos Tra- balhadores na Agricultura) localizada na MSPW qua- dra 01, Lote 02 N – Núcleo Bandeirante. cartaz PÁGINA 12 Um continente em ebulição Impresso 0189/2005-DR/BSB Sinpro/DF CORREIOS 0189/2005-DR/BSB

América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

América do Sul:

Um continenteem ebulição

Informativo do Sindicato dos Professores no Distrito Federal - Ano XXIV - Nº 142 -Setembro/2005

CNTECONTEE

Reajustedo fundopara o DF éde 18,17%

Segunda edição doSinpro nas Praças

foi um sucessoNo último dia 28 tivemos

o nosso segundo DomingoRadical, desta vez no Gama,na Praça Itapuã. Como noParanoá, onde foi realizadaa primeira edição, foi umsucesso total. O público,quevariava de acordo com oestilo de música, aproveitouna maior paz, até porque otema do Sinpro nas Praçasfoi Educando para a Paz.

Para se ter uma idéia,participaram 18 grupos derap, duas bandas de rock, umgrupo de break e o profes-

sor e cantor de MPB, JairoMendonça, sem contar ou-tros grupos que não estavamna programação e deramuma canja. Também mar-caram presença a galera doskate e os grafiteiros.

Os companheiros da secre-taria de Cultura, Chico doGama, Claúdia Bullos e MarcoAurélio tiveram o apoio de Eldae TH Tomas no evento, que foirealizado das 14h30 às 23h30.

Ainda não definimos opróximo Domingo Radical,mas fiquem atentos na pá-

Diante das informa-ções de que o governofederal irá reajustar em18,17% o fundo consti-tucional destinado aocusteio dos salários dasáreas de saúde, educa-ção e segurança do DF,a diretoria do Sindicatosolicitará uma audiênciacom urgência com o go-vernador Joaquim Ro-riz. O reajuste significa-rá R$ 800 milhões amais em relação a2005. Isso significa queo GDF terá bem maisrecursos para corrigiros nossos salários, doque os R$ 300 milhõesque havia prometido.Esperamos realmenteque isso ocorra, já queos salários dos profes-sores são os mais bai-xos das carreiras doGDF e a categoria foiuma das poucas quenão tiveram suas tabe-las salariais corrigidas.O repasse do total dofundo do DF será R$5,25 bilhões. De 2002para cá houve uma cor-reção de 76,17% nosvalores do Fundo.

Nesta audiência ire-mos colocar ao gover-no local a expectativada categoria de queuma parte significativadesse repasse seja uti-lizada para concederuma correção em nos-sa tabela salarial.

Veja as tabelas comos salários de setembronas páginas 10 e 11

gina do Sinpro, que divulga-remos logo que possível.Você é importante nesseprocesso de valorização dacultura. Participe!

Confira a agendados saraus culturais

Em continuidade ao pro-jeto do Sarau Cultural, rea-lizaremos no próximo dia 9de setembro o evento emPlanaltina. No dia 7 de ou-tubro será a vez do Recan-to das Emas e no dia 11 denovembro em Brazlândia.

Os movimentos populares tomam conta da AméricadoSUl, apesar da forte presença militar dos EUA eresistência das velhas oligarquias. Páginas 4,5 e 6

momomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mmmomomnmomo mom mn mnom mn momo mm

Educação para a Paz foi o tema do show, com a presença da comunidade local

A palestra “Educação –uma lição para o Brasil”abrirá oficialmente a IVConferência de Educaçãodo Distrito Federal – aju-dando a construir caminhos- que será realizada peloSinpro nos dias 16, 17 e 18de setembro. O encontro épreparatório para o Con-gresso de Educação e suasdiscussões possibilitarão areflexão dos professores doDF a respeito de questõesque estão na ordem do diada educação brasileira.

A instituição do Fundo daEducação Básica (Fundeb)e o financiamento da edu-cação, as políticas públicas deeducação, o projeto político-pedagógico, os conselhos es-colares e a gestão escolar e a

IV Conferência de Educaçãoserá em setembro

educação com qualidade so-cial são alguns dos temas queserão debatidos.

Como as vagas são limi-tadas em 600 participantes,o sindicato estabeleceucomo critério que cada es-cola pública poderá indicaraté dois representantes,sendo que um deverá ser odelegado ou representantesindical e o outro escolhidopelos professores. Para osprofessores das escolas par-ticulares basta ser sindicali-zado.

A Conferência será re-alizada na Contag (Confe-deração Nacional dos Tra-balhadores na Agricultura)localizada na MSPW qua-dra 01, Lote 02 N – NúcleoBandeirante.

cartaz

PÁGINA 12

Um continenteem ebulição

Impresso0189/2005-DR/BSB

Sinpro/DF

CORREIOS0189/2005-DR/BSB

Page 2: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

Sinpro-DF: sede: SCS, Quadra 3, Bloco A, n° 107/111 - CEP: 70.300-500 - Brasília-DFTel.: 3218-5601 / Fax: 3218-5607 (Organização), 3218-5631 (Imprensa), 3218-5619 (Jurídico)Subsede em Taguatinga: CNB 4, lote 3, loja 1. Telfax : 3562-4856 e 3562-2780

Subsede no Gama: SCC, bloco 3, lote 21/39, sala 106. Telfax: 3556-9105Site: www.sinprodf.org.bre-mail: [email protected]

Secretaria de Imprensa: Lisboa, Nonato e ValeskaJornalistas: Afonso Costa e Junia LaraFotografia: Welber Souza - Diagramação: Wellington

Impressão: Gráfica Plano Piloto - Tiragem: 32.000 exemplaresDistribuição gratuita. Permitida a reprodução desde que citada a fonte

Diretoria Colegiada do Sindicato dos Professores no DF

Adalberto Duarte de OliveiraAndreia Cristina SouzaAntonio Ahmad Usuf DamesAntônio de Lisboa A. ValeBerenice Darc JacintoCarlos Antoneto de S. LimaCésar Santos FerreiraCláudia de Oliveira BullosCláudia M. Amaral de SouzaCleber Ribeiro SoaresDenilson Bento da CostaFrancis F FernandesFrancisco Barbosa

Francisco Joaquim AlvesGilza Lúcia Camilo RicardoIlson Veloso BernardoIsabel Portuguez de S. FelipeIzac Antônio de OliveiraJalma Fernandes de QueirozJosé Antônio Gomes CoelhoJosé Norberto CalixtoJosé Raimundo S.OliveiraLânia Maria Alves PinheiroMárcia Gilda MoreiraMarco Aurélio G. RodriguesMaria Augusta Ribeiro

Maria Bernardete D. da SilvaMaria José Correia MunizMisael dos Santos BarretoNazira Clotilde da SilvaNelson Moreira SobrinhoRaimundo Nonato MenezesRejane Guimarães PitangaRobson de Paiva SalazarRodrigo Pereira de PaulaSebastião Honório dos ReisValdenice de OliveiraValesca Rodrigues LeãoWashington Luis D. Gomes

2 Setembro/2005

Movimentos avaliam que sãonovo alvo da direita e da mídia

Artigo Ediorial

Há muito tempo o Qua-dro Negro não provocavatanta polêmica quanto o úl-timo número, cuja matériade capa tratava da manipu-lação da imprensa. Muitosnos ligaram, enviaram e-mails e se manifestaramnas escolas concordandocom a posição colocada nasreportagens. Alguns, comoo leitor/professor FernandoRibeiro, da charge, quise-ram de alguma forma mos-

trar a sua indignação coma forma como a notícia éveiculada.

Outros, poucos diga-sede passagem, com o devi-do respeito às opiniões di-vergentes, confundiramnossa intenção com a de-fesa do governo Lula, purae simplesmente. Questiona-ram: se todos os grandesjornais e as grandes revis-tas falavam mal do Lula,porque só o jornal do Sin-pro via alguma coisa positi-va? Se todos atiram pedras,porque só nós não? Em pri-meiro lugar, não estamossozinhos nessa empreitadade separar o joio do trigo. ACarta Capital, por exem-plo, tem dado um “banho”de jornalismo, sem deixar depublicar as denúncias con-tra parte dos parlamentarese dirigentes do PT que co-meteram sim, atos gravís-simos, mas também colo-cando o outro lado, mos-trando os interesses queestão em jogo nesse imbró-glio todo, inclusive a tenta-tiva mal disfarçada das eli-

Muitosinteresses

estão em jogotes de como disse recente-mente Jorge Bornhausen,“acabar com essa raça(sic)”.

Não nos iludamos: “essaraça”, na opinião do líder doPFL, padrão europeu, olhosazuis, somos nós, trabalha-dores brasileiros, que “ou-samos” tomar o poder queestá nas mãos deles há 500anos.

Tanto isso é verdade,que publicamos nesta edi-

ção a verdadeira ebuliçãoque está ocorrendo na Amé-rica do Sul: de um lado, in-díos, trabalhadores, campo-neses, estudantes, professo-res, intelectuais lutando pelamelhoria das condições devida,; de outro, a velhas oli-garquias, apoiadas pelosEstados Unidos, resistindoàs mudanças, apregoandogolpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como nãopoderia deixar de ser, tam-bém está envolvido nesteprocesso. Daí as agressõesao governo Lula e às trans-formações que estão ocor-rendo em nosso país.

Por essas e por outras éque temos a convicção deque não exageramos ao cri-ticar a grande imprensa demaneira geral sobre a abor-dagem que elas dão aosmovimentos sociais e àsdenúncias de corrupção.Temos a certeza de queoutros interesses, muito di-ferentes daqueles que elesdizem defender , estão emjogo. Quem viver, verá.

Desde o início da crise,uma das teses mais propa-gadas por um grupo de in-telectuais, correntes da cha-mada “es-querda doPT” e movi-mentos soci-ais diz que oalvo estratégi-co da ofensi-va das elites éa esquerdab r a s i l e i r a .Dentro destecampo, as pri-oridades a serem destruídasseriam o PT, os movimen-tos sociais e a gestão deLula.

O PT e o governo têmsentido nos últimos trêsmeses a fúria de diversossetores da direita brasileira,como os tradicionais parti-dos PFL e PSDB, os meiosde comunicação, os setoresmédios e o grande capital.Enquanto o cenário de fra-gilização ia sendo construí-do a partir de equívocos co-metidos no âmbito do Pla-nalto e do PT, os movimen-tos sociais passaram a semanifestar, sempre obser-vados com cuidado pelossetores políticos conserva-dores.

Quando do lançamentoda Carta ao PovoBrasileiro por parte da Co-ordenação dos MovimentosSociais, da qual fazem par-te a UNE, a CUT e o MST,a grande mídia criticou osmovimentos alegando que ainiciativa seria uma espéciede “claque” do núcleo durodo governo.

Recentemente, os movi-mentos decidiram ir às ruaspara combater a “desesta-bilização do governo” e de-fender, como saída para acrise, mudanças na políticaeconômica, o combate ra-dical à corrupção e umareforma política que demo-cratize as instituições doEstado. A grande mídia e adireita subiram o tom eaprofundaram a ofensivaatravés de um discurso decaracterização do ato como“chapa-branca” e a críticaà relação entre os movi-mentos e o governo.

O noticiário sobre o atofoi marcado por críticas aosmovimentos sociais. Posici-onando-se de forma explí-tica, um editorial dojornal Folha de São Pau-lo assinado por Marcos Au-gusto Gonçalves demons-trou o tom agressivo do dis-

curso. “A primeira [CUT]é um aparelho controladopor uma elite sindical ver-gada - e fascinada - pelo

poder, que,na figura doministro doTrabalho,Luiz Mari-nho, encar-na o que sepode cha-mar de neo-peleguismo.A UNE temoutros moti-

vos, além das ligações polí-ticas, para bajular Lula -agraciada que tem sido comverbas federais. Quanto aoMST, o loteamento da má-quina pública e o repasse derecursos já haviam se en-carregado de semear a sub-serviência”.

No caso dos estudantes,a intenção das reportagensfoi tentar ligar diretamenteo caso Collor à crise atualnuma sugestão de que, se aUNE mobiliza, é para der-rubar o presidente. “Protes-to a favor, quando o paísestá indignado como está,não tem nada a ver commovimento es-tudantil”, disse ajornalista MirianLeitão em umade suas colunas.No dia, o presi-dente da UNE,Gustavo Petta,fez questão defazer a diferen-ciação entre osdois episódioscolocando que as mobiliza-ções da entidade têm cará-ter político claro, e não são“do contra” independenteda conjuntura. “Nesse ce-nário, a UNE não vai se fur-tar ao seu papel histórico.Continuaremos a ter lado nasociedade e o nosso ladosempre foi claro, é junto aostrabalhadores e trabalhado-ras, junto àqueles que seforjaram na luta contra o ca-pitalismo opressor”, afir-mou.

Para reforçar seu argu-mento, a oposição passou acriticar o repasse de recur-sos do governo para aUNE. Segundo o senadorpefelista José Agripino Maia(RN), o governo aumentoude R$ 600 mil para R$ 1,185milhão o repasse à entida-de. Em resposta oficial, aUnião explicou que a rela-ção entre os governos eentidades é normal e quesempre aconteceu, inclusi-

CUT, MST e UNE consideram que setores conservadores e seus braçosmidiáticos decidiram desencadear ofensiva contra movimentos sociais apósmobilizações do dia 16 de agosto. Severino Cavalcanti autorizou reque-rimento de líder do PFL para criar “CPI do MST”

ve na época de FernandoHenrique Cardoso. O textoesclarece também que acaptação de recursos paraprojetos voltadosao interesse pú-blico é “legítima”e que os recursosnoticiados foramobtidos por meiode emendas par-lamentares apre-sentadas por par-lamentares devários partidos,entre eles o pró-prio PSDB, “não tendo ori-gem no Executivo”.

CPI “do MST”Dois dias depois do ato, aoposição resolveu ir contrao alvo considerado maisperigoso pela sua capacida-de de mobilização, indepen-dência e visão anti-neolibe-ral: o MST.

O presidente da Câma-ra, Severino Cavalcanti(PP-PE), autorizou o reque-rimento do líder do PFL nacasa, José Carlos Aleluia(BA) de criação de umaComissão Parlamentar deInquérito para investigar o

MST. Nod o c u -mento, odeputadob a i a n oimputa aom o v i -mento aresponsa-bi l idadepela ten-são exis-

tente hoje no campo, “ondea reação dos fazendeirospode desembocar numaverdadeira guerra rural,com o total comprometi-mento da paz social e o mu-tilamento das nossas insti-tuições democráticas”.

A comissão irá investi-gar as “invasões de terrarural bem como prédios ur-banos por integrantes domovimento”. Para JoãoPaulo Rodrigues, da Coor-denação Nacional do Mo-vimento, a iniciativa é uma

Cartas e e-mails

estratégia dos setores dedireita e forças conserva-doras para desgastar osmovimentos sociais e as en-

tidades deesquerda.“O MST,porém, nãovai se intimi-dar com ini-ciativas des-sa naturezae a isso seráo c u p a n d oterra e discu-tindo com o

povo a função social da pro-p r i e d a d e ” .

Manipulação da mídiaO secretário nacional decomunicação da CUT, An-tônio Carlos Spis, publicouartigo questionando a co-bertura feita pela grandemídia do ato realizado no dia16. Para o dirigente, a mí-dia insistiu em ignorar o ob-jetivo e caracterizar a mo-bilização como uma inicia-tiva chapa-branca e dimi-nuir sua importância ao re-latar um número e partici-pantes inferior ao “verda-deiro”. Ao mesmo tempo,segundo Spis, a grande mí-dia supervalorizou a mani-festação ocorrida no diaseguinte, promovida porpartidos de oposição, ten-tando valorizar uma supos-ta movimentação com for-ça social contra Lula.

“Repudiamos também atentativa de descaracterizara independência e a auto-nomia dos movimentos so-ciais, caracterizados como“patrocinados” pelo gover-no, ao mesmo tempo emque a imprensa “não vê malnenhum” em entidades em-presariais, tradicionalmentebeneficiadas, firmarem con-vênios com o governo. Estaé mais uma prova de que opreconceito e a luta de clas-ses continuam bem presen-tes”, concluiu.

Jonas ValenteCarta Maior22/08/2005

O presidenteda Câmaraautorizou

requerimentodo PFL

pedindo umaCPI para o

MST

O PT e ogoverno têm

sentido a fúriade diversossetores da

direitabrasileira

Os movimentosdecidiram ir às

ruas paracombater a

desestabilizaçãodo governopor setores

conservadores

Endereços:Sede: Setor Comercial Sul, Quadra 3, Bloco A, n°107/111 - CEP: 70.300-500 - Brasília-DF. A/C daSecretaria de ImprensaFax: 3218-5631e-mail: [email protected]

Page 3: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

3 Setembro/2005

Correção de injustiças

Debate

Um direito como favor da lei

S I M

NÃONem preciso expor aqui

o que está na Constituiçãoe na Lei de Diretrizes deBases, acerca dos direitosque temos à Educação. Faztempo que a Educaçãocomo direito civil nos estáassegurada, garantida e ro-tineiramente negada. Ne-gada quanto ao acesso, ne-gada quanto à permanênciae negada quanto à qualida-de. Em todos os momentosdo processo educativo sal-tam aos olhos, isso comofato, não como evidência, adiscrepância entre o direitoassegurado e o direito con-quistado. Corrigir isso, sómesmo com um projeto deEducação amplo que inte-gre a cultura e os saberes,que seja capaz de atendertodas as camadas sociais doPaís, que vá além da cor, dogênero, da condição físicae, principalmente, da condi-ção econômica.

