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Anais do VI Colóquio sobre o ensino de Arte AAESC 11 a 13 de agosto de 2010 35 Associação de Arte Educadores de Santa Catarina Local: Faculdades SENAC ISSN: 2179-5452 ENTRE TRAÇOS: EDUCAÇÃO E A ARTE DA RESSIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM ATRAVÉS DE CHARGES COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO - A EXPERIÊNCIA DO LENDO E RELENDO PALHANO, Marlete Dias RESUMO Buscar subsídios que possibilitem desenvolver uma prática pedagógica com maior qualidade através de charges foi o objetivo desencadeador deste estudo. Neste sentido, a partir da experiência do programa Lendo e Relendo, buscou-se ações que fundamentassem os conhecimentos escolares e resgatassem a iniciativa e a criatividade por parte dos educadores com o intuito de integrar saberes, associando a arte e o cientifico com a realidade da criança. Pensar com autonomia em Arte significa desenvolver a capacidade de iniciativa e criatividade responsáveis pela conquista do conhecimento através de desafios ao pensamento. Nesse sentido, a experiência aqui relatada, possibilitou resgatar a charge como representação do real e da multiplicidade dos fenômenos propostos pela realidade para a efetivação de uma aprendizagem real dos conteúdos escolares nos diferentes níveis de ensino. Palavras-chave: Arte. Charge. Aprendizagem. 1. Primeiro traço: introdução Dada a auto-definição da mídia apresentada por Fonseca (2004) como “pilar da democracia liberal”, é interessante que haja uma análise do jornal a ser utilizado em sala de aula como ferramenta pedagógica. Neste contexto encontra-se a história da arte com sua especificidade não só com materiais e suportes para o desenvolver determinados temas e estudos, mas o seu ato criador manifestado através da arte e contribuindo assim para a sua formação cultural. Diante desta constatação, a escolha da problemática “Educação e a Arte da Ressignificação da imagem através de charges como instrumento pedagógico” se justifica pelo interesse de pesquisar de que modo os educadores vem utilizando os diversos recursos disponíveis nos jornais em especial a charge como um instrumento que contribua para o crescimento do educando como um sujeito ativo, participante da história de sua comunidade. A idéia equivocada de que a charge não tem um respeito maior por alguns segmentos e/ou personagens da sociedade e a falta de percepção do senso crítico que se faz presente nas caricaturas que compõem as charges, me levou a estudar este tema. Neste sentido, partindo do pressuposto de que a utilização de charges possibilitará compreender as relações sócio educativas de forma crítica e criativa

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ENTRE TRAÇOS: EDUCAÇÃO E A ARTE DA RESSIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM

ATRAVÉS DE CHARGES COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO - A

EXPERIÊNCIA DO LENDO E RELENDO

PALHANO, Marlete Dias

RESUMO

Buscar subsídios que possibilitem desenvolver uma prática pedagógica com maior qualidade através de charges foi o objetivo desencadeador deste estudo. Neste sentido, a partir da experiência do programa Lendo e Relendo, buscou-se ações que fundamentassem os conhecimentos escolares e resgatassem a iniciativa e a criatividade por parte dos educadores com o intuito de integrar saberes, associando a arte e o cientifico com a realidade da criança. Pensar com autonomia em Arte significa desenvolver a capacidade de iniciativa e criatividade responsáveis pela conquista do conhecimento através de desafios ao pensamento. Nesse sentido, a experiência aqui relatada, possibilitou resgatar a charge como representação do real e da multiplicidade dos fenômenos propostos pela realidade para a efetivação de uma aprendizagem real dos conteúdos escolares nos diferentes níveis de ensino. Palavras-chave: Arte. Charge. Aprendizagem.

1. Primeiro traço: introdução

Dada a auto-definição da mídia apresentada por Fonseca (2004) como

“pilar da democracia liberal”, é interessante que haja uma análise do jornal a ser

utilizado em sala de aula como ferramenta pedagógica. Neste contexto encontra-se

a história da arte com sua especificidade não só com materiais e suportes para o

desenvolver determinados temas e estudos, mas o seu ato criador manifestado

através da arte e contribuindo assim para a sua formação cultural.

