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MESTRADO EM ORGANIZAÇÕES E DESENVOLVIMENTO ANA LEOCÁDIA DE SOUZA BRUM DONIKIAN GOUVEIA OS GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO INTERNACIONAL IF PRODUCT DESIGN AWARD DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CURITIBA 2011

Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

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MESTRADO EM ORGANIZAÇÕES E DESENVOLVIMENTO

ANA LEOCÁDIA DE SOUZA BRUM DONIKIAN GOUVEIA

OS GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS

NO PRÊMIO INTERNACIONAL IF PRODUCT DESIGN AWARD

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CURITIBA

2011

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ANA LEOCÁDIA DE SOUZA BRUM DONIKIAN GOUVEIA

OS GANHOS COMPETITIVOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS

NO PRÊMIO INTERNACIONAL IF PRODUCT DESIGN AWARD

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, do Programa de Mestrado Acadêmico em Organizações e Desenvolvimento, FAE Centro Universitário.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sieglinde Kindl da Cunha

CURITIBA

AGOSTO 2011

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Às mulheres na minha vida, minha alegre filha Ana Maria,

minha otimista mãe Graça, minha solícita irmã Alessa e

minha eterna e sábia avó Jacy.

Aos companheiros: Ulisses, incentivador e sempre

presente e Ataulfo, meu schnawser impetuoso, que

nunca me abandonou, mesmo nas madrugadas geladas.

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Agradecimentos

Ao Centro de Design Paraná, instituição que me fez ver o design como uma causa

ao lado de pessoas iluminadas: Claudia, Juliana, Letícia, Maria José e Marilza.

Às empresas brasileiras vencedoras no prêmio IF Product Design Award nos anos

de 2008 a 2011 que participaram da pesquisa e acreditam no design como

ferramenta competitiva.

Aos professores do programa de pós-graduação multidisciplinar em Organizações e

Desenvolvimento, em especial à professora Sieglinde Cunha que além de precisa

orientadora também amável, ouvinte e motivadora.

Aos professores Aguinaldo dos Santos e Antoninho Caron pelas valiosas

contribuições na banca de qualificação.

Aos colegas de curso pelas oportunas discussões em aula.

Ao professor José Carlos Frega, pela sua importante colaboração nas análises

estatísticas.

À amiga e designer Arabella pelas críticas e sugestões estruturais no trabalho.

Aos amigos, amigas, parentes, afilhada Ísis e comadre Lúcia por tantas ausências

neste período de dedicação.

Às pessoas não mencionadas aqui, que direta ou indiretamente contribuíram com

este trabalho.

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RESUMO

GOUVEIA, Ana Leocádia de Souza Brum Donikian. Os ganhos competitivos das

empresas brasileiras vencedoras no Prêmio Internacional If Product Design Award.

124p. Dissertação (Mestrado em Organizações e Desenvolvimento) - FAE Centro

Universitário. Curitiba, 2011.

Diante dos desafios que a economia globalizada enfrenta, o presente trabalho

compreende os ganhos competitivos das empresas vencedoras em prêmios

internacionais de design bem como se essas empresas estão competindo

internacionalmente pelo design. A presente pesquisa investiga os benefícios

conquistados pelas empresas brasileiras que se submeteram a premiações

internacionais de design, observando seus ganhos competitivos relativos ao

mercado nacional e internacional. Os prêmios internacionais promovem a relação

entre diversos atores: as empresas, os designers, o poder público e as instituições

de fomento, por isso buscou-se ser abrangente na amostra da pesquisa,

contemplando empresas de diversos portes, de diferentes setores produtivos e com

variados graus de inovação. O resultado da pesquisa poderá subsidiar o processo

decisório de atores públicos e privados, contribuindo com o desenvolvimento de uma

cultura proativa e preventiva de inserção do design nas empresas, capaz de

promover o aparecimento de uma nova geração de produtos e serviços

intrinsecamente mais competitivos no mercado.

Palavras-chave: design; prêmios internacionais; ganhos competitivos; inovação;

competição.

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ABSTRACT

GOUVEIA, Ana Leocádia de Souza Brum Donikian. The competitive gains of the

companies that win If Product Design Award. 124p. Master’s dissertation (Mestrado em

Organizações e Desenvolvimento) - FAE Centro Universitário. Curitiba, 2011.

Aware of the challenges global economy is facing, this paper understands the competitive

gains of the companies that win international design awards, as well as if these companies

are competing internationally for design. The present research investigates the benefit

conquered by the Brazilian companies that submitted to international design awards,

observing their competitive gains related to the national and international market. The

international awards promote the relation between various elements: the companies, the

designers, the Government and the promoting institutions – for that reason the sample was

intended to be comprehensive, contemplating companies of various sizes, production sectors

and different levels of innovation. The result of the research might subsidize the decision

process of public and private agents, contributing to the development of a proactive and

preventive culture of inserting design in the companies, capable of promoting the arising of a

new generation of products and services, intrinsically more competitive in the market.

Keywords: design; international awards; competitive gains; innovation; competition.

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PREFÁCIO

A partir de uma inquietação pessoal e em razão da busca por validações das

ações de promoção do design que o Centro de Design Paraná vem desenvolvendo

nacionalmente, busquei fazer uma triangulação dos seguintes elementos: minha

experiência com gestão de projetos, a facilidade de acesso às empresas brasileiras

vencedoras do prêmio internacional IF Product Design Award e, por último, o anseio

em descobrir os ganhos competitivos que estas empresas estão obtendo.

A oportunidade de orquestrar essas informações me fez vislumbrar a

possibilidade de poder subsidiar os atores públicos e privados no processo

decisório, contribuindo com o desenvolvimento de uma cultura proativa e preventiva

de inserção do design nas empresas, capaz de promover o aparecimento de uma

nova geração de produtos e serviços intrinsecamente mais competitivos no mercado

globalizado.

Com base em minha experiência na gestão de projetos nacionais

coordenados e operacionalizados, na representação que tenho em instâncias de

políticas públicas, na minha participação em projetos de pesquisa científica de

órgãos federais envolvendo empresas brasileiras, em minhas atividades docentes e

administrativas em instituições de ensino superior, além da minha atuação como

designer em empresas nacionais e multinacionais, acredito no potencial da indústria

brasileira e, principalmente, nas informações aqui contidas. Dessa forma, creio que

esse trabalho que poderá evidenciar os ganhos competitivos dessas instituições e

incentivar outras empresas a usufruir dessa estratégia de busca por visibilidade bem

como acredito na ação promotora que a iniciativa pública perceberá para embasar

sua política e ofertar novas iniciativas.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - QUESTIONAMENTOS PARA PARTICIPAÇÃO EM PRÊMIOS INTERNACIONAIS ... 33

QUADRO 02 - RESUMO DOS PRINCIPAIS PRÊMIOS INTERNACIONAIS DE DESIGN .................. 42

QUADRO 03 - OS DIFERENTES ATORES DO MERCADO DO DESIGN .......................................... 43

QUADRO 04 - RANKING DOS PAÍSES PREMIADOS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD EM 2008

............................................................................................................................................. 48

QUADRO 05 - RANKING DOS PAÍSES PREMIADOS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD EM 2011

............................................................................................................................................. 48

QUADRO 06 - ARTICULAÇÃO COM O SETOR PRIVADO E METAS FACTÍVEIS DA PDP .............. 53

QUADRO 07 - RESUMO DAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ........................................................ 55

QUADRO 08 - A RELAÇÃO ENTRE EMPRESA DE DESIGN E CLIENTE ......................................... 60

QUADRO 09 - COMPARAÇÃO ENTRE DESIGN INTERNO E DESIGN EXTERNO .......................... 61

QUADRO 11 - LISTA DE PONTOS A SEREM CONFERIDOS EM GESTÃO ESTRATÉGICA DO

DESIGN ............................................................................................................................... 64

QUADRO 12 - CAIXA DE FERRAMENTAS DO GERENTE DE DESIGN ........................................... 65

QUADRO 13 - MEDIDAS GENÉRICAS DO BSC ................................................................................. 67

QUADRO 14 - PEDIDOS DE REGISTRO DE DESENHO INDUSTRIAL POR UNIDADE DA

FEDERAÇÃO ...................................................................................................................... 72

QUADRO 15 - CLASSIFICAÇÃO DO REGISTRO DE DESENHO INDUSTRIAL NO INPI ................. 73

QUADRO 16 - RESUMO DOS INDICADORES NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE

COMPETITIVIDADE E DESIGN ......................................................................................... 77

QUADRO 17 - SOBREPOSIÇÃO DOS INDICADORES DE DESIGN E SEUS AUTORES ................. 80

QUADRO 18 - EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN

AWARD 2008 – 2011 .......................................................................................................... 81

QUADRO 20 - RESUMO DA METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................... 92

QUADRO 21 - PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS REINCIDENTES VENCEDORAS NO

PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011 ..................................................... 94

QUADRO 22 - PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT

DESIGN AWARD 2008 – 2011 ........................................................................................... 94

QUADRO 23 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS REINCIDENTES

VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011 .................... 94

QUADRO 24 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO

PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011 ..................................................... 95

QUADRO 25 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA X PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011 .................... 95

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QUADRO 26 - RESUMO DA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA X PORTE DAS EMPRESAS

BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

............................................................................................................................................. 95

QUADRO 27 - CATEGORIAS CONTEMPLADAS PELAS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011. ................... 97

QUADRO 28 - CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESIGN DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011 .................... 98

QUADRO 29 - TESTE DE NORMALIDADE ....................................................................................... 103

QUADRO 30 - RECORTE DO QUADRO DE CORRELAÇÕES EVIDENCIANDO AS RELEVÂNCIAS

........................................................................................................................................... 105

QUADRO 31 - RELAÇÃO DE INDICADORES E RESPECTIVOS QUESTIONAMENTOS ............... 106

QUADRO 32 - MÉDIAS DESCRITIVAS GLOBAIS DAS CATEGORIAS ANALISADAS .................... 107

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - POSSIBILIDADES DE ESTRATÉGIAS PARA PRODUTOS .................................................. 31

FIGURA 02 - LOGOMARCA DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD 2010 ................................................. 37

FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 .......................... 37

FIGURA 04 - LOGOMARCA DO PRÊMIO INTERNATIONAL DESIGN EXCELLENCE AWARDS 2011 .... 38

FIGURA 05 - LOGOMARCA DO PRÊMIO RED DOT DESIGN AWARD ..................................................... 39

FIGURA 06 - LOGOMARCA DO PRÊMIO IF DESIGN AWARDS ................................................................ 40

FIGURA 07 - SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ............................................................ 41

FIGURA 08 - IF YEARBOOK 2010, ANUÁRIO DO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ................... 41

FIGURA 09 - LOGOMARCA DO PROGRAMA DE-SIGN & EXCELLENCE BRAZIL ................................... 45

FIGURA 10 - DESENHO ESQUEMÁTICO DA PESQUISA .......................................................................... 84

FIGURA 11 - FLUXO DAS ETAPAS DA PESQUISA.................................................................................... 85

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 - ANO DE FUNDAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS DO IF

PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011 ........................................................................ 99

GRÁFICO 02 - QUANTIDADE DE PRODUTOS CONQUISTADOS PELAS EMPRESAS

BRASILEIRAS VENCEDORAS DO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011 ........... 99

GRÁFICO 03 - EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS DO IF PRODUCT DESIGN AWARD

2008 – 2011 QUE RECEBERAM OUTROS PRÊMIOS INTERNA-CIONAIS .................. 100

GRÁFICO 04 - AUMENTO DAS VENDAS DOS PRODUTOS PREMIADOS NO IF PRODUCT

DESIGN AWARD 2008 - 2011 ......................................................................................... 100

GRÁFICO 05 - DESIGN COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NAS EMPRESAS VENCEDORAS

NO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011 ............................................................ 101

GRÁFICO 06 - PERCEPÇÃO SOBRE A IMAGEM DAS EMPRESAS VENCEDORAS NO IF

PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011 ...................................................................... 101

GRÁFICO 07 - OPORTUNIDADE DE EXPORTAÇÃO PARA AS EMPRESAS VENCEDORAS

NO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011 ............................................................ 102

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LISTA DE SIGLAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ADP Associação dos Designers de Produto

APEX-BRASIL Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos

BCG Boston Consulting Group

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BSC Balanced Scorecard

CNI Confederação Nacional da Indústria

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICSID International Council Design of Societies of Industrial Design

IDEA International Design Excellence Award

IDSA Industrial Designers Society of America

IF International Forum

INPI Instituto Nacional de Propriedade Intelectual

ISO International Organization for Standardization

JIDPO Japan Industrial Design Promotion Organization

PTTCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MPEs Micro e Pequenas Empresas

MRE Ministério das Relações Exteriores

PBD Programa Brasileiro do Design

PDP Política de Desenvolvimento Produtivo

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................... 19

1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ................................................................................................. 19

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 19

1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 19

1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA ............................................................................. 20

2 ESTADO DA ARTE DO DESIGN ....................................................................................... 22

2.1 DESIGN ............................................................................................................................... 22

2.1.1 Design = Qualidade ........................................................................................................... 23

2.1.2 Design = Criatividade ........................................................................................................ 23

2.1.3 Design = Emoção .............................................................................................................. 24

2.1.4 Design = Necessidade ...................................................................................................... 25

2.1.5 Design = Conhecimento ................................................................................................... 25

2.1.6 Design = Utilidade ............................................................................................................. 26

2.1.7 Design = Forma e Funcionalidade ................................................................................... 26

2.1.8 Design = Interdisciplinaridade ......................................................................................... 27

2.1.9 Design = Método ................................................................................................................ 27

2.1.10 Design = Estratégia ........................................................................................................... 28

2.1.11 Design = Competitividade ................................................................................................ 28

2.1.12 Design e o Mercado .......................................................................................................... 30

2.2 PRÊMIOS INTERNACIONAIS DE DESIGN ....................................................................... 32

2.3.1 Good Design Award .......................................................................................................... 36

2.3.2 International Design Excellence Award - IDEA .............................................................. 38

2.3.3 Red Dot Design Award ...................................................................................................... 38

2.3.4 International Forum Design Awards (iF ) ....................................................................... 40

2.3.5 Programa Design & Excellence Brazil ............................................................................ 44

2.3 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS ....................................................................................... 50

2.4.1 Design como Vantagem Competitiva .............................................................................. 55

2.4.2 Estratégia Competitiva pelo Design ................................................................................ 59

2.4 INDICADORES DE COMPETITIVIDADE NO DESIGN ...................................................... 66

2.4.1 Balanced Scorecard (BSC) ............................................................................................... 66

2.4.2 Modelo Doblin Group Research ....................................................................................... 69

2.4.3 Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) ...................................................... 70

2.4.4 Indicadores de Design ...................................................................................................... 73

2.5 EMPRESAS BRASILEIRAS INSCRITAS NO IF DESIGN AWARDS ................................. 81

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 83

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3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA .......................................................... 83

3.2 DESENHO DA PESQUISA ................................................................................................. 84

3.3 DEFINIÇÃO DE CONSTRUCTOS ...................................................................................... 85

3.4 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................................... 86

3.5 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................................... 88

3.6 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS CASOS ..................................................................... 89

3.7 FONTES DE EVIDÊNCIA ................................................................................................... 90

3.8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................. 91

3.9 RESUMO DA METODOLOGIA ........................................................................................... 92

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................... 93

4.1 PERFIL DAS EMPRESAS .................................................................................................. 93

4.1.1 Porte ................................................................................................................................... 93

4.1.2 Setor Produtivo .................................................................................................................. 96

4.1.3 Design no Processo .......................................................................................................... 97

4.1.4 Análise dos Indicadores de Design Absolutos .............................................................. 98

4.1.5 Análises de Correlação ................................................................................................... 103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 108

5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 108

5.2 ESTUDOS FUTUROS ....................................................................................................... 112

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 113

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO EMPRESAS ........................................................................................ 118

ANEXO 2 - QUADRO DE CORRELAÇÕES ...................................................................................... 121

ANEXO 3 - GRÁFICO DAS CORRELAÇÕES ................................................................................... 123

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16

1 INTRODUÇÃO

O planejamento e o desenvolvimento de novos produtos fortalecem o mundo

empresarial, pois impulsionam a inovação, a inserção de novas tecnologias e a

abertura de novos mercados, ampliando a competitividade global. Essa

competitividade está cada vez mais acirrada e linear, além do que, a indústria está

procurando novas formas de diferenciação para concorrer com produtos similares,

que irão se caracterizar por meio de valores agregados, promovendo novos critérios

de qualidade que sejam ao mesmo tempo sustentáveis para o ambiente,

socialmente aceitáveis e culturalmente atraentes.

As empresas buscam a diferenciação de formas variadas, segundo Kotler

(2000), o marketing pode ser uma variável sobre os concorrentes.

Empresas privadas não devem puramente objetivar lucros, mas alcançar lucros como conseqüência da criação de valor superior para o cliente. Uma empresa ganha dinheiro ao satisfazer as necessidades dos clientes melhor do que a concorrência o faz (KOTLER, 2000, p.45).

Uma das maneiras de destacar um produto ou serviço é capacitar a empresa

a responder à demanda de mercado, detectando a competitividade das outras

organizações em relação aos produtos oferecidos à sociedade. Esta capacidade

pressupõe que

competitividade é a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado. A competitividade é, portanto, função da adequação das estratégias das empresas individuais ao padrão de concorrência vigente no mercado específico [...] seriam competitivas as firmas que a cada instante adotassem estratégias competitivas mais adequadas ao padrão de concorrência setorial (FERRAZ, 1995, p.7).

Alguns questionamentos surgem a partir desta abordagem: Como as

empresas brasileiras estão buscando a competitividade internacional? As empresas

brasileiras estão competindo internacionalmente em design? É possível detectar os

ganhos competitivos em design das micro e pequenas empresas? Qual a relevância

econômica da aplicação do design nesse cenário?

O alvo deste estudo é compreender os ganhos competitivos dos empresários

em relação ao design, bem como oferecer subsídios para a gestão pública no

momento de definições de médio e longo prazo, quanto a formas de investimento e

fomento para as empresas e suas demandas, contribuindo na formulação das suas

estratégias competitivas. Desta forma, esse estudo poderá subsidiar os atores

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públicos e privados no processo decisório, contribuindo com o desenvolvimento de

uma cultura proativa, preventiva e produtiva de inserção do design nas empresas,

capaz de promover o aparecimento de uma nova geração de produtos e serviços

intrinsecamente mais competitivos no mercado globalizado.

Em virtude da ampla e interdisciplinar atuação do design nos negócios,

constata-se que a proposta de trabalho apresentada se torna mais eficaz a partir do

momento que concentra seu foco em uma determinada ação, atual e vigente, com a

presença de vários atores. Desta forma, a análise será direcionada para os prêmios

internacionais de design, pois estes envolvem as empresas, os designers, o poder

público e as instituições de fomento. A incerteza dos reais resultados advindos de

investimentos nestas premiações justifica o desenvolvimento de um método de

pesquisa capaz de angariar informações sobre a participação das empresas

brasileiras em prêmios internacionais de design, havendo ainda a hipótese de que, a

partir desse estudo, surja um estímulo endógeno para a busca dos resultados

almejados.

Os prêmios nacionais de design, de maneira geral, promovem competição,

estimulam a criatividade e possuem um caráter dinâmico de renovação. Os

participantes desses concursos podem ser desde estudantes em início de carreira,

profissionais atuantes no mercado e empresas. Já os prêmios internacionais têm um

caráter menos especulativo, porém todos os outros fatores de incentivo à

participação se mantêm. Quando há a possibilidade de uma competição globalizada,

o grau de envolvimento, a quantidade de etapas e a dedicação são ampliados. Os

prêmios internacionais de design atualmente oferecem uma chancela, um selo ou

um aval, tanto para o produto ou serviço avaliado, quanto para a empresa que o

demandou bem como para o designer ou equipe de design que o desenvolveram.

Essa chancela é traduzida por maior visibilidade na mídia, reconhecimento do

consumidor mais informado, absorção do mercado e mais competitividade no seu

segmento.

As empresas que percebem a oportunidade de ganhar outros mercados, ou

mesmo de fortalecimento no mercado em que já atuam, submetem-se aos prêmios

internacionais de design como estratégia, inclusive pela relação custo/benefício

dessa ação.

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18

Em contraponto a isso, Klotzel (2007 apud DESIGN BRASIL, 2007) faz uma

crítica a prática de alguns concursos que, inescrupulosamente, ignoram as fronteiras

éticas da profissão, sob a justificativa de estarem prestando um serviço e uma

oportunidade aos designers.

Freqüentemente empresas ou instituições lançam mão de concursos como forma de obter várias opções de projeto a um custo muito baixo. Jovens designers, atraídos pela oportunidade, e designers experientes, seduzidos por alguma situação desafiadora, muitas vezes caem nessa armadilha. O atual panorama de falta de oportunidades e perspectivas na área de design faz com que muitos aceitem regras predatórias e valores que seriam completamente inadequados para a contratação ao realizarem trabalhos para concursos (DESIGN BRASIL, 2007).

Ao mesmo tempo em que um concurso pode aviltar o mercado e

comprometer a seriedade da prática profissional, a autora reconhece que algumas

premiações têm caráter inverso.

As premiações têm o intuito de avaliar e reconhecer trabalhos já existentes, elevar o padrão do design, promover um melhor e mais extenso uso do design, ilustrar e definir medidas correntes e destacar sinalizadores sociais, culturais e econômicos que podem influenciar futuros projetos de design. [...] O sucesso de uma premiação depende muito de suas regras e vale lembrar que a reputação do organizador de um concurso também está em jogo (DESIGN BRASIL, 2007).

Houve uma grande preocupação na escolha de uma premiação que trouxesse

validações em design, respeito às empresas participantes, credibilidade das

instituições proponentes bem como valorização das melhores práticas de design.

A iniciativa em se determinar um prêmio internacional de grande

representatividade e credibilidade justifica-se pela maior probabilidade de

participação de empresas de diversos portes e de produtos brasileiros

comercializados atualmente. O prêmio internacional de design escolhido foi o

International Fórum Design Awards – IF Design Awards. Esse prêmio possui

algumas características que o destacam, como: (i) reconhecimento mundial; (ii)

número de 56 edições contínuas; (iii) quantidade de categorias contempladas; (iv)

abrangência territorial dos participantes; (v) composição do júri; (vi) visibilidade

comercial da exposição dos premiados e publicação; (vii) preocupação em receber

inscrições de produtos que estejam no mercado efetivamente até o final do ano de

sua edição vigente.

A pesquisa delimita-se à coleta de informações das últimas quatro edições do

referido prêmio totalizando 52 empresas brasileiras.

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19

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

A presente pesquisa visa investigar os benefícios conquistados pelas

empresas brasileiras que se submeteram a premiações internacionais no período de

quatro anos, observando-se seus ganhos competitivos relativos ao mercado

nacional, além das dificuldades e obstáculos apresentados. Para tanto a análise

buscou ser abrangente, contemplando empresas de diversos portes, de diferentes

setores produtivos e com variados graus de inovação.

A partir da identificação das empresas brasileiras vencedoras no IF Design

Awards, foram mensurados seus ganhos competitivos, por meio de um cruzamento

de indicadores instituídos por alguns autores. O variado e abrangente número de

indicadores precisou ser concentrado a fim de se estabelecerem 8 macro

indicadores. Somando esses macro indicadores foi possível observar e comparar

alguns dados secundários como os portes das empresas, a localização geográfica

que mais concentram essas instituições bem como de quais setores produtivos elas

fazem parte, sendo possível constatar e evidenciar os benefícios que as empresas

brasileiras estão ou não obtendo participando de premiações internacionais de

design.

1.2 OBJETIVO DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo Geral

A presente proposta de trabalho tem por objetivo geral, a se realizar por meio

de um levantamento sobre o estado da arte dos prêmios internacionais de design:

- Identificar os principais ganhos competitivos que a participação no

processo seletivo no IF Product Design Award proporciona às

empresas participantes.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Levantar o estado da arte do design sob a ótica empresarial;

- Identificar os principais prêmios internacionais de design;

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- Conhecer as empresas vencedoras do prêmio IF Product Design

Award, analisando o seu perfil por meio de informações como

tamanho, setor de atividade e forma de inserção do design;

- Identificar os ganhos competitivos das empresas brasileiras no

processo seletivo no prêmio IF Product Design Award;

- Oferecer subsídios para tomada de decisão nas esferas pública e

privada em relação à estratégias de design.

1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA

Ao se fazer um levantamento sobre os ganhos competitivos das empresas

brasileiras em prêmios internacionais de design, pretendeu-se visualizar esse

panorama identificando características semelhantes entre as empresas e

proporcionar um estímulo a outras empresas do mesmo setor ou segmento que

desejam buscar um diferencial competitivo pelo design.

Preocupou-se em buscar um prêmio internacional de design que congregasse

os requisitos necessários à análise. Assim, o prêmio deveria validar a qualidade de

empresas com foco em design de produtos seriados, ou seja, empresas que

produzem em escala industrial, e não empresas que utilizam o design autoral1,

simbólico ou de alto valor agregado, ou seja, processos que, pela singularidade,

requerem muita habilidade manual.

Após o levantamento dos principais prêmios internacionais de design e da

análise de suas características mais significativas, definiu-se um prêmio para ser

mais detalhado e para que se possa acompanhar seu histórico em relação à

participação de empresas brasileiras. O prêmio internacional escolhido foi o IF

Product Design Award, um dos prêmios integrantes do IF Design Awards, que tem

como características relevantes: (i) estar na 58ª edição; (ii) possuir um júri

internacional renomado; (iii) utilizar como critérios de validação a presença do

produto no mercado e seu desenvolvimento ter ocorrido há, no máximo, dois anos.

Após a seleção do prêmio, foi feito o levantamento sobre o perfil das

empresas participantes. Além disso, foram identificados os ganhos competitivos em 1 Design Autoral: caracteriza-se por um processo de desenvolvimento feito por um renomado profissional de design, que

assina o trabalho e, com isso, potencializa o valor agregado que um produto pode ter. Exemplo de design autoral: cadeira

Favela dos designers Irmãos Campana.

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design dessas empresas e seu retorno. Poderão usufruir da presente pesquisa: (i)

empresas interessadas em colocar o design em pauta para subsidiar investimentos

e/ou para o desenvolvimento de um novo produto; (ii) corporações que buscam por

oportunidades de negócio e mercados; (iii) a esfera pública, para a formulação de

suas políticas.

