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Ricardo Daher Oliveira Bento Alves da Costa Filho [Organizadores] ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DOS CLUSTERS SOB A ÓTICA DO MODELO DIAMANTE DE MICHAEL E. PORTER ANÁLISE DOS CLUSTERS AGROINDUSTRIAL, FARMACÊUTICO E DE CONFECÇÕES DE GOIÁS, BRASIL

ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DOS CLUSTERS SOB A ÓTICA DO MODELO DIAMANTE ... · Ricardo Daher Oliveira Bento Alves da Costa Filho [Organizadores] ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DOS CLUSTERS

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Ricardo Daher OliveiraBento Alves da Costa Filho

[Organizadores]

ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DOS CLUSTERS SOB A ÓTICA DO MODELO DIAMANTE DE MICHAEL E. PORTER

ANÁLISE DOS CLUSTERS AGROINDUSTRIAL, FARMACÊUTICO E DE CONFECÇÕES DE GOIÁS, BRASIL

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Copyright by © 2013 Vários autores

Revisão: Dos autores

Editor: Wilbett OliveiraCentro Educacional Alves Faria - Diretivo Corpo

José Alves Filho - Presidente do Centro Educacional Alves Faria Nelson de Carvalho Filho - Superintendente das Faculdades ALFA

José Antonio Arantes Salles - Diretor AcadêmicoBento Alves da Costa Filho - Coordenador do Mestrado em Administração

Luis Antonio Vilalta - Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional.

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer fim, sem a autorização prévia, por escrito, dos autores. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais Lei 9.610/98.

Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)

Daher, Ricardo Oliveira; Costa Filho, Bento Alves da [Orgs.] .- Análise da competitividade dos clusters sob a ótica do modelo diamante de Michael E. Porter: análise dos clusters agroindustrial, farmacêutico e de confecções de Goiás, Brasil. Ri-cardo Oliveira Daher; Bento Alves da Costa Filho [Organizadores]. Vila Velha, ES : Opção Editora, 2013.

ISBN: 978-85-8305-010-0

1. Economia 2. Microeconomia 3. Desenvolvimento econômico. I. Título. II. Ricardo Daher Oliveira.

CDD 330

Índice para catálogo sistemático 1.Economia 3302. Microeconomia 338.5

3. Desenvolvimento econômico 338.9

Av. Délio da Silva Brito, 639, Ed. Paysandu, 201Coqueiral de Itaparica - 29102-904

- Vila Velha, ES www.opcaoeditora.comEmail: [email protected]

APOIO CULTURAL:

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SUMÁRIO

5 ANÁLISE COMPETITIVA DO POLO BIOFARMACÊUTICO DE GOIÁS NA PERSPECTIVA DO MODELO DIAMANTE DE POR-TER

Ricardo Daher Oliveira / Eric David Cohen / Andréia de PáduaJulianna Fernandes / Marcelo Melgaço Costa / Sandra Sarno / Soraya Pedroso

39 ANÁLISE COMPETITIVA DO POLO AGROINDUSTRIAL DA RE-GIÃO SUDOESTE DE GOIÁS NA PERSPECTIVA DO MODELO DIAMANTE DE PORTER

Alcido Elenor Wander / Bento Alves da Costa Filho / Ricardo Daher OliveiraGiselle Paula Guimarães / Paulo Alexandre Perdomo Salviano

Carlos Augusto Costa de Oliveira / Carlos Eduardo Gomes da SilvaClauren Daianny Sérvula Lemos / Cleuber Aires da Silva

Franciely Alves de Oliveira / Giulliany Letícia da SilvaJuliana Marques Moreira / Karolyne André Dias

Polyana Martins Assunção / Bruna Garcia dos Santos

85 ANÁLISE COMPETITIVA DO POLO DE CONFECÇÕES DE GOIÁS NA PERSPECTIVA DO MODELO DIAMANTE DE PORTER

Marcio Coutinho de Souza / Bento Alves da Costa FilhoRicardo Daher Oliveira / César Ricardo Maia de Vasconcelos

Michele Santos de Araújo / Célio Pereira Souza Carla / Cristina da Silva CastroDanielle Cristina da Silva Castro / Divino Eterno Cunha Vilela

Douglas Carvalho Lopes / Estevão Queiroz de CastroHeverton Eustáquio Pinto / JailtonAlkimin Louzada

Luciene Ribeiro da Costa / Luiz Henrique Tavares Queiroz

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ANÁLISE COMPETITIVA DO POLO BIOFARMACÊUTICO DE GOIÁS NA PERSPECTIVA DO

MODELO DIAMANTE DE PORTER

Ricardo Daher OliveiraEric David CohenAndréia de Pádua

Julianna FernandesMarcelo Melgaço Costa

Sandra SarnoSoraya Pedroso

1 Introdução

O Setor Biofarmacêutico é uma conquista importante na área da saúde do país por ter se tornado um instrumento para efetiva imple- men-tação de ações capazes de promover a melhoria das condições de assistên-cia à saúde da população.

O presente artigo descreve e analisa o Setor Biofarmacêutico, mos-trando primeiramente características do Brasil e seu contexto macroeconô-mico, político, ambiental e a evolução do setor farmacêutico no país. Den-tro do contexto do Modelo Diamante, a pesquisa terá foco no Estado de Goiás. O cluster Biofarmacêutico está concentrado na sua capital (Goiânia), no interior (Anápolis) e na região metropolitana (Aparecida de Goiânia). Serão relatadas tanto as características físicas, políticas, econômicas, am-bientais do Estado, bem como a evolução no setor biofarmacêutico e sua competitividade.

Esse estudo é dividido em quatro partes: condições de fatores; estra-tégias, estruturas e rivalidades das empresas; indústrias relacionadas e de apoio; e condições de demanda.

Na parte final da pesquisa, será mostrado o S.W.O.T. – análise e re-comendações como os desafios e oportunidades de desenvolvimento que o Estado de Goiás pode proporcionar na área farmacêutica.

Assim, essa pesquisa tem como objetivo mostrar a evolução do setor farmacêutico em Goiás dentro do modelo diamante, observando-se a com-petitividade e oportunidade de crescimento e desenvolvimento; visando

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proporcionar o bem estar tanto da população nacional como internacional e, ainda, o progresso no campo econômico, propondo discussões e refle-xões sobre o modo como tem ocorrido essa atividade.

Espera-se contribuir para a valorização do trabalho farmacêutico, com destaque para a visão microeconômica e de competitividade do mo-delo Diamante proposto por Porter, o instrumento desse processo.

2 Contexto da Pesquisa

O contexto de caracterização da região, macroeconômico e político é importante para relatar não só a criação de oportunidades e potencial de longo prazo, mas também o crescimento da produtividade e competitivida-de que o setor biofarmacêutico pode proporcionar para o Brasil.

2.1 Caracterização do Brasil

2.1.1 Informações Físicas

A República Federativa do Brasil é o único país de colonização por-tuguesa, localizado na América do Sul, é o quinto maior país do mundo, com 8.547.403,5 km². Tem 23.086 km de fronteiras, sendo 15.719 km ter-restres e 7.367 km marítimas. As fronteiras terrestres são comuns com to-dos os países da América do Sul a exceção do Chile e do Equador, e marí-tima com o Oceano Atlântico, estendendo-se da foz do Rio Oiapoque, no Cabo Orange, ao norte, ao Arroio Chuí, ao Sul.

2.1.2 População

De acordo com o Censo 2010, a população do Brasil é de 190.732.694 pessoas. Em comparação com o Censo 2000, ocorreu um au- mento de 20.933.524 pessoas. Esse número demonstra que o crescimento da população brasileira no período foi de 12,3%, inferior ao observado na década anterior (15,6% entre 1991 e 2000). O Censo 2010 mostra também que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são 84%. A língua oficial do Brasil é a portuguesa.

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2.1.3 Configuração Geopolítica

Atualmente, o Brasil é dividido política e administrativamente em 27 unidades federativas, sendo 26 Estados e um Distrito Federal.

O Poder Executivo é exercido por um governador eleito quadrienal-men- te. O Poder Judiciário é exercido por tribunais estaduais de primeira e segunda instâncias que cuidam da justiça comum. O Distrito Federal tem características comuns aos Estados-membros e aos Municípios, porém, ao contrario dos Estados-membros, não pode ser dividido em Municípios. Por outro lado, pode arrecadar tributos atribuídos como se fosse um Estado e, também, como Município.

Os Estados e Municípios possuem natureza de pessoa jurídica de direito público, portanto, como qualquer pessoa em território na- cional (cidadão ou estrangeiro), possuem direitos e deveres estabelecidos pela Constituição Brasileira de 1988.

As unidades da federação são agrupadas em cinco regiões geográfi-cas: Centro Oeste, Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Essa divisão tem caráter legal e foi proposta, na sua primeira forma, pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) em 1969.

Além da proximidade territorial, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE levou em consideração apenas aspectos natu- rais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hidrografia. Por essa razão, as regiões também são conhecidas como “regiões naturais do Brasil” e têm como propósito auxiliar as interpretações estatísticas, implantar sistemas de gestão de funções públicas de interesse comum e orientar a aplicação de políticas públicas dos governos federal e esta- dual.

As regiões, mesmo quando definidas por lei, não possuem persona-lidade jurídica própria, nem os cidadãos elegem representantes da região. Não há, portanto, qualquer tipo de autonomia política das re- giões brasi-leiras como há em outros países.

Com uma área de 1.606.371,505 km², a Região Centro-Oeste, onde está localizado o estado de Goiás, é um grande território, sendo a segunda maior região do Brasil em superfície territorial.

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2.1.4 Contexto Macroeconômico da Economia Brasileira em 2012

O Brasil é a maior economia da América Latina (e a segunda da América, atrás apenas dos Estados Unidos), a sexta maior economia do mundo a taxas de mercado de câmbio, possui um Produto Interno Bruto - PIB de 2.48 trilhões de dólares e a sétima maior economia do planeta em Paridade do Poder de Compra - PPC, de acordo com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

O Produto Interno Bruto per capita é de US$ 12.181,341, colocando o Brasil na posição 75ª posição de acordo com dados do Banco Mundial. O país tem grandes e desenvolvidos setores: agrícola, mine- rador, manufatu-reiro e de serviços, bem como um expressivo mercado de trabalho. As ex-portações brasileiras estão crescendo e os principais produtos de exporta-ção incluem aeronaves, equipamentos elétricos, automóveis, álcool, têxtil, calçados, minério de ferro, aço, café, suco de laranja, soja, carne, etc. O país vem expandindo a sua presença nos mercados financeiros internacionais e mercados de commodities e faz parte do grupo das cinco economias emer-gentes chamadas de países BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul).

Na primeira década do século XXI, o Brasil teve um progresso eco-nômico e social significativo e está a caminho de um crescimento inclusivo e ambientalmente sustentável. Desde 2003, tirou 22 milhões de habitantes da pobreza e construiu uma economia estável, que foi capaz de superar crise econômica global de 2008-2009. É o único país grande de renda média que conseguiu combinar crescimento eco- nômico com redução da desigual-dade. O Brasil está progredindo no sentido da sustentabilidade ambiental, e o desmatamento da Amazônia encontra-se em declínio. Melhoraram os resultados da saúde infantil e o acesso à educação básica é agora quase uni-versal. É provável que o Brasil cumpra quase todos os Objetivos de Desen-volvimento do Milênio até 2015. Tornou-se também uma voz importante no debate sobre o desenvolvimento internacional e está compartilhando a sua riqueza de experiências inovadoras com o mundo. (WORLD BANK, 2012)

Riscos macroeconômicos são derivados da possibilidade de um agravamento significativo da perspectiva econômica global. Apesar de isso poder levar a uma desaceleração do crescimento econômico, o risco de

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mais impactos negativos na economia brasileira é mitigado pelas grandes reservas externas do país, pela solidez de seu sistema financeiro e pela força de sua demanda interna. As autoridades também enfren- tam o desafio de lidar com pressões inflacionárias internas, tentando ao mesmo tempo mi-nimizar o impacto negativo de choques externos. (WORLD BANK, 2012).

Outros fatores que vêm sendo intensamente debatidos no meio em-presarial e político são: a queda do desempenho industrial, a retomada da ênfase econômica brasileira na exportação de produtos com baixo ou ne-nhum valor agregado e sérios problemas de infraestrutura, notadamente as de transporte e de energia. Estudo recente dá conta de que houve involução de 0,9% ao ano da produtividade do trabalhador industrial brasileiro no período de 2000 a 2009, enquanto nos setores agrícola, mineral e de servi-ços, houve evolução de 4,3%, 1,8% e 0,5% ao ano, respectivamente (IPEA, 2012)

1. De acordo com o estudo “O Setor Elétrico e a Sustentabilidade no

Século 21: Oportunidades e Desafios”2, cerca de 8% da energia elétrica con-

sumida no Brasil deixa o país incorporado ao minério de ferro, em pro-dutos siderúrgicos, nos lingotes de alumínio, nas ligas de ferro e no papel e celulose, que são exportados com baixo valor agregado, pouca geração de empregos e elevado custo socioambiental. Ainda, segundo o estudo, o Brasil joga fora uma enorme quantidade de energia elétrica que poderia ser aproveitada para o seu desenvolvimento. As perdas no sistema de transmis-são de energia elétrica no país são de cerca de 20% – um dos índices mais elevados do mundo.

2.1.5 Contexto Político

O Brasil tem um sistema Federal altamente descentralizado. Os go-vernos subnacionais (estados e municípios) respondem por mais de 50% das despesas do setor público e são os principais fornecedores de serviços de educação, cuidados de saúde, infraestrutura e segurança pública. Acor-dos estritamente definidos determinam a alocação de poderes de tributação, responsabilidades de despesas e mecanismos de transferências entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal). As receitas tributárias es-1 O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada é uma fundação pública federal vinculada à

Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Suas atividades de pesquisa forne-cem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros.

2 O estudo está disponível em www.internationalrivers.org/node/7525.

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taduais e municipais são complementadas por um sistema de transferências intergovernamentais financiadas principalmente por meio de regras de com-partilhamento de receitas previstas na Constituição. A natureza automática é baseada em fórmu- la. Essas regras garantem a transparência e a autonomia, mantendo a interferência política à distância (WORLD BANK, 2012).

2.1.5.1 Reformas Governamentais

O Brasil vem sofrendo uma série de reformas governamentais que tiveram início na era Lula (2003-2011) continuando com o governo sub-sequente. Destacaram-se, no presente artigo, as reformas como a distribui-ção de renda, a melhoria da eficiência no sistema de ensino, a reforma do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), a implementação de uma gestão ambiental, conservação da biodiversida- de e mitigação da mudança climática e o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, todos detalhadamente explicados abaixo.

2.1.5.1.1 Distribuição de renda

O Programa Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país, foco central da estratégia de proteção social do Governo Bra-sileiro. Criado pela fusão de vários programas de com- plementação de renda pré-existentes, agora atinge cerca de 12 milhões de famílias beneficiárias (48 milhões de pessoas, cerca de 25% da popu- lação) com um orçamento que responde por cerca de 0,4% do PIB do Brasil. Uma série de estudos confir-mou seus sólidos resultados e o im- pacto significativo sobre a pobreza, con-tribuindo, inclusive, com 20% da redução geral da pobreza e desigualdade desde 2001. O Governo Brasileiro visa a atingir mais 800.000 famílias elegí-veis até 2013. Além disso, graças a um aumento na cobertura de benefícios variáveis – de 3 a 5 crianças até 15 anos –, o Governo planeja incorporar 1,3 milhão de novas crianças no programa (WORLD BANK, 2012).

2.1.5.1.2 Melhoria da eficiência no sistema de ensino

O Governo Federal possui vários programas e ações que visam à me-

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lhoria da educação pública bem como o acesso às instituições de ensino. Para o acesso ao ensino superior, o Programa de Apoio a Planos de Rees-truturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI busca ampliar o acesso e a permanência na educação superior. A meta é dobrar o número de alunos nos cursos de graduação em dez anos e permitir o ingresso de 680 mil alunos a mais nos cursos de graduação. Além disso, opera diversos programas de bolsas e financiamento da educação superior que vão desde graduação a pós-doutorado.

2.1.5.1.3 Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE

A Lei nº 12.529/11 reformulou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC). A nova legislação é um marco na consolidação de instituições que estimulem o desenvolvimento do Brasil.

A maior efetividade da política de defesa da concorrência decorre, principalmente, de uma mudança na análise de fusões e aquisições e con-siste na exigência de submissão prévia dessas operações. Elas deverão ser submetidas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica- CADE an-tes de serem consumadas, e não depois, como acontece atualmente. O Bra-sil era um dos únicos países do mundo que analisavam fusões de empresas somente depois de elas ocorrerem. O CADE terá um prazo máximo de 240 dias para analisar as fusões, prorrogáveis por mais 90 dias, em caso de operações complexas. No âmbito do combate a condutas anticompetitivas a nova lei estabelece que a multa máxima aplicada será de 20% do fatura-mento do grupo econômico no ramo de atividade objeto da investigação, e nunca poderá ser inferior ao dano causado ao mercado, quando este for calculado. (CADE, 2011)

2.1.5.1.4 Gestão ambiental, conservação da biodiversidade e mitigação da mudança climática

A melhoria da eficácia e eficiência do sistema de gestão ambiental do Brasil deve ser uma prioridade essencial do governo brasileiro, pois o progresso nesta questão é de suma importância para o Brasil enfren-tar, de forma ambientalmente sustentável, os desafios que o crescimento econômico impõe em termos de maior uso de recursos naturais e cres-

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centes investimentos em infraestrutura. Além disto, o país propôs, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, uma redu-ção de emissão de gases poluentes de 38% a 42% através de um esforço voluntário.

2.1.5.1.5 Programa de Aceleração do Crescimento - PAC

Em linha com esses desafios e dando continuidade ao trabalho da administração anterior, o governo federal definiu metas sociais e econômi-cas ambiciosas para os próximos anos, em coordenação com os governos estaduais e municipais. O Governo do Brasil visa aumentar consideravel-mente o potencial de crescimento do país por meio de maiores investimen-tos, elevação da poupança pública e manutenção da disciplina fiscal. Os Programas de Aceleração do Crescimento I e II, focados na melhoria da infraestrutura, preveem investimentos de R$ 1,4 trilhão, entre 2007 e 2014. Principal programa social do governo,- focado no objetivo de erradicação da pobreza extrema, tem como meta beneficiar 16 milhões de pessoas até 2014 (WORLD BANK, 2012).

2.2 Goiás

2.2.1 Informações físicas

Goiás é uma das unidades federativas que integram a região Centro-Oeste. Sua extensão territorial é de 340.103,467 quilômetros quadra- dos, correspondendo a 4% do território nacional. Sua população, confor- me contagem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, é de 6.003.788 habitantes (2010), distribuídos em 246 Municípios.

Está localizado no centro do país. Sua posição geográfica garante contato direto com as regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e com o Distrito Federal. Possui uma extensa rede de rodovias, além de fer-rovias, portos e aeroportos.

Goiás possui clima predominante tropical semiúmido, com duas es-tações distintas, uma de seca (maio a setembro) e outra chuvosa (outubro a abril). A temperatura média varia entre 18º e 23ºC. As tempe- raturas mais elevadas ocorrem nos meses de setembro e outubro e po- dem atingir até

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39°C, e as mais baixas entre os meses de maio e julho, podendo chegar, em determinadas regiões, a 4ºC.

A vegetação predominante no estado é a do cerrado. Também é en-contrada uma área de floresta tropical, vestígios de floresta atlântica nas proximidades de Goiânia, Anápolis e outras cidades do sul de Goiás.

A hidrografia do estado é constituída de uma imensa quantidade de córregos, rios e aquíferos (águas subterrâneas). Goiás é banhado por três importantes bacias hidrográficas, Bacia do Paraná, Bacia Araguaia-Tocan-tins e a Bacia do São Francisco que se destacam, além da presença de parte do aquífero Guarani, um dos maiores do mundo.

2.2.2 Tecnologia

Em Goiás, o desenvolvimento de pesquisas em tecnologias se dá por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (APEG) - e da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (SECTEC), enti-dades responsáveis por contribuir para o incentivo de pesquisas no estado de Goiás.

2.2.3 Disponibilidade Energética

Goiás possui cerca de nove mil megawatts de potência energética. Desse total, 90,33% são gerados por usinas hidrelétricas, 7,28% por usi-na termelétrica, 2,34% pelas Pequenas Centrais Hi- drelétricas (PCHs) e 0,05% pelas Centrais Geradoras Hidrelétri- cas (CGHs).

2.2.4 Panorama Econômico

Goiás é a nona economia brasileira (IBGE), com PIB de R$ 75,275 bilhões que representam 2,48% do PIB nacional. A renda per capita regis-trada é de R$ 12.979.

O setor de serviços é predominante no estado, representado por 60,95% da produção de riquezas. Incluem-se aí o comércio, tan-to vajista como atacadista, além das atividades imobiliárias. O setor industrial participa do PIB goiano com 26,21% e o agropecuário com 12,84%.

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A indústria farmacêutica, objeto do presente artigo, responde por 3,3% d PIB goiano.

2.2.5 Infraestrutura

Goiás possui infraestrutura de portos, rodovias e ferrovias. Sua ma-lha rodoviária se estende por 24.970 quilômetros de rodovias (52% pavi-mentadas) ligando os 246 municípios do estado.

A Hidrovia Paranaíba-Tietê-Paraná inicia-se no Porto de São Simão favorecendo o escoamento da produção de grãos. O Complexo Portuário de São Simão está localizado na margem direita do rio Para- naíba, no sul de Goiás.

O Porto Seco Centro Oeste S/A é um terminal alfandegado de uso público destinado à armazenagem e movimentação de mercadorias impor-tadas ou destinadas à exportação, com papel importante nas operações de comércio dos setores de agricultura, siderurgia, construção e farmoquími-cos, produtos fl estais e minerais, bens de consumo (ali- mentos, bebidas e têxteis) e bens duráveis (automobilístico e eletroele- trônico), entre outros. Situa-se na cidade de Anápolis-GO pela facilidade natural de integração aos demais centros consumidores do País.

A Plataforma Logística Multimodal de Goiás, em fase de implanta-ção na cidade de Anápolis, irá consolidar a cidade como um dos principais centros distribuidores do País. O projeto prevê terminais de frete aéreo, aeroporto internacional de cargas, polo de serviços e admi- nistração, cen-tro de carga rodoviária e terminal de carga ferroviária. A Plataforma está localizada em entroncamento rodoviário, em área con- tígua ao Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) e ao Porto Seco Centro-Oeste. O em-preendimento terá ligações com duas ferrovias, a Centro-Atlântica e a Nor-te-Sul.

3 Evolução da indústria farmacêutica no brasil

O desenvolvimento inicial da indústria farmacêutica brasileira esta-va mais relacionado à saúde pública, às práticas sanitárias e ao com- bate e prevenção de doenças infecciosas.

O governo brasileiro incentivou e forneceu recursos para os primei-

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ros laboratórios farmacêuticos, para a formação dos primeiros cientistas brasileiros, bem como para o desenvolvimento e produção de va- cinas, soros, medicamentos e programas de saúde pública.

Esses laboratórios forneciam o mercado interno, chegando até a exportar para a Europa, contribuindo para que a indústria farmacêutica nacional atingisse o seu ápice na década de 1940. A crescente demanda, a ausência de práticas como o segredo industrial e patentes, contribuíram também para que as multi-nacionais passassem a observar com mais atenção as indústrias farmacêuticas brasileiras.Já na década de 1950, a indústria farmacêutica brasileira sofreu com a abertura do mercado às empresas de capital estrangeiro, empresas estas que detinham maior knowhow, expressivos re-cursos financeiros, bem como a influência de práticas protecio-nistas que até então não eram aplicadas no Brasil.A despeito da relevância do início e histórico da industrialização farmacêutica brasileira, alguns momentos foram determinantes para a definição da estrutura e da competitividade da indústria farmacêutica nacional. Num primeiro momento, quando as multinacionais chegaram ao Brasil, com knowhow, tecnologia, investimentos intensos em P&D e marketing. Estas empresas fo-ram impondo normas, conquistando mercados, comprando em-presas nacionais, associando-se, e principal- mente, dominando o mercado nacional, para se adequarem ao rigor legal de seus países de origem.Posteriormente, ocorreram várias intervenções e regras de regu- lação governamental, mesmo sem políticas integradas para de-senvolvimento da indústria farmacêutica.Segundo Fiuza e Lisboa (2001), a Central de Medicamentos – CEME, criada em 1971, pelo Governo Federal, teve entre outras atribuições o fomento ao desenvolvimento científico e tecnoló-gico, capacitação de recursos humanos e articulações com outros mecanismos governamentais para favorecer as empresas nacio-nais com compras e crédito.Em 1970 foi criado o Instituto Nacional de Propriedade Intelec-tual – INPI, para sanar o aspecto negativo da ausência de prote-ção patentária nacional, ou seja,tudo o que se descobria no Brasil podia ser copiado por quem detinha mais knowhow e tecnologia.A abertura de mercado no início da década de 1990, a aprova-ção da lei de patentes em 1996, bem como a lei dos genéricos de

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1999, seriam marcos importantes na história da indústria farma-cêutica nacional alterando completamente sua estrutura e com-petitividade. (FIUZA; LISBOA, 2001).

De acordo com Nishijima (2003) com a abertura de mercado e o Plano Real, entre 1994 e 1999, valorizou a taxa de câmbio e o governo mu-dou o regime cambial. Desta maneira, os ativos e mesmo os medicamentos prontos poderiam ser adquiridos com maior facilidade.

Nishijima (2003) ressalta ainda que a lei de patentes entrou em vigor em 14 de maio de 1996. Não foi, porém, retroativa, ou seja, somente produ-tos novos ou com patentes vigorando no mundo e que não eram produzi-dos anteriormente no Brasil tiveram seus direitos de patente reconhecidos no país. Assim, produtos que já eram feitos na- cionalmente não sofreriam alterações significativas em seus custos ou processos.

O governo brasileiro, num movimento que pretendia dar credi bili-dade à substituição de medicamentos e proporcionar o seu acesso à popula-ção de menor poder aquisitivo, aprovou a lei dos genéricos, Lei n. 9.767, de 10 de fevereiro de 1999, trazendo exigências e novas diretrizes à indústria farmacêutica nacional,

A produção dos medicamentos genéricos foi no intuito de democra-tizar o acesso a medicamentos seguros, uma vez que os similares, por não terem o mesmo objetivo, não podiam prover. Os medicamentos similares, não estão sujeitos (até 2014) aos mesmos testes que os genéricos, ao con-trário de reduzir acabam por aumentar o uso de medicamentos-referência no país, devido à sua baixa comercialização, propaganda e credibilidade (SANTOS, 2010).

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária3 (ANVISA), os

medicamentos genéricos devem ter a mesma dose e forma far- macêutica do medicamento referência, ser administrados pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica, apresentando a mesma segu- rança que o medicamen-to de referência e podendo ser intercambiável com este. (SANTOS 2010)

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a intercam-bialidade é a segura substituição do medicamento de referência pelo seu gené-

3 Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob regime especial, que tem como área de atuação não um setor específico da economia, mas todos os setores relacionados a produtos e serviços que possam afetar a saúde da população brasileira.

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rico, devendo ser garantida por testes de bioequivalência. Essa intercambialida-de somente poderá ser realizada pelo farmacêutico responsável, pela farmácia ou drogaria e deverá ser registrada na receita médica (ANVISA, 2010).

No Brasil, os genéricos respondem por cerca de 25,6% das ven das em unidade no conjunto do mercado farmacêutico. Em países como a Es-panha, França, Alemanha e Reino Unido, onde o mercado de genéricos já se encontra mais maduro, a participação desses medicamentos é de 30%, 35%, 60% e 60%, respectivamente. Nos EUA, mercado onde os genéricos têm mais de 20 anos de existência, o índice é de aproximadamente 60% de participação em volume (PRO- GENÉRICO, 2012).4

Existem atualmente no mercado brasileiro medicamentos genéricos para o tratamento de doenças do sistema cardiocirculatório, anti-infecciosos, aparelho digestivo/metabolismo, sistema nervoso central, anti-inflamatórios hormonais e não hormonais, dermatoló- gicos, doenças respiratórias, siste-ma urinário/sexual, oftalmológicos, antitrombose, anemia, anti-helmínticos / parasitários, oncológicos e contraceptivos (PRO-GENÉRICO, 2010).

Todas as mudanças na indústria farmacêutica nacional foram im-portantes para a construção do cenário atual. A lei dos genéricos, porém, associada ao próprio histórico da industrialização brasileira, a pesquisas voltadas para a imitação de tecnologia em produção de medicamentos, foi importante e determinante para o modelo de indústria que se tem no Brasil (SANTOS 2010).

O consumo de medicamentos no Brasil ocupa a nona posição entre os mercados farmacêuticos mundiais, com um volume de vendas de apro-ximadamente R$ 26 bilhões, em 2006. Há no país cerca de 600 empresas farmacêuticas, entre laboratórios, importadoras e distribui- doras (GADE-LHA, 2008).

Atualmente, de acordo com Santos (2010), apesar de ser um seg-mento de faturamento e produção física significativos, sua participação no comércio internacional ainda é limitada (0,5% em fármacos e 0,2% em medicamentos). Seus laboratórios oficiais representam 3% do valor e 10% do volume da produção nacional. A concentração pode ser expressa em números: as 10 maiores empresas do setor representam 43,6% do mercado 4 Fundada em janeiro de 2001, a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Gené- ricos

– Pró Genérico congrega os principais laboratórios que atuam na produção e comercia- lização me-dicamentos genéricos no país. Sem fins lucrativos, a entidade tem como principal missão contribuir para a melhoria das condições de acesso a medicamentos no Brasil através da consolidação e amplia-ção do mercado de genéricos.

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doméstico, sendo que destas quatro são nacionais – Aché, EMS, Medley e Eurofarma (tabela 1.1)

A indústria farmacêutica mundial assim como a brasileira apresenta concentração em sua estrutura de oferta. Um conjunto limitado de empre-sas de capital estrangeiro detém a liderança em nível de classes terapêuticas específicas. Estas convivem com laboratórios nacionais de menor porte, principalmente voltados à produção de medicamentos genéricos, além de laboratórios públicos e pequenas empresas de base tecnológica, com limi-tada capacidade competitiva. (SANTOS, 2010) De acordo com os dados de 1992, 20% das firmas estrangeiras dominavam 80% do mercado nacional, e das quinze maiores da épo- ca apenas três (Aché, Prodôme e Biolab) eram controladas por capital nacional e a predominância de produção no merca-do nacional já era em medicamentos (QUEIROZ, 1993).

Já de acordo com dados de 2005, as doze maiores empresas deti-nham 45% do mercado nacional, enquanto as 539 restantes respondiam pe-los 55% restantes. Atualmente percebe-se tendência a menor concentração, mas ainda não relevante o suficiente para afirmar-se al- guma novidade, conforme demonstrado na tabela abaixo.

Tabela 1.1 – Indústria farmoquímicas BrasilFonte: IMS Health, 2010

A produção física de medicamentos no Brasil tem apresentado cres-cimento. No último trimestre de 2008, em plena crise mundial, o setor

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cresceu 18,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os núme-ros revelam que o medicamento genérico contribuiu positivamente para este resultado. Em 2008, os fabricantes de genérico comercializaram 277,1 milhões de unidade no varejo contra 233 milhões em 2007. É importante ressaltar que estes números referem-se a quantidade de medicamentos e não ao desempenho financeiro da indústria, que, no caso, foi afetado pelo alto volume de importações, pelo valor inferior do medicamento genérico em detrimento ao de referência e pela crise mundial CUNHA, 2009).