No nosso quadro decarência crônica não bastadizer que a “lei legitima di-reitos”, nem é suficiente oargumento sobre o qual “ajustiça para ser justa temque ser desigual para aten-der aos desiguais”. Comoprincípio é inegável a suaimportância, mas comoação pode incorrer no riscode atender aos desiguais eaprofundar ainda mais as

desigualdades.De concreto mesmo,

há nossos inaceitáveis indi-cadores educacionais quenão permitem mais progra-mas de governo voltadosapenas para determinadossetores sociais. Precisa-mos, sim, de projetos am-plos e que tenham continui-dade. Programas isolados,justos que sejam, em quasenada contribuem para tiraro nosso ensino dos níveis deprecariedade em que se en-contra, seja o ensino bási-co, com sua conhecida ine-ficiência, seja o nível supe-rior que se mantêm distan-te da maioria da populaçãobrasileira.

Garantir o ingressona Universidade com umartifício legal a setores so-ciais não significa que osbeneficiários tenham muitosde seus problemas resolvi-dos. Nem garante ser essauma alternativa capaz deabrir um caminho para amelhoria de nosso ensino,seja ele superior ou básico.

Um dos problemasque o benefício da cota nãoresolve é a permanência dobeneficiado na Universida-de. A continuidade dos es-tudos independe de cor oucondição física. Depende,sim, das condições que o es-tudante tem de se manter.

Aqui no Distrito Federal,por exemplo, em condiçãolimite de despesas, o estu-dante não gasta menos quedois salários mínimos pormês para continuar um cur-so. Se a opção for por umcurso de Medicina, jamaisesse estudante terá comoadquirir um livro que podecustar mais de mil reais, jáque a biblioteca não dispõede um acervo que atenda atodos.

Por isso, a Históriatem nos mostrado que amaioria dos estudantes po-bres não freqüenta a univer-sidade pública não é por nãoter como nela ingressar, maspor falta de condições de semanter. Logo, o custo depermanência numa univer-sidade pública é proibitivopara muitos e uma das pou-cas alternativas existentesé compatibilizar o curso comuma atividade geradora derenda, o que termina por in-viabilizar ou tornar muito di-fícil os estudos nas condi-ções existentes.

Mais dificuldade re-side naqueles que tiveramque se submeter ao concur-so vestibular, num proces-so de concorrência ampla eficaram fora, justo ou não,devem se sentir preteridosna medida em que se sub-meteram também, ao expe-

diente de “reserva de mer-cado”. Além disso, devemquestionar a validade do di-reito à ocupação do ‘espa-ço público’ que é ampara-do pelos preceitos constitu-cionais de igualdade.

Perguntas diversas de-vem ser feitas. Uma delasé por que caminhos tão di-ferentes para usufruirmosdo mesmo espaço público?O próprio cotista, se sensí-vel, deve se ressentir disso.O não cotista, por sua vez,ao ver caminhos diferentes,mesmo com o respaldo dalei, não deve desenvolversentimentos de generosida-de ou mesmo de compre-ensão histórica, afinal o queestá em jogo ali não é o in-teresse público, mas o inte-resse particular.

Por ter chegado porcaminho diverso, o cotistadeve se sentir, de início,como um imigrante que in-vestido do direito de ir e virse submete a privaçõesmais difíceis, que passa poraprender uma língua namarra, por renunciar a mui-tos aspectos de sua culturae por ter que admitir a dis-tância inexorável dos afe-tos. Tudo em nome da me-lhoria da vida econômicaindividual e ou familiar.Comparação essa que éaceitável vista no conjunto

dos nossos valores culturais.Muitos dos cotistas

devem terminar seus cur-sos, evidentemente, masnão podemos negar quepagam um preço alto e in-justo por um direito que lheé assegurado pela lei, masnão cumprido por falta deuma política pública de Edu-cação que o reconheçacomo adquirente de um di-reito, não como beneficiá-rio de um favor.

Dos argumentos afavor das cotas para os ne-gros, dois se destacam. Umpelo reconhecimento histó-rico das condições de ex-clusão daqueles que foramdecisivos na construção donosso país. Importante oreconhecimento, embora háde se considerar que a mai-oria absoluta da sociedadenegra, sequer tem condi-ções de fazer um curso uni-versitário. A maioria dela seencontra na produção soci-al pouco remunerada e mui-tos não saíram ainda dascondições limite de sobre-vivência. Nada diferente doque já foi observado pela li-teratura, que “o negro noBrasil saiu da senzala parahabitar na sarjeta”.

O segundo argumen-to de defesa é o da qualifi-cação e certificação supe-rior, como meio de ascen-

são social. Nenhuma dúvi-da quanto a isso, porémesse viés não garante, nemde longe, desenvolvimentosocial como muitos defen-dem. Achar que a mudan-ça social passa, necessáriae exclusivamente, pela uni-versidade, esquece dosexemplos históricos que nosensinam o óbvio: a educa-ção como fator de desen-volvimento e organizaçãosocial começa pelo ensinobásico e se completa, emparte, pelo nível superior.Aqui se pretende caminhoinverso. Como sempre.

Como alternativamesmo, só um projeto deEducação para o país quenos tire da condição de umdos piores ensinos do mun-do. Que supere o vergonho-so índice de evasão de nos-sas escolas, sua incapacida-de de ensinar a ler, a escre-ver e a contar e que nos li-vre dos prejuízos incalculá-veis da reprovação.

Isso, sim, viabilizariao desenvolvimento, a orga-nização social que tanto aNação precisa, sem recor-rer a gestos de bondade eou a legitimar direitos comofavor da lei.

Nonato MenezesDiretor do Sinpro

As políticas afirmativasou políticas de cotas são uminstrumento relativamenterecente e devem ser anali-sadas como um mecanismoa ser utilizado na busca decorrigir injustiças cometidaspelos setores hegemônicosda sociedade sobre suas mi-norias, ao longo do proces-so de formação dessa soci-edade. São baseadas noprincípio de que na demo-cracia as igualdades são tra-tadas igualmente, mas asdesigualdades devem sertratadas de forma desigual.Tais políticas têm que serentendidas, portanto, comocompensatórias de injusti-ças históricas e devem serimplantadas com objetivosbem definidos e ter carátertemporário, ou seja, devemexistir apenas pelo temposuficiente que permita cor-rigir ou minimizar essas in-justiças.

As políticas de cotassurgiram nos EUA na dé-cada de 60, no seio dosmovimentos pela igualdaderacial que aconteceram na-quele país, sob a liderançade Martin Luther King. Àépoca, iniciava-se o proces-so de automação do siste-ma produtivo e, à medidaque essa automação dimi-nuía o número de vagas nasindústrias, o trabalhador nãoespecializado era, comohoje, o primeiro a perder oemprego. Como a maioria

da população negra não ti-nha formação para compe-tir com os brancos, era emsuas portas que o desem-prego batia primeiro. Porisso, uma das principais rei-vindicações de Martin Lu-ther king era a reserva devagas para os negros nasuniversidades.

A criação de cotas nasuniversidades americanas,se não acabou com a desi-gualdade racial existente nopaís, com certeza deu à po-pulação negra melhorescondições de competiçãono mercado de trabalho.

Posteriormente, outrospaíses, como Canadá, Ho-landa e Inglaterra adotarampolíticas semelhantes.

No Brasil, as cotas fo-ram implantadas recente-mente em algumas univer-sidades, entre elas, a UnB,para afros-descendentes eindígenas e, como era de seesperar, essa implantaçãotem gerado uma grande po-lêmica. Polêmica essa quetende a aumentar com aproposta do governo fede-ral de estender a política decotas para todas a univer-sidades federais e ampliá-las também para alunosoriundos das escolas públi-cas.

Muitas são as vozes con-trárias à proposta do gover-no federal, mas os argu-mentos não são tão varia-dos assim. Um desses ar-

gumentos, utilizado pelo pro-fessor Roberto Cláudio Be-zerra, do Conselho Nacio-nal de Educação – repetidapor muita gente -, é o de queo sistema de cotas compro-mete a qualidade do ensinosuperior no Brasil. Sobreessa questão, os primeiroslevantamentos feitos comalunos que ingressarampelo sistema de cotas indi-cam que suas notas são se-melhantes aos demais alu-nos. Por outro lado, restasaber que tipo de qualidadese pretende atingir. A quali-dade excludente que torna oBrasil num dos países maisinjustos do mundo? Numasociedade democrática, nãobasta que a universidade de-tenha o controle da ciência,manipule as novas tecnolo-gias; é necessário que sejadada a oportunidade deacesso a esse conhecimen-to à maioria do povo.

Outro argumento bas-tante utilizado por aquelesque são contrários às cotase o de que, para acabar como desequilíbrio entre alunosdas escolas públicas e pri-vadas, basta investir na edu-cação pública; mas isso échover no molhado. É cla-ro que, para resolver defi-nitivamente o problema, éfundamental investir no en-sino público, principalmen-te na formação e nos salá-rios dos educadores. Masos resultados desses inves-

timentos não aparecem nodia seguinte; é necessárioque, ao mesmo tempo emque aumentam os recursospara o ensino fundamentale médio, sejam ampliadas asoportunidades de acesso àuniversidade pública, aosfilhos das classes populares.

Até meados do séculoXX a escola pública era aescola das elites brasileiras.Aos filhos da classe médiarestava a alternativa de es-colas privadas ou confessi-onais e à população pobrerestava o analfabetismomesmo. A mudança do Bra-sil rural para o Brasil urba-no na segunda metade doséculo passado obrigou osgovernantes a expandiremo número de matriculas eassim garantir um mínimode estudo para o operaria-do industrial. Mas o aportede recursos, que deveriaser proporcional ao aumen-to de matrículas, passoulonge disso. Resultado: oensino público excludentese popularizou, mas sem osinvestimentos necessáriospara garantir qualidade fezcom que, pouco a pouco, osfilhos das classes média ealta fossem transferidospara as escolas particula-res. Sem a pressão das eli-tes por uma escola públicade qualidade, o estado cadavez mais se sentiu desobri-gado a investir no ensinopúblico e a escola publica,

em muitos casos passou aser a escola de quem nãopode pagar mensalidadeescolar.

Se no ensino fundamen-tal e médio o número de ma-trículas se expandiu, no en-sino superior público o au-mento de vagas foi muitopequeno e, com a transfe-rência dos filhos das elitespara a escola particular, aparticipação de alunosoriundos das escolas públi-cas nas universidades públi-cas foi diminuindo gradati-vamente ao longo dos anos.Pesquisa feita entre alunosda USP verificou que os alu-nos vindos de escolas pú-blicas eram 57% dos ma-triculados em 1968, 32% em1983, 19% em 2000 e21,6% em 2002.

Enquanto isso assistimosdurante o governo FHC àcriação de milhares de ins-tituições privadas de ensi-no superior, boa parte de-las de péssima qualidade,numa verdadeira indústriade diplomas para os jovensque não conseguem ingres-sar nas instituições públicas.Para se ter uma idéia, ape-nas no Distrito Federal o nú-mero de faculdades particu-lares pulou de oito em 1995para aproximadamente ses-senta em 2005.

Da mesma forma que ascotas para afros-descen-dentes são uma ação con-creta para oportunizar o

acesso à universidade, acriação de cotas para alu-nos de escolas públicas po-derá vir ser importante ins-trumento de inclusão soci-al. As cotas para alunos dasescolas públicas devem serentendidas, portanto, comomeio de democratizar oacesso ao ensino superiorde qualidade, garantindo aentrada nas universidadespúblicas de um contingentemaior de jovens filhos deoperários, trabalhadores ru-rais, funcionários públicosde escalões mais baixos,entre outros até que o ensi-no público no Brasil tenhaa qualidade desejada portodos nós.

Outro aspecto relevan-te a ser considerado é que,se é papel da universidadea construção e consolida-ção do pensamento de umasociedade, é fundamentalque nessa construção se-jam levados em conside-ração a diversidade cultu-ral, étnica e socioeconômi-ca da população.

Por fim e importante res-saltar que a criação de co-tas levará de volta ao ensi-no público considerável par-cela dos setores médios dapopulação, o que sem dúvi-da exigirá do poder públicomais investimentos, valori-zando a educação pública.

Antônio LisboaDiretor do Sinpro

Você é a favor das cotas nas universidades?

Page 4: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

4 Setembro/2005

O futuro da América LatC a p a

A Bolívia é o parceiroprioritário do Brasil na Amé-rica no Sul. A fronteira en-tre os dois países é a maisextensa e atinge 3.423 qui-lômetros. A dupla condiçãode país amazônico e planti-no também interessa aoBrasil – que não tem aces-so à cordilheira dos Andes– além do gasoduto queestá sendo construído a par-tir da serra boliviana e daexploração e exportação degás e petróleo.

A Bolívia é conhecidapelos inúmeros golpes quemarcaram sua história, prin-cipalmente a mais recente.Desde a independência, noséculo XIX, teve o maiornúmero de golpes de esta-do da história: de 150 a 190,dependendo da análise.

Dois presidentes mere-cem destaque em toda essatrajetória: Manuel IsidoroBelzu, que governou entre

Parceiro prioritário do Brasilcom uma história singular

1848 e 1855 (o único mes-tiço), assassinado em 1865e Juan José Torres, gover-nante em 1970 e 1971, de-posto e assassinado do exí-lio, na Argentina. Os doisadotaram políticas naciona-listas, de desenvolvimento econtra o imperialismo, o pri-meiro contra a presençabritânica, o segundo contraos Estados Unidos.

Ainda na década de 50a Bolívia fez a reformaagrária, nacionalizou as mi-nas e extinguiu o exército,

substituindo-o pelas milíci-as populares. Infelizmente,várias dessas conquistasforam perdidas.

A Bolívia foi um país ricoem prata, durante o inícioda colonização espanhola eem estanho, cuja única me-mória são imensas cadeirasde montanhas “peladas”,exploradas pelas multina-cionais.

Atualmente tem reser-vas de gás e petróleo esti-madas em mais de cem bi-lhões de dólares.

Tem uma população decerca de nove milhões dehabitantes, dos quais 55%índios descendentes de vá-rias nações, como ayama-ra e quéchua. Outros cer-ca de um milhão e 300 milbolivianos estão fora dopaís em busca de melhorescondições de vida. Maisuns 400 mil aproximada-mente tentam sair legal-mente nos dias de hoje dopaís.

Compõe a tríade conhe-cida como Arco Indígena,que inclui Equador e Peru.Foi o centro, junto com oPeru, do grande impérioInca – massacrado pelosespanhóis, cujo marco é oassassinato do imperadorTúpac Amaru. Tem o mai-or lago de água doce domundo, o Titicaca, e de láherdamos o nome de nossapraia mais famosa: Copaca-bana.

O destino da Américado Sul pode ser decidido naatual luta política travadana Bolívia. O país está empé de guerra: de um ladomineiros, camponeses, es-tudantes, professores, do-nas de casa; de outro, a oli-garquia que se apega aopoder e, auxiliada pelos Es-tados Unidos, pretendemanter o status quo.

As eleições presidenci-ais estão marcadas paradezembro deste ano, maso que decidirá o destino daBolívia é a convocação deuma Assembléia NacionalConstituinte, prevista parajulho de 2006 e defendidapor Evo Morales, socialis-ta, principal liderança po-pular do país; ou a chama-da Assembléia Popular,proposta por setores maisradicais do movimento.Existe uma terceira alter-nativa, a não realização denenhuma das duas, quesignificará a vitória das for-ças conservadoras e deixa-rá o futuro daquele paístotalmente incerto, passívelaté mesmo de uma guerracivil. Há denúncias que oalto comando das ForçasArmadas estariam tra-mando um golpe, a fim deevitar uma possível vitóriasocialista no pleito.

Ley de HidrocarburosA crise na Bolívia co-

meçou a se agravar no ano2000, com o início da cha-mada “Guerra Contra aPrivatização da Água”. Opresidente recém-eleito,Sanchez de Lozada, entre-gou a uma empresa priva-

Bolívia: eleição eConstituinte à vista

da francesa, a “Cie/Sue-zLynnaise de Eaux”, o mo-nopólio da água potável dacapital La Paz e da cidadedormitório El Alto, a quatromil metros de altura, comuma população de 800 milhabitantes, a meia hora dacapital e grande número dedesempregados. Foi umverdadeiro estopim. Donasde casa, camponeses, coca-leros (plantadores de coca,a maior parte na miséria porconta do programa de er-radicação dacoca patrocinadopelos EUA) fo-ram às ruas e exi-giram a retiradada multinacional.