Acredita-se que participar de um processo seletivo internacional traz

experiências para as empresas em razão da interação imediata com concorrentes ao

redor do mundo, dos requisitos pré-determinados para a participação, da exigência

de argumentação a cerca do produto e de outros ganhos que serão relacionados a

seguir. No entanto, além dos objetivos já expostos, o que se busca com essa

pesquisa é evidenciar os atributos que as empresas brasileiras possuem, que estão

consagrando seus produtos internacionalmente, e, assim, fazer com que essas

empresas ganhem projeção internacional e nacional, uma vez que o mercado

interno possui grande potencial pelo volume.

O presente trabalho está estruturado em 4 capítulos a saber:

No primeiro capítulo apresenta-se a abordagem introdutória sobre o tema, a

justificativa da proposta, o objetivo geral da pesquisa e os objetivos específicos a

serem contemplados.

O segundo capítulo apresenta a contextualização e a fundamentação teórica

sobre design e suas correlações com a competitividade e as estratégias competitivas

empresariais. Há também uma abordagem sobre o estado da arte dos prêmios

internacionais de design e um programa governamental de âmbito nacional de apoio

à participação das empresas.

No terceiro capítulo se faz presente uma explicação sobre a ênfase

metodológica escolhida bem como suas justificativas. A estruturação da pesquisa,

seus direcionamentos e delineamentos estão explicitados.

No quarto capítulo, pode ser verificada a análise dos dados coletados de

maneira individualizada e os resultados obtidos pelo cruzamento de indicadores,

além das relevâncias indicadas pela análise estatística.

No quinto capítulo são apresentadas as considerações finais, as análises

conclusivas e a indicação de estudos futuros.

Por fim, esse trabalho apresenta as referências consultadas e os anexos.

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2 ESTADO DA ARTE DO DESIGN

Observar o estado da arte do design sob a ótica empresarial se faz

necessária para o entendimento de como esta ferramenta pode se apresentar a

partir de alguns adjetivos. A partir dessa abordagem, compreender-se-á a

importância e abrangência dos prêmios internacionais de design, os ganhos

competitivos e como se portam os indicadores de design.

2.1 DESIGN

É muito interessante constatar que algumas palavras estrangeiras já foram

incorporadas ao vocabulário e à rotina das pessoas. Isso acontece com a palavra

design. Atualmente é difícil buscar uma única tradução da palavra design, uma vez

que seu significado permite uma gama muito grande de explicações. E essas

traduções ainda precisam levar em conta o contexto no qual ela está sendo

referenciada ou, ainda, qual a expertise da pessoa que a cita.

Assim, ainda que amplamente utilizada, a palavra design é grafada em itálico,

segundo as determinações da Academia Brasileira de Letras relativas às palavras

estrangeiras. No entanto, considerando as definições que se seguem, o termo

design será tratado como uma palavra abrasileirada e, por isso, sua escrita não

utilizará o itálico neste trabalho, a partir desse ponto. Um exemplo dos diversos

significados do design pode ser observado a seguir:

Design é fazer o design de um design para produzir um design. Em todas as ocorrências, o termo design está gramaticalmente correto. Na primeira (“Design é”), o termo é um substantivo que indica o conceito geral de uma área, como em: “O design é importante para a economia nacional”. Na segunda (“fazer o design”), a palavra é usada depois de um verbo que indica ação ou processo: “Ela foi contratada para fazer o design de um novo liquidificador”. Na terceira ocorrência (“de um design”), o termo também é um substantivo e significa projeto ou proposta: “O design foi apresentado ao cliente para aprovação”. Por fim, na última ocorrência (“para produzir um design”), a palavra é novamente um substantivo, indicando, agora, o produto acabado, um conceito concretizado: “O New Beetle revive um design clássico (HESKETT, 2008, p.11).

Percebe-se que, na sociedade atual, a palavra design vem sendo

acrescentada a diversas ações ou substantivos. Contudo, algumas atividades se

apropriam indevidamente deste termo, utilizando-o de maneira inadequada e,

consequentemente, dificultado a compreensão sobre seu significado.

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Em função da diversidade de significados que a palavra design possui, e para

contextualizar essa variedade de atributos, verificou-se a necessidade de adjetivar,

de forma didática e objetiva, algumas definições. Estas definições subsidiarão o

leitor a compor o seu próprio conceito, baseado na sua experiência.

2.1.1 Design = Qualidade

A primeira analogia que se faz é associar o design à qualidade. Para Bernsen

(1995), design é uma forma de definir a qualidade dos produtos e da comunicação

da empresa, proporcionando o gerenciamento de seus recursos criativos e de suas

competências. O design é tratado como agente de interface que coloca, de um lado,

produtos e organizações e, de outro, consumidores, usuários e mercado em geral,

podendo proporcionar as condições para que um produto obtenha sucesso no

mercado. Santos (2001) explica a relação entre produto e qualidade de maneira que

podemos inferir a mesma relação entre produto e design:

Levando-se em consideração o fato de que a qualidade tem relação direta com o faturamento de uma organização e que esse faturamento está ligado com a capacidade da mesma em produzir e disponibilizar seus produtos para o mercado (sejam estes produtos bens ou serviços) – e vendê-los – podemos concluir que a relação que se estabelece entre produto e qualidade tem que ser muito íntima, proporcionando condições adequadas para que a organização obtenha sucesso na busca de seus objetivos (SANTOS, 2001 , p.12).

Assim, observa-se que o design está ligado à qualidade, evidenciando que a

qualidade de um produto pode estar ligada ao design que este produto possui. Esta

ligação precisa da estrutura da empresa, da relação da empresa com os

consumidores e da percepção que os usuários possuem sobre determinados

produtos.

2.1.2 Design = Criatividade

O design pode também ser tratado como atividade criativa, cujo objetivo é

conjugar a pluralidade das qualidades dos objetos, processos, serviços e sistemas

em ciclos de vida contínuos, além de ser considerado elemento central da

humanização de tecnologias e fator determinante na vida cultural e econômica de

um país (CENTRO..., 2002). Ampliando esse conceito, o design deve “estabelecer

ligações estruturais, organizacionais, funcionais, expressivas e econômicas para

melhorar a sustentabilidade global e a proteção ambiental” (CENTRO..., 2002, p.43).

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Assim, infere-se que o componente criativo deve estar associado a benefícios

socioambientais, para que o design atenda a amplitude de seus objetivos, segundo o

Centro Português de Design (2002).

Para a inserção do componente criativo no processo de design, Lindon et al

(2000) comentam:

A mais importante condição para ter ideias de produtos novos é adaptar e conservar permanentemente uma atitude mental de curiosidade e abertura relativamente ao que nos rodeia e estar sempre atento aos comportamentos, às expectativas e às frustrações dos consumidores (LINDON, 2000, p.204).

Desta forma, o design pode oferecer benefícios e liberdade de escolha aos

consumidores individuais ou coletivos, aos produtores e aos protagonistas do

mercado, pois tem na criatividade um fator intrínseco. Além disso, o design, tratado

como criatividade, pode tornar-se suporte para a diversidade cultural no mundo

globalizado bem como ser capaz de dotar produtos, serviços e sistemas de

significados coerentes à sua própria complexidade.

Esta abordagem sobre a criatividade extrapolou algumas fronteiras e

recentemente incitou o Ministério da Cultura a tratar o tema design em suas

estratégias governamentais. O design no Brasil, de forma inédita, participou da II

Conferência Nacional da Cultura, com direito à participação de delegados regionais,

que divulgaram suas idéias junto a outros setores culturais já consagrados, como

música, teatro e cinema, entre outros.

2.1.3 Design = Emoção

Segundo Ekuan (1997), o design faz a ligação entre o plano físico e o plano

espiritual das pessoas. Essa abordagem evidencia mais um valor intrínseco do

design: o de transmitir informações simbólicas e intangíveis. Status, desejo,

confiabilidade, segurança e outras sensações e emoções que acometem os

consumidores podem ser transmitidas pelo design. As pessoas muitas vezes nem

sabem que precisam ou virão a precisar de algum produto, contudo, por meio do

design, as empresas podem identificar e oferecer esses produtos.

Somando-se a isso, Norman (2006) faz um paralelo sobre a propiciação, que,

para o autor, é a interação entre as pessoas e os objetos/produtos, referindo-se à

forma com que os objetos transmitem o modo como poderão ser utilizados pelas

pessoas.

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2.1.4 Design = Necessidade

Löbach (2001) afirma que o design é uma idéia, um projeto ou um plano para

a solução de um determinado problema. Já que a linguagem não é suficiente para

transmitir ideias, projetos e planos, a confecção de croquis, amostras e modelos

constituem o meio de tornar visualmente perceptível esta solução. Assim, o conceito

de design compreende “a concretização de uma ideia em forma de projetos ou

modelos, mediante a construção e configuração resultando em um produto industrial

passível de produção em série” (LÖBACH, 2001, p.16). De acordo com Löbach

(2001), o design tem como finalidade a resolução de problemas que surgem das

necessidades humanas.

Desde a fase inicial de sua formação profissional, o designer é inserido num

contexto no qual deve atuar para solucionar problemas e instigar o consumo, desde

que tenha como ponto de partida uma demanda específica ou a identificação de

uma oportunidade. Ampliando essa ideia e contextualizando na sociedade atual,

[...] o papel do design industrial pode ser sintetizado como a atividade que, ligando o tecnicamente possível com o ecologicamente necessário, faz nascer novas propostas que sejam social e culturalmente apreciáveis. Uma atividade que possa ser articulada, conforme o caso, em diferentes formas, cada uma delas dotada de suas especificidades (MANZINI; VEZZOLI, 2002, p.20).

Assim, atualmente, o design é chamado a atender, além do consumidor e do

fabricante, as necessidades impostas pelo meio ambiente. Contudo, o homem ainda

é o ponto central da atuação do design, pois suas propostas devem ser “social e

culturalmente aceitas” (MANZINI; VEZZOLI, 2002, p.20).

Corroborando com os autores citados anteriormente, Santos (2009) acredita

num papel mais estratégico do design em corporações, com foco nas amplas

oportunidades descortinadas pelas demandas da sustentabilidade.

2.1.5 Design = Conhecimento

Segundo Lobach (2001) o designer, além da capacidade intelectual, também

deve apresentar uma excelente capacidade para reunir informações e utilizá-las em

diferentes situações. Para que o profissional possa desenvolver ideias originais e

transformá-las em um produto inovador, alguns requisitos são necessários como, por

exemplo, o profundo conhecimento de um fato ou problema. Reunindo e analisando

todas as informações disponíveis, pois quanto mais ampla a abordagem do

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problema, mais amplas são as combinações possíveis, e maior a probabilidade de

se chegar a novas soluções.

Além do conhecimento específico e técnico, o designer precisa, muitas vezes,

se inserir no problema, conhecer suas particularidades e observar por um ângulo

diferenciado. A partir desse conhecimento sobre as realidades existentes, buscam-

se soluções simples e eficazes.

2.1.6 Design = Utilidade

Ao conceito de utilidade pode-se associar serventia, vantagem e proveito.

Segundo Russ (1994 apud COELHO, 2008), verifica-se que algo é útil quando serve

de meio para uma finalidade. Esta finalidade vai ganhando dimensões variadas e

não está limitada ao usuário final.

No âmbito do design, a utilidade, que é normalmente focada no usuário final, aponta para o conceito de função, que se define como a ação característica de um produto, que satisfaz as necessidades e expectativas dos indivíduos (MAGALHAES, 1994 apud COELHO, 2008 p. 244).

Assim, o design pode apresentar como característica a utilidade, ainda que

esta não seja fundamental à sua conceituação, pois é relativizada de acordo com a

percepção de cada indivíduo.

2.1.7 Design = Forma e Funcionalidade

Segundo a definição do International Council Design of Societies of Industrial

Design – ICSID (2011)2 design industrial é uma atividade criativa cujo objetivo é

determinar as propriedades formais dos objetos produzidos industrialmente. Por

propriedades formais não se devem entender apenas as características exteriores,

mas, sobretudo, as relações estruturais e funcionais que fazem de um objeto uma

unidade coerente, tanto do ponto de vista do produtor como do consumidor.

Nesse sentido, o design, tratado como forma e funcionalidade, deve

proporcionar ao produto coerência estrutural e formal de maneira que o consumidor

e o produtor compreendam sua finalidade.

2 ICSID: Conselho Internacional das Sociedades de Design Industrial é uma organização sem fins lucrativos, que protege e

promove os interesses da profissão de desenho industrial. Foi fundada em 1957, serve como uma voz unificada de mais de

50 nações, pelas quais os membros podem expressar suas opiniões e serem ouvidos sobre uma plataforma internacional.

Desde a sua criação, o ICSID tem continuado a desenvolver a sua rede de grande alcance de estudantes e profissionais

dedicados ao reconhecimento, sucesso e crescimento da comunidade de design industrial (ICSID, 2011).

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2.1.8 Design = Interdisciplinaridade

Segundo Blaich (1989), design é a ponte que integra marketing, engenharia e

pesquisa, devendo estar na liderança desse processo, pensando globalmente e

agindo localmente. Realmente, o designer não pode atuar isoladamente, pois existe

uma necessidade de interação das diversas atividades que compõe o processo de

desenvolvimento e criação.

Essa interdisciplinaridade citada por Blaich (1996) pode ser ampliada quando

Manzini e Vezzoli (2002, p.19) afirmam que ao termo design é atribuído um caráter

mais amplo “que não se aplica somente a um produto físico (definido por material,

forma e função), mas que se estende ao sistema-produto. Isto é, ao conjunto

integrado de produto, serviço e comunicação com que as empresas se apresentam

ao mercado”.

Santos (2001) faz uma abordagem levemente diferente sobre a

interdisciplinaridade no design, ressaltando que o design precisa participar de todo o

processo de desenvolvimento, passando pela estrutura gerencial relativa ao projeto,

produção, venda, pós-venda, desuso e reciclagem. Afirma ainda que “caso contrário,

a inserção dessas ferramentas e metodologias de design pode não vir a agregar

valor ao processo, criando mais problemas para a organização” (SANTOS, 2001,

p.13).

2.1.9 Design = Método

O crescimento gradual da criatividade é feito a partir da geração de novas

ideias. Essas ideias passam por etapas pré-estabelecidas e sistematizadas,

constituindo um método. Para Gomes (2001), criatividade vem a ser um conjunto de

fatores e processos, atitudes e comportamentos presentes no desenvolvimento do

pensamento produtivo e ainda “apresenta-se por meio da ilusão (produto livremente

fantasiável), da invenção (produto exclusivamente funcional) e da inovação (produto

plenamente realizável)”.

Criatividade não significa improvisação sem método: dessa maneira apenas se faz confusão e se cria nos jovens a ilusão de se sentirem artistas livres e independentes. A série de operações do método projetual é feita de valores objetivos que se tornam instrumentos de trabalho nas mãos do projetista criativo (MUNARI , 1981, p. 21).

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O método não só faz parte das atividades de design como se constitui em

aspecto fundamental para a realização de um trabalho de qualidade. Sem método, a

improvisação ganha espaço, dificultando a definição e o cumprimento de objetivos.

Por outro lado, a utilização de procedimentos sistematizados confere consistência à

solução projetual, demonstrando que o método é importante para o design.

2.1.10 Design = Estratégia

Quando se faz relação entre design e estratégia é necessário estabelecer

alguns critérios e limitações. A palavra estratégia aqui deve ser atribuída às

empresas que utilizam o design para atingir um diferencial e assim alcançar o

posicionamento almejado. Assim, a estratégia de design, pode impulsionar uma

empresa a traçar metas em relação à sua imagem, como por exemplo: sob a ótica

da eficiência, ou da modernidade, ou da funcionalidade, ou ainda da ótica da

sustentabilidade.

Nesta abordagem pelo viés da sustentabilidade ambiental, design pode ser considerado uma ação que vem aprofundar propostas de avaliação constante de produtos ou serviços que contemplem as implicações ambientais, econômicas e sociais. Propor o desenvolvimento do design para a sustentabilidade significa, portanto, promover a capacidade do sistema produtivo de responder à procura social de bem-estar utilizando uma quantidade de recursos ambientais drasticamente inferior aos níveis atualmente praticados (MANZINI; VEZZOLI, 2002, p.23).

O mercado foi por muito tempo dominado por nomes de designers, mas este fenômeno está no fim. Escolher um designer é uma oportunidade estratégica [...] não se trata de quem faz algo bonito e sim de que designer pode melhor visualizar as ambições e estratégias de uma empresa (YTTERBORN, apud BURDEK, 2006, p.171).

2.1.11 Design = Competitividade

As empresas nascem a partir de um sonho ou de uma necessidade ou, ainda,

por meio de uma oportunidade. Sendo assim, estas variáveis permitem que uma

grande quantidade de empresas se estabeleça e queiram cada vez mais buscar um

diferencial. Numa economia cada vez mais acirrada, na qual as empresas

concorrentes buscam se diferenciar umas das outras por qualidade dos serviços

prestados e imagem corporativa, o design pode contribuir de maneira significativa.

A tecnologia, os equipamentos para manufatura e a mão de obra estão sendo

considerados como recursos inerentes nas indústrias. Essas mesmas indústrias

precisam se destacar no mercado cada vez mais competitivo. Assim, a

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competitividade, segundo Ferraz (1995, p.22), “é a capacidade da empresa formular

e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de

forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”. O mercado referido pode

ainda ter a competitividade surgindo como uma característica extrínseca, de forma a

se relacionar de diferentes maneiras e padrões.

Não se pode deixar de associar o design com a competitividade e a

produtividade que se quer alcançar. A produtividade é a utilização mais racional,

mais eficiente dos fatores de produção tendo como objetivo básico alcançar o

máximo de produção com a utilização do menor espaço de tempo e com os menores

custos. E com isso se obtém a competitividade necessária, resultante da

combinação eficaz e eficiente de informação, conhecimento, tecnologia,

organização, cooperação e coordenação.

É importante situar e mencionar como o design pode ter relevância na

competitividade das empresas, uma vez que não é o único elemento que deve ser

levado em consideração, mas sim, somado a outros fatores, como custos;

assistência; aspectos legais, culturais e estéticos; requisitos ambientais.

As estratégias empresariais no que tangem à competitividade buscam alguns

elementos analíticos centrais a serem avaliados e co-relacionados, sempre que

possível, ao design. Como exemplo disso, Ferraz (1995) aborda:

A formação de amplas parcerias envolvendo produtos, fornecedores, clientes e entidades tecnológicas conduz a relações intersetoriais fortemente sinérgicas, criando condições estruturais adequadas para o incremento da competitividade de todos os elos da cadeia produtiva. [...] característica que parece singularizar as indústrias com intensa rivalidade é a prevalência de condutas baseadas na inovação, isto é, a busca das vantagens do pioneirismo na introdução de novos produtos, processos, sistemas de comercialização, formas de articulação com fornecedores, etc. (FERRAZ, 1995, p. 22-23).

No novo paradigma competitivo predominam qualidade de produto, flexibilidade, rapidez de entrega e inovatividade, além da racionalização dos custos de produção (FERRAZ, 1995, p. 33).

Diante dessas argumentações, é constatado que os requisitos que norteiam a

competitividade e os novos padrões de concorrência são os mesmos requisitos

impostos ao profissional do design, ou seja, desafios para um bom projeto. O briefing

que uma empresa apresenta a um designer está alicerçado em: qualidade,

inovação, custos e racionalização, que são atributos desejáveis pela empresa e

impostos pela concorrência, num mercado segmentado ou global.

A competitividade, em última análise, pode ser buscada seguindo dois

caminhos (ou uma combinação dos dois): (i) produzindo a custos menores um

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produto-serviço similar que possa competir com o da concorrência ou (ii) oferecendo

um produto-serviço diferente, cujo valor agregado reconhecido pelos clientes seja

considerado melhor do que o do produto-serviço da concorrência (MANZINI;

VEZZOLI, 2002, p.82).

2.1.12 Design e o Mercado

O processo de design tem se transformado, cada vez mais, em um dos

principais diferenciais de qualidade que um produto ou empresa podem ter, gerando

vantagens competitivas, valores agregados e melhor posicionamento de produtos e

marcas com relação aos seus consumidores no mercado (SANTOS, 2001, p.11).

Segundo o relatório de indicadores elaborado pela CNI (2005), o design vem

impactando as empresas e acelerando sua competitividade.

O investimento em design afetou positivamente as vendas e os lucros, com pouco impacto nos custos. [...] O resultado dos investimentos em design foi um aumento das vendas para 53,3% das MPEs em 2003. Para 44,7% das MPEs, o impacto desses investimentos sobre as vendas foi nulo. O maior impacto positivo ocorreu entre as MPEs da região Norte, cujo percentual de empresas com aumento de vendas, propiciado por estes investimentos, foi de 61,5%. Na região Sudeste, 46,9% das MPEs registraram aumento de suas vendas. [...] Em termos de custo de produção, os investimentos em design resultaram em aumento para 26,4% das MPEs em queda para 9,4%. A grande maioria (64,3%) não percebeu aumento dos custos de produção em razão desses investimentos. Em termos regionais, mais uma vez, a região Norte se destacou. [...] Consequentemente, dado o efeito positivo sobre as vendas e o baixo impacto sobre os custos, o lucro das MPEs que investiram em design foi, de maneira geral, positivo. Esses investimentos traduziram-se em aumento da lucratividade para 34,4% das micro e pequenas empresas. A maioria das empresas (53%) manteve sua lucratividade inalterada, e apenas 12,5% reportou diminuição dos lucros (CNI, 2005, p.35).

Muitas vezes, o design é uma alternativa que as empresas encontram para se

fortalecer economicamente, e vislumbrar um nicho de mercado até então

desconhecido ou ainda aportar em mercados totalmente novos. Aqui, pode-se fazer

um paralelo com mercados internacionais. Pode-se observar na figura 01, que

quando se fala de diversificação da estratégia para produtos, nota-se que é preciso

prospectar novos mercados com novos produtos desenvolvidos. Os prêmios

internacionais de design atingem integralmente estes pressupostos, pois fazem com

que as empresas busquem a diferenciação pelo design.

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FIGURA 01 - POSSIBILIDADES DE ESTRATÉGIAS PARA PRODUTOS

FONTE: Ansoff (apud Medeiros (1996)

Segundo Moraes (1999) o Brasil e tantos outros países em via de

desenvolvimento como o México, a Argentina e o Chile apresentam algumas

características interessantes que demonstram a realidade, a saber:

- Parques industriais em crescimento e muitos em formação;

- Abundância de matérias-primas;

- Facilidade e abundância de mão-de-obra;

- Existência de espírito de construção e de empreendimento;

- Existência de um mercado ainda não saturado, com a necessidade de

aquisição de produtos semiduráveis por grande parte da população;

- Necessidade de inserir-se no mercado global.

Esta última característica, presente nos países em vias de desenvolvimento,

traz uma reflexão: como estes mesmos países podem se inserir no mercado global

de forma mais viável e competitiva? Acredita-se que participando de processos

seletivos, avaliações, certificações ou, ainda, de premiações em âmbito mundial as

chances de visibilidade nos mercados-alvo podem ser ampliadas.

Parte-se do pressuposto de que conquistar uma chancela de qualidade

internacional em design, além de prospectar negócios em outros países, pode trazer

reflexos para o mercado interno. Moraes (1999), defende a abrangência global das

iniciativas:

Produtos Existentes

Novos Produtos

1) Penetração no Mercado

2) Desenvolvimento de Mercado

3) Desenvolvimento de Produto

4) Diversificação

Mercado existente

Novos mercados

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Se considerarmos o design um instrumento capaz de contribuir para a indústria no que diz respeito à competitividade internacional e como elemento diferenciador na qualidade dos produtos industriais, não podemos enxergar nesta atividade uma referência somente regional ou periférica: ela é um instrumento capaz de alargar a competitividade das empresas em nível global (MORAES, 1999 p.89).

A comparação é sempre uma atividade, acima de tudo, motivacional para os

negócios. A partir do momento que essa comparação abre espaços e mercados

ainda a serem preenchidos, isto se torna uma ferramenta para estimular a

competitividade entre as empresas. Naturalmente, essas empresas nos países

mencionados anteriormente, possuem maiores chances de competitividade em

áreas ou segmentos onde os incentivos econômicos e financeiros não sejam

primordiais. O design é um desses segmentos que consegue promover mudanças e

ampliar potencialidades de mercado que não onerem proporcionalmente o

empresário.

A percepção dos empresários a respeito do design vem mudando de forma

acelerada.

As empresas estão cada vez mais conscientes de que a eficiência no processo produtivo e o controle de qualidade não bastam. [...] Quando o design é parte da estratégia da empresa, o retorno sempre é positivo, algo que não acontece quando é tratado apenas superficialmente (BRUM, 2009, p.22).

Concluindo essa abordagem sobre as diversas adjetivações que a palavra

design pode receber, o direcionamento que essa pesquisa adota é a interpretação

mercadológica da busca por resultados positivos nos negócios. O termo design pode

ter várias interpretações, e a complexidade de seu significado pode ser comprovada

pelas citações vistas anteriormente. No entanto, busca-se disseminar o design como

solucionador de problemas e como importante ferramenta para criar a diferenciação

competitiva, buscando soluções e antecipando tendências.

2.2 PRÊMIOS INTERNACIONAIS DE DESIGN

Existe a necessidade de se estabelecer uma análise sobre as principais

premiações de design mundial. Acredita-se que a partir dessa análise, algumas

abordagens se fazem necessárias devido ao fato da atual economia estar cada vez

mais globalizada, na qual os produtos são desenvolvidos para uma sociedade mais

crítica, que recebe informação dos mais diversos meios e locais e que sabe, hoje,

discernir e escolher sobre um produto mais eficiente.

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Diferentemente de outras áreas, o design não possui uma certificação que

consagre a empresa ou o produto como um bom exemplo de design, ou que

chancele um produto de bom design.

No universo do trabalho internacionalizado, a competitividade e a busca de qualidade total são as principais características. Cada vez mais, as empresas correm atrás das tão disputadas certificações, entre outras, a série ISO 9000 (FONTOURA, 2006, p.199).

Pela falta de uma certificação institucionalizada e reconhecida mundialmente,

o design está se apropriando dos prêmios internacionais que possuem expressão e

credibilidade para buscar os selos, as chancelas e as validações de excelência.

Os programas de premiação de design diferem dos concursos de design na medida em que não exigem que os participantes produzam projetos originais. Os principais objetivos dos programas de premiação de design são reconhecer o mérito de um trabalho existente, elevar os padrões de design e promover um maior e mais amplo uso do design (FIESP/CIESP, 1996, p.50).