Diante desta constatação, a escolha da problemática “Educação e a

Arte da Ressignificação da imagem através de charges como instrumento

pedagógico” se justifica pelo interesse de pesquisar de que modo os educadores

vem utilizando os diversos recursos disponíveis nos jornais em especial a charge

como um instrumento que contribua para o crescimento do educando como um

sujeito ativo, participante da história de sua comunidade. A idéia equivocada de que

a charge não tem um respeito maior por alguns segmentos e/ou personagens da

sociedade e a falta de percepção do senso crítico que se faz presente nas

caricaturas que compõem as charges, me levou a estudar este tema.

Neste sentido, partindo do pressuposto de que a utilização de charges

possibilitará compreender as relações sócio educativas de forma crítica e criativa

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associando a construção de personagens e imagens às releituras das diferentes

realidades sociais. Identificar os processos teóricos metodológicos da arte enquanto

ação criadora, criativa e mediadora na formação sócio-educativa, tendo no

significado do uso pedagógico da charge um instrumento de reflexão, fundamentada

na experiência de criação do Programa Lendo e Relendo, foi o objetivo principal que

norteou esta pesquisa.

Para dar conta deste objetivo, fez-se necessário traçar um caminho de

pesquisas e descobertas a ser percorrido. Neste sentido, esta pesquisa caracteriza-

se por um estudo qualitativo descritivo.

Esta pesquisa é também resultado de um estudo de caráter

exploratório, tendo como público alvo os educando e educadores que participam das

oficinas do Programa “Lendo e Relendo”, que oferece o jornal como ferramenta de

aprendizagem, atualização dos fatos, recursos pedagógicos, visão da história

atualizada e integrada ao contexto social em que vivemos, com leitura de mundo,

interpretação e crítica, possibilitando ao educando exercitar a cidadania e interagir

com a comunidade estudantil, viabilizando a contribuição social.

A coleta dos dados ocorreu, através da observação da dinâmica das

oficinas de charge realizadas pelo Programa “Lendo e Relendo” com observação

das produções e registro de falas abertas dos professores a respeito das análises

feitas sobre as charges apresentadas no decorrer das atividades desenvolvidas.

Por se tratar de um estudo a ser desenvolvido no campo de trabalho da

pesquisadora, esta pesquisa adquiriu um caráter participante

2. Segundo traço: educação, arte e charge

Reconhecendo a educação como uma atividade sistemática de

interação entre seres sociais, tanto ao nível do intrapessoal, quanto ao nível da

influência do meio, visando provocar sobre os sujeitos mudanças que os torne

elementos ativos perante ação exercida sobre eles; os objetivos da escola se

confundem com a ação exercida sobre crianças e adolescentes, para torná-las aptas

a viver numa determinada sociedade. A ação pedagógica é o traço de união entre o

indivíduo e o social. Se o que caracteriza a sociedade são as relações entre as

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classes sociais, que são relações de contradição em função de interesses que são

distintos, essa contradição também existe na escola, já que ela é uma manifestação

particular da sociedade.

Neste contexto, Arte Educação não significa o treino para alguém se

tornar artista. Ela pretende ser uma maneira mais ampla de abordar o fenômeno

educacional, considerando-o não apenas como transmissão simbólica de

conhecimento mas como processo educativo formativo humano. A Proposta

Curricular do Estado de Santa Catarina (1998, p. 193), descreve bem esta

concepção da arte, quando se fundamenta no pressuposto de que:

arte gera conhecimento. Possuidora de um campo teórico específico, relaciona-se com as demais áreas, desenvolve o pensamento artístico e a reflexão estética. Compreende e identifica (...) a arte como fato contextualizado nas diversas culturas e, através dessa dimensão social, possibilita o (...) modo de perceber, sentir e articular significados e valores que governam os diferentes tipos de relações entre os indivíduos na sociedade.