3.1 Panorama da legislação brasileira para a indústria farmacêutica

O Brasil é um dos países do mundo com a maior quantidade de le-gislação. Acredita-se que existam cerca de 181 mil normas legais. (IS- TOÉ, 2006). Para a indústria farmacêutica, deparamo-nos com uma série de leis. Citamos as que consideramos de maior importância. São elas: Lei Orgânica da Saúde, Lei da Propriedade Intelectual, Lei do Genérico, Lei de Criação da ANVISA, Lei de Regulamentação do Setor Farmacêu- tico e de Criação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamen- tos, Lei de Criação da Farmácia Popular, Lei de Inovação, Lei de Parceria Público Privada. Além destas, deve-se atentar para a legislação tributária, trabalhista e a Lei de Registro Público das Empresas Mercantis.

A indústria farmacêutica é uma das mais dependentes da propriedade intelectual (PI) devido a constante inovação e do grande valor agregado aos medicamentos. A Lei de PI foi instituída no país em 14 de maio de 1996 sob o número 9.279 e regula os direitos e obriga- ções relativos à propriedade in-telectual. Apesar de a lei ser relativamente recente, a Constituição Federal de 1988 já assegurava aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

Em adição, o advento da Medida Provisória 2.006/99, convertida na lei nº 10.196/01, que acrescentou à lei de Propriedade Industrial, entre ou-tros, o artigo 229C, determina que as patentes de produtos far- macêuticos somente podem ser concedidas pelo INPI após a revisão e prévio consen-timento da Anvisa.

A Anvisa tem por competência a proteção da saúde da população por

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intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de me-dicamentos entre outros produtos. Foi criada em 26 de janeiro de 1999, pela Lei nº 9.782 que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a Anvisa, e dá outras providências. Ressaltamos que no ano de 2010 a Anvisa fechou acordo com a Food and Drug Administration (FDA), órgão análogo dos Estados Unidos, que permitirá o acesso prévio a investigações do órgão americano sobre medicamentos que podem ser retirados do mercado por causa de efeitos colaterais não identificados anteriormente. Do mesmo modo a Food and DrugAdmi- nistration levará em consideração os documentos da Anvisa. Isso se deu em razão do reconhecimento da Anvisa perante a Organi-zação Pan-Americana de Saúde (organização ligada a Organização Mundial da Saúde - OMS), estreitando suas relações com outras agências.

O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual - INPI, instituído pela Lei 9.279/96, tem como competência executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial (como marcas e paten-tes), tendo em vista a sua função social, econômica, jurídi- ca e técnica. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) é um órgão ligado à Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

Vale ressaltar que a Anvisa é ligada ao Ministério da Saúde e o Insti-tuto Nacional de Propriedade Intelectual - INPI é ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Portanto, o trâmite para a regula-mentação de medicamentos no Brasil é demorado e carac- terizado por um longo e rígido processo de aprovação, podendo levar de meses a anos para transcorrer por completo.

Todo este sistema burocrático foi instituído após um longo período sem uma regulamentação sanitária e econômica eficazes. A in- dústria far-macêutica permaneceu durante as décadas de 1970, 1980 e 1990 regulando o próprio preço dos medicamentos, ficando geralmen- te acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Devido a pressões de diversos entes da sociedade brasileira, foi cria-da, no ano de 2000, uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI para verificar se havia abuso nos preços dos medicamentos, pois até então não existia um mercado que regulasse o comércio deste produto. Foram consta-tadas infrações de ordem econômica, em especial eleva- ções de preços que poderiam ser consideradas abusivas. Entendeu-se, destarte, que era neces-sário monitorar a evolução de preços dos medicamentos.

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Assim, em 2001, o Brasil instituiu a Política Nacional de Medica- mentos(PNM) comoumconjuntodediretrizes, prioridadesedecisões na área farmacêutica envolvendo aspectos políticos, regulatórios, técnicos e gerenciais, com vistas a garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos produtos, a promoção do seu uso racional e o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais. Tal política teve como diretrizes a adoção de relação de medicamentos essenciais, a regulamentação sanitária de medicamentos, a reorientação da assistência farmacêutica, a promoção do uso racional de medicamentos, o desenvolvimento científico e tecnoló-gico, a promoção da produção de medicamentos, a garantia da segurança, eficácia e qualidade dos me- dicamentos e o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.

No Brasil, a Lei dos Medicamentos Genéricos foi promulgada um ano antes da Política Nacional de Medicamentos. Os genéricos são cópias de medicamentos inovadores cujas patentes já expiraram. A regulamen-tação deste tipo de medicamento se deu em 1999, com a promulgação da Lei nº. 9787. Os critérios técnicos exigidos para o registro dos genéricos no Brasil são semelhantes aos adotados por órgãos reguladores de países como os Estados Unidos (Food and DrugAd- ministration), Canadá (Health Ca-nadá) e União Europeia (Europe, MiddleEast and Africa), entre outros cen-tros de referência de saúde pública no mundo. Os medicamentos genéricos constituem atualmen- te um dos mais importantes instrumentos de auxílio ao acesso a medicamentos no Brasil. Absolutamente seguros e eficazes, uma vez que são submetidos a rigorosos testes de qualidade e substancialmente mais baratos que os chamados medicamentos inovadores ou de referência, os genéricos trouxeram uma nova realidade para os consumidores no país que encontraram neles uma alternativa viável para cumprir os tratamentos indicados nos consultórios médicos. No Brasil, os preços dos genéricos são em média 45% inferiores aos dos medicamentos de referência/inovadores (PRÓ-GENÉRICOS,2010).

Conforme determina a Lei, no Brasil os genéricos só podem chegar ao consumidor depois de passarem por testes de bioequivalência realizados em seres humanos (que garantem que os genéricos serão absorvidos na mesma concentração e velocidade que os correspondentes medicamentos e referência ou inovadores) e de equivalência farmacêutica (que garantem que a composição do produto é idêntica à do medicamento de referência/

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inovador que lhe deu origem), fato que expõe o rigor da legislação brasilei-ra sobre o assunto.

Tendo em vista a recomendação da Comissão Parlamentar de In-quérito - CPI para a criação de um mercado regulamentador de me- di-camentos, estabeleceu-se em 6 de outubro de 2003, a Lei nº. 10.742, que define normas de regulação para o setor farmacêutico, cria a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMDE) e altera a Lei nº. 6.360 de 23 de setembro de 1976, que dispunha somente sobre a questão sanitária dos medicamentos.

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos é um órgão interministerial, composto pelo Conselho de Ministros do Ministério da Saúde, do Ministério da Justiça, do Ministério da Fazenda, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e da Casa Civil, ao qual compe-te implementar o regime de regulação do mercado de medicamentos, esti-mulando a oferta de fármacos, a competitividade do setor, a estabilidade de preços e a ampliação do acesso a população de baixa renda, definindo, por meio da regulação econômica do mer- cado farmacêutico, critérios para fixação de preços de medicamentos novos e novas apresentações, determi-nando ajustes anuais de preços, estabelecendo margens de comercialização para distribuidores e far- mácias e multando empresas que descumpram as normas. Os regula- dos por essa Câmara são: laboratórios produtores e importadores de medicamentos, farmácias e drogarias, representantes, dis-tribuidoras de medicamentos e, por quaisquer pessoas jurídicas de direito publico ou privado, inclusive associações de entidades ou pessoas, consti-tuídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem per-sonalidade jurídica que, de alguma maneira, atuem no setor farmacêutico.

Antes da regulação, os preços dos medicamentos estiveram aci- ma da inflação por mais de uma década, com uma curva através dos anos de tendência ascendente. Porém, depois da regulação, os preços apresentaram tendência decrescente a partir de 2000. Ocorreu, ainda, o fortalecimento de sistemas públicos e privados de financiamento.

Outra importante legislação foi a promulgação do Decreto nº. 5.090, de 20 de maio de 2004, que regulamenta a Lei nº. 10.858, de 13 de abril de 2004 e instituiu o programa Farmácia Popular do Brasil. A referida Lei autoriza a dis-ponibilização de medicamentos pela Fun- dação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), mediante ressarcimento, visando assegurar à população o acesso a produtos

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básicos e essenciais à saúde a baixo custo, firmando convênios com a União, Estados e Municípios em contratos de fornecimento com produtores de medi-camentos e outros insumos necessários para a atenção à saúde.

Sobre os insumos necessários para a produção de medicamentos, re-gistra-se que o Brasil é um grande importador de insumos. Este fato pode ser explicado pelo déficit em programas em P&D. Com base nesse déficit e objetivando o incentivo em P&D, foi regulamentada, por meio do Decre-to nº. 5.563/2005, a Lei de Inovação Tecnológica que tem como objetivos a constituição de ambiente propício a parcerias estratégicas entre univer-sidades, institutos tecnológicos e empresas; o estímulo à participação de institutos de ciência e tecnologia no processo de inovação; e o estímulo à inovação na empresa.

Para as empresas, um dos principais benefícios deste decreto é poder abater do imposto de renda, com base no regime de Lucro Real, os dis-pêndios em P&D. Também possibilita obter recursos públicos não-reem-bolsáveis para investimentos em P&D. Além do subsidio econômico, a lei estabelece os dispositivos legais para a incubação de empresas no espaço público e a possibilidade de compartilhamento de infraestrutura, equipa-mentos e recursos humanos, públicos e privados, além de criar regras claras para a participação do pesquisador público nos processos de inovação tec-nológica desenvolvidos no setor produ- tivo (USP, 2012).

Esta lei vai ao encontro de outra, criada logo em seguida, em 30 de dezembro de 2003, denominada Lei da Parceria Público-Privada - PPP, sob o nº. 11.079 que institui normas gerais para licitação e contratação de par-ceria público-privada no âmbito da administração pública. A Lei da Parce-ria Público-Privada (PPP) foi uma das formas en- contradas pelo governo para estimular o desenvolvimento tecnológico do setor de fármacos e me-dicamentos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou, em 06 de abril de 2011, sete portarias que instituem os primeiros Comitês Regulató-rios para acompanhamento das Parcerias Público-Privadas na área da saú-de. Os comitês permitirão que os pro- cessos de registros de medicamentos desenvolvidos em parceria entre o governo e a iniciativa privada tramitem de forma mais rápida. Estes acor- dos agilizam a chegada de novos medi-camentos para o Sistema Único de Saúde - SUS, reduzindo os custos das compras do Ministério da Saúde, além de estimular o setor farmacêutico nacional e o setor de pesquisa.

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A novidade sobre este tipo de parceria foi anunciada em 13 de setem-bro de 2012, pela Resolução RDC nº. 50 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que dispõe sobre os procedimentos no âmbito da Anvisa para registro de produtos em processo de desenvolvimento ou de transferência de tecnologias objetos de parcerias de desenvolvimento produtivo público-público ou público-privado de interesse do Sistema Único de Saúde - SUS.

Sobre o tema, encontra-se em andamento uma parceria público-pri-vada com a empresa denominada BioNovis

5, resultante de uma joint venture

entre as empresas Aché, EMS, Hypermarcas e União Química, que preten-de ser a maior empresa farmacêutica brasileira, com 60% de seus produtos vendidos para o governo. O investimento é público/ privado e toda a tecno-logia desenvolvida será transferida para os labo- ratórios públicos.

4 A Indústria Farmacêutica Em Goiás

A Indústria Farmacêutica de Goiás é integrada por 21 laboratórios, sendo 20 privados e 1 estatal, todos de capital nacional e, com apenas uma exceção, de origem local.

Grande parte das indústrias Farmacêuticas está localizada no Distri-to Agroindustrial de Anápolis (DAIA), considerado o primeiro polo para a industrialização do interior do País. A produção na sua maioria volta-se para medicamentos similares, mas já é significativo o investimento na pro-dução de genéricos.

A fronteira industrial farmacêutica está se concentrando em um polí-gono que envolve Vitória, Belo Horizonte, Uberlândia, São José do Rio Pre-to, Londrina, Curitiba, descendo em direção a Porto Alegre. Todavia, o seu potencial de crescimento é grande, haja vista que o eixo Brasília-Anápolis-Goiânia já comportava, em 2004, mais de 4 milhões e meio de habitantes, constituindo o terceiro maior mercado consumidor do país, o que representa 4% do consumo total brasileiro. Ademais, o denominado “Eixo de Integração e Desenvolvimento”, encontra-se dentro de uma nova proposta de regionali-zação do país que responde aos vetores de exportação e investimento de in-fraestrutura econômica, primando pela integração competitiva e articulando os corredores de exportação do mercado internacional.

5 BioNovis, criada pela união de quatro produtoras brasileiras de medicamentos, terá fábrica e centro de pesquisa para fazer medicamentos biotecnológicos.

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A Plataforma Logística Multimodal de Goiás (figura 1.1) consolidará o eixo Goiânia-Anápolis-Brasília e todo o Centro-Oeste como polo de de-sen- volvimento, com influência econômica e logística nas Regiões Norte e Sudeste, facilitando o acesso aos mercados do Mercado Comum do Sul - Mercosul

6 e Países Andinos, Europa, Ásia e América do Norte.Em 2003, Goiás ampliou suas exportações em 70% em relação ao

ano anterior, somando R$ 1,1 bilhão, com destaque para os complexos soja (US$ 655 milhões), carnes refrigeradas e congeladas (US$ 193 milhões) e minerais (US$ 174 milhões), além de bens acabados.

Figura 1.1 – Logística Transporte GoiásFonte: Instituto Mauro Borges (2012)

6 O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um amplo projeto de integração concebido por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Envolve dimensões econômicas, políticas e sociais, o que se pode inferir da diversidade de órgãos que ora o compõem, os quais cuidam de temas tão variados quanto agri-cultura familiar ou cinema, por exemplo. No aspecto econômico, o Mercosul assume, hoje, o caráter de União Aduaneira, mas seu fim último é constituir-se em verdadeiro Mercado Comum, seguindo os objetivos estabelecidos no Tratado de Assunção, por meio do qual o bloco foi fundado, em 1991.

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4.1 Competitividade de Goiás

O Estado de Goiás está entre as dez maiores economias brasileiras. Seu PIB de R$ 75,275 bilhões representa 2,48% do PIB nacional e a renda per capita registrada é de R$ 12.979. Números que podem parecer pequenos se comparados a outros estados industrialmente mais ativos, mas que re-presentam crescimento superior à média brasileira. Nos últimos dez anos, a economia goiana tem se diversificado, registrando avanço de 56,42%, su-perior à média nacional de 42,85%, no mesmo período.

O setor de serviços ainda é predominante em Goiás, respondendo por 60,95% da produção de riquezas. Incluem-se aí o comércio, tanto va-rejista como atacadista, além das atividades imobiliárias – em alta com a expansão vertical registrada na capital, Goiânia. O setor industrial, por ou-tro lado, participa do PIB goiano com 26,21%, enquanto o agropecuário, de grande importância para a economia de Goiás, com 12,84%. (GOVERNO DO ESTADO, 2012)

Figura1.2 – Modelo Diamante Goiás

4.1.1 Condições de Fatores

Goiás é o estado mais “central” do Brasil, razão pela qual diversas

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empresas do setor de distribuição e logística têm grandes operações, não por coincidência nas mesmas cidades - Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia - que formam o polo farmacêutico do estado.

Goiás é dotado de infraestrutura portuária, ferroviária e rodoviária. Sua extensa malha de rodovias se estende por 24.970 quilômetros de (52% pavimentadas) ligando os seus 246 municípios. Segundo a Agência Goiana de Transportes e Obras- AGETOP, deste total, 4.505 são trechos de rodo-vias federais, 18.725 de estradas estaduais e 1.739 estaduais coincidentes. Goiás dispõe, também, de 685 quilômetros da Ferrovia Centro-Atlântica, que atende a região sudeste do estado e o Distrito Federal, e também abri-ga boa parte da Ferrovia Norte-Sul, ainda em construção, que prevê 1.200 quilômetros de percurso em terri- tório goiano, com conclusão esperada para 2012.

Outro aspecto decisivo para a atração de empresas para Goiás tem sido o programa do Governo do Estado denominado Produzir (antigo Fo-mentar) que incentiva a implantação, expansão ou revitalização de indús-trias, estimulando a realização de investimentos, a renovação tecnológica e o aumento da competitividade estadual com ênfase na geração de emprego, renda e redução das desigualdades sociais e regionais. O Microproduzir é um subprograma do Produzir para as micros e pequenas empresas, em que o faturamento não ultrapasse o limite fixado para o enquadramento no Simples Nacional.

Ambos os programas atuam sob a forma de financiamento de parce-la mensal de ICMS devido pelas empresas beneficiárias, tornan- do o custo da produção mais barato e seus produtos mais competitivos no mercado.

Por outro lado, estudo recente elaborado pela Unidade de Inteligên-cia da Economist (figura 1.3) analisou 25 indicadores em oito categorias para formar o ranking dos melhores locais para investir no Brasil. Goiás aparece como 12o colocado do ranking.

Os indicadores que mais comprometem uma melhor posição do estado são: desigualdade de renda, oferta de mão de obra especializada, produtividade da mão de obra, qualidade da rede de telecomuni- cações,-qualidade da rede de estradas (grande, conforme citado acima, mas mal conservada), gastos públicos com P&D, presença de infraestrutura em P&D. Em todos esses indicadores a pontuação obtida por Goiás é de apenas 25 pontos em 100 possíveis.

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Tão séria quanto é a posição equivalente, e abaixo da média nacio-nal, de Goiás nos macroindicadores inovação, infraestrutura e recursos hu-manos. Ações do governo estadual - no sentido de melhorar de maneira decisiva e determinada o desempenho nestas áreas - são condição sine qua non para que o estado cresça de forma sustentável.

Figura 1.3 – Ranking de gestão de GoiásFonte:http://veja.abril.com.br/multimidia/infografios/ranking-de-gestao-dos-estados-brasileiros-2011.

4.1.2 Indústrias Relacionadas e de Apoio

Goiás tem alguns clusters de expressão nacional, como os das indús-trias alimentícia, de bebidas e de mineração. Os setores alimentício e de mineração, com largo percentual de exportação de seus produtos - junto a outros de nível diferenciado em relação à média dos que compõem a eco-nomia do estado - vêm atraindo mão de obra em nível gerencial e executivo cada vez mais qualificada para Goiás, razão pela qual as empresa vem avan-çando em sua práticas gerenciais.

Este ritmo, entretanto, ainda não é suficiente para inserir as empre-sas goianas no mesmo nível em que se encontram a de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia no que diz respeito à busca pela excelência na gestão dos ne-

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gócios. As empresas de Goiás ainda têm muito o que avançar em melhores práticas, métodos e ferramentas de gestão a fim de alcançar patamares mais auspiciosos.

4.1.3 Condições de Demanda

A demanda em Goiás é pouco sofisticada, dada a grande desigualda-de de renda do estado. A renda per capita, conforme observado na figura A, posiciona-se no meio da escala, com 50 pontos, mas a desigualdade de ren-da - em especial a da capital, Goiânia, a cidade mais desigual da América Latina segundo estudo recente da Organização das Nações Unidas – ONU, intitulado Estado das Cidades do Mundo 2010/2011, evidencia o fato de que uma enorme parcela da população vive com pouco, o que não a cre-dencia para a formação de uma deman- da exigente.

O indicador do crescimento do mercado em Goiás, por outro lado, apresenta o índice máximo, de 100, o que nos leva à conclusão de que esta evidência pode vir a equilibrar, mesmo que de forma relativa, a desigualda-de de renda no que tange à sofisticação da demanda.

4.1.4 Contexto para Estratégia e Rivalidade

O fato de Goiás possuir alguns clusters de expressão nacional é de- terminante para a forma como as empresas estabelecem sua estratégia e ri-valizam. Em função do tamanho relativamente pequeno de sua economia, os grandes empreendedores e executivos mais importantes, bem como os dirigentes governamentais, são conhecidos e relacioname entre si. É o tipo de situação que gera um ambiente de rivalidade saudável, dado que a co-municação dos feitos de uns atiçam o pendor desafiador de outros, levando parte importante da economia à frente no que diz respei- to à busca de um status privilegiado nesta comunidade.

Contudo, conforme já citado, e ao contrário das mais recentes e ino-vadoras tecnologias de produção e fabricação, as práticas, métodos e fer-ramentas de gestão não costumam ser valorizadas no meio empresarial de Goiás.

Outro aspecto que prejudica o contexto para estratégia e rivalidade em Goiás é o fato de o Governo do Estado executar apenas um dos quatro

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papéis que lhe cabem como indutor da economia, conforme o entendimen-to de Porter.

Não há evidências de que o Governo de Goiás venha:- buscando melhorar a eficiência e qualidade dos insumos essenciais

às indústrias como força de trabalho qualificada e infraestrutura física adequada, conforme atestam os indicadores 5.1, 5.2, 6.1 e 6.2 do estudo da Economist (Figura 1.3);

- estabelecendo uma política de competição que promova a rivali-dade, regras de governança corporativa que responsabilizem os gestores por seu desempenho e processos regulatórios eficientes que promovam a inovação em vez da manutenção do status quo; desenvolvendo e implantando um programa de ação ou grande pro- cesso de mudança que mobilize governo, empresas, institui-ções e cida- dãos para fazer avançar o ambiente de negócios e o arranjo dos clusters locais.

4.2 CompetitividadedoCluster:Anápolis,GoiâniaeAparecidadeGoiânia

O Município de Anápolis, historicamente vocacionado ao co- mér-cio e à indústria, tem ao longo dos anos, contribuído efetivamente para o bom desempenho da crescente economia goiana. Nas décadas de 50 e 60 a cidade assumiu papel de relevo no suporte à criação das novas capitais de Goiás, Goiânia, e do Brasil, Brasília, graças a seu forte comércio atacadista, das cerealistas e das indústrias ceramistas.

Anápolis deu um salto significativo de desenvolvimento a partir de meados da década de 70, com a implantação do Distrito Agroindustrial (DAIA), transformando em realidade um sonho antigo dos empresários e bandeira de luta de uma das mais antigas entidades classis- tas de Goiás, a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA). Na década de 90, o DAIA passou à condição de referência, no Brasil e no exterior, com a implantação do Polo Farmoquímico. Hoje, a 2ª maior concentração de laboratórios do país em número de funcionários para a produção de medi-camentos genéricos, cujas empresas são dotadas de tecnologia de ponta em nível mundial. O DAIA está localizado em uma área de 8.000.000 m2. Esta área está sendo ampliada com a compra de 1.920.000 m2, destinados a abri-gar novas empresas e a estrutura da Plataforma Logística Multimodal, um

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dos projetos es- tratégicos do Governo de Goiás, que conta com respaldo integral da Prefeitura de Anápolis. A EADI - Estação Aduaneira do Interior (Por- to Seco Centro-Oeste) é um terminal alfandegário de uso público, de zona secundária, destinado à prestação de serviços de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro.

O Porto Seco encontra-se em uma região estrategicamente pri- vile-giada, a 45 Km de Goiânia, capital do estado de Goiás, e a 150 Km de Bra-sília, capital do Brasil. Três rodovias federais interligam-se em Anápolis: as BRs 060, 153 e 414, formando juntamente com as ferro- vias o que pode ser chamado de “Trevo Brasil”.

Ao redor de Anápolis, num raio de pouco mais de 1.200 quilôme-tros, encontra-se quase 75% do mercado consumidor brasileiro composto por Goiânia (capital do estado, a 45 Km), Brasília (capital federal, a 125 km), São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Campo Grande, Cuiabá e Palmas.

A localização geográfica privilegiada é um grande atrativo para os operadores de logística e empresas que buscam as condições ideais para distribuir seus produtos em condições competitivas.

Figura 1.4 – Modelo Diamante Anápolis

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4.2.1 Condições de Fatores

O Estado de Goiás conta com vinte e duas (22) faculdades de farmá-cia, que é capaz de prover mão de obra técnica especializada para o cluster. Pode-se dizer que há um cluster de instituições de ensino em farmácia em Goiás. Ocorre que a grade curricular dos cursos de farmácia não avançou no sentido de adequar-se às imposições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -ANVISA e às demandas da indústria por profissionais de farmá-cia que conheçam não somente os aspectos técnicos, mas os produtivos e de processos da indústria.

Outro fator determinante para o bom desempenho do cluster é sua posição geográfica privilegiada e a ampla rede viária da qual a referida posição é intersecção. Tal condição compensa, em parte, os problemas de infraestrutura de transportes do país e do estado. O aeroporto de cargas de Anápolis - com inauguração prevista para março de 2014 - será um fa-tor determinante para a continuidade do crescimento do cluster, visto que tornará muito mais eficiente e menos custoso os processos logísticos, em especial os de aquisição de matéria-prima.

Decisivos para a instalação e crescimento das empresas componen-tes do cluster farmacêutico do estado foram e continuam sendo os progra-mas de incentivo fiscal do governo de Goiás: PRODUZIR, originado do FOMENTAR; e o de financiamento do governo federal para a região Cen-tro-Oeste, onde se localiza o estado de Goiás: FCO - Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste.

Deve-se, ainda, ressaltar a importância determinante da atuação do órgão regulador, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na melhoria da qualidade dos produtos e processos de fabricação do setor far-macêutico no Brasil. Mais do que qualquer condição de demanda, foi a Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária que determinou os padrões e exigências fi ossanitárias para a produção e comercialização de fármacos em consonân-cia com as mais exigentes normas internacio- nais. De acordo com o Sr. Mar-çal Soares, Presidente Executivo do Sin- dicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás, Sindifargo, o resultado do atendimento a estes padrões levou os produtos e processos das empresas que compõem o cluster a um nível que lhes permite receber e atender a inspeção e exigências das agências reguladoras europeia e norte-americana (Food and Drug Administration).

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Um fator que vem afetando o desempenho da indústria é a valo-rização do Real. Como os princípios ativos, insumos prioritários para a fabricação dos genéricos, são importados, a valorização recente do Real en-careceu-os a tal ponto que alguns produtos tiveram de ser tirados de linha, por haverem-se tornado economicamente inviáveis.

4.2.2 Condições de demanda

As condições de demanda para os produtos não foram determi- nan-tes para a melhoria da qualidade e aumento da competitividade do cluster. Um dos motivos é o fato de o cluster não exportar, o que poderia gerar, no caso da exportação para mercados de alto nível de exigência de consumo, importantes demandas no que tange à qualidade intrínseca e extrínseca aos produtos.

O elemento determinante para a melhoria da qualidade e conse- quente aumento da competitividade do cluster foram, acima de qualquer outro, as exigências impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao setor farmacêutico brasileiro.

Por outro lado, o grande mercado brasileiro - dada a dimensão po-pulacional do país e a baixa renda dos cidadãos - impulsionou tremenda-mente o crescimento da indústria farmacêutica nacional, baseada na pro-dução de medicamentos genéricos, que, de acordo com lei federal, têm, obrigatória e necessariamente, de ser vendidos com preço final ao consu-midor no mínimo 35% abaixo do medicamento de marca.

No Brasil, os genéricos correspondem a pouco mais de 1/4 (25,6%) das vendas em unidades do mercado farmacêutico. Se to- marmos como referência os EUA (60%), Reino Unido (60%) e Alemanha (66%), resta evi-dente o enorme potencial de crescimento dos genéricos no país, determi-nado por uma demanda crescente por um produto (genérico) que conquis-tou a credibilidade do mercado de consumo.

4.2.2 Indústrias correlatas e de apoio

4.2.2.1 Produtores e Fornecedores de Matérias-primas

As matérias-primas básicas que indústria farmacêutica utiliza são

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os princípios ativos ou fármacos, produzidos pela indústria farmoquími-ca, além dos excipientes e veículos como o álcool, talco, sacarose, lactose, amido, etc. A pesquisa revelou que a quase totalidade das matérias-primas consumidas hoje pelos laboratórios da região é produzida fora do estado e, em grande parte, fora do país.

A farmoquímica Champion é responsável pela produção de princí-pios ativos limitados a alguns poucos produtos, entre os quais a Talidomida e o Monosulfiam, além de medicamentos veterinários. Sua integração com os demais laboratórios é muito pequena, na medida em que ela praticamen-te não fornece para a indústria local. O que há na região são três empresas que importam ou adquirem no mercado interno, fracionam e distribuem matérias-primas (princí- pios ativos e excipientes) para os laboratórios lo-cais: Pharma Nostra, a Genix e o AB Farmoquímico. A quase totalidade dos princípios ativos é importada.

Na distribuição de matérias-primas operam ainda as Empresas Braz-mo, que fracionam e distribuem alguns insumos químicos para os labora-tórios, a J. Feres; que fraciona e distribui álcool para a produção de medica-mentos; e a Arc-Sul Distribuidora de Matérias-Primas, que distribui álcool e outros produtos.

Há, ainda, na região do cluster, fabricantes de recipientes para me-dicamentos como cápsulas, bisnagas de alumínio, cartonagem, rótulos e caixas.

4.2.2.2 Produtores de Embalagens

Existe uma estrutura de produção local de alguns tipos de embala-gem para a indústria farmacêutica, mas ainda bastante limitada. Na área de cartonagem e gráfi esta estrutura é um pouco maior. Existem quatro em-presas no eixo Anápolis-Goiânia que atendem as empresas da região. Outro segmento importante é o de embalagens plásticas, que inclui empresas com linhas de produção específica para o setor farmacêutico.

Ressalta-se que a sinergia na produção de embalagens para a indús-tria farmacêutica e alimentícia nesses segmentos foi importante para o de-senvolvimento dessas empresas e, certamente, funciona com um elemento importante no estímulo de novos investimentos.

Um passo importante no adensamento da região foi a instalação, em

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2005-2006, de cinco novas empresas especializadas em embalagens como blisters, ampolas, cápsulas, bisnagas, frascos de vidros etc. Trata-se de pro-dutos que, em geral, ocupam grande volume e/ ou são frágeis, o que torna seu transporte em grandes distâncias pouco econômico.

4.2.2.3 Produtores de Máquinas e Equipamentos

A indústria farmacêutica utiliza uma grande quantidade de equi-pamentos sofisticados e, em sua maioria importados, principalmente nas empresas de maior porte. O Brasil, contudo, já dispõe de uma indústria de bens de capital em condições de atender parte signifitiva das necessida-des do setor farmacêutico. Os laboratórios pequenos e de porte médio da região, adquirem a maior parte de suas máquinas e equipamentos no mer-cado interno. A estrutura industrial local para a produção desses produtos na região ainda é bastante incipiente. Apenas três empresas que atendem o setor farmacêutico foram identificadas.

4.2.2.4 Prestador de Serviço de Controle de Qualidade

O Instituto de Ciências Farmacêuticas está situado em Goiânia-Goiás é o primeiro centro nacional de pesquisa contemplado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária com o certificado de Boas Práticas Labo-ratoriais Especializadas na realização de estudos de equivalência farmacêu-tica, bioequivalência, análises de controle de qualidade e desenvolvimento de métodos e validação.

Possui infraestrutura para a internação de voluntários, análises com-parativas e absolutas de substâncias e estudos estatísticos. O Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF) atende as maiores e mais conceituadas indús-trias farmacêuticas instaladas no Brasil, entre elas Hexal, Medley, Merck, Neo Química, Novartis, Ranbaxy, Schering-Plough, Teuto e Vitapan.

4.2.2.4 Empresas de logística/transporte

Conforme já relatado, a cidade de Anápolis é um importante hub rodoviário onde se localizam alguns dos maiores operadores logísticos do país. Esta disponibilidade de serviços logísticos é determinante para o su-

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cesso não só do cluster farmacêutico, mas de diversas empresas de outros setores que atuam na região. A construção do aeroporto de cargas, contudo, influirá ainda mais no aumento da competitividade do cluster farmacêuti-co, dado o alto valor agregado de alguns produtos e insumos da indústria que passarão a ser transportados via aérea com muito maior eficiência.

4.2.4 Estratégia e rivalidade das empresas

A estratégia das empresas do cluster é determinada, entre outros fa-tores, pela expiração das patentes dos medicamentos de marca. Alia-se a esta evidência o fato de que medicamentos genéricos são commodities que, como tal, só têm sua produção e comercialização economicamente viabili-zadas por meio de grandes volumes de produção e elevada produtividade, dado que as margens de lucro são reduzidas. Este aspecto torna-se ainda mais determinante pelo fato de que, segundo o Sindicado das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás (SINDIFARGO), as empresas vêm pra-ticando percentuais de desconto sobre o chamado “preço fábrica” (preço máximo permitido para vendas a farmácias, distribuidoras e entes da ad-ministração pública) que chegam a 85%.