É importante para as empresas discernir sobre qual concurso ou premiação

participar. Atualmente muitas iniciativas de competição e comparação estão

surgindo, pois além de angariar repertório de idéias e autores, as instituições

promotoras viabilizam outras ações a partir de uma seleção, seja regional, nacional

ou internacional. Cada premiação possui suas particularidades, por isso o ideal é

fazer alguns questionamentos acerca do propósito do prêmio. Algumas perguntas

são sugeridas pelo relatório A Competitive Look at Design Competitions, 2006:

QUADRO 01 - QUESTIONAMENTOS PARA PARTICIPAÇÃO EM PRÊMIOS INTERNACIONAIS Critérios Questionamento Quanto ao reconhecimento:

Como é o posicionamento do prêmio comparado aos concorrentes? Quem é o realizador ou instituição organizadora?

Quanto à freqüência: Quantas edições já ocorreram? Existe uma tradição, periodicidade e rotina no prêmio?

Quanto à abrangência das categorias:

Existe um amplo espectro de categorias para atender as mais variadas segmentações do design?

Quanto aos concorrentes: Quantas inscrições são recebidas em relação aos concorrentes? Quanto ao alcance: A concorrência é medida local, regional, nacional ou

internacionalmente? Quanto aos custos: Os custos são estratificados?

Os benefícios superam os custos? Quanto ao julgamento: O júri é composto por pessoas renomadas? Os juízes possuem

atuação regional no país de origem do prêmio ou vêem de outras partes do mundo? Existe alteração no júri regularmente?

Quanto à exposição dos resultados:

A quem chegam as informações sobre os premiados? Qual o número de pessoas que visitam a exposição?

Quanto à documentação: Existe uma publicação específica? Qual é a editora? Qual a tiragem? Como é feita a distribuição?

Quanto à comunicação: Existe uma assessoria de imprensa e de marketing especializadas na comunicação do prêmio?

FONTE: Adaptado de IFDESIGN (2011)

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Existem muitos concursos organizados por associações empresariais ou

mesmo por empresas, no entanto acabam sendo restritivos a algum setor ou

segmento específico como: moveleiro, iluminação, jóias entre outros. Segundo

Borges (1996) se há vantagens em promoções por associações empresariais, pela

ligação direta com o produtor, talvez a avaliação perca em dimensão cultural.

Para Borges (1996), três são os fatores determinantes, além dos

questionamentos anteriores, que corroboram para a participação em concursos,

sendo: a busca por credibilidade, a visibilidade prospectada e a diversidade

retratada.

Credibilidade:

Participar e ser escolhido traz uma satisfação extremamente norteadora aos

premiados. Algumas pessoas que ganharam prêmios, independente de sua natureza

e amplitude, afirmam que estas ações incentivam o trabalho e a busca por maior

respeito e reconhecimento.

Alguns depoimentos relevantes sobre a participação em um importante e

tradicional prêmio nacional - o Prêmio Museu da Casa Brasileira - retrata os valores

arraigados com a conquista:

Os compradores das lojas são sempre inseguros, eu ia com fotos dos meus móveis e eles me olhavam desconfiados. Depois da premiação, eles sentiam mais firmeza, topavam pelo menos expor os produtos (BONZON, 1996 apud BORGES, 1996, p182.).

Os lojistas achavam lindo meu trabalho mas não se decidiam a comprar. Precisei ganhar o prêmio para as pessoas acreditarem e passarem a olhar o meu trabalho com outros olhos (GODOY, 1996 apud BORGES, 1996, p.182).

Percebe-se pelos relatos, que lojistas, compradores e até o público

consumidor valoriza produtos que passaram por um crivo. Esse reconhecimento

gera oportunidades e o estabelecimento no mercado se dá pela facilidade de

abertura.

Visibilidade:

Outra abordagem que os prêmios promovem é a visibilidade. A possibilidade

de estampar o produto, a empresa e o designer como uma ação conjunta e uma

parceria de sucesso atrai a mídia. Atualmente, a visibilidade é tida como um dos

grandes fatores, se não o maior, na tomada de decisão para tal participação. Colocar

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em evidência que a empresa e o designer ganharam determinado prêmio é uma

decisão estratégica, que os destacam mediante seus concorrentes. Esta evidência

está ocorrendo com o destaque do selo do prêmio, servindo de instrumento de

marketing. Segundo Borges (1996, p.182) “A premiação por si só, contudo, não

garante uma melhoria da situação econômica do contemplado [...] deslanchar ou

não posteriormente vai depender de uma série de outros fatores”.

Azeredo (1996 apud BORGES 1996 p.183) faz um relato sobre suas reflexões

acerca da participação:

Para mim, o Prêmio funciona como uma espécie de relógio interno, um momento em que eu paro e me pergunto: produzi algo este ano que mereça ser avaliado? Cadê minhas idéias? Continuo comprometido com os princípios que fundamentaram meu trabalho?

Diversidade retratada:

A submissão e posteriormente a comparação do seu produto com outros é

uma forma muito saudável e privilegiada de observar o que está ocorrendo à sua

volta.

Segundo Fontoura (2006), participar de concursos de design é, portanto, uma

forma de integrar-se ao processo de industrialização. É, também, uma excelente

oportunidade de participar do aquecimento do processo produtivo e da

comercialização dos bens de capital e de consumo pela sociedade. Em outras

palavras, significa participar ativamente do processo de desenvolvimento do país.

Atualmente, podem-se considerar quatro, os principais prêmios de design de

expressão mundial: Good Design Award, International Design Excellence Award _

IDEA, Red Dot Design Award e International Forum Design Awards _ iF.

O critério mais representativo para a seleção dos prêmios internacionais foi a

coerência destes com o mercado, pois todos validam o design de empresas que

produzem em escala seriada e não o design autoral, conforme já foi explicado

anteriormente. Entende-se como um produto seriado, aquele que é manufaturado

num sistema de produção em série. Para Caron (2009) a produção em série, é um

sistema de tecnologias, mercados e instituições onde são realizados grandes

investimentos, bem como pressupõe a existência de mercados grandes e estáveis

para absorver a produção padronizada e contínua, capaz de garantir a estabilidade

da reprodução dos recursos envolvidos na produção.

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Coincidentemente, dois destes prêmios têm origem alemã: o IF Design

Awards e o Red Dot Design Award. Acredita-se na influência cultural da Bauhaus no

legado da linguagem do design alemão. Segundo Burdek (2006, p.84) “a linguagem

formal do design alemão acabou rapidamente se desenvolvendo como um padrão.

Este padrão do Design Alemão é até hoje associado pelo mundo como conceitos de

[...] funcional, objetivo, sensato, econômico, simples e neutro”.

Este funcionalismo estilístico se transformou como padrão de configuração na indústria alemã. Instituições como o Die Neue Samlung em Munique, o DesignCenter de Stuttgart, o Design Center da Westfalia do Norte em Essen ou a Exposição Industrie Form (hoje Internacional Forum Design) trabalharam decisivamente [...] é instituída como padrão cultural de massa (BURDEK, 2006, p.84).

A cada dia a sociedade consumidora, principalmente, está atribuindo valor ao

design. Segundo Quirós (2006 apud CATÁLOGO..., 2006, p.4), “o design é um dos

instrumentos mais capazes de criar significado para os produtos e, assim, incorporar

valor, que pode ser beleza ou funcionalidade, elegância ou tecnologia, originalidade

ou excelência”. Com estas afirmações, ainda ressalta que o design ajuda a criar

identidade para o produto e a gerar vínculos com o consumidor. A grande maioria

dos mercados, Europa, Ásia ou países árabes consideram como fator decisivo de

compra a beleza dos produtos, sua praticidade e preços acessíveis.

2.3.1 Good Design Award

A premiação Good Design Award é um programa abrangente que avalia e

incentiva o desenvolvimento de projetos. O prêmio é organizado pela Japan

Industrial Design Promotion Organization (JIDPO).

A organização foi criada em 1957 pelo Ministério da Indústria e Comércio

Internacional do Governo do Japão, atualmente nominado Ministério da Economia,

Comércio e Indústria. Este sistema de premiação nasceu da crença que o design foi

essencial para romper com o ciclo de pobreza da época. Há mais de 50 anos, o selo

Good Design Award é dado aos projetos, visando à busca de uma vida próspera e

valorizando o desenvolvimento industrial. Cerca de 35.000 selos Good Design Award

já foram dados durante este período com o intuito de fomentar esses esforços.

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FIGURA 02 - LOGOMARCA DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD 2010

FONTE: Good Design Award (2011)

A dinâmica anual do prêmio consiste em agrupar os projetos inscritos que

mais se destacam e selecioná-los para concorrer ao selo Good Design Award.

Recebem em média cerca de 3.000 inscrições de mais de 1.000 empresas e

designers a cada ano.Esses projetos são avaliados por cerca de 70 especialistas em

design, que selecionam e recomendam os melhores projetos. Grande parte do

público japonês já reconhece o Good Design Award e muitas empresas e designers

do Japão e de países vizinhos participam. O prêmio é tido como uma ferramenta

social para gerar um círculo virtuoso favorável, e está vigente há mais de 50 anos. O

prêmio Good Design Award publica anualmente o "Japan Design", conforme pode

ser observado na figura 03. Nesse anuário é possível contemplar todos os perfis dos

vencedores do prêmio daquele ano. Esse livro possui as informações sobre as

categorias do Good Design Award, Long Life Design Award e Frontier Design. Além

disso, possui artigos e entrevistas com os membros do júri e designers. Inclui

também o "Design Chronicle", que registra a evolução do desenho industrial.

O "Japan Design" é utilizado como referência para conferir as tendências de

design no Japão durante o ano, bem como um registro público de Prêmios de

Design.

FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008

FONTE: Goog Design Award (2011)

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2.3.2 International Design Excellence Award - IDEA

A competição anual International Design Excellence Award (IDEA) é

organizada pelo Industrial Designers Society of America (IDSA), uma das

associações de design mais antigas do mundo, conduzida por representantes de

design, com atuação e foco em design de produto, design industrial, design de

interação, nos fatores humanos, na ergonomia, na pesquisa de gestão do design e

no desenho universal.

FIGURA 04 - LOGOMARCA DO PRÊMIO INTERNATIONAL DESIGN EXCELLENCE AWARDS 2011

FONTE: IDSA (2011)

Com mais de 30 anos de atuação, esta competição possui um painel de

especialistas em design que atuam de forma independente e que utilizam critérios

para a seleção dos projetos vencedores. Por exemplo: (i) inovação (design e

experiência de fabricação); (ii) benefício para a sociedade, cultura, ambiente e

economia; (iii) Benefícios para o cliente (rentabilidade, aumento de vendas,

reputação da marca); (iv) recursos visuais e estética adequada.

Esse prêmio possui dois segmentos: indústria e design. Cada segmento

possui algumas categorias, entre elas: comerciais e produtos industriais; ferramentas

de comunicação; equipamento de computador; entretenimento, etc.

Desde 2009, esta premiação possui um desmembramento o IDEA/Brasil, que

é uma instância local do prêmio internacional.

2.3.3 Red Dot Design Award

Competição internacional de design que aceita a inscrição de ideias e

protótipos de todas as áreas da indústria do design, desde escritórios até

fornecedores de design. Esse prêmio se tornou um espaço onde os profissionais

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envolvidos em design podem obter informações e tendências assim como também

podem mostrar suas pesquisas e avanços sem as habituais restrições dos clientes.

Ao longo de 15 edições, o Red Dot Design Award contou com mais de 11.000

inscrições de 61 países. É considerado o concurso de design mais famoso do

mundo. É dividido em: Red Dot Award: design de produto; Red Dot Award: design de

comunicação, e Red Dot Award: conceito de design. Ao fim da seleção, os produtos

premiados são colocados diante de um público internacional no Museu Red Dot

Design.

Anualmente um júri internacional, examina e avalia os produtos apresentados

de acordo com critérios como grau de inovação, funcionalidade e qualidade formal.

Isso garante a seriedade da competição e sua aceitação internacional. O grupo de

jurados é formado por renomados designers e especialistas em design de todo o

mundo, que selecionam os projetos que são bons o suficiente para receber um

prêmio Red Dot de forma independente e imparcial. As mudanças constantes do

corpo de jurados de ano para ano garantem um alto grau de objetividade e de

confiabilidade.

O prêmio é como um selo de qualidade, e representa o melhor em design e

negócios. Os vencedores recebem os prêmios pessoalmente numa cerimônia de

gala, testemunhada por mais de 1.200 convidados. Além disso, o relatório anual

"Red Dot Award: design de produto" também premia uma equipe de projeto com o

título especial da equipe de “design do ano“. Esse prêmio já foi concedido à equipe

de design de muitas empresas de renome internacional como a LG Electronics,

Adidas, Apple, Mercedes-Benz, Nokia, Philips, Siemens e Sony.

FIGURA 05 - LOGOMARCA DO PRÊMIO RED DOT DESIGN AWARD

FONTE: Red Hot Online (2011)

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2.3.4 International Forum Design Awards (iF )

O iF Design Awards é a mais antiga premiação internacional e é considerado

o mais importante prêmio de design da Europa. Desde 1953, o selo iF vem

chancelando marcas e operando como referência para negócios em âmbito mundial,

mencionado por especialistas internacionais, como uma confiável e comprovada

qualidade dos projetos vencedores. A participação das empresas de design e das

indústrias nessa competição mostra a vontade de inovar e a coragem de se

comparar à concorrência.

O iF Design Awards é composto por cinco prêmios independentes. A

premiação mais antiga refere-se ao prêmio IF Product Design Award, onde são

eleitos os melhores produtos desenvolvidos ao longo do ano. Nessa premiação são

definidas 16 categorias, que são julgadas segundo critérios como: qualidade do

design, acabamento, escolha de materiais, grau de inovação, adequação ambiental,

funcionalidade, ergonomia, percepção do uso, segurança, valorização da marca,

design global e uso de novas tecnologias.

As categorias contempladas são: transportes; lazer/estilo de vida;

áudio/vídeo; telecomunicações; computadores; escritório/empresa; iluminação;

móveis/têxteis; casa/cozinha; banheiro/bem-estar; edifícios; design público/design de

interiores; medicina/saúde; indústria; veículos especiais/tecnologia agrícola e

estudos avançados.

Além do selo iF, os premiados participam de uma exposição na cidade alemã

de Hannover, cuja abertura ocorre junto com a CeBit, maior feira de tecnologia do

mundo. Outras ações integram também a premiação como uma mostra virtual na

página eletrônica do iF e o yearbook do prêmio (catálogo anual), com uma tiragem

de 5 mil exemplares cuja circulação ocorre em aproximadamente 40 países.

FIGURA 06 - LOGOMARCA DO PRÊMIO IF DESIGN AWARDS

FONTE: IFDESIGN (2011)

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A premiação International Forum Design Awards, cujo selo é apresentado na

figura anterior, possui desdobramentos que recebem selos exclusivos. A exemplo

disso pode-se verificar na figura seguinte, o selo da premiação destinada ao

reconhecimento de produtos.

FIGURA 07 - SELO DO PRÊ-MIO IFPRODUCT DESIGN AWARD

FONTE: IFDESIGN (2011)

Esta categorização dos prêmios torna-se necessária devido às

especificidades das empresas, indústrias, profissionais e serviços que concorrem.

Cada segmentação produz materiais gráficos específicos e direcionados, que são

“bancos de ideias” e podem ser utilizados como referência e tendência do ano da

publicação. Na figura a seguir, um exemplo de publicação que concentra os

premiados do segmento de produtos.

FIGURA 08 - IF YEARBOOK 2010, ANUÁRIO DO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD

FONTE: IFDESIGN (2011)

O prêmio iF Product Design Award, foi a premiação escolhida como objeto de

estudo de caso, pois além de ser a premiação mais antiga em design para negócios

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é a que possui maior aderência com as iniciativas de colocação e reconhecimento

do design em âmbito industrial.

Algumas características que a destacam de outras premiações:

- Grande número de empresas brasileiras premiadas;

- É considerado um prêmio de muita credibilidade tanto pela indústria

como por parte dos designers;

- Possui alguns requisitos industriais importantíssimos para a inscrição

como, por exemplo, ser um produto inserido no mercado ou que venha

a se inserir no mercado no mesmo ano da premiação;

- Oportuniza visibilidade para as empresas ganhadoras por meio de

vários canais, como por exemplo: (i) publicação trilingue distribuída

para vários países; (ii) exposição física e virtual dos produtos

premiados; (iii) mídia internacional relevante; entre outros.

Para uma melhor compreensão dos prêmios internacionais analisados, fez-se

necessária a construção do seguinte quadro comparativo, no qual são contemplados

todos os critérios e questionamentos levantados anteriormente.

QUADRO 02 - RESUMO DOS PRINCIPAIS PRÊMIOS INTERNACIONAIS DE DESIGN

Good

Design Award

InternationalDesign

Excellence Award (IDEA)

Red Dot Design Award

International Forum Design Award (iF)

Número de edições ocorridas 50 30 50 58

Instituição responsável JIDPO

IDSA Red Dot Museum International Forum

País de origem Japão EUA Alemanha Alemanha

Média de inscrições por ano 3.000 1.855 3.023 3.000

Renovação do júri anual anual anual anual

Possui taxas para participação sim sim sim sim

Premiados por ano 700 188 180 900

N.º de países participantes 45 30 61 39

Periodicidade anual anual anual anual

Quantidade de Categorias 12 16

Canais de visibilidade - Anuário

Japan Design

- Revista Fast Company

- Composição do acervo do Museu Henry Ford

- Exposição no Museu Red Dot Design

- apresentação dos vencedores em cerimônia

- relatório anual "red dot award

- YearBook - Exposição durante

6 meses na Cebit, maior feira de tecnologia apresentação dos vencedores em cerimônia

FONTE: A autora (2011)

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A partir do quadro 02, podem-se destacar algumas informações relevantes

que foram tratadas de forma comparativa: (i) número de edições ocorridas; (ii)

quantidade de inscrições recebidas anualmente; (iii) grande número de países que

participam das premiações.

Contudo, a partir de uma avaliação de similaridade de critérios utilizados em

concursos mundiais de design, foi percebido que o bom design internacional

contempla alguns requisitos em comum. Os prêmios de excelência mundial retratam

quatro critérios centrais segundo Demiribilek e Park (2001):

- Funcionalidade, eficiência;

- Estética, atratividade;

- Facilidade de uso, comodidade para o usuário, e

- Estabelecimento de novos padrões a serem seguidos no mundo, ou

seja, pensamento out of the Box que gera uma ideia original.

A estes critérios agrupados pode-se associar os atores que estão sendo

avaliados e que estão submetendo-se aos prêmios internacionais. Para Mozota

(2011) o mercado do design possui diferentes atores, conforme pode ser observado

no quadro a seguir:

QUADRO 03 - OS DIFERENTES ATORES DO MERCADO DO DESIGN

Atores do mercado do design Descrição

“Produtores”de design Escolas de design

Designers (freelance, consultorias, designers)

Agências de tendências em estilo

“Fabricantes” de design Segmentados de acordo com as definições de design

Intermediários de design Agentes de designers. Consultores de recrutamento.

Agências de propaganda e de comunicação.

Consultorias de P&D

Divulgadores de design Mídia impressa

“Sistema de contágio do design” Arquitetos, Museus de design e Prêmios de design

Distribuidores de design Galerias e exposições de design.

Lojas de varejo criadas por designers ou segmentadas de

acordo com sua especialização em design.

Consumidores Segmentados por atitudes em relação ao design.

FONTE: Mozota (2011 p.49)

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A complexidade de relações do mercado do design faz surgir diferentes

especialistas, editores, concursos e premiações, formando diversos atores

relacionados à área do design. Justamente para auxiliar o fomento nessa área, o

Brasil possui uma importante iniciativa de incentivo e promoção do design para

extrapolar as fronteiras nacionais, o Programa Design & Excellence Brazil.

2.3.5 Programa Design & Excellence Brazil

O programa Design & Excellence Brazil, há 8 anos atua com o objetivo de

promover o design brasileiro no exterior através da participação em prêmios

reconhecidos internacionalmente. Esta ação é uma iniciativa do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) no âmbito do Programa

Brasileiro do Design (PBD), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e

Investimentos (Apex-Brasil), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE), da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e

coordenado pelo Centro de Design Paraná.

A fim de reconhecer a excelência da indústria brasileira no mercado

internacional e difundir no país uma cultura de exportação de produtos de valor

agregado, atualmente o programa apóia a participação de produtos e projetos

brasileiros em dois prêmios promovidos pelo iF (International Forum Design): o iF

Product Design Award e o iF Concept Design Award, este destinado a projetos

acadêmicos.

Com o objetivo de despertar na indústria brasileira a competitividade e o

interesse em buscar inovação e design de qualidade em suas produções, durante

seus oito anos de atuação, o Programa Design & Excellence Brazil recebeu um total

de 2.802 inscrições para a pré-seletiva nacional, das quais 1.351 produtos e projetos

foram selecionados por comitês seletivos do programa para concorrer ao iF Product

Design Award com apoio técnico, logístico, financeiro e de mídia.

Neste período, os brasileiros finalistas apoiados pelo Programa foram 890,

destes, 159 foram premiados e receberam o selo iF. Acredita-se que esta ação

tenha incitado um efeito multiplicador, estimulando a participação espontânea de

designers e empresas brasileiras nesta e em outras premiações internacionais, e até

a estruturação de iniciativas paralelas no país como o IDEA Brasil.

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O Programa Design & Excellence Brazil firmou parceria com outros

promotores de premiações nacionais de design, como o prêmio Abilux de Design, o

prêmio House & Gift, o prêmio Jovens Designers, por meio das quais os produtos

premiados são automaticamente inscritos no iF, dispensando o processo seletivo

realizado pelo Programa. A sintonia dessas parcerias com a proposta mais ampla do

PBD de integrar essas iniciativas, concretiza-se na concessão de apoio institucional

às mesmas com a inclusão dos produtos vencedores no portal nacional do design, o

portal DesignBrasil (www.designbrasil.org.br) constituindo também um banco de

dados no Observatório DesignBrasil (www.designbrasil.org.br/observatorio). Além

disso, realiza ampla divulgação, em âmbito nacional e internacional, acerca dos

premiados brasileiros, cujo retorno em espaço de mídia chega a ser vinte vezes

maior que os custos gerados pela inscrição em concursos internacionais e

profissionais do setor.

Atualmente, apesar dos esforços de divulgação da marca do programa, a

escolha por focar apenas em uma premiação internacional alvo, contribui

inevitavelmente para que a marca iF, já consolidada, fosse efetivamente a mais

fortalecida no país, em detrimento da marca Design & Excellence Brazil.

FIGURA 09 - LOGOMARCA DO PROGRAMA DESIGN & EXCELLENCE BRAZIL

FONTE: Catálogo Design & Excellence

Brazil (2006)

Segundo o escritório OcaBrasil, que criou a marca, tirou-se partido das cores

da bandeira brasileira e das iniciais D e E. A inclinação das letras ressalta um

movimento ascendente de busca pela competitividade. Pela sua sinuosidade, a

musicalidade associada à criatividade do brasileiro, ficam ainda mais evidenciadas

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no posicionamento exponencial da letra “e”, indicando o design elevado a

excelência.

Recentemente o Departamento de Promoção Comercial do Ministério das

Relações Exteriores, desenvolveu o material “Agenda 2008”, tradicional publicação

trilingue que é distribuída nacional e internacionalmente para embaixadas e

consulados e que contém nas suas páginas imagens e descritivos sobre os produtos

brasileiros premiados internacionalmente.

Esta agenda contempla a criatividade e a qualidade do design brasileiro, destacando produtos nacionais premiados em importantes concursos do setor, no Brasil e no exterior, tais como o Prêmio Design da Casa Brasileira, o iF Design Award e o Red Dot Design Award. [...] Desse modo, o Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores não apenas reconhece o potencial do design brasileiro como fator de agregação de valor ao produto nacional, mas também espera contribuir para aumentar a visibilidade da produção brasileira, ampliar a competitividade das empresas nacionais, fortalecer a imagem do país e facilitar o ingresso do produto brasileiro no mercado internacional (BRASIL, 2008)

Segundo Queirós (2006 apud CATÁLOGO..., 2006), o programa levou ao

mundo a criatividade e a qualidade do design brasileiro, ampliando a visibilidade dos

produtos e o fortalecimento da imagem do país.

Ainda na apresentação deste catálogo, Queirós (2006 apud CATÁLOGO...,

2006, p.4), acrescentou:

[...] espera-se disseminar a idéia que o investimento no design contribui muito para a competitividade das empresas. E mais: pode ser a porta de entrada para a conquista e permanência no mercado internacional. Esperamos que, ao ver o sucesso de empresários e produtos premiados, outros empreendedores e designers se integrem e participem desta ação, aumentando as chances de o Brasil ganhar ainda mais prêmios e contribuir para elevar a imagem do país ao lugar de destaque que sempre mereceu.

A instância que trata de assuntos de design na esfera governamental no

Brasil atualmente é o Programa Brasileiro do Design – PBD no âmbito do Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior. Em sua missão original, durante

seu lançamento em 2003, o PBD propunha promover o reconhecimento

internacional do design de produtos e serviços desenvolvidos no País, com vistas ao

fortalecimento da Marca Brasil e da imagem do produto brasileiro de maior valor

agregado.

O Programa Design & Excellence Brazil na época da sua criação, estava

alinhado a um dos principais objetivos da Política Industrial, Tecnológica e de

Comércio Exterior – PITCE, que era o de induzir a mudança de patamar da indústria

brasileira rumo à maior competitividade e diferenciação de produtos. Dentro de um

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contexto atualizado de globalização da economia, a inserção dos produtos

brasileiros no mercado externo é fator decisivo para o seu desenvolvimento e

indicador relevante de sua eficiência competitiva.

Com o projeto Design & Excellence Brazil torna-se possível estimular e apoiar

a participação de produtos brasileiros em consagradas premiações internacionais de

design. Esse é um dos bons caminhos para a promoção da imagem do Brasil no

exterior, além de proporcionar a abertura de novas possibilidades de negócios nos

mercados internacionais.

No âmbito nacional, a divulgação dos produtos premiados contribui para

promover o desenvolvimento da cultura da inovação pelo design, pois as empresas

vencedoras despontam como casos de sucesso, o que serve de estímulo a outros

empresários (FURLAN, 2006 apud CATÁLOGO..., 2006).

Além de fortalecer as empresas e seus produtos a exposição do design brasileiro colabora na consolidação dos negócios no mercado interno. Para o público externo, principalmente o alemão, onde acontece o mais reconhecido prêmio internacional, a iniciativa demonstra que o talento brasileiro está além do futebol, música e dança. Prova que o brasileiro sabe fazer negócios e pode disputar o mercado internacional num mesmo nível de igualdade, e ainda se apropriar de inovações e uma forma diferenciada de pensar a característica de um povo (ACKER, 2006 apud CATÁLOGO... 2006, p.8)

Roizenblatt (2006 apud CATÁLOGO, 2006) corrobora com as citações acima,

lembrando que numa época em que produtos com uma mesma aplicação se

assemelham tecnologicamente, um de seus mais marcantes diferenciais é o design.