Assim, o ensino da Arte deve acontecer através do Fazer Artístico, da

História da Arte e da Apreciação da Arte, como propõe a Proposta Triangular. Nesta

metodologia, a pesquisa e a compreensão das questões que envolvem o modo de

inter-relacionamento entre o público e a Arte são fundamentais. A escola deve ser

um lugar onde se possa exercer o princípio democrático de acesso à informação

estética de todas as classes sociais, proporcionando uma aproximação entre os

códigos culturais de diferentes grupos da sociedade. Através da Arte deve-se buscar

os meios que venham desenvolver nos educandos o sentimento, a sensibilidade, a

percepção, o tato, a intuição, o pensamento, relacionando-os com o mundo exterior,

ajustando-os ao seu mundo interior.

A charge parece oferecer essas possibilidades decorrente do fato de

não ser uma mera história em quadrinhos, mas sim, um estilo de ilustração que tem

por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com

uma ou mais personagens envolvidas.

Deste modo, assim como outros métodos lúdicos utilizados pelos

educadores para a aprendizagem dos conteúdos curriculares desejados, apresenta-

se neste estudo a charge como um recurso pedagógico que unindo a imagem ao

texto faz com que o educando consiga entender o que se passa, e não tenha que

decorar ou repetir de modo memorizado os assuntos abordados no decorrer do ano

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letivo.

3. Programa Lendo e Relendo

Numa análise da relevância social do jornal nos dias atuais, Pavani,

Junquer e Cortez (2007, p. 9) discorrem:

Para o jornal, a regionalidade faz a diferença, porque trata de assuntos que compõem o cotidiano de seus leitores e apresenta-se como uma tribuna popular, na qual os cidadãos podem participar das questões que julgam importantes para o desenvolvimento da comunidade.

Partindo desta premissa, o Programa Lendo e Relendo, lançado em

agosto de 2004, teve sua origem na constante preocupação do Jornal Correio

Lageano em desenvolver e apoiar iniciativas que visem o desenvolvimento regional

sustentável.

Tendo como premissa que todo processo de desenvolvimento passa

pela formação crítica das pessoas, foi buscar em experiências similares uma

alternativa de interagir diretamente com o meio educacional. E depois de conhecer

alguns trabalhos, incentivados pela Associação Nacional de Jornais – ANJ,

desenvolveu seu próprio programa, dentro da realidade local, contemplando tanto os

educandos quanto os educadores, dentro de uma proposta inovadora de

investimento na comunidade. Assim surgiu o Programa Lendo e Relendo.

O Programa Lendo Relendo tem como visão o desenvolvimento de

projetos de educação, cultura, empreendedorismo, cuja meta primeira é seu

reconhecimento no Sul do Brasil pelos resultados dos projetos desenvolvidos,

projetando-se modelos nas atividades e serviços realizados junto à comunidade.

No intuito de contribuir na oferta de recursos para que os educadores

possam mudar essa realidade, através deste programa o Jornal Correio Lageano

tem como objetivo incentivar a leitura através das informações oferecidas pelo jornal.

Aprimorar e ampliar o vocabulário e por conseqüência a capacidade de expressão.

Desenvolvendo o senso crítico através do conhecimento e da reflexão a cercados

fatos, da região, do país e do mundo.

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Quadro 1: Público contemplado pelo programa “Lendo e Relendo”.

ANO ESCOLAS EDUCADORES EDUCANDOS

2004 06 120 2.500

2005 12 190 3.500

2006 14 270 4.200

2007 18 300 7.500 2008 31 800 12.00

2009 41 1200 15.00 Fonte: Instituto José Paschoal Baggio, 2009.

O programa contemplou conforme mostra o quadro 1, ano após ano

um número maior de escolas da rede pública e privada.

O Lendo e Relendo é publicado quinzenalmente às quartas-feiras e

distribuído gratuitamente, um informativo dirigido às escolas, educadores e

educandos participantes do Programa.