Quanto à rivalidade, três elementos de rivalidade descritos por Por-ter são observados no cluster em análise, quais sejam a competição por pes-soas, a excelência técnica e o “direito à bazófia”, determinados pelo fato de as empresas localizarem-se praticamente uma ao lado da outra e em razão de seus fundadores e proprietários conhecerem-se pessoalmente e muito bem. Esta realidade, contudo, vem se alterando gradativamente, com o pro-cesso de aquisição de parte ou do todo de algumas das empresas do cluster por conglomerados nacionais e estran- geiros.

5 Recomendações para aumentar a competitividade do Cluster

5.1 Em nível regional (estado de Goiás)

- Empenho do Governo do Estado na efetiva construção e entre-ga da plataforma multimodal no prazo estabelecido. As obras do aeroporto de Goiânia estão paradas há vários anos, tornando-o um dos piores aeroportos das capitais brasileiras. O mesmo não

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pode ocorrer com a plataforma multimodal, sob o risco de sério comprometimento da potencialidade de crescimento da indús-tria goiana;

- O governo também deve cuidar da promoção de verdadeiras in-teração e integração entre as faculdades de farmácia e a indús-tria, fomentando a criação de fóruns para a discussão de temas relacionados à aplicação dos conhecimentos adquiridos na aca-demia, cuja grade curricular encontra-se defasada, na indústria;

- Apoiar de forma determinada e Movimento Goiás Competitivo (MGC), que busca disseminar entre as empresas goianas o Mo-delo de Excelência em Gestão (MEG) o mais completo e abran-gente modelo para a gestão dos negócios em nível mundial. Até a presente data, nenhuma empresa de Goiás venceu ou chegou a fi-gurar como finalista do Prêmio Nacional da Qualidade, que reco-nhece as organizações mais avançadas na implantação do MEG;

- Desenvolver e colocar em prática ações efetivas para a qualificação de mão de obra especializada para a indústria farmacêutica, em parceria com a FIEG e SENAI;

- Cuidar da infraestrutura rodoviária do estado, em péssimo estado de conservação, que, dada a dependência da economia goiana e brasileira do transporte rodoviário, configura-se em um enorme redutor da competitividade da indústria goiana;

- O Governo de Goiás deve usar o estudo da Economist de credibi-lidade internacional e que registrado na página 30 deste artigo que apresenta o desempenho de Goiás, bem como os referenciais comparativos com as médias nacionais e em relação a cada esta-do da Federação, nos indicadores determinantes para o aumento consistente de sua competitividade.

5.2 Em nível do Cluster

- As empresas devem buscar o mercado estrangeiro. Segundo Porter, a oferta do produto a outros mercados, que não o do país em que estão instaladas, é fator decisivo para que as empresas solidifi-quem sua capacidade competitiva e tenham condições de enfren-tar a ameaça representada por entrantes multinacionais.

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- Trabalhar, em parceria com o Governo do Estado, a aproximação com as faculdades de farmácia, a fim de promover as melhorias necessárias nas grades curriculares para que os farmacêuticos possam adequar-se às demandas impostas pela Anvisa e por pro-cessos fabris cada vez mais modernos;

- Buscar alternativas para a dependência dos princípios ativos im-portados, que, por serem cotados em dólar, pressionam a compe-titividade (no presente momento de alta do dólar, para baixo) dos medicamentos genéricos fabricados pelo cluster;

- Definir metas ambiciosas e ações correspondentes para capturar parcelas progressivamente maiores do mercado de medicamen-tos, uma vez que, em comparação com mercados mais maduros, ainda há uma enorme parcela de marketshare a conquistar;

- Cobrar do Governo do Estado o cumprimento dos prazos interme-diários e final da obra, a fim de garantir a entrega da Plataforma Multimodal de Anápolis na data prevista.

Referências

CUNHA. A. M. Relatório de acompanhamento setorial: complexo da saúde – indústria farmacêutica. São Paulo: UNICAMP/NEIT/ ABDI: Junho, 2009.FIUZA, E.P.S; LISBOA, M.B. Bens credenciais e poder de mercado: um estudo economé-trico da indústria farmacêutica brasileira. Texto para discussão, n. 846. Rio de Janeiro: IPEA, 2001.GADELHA. C.A. Saúde e indústria farmacêutica em debate. São Paulo: Ed. Cubzac, 2008.IPEA. Produtividade no Brasil nos anos 2000-2009: análise das Contas Nacionais. Comuni-cados IPEA Nº. 133. Brasília, 2012.NISHIJIMA, M. A. Análise econômica dos medicamentos genéricos no Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo. Tese de Doutorado. 2003.QUEIROZ. S. Estudo da competitividade da indústria brasileira.Nota Técnica Setorial do Complexo Químico. Consórcio: UNICAMP–FUNCEX, Campinas,1993.SANTOS, E.P. O contexto institucional do pólo farmacêutico em Goiás: cooperação e competitividade. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Dis-sertação de Mestrado. 2010

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ANÁLISE COMPETITIVA DO POLO AGROINDUSTRIAL DA REGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS NA PERSPECTIVA

DO MODELO DIAMANTE DE PORTER

Alcido Elenor WanderBento Alves da Costa Filho

Ricardo Daher OliveiraGiselle Paula Guimarães

Paulo Alexandre Perdomo SalvianoCarlos Augusto Costa de OliveiraCarlos Eduardo Gomes da SilvaClauren Daianny Sérvula Lemos

Cleuber Aires da SilvaFranciely Alves de OliveiraGiulliany Letícia da SilvaJuliana Marques Moreira

Karolyne André DiasPolyana Martins AssunçãoBruna Garcia dos Santos

1 Introdução

O agronegócio é a força da economia nacional, com avanços qualita-tivos e quantitativos, com um desempenho médio maior que o setor Indus-trial e com grande capacidade empregadora, força essa que vem alavancan-do o crescimento econômico e impulsionando os demais setores, trazendo desenvolvimento a pequenos e grandes municípios e gerando renda.

Várias atividades interdependentes compõem o agronegócio que têm em seu centro a agropecuária. De um lado, estão os fornecedores de máquinas, insumos agrícolas e equipamentos e, no outro, as atividades de distribuição, processamento industrial e serviços. Sendo então, três setores desta atividade econômica: primário (agropecuária e extração vegetal), se-cundário (indústria) e terciário (distribuição e comercialização).

Em Goiás, o setor agroindustrial é o mais explorado. O rápido cres-cimento teve início através de uma política diferenciada no que diz respeito

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aos incentivos fiscais, e se deu no decorrer dos anos 90. Em se tratando de números em atividades agrícolas, o estado é líder e vem se destacando na produção de café, milho, trigo, alho, arroz, algodão, soja, cana-de-açúcar e tomate.

No crescimento do agronegócio brasileiro, destaca-se o município de Rio Verde, localizado na microrregião do Sudoeste de Goiás. O municí-pio possui uma grande estrutura agroindustrial que é resultado da moder-nização da agricultura por meio de políticas públicas que, posteriormente, acabaram viabilizando o processo de agroindustrialização, trazendo uma complexidade em toda a cadeia produtiva. Em 1976, foi fundada a COMI-GO, uma cooperativa que teve e tem seu papel de apoio nas divulgações, pesquisas e assistências técnicas. Rio Verde também possui outras coope-rativas como: Brejeiro, Grupo Cereal e Cargill. O município é um grande produtor de algodão, feijão, girassol, soja e milho. Outro setor que vem se beneficiando com o aumento do fluxo de visitantes na cidade por meio do agronegócio é o turismo que tem experimentado uma maior utilização de serviços de hospedagens e de A&B (alimentos e bebidas).

2 Brasil

2.1 Contexto histórico e econômico

O Brasil é um dos maiores países do mundo, localizado na porção centro-oriental do continente sul-americano, cuja extensão territorial com-preende uma área total de 8.514.876 km² que inclui 8.456.510 km² de terra e 55.455 km² de água, com estimativa feita pelo IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de que tenha 192.376.496 de habitantes.

Destaca-se que, historicamente, o setor agrícola sempre foi uma das principais bases de economia do país, desde o período pré-colonial, onde se praticava a agricultura de subsistência, passando pelo período de coloniza-ção, com as monoculturas, até a diversidade de produção contemporânea, em que predomina a tecnologia e mecanização (SEIBEL, 2007).

A produção agrícola sempre existiu no Brasil, desde os pri- mór-dios, à época em que os nativos consumiam os alimentos locais e planta-vam como fonte de subsistência, até a chegada dos europeus introduzindo o cultivo de exportação de pau-brasil. Na região Nordeste, no século XVII,

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utilizando-se de mão de obra escrava e não promovendo desenvolvimento técnico ou social (CALMON, 1939).

Embora o açúcar produzido no Brasil fosse mais barato, não possuía acesso aos mercados e isso, gerou em outras regiões produtoras a diversi-dade de produção.

No final do período colonial a produção de café foi introduzida no país, consolidando-se após a Independência, principalmente na região su-deste. A exportação do café, nas décadas de 1880 e 1890, saltou de 19% para cerca de 63% do total da exportação do país (BAER, 2003).

Já no período pós-guerra, nos anos de 1950, a grande demanda dos centros urbanos não era atendida, tendo ocorrido escassez de produtos bá-sicos, como açúcar, trigo, feijão e outros.

Durante o período de regime militar, em 1973, foi criada a EM-BRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), tendo sido res-ponsável por estudos que fomentaram o desenvolvimento e a diversifica-ção agrícola produtiva nas diversas regiões do país (BAER, 2003). Com a estabilização monetária do Plano Real, a partir de 1994, o modelo agríco-la brasileiro passou por uma drástica mudança, tendo o Estado diminuí-do sua participação e o mercado passado a financiar a agricultura, o que impulsionou o desenvolvimento de produtos num mercado globalizado, havendo grande aumento de produtividade, tecnologia e profissionaliza-ção (BAER, 2003).

Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de julho de 2012, feito pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística, há uma área a ser colhida de 49,4 milhões de hectares. As três prin-cipais culturas são de arroz, milho e soja e respondem por 84,7% da área a ser colhida e, juntas, representam 91% da safra de 2012.

Ainda, segundo o IBGE, entre as grandes regiões destaca-se o vo-lume de produção do Centro-Oeste, de 69,8 milhões de toneladas; do Sul, de 56,7 milhões de toneladas; do Sudeste, de 19,1 milhões de toneladas; do Nordeste, de 13,2 milhões de toneladas, e do Norte, de 4,5 milhões de toneladas.

Desse modo, percebe-se quão importante é o papel do setor agrícola para a economia do Brasil. É um setor que, notadamente, contribuiu e con-tribui para o crescimento econômico brasileiro, como se vê de seu históri-co, e que coloca o país em posição de destaque internacional, utilizando-se

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por vezes a expressão “Brasil, celeiro do mundo”, a fim de demonstrar a sua tendência agrícola natural.

2.2 Análise do Diamante Nacional

O Modelo Diamante (Porter, 1990, 1998) apresenta-se como uma solução esquemática na forma de um diamante lapidado que une pontos ou fatores responsáveis pela criação de vantagens competitivas para um clus-ter. A Figura 2.1 abaixo ajuda a compreender melhor a história e evolução do cluster em Goiás mostrando sua riqueza de condições e oportunidades.

Figura 2.1 - Definição do Modelo Diamante

2.2.1 Condições de Fatores

Em termos de recursos físicos, o Brasil é o país com o maior po-tencial geográfico para a expansão agrícola, detém aproximadamente 550 milhões de hectares que podem ser aproveitados para a agricultura. Desse total, apenas 4% está sendo explorado segundo o órgão de agricultura e alimentação das nações unidas (FOOD AND AGRICULTURE ORGANI-ZATION, 2012.)

Em termos de conhecimento, mesmo bem inferior aos EUA, se com-

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parado, o Brasil se encontra na vanguarda dessa tecnologia de produção. Outro fator importante e diferencial das outras nações é a abundância de mão de obra barata.

As negociações têm melhorado através das mudanças nos meca-nismos de financiamento da produção fazendo com que os produtores te-nham mais autonomia, melhorando suas estratégias na produção. Por ou-tro lado, alguns fatores como infraestrutura de logística e armazenamentos ineficientes acabam reduzindo bruscamente o poder de competitividade dos derivados da soja na busca por mercados externos, principalmente na região centro-oeste, que é afastada dos portos de exportação (IBGE, 2012).

2.2.2 Condições de Demanda

Ao se tratar de grãos em análise das condições de demanda interna, a exportação está sendo mais atrativa que seu processo interno em função da desoneração do imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as exportações de matérias primas e também por outros fa-tores como: processadoras nacionais ineficientes e protecionismo político por parte de países desenvolvidos que privilegiam a importação de matéria prima em detrimento de produtos já processados.

No caso do farelo, o crescimento médio é mais equilibrado no que diz respeito ao consumo interno e exportação, isso ocorre porque o mesmo é direcionado para a indústria de rações e carnes, mas é importante ressal-tar que esse consumo interno está diretamente ligado ao bom desempenho dos setores consumistas citados.

Analisando o óleo e seus subprodutos, o consumo mostra duas va-riáveis, a primeira voltada para os produtos alimentícios como a margari-na, cremes vegetais, maioneses e molhos para salada, mercado esse que se manteve constante ao longo dos anos e também a utilização do óleo para fins energéticos na produção do Biodiesel, que tem se mostrado crescente. No caso das exportações, o crescimento tem sido bastante positivo com índices médios de 33% ao ano.

No geral, todos os três produtos, tanto a soja, como o farelo e o óleo, possuem altos níveis de aceitação internacional, existe forte interesse por parte dos mercados externos.

No ano de 2008, por exemplo, 50% da produção de todos os produtos

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e subprodutos foi para atender o mercado externo (LAZ- ZARINI,1998).

2.2.3 Indústrias Correlatas e de Apoio

Seguindo para a análise das indústrias correlatas, as que atuam no segmento de fertilizantes são as mais importantes no cenário da soja. Além de servirem de financiamento na produção, servem também como insumo para o processo produtivo. Este mecanismo é importante na capacidade de criação dos grãos, ou seja, as empresas que fabricam fertilizantes os forne-cem aos produtores em troca de determinadas quantidades de sacas de soja nos períodos de colheitas, resolvendo o problema de escassez de financia-mentos para os produtores. Por esses motivos e outros, empresas nacionais mostram a importância que esse mecanismo de financiamento com a uti-lização de fertilizantes tem sobre o poder de estruturação de uma empresa. Outro setor responsável pela maior viabilização da produção é o de máqui-nas e implementos agrícolas, que vem se modernizando e promovendo o aperfeiçoamento das operações de cultivo, fazendo com que fiquem cada vez mais eficientes (Enciclopédia Biosfera).

2.2.4 Estratégia, Estrutura e Rivalidade das Empresas

A competitividade brasileira nas exportações do complexo da soja fica evidenciada por meio da participação das tradings multinacionais como a Bunge, Cargill, ADM e Dreyfus, que por sua vez ajudam a coordenar um mecanismo integrado de financiamento, processamento e escoamento da produção, garantindo um bom funcionamento da cadeia produtiva.

Muitas mudanças ocorreram nesse modelo de financiamento da produção ate que chegasse a esse sistema eficiente de hoje. No começo, os acordos eram firmados por meio de contratos de soja verde, ou seja, ao in-vés de tomar um financiamento junto a financiadoras, o agricultor estabe-lecia acordos com cooperativas ou empresas, onde conseguia insumos em troca de uma determinada quantidade de sacas de soja depois da colheita. Mas os acordos eram quase sempre quebrados por parte de produtores em decorrência dos elevados preços da soja, o que não oferecia nenhuma segu-rança ou garantia as empresas. Em 1994, surgiram as Cédulas de Produto Rural (CPR) com as quais eram fixadas garantias através de uma instituição

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bancária ou seguradoras, o que ao contrário da soja verde, tinha garantias contratuais.

As cédulas de produto rural são reconhecidas pelo Banco Central do Brasil e possuem registro no Sistema de Custódia de Títulos do Agronegó-cio (ZOONEWS, 2012.)

3 Estado de Goiás

3.1 Formação Econômica de Goiás

Em meados do século XVIII, mais precisamente entre 1726 e 1778, a economia goiana se baseava na exploração mineral, com destaque para o ouro. Entretanto, esta riqueza não permaneceu no estado de Goiás, pois a maior parte dela enriqueceu a corte portuguesa. Não só o ouro compôs a atividade econômica da região, mas também um comércio pouco expres-sivo voltado para a mineração, à agricultura de subsistência e a pecuária.

Devido à crise da mineração, no século XIX a economia goiana se fortalece com a agropecuária, mas esta atividade apresentava alguns pro-blemas de base, e um dos mais sérios era o fraco sistema viário (conjunto de rodovias, estradas e rodagens do estado). O que dependia menos deste sis-tema era o gado, por se autotransportar, iniciando assim as atividades liga-das à pecuária. Com isso, foi possível expandir os mercados consumidores.

O avanço do capitalismo goiano foi barrado devido aos precários meios de comunicação, o que dificultou a conexão da região com os demais estados brasileiros, em especial com a região Centro-Oeste. A economia não se desenvolvia devido ao sistema viário ineficiente, e o meio encontra-do para desafogar a situação em que a região estava foi se apoiar nos trilhos que já estavam instalados.

Logo, no século XX, foi necessário adquirir novas terras para que a economia brasileira se fortalecesse e, desta forma, houvesse incremento na produtividade, o que ocorreu com a marcha do café em Minas Gerais e São Paulo. O estado de Goiás não passou por tal dificuldade, pois seu potencial econômico advém de suas terras férteis e produtivas. O que faltava para o citado estado era solucionar a dificuldade em seus sistemas de transporte e assim pudesse atender à demanda nacional. Em contrapartida, os trilhos da estrada de ferro alavancaram a produção agropecuária e a notoriedade do

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comércio, fazendo com que a economia goiana se desenvolvesse e ganhasse posição de destaque ante o contexto nacional. A atividade agropecuária e o comércio, no século XX, se concentravam na região sul de Goiás, localiza-ção das cidades principais (SEPLAN, 2012).

3.1.1 A Revolução Verde

Conforme defendido por Wagner de Cerqueira e Francisco (2012), “a expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington, mas o processo de modernização agrícola que a desencadeou ocorreu no final da década de 1940”. A ideia do programa era a de aumentar a produção agrícola através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo que aumentassem a produtividade. Isso se daria através do desenvolvimento de sementes adequa-das para tipos específicos de solos e climas, adaptação do solo para o plantio e desenvolvimento de máquinas. As sementes modificadas e desenvolvidas nos laboratórios possuem alta resistência a diferentes tipos de pragas e doen-ças. Seu plantio, aliado à utilização de agrotóxicos, fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, aumenta significativamente a produção agrícola.

Esse programa foi financiado pelo grupo Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Utilizando um discurso ideológico de aumentar a produção de alimentos para acabar com a fome no mundo, o grupo Rockefeller ex-pandiu seu mercado consumidor, fortalecendo a corporação com vendas de verdadeiros pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em desenvolvimento como Índia, Brasil e México.

Após esta iniciativa, houve aumento na produção de alimentos, mas o problema da fome não foi sanado, pois a produção de grãos nos países em desenvolvimento é destinada a nações ricas e industrializadas, a exemplo dos Estados Unidos, Japão e Países da União Europeia.

A estrutura agrária foi alterada após o processo de modernização no campo e os mais prejudicados foram os pequenos produtores. Os que não se adaptaram às novas técnicas ou não tinham condições de adquiri-las, não conseguiram produzir o suficiente para continuarem ativos. Com isso, muitos produtores foram obrigados a venderem suas propriedades para quitar a dívida adquirida com os empréstimos bancários angariados com o intuito de financiar sua atividade.

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A Revolução Verde foi positiva no aspecto em que trouxe eficiência e especialidade à produção agrícola. Por outro lado, foi desastrosa para os pequenos produtores que não se adaptaram ao novo “modelo”. Também não solucionou o problema defendido pelo grupo Rockefeller, que era o de acabar com a fome mundial, só mostrou que existem tecnologias a favor da atividade agrária.

3.1.2 Consequências da Revolução Verde para o Brasil

Durante o regime militar (1964), falava-se muito de qual caminho o Brasil deveria seguir para aumentar sua produção agrícola e duas alternativas eram apontadas: a Reforma Agrária, a estrutura fundiária e a aquisição pelos agricultores de novos pacotes tecnológicos (mecanização). O Governo optou por manter a estrutura já existente e adotou os moldes da Revolução Verde, o que foi muito criticado por ter sido interpretado como conservador.

Inicialmente, as regiões mais afetadas foram as Sudeste, Sul e, mais tarde, o Centro-Oeste. O subsídio à expansão da nova fronteira agrícola ocorreu pela iniciativa privada, mas com o apoio do governo. Observou-se que as monoculturas, como a soja, milho, algodão e arroz, tiveram prefe-rência por serem alvo de exportação. Em seguida, a produção de cana de açúcar expandiu-se com grandes incentivos do programa Proálcool (Pro-grama Brasileiro de Álcool, desenvolvido para evitar o aumento da depen-dência externa de divisas quando dos choques de preço de petróleo). Com estas iniciativas, houve incremento na produtividade do setor, contudo o meio ambiente e a sociedade foram gravemente afetados.

O Meio Ambiente foi afetado no que tange à erosão genética, extin-ção de espécies, tanto animais quanto vegetais, desmatamento, uso intensi-vo de agrotóxicos para abatimento das pragas que se proliferavam, conta-minação de todo o ecossistema e dificuldades quanto à irrigação.

Para o homem, a maior consequência ocorreu na sua saúde, devido à utilização de agrotóxicos que se alojam em seu organismo e que causam doenças irreversíveis. As principais doenças ocorreram no trato respiratório, distúrbios mentais e lesões renais e hepáticas. A exclusão social também foi uma enorme consequência da Revolução Verde, pois modernização da agri-cultura beneficiava apenas a minoria, os grandes produtores. A substituição da mão de obra humana pela máquina culminou no desemprego rural. Essa

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exclusão social causada pela modernização no campo fez com que surgisse a migração para as cidades, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, centros que acolhiam esses desempregados mediante uma baixa remuneração.

A concentração de rede e fundiária surgiu nessa época, em que a maior parte da riqueza estava nas mãos dos grandes produtores. Com isso, os conflitos e mobilizações por Terra tiveram início, onde os trabalhadores rurais lutavam pela reforma agrária. Um dos movimentos de maior expres-são é o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

3.1.3 A Revolução Verde na Atualidade

A crise gerada pela fome mundial, nos dias de hoje, se comparada aos idealistas da Revolução Verde, poderia ser compreendida como uma oportunidade para se criar condições e alternativas de se solucionar este impasse, tais como: adoção da agricultura de precisão, uso da biotecnologia na produção de sementes, modernização das lavouras através da tecnolo-gia, expansão da fronteira agrícola e parceria do governo com a iniciativa privada em prol dos pequenos e médios produtores, que também contri-buem para a evolução do agronegócio.

3.1.4 Estado de Goiás no Contexto Nacional – 2008

O estado de Goiás está localizado na região Centro-Oeste do Brasil, ocupando uma área de 340.086,698 km². Comparado aos demais estados brasileiros, possui 3% de toda a população do país e é o 7°maior estado em extensão territorial. Divisa-se com o estado de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul(ao sul),com Tocantins (a norte), Mato Grosso ( a oeste) e Minhas Gerais e Bahia a leste.

O estado de Goiás tem participação significativa na economia de grãos (tabela 2.1), respondendo por 8,52% da produção nacional. Em uma análise comparativa, notamos que houve evolução neste setor do ano de 2000 para 2007, quando a produção goiana saltou de 8,7 milhões de toneladas de grãos (participação de 9,97% na produção nacional) para 11,3 milhões em 2007, ficando em 4° lugar no ranking nacional. Na classificação por produção, o estado de Goiás assumiu a 1ª posição em sorgo, 3ª em algodão, 4ª em soja, 5ª em feijão e milho, 6ª em cana-de-açúcar e trigo e 7º em arroz.

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Unidade da f ederação 2000 2007(1)

Variação (%) 2000 / 2007 2008 (1)

Produção de grãos (t)

Part (%)

Rank-ing

Produção de grãos (t)

Part (%)

Rank-ing Produção de grãos (t)

Brasil 87.572.919 100 135.462.213 100 54,69 147.880.852

Centro-Oeste 25.975.687 29,66 44.026.244 32,5 69,49 50.673.196

Paraná 16.471.297 18,81 1º 29.441.776 21,73 1º 78,75 31.503.866

Rio Grande do Sul 15.098.405 17,24 2º 24.461.263 18,06 2º 62,01 22.753.918

Mato Grosso 12.964.791 14,8 3º 23.752.814 17,53 3º 83,21 28.362.410

Goiás 8.727.474 9,97 4º 11.378.951 8,4 4º 30,38 13.214.484

Minas Gerais 8.145.011 9,3 5º 10.412.692 7,69 5º 27,84 11.696.033

Mato Grosso do Sul 4.006.174 4,57 8º 8.405.631 6,21 6º 109,82 8.615.620

São Paulo 5.225.961 5,97 6º 6.464.928 4,77 7º 23,71 7.385.121

Santa Catarina 5.025.534 5,74 7º 6.398.742 4,72 8º 27,32 6.501.038

Bahia 3.729.048 4,26 9º 5.291.864 3,91 9º 41,91 6.214.073

Maranhão 1.536.457 1,75 10º 2.335.757 1,72 10º 52,02 2.517.566

Tocantins 660.120 0,75 14º 1.283.232 0,95 11º 94,39 1.560.965

Pará 1.021.181 1,17 13º 1.159.890 0,86 12º 13,58 1.188.482

Piauí 642.458 0,73 16º 859.045 0,63 13º 33,71 1.465.573

Rondônia 652.438 0,75 15º 785.501 0,58 14º 20,39 916.174

Espírito Santo 1.182.859 1,35 11º 734.005 0,54 15º -37,95 727.323

Ceará 1.025.452 1,17 12º 577.637 0,43 16º -43,67 1.144.234

Distrito Federal 277.247 0,32 17º 488.848 0,36 17º 76,32 523.022

Sergipe 147.839 0,17 20º 314.557 0,23 18º 112,77 478.264

Pernambuco 268.008 0,31 18º 270.785 0,2 19º 1,04 383.022

Paraíba 242.034 0,28 19º 147.982 0,11 20º -38,86 228.506

Roraima 70.500 0,08 24º 139.758 0,1 21º 98,24 139.258

Acre 92.737 0,11 23º 94.238 0,07 22º 1,62 64.472

Alagoas 120.212 0,14 21º 83.200 0,06 23º -30,79 123.602

Rio Grande do Norte 112.165 0,13 22º 71.133 0,05 24º -36,58 112.596

Rio de Janeiro 67.631 0,08 25º 51.569 0,04 25º -23,75 48.870

Amazonas 57.952 0,07 26º 51.373 0,04 26º -11,35 48.554

Amapá 1.934 0,002 27º 5.043 0 27º 160,75 6.144

Tabela 2.1: Produção de grãos, segundo as unidades da federação - 2000, 2007 - 2008. Fonte: IBGE. Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2008 (1) Dados preli-minares.

A economia goiana se consolidou no contexto nacional, devido à sua capacidade agrícola de estimular a balança comercial, de produzir ma-térias-primas para as agroindústrias, de fomentar a geração de empregos, por possuir solos férteis e também por ser subsidiada pelo incentivo do

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governo federal. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Mauro Borges (IMB), em 2008 pela SEPLAN – Secretaria de Estado, Gestão e Planeja-mento (2012), “o incremento verificado na safra goiana foi impulsionado principalmente pelos ganhos de produtividade nas culturas de: soja, algo-dão, milho, sorgo, cana-de-açúcar, feijão entre outras”.

Um dos fatores que levaram a agricultura goiana a ganhar tamanha expressividade é a pecuária (tabela 2.2), outra atividade do agronegócio que posiciona Goiás como um dos maiores produtores brasileiros de cabe-ça de gado, sendo 20,4 milhões em rebanho bovino, o que lhe permitiu a 4ª posição, representando 10,25% do rebanho nacional. A agricultura não caminha sem a presença da pecuária, por este motivo tal “conjuntura” é conhecida nacionalmente como atividade “agropecuária”. Goiás também ocupa a 6ª colocação em produção de aves e a 7ª em suínos.

Unidade da f ederação 2000 2006 2007

Variação (%) 2000

/ 2007

Bovino (cab) Part (%) Rank-

ing Bovino (cab) Part (%) Rank-ing Bovino (cab) Part (%) Rank-

ing

Bras il 169875524 100,00 205886244 100,00 199752014 100,00 R$ 17,59

Cen-tro-Oeste 59641301 35,11 70535922 34,26 68088112 34,09 R$ 14,16

Mato Grosso 18924532 11,14 3º 26064332 12,66 1º 25683031 12,86 1º R$ 35,71

Minas Gerais 19975271 11,76 2º 22203154 10,78 3º 22575194 11,30 2º R$ 13,02

Mato Grosso do Sul 22205408 13,07 1º 23726290 11,52 2º 21832001 10,93 3º -R$ 1,68

Goiás 18399222 10,83 4º 20646560 10,03 4º 20471490 10,25 4º R$ 11,26

Pará 10271409 6,05 7º 17501678 8,50 5º 15353989 7,69 5º R$ 49,48

Rio Grande do Sul 13601000 8,01 5º 13974827 6,79 6º 13516426 6,77 6º -R$ 0,62

São Paulo 13091946 7,71 6º 12790383 6,21 7º 11790564 5,90 7º -R$ 9,94

Bahia 9556752 5,63 9º 10764857 5,23 9º 11385723 5,70 8º R$ 19,14

Rondônia 5664320 3,33 11º 11484162 5,58 8º 11007613 5,51 9º R$ 94,33

Paraná 9645866 5,68 8º 9764545 4,74 10º 9494843 4,75 10º -R$ 1,57

Tocantins 6142096 3,62 10º 7760590 3,77 11º 7395450 3,70 11º R$ 20,41

Maranhão 4093563 2,41 12º 6613270 3,21 12º 6609438 3,31 12º R$ 61,46

Santa Catarina 3051104 1,80 13º 3460835 1,68 13º 3488992 1,75 13º R$ 14,35

Ceará 2205954 1,30 14º 2352589 1,14 15º 2424290 1,21 14º R$ 9,90

Acre 1033311 0,61 19º 2452915 1,19 14º 2315798 1,16 15º R$ 124,11

Pernambuco 1515712 0,89 18º 2095184 1,02 18º 2219892 1,11 16º R$ 46,46

Espírito Santo 1825283 1,07 16º 2119309 1,03 16º 2142342 1,07 17º R$ 17,37

Rio de Janeiro 1959497 1,15 15º 2095666 1,02 17º 2078529 1,04 18º R$ 6,07

Piauí 1779456 1,05 17º 1838378 0,89 19º 1736520 0,87 19º -R$ 2,41

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Amazonas 843254 0,50 22º 1243358 0,60 20º 1208652 0,61 20º R$ 43,33

Paraíba 952779 0,56 20º 1092792 0,53 21º 1139322 0,57 21º R$ 19,58

Alagoas 778750 0,46 24º 1029352 0,50 23º 1112125 0,56 22º R$ 42,81

Sergipe 879730 0,52 21º 1067508 0,52 22º 1073692 0,54 23º R$ 22,05

Rio Grande do Norte 803948 0,47 23º 1027289 0,50 24º 1010238 0,51 24º R$ 25,66

Roraima 480400 0,28 25º 508600 0,25 25º 481100 0,24 25º R$ 0,15

Amapá 82822 0,05 27º 109081 0,05 26º 103170 0,05 26º R$ 24,57

Distrito Federal 112139 0,07 26º 98740 0,05 27º 101590 0,05 27º -R$ 9,41

Tabela 2.2 - Efetivo do rebanho bovino, segundo as unidades da federação - 2000 - 2006 – 2007. Fonte: IBGE. Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2008. (1) Dados preliminares.