A responsabilidade na avaliação dos produtos é grande e visa vários aspectos

importantes como criatividade, inovação, aplicação, exeqüibilidade, correção

ecológica, etc. Nota-se algumas vezes que a limitação de recursos disponíveis para

a consecução dos produtos é um estímulo à criatividade, à utilização de materiais

alternativos, à simplicidade, ou seja, a um valor adicional próprio às condições locais

de desenvolvimento.

As iniciativas do Programa Design & Excellence Brazil vão se consolidando a

cada nova edição. Alguns números expressam as conquistas já alcançadas, entre

elas a colocação do Brasil entre os 10 países mais premiados em design na Europa.

O quadro a seguir retrata a classificação dos países premiados no

International Forum Product Design Award em 2008.

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QUADRO 04 - RANKING DOS PAÍSES PREMIADOS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD EM 2008

Classificação Número de Premiados País

1° 336 Alemanha

2° 84 Japão

3° 76 Taiwan

4° 69 Coréia do Sul

5° 43 Estados Unidos

6° 37 Holanda

7° 19 Brasil

8° 16 Dinamarca

9° 16 França

10° 14 Suíca

11° 13 Reino Unido

12° 13 Liechtenstein

13° 12 Finlândia

14° 12 Áustria

15° 11 Suécia

16° 10 Bélgica

17° 8 Itália

18° 7 China FONTE: IFDESIGN (2011)

Em 2011 pode-se observar que a indústria brasileira continua entre os 10

países mais premiados no International Forum Product Design Award, conforme o

quadro a seguir.

QUADRO 05 - RANKING DOS PAÍSES PREMIADOS NO IFPRODUCT DESIGN AWARD EM 2011

Classificação País

1° Alemanha

2° Taiwan

3° Coréia do Sul

4° Japão

5° China

6° Brasil

7° Estados Unidos

8° Holanda

9° Suíça

10° Itália FONTE: IFDESIGN (2011)

Comparando os quadros com a classificação dos países premiados no IF

Product Design Award do ano de 2008 e de 2011, percebe-se que o Brasil continua

figurando entre os 10 países mais premiados no mundo. Essa classificação

demonstra a competitividade da indústria nacional, comparada às economias

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estabilizadas e às indústrias que tradicionalmente já incorporaram o design em seu

processo de desenvolvimento como: Canadá, Croácia, Dinamarca, Finlândia,

França, Hong Kong, Índia, Irlanda, Líbano, Liechtenstein, Luxemburgo, Holanda,

Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Singapura, Espanha, Suécia, Tailândia, Turquia e

Reino Unido.

Os depoimentos de alguns ganhadores reforçam a importância e a

responsabilidade que o Programa Design & Excellence Brazil passou a ter como

uma iniciativa da esfera pública de incentivo às empresas brasileiras que

necessitavam principalmente ganhar uma premiação e ter seu reconhecimento para

conquistar outros mercados e confiar no seu potencial estratégico pelo design.

O convite para participar do iF Design Award aconteceu no momento em que eu estudava uma estratégia para começar a exportar minhas jóias para a Europa e Estados Unidos. Achei que a possibilidade de ganhar um prêmio me daria um excelente “pedigree” de apresentação. O apoio do Design & Excellence Brazil foi fundamental, pois não só arcou com toda burocracia, como também incentivou nossa participação com muito otimismo. Não imaginava ganhar, muito menos o Silver Award, pelo anel Expand. O resultado disso foi que o endosso que o prêmio conferiu ao produto serviu para dar mais confiança ao comprador do exterior e mais segurança ao vendedor. Também aqui no Brasil, isso se refletiu tanto nos nossos clientes e representantes, assim como em todos os funcionários da minha empresa fazendo com que se sentissem muito valorizados (BERNARDO 2004 apud CATÁLOGO..., 2006, p.34).

Ainda que intuitivamente, o empresário acima buscou a projeção para sua

empresa, que queria alcançar o mercado externo, por meio da inscrição de um

produto num conceituado prêmio internacional. Seu pensamento estratégico não

possuía embasamento teórico, pois não há histórico nem pesquisas que garantam a

eficácia desta ação. Porém o resultado, explanado por ele, traz ao contexto

empresarial que o reconhecimento internacional em design, trouxe outros ganhos

intangíveis como confiança (ao comprador internacional); segurança (aos

vendedores) e valorização (aos funcionários).

Participei dos prêmios por algumas razões, sendo uma delas pela importância do iFDesign Awards no mundo, uma ótima oportunidade de mostrar meu trabalho fora do país e levar um pouco do design brasileiro para o mundo conhecer. Outra é pelo retorno promocional e comercial do meu trabalho. Mas, mais importante que o retorno financeiro dos prêmios, é a oportunidade de divulgar e fortalecer o design brasileiro dentro e fora do nosso país (PRADO, 2005 apud CATÁLOGO..., 2006, p.66).

O prêmio iF é um importante aval de qualidade. Significa que o produto atingiu seu ponto máximo de qualidade aliando as principais características de um bom design: forma, função, produtividade, durabilidade e sustentabilidade. Na prática, através do trabalho de exportação na Alemanha, percebemos que o prêmio não só contribui agregando valor ao produto, mas também para a imagem da empresa que o produz, gerando credibilidade e respeito que são características fundamentais em qualquer negociação (GUTFREUND, 2005 apud CATÁLOGO..., 2006, p.67).

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É possível perceber nos depoimentos anteriores que as empresas estão se

apropriando gradativamente das conquistas que o prêmio internacional pode trazer

ao produto e à própria empresa. Ainda que de forma intangível, num primeiro

momento, os empresários já demonstram nitidamente uma sensibilização positiva ao

reconhecimento e associações diretas à qualidade e competitividade atreladas à

conquista.

Para o Grupo Woodbrook, ter sido premiado com o iF Product Design Award 2011, traz a certeza de estar fazendo história! Somos a 1ª empresa do mundo, fabricante de redutores de velocidade a possuir este selo e vamos explorar isto em nossas comunicações com o mercado e clientes. Quando nossos clientes comprarem um redutor WBX, levarão não só um equipamento de transmissão de potência, mas sim um produto que é um sucesso internacional (MIRANDA, 2011, www.designbrasil.org.br/debrazil, acessado em 19.05.2011.)

A apropriação do selo conquistado é potencializada de maneiras distintas

pelas empresas. No depoimento acima, a empresa coloca o ineditismo da

valorização pelo design num segmento onde isso não é explorado.

Conquistar o IF Product Design Award, considerado o Oscar do design, contribui para a valorização da marca Riva e aumenta o interesse do mercado nacional e internacional por nossas criações. Principalmente para exportação, a premiação é um aval, que atesta a originalidade, a qualidade e acima de tudo o design. É também uma forma de divulgar o produto autoral, genuinamente brasileiro (SIMÕES, 2011, www.designbrasil.org.br/debrazil, acessado em 19.05.2011.)

Por fim, registra-se pelos depoimentos anteriores, que as empresas já fazem

correlações do design com componentes de competitividade e de qualidade

automaticamente conferidos quando do reconhecimento do design em âmbito

internacional que seus produtos conquistaram.

Os ganhos competitivos, ainda que intangíveis, registrados nos depoimentos

anteriores pelas empresas foram: (i) o ineditismo em buscar a valorização do

produto pelo design em um segmento pouco explorado; (ii) a valorização do produto

conferindo à ele amplitude internacional; (iii) a originalidade e a qualidade sendo

atestadas.

2.3 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS

As estratégias competitivas norteiam as ações e o planejamento das

empresas. É possível afirmar que os bons resultados de mercado advêm de uma

boa estratégia e esta pode se tornar o diferencial competitivo que uma empresa

possui.

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Segundo Mozota (2011, p.121) “a estratégia competitiva tem a ver com ser

diferente. Significa escolher deliberadamente um conjunto diverso de atividades para

oferecer uma combinação única de valor”. Essa escolha intencionada a qual a

autora se refere está associada às estratégias deliberadas defendidas por Mintzberg

(1994), que define como estratégias aquelas que são realizadas conforme o

pretendido, independente das intenções ou mesmo na ausência destas.

O primeiro questionamento que se faz para o design estratégico é se há ou

não um caráter intencional ou uma intenção estratégica?

Porter (1989) considera que deve haver trocas num processo de estratégia, e

afirma que a essência na hora da escolha é definir o que não fazer. Estas escolhas

mencionadas por ele podem determinar tanto as atividades que a empresa

desempenhará como pode também auxiliar na configuração de atividades

individuais. A estratégia, segundo Porter (1989 apud MOZOTA, 2011) está na

combinação de atividades.

A estratégia surge do contexto competitivo da empresa. Esta empresa pode atribuir diferentes graus de importância. [...] De acordo com o contexto competitivo, a estratégia pode ser formulada com o planejamento e métodos de análise como: - Estratégia de volume, onde é evidente a liderança a partir dos custos de determinado produto ou serviço; - Estratégia de especialização, onde fica caracterizada a diferenciação por nicho, ou atendimento de necessidades específicas, ou ainda na segmentação do público-alvo (MOZOTA, 2011, p.180).

Na estratégia por especialização pode ser percebida a participação do

designer como ator que identificará fontes de vantagem competitiva. Nesse caso, a

empresa deve buscar construir um posicionamento e organizar a cadeia de valor a

fim de desenvolver uma verdadeira vantagem em relação à concorrência. Nessa

adaptação, as mínimas atividades afetam umas às outras, passando por um

processo de adequação.

A estratégia cria uma adequação entre as atividades da empresa. O sucesso da estratégia e do design estratégico depende de se fazerem as coisas bem e de integrá-las. O todo importa mais do que qualquer parte individual. A adequação estratégica é fundamental não somente para a vantagem competitiva, como também para a sustentabilidade dessa vantagem (MOZOTA, 2011, p.181).

Para Mozota (2011) tanto a definição da estratégia como a do processo de

design são especificidades de uma empresa que objetiva desafiar cenários futuros.

Já para Mintzberg (1990) o processo de design é baseado primordialmente na

reflexão, mais na cognição do que na ação, que acaba desvalorizando as ações

organizacionais.

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Pela perspectiva dos conceitos mercadológicos de Kotler (1994) e pela visão

das estratégias competitivas de Porter (1986), a competitividade possui

conceituação e aplicação no valor e na utilidade que um bem ou serviço possui. A

utilidade é a soma de uma séria de fatores que juntos geram benefícios para os

compradores. Esses fatores podem simplesmente aumentar o desempenho ou ainda

diminuir os custos.

O produto, com suas características específicas, é oferecido a um segmento de compradores, os quais – a partir de determinado perfil de necessidades – o valorizam e manifestam interesse em pagar determinado preço. O preço que estão dispostos a pagar, surgirá tanto de avaliações de caráter subjetivo, quanto da comparação com outros produtos semelhantes. O lucro da empresa depende da relação que se estabelece entre seus custos e o valor gerado para o comprador e as conclusões deste de quanto deve pagar. É função da estratégia a gestão dos elementos geradores de valor, pois, em princípio, quanto maior o valor percebido pelo comprador, maior é o preço que a empresa pode cobrar e maior a rentabilidade (TEIXEIRA; CANDIDO; ABREU, 2001, p.61).

Ainda para avaliar a competitividade de uma empresa, Paladini (1997)

ressalta que é necessário o estabelecimento de vários indicadores, que deverão

utilizar variáveis em três blocos, a saber: desempenho; capacitação e estratégia.

Quanto ao desempenho, é avaliado o processo produtivo, evidenciando as

fragilidades e potencialidades da empresa em função da eficiência da mesma. Os

indicadores de capacitação estão relacionados às atividades de apoio ao processo

produtivo. Já os indicadores da estratégia, envolvem os procedimentos de gestão

estratégica que acompanham as mudanças de mercado com a medição da eficácia.

A competitividade como variável ex-post é revelada mediante o desempenho alcançado no mercado por uma empresa em um determinado tempo, cujo indicador é a participação nas exportações e sua posição competitiva é definida pela demanda: a competitividade potencial é uma variável ex-ante, vista como eficiência produtiva, cujos indicadores são as melhores práticas e a capacitação tecnológica reflete a competitividade da empresa (TEIXEIRA; CANDIDO; ABREU, 2001, p.61).

Segundo o documento que institui a Política de Desenvolvimento Produtivo –

PDP3 do Governo Federal, o momento atual da economia brasileira demanda apoio

3 Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP. A Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), elaborada por

determinação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lançada em 12 de maio de 2008, resulta de discussões e consultas

realizadas junto ao setor privado para identificar e elaborar as ações necessárias à construção da competitividade de médio

e longo prazo da economia brasileira. Em convergência com outros programas do atual Governo, a PDP se baseia na

definição clara de objetivos, tendo estabelecido quatro desafios: ampliar a taxa de investimento para eliminar e evitar

gargalos de oferta; elevar o esforço de inovação, principalmente no setor privado; preservar a robustez das contas externas;

e fortalecer as micro e pequenas empresas. Para o alcance das metas, foi implantada, inicialmente, um conjunto de ações

sistêmicas refletidas nas Medidas Provisórias MP 428 (convertida na Lei nº 11.774/2008) e MP 429 (convertida na Lei nº

11.786/2008). www.pdp.gov.br

A Coordenação Geral da Política cabe ao Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, que conta

com o apoio de uma Secretaria-Executiva, formada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Banco

Nacional do Desenvolvimento – BNDES e Ministério da Fazenda. A governança da Política prevê um Conselho Gestor,

presidido pelo Ministro do MDIC e formado por representantes da Casa Civil da Presidência da República e dos

Ministérios da Fazenda – MF, Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG e Ciência e Tecnologia – MCT.

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amplo e firme à formação de capital e à inovação para dar sustentabilidade ao

crescimento de longo prazo.

A PDP possui pressupostos com relação à articulação com o setor privado e

conseqüentemente precisa estabelecer metas factíveis. Duas dessas metas e dois

desafios prospectados podem ser observados no quadro abaixo, pois estão em

consonância e vêm reforçar o estudo da competitividade nas empresas brasileiras

por meio do design.

QUADRO 06 - ARTICULAÇÃO COM O SETOR PRIVADO E METAS FACTÍVEIS DA PDP OBJETIVO

CENTRAL DA POLÍTICA

DAR SUSTENTABILIDADE AO ATUAL CICLO DE EXPANSÃO

Desafios Ampliar capacidade de oferta

Preservar robustez do Balanço de Pagamentos

Elevar capacidade de inovação

Fortalecer MPEs

Metas

MACROMETAS 2010

Aumento da taxa de crescimento

Ampliação da participação das exportações brasileiras no comércio mundial

Elevação do dispêndio provado em P&D

Ampliação do número de MPEs exportadoras

METAS POR PROGRAMAS ESPECÍFICOS FONTE: BRASIL, 2008, p.14

Ainda com base nas estratégias adequadas ao estágio de desenvolvimento

de empresas e sistemas produtivos, a PDP (2008) sugere cinco objetivos

estratégicos, a saber:

Liderança mundial

O objetivo associado à estratégia de liderança mundial é manter ou posicionar

sistemas produtivos ou empresas brasileiras entre os cinco principais players

mundiais em sua atividade, considerando que a liderança pode se expressar nas

dimensões patrimonial, tecnológica e/ou produtiva. Mineração e siderurgia, assim

como a indústria aeronáutica e o complexo produtivo do bioetanol, são sistemas

produtivos que exemplificam essa estratégia.

Conquista de mercados

A estratégia de conquistas de mercados reflete o objetivo de manter ou

posicionar um determinado sistema produtivo entre os principais exportadores

mundiais, combinando-se uma participação significativa nos fluxos de comércio

internacional com a preservação de posição relevante no mercado doméstico. Bens

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de consumo duráveis e bens de capital seriados são sistemas produtivos típicos

dessa estratégia.

Focalização

O objetivo vinculado à estratégia de focalização ou especialização é construir

e consolidar a competitividade em áreas de alta densidade tecnológica, com base

em vantagens comparativas dinâmicas ou vocações locais. Sistemas produtivos

típicos dessa estratégia são segmentos do complexo de tecnologia da informação,

do complexo industrial da saúde e da indústria de bens de capital sob encomenda.

Diferenciação

A estratégia de diferenciação, ou de valorização de marca, reflete o objetivo

de posicionar empresas e marcas brasileiras entre as cinco principais de seu

mercado de atuação, desdobrando-se no objetivo de fortalecer marcas já

reconhecidas, nacional e internacionalmente, e no objetivo de atrelar marcas locais a

um ou mais atributos que lhes confiram uma imagem única e exclusiva. Sistemas

produtivos típicos dessa estratégia são as indústrias de bens de consumo

semiduráveis e não-duráveis.

Ampliação de acesso

A estratégia de amplição de acesso ou consumo de massa refere-se ao

objetivo de proporcionar à população maior acesso a bens e serviços básicos ou de

interesse socioeconômico, que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas.

Serviços de banda larga, bens de consumo duráveis e não duráveis, além da

construção civil são sistemas produtivos típicos desta estratégia.

É importante destacar que esses objetivos estratégicos estão em consonância

com a realidade brasileira, foram estabelecidos recentemente para o biênio

2008/2010 por um grupo de articuladores governamentais e que, embora a palavra

design não esteja explícita, essa atividade aparece implícita em todos os cinco

objetivos. Ora com mais ênfase, quando se trata da valorização da marca e

posicionamento, ora menos, quando se trata de algumas ampliações de serviços.

A partir dos autores mencionados, pode-se traçar um mapa resumindo os

indicadores mais relevantes, para, a partir daí, buscar um modelo mais adequado às

empresas que queiram usar o design como estratégia de competitividade.

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QUADRO 07 - RESUMO DAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS AUTOR INDICADOR / VARIÁVEL

PALADINI (1997) - Desempenho; - Capacitação; - Estratégia.

TEIXEIRA, 2001 - Participação nas exportações.

Política de Desenvolvimento Produtivo PDP (2008)

- Liderança mundial; - Conquista de mercados; - Focalização; - Diferenciação; - Ampliação de acesso.

MORAES, 2008

- Confiabilidade; - Compactação racional; - Facilidade de produção; - Modalidade de uso; - Funcionalidade; - Prestação de serviço; - Simplificação de produção; - Tipologia formal.

PETERS, 1989, - Abordagem do modo de fazer negócio; - Servir os clientes; - Oferecer valor.

KOTLER, 1994 - Aplicação no valor do produto/serviço; - Utilidade do produto/serviço.

PORTER, 1998 - Deve haver trocas durante o processo; - Combinação de atividade; - Atividades individuais.

FONTE: A autora (2011)

Observando os autores acima, alguns indicadores registrados no quadro 07

merecem destaque para auxiliar a composição do discurso empresarial bem como

defesa e argumentação para a incorporação do design nas estratégias de

competitividade, tanto corporativas quanto de políticas públicas. São eles: estratégia;

participação nas exportações; conquista de mercados; diferenciação; confiabilidade;

oferecer valor.

2.4.1 Design como Vantagem Competitiva

Historicamente, em 1907, o design foi considerado um elemento que promove

a competitividade, quando a família Rathenau convidou Peter Behrens para atuar na

AEG - indústria eletrônica – fabricante de lâmpadas, turbinas e motores, localizada

em Berlin – Alemanha.

Moraes (1999) relata que o industrial Emil Rathenau percebeu a concorrência

de outros fabricantes mundiais que cresceram em função da eletrificação das

cidades. Com isso, a meta da empresa era aumentar o rendimento utilizando

métodos modernos de fabricação, aplicação de novas regras de organização do

trabalho e do lançamento de produtos competitivos.

Para Rathenau, seus produtos AEG deveriam ser especiais, diferenciados dos da concorrência e, além disso, ter uma característica própria, um estilo inconfundível, capaz de separar e distinguir os produtos AEG dos demais produtos dos

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concorrentes, inclusive pela sua estética. Para o empreendedor Rathenau, era importante que à qualidade técnica dos produtos se somasse uma boa qualidade estética. Ademais, o design deveria buscar uma linguagem única e marcante por intermédio de catálogos promocionais dos produtos e da imagem corporativa da sua empresa (MORAES, 1999 p.32).

Percebe-se na citação acima alguns critérios e argumentos que o industrial

almejava para sua empresa, caracterizando a busca por vantagens competitivas

pelo design.

Segundo Moraes (1999), Peter Behrens projetou um grande número de

produtos, entre eles: ventiladores, luminárias, motores, interruptores e utensílios

elétricos para cozinha, como chaleiras e ebulidores. Em todos estes projetos, ele

conseguiu transferir o aspecto de confiabilidade. A confiabilidade foi o primeiro

atributo de “caráter” dos produtos. Num segundo momento, foram incorporados

conceitos de compactação racional. É claramente perceptível que aqueles produtos

desenvolvidos deixaram os aspectos decorativos para dar espaço aos aspectos

técnicos e até limitados da produção.

Nas primeiras décadas do século XX, uma variada gama de produtos já eram feitos em série, com projetos previamente concebidos. Esses mesmos produtos eram marcados pela rigidez de produção, uma vez que não havia ainda a flexibilidade de trocas de ferramentas por meios automáticos e as possibilidades de mudanças de operações dirigidas pela própria máquina. [...] Os desenhos dos produtos eram elaborados de maneira a facilitar sua confecção. Dessa forma, não era mais importante confeccionar produtos com desenhos simplesmente decorativos, mas produtos com desenhos que facilitassem, também, a produção e a montagem final. Com isso, impôs-se uma certa rigidez formal nos produtos industriais feitos no início do século XX (MORAES, 1999, p.35).

Ainda segundo Moraes (1999, p.44):

A modalidade de uso, a funcionalidade, a prestação de serviço, a simplificação de produção e a tipologia formal começavam a ser difundidas e consideradas pelas indústrias no desenvolvimento de seus produtos. Ao mesmo tempo, esses conceitos eram vistos como elementos diferenciadores diante da competitividade do mercado.

A atividade de design em uma empresa deve proporcionar a formulação de

uma estratégia competitiva, pois é exatamente esta a atividade que fará a conexão

entre os recursos disponíveis na empresa e as suas aspirações. É ainda nesse

momento que se descobrem novos recursos ou ainda novas formas de otimização

dos mesmos recursos.

Para Peters (1993), se interpretarmos estritamente o design, acabamos

ignorando seu valor estratégico na empresa. A concepção estética que o design

atribui aos objetos deve ser incorporada num segundo nível, num grau inferior de

exposição, pois em primeiro lugar, deve-se priorizar a forma de se fazer negócio, de

como servir os clientes e de como oferecer e agregar maior valor.

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Quando a abordagem de vantagem competitiva pelo design atua de forma

interna na empresa, Porter (2002) atualiza sua teoria tradicional para:

- Estratégia como adequação para estratégia como extensão;

- Alocação de recursos para alavancagem de recursos;

- Portfólio de negócios para portfólio de competências;

- Competição como confrontação para competição como colaboração.

Quando se relaciona design como recurso, considera-se que a empresa está

apta a mobilizar e direcionar tudo que pode para gerar vantagem competitiva. No

entanto, quando o design está relacionado a conhecimento, entende-se que esse

conhecimento é tácito, portanto não pode ser codificado, só pode ser transmitido e

repassado pela imitação e pela experiência.

Para Kristensen (1995) o conhecimento de design, quando estratégico, é

muitas vezes “oculto” porque está infundido nas normas e na cultura da empresa. O

design está inserido no domínio do tácito, do intuitivo e do processo contínuo de

mudança.

Segundo Nonaka e Takeuchi, (1995) para a empresa, é essencial a

transformação do conhecimento tácito em explícito a fim de difundi-lo na

organização. Sendo assim, se o conhecimento não é considerado informação, mas

concepção, é gerenciado de modo pró-ativo, de forma que seja utilizado e

reutilizado, e não armazenado.

Mozota (2011, p.196), traz alguns depoimentos a seguir que ilustram quando

o conhecimento em design se torna estratégico. Pode-se perceber alguns ganhos

competitivos como dificultar a cópia e melhorar a circulação bem como evidencia-se

os conhecimentos da empresa.

É difícil de replicar, o que implica a proteção das contribuições do design na criação de produtos (Teece, 1998) e quantifica seus ativos intangíveis (BUKOWITZ; PETRASH, 1997 apud MOZOTA, 2011, p.196).

Ajuda na circulação de conhecimento na empresa, tendo um efeito de alavancagem sobre outros conhecimentos ou transformando o conhecimento tácito em capital social (ZACK, 1999; MADAHVAN; GROVER, 1998 apud MOZOTA, 2011, p.196).

Torna visível o conhecimento da empresa; isto pode ocorrer por meio da utilização sistemática do design gráfico em cada decisão administrativa (a apresentação de dados diversificada salienta as diferenças nos processos de solução de problemas) (TABACHNECK; SIMON, 1997) ou por meio do desenvolvimento de protótipos (OXMAN, 1998 apud MOZOTA 2011, p.196).

O design é vantagem competitiva quando é tido como uma competência

central. Esta abordagem é dinâmica e sustentada pela capacidade da empresa em

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construir competências estratégicas que devem gerar os produtos do futuro.

Correlaciona-se os citados produtos do futuro a um ambiente incerto, que para

Tarondeau (1998) promove uma melhoria no desempenho da organização.

No futuro, a competição será diferente. As empresas devem desenvolver ferramentas para mudar o setor e desenvolver novas visões. A transformação do setor é inevitável, e a gestão do design deve prevê-la. Os recursos tornam-se capacidades quando são combinados, integrados e coordenados no contexto de uma atividade. Eles não são intrinsecamente estratégicos; tornam-se estratégicos quando incorporados aos processos estratégicos, tais como os que modificam a integração da empresa em seu ambiente e os que propiciam vantagem competitiva duradoura (TARONDEAU, 1998, p.5).

A vantagem competitiva que busca ser duradoura precisa se ancorar no

design, fazendo com que este seja considerado uma competência central. Esta

competência pelo design necessita contemplar as seguintes características:

- Dar acesso a uma ampla variedade de mercados;

- Contribuir significativamente aos benefícios percebidos pelo

consumidor;

- Ser de difícil imitação pelos concorrentes.

O design é visto como vantagem competitiva para a empresa quando é

praticado de forma a instigar a cooperação interorganizacional, pois, segundo

Mozota (2011, p.200), a exteriorização estratégica do design constrói conhecimento,

confiança e redes, como um consórcio de pesquisa e desenvolvimento. Esta relação

é caracterizada por reciprocidade, apoio mútuo e reunião de recursos e, ainda,

permite uma transferência confiável e mais eficiente de informações.