A partir daí asmanifestaçõespopulares não pa-raram de crescer,alcançando a ex-ploração e a ex-portação de gás epetróleo, as principais rique-zas naturais daquele país.Os movimentos sociais rei-vindicavam o aumento de18% para 50% dos royalti-es sobre o gás e o petróleoe, os setores mais progres-sistas, a nacionalização dosetor.

Entre fevereiro e outu-bro de 2003 as manifesta-ções ganham dimensõesinesperadas para o gover-no. As estradas são toma-das pelos índios e campo-neses, mais da metade dapopulação não aceita a mi-séria a que está submetida.

A capital La Paz fica noalto da cordilheira do Andes.É um grande vale de cimen-to e tijolo envolto pelas mon-

tanhas. As estradas de aces-so passam pela cordilheira,são estreitas, perigosas e defácil bloqueio por parte dosíndios ou camponeses.

Nesse quadro a chama-da Guerra do Gás eclodecom toda com toda força.A população vai às ruas emconstantes protestos. Exigeo aumento dos royalties e autilização dos lucros advin-do da exploração e expor-tação de gás e petróleo emmedidas sociais e de com-

bate ao de-semprego.

O presi-dente Sanchezde Lozada,político tradici-onal, eleito in-diretamentepelo congressoao derrotar olíder do Movi-mento Al Soci-alismo (MAS),

Evo Morales, mantém-seinsensível às reivindicaçõespopulares e ordena umabrutal repressão em outu-bro, a qual resulta em 78mortos. A situação torna-seinsuportável quando o go-verno dá autorização paraempresas norte-americanase espanholas exportarempetróleo através de territó-rio chileno disputado com aBolívia.

Ante a pressão populare graças à mediação brasi-leira e argentina, Lozadadeixa a presidência e refu-gia-se nos Estados Unidos.Assume o vice-presidenteCarlos Meza com o objeti-vo de apaziguar o país, masao invés de ouvir o clamor

popular, vai à televisão de-fender os interesses dasmultinacionais, tanto daágua quanto do gás e pe-tróleo. Ele chegou ao pontode dizer claramente que “asmultinacionais mandam nopaís. Não podemos aprovaruma lei que lhes desagra-de”, referindose à nova Leydos Hidrocarburos. Explo-de a impaciência popular.Os principais movimentossociais liderados pelo MASe pela Central OperáriaBoliviana (COB) já nãoquer mais 50% de royalti-es. Gritam nas principaiscidades da cordilheira dosAndes: “ni 30, ni 50. Naci-onalización!”. Em um gol-pe estilo Jânio Quadros,Mesa renuncia. Consegueo apoio do congresso con-servador, que o mantém nocargo. Mas o povo nãoaceita. Volta às ruas. Pedea punição dos responsáveispelos 78 assassinatos nogoverno Lozada. Mesaagüenta o que pode, masenfraquecido renuncia nodia 9 de junho. Na saída, umaúltima atitude, mais comedi-da: pede ao presidente doSenado, sucessor constituci-onal, que renuncie às suasambições e não assuma apresidência.

O chamado é atendido éo presidente da Corte Su-prema, Eduardo Rodriguez,assume a presidência paraconvocar e realizar novaseleições.

As cartas estão namesa. O destino da Bolíviae da América do Sul podeser decidido antes do Na-tal.

Líder dos camponesesbolivianos, Evo Morales éhoje a principal figura domovimento popular, estan-do à frente do MAS – Mo-vimento al Socialismo, cri-ado em meados da décadade 50. É candidato à elei-ção presidencial de 4 dedezembro. Sua plataforma,entre outros pontos, é con-tra o neoliberalismo e a cor-rupção.

Segundo Morales, a pri-meira tarefa do novo presi-dente é convocar uma As-sembléia Nacional Consti-tunte que “proporá as ba-ses jurídicas, culturais e so-ciais que facilitem desman-telar o estado neoliberalimperante. Temos que re-fundar uma Bolívia, que su-pere de imediato as estrutu-ras sociais e de produção queimpõem a exclusão, a discri-minação no estado colonialque estamos vivendo”.

Evo Morales pediu aHugo Chávez que a estatal

EVO MORALESlider do MAS

de petróleo venezuelanaassessore a projetada re-fundação de uma empresaestatal boliviana, a ser cria-da em seu governo.

Mais do que a presidên-cia, Evo Morales aponta anecessidade de vencer aseleições para o congresso:“Se realmente o povo quermudar o modelo econômi-co tem que apostar por umamaioria no congresso e des-sa forma, não depender decotas, ‘prebendas’ e parti-lha de cargos”.

A eleiçãopresidencialestá marcada

para dezembro,mas a direitapode tentar

mais um golpemilitar

A América do Sul está em disputa. De um

lado, os movimentos populares lutando pela

verdadeira independência de seus países,

em combate ao neoliberalismo, a presença

de bases militares norte-americanas,brigando pela nacionalização da exploração

de petróleo, prata, estanho, cobre e outros

minerais. Uma luta, em suma, pelo

desenvolvimento social e econômico

autônomo, uma Alternativa Bolivariana

para a América (Alba). De outro, as velhas

oligarquias subservientes, a soldo dos

Estados Unidos, arquitetando manter a

velha dominação.

A presença na América do Sul deCondoleezza Rice, Secretária de Estado dos

EUA, seguida pela vinda do Secretário de

Defesa Donald Rumsfeld, ambos este ano,

são claros indícios de que o jogo está

apertado.

Não é pra menos. A Bolívia derrubou um

presidente e antecipou a eleição

presidencial. O Equador derrubou outro. Na

Colômbia o Plano Patriota não deu certo eas Farc-EP – Forças Armadas

Revolucionárias da Colômbia – Exército do

Povo, continuam firmes. A Argentina

declarou moratória e economizou US$ 67

bilhões. No Peru, a situação é tão tensa que

o presidente Toledo encaminhou projeto de

Lei que pune, inclusive com prisão,

manifestações populares. A Venezuela de

Hugo Chávez distanciou-se do império e

aproximou-se de Cuba socialista, com aproposta de uma revolução bolivariana.

Em jogo estão US$ 77 bilhões de renda

transferidos da América do Sul para os

Estados Unidos no ano passado, as maiores

reservas de água doce do mundo, a segunda

maior reserva de petróleo em nível mundial,

além de mão de obra barata e um enorme

mercado consumidor e exportador,

principalmente de produtos de pequeno

valor agregado.

Evo é o líder do MAS

Page 5: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

5Setembro/2005

rica Latina está em jogoC a p a

NÃO ao neoliberalismoO ministro da Economia

do Equador Rafael Correarenunciou no último dia 8 deagosto por discordar do pre-sidente Alfredo Palacio so-bre as formas de lidar como Banco Mundial e outrosorganismos multilaterais.

O ministro, desde queassumiu em abril, adotoumedidas de alcance social,de redução do peso do pa-gamento da dívida externaequatoriana, da realocaçãode recursos gerados pelaexportação de petróleo eaprovação de uma lei quepermitisse aos trabalhadoresretirarem dinheiro dos fun-dos de pensão antes da apo-sentadoria. Correa descar-tou qualquer acordo com oFundo Monetário Internaci-onal (FMI) que ponha emrisco a soberania do país.Em menos de quatro mesesde governo, é o terceiromembro do alto escalão dogoverno que renuncia.

RevoltaO atual presidente do

Equador, Alfredo Palacio,assumiu o governo após aqueda do coronel LucioGutiérrez, deposto por 60votos pelo Congresso. Vicede Gutiérrez, Palacio che-

gou ao poder em meio àscrescentes ondas de protes-to que varreram o país e aoassassinato do fotógrafochileno-equatoriano JulioGarcia, de 58 anos, que sen-sibilizou toda a nação equa-toriana. Ele faleceu asfixi-ado pelos gases tóxicos lan-çados pela polícia, que de-sencadeou brutal repressãocontra os manifestantes.

A marcha de 19 abril,com mais de 50 mil pesso-as, foi fundamental para adeposição de Gutiérrez. Jáfaz parte da história doEquador como uma dasmaiores manifestações detodos os tempos naquelepaís.

‘Mochilazo’Mais uma vez os estu-

dantes tiveram papel funda-mental nos recentes acon-tecimentos políticos doEquador. Alunos de colégi-os e universidades desdecedo foram para as ruas deQuito e promoveram o“Mocilazo”, ou o “Mochila-ço”, marchando em direçãoao congresso e ao Paláciodo Governo.

Antes, porém, juntamen-te com milhares de morado-res de Quito, bloquearam as

principais entradas para acapital, a fim de impedir que“partidários” de Gutiérrez,contratados em outras cida-des do país, fossem defen-der o governo decadente.Entretanto, alguns já haviamentrado anteriormente na ci-dade, tentando intimidar osmoradores, inclusive comameaças feitas com armasde fogo.

Apesar de todo esseinicial apoio popular, o pre-sidente Palacio já foi adver-tido por várias liderançaspopulares e indígenas equa-torianas: se assinar ou rejei-tar a consulta popular sobrea Área de Livre Comérciocom os Estados Unidos enão levar a cabo a Assem-bléia Constituinte haveráuma revolta no país, do cam-po à cidade.

Além disso, a maioria dapopulação exige o desman-telamento da base norte-americana no país, o rom-pimento com o Plano Co-lômbia, a defesa da estati-zação do petróleo, o fim dadolarização e a utilizaçãodas exportações de hidro-carbonetos para desenvol-ver o país, e não para pa-gar a dívida externa.

A América Latina e oCaribe crescerão 4,3%este ano e a previsão é deque em 2006 voltem a ex-pandir-se a uma taxa decerca de 4%. A previsãoé da Comissão Econômi-ca para a América Lati-na e Caribe (Cepal), ór-gão das Nações Unidas.

Segundo a Cepal, comessas taxas a região com-pletaria quatro anos con-

Cepal: crescimento será de 4,7%secutivos de crescimentoeconômico e teria um au-mento de aproximadamen-te 10% do PIB – ProdutoInterno Bruto no períodoentre 2003 e 2006

Para a Cepal esse com-portamento da economiamostra que os países latino-americanos estão mais pre-parados para enfrentar asadversidades, buscando umataxa mais alta “para solucio-

nar os graves problemasenfrentados nos mercadosde trabalho, o desemprego.

No crescimento dospaíses latino-americanosdestacam-se a Argentina,com 7,3%; a Venezuela,com 7% e o Uruguai, com6,2%. Não coincidente-mente, os três romperamcom o modelo neoliberalimposto pelos ditos paísesdesenvolvidos.

Desde a sua indepen-dência no século XVIII atéos nossos dias, a história émarcada pelas sucessivasinvestidas dos Estados Uni-dos na América Latina, comobjetivos expansionistas,geopolíticos, territorial, eco-nômico e comercial.

A intromissão tem iníciode forma marcante já noséculo XIX, em 1809, quan-do o presidente dos EUAfaz uma intentona para seapoderar de Cuba.

A proposta ganhou tan-to corpo que em 1823 aAmérica Latina é declara-da zona de influência dosEstados Unidos pelo gover-no norte-americano. É achamada doutrina Monroe,que perdura até hoje.

Em 1835, sob o pretex-to de proteger os interessesdos EUA em El Callao eLima, fuzileiros norte-ame-ricanos desembarcaram noPeru.

A partir daí a interven-ção nos países latino-americanos não paroumais. Foram Panamá,República dominicana,Nicarágua, Porto Rico,Haiti, Cuba, Honduras,

Uma história marcadapela intervenção dos EUA

Costa Rica, México, Uru-guai, Chile, Colômbia,Peru e Equador.

O expansionismo dosEstados Unidos chegou atal ponto que tomaram, àforça, 51% do antigo terri-tório mexicano. Foram maisde dois milhões de quilôme-tros quadrados, uma áreaequivalente a Inglaterra,França, Itália, Espanha,Portugal, Holanda, Dina-marca e Suécia juntas. Oterritório é tão grande quecompreende os maiores es-tados dos EUA: Texas eCalifórnia, além do Arizona,Novo México, Utah, Neva-da e parte de Wyoming eColorado.

A agressão aos vizinhosfoi tão grande, que umaventureiro norte-america-no chamado William Walkerinvadiu a Nicarágua e seautoproclamou seu presi-dente em 1855. Durantedois anos o aventureiro tam-bém atacou El Salvador eHonduras.

Ainda arbitrariamente,os Estados unidos intervie-ram em Cuba e declararam-na seu protetorado em1902.

Já no século XX, osEstados Unidos intervêmna Colômbia e se apode-ram do canal do Panamá.Não satisfeitos, voltaram aintervir em Cuba, invadema República Dominicana,intervêm por quatro vezesno Panamá, ocupam oMéxico, invadem Hondu-ras e tornam o Haiti umprotetorado até 1934.Para completar, invadem aNicarágua, cujo resultadocausou a morte do grandelíder Augusto Sandino.

Já na segunda metadedo século XX apóiam todasas ditaduras militares insta-ladas na América do Sul,que resultaram em milharesde assassinatos de lideran-ças trabalhistas e estudan-tis. Recentemente, tentaramdepor Hugo Chávez, fize-ram espúrio acordo com oParaguai, garantiram mer-cado cativo no Chile, apói-am ostensivamente as for-ças paramilitares da Colôm-bia e estão jogando pesadopara manter o conservado-rismo no Equador e, princi-palmente, na Bolívia, cujaseleições no final do ano sãouma incógnita.

O colombiano criadonos EUA e embaixador emWashington Luís AlbertoMoreno foi eleito presiden-te do Banco Interamerica-no de Desenvolvimento,com 15 dos 28 votos.

Apoiado pelos EUA,Moreno nasceu na Filadél-fia e nacionalizou-se coom-biano Foi o responsável pelacriação do Plano Colômbia– projeto de combate ao trá-fico de drogas nominalmen-te, mas cujo objetivo é com-bater as Farc. É um dos prin-cipais articuladores da Casa

Influência negativaBranca para firmar os cha-mados Tratados de LivreComércio, o plano “B” dosEUA com a derrocada datentativa de criar a Alca –Área de Livre Comércio dasAméricas. Analistas acredi-tam que sua eleição poderepresentar nova iniciativarumo à Alca, fundamentalpara os EUA usarem e abu-sarem dos países da Améri-ca do Sul e Central.

O BID vem sendo sis-tematicamente criticado porsuas decisões favoráveisaos EUA. Segundo a ONG

norte-americana Institutefor Policy Studies, “seguin-do os passos do Consensode Washington, a maiorcontribuição do BID à re-gião tem sido assistir os go-vernos latino-americanosna privatização de empre-sas rentáveis e a aberturade serviços públicos a em-presas transnacionais”.

Em maio os Eua conse-guiram emplacar o ministrochileno José Miguel Inzulzapara a Secretaria Geral daOrganização dos EstadosAmericanos (OEA).

O Senado paraguaioaprovou uma lei que per-mite a instalação de umabase militar dos EUA, comtotal imunidade para os sol-dados norte-americanos,inclusive fora da jurisdiçãoda Corte Penal Internaci-onal em casos de genocí-dios ou crimes de guerra.Além disso, garante a livremovimentação das tropas“ianques” por todo seu ter-ritório.

Muita coisa em jogo no ParaguaiO interesse dos EUA é

na Tríplice Fronteira (comArgentina e Brasil), na mai-or hidrelétrica da América(Itaipu), no Aquífero Gua-rani, o maior reservatório deágua doce do mundo, capazde garantir água para todaa população mundial por180 anos. Além disso, há aproximidade estratégicacom a maior reserva depetróleo mundial, Tarija, naBolívia.

O presidente NicanorDuarte quer mudar a cons-tituição para ficar mais cin-co anos no poder, apesar dopaís conviver com 36% dedesemprego, 80% da terrapertencer à apenas 2% dapopulação, de cerca de 15%da população viver abaixoda linha de pobreza e de terrecebido US$ 1 bilhão de or-ganismos multilaterais parao desenvolvimento social,mas não ter feito nada.

Page 6: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

O Chile provavelmenteé o país que mantém maisfortes relações econômicascom os EUA na AL. Ado-tou o Tratado de Livre Co-mércio e vem pagando caropor isso. Apesar de umcrescimento de mais de6%, a atividade econômicaestá centrada nas exporta-ções, principalmente de pes-cados (21%) e produtosagropecuários (7%), semvalor agregado, mantendouma taxa de desempregoque ultrapassa os 7%. Osrentistas continuam fazen-do a farra dos lucros.

Ao mesmo tempo, a cor-rupção é desenfreada.Segundo a OrganizaçãoRenovação Nacional, 26

bi lhões de pesos fo iquanto o Estado perdeuentre 2003 e 2005.