A produção agroindustrial goiana se destacou, ficando em 4° lu-gar no ranking nacional em álcool e 6° em açúcar, o que a fez avançar duas posições, uma vez que no ano de 2000 estava em 6° lugar. O bom desempenho experimentado pelo estado de Goiás deve-se ao apoio do governo que através de incentivos fiscais, redução de juros, apoio ao pe-queno produtor, fomentou o crescimento e desenvolvimento deste setor. A atração de investimentos possibilitou a expansão do setor fabril, geran-do mais empregos (de 108 mil em 2000 para 173 mil em 2008) e renda para a população. Os setores que mais empregam são: serviços (535 mil trabalhadores); comércio (com mais de 183 mil); agropecuária (63 mil) e construção civil (36 mil).

No que tange às transações internacionais, Goiás permanece com saldo positivo na balança comercial, assumindo a 11ª posição no ranking nacional em exportações, que cresceram a partir do ano 2000. Do total ex-portado, os produtos do agronegócio respondem por mais de 74%, com destaque para ferrovias, carne, minérios e o complexo soja. O bom desem-penho na balança comercial goiana deve-se à adoção de políticas fiscais, tributária e incentivos, tanto do governo, quanto da iniciativa privada (em-presários), o que garantiu um crescimento sólido e eficaz. A compra desses produtos ocorre, principalmente, pela França, Irã, Rússia, Paraguai, Índia, China e Países Baixos (Holanda). Já no que diz respeito às importações, Goiás compra principalmente da Alemanha, China, Canadá, Belarus, Sui-ça, Estados Unidos, Coreia do Sul, Tailândia e Japão.

Em 2006, o PIB goiano a preço de mercado corrente obteve desem-penho de 3,12%, chegando ao valor de R$57,091 bilhões, superando o ano

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de 2003, quando registrou R$42,836 bilhões. Ocupa a 9ª colocação no ran-king nacional, cuja participação no PIB é de 2,41%.

O PIB per capita de Goiás (tabela 2.3) também obteve melhor de-sempenho, quando passou de R$7.937, em 2003, para R$9.962 em 2006. Representa 78,51% do PIB per capital nacional, que é de R$12.688. É im-portante ressaltar que a população média goiana cresceu 2,04% de 2002 a 2006, sendo o 2° estado a apresentar o maior saldo migratório do País, enquanto que o Brasil cresceu 1,44% no mesmo período (SEPLAN, 2012).

Unidade da f ederação 2003 2006

PIB per capita (R$) Ranking PIB per capita (R$) Ranking

Bras il 9.498 12.688

Centro-Oeste 12.228 15.551

Distrito Federal 28.282 1º 37.600 1º

São Paulo 14.788 2º 19.548 2º

Rio de Janeiro 12.514 3º 17.695 3º

Santa Catarina 11.764 4º 15.638 4º

Espírito Santo 9.425 8º 15.236 5º

Rio Grande do Sul 11.742 5º 14.310 6º

Paraná 10.935 6º 13.158 7º

Mato Grosso 10.347 7º 12.350 8º

Amazonas 8.100 10º 11.829 9º

Minas Gerais 7.937 11º 11.028 10º

Mato Grosso do Sul 8.772 9º 10.599 11º

Goiás 7.937 11º 9.962 12º

Roraima 7.455 13º 9.075 13º

Amapá 6.220 15º 8.543 14º

Rondônia 6.594 14º 8.391 15º

Sergipe 5.718 17º 7.560 16º

Tocantins 5.784 16º 7.210 17º

Acre 5.278 18º 7.041 18º

Bahia 5.031 19º 6.922 19º

Rio Grande do Norte 4.626 21º 6.754 20º

Pernambuco 4.774 20º 6.528 21º

Pará 4.448 22º 6.241 22º

Ceará 4.145 23º 5.636 23º

Paraíba 3.998 24º 5.507 24º

Alagoas 3.805 25º 5.164 25º

Maranhão 3.112 26º 4.628 26º

Piauí 2.978 27º 4.213 27º

Tabela 2.3: PIB per capita, segundo as unidades da federação - 2003 - 2006. Fonte: IBGE. Elaboração: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2008. (1) Dados preliminares

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2.2 O Modelo Diamante no Estado de Goiás

2.2.1 Condições dos Fatores

O cerrado, conta com algumas desvantagens como o clima tropical e o solo fraco em nutrientes, desvantagem que a Embrapa com suas pesqui-sas já contornou. Aliado a isso o cerrado tem a vantagem de receber uma quantidade de chuva sufi iente, não precisando recorrer em todo período de safra às irrigações artificiais (REVISTA ECONOMIST, 2012).

No estado de Goiás, grande parte do transporte de cargas, bem como de passageiros é feita pelo modal rodoviário.

Conforme estudo publicado em 2002 pela extinta GEIPOT – Empre-sa Brasileira de Planejamento de Transportes, o setor rodoviário em Goiás tem como principal problema as inúmeras rodovias em leito natural, tanto nas redes estaduais, municipais como nas federais. Somado a isso da malha rodoviária federal desde o ano do estudo até hoje tem uma situação precá-ria. Goiás precisa de investimentos em sua malha rodoviária, necessita de recuperação emergencial. Hoje, o maior custo de produção é justamente com logística e transporte.

Conforme previsão da GEIPOT (2002), o transporte hidroviário de-verá constituir-se como um modal de grande importância para o escoa-mento da produção do Estado de Goiás, principalmente de grãos. Em São Simão (GO) há um terminal privado (no Rio Paranaíba), onde são embar-cados grãos provenientes do Sudoeste de Goiás e, através dos Rios Paraná e Tietê, são transportados para o Estado de São Paulo para beneficiamento e/ou exportação pelo Porto de Santos e importado insumos.

Ao longo do Rio Araguaia, há uma elevada potencialidade de trans-porte de carga, notadamente grãos, em função da sua área de influência.

Atualmente, Goiás conta com uma área ao Sul do Distrito Federal e ao Leste de Goiânia atendido pelo modal ferroviário e com a ferrovia Centro-Atlântica S.A, a qual propicia conexão com os portos do Espírito Santo (Vitória e Tubarão) e do Rio de Janeiro (Sepetiba), através da Com-panhia Vale do Rio Doce (CVRD), chegando também ao porto de Santos em São Paulo, onde é necessário utilizar a malha Paulista. As cargas mais movimentadas pela ferrovia são farelo de soja, derivado de petróleo claro, calcário para siderurgia, cimento, entre outros.

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No transporte aeroviário, a região Sudoeste (Rio Verde) possui um aeroporto doméstico de pista asfaltada, com extensão de 1.500m x 30m (com previsão de ampliação), balizamento noturno e terminal de passagei-ros com as rotas Brasília e Goiânia (EMPRESA BRASILEIRA DE PLANE-JAMENTO DE TRANSPORTES – GEIPOT; 2012.).

O estado de Goiás, que é considerado o coração do Brasil, também possui um Porto Seco mais popularmente conhecido como EADI (Esta-ção Aduaneira Interior), que fica localizado estrategicamente em Anápolis onde esta sendo construída a plataforma multimodal possibilitando uma maior agilidade no escoamento da produção do estado.

O Porto Seco ganhou título de Alfandega no final da década de 90, incorporando na região centro-oeste uma importante alternativa logística estrategicamente situada. Atualmente desempenha uma fundamental fun-ção e atuação no desenvolvimento do Estado de Goiás e de todo o centro-oeste, colocando a região no circuito do mercado globalizado.

O Porto Seco Centro Oeste S/A, assim registrado e constituído por empresários goianos que ganharam licitação para prestação de serviços aduaneiros, tornou-se um terminal alfandegário de uso público, com uma moderna estrutura oferecendo todos os recursos para exportação é desti-nado à armazenagem e à movimentação de mercadorias também prove-nientes de importação, sendo frequentemente utilizado em prol de opera-ções com o comércio exterior.

O Porto Seco Centro Oeste conquistou posição de destaque entre as grandes empresas do mesmo segmento do interior do Brasil, principal-mente por ter uma localização privilegiada, estrategicamente instalado no conhecido “Trevo do Brasil” na cidade de Anápolis - GO. A cidade fica pró-xima dos grandes centros econômicos do País com facilidade de acesso pe-los modais rodoviário, ferroviário e aéreo, o que significa uma boa redução de custos no escoamento de produtos para os mercados interno e externo atraindo cada vez mais usuários e clientes. Esta facilidade de escoamento dos mais diversos tipos de carga faz com que a cidade de Anápolis e o Porto Seco consigam interligar todo o mercado produtivo do centro-oeste a di-versos pontos logísticos do país. Isto explica ter ganhado o título de “Trevo do Brasil”.

O usuário do Porto Seco encontra em um mesmo lugar todos os faci-litadores de escoamento de sua carga ou entrada de importações, pois, além

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de contarem com toda a estrutura logística e de armazenamento podem ter também todos os serviços próprios de uma aduana, como a Receita Federal do Brasil, Ministério da Saúde, Agência de Vigilância Sanitária, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. É a empresa privada que mais aplica em logística no centro-oeste, atraindo vários investimentos para a região.

Segundo seu próprio site, em 2007 mais de US$ 520 milhões em mer-cadorias passaram pelos terminais de carga do Porto Seco movimentando 22.000 toneladas de carga/mês, o que representa 40% da carga brasileira transportada pelo Trem Expresso da Ferrovia Centro-Atlântica (figura 2.2).

Figura 2.2: Crescimento das exportações e importações em Anápolis, Porto Seco.Fonte: Porto Seco Centro Oeste S/A

Considerado o “Corredor do Comércio Exterior”, o Porto Seco Cen-tro agrega competitividade às indústrias da região com uma moderna in-fraestrutura e portfólio diferenciado de serviços. Em 2000, foi lançado pelo governo um projeto que conta com a iniciativa privada que esta em fase de implantação até hoje. Irá viabilizar ainda mais o transporte e escoamento de cargas no estado, colocando Anápolis em um dos principais centros dis-tribuidores do País, e o Porto Seco, tornou-se âncora deste projeto, que é a Plataforma Logística Multimodal. A plataforma (figura 2.3) dará acesso

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rápido a todos os principais portos do país de forma ágil e mais econômica. O projeto prevê um polo de serviços especializados e administração (Por-to Seco) terminais de frete aéreo, contando com aeroporto internacional de cargas, centro de carga rodoviária e terminal de carga ferroviária e esta orçado em R$ 250 milhões até sua conclusão (PLATAFORMA MULTIMO-DAL, 2012.).

Figura 2.3: Logística de Transporte em GoiásFonte: IMB – Instituto Mauro Borges (2012)

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Conforme um estudo realizado pelo Instituto Mauro Borges, em 2010 a área plantada de soja em Goiás chegou a 4,5 milhões de hectares, acréscimo de 1,5% na produção agrícola em relação ao ano de 2009.

Este acréscimo foi influenciado pelo clima que no ano de 2010 foi favorável à oleaginosa. O aumento da produção foi consequência das apli-cações de novas tecnologias e estudos sobre a área e o solo, de maiores investimentos do setor privado e sobretudo a parceria da Embrapa com os agricultores.

Goiás empregou em 2009 cerca de 400 mil pessoas na zona rural. A População economicamente ativa (PEA), em Goiás era composta por 3,3 milhões de pessoas sendo que deste total 15,65% estão na atividade agríco-la. (Instituto Mauro Borges; 2012.)

Como quase todos os grandes países agrícolas do mundo, o Brasil esta dividido entre produtores com operações produtivas gigantescas e os ineficientes. Em Goiás, não é diferente. Os pequenos produtores servem o arranjo produtivo local de subempregos, mas as grandes propriedades são vastamente mais produtivas.

O Senso Agropecuário 2006 do IBGE registrou 12,3 milhões de pes-soas que estão vinculadas à agricultura familiar (74% do pessoal ocupado). As áreas rurais não familiares ocupavam 4,2 milhões de pessoas, corres-pondendo a 25,6% da mão de obra ocupada. (IBGE; 2012) O ultimo levan-tamento comparativo entre a produção familiar (ineficientes) e à de gran-des produtores (operações produtivas de grande porte) mostra claramente a diferença (tabela 2.4).

Variáveis Selecionadas Agricultura Familiar Lei nº 11326 Não Familiar

Produção Vegetal

Soja

Estabelecimentos 917 3.235

Quantidade Produzida (kg) 126.355.535 4.236.338.718

Área colhida (ha) 51.517 1.153.216

Valor da Produção (R$) 51.177.345 1.844.622.122

Tabela 2.4 : Agricultura Familiar X Não Familiar - Goiás 2006Fonte: Censo Agropecuário 2006 -IBGE

A mão de obra na produção em Goiás tem passado por profissiona-

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lização, ajudando a alavancagem do estado quanto à produção agrícola e novas tecnologias.

A taxa de analfabetismo das pessoas a partir de 10 anos ou mais de idade caiu de 10,8% em 2000 para 7,3% em 2010 conforme mostram os índices do IBGE, o que reflete um bom avanço na educação. Estudos es-tatísticos também apresentam uma evolução no ensino superior. O IBGE apresentou em estudo que os números de unidades de educação no ano de 2000cresceu de 35 unidades para 80 unidades em 2010 e o número de ma-trículas que era de 72.769, passou para 173.003 no mesmo período (IBGE 2012).

Pela localização centralizada do estado de Goiás e a proximidade do Distrito Federal, o acesso à qualificação profissional é fácil e disponível para praticamente todas as áreas que envolvem o agronegócio. A UFG – Uni-versidade Federal de Goiás tem sede em Goiânia e uma unidade em Jataí cidade do sudoeste goiano onde formam anualmente em média, 350 novos profissionais em Agronomia (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2012). Em Rio Verde, outra cidade do sudoeste goiano, fica localizada a Universidade de Rio Verde (FESURV), instituição de ensino superior que oferece inúmeros cursos para atender a demanda por profissionais quali-ficados na região. A FESURV oferece cursos de Administração. Biologia, Agronomia, Economia, Zootecnia, Matemática, Contabilidade, Direito e Ciência da Computação qualificando a mão de obra local e do estado (Uni-versidade de Rio Verde – FESURV; 2012). Em Goiânia, capital do estado é oferecido curso de especialização Lato Sensu (MBA - Master of Business Administration) em Agronomia por uma renomada instituição do país, Fundação Getúlio Vargas (FGV) a qual possui unidade em Rio Verde, ou-tra importante cidade do sudoeste goiano onde se concentra boa parte da produção agrícola do estado (Fundação Getúlio Vargas em Goiás – FGV; 2012). O governo participa indiretamente sobre a agricultura, os recursos e desenvolvimento são na maioria das vezes provenientes da inciativa pri-vada.

O governo emprega pouco recurso na área agrícola, principalmente quando se fala de pesquisa e desenvolvimento no campo, o que traz melho-res tecnologias para os produtores e consequentemente aumenta a renda.

O governo brasileiro deveria tomar como ação prioritária investi-mentos em infraestrutura, pois é através do melhoramento em infraestru-

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tura que o país pode diminuir desperdícios na produção, baratear os preços de comercialização e gerar renda o que é fundamental para a sustentabili-dade do campo.

Tanto o Brasil quanto Goiás, precisam de um programa estratégi-co de desenvolvimento da produção, com uma política publica integrada e continua, que não mude a cada troca de governo. Os ministérios precisam se falar, planejar, dar continuidade e cumprir.

O financiamento tem que sair na hora certa. A estrada também. A logística integrada. O armazém tem que ser construído, os portos amplia-dos e modernizados. Goiás e o Brasil tem tido uma política dispersa e isto tem custado caro a todos nós.

2.2.2 Indústrias Correlatas de Apoio

Pelo pouco incentivo do Governo na área agroindustrial, surgiram cooperativas agrícolas em Goiás, auxiliando o crescimento e desenvolvi-mento do cluster agrícola no estado.

A COMIGO, uma das inúmeras cooperativas existentes atualmente vem ganhando destaque no estado e no país, com todo o trabalho que vem desenvolvendo e os benefícios trazidos aos agricultores goianos.

Fundada em 1975, na cidade de Rio Verde no sudoeste do estado de Goiás, a Cooperativa de Beneficiamento, Industrialização e Comercializa-ção de Produtos Agrícolas – COMIGO – por um grupo de cinquenta pro-dutores rurais. Inicialmente o objetivo da cooperativa era apenas atender àdemanda por armazenagem do principal produto da região na década de 70, o arroz e o milho e também fornecer insumos básicos como fertilizan-tes, sacaria, sementes entre outros.

Atualmente a COMIGO conta com 4.500 cooperados e 1.600 funcio-nários e está enquadrada entre as seis principais cooperativa do país, sendo a primeira do Centro-Oeste.

Neste cenário, destaca-se o Centro Tecnológico da COMIGO. De-manda dos próprios cooperados, conta com 800 experimentos instalados em parcerias com grandes empresas do setor de insumos bem como insti-tuições de pesquisa e ensino.

A cooperativa participa diretamente da pesquisa na região, desde a década de 80. Foi uma das responsáveis pela elaboração e execução do Pro-

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grama Renda Real (1997 a 1999) dentro do Fórum Nacional da Agricultura (FNA), e foi durante este período que firmou convênio com a Embrapa, com a Universidade de Rio Verde (Fesurv) entre outras instituições de pes-quisa.

O programa Renda Real reuniu várias empresas da região e algu- mas entidades, entre elas: Banco do Brasil, Federação da agricultura e pecuária de Goiás (FAEG), Ceagro, Sindicato Rural, Clube Amigos da Terra, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e as prefeituras de Rio Verde e Montividiu, com o objetivo de desenvolver trabalhos experimentais (COO-PERATIVA DE BENEFICIAMENTO, INDUSTRIALIZAÇÃO E COMER-CIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS – COMIGO; 2012).

2.2.3 Condições da Demanda

O estado de Goiás ocupa desde o ano de 2011 o 4º lugar na produção nacional de soja, fi ndo atrás apenas do estado de Mato Grosso (também no centro oeste), Paraná e Rio Grande do Sul respectivamente.

O estado atende a demanda interna e ainda consegue atender parte da demanda de outros estados e na exportação. Hoje o maior importador da soja goiana é a China.

Por três anos consecutivos (2008, 2009 e 2010) a China foi o principal importador de soja goiana, com valor de US$ 707,159 milhões em exporta-ções e 17,5% do total geral de exportação de oleaginosa em Goiás. Em se-guida vieram: Países Baixos (Holanda) US$ 476,177 milhões (11,8%), Índia US$ 311,270 milhões (7,7%), Espanha US$286,685 milhões (7,1%), Rússia US$ 261,378 milhões (6,5%), Reino Unido US$ 205,214 milhões (5,1%), Irã US$ 188,077 milhões (4,7%), Arábia Saudita US$ 102,857 milhões (2,5%), Tailândia US$ 99,030 milhões (2,4%) e Japão US$ 97,906 milhões (2,4%). Conforme mostra o relatório Goiás em dados da Secretaria de Planejamen-to e Desenvolvimento do Estado de Goiás (Instituto Mauro Borges –Dados de 2010 e 2011). Goiás comercializou com 157 países diferentes.

Como explicar a capacidade produtiva e de expansão das terras fér-teis do cerrado goiano?

“Em cinco anos, a produção aumentou quase 50%, enquanto a área cresceu 22%. Isso é produtividade e foi capitaneada pela soja”, disse José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de

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Goiás (Faeg) em entrevista ao portal Reuters Brasil (PORTAL REUTERS BRASIL;2012.)

A Faeg projeta um aumento de 7,8% na área cultivada com soja na atual temporada 2012/13, para 2,85 milhões de hectares, e de 10,5% na pro-dução, para 9,1 milhões de toneladas. (FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DE GOIÁS – FAEG, 2012.) (figura 2.4).

Figura 2.4: Participação na produção de cerais, leguminosas e oleaginosas, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação (2012)Fonte: www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa

Os melhores resultados na produção de soja contam também com o suporte ao produtor por meio do crédito rural concedido pelas instituições financeiras para suprir os recursos.

O produtor precisa manter o pé no chão planejando e agindo com cautela em relação à produção, mesmo quando a decisão for de arriscar, pois o plantio depende muito de condições naturais climáticas o que requer mais atenção uma vez que o cerrado não é o tipo de solo e nem tem o tipo de clima natural exigido pela soja. A planta e o solo foram adaptados para a cultura se desenvolver bem. Nos Estados Unidos, por exemplo, o produtor tem grande apoio do governo, mesmo o país vivendo sua pior seca, os agri-cultores não ficaram sozinhos, contaram com a proteção do governo e não foram muito prejudicados. Percebemos que estão totalmente protegidos.

Já no Brasil e em Goiás o produtor não conta com este apoio e prote-ção do Governo, por isso os produtores brasileiros se preparam com ante-

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cedência, planejando e seguindo um cronograma específico na agricultura, pois desta forma minimiza os prejuízos e consegue manter a demanda in-terna. Em Goiás, este trabalho é feito entre os produtores as cooperativas rurais e financeiras agrícolas privadas impulsionando o crescimento a cada safra, galgando posições na competição interna e externa. Goiás vem ga-nhando espaço na produção do país e consequentemente, o país aumentan-do seu espaço e parcela de mercado no exterior.

2.2.4 Estratégia, Estrutura e Rivalidade

Goiás vem se destacando pelo rápido processo de industrialização desde as décadas de 60 até 80, e vem apresentando uma boa dinâmica de desenvolvimento, transformando-se em um grande exportador de produ-ção agropecuária.

Atualmente o estado está inserido completamente no processo de globalização da economia mundial, diversificando e ampliando, a cada dia as relações comerciais com os grandes centros de comercialização de com-modities.

Este notável destaque do agronegócio na economia local e global tem mostrado como alerta que as empresas precisam pensar cada vez mais sis-tematicamente devido ao cenário de grande competitividade em que estão inseridas.

Na década de 90, por exemplo, as empresas buscaram sempre adotar a qualidade como um padrão de desempenho, ainda hoje este critério é muito usado para avaliar a gestão dos processos organiza-cionais. A atual busca de vantagem competitiva sustentável (PORTER 1990, 1998) tem uma relação com a gestão das estratégias que são ba-seadas em conhecimento de investimentos em ativos tangíveis como re-cursos financeiros e físicos.

Goiás mantém destaque por possuir um agronegócio dinâmico em que nas ultimas décadas tem se consolidado, diversificando as culturas na produção agrícola, expandindo a área plantada, com isso aumentando no-tavelmente a produção no estado e no país (tabela 2.5). Na balança comer-cial, houve um aumento nas exportações dos complexos soja, minério e carne. Na geração de empregos, Goiás foi recordista entre as unidades da federação.

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O estado também é fornecedor de produção para atender o mercado interno e a expansão consolida o bom momento econômico da agricultura em se tratando de Brasil.

O PIB per capita (tabela 2.6) em 2009 chegou a R$ 14.446,68, confor-me IBGE. Goiás saiu da 12ª posição em 2008 e subiu para a 11ª em 2009, este ganho de posição é importante para o estado pois esta medida constitui referência na medida de desenvolvimento econômico do estado e municí-pios e do padrão de vida de sua população. O que se tem visto atualmente no estado de Goiás nos últimos três anos é uma grande melhora na vida do cidadão goiano em termos de renda e educação.

Variáveis Selecionadas Agricultura Familiar Lei nº 11326 Não Familiar

Produção Vegetal

Soja

Estabelecimentos 917 3.235

Quantidade Produzida (kg) 126.355.535 4.236.338.718

Área colhida (ha) 51.517 1.153.216

Valor da Produção (R$) 51.177.345 1.844.622.122

Tabela 2.5: Produto Interno BrutoFonte: Censo Agropecuário 2006

Especifi-cação

PIB a preços correntes (R$ milhões) PIB per capita (R$)

2005 2006 2007 2008 2009 2005 2006 2007 2008 2009

Goiás 50.534 57.057 65.210 75.271 85.615 8.992,02 9.956,30 11.547,68 12.877,88 14.446,68

Cen-tro-Oeste 190.178 206.284 235.964 279.015 310.765 14.605,73 15.545,74 17.844,46 20.398,18 22.364,63

Brasil 2.147.239 2.369.484 2.661.345 3.032.203 3.239.404 11.658,10 12.686,60 14.464,73 15.991,55 16.917,66

Tabela 2.6: Estado de Goiás, Centro-Oeste e Brasil: Produto interno bruto a preço de mercado corrente e per capita – 2005 – 09.Fonte: SEGPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Contas Regionais.Elaboração: SEGPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2011.

As exportações Goianas, em 2010, foram de US$ 4,045 bilhões, as importações de US$ 4,175 bilhões, um recorde para o período.

Goiás tem várias fontes investidoras para a agricultura o que dá ao estado um destaque, sendo o estado brasileiro com o maior volume de cres-cimento dos investimentos.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BN-DES teve um crescimento de 281% em cinco anos (2006 a 2010). As contra-

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tações com recursos financeiros do Fundo constitucional do Centro Oeste – FCO apenas em 2010 foram de R$ 1,583 milhões, sendo 29% deste valor apenas para Goiás gerando uma média de 55 mil empregos diretos e indi-retos no estado.

Goiás também conta com o Programa Produzir e o Goiás Fomento, ambos fornecem investimentos financeiros específicos para a agricultura.

4. O Cluster Agroindustrial da Região do Sudoeste Goiano

4.1. Contexto Histórico

A Microrregião do Sudoeste de Goiás (figura 2.5) é constituída de Municípios com características similares e ou complementares, apre-sentando fatores e condições próprias para o desenvolvimento do setor agrícola e consequentemente a consolidação do processo de agroindus-trialização.

O Sudoeste de Goiás é uma microrregião do estado de Goiás de economia agroindustrial fundamentada no arranjo produtivo de grãos, aves e suínos. Compreende 18 municípios, tem uma população total de 344.377 habitantes e dentre os municípios mais populosos destacam-se Rio Verde, Jataí, Mineiros e Santa Helena de Goiás. A partir de 1980, a soja e o milho tornaram-se os principais produtos agrícolas dessa região, viabilizando a exportação e o processamento para a produção agroindustrial, e o desenvolvimento da suinocultura e avicultura (PAI-VA, 2004, p. 36).

O histórico de crescimento e desenvolvimento do agronegócio e consolidação do cluster agrícola na região de Sudoeste de Goiás baseou-se na agroindustrialização das cadeias produtivas de grãos aves e suínos, destacando-se neste contexto os Municípios de Rio Verde, Jataí, Mineiros, Montividiu, Chapadão do Céu e Acreúna, constituindo-se em grandes pro-dutores e articuladores das condições de sustentabilidade destas cadeias de produção.

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Figura 2.5: Mapa do Brasil com destaque as Sudoeste GoianoFonte: SEPLAN/Mapas – (2012)

Neste universo de regiões, observa-se mais fortemente a política ini-cial de formação do cluster agrícola no Município de Rio Verde, que conso-lidou este processo com base em dois períodos distintos. No início de 1983 com a instalação de uma unidade de esmagamento de soja constituída pela Cooperativa Mista dos Produtores Rurais (Comigo) e em seguida a implan-tação de uma refinaria em 1984 pela mesma cooperativa, consolidando o marco inicial da constituição da cadeia da soja na região.

Na segunda metade da década de 1990, a instalação do complexo agroindustrial Perdigão, atualmente BRF Foods no Município de Rio Ver-de, devido ao esgotamento das fronteiras agrícolas no sul onde concentrava seu parque industrial, foi de grande importância para região visto que via-bilizaria a produção de milho bem como sua industrialização, e ao mesmo tempo constituiria a cadeia de produção de carnes de aves e suínos, o que fortaleceria a produção de soja e milho que é a base de alimentação da ca-deia de carnes supra. Nessa época verificou-se o avanço do setor agrícola, que começava a conquistar uma grande parcela do mercado até então ocu-

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pada principalmente pela pecuária. Foram vários aspetos que justificaram a expansão agrícola na região, como o clima, o solo, a posição geográfica do município no estado, a alta densidade tecnológica, e vários outros aspectos que de forma direta ou indireta foram muito importantes para sustentar este crescimento.

O setor agrícola e as iniciativas privadas e públicas exerceram papéis distintos e importantes neste processo, por meio de “programas governa-mentais de incentivos e apoio ao desenvolvimento regional

1 e pela necessi-dade do setor privado por vantagens competitivas, como fatores de locali-zação estratégica e disponibilidade de recursos naturais e matérias primas, decorrente do processo de globalização” (ALVES; ABREU, 2004, p. 2).

As vantagens locacionais do município de Rio Verde o diferem de ou-tros não privilegiados. “A dimensão de seu território é expressiva, pois é dota-da de grande densidade tecnológica, como: tratores, equipamentos agrícolas, autopeças, laboratórios modernos, instrumentos hospitalares, informática, material eletrônico e centros de P&D” (ALVES; ABREU 2004, p. 1).

Esses programas contribuíram para o surgimento de novos centros de desenvolvimento principalmente do agronegócio no interior do País. Dentre as vantagens da região Centro-Oeste descritas por Falcão e Medei-ros (2001) destaca-se: a) a infraestrutura, constituída por uma topografia plana a levemente ondulada, facilitando a manutenção de estradas, permi-tindo o tráfego de grandes caminhões e o programa governamental para eletrifição rural; b) condições climáticas favoráveis, apresentando uma al-titude de 800 m, baixa amplitude térmica e regime pluviométrico definido e; c) meio-ambiente e estrutura fundiária, permitindo vantagens sanitárias pela ausência de atividade similar de grande porte, disponibilidade de re-cursos hídricos e áreas para distribuição benéficio dos dejetos oriundos das cadeias produtivas de suínos e aves.

4.2 Modelo Diamante do Cluster

4.2.1 Condições de Fatores

Na região Sudoeste de Goiás, as condições de fatores são predomi-1 Programas governamentais de incentivos ao desenvolvimento regional, como, Fundo Constitucional

do Centro-Oeste – FCO, Goiás Industrial, Programa Produzir, Programa Fomentar, Programa Mo-derfrota, etc.

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nantes na garantia de sustentabilidade do cluster agrícola haja vista de-pendência deste setor de todos os agregados distribuídos entre o ambien-te organizacional e institucional presente na região. É visível a presença e participação do Estado como um dos grandes articuladores do processo de desenvolvimento e crescimento das cadeias de produção inseridas e bene-ficiadas pela estrutura do cluster agrícola.

Considerando o Município de Rio Verde, como polo de desenvolvi-mento e fortalecimento do cluster agrícola na região supra, observa-se na figura 2.6 a estrutura organizacional e institucional, criada e consolidada através da participação de diversas instituições públicas e privadas que em comum acordo garante a funcionalidade do cluster na região.

Figura 2.6: Centro de Excelência em Agronegócio do Sudoeste Goiano.Elaborado pelo Prof. José Marcelo de Abreu, 2005.

Todas as instituições citadas na figura 06 apresentam particulari-dades e importâncias correlatas na garantia da dinâmica do cluster local, fortalecendo através de ações individuais e conjuntas a complexa estrutura de funcionamento das cadeias produtivas de grãos, suínos e aves, gerando benefícios e facilidades de desenvolvimento da região como um todo. Mes-mo estas condições de fatores institucionais estando presentes na forma de sede, no município de Rio Verde - Goiás verifica-se que todos os municí-pios da microrregião do Sudoeste de Goiás se beneficiam em função das políticas e modelos desenvolvidos nesta região específica o que facilita a expansão das cadeias produtivas a outras localidades consolidando a me-todologia estratégica de desenvolvimento através da formação de cluster locais e regionais.

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A região se apresenta como grande produtora de grãos do Estado de Goiás caracterizada pela intensa estrutura de suporte através da diversida-de de agências financeiras que facilitam e ao mesmo tempo garante o acesso ao crédito bem como aos benefícios governamentais. Atualmente verifica-se a representação do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú, Santander, HSBC, Bancos Cooperativos como SICOOB Empresarial, SICOOB Rural, SICREDI Empresarial, Banco do Povo, além de diversas instituições auxiliares.