Mundialmente reconhecida pela utilização do design na sua indústria

nacional, a Itália desperta muitos questionamentos sobre como isso acontece

naturalmente no desenvolvimento de seus produtos. Segundo Marcolli (2006 apud

MORAES, 2006), as razões para que a Itália irradie o design italiano tão apreciado

no mundo são três, a saber:

- design de protagonistas, ou seja, de personagens que possuem

personalidades distintas e poéticas próprias;

- design não normativo, mas icônico;

- presença de empreendedores ou indústrias mais ousados, que

escolheram o design como aspecto mais significativo da cultura

industrial e como fundamento da política industrial.

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Com estas informações, percebe-se que o contratante de design precisa estar

preparado e receptivo a incorporar esta ferramenta como um diferencial competitivo.

Por fim, a estratégia pelo design é nata ou baseia-se na experiência. Essa

experiência na formulação da estratégia pode ser deliberada, independentemente

das intenções e passa por fases de implantação e reconhecimento. A vantagem

competitiva baseia-se na estratégia, no mercado e nos recursos. Já a estratégia

baseia-se na vantagem, no posicionamento e na adequação.

2.4.2 Estratégia Competitiva pelo Design

A construção de uma vantagem competitiva utilizando recursos internos é

estratégica para uma empresa. Ocasionalmente, as empresas precisam buscar

novas referências e trabalhar com escritórios de design terceirizados. Atualmente os

escritórios de design têm desenvolvido alguns diferenciais na relação escritório-

cliente, nos métodos de criatividade e nas ferramentas específicas do processo do

design.

Para Rothwell e Gardiner (1984), o design tem efeito direto sobre a

competitividade no que se refere a: (i) preço; (ii) margem de lucroo; (iii) fatores não

relacionados a preço, como desempenho, originalidade, aparência, acabamento,

confiabilidade, durabilidade e segurança; (iv) fatores de atendimento como

apresentação do ponto de venda, embalagem, manutenção e tempo de

desenvolvimento e entrega. Segundo Hetzel e Weissmeier (1991) a competição

valoriza a criação.

Para o melhor amadurecimento e envolvimento nesse processo criativo,

induzido pela competição, há prerrogativas na relação empresa-cliente. Essa relação

precisa ser a mais próxima possível e o ideal é que seja de longo prazo, pois

possibilita que o escritório de design busque uma profundidade no entendimento do

negócio de seu cliente. Para Bruce e Morris (1994), respeito e confiança mútuos

favorecem a troca de informações. Esta relação possui um ciclo com três estágios:

compatibilidade, familiaridade e competência.

- Compatibilidade: decisões que refletem a habilidade da empresa para

escolher um designer com base no contato inicial, na apresentação e na

intuição.

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- Familiaridade: decisões que avaliam a compatibilidade constroem a

estabilidade mútua (social e econômica) e promovem lealdade e

confiança.

- Competência: decisões que estão associadas a mais de um único projeto

de design: o design é incorporado nas normas e valores da organização.

QUADRO 08 - A RELAÇÃO ENTRE EMPRESA DE DESIGN E CLIENTE BENEFÍCIO DA EMPRESA

CONTRATANTE ESTÁGIOS

BENEFÍCIO DO ESCRITÓRIO DE DESIGN

Compreensão da eficácia da contribuição do design em seus negócios; Avaliação da empresa, foco em design; Intuição;

Compatibilidade

Compreensão do problema da empresa; Construção do conhecimento;

Redução das incertezas e da ansiedade da gestão via estabilidade; Otimização da informação de design de novos produtos e marketing

Familiaridade

Projeto de gestão voltado para o cliente; Troca de informação organizacional e do processo comunicativo; Estabilidade no faturamento;

Garantia do mesmo posicionamento da marca com o serviço do mesmo consultor; Integração do design nos valores da organização

Competência

Previsão das necessidades do cliente; Aprendizado contínuo e elaboração do processo criativo.

FONTE: Mozota (2011, p.211)

Segundo Mozota (2011) as organizações que terceirizam o design ganham

flexibilidade organizacional e criam oportunidades para um fluxo contínuo de ideias,

bem como para um fluxo de informação com o ambiente externo. Ao construir

relações de longo prazo, as empresas de design ganham conhecimento,

estabilidade, habilidades de gestão voltadas para o cliente (como na gestão da

qualidade total) e competências de gestão voltadas para o processo.

Com a meta de produção apontada para o mercado externo, as empresas, antes de tudo, destacariam-se dos concorrentes no mercado interno, além de se preparar de maneira a melhor competir diante da inevitável concorrência existente no livre mercado mundial. [...] O design, por sua aproximação com o saber, ou melhor, com o know-how, e por ser propulsor de novas ideias, no que diz respeito à criatividade, insere-se como elemento diferenciador nesse novo processo internacional. Some-se a tudo isso o posto estratégico ocupado pelo designer como intérprete e mediador entre o processo produtivo e o mercado consumidor (MORAES, 1999, p.99).

Ainda pontuando estratégias no design, pode-se estabelecer uma relação

direta de reconhecimento por meio de prêmios de design. Segundo Mozota (2011)

os prêmios são importantes para moldar o processo competitivo. O mercado do

design trabalha numa dinâmica similar à de outras indústrias culturais.

Segundo Gemser e Wijinberg (2002 apud MOZOTA, 2011), os prêmios

concedem a seus ganhadores vários e diferentes benefícios e valores:

- O valor do prêmio em valores financeiros, direitos e privilégios;

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- O valor do reconhecimento como um sinal para os concorrentes. O

reconhecimento deixa claro que o vencedor pertence a um subgrupo

particular de concorrentes. O reconhecimento reforça sistemas de

governança existentes, demonstra quais comportamentos competitivos

são preferidos e é um atraente passaporte da organização e de seu

consultor de design para um grupo de elite;

- Prêmios de design são também uma interessante forma de proteção.

As estratégias para se ganhar prêmios podem ainda ser mais eficientes

do que as formas legais e tradicionais de proteção, especialmente em

países onde a proteção legal não é bem organizada;

- Prêmios de design ajudam as organizações e os designers a elevar

seus status e fortalecer sua reputação no mercado, desde que esses

prêmios tenham credibilidade e não aviltem o mercado. Os

consumidores tendem a confiar em medidas alternativas de qualidade,

como uma peça publicitária mostrando o prêmio conquistado ou a

recomendação de uma fonte segura. Quando uma organização recebe

um prêmio, ela ganha um tipo de certificação de um avaliador idôneo

que ajuda a construir credibilidade e legitimidade.

O impacto de um prêmio em design sobre o sucesso competitivo provavelmente terá mais significado se a qualidade dos produtos da empresa ganhadora for difícil de ser avaliada antes do consumo. Ainda, o impacto de um prêmio em design provavelmente será mais significativo se ele for considerado importante, como os prêmios da IDSA (Estados Unidos) ou da IF (Alemanha). Um prêmio de design será considerado relevante se o sistema de seleção para o reconhecimento corresponder ao sistema de seleção da indústria envolvida (MOZOTA, 2011, p.218).

QUADRO 09 - COMPARAÇÃO ENTRE DESIGN INTERNO E DESIGN EXTERNO

VANTAGENS DESVANTAGENS

INT

ER

NO

Eficiência de custo; Acessibilidade; Fácil coordenação; Empresa mantém controle; Design alinhado com a organização

Falta de criatividade; Equipe de design ocupada, por exemplo, com trabalho de desenvolvimento contínuo; Perda de contato com desenvolvimentos externos

EX

TE

RN

O

Nova inspiração; O acesso ao conhecimento de especialistas alivia a carga de trabalho interno; Acesso a habilidades/funcionários adicionais; Possibilidades de mudar e explorar distintas opções

Falta de compreensão de questões específicas; Problemas de acesso ao cotidiano da organização; Problemas de coordenação entre o departamento de design e outras áreas; Menor potencial de confidencialidade para os projetos; Necessidade de habilidades para avaliação das atividades de design por parte da empresa; Síndrome do “não foi inventado aqui”; Problemas ao implementar o design desenvolvido; Perda do controle e da continuidade da relação; Falta de credibilidade se o design estiver muito distante do estilo da empresa.

FONTE: Mozota (2011 p. 230)

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62

A escolha por um designer externo acontece, preferencialmente quando se

trata do primeiro desenvolvimento da empresa. Esta decisão é importante para a

minimização do risco. Existem alguns indicadores para mensurar os resultados do

desenvolvimento, entre eles o mais recomendado é verificar se o objetivo foi

alcançado. Segundo Mozota (2011), é importante observar os recursos que foram

alocados no projeto dêem relação a:

- Prêmios em design;

- Custos do design/produto;

- Design/Vendas;

- Design/Posicionamento no mercado;

- Imagem da marca e da empresa;

- Design/Inovação;

- Design/Desempenho da empresa (taxas de exportação, valor da ação);

- Design / ROI (retorno sobre investimento).

Segundo Mozota (2011) é inútil procurar instrumentos específicos para avaliar

o design. Muitos instrumentos qualitativos e quantitativos comuns utilizados em

marketing, gestão e publicidade podem ser transpostos para o contexto de um

projeto de design. Além disso, pode-se observar:

A primeira possibilidade para a avaliação do design é um indicador do resultado do processo de design _ assim como as patentes são um indicador do resultado de um processo inventivo. Uma medida do desempenho do design é a utilização de

prêmios destinados ao bom design e outros tipos de avaliação dos pares. Mas não se trata de um indicador satisfatório do resultado total da atividade de design. [...] A segunda possibilidade é medir os investimentos no processo do design e compará-los com os resultados, como retorno financeiro e outros tipos de benefícios do projeto individual. Achamos esta mais satisfatória (WALSH, 1995 apud MOZOTA, 2011, p.236).

A política de design é estabelecida conforme se dá o papel do produto no

portfólio da empresa. O nível de importância é analisado de acordo com os métodos

clássicos de formulação de estratégia do Boston Consulting Group (BCG). Segundo

o BCG, os produtos de uma empresa podem ser classificados pela participação

relativa do mercado ou pela taxa de crescimento do mercado. Esses dois eixos

geram quatro tipos de produtos, e assim pedem quatro políticas de design

diferentes, sendo eles:

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CR

ES

CIM

EN

TO

DO

ME

RC

AD

O

NE

CE

SS

IDA

DE

SF

INA

NC

EIR

AS

PARTICIPAÇÃO RELATIVA DO MERCADO

LUCRATIVIDADE

- Produtos estrela: pertencem a um segmento estratégico, apresentam

rápido crescimento e são inovadores em design;

- Produtos vaca leiteira: possuem alta lucratividade, porém baixo

crescimento e design corriqueiro;

- Produtos cachorros ou peso morto: tentam vender, mas apresentam

fraco impacto de design. Também reconhecidos nacionalmente como

“produtos abacaxi”;

- Produtos problema: possuem baixa lucratividade, porém têm potencial

para o futuro, caso haja investimentos que lhe permitam tornar-se líder,

ser reposicionado ou ser abandonado, ou seja, têm forte impacto de

design de prospecção.

QUADRO 10 - ESTRATÉGIA DE DESIGN E O PORTFÓLIO BCG DO PRODUTO

FONTE: Mozota (2011, p.230)

O desempenho do departamento de design de uma empresa pode ser

avaliado verificando o retorno sobre o investimento. A criação do valor do design

pode ser apreciada pela observação de seu impacto nas atividades que sustentam o

valor da empresa. O desempenho do design é estimado de acordo com a forma

como afeta o processo, a saber: (i) a mudança da mentalidade da empresa, que se

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torna mais inovadora; (ii) a melhoria dos processos de tomada de decisão e da

gestão da inovação; (iii) a circulação de informações na empresa; (iv)

relacionamentos com fornecedores; (v) redução do tempo de desenvolvimento de

novos produtos; (vi) valor do cliente; (vii)papel do design na qualidade total.

Segundo Gemser e Wijnberg (2001), outras ferramentas são utilizadas para

avaliar a qualidade do design no que se refere à sua “reputação entre os pares”, o

que tem a dupla vantagem de proteger a empresa contra a imitação e atrair

designers mais jovens e talentosos. Mozota (2011) ressalta que o gerente de design

terá, assim, motivação para incluir a empresa em concursos e prêmios de design e

cultivar relacionamentos com a mídia.

Quanto ao posicionamento do design nos diferentes níveis em que participa

na empresa, pode-se observar no quadro 11 a seqüência de pontos a serem

conferidos para o pleno desenvolvimento e inserção da estratégia de design.

QUADRO 11 - LISTA DE PONTOS A SEREM CONFERIDOS EM GESTÃO ESTRATÉGICA DO DESIGN

Estratégia Definir uma estratégia empresarial que incorpore metas de design; Delimitar uma estratégia de design; Garantir que a estratégia de design reagrupe produtos, comunicação, ambientes e informações

Planejamento Programar projetos de design; Incentivar testes de design; Estabelecer padrões de design, representações gráficas, arquitetura de produto e normas estruturais;

Estrutura Representar o design no nível da alta administração; Criar uma mentalidade favorável ao design;

Finanças Indicar participações para o design para fins de contabilidade e auditoria; Garantir que o orçamento esteja disponível para a estratégia de design;

Recursos Humanos Providenciar um clima favorável ao design; Influenciar o recrutamento e gerenciamento de carreiras;

Informações Comunicar a missão do design para a empresa; Utilizar a identificação de tendências;

Comunicação Promover concursos de design; Comunicar conceitos de produtos;

P&D Criar relacionamentos entre design, marketing e identificação de tendências tecnológicas;

Gerenciamento de projeto

Supervisionar fases importantes de decisão; Integrar o design nos estágios iniciais, na fase de ideação;

Construção da marca Inserir a pesquisa de design no marketing estratégico; Desenvolver reflexões prospectivas sobre marcas;

Avaliação Comparar o desempenho do design com o desempenho da empresa; Verificar a coerência do sistema de design

FONTE: Mozota (2011, p.302)

A partir dos pontos conferidos no quadro anterior, cabe ao gestor,

primeiramente, mapear sua situação em relação a abordagem do design, ou seja, se

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ele terá caráter operacional, funcional ou estratégico. Para cada atuação e

posicionamento as mesmas ferramentas podem ter enfoques diferentes.

O quadro 12 compõe as ferramentas e variáveis a serem obtidas, conforme o

posicionamento estratégico estabelecido pelo gestor.

QUADRO 12 - CAIXA DE FERRAMENTAS DO GERENTE DE DESIGN DESIGN OPERACIONAL DESIGN FUNCIONAL DESIGN ESTRATÉGICO

Est

raté

gia

Definir uma política de design nas estratégias de produtos e de comunicação; Estabelecer uma política de marca e o papel que o design desempenha

Coordenar a estratégia de design com os departamentos de marketing, inovação e comunicação; Difundir uma estratégia de design na implementação da estratégia empresarial

Indicar uma estratégia empresarial que incorpore metas do design; Fixar uma estratégia de design; Garantir reagrupamentos de produtos, comunicação, espaço.

Pla

neja

mento

Esboçar briefings de design Especificar proced./cronogramas; Padrões de desempenho; Design e qualidade total

Programar projetos de design; Lançar testes de design; Delimitar padrões de design; normas gráficas e de produtos;

Est

rutu

ra

Selecionar designers; Indicar equipes e pessoas que ficarão conectadas com os designers; Nomear um “líder de design”

Expor o papel, o local de trabalho e as tarefas do gerente de design na estrutura ; Criar um modelo-matriz para inovação e projetos; Implementar um serviço interno de design;

Representar o design no nível da alta administração; Criar uma mentalidade que seja favorável ao design;

Fin

ança

s

Gerenciar os orçamentos de projetos de design; Estimar custos do design

Listar fornecedores e designers colaboradores; Garantir que o orçamento seja programado;

Estabelecer as regulamentações de gestão do design; Assegurar que haja um orçamento para implementar a estratégia de design;

R. H

um

an

os Definir as competências do

design Promover a compreensão do design entre os participantes da empresa

Criar um clima favorável; Influenciar as contratações e o gerenciamento das carreiras

Info

rmaçõ

es

Desenvolver a compreensão de metas da empresa entre os designers; Esboçar a documentação e o controle de projetos;

Esboçar planos de marketing, design e produção; Disseminar o know-how do design na empresa;

Comunicar a missão do design na empresa; Implementar a detecção de tendências;

Com

unic

açã

o Formar relações com

escolas de design; Criar orientações gráficas para a comunicação

Administrar o relacionamento entre padrões gráficos e arquitetônicos;

Promover concursos de design; Comunicar conceitos de produto;

P&

D

Apoiar transferências de tecnologia

Administrar as relações com os fornecedores; Política de qualidade;

Criar um relacionamento entre design e detecção de tendências tecnológicas;

FONTE: Mozota (2011, p.303)

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2.4 INDICADORES DE COMPETITIVIDADE NO DESIGN

O design como ferramenta estratégica para a competitividade das empresas

está cada vez mais ganhando espaço nas discussões. O desempenho e

reciprocidade do design, assim como das empresas, necessita ser medido,

acompanhado e analisado nas diversas esferas nas quais está inserido. Buscar

essas medidas e esses indicadores, segundo Mozota (2006, p.47), pode ser um

caminho para avaliar se o design gera de fato valor para a empresa e que vale a

pena ser incorporado como fator estratégico. Ainda segundo a autora, “medir o

impacto do valor do design é um fator-chave do sucesso para designers que querem

implementar com sucesso suas estratégias de design e para gestores de design que

querem apresentar o design como uma ferramenta para a gestão de valor”.

Partindo do pressuposto de que o design possui responsabilidade e

proporciona parcela de contribuição no desempenho das empresas bem como

participa dos desafios impostos pelas corporações, a afirmação de Sanchez (2006,

p.1) é efetiva quando

para serem considerados participantes úteis em processos de gestão estratégica, os designers devem considerar três desafios. Devem entender claramente os assuntos que os gestores consideram ao escolher uma estratégia; devem identificar os caminhos pelos quais eles poderiam contribuir enormemente com os processos de tomada de decisão estratégica dos gestores e devem aprender como comunicar suas potenciais contribuições usando uma linguagem e conceitos que os gestores estratégicos entendem.

A partir destas considerações, se faz necessária uma abordagem sobre

alguns indicadores existentes que, após as definições, poderão ser utilizados para

um modelo de métrica acerca dos principais ganhos competitivos que a participação

no processo seletivo do IF Design Awards proporciona às empresas participantes.

2.4.1 Balanced Scorecard (BSC)

O Balanced Scorecard (BSC) é um sistema de gestão estratégica, que deve

ser utilizado como um mecanismo de comunicação, informação e aprendizagem.

Segundo Kaplan e Norton (1997), estudiosos e idealizadores desse medidor de

desempenho afirmam que ele “não deve ser utilizado como um sistema de controle”.

A partir da sua adoção pelas empresas, esse sistema pode ser usado para:

- Esclarecer e obter consenso em relação à estratégia;

- Comunicar a estratégia a toda a empresa;

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- Alinhar as metas departamentais e pessoais à estratégia;

- Associar os objetivos estratégicos com metas e orçamentos anuais;

- Identificar e alinhar as iniciativas estratégicas;

- Realizar revisões estratégicas periódicas e sistemáticas;

- Obter feedback para aprofundar o conhecimento e aperfeiçoamento.

Segundo Merino, Carvalho e Merino (2008, p.99), “o BSC pode ser

recomendado como um ponto de partida para que os designers mergulhem no

universo da gestão, aprendendo a utilizar uma ferramenta e adquirindo um

vocabulário próprio da gestão”. Mozota (2006, p.47) faz uma referência à utilização

do BSC muito semelhante: “para os designers, o BSC é fácil e apropriado porque

além de ser visual, é também holístico [...] é uma linguagem comum, compartilhada

e entendida pela maioria dos executivos”.

Quanto à sua utilização, o BSC pode ser categorizado pelas perspectivas

relativas: (i) ao desempenho financeiro; (ii) ao conhecimento do cliente; (iii) aos

processos internos; (iv) ao aprendizado e ao crescimento. As medidas apresentadas

no quadro a seguir, apareceram na maioria dos scorecards das empresas:

QUADRO 13 - MEDIDAS GENÉRICAS DO BSC

PERSPECTIVAS MEDIDAS GENÉRICAS

Financeira Retorno sobre o investimento e o valor econômico agregado

Do cliente Satisfação, retenção, participação de mercado e participação de conta

Interna Qualidade, tempo de resposta, custos e lançamento de novos produtos

Aprendizado e Crescimento Satisfação dos funcionários e disponibilidade dos sistemas de informação

FONTE: Kaplan e Norton (1997, p.44)

A diferença do BSC para outros modelos similares é que ele não considera

apenas indicadores financeiros, como pode ser observado no quadro 13, mas busca

equilibrá-los com indicadores não financeiros, indicadores relativos a clientes, a

processos internos, a aprendizado e crescimento. Pela perspectiva do marketing,

tanto ele próprio como o design são filosofias de negócios focalizadas nos desejos e

necessidades dos consumidores. Em teoria, o design e o marketing compartilham a

mesma mentalidade de desenvolvimento compreendendo as necessidades do

cliente e os fatores que as influenciaram a existir.

Sendo o design uma eficiente ferramenta de gestão, dentro da empresa, ele

tem a pretensão de desenvolver uma cultura focada preferencialmente no cliente.

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Em gestão, as relações entre marketing e design são complementares e não

divergentes. Para Mozota (2011, p.110):

O conhecimento que um cliente tem de um produto é adquirido por meio de sua percepção desse produto. Seu comportamento, então, é determinado pelo modo como percebe os produtos e serviços à sua volta. O design desempenha um papel essencial no marketing porque: a diferenciação visual introduzida pelo design é percebida pelo consumidor final, e a forma do produto influencia o comportamento do consumidor.

A multiplicação de produtos, a saturação de mercado e a poluição na mídia

enfraquecem a eficiência das mensagens de marca como também as marcas que

não têm atributos de produtos fortes ou diferenciados. Segundo Kapferer (1993) a

noção de oportunidade é crucial para as marcas, daí por que a importância do

design de produtos é tão crítica. Para Keller (1999), a marca impulsiona o mercado

tentando sistematicamente exceder seu desempenho e criar um produto mais eficaz.

Para Kotler (2000) o pensamento de marketing começa com as necessidades

e os desejos humanos. Esta necessidade é o tema central dos profissionais de

marketing, e os indicadores que medem e orientam suas atuações são qualidade,

durabilidade e aparência, entre outros.

Bruce e Bessant (2002) apresentam os 4Ps do marketing que estão

diretamente ligados ao design:

(i) Produto: design influencia na qualidade, função, usabilidade, durabilidade e

aparência. Contribui para a diferenciação do produto por meio da performance,

segurança e estilo. O design também comunica de forma coerente os benefícios do

produto/serviço ao consumidor por meio da marca e de suas aplicações;

(ii) Preço: produtos podem ter o custo reduzido ao minimizar o uso de energia

e de matéria-prima e ao racionalizar o processo de fabricação. Produtos podem ser

valorizados adicionando-se inovações a eles;

(iii) Praça: o processo de distribuição pode influenciar o design do produto e

da embalagem. É preciso proteger o produto, maximizar o armazenamento, facilitar

o transporte e a valorizar o produto nos pontos de venda. A embalagem pode

influenciar a decisão do consumidor, ao identificar a marca e comunicar a qualidade

do produto;

(iv) Promoção: embalagem, peças promocionais, display nos pontos de

venda, entre outras atividades promocionais envolve as habilidades dos designers.

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Sendo assim, as medidas genéricas do Balanced Scorecard, as percepções

de Keller (1999) a respeito do impulsionamento do mercado pela marca, de Kotler

(2000) sobre o marketing para as necessidades humanas e do marketing segundo

Bruce e Bessant (2002), guiado pelos 4Ps, demonstram que o design por estas

experiências possui uma ampla abrangência.

2.4.2 Modelo Doblin Group Research

Jay Doblin, segundo Bezerra (2008, p.21) foi um dos mais completos

inovadores dos Estados Unidos: pensador, metodologista, professor e consultor. O

modelo que Doblin sugeriu possui um fácil entendimento quando se imaginam dois

eixos que se cruzam, formando quatro quadrantes. Na horizontal percebe-se a

relação entre análise e síntese. Pela análise entende-se o ato de compreender o

problema e pela síntese o ato de criar ou de resolver determinado problema.

Verticalmente está a relação sujeito-objeto, sendo o objeto tudo que se encontra

fora, concreto no mundo real, e o sujeito relaciona-se com o que é abstrato.

Para Doblin, quando os eixos se cruzam e determinam os quadrantes, pode-

se identificar as atividades nas quais o design é percebido. Este modelo orienta e

determina quatro dimensões e coloca as atividades de design, de forma equilibrada,

no centro das dimensões do conhecimento.

O modelo de estratégia do Doblin Group Research, evidencia as

características de design de uma organização. Este modelo é baseado no modelo

de estratégias competitivas de Porter (1986), que é composto por estratégias

genéricas que lidam com forças competitivas, a saber: a liderança, através da

redução de custos, pela diferenciação e pelo enfoque. Com base no modelo

genérico citado acima, o grupo de estudo do design Doblin Group Research postulou

as estratégicas genéricas para o design dentro da empresa.

Um produto de valor agregado proporcionado pelo design é aquele que reflete a interação do design com as leis de mercado e com as necessidades e desejos do usuário. Dessa forma o Doblin Group Ressearch, um grupo de consultoria em design com sede em Chicago, agrupou as sete principais preocupações de designers bem-sucedidos, quatro quanto ao usuário e três quanto ao mercado, quais sejam, respectivamente, conveniência, entendimento, interesse, conforto, durabilidade, concordância e valor. [...] Mediante a análise desses requerimentos do design e dos pontos fracos existentes nas estratégias organizacionais, o grupo americano desenvolveu o modelo genérico de estratégia de design que determina dentro de um espaço de tempo e um mercado específico, o vencedor e o perdedor, mediante a análise do mercado e o reconhecimento de suas transformações no tempo. Assim o modelo traça um mapa das transformações importantes para os usuários e para o

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mercado e da integração do design dentro das empresas para redefinir e equilibrar as suas estratégias (TEIXEIRA; CANDIDO; ABREU, 2001, p.32).