A organização Generadenuncia, por sua vez, odesrespeito aos direitos hu-manos: mais de 90% dapopulação considera queseus direitos são pouco ounada respeitados.

O presidente RicardoLagos, social democrata,mantém ainda clara políti-ca de exclusão dos Mapu-ches (araucanos) das de-cisões nacionais. Eles re-presentam cerca de 11%da população e lutampela independência deseus territórios, toma-dos pelos brancos ape-nas no século XIX.

Capa

6 Setembro/2005

As eleições municipaisvenezuelanas realizadas noúltimo dia sete propiciarammarcante vitória ao gover-no Chávez. Ao todo, foram5.999 cargos disputados por38.757 candidatos. Os par-tidários de Chávez conquis-taram cerca de 80% dasvagas. Compõem o quadrode alianças do presidente oPartido Comunista da Ve-nezuela, o Partido Pátriapara Todos, o Podemos e oTúpac Amaru.

O governo Chávez rea-liza na Venezuela um sonhode grande parte da Améri-ca do Sul: enfrentar defini-tivamente a miséria, a po-breza e a fome, utilizando,para isso, os recursos pro-venientes da exportação depetróleo, nacionalizada eestatizada no atual governo.

Ao contrário do que pre-gam os arautos do neolibe-ralismo, Chávez estatizou ossetores fundamentais daeconomia e já avisou aosempresários: quem não es-tiver com a produção a todovapor poder perder o con-trole de sua empresa, quepassará às mãos do Esta-do.

Ao assumir a presidên-cia em 1999 Chávez encon-trou inúmeras dificuldades,principalmente no campoeconômico, pois o barril do

A Revolução Bolivariana

petróleo estava na casa dosdez dólares o barril. Só parater uma idéia, hoje encon-tra-se em cerca de 65 dó-lares o barril.

A nova ConstituiçãoBolivariana da Venezuela,elaborada também em1999, amplia direitos soci-ais e mecanismos de demo-cracia participativa. Assim,além da gestão participati-va, o governo introduziu osplebiscitos para definirquestões chaves do país,como a reforma sindical; osreferendos consultivos paratemas estratégicos, como aprivatização do petróleo; eos referendos revogatórios,como a própria continuida-de de Chávez à frente dogoverno, depois de maisuma tentativa de golpe dadireita, patrocinada pelosEstados Unidos.

O atual governo da Ve-nezuela criou as chamadasMissões, programas de po-líticas públicas nas áreas desaúde, educação, habitaçãoe desenvolvimento endóge-no para uma economia al-ternativa ao mercado capi-talista. Os recursos para es-ses programas vêm do pró-prio orçamento e de um fun-do de desenvolvimento eco-nômico e social, compostopelos lucros da estatal Pe-tróleos da Venezuela, deoutras empresas estatais ede impostos sobre as ex-portações de petróleo.

A Revolução Bolivarianadesencadeou um processo desocialização que alcança aárea política, econômica esocial, incluindo trabalhado-res até então sem voz.

Através de acordo comCuba importou 20 mil médi-

cos e dentistas que atendemem todos os bairros da Ve-nezuela. Cada médico aten-de 250 famílias, tanto noconsultório quanto em casa,de forma combinada. Tam-bém existem programas dealimentação popular, compreços abaixo do mercadoem até 50% do preço.

Uma das medidas maispolêmicas do presidenteChávez foi a suspensão doDEA (sigla em inglês), acor-do de cooperação de com-bate ao tráfico de drogas,firmado com os EstadosUnidos.

Segundo Chávez, agen-tes desse órgão norte-ame-ricano estariam atuandocomo espiões de Washing-ton dentro da Venezuela.Em abril, já haviam sidocanceladas operações mili-tares conjuntas com os Es-tados Unidos.

No começo de julho o pró-prio presidente Hugo Chávezanunciou a criação da Petro-Caribe, que engloba, além daVenezuela, República Domi-nicana, Granada, Jamaica,Suriname, Antígua e Barbu-da, São Cristóvão e Névis,Santa Lúcia, Belice, Baha-mas, São Vicente e as Gra-nadinas, Dominica e Cuba.

É a Revolução Boliva-riana em marcha pelasaméricas.

Há 40 anos a Colômbiavive uma guerra interna.Esse período coincide coma fundação das Farc – For-ças Armadas Revolucioná-rias da Colômbia, que nas-cidas em movimento cam-ponês, hoje ocupam cercade 30% do território colom-biano e lutam por transfor-mações políticas, sociais eeconômicas.

Em verdade, a guerra daoligarquia contra o povocolombiano começou emmeados da década de 50 doséculo passado, quandoLaureano Gómez y Maria-no Ospina formou sua “po-lícia” – a primeira organi-zação paramilitar – que foiresponsável pela morte de300 mil pessoas.

De lá pra cá as coisasnão mudaram. A Colômbiahoje convive com 67% dapopulação no nível de pobre-za, de um total de 42 milhõesde pessoas, 12 milhões dedesempregados, três milhõesde camponeses sem terra eforte transferência de recur-sos para a oligarquia.

Devido a sua importân-

Colômbia: guerra pelo poder

cia geopolítica e ao medo deuma nova revolução naAmérica Latina, a Colômbiaé o terceiro país a receber,quantitativamente, ajuda fi-nanceira dos Estados Unidos.

Essa ajuda, entretanto,não tem por objetivo melho-rar condições econômicas esociais do país. Ao contrá-rio, visa desmantelar asFarc - hoje chamadas deExército do Povo (Farc-EP) e toda e qualquer or-ganização popular. Somen-te no atual governo, enca-beçado por Álvaro Uribe,mais de três mil sindicalis-tas foram assassinados e onúmero de trabalhadoressindicalizados caiu assusta-

doramente: de 17% da for-ça de trabalho em 1970para 12,3% em 1980, daípara 5,2% em 2002, comestimativas de estar abaixode 4% este ano. São o desem-prego e as perseguições políti-cas investindo fortemente con-tra o movimento sindical.

Um dos objetivos explí-citos dos Estados Unidos éimpingir o Plano de Açãodas Américas, do qual fazparte a proposta da Alca, ea Iniciativa para a Intergra-ção da Infra-estrutura Sulamericana, que representamnada mais nada menos quetratados comerciais e finan-ceiros garantindo livre mer-cado para as transnacionais.

Plano Patriota

Uma das maiores faça-nhas do governo Uribe,com orientação e financia-mento dos Estados Unidos,foi atribuir às Farc-EP aresponsabilidade pelo tráficointernacional de drogas a par-tir da Colômbia, um dos mai-ores exportadores de cocaí-na e heroína do mundo.

Em verdade, as Farc-EP contam uma história quepoucos conhecem: em 12de maio do ano 2000 a polí-cia do aeroporto de Dora-do, Bogotá, capital do país,encontrou inúmeros frascos

Narcotráfico: puro marketingde um líquido viscoso. Aoanalisar seu conteúdo a sur-presa: heroína pura, remeti-da pela empresa norte-ame-ricana Dyncorp. O generalda polícia que estava à fren-te da investigação destituído.

A Dyncorp é uma dassete empresas militares pri-vadas norte-americanasque têm contrato de 600milhões de dólares para ope-rar na Colômbia. Possui 150homens “trabalhando” na-quele país, a grande maio-ria combatentes oriundosdas guerras do Vietnã, Gol-

fo Pérsico, El Salvador eGuatemala. Ou seja, mer-cenários.

Cabe destacar que poracordo os aviões da empre-sa saem da Colômbia semnenhum tipo de controle porparte da polícia ou do go-verno.

Outro fato de domíniopúblico foi o do coronelnorte-americano, cuja es-posa enviava a droga paraque o mesmo a comerci-alizasse. Detalhe: a drogasaía através da mala diplo-mática dos EUA.

Há 40 anos em Mar-quetelia, departamentode Tolima, 16 mil solda-dos iniciaram ofensivacontra 48 camponesesque, obrigados a se de-fender, empunharam ar-mas. Nesta ocasião nas-ceram as Fuerzas Arma-das Revolucionarias deColômbia (Farc), hojeEjército Del Pueblo, quese transformaram emuma alternativa de poderpopular.

Nascemas Farc

Chile: aliado dos EUA

A confederação Geraldos Trabalhadores do Peruestá realizando várias ma-nifestações contra as refor-mas que estão para ser in-troduzidas no país. Entreelas destacam-se a reduçãodas férias dos trabalhado-res que entrarem no mer-cado para apenas 15 dias ea drástica diminuição devários direitos sociais. Pro-testam, ainda, contra a pri-vatização dos portos, ae-roportos, da empresa esta-

Peru contra reformastal de petróleo e da água.

Essas medidas estãosendo adotadas no atualgoverno, de Alejandro To-ledo, que responde por cri-me de falsidade ideológica,já que 78% das assinaturasque viabilizaram seu parti-do, em 1998, são falsas. Eleestá para firmar Tratado deLivre Comércio com osEUA, que vem realizando“manobras militares conjun-tas”, já que perdeu a basemilitar no Equador.

Depois de dois anos denegociação dos títulos dadívida externa a moratóriaargentina economizou US$67 bilhões. Por isso, hojeo país vizinho tem o mai-or crescimento econômi-co de toda a AméricaLatina: 7,3%.

A situação melhoroutanto que o próprio (ainda)presidente do Banco Inte-ramericano de Desenvolvi-mento (BID), Enrique Igle-sias, viu-se forçado a dizerque a Argentina tem umadependência muito menordo FMI, que mesmo assimquer, a todo custo, mudar apolítica cambial – tornar flu-tuante o câmbio.

Argentina: o maiorcrescimento da AL

Mesmo com essa melho-ra, ainda existe grande dis-paridade na renda portenha:os 10% mais ricos ficaramcom riqueza 28,8 vezes su-perior aos 10% mais pobresno ano passado, em que opaís cresceu 9%.

Com eleições de gover-nadores previstas para ou-tubro, o partido do presiden-te Nestor Kirchner esperavencer em Buenos Aires,principal “província” dopaís. No final de agosto, eleanunciou uma série deobras públicas e subsídiospara programas sociais,como tentativa de superaro desemprego e a misériadeixados por Ménem.

O governo Tabaré Vas-quez tem cinco meses demandato. Oriundo de umacoligação de partidos de es-querda, é o primeiro gover-no democrático e progres-sistas que assume o poderno Uruguai.

As demandas a suprirsão muitas, a começar peloforte desemprego, criseeconômica e social. Nocampo político, Tabaré Vas-quez conseguiu acordo comos chefes das forças arma-das para procurar os desa-parecidos políticos da épo-ca da ditadura.

O novo governo uru-guaio já firmou acordos co-merciais com a Venezuela,

que podem 300 milhões dedólares, principalmente paraa extração e refino de pe-tróleo.

Nesse pouco à frente doExecutivo, entretanto, Ta-baré Vasquez tomou algu-mas medidas impopulares,como manter a privatizaçãoda água e firmar acordocom o FMI.

Nos últimos quatro me-ses o país conseguiu cres-cimento econômico de cer-ca de 0,4%, principalmentedevido à influência argenti-na, que vive forte períodode crescimento econômico,com taxa de 9% no anopassado e previsão de atin-gir 7,1% este ano.

Uruguai: pouco tempo

As forças paramilitaresfinanciadas pela oligarquiacolombiana voltaram a ga-nhar forças nesses últimosanos, em uma estratégia dedizimar regiões inteiras paratentar espremer o Exércitodo Povo. A estratégia con-siste em intimidar através doterror pequenas cidades dointerior, ao mesmo tempoque cresce nas grandes ci-dades, onde assassina eagride dirigentes sindicais,universitários, intelectuais,religiosos etc.

Estimulado e financiadopelos Estados Unidos, ogoverno implantou há umano o chamado “Plano Pa-triota”, com o qual preten-dia dizimar as Farc-EP emapenas oito meses. As der-rotas militares infringidasaos mercenários foram tan-tas, que o Estado Maior dasForças Armadas reconhe-ceu publicamente o fracas-so, ao admitir que as Farc-EP estão praticamente in-tactas e que seriam neces-sários oito anos para alcan-çar o objetivo.

Page 7: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

Educação

7Setembro/2005

Nome: Gláucia Almeida PortelaDisciplina: História/Geografia/Sociologia/FilosofiaEscola: CED 123 Samambaia SulPermuta para: Planaltina (zona rural) ouSobradinhoTelefone: 9239.4770/6376494

Nome: Francisco Cássio da SilvaDisciplina: AtividadesEscola: EC 45 de TaguatingaPermuta para: PlanaltinaTelefone:3389.3157/9491.3337([email protected])

Nome: Rejane Nogueira da Silva SalesDisciplina: AtividadesEscola: DRE SamambaiaPermuta para: DRE GuaráTelefone: 9961.4887/9961.4887

Nome: Regina Coellli C de FariasDisciplina: AtividadesEscola: EC 50 de Ceilândia/P SulPermuta para: Taguatinga/N. BandeiranteTelefone: 3376.6070/3356.7657

Nome: Renata Antunes de SouzaDisciplina: InglêsEscola: CEF 209 Santa MariaPermuta para: Plano PilotoTelefone: 9618.4875/3447.5722

Nome: Neuza Pereira C de OliveiraDisciplina: Atividades

Convênio firmado entre o Sinpro e a Escola de Formação da CUT(ECO-CUT) já formou 80 delegados sindicais em 205.

Uma nova turma entrará em formação ainda este ano.

Dia a dia

Novas denúncias foramapresentadas no último dia19, à CPI da Educação, naCâmara Legislativa. Emdepoimento, o ex-subsecre-tário de Apoio Operacionalda Secretaria de Educação,Manoel Carneiro, trouxedocumentação comprovan-do irregularidades na con-tratação de OSCIPs – Or-ganizações Sociais Civils deInteresse Público.

Segundo Manoel, quan-do o Instituto Candango deSolidariedade (ICS) foi ex-tinto, todos os contratos fir-mados entre o ICS e a Se-

CPI: novas denúnciasenvolvem Eurides Brito

cretaria de Educação foramrepassados para OSCIPs.“Coincidentemente, o ex-diretor do ICS fundou umaOSCIP, em 2002, o IDESP,que já recebeu cerca de R$30 milhões nos últimosanos”, denunciou ManoelCarneiro.

Um coquetel de lança-mento do projeto ReforçoEscolar, em que o IDESP foicontratado para cuidar doprograma, as despesas fo-ram de R$ 16.900.

O ex-subsecretário tam-bém confirmou que em janei-ro de 2001, ganhou passagens

aéreas para o Nordeste, pelaJovem Turismo. “Eram comobrindes para os servidores echegavam via gabinete dadeputada Eurides Brito”, de-clarou Manoel.

Para o deputado PauloTadeu, relator da CPI, en-tretanto, a denúncia maisgrave foi a de que Rorizsabia das irregularidades enada fez. “O governador foiinformado e, no entanto, seomitiu. Isso é muito grave”,disse Paulo Tadeu.

Aline FonsecaJornalista

PermutasEscola: EC 02 do GamaPermuta para: Sair jornada ampliada (20h/20h)Telefone: 9964.0335

Nome: Cássia de OliveiraDisciplina: BiologiaEscola: CEM 02 de Ceilândia/NoturnoPermuta para: Taguatinga/P. PilotoTelefone: 9962.0741

Nome: Luciana Pontes DiasDisciplina: AtividadesEscola: EC 03 N. BandeirantePermuta para: TaguatingaTelefone: 3036.3538/9258.9058

Nome: Junay Nancy dos SantosDisciplina: AtividadesEscola: EC Ponte Alta de Cima (Zona Rural/Gama)Permuta para: Zona Rural Sob./Plan./Paranoá/S.SebastiãoTelefone: 3383.2571/9964.2676

Nome: Kelly CristineDisciplina: Matemática (jornada ampliada)Escola: CEF 08 do GuaráPermuta para: Asa SulTelefone: 8132.2043

Nome: Luciane Maria de Lima P BatistaDisciplina: AtividadesEscola: EC 43 de CeilândiaPermuta para: Cand./ Guará/ N.BandeiranteTelefone: 8131.3228

Já se passaram mais de150 dias e até o momentoas negociações para formu-lação do programa habita-cional para os professoresnão chegou a uma conclu-são. Vale lembrar que o pra-zo dado para essa definiçãoera de 60 dias após o fimda greve.

No último dia 19 acon-teceu uma nova rodada denegociação, em que esta-vam presentes a presiden-te da Terracap, a subsecre-tária de recursos humanosda Secretaria de GestãoAdministrativa, a secretáriade Desenvolvimento Urba-no e representante da Cai-xa Econômica Federal.

A Caixa apresentou aminuta de um convênio quepoderá ser assinado com oGDF para desconto em fo-lha em caso de financia-mento contraído naquelainstituição. A Terracap in-formou que o governadorassinará nos próximos diasdecreto instituindo o pro-grama de incentivo à mo-radia para os servidorespúblicos.