Na condição de fatores humanos, observa-se a presença de várias instituições públicas e privadas de ensino fundamental e médio, técnico, tecnológico, superior e pós-graduação stricto-sensu e lato-sensu, ofertados pela Universidade de Rio Verde (FESURV), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Faculdade Objetivo, Faculdade Almeida Ro-drigues, Universidade Católica de Goiás (PUC), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG), Instituto Federal de Goiás, SENAI, SENAC, SESI, SESC, Fundação Getúlio Vargas, além de di-versas escolas particulares, municipais e estaduais, formando e profissio-nalizando anualmente milhares de profissionais que irão atuar nas mais diversas áreas demandas das na região, contudo suprindo um dos grandes entraves ao processo de crescimento e desenvolvimento do cluster local. Por outro lado, este fator é tido como uma importante vantagem competi-tiva se comparado a outras regiões do país.

Brum e Wedekin (2002) citam que as vantagens competitivas são edificadas e pautadas na maior produtividade dos fatores de produção, e que a competitividade é fator determinante para o sucesso dos clusters, con-ceito muito apropriado para as cadeias produtivas de grãos, aves e suínos.

Os fatores terra e tecnologia colocam a região em uma importante posição no cenário nacional, uma vez que se trata de terras agricultáveis e com condições de diversificações de atividades por apresentar pouca de-clividade, o que favorece o cultivo de monocultura como a soja o milho entre outras, que necessitam de alta escala de produção, o que viabiliza o processo de agroindustrialização, bem como de sustentação das cadeias produtivas de suínos e aves.

Quanto à tecnologia, fator este, imprescindível à garantia de com-petitividade e dinâmica do cluster, observa-se que a estrutura de empresas de insumos sendo as revendas de sementes, fertilizantes, agrotóxicos, má-

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quinas, equipamentos de outras estão à disposição dos agentes produtivos do cluster. Conta-se ainda com instituições de P&D, que desenvolvem pro-dutos e serviço de suporte às cadeias produtivas locais, além de realizar a difusão do conhecimento, bem como a transferência de tecnologias através de dias de campo, feiras tecnológicas, feiras agropecuárias e eventos de dis-cussões como seminários, congressos, fóruns, dentre outros.

Dentre as vantagens da região Centro-Oeste descritas por Falcão e Medeiros (2001) destacam-se: a) a infraestrutura, constituída por uma to-pografia plana a levemente ondulada, facilitando a manutenção de estradas, permitindo o tráfego de grandes caminhões e o programa governamental para eletrificação rural; b) condições climáticas favoráveis, apresentando uma altitude de 800 m, baixa amplitude térmica e regime pluviométrico definido e; c) meio-ambiente e estrutura fundiária, permitindo vantagens sanitárias pela ausência de atividade similar de grande porte, disponibili-dade de recursos hídricos e áreas para distribuição benéfica dos dejetos.

4.2.2 Condições de Demanda

Na condição de demanda, mais uma vez é perceptível à presença e participação do governo federal, estadual e municipal na articulação das instituições públicas para se organizarem de forma a criar condições de suporte na atração de novos investidores para a região, desenvolvimento de políticas públicas de incentivos fiscais e monetários, além da criação de distritos industriais de pequenas médias empresas que têm como principal objetivo a oferta de serviços e produtos específico aos agentes produtivos do Cluster regional.

4.2.3 Setores Correlatos e de Apoio

A atividade agroindustrial está nas raízes do processo de desenvolvi-mento e contribuem decisivamente na geração de renda, emprego, exporta-ções e desenvolvimento do interior. Verifica-se que tanto o estado de Goiás como a região Sudoeste Goiano e mais específico o município de Rio Verde tem apresentado dados econômicos que indicam crescimento significativo de suas atividades produtivas. Dentro do aspecto agroindustrial, destaca-se a criação de 4 distritos industriais sendo 2 municipal e 2 estadual conside-

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rando hoje a instalação de 534 indústrias; 1.556 empresas de prestação de serviços; 1.426 empresas vinculadas diretamente ao Agronegócio e 2.814 estabelecimentos de comércio (IBGE, 2010).

Estes distritos garantem o formato do aglomerado de empresas, haja vista que foram criados com objetivo comum de ofertar produtos e serviços de apoio às grandes empresas classificadas como empresas polo, e que neces-sitam de uma infinidade de serviços e produtos relacionados como suporte a produção agroindustrial. Portanto, nestes distritos estão implantadas de for-ma organizada empresas ou grupos empresariais que fornecem produtos e serviços que vão desde insumos até software de gestão e planejamento.

4.2.4 Estratégia, Estrutura e Rivalidade das Empresas

O Cluster Agroindustrial da região Sudoeste Goiano, na condição e estratégia e estrutura para atração de investimento conta com a importante participação do governo na redução da carga tributária (tabela 2.7) uma vez que condiciona esta política fiscal como fator de atratividade e diversi-ficação de atividades produtivas como descrito na tabela 1. Este modelo de política somado à condição de financiamento através de programas federais agenciado por instituições financeiras representativas do setor público, tem ganhado ênfase e ao mesmo tempo consolidado a estrutura financeira su-ficiente para constituição do aglomerado empresarial presente no Cluster.

Setor Carga Tributária Interna Operações InterestaduaisCarne¹ 3% 3%²Lácteo 10% 9%Algodão 4,25% a 8,5% 3% a 6%Arroz Isenção (produtor p/indústria) 7%Soja Isenção (produtor p/indústria) 7% (óleo e farelo)

Milho³ Isenção na remessa interna -Couro Isenção total -Animais Isenção nas operações internas -

Tabela 2.7: Produtos Agropecuários com Redução do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e ser-viços - ICMSFonte: SEFAZ/2010(1)Bovinos, bufalinos, suínos, aves e peixes(2)O benefício concedido aos peixes só ocorre nas operações internas(3)Inclui trigo, girassol e cana-de-açúcar

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As empresas de diversos setores de apoio e correlatos, têm utiliza-do a estratégia de utilização de benefícios fiscais, financeiros e estruturais propiciado pelo setor público, que tem direcionado várias ações conjuntas a instituições de classe organizada que contemplam o objetivo de fortaleci-mento das cadeias produtivas identificadas, bem como redução a entradas e empresas de apoio e ou que fazem convergência aos setores já estrutura-dos dentro Cluster.

Quanto à rivalidade dos setores entendem-se como benéficos, visto que grande parte dos agentes produtivos idenficados dentro cluster se faz dos mesmos diretos de acessos a benefícios, o que garante uma competição positiva, obrigando aos agentes buscar melhor eficiências em seus produtos e serviços garantindo alto nível de oferta dos mesmos, beneficiando todos os elos das cadeias bem como o consumidor final que tem acesso a produ-tos de qualidade a preços competitivos.

A constituição de instituições como associação, grupos organizados e representantes de classe é outra característica presente nesta região, con-tribuindo para ações estratégicas de forma setorizadas garantindo o forta-lecimento das classes empresariais e ao mesmo tempo profissionalizado a condição de oferta dos produtos e serviços produzidos. Dentre estas ações observa-se a organização e realização de feira de negócios, fóruns, inter-câmbio comercial e expedições no mercado internacional, expandindo as fronteiras de crescimento do mercado local e regional, propiciando maior competitividade do cluster implantado.

4.3 Uma Análise do Cluster do Setor Agroindustrial do Sudoeste Goiano

São vários os desafios que devem ser enfrentados na garantia de me-lhoria e eficiência do cluster regional, haja vista a rapidez com que se estru-turaram as condições básicas da região (figura 2.7). Por outro, lado com o crescimento desordenado em função da grande atração de capital e con-sequentemente aumento da empregabilidade e crescimento populacional, algumas condições de fatores e demandas passaram a ser considerados os principais gargalos do setor.

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Figura 2.7: Ilustração do Cluster Agroindustrial do Sudoeste Goiano. Fonte: RCW Consultores, adap-tado pelos autores do case.

- Quanto aos Recursos Naturais: A população não está sufi-cientemente preparada para o controle e a preservação am-biental. Há sinais de vulnerabilidade do meio ambiente, apre-sentando erosão em algumas regiões. Observa-se também poluição ainda que de baixo teor em córregos e rios e des-matamento de nascentes. Os rios, em algumas regiões, estão bastante assoreados.

- Quanto à Infraestrutura: As estradas, em grande parte de seus trechos, apresentam péssimas condições de manutenção. A maioria das estradas vicinais é de leito de terra, ficando muito desgastadas durante o período chuvoso contribuindo para ele-vação dos custos tanto para os trafegantes quanto para os man-tenedores. A Região será brevemente contemplada com a fer-rovia Ferro Norte, o que poderá dinamizar a logística da região e ao mesmo tempo reduzir os desgastes das vias rodoviárias. O setor de armazenagem apresenta deficiência nos processos ope-racionais, com excessivo manuseio dos produtos, acarretando em danos e prejuízos para o setor. Há necessidade de revisão

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da legislação que regulamenta as atividades dos armazéns. As propriedades rurais apresentam baixa capacidade de armazena-mento, o que prejudica o cluster, na medida em que este elo da cadeia é frágil. Pois os grandes armazéns não possuem grande agilidade na recepção dos produtos agrícolas e estes não po-dem permanecer nas fazendas, porque a capacidade própria é insuficiente, daí a demora entre a colheita/carga e a descarga/armazenagem acaba por reduzir a qualidade de parte dos grãos produzidos. A eletrificação rural da Região é insuficiente para sua demanda. Inúmeros produtores não podem armazenar sua safra em sua propriedade por falta de eletrificação rural, que atenda a suas necessidades. A Região também sofre com a baixa qualidade do fornecimento de energia elétrica, uma vez que a ocorrência de blackout prejudica, e muito, a instalação de indús-trias no Cluster Regional.

- Quanto à Capacidade Tecnológica: Os investimentos em Capa-cidade Tecnológica e a P&D ainda são insuficientes para as reais necessidades do Cluster. As linhas de pesquisa estão muito pulve-rizadas, necessitando de uma melhor concentração para garantir resultados mais rápidos dentro das prioridades estabelecidas pela comunidade interessada da Região.

- Quanto aos Serviços Oferecidos: No Cluster regional há cons-tantemente falta de peças para reposição de máquinas e equipa-mentos agropecuários e, às vezes, há escassez no fornecimento de insumos, visto que os estoques das empresas fornecedoras não são elevados. Falta também uma rede de laboratórios que auxi-liem os produtores em análises de solos e produtos, sobretudo carnes e grãos.

- Quanto à Capacidade Empresarial: Não se observa na Região esforço de pesquisa e desenvolvimento voltado para a área indus-trial, de armazenamento ou de transporte, que são três pontos fundamentais. E as principais indústrias locais são ramificações de grandes firmas de outros Estados ou de grupos internacionais, que treinam seu pessoal ou aplicam novas tecnologias já em uso rotineiro em outras de suas unidades.

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4.4.1 As Abordagens Atuais Para Enfrentar os Desafios

É muito importante compreender que as atividades promovidas, para o desenvolvimento da Região, tenham por base o fornecimento no local e também o mercado garantido, bastando para isto que haja qualidade do produto final e preços competitivos. A primeira premissa está assegura-da pelas proximidades com o fornecedor de matéria-prima e pelo elevado número de técnicos de nível superior existentes, grande parte deles com conhecimento de mestrado e doutorado. Entretanto nenhuma firma indus-trial certamente será montada com o mero pensamento de fornecer apenas para o mercado local, pois na maioria dos casos este seria insuficiente.

Neste sentido o desenvolvimento do Cluster Agroindustrial envol-ve necessariamente todo o Sudoeste, em função da homogeneidade dos produtos oferecidos e dos desafios existentes. Portanto para superar todos estes desafios é necessária a criação de estratégias de crescimento e desen-volvimento sustentável considerando a grande integração de esforços entre instituições públicas e privadas envolvidas no processo.

Observam-se na região, ações fundamentadas em três alvos, que de-vem ser alcançados e tidos como base de sustentação e superação dos desa-fios do Cluster Agroindustrial:

• crescimentodaproduçãoemtodososníveisemelhoriasubstan-cial da produtividade.

• aumentodoempregoecrescimentodobem-estarsocial,comoacesso da população, como um todo, ao consumo de cidadania (alimento, vestuário, saúde, moradia, transporte e lazer).

• preservaçãodosrecursosnaturais,comampliaçãodosativosam-bientais da Região.

Nesse sentido, verifica-se o fortalecimento de três grandes áreas de atuação, com poder estratégico de multiplicação de resultados, cujo equa-cionamento e empreendimento abrangem as necessidades locais para o de-senvolvimento mais eficiente da região:

•diversificaçãodaatividadeprodutiva•ampliaçãoemelhoriadainfraestruturaeconômicaesocial

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•desenvolvimentotecnológicoecapacitaçãodepessoas

4.4.1.1 Diversificação da Atividade Produtiva

Primeiramente é necessário um maior aprofundamento do conhe-cimento das cadeias produtivas locais, as que estão em curso e, portanto, estão sendo investigadas e já aprimoradas, e as possíveis, em que o Cluster participa apenas em parte e pode vir a incorporá-las no todo. Como exem-plo neste segundo caso, a cadeia produtiva do algodão.

Com isso se quer dizer que toda ação no sentido de estimular ativi-dades para a diversificação da base produtiva passa por estudos da cadeia a que se refere tal atividade especificamente, de modo a possibilitar sempre a multiplicação dos investimentos e a maior geração de emprego e renda.

Os investimentos na produção têxtil devem ser seguidos dos in-vestimentos na confecção de roupas pessoais, de cama, mesa e banho; in-vestimentos em sacarias; e na produção do algodão. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de algodão, Goiás é o segundo Estado produtor e a Microrregião do Sudoeste já começa a despontar com Chapadão do Céu, segundo maior produtor goiano. De qualquer forma já existe oferta em outros municípios próximos, tais como Acreúna, atualmente o maior produtor do Estado.

Os investimentos em hotelaria devem priorizar as pousadas rurais e hotéis-fazenda, com vistas a explorarem a grande potencialidade regional, que está no turismo ecológico e de aventuras. Outro fator muito importante é o forte desenvolvimento da agropecuária local e o uso de tecnologias cada vez mais avançadas, que acabam também sendo motivo de visitação turís-tica. Esta é uma ação permanente na região haja vista o extenso calendário de eventos importantes ligados ao segmento em questão o que incentivou novos investimentos de empresários do setor de hotelaria, bares, restauran-tes e dinamizou o comércio local.

Todos os programas de estímulo estabelecidos, para terem maior po-der de alavancagem, buscaram apoio nos programas institucionais existen-tes que os acolheram em função das as atividades em foco. Por outro lado teriam que estar relacionados a alguma linha de financiamento específica. Esta é uma forma muito utilizada através dos governos, o que garante ao empresário local redução no risco do investimento empreendido, dando

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maior garantia para o agente financeiro e maior segurança e lucratividade para o empreendedor. Neste sentido o envolvimento do Banco do Brasil, agente financeiro do FCO e BNDES, torna-se necessário para o sucesso dos empreendimentos propostos, em que o agente financeiro se comprometerá em agilizar e desburocratizar as operações durante o processo.

4.4.1.2 Ampliação e Melhoria da Infraestrutura Econômica e Social

A Região é bem abastecida de Distritos Industriais, que receberam total infraestrutura para seu pleno funcionamento: asfaltamento total de suas vias, rede de telefonia fixa e celular, esgoto industrial, fornecimento de água e sobretudo garantia de fornecimento de energia elétrica suficiente, conforme a demanda venha a ser estabelecida. Todas as entidades fornece-doras apresentam plena capacidade de atenderem as demandas estabeleci-das, bastando se realizar o expediente necessário e o encaminhamento mais estratégico possível.

No caso da CELG, fornecedora de energia, existe total comprometi-mento com a industrialização do Estado e o atendimento depende apenas de prazos. Existem também possibilidades de implantação de miniusinas, já que os rios existentes permitem a construção de barragem. Há também possibilidade de ampliar o fornecimento por outras empresas como Furnas.

A logística de escoamento da produção deve passar por verdadeira revolução, devido aos enormes desperdícios incorridos em todas as etapas pós-colheita. As estradas vicinais, entre as fazendas, devem receber manu-tenção permanente, notadamente no período chuvoso. A rodovia BR060 já está em processo de duplicação em seu trecho Goiânia (capital do Estado) ao município de Jataí, o que irá dinamizar a reduzir o custo de transporte na região.

Considerando que grande parte da produção atual segue rumo ao Su-deste e Sul do país, por diversas razões, que haverá aumento substancial da produção nos próximos anos, e que necessitará alcançar seu mercado com a maior competitividade possível, o Governo Federal em parceria com o Es-tado e Municípios aprovaram e iniciaram projeto de construção da ferrovia norte sul que irá ligar a região aos principais portos de escoamento do país de forma a resolver grande parte dos desafios de escoamento da produção da região do Cluster, garantindo maior competitividade local e regional.

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No contexto do escoamento insere-se o setor de armazenagem, por ser de fundamental importância, na medida em que recebe cargas e carrega caminhões. Neste sentido, têm aumentado as condições de investimentos por parte dos produtores através de linhas de financiamentos específicas do governo federal, que tem possibilitado aos produtores construírem seus próprios armazéns em suas propriedades desmonopolizando o setor e, ao mesmo tempo servido de estratégia de comercialização aumentando sua eficiência e eficácia no mercado.

4.4.1.3 Desenvolvimento Tecnológico e Capacitação de Pessoas

Esta área é fundamental e embora ainda haja muitas carências locais, o Cluster está bem aparelhado para o desenvolvimento desta atividade. Vá-rios passos neste sentido já foram dados e muitos esforços empreendidos, de modo que existe uma cultura incipiente de desenvolvimento tecnológico na Região. O crescimento da COMIGO nos últimos anos, a instalação da BRF Foods e o grande amadurecimento das instituições de ensino, total compromisso com o desenvolvimento local são de um lado um forte pilar de sustentação tecnológica.

Esta estrutura existente, que se junta com a EMBRAPA e com as unidades de pesquisa privadas com total apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, e a participação da FAPEG, CNPq e do FINEP, bem como do GAPES na Região, forma uma extraordinária rede capaz de de-senvolver quaisquer programas e projetos voltados para o desenvolvimento tecnológico necessário para a sustentação do crescimento regional.

As instituições de nível superior oferecem quadro pessoal de gran-de capacidade – uma quantidade muito grande de mestres e doutores em ciência – que deve ser bem aproveitado em sua habilidade no trato com as variáveis do conhecimento, para o empreendimento das pesquisas que se fizerem necessárias. A necessidade de capacitação de pessoal deve ser suprida com a utilização deste corpo técnico como instrutores para treina-mento de pessoas, conforme a demanda estabelecida. Nesta incumbência, pode-se também agregar os “5 S”: Sebrae, Senai, Senac, Senar e Senat, que são entidades já comprometidas com a formação profissional e gerencial para negócios, para um esforço conjunto e bem direcionado.

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4.5 Recomendações para o Cluster

4.5.1 Aspectos Gerais

A região do Sudoeste de Goiás, que forma o Cluster Agroindus-trial na condição de cadeias produtivas de grão, suínos e aves, preza pela sustentabilidade e atratividade de capital e de pessoas e apresenta-se em plenas condições de desenvolvimento, em todos os sentidos. O cami-nho do desenvolvimento pode então ser perseguido de forma racional e consciente, buscando como resultado o bem-estar e a felicidade da população, através do melhor aproveitamento das oportunidades po-tenciais ou criadas, e da solução de problemas que ameaçam a continui-dade dos elementos do progresso econômico e social, já estabelecido e ou a ser promovido.

Os municípios supra, como grandes articuladores e indutores do processo de formação do Cluster Agroindustrial, são pioneiros na Região e sempre estiveram à frente dos demais em infraestrutura e crescimento eco-nômico. E, por estarem relativamente distantes dos grandes centros con-sumidores, que normalmente situam-se ao redor das capitais dos Estados, acabaram por criar eles próprios suas condições de crescimento e sustenta-ção autóctone. A Região é hoje a de melhores perspectivas de desenvolvi-mento, tanto pelo grande surto de crescimento econômico já apresentado, quanto pelas condições de sua gente muito integrada quando o motivo é superar dificuldades e resolver problemas.

4.6 Ameaças Encontradas

• Escassezdeenergiaelétricaparaabastecerocrescimentoindus-trial, caso este venha a ocorrer com forte aceleração, pela falta de investimentos no setor e obsolescência do patrimônio produtivo existente;

• Baixacapacitaçãodamãodeobralocal,emsetratandodefun-ções operacionais, devido ao pequeno, e pouco diversificado, par-que industrial e à concentração das atividades em comércio, que exigem pouca especialização;

• Emrelaçãoasuínoseaves,háriscosdeaparecimentoealastra-

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mento de doenças, em decorrência da grande densidade dos ani-mais e a negligência nos tratos sanitários, em decorrência de ele-vação dos custos não acompanhada pela remuneração do setor;

• Confirmaçãoda tendênciadeestagnaçãodaproduçãodegadobovino e mesmo sua redução nos próximos anos, com a expansão em todas as regiões da produção agrícola ou de outros animais, que tenham maior apoio das instituições de pesquisa e tecnologia aplicada;

• Desenvolvimentodepragasnaagriculturaemvirtudedagran-de concentração da produção na soja e milho e do uso em larga escala do Plantio Direto, e utilização de herbicidas e defensivos agrícolas específicos para a atividade, que alterem o ecossistema de forma significativa;

• Vulnerabilidadedaproduçãolocaldemercadoriascomcotaçãointernacional, tais como a soja, milho e carne, que podem sofrer dificuldades em sua cadeia produtiva, devido ao possível desor-denamento dos preços relativos;

• Desmatamentodesordenado comabertura denovas áreas semreserva legal, em decorrência da escassez de áreas disponíveis e da grande elevação do preço da terra, pela sua valoração especu-lativa;

• Erosãodosolo,assoreamentodosriosepoluiçãodasnascentes,devido à má utilização da terra e o desrespeito à natureza, jus-tificado no alto preço de sua preservação e na insuficiência de recursos dos produtores rurais;

• Os resíduos dos sistemas de produção animal apresentam altopotencial lesivo ao meio ambiente. Se não forem devidamente tratados nas fazendas produtoras e ou canalizados para transfor-mação em adubo natural, com seu uso correto, os dejetos animais podem causar danos irreparáveis ao meio ambiente, sobretudo aos recursos hídricos. Os maiores riscos ocorrem por conta da grande produção de suínos;

• Desenvolvimentodebolsõesdepobrezanascercaniasdoscen-tros urbanos, provenientes da imigração de pessoas má qualifica-das, atraídas pela euforia local de crescimento econômico, tendo como consequência o aumento da violência e da criminalidade,

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obrigando os Governos e as empresas a aumentarem suas despe-sas com segurança;

• Riscossociaisdecrescimentodesordenado,umavezqueosurtode migração de pessoas costuma ser maior que de migração de capitais, ocasionando para a cidade grandes problemas de urba-nização, no futuro, para atendimento à coletividade, sobretudo com serviços públicos.

4.7 Concepções das Oportunidades

• ApoiodaSecretariadeEstadodeCiênciaeTecnologia,FAPEG,EMBRAPA, CNPq E FINEP aos projetos de pesquisa locais, vin-culados ao desenvolvimento sustentável da Região, sob a coor-denação de pesquisadores titulados lotados nas instituições de ensino superior do Cluster.

• Desenvolvimentotecnológicojáavançadonaproduçãodesoja,milho, aves e suínos, é um excelente fator que pode ser aprovei-tado no desenvolvimento de outras atividades, a partir do retros-pecto das atividades que foram desenvolvidas e que obtiveram sucesso ou fracasso.

• Grandeconhecimentocientíficoacumuladoentreosdocenteslo-cais, em qualidade e quantidade, que pode ser direcionado para a participação em grandes projetos, a partir de uma melhor defini-ção das reais prioridades da Região.

• Grande quantidade de estabelecimentos de ensino e pesquisaexistentes nos dois municípios, com inúmeros trabalhos já exe-cutados e em andamento, seja sobre a realidade local, seja sobre conhecimento genérico, de uma forma ou de outra, útil para o equacionamento e entendimento dos problemas locais.

• Potencialdeinvestimentosnaáreaagroindustrial,sobretudoali-mentícia, têxtil e insumos agropecuários, decorrentes da abun-dância de matéria-prima e, no caso dos insumos agropecuários, também pela existência de forte mercado, ainda desabastecido pela indústria local.

• Excelentesoportunidadesdeinvestimentosnosetordeturismoecológico e de aventuras, devido ao grande número de atrativos

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naturais em toda Região e ao grande crescimento da demanda por tal atividade hoje no Brasil e no mundo, podendo atrair in-clusive turistas provenientes de outros países.

• Terrasférteis,chuvasabundantesemananciaisdeáguaparairri-gação em bacias hidrográficas bem definidas propiciam à Região uma situação muito favorável do ponto de vista de sua expansão agrícola, proporcionando safras recordes e excelentes posições no ranking produtivo do Estado e mesmo do país.

• Osdejetosanimaispodemconstituirfertilizanteseficientesparaa produção de grãos e de forragem, desde que adequadamente estabilizados antes de sua utilização. Os benefícios econômicos dos sistemas de produção de grãos com a utilização de dejetos animais superam seus respectivos custos. As doses de dejetos animais devem sempre obedecer à reposição da exportação de elementos pelas produções.

• Abundânciadeserviçosdeapoioàcapacidadeprodutiva,comoplanejamento e assistência, em grande parte, voltados para a pro-dução agrícola, representados pelos escritórios particulares de serviços contábeis, de planejamento e controle, e de assistência técnica, bem como pelas entidades associativas e cooperativas e pelas instituições públicas.

• Forteeestreitauniãodacomunidadelocal,entreprodutoresas-sociados, entidades de ensino e pesquisa e órgãos públicos mu-nicipais, na realização de pesquisas, levantamentos e atividades aplicadas na solução de problemas locais, sobretudo que afetam o nível de conhecimento e de produção econômica.

• Volumedereservasmineraiscomrelativaabundância,possibili-tando sua exploração comercial, bastando para isso um melhor dimensionamento do mercado e dos recursos necessários para sua exploração e processamento.

• ExistênciadelinhadefinanciamentoatravésdoProgramaFCOempresarial e rural, com taxas bastante atraentes, em média 10,2% ao ano e prazos muito vantajosos para o empreendedor, com até 3 anos de carência e 12 para a operação como um todo, através do Banco do Brasil.

• Possibilidadeparaosetor industrial sebeneficiarde incentivos

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fiscais através do Programa Produzir, na implantação ou expan-são de suas unidades produtivas. O Programa é operado pela Se-cretaria de Estado da Indústria e Comércio de Goiás. A empresa beneficiada utiliza efetivamente 65,7% do ICMS gerado, com pa-gamento de encargos financeiros a 2,4% ao ano, e amortização com descontos de 30% a 100%, durante 7 até 15 anos, depen-dendo da atividade e dos benefícios sociais e econômicos gerados pelo empreendimento.

5. Referências

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ANÁLISE COMPETITIVA DO POLO DE CONFECÇÕES DE GOIÁS NA PERSPECTIVA DO MODELO DIAMANTE

DE PORTER

Marcio Coutinho de SouzaBento Alves da Costa Filho

Ricardo Daher OliveiraCésar Ricardo Maia de Vasconcelos

Michele Santos de AraújoCélio Pereira Souza CarlaCristina da Silva Castro

Danielle Cristina da Silva CastroDivino Eterno Cunha Vilela

Douglas Carvalho LopesEstevão Queiroz de CastroHeverton Eustáquio PintoJailtonAlkimin LouzadaLuciene Ribeiro da Costa

Luiz Henrique Tavares Queiroz

1 Introdução

Apesar do crescimento econômico experimentado pelo Brasil, a ori-gem como uma colônia de exploração de riquezas, asilo de delinquentes e mão de obra escrava (negra e indígena em menor tempo) colaborou para o cenário de grande miscigenação racial e religiosa (com respeito aos cre-dos e sincretismos), grande capacidade produtiva de produtos primários, expansão territorial e infelizmente muita corrupção, atraso em prioridades sociais (educação, saúde, moradia e segurança pública) que levam a uma mão de obra incapaz de aproveitar a pujança brasileira.

Crescendo de forma sobressaída ao cenário mundial o Brasil vem interiorizando a industrialização, gerando um desenvolvimento de mi-crorregiões que se faz muitas vezes pela vocação natural ou por segmentos que surgem e originam várias empresas do mesmo setor em aproximação

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geográfica, favorecendo o que é conhecido como cluster, segundo um dos maiores especialistas do assunto no mundo, Michael Porter (1989).

Pelo tamanho continental, o Brasil é capaz de produção de muitos produtos, em grande escala e tem demanda interna para absorver muito da produção própria. Segmentos diversos compõem clusters em todo o país. O presente artigo apresenta o Cluster de Goiás no Segmento de Confecções. Goiás é a nona economia do país

1 (IMB, 2012) e o cluster de confecções é 2º maior empregador do Estado (SEGPLAN-GO, 2012) porém estima-se que a informalidade gere 85 mil empregos, sendo 8% de toda a força de trabalho de Goiás (RAIS 2008). Utilizando o Modelo Diamante

2 como norteador, o presente artigo apresenta a seguir a metodologia trabalhada, usando o método dedutivo

3 como opção de estabelecimento de premissas por meio de uma lógica do macro ambiente (sendo os países emergentes o pano- rama utilizado) para a menor premissa que fica em Goiânia, capital de Goiás. Esclareceu-se a definição de desenvolvimento regional e cluster, analisando o cenário do segmento no Brasil, e por fim um levantamento de dados de Goiás. O artigo finaliza com um olhar mais profundo na cidade de Goiânia, com o case Estação Goiânia, apresentando ao fim sua matriz SWOT, o Modelo Diamante e com propostas de melhoria ao setor.

1.1 Metodologia de pesquisa

Método, de acordo com Richardson (1999), consiste nos meios se-guidos para se atingir o objetivo proposto, enquanto metodologia corres-ponde aos procedimentos e regras usadas por determinado método.

1.1.1 Pesquisa Quantitativa e Qualitativa

Dentre os vários métodos de abordagem científica, elegeu-se por além de uma ampla pesquisa bibliográfica, pelos métodos quantitativo e qualitativo. Considerou-se que, de acordo com Mendonça, Rocha e Nunes

1 O país tem 26 Estados e 01 Distrito Federal2 Modelo Diamante – elaborado e desenvolvido por Michael Porter (1989) com o pro- pósito de ana-

lisar criticamente as variáveis que interferem nas características de um segmento de um país.3 Método Dedutivo, segundo Santos (2012) pressupõe que partindo de princípios reconheci- dos

como verdadeiros e inquestionáveis (premissa maior), o pesquisador estabelece relações com uma proposição particular(premissa menor) para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe (conclusão).

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(2008), o método quantitativo se assinala pelo emprego da quantificação, tanto na coleta de informações quanto no tratamento dos dados, através de técnicas estatísticas, garantindo a exatidão dos resultados e evitando deformidades de análise e interpretação. Já a razão da escolha do método qualitativo justifica-se de acordo com Mendonça, Rocha e Nunes (2008) que o apresenta como apropriado para pesquisas que se relacionam com subjetividade, valores e crenças que conduzem as condutas humanas; inte-ressando, então, o teor das respostas, opiniões e confiança, não o quanto, mas o que e como as pessoas sentem, pensam, defendem e valorizam.

Para a pesquisa quantitativa, foi necessário levantar o universo a ser investigado. Universo da pesquisa significa o conjunto, a totalidade de ele-mentos que possuem determinadas características, definidas para um estu-do (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 86).

Complementando, Barros e Lehfeld dizem que um conjunto de ele-mentos que representam o universo compõe a amostra. A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um sub-conjunto do universo (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 165).

Na presente pesquisa, empregou-se a amostragem não probabilística intencional, também conhecida como amostragem não probabilística de conveniência, onde os elementos não são selecionados aleatoriamente. Isso significa que o pesquisador adota a abordagem aos componentes mais aces-síveis do universo, conforme resume Kotler e Keller (2006, p. 108).