Entre as atividades que congregam as modalidades de interesse

educacional do Jornal Correio Lageano, semanalmente acontece as Visitas no

jornal, Correio Lageano, onde educandos e educadores acompanham o processo

gráfico, desde a pauta até a impressão do mesmo, visando a contextualização do

jornal em sala de aula.

Além disso através do programa Lendo e Relendo o jornal Correio

Lageano também promove as seguintes atividades/eventos culturais:

Maratona do Conhecimento

Bienal do Livro de Santa Catarina

Lendo Relendo no Parque

Tarde Cultural

4. As práticas da charge: o saber e o fazer (oficinas)

A qualidade e ensino e a formação de educadores são prioridades do

Programa Lendo e Relendo. Dessa forma, é organizado um calendário anual com

datas determinadas para a formação continuada envolvendo educadores e áreas do

conhecimento.

As contribuições destas oficinas no processo de qualificação

profissional dos educadores para a efetivação de uma prática pedagógica que

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LEITURA:

Ampliação do vocabulário

e da expressão oral27%

20%53%

ano 2007

ano 2008

ano 2009

INTERPRETAÇÃO:

Aperfeiçoamento do poder

de raciocínio e atualização30%

27%43% ano 2007

ano 2008

ano 2009

ESCRITA:

Aprimoramento da

ortografia em sala de aula 33%

27%40% ano 2007

ano 2008

ano 2009

incorpore o jornal como ferramenta de ensino pode ser observada no depoimento no

depoimento de uma auxiliar de Coordenação Pedagógica:

As oficinas que o Lendo e Relendo oferece visam o crescimento pessoal e a melhoria do desenvolvimento dos professores em sala de aula. Com o objetivo principal de fazer com que nossos alunos sejam cidadãos críticos, conscientes de seus deveres e formadores de opinião (BAGGIO, 2008, p. 19).

São comentários como estes que evidenciam a importância que o

Jornal Correio Lageano atribui ao investimento na formação de professores para

oportunizar o domínio do conhecimento com propriedade e aumentar sua

valorização. Despertar a vontade ler, apropriar-se do conhecimento é um dos

princípios do programa e, por isso, são oferecidas oficinas também para os

educandos, que nas escolas tornam-se multiplicadores de saber e apoio aos

professores como monitores de classe.

Como objetivo de quantificar as formações continuadas no Programa,

foi encaminhado no final de 2009 para as escolas um questionário para a avaliação

do desenvolvimento escolar dos educandos e mensurar o jornal como instrumento

pedagógico nas diversas áreas do conhecimento, aplicados em sala de aula. O

resultado desta pesquisa pode ser observado nos gráficos a seguir:

Figura 2: Gráfico do resultado da pesquisa de satisfação das escolas.

Fonte: Instituto José Paschoal Baggio, 2009.

Através dos gráficos pode-se observar que ano após ano, a parceria

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ente o Jornal Correio Lageano e o sistema educacional da região serrana do estado

de Santa Catarina vem contribuindo com o aprimoramento da ortografia na sala de

aula, ampliação do poder de raciocínio e atualização das noticias globais e

ampliação do vocabulário e da expressão oral dos educandos que participam das

atividades propostas pelo Programa Lendo e Relendo.

5. O público em formação envolvido no programa Lendo e Relendo

Diante de nossa experiência como educadora de arte em sala de aula

e com algumas dificuldades a cerca do processo da representação do desenho

através da charge, compartilhando da percepção de Arruda (2006, p. 33), quando

percebe o jornal como “uma estrutura estruturada e, portanto, estruturante,

anunciando os novos tempos e novos símbolos ou seja, criando instrumentos de

integração social, que começa a fazer parte da realidade neste fim de século”, e

deste novo milênio, que procurei desenvolver oficinas realizadas em uma instituição,

onde trabalho como ilustradora, com o objetivo de contextualizar o jornal como

instrumento pedagógico em sala de aula.