A partir deste estudo, são definidos quatro conceitos das estratégias

genéricas de design, a saber:

- Aperfeiçoado: expressivo aperfeiçoamento sobre o status-quo;

mudança mais fácil de se atingir; apresenta bom resultado quando este

é melhor que os substitutos disponíveis no mercado;

- Estendido: transforma uma estratégia existente em meio de surpresas;

resulta de um mercado consolidado, evolutivo e de mudanças diárias;

- De Invenção: princípio novo aplicado na abertura de novos mercados

ou para criar novas fatias dos mesmos; vencedores podem se tornar

perdedores;

- Integrado: conjuga habilidades comuns (serviço pós-venda);

adequação de uma tecnologia para explorar novos mercados.

O modelo genérico de estratégia de design do Doblin Group Research considera a capacidade e a estrutura das organizações. A capacidade de uma organização é representada pelas habilidades de mudança que esta possui para alterar propriedades, serviços, processos, posicionamento e expectativas dos produtos que desenvolve. Os produtos de conceitos integrados e aperfeiçoados contam com capacidades correntes, enquanto que os conceitos de invenção e estendido necessitam de novas capacidades (TEIXEIRA; CANDIDO; ABREU, 2001, p.32).

Para o modelo Doblin Group Research, o design, da mesma forma que no

Balanced Scorecard possui dimensões ampliadas e suas fronteiras não são

estritamente definidas, incorporando seus reflexos de atuação em atividades onde o

design é percebido.

2.4.3 Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI)

Reforçando o apoio à industrialização no país, o INPI foi criado em 1970 pela

Lei nº 5.648 com o intuito de concentrar esforços na utilização do sistema de

propriedade industrial, não somente na função de propriedade intelectual.

Atualmente, o INPI se caracteriza como um importante instrumento de

capacitação e competitividade, condições fundamentais para alavancar o

desenvolvimento tecnológico e econômico do país, considerando também o

desenvolvimento social.

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A propriedade industrial é reconhecida pela PITCE, como instrumento

estratégico para a inovação e o desenvolvimento econômico e tecnológico,

considerando seu interesse social. Corroborando com o tema, a PDP estipulou

metas e desafios para manter uma trajetória sustentável de crescimento do país,

ampliando sua abrangência, através dos indicadores do INPI.

A triangulação entre a competitividade, a inovação e a propriedade intelectual

é fundamental para o desenvolvimento do país. A Pesquisa de Inovação

Tecnológica, desenvolvida pelo IBGE em 2008

mostrou que o percentual de empresas inovadoras no Brasil é de 38,6%. Mesmo nesse grupo, apenas 34% das corporações usaram algum mecanismo para proteger suas inovações. Embora tais índices tenham crescido desde a pesquisa anterior, o fato é que segue pouco compreendido no país o papel da propriedade intelectual na construção da competitividade empresarial. [...] Com o avanço da integração comercial, a inserção brasileira no mercado global de produtos mais avançados tornou-se essencial para assegurar a elevação da renda e a geração de empregos. Nesses mercados, não é possível competir somente por preço. A inovação torna-se decisiva para que as empresas brasileiras diferenciem os produtos, sobrevivam e conquistem espaços privilegiados (INPI, 2011).

A propriedade intelectual é uma importante ferramenta para resguardo de

informações, proporciona segurança jurídica e também é considerado um importante

indicador para mensurar a inovação na empresa e no país.

Torna-se linear o entendimento que o país que se desenvolve

economicamente, atrai o olhar de outros países bem como compradores e

investidores. Para as empresas brasileiras se tornarem mais competitivas precisam

também se preocupar em resguardar suas intelectualidades. A exposição de seus

produtos e serviços não possui fronteiras, haja vista o desenvolvimento tecnológico,

especialmente na WEB, além da participação em concursos e em feiras

internacionais.

Dentre os vários pedidos de registro no INPI, o Registro de Desenho

Industrial4 é o que possui maior relevância, pois vem de encontro às demandas das

empresas que se submetem às premiações internacionais. O desenho industrial é

uma das quatro formas de registro de propriedade industrial existentes no país.

Segundo o órgão, os empreendedores aumentaram o volume de invenções

que demandam a formalização do design. O número de registros de desenhos

4 Registro de Desenho Industrial: é um título de propriedade temporária sobre um Desenho Industrial, outorgado pelo Estado

aos autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras dos direitos sobre a criação. Qualquer pessoa física ou jurídica

pode depositar um pedido de Desenho Industrial, desde que tenha legitimidade para obtê-la. (www.inpi.gov.br)

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industriais cresceu 43% na última década. Em 2000 foram feitos 2.702 pedidos junto

ao INPI. Em 2009 o órgão federal contabilizou 5.187 (INPI, 2011).

Abaixo pode-se conferir a relação quantitativa dos pedidos de desenho

industrial no INPI por unidades da Federação, nos anos de 1997 à 2006. O órgão faz

um exame quanto à novidade e à originalidade do produto.

QUADRO 14 - PEDIDOS DE REGISTRO DE DESENHO INDUSTRIAL POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO

FONTE: INPI (2011)

Percebe-se que algumas unidades da federação concentram maior incidência

de pedidos, uma vez que estes centros como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná

e Minas Gerais possuem grandes parques industriais e, provavelmente, um histórico

e uma cultura nas empresas de protegerem seus desenhos industriais.

No entanto, o crescimento de pedidos de registro em desenho industrial não

foi gradativo no decorrer dos anos de 1997 a 2006. Alguns desses estados, como

São Paulo e Rio Grande do Sul, tiveram queda de registros de um ano para outro.

Quanto à classificação, o registro de desenho industrial adota a classificação

internacional de Locarno, que é uma ferramenta destinada a acessar a informação

desejada, que contém mais de 6 mil indicações de artigos diferenciados. A

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classificação é baseada na listagem dos produtos e esta listagem é composta por

classes. Atualmente, o acervo de produtos está disposto em 31 classes mais uma

específica denominada “diversos”, onde estão os artigos que não se enquadram nas

classes anteriores.

QUADRO 15 - CLASSIFICAÇÃO DO REGISTRO DE DESENHO INDUSTRIAL NO INPI

CLASSE 1 alimentação

CLASSE 2 roupas e artigos de armarinho

CLASSE 3 artigos para viagem, caixas, guarda sol e pertences pessoais, não especificados em outro lugar

CLASSE 4 escovas e vassouras para limpeza

CLASSE 5 produtos têxteis, material artificial e natural

CLASSE 6 mobília

CLASSE 7 artigos do lar não especificados em outro local

CLASSE 8 ferramentas e ferragens em geral

........ ........

CLASSE 30 artigos para tratamento e manuseio de animais

CLASSE 31 máquinas e aparelhos para preparar alimentos ou bebidas não especificados em outro local

CLASSE 99 diversos

FONTE: INPI (2011)

No quadro 15 é possível observar a classificação e a grande variedade de

possibilidades de proteção do desenho industrial por parte das empresas e

designers. Principalmente quando estes atores podem ter prejuízos ou ganhos com

uma ação pró-ativa ao defender e registrar sua idéia e criação. Quando essas

novidades entram no mercado, é imprescindível a preocupação com a proteção.

Essa preocupação é pertinente neste estudo, uma vez que as empresas que

buscam a competitividade pelo design concorrem pela funcionalidade do produto e

também pelos aspectos estruturais. Os atributos arraigados no produto devem ser

protegidos pelas empresas contra seus concorrentes.

2.4.4 Indicadores de Design

A preocupação por medir, a partir de parâmetros que sejam de fácil leitura e

interpretação pelos empresários, é uma atitude recorrente. A principal dificuldade

para a inserção do design nas empresas é a falta de objetividade e a dificuldade na

mensuração dos resultados.

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A partir da análise de alguns autores sobre como medir o design nos negócios

pode-se estabelecer uma abordagem agrupada de indicadores de design.

Walsh et al. (1992 apud ODA, 2010) pesquisaram, em um período de 7 anos,

31 empresas inglesas que fabricavam produtos de plásticos e 8 empresas que

utilizavam design. Obtiveram os seguintes indicadores de performance do design:

- para retorno de capital, 11% eram empresas que ganhavam prêmios;

- 7% tinham margem de lucro;

- 43% aumentaram o capital de giro;

- 19% aumentaram o patrimônio.

Piirainen (2001 apud ODA, 2010), ao abordar os benefícios do design na

competitividade das empresas e na performance do produto, baseou-se em autores

como Lehtonen e Leppänen (1986), Trueman eJobber (1998), Ulrich e Eppinger

(1995) e Roy e Potter (1993). Os indicadores que podem ser utilizados para medir os

benefícios do design são:

- Aumento da utilidade do produto;

- Melhoria na estética do produto;

- Facilidade de manutenção;

- Padronização;

- Conformidade ambiental;

- Comunicação corporativa;

- Diferenciação;

- Entrada em novos mercados.

Mozota, (2002 apud ODA, 2010) pesquisou 33 micro e pequenas empresas

de 14 países europeus e 21 indicadores foram analisados sobre o impacto do design

na economia, nas atividades de suporte e na cadeia de valor das empresas.

1) Design cria vantagem competitiva;

2) Design é uma atividade essencial;

3) Design contribui significativamente para a percepção de benefícios

pelos consumidores;

4) Design muda o espírito da empresa, que torna-se mais inovadora;

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5) Design desenvolve exportação;

6) Design aumenta a participação no mercado;

7) Design permite à empresa vender com preço superior;

8) Design melhora coordenação entre marketing e P&D;

9) Design é um conhecimento que transforma os processos;

10) Design desenvolve cuidados ao consumidor na política de inovação;

11) Design gera transferência de tecnologia;

12) Design fornece acesso a uma variedade de mercados;

13) Design acelera o lançamento de novos produtos;

14) Design melhora coordenação entre produção e marketing;

15) Design desenvolve inovação no gerenciamento de projeto;

16) Design cria um novo mercado;

17) Design melhora a circulação de informação com inovação;

18) Design significa margem maior ou redução de custo;

19) Design é difícil para imitar pelos concorrentes;

20) Design modifica relacionamento com fornecedores;

21) Design melhora cooperação entre vendedores.

Após analisar os autores que atuam em áreas específicas como gestão e

marketing, percebeu-se a necessidade de buscar análises que retratassem a

realidade nacional.

Para Lemos (2006 apud ODA, 2010), em uma pesquisa com 14 empresas do

setor de utensílios domésticos dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul,

os benefícios que as empresas conquistam com design são:

- Utilidade / Funcionalidade;

- Forma / diferenciação / inovação;

- Necessidade do consumidor / qualidade;

- Estratégia;

- Facilidade de produção;

- Identidade corporativa;

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- Posicionamento no mercado;

- Imagem da marca;

- Prazer no consumo.

No âmbito das políticas públicas de design no Brasil, em 1998 a

Confederação Nacional da Indústria (CNI) juntamente com o Programa Brasileiro do

Design (PBD) aplicaram uma pesquisa em cerca de 500 empresas. Essas

empresas, de diversos portes e pertencentes a diversos setores produtivos,

relataram os principais impactos que o design trouxe:

- Aumento das vendas;

- Aumento do faturamento;

- Redução nos custos de produção.

Ainda como ação institucional, o PBD juntamente com a Associação dos

Designers de Produto (ADP), contrataram a Fundação Getúlio Vargas em 2009 para

um levantamento setorial denominado “Indicadores do Impacto do Design na

Competitividade”, de modo a oferecer informações para as tomadas de decisão na

esfera pública. Essa pesquisa contemplou 10 setores produtivos: moveleiro, médico-

hospitalar, utilidades domésticas, automotivo/transportes, construção,

eletrodomésticos, eletrônico, equipamento esportivo, máquinas e equipamentos,

moda e acessórios. Os indicadores levantados na pesquisa da ADP (2009) foram

divididos em três níveis: resultado, execução e percepção.

Quanto aos resultados, os indicadores são:

- Lucratividade;

- Aumento do faturamento;

- Redução dos custos;

- Aumento da produtividade;

- Melhoria na qualidade dos produtos;

- Melhoria na imagem da empresa;

- Facilidade na exportação;

- Abertura de novos mercados;

- Aumento da participação no mercado;

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- Aumento da competitividade.

Quanto à execução, os indicadores são:

- Utilização de equipe externa de designers;

- Utilização de equipe interna de designers;

- Utilização de equipe externa de outras áreas;

- Utilização de equipe interna habitual.

Quanto à percepção, são:

- Design estético;

- Design estrutural;

- Design estratégico;

- Vê o design como custo;

- Vê o design como investimento.

Os indicadores levantados até aqui retratam as reais características a serem

identificadas a respeito da competitividade das empresas. É fato determinante que

se estabeleçam alguns critérios para a adequação destes indicadores para a

realidade proposta, que são as empresas brasileiras vencedoras do prêmio

internacional IF Product Design Award.

Um quadro resumo, sintetizando o arcabouço teórico se faz necessário, a fim

de uma visualização mais sintética e objetiva.

QUADRO 16 - RESUMO DOS INDICADORES NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE COMPETITIVIDADE E DESIGN

INDICADORES AUTOR

Utilização quanto às perspectivas em: relação ao desempenho financeiro; conhecimento do cliente; processos internos, e aprendizado e crescimento.

Kaplan e Norton (1997)

4Ps: Produto; Preço; Praça e Promoção. Bruce e Bessant (2002) Em relação aos produtos: integrados e aperfeiçoados contam com capacidades correntes; conceitos de invenção e estendido, novas capacidades.

Doublin Research Group

- Relação direta com o desenvolvimento industrial; - possibilidade de classificação; - mensuração por unidade da federação; - novidade; - originalidade.

INPI

- Empresas que ganham prêmios; - Aumento da margem de lucro; - Aumento do capital de giro; - Aumento do patrimônio.

Walsh, Roy, Bruce e Potter (1992)

continua

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QUADRO 16 - RESUMO DOS INDICADORES NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE

COMPETITIVIDADE E DESIGN

INDICADORES AUTOR

- Aumento da utilidade do produto - Melhoria na estética do produto - Facilidade de manutenção - Padronização - Conformidade ambiental - Comunicação corporativa - Diferenciação - Entrada em novos mercados

Mari Piirainen (2001)

- Vantagem competitiva - Percepção dos benefícios pelos consumidores - Torna a empresa mais inovadora - Exportação e aumento da participação no mercado - Permite à empresa vender com preço superior - Melhoria nas ações de marketing e P&D - Transformação dos processos - Cuidados com o consumidor na política de inovação - Transferência de tecnologia - Acesso a uma variedade de mercados - Aceleração no lançamento de novos produtos - Melhoria nas ações de produção e marketing - Inovação no gerenciamento de projeto - Criação de um novo mercado - Melhoria na circulação de informação com inovação - Aumento da margem ou redução de custo - Dificulta a imitação pelos concorrentes - Alteração no relacionamento com fornecedores - Melhoria na cooperação entre vendedor

Mozota,(2002)

- Utilidade/ Funcionalidade - Forma/ diferenciação /inovação - Necessidade do consumidor / qualidade - Estratégia - Facilidade de produção - Identidade corporativa - Posicionamento no mercado - Imagem da marca - Prazer no consumo

Lemos (2006)

- Aumento das vendas; - Aumento do faturamento; - Redução nos custos de produção.

CNI + PBD (1998)

- Lucratividade; - Aumento do faturamento; - Redução dos custos; - Aumento da produtividade; - Melhoria na qualidade dos produtos; - Melhoria na imagem da empresa; - Facilidade na exportação; - Abertura de novos mercados; - Aumento da participação no mercado; - Aumento da competitividade; - Utilização de equipe externa de designers; - Utilização de equipe interna de designers; - Utilização de equipe externa de outras áreas; - Utilização de equipe interna habitual; - Design estético; - Design estrutural; - Design estratégico; - Vê o design como custo; - Vê o design como investimento;

ADP (2009)

FONTE: A autora (2011)

conclusão

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O alcance dos indicadores de design em relação às estruturas

organizacionais pode se direcionar: (i) aos atributos do produto, como percebe-se

nas relações de Lemos (2006) ou (ii) a forma como empresa percebe e usufrui do

design, como em Mozota (2002). O importante é traçar um paralelo entre estes

atributos, pois nem sempre as estratégias competitivas da empresa estão focadas

em determinado produto, mas num serviço.

O grande número de indicadores coletados entre os autores analisados

permite que se estruture um critério para escolha de temas específicos e relevantes

ao trabalho. Entre os 10 autores, percebeu-se certa relevância entre os indicadores,

uma vez que determinado indicador estava presente em mais de um autor, muitas

vezes significando a mesma abordagem, porém com nomenclaturas diferentes.

Houve o agrupamento dos itens em 11 indicadores, que possuíam temas

relevantes e similares. Este agrupamento foi possível pela inter-relação entre os

temas, porém com pequenas adaptações lingüísticas conforme a experiência e

atuação de cada autor.

A exemplo do critério adotado na concepção do agrupamento, pode-se

observar o mesmo tema “mercado” sendo abordado textualmente de diversas

formas pelos autores. Piirainen (2001) identifica como “entrada em novos mercados”;

Mozota (2002) cita “acesso a uma variedade de mercados”; Lemos (2006) considera

como “posicionamento no mercado”, e por fim a ADP (2009) adota “abertura de

novos mercados”.

A partir desta explanação, faz-se necessário construir um quadro contendo a

sobreposição de todos os indicadores dos autores analisados. Os 11 grupos foram

relacionados no quadro 17 e foram correlacionados aos seis autores mais relevantes

para o estudo. Observa-se que foram inseridos somente os indicadores de design e

seus autores, a fim de buscar a relevância e recorrência dos temas. É possível

observar no quadro quais autores abordam determinado indicador.

Destaca-se que os autores (A1, A2, A3, A4, A5 e A6) baseiam-se em

indicadores diferentes, porém com muita similaridade nos temas. No entanto,

apenas 8 grupos tornaram-se objeto de aprofundamento e base para o

desenvolvimento de um questionário para ser aplicado nas empresas. O método

adotado para eleger esses 8 grupos de indicadores foi perceber em quais

indicadores agrupados houve maior reincidência de autores. Foram eleitos os

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indicadores percebidos em pelo menos 50% dos autores, como pode ser observado

no quadro 15, ou seja, o indicador foi estabelecido se esteve presente em 3 ou mais

autores.

QUADRO 17 - SOBREPOSIÇÃO DOS INDICADORES DE DESIGN E SEUS AUTORES

INDICADORES (AGRUAMENTO DE TEMAS) A1 A2 A3 A4 A5 A6

1. Empresas que ganham prêmios / Design como Estratégia/ Aumento a participação no mercado / Criação de um novo mercado/ Posicionamento no mercado

X X X X X

2. Aumento da margem de lucro ou redução de custo / Permite à empresa vender com preço superior / Aumento do capital de giro / Aumento do patrimônio / Aumento das vendas /Aumento do faturamento;

X X X X

3. Aumento da utilidade do produto / Dificulta a imitação pelos concorrentes / Aumento da competitividade / Melhoria na estética do produto / Facilidade de manutenção/ Utilidade/ Funcionalidade / Melhoria na qualidade dos produtos

X X X X

4. Melhoria na comunicação e Identidade corporativa / Percepção dos benefícios pelos consumidores

X X X

5. Diferenciação/ Vantagem competitiva/ Forma/ /inovação/ Utilização de equipes externas e/ou externas de designers/ Design estrutural/ Design estratégico/ Design como custo/ Design como investimento;

X X X X

6. Entrada em novos mercados / Facilidade na exportação/ Acesso a uma variedade de mercados

X X X

7. Torna a empresa mais inovadora / Inovação no gerenciamento de projeto / Melhoria na circulação de informação com inovação / Aceleração no lançamento de novos produtos / Cuidados com o consumidor/ Prazer no consumo / Aumento da produtividade

X X X

8. Transformação dos processos / Transferência de tecnologia Melhoria nas ações de produção e marketing/ Melhoria nas ações de marketing e P&D / Facilidade de produção

X X X

9. Padronização X

10. Conformidade ambiental X

11. Alteração no relacionamento com fornecedores/ Melhoria na cooperação entre vendedor

X

FONTE: A autora (2011)

Legenda:

A1 _ Walsh, Roy, Bruce e Potter (1992) A4 _ Lemos (2006)

A2 _ Mari Piirainen (2001) A5 _ CNI + PBD (1998)

A3 _ Mozota,(2002) A6 _ PBD + ADP + FGV (2009)

A partir dessa definição, o questionamento sobre a competitividade nas

empresas vencedoras do prêmio internacional IF Product Design Award, no que se

refere à design, foi concebido com base nos 8 grupos a seguir:

I1 – Premiações e posicionamento no mercado;

I2 – Lucratividade

I3 – Qualidade e diferenciação

I4 – Comunicação corporativa

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I5 – Execução

I6 – Exportação

I7 – Inovação e informação

I8 – Inter-relações

As empresas brasileiras vencedoras no prêmio internacional IF Product

Design Award serão analisadas na seqüência.

2.5 EMPRESAS BRASILEIRAS INSCRITAS NO IF DESIGN AWARDS

A mensuração da participação brasileira no IF Design Award é recente. Até o

início da vigência do Programa Design & Excellence Brazil, as empresas se

inscreviam diretamente no prêmio internacional, sem que o país pudesse fazer um

levantamento ou uma ação mais pontual acerca destes números.

A partir de 2003, o governo brasileiro, pela chancela do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior no âmbito do Programa Brasileiro do

Design (PBD), inicia este processo de apoio às inscrições no prêmio IF Design

Awards. É importante destacar que esta iniciativa de política pública no Brasil é

única e os benefícios trazidos para as empresas brasileiras são, conforme já foi

mencionado, o objeto desse estudo.

Para se estabelecer uma análise relevante e atual, buscar-se-ão informações

dos últimos quatro anos de participação brasileira na premiação internacional, o que

coincide com a coordenação dessa iniciativa e realização das atividades pelo Centro

de Design Paraná5.

QUADRO 18 - EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

2008 2009 2010 2011 Total

Empresas Brasileiras vencedoras no IF Product Design Award

15 18 08 20 61

FONTE: Programa Design & Excellence Brazil (2011)

É importante esclarecer que, do universo de 61 empresas brasileiras

vencedoras nos últimos quatro anos da premiação internacional (quadro 18), houve

sobreposição de algumas empresas ganhando em mais de um ano. A partir desse

5 Centro de Design Paraná: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que promove o design em âmbito nacional e

internacional. (www.centrodedesign.org.br)

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universo, as empresas serão questionadas sob os indicadores vislumbrados na

revisão de literatura e o resultado da análise trará as respostas sobre os ganhos

competitivos advindos da participação em prêmio internacional de design.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Na primeira parte do trabalho, foi realizada uma revisão bibliográfica referente

ao estado da arte do design sob a ótica empresarial a fim de unificação do discurso,

uma vez que esse termo é amplamente utilizado por diversos setores e atores nas

empresas. Outra abordagem que se fez necessária foi sobre o estado da arte dos

prêmios internacionais de design.

O modelo de pesquisa adotado é o método survey, que advém da obtenção

de dados e informações sobre determinadas características, ações ou opiniões de

um grupo designado de pessoas, indicado como representante de uma população

alvo, por meio de um instrumento de pesquisa (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993).

Segundo Pinsonneualt e Kraemer (1993), o método de pesquisa survey é

apropriado quando: (i) deseja-se responder questões do tipo “o quê?”, “por que?”,

“como?” e “quanto?”, ou seja, quando o foco de interesse é sobre “o que está

acontecendo” ou “como e por que isso está acontecendo”; (ii) não se tem interesse

ou não é possível controlar as variáveis dependentes e independentes; (iii) o

ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno de interesse; (iv) o

objeto de interesse ocorre no presente ou no passado recente.

Todas as evidências e relevâncias da pesquisa podem ser observadas no

capítulo referente às análises e resultados.

3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA

A presente proposta de pesquisa visa investigar os benefícios conquistados

pelas empresas brasileiras que se submetem a premiações internacionais. Nessa

análise pretende-se observar os ganhos competitivos condizentes com a realidade

brasileira, das empresas de diversos portes, dos diferentes setores produtivos e com

nítidos desníveis de inovação, além das dificuldades e obstáculos apresentados.

Problema de Pesquisa

Quais os ganhos de competitividade das empresas que participam do prêmio

internacional de design International Fórum Product Design Award ?

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A partir da identificação das empresas brasileiras vencedoras no IF Product

Design Award, serão mensurados seus ganhos competitivos, detectados os seus

portes, identificadas as localizações geográfica que mais concentram essas

organizações bem como de quais setores produtivos elas fazem parte. Além disso,

será realizada a análise da utilização do design nessas empresas, investigando se

isso ocorre de forma interna na empresa ou se há contratação externa e, ainda,

poderão ser constatados e/ou evidenciados os benefícios que as empresas

brasileiras estão ou não obtendo ao participarem de premiações internacionais de

design.

Acredita-se que esta pesquisa poderá direcionar ou subsidiar as empresas

com informações para a tomada de decisão em investimentos, desenvolvimento de

novos produtos, busca por oportunidades de negócio e abertura de fronteiras para

seus negócios para outros países.

3.2 DESENHO DA PESQUISA

FIGURA 10 - DESENHO ESQUEMÁTICO DA PESQUISA

FONTE: A autora (2011)

Numa abordagem macro, a pesquisa se estabelece por meio da identificação

dos ganhos competitivos que as empresas brasileiras que foram vencedoras no

prêmio internacional IF Product Design Award obtiveram.

O fluxo das etapas da pesquisa é um mecanismo visual para facilitar o

acompanhamento das ações previamente estipuladas. A figura 11 ilustra, por meio

de um diagrama, essas macro-etapas.

EMPRESAS BRASILEIRAS VEBCEDORAS DO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD

ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS

EM DESIGN

GANHOS COMPETITIVOS

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FIGURA 11 - FLUXO DAS ETAPAS DA PESQUISA

FONTE: A autora (2011)

3.3 DEFINIÇÃO DE CONSTRUCTOS

Constructos ou variáveis representam as classes dos objetos de estudo,

como por exemplo, nas organizações, a identificação da localização geográfica,

porte, número de empregados, etc. Algumas dessas variáveis são identificadas

facilmente, outras com mais dificuldade. As variáveis podem permitir a observação

direta de um fenômeno ou podem aparecer de formas distintas em relação ao

mesmo objeto.

Quanto aos princípios para a escolha de variáveis, foram considerados os

seguintes fatores: os valores de uma variável devem ser mutuamente excludentes,

ou seja, só uma categoria da mesma classe pode ser atribuída a cada um dos

indivíduos em estudo; quando o conjunto dos valores possíveis deve ser exaustivo,

significando que todas as possibilidades empíricas devem ser incluídas no conjunto.