Buscando melhor compreensão sobre a Indústria de Confecções no Estado de Goiás, foi realizada uma pesquisa de quantitativa exploratória com 587 confecções, nas cidades de Goiânia, Jaraguá, Pontalina e Taquaral de Goiás. Considerando o quantitativo de habitantes das cidades, as quatro escolhidas correspondem a 46,95% dos habitantes de todas as cidades que participam de clusters. Considerando a quantidade de empresas investiga-das elas correspondem a 4,33% da quantidade de confecções do estado. O objetivo da pesquisa era levantar os pontos mais relevantes para cada competidor. As entrevistas foram realizadas em agosto de 2012, de forma presencial, por meio de questionário estruturado com perguntas fechadas.

Para a pesquisa qualitativa, buscou-se uma análise sobre a perspecti-va e curva de experiência de liderança do segmento de confecções. Foram realizadas entrevistas com o Secretário Estadual de Indústria e Comércio, Sr. Alexandre Baldy; o Presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuá-

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rio do Estado de Goiás (SINVEST), Sr José Divino Arruda; o Presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções e Roupas em Geral de Goiânia (SINDROUPAS) e o Presidente da Associação Goiana das Indústrias de Confecção do Estado de Goiás (AGICON) o Sr. Edilson Borges de Souza; o Superintendente de Microempresas da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio do Estado de Goiás (SIC-GO), o Sr. Tiago Peixoto.

2 Desenvolvimento Regional e Cluster

As Teorias Clássicas da Localização, formuladas por economistas e geógrafos alemães entre o século XIX e início do século XX, são reconhe-cidas como os primeiros estudos sobre desenvolvimento regional. A loca-lização das atividades econômicas no espaço geográfico foi o tema central dessa corrente de pensamento que buscava explicar, dentre outras questões, o fator determinante da renda econômica da terra, as razões que levam uma indústria a se localizar em determinada região e as causas que levam o setor de comércio e serviços a ser mais pujante e diversificado em algumas cidades do que em outras. Enfatizando as decisões do ponto de vista da firma, essas teorias preconizavam que uma empresa procura determinar sua ‘localização ótima’ levando em conta basicamente o papel dos custos de transporte e de mão de obra (CAVALCANTE, 2004, p. 59).

A partir da segunda metade do século XX, começam a surgir Teo-rias do Desenvolvimento Regional focadas nos fatores de aglomeração, ou seja, nas vantagens decorrentes da concentração de indústrias em um mesmo espaço geográfico, tais como disponibilidade de infraestrutura, fluxo de informações e proximidade com fornecedores. Enquanto as teo-rias clássicas enfatizavam basicamente o papel dos custos de transporte e de mão de obra na determinação da melhor localização das atividades econômicas, as novas teorias passaram a incorporar como fator de loca-lização, e, portanto, de crescimento, a complementaridade entre firmas e setores (LOPES, 2001).

É notória a tendência de as atividades econômicas agruparem-se ter-ritorialmente em alguns países, regiões ou localidades, ao invés de aconte-cer uma distribuição equitativa ao redor do globo. Entrementes, torna-se necessário compreender esse fenômeno de agrupamento ou aglomerado de atividades econômicas e identificar as vantagens de as firmas estarem pró-

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ximas umas das outras, ou seja, as vantagens da proximidade como fator central para sua competitividade (FERNANDES; LIMA, 2007).

Reconhecer as possibilidades e a vocação local a partir da aglome-ração de empresas, torna o território, espaço de cooperação por excelên-cia para a coordenação de ações, e, por conseguinte da inovação (WITT-MANN, 2003).

2.1 Conceituando Clusters

Diversas literaturas contemplam questões pertinentes ao desenvolvi-mento regional e à formação de cluster. Entende-se por essa nomenclatura todo e qualquer tipo de agrupamento ou aglomeração de empresas de um mesmo setor, em uma mesma região geográfica. Alguns autores utilizam o termo para referir-se ao agrupamento de empresas comerciais (clusters co-merciais) ou ao agrupamento de empresas industriais (clusters industriais) (SZAFIR-GOLDSTEIN; TO- LEDO, 2006).

Os clusters são aglomerados comuns na economia atual. No entanto, esse fenômeno tem sido objeto de estudo de vários pesquisadores, entre es-ses: Saxenian em 1994; Porter em 1998; Swann em 1998; e Owen em 1999. Historicamente, os clusters têm sido encontrados em uma ampla variedade de indústrias tradicionais: têxtil no norte da Itália; construção naval em Glasgow, aço em Pittsburgh, fabricação de automóveis em Detroit (KUAH, 2002).

O conceito de cluster é encontrado na literatura quando pesquisado sobre as mais recentes formações de redes relacionais entre empresas. Esse conceito está associado ao desenvolvimento do processo de especialização flexível, sendo adotado a partir da análise da experiência na Terceira Itália. Os clusters apresentam como características principais:

a) a concentração geográfica de empresas de um mesmo segmento industrial, ocorrendo predomínio da média e da micro e pequena empresa (MPE) (GRAMKOW, 2000);

b) a especialização da produção entre organizações diferentes; c) ampla flexibilidade de quantidade e diferenciação (GRAMKOW, 2000);

d) facilidade para entrada de novas empresas no mercado; e) acesso a redes de informações e de serviços (GRAMKOW, 2000);

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d) “não consideração necessariamente de outros atores, além das empresas, tais como organizações de ensino, pesquisa e desenvol-vimento, apoio técnico, financiamento, promoção, entre outros” (LASTRES; CASSIOLATO, 2005).

As iniciativas de cluster podem facilitar e apressar inovações, além de proporcionar uma maturidade comercial assegurando, em longo pra-zo, o sucesso econômico das empresas envolvidas nessas iniciativas. Esses aglomerados, interorganizacionais, representam um instrumento eficiente para a concentração de recursos, disseminação de conhecimento, fortaleci-mento de fatores locais e economia de escala (FERNANDES; LIMA, 2007).

Segundo Porter (1989), em todo o mundo, o êxito na competição não ocorre em casos singulares e isolados, mas normalmente, esse fato é proporcionado pelas estratégias de clusters, com várias indústrias e empre-sas relacionadas, atuando num mesmo local. Essas indústrias se reforçam mutuamente, se conhecem e dialogam constantemente. Além disso, fixam-se nas tendências mundiais.

Porter (1998) argumenta ainda que a estratégia de cluster represen-ta uma nova percepção sobre o novo mapa econômico do atual mundo globalizado. Esses aglomerados possuem características virtuais notáveis em âmbito nacional, regional, estadual ou municipais, tanto nas economias avançadas quanto nos países ditos emergentes.

Os clusters, em suas características, são altamente típicos tendo como paradoxo vantagens competitivas duradouras.

2.2 O Acrônimo BRICS e a Dinâmica dos Clusters

O acrônimo BRIC foi criado em 2001 para fazer menção a quatro países: Brasil, Rússia, Índia e China. Países esses considerados como econo-mias emergentes, segundo prospecção de cenários da época, e que prova-velmente teriam crescimentos acelerados na década seguinte. Esses países passaram a ser considerados não mais apenas como ‘países em desenvolvi-mento’, mas como nações que desempenham um papel de crescente impor-tância no cenário mundial (BAUMANN, 2010).

Em 2011, foi acrescentada a letra “S” em referência à entrada da Áfri-ca do Sul – do termo em inglês South África – a esse grupo. Destarte, a sigla

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passou a ser BRICS, os países que fazem parte do acrônimo BRICS, são demonstrados na figura 3.1.

Figura 3.1:Países que compõem o BRICSFonte: MV-Experience (2012)

Unidos, esses países somam aproximadamente 40% da população mundial. Segundo as análises, até 2015, 800 milhões de consumidores des-ses países terão renda per capita acima de US$ 3 mil, isso significa o aumen-to da condição social dessas pessoas levantando-as para classe média. Cada país tem condição econômica para ser líder em alguns setores. Os brasilei-ros são importantes produtores no agronegócio, têm grandes reservas mi-nerais, de energia e um parque industrial diversificado; os russos possuem grandes reservas petrolíferas e de gás natural; os indianos destacam-se em áreas tecnológicas em geral e os chineses, além de terem uma verdadeira legião de trabalhadores, têm investido com o propósito de aperfeiçoar sua tecnologia, além de expandir sua infraestrutura (BAUMANN, 2010).

Além disso, os países que integram o BRICS apresentam vários aspec-tos em comum, entre eles se destacam: a estabilidade econômica recente; o Produto Interno Bruto (PIB) em constante ascensão; mercado consumidor em alta; grande disponibilidade de recursos naturais; aumento nas taxas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); valorização nos mercados de capitais; investimentos de empresas nos diversos setores da economia; situa-ção política estável; mão de obra em grande quantidade e em processo de qualificação; níveis de produção e exportação em crescimento; boas reservas

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de recursos minerais; investimentos em setores de infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, aeroportos, usinas hidrelétricas, dentre outros); diminui-ção, embora lenta, das desigualdades sociais; rápido acesso da população aos sistemas de comunicação; mercados de capitais (Bolsas de Valores) receben-do grandes investimentos estrangeiros; investimentos de empresas estrangei-ras nos diversos setores da economia (BAUMANN; 2010).

Todos esses fatores contribuem para as expectativas desses países de se tornarem potências econômicas em médio prazo. O grande mercado consumidor é um elemento de fundamental importância nesse processo. Somados os integrantes do BRICS, aproximadamente 42% da população mundial reside nesses países. Nas próximas seções será discutido sobre cada país do acrônimo BRICS, devido ao fato de essa questão ter o seu cerne de estudo no Brasil especificamente no estado de Goiás, opta-se pela ordem inversa do BRICS, iniciando dessa forma pelo “S” da África do Sul e assim sucessivamente.

2.2.1 África do Sul

Localizada no sul do continente africano, faz fronteira com Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Moçambique, Suazilândia, Lesoto e Oceano Atlânti-co. A África do Sul tem mais de 1500 quilômetros de costa no Atlântico e Índico. Seu clima é tropical (maior parte), mediterrâneo extremo sul, árido tropical e de montanha. Possui uma área de 85 mil km² de florestas, e cerca de 2.798Km de litoral (VISENTINI et al., 2010).

Os recursos naturais incluem carvão, ouro, minério de ferro, fosfa-tos, diamantes e cobre. As descobertas de diamantes em 1867 e ouro em 1886, estimularam crescimento econômico. A cidade de Joanesburgo é o centro econômico do país e Cidade do Cabo é um pólo regional econômico chave em do Cabo Ocidental (VISENTINI et al., 2010).

Sua população no ano de 2008 ocupava a 25ª posição mundial com aproximadamente 47,9 milhões de habitantes, sendo formada por vários grupos étnicos tais como: zulus, europeus, euro africanos, indianos, entre outros. O país possui expectativa de vida entre 44 e 48 anos. Além disso, o continente africano abriga os países com as piores condições socioeconô-micas, pois das 42 nações com IDH muito baixo, 35 são da África. O IDH da África do Sul era de 0,683 no ano de 2008 (CHADDHA et al., 2009).

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Quando observado o continente africano, de modo geral, consta-ta-se uma diversidade linguística muito grande. As condições de vida da população são precárias. O continente africano é pouco desenvolvido eco-nomicamente. Alguns polos de crescimento se devem à exploração mine-ral, como na África do Sul, Líbia, Nigéria e Argélia, e em menor escala, à industrialização, como o caso da África do Sul, uma das poucas nações que alcançaram relativa estabilidade política e que sozinha detém um quinto do PIB de toda a África (CHADDHA et al., 2009).

O continente africano é essencialmente agrícola. As monoculturas de exportação (café, cacau, algodão, amendoim, etc.) alternam-se com la-vouras de subsistência rudimentar, itinerante e extensiva;

planta-se em grandes extensões de terra, que são cultivadas anos se-guidos, até ocorrer o esgotamento do solo. Em seguida, busca-se outra área, em que se repete o mesmo processo. Produz-se: milhete, sorgo, mandioca, banana, feijão, pimenta, inhame e batata.

A África possui um dos mais ricos subsolos do mundo, com 30% das reservas mundiais de recursos minerais. Entre os minerais, destacam-se: ouro (África do Sul, Zimbábue e Gana); diamante (República Democrática do Congo, Botsuana e África do Sul); cobre (Zâmbia e República Democrá-tica do Congo); manganês (Gabão e África do Sul); urânio (produz 35% do total mundial); platina (90% das reservas mundiais estão na África); titâ-nio (75% das reservas mundiais); petróleo (Líbia, Argélia, Nigéria, Angola e Gabão), gás natural (Nigéria, Gabão, Líbia, Argélia e Egito), antimônio (África do Sul), fosfato (Marrocos) e carvão (África do Sul) (CHADDHA et al., 2009).

Todos os países do continente, exceto a África do Sul, fazem par-te do Terceiro Mundo, exibem os mesmos problemas que caracterizam os integrantes desse bloco, agravados ainda pelo fato de que em boa parte da África a descolonização ocorreu recentemente.

A indústria africana é uma das mais pobres do mundo; sua participa-ção na economia do continente se limita a aproximadamente 26% do PIB.

As indústrias têxteis e alimentícias, voltadas para o mercado interno, encontram-se em todos os países do continente, enquanto na África do Sul, no Egito e na República Democrática do Congo estão instaladas as principais indústrias de base - siderúrgicas, metalúrgicas, usinas hidrelé-tricas, entre outros. Essa circunstância justifica o fato de a África do Sul e

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o Egito serem os países mais industrializados do continente (VISENTINI et al., 2010).

A África do Sul é um país membro da Southern African Development Community (SADC) e da Southern African Customs Union(SACU). Com esta última, a África do Sul estava negociando um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Com a União Europeia, o país já possui um acordo de livre comércio (FMI, 2009).

Em termos de infraestrutura de logística e de ambiente de negócios, a África do Sul apresenta bons resultados, o índice de Desempenho Logís-tico (variando de 1 a 5) foi de 3,5 no ano de 2008, com destaque positivo no item rastreabilidade dos embarques e negativo no quesito custo de trans-porte doméstico. O custo por contêiner para exportar e importar foi de US$ 1.445 e de US$ 1.721, respectivamente, em 2008. Por outro lado, o uso de telefones e celulares tem aumentado rapidamente, mas o uso da internet ainda é muito baixo (FMI, 2009).

O comércio externo sul-africano elevou-se substancialmente nos úl-timos anos. As exportações cresceram, em média, 13,4% ao ano entre 2000 e 2008. As importações, no mesmo período, aumentaram em média 16,3% ao ano (BANK, 2009).

Outro fator a se considerar é que mercado de trabalho é caracteri-zado por um baixo nível de flexibilidade. De acordo com a avaliação do Banco Mundial, a pontuação da África do Sul em um índice de rigidez do trabalho (42/100) foi significativamente maior do que a média dos países da OCDE (31,4). Existem restrições a serem consideradas na contratação e demissão de funcionários e certa rigidez na determinação de salários. Além disso, os sindicatos têm uma forte presença na África do Sul (BAN-CO MUNDIAL, 2009).

2.2.2 China

A República Popular da China foi fundada em 1949. O país é divi-dido em 22 províncias, 5 regiões autônomas e 4 municípios. Possui uma área territorial de 9,561,000 Km² e uma população de 1,35 bilhões segundo estimativa oficial de 2011 (ASKARULY et al., 2009; ECONOMIC INTEL-LIGENCE UNIT, 2012).

A China é um Estado com partido único formado em 1949, o Par-

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tido Comunista Chinês (PCC), que se mantém no poder até então (ECO-NOMIST INTELLIGENCE UNIT, 2012). Com a morte de Mao, Deng Xiaoping se torna secretário-geral do PCC e se transforma no dirigente máximo da China, governando o país de 1976 a 1997.

Quando Deng Xiaoping assumiu o poder, o país estava um caos, sem dinheiro, sem comida e as instituições não funcionavam. Para mudar essa realidade foram adotadas várias medidas: a Descentralização do poder, a mudança de economia planificada para economia de mercado, a conversão de empresas estatais em organizações mistas, a busca por investimentos estrangeiros, e outros. Deng Xiaoping põe em prática as reformas econô-micas que fariam da China o país com maior crescimento econômico do planeta (ASKARULY et al., 2009).

A partir das mudanças econômicas e modernizações, nos setores da agricultura, indústria e comércio, forças armadas, ciência e tecnologia, a China tem se esforçado no desenvolvimento dos Clusters e politicas de colaboração. Os maiores Clusters observados naquele país, envolvem as seguintes áreas: i) Tecnologia da Informação (TI); ii) equipamentos de comunicação; iii) mine-ração; e iv) vestuários. Dos 43 grupos identificados, 42 apresentam uma Taxa Composta de Crescimento Anual (Compound Annual Growth Rate – CAGR) positivo, em termos de participação nas exportações nacionais de 1997 a 2007, o que demonstra a grande capacidade das indústrias chinesas para competir globalmente (ELSAYED et al., 2006; ASKARULY et al., 2009).

Os fatores mais críticos que envolvem o ambiente de negócios dos Clusters da China são: dificuldade de acesso a financiamento, instabilidade politica e burocracia governamental. Por outro lado, a China tem buscado por produtividade e inovação. Além de programas de formação técnica, o Conselho do Estado da China criou um plano de médio e longo pra-zo para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no período de 2006 a 2020. Foram construídos 52 polos de ciências para ajudar na promoção do empreendedorismo e tecnologia. Cerca de 800 empresas estabeleceram operações de P&D na China, com proporções crescentes (ASKARULY et al., 2009).

Um fator favorável na formação de Clusters é que as empresas es-trangeiras que se estabelecem no país podem experimentar do baixo nível de impostos (taxa de imposto sobre as sociedades para as empresas estran-geiras é substancialmente menor do que para as empresas nacionais), além

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de baixos salários. No entanto, muitas empresas podem fracassar na venda de produtos e serviços para os mercados locais, devido à falta de conheci-mento local e conexão com o governo, que podem ser fundamentais para o sucesso empresarial (ASKARULY et al., 2009).

Outro fator relevante que merece destaque, é que a China possui também um grande número de fornecedores locais e fabricantes, porém a vantagem no custo destes fornecedores está diminuindo devido ao au-mento de salários e valorização da moeda. A eficiência e qualidade dos produtos são inferiores, quando comparadas com produtos equivalentes produzidos no Japão. Estas fraquezas qualitativas nos produtos podem prejudicara a evolução da cadeia de valor, uma vez que a disponibilidade de novas tecnologias de produção é relativamente baixa (ELSAYED et al., 2006; ASKARULY et al., 2009).

2.2.3 Índia

Com uma população com mais de 5 mil anos de existência, a Índia hoje é a maior democracia do mundo com uma população de 1,2 bilhões de pessoas (CENSUS ÍNDIA, 2011). A Índia detém 3.287.263 km² de ex-tensão territorial, estende-se desde a cordilheira do Himalaia ao norte até as florestas tropicais ao sul, situada inteiramente no hemisfério norte (GO-VINDIA, 2012).

Hoje a Índia é uma república democrática parlamentar, contém 28 estados e mais 7 uniões territoriais, sendo que os territórios da união são administrados pelo presidente através de nomeação de um administrador pelo presidente indiano. A Constituição Indiana, a maior do mundo, en-trou em vigor em 26 de janeiro de 1950, define a república como soberana, secular e democrática. A estrutura parlamentar é composta por duas câme-ras legislativas, o modelo do sistema parlamentar indiano é mesmo seguido pelos britânicos, o Westminster (GOVINDIA, 2012).

As reformas implantadas no início da década de 1990 permitiram um avanço na economia indiana após a sua inserção no mercado global. Atuante na economia global, suas exportações acumulavam de 5 bilhões de dólares em divisas. Após pouco mais de uma década o país acumulou 300 bilhões de divisas ganhando maior participação no comércio mundial, investindo inclusive em países industrializados. A partir de 2005, mesmo

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com a crise financeira, o país manteve um crescimento acima de 7% ao ano (a.a.) (ECONOMIC SURVEY, 2011). Crescimento justificado pela maior participação do país no comércio mundial e pela impressionante taxa de crescimento populacional por volta de 1,5% a.a. (CENSUS ÍNDIA, 2011).

Visualizando pela ótica da Paridade de Poder de Compra (PPP), a Índia em 30 anos aumentou a sua participação no PIB mundial saindo de 2,5% em 1980 para 5,5% no ano de 2010. Desempenho que fi atrás somente da China, enquanto economias desenvolvidas diminuíram, algumas drasti-camente como os EUA e UE (ECONOMIC SURVEY, 2011).

Comparando Índia com as principais economias mundiais o desem-penho do setor industrial é excelente, na última década a produção indus-trial indiana foi maior que as principais economias do mundo perdendo somente para a China. Sendo EUA e UE amargando retrações do setor em alguns anos. O ano de 2011 terminou com um crescimento em seu menor nível, o mesmo comparado com o ano de 2008 (CIA, 2012).

A população indiana é conhecida como a maior democracia do mundo com a uma população com mais de 1,2 bilhões de pessoas. Em nú-meros absolutos na última década, 2001-2011 houve um acréscimo de 181 milhões de pessoas. Apesar de uma taxa de crescimento médio de 1,5% a.a (CENSUS ÍNDIA, 2011), nas últimas décadas houve um declínio na taxa liquida de crescimento, trazendo uma estabilidade populacional. Nota-se pelo crescimento médio por décadas, a partir de 1971, que vem em declínio saindo de um crescimento de 24,80 % entre 1961 a 1971, para 17,64% entre 2001-2011 (ECONOMIC SURVEY, 2011).

O IDH está aquém dos países emergentes, atualmente a Índia ocu-pa o 134 lugar de um ranking de 169 países, ao patamar de 0,547 no ano de 2011. O desempenho do IDH Indiano, porém, vem de uma constante melhoria. Analisando o desempenho do índice numa série histórica, o país manteve uma média de crescimento de 1,38% a.a., compreendendo o pe-ríodo de 1990 a 2011. É um dos melhores desempenhos comparando com países desenvolvidos e em desenvolvimento, e bem acima da média mun-dial (ECONOMY SURVEY, 2011).

Segundo Economist Intelligence (2011) a riqueza gerada pelo país vem de 55% do setor de serviços, porém a agricultura concentra 52% da mão de obra indiana. Entende-se que há muito indianos produzin- do pouco, porém 34% da força de trabalho é responsável por mais da metade do PIB.

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Para manter-se competitivo, há uma imensa necessidade de mais investimento em infraestrutura. O Banco Mundial (2011) estima que até 2030, por volta de 40% da população estará vivendo na zona urbana, levan-do ao dobro o total da população que vive nos centros urbanos. E as ações tomadas pelo governo, quanto aos investimentos em infraestrutura, deci-dirá o nível de sustentabilidade e qualidade de vida dos indianos no futuro.

O governo indiano nesses últimos anos vem buscando investimentos em infraestrutura através de parcerias público-privados (PPP). O governo estima que a necessidade de investimento esteja na casa de 1 trilhão de dó-lares e que 50% desse capital venha de investimento privado (ECONOMY SURVEY, 2011).

2.2.4 Rússia

Com cerca de 17.075.400 km², a Rússia é o maior país em ex- tensão do planeta, cobrindo mais de um nono da área terrestre total. A Rússia é também o nono país mais populoso com aproximadamente 142 milhões de habitantes (WORLD BANK, 2011; BRITANNICA, 2012).

A história do país é rica em detalhes e teve início com os eslavos do leste, que obteve reconhecimento na Europa entre os séculos III e VIII. Este período, que foi comandado pelo Príncipe Kiev, o qual adotou o cristia-nismo ortodoxo do Império Bizantino e deu início à síntese das culturas bizantina e eslava que definiram a cultura russa, finalizou com a desinte-gração de seu principado e suas terras foram divididas em muitos pequenos estados feudais. O estado sucessor do Principado Kiev foi Moscóvia o qual reunificou os principados russos (CURTIS, 1996; BRITANNICA, 2012).

Por volta do século XVIII, o país teve grande expansão tornando-se o Império Russo, que foi o terceiro maior império da história. Desde os tempos do Império (1721-1917), a Rússia estabeleceu poder e influência em todo o mundo, até ser o maior e principal estado constituinte da União Soviética que perdurou de 1922 a 1991 e o primeiro e maior Estado socia-lista constitucional reconhecido como uma superpotência, que juntamente com os países do ocidente desempenhou um papel fundamental na Segun-da Guerra Mundial (BRITANNICA, 2012; ADELMAN, GIBSON, 1989; ROZHNOV, 2005).

Com o fim da União Soviética em 1991, foi criada a Federação Russa,

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uma Democracia Federal com um corpo legislativo bicameral: Conselho Federal e a Duma de Estado que é o parlamento russo com 450 deputados (BRITANNICA, 2012).

Atualmente encontram-se na presidência Vladimir Putin e como primeiro ministro Dmitry Medvedev (BRITANNICA, 2012). Apesar do sucesso de Putin nas eleições e enfraquecimento dos protestos da oposição, este bom tempo que o cerca tem desaparecido com o descontentamento da classe média de Moscou, a capital, que pode ser disseminada para o res-tante da Sociedade. Vladimir no poder pode representar enfraquecimento dos esforços para melhora no clima de investimento e privatização além de tensas relações russo-ocidentais, principalmente USA-Rússia (EIU, 2012).

Com o PIB de US$ 1.858 trilhões e PIB per capita de US$ 10,400 em 2011 registrou-se um crescimento de 4,3% e projeta-se 4% para o período de 2012-16. No que se refere à inflação, houve um aumento no período de 2010 que registrava 6.9 (% anual) para 8.4% em 2011 (EIU,2012; WORLD BANK, 2012). Quanto à dívida externa da Rússia, de acordo com o World Bank (2012) em 2010, que é o último registro, o valor correspondia a 9.3% do PIB, o que segundo o EIU (2012) é estável e prevê que no período de 2012-13 haverá uma necessidade limitada de financiamento externo, isso devido à pequena previsão de Déficits do orçamento.

A Rússia tem se destacado no cenário mundial por sua capacidade energética. No inicio do século XXI, a Rússia já contava com três quintos da produção de energia a base de carvão do mundo. Atualmente o país está entre os principais produtores de petróleo, cerca de um quinto do total mundial, é responsável também, por mais um quarto da extração de gás natural. Há cerca de seiscentas usinas térmicas (gerada principalmente por petróleo e gás), cem estações de hidroelétricas e várias usinas nucleares. A Federação Russa também é responsável pela extração de grandes quanti-dades de minério de ferro, uma média de um sexto de minério de ferro do mundo, e entre um décimo e um quinto de todos os não ferrosos, metais raros e preciosos (BRITANNICA, 2012).

No que tange desenvolvimento humano, a Rússia ocupa a 66ª posi-ção no ranking da Organização das Nações Unidas (2011), a melhor posi-ção quando comparado com os outros países do BRICS.

Apesar de um bom quadro geral, a Federação Russa precisa se preo-cupar e antever alguns riscos. No setor bancário, a situação é estável, porém

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o desgaste do ambiente global representa risco para o setor. A economia continua altamente dependente da exportação de energia e isso pode repre-sentar um risco se Putin continuar com um terceiro mandato, pois dificul-tará investimentos e privatização (EIU, 2012).

O ambiente de negócios deve melhorar no período de 2012 e 2016 em comparação com os cinco anos anteriores. No entanto, o tamanho da melhoria é pequena (de 5,48 para 5,86 numa escala de 10) e esta modesta pontuação de-ve-se em grande parte ao impacto negativo da crise econômica de 2009.

2.2.5 Brasil

O Brasil está localizado no leste da América do Sul, sendo descober-to no ano de 1500 por Portugal. O Brasil ocupa aproximadamente 47% des-ta porção da América, sendo em área territorial o quinto maior do mundo. É um dos países mais extensos do mundo, com uma área de 8.514.876 km². Banhado pelo Oceano Atlântico e, dos países sul-americanos só não faz fronteira com Equador e Chile, conforme ilustra a figura 2 a seguir.

Em sua constituição federativa, possui um distrito federal e outros 26 estados. Havendo uma grande diversidade climática que devido à grande ex-tensão do país, apresenta os seis principais subtipos de clima: equatorial,tro-pical,semiárido,tropical de altitude, temperado e subtropical (IBGE, 2012).

É responsável por mais de 14% da biodiversidade mundial, incluin-do a Floresta Amazônica e o Rio Amazonas (considerado o maior rio do mundo), é o único país da América que tem o português com idioma ofi-cial e devido à intensa imigração tem uma relevante diversidade cultural e étnica (IBGE, 2006).

Segundo IBGE (2012) o Brasil tem 196.655.014 habitantes. A po-pulação é constituída por brancos, mestiços de brancos e negros, negros e ameríndios. A religião predominante é o catolicismo com aproximada-mente 65%, o protestantismo com aproximadamente 22%, outras religiões 3,2%, espiritismo com 2% e sem religião com 8% (IBGE, 2010).

A moeda atual do Brasil é o real (R$) e no século XXI, após anos de problemas sociais e econômicos, o Brasil tem se estabelecido como uma das maiores economias da América Latina. Hoje tem centenas de parceiros comerciais e cerca de 60% das exportações são de produtos manufaturados e semimanufaturados (FREITAS, 2012).

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A United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) considera importantes Patrimônios da Humanidade no Brasil, por exemplo as cidades históricas de Ouro Preto (Minas Gerais), Olinda (Pernambuco), Missões Jesuíticas Guarani (Rio Grande do Sul); o Plano Pi-loto de Brasília (Distrito Federal); Parque Nacional do Iguaçu (Foz do Iguaçu na divisa com Argentina), Pantanal Mato-Grossense, entre vários outros.

Figura 3.2: Mapa Político da América do Sul com enfoque no Brasil Fonte: Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE, 2012).

2.2.5.1 O Desempenho da Economia Brasileira

O Brasil tem uma economia com mercado livre, ou seja, segue os princípios da livre concorrência, sendo classificada como a sexta maior economia do mundo em 2011, a sétima economia de acordo com o Banco Mundial e o World Factbook da CIA e a segunda maior economia da Amé-

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rica, tendo os Estados Unidos em primeiro lugar segundo o World Econo-mic Forum, publicado em 2011 (FMI, 2011).

A agricultura eleva positivamente o agronegócio brasileiro em seu saldo comercial. A OMC (Organização Mundial de Comércio) mostra o Brasil em 2010 como o terceiro maior exportador agrícola do mundo. Com uma taxa de crescimento de 9.2% em 2008 e com peso de 3,5% do PIB total (LANDIM, 2010).

Representando 28,5% do PIB do Brasil, as indústrias variam, exem-plos são a de automóveis, aço, petroquímicas, computadores, aeronaves e bens de consumo duráveis. É o segundo parque industrial na América. O país também tem extensas reservas de recursos minerais, ferro e man-ganês - que são fundamentais para produção de matéria-prima e geram exportação. São explorados também níquel, estanho, cromita, urânio, bau-xita, berílio, cobre, chumbo, tungstênio, zinco, ouro, nióbio e outros mi-nerais. Segundo publicado pelo BNDES (2012), o Brasil é um dos maiores produtores de aço do mundo permanecendo sempre entre os dez primei-ros nos últimos anos.

2.2.5.2 Avaliação da Competitividade do País

O Brasil hoje é um país que está em destaque em todo o mundo. O ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial mede o índice do país em geral comparado com outros países. Em 2011, eram 142 países e o Brasil ficou classificado em 53ª posição. Assim, o Brasil ultrapassou a Índia que estava em 56º, mas ainda continua atrás da China, em 26º e da África do Sul, em 50º entre o grupo dos BRIC (FEM, 2012). O país subiu cinco posições no ranking de 2012, passando de 53º para 48º. Entre os paí-ses do BRICS (tabela 3.1), o Brasil ficou na frente da África do Sul, Índia e da Rússia, mas ainda atrás da China, conforme mostra a Tabela 1.

PAÍS COLOCAÇÃOChina 29ºBrasil 48º

África do Sul 52º

Índia 59ºRússia 67º

Tabela 3.1 – Posição dos Países do BRICS no ranking mundial de competitividade Fonte: FEM (2012)

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Merece destaque também como pontos fortes do país, o tamanho de seu mercado consumidor (196.655.014 habitantes), a diversidade de suas terras, onde, por sua grande extensão, abrange três fusos horários e vários tipos de vegetação, solo e clima, sem contar a região Amazônica, que possui a maior bacia hidrográfica de água, além de ser fonte de espécies de fauna e flora até exclusivas da região. O Brasil também está envolvido na pesquisa espacial e é pioneiro no desenvolvimento de um biocombustível, o etanol.