No primeiro momento foram realizadas as oficinas para os educadores

que fazem parte da rede municipal, estadual e particular, destas instituições que visa

o incentivo a leitura através das informações oferecidas pelo jornal.

Encontrei algumas dificuldades já que os educadores de arte eram

minoria, e os educadores das demais disciplinas, não tinha esta noção que o

processo poderia se tornar interdisciplinar, isto é, que pudessem ser

contextualizados de maneira reflexiva e crítica em todos os segmentos. Então

elaborei grupos de discussão nestas oficinas, a fim de contextualizar com os

educadores estratégias metodológicas que possibilitam desenvolver uma leitura de

imagem usando o jornal como instrumento de pesquisa, transformando essas

imagens de acordo com a linguagem visual e tornando o desenho mais reflexivo e

interdisciplinar, pois como destaca Ramalho (2005, p. 435):

O acesso as imagens não é de modo algum, um processo simples, talvez seja tão complexo quanto o universo mesmo do produtos visuais. O que propõe é um referencial mínimo para sua leitura, parâmetros possíveis de utilização na leitura de diversas imagens artísticas ou estéticas, uma abordagem construída aqui no nosso país, baseada na nossa realidade, que oriente para um modo de ver diferente do

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horizontal, uma estrutura básica a ser guarnecida com os outros conhecimentos, os já trazidos na bagagem do leitor e aqueles que ele terá vontade de buscar provocado pela proposta que é o texto estético, diante de si.

Como resultado, aos poucos os educadores participantes das oficinas

foram superando as formas alienadas de desenho (formados geralmente por uma

paisagem congelada através dos tempos, composta por uma casinha, uma árvore,

as vezes uma flor e aquele sol perfeito sorrindo no canto da folha), e vendo que nem

todas as casas são iguais, muitas árvores não possuem uma copa fechada, a

maioria das flores não possuem pétalas uniformes nem o sol está sempre sorrindo,

começaram a construir timidamente suas próprias charges.

Já as oficinas realizadas com os educandos do ensino fundamental e

ensino médio, foi interessante pela simpatia dos mesmos para com os textos visuais,

é inevitável, pois parece que a charge desperta ou possui atrativos a mais do que os

da linguagem verbal; mas a sua relação por vezes dificultada pelas experiências de

mundo que cada um traz consigo ou não.

Para alguns educandos ela traz o novo, para outros faz parte de suas

condições de produção. O trabalho em sala de aula pode ser tão completo quanto

aquele que se utiliza somente o texto escrito. Nasce aí, a primeira grande

curiosidade pessoal que é conhecer mais a fundo o processo de construção de

sentidos da charge, sua materialização e o que acrescentam de concreto ao

conhecimento do educando e/ou educador. A discussão também foi gerada em

grupo, onde buscou-se no primeiro momento a leitura de imagem através da

linguagem visual, o processo de como representar o desenho de acordo com a

realidade de maneira reflexiva e crítica.

Neste processo, o importante é fazer com que o educando perceba os

elementos constitutivos de uma charge a maioria dos casos (ilustrações e escrita) e

faz com que uma e outra tome corpo, que tenha uma significação.

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6. Terceiro traço: educação – inventar, ressignificar a charge como

instrumento pedagógico

Pavani, Junquer e Cortez (2007), apresentando o desenho de diversas

charges do grande chargista Dálcio, publicadas no Correio Popular questiona: Por

que as charges, como estas “são importantes para jornalistas e educadores?”

Figura 6: Charge de Dalcio, sobre a crise dos aeroportos.

Fonte: Pavani, Junquer e Cortez, 2007, p. 60.

Do ponto de vista jornalístico, as charges se encaixam no gênero opinativo, pois trazem em seu conteúdo uma crítica a um fato do cotidiano, a uma novidade, enfim, noticiam algo de maneira assumidamente opinativa. Já para os educadores, elas podem ser uma forma eficaz e divertida de se estudar história, geopolítica, noções de cidadania, aspectos culturais de um povo, problemas socioeconômicos etc., sem mencionar conceitos como metáforas (visuais ou não), ironia, sarcasmo (PAVANI, JUNQUER e CORTEZ, 2007, p. 59).