Quanto aos tipos, por meio de um escalonamento, as variáveis podem ser:

nominais, ordinais, intervalares ou de razão. As variáveis podem se inter-relacionar,

entre duas ou mais, estabelecendo as seguintes denominações: independentes,

intervenientes ou dependentes.

Quanto à continuidade, as variáveis podem ser discretas ou contínuas, e suas

relações podem ser caracterizadas como lineares, curvilíneas ou exponenciais.

A partir do levantamento bibliográfico sobre indicadores de competitividade,

buscou-se um aprofundamento sobre indicadores de design. Após estes dados

coletados, buscou-se uma sobreposição destes elementos a fim de estruturar as

Formulação do problema

Definição dos constructos

Coleta de dados

Seleção da amostra

Elaboração dos instrumentos de coleta de dados

Análise e interpretação dos dados

Relatório depesquisa

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variáveis a serem analisadas nas empresas vencedoras no IF Product Design

Award.

Os constructos observados, compreendem 8 grupos a serem questionados

nas empresas. São eles: I1 – Premiações e posicionamento no mercado; I2 –

Lucratividade; I3 – Qualidade e diferenciação; I4 – Comunicação corporativa; I5 –

Execução; I6 – Exportação; I7 – Inovação e informação e I8 – Inter-relações.

A validação do constructo se dará pela coleta de dados e pela composição

desses dados, utilizando-se de fontes múltiplas de evidências e buscando um

encadeamento dessas evidências.

3.4 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Em relação ao método survey, Pinsonneualt e Kraemer (1993) afirmam que

tal método pode ser classificado quanto ao propósito, da seguinte forma:

- Explanatória: que tem como objetivo testar uma teoria e suas relações

causais, estabelecendo a existência dessas relações, mas também

questionando por que a relação existe;

- Exploratória: quando o objetivo é familiarizar-se com o tópico ou

identificar os conceitos iniciais sobre um tópico, dar ênfase na

determinação de quais conceitos devem ser medidos e como devem

ser medidos além de descobrir novas possibilidades e dimensões

sobre a população de interesse;

- Descritiva: quando busca identificar quais situações, eventos, atitudes

ou opiniões são manifestados por uma população. Descreve a

distribuição de algum fenômeno na população ou entre os subgrupos

da população ou, ainda, faz uma comparação entre essas

distribuições. Neste tipo de survey a hipótese não é causal, mas tem o

propósito de verificar se a percepção dos fatos está ou não de acordo

com a realidade.

A presente pesquisa é caracterizada, inicialmente, como exploratória, pois

proporciona maior familiaridade com a problemática exposta a fim de deixar o

problema mais explícito. Além disso, em seu objetivo principal, caracteriza-se como

explanatória, pois visa testar o impacto que o design pode provocar na

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competitividade das empresas a partir da análise de sua participação em um prêmio

internacional de design.

Quanto ao número de momentos ou pontos no tempo em que os dados são

coletados, a pesquisa pode ser (SAMPIERI et al., 1991):

- Longitudinal: a coleta dos dados ocorre ao longo do tempo, em

períodos ou pontos especificados, buscando estudar a evolução ou as

mudanças de determinadas variáveis ou, ainda, as relações entre elas;

- Corte-transversal (cross-sectional): a coleta dos dados ocorre em um

só momento, pretendendo descrever e analisar o estado de uma ou

várias variáveis em um dado momento.

No caso dessa pesquisa, a coleta de dados ocorreu na modalidade corte-

transversal, pois foi realizada apenas uma vez e busca analisar a questão apenas no

período de tempo determinado.

Quanto às definições de amostra, Perrien, Chéron e Zins (1984) consideram

que o processo de amostragem é composto: (i) pela definição da população-alvo; (ii)

pelo contexto de amostragem; (iii) pela unidade de amostragem; (iv) pelo método de

amostragem; (v) pelo tamanho da amostra; (vi) pela seleção da amostra ou pela

execução do processo de amostragem. Além disso, a amostra pode ser classificada

em probabilística e não probabilística.

A principal característica da amostra probabilística é o fato de todos os

elementos da população possuírem a mesma chance de ser escolhidos, resultando

em uma amostra representativa da população. Isso implica utilizar a seleção

randômica ou aleatória dos respondentes, eliminando a subjetividade da amostra.

Já na amostra não probabilística a obtenção é dada a partir de algum tipo de

critério, e nem todos os elementos da população têm a mesma chance de ser

selecionado, o que torna os resultados não generalizáveis.

As amostras não probabilísticas, segundo Henry (apud Bickman & Rog, 1997)

podem ser identificadas por seis tipos:

- por conveniência (convenience): os participantes são escolhidos por

estarem disponíveis;

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- mais similares ou mais diferentes (most similar/dissimilar cases): os

participantes são escolhidos por julgar-se que representam uma

situação similar ou, o inverso, uma situação muito diferente;

- por quotas (quota): os participantes são escolhidos proporcionalmente

a determinado critério; a amostra é composta por subgrupos;

- bola de neve (snowball): participantes iniciais indicam novos;

- casos críticos (critical cases): os participantes são escolhidos em

virtude de representarem casos essenciais ou chave para o foco da

pesquisa;

- casos típicos (typical cases): os participantes são escolhidos por

representarem a situação típica, não incluindo extremos.

Para Fink (1995), o tamanho da amostra se refere ao número de

respondentes necessário para que os resultados obtidos sejam precisos e

confiáveis, e que o aumento do tamanho da amostra diminui o erro. Naturalmente,

essa tendência tem limites, pois a partir de certa quantidade não se tem mais uma

forte contribuição agregada por coletar-se maior número de questionários.

O questionário foi um importante instrumento utilizado, pois ofereceu o

suporte necessário para a coleta dos dados. Por meio do questionário as empresas

foram sensibilizadas e perceberam o que o design significa na decisão consciente

de executar um processo pelo qual a informação (uma idéia) é transformada em um

resultado, seja tangível (produto) ou intangível (serviço), e que ainda pode trazer

resultados ampliados ao possibilitar a participação em um importante prêmio

internacional. Logo, pressupõe-se que, de alguma forma, todas as empresas

desenvolvem atividades de promoção do seu design.

Segundo a classificação, o método de pesquisa utilizado será o survey,

caracterizando uma pesquisa exploratória com corte-transversal e abordagem não

probabilística.

3.5 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Considerando o grande potencial das empresas brasileiras, acredita-se que a

aplicação do presente trabalho de pesquisa contribuirá para o fortalecimento dessas

empresas bem como a ampliação de atuação do design em todo o processo de

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desenvolvimento interno. Por meio da experimentação, o empresário constata os

reais lucros advindos de uma exposição de seu produto num processo seletivo, de

um bom planejamento e de outra forma de abordagem do design como estratégia. O

design precisa fazer parte das decisões estratégicas da empresa, independente do

seu porte ou segmento, e é isso que vem acontecendo em algumas empresas.

A pesquisa tomará como base de coleta os dados fornecidos pela instituição

que coordena as atividades de promoção do design no prêmio internacional IF

Product Design Award no Brasil, o Centro de Design Paraná.

A partir de informações secundárias, serão coletadas informações individuais

nas 52 empresas brasileiras vencedoras do prêmio internacional nas últimas quatro

edições, de 2008 a 2011. É importante observar que nos últimos quatro anos, 61

empresas brasileiras foram premiadas, conforme mostra o quadro 18. No entanto,

nesse cenário, uma empresa ganhou nos quatro anos analisados, duas empresas

ganharam nos três anos analisados e duas empresas ganharam em dois dos anos

analisados.

Alguns desafios foram vislumbrados, orientando a realização da pesquisa:

- a necessidade de restringir o campo de análise para um único prêmio;

- a necessidade de ampliação da análise para 4 edições do prêmio.

Além disso, acredita-se na natural ampliação da pesquisa para uma atuação

em outros prêmios internacionais, pois espera-se que ocorram outras análises que

avaliem, por exemplo, o crescimento corporativo, a busca por inovação, o

investimento em design e a competitividade, uma vez que esse arcabouço de

informações embasa discursos e pode respaldar as tomadas de decisão.

3.6 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS CASOS

Segundo Eisenhardt (1989), a escolha pode simplesmente acontecer a partir

da capacidade de incremento de uma teoria. Considera-se que os requisitos para a

seleção ou escolha acontecem por intencionalidade e não por probabilística ou por

acessibilidade.

Dessa forma, o principal critério para a seleção do prêmio internacional de

design IF Product Design Award foi buscar um prêmio internacional de design que

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validasse a qualidade de empresas com foco em design de produtos seriados de

alto valor agregado.

Após o levantamento dos principais prêmios internacionais de design que

atendiam ao critério estabelecido e a análise de suas características mais

significativas, definiu-se, para ser detalhado e ter seu histórico de participação de

empresas brasileiras acompanhado, o International Fórum Product Design Award (IF

Product Design Award). Esse prêmio está na 58ª edição, possui um júri internacional

renomado, utiliza como critérios de validação o produto estar no mercado e que

tenha sido desenvolvido há no máximo dois anos, que são outros aspectos

considerados relevantes para sua escolha.

3.7 FONTES DE EVIDÊNCIA

As fontes de evidência caracterizam-se pela flexibilidade, defendida por

Cooper e Schindler (2003) que defendem a coleta de dados pelas análises de

conteúdo, adotando ferramentas flexíveis, servindo de instrumento para o

desdobramento dos conteúdos semânticos. Podem ser classificadas como: sintática,

referencial, proposicional ou temática. Defendida também por Bardin (2000) que

afirma que as análises de conteúdo podem ser realizadas por meio das seguintes

etapas: pré-análise, exploração e, por fim, o tratamento.

A presente pesquisa caracteriza-se pela coleta de dados secundários e pelo

levantamento de dados primários, por meio do questionário que se encontra no

Anexo 1, a fim de se obter a maior fidelidade de informações das empresas

participantes e vencedoras da referida premiação internacional de design.

O referido questionário foi direcionado às empresas que produzem e

comercializam os produtos vencedores, a fim de se obter as respostas com

representantes administrativos da empresa. Destaca-se a preocupação com a

compreensão do questionário e com a fidedignidade das respostas por parte do

grupo de respondentes: proprietários, sócios, diretores e gerentes.

O tratamento dos dados se deu pelas seguintes diretrizes:

- segmentação das empresas vencedoras por cada ano correspondente

às edições da premiação;

- classificação das empresas vencedoras de acordo com o porte;

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- mensuração das empresas vencedoras de acordo com a macro-região

onde se localizam;

- classificação das empresas vencedoras nas respectivas categorias

associadas aos setores produtivos;

- segmentação das empresas vencedoras sobre a inserção do design no

desenvolvimento do produto ganhador, se o processo de

desenvolvimento foi interno ou externo à empresa.

A análise dos resultados se dará por análise estatística entre os dados

levantados. A análise dos resultados apresentará o perfil das empresas com o

cruzamento dos portes das empresas, setor produtivo e envolvimento do design.

3.8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Tomando como base a pesquisa Indicadores de Competitividade (CNI, 2005),

constatou-se que cerca de 50% das empresas investiram em design, sendo que

esse esforço foi maior nos estabelecimentos de maior porte: 56,7% das médias e

grandes empresas investiram nessa atividade, contra 43,2% das micro e pequenas.

Nos setores de vestuário e acessórios e de móveis, em especial, a atividade de

design foi estratégica para a consolidação das empresas no mercado.

A crescente percepção do valor do design para a competitividade e a geração de resultados faz com que grande parte das empresas que investiram em design no passado pretenda continuar investindo nos próximos anos. Até mesmo as empresas que investiram pouco – ou não investiram – manifestaram na pesquisa (há um indicativo de que cerca de 2/3 planejam fazê-lo em 2005) que pretendem fazê-lo, independentemente de seu porte. Em termos setoriais, vestuário e acessórios (72,7%); farmacêuticos e móveis (ambos com 66,7%) – que registraram as maiores freqüências na atividade de design – pretendiam manter o mesmo comportamento nos próximos anos (CNI, 2005).

Considera-se extremamente relevante a pré-disposição das empresas em

compactuar com a proposta da pesquisa, mesmo diante da consciente dificuldade

que será encontrada para o levantamento de alguns dados confidenciais das

mesmas. Espera-se com estas limitações, contornar a busca por números

financeiros por meio da mensuração de ações que envolvem o processo de

utilização do design para a busca de melhores resultados.

A pesquisa possui algumas limitações pressupostas como:

- o período para a coleta das informações foi restringido às últimas

quatro edições do prêmio internacional a fim de validar as informações

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das 52 empresas brasileiras. A justificativa para esta escolha se dá

pelo fato de que o período das informações disponíveis ser de

responsabilidade da mesma instituição que coordena as atividades de

prospecção do prêmio no Brasil.

- um único prêmio internacional foi escolhido devido ao histórico com o

maior número de empresas brasileiras vencedoras, e o respaldo

comercial que esta premiação fornece às empresas.

- a falta de informações financeiras sobre as empresas vencedoras

devido às restrições que as próprias empresas se furtam nas

pesquisas, e também a falta dos dados secundários que já haviam sido

direcionados às empresas anteriormente.

Sobre esta limitação, Godoy (1995) ressalta que muitos documentos que

podem ser utilizados na análise não foram desenvolvidos com o propósito nato da

pesquisa e não possuíam solicitações para a investigação proposta.

3.9 RESUMO DA METODOLOGIA

O quadro 20 resume e ilustra as etapas metodológicas que nortearam a

pesquisa.

QUADRO 20 - RESUMO DA METODOLOGIA DE PESQUISA

Caracterização da pesquisa Organização da pesquisa

Metodologia Qualitativa e quantitativa Objeto empírico Indústrias

Tipo da pesquisa Exploratória Quantidade de casos Cinquenta e dois

Método Survey Unidade de análise Organizacional

Instrumento de coleta

Entrevista semi-estruturada; Análise de documentos;

Unidade de observação

Proprietários, Sócios, Diretores, Gerentes

Análise dos dados Análise de conteúdo Enfoque da observação

Identificar os principais ganhos competitivos que a participação no processo seletivo no IFProduct Design Award proporciona às empresas participantes.

Perspectiva temporal

Corte transversal Critério de seleção dos casos

Intencionalidade; Não probabilística; e Acessibilidade

FONTE: A autora (2011)

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 PERFIL DAS EMPRESAS

Acredita-se que as empresas são estimuladas por algum motivo a participar

de uma premiação internacional, haja vista que isso não aconteceria sem razão

devido a fatores como: (i) alto custo das taxas de inscrição; (ii) informações exigidas

do produto a ser inscrito como fotos, detalhamento técnico descritivo, dimensões e

outras informações; (iii) necessidade de fornecer as informações em três idiomas:

português, inglês e alemão.

Essa motivação nem sempre é informação possível de ser obtida, pois

algumas empresas tratam-na como sigilosa. No entanto, existe uma diversidade de

informações a respeito dessas empresas que pode ser obtida com maior facilidade,

como o porte das empresas, a região onde se localizam, o setor produtivo ao qual

pertencem e como é a execução do design, se internamente ou externamente à

empresa. Essas informações permitem que se façam várias combinações de

variáveis a fim de traçar um perfil das empresas brasileiras vencedoras do iF Design

Awards.

4.1.1 Porte

Existem algumas classificações adotadas no Brasil para distinguir as

empresas por porte. Para o estudo, será adotada a definição do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), onde as empresas podem

ser classificadas por porte, a partir dos seguintes valores exportados:

- Micro: Até R$ 200 mil

- Pequena: Até R$ 1,5 milhões

- Média: Até R$ 7 milhões

- Grande: Superior a R$ 7 milhões

http://www.mdic.gov.br

Quanto ao porte das empresas brasileiras vencedoras no prêmio IF Product

Design Award, percebe-se uma grande variedade e abrangência.

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QUADRO 21 - PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS REINCIDENTES VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

2008 2009 2010 2011 Total

Micro 2 4 3 5 14

Pequena 3 3 - 3 09

Média 5 6 1 8 20

Grande 5 5 4 4 18

Total 61 FONTE: A autora (2011)

Das 61 empresas brasileiras vencedoras nos últimos quatro anos, conforme

mostra o quadro 21, houve reincidência de premiação tanto por empresas quanto

em anos. Destas, 1 empresa ganhou nos quatro anos analisados; 2 empresas em

três anos analisados e 2 empresas ganharam em dois dos anos analisados. Sendo

assim, o quadro 22 sintetiza a participação das empresas por porte.

Existe muita homogeneidade na quantidade de empresas vencedoras do

prêmio internacional segundo o porte, considerando que 28% das empresas são de

médio porte e que as micro e as grandes empresas apresentam-se em igual número

percentual (aproximadamente 26%). As empresas de pequeno porte atingem o

menor número de participação com 17%.

QUADRO 22 - PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

Total %

Micro 14 26,9

Pequena 09 17,3

Média 15 28,8

Grande 14 26,9

52 100% FONTE: A autora (2011)

Ainda em relação ao perfil das empresas vencedoras, é pertinente fazer uma

observação sobre as macro-regiões onde elas se encontram.

QUADRO 23 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS REINCIDENTES VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

2008 2009 2010 2011 Total

Centro-oeste - - - - 0

Norte - - - - 0

Nordeste 1 - - - 1

Sul 6 8 4 9 27

Sudeste 8 10 4 11 33

Total 61 FONTE: A autora (2011)

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QUADRO 24 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

Total %

Centro-oeste 0 0

Norte 0 0

Nordeste 1 2

Sul 25 48

Sudeste 26 50

52 100%

FONTE: A autora (2011)

Ao longo de quatro edições percebe-se a alta concentração da participação

das empresas na região Sudeste, compreendendo 50% de todas as empresas

vencedoras. A região Sul vem em segundo lugar com 48% do total. A região

nordeste possui 2% das empresas vencedoras, e as regiões norte e centro-oeste

não possuem empresas que as representem.

Os quadros 25 e 26 detalham informações sobre o porte das empresas

vencedoras e sua localização geográfica, no período em que obtiveram a premiação.

QUADRO 25 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA X PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE

200

8

200

9

201

0

201

1

200

8

200

9

201

0

201

1

200

8

200

9

201

0

201

1

200

8

200

9

201

0

201

1

Centro-Oeste - - - - - - - - - - - - - - - -

Norte - - - - - - - - - - - - - - - -

Nordeste - - - - 1 - - - - - - - - - - -

Sul 1 3 - 3 1 1 - 1 1 2 - 4 3 3 3 1

Sudeste 1 1 3 2 1 2 - 2 4 4 1 4 2 2 1 3

FONTE: A autora (2011)

QUADRO 26 - RESUMO DA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA X PORTE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE

Centro-Oeste - - - -

Norte - - - -

Nordeste - 1 - - 1

Sul 7 3 7 10 27

Sudeste 7 5 13 8 33

14 09 20 18 61 FONTE: A autora (2011)

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O detalhamento das empresas vencedoras em suas respectivas macro-

regiões brasileiras e com caracterização quanto ao porte, evidencia a presença

dessas empresas nas regiões sul e sudeste, porém com certo grau de nivelamento

entre os portes.

4.1.2 Setor Produtivo

Quanto aos setores produtivos, há muita discordância sobre as terminologias

e agrupamento desses segmentos, pois em alguns momentos os setores produtivos

possuem desdobramentos como o setor moveleiro e o setor de madeira e móveis, e

em outros momentos, por determinadas instituições, estes segmentos são mais

abrangentes.

As empresas que participam de premiações internacionais precisam se

enquadrar em categorias pré-definidas pelos concursos. Os concursos internacionais

adotam certa padronização de categorias, a fim de deixar ampliado o espectro de

oportunidades e garantir a participação das empresas sem agir de maneira restritiva.

A fim de otimizar o entendimento sobre o perfil das empresas em relação à

classificação nos setores produtivos, adotar-se-á a distribuição das categorias

contempladas no prêmio internacional IF Product Design Award.

As 16 categorias contempladas atualmente na premiação são: transporte,

lazer/estilo de vida; áudio/vídeo; telecomunicações; computadores;

escritório/empresa; iluminação; móveis/têxteis; casa/cozinha; banheiro/bem-estar;

edifícios; design público/design de interiores; medicina/saúde; indústria; veículos

especiais/tecnologia agrícola e estudos avançados.

Ao longo das últimas quatro edições, a premiação sofreu pequenos ajustes

nas categorias. Os ajustes mencionados foram em relação ao nome da categoria, a

fim de deixar a participação das empresas mais abrangente, como por exemplo, de

“utensílios domésticos” para “casa/cozinha” e “Mobiliário/Casa” para Móveis/Têxteis.

No quadro a seguir, pode-se contemplar a nomenclatura atual das categorias

disponíveis no prêmio IF Product Design Award e as respectivas quantidades de

empresas vencedoras por categoria e por ano do reconhecimento.

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QUADRO 27 - CATEGORIAS CONTEMPLADAS PELAS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011.

CATEGORIAS 2008 2009 2010 2011 Total

Medicina/ Saúde 1 1 1 1 4

Design Público/ Design de Interiores 1 2 1 1 5

Casa/ Cozinha (Utensílios Domésticos) 2 4 1 3 10

Iluminação 4 2 1 5 12

Laser/ Estilo de vida 1 1 3 1 6

Transporte 1 2 1 - 4

Indústria - 1 - 2 3

Edifícios - 1 - - 1

Móveis/ Têxteis/ (Mobiliário/ Casa) 5 4 - 6 15

Escritório/ Empresa - 1 - - 1

Computadores 1 - - 2 3

Estudos Avançados - - - 1 1

Embalagem 2 - - - 2 FONTE: A autora (2011)

As categorias ao longo das quatro últimas edições da premiação, que mais

premiaram as empresas brasileiras, compreendendo mais de 55% do total foram:

- Móveis/ Têxteis, com 22,3%;

- Iluminação, com 17,9% e

- Casa/ Cozinha com 14,9%.

Observa-se, com exceção da categoria moveis/têxteis, que as categorias que

mais possuem empresas vencedoras receberam prêmios nos quatro anos

analisados.

Outro dado a ser evidenciado é que o Brasil aparece na maioria das

categorias disponíveis com produtos reconhecidos mundialmente pelo seu design.

Categorias que demandam maior envolvimento tecnológico como “transportes” até

categorias onde o design pressupõe a tecnologia como “móveis/têxteis” possuem

internacionalmente, uma empresa brasileira em seu portfólio.

4.1.3 Design no Processo

Em relação ao processo de desenvolvimento de um produto, podem ser

utilizadas equipes de design pertencentes à empresa, por meio de um departamento

de design (design center), que pode ser composto por uma equipe multidisciplinar

com designers, engenheiros e projetistas, caracterizando o “design interno”. Outra

possibilidade de atuação no desenvolvimento de um produto é quando a empresa

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terceiriza essa função e encaminha o projeto a um escritório de design,

caracterizando o “design externo”.

Nas últimas edições, pode-se constatar certo equilíbrio entre essas duas

formas de desenvolvimento, como mostra o quadro 28:

QUADRO 28 - CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE DESIGN DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS NO PRÊMIO IFPRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011

Design Interno Design Externo

2008 11 4

2009 6 12

2010 6 2

2011 6 14

Total 29 32 FONTE: A autora (2011)

Constata-se que 48% das empresas vencedoras adotaram a estratégia de

desenvolvimento de produto por equipes internas de design, ao passo que 52% das

empresas preferiram contratar profissionais externos para o mesmo

desenvolvimento. Acredita-se que aproximadamente 5% de diferença nessa análise

trata-se de um empate, pois não foi constante em todos os anos a preferência por se

utilizar equipes internas de design.

4.1.4 Análise dos Indicadores de Design Absolutos

Além dos dados secundários obtidos, houve a necessidade de um

questionamento mais detalhado sobre as ações da empresa após receber a

premiação. O questionário foi composto por perguntas que compreendem os 8

agrupamentos de temas relacionados aos indicadores de design.

O questionário completo com a descrição textual das perguntas pode ser

observado no Anexo 1.

Das 52 empresas vencedoras nos últimos 4 anos da premiação, 28 empresas

responderam de forma satisfatória o questionário, totalizando 53% do universo

pesquisado. As 52 empresas foram responsáveis pela conquista de 66 produtos

premiados. Seis dessas empresas obtiveram o reconhecimento em mais de um

produto, seja no mesmo ano ou nos demais analisados.

É importante destacar que dos 66 produtos premiados, foram obtidas

respostas sobre 42 deles, resultado em 63% do universo pesquisado.

Page 99: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

99

GRÁFICO 01 - ANO DE FUNDAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS DO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011

FONTE: A autora (2011)

Quanto ao ano de fundação das empresas vencedoras, percebe-se no gráfico

01 que há uma concentração de empresas fundadas entre as décadas de 1980 e

2000.

No período dos quatro anos da análise, verificou-se que a maioria das

empresas conquistou o reconhecimento de apenas um produto. No entanto, pode-se

observar que das 28 empresas que responderam o questinário, 6 delas obtiveram

mais de um produto vencedor no mesmo período.

GRÁFICO 02 - QUANTIDADE DE PRODUTOS CONQUISTADOS PELAS EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS DO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011

FONTE: A autora (2011)

Uma importante observação sobre a análise acima é que uma única empresa

foi premiada com 7 produtos nos últimos quatro anos, três empresas conquistaram 3

produtos cada uma, enquanto outras duas empresas conquistaram prêmios para 2

dos seus produtos.

Page 100: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

100

Dentre as empresas pesquisadas, 61% delas relatam que não conquistaram

outros prêmios internacionais com o mesmo produto. No entanto, 39 % das

empresas além de conquistar o IF Product Design Award, conseguiram alcançar

outras premiações internacionais como: Red Dot Award; Good Design Award; Salão

Design Movelsul; Design Pries; IDEA USA, entre outros citados.

GRÁFICO 03 - EMPRESAS BRASILEIRAS VENCEDORAS DO IFPRODUCT DESIGN AWARD 2008 – 2011 QUE RECEBERAM OUTROS PRÊMIOS INTERNA-CIONAIS

FONTE: A autora (2011)

O resultado anterior mostra que 39% das empresas conseguiram

reconhecimento com o mesmo produto em outros prêmios de design, o que confere

certa equidade no processo seletivo durante a escolha dos produtos inscritos.

As empresas pesquisadas afirmaram que 54% delas perceberam aumento,

mesmo que razoavelmente, nas vendas dos produtos premiados, conforme ilustra o

gráfico 4. No entanto, 46% das empresas não notificaram esse aumento ou, ainda,

perceberam de forma muito sutil ou desconsiderável.

GRÁFICO 04 - AUMENTO DAS VENDAS DOS PRODUTOS PREMIADOS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011

FONTE: A autora (2011)

Page 101: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

101

É importante perceber que do universo pesquisado, a premiação destinada a

um produto específico trouxe um ganho competitivo nas vendas.