A agroenergia, em que o Brasil é líder mundial, já é responsável por aproximadamente 32% da energia do Brasil. Nossa vantagem competitiva está na grande extensão territorial e nos recursos naturais que possibilitam ampliar a produção (RUGERI, 2012). A tabela 3.2 relaciona os 10 princi-pais desafios na questão da competitividade do Brasil, segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) publicado em 2012.

CRITÉRIO PERCENTUAL NAS RESPOSTASRegras tributárias 18,70%Infraestrutura inadequada 17,50%Valor dos impostos 17,20%Burocracia 11,10%Leis trabalhistas restritivas 10,10%Falta de mão de obra qualificada 7,40%Corrupção 6%Acesso a financiamentos 3,90%Regras cambiais 2,10%Capacidade de inovação insuficiente 1,80%

Tabela 3.2: Os 10 principais desafios na questão da competitividade do BrasilFonte: FEM (2012)

Além desses desafios acima, o Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU, 2010) aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desi-gualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagáscar, Ca-marões, Tailândia e África do Sul. Tem-se uma das piores distribuições de renda do planeta. As mulheres (que recebem salários menores que os dos homens), negros e indígenas são os mais afetados pela desigualdade social. No Brasil, apenas 5,1% dos brancos sobrevivem com o equivalente a 30

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dólares por mês (aproximadamente de R$ 54,00) O percentual sobe para 10,6% em relação a índios e negros.

A ONU aponta como principais causas da desigualdade social a falta de acesso à educação, a política fiscal injusta, os baixos salários e a dificul-dade de dispor de serviços básicos, como saúde, saneamento e transporte. Segundo a ONU, 58% da população brasileira mantém o mesmo perfil so-cial de pobreza entre duas gerações. No Canadá e países escandinavos este índice é de 19%. O que permite a redução da desigualdade é, em especial, o acesso à educação de qualidade.

No Brasil, em cada grupo de 100 habitantes, apenas 9 possuem di-ploma universitário (dado 2010). O IDH quando ajustado à desigualdade social brasileira cai de 0,718 (índice que situaria o país no grupo dos países com desenvolvimento humano elevado) para 0,519 (índice de países com desenvolvimento humano mais baixo), ou seja, um impacto de 30%. Em 2011, o Brasil ficou em 84º lugar na classificação do IDH, uma colocação alarmante para um país com tantas oportunidades e em ascensão no mun-do.

A pesquisa do IBOPE (2012) constatou que 40% dos alunos do 5º ano são analfabetos funcionais. A desigualdade do país é enorme. A Secre-taria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) conside-ra que as pessoas com renda familiar per capita entre cerca de R$ 291 e R$ 1.019 - classe média brasileira, representam 54% do país. Os extremamente pobres têm renda per capita familiar até R$ 81 e os pobres, de R$ 81 a R$ 162.

2.2.5.3 Setor de Confecções no País

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confec-ção (ABIT, 2008), o setor têxtil brasileiro fechou o ano de 2008 com um faturamento de US$ 43 bilhões, um aumento de 4% sobre 2007 e seus US$ 41,3 bilhões investidos. O aumento foi atribuído ao aquecimento do mercado interno, que representa 92% do consumo. Ainda em 2007, o se-tor investiu US$ 500 milhões, fazendo a indústria têxtil responsável por 17,5% do PIB de toda a indústria de transformação e cerca de 3,5% do PIB total brasileiro.

De janeiro a maio de 2008, as exportações foram de US$ 929,7 mi-

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lhões, um crescimento de 8,8% em relação ao mesmo período de 2007; e de janeiro a novembro, o segmento do vestuário cresceu 4,07%. Há alguns anos, o Brasil investe na renovação do seu parque fabril, aumentando a sua capacidade competitiva em relação aos outros países. Atualmente, as exportações do país significam 1% das exportações mundiais, girando em cerca de US$ 1,3 bilhão (ABIT, 2012).

A produção física da indústria têxtil e de vestuário nacional, de acor-do com o IBGE (2012), obteve uma leve queda neste primeiro trimestre do ano de 2012 em comparação com o mesmo período em 2011, - 7,5% e -14,08%, respectivamente. Os principais produtos exportados são de fibras naturais (além do algodão), tais como tecidos planos e a Linha Lar, enquan-to os principais produtos importados são os filamentos de poliéster e os tecidos planos sintéticos. O principal destino das exportações brasileiras é a Argentina, com 27,5% do total exportado em 2007, seguida pelos Estados Unidos, com 26,2%. O Setor Têxtil e de Confecções, é o 2º maior gerador do primeiro emprego e o 2º maior empregador da indústria de transfor-mação. Em 2010 foram registrados 1,7 milhões de empregados, dos quais 75% é constituído por mão de obra feminina. Representa cerca de 3,5% do PIB total brasileiro e possui grande volume de produção, em torno de 9,8 bilhões de peças (BNDES, 2009).

A indústria têxtil e de confecção no Brasil passou por grandes di-ficuldades em suas atividades na década de 1980, devido a uma praga na região do Nordeste que fez com que o país passasse de exportador a impor-tador de algodão. Essas dificuldades foram ainda piores na déca- da de 1990 com a abertura do mercado, que proporcionou a entrada de produtos im-portados concorrendo diretamente com o produto nacional, o qual estava sendo produzido com tecnologias estagnadas e com profissionais de baixa qualidade (BNDES, 2009).

Entretanto, no ano de 2005, o Brasil já se destacava como o quinto maior produtor têxtil do mundo. No setor de confecção, produzia apro-ximadamente 7,2 bilhões de peças de vestuário por ano; era o 3º maior produtor de malha; o 5º maior produtor de confecção; o 7º maior produ-tor mundial de fios e filamentos e o 8º produtor mundial de tecidos. Em 2004, suas colocações estavam na 8ª posição entre os maiores produtores de manufaturados têxteis, mas em 2007 o Brasil passou para a 7ª posição e para a 6ª posição como produtor de vestuário, enquanto em 2004 ele

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ocupava a 7ª posição (IEMI, 2012). Nesse segmento, o Brasil, tem o mer-cado dominado pelas classes C e D (68% da população). A maior fatia do mercado consumidor para os artigos de vestuário e Linha Lar é nas classes B e C (70% do consumo nacional). A classe A, que significa 6% da população, é a terceira maior fatia do mercado, com 18% do consumo nacional (BNDES, 2009).

O mercado feminino adulto representa 41% e o infantil, 32%. Esse maior consumo se deve à variedade dos produtos, além de curta vida útil, como calcinhas e meias calças, por exemplo (BNDES, 2009). Os fatores que mais influenciam no processo produtivo e na demanda são a sazonalidade da produção e as oscilações da moda. Esses fatores contribuem para a com-petitividade no setor e existência de relações de terceirização (VIANA, ROCHA, NUNES, 2008). A figura 3.3 apresenta os Clusters de confecções no Brasil, sendo identifi das as regiões, os Estados e as cidades. Segundo Souza (2007) os principais são:

- São Paulo: é o centro intelectual e financeiro da indústria, concentra as principais bases da moda e do marketing e o controle das atividades produtivas nacionais. Sede das lojas de varejo Zoomp, Fo-rum, Rosa Chá e ainda internacionais Louis Vuitton, Giorgio Armani, Hugo Boss, além das duas concentrações de confecções, os bairros do Brás e Bom Retiro e a cidade de Americana, que possui um desenvol-vimento tecnológico especializado na produção de tecidos artificiais e sintéticos.

- Rio de Janeiro: principal Polo está em Nova Friburgo que produz principalmente lingerie e é sede da empresa alemã Triumph, e Petrópolis, especializada em malha e roupas de inverno.

- Santa Catarina: o Vale do Itajaí, cuja principal cidade é Blumenau, é um dos polos têxteis mais avançados da América Latina e o centro bra-sileiro com maior inserção no mercado internacional, sendo o principal exportador nacional de artigos de malha e linha lar.

- Ceará: com a tendência de deslocamento regional das grandes em-presas, possui estímulo de incentivos fiscais e de infraestrutura do gover-no do estado, e vem aumentando sua relevância no cenário nacional. Em destaque a forte presença de empresas especializadas no ramo de tecidos denim (tecido da calça jeans) e em fios de algodão. Além desses Clusters, houve também o crescimento em direção ao Centro-Oeste, onde está loca-

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lizado o estado de Goiás e sua capital Goiânia, foco da pesquisa, mas sua participação ainda é muito pequena (passou de 1,4%, em 2003, para 1,9%, em 2007).

Figura 3.3: Distribuição dos Clusters de Confecções no BrasilFonte: adaptado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (apud por Souza, 2007).

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Segundo o BNDES (2009) as principais características do segmento de confecções, são:

a) Entrada em massa de importações de produtos mais baratos no mercado interno;

b) Participação insignificante nas exportações mundiais e ainda, concentrada no algodão;

c) Especialização em produtos à base de fibras naturais, apesar do aumento rápido no consumo mundial de fibras químicas e de te-cidos mistos;

d) Parque de máquinas com idade média elevada, sem capacidade de competitividade global, onde muitas empresas são voltadas apenas para o mercado interno;

e) Inexistência de coordenação das ações da cadeia produtiva, com falta gestão;

f) Grande pulverização;g) Baixa capacidade de pessoal para atividades técnicas e gerenciais;h) Alta informalidade, principalmente no elo de confecção;i) Difícil acesso ao crédito, principalmente para micro, pequenas e

médias empresas, que se tornam dependentes das empresas for-necedoras;

j) Existência de clusters regionais de produção.

É necessário também verificar questões intrínsecas. Analisando as variáveis do ambiente, segundo a ABIT (2012), os principais pontos fortes do segmento são:

a. O Brasil possui uma cadeia completa, onde se faz desde a produção das fibras, como plantação de algodão, até os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens, con-fecções;

b. Investimentos no setor: US$ 2,5 bilhões (estimativa), contra US$ 2 bilhões 2010;

c. Produção média de confecção: 9,8 bilhões de peças; (vestuário, cama, mesa e banho);

d. Trabalhadores: 1,7 milhão de empregados diretos e 8 milhões se

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adicionarmos os indiretos e efeito renda, dos quais 75% são de mão de obra feminina;

e. Segundo maior empregador da indústria de transformação, per-dendo apenas para alimentos e bebidas (juntos);

f. Segundo maior gerador do primeiro emprego;g. Quarto maior parque produtivo de confecção do mundo;h. Quinto maior produtor têxtil do mundo;i. Segundo maior produtor e terceiro maior consumidor de denim

do mundo;j. Representa 16,4% dos empregos e 5,5% do faturamento da Indús-

tria de Transformação;k Temos mais de 100 escolas e faculdades de moda;l. É o segundo maior produtor de denim (índigo que serve de maté-

ria-prima para o jeans). Hoje, o setor têxtil no Brasil produz cerca de 500 milhões de metros de denim, mas exporta menos de 10%.

Segundo BNDES (2009) os principais desafios do segmento, são:

a. Importações de produtos têxteis e de confecção mais baratos no mercado interno, produtos às vezes de origem duvidosa;

b. Baixa participação nas exportações mundiais, concentradas na cadeia do algodão, as quais estão baseadas nos produtos do elo têxtil, que é menos dinâmico e de menor valor agregado;

c. Especialização em produtos à base de fibras naturais, apesar do aumento rápido no consumo mundial de fibras químicas e de te-cidos mistos;

d. Parque tecnológico principalmente as máquinas com idade mé-dia elevada, com pouca capacidade de competitividade global;

e. Inexistência de coordenação das ações da cadeia produtiva que não permite oferecer uma gestão da cadeia de fornecimento para as empresas líderes e/ou grandes varejistas;

f. Baixa capacidade técnica e gerencial e alta informalidade, princi-palmente no elo de confecção;

g. Difícil acesso ao crédito, que esta sendo abatido com a baixa de taxas de juros;

h. Queda na exportação brasileira.

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3 O Modelo Diamante

O Modelo Diamante foi criado por Michael Porter e apresentado em 1989 no seu livro ‘A Vantagem Competitiva das Nações’. O objetivo do mo-delo é aumentar a análise e compreensão da competitividade das empresas e o que justifica o êxito de algumas em relação às outras. O Modelo de Diamante ressalta os fundamentos determinantes da vantagem competitiva nacional. Segundo Porter (1989) esses fundamentos são relacionados em quatro categorias:

Condições de Fatores: posicionando o país ou a região em função dos recursos como mão de obra especializada e prestação de serviços com especialização, infraestrutura de energia e de logística, dentre outros. Con-dições de Demanda: em relação à natureza da demanda para os produtos ou serviços oferecidos pelas empresas.

Indústrias Correlatas: relacionada com a existência de indústrias que possuam relação, que estejam em atividades que contribuam direta ou indiretamente para as atividades da empresa em análise.

Estratégia, Estrutura e Rivalidade das Empresas: representada pe-los fatores em que são estruturadas a criação, organização e gestão das or-ganizações no país em análise, aliando com os fatores em que se organiza a rivalidade interna.

3.1 O Modelo Diamante do BRICS no Setor de Confecções

Para dar a dimensão da evolução do setor de confecções nos países do BRICS, levantou-se cada variável do Modelo Diamante de Porter (1989) no quadro 1 que compara país x variável.

Nessa análise é importante avaliar que os países possuem caracte-rísticas semelhantes que vão além das questões econômicas. As questões políticas e sociais juntamente com o crescimento econômico descortinam graves problemas de corrupção, burocracia e informalidade.

Outro aspecto que chama a atenção é a baixa qualificação dos agen-tes do processo o que leva à baixa possibilidade de inovação e tecnologia. O quadro 3.1 mostra o Modelo Diamante do BRICS no mercado de con-fecções.

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Brasil Rússia Índia China África do SulCo

ntex

to d

e estr

atég

ia e r

ivali

dade

Entrada em massa de im-portações de

produtos mais baratos no mer-cado interno;

Participação in-significante nas exportaçõesmundiais e ain-da, concentrada

no algodão;Difícil acesso ao crédito, princi-palmente para

micro, pequenas e médias empre-sas, que se tor-

nam dependen-tes das empresas

fornecedoras.

No setor ban-cário, a situação e estável, porém

o desgaste do ambiente global representa risco

para o setor;Corrupção.

São enfraqueci-das por regime

regulatório complexo e sua má aplicação, corrupção, e

políticas prote-cionistas.

Reestrutu-ração das empresas;Captação de inves-timentos estrangei-

ros,Burocra-

cia;I n s t a b i l i d a d e g o v e r n a -mental e política.

Problema em lidar com produ-tos importados;Despejo ilegal de produtos estran-geiros também é uma ameaça para

os produtores locais.

Cond

ições

de D

eman

da

Grande pulve-rização de con-sumo;

Alta informali-dade, principal-mente no elo de

confecção.

Grande mercado interno;

Um crescimento de 4,3% e pro-jeta-se 4% para o período de

2012-16.

Grande e sofisticada

população de compradores, e o sucesso do governo em promover as

indústrias chaves. Masa demanda

local é limitada pela aplicação deficiente de qualidade, segurança e padrões am-

bientais e leis de proteção dos

consumidores muito fracas.

Tamanho populacio-

nal;Perfil de-mográfico

e psico-grafico;

Presença de consu-midores sofistica-

dos;Baixo

nível de consumo privado.

O mercado do-méstico tem um crescimento da

população de clas-se média negra que é cada vez

mais sofisticados em suas decisões

de consumo;As empresas do cluster cada vez mais desenvol-vem produtos exclusivos, que

podem melhorar a sua capacidade

de penetrar nesses mercados.

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Indú

strias

Cor

relat

as e

de A

poio

Especialização em produtos à base

de fibras naturais, apesar do au-

mento rápido no consumo mundial de fibras químicas e de tecidos mistos;

Parque de má-quinas com idade

média elevada, sem capacidade de competitividade global, onde mui-tas empresas são voltadas apenas para o mercado

interno.

Grande número de fornecedores

locais;Falta de especialis-tas em Pesquisa e

Desenvolvimento.

São também van-tagens para Índia, com uma grande

quantidade de fornecedores lo-cais, e disponibili-dade consistente tanto produ- tos agrícolas, quanto

regiões indus-trializa- das com bons maquiná-

rios.Contudo, as ICAs

são enfraqueci-das pela falta de especialistas em

Pesquisa e Desen-volvimento.

Setor em desenvolvi-

mento;Grande número de forne-cedores

e de baixa qualidade;

Disponi-bilidade de novas

tecnologias de produ-

ção.

A falta de confiança e de cooperação entre os produtores de vestuário e produ-

tores têxteis dificulta a capacidade das empresas de com-petir efetivamente.

Con

diçõ

es d

e Fat

ores

Baixa capacidade de pessoal para

atividades técnicas e gerenciais

Inexistência de coordenação das ações da cadeia produtiva, com

falta gestão.

Grande capacidade energética;

A economia con-tinua altamente dependente da exportação de

energia e isso pode representar um

risco;Tensas relações

russo-ocidentais;Ambiente de investimento

continue fraco, no entanto é provável que alguns passos para atrair investi-mentos estrangei-

ros, comoem projetos de

cunho energético que necessita de tecnologias es-peciais além de possuir um alto

custo.

São ajudadas pelo crescimento

do mercado de capitais, servi-

ços financeiros, educação e ins-

talações adminis-trativas (herança

colonial),mas tem sido severamente

prejudicada pela infraestrutura

pública exagera-da (energia, estra

das, portos) e baixa penetração de Internet (3%

da população total).

Enquanto a Índia fornece proteção

ao investidor forte e políticas efetivas anti-

trust.

Maior população e consequen-

temente maior

número de trabalhado-

res;Baixo

custo com mão de

obra;Investi-mentos altos em

infraestru-tura física;Aumento

dos inves-timentos

em paten-tes;

Investimen-tos fortes em educa-

ção.

Custo alto fator de Altos custos de fac-tores (em especial o custo do trabalho);

Acesso limitado a matérias-pri mas

é outro desafio importante para o acesso ao mercado

high-end;Prazos longos de

entrega, confiabilida de e desempe nho pobre deterioração

da qualida de;Baixa qualidade da infra-estrutura em

logística interna é um desafio adi-

cional.

Quadro 3.1: Consolidação do Modelo Diamante do BRICS no Setor de ConfecçõesFonte: Elaborado pela pesquisa (2012)

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Quanto ao mercado interno, os países passam por uma explosão de consumo na ampliação nas classes mais baixas e como são nações altamen-te populosas, isso impacta positivamente para as altas produções na atuali-dade: há quem produza e há quem compre dentro do próprio país.

4 O Estado de Goiás

O Estado de Goiás possui uma população de 6.003.788 habitantes, com 246 municípios, e está localizado na região Centro-Oeste do País. A capital do Estado, o município de Goiânia, teve sua pedra fundamental lan-çada no dia 24 de outubro de 1933 por Pedro Ludovico Teixeira, porém a efetiva transferência da capital do Estado para Goiânia, deu-se em 1937 e sua inauguração oficial aconteceu somente em 5 de julho de 1942 (IBGE, 2010).

Até o final da década de 1950, a indústria em Goiás era extrativista. No sudoeste afloram os garimpos de diamantes. Ao norte, na região do Araguaia, a exploração de cristal de rocha teve seu ápice durante a Segunda Guerra Mundial devido as condições de exportação. Hoje, reflexo do seu crescimento e visibilidade no mercado global, o Estado de Goiás tem atraí-do vários outros modelos de indústria (IBGE, 2010).

4.1 A História da Confecção em Goiás

No fim dos anos 1960, iniciavam-se as primeiras confecções goianas, o primeiro relato é da empresa Planalto Confecção fundada em 1967 que produzia calças de tecido sintético, importado da Ásia e camisas de algodão de tecelagens brasileiras.

Pouco depois surgiu a Bulck Confecções com uma proposta de con-feccionar produtos diferentes dos tradicionais, com mix feminino de blu-sas, vestidos e calças produzidos com malha de algodão, viscose e linho, as peças eram bem elaboradas com recortes e bordados e a pequena confec-ção ganhou mercado com os produtos denominados ‘modinha’ (SOUZA, 2007).

Nos anos 1970 surgiu a feira Hippie em Goiânia capital do estado. É considerada a maior feira livre de roupas da América Latina. Teve ori-gem com produtores artesanais que confeccionavam suas peças em casa e

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os revendia aos domingos. Hoje, segundo a prefeitura de Goiânia, existem mais de 5 mil bancas cadastradas vendendo roupas de todos estilos, e que recebem uma multidão de pessoas vindas em excursões de várias regiões do Brasil. Além da feira existe um caso de sucesso denominado Estação Goiânia com uma concentração de 655 lojas (SOUZA, 2007).

Os negócios começaram com pequenas empresas familiares e pas-saram a crescer devido à posição estratégica, já que o estado se localiza no centro do Brasil com rodovias ligando as regiões Norte e Nordeste ao Sudeste do país.

No início dos anos 1980, houve a explosão de confecções de roupas em jeans. O estado de Goiás estava em franco crescimento da produção de algodão e as empresas de confecções goianas aproveitaram a facilidade para treinar a mão de obra, investir em lavanderias e máquinas de produção de forma a conquistar outros mercados vendendo produtos diferenciados dos produzidos em São Paulo. Uma das primeiras empresas a conquistar o mercado nacional de jeans foi a empresa Mister Seven Jeans. Essa empresa alcançou uma boa escala de produção com lavanderia própria e 100% dos produtos desenvolvidos por estilistas locais. (SOUZA, 2007).

Com a crise da economia brasileira, que provocou a hiperinflação e aumento dos custos de produção em 1997, houve uma retração na econo-mia e várias indústrias que investiram em maquinários e produção interna tiveram dificuldades financeiras. Iniciou-se neste período a terceirização da produção, pois com a moeda brasileira supervalorizada, o custo de pro-dução quase dobrou.

Surgiu então o mercado das facções, que são pequenas oficinas de costura que recebem o tecido cortado e fazem o fechamento das peças, que depois são levadas para uma lavanderia terceirizada e por fim retornam para indústria para fazer apenas o acabamento, desta forma indústrias que possuíam 500 funcionários reduziram para menos de 50 pessoas (SOUZA, 2007).

Os produtos goianos confeccionados em jeans abasteceram por duas décadas os mercados do centro oeste, norte e parte do nordeste – fato que só foi possível devido a logística privilegiada do Estado de Goiás (figura 3. 5).

Estes mercados antes pouco explorados por São Paulo e Paraná, ago-ra despertam interesse devido à estabilidade da economia (SOUZA, 2007).

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Figura 3.5 – Logística privilegiada e o Cluster de GoiásFonte: SEGPLAN-GO (2012)

Os Clusters de confecções de Goiás avançaram por várias cidades do interior do Estado, e a cidade de Jaraguá foi uma das principais a for-talecer-se neste setor, gerando empregos. Inicialmente conhecida por fa-bricar cópias de modelos de grandes marcas de jeanswear, hoje se dedica às marcas próprias. O Cluster de Jaraguá envolve empresas nos setores de confecção, facção, lavanderias, acabamentos e pós-lavagem, bordados, es-tamparia, além de distribuidores de tecidos, fornecedores de aviamentos, transportadoras, e setores de corte, estilismo e modelismo (SOUZA, 2007). A distribuição das cidades com Clusters de confecções em Goiás ocorre com as cidades na Tabela 3.3:

NOME DA CIDADE HABITANTES DISTÂNCIA DA CAPITALGoiânia 1.256.514 0Anápolis 324.303 56 kmAparecida de Goiânia 442.978 15 kmJaraguá 41.314 120 km

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Trindade 98.159 26 kmTaquaral de Goiás 3.514 78 kmPontalina 16.846 120 kmCatalão 84.964 230 kmSão Francisco de Goiás 6.109 96 kmPetrolina de Goiás 10.237 70 kmInhumas 47.572 28 km

Jatai 86.926 330 kmRio Verde 169.611 230 kmPalmeiras de Goiás 23.245 80 kmMineiros 51.077 430 kmItapuranga 25.278 130 kmHidrolina 4.029 200 kmGoianápolis 10.562 25 kmUruana 13.816 140 kmSenador Canedo 82.712 15 kmSanclerlândia 7.500 70 km

Tabela 3.3 – Distribuição das cidades com Cluster de confecções em Goiás Fonte: IBGE (2010)

O setor de confecção em Goiás é o 2º maior empregador do Estado, e com a maior taxa de informalidade (SEGPLAN-GO). A participação de criação de vagas no Brasil no segmento foi de 4,3%. De acordo com o cadastro da Sedem Goiânia existem 6.875 vende-dores de confecções informais. Considerando que as demais cidades do interior não possuem dados dos informais a estimativa é que para cada empresa formal no estado de Goiás há 1,1 empresas informais. Com isso, estima-se que a informalidade gere 85 mil empregos no setor de confecções, sendo 8% de toda força de trabalho de Goiás (RAIS 2008).

A produção mensal segundo o Sinvest é de 26 milhões de peças por mês, movimentando um terço do PIB. O preço médio de venda das peças é de R$ 15,00 totalizando um faturamento mensal de R$ 90.000.000,00, o que representa 8,6% do PIB do Estado.

Goiás tem experimentado altos crescimentos econômicos ao lon-go dos anos. O desempenho da economia goiana no segundo trimestre de 2012 pode ser confirmado pelos resultados na agropecuária, devido à

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maior produção e produtividade das principais culturas. A indústria tam-bém expandiu por conta da indústria de transformação. Além disso, Goiás liderou o crescimento industrial do País (IBGE, 2010). O Estado também ocupou a quinta colocação entre as unidades da federação que mais ge-raram empregos e a balança comercial, com saldo superavitário de US$ 778,3 milhões, o que explicitou a boa fase da economia goiana para todos os segmentos e em especial o de confecções. O segmento de confecções com suas indústrias correlatas encontram-se presentes na maioria dos mu-nicípios no Estado de Goiás. No entanto, as principais aglomerações são a de Goiânia, juntamente com Trindade, Jaraguá, Pontalina, Aparecida de Goiânia e Taquaral.

Buscando melhor compreensão sobre a Indústria de Confecções no Estado de Goiás, foi realizada uma pesquisa de quantitativa explo-ratória com 587 confecções, nas cidades de Goiânia, Jaraguá, Pontalina e Taquaral. Considerando o quantitativo de habitantes das cidades, as quatro escolhidas correspondem a 46,95% dos habitantes de todas as cidades que participam do cluster. Considerando a quantidade de em-presas investigadas, elas correspondem a 4,33% da quantidade de con-fecções do estado. O objetivo da pesquisa era levantar os pontos mais relevantes para cada competidor. As entrevistas foram realizadas em agosto de 2012, de forma presencial, por meio de questionário estrutu-rado com perguntas fechadas.

Das empresas pesquisadas, todas são formalizadas junto aos órgãos reguladores da economia brasileira (figura 3.6). Delas 49% está configura-da com Sistema do Simples

4, 25% como Micro Empresa

5, 21% como Mi-

croempreendedor Individual6 e 5% em outros regimes. Foi questionado o

período de existência das empresas entrevistadas que pode ser demonstra-do na figura 6. Grande parte das empresas investigadas (52%) possui mais de 5 anos de existência e apenas 7% tem menos de 1 ano (as demais, que representam 48%, tem entre 1 e 5 anos).

4 Sistema do simples - Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempre-sas e das Empresas de Pequeno Porte (Receita Federal do Brasil).

5 Micro empresa - receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (Receita Federal do Brasil).6 Microempreendedor individual - receita bruta igual ou inferior a R$ 60.000,00 (Receita Federal do

Brasil).

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Figura 3.6: Média de tempo de mercado das empresas pesquisadasFonte: Base de dados da pesquisa de campo

A confecção em Goiás está concentrada na produção de roupas fe-mininas. Mais de 70% das indústrias tem em sua coleção artigos voltados para mulheres adultas como pode ser verificado na figura 3.7.

Figura 3.7: Tipos de Produtos oferecidos pelas empresas entrevistadasFonte: Base de dados da pesquisa de campo

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Esses dados são muito ricos para o marketing da Estação Goiânia possa direcionar ações para o público feminino otimizando os recursos que por certo são insuficientes para investimentos em todas as áreas. Em 82% das lojas são comercializados produtos femininos. Focando nas mulheres as ações atenderão a maior parte das lojas.

Foi perguntado como as empresas divulgam seus produtos. Perce-be-se que os entrevistados acreditam que o marketing é uma ferramenta fundamental para divulgar os produtos, e as ferramentas que os confec-cionistas goianos utilizam são a internet e merchandising nos pontos de vendas (PDV). Há então uma contradição com a utilização de uma ferra-menta moderna e uma bastante tradicional respectivamente como se pode verificar na Figura 3.8.

Figura 3.8:Mídias utilizadas para divulgação dos produtosFonte: Base de dados da pesquisa de campo

O Departamento de Marketing da Estação Goiânia deve estimular a busca de contatos por meio de cadastramento, ações em mídias digitais e sociais. Isso é interessante, pois além de ser a ferramenta que mais propor-ciona métrica e identificação de retorno do investimento, é mais acessível que mídias como TV no Brasil.

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A Figura 3.9 identifica quais as maiores dificuldades enfrenta- das pelos entrevistados.

Figura 3.9: Dificuldades encontradas atualmente pelas empresas entrevistadasFonte: Base de dados da pesquisa de campo

As mais relevantes foram: a dificuldade de contratação de mão de obra especializada (35,48%), o alto custo tributário (27,96 %) e com menor peso e não menos importantes, a gestão (e falta) de capital de giro (13,44%) e a necessidade de altos investimentos em marketing (12,37%).

O fato de os empresários considerarem que o conhecimento em ad-ministração tem baixo impacto nos negócios e contraditoriamente a difi-culdade em contratação de mão de obra especializada e a falta de capital de giro pode ser reflexo dessa falta de conhecimento em administração.

As empresas que atendem ao mercado internacional são em número insignificante ainda (8%) e a maioria da produção atende ao mercado in-terno sendo: 22% na própria cidade-sede, 38% no próprio estado e 57% em território nacional conforme demonstrado na figura 3.10.

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Figura 3.10: Mercados atendidos pelas empresas entrevistadasFonte: Base de dados da pesquisa de campo

A maior parte da produção não fica na cidade sede e, com isso é necessário o segmento se organizar na sinalização da cidade (pois rece-bem muitas caravanas), na manutenção dos sites com dados atualizados, podendo inclusive estabelecer vínculos com representações comerciais e fortalecer as marcas, inclusive aumentando o marketshare no interior do estado de Goiás e nos demais estados brasileiros.

Paralelamente aos levantamentos acima, foram feitas entrevistas com as lideranças do segmento e são analisadas as considerações de cada um so-bre os assuntos de relevância. Foram entrevistados: o Secretário Estadual de Indústria e Comércio, Sr. Alexandre Baldy; o Presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções e Roupas em Geral de Goiânia (SINDROU-PAS) e Presidente da Associação Goiana das Indústrias de Confecção do Estado de Goiás (AGICON) o Sr. Edilson Borges de Souza; Superinten-dente de Microempresas da Secretária de Estado da Indústria e Comércio do Estado de Goiás (SIC-GO), o Sr Tiago Peixoto. As lideranças acima fo-ram entrevistadas na Feira Internacional do Jeans, no dia 15 de agosto de 2012. Também foi entrevistado o Presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Goiás (SINVEST), Sr. José Divino Arruda no dia 25 de julho de 2010, entrevista realizada no próprio sindicato (situado na Avenida Anhanguera, no prédio do Palácio do Comércio, no centro de Goiânia) – (quadro 2.2).