Tanto do ponto de vista jornalístico como pedagógico, observando as

produções de chargistas como José Carlos de Brito, Millôr Fernandes e Ziraldo, o

que faz com que a charge seja realmente eficaz é o fato de que ela explora assuntos

profundos, e que exigem reflexão, através de desenhos atraentes e com bom humor,

seduzindo um público que muitas vezes não tem paciência ou vontade de ler sobre

esses temas.

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Os chargistas utilizam-se da caricatura para fazer um comentário sobre

pessoas ou situações, chamando a atenção para uma característica que poderia

passar desapercebida.

O Brasil possui um time de craques da caricatura, dentre eles J. Carlos,

K. Lixto, Raul, Augusto Rodrigues, Ângelo Agostini, Nássara, Theo, Figueiroa,

Mendez, Guevara, Seth, Luis Peixoto, Belmonte, e muitos outros. Do período mais

recente, destacam-se Millôr, Lan, Ziraldo, Henfil, Jaguar e Chico Caruso.

As charges, muito mais do que meras ilustrações em mídias

alternativas no contexto socio-político-econômico vivenciado pela sociedade,

quebram paradigmas na linguagem jornalística habitual ao exigir do leitor reflexão e

crítica social a fim de entendê-las.

Elas se propõem a representarem o real carregado de subjetividade.

Segundo Teixeira (2005), “a especificidade de seu discurso – informação por

imagem – nos informa menos sobre a sociedade e mais do exercício de tolerância

política que ela assegura aos seus cidadãos”.

7. A charge no jornal

O jornal é visto por Arruda (2006, p. 21) como sendo:

Uma conquista, na medida em que representa a possibilidade de difusão de conhecimentos e de informações. Numa sociedade, num período de avanço tecnológico e mutações econômicas, o jornal oportuniza o aparecimento de novos sistemas para o registro e análise do cotidiano. As observações feitas por esse veículo, contêm percepções preciosas de nossa história.

Entre os diversos gêneros que compõem um jornal, pode-se citar: a

carta do leitor, o editorial, a notícia, a reportagem, a crônica, o artigo, o

fotojornalismo, o caderno especial, a edição especial, a entrevista, a coluna

jornalística, os classificados e a charge.

Esta diversidade de gêneros oferecida pelo jornal permite que o leitor

tenha a liberdade de escolher suas leituras, de acordo com seu interesse, elegendo

os cadernos que satisfaçam suas necessidades de leitor.

No que se refere especificamente ao gênero charge, tema deste

estudo, mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social onde

o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas

através do humor e da sátira. Para entender uma charge não precisa ser

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necessariamente uma pessoa culta, basta estar por dentro do que acontece ao seu

redor. A charge tem um alcance maior do que um editorial, por exemplo, por isso a

charge, como desenho crítico, é temida pelos poderosos. Não é a toa que quando se

estabelece censura em algum país, a charge é o primeiro alvo dos censores.

De acordo com Pavani, Junquer e Cortez (2007), a palavra charge vem

do francês charger que significa carga, exagero ou, até mesmo ataque.

Crítica, satírica, demolidora, a charge representa uma arma poderosa

da imprensa, por isso foram reprimidos por governos (principalmente impérios),

porém ganharam grande popularidade com a população, fato que acarretou sua

existência até os tempos de hoje em dia. É por isso que Pavani, Junquer e Cortez

(2007), destacam a necessidade do leitor possuir conhecimento dos principais fatos

políticos, econômicos e sociais da região e do país em que vive para poder entender

uma charge e interagir com o fato tratado pelo chargista.

A construção da charge muitas vezes também é baseada na remissão

de outros textos, verbais ou não, sem com isso perder sua singularidade decorrente

do modo perspicaz com que demonstra sua capacidade de congregar, num jogo de

polifonia a ambivalência, o verso e o reverso do que tematiza.