Outra constatação interessante foi que 88% das empresas pesquisadas

informaram que o design trouxe diferenciais competitivos para a empresa.

GRÁFICO 05 - DESIGN COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NAS EMPRESAS VENCEDORAS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011

FONTE: A autora (2011)

Essa alta porcentagem evidencia que, para diretores, gerentes e profissionais

encarregados da gestão da empresa, o design é uma importante estratégia

competitiva pela diferenciação.

A conquista do prêmio internacional de design alterou a percepção sobre a

imagem de 68% das empresas pesquisadas, conforme retrata o gráfico 06.

GRÁFICO 06 - PERCEPÇÃO SOBRE A IMAGEM DAS EMPRESAS VENCEDORAS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011

FONTE: A autora (2011)

Page 102: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

102

Porém, aproximadamente 55% das empresas que conquistaram a premiação

internacional não perceberam ou perceberam muito pouco as oportunidades para

exportar, conforme mostra o gráfico 07.

GRÁFICO 07 - OPORTUNIDADE DE EXPORTAÇÃO PARA AS EMPRESAS VENCEDORAS NO IF PRODUCT DESIGN AWARD 2008 - 2011

FONTE: A autora (2011)

Do universo pesquisado, 53% das empresas responderam o questionário

encaminhado aos gestores nessas organizações. A partir das informações

compiladas, percebe-se que houve certa movimentação positiva das empresas em

relação à conquista de um prêmio internacional. Os índices positivos referem-se ao

aumento nas vendas, à constatação de que o design trouxe diferenciais competitivos

e ao retorno em relação à imagem da empresa, como podem ser observados nos

gráficos ilustrativos desse capítulo. Outras considerações positivas em relação à

pesquisa podem ser destacadas: elevação no posicionamento das empresas em

relação ao mercado e estímulo ao diálogo entre equipes de departamento diferentes

e fornecedores.

No entanto, a pesquisa evidenciou alguns aspectos negativos, como: a

informação de que não houve aumento na margem de lucro da empresa; a empresa

não obteve redução dos custos; não percebeu oportunidades para a exportação bem

como não obteve facilidades para exportar; a premiação não instigou ações

inovadoras nas empresas, nem a utilização de pesquisas aprofundadas com o

consumidor, nem tampouco a aceleração no lançamento de novos produtos.

Page 103: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

103

4.1.5 Análises de Correlação

A busca de associação entre variáveis é frequentemente um dos propósitos

das pesquisas empíricas. Segundo Martins (2002, p.193) “a possível existência de

relação entre variáveis orienta análises, conclusões e evidenciação de achados da

investigação”.

Ao testar hipóteses sobre se uma amostra, que foi extraída de uma população

com distribuição especificada, o investigador pode usar testes de aderência. Os

testes estatísticos não-paramétricos são utilizados para verificar uma hipótese que

necessite de extração. Segundo Siegel (2006 p.71), “o teste de uma amostra é, em

geral, uma prova de aderência”.

Para testar a amostra nesse trabalho, foram utilizados os testes de

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk, que basicamente cumprem a mesma função:

verificar se os dados seguem uma distribuição normal.

Conforme o quadro 29, observando a coluna "Sig" (significância) nos testes,

pode-se ver que (há menos de um caso único para o teste de Kolmogorov-Smirnov)

o valor é sempre menor que 0,05 o que rejeita a hipótese nula de que os dados

coletados sigam uma distribuição normal.

QUADRO 29 - TESTE DE NORMALIDADE

Kolmogorov-Smirnov(a) Shapiro-Wilk

Statistic df Sig. Statistic df Sig.

Prêmio 0,392 18 0,000 0,624 18 0,000

Posicionamento 0,293 18 0,000 0,757 18 0,000

Margem 0,350 18 0,000 0,730 18 0,000

Custos 0,516 18 0,000 0,377 18 0,000

Vendas 0,199 18 0,059 0,814 18 0,002

Design 0,516 18 0,000 0,377 18 0,000

Imagem 0,359 18 0,000 0,713 18 0,000

Desenv_como_custo 0,428 18 0,000 0,578 18 0,000

Desenv_como_invest 0,484 18 0,000 0,433 18 0,000

Exportar 0,341 18 0,000 0,721 18 0,000

ProcessoExportaca 0,470 18 0,000 0,560 18 0,000

AcaoInovadora 0,305 18 0,000 0,681 18 0,000

Consumidor 0,413 18 0,000 0,656 18 0,000

NovosProdutos 0,346 18 0,000 0,696 18 0,000

Dialogos 0,338 18 0,000 0,647 18 0,000

Lilliefors Significance Correction

FONTE: A autora (2011)

Page 104: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

104

O efeito disso é que se torna necessário, então, o uso de uma correlação não-

paramétrica (Spearman) no lugar de uma correlação paramétrica (Pearson).

Para medir se dois conjuntos de escores estão relacionados e quais seus

graus de correlação, utilizam-se testes de significância. O coeficiente de correlação

aplicado foi o de Sperman.

Ele é uma medida de associação entre duas variáveis que requer que ambas as variáveis sejam medidas pelo menos em uma escala ordinal, de modo que os objetos ou indivíduos em estudo possam ser dispostos e postos em duas séries ordenadas (SIEGEL,2006, p.266).

A partir das respostas dos questionários aplicados nas empresas, foi possível

fazer uma análise estatística. Para as respostas contabilizadas, sugeridas nas cinco

alternativas de gradação conforme a escala likert, foram atribuídos valores de 1 a 5.

Estes valores foram transferidos para o software SPSS13 que originou uma matriz.

Essa matriz traz os indicadores de design e suas devidas correlações.

A matriz gerada com todas as correlações podem ser observadas no Anexo 2.

Porém há necessidade de se evidenciar as correlações constatadas que ocorreram

na análise, totalizando cinco cruzamentos que indicam certa relevância, sendo

apenas uma correlação com gráfico descendente (negativo). São elas:

a) Houve relevância quando a conquista do prêmio alterou a percepção

sobre a imagem da empresa, também houve elevação no

posicionamento das empresas em relação ao mercado;

b) Houve relevância quando a conquista do prêmio alterou a percepção

sobre a imagem da empresa e as empresas relatam que o design

trouxe diferenciais competitivos;

c) Mostrou-se relevância quando a empresa percebeu aumento nas

facilidades no processo de exportação, estas mesmas empresas

notaram redução em alguns custos;

d) Apresentou-se relevância quando as empresas conquistaram a

premiação, aumentaram os diálogos externos entre fornecedores,

empresas terceirizadas e centros de P&D e consequentemente

também elevaram seu posicionamento em relação ao mercado.

e) A única correlação descendente, portanto negativa foi constatada

quando a empresa não conquistou outros prêmios internacionais,

também não percebeu aumento na em sua margem de lucro.

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105

A seguir pode-se contemplar o quadro de correlações gerado com corte para

melhor visualização e destaque das relevâncias encontradas.

QUADRO 30 - RECORTE DO QUADRO DE CORRELAÇÕES EVIDENCIANDO AS RELEVÂNCIAS

FONTE: A autora (2011)

Para o melhor entendimento da matriz gerada anteriormente, se faz

necessário destacar os oito indicadores propostos com sua(s) respectiva(s)

categoria/variável respondida pela empresa.

Uma observação importante é a quantidade de variáveis inseridas na matriz

que totalizam 15 devido ao fato de que alguns indicadores necessitam de mais de

uma variável para ser contemplado, como por exemplo, o Indicador 1 (I1) que

precisa questionar a empresa sobre dois fatos: a conquista de outros prêmios e a

elevação de posicionamento em relação ao mercado.

Correlations

1,000 ,237 -,570** ,224 ,280 ,276 ,224

. ,235 ,002 ,252 ,158 ,181 ,293

28 27 27 28 27 25 24

,237 1,000 ,124 -,096 ,451* ,416* ,685**

,235 . ,537 ,634 ,021 ,043 ,000

27 27 27 27 26 24 23

-,570** ,124 1,000 ,052 ,209 -,136 ,099

,002 ,537 . ,798 ,305 ,527 ,654

27 27 27 27 26 24 23

,224 -,096 ,052 1,000 -,042 ,160 -,080

,252 ,634 ,798 . ,837 ,444 ,711

28 27 27 28 27 25 24

,280 ,451* ,209 -,042 1,000 ,065 ,293

,158 ,021 ,305 ,837 . ,764 ,175

27 26 26 27 27 24 23

,276 ,416* -,136 ,160 ,065 1,000 ,522**

,181 ,043 ,527 ,444 ,764 . ,009

25 24 24 25 24 25 24

,224 ,685** ,099 -,080 ,293 ,522** 1,000

,293 ,000 ,654 ,711 ,175 ,009 .

24 23 23 24 23 24 24

-,205 -,136 ,438* ,255 ,146 -,308 -,082

,316 ,516 ,028 ,208 ,487 ,134 ,703

26 25 25 26 25 25 24

-,256 -,091 ,106 ,142 -,167 -,149 -,292

,228 ,680 ,630 ,507 ,436 ,496 ,187

24 23 23 24 24 23 22

,166 ,193 ,125 ,266 ,406* ,232 ,224

,407 ,345 ,544 ,179 ,039 ,264 ,294

27 26 26 27 26 25 24

,144 -,051 ,084 ,736** ,114 ,215 -,074

,493 ,813 ,696 ,000 ,586 ,312 ,736

25 24 24 25 25 24 23

-,037 ,055 ,081 -,087 -,046 -,330 -,069

,861 ,798 ,708 ,681 ,832 ,133 ,766

25 24 24 25 24 22 21

,196 ,007 -,085 -,148 ,296 ,042 ,123

,328 ,973 ,681 ,460 ,142 ,844 ,576

27 26 26 27 26 24 23

,220 ,295 ,091 ,169 ,161 ,216 ,283

,261 ,135 ,653 ,390 ,422 ,299 ,180

28 27 27 28 27 25 24

,215 ,510** -,054 -,313 ,120 ,295 ,430*

,281 ,008 ,792 ,112 ,559 ,161 ,041

27 26 26 27 26 24 23

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Correlation Coefficient

Sig. (2-tailed)

N

Premio

Posicionamento

Margem

Custos

Vendas

Design

Imagem

Desenv_como_custo

Desenv_como_invest

Exportar

ProcessoExportaca

AcaoInovadora

Consumidor

NovosProdutos

Dialogos

Spearman's rhoPremio

Posicionamento Margem Custos Vendas Design Imagem c

Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).**.

Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).*.

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106

QUADRO 31 - RELAÇÃO DE INDICADORES E RESPECTIVOS QUESTIONAMENTOS

NÚMERO INDICADOR CATEGORIA/VARIÁVEL

I1 Premiações e posicionamento no mercado

Conquista de outros prêmios

Elevação de posicionamento

I2 Lucratividade Aumento da margem de lucro

Redução de custos

I3 Qualidade e diferenciação Aumento das vendas

Diferenciais pelo design I4 Comunicação corporativa Imagem da empresa

I5 Execução Desenv_como_custo

Desenv_como_investimento

I6 Exportação Oportunizar a exportação

Facilidade na exportação

I7 Inovação e informação Ação Inovadora

Pesquisa no consumidor

Novos Produtos I8 Inter-relações Instigar diálogos

FONTE: A autora (2011)

Durante as análises estatísticas descritivas globais, as maiores médias

obtidas estão relacionadas aos indicadores I3, I4 e I5 que questionam as empresas,

respectivamente se o design trouxe diferenciais competitivos; se a conquista do

prêmio alterou a percepção sobre a imagem; e ainda, se o design no processo de

desenvolvimento é tido como investimento. No quadro 32, destacam-se as maiores

médias alcançadas.

A partir da observação visual dos gráficos da matriz de correlação,

observáveis no Anexo 3, é possível verificar que o coeficiente de correlação é

positivo quando a reta de mínimos quadrados tem coeficiente angular ascendente e

é negativo quando a reta é descendente. Quando a reta não sofre inclinação,

pressupõe-se que não há correlação.

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107

QUADRO 32 - MÉDIAS DESCRITIVAS GLOBAIS DAS CATEGORIAS ANALISADAS

Núm. válidos Média

I1 - Prêmio 28 0,392857

I1 - Posicionamento 27 3,851852

I2 - Margem 27 2,592593

I2 - Custos 28 1,464286

I3 - Vendas 27 3,185185

I3 - Design 25 4,84

I4 - Imagem 24 4,5

I5 - Desenv_como_custo 26 2,153846

I5 - Desenv_como_invest 24 4,625

I6 - Exportar 27 2,592593

I7 – Processo Exportação 25 1,64

I7 - AçãoInovadora 25 2,84

I7 - Consumidor 27 1,925926

I7 - NovosProdutos 28 2,607143

I8 - Diálogos 27 3,666667FONTE: Elaborado pela autora

Por fim, a análise estatística e suas correlações foram de extrema importância

para o cruzamento dos dados obtidos do questionamento feito às empresas. E

ainda, após esses cruzamentos, a análise permitiu observar a detecção ou não de

relevância em determinadas triangulações.

Todas essas informações absolutas e analíticas desse capítulo embasam o

discurso para a finalização e as conclusões da pesquisa a respeito dos ganhos

competitivos das empresas brasileiras vencedoras no prêmio internacional de design

IF Product Design Award.

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108

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar esse trabalho de pesquisa é importante destacar os atores

envolvidos com a premiação de empresas brasileiras em um concurso internacional

de design bem como seus beneficiários. Acredita-se na força da ferramenta design

para gerar competitividade, qualidade e potencialidades para o país (governo);

compreende-se os desafios encontrados para o desenvolvimento de novas

abordagens em produtos (designers); identifica-se a percepção e a valorização do

novo produto concebido (consumidor); e por fim, vislumbram-se ganhos competitivos

que trarão reflexos para os negócios (empresas).

Identificar os principais beneficiários é potencializar os resultados advindos

das pesquisas, análises e observações e, conseqüentemente, direcionar as

percepções para um melhor aproveitamento. Moraes (1999) coloca os principais

atores a quem esta pesquisa se direciona:

É importante que designers e fabricantes, juntos, exerçam o papel de ombudsman. Antes de iniciar e desenvolver um produto, é necessário tecer críticas sobre o conceito do objeto proposto, refletir, questionar e repensar a necessidade real de uso e as verdadeiras chances do produto no mercado-alvo. [...] Caberia, então, aos designers e às indústrias desempenharem o papel de mediadores para uma melhor integração entre o produto e o usuário, uma vez que os objetos chegariam mais bem resolvidos ao mercado e teriam mais chances de obter sucesso junto aos consumidores (MORAES, 1999, p.121).

Empresários, designers, consumidores e órgãos governamentais podem

usufruir das informações que se seguem para os momentos de tomada de decisão

em relação aos ganhos competitivos que o design pode trazer quando a prospecção

acontece em prêmios internacionais de design.

5.1 CONCLUSÕES

A partir da relevância do referencial teórico levantado e da obtenção de

informações junto às empresas vencedoras no prêmio IF Product Design Award nos

anos de 2008 a 2011 é possível fazer as considerações finais a respeito dos itens

propostos no capítulo 1.2.2 do presente estudo.

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109

Levantar o estado da arte do design sob a ótica empresarial

A significância da palavra design nos meios empresariais foi de extrema

importância para se direcionar o foco da pesquisa, uma vez que as interpretações

são muitas vezes distintas e outras complementares. Houve uma preocupação

constante em se buscar o direcionamento mercadológico, para isso foram feitas

argumentações e equivalências com outros termos de mais fácil interpretação,

como: qualidade, criatividade, emoção, necessidade, conhecimento, utilidade, forma

e funcionalidade, interdisciplinaridade, método, estratégia e competitividade.

Buscou-se disseminar o design como solucionador de problemas e importante

ferramenta para criar a diferenciação competitiva, buscando soluções e antecipando

tendências.

Fazer um levantamento dos principais prêmios internacionais de design

O levantamento sobre os principais prêmios internacionais de design destaca

a necessidade de interpretações nacionais sobre esse universo. Essa pesquisa foi

necessária devido ao fato da atual economia estar cada vez mais globalizada, na

qual os produtos são desenvolvidos para uma sociedade mais crítica, que recebe

informação de diversos meios e locais e que sabe hoje discernir e escolher sobre um

produto mais eficiente. Esses produtos passam pelo crivo internacional dos prêmios

levantados: Good Design Award, International Design Excellence Award, Red Dot

Design Award e International Forum Design Awards.

Destacam-se algumas informações relevantes no quadro 02, que foram

tratadas de forma comparativa: (a) número de edições ocorridas: os prêmios

analisados possuem mais de 30 edições ininterruptas; (b) quantidade de inscrições

recebidas anualmente: a análise detecta mais de 1.800 inscrições por ano; (c) o

grande número de países que participam das premiações: de 30 a 61 países

participantes.

A partir de uma avaliação de similaridade de critérios utilizados em concursos

mundiais de design, percebe-se que o bom design internacional contempla alguns

requisitos, segundo Demiribilek e Park (2001): funcionalidade, eficiência, estética,

atratividade, facilidade de uso, comodidade para o usuário e estabelecimento de

novos padrões a serem seguidos, gerando uma ideia original. Nesse contexto é

importante destacar que a pesquisa alertou para algumas atitudes predatórias à

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110

prática do design no que se refere a concursos não institucionalizados e

especulativos.

No levantamento proposto, merece destaque uma iniciativa brasileira e inédita

mundialmente, o Programa Design & Excellence Brazil. Sob a chancela do governo

federal e coordenação do Centro de Design Paraná, o programa tem o objetivo de

promover o design brasileiro no exterior, subsidiando as empresas com apoio

logístico, financeiro e de mídia.

Levantamento das empresas vencedoras do prêmio IF Product Design

Award, analisando o seu perfil em termos de tamanho, setor de atividade e

a forma de inserção do design:

Do universo de 52 empresas brasileiras vencedoras no prêmio internacional

nos últimos quatro anos, de 2008 a 2011, pode-se destacar algumas informações

importantes. Quanto ao porte dessas empresas, existe muita homogeneidade, pois

as empresas de médio porte alcançam 28%, vindo seguidas pelas micro e grandes

empresas com aproximadamente 26% cada. As empresas de pequeno porte

atingem o menor número de participação com 17%. Porém para registro nacional, as

micro e pequenas empresas são notoriamente agrupadas, sendo assim, equivalem a

43% do total de premiadas. Quanto à distribuição geográfica dessas empresas,

contatou-se que 50% estão localizadas na região Sudeste, 48% na região Sul e

apenas 2% na região Nordeste. Com relação ao segmento de atuação dessas

empresas, há uma maior concentração, pelo menos 55% do total, dos setores de

móveis e têxteis, iluminação e utensílios domésticos, artigos para casa e cozinha.

Finalizando essa análise, em relação ao uso do design no processo de

desenvolvimento, há praticamente um empate entre as empresas que utilizam

equipes de designers externos (52%) e as que utilizam designers internos (48%).

Identificar os ganhos competitivos das empresas brasileiras no processo

seletivo do prêmio IF Product Design Award

O pressuposto que um produto é bem concebido e reconhecido quando

contempla equilíbrio entre forma, produção e custo deve ser validado também por

variáveis comportamentais em relação à conquista de premiações.

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Borges (1996) indica alguns fatores que motivam a participação em

concursos: (i) Credibilidade: respeito pela empresa e reconhecimento do trabalho de

design; (ii) Visibilidade: evidenciar o produto e a empresa; (iii) Diversidade retratada:

a saudável comparação com outros produtos.

Os autores abaixo mediram o design nos negócios e serviram de base

conceitual para o levantamento dos ganhos competitivos:

- Walsh, Roy, Bruce e Potter (1992) que pesquisaram durante 7 anos, 31

empresas inglesas do setor de plásticos e 8 que utilizavam o design;

- Piirainen (2001) que tratou os benefícios do design na competitividade;

- Mozota (2002) que pesquisou o impacto do design na economia com

33 micro e pequenas empresas em 14 países europeus;

- Lemos (2006) identificou os benefícios que 14 empresas dos estados

de Santa Catarina e Rio Grande do Sul conquistaram com design;

- CNI e PBD (1998) aplicação de pesquisa com 500 empresas nacionais;

- ADP (2009) estudo com empresas de 10 setores produtivos.

Após análise dos autores e seus respectivos indicadores, foi construído um

quadro com critérios de sobreposição. Os indicadores totais, agrupados por tema,

foram eleitos com base na sua aparição em pelo menos 50% dos autores, ou seja,

pelo menos 3 autores precisavam contemplar os indicadores em suas pesquisas

para estes fizessem parte do grupo final que norteou a pesquisa.

Em síntese, as empresas que participaram da pesquisa, foram abordadas sob

8 temas. São eles: Premiações e posicionamento no mercado; Lucratividade;

Qualidade e diferenciação; Comunicação corporativa; Execução; Exportação;

Inovação e informação; e Inter-relações.

De forma conclusiva, as empresas que participaram dessa análise

perceberam os seguintes ganhos competitivos, vencendo o prêmio internacional de

design IF Product Design Award:

1) Aumento nas vendas;

2) Constatação que o design trouxe diferenciais competitivos em relação

ao setor produtivo que atua;

3) Alteração na percepção da imagem da empresa;

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4) Elevação no posicionamento das empresas em relação ao mercado;

5) Estímulo ao diálogo entre equipes de departamento diferentes.

Além disso, algumas correlações positivas podem também ser mencionadas e

resumidas .

- Alteração na percepção sobre a imagem da empresa, relacionada tanto com

a elevação no posicionamento das empresas em relação ao mercado como quanto

ao design ter trazido diferenciais competitivos em relação ao setor produtivo;

- Aumento nas facilidades no processo de exportação com a redução de

alguns custos; e

- Aumento dos diálogos externos entre fornecedores, empresas terceirizadas

e centros de P&D com a elevação do posicionamento em relação ao mercado.

Os resultados da participação no prêmio internacional IF Product Design

Award mostram-se de forma positiva e a conquista do prêmio fortalece o

posicionamento de produtos e empresas no mercado interno.

5.2 ESTUDOS FUTUROS

A presente pesquisa não busca esgotar o assunto abordado, possibilitando

algumas indicações de abordagens futuras:

- Aumentar a abrangência de pesquisas com empresas brasileiras em

outros prêmios internacionais de design;

- Investigar com outras empresas, em âmbito internacional, os ganhos

competitivos obtidos com a participação no mesmo prêmio, IF Product

Design Award;

- Aprofundar indicadores econômicos e de investimento das empresas

em relação às estratégias para busca de validações em premiações

nacionais e internacionais;

- Elencar prioridades para as empresas brasileiras na busca de

premiações nacionais e internacionais de design;

- Formatar diretrizes de política pública para chancelar premiações de

design no Brasil.

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ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO EMPRESAS

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QUESTIONÁRIO

O presente questionário quantitativo é parte integrante de um projeto de pesquisa de mestrado, que conta com o apoio do Programa Design & Excellence Brazil. O objetivo dessas perguntas é identificar os reais ganhos competitivos que a participação no processo seletivo no IF Product Design Award proporciona às empresas participantes.

Solicito a sua autorização para utilizar as informações fornecidas neste questionário, de forma confidencial, para uso no referido projeto, sem identificação das empresas.

( ) autorizo ( ) não autorizo

Agradeço antecipadamente sua disponibilidade em contribuir.

DADOS DA EMPRESA LOCALIZAÇÃO:

CIDADE:

ESTADO: PORTE:

( ) MICRO ( ) MÉDIA ( ) PEQUENA ( ) GRANDE

DESIGN NO PROCESSO:

( ) EQUIPE INTERNA ( ) EQUIPE EXTERNA

DADOS DA EMPRESA NOME:

ANO DE FUNDAÇÃO:

SETOR DE ATIVIDADE (CONFORME CNAE):

ANO DA PREMIAÇÃO:( ) 2008 ( ) 2009 ( ) 2010 ( ) 2011

A EMPRESA GANHOU OUTROS PRÊMIOS INTERNACIONAIS ALÉM DO IF PRODUCT DESIGN AWARD? ( ) SIM. QUAIS? ___________________________________________ ( ) NÃO A EMPRESA ELEVOU SEU POSICIONAMENTO EM RELAÇÃO AO MERCADO APÓS A CONQUISTA DO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ? ( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO A EMPRESA AUMENTOU SUA MARGEM DE LUCRO APÓS A CONQUISTA DO PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ? ( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO A EMPRESA REDUZIU SEUS CUSTOS APÓS CONQUISTAR O PRÊMIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ? ( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO A EMPRESA PERCEBEU AUMENTO NAS VENDAS DO PRODUTO PREMIADO, APÓS O PRÊMIO?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO O DESIGN TROUXE DIFERENCIAIS COMPETITIVOS PARA A EMPRESA EM RELAÇÃO AO SETOR PRODUTIVO QUE ATUA?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO A CONQUISTA DO PRÊMIO ALTEROU A PERCEPÇÃO SOBRE A IMAGEM DA EMPRESA?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO

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O DESIGN NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO É TIDO PELA EMPRESA COMO CUSTO ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO O DESIGN NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO É TIDO PELA EMPRESA COMO INVESTIMENTO ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO O PRÊMIO OPORTUNIZOU A EMPRESA A EXPORTAR ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO HOUVE ALGUMA FACILIDADE NO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO APÓS CONQUISTAR O PRÊMIO ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO PARTICIPAR DA PREMIAÇÃO TROUXE ALGUMA AÇÃO INOVADORA PARA A EMPRESA ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO APÓS A PREMIAÇÃO, A EMPRESA ADOTOU PESQUISAS DIRECIONADAS AO CONSUMIDOR ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO APÓS A PREMIAÇÃO HOUVE ACELERAÇÃO NO LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS ?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO A PREMIAÇÃO INSTIGOU DIÁLOGOS ENTRE EQUIPES INTERNAS DE DEPARTAMENTOS DIFERENTES?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO A PREMIAÇÃO INSTIGOU DIÁLOGOS EXTERNOS ENTRE: FORNECEDORES, EMPRESAS TERCEIRIZADAS, CENTROS DE P&D?( ) NÃO ( ) MUITO POUCO ( ) POUCO ( ) RAZOÁVEL ( ) MUITO

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ANEXO 2 - QUADRO DE CORRELAÇÕES

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ANEXO 3 - GRÁFICO DAS CORRELAÇÕES

Page 124: Ana Leocádia Brum · FIGURA 03 - JAPAN DESIGN, ANUÁ-RIO DO PRÊMIO GOOD DESIGN AWARD, 2008 ..... 37 FIGURA 04 - LOGOMARCA DO ... SELO DO PRÊ-MIO IF PRODUCT DESIGN AWARD ... IDSA

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