O Sinpro, por sua vez,apresentou vários pontosconsiderados pelos profes-sores como importantes, en-tre eles a necessidade deaumentar o teto salarial parafinanciamento de imóveisde baixa renda (com subsí-

Habitação: negociaçãocaminha lentamente

dio) de seis para 12 salári-os mínimos, a importânciade buscar formas para ga-rantir que os servidores compendências financeiras noSerasa possam fazer o fi-nanciamento, e a diminui-ção das taxas de juros, umavez que o desconto seráfeito em folha.

O sindicato defendeuainda que seja dado aoservidor o direito de esco-lher, dentre as modalida-des de programas existen-tes (carta de crédito, ar-rendamento, imóvel naplanta, terreno da Terra-cap etc) aquele que me-lhor atenderá às suas ne-cessidades.

Na Escola ClasseSão Bartolomeu haviauma regra: os banheirosficavam fechados e achave em poder da di-retoria. Isso levava mui-tas crianças a ficaremconstrangidas em solici-tar a ida ao banheiro. Aoponderar que essa não

era a melhor solução para aquestão da manutenção dasinstalações sanitárias, a pro-fessora Sônia foi devolvida.

Inconformada, a profes-sora decidiu fazer uma reu-nião com os pais, onde re-cebeu todo o apoio e a situ-ação foi revertida com a di-retora da regional determi-

Banheiros fechadosprovocam polêmica

nando que os banheiros fi-cassem abertos.

Mais uma vez o Sinproalerta: se você sentir seudireito ser desrespeitado,não hesite em procurar adiretoria para que possa-mos buscar seus direitos,por menores que eles pos-sam parecer.

Cerca de 300 criançasda educação infantil es-tão tendo aulas em umgalpão improvisado na ci-dade de São Sebastião.Elas são matriculadas noCentro de Ensino Infantil,localizado na quadra.....,mas, como o estabeleci-mento não tem salas sufi-cientes, foi “inventada”essa solução. O local ficadistante da escola e nãopossui a menor condição deuso, pois a iluminação é in-suficiente, as salas não têm

Galpão em São Sebastiãoabriga 300 crianças

quadro negro, não há espaçopara atividades lúdicas fun-damentais no ensino infantil.

O Sinpro denunciou a si-tuação e houve grande re-percussão na imprensa lo-cal. No primeiro semestrea situação era ainda pior,pois as crianças estudavamsem merenda escolar e comhorário reduzido, ou seja,duas horas e meia por tur-ma. Diante da indignação dacomunidade, o GDF acaboucom o horário reduzido e re-gularizou o fornecimento da

merenda após pressão doConselho de Alimentaçãodo DF, mas disse queuma nova escola somen-te no ano que vem.

Isso denota a falta deplanejamento do governoRoriz de não consideraro crescimento da deman-da para investir na cons-trução de escolas antesdo início do ano letivo.

Ficaremos de olhopara cobrar uma novaescola quando começa-rem as aulas em 2006.

Formação sindical

Negociação sobre moradia ocorrida na Terracap, com diretores do Sinpro

Page 8: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

Educação8 Setembro/2005

Já estamos no segundoano de implantação do nos-so plano de carreira e ago-ra temos a certeza do quan-to ele está sendo prejudici-al para nossa categoria deprofessores. Com a sua re-formulação passamos a tero pior plano entre as cate-gorias de nível superior doDistrito Federal. Mas nãotemos porque estranhar, afi-nal os desdobramentos dasnegociações que envolve-ram nosso Sindicato, a Câ-mara Legislativa e o Gover-no já apontavam, àquelemomento, para a situaçãoque vivemos hoje.

Só no primeiro semestrede 2003 tivemos vinte e trêsreuniões com a Secretariade Assuntos Sindicais e den-tre outros itens, discutimosuma carreira única de nívelsuperior, a vigorar a partirde janeiro de 2004. Parale-la àquela discussão, estavaem estudo a situação dosprofessores de nível médio,que ficariam estacionadosaté a aquisição do diplomade nível superior. Essa al-ternativa também, aponta-va para o que viria a serconhecido como critério debarreira, cuja inserção dosorientadores resultaria numPlano de Cargos e Salários

PLANO DE CARREIRAigual ao do Magistério.

Nossas barreiras queeram 6, 12 e 18, continua-vam com seus percentuaise ainda ganhávamos maisum padrão e seus percen-tuais de aumento continua-vam os mesmos, portantoteríamos uma reformulaçãodo plano que contemplavaa todos e, por-tanto, com umacarreira únicade nível superi-or até porque játínhamos a cer-teza que a mai-oria absoluta denós já detinha odiploma de cur-so superior eaos poucos oGoverno já bus-cava o PIE e teríamos, as-sim, realmente um plano decarreira decente.

Quando o prazo de ne-gociação começou a se en-cerrar, naquela época 31/07/2003, sentimos que asdiscussões começavam ase esvaziar e a notícia quevinha por parte do governoé que as tabelas seriamapresentadas à comis-são até aquela data, bemcomo o texto final dos en-contros.

Foi nessa ocasião que

apareceu o senhor SinvalLucas, ocupante de cargona SEE, que bem orientadopela Deputada Eurides Bri-to e a então Secretária deEducação, senhora Maris-tela Neves, (triste lembran-ça para esta categoria),com um Plano de Carreirano bolso que, segundo o pró-

prio, teria sidoconstruído apartir de umcurso feito emSão Paulo, cujapérola passou aser vendidacomo o melhorde todos os pla-nos e cargospara os profes-sores.

Às 17h dodia 31de julho daquele ano,o Sinpro foi chamado à SEEpara uma reunião e o itemde pauta era o que, pelosprejuízos causados poderiamuito bem ser chamado de“plano Sinval Lucas/Euri-des/Maristela”. Nas con-versas ficou explícito quetodas aquelas reuniões fei-tas na SGA deveriam serdesconsideradas, afinal o´melhor plano` para os pro-fessores já estava pronto,faltando apenas acertospolíticos finais e, por fim, sua

implantação.Em agosto e setembro

aconteceram os debates naCâmara Distrital, como ha-víamos previsto, o plano emdebate era aquele do se-nhor Sinval Lucas – o me-lhor de todos os planos.

As nossas articulaçõese as pressões feitas não fo-ram suficientespara nos livraremde tamanho pre-juízo, afinal osacertos já tinhamsido feitos antes.A senhora depu-tada Eurides Bri-to, a jovem se-nhora MaristelaNeves e o bemmandado SinvalLucas, associa-dos à bancada do Governo,nos impuseram o pior planode cargos e salários do se-tor público do Distrito Fe-deral, com os resultados queconhecemos hoje.

Neste sentido, queremosacreditar que o acordo fei-to para pôr fim a última gre-ve, na palavra do própriogovernador RORIZ, que“2006 será o ano da EDU-CAÇÂO” e reafirmadapela secretária de Gestão,Administrativa Cecília Lan-dim, de ser da correção do

Fundo Constitucional do DFpara 2006 repassado , nomínimo, 300 milhões para omagistério, pois à época, emmarço/2005, projetávamosum reajuste no FC em tor-no de 14 a 15%, seja, defato, concretizado, pois sóassim haverão de ser repa-rados os prejuízos que es-

tamos tendo,mês a mês,com este nos-so triste planode cargos esalários, quechamamos dePlano de Car-reira de Pro-fessores doDF.

Nesse qua-dro de dificul-

dades que vivemos, muitosprofessores vêem na saídado Magistério a única alter-nativa possível para alcan-çar o equilíbrio de suas con-tas e necessidade e sair dosprejuízos impostos por essapolítica desastrosa de car-gos e salários.

Resta-nos, porém,aguardar janeiro, mês emque o FC será reajustadoem 18,17%. Se assim for,poderão ser corrigidas asinjustiças que há anos so-fre todo o Magistério Pú-

blico do Distrito Federal, so-bretudo os mais antigos detempo de serviço e todos osaposentados.

Por fim, senhora secre-tária Wanderci Antonia deCamargo e senhora secre-tária Cecília Landim, esta-mos passando da hora deresgatar a comissão que es-tudou o plano de carreira hádois anos atrás: Rivail e Clôpela SEE, Dr. Edson e Dra.Josélia pela SGA e o abai-xo assinado com os compa-nheiros César e Lisboa peloSINPRO/DF, uma vez quejá temos estudos acumula-dos para o mais breve pos-sível termos uma propostaque venha atender a todos,e que este justo direito determos um plano digno e umsalário decente, esteja emnossos contracheques em 1ºde janeiro de 2006, confor-me também acertado, valelembrar. E para nós, cate-goria de professores, resta-nos muita mobilização e dis-posição de luta ao longodestes próximos meses,pois promessas são promes-sas, e para a Educação...

Nelson SobrinhoDiretor do Sinpro

Dicas do QN

No primeirosemestre de

2003 tivemos23 reuniões

comrepresentantes

do GDF

Se houver oreajuste de

18,17% muitasantigas

injustiçaspoderão sercorrigidas

Apenas dois banheirospara 700 alunos em cadaturno, faltam de quadra deesportes e de parquinho paraas crianças da 1ª à 3ª séri-es. Estes são alguns dosproblemas da Escola Clas-se 01 da Vila Estrutural, queapesar de ter 1.480 alunos,23 salas de aula e 48 pro-fessores parece um depó-sito de crianças.

O quadro não é novo.

Arrasta-se há algunsanos, sem que sejam to-madas quaisquer provi-dências. Ainda assim, oGDF tirou R$ 100 milhõesda educação no primeirosemestre deste ano, ale-gando um remanejamen-to de verbas. Infelizmen-te, outras escolas do Dis-trito Federal vivem dramasemelhante, abandonadaspelo governo.

Um depósitode crianças

E.C. 01 da Vila Estrutural

Além de tudo isso, a es-cola é feita de madeirite esuperaquece no calor. Pracompletar o quadro, o espa-ço da cantina é inapropria-do, 20 turmas da 1ª série nãotêm acesso à biblioteca, nãohá espaço para o recreio, aescola não é murada.

É um absurdo que a ca-pital do País ainda convivacom tamanho descaso coma Educação.

Essa é para gravar e guardar para usopedagógico: a partir do dia 28 de agosto, sem-pre às 23h de domingo, em programação quese estenderá até maio de 2006 nas emisso-ras da rede pública de televisão (em Brasí-lia, a TV Nacional), serão exibidos os 35 do-cumentários do Projeto DOCTV, um progra-

ma pioneiro de fomento à regionalização da produção brasileira de documentários.Há temas tão variados quanto o documentário sobre Hermógenes, o pioneiro

da yoga, chamado “Deus me livre de ser Normal”, até registros dos reis negrosde Minas Gerais (Reis Negros), e o registro das lonjuras sem fim e a solidãodos beiradeiros na fronteira com a Bolívia (O Brasil que Começa no Rio...)

A capoeira ganhouum dicionário. A obra édo professor e jornalistaMano Lima, editor darevista Capoeira emEvidência. Além de ex-tensa pesquisa, o autorentrevistou mestres deSão Paulo, Bahia, Goiáse Distrito Federal.

O dicionário, inéditono Brasil, é prefaciadopelo ministro dos Espor-tes, Agnelo Queiroz, erecomendado por mes-tres Bamba (Bahia),Suíno (Goiás), Squisito eZulu (DF). Segundo Agne-lo Queiroz, o dicionário é“uma obra que já nasceuclássica”.

Os interessados em ad-quirí-la podem entrar emcontato com o autor pelostelefones (61) 9296 4757 -3435 6673 ou [email protected].

Umdicionáriopara acapoeira

DOCTV – Olharesimaginando um Brasil

A edição de setembro da revista Nossa História trazum dossiê completo sobre

Juscelino Kubitschek e não é possível falar dele semdar destaque a Brasília, já que a fundação da cidade é oprincipal marco de seu mandato. O artigo “Utopia noPlanalto”, da historiadora brasiliense Vânia MariaLosada Moreira conta como a construção da atualcapital do país concretizou o sonho dedesenvolvimentismo da época, idealizado por

todas as camadas da população, incluindo até mesmoos políticos da oposição.

Já a seção “Olhares” traz texto do arquiteto HugoSegawa, analisando um dos pontos turísticos maisfamosos da capital federal: a Catedral de Brasília.

Brasília também está presente na seção “Mês e Ano”,que dá destaque à Biblioteca do Senado, segundainstituição oficial a ser criada para abrigar livros no Brasil.Em 2006, a biblioteca fará 180 anos e, em comemoração,vai restaurar e digitalizar parte do seu acervo.

Nossa Históriaé sobre Brasília

A G E N D AO III Encontro Brasiliense de Matemática, pro-

movido pela SBEM-DF, será entre os dias 18 a20 de novembro deste ano, na UnB.

O período de inscrições é de 18 de agosto a20 de setembro.

Maiores informações no stie: [email protected]

Page 9: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

Um trabalho desenvol-vido por seis professoras doCentro Integrado de Ensi-no Especial (CIEE) da 912sul está contribuindo pararesgatar a cidadania de alu-nos especiais e potenci-alizando a capacidade deapreensão de conhecimen-to. “Em primeiro lugar aca-bamos com a idéia de sótrabalhar projetos em datascomemorativas e encara-mos o desafio de arrancaro rótulo de incapazes, mos-trando que é possível au-mentar a cognição dessesalunos”, afirmou Neliane daCunha, uma das professo-ras envolvidas no projeto.

Para trabalhar com osalunos são definidos temasgeradores mês a mês. Em

março deste ano, por exem-plo, o tema foi “Eu, Famíliae Sociedade”, em que fo-ram trabalhados os confli-tos existentes nessas rela-ções, com aulas de expres-são corporal e trabalhos deartes. Em maio, o tema foicidadania. Uma das inicia-tivas foi tirar carteiras deidentidade para os alunos,que possuíam apenas a deportadores de necessidadesespeciais: “Eles entende-ram que são cidadãos e fi-caram muito felizes em po-der se identificar como todomundo”, ressaltou.

As professoras traba-lham com três turmas demanutenção acadêmica,especialmente dedicadas amanter o conhecimento ad-

Ciranda da Educação:a superação de desafios

quirido e aumentá-lo.O avanço obtido pelos

alunos é notado pelos paise professores em especialna área de leitura e escri-ta. Cada pequeno avanço,nesse caso, é comemora-do por pais e professores,pois muitos alunos têm di-ficuldade até para conse-guir segurar o lápis, pordeficiência de coordena-ção motora. “Estamos con-seguindo melhorar sensi-velmente a auto-estimadesses alunos, estimulandoneles o interesse emaprender”, afirma Neliane.

Além dela, trabalham noprojeto as professoras Fa-biana Saraiva, Joelma Capi-beribe, Sandra Calixto, Onei-da, Andréia, entre outros.

O fotógrafo SebastiãoSalgado aportou em Brasí-lia em 2001 com a exposi-ção Êxodos, em que regis-trou o drama das migraçõeshumanas pelo mundo. Suaobra serviu de inspiraçãopara um trabalho multidis-ciplinar desenvolvido pelosprofessores de CiênciasHumanas do Centro de En-sino Médio Setor Leste.

Segundo explicou LuisGuilherme Moreira, pro-fessor de História, a sen-sibilidade do fotógrafo bra-sileiro ao registrar ao mes-mo tempo a dor e a digni-dade humana, motivou aescola não só a buscarsaber mais sobre os povosretratados, quanto a pes-quisar no espaço do Dis-trito Federal as situaçõesparecidas às registradasna exposição.

Surgia assim o projetoRe(vi)vendo Êxodos, queem 2005 chega a sua 4ªfase. Com o tema Cultura,Expressão e Liberdade osalunos irão resgatar atravésda pesquisa e da vivênciaas tradições culturais e his-tóricas da região entre Pi-renópolis e Brasília. Para

Sebastião Salgadoinspira o Setor Leste

isso, de 6 a 21 de outubroirão realizar uma caminha-da entre as duas cidades,registrando pelo caminho asmanifestações culturais,sociais e artísticas e as con-dições gerais em relação aomeio ambiente.

No ano passado a esco-la já havia realizado umacaminhada de uma semanaentre Planaltina e Brazlân-dia. Os alunos do 2º e 3ºanos do ensino médio sehospedaram em locaiscomo a Chácara do Profes-sor, o Poço Azul e o Par-que Nacional de Brasília.Todos os dias os alunos par-ticipavam de aulas sobre omeio ambiente que estavamconhecendo, as ações depreservação, a língua por-tuguesa e os regionalismosda região e do cerrado, no-ções de tipo de solo, com-posição e manejo, o teatro,a dança, a música, enfimtoda uma ação multidispli-nar que buscava sair da for-ma convencional de trans-mitir conhecimento.

“Iniciamos esse projetoporque não agüentávamosmais essa cantilena de quea escola pública não tem

qualidade. Uma das coisasque mais notamos é a mu-dança da percepção dosalunos a respeito do mun-do que nos cerca e o au-mento da auto-estima dosjovens,” afirma Luis Gui-lherme.