Assim, o chargista – por meio do desenho e da língua – utiliza o humor

para buscar o que está por trás dos fatos e personagens de que se trata. Ele afirma

e nega ao mesmo tempo, obrigando o leitor a refletir sobre fatos e personagens do

mundo atual, a interagir com uma intertextualidade.

8. As diferentes linguagens da arte tendo a charge como tema gerador

Atualmente está na boca de qualquer educador o pensamento de que a

escola, no trato com a Língua Padrão1 em seu cotidiano, deve procurar preservar as

funções sociais da linguagem oral e escrita.

Os textos - orais e escritos - têm usos reais e específicos nas

sociedades, fato freqüentemente desconsiderado pela escola que vem promovendo

o ensino de uma língua artificial, porque distante de seus usos e de seus

interlocutores. Cria, para tal, situações e exercícios desprovidos de significação -

1 Termo utilizado por Geraldi (2000) para se referir a variação lingüística trabalhada na escola.

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descontextualizados e escolarizados. O objetivo é “treinar” o desempenho do

educando em estruturas menores como a frase e a palavra, por acreditar que, só a

partir dessa prática preliminar, o educando poderá ter acesso aos textos, desde que

haja por parte do educador um controle, o que resulta numa hierarquização.

Normalmente, nos exercícios e nas provas de redação, a linguagem deixa de cumprir qualquer função real, constituindo-se uma situação artificial, na qual o estudantes, à revelia de sua vontade, é obrigado a escrever sobre um assunto em que não havia pensando antes, no momento em que não se propôs e acima de tudo, tendo que demonstrar ( esta é a prova) que sabe... (GERALDI, 2001, p.126).

Assim, deixando quase sempre de lado o caráter dialógico e social da

língua e da linguagem, a escola insiste em práticas mecânicas que sonegam o

objetivo de permanente diálogo e a interação da comunicação verbal.

Deste modo, ao fazer a análise das concepções que tem norteado a

Arte na Educação, percebe-se que a arte tem sido tomada como conhecimento

técnico, ora como expressão espontânea, perdendo-se de vista sua totalidade. Por

isso, o educador antes de entrar numa sala de aula, precisa ter bem claro o que vai

fazer e onde pretende chegar com o que será realizado, ou seja, para que não caia

nos extremos de levar o educando a simplesmente fazer ou simplesmente repetir.

Isto não significa negar que o aluno possua uma determinada leitura da realidade e o domínio de certas técnicas para sua expressão. Porém, isto deve ser considerado pela escola como ponto de partida. Cabe a esta, através do conhecimento sistematizado, possibilitar ao aluno as condições concretas para satisfação de sua necessidade de expressão, afirmação e interação com a realidade. (BOLSI, 2001, p. 4).

Para superar esses extremismos, é preciso que o educador tenha claro

que recuperar a arte como forma de conhecimento, trabalho e expressão é buscar a

totalidade do conhecimento artístico, para dar conta da necessidade humana de

expressão, afirmação e interação com a realidade através da charge. Para tal, é

preciso definir os conhecimentos necessários que contribuam para uma leitura e

representação da realidade através da arte.

9. Quarto traço: considerações finais

Vive-se numa sociedade “letrada”, e como tal, há infinitas formas de

informações como revistas, jornais, livros, cartazes, faixas, rótulos de embalagens,

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otdoors, etc.

Neste contexto, é muito importante trabalhar desde cedo a as

diferentes formas de produção textual uma vez que elas são por excelência uma

atividade que desenvolvem a criatividade, a capacidade de organização e

oportunizam ao educando uma cultura que lhe permite enfrentar o mundo com

coragem e determinação, desde que se oportunize as condições adequadas para o

desenvolvimento de tal atividade, pois, da mesma maneira que é difícil para o

educando compreender um texto, cujo assunto fuja do seu repertório de

experiências, é difícil para ele se posicionar sobre algo que não esteja claramente

representado em seu interior, ou diretamente ligado à sua vida.

