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Fernando Ribas Araújo – Praça da Liberdade - 9º Período – Direito Diurno – Turma 1 Trata-se de análise do acórdão 1.0024.11.282984-1/001 que teve como denúncia a receptação culposa (art. 180, CP). O maior gravame do acórdão se resume no entendimento (inconstitucional) de que nos crimes de receptação e face à outras questões subjetivas, o ônus de prova deverá ser invertido. Passa-se à contemplação do seu inteiro teor. A ementa resumiu de forma correta os pontos mais importantes tratados no teor, partindo do mais geral para o específico, respeitando a cronologia dos eventos, portanto, formalmente correta. Todavia, na própria ementa, em seu resumo, percebe-se a inconstitucionalidade da decisão a partir da afirmação “faz presumir o dolo”, que será tratado a seguir, e a consequente inversão do ônus da prova. O relatório, que deveria elencar, brevemente, os eventos processuais de maior importância, não sendo meramente um índice dos autos, não foi satisfatório para que possa culminar nos fundamentos que se seguem no teor do acórdão. Ora, se indiscutivelmente inconstitucional a teoria adotada neste caso (a presunção do dolo) fica sucumbida a função do relatório e sua relação inexorável com os fundamentos e decisão.

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Page 1: análise acórdao

Fernando Ribas Araújo – Praça da Liberdade - 9º Período – Direito Diurno – Turma 1

Trata-se de análise do acórdão 1.0024.11.282984-1/001 que teve como

denúncia a receptação culposa (art. 180, CP).

O maior gravame do acórdão se resume no entendimento (inconstitucional) de

que nos crimes de receptação e face à outras questões subjetivas, o ônus de prova deverá ser

invertido. Passa-se à contemplação do seu inteiro teor.

A ementa resumiu de forma correta os pontos mais importantes tratados no

teor, partindo do mais geral para o específico, respeitando a cronologia dos eventos, portanto,

formalmente correta.

Todavia, na própria ementa, em seu resumo, percebe-se a inconstitucionalidade

da decisão a partir da afirmação “faz presumir o dolo”, que será tratado a seguir, e a

consequente inversão do ônus da prova.

O relatório, que deveria elencar, brevemente, os eventos processuais de maior

importância, não sendo meramente um índice dos autos, não foi satisfatório para que possa

culminar nos fundamentos que se seguem no teor do acórdão. Ora, se indiscutivelmente

inconstitucional a teoria adotada neste caso (a presunção do dolo) fica sucumbida a função do

relatório e sua relação inexorável com os fundamentos e decisão.

Por conseguinte, o devido processo legal é lesionado a ponto de que, à

interpretação dos fundamentos apresentados no acórdão, comprovando-se os fatos, não seria

necessário processo, vez que seria do acusado o múnus de provar que não foi autor.

Data máxima vênia, não havendo provas para acusação, não deve o acusado ser

penalizado, vez que utilizou de seu direito constitucional do silêncio.

Outrossim, o relatório não faz coerência aos fundamentos apresentados, nem à

decisão exarada, que por sua vez, sucumbe a ementa.

Enfim, o acórdão não é plausível com o Estado Democrático de Direito.