Para subsidiar a cami-nhada de outubro a escolaestá realizando o mapea-mento de dados e caracte-rísticas da região, que é li-gada ao histórico da MissãoCruls. A pesquisa contacom o apoio do Instituto doPatrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional (IPHAN) edas prefeituras dos municí-pios de Pirenópolis, Corum-bá de Goiás, Alexânia eSanto Antônio do Descober-to.

Além de ações pedagó-gicas específicas, como au-las, palestras e debates coma comunidade, outro resul-tado do projeto é a mostrafotográfica dos alunos, quepossui curadoria da presti-giada fotógrafa Mila Petri-llo. Nas duas últimas edi-ções a exposição foi apre-sentada no Conjunto Naci-onal com grande sucesso depúblico.

Educação9 Setembro/2005

Educação avança,mas faltam recursos

FundebUma reivindicação antiga

de entidades ligadas à edu-cação, a proposta de criaçãodo Fundo de Desenvolvimen-to da Educação Básica –Fundeb, frustrou as expecta-tivas. O grande problema daproposta que está em discus-são no congresso é a limita-ção de recursos. Enquanto oideal seria garantir, de imedi-ato, 20% dos recursos pro-venientes dos impostos mu-nicipais e estatuais, aumen-tando gradativamente os per-centuais até chegar 25%, oprojeto prevê que o fundocomece com 16,6% e che-gue a 20% em 2009. Quantoaos recursos federais o go-verno inicia com 1,9 bilhão echega em 2009 a 4,3 bilhões.O projeto vincula 60% dosrecursos para pagamento deprofessores, quando o idealseria vincular pelo menos80% para poder corrigir emparte os salários dos educa-dores, principalmente nas re-des municipais de ensino.

Com o Fundeb serãoatendidos 47 milhões de es-tudantes (hoje são 32 milhõesatendidos), englobando mo-dalidades da educação bási-ca, como o ensino infantil emédio, e a educação de jo-vens e adultos – incluídas aeducação especial, educaçãoindígena e educação profis-sional -, mas deixando de forapré-escola. Por outro lado, oMinistério da Educação nãoapresenta dados que indi-quem que o volume de recur-sos necessários para a sus-tentação do programa, a mé-dio e longo prazos, está ga-rantido.

UniversidadesAlém da reforma do en-

sino superior, cuja propostafinal também está no Con-gresso Nacional, algumasoutras medidas foram imple-mentadas. Foram criadas asuniversidades federais doPampa (Bagé-RS), doABC– SP, Triângulo Minei-ro, Alfenas-MG, Dourados-MS, Recôncavo Baiano eUniversidade do Semi-árido,no Rio Grande do Norte.

Foram recuperadas 75%das perdas de custeio dos dezanos anteriores à posse dopresidente Lula, criou-se umacarreira para os servidorestécnico- administrativos e fo-ram contratados docentes eprofissionais para os hospitaisuniversitários.

Foi criado o ProgramaUniversidade para Todos(ProUni), além da adoção dosistema de cotas nas institui-ções federais de ensino su-perior. O projeto de lei queinstitui o ProUni encontra-seno Congresso Nacional eprevê a ocupação de partedas 550 mil vagas ociosas eminstituições de ensino superi-or privadas por estudantesoriundos da rede pública, comrenda familiar de até um sa-lário mínimo, e professores daeducação básica, sem cursosuperior. Propõe também queas instituições superiores fi-lantrópicas destinem os 20%de gratuidade, já exigidos porlei, em troca de isenção deimpostos estabelecidos pela

Fizemos um levantamento das políticas educacionais do governo Lula,propostas já implementadas ou que estão para ser votadas pelo

Congresso Nacional

Constituição Federal exclusi-vamente para bolsas de es-tudos.

Já o Sistema Especial deReserva de Vagas, que fazparte da Reforma da Educa-ção Superior, determina que50% das vagas das universi-dades públicas sejam desti-nadas a estudantes que te-nham cursado o ensino mé-dio em escolas públicas. Nes-ta cota estão previstas vagaspara negros e índios, de acor-do com a proporção dessaspopulações em cada estado,determinada pelo censo doInstituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE).

Aliada à Lei Federal10.639/2003, promulgada nosprimeiros dias do governoLula, e que estabelece a obri-gatoriedade do ensino de His-tória e Cultura Afro-Brasilei-ra e Africana na EducaçãoBásica, a iniciativa de intro-duzir o sistema de cotas nasuniversidades brasileiras pro-cura, com ações concretaspor parte do Estado, diminuiras desigualdades étnico-raci-ais, e pela primeira vez sãopropostas ações afirmativaspara sua superação.

AlfabetizaçãoO Programa Brasil Alfa-

betizado apresenta avançosem relação às campanhas eprogramas de alfabetizaçãopromovidos no País desde adécada de 1940 e especifi-camente em relação ao Al-fabetização Solidária, únicainiciativa do governo federalentre 1998 e 2002. Inicial-mente, deve-se valorizar ofato de ser um programa deiniciativa de governo, ao con-trário do programa anterior,que punha na mão apenas dasociedade civil a responsabi-lidade por um direito que sópode ser realizado pela açãoefetiva do Estado.

Estas iniciativas ilustramo impasse do atual governofederal: programas pautadosnos princípios de universali-zação do direito educacionale superação das desigualda-des, mas estagnados e oudesvirtuados pela falta de re-cursos, provocadas em gran-de medida pela manutençãoda lógica da política econô-mica conservadora.

Enquanto faltam recursospara implementação efetivados programas anunciados, aeconomia brasileira vem re-gistrando um aumento pro-gressivo do seu superávit pri-mário para além da meta ab-surda acordada para este anocom o Fundo Monetário In-ternacional (FMI), de R$ 56,9bilhões. Este valor seria sufi-ciente para multiplicar o or-çamento do Ministério daEducação, reprogramadopara o ano de 2004 em R$ 6bilhões e orçado em R$ 7,6bilhões para 2005.

InclusãoEntre as propostas que

defendem a inclusão socialestá o Sistema Letra, um pro-grama de computador desen-volvido pelo Serviço Federalde Processamento de Dados(Serpro) que transformaqualquer texto escrito, nocomputador, em áudio. Os

deficientes visuais vão ga-nhar uma nova ferramentapara ter acesso à informaçãoe à cultura. A proposta é sim-ples: o programa de compu-tador tem um banco de da-dos com a pronúncia de to-das as sílabas e as pontua-ções. Ao jogar o texto nocomputador, o programa as-socia os sons com aquilo queestá escrito e a própria má-quina transforma o texto emáudio. O Sistema Letra serádistribuído gratuitamente paraescolas e instituições que li-dam com o deficiente visual.Com isso, elas mesmas po-derão traduzir rapidamentequalquer tipo de texto.

IntegraçãoO governo revogou o de-

creto que proibia o ensinomédio integrado ao técnico ecriou o Programa de Integra-ção da Educação Profissio-nal ao Ensino Médio na Mo-dalidade de Educação de Jo-vens e Adultos. Em 2006,10% de todas as vagas nasescolas técnicas serão desti-nadas a jovens com mais de17 anos que queiram concluiro ensino médio com uma for-mação profissional básica outécnica plena. A partir de2007, serão 20% das vagas.

Apoio “O Ministério da Educa-

ção, sob o comando do mi-nistro Tarso Genro, cristali-zou uma base social de apoioà educação. As principaisassociações de educadores,como o Conselho Nacionaldos Secretários de Educação(Consed), a União Nacionaldos Dirigentes Municipais deEducação (Undime), a Asso-ciação Nacional dos Dirigen-tes das Instituições Federaisde Ensino Superior (Andifes)e a União Nacional dos Es-tudantes (UNE) manifesta-ram-se, por escrito, pela ma-nutenção das políticas doMEC. A agenda da educa-ção é suprapartidária e nãopode ser vista como políticade governo, mas de Estado”.

AvaliaçãoO Ministério da Educa-

ção vai aplicar dez milhõesde provas para avaliar estu-dantes do ensino básico —todos os alunos da quarta eda oitava séries e do terceiroano do ensino médio. Em re-lação ao ensino superior, oSistema Nacional de Avalia-ção da Educação Superior(Sinaes), criado no ano pas-sado, vai avaliar pela primeiravez todos os 15 mil cursos degraduação das universidadesfederais e privadas do país.Como resultado, será possívelfazer políticas públicas parasecretários estaduais e muni-cipais de educação como nun-ca foi feito. De posse dessasinformações, o MEC poderáfazer um diagnóstico real decada nível de ensino.

OrçamentoMesmo com todo o aper-

to da política econômica, de2004 para 2005 o orçamentodo Ministério da Educaçãocresceu R$ 3,4 bilhões, pas-sando de R$ 17,3 bilhões paraR$ 20,7 bilhões.

Page 10: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

10 Setembro/2005

Tabela salarial a partir de setembro

TABELA DE REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃOCONFORME LEI 3.318/2004 - DF (SETEMBRO/2005)

PROFESSORES CLASSE A - COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA - 40 HORAS SEMANAIS

ETAPA Dias Anos Vencimento Gratificação Regência Dedicação Anuênio Abono Salário Salário Diferença DiferençaTrabalhados Trabalhados Básico Incent.Carreira De Classe Exclusiva Set/2005 Atual % V alor

I Até 365 0 – 1 840,00 336,00 252,00 504,00 0,00 59,87 1.991,87 1.863,87 6,87% 128,00I 366 – 730 1 – 2 840,00 336,00 252,00 504,00 8,40 59,87 2.000,27 1.872,07 6,85% 128,20I 731- 1095 2 – 3 840,00 336,00 252,00 504,00 16,80 59,87 2.008,67 1.880,27 6,83% 128,40

II 1096 – 1460 3 – 4 840,00 462,00 252,00 504,00 25,20 59,87 2.143,07 2.011,47 6,54% 131,60II 1461 – 1825 4 – 5 840,00 462,00 252,00 504,00 33,60 59,87 2.151,47 2.019,67 6,53% 131,80II 1826 – 2190 5 – 6 840,00 462,00 252,00 504,00 42,00 59,87 2.159,87 2.027,87 6,51% 132,00

III 2191 – 2555 6 – 7 840,00 672,00 252,00 504,00 50,40 59,87 2.378,27 2.241,07 6,12% 137,20III 2556 – 2920 7 – 8 840,00 672,00 252,00 504,00 58,80 59,87 2.386,67 2.249,27 6,11% 137,40III 2921 – 3285 8 – 9 840,00 672,00 252,00 504,00 67,20 59,87 2.395,07 2.257,47 6,10% 137,60

IV 3286 – 3650 9 – 10 840,00 798,00 252,00 504,00 75,60 59,87 2.529,47 2.388,67 5,89% 140,80IV 3651 – 4015 10 – 11 840,00 798,00 252,00 504,00 84,00 59,87 2.537,87 2.396,87 5,88% 141,00IV 4016 – 4380 11 – 12 840,00 798,00 252,00 504,00 92,40 59,87 2.546,27 2.405,07 5,87% 141,20

V 4381 – 4745 12 – 13 840,00 1.008,00 252,00 504,00 100,80 59,87 2.764,67 2.618,27 5,59% 146,40V 4746 – 5110 13 – 14 840,00 1.008,00 252,00 504,00 109,20 59,87 2.773,07 2.626,47 5,58% 146,60V 5111 – 5475 14 – 15 840,00 1.008,00 252,00 504,00 117,60 59,87 2.781,47 2.634,67 5,57% 146,80

VI 5476 – 5840 15 – 16 840,00 1.134,00 252,00 504,00 126,00 59,87 2.915,87 2.765,87 5,42% 150,00VI 5841 – 6205 16 – 17 840,00 1.134,00 252,00 504,00 134,40 59,87 2.924,27 2.774,07 5,41% 150,20VI 6206 – 6570 17 – 18 840,00 1.134,00 252,00 504,00 142,80 59,87 2.932,67 2.782,27 5,41% 150,40

VII 6571 – 6935 18 – 19 840,00 1.344,00 252,00 504,00 151,20 59,87 3.151,07 2.995,47 5,19% 155,60VII 6936 – 7300 19 – 20 840,00 1.344,00 252,00 504,00 159,60 59,87 3.159,47 3.003,67 5,19% 155,80VII 7301 – 7665 20 – 21 840,00 1.344,00 252,00 504,00 168,00 59,87 3.167,87 3.011,87 5,18% 156,00

VIII 7666 – 8030 21 – 22 840,00 1.470,00 252,00 504,00 176,40 59,87 3.302,27 3.143,07 5,07% 159,20VIII 8031 – 8395 22 – 23 840,00 1.470,00 252,00 504,00 184,80 59,87 3.310,67 3.151,27 5,06% 159,40VIII 8396 – 8760 23 – 24 840,00 1.470,00 252,00 504,00 193,20 59,87 3.319,07 3.159,47 5,05% 159,60

IX 8761 – 9125 24 – 25 840,00 1.680,00 252,00 504,00 201,60 59,87 3.537,47 3.372,67 4,89% 164,80IX 9126 – 9490 25 – 26 840,00 1.680,00 252,00 504,00 210,00 59,87 3.545,87 3.380,87 4,88% 165,00IX 9491 – 9855 26 – 27 840,00 1.680,00 252,00 504,00 218,40 59,87 3.554,27 3.389,07 4,87% 165,20

X 9856 – 10220 27 – 28 840,00 1.806,00 252,00 504,00 226,80 59,87 3.688,67 3.520,27 4,78% 168,40X 10221 – 10585 28 – 29 840,00 1.806,00 252,00 504,00 235,20 59,87 3.697,07 3.528,47 4,78% 168,60X 10586 – 10950 29 – 30 840,00 1.806,00 252,00 504,00 243,60 59,87 3.705,47 3.536,67 4,77% 168,80XI Mais de 10950 30 – 31 840,00 1.890,00 252,00 504,00 252,00 59,87 3.797,87 3.626,87 4,71% 171,00

TABELA DE REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃOCONFORME LEI 3.318/2004 - DF (SETEMBRO/2005)

PROFESSORES CLASSE B - COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA - 40 HORAS SEMANAIS

ETAPA Dias Anos Vencimento Gratificação Regência Dedicação Anuênio Abono Salário Salário Diferença DiferençaTrabalhados Trabalhados Básico Incent.Carreira De Classe Exclusiva Set/2005 Atual % V alor

I Até 365 0 – 1 745,00 298,00 223,50 447,00 0,00 59,87 1.773,37 1.649,37 7,52% 124,00I 366 – 730 1 – 2 745,00 298,00 223,50 447,00 7,45 59,87 1.780,82 1.656,60 7,50% 124,23I 731- 1095 2 – 3 745,00 298,00 223,50 447,00 14,90 59,87 1.788,27 1.663,82 7,48% 124,45

II 1096 – 1460 3 – 4 745,00 409,75 223,50 447,00 22,35 59,87 1.907,47 1.779,42 7,20% 128,05II 1461 – 1825 4 – 5 745,00 409,75 223,50 447,00 29,80 59,87 1.914,92 1.786,65 7,18% 128,28II 1826 – 2190 5 – 6 745,00 409,75 223,50 447,00 37,25 59,87 1.922,37 1.793,87 7,16% 128,50

III 2191 – 2555 6 – 7 745,00 596,00 223,50 447,00 44,70 59,87 2.116,07 1.981,72 6,78% 134,35III 2556 – 2920 7 – 8 745,00 596,00 223,50 447,00 52,15 59,87 2.123,52 1.988,95 6,77% 134,58III 2921 – 3285 8 – 9 745,00 596,00 223,50 447,00 59,60 59,87 2.130,97 1.996,17 6,75% 134,80

IV 3286 – 3650 9 – 10 745,00 707,75 223,50 447,00 67,05 59,87 2.250,17 2.111,77 6,55% 138,40IV 3651 – 4015 10 – 11 745,00 707,75 223,50 447,00 74,50 59,87 2.257,62 2.119,00 6,54% 138,63IV 4016 – 4380 11 – 12 745,00 707,75 223,50 447,00 81,95 59,87 2.265,07 2.126,22 6,53% 138,85

V 4381 – 4745 12 – 13 745,00 894,00 223,50 447,00 89,40 59,87 2.458,77 2.314,07 6,25% 144,70V 4746 – 5110 13 – 14 745,00 894,00 223,50 447,00 96,85 59,87 2.466,22 2.321,30 6,24% 144,93V 5111 – 5475 14 – 15 745,00 894,00 223,50 447,00 104,30 59,87 2.473,67 2.328,52 6,23% 145,15

VI 5476 – 5840 15 – 16 745,00 1.005,75 223,50 447,00 111,75 59,87 2.592,87 2.444,12 6,09% 148,75VI 5841 – 6205 16 – 17 745,00 1.005,75 223,50 447,00 119,20 59,87 2.600,32 2.451,35 6,08% 148,98VI 6206 – 6570 17 – 18 745,00 1.005,75 223,50 447,00 126,65 59,87 2.607,77 2.458,57 6,07% 149,20