Mas se por um lado isso representa um esboço do ideal, por outro, a

constatação de que a situação atual da educação no Brasil, não vem de encontro

com o potencial que os educandos possuem nos primeiros anos de escolaridade

despertou o interesse pelo tema delimitado.

No decorrer do desenvolvimento das oficinas do Programa Lendo e

Relendo, observei que a grande dificuldade demonstrada pelos educandos para

expressar seu pensamento, especialmente quando solicitado para redigir um texto

advém não apenas da deficiência no manejo da língua, mas também, da falta do

desenvolvimento da criatividade com a produção textual.

Com intuito de superar tais dificuldades, a charge se apresentou como

um instrumento pedagógico que possibilita ao aluno manifestar seu ponto de vista

de modo mais objetivo uma vez que as propostas de redação sempre eram

decorrentes de discussões, conversas ou reflexões. Deste modo, a atividade de

redigir passou a ser vista como uma atividade prazerosa, apresentada como um

desafio estimulante.

Ao educador-pesquisador coube a tarefa de deixar o educando

escrever e desenhar seus textos livremente, respeitando as características da fase

da adolescência e pré-adolescência que não gostam de imposição e normas.

O educando do Ensino Fundamental despertou há pouco para o

mundo, ele ainda o está descobrindo. Ajudá-lo a se desenvolver, não limitar e nem

bloquear sua criatividade deve é uma grande preocupação que o educador pode

resolver utilizando o recurso da charge para deixar que os educandos se

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comuniquem, adquirindo a habilidade de se expressar com clareza, correção,

objetividade e principalmente, desenvolvendo suas potencialidade criadoras.

Deste modo, a aprendizagem do uso da charge, na escola, torna-se,

pois, a aprendizagem de ser sujeito capaz de assumir a sua palavra na interação

com interlocutores que reconhece e com quem deseja interagir, para atingir objetivos

e satisfazer desejos e necessidades de comunicação.

Assim, no quadro dessa nova concepção de linguagem, a prática de

uso da charge na escola é considerada como sendo, fundamentalmente, a

instituição de situações de enunciação em que a expressão visual se apresente

como a alternativa possível ou a mais adequada para atingir um objetivo ou

necessidade ou desejo de interação com um interlocutor ou interlocutores

claramente identificados.

Neste sentido, a charge como forma de produção textual apareceu

neste estudo como uma alternativa interessante a ser colocada em prática na sala

de aula para estimular a criatividade e dar o toque de prazer que o educando precisa

para adquirir o gosto pela produção textual.

10. Referências

ARRUDA, Marina Patrício de. A formação nas páginas do jornal. Pelotas: Seiva, 2006.

BOLSI, Mirian Terezinha. Apostila do curso de Arte – Magister. Lages: UNIPLAC, 2001.

FONSECA, Francisco C. P. Mídia e democracia: falsas confluências. Revista de Sociologia e Política. Nº 22: 13-24. Jun. 2004.

GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

______. (org.). O texto na sala de aula. 3 ed. São Paulo: Ática, 2001.

INSTITUTO José Paschoal Bágio. Relatório 2008. Lages, IJPB, 2008.

_____. Relatório 2009. Lages, IJPB, 2009.

PAVANI, Cecília (org.). Jornal: (In) formação e ação. 2 ed. Campinas: Papirus, 2002.

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PAVANI, Cecília; JUNQUER, Ângela; CORTEZ, Elizena. Jornal: Uma abertura para a educação. Campinas: Papirus, 2007.

RAMALHO,Sandra. Imagem também se lê. São Paulo: Rosari, 2005.

SANTA CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina. Florianópolis: COGEN, 1998.

TEIXEIRA, Luiz Guilherme Sodré. Sentidos do humor, trapaças da razão: a charge. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2005. (Coleção FCRB, Série Estudos, 2).