VII 6571 – 6935 18 – 19 745,00 1.192,00 223,50 447,00 134,10 59,87 2.801,47 2.646,42 5,86% 155,05VII 6936 – 7300 19 – 20 745,00 1.192,00 223,50 447,00 141,55 59,87 2.808,92 2.653,65 5,85% 155,28VII 7301 – 7665 20 – 21 745,00 1.192,00 223,50 447,00 149,00 59,87 2.816,37 2.660,87 5,84% 155,50

VIII 7666 – 8030 21 – 22 745,00 1.303,75 223,50 447,00 156,45 59,87 2.935,57 2.776,47 5,73% 159,10VIII 8031 – 8395 22 – 23 745,00 1.303,75 223,50 447,00 163,90 59,87 2.943,02 2.783,70 5,72% 159,33VIII 8396 – 8760 23 – 24 745,00 1.303,75 223,50 447,00 171,35 59,87 2.950,47 2.790,92 5,72% 159,55

IX 8761 – 9125 24 – 25 745,00 1.490,00 223,50 447,00 178,80 59,87 3.144,17 2.978,77 5,55% 165,40IX 9126 – 9490 25 – 26 745,00 1.490,00 223,50 447,00 186,25 59,87 3.151,62 2.986,00 5,55% 165,63IX 9491 – 9855 26 – 27 745,00 1.490,00 223,50 447,00 193,70 59,87 3.159,07 2.993,22 5,54% 165,85

X 9856 – 10220 27 – 28 745,00 1.601,75 223,50 447,00 201,15 59,87 3.278,27 3.108,82 5,45% 169,45X 10221 – 10585 28 – 29 745,00 1.601,75 223,50 447,00 208,60 59,87 3.285,72 3.116,05 5,45% 169,68X 10586 – 10950 29 – 30 745,00 1.601,75 223,50 447,00 216,05 59,87 3.293,17 3.123,27 5,44% 169,90XI Mais de 10950 30 – 31 745,00 1.676,25 223,50 447,00 223,50 59,87 3.375,12 3.202,75 5,38% 172,38

TABELA DE REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

CONFORME LEI 3.318/2004 - DF (SETEMBRO/2005)PROFESSORES CLASSE C - COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA - 40 HORAS SEMANAIS

ETAPA Dias Anos Vencimento Gratificação Regência Dedicação Anuênio Abono Salário Salário Diferença DiferençaTrabalhados Trabalhados Básico Incent.Carreira De Classe Exclusiva Set/2005 Atual % V alor

I Até 365 0 – 1 660,00 264,00 198,00 396,00 0,00 59,87 1.577,87 1.467,87 7,49% 110,00I 366 – 730 1 – 2 660,00 264,00 198,00 396,00 6,60 59,87 1.584,47 1.474,27 7,47% 110,20I 731- 1095 2 – 3 660,00 264,00 198,00 396,00 13,20 59,87 1.591,07 1.480,67 7,46% 110,40

II 1096 – 1460 3 – 4 660,00 363,00 198,00 396,00 19,80 59,87 1.696,67 1.583,07 7,18% 113,60II 1461 – 1825 4 – 5 660,00 363,00 198,00 396,00 26,40 59,87 1.703,27 1.589,47 7,16% 113,80II 1826 – 2190 5 – 6 660,00 363,00 198,00 396,00 33,00 59,87 1.709,87 1.595,87 7,14% 114,00

III 2191 – 2555 6 – 7 660,00 528,00 198,00 396,00 39,60 59,87 1.881,47 1.762,27 6,76% 119,20III 2556 – 2920 7 – 8 660,00 528,00 198,00 396,00 46,20 59,87 1.888,07 1.768,67 6,75% 119,40III 2921 – 3285 8 – 9 660,00 528,00 198,00 396,00 52,80 59,87 1.894,67 1.775,07 6,74% 119,60

IV 3286 – 3650 9 – 10 660,00 627,00 198,00 396,00 59,40 59,87 2.000,27 1.877,47 6,54% 122,80IV 3651 – 4015 10 – 11 660,00 627,00 198,00 396,00 66,00 59,87 2.006,87 1.883,87 6,53% 123,00IV 4016 – 4380 11 – 12 660,00 627,00 198,00 396,00 72,60 59,87 2.013,47 1.890,27 6,52% 123,20

V 4381 – 4745 12 – 13 660,00 792,00 198,00 396,00 79,20 59,87 2.185,07 2.056,67 6,24% 128,40V 4746 – 5110 13 – 14 660,00 792,00 198,00 396,00 85,80 59,87 2.191,67 2.063,07 6,23% 128,60V 5111 – 5475 14 – 15 660,00 792,00 198,00 396,00 92,40 59,87 2.198,27 2.069,47 6,22% 128,80

VI 5476 – 5840 15 – 16 660,00 891,00 198,00 396,00 99,00 59,87 2.303,87 2.171,87 6,08% 132,00VI 5841 – 6205 16 – 17 660,00 891,00 198,00 396,00 105,60 59,87 2.310,47 2.178,27 6,07% 132,20VI 6206 – 6570 17 – 18 660,00 891,00 198,00 396,00 112,20 59,87 2.317,07 2.184,67 6,06% 132,40

VII 6571 – 6935 18 – 19 660,00 1.056,00 198,00 396,00 118,80 59,87 2.488,67 2.351,07 5,85% 137,60VII 6936 – 7300 19 – 20 660,00 1.056,00 198,00 396,00 125,40 59,87 2.495,27 2.357,47 5,85% 137,80VII 7301 – 7665 20 – 21 660,00 1.056,00 198,00 396,00 132,00 59,87 2.501,87 2.363,87 5,84% 138,00

VIII 7666 – 8030 21 – 22 660,00 1.155,00 198,00 396,00 138,60 59,87 2.607,47 2.466,27 5,73% 141,20VIII 8031 – 8395 22 – 23 660,00 1.155,00 198,00 396,00 145,20 59,87 2.614,07 2.472,67 5,72% 141,40VIII 8396 – 8760 23 – 24 660,00 1.155,00 198,00 396,00 151,80 59,87 2.620,67 2.479,07 5,71% 141,60

IX 8761 – 9125 24 – 25 660,00 1.320,00 198,00 396,00 158,40 59,87 2.792,27 2.645,47 5,55% 146,80IX 9126 – 9490 25 – 26 660,00 1.320,00 198,00 396,00 165,00 59,87 2.798,87 2.651,87 5,54% 147,00IX 9491 – 9855 26 – 27 660,00 1.320,00 198,00 396,00 171,60 59,87 2.805,47 2.658,27 5,54% 147,20

X 9856 – 10220 27 – 28 660,00 1.419,00 198,00 396,00 178,20 59,87 2.911,07 2.760,67 5,45% 150,40X 10221 – 10585 28 – 29 660,00 1.419,00 198,00 396,00 184,80 59,87 2.917,67 2.767,07 5,44% 150,60X 10586 – 10950 29 – 30 660,00 1.419,00 198,00 396,00 191,40 59,87 2.924,27 2.773,47 5,44% 150,80XI Mais de 10950 30 – 31 660,00 1.485,00 198,00 396,00 198,00 59,87 2.996,87 2.843,87 5,38% 153,00

Page 11: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

Educação nacional11 Setembro/2005

TABELA DE REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃOCONFORME LEI 3.318/2004 - DF (SETEMBRO/2005)

PROFESSORES CLASSE A - LICENCIATURA PLENA - 20 HORAS

ETAPA Dias Anos V encimento Gratificação Regência Parcela Anuênio Abono Salário Salário Diferença DiferençaTrabalhados Trabalhados Básico Incent.Carreira De Classe Complem. Set/2005 Atual % V alor

I Até 365 0 – 1 420,00 168,00 126,00 252,00 0,00 59,87 1.025,87 1.008,87 1,69% 17,00I 366 – 730 1 – 2 420,00 168,00 126,00 252,00 4,20 59,87 1.030,07 1.012,97 1,69% 17,10I 731- 1095 2 – 3 420,00 168,00 126,00 252,00 8,40 59,87 1.034,27 1.017,07 1,69% 17,20

II 1096 – 1460 3 – 4 420,00 231,00 126,00 193,00 12,60 59,87 1.042,47 1.023,67 1,84% 18,80II 1461 – 1825 4 – 5 420,00 231,00 126,00 193,00 16,80 59,87 1.046,67 1.027,77 1,84% 18,90II 1826 – 2190 5 – 6 420,00 231,00 126,00 193,00 21,00 59,87 1.050,87 1.031,87 1,84% 19,00

III 2191 – 2555 6 – 7 420,00 336,00 126,00 100,00 25,20 59,87 1.067,07 1.045,47 2,07% 21,60III 2556 – 2920 7 – 8 420,00 336,00 126,00 100,00 29,40 59,87 1.071,27 1.049,57 2,07% 21,70III 2921 – 3285 8 – 9 420,00 336,00 126,00 100,00 33,60 59,87 1.075,47 1.053,67 2,07% 21,80

IV 3286 – 3650 9 – 10 420,00 399,00 126,00 45,00 37,80 59,87 1.087,67 1.064,27 2,20% 23,40IV 3651 – 4015 10 – 11 420,00 399,00 126,00 45,00 42,00 59,87 1.091,87 1.068,37 2,20% 23,50IV 4016 – 4380 11 – 12 420,00 399,00 126,00 45,00 46,20 59,87 1.096,07 1.072,47 2,20% 23,60

V 4381 – 4745 12 – 13 420,00 504,00 126,00 0,00 50,40 59,87 1.160,27 1.134,07 2,31% 26,20V 4746 – 5110 13 – 14 420,00 504,00 126,00 0,00 54,60 59,87 1.164,47 1.138,17 2,31% 26,30V 5111 – 5475 14 – 15 420,00 504,00 126,00 0,00 58,80 59,87 1.168,67 1.142,27 2,31% 26,40

VI 5476 – 5840 15 – 16 420,00 567,00 126,00 0,00 63,00 59,87 1.235,87 1.207,87 2,32% 28,00VI 5841 – 6205 16 – 17 420,00 567,00 126,00 0,00 67,20 59,87 1.240,07 1.211,97 2,32% 28,10VI 6206 – 6570 17 – 18 420,00 567,00 126,00 0,00 71,40 59,87 1.244,27 1.216,07 2,32% 28,20

VII 6571 – 6935 18 – 19 420,00 672,00 126,00 0,00 75,60 59,87 1.353,47 1.322,67 2,33% 30,80VII 6936 – 7300 19 – 20 420,00 672,00 126,00 0,00 79,80 59,87 1.357,67 1.326,77 2,33% 30,90VII 7301 – 7665 20 – 21 420,00 672,00 126,00 0,00 84,00 59,87 1.361,87 1.330,87 2,33% 31,00

99********VIII 7666 – 8030 21 – 22 420,00 735,00 126,00 0,00 88,20 59,87 1.429,07 1.396,47 2,33% 32,60VIII 8031 – 8395 22 – 23 420,00 735,00 126,00 0,00 92,40 59,87 1.433,27 1.400,57 2,33% 32,70VIII 8396 – 8760 23 – 24 420,00 735,00 126,00 0,00 96,60 59,87 1.437,47 1.404,67 2,34% 32,80

IX 8761 – 9125 24 – 25 420,00 840,00 126,00 0,00 100,80 59,87 1.546,67 1.511,27 2,34% 35,40IX 9126 – 9490 25 – 26 420,00 840,00 126,00 0,00 105,00 59,87 1.550,87 1.515,37 2,34% 35,50IX 9491 – 9855 26 – 27 420,00 840,00 126,00 0,00 109,20 59,87 1.555,07 1.519,47 2,34% 35,60

X 9856 – 10220 27 – 28 420,00 903,00 126,00 0,00 113,40 59,87 1.622,27 1.585,07 2,35% 37,20X 10221 – 10585 28 – 29 420,00 903,00 126,00 0,00 117,60 59,87 1.626,47 1.589,17 2,35% 37,30X 10586 – 10950 29 – 30 420,00 903,00 126,00 0,00 121,80 59,87 1.630,67 1.593,27 2,35% 37,40XI Mais de 10950 30 – 31 420,00 945,00 126,00 0,00 126,00 59,87 1.676,87 1.638,37 2,35% 38,50

TABELA DE REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃOCONFORME LEI 3.318/2004 - DF (SETEMBRO/2005)

PROFESSORES CLASSE B - LICENCIATURA PLENA - 20 HORAS

ETAPA Dias Anos V encimento Gratificação Regência Parcela Anuênio Abono Salário Salário Diferença DiferençaTrabalhados Trabalhados Básico Incent.Carreira De Classe Complem. Set/2005 Atual % V alor

I Até 365 0 – 1 372,50 149,00 111,75 336,00 0,00 59,87 1.029,12 1.010,00 1,89% 19,12I 366 – 730 1 – 2 372,50 149,00 111,75 336,00 3,73 59,87 1.032,85 1.013,61 1,90% 19,24I 731- 1095 2 – 3 372,50 149,00 111,75 336,00 7,45 59,87 1.036,57 1.017,22 1,90% 19,35

II 1096 – 1460 3 – 4 372,50 204,88 111,75 285,00 11,18 59,87 1.045,17 1.024,02 2,07% 21,15II 1461 – 1825 4 – 5 372,50 204,88 111,75 285,00 14,90 59,87 1.048,90 1.027,63 2,07% 21,26II 1826 – 2190 5 – 6 372,50 204,88 111,75 285,00 18,63 59,87 1.052,62 1.031,25 2,07% 21,38

III 2191 – 2555 6 – 7 372,50 298,00 111,75 203,00 22,35 59,87 1.067,47 1.043,17 2,33% 24,30III 2556 – 2920 7 – 8 372,50 298,00 111,75 203,00 26,08 59,87 1.071,20 1.046,78 2,33% 24,41III 2921 – 3285 8 – 9 372,50 298,00 111,75 203,00 29,80 59,87 1.074,92 1.050,40 2,33% 24,52

IV 3286 – 3650 9 – 10 372,50 353,88 111,75 155,00 33,53 59,87 1.086,52 1.060,20 2,48% 26,33IV 3651 – 4015 10 – 11 372,50 353,88 111,75 155,00 37,25 59,87 1.090,25 1.063,81 2,49% 26,44IV 4016 – 4380 11 – 12 372,50 353,88 111,75 155,00 40,98 59,87 1.093,97 1.067,42 2,49% 26,55

V 4381 – 4745 12 – 13 372,50 447,00 111,75 75,00 44,70 59,87 1.110,82 1.081,35 2,73% 29,47V 4746 – 5110 13 – 14 372,50 447,00 111,75 75,00 48,43 59,87 1.114,55 1.084,96 2,73% 29,59V 5111 – 5475 14 – 15 372,50 447,00 111,75 75,00 52,15 59,87 1.118,27 1.088,57 2,73% 29,70

VI 5476 – 5840 15 – 16 372,50 502,88 111,75 25,00 55,88 59,87 1.127,87 1.096,37 2,87% 31,50VI 5841 – 6205 16 – 17 372,50 502,88 111,75 25,00 59,60 59,87 1.131,60 1.099,98 2,87% 31,61VI 6206 – 6570 17 – 18 372,50 502,88 111,75 0,00 63,33 59,87 1.110,32 1.078,60 2,94% 31,72

VII 6571 – 6935 18 – 19 372,50 596,00 111,75 0,00 67,05 59,87 1.207,17 1.172,52 2,96% 34,65VII 6936 – 7300 19 – 20 372,50 596,00 111,75 0,00 70,78 59,87 1.210,90 1.176,13 2,96% 34,76VII 7301 – 7665 20 – 21 372,50 596,00 111,75 0,00 74,50 59,87 1.214,62 1.179,75 2,96% 34,88

VIII 7666 – 8030 21 – 22 372,50 651,88 111,75 0,00 78,23 59,87 1.274,22 1.237,55 2,96% 36,67VIII 8031 – 8395 22 – 23 372,50 651,88 111,75 0,00 81,95 59,87 1.277,95 1.241,16 2,96% 36,79VIII 8396 – 8760 23 – 24 372,50 651,88 111,75 0,00 85,68 59,87 1.281,67 1.244,77 2,96% 36,90

IX 8761 – 9125 24 – 25 372,50 745,00 111,75 0,00 89,40 59,87 1.378,52 1.338,70 2,97% 39,83IX 9126 – 9490 25 – 26 372,50 745,00 111,75 0,00 93,13 59,87 1.382,25 1.342,31 2,98% 39,94IX 9491 – 9855 26 – 27 372,50 745,00 111,75 0,00 96,85 59,87 1.385,97 1.345,92 2,98% 40,05

X 9856 – 10220 27 – 28 372,50 800,88 111,75 0,00 100,58 59,87 1.445,57 1.403,72 2,98% 41,85X 10221 – 10585 28 – 29 372,50 800,88 111,75 0,00 104,30 59,87 1.449,30 1.407,33 2,98% 41,96X 10586 – 10950 29 – 30 372,50 800,88 111,75 0,00 108,03 59,87 1.453,02 1.410,95 2,98% 42,08XI Mais de 10950 30 – 31 372,50 838,13 111,75 0,00 111,75 59,87 1.494,00 1.450,68 2,99% 43,31

TABELA DE REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃOCONFORME LEI 3.318/2004 - DF (SETEMBRO/2005)

PROFESSORES CLASSE C - LICENCIATURA PLENA - 20 HORAS

ETAPA Dias Anos V encimento Gratificação Regência Parcela Anuênio Abono Salário Salário Diferença DiferençaTrabalhados Trabalhados Básico Incent.Carreira De Classe Complem. Set/2005 Atual % V alor

I Até 365 0 – 1 330,00 132,00 99,00 403,00 0,00 59,87 1.023,87 1.006,87 1,69% 17,00I 366 – 730 1 – 2 330,00 132,00 99,00 403,00 3,30 59,87 1.027,17 1.010,07 1,69% 17,10I 731- 1095 2 – 3 330,00 132,00 99,00 403,00 6,60 59,87 1.030,47 1.013,27 1,70% 17,20

II 1096 – 1460 3 – 4 330,00 181,50 99,00 359,00 9,90 59,87 1.039,27 1.020,47 1,84% 18,80II 1461 – 1825 4 – 5 330,00 181,50 99,00 359,00 13,20 59,87 1.042,57 1.023,67 1,85% 18,90II 1826 – 2190 5 – 6 330,00 181,50 99,00 359,00 16,50 59,87 1.045,87 1.026,87 1,85% 19,00

III 2191 – 2555 6 – 7 330,00 264,00 99,00 287,00 19,80 59,87 1.059,67 1.038,07 2,08% 21,60III 2556 – 2920 7 – 8 330,00 264,00 99,00 287,00 23,10 59,87 1.062,97 1.041,27 2,08% 21,70III 2921 – 3285 8 – 9 330,00 264,00 99,00 287,00 26,40 59,87 1.066,27 1.044,47 2,09% 21,80

IV 3286 – 3650 9 – 10 330,00 313,50 99,00 241,00 29,70 59,87 1.073,07 1.049,67 2,23% 23,40IV 3651 – 4015 10 – 11 330,00 313,50 99,00 241,00 33,00 59,87 1.076,37 1.052,87 2,23% 23,50IV 4016 – 4380 11 – 12 330,00 313,50 99,00 241,00 36,30 59,87 1.079,67 1.056,07 2,23% 23,60

V 4381 – 4745 12 – 13 330,00 396,00 99,00 170,00 39,60 59,87 1.094,47 1.068,27 2,45% 26,20V 4746 – 5110 13 – 14 330,00 396,00 99,00 170,00 42,90 59,87 1.097,77 1.071,47 2,45% 26,30V 5111 – 5475 14 – 15 330,00 396,00 99,00 170,00 46,20 59,87 1.101,07 1.074,67 2,46% 26,40

VI 5476 – 5840 15 – 16 330,00 445,50 99,00 125,00 49,50 59,87 1.108,87 1.080,87 2,59% 28,00VI 5841 – 6205 16 – 17 330,00 445,50 99,00 125,00 52,80 59,87 1.112,17 1.084,07 2,59% 28,10VI 6206 – 6570 17 – 18 330,00 445,50 99,00 125,00 56,10 59,87 1.115,47 1.087,27 2,59% 28,20

VII 6571 – 6935 18 – 19 330,00 528,00 99,00 55,00 59,40 59,87 1.131,27 1.100,47 2,80% 30,80VII 6936 – 7300 19 – 20 330,00 528,00 99,00 55,00 62,70 59,87 1.134,57 1.103,67 2,80% 30,90VII 7301 – 7665 20 – 21 330,00 528,00 99,00 55,00 66,00 59,87 1.137,87 1.106,87 2,80% 31,00

VIII 7666 – 8030 21 – 22 330,00 577,50 99,00 10,00 69,30 59,87 1.145,67 1.113,07 2,93% 32,60VIII 8031 – 8395 22 – 23 330,00 577,50 99,00 10,00 72,60 59,87 1.148,97 1.116,27 2,93% 32,70VIII 8396 – 8760 23 – 24 330,00 577,50 99,00 10,00 75,90 59,87 1.152,27 1.119,47 2,93% 32,80

IX 8761 – 9125 24 – 25 330,00 660,00 99,00 0,00 79,20 59,87 1.228,07 1.192,67 2,97% 35,40IX 9126 – 9490 25 – 26 330,00 660,00 99,00 0,00 82,50 59,87 1.231,37 1.195,87 2,97% 35,50IX 9491 – 9855 26 – 27 330,00 660,00 99,00 0,00 85,80 59,87 1.234,67 1.199,07 2,97% 35,60

X 9856 – 10220 27 – 28 330,00 709,50 99,00 0,00 89,10 59,87 1.287,47 1.250,27 2,98% 37,20X 10221 – 10585 28 – 29 330,00 709,50 99,00 0,00 92,40 59,87 1.290,77 1.253,47 2,98% 37,30X 10586 – 10950 29 – 30 330,00 709,50 99,00 0,00 95,70 59,87 1.294,07 1.256,67 2,98% 37,40XI Mais de 10950 30 – 31 330,00 742,50 99,00 0,00 99,00 59,87 1.330,37 1.291,87 2,98% 38,50

Page 12: América do Sul: Um continente em ebulição · Estados Unidos, resistindo às mudanças, apregoando golpes, matando, reprimin-do, tentando manter o sta-tus quo. O Brasil, como não

Nacional12 Setembro/2005

No dia 23 de outubro apopulação brasileira dará oseu veredito: a comerciali-zação das armas de fogodeve ou não ser proibida noBrasil?

O Sinpro, como não po-dia deixar de ser, está se en-gajando na campanha peloSIM ao desarmamento. Asentidades de que estão orga-nizando a campanha defini-ram o “Decálogo do Desar-mamento”, enumerando dezrazões para votar SIM. Pu-blicamos esse material coma intenção de subsidiar os pro-fessores para fazer essa dis-cussão nas escolas. Debata!Não deixe passar essa opor-tunidade para discutir com acomunidade escolar umaquestão que afeta a todos.Nas próprias escolas alunosmenores de idade são flagra-dos com armas! Não pode-mos ficar indiferentes!

O Brasil é o país domundo com o maior núme-ro de pessoas mortas porarmas de fogo. Em 2003foram 108 mortes por dia,quase 40 mil no ano! Armade fogo é a primeira causade morte de homens jovensno Brasil! Mata mais queacidentes de trânsito, AIDSou qualquer outra doençaou causa externa.

Mais informações po-dem ser obtidas no site dac a m p a n h awww.referendosim.com.br.

Dez razões para votarSIM no referendo do de-sarmamento:

1- Existem armas de-mais neste país.

Estima-se que o núme-ro total de armas em circu-lação no Brasil seja de 17,5milhões. Apenas 10% des-sas armas pertencem aoEstado (forças armadas epolícias), o resto, ou seja,90%, estão em mãos civis.Está na hora deste país sedesarmar!

2- Armas foram feitaspara matar.

No Brasil, 63,9% doshomicídios são cometidospor arma de fogo, enquan-to 19,8% são causados porarma branca. Por quê? Por-que diante de uma faca,você corre, grita, chuta. Achance de morrer em umaagressão com arma de fogoé muito maior: de cada qua-tro feridos nos casos deagressões por arma de fogo,três morrem. As tentativasde suicídio com arma defogo também são mais efi-cazes: 85% dos casos aca-bam em morte.

3- Ter armas em casaaumenta o risco, não aproteção.

Usar armas em legíti-ma defesa só dá certo nocinema. Segundo o FBI,“para cada sucesso no usodefensivo de arma de fogoem homicídio justificável,houve 185 mortes comarma de fogo em homicí-dios, suicídios ou aciden-tes”. Os pais guardam ar-mas para defender suasfamílias, mas os própriosfilhos acabam por encon-trá-las, provocando-se,assim, trágicos acidentes.

No Brasil, duas crianças(entre 0 e 14 anos) sãoferidas por tiros acidentaistodos os dias.

4- A presença de umaarma pode transformarqualquer cidadão em cri-minoso.

Armas de fogo transfor-mam desavenças banais emtragédias irreversíveis. Oprimeiro motivo para homi-cídios é “vingança” entrepessoas que se conheceme que não possuem nenhumvínculo com o tráfico dedrogas ou outras atividadescriminosas. Em São Paulo,as vítimas de latrocínio –matar para roubar – corres-pondem a menos de 5% dasvítimas de homicídio.

5- Quando existe umaarma dentro de casa, amulher corre muito maisrisco de levar um tiro doque o ladrão.

Nas capitais brasileiras,44% dos homicídios de mu-lheres são cometidos comarma de fogo. Dois terçosdos casos de violência con-tra a mulher têm como au-tor o próprio marido ou com-panheiro.

6 - Em caso de assal-to à mão armada, quemreage com arma de fogocorre mais risco.

É um mito considerarque com uma arma o cida-dão está mais protegido. Namaioria dos assaltos, mes-mo pessoas treinadas nãotêm tempo de reagir e sa-car sua arma. Quando o ci-dadão reage, ele corre maisrisco de se ferir ou ser mor-to. Uma pesquisa realizadano estado do Rio de Janei-ro mostra que a chance demorrer numa reação arma-da a roubo é 180 vezesmaior de que morrer quan-do não há reação.

7- Controlar as ar-mas legais ajuda na lutacontra o crime.

A - O mercado legalabastece o ilegal. Para seter uma idéia, 80% das ar-mas apreendidas pela poli-cia do Rio de Janeiro (de1993 a 2003) são armascurtas e 76 % são brasilei-ras; 30% delas tinham re-gistro legal.

B - As armas compra-das legalmente correm orisco de cair nas mãos er-radas, através de roubo,perda ou revenda. Só noEstado de São Paulo, se-gundo a Secretaria de Se-gurança Pública, entre1993 e 2000, foram rouba-das, furtadas ou perdidas100.146 armas (14.306 porano). Ou seja: bandidosnão compram armas emlojas, mas são as armascompradas em lojas quevão parar nas mãos doscriminosos.

8- “O Estatuto doDesarmamento é uma leique desarma o bandido.”

A maioria dos artigos doEstatuto do Desarmamen-to (lei n° 10.826, 22/12/2003) dá meios à policiapara aprimorar o combateao tráfico ilícito de armas epara desarmar os bandidos.

Ele estabelece a integraçãoentre a base de dados daPolicia Federal, sobre ar-mas apreendidas, e a doExército, sobre produção eexportação.

Agora as armas encon-tradas nas mãos de bandi-dos podem ser rastreadase as rotas do tráfico des-montadas. Pela nova lei,todas as novas armas se-rão marcadas na fábrica, oque ajudará a elucidar cri-mes e investigar as fontesdo contrabando. Para evi-tar e reprimir desvios dosarsenais das forças de se-gurança pública, todas asmunições vendidas paraelas também vão ser mar-cadas.

9 - Controlar as armassalva vidas.

As leis de controle dearmas ajudam a diminuiros riscos para todos. NaAustrália, 5 anos depoisde uma lei que pratica-mente proibiu a venda dearmas de fogo, a taxa dehomicídios por arma defogo caiu 50%. Entre asmulheres, a diminuição foide 57%. Um estudo daUnesco, publicado em2005, mostra que Austrá-lia, Inglaterra e Japão,onde as armas são proibi-das, estão entre os paísesdo mundo onde MENOSse mata com arma defogo, enquanto os EstadosUnidos, um dos paísesmais liberais com as ar-mas, aparecem em 8º lu-gar, entre os países maisviolentos do mundo. NoBrasil, comparando-se ossete primeiros meses de2004 com os sete primei-ros meses de vigência daCampanha de Desarma-mento - agosto de 2004 afevereiro de 2005 - umestudo do Ministério daSaúde mostrou que o índi-ce de redução de interna-ções por lesões com armade fogo no Rio de Janeirofoi de 10,5% e, em SãoPaulo, de 7%.

10 - Desarmamento éo primeiro passo

A proibição do comér-cio de armas de fogo emunição, isoladamente,não é capaz de solucionaro problema da criminalida-de. Mas é um passo fun-damental em direção auma sociedade mais segu-ra. Temos que continuartrabalhando por pactos in-ternacionais pelo desar-mamento, por melhoriasno sistema de justiça e naspolícias e é claro, pela re-dução da desigualdade so-cial em nosso país.

Mas para isso é preci-so dar o primeiro passo: nodia 23 de outubro vaiacontecer o primeiro refe-rendo da história do Bra-sil. É nossa oportunidadede mostrar em que tipo desociedade queremos viver.

Pela primeira vez estánas nossas mãos o poderde fazer alguma coisa pelonosso bem mais importan-te: a vida! Não percamosesta oportunidade deixan-do tudo como está. Em 23de outubro diga sim à vida.Vote pelo desarmamento!

Sinpro entra na campanhado desarmamento

O ministro da EducaçãoFernando Haddad, repre-sentando o presidente Lula,abriu o VII Eneja - Encon-tro Nacional de Jovens eAdultos, no último dia 31,em Brasília.

O tema central do VIIEneja foi “Diversidade naEducação de Jovens e Adul-tos-EJA: papel do Estado edos movimentos sociais nasPolíticas Públicas”. Oevento contou com a parti-cipação de 54 delegadosdos 26 Fóruns estaduais deEJA de todo o Brasil, repre-sentantes de governos fe-deral, estaduais e munici-pais, movimentos sociais,universidades, sistema “S”,organizações não governa-mentais, educandos e edu-cadores.

O VII Eneja expressao processo oriundo doFórum de Educação deJovens e Adultos do Es-tado do Rio de Janeiroquando inaugurou, em1996, pioneiramente, umanova versão de movi-mento social, cuja histó-ria tem início com a con-vocação da Unesco paraa organização de reuni-ões locais e nacionaispreparatórias à V Confe-rência Internacional so-bre Educação de Adul-tos- Confitea, que acon-teceu em Hamburgo, Ale-manha, em julho de 1997.

A surpreendente res-posta dos convocadospara a reunião no estadodefiniu a necessidade deuma articulação entre to-dos, verificada pela dis-

Ministro da Educaçãoabriu o VII Eneja

persão em que as ações eas instituições se encon-travam, sem qualquer co-ordenação para uma polí-tica pública na área.

Os primeiros encontrosconfirmaram a desarticula-ção entre as esferas de po-der federal, estadual e mu-nicipal, indicando, ainda, afalta de informações sobreaspectos pedagógicos, fi-nanceiros e legais e um pro-fundo desejo, por parte dosparticipantes, de estruturarum espaço que possibilitas-se a troca de experiênciase a construção de parceri-as, apesar das diferençasexistentes de cunho políti-co-pedagógico.

Gerido por institui-ções governamentais enão -gove rnamen ta i s ,movimentos sociais, sin-d ica tos e educadoresque dele participam, oFórum do RJ consolidoua plenária mensal comoinstância deliberativa eespaço de socializaçãode informações e de for-mação continuada, vi-sando o fortalecimentodos profissionais para aluta em defesa do direi-to e da qua l idade deatendimento na área daeducação de jovens eadultos trabalhadores.

A experiência inspira-dora do Fórum do Rio deJaneiro fez nascer muitasoutras, o que impulsionoua idéia de um EncontroNacional de Educação deJovens e Adultos – Eneja,anual, que vem ocorrendodesde 1999, o primeiro no

Rio de Janeiro.O crescimento dos Fó-

runs nacionalmente e suaexpressão nacional pelosEnejas, tornou o MEC uminterlocutor privilegiado,com o qual os Fóruns vêmtravando parcerias e con-tribuindo na formulação eefetivação de ações naárea. A legitimidade dosFóruns vem sendo reco-nhecida em muitos espa-ços, especialmente repre-sentados pela ocupação deum lugar na Comissão Na-cional de Alfabetização eEducação de Jovens e Adul-tos – CNAEJA, assim comoem um colegiado de repre-sentantes com o qual o Mi-nistério tem dialogado per-manentemente.

O Encontro Nacionalde EJA é, também, umespaço a mais em que seexercita a convivênciacom as diferenças e commodos de pensar a EJA,produzindo, democratica-mente, respostas a ques-tões candentes que preci-sam ser tratadas em nívelnacional e articuladas emtodo o país, alterando oquadro das políticas, ain-da fortemente marcadas,nos níveis locais, por con-cepções escolares presasàs praticadas nas escolasregulares para crianças.O campo do conhecimentovivenciado por jovens eadultos no mundo exige re-novação permanente e for-mulações curriculares ade-quadas às necessidades bá-sicas de aprendizagem des-ses sujeitos.

O ministro Fernando Haddad abriu o VII Eneja em nome do presidente Lula