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Alexandre Baldy

O segmento hoje de moda que leva ao segmento de moda como um todo, as confecções, é um segmento muito representativo para o Estado de Goiás e gera muitos empregos e temos milhares de empresas instaladas em diversos municípios do Estado, é um dos setores econômicos que desenvolvem as mais diversas regiões de nosso Estado e que nós enxergamos aqui na Secretaria de Industria e Comércio que é preciso apoiar e unir as empresas os interes-ses, as demandas, os sindicatos em uma convergência de esforços para atrair maiores benefícios. Benefícios no sentido de que, de leva um valor agrega-do cada vez mais alto ao conhecimento não só daqui da nossa região mas das diversas regiões do Brasil. Para que possamos receber compradores que irão impulsionar o crescimento e manutenção de todos o setor da confecção.

José Divino Arruda

Na qualificação, tem o SENAI, na qualificação, tem o Programa do Governo Federal que é o FADE que as vezes tem algumas, né? Mas é preciso criar um me-canismo de maior condição de qualificação, principalmente nessa época de crescimento em todo o setor que o Brasil não está preparado e a confecção esta sentindo também problema mão-de-obra. Uma outra questão que eu acho que acontece muito é o atrativo do salário, hoje por exemplo o SENAI oferece curso para costureiro industrial, o último oferta que teve, para 80 pessoas e teve 18 inscritos, porque o salário não está sendo atrativo para costureira. Ela vai para a construção civil, ganha R$1.000 reais, passa massa no azulejo.

Edilson Borges de Souza

Hoje estamos em momento de transição, da indústria familiar para uma in-dústria de grande porte, então hoje Goiânia é um forte pólo da indústria de confecção do Brasil, a maioria é micro e pequenas empresas em torno de 96% são micro e pequenas empresas que são de fundo de quintal e que estão se aprimorando através do seu potencial, através de conhecimentos oriundos do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa) e SENAI (Serviço Nacional de Apoio a Indústria do Sistema da Confederação Nacional da Indústria – CNI) e que estão dando um apoio tecnológico de como administrar uma indústria.

Tiago Peixoto

A mão de obra hoje é escassa em todos segmentos da economia, o Governo de Goiás tem desenvolvido vários trabalhos de qualificação, em parceria com a Secretária de Estado da Ciência e Tecnologia que desenvolve o trabalho de qua-lificação, nos sabemos que muitas empresas estão qualificando seus próprios funcionários, criando escolas dentro de suas próprias empresas e até mes-mo qualificar melhor seu trabalhador e também outros trabalhos como da empresa HERING do Brasil que tem capacitando vários empreendedores que irão atuar com facção/oficinas tanto para o fornecimento para a própria em-presa como para outras empresas. Temos trabalhado muito nesse sentido e nós acreditamos muito que a qualificação trás resultados para economia. Temos estado em parceria com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Peque-na Empresa) e SENAI (Serviço Nacional de Apoio a Indústria do

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Sistema da Confederação Nacional da Indústria – CNI) na qualificação de di-versos empreendedores em diversas cidades de Goiás.

Alexandre Baldy

Nós sabemos que é muito desafiador a formalização no setor de confecções, nós temos levado diversas ferramentas para que possamos buscar a formaliza-ção. O Governo do Estado atingiu o teto nacional do simples para que nós não tenhamos sub-teto podendo melhorar e muito essa questão. Estamos levando a Junta Comercial em diversos municípios para que haja a formalização das empresas, trabalhando com o Programa Estadual “Goiás cresce e aparece” para que possamos levar ao conhecimento dos empreendedores da confecção que a formalização é importante e necessária para ter acesso ao crédito. Temos o Banco do Povo, Crédito Produtivo que são linhas de crédito que hoje traba-lha de maneira forte com o setor de confecção mais que a necessidade de ser formal os empreendedores para ter acesso. A informalidade é muito alta neste segmento em Goiás.

José Divino Arruda

Nós trabalhamos hoje com a estimativa de 9.500 empresas. Mas oficialmen-te no cadastro da JUCEG nós trabalhamos ai com a média de 4.000 indústrias no Estado e 3.700 em Goiânia, o que forma ai em torno de 8.000 e poucas. Nós trabalhamos com 9.500 que a própria JUCEG não tem um cadastro de quantas abrem e quantas fecham, não tem essa estimativa.

Estimado também nós trabalhamos com a média de 120.000 empregos, e200.000 com a informalidade.

Essas empresas da informalidade, a gente fala empresa, mas se a gente for ob-servar toda a cadeia do têxtil, do têxtil não, toda a cadeia produtiva dentro da informalidade, é o que eu falei, talvez ela é maior que a formalidade, por quê? Porque não é só uma empresa, quando a empresa é formal ela emprega 2, ela emprega 10, ela emprega 500, a informal a maioria emprega menos, mas elas são facções, as vezes ela não existe legalmente, mas ela emprega 20 pessoas, ela emprega 100. E essas pessoas estão sem registrar também, trabalham com pro-dução, então, se você pega por exemplo a cadeia produtiva dessas facções sendo formais ou informais elas movimentam por exemplo a serigrafia, que empre-ga por causa da confecção, ela movimenta uma loja de aviamento, um atacado de tecido, tudo isso faz parte da cadeia produtiva da confecção, e se a gente analisar não é só a confecção esses empregos direto ou indireto que a confec-ção trás, pedraria, bordado, manequins, se a gente for aprofundar, é tanta coisa que a confecção gera emprego aonde a gente fala que tem.

Alexandre Baldy

Os clusters no segmento de moda como um todo eles não foram trabalhados como deveriam trabalhar, obviamente que várias cidades cresceram com suas unidades, o setor produtivo tem investido e cobrado muito das demandas do setor público, nós temos aqui projetos de boa relevância para atuar no seg-mento nós conseguimos com a Senadora da República Lúcia Vânia a cons

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trução de 24 (vinte e quatro) galpões industriais com verbas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e do Comércio brasileiro que levemos a beneficiar 24 (vinte e quatro) municípios diferentes no âmbito que possamos beneficiar quem quer produzir e também aqueles que querem qualificar aqueles que que-rem agregar valor aos seus produtos. A Secretaria de Indústria e Comércio tem participado ativamente do setor de Confecção em diversos aspectos, em apoio para as feiras e eventos, para levar a marca e a consolidação de nossos produtos, atrair compradores para leva nossas confecções a eventos fora do Estado de Goiás. Os Sindicatos tem recebido apoio também sendo muito fortalecido pelo Governo do Estado e também é nossa preocupação a qualificação e melhora na qualidade de nossos produtos tem sido reiterada.

Edilson Borges de Souza

Hoje no Estado de Goiás em 70% das cidades estão organizadas como pólos da indústria de confecção, cada cidade tem sua tendência, seja moda íntima, jeans, modinha, moda praia, roupas infantil e em geral. Cada cidade tem seu estilo de produção.

Tiago Peixoto

Hoje tem se organizado em Shoppings, feiras abertas, férias fechadas, mas o foco de Goiás é organizar em pólos vocacionais de competitividade e clus-ters onde a Secretária de Estado de Indústria e Comércio está apoiando e está construindo galpões onde o empreendedor poderá produzir seu produto dentro destes pólos, então esses pólos vão servir deste o inicio do recebimen-to da matéria prima até o produto final. A intenção é que todo o processo produtivo seja atendido nestes pólos. Isto vem para modernizar e aumentar a competitividade do setor. Temos também os galpões industriais que estão sendo construídos por todo o estado, sendo um investimento em torno de R$ 18.000.000,00 (dezoito milhões de reais) captados pela Senadora da Repú-blica Lúcia Vânia através de emenda parlamentar. Estes galpões visa atender as grandes indústrias de confecção onde vão colocar ali pessoas que vão prestar serviço para grandes empresas a exemplo da HERING do Brasil e MARISA e de outras que estão sendo captadas para vir para o Brasil, acreditamos que os pólos vocacionais vão ser um grande incentivador neste trabalho. Nós acre-ditamos muito no setor de confecção e sabe que é de grande importância para o Estado, mais podemos perceber no decorrer das atividades durante o ano 2011 e 2012 que existe um distanciamento entre os sindicatos, associa-ções e/ou federações pois não á união entre as entidades representativas em Goiás. Acreditamos que se houver mais união o segmento fica mais forte, com essa divisão dificulta muito o atendimento das demandas por parte da Superin-tendência, pois vêm demandas divergentes de todos as entidades represen-tativas. Buscamos atender a todas as reivindicações, mas é difícil e às vezes ocorre de não conseguir chegar as reivindicações até nós por falta dessa união das entidades.

Alexandre Baldy

O setor de confecção vem melhorando e evoluindo aplicando novas tecnolo-gias mas estamos longe do ideal, precisamos muito da inovação principalmente para agregar o valor aos nossos produtos e sermos mais competitivos, uma boa frase hoje é inovar para poder competir cada vez com produtos de maior qua-lidade e produtos inovadores eles saem daquela conjectura que estarão compe-tindo com produtos de diversas, nos precisamos colaborar com a inovação, na reformulação das leis de incentivo daqui do Estado de Goiás es

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taremos definindo um percentual para que possa ser investido na qualificação da for-mação da pessoa para que também possa levar a inovação a tecnologia aos setores pro-dutivos.

Edilson Borges de Souza

Em virtude do SENAI, SEBRAE e do próprio Sindicato, oferecendo cursos, capacitação para crescimento da indústria de confecção, algumas indústrias que pretendem investir no mercado nacional e internacional procuram estas entidades para vislumbrar uma nova realidade para concorrer neste mundo globalizado, por que se você não tiver uma infraestrutura e modernização da sua indústria você está fora do mercado, e você traba-lha para sobreviver e na realidade você trabalha para vendas internas e hoje você vê apenas internamente sua empresa não vai para frente ela vai ficar estagnada ao ponto que em alguns anos ela some do mercado porque vai surgindo novas empresas e está vai ficando apática ao mercado. Hoje temos concorrência do mundo inteiro e se a empresa não se profissionalizar e não se adequar as novas realidades ou seja, inovação, novas tecnologias de equipamentos, tecnologias organizacionais, de produção e administrativa da empresa a tendência dela é ficar estagnada ou sumir do mercado. As empresas que estão fazendo a opção pela modernização estão conseguindo alcançar seus objetivos e podendo crescer 5% ou 6% ao ano e que estão muito tempo no mercado passam a ser média a grande em-presa, o percentual é muito pouco mas no total ela representa muito porque hoje em dia em Goiânia nós ainda temos 4.070 (Quatro mil e setenta) empresas registradas dentro de Goiânia e temos mais de 10.000 (Dez mil) na clandestinidade que estão nas Feiras Hippie, Feira da Lua nos vários Camelódromos em volta da Rua 44 no Centro de Goiânia, hoje o setor emprega de forma registrada em carteira de trabalho em torno de 40 mil pessoas e sem registro em carteira de trabalho 100 mil pessoas que são as Facções que são as ofici-nas industriais de confecção que são as especialistas que prestam serviço para a indústria de confecção, no mundo inteiro existe estás oficinas especialistas em apenas fazer a roupa e não para revender, hoje em Goiânia já evoluímos para este patamar, porque antigamente as com grandes oficinas trabalhando exclusivamente para ela, e tem outras grandes empresas dentro da cidade de Goiânia que tem várias oficinas, isto é geração de emprego direto, ela não faz venda mais fábrica, ela pega a matéria prima, produz e entrega pronta para vender.indústrias em todo o Estado tinha funcionários registrados internamente e o custo era muito alto, com a criação das ofi inas o custo da mercadoria abaixou bastante então a op-ção hoje de toda indústria de confecção não é aumentar a sua indústria e sim aumentar as oficinas certo, hoje temos ofi inas em todo o Estado de Goiás, toda cidade tem oficinas, a exemplo da Industria HERING do Brasil mudou para Goiás, por que saiu do sul? Porque tem uma facilidade de mão de obra, a nossa mão de obra já tem o dom da costura, a pessoa aqui de Goiás já nasce com o dom de costurar então todo mundo aqui já tem facilidade tanto no interior de Goiás como na Capital, então para as grandes empresas o atrativo delas é está facilidade, hoje a HERING está presente em mais de 55 cidades de Goiás.

Tiago Peixoto

O que vemos hoje é que tem uma grande quantidade de máquinas e de equipamentos que conseguem fazer uma produção mais eficiente, acreditamos que o mercado da confecção tem buscado uma melhor tecnologia, tem buscado se aperfeiçoar. Mas sa-bemos que o custo para isso é muito alto e que as grandes empresas que estão no Es-tado de Goiás e que produzem em larga escala concerteza tem um equipamento de última geração e tem equipamentos de qualidade e mão de obra especializada. Acredi-tamos que com o tempo mais empresas vão buscar mais avanço e porque também traz mais produtividade e redução de custos fixos.

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Alexandre Baldy

A imagem do setor de confecção quando chegamos aqui na Secretaria de Indústria e Comércio, acredito que estava bem mal colocada e mal posicionada a nível nacional, nós já tivemos entre os 4 (quatro) maiores de nível nacional e hoje estamos atrás do 10º (décimo), nós precisamos melhorar muito a imagem do setor, nossa qualidade é boa mas precisamos levar o conhecimento para outras regiões que temos um produto de boa qualidade, de competitividade e que conseguirá atrair compradores ou levar produtos a diversas regiões.

Edilson Borges de Souza

Goiás já esteve em 3º no ranking nacional das maiores indústrias de confecção, prin-cipalmente da fabricação de jeans. Hoje somos reconhecidos nacionalmente pelo Jeans que produzimos porque produzimos um Jeans diferenciados com valor agregado, que são produtos artesanais que são feitos na roupa, com trabalho manual que dife-rencia de todos os outros estados do Brasil, na realidade este produto não está pro-dução de linha e poucos gostam de fazer ele, então nos trabalhamos e todos nos somos considerados hoje em termos de jeans, em moda de jeans o primeiro do Brasil em criação de moda jeans. Em vista disso as indústrias que trabalham com jeans que hoje detém a maior fatia financeira do mercado da industria de jeans elas estão se estabilizando em termos de modernização, criação de novas tendências, hoje nos já te-mos faculdade de moda que já projeta grandes estilistas em virtude do produto jeans.O não apoio da parte governamental ao segmento nos fomos perdendo espaço para os estados da região norte do Brasil começaram investir bastante em marke-ting, os governos destes estados começaram investir bastante em marketing dessas indústrias de confecções, isso levou os compradores a regiões que estavam sendo lançado no mercado com preço baixo e o Governo de Goiás achava que não pre-cisa disso daí fomos perdendo cada vez mais espaço e caímos para a 13º posição no ranking nacional tudo pela falta de gerência dos órgãos estaduais em termos de marketing. Na realidade a moda é muito simples ou você está em evidencia ou você morre, é esquecido. De três anos para cá conseguimos reverter um pouco o quadro e estamos em 7ª colocação no ranking nacional dos maiores produtores de roupas do Brasil e isto é um trabalho feito junto a grandes compradores onde esta-mos pagando os grandes compradores para vir conhecer a cidade de Goiânia, tudo isto sem apoio de nenhum órgão público ou entidade. Hoje em Goiânia somos o único considerado turismo de negócio pois de quinta-feira a segunda-feira os hotéis e bares estão todos cheios em virtude da indústria de confecção, não tem atrati-vo nenhum em Goiânia para lotar os hotéis. A prefeitura da cidade de Goiânia, e todos seus gestores nunca ajudou em nada o crescimento da indústria de con-fecção ela simplesmente tiraram proveito desta indústria do turismo. O Governo estadual sempre prometeu que iria ajudar com estrutura de marketing mas nunca ajudou e não dá respaldo nenhum e fica dizendo apenas que vai ajudar e nada enquanto que outros Estados estão na frente a muito tempo. O Governo do Estado de Goiás única coisa que nos beneficiou e foi de grande ajuda foi a 5 anos atrás ele isentou as indústrias de confecções do imposto para vendas para fora do estado, ao baixar o imposto fez com que as indústrias conseguissem ganhar fôlego, onde pela concorrência de outros estados já estavam usando esta estratégia. Nós sempre estamos sempre devagar nisto, temos tudo para sermos o primeiro ou segundo no ranking nacional, nós temos localização privilegiada no país por estar no centro do Brasil, podemos abastecer todo o Brasil com menos esforço do que outros estados do Brasil. Os programas do governo não preparam a base da empresa para

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exportar e isso desestimula e deixa inseguro o empresário. Hoje temos grandes em-presas que vendem através de representação os seus produtos. Somos hoje o maior empregador do Estado de Goiás, temos mais de 200 mil pessoas trabalhando direto e indiretamente para o segmento de confecção. Acreditamos que podemos duplicar isso em 10 anos, como maiores do mundo, porque temos vocação para ser melhor do Brasil e mundo, basta o governo repense sua política de impostos, empregos e centralizar atividades vocacionais como o marketing para a indústria de confecção e isso traria turismo, turismo de negócios, aumentaria renda da população local. O governo não nos dá incentivos para as empresas crescerem e para se estruturarem. O atual Secretário da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio é o melhor dos seus antecessores pois tem visão empresarial mais global e vem tentando aproximar dessa nova fase de desenvolvimento, precisamos avançar nessa nova fase de marketing e de produção. Quanto mais marketing o governo fazer de nossa indústria de con-fecção mais retorno ela terá com impostos e renda. Temos boa infraestrutura para distribuição dos produtos nos falta é marketing e vontade política.

Tiago Peixoto

É muito bem visto, o que divulga de nosso Estado para fora é que tem grande quan-tidade de jeans, vários modelos de roupa intima e biquínis. Sabemos que o Esta-do de Goiás é muito forte nestes modelos. Vendemos para todo o Brasil e até para fora do país.

Alexandre Baldy

Neste ano de 2012 temos a perspectiva de investir R$1.500.000,00 (Um milhão e meio de reais) que representa mais de 30% do orçamento da Secretária de Indústria e Comércio para apoio, eventos e atração de compradores no setor de confecção. De-sejamos com isso estarmos entre os 5 (cinco) maiores do segmento de confecções do Brasil. O governador comprometeu em atuar de maneira sólida no segmento e hoje temos negociado com os sindicatos a criação da Superintendência da Con-fecção na Secretária de Estado de Indústria e Comércio, isto é um sonho pessoal meu em criar está superintendência e colaborar com este setor que gera milhares de emprego e possa adotar políticas públicas concentradas e detalhadas em atender o segmento de confecção.

José Divino Arruda

Acho que nesta pesquisa sua lá, na troca de experiência, uma coisa que nós pre-cisamos demais no nosso país não é só para confecção, é um sistema de trabalho, legislação trabalhista, acho que toda indústria principalmente tinha que unir e pe-dir ao governo, levar o governo em um projeto de um país que tem uma experiência melhor, por exemplo Japão, um funcionário entra numa indústria as sete da manhã e ele pode trabalhar até as oito da manhã, então você trabalha uma hora por dia, e ga-nha por hora, mais ninguém sobrevive trabalhando uma hora, ninguém sobrevive trabalhando quatro hora por dia, lá ninguém trabalha menos de doze horas e tem a qualidade de vida excelente, se ele adquirir uma qualidade de vida boa acha que não precisa trabalha cinco mas é cadastrado naquela empresa o profissional que sabe aquela área e trabalha por hora...

Edilson Borges de Souza

A maior e única indústria pesada de Goiás é a de confecção. Quando o atual gover-nador esteve em nosso sindicato ele prometeu diante de mais de 800 em

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Tiago Peixoto

Nós não sabemos o real beneficio dos Sindicatos para seus filiados, não temos co-nhecimento do real serviço para seus filiados. Percebendo que tem dois ou mais sindicatos e estão fazendo eventos individualizados e deveriam se unir para ter melhores resultados. Não sabemos o que eles realmente fazem para seus filiados e nem para o setor mais acreditamos que tivessem mais união poderiam pleitear mais resultados para o setor.Hoje temos focado na construção dos pólos industriais e na qualificação do em-presário para ele administrar de maneira profissional, seja para plano de negócio, fluxo de caixa, atendimento ao cliente, como vender seus produto e a partir daí damos um crédito para aqueles que se qualificaram conosco porque acreditamos que terão melhores resultados e geraram riquezas e desenvolvimento para o Estado.

Quadro 2.2: Consolidação das Opiniões das Lideranças do Setor de ConfecçõesFonte: Levantamento da pesquisa qualitativa (2012)

A pesquisa qualitativa acima apresenta assuntos bastante contun-dentes para o cluster de confecções. Em relação à mão de obra, percebe-se a fragilidade do setor. Apesar de ser citado pelos entrevistados treinamentos realizados pelo Sebrae e Senai, ainda é pouco mediante o universo envol-vido. Os treinamentos precisam ser de ordem técnica, humana, conceitual e de gestão.

Quanto à informalidade, liderança e representantes do governo são unânimes em reconhecer o volume de empresas nessa posição no Estado de Goiás. Mediante a importância e abrangência do segmento é preciso favorecer a formalização. Com isso, investimentos em qualificação desen-volvem não só a questão da mão de obra, mas também a redução da infor-malidade como percebido nos últimos dez anos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012).

A importância do Cluster é percebida por todos que inclusive acre-ditam que o segmento precisa de mais atenção. A tecnologia precisa ter investimentos maiores e em geral na busca de inovações. Sabe-se que exis-tem muitas máquinas, algumas até bem modernas, porém, na análise do contexto geral, está longe do ideal.

O olhar sobre o mercado e a imagem que as lideranças tem do se-tor são contraditórias. Os representantes dos empresários de confecções acreditam que o governo deveria fazer mais do tem feito e as lideranças do governo acham que o governo está bastante atuante no segmento. Percebe-se uma visão oposta entre governo e empresários sendo recomendável um ajuste na atuação de ambos e compromisso de parceria.

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E finalmente a perspectiva das lideranças do setor é bastante oti- mista na produção e na busca de investimentos. Entretanto no Brasil são comuns em discursos de políticos promessas de investimentos que não são cumpridas e por isso, pelo bem do segmento, que haja menos política e mais compromisso, estratégia, investimento e gestão.

4.2 Análise SWOT do Estado de Goiás

Para analisar o ambiente onde o setor de confecções está inserido, tanto nos aspectos internos quanto externos, um dos instrumentos nor-malmente utilizado na gestão estratégica das empresas é a matriz SWOT

7,

que consiste em coletar dados importantes que caracterizam o ambiente in-terno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças) da empre-sa. Considerando esses aspectos, foram levantadas como variáveis internas (pontos fortes e pontos fracos) do setor de confecções no Estado de Goiás:

I. Ponto forte: produtos diferenciados dos fabricados nos grandes centros; excelente criatividade; fácil acesso a matéria prima de-vido à localização geográfica do Estado; presença de revendedo-res atacadista; marcas registradas; boa qualidade do produto; e, orientação empreendedora dos donos dos negócios.

II. Ponto fraco: mão de obra desqualificada; baixo investimento em marketing; baixo capital de giro; altos custos de produção; sin-dicatos de classes desorganizados; pouca oferta de qualificação dos profissionais; baixa capacitação dos gestores; maquinário ultrapassado; baixa escala de produção; baixa fidelização com o comprador.

Analisando agora os aspectos externos e variáveis (oportunidades e ameaças) ao setor de confecções no estado de Goiás, chega-se a conclusão de que são:

III. Oportunidade: investir em inovação; tornar-se referência em produtos de moda; acordos econômicos internacionais; potencial do mercado interno; economia aquecida; grande oferta de forne-cedores; novas tecnologias; ampliação da classe C e seu volume

7 SWOT - é a sigla dos termos ingleses Strenghts(Forças), Weakness(Fraquezas), Opportunities(Opor-tunidades) e Threats(Ameaças).

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de compra; crescimento econômico no Brasil e em Goiás; melho-ria da logística, e início das operações do Vapt-Vupt Empresarial.

8

VI. Ameaças: alta carga tributária; pouco apoio do governo; grande informalidade do segmento; produtos importados; pouco acesso a crédito; produtos substitutos; novas tecnologias; e, baixa barrei-ra para novos entrantes.

4.3 Modelo Diamante de Confecções em Goiás

A) Condições de Fatores: a mão de obra que trabalha nas confec-ções goianas são de baixa qualificação. Embora haja a oferta de cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) – por exemplo, cursos de administração da produção na indús-tria de confecção, assistente de produção na confecção de roupas, confecção de calçados, cortador de confecção de roupas, cortador de tecidos para confecção de roupas, corte de couro na confecção de calçados, costureiro na confecção em série, gerência da pro-dução na indústria de confecção, gerenciamento de produção na indústria de confecção, gestão da produção na indústria de con-fecção, gestão de produção na indústria da confecção, modelista cortador industrial - confecção em malha, operação do sistema CAD audaces para confecção, operação do sistema cadlectra para confecção, operador do sistema cad/audaces para confecção do vestuário) a qualidade da prestação de serviços ainda é mínima.

Em relação à logística, o Estado tem evoluído muito com multimo-dais. Além de uma malha viária vasta que liga Goiás a vários outros Estados brasileiros, na cidade de Anápolis (60 km de Goiânia) há o porto seco e a cidade tem um planejamento para desenvolvimento de um aeroporto de cargas.

B) Condições de demanda: o Estado de Goiás fornece para o país inteiro a sua produção. Destarte o Estado está cada vez mais, sen-do conhecido e reconhecido por seus Clusters de confecções e

8 Vapt-Vupt Empresarial é um órgão do Governo Estadual de Goiás que propõe além dos serviços da Junta Comercial ( JUCEG), guichês do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Goiânia, do Corpo de Bombeiros, da Secretaria da Fazenda (Sefaz), do Conselho Regional de Contabilidade (CRC).

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as cidades que são polos destacam-se em visitas de caravanas de compras atacadistas. Existem vários eventos para divulgação das marcas e atração de compradores, entre esses estão: Expo Ves-tir, Cerrado Fashion Week, Goiás Vive Verão e recentemente um evento internacional na Semana de Moda Goiana, com a 1ª Feira Internacional do Jeans.

Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), da Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Goiás (OAB-GO), da Prefeitura de Goiânia e da Caixa Econômica Federal (Caixa). A intenção é agilizar os processos empresariais como abertura de empresas e emissão de documentos neces-sários a gestão empresarial.

Os investimentos em Marketing, estudo de mercados, desenvolvi-mento de pesquisa e desenvolvimento e em campanhas publicitárias, há o foco nos propósitos do Marketing de Lugar, fazendo Goiás mais conhecido e atraente para as visitas de negócios de confecção.

C) Indústrias Correlatas: em Goiás não tem indústrias de tecidos ou aviamentos, mas há bons distribuidores e no apoio conta com boas facções, serigrafias/estamparias, serviços de aplicações em pedrarias e bordados, indústrias de etiquetas, indústrias de em-balagens e uma variedade de empresas de transportes de produ-tos. É preciso estruturar os participantes do processo de forma que possam ter eficiência nos custos, na produção e nas vendas.

No ano de 2012, foi anunciado pelo Senado Federal a criação de um fundo que pretende alavancar a produção das confecções goianas, cujo ob-jetivo é atrair as indústrias têxteis. Foram destinados R$ 8,8 milhões para a construção de galpões industriais em 28 municípios goianos que tem a função de acolher as confecções, que em muitos casos funcionam de forma precária.

D) Estratégia, estrutura e rivalidade das empresas: a criação de empresas no Brasil é um grande desafio a qualquer empreende-dor. Não só por todas as situações já citadas nesta pesquisa, mas também pela imensa burocracia que faz do país um dos lugares mais difíceis de empreender.

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Outra situação desfavorável é a forma como as empresas são em-preendidas no Brasil. De acordo com pesquisas do SEBRAE (2007 apud ARAUJO 2009, p. 14), 51% dos empreendedores brasileiros antes de ini-ciar suas empresas ocupavam cargos em outras empresas privadas, 19% eram autônomos e 15% já eram empresários. “A organização empreen-dedora nessas empresas de pequeno porte é montada em uma estrutura muito simples, com pouca formalidade, ausência de padronização, pou-cos níveis hierárquicos e centralizados na figura do executivo principal, não fazendo uso de procedimentos de planejamento ou rotinas de treina-mento”.

4.4 Perfil do Cluster de Goiânia: Origem, Caracterização e Desenvolvi-mento

Estima-se que as primeiras indústrias de confecções de Goiânia surgiram por volta da década de 1960. Algumas das empresas pionei-ras atuam até hoje, como a ‘Planalto Confecções’, instalada em 1964, que trabalha ainda atualmente confeccionando calças e camisas. Também a ‘Confecções Nova Plan’ criada em 1966, produzindo artigos do vestuário e de cama e mesa, que hoje atua apenas na comercialização desses pro-dutos no varejo. Igualmente, a ‘Confecção Scala’, fundada em 1967 por Antônio Meneguello, hoje ‘Bulk Confecções’, implantou a ‘modinha’ com vendas somente no atacado, e hoje atende também ao mercado varejista (CASTRO, 2004).

À medida que surgiam, as empresas foram se concentrando for-temente em 3 regiões da cidade. Uma nas imediações do setor Cam-pinas, na Rua Alberto Miguel, antiga Avenida Bahia; outra em torno da Avenida Bernardo Sayão, no setor Fama; e uma terceira na Avenida 85, no setor Marista, e suas adjacências. Na década de 1980, mesmo com a recessão que o país enfrentava, o setor de confecções consoli-dou-se em Goiânia, principalmente na Avenida 85 e adjacências do setor Marista, e na Avenida Bernardo Sayão, no setor Fama (CASTRO, 2004).

O dinamismo do segmento em Goiânia contribuiu para a difusão da atividade confeccionista nos municípios da Grande Goiânia. Particular-mente, nos municípios de Aparecida de Goiânia e Trindade verifica-se um

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crescimento expressivo no segmento (CASTRO, 2004). O estado de Goiás possui 7.864 empresas do segmento de confecções com 73.435 empregos, das quais o município de Goiânia detém 5.678 empresas com 57.278 em-pregos no segmento (veja Tabela 4) (SEPLAN-GO, 2011).

A expansão do emprego na indústria de confecções no arranjo, no período de 1997 a 2004, foi de 72,00%, pouco superior à verificada no Estado de Goiás (70,39%) e bem acima do registrado no Brasil (30,11%). Os municípios que compõem o Cluster que mais contribuíram para essa importante elevação foram Aparecida de Goiânia (346,47%) e Goiânia (68,48%). (SEPLAN-GO 2011).

A Confecção é um dos setores que mais cresceu na indústria de Goiânia e tornou-se referência nacional nos últimos anos. Além de ser for-temente empregador, esse segmento tem um elevado poder de interação local e, por consequência, de dinamização das economias em que ele se encontra inserido.

A Tabela 3.4 mostra as empresas de confecções e a empregabilidade em Goiás e Goiânia.

LOCAL TOTAL DE EMPRESAS

TOTAL DE EMPREGOS

EMPRESAS DE CONFECÇÕES

EMPREGOS DA CONFECÇÃO

Goiás 176.945 1.124.416 7.864 73.435Goiânia 60.082 504.642 5.678 57.278

Tabela 3.4: Empresas formais versus Empregos no segmento de confecçõesFonte: SEPLAN-GO (2011)

A expressiva participação da indústria de confecções no total de em-pregos dos municípios do arranjo e o elevado número de empresas de ati-vidades relacionadas ali existentes, especialmente a densa rede de serviços urbanos (RSU) que floresce em função da indústria, revelam o alto poder de impacto do Cluster sobre a economia local.

A realização de feiras na capital goiana atrai mensalmente revende-dores da região norte, nordeste e centro-oeste do país, buscando produtos com preços acessíveis e de boa qualidade. Isto vem contribuindo muito para dinamizar a economia da região de Goiânia e propiciando um incre-mento nos rendimentos para os trabalhadores do segmento de confecções e das atividades correlatas.

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A concentração geográfica de empresas de confecção na região atraiu outros segmentos da cadeia e contribuiu para a intensificação das relações produtivas, comerciais e tecnológicas, tais como: associações empresariais, universidades, instituições de capacitação de Recursos Humanos e órgãos estaduais e federais de suporte, caracterizando, dessa forma a existência de um Cluster com grande potencial de desenvolvi-mento.

4.5 Proposta de Melhoria: Case Estação Goiânia9

Considerando que grande parte dos problemas identificados nessa pesquisa são de ordem estrutural e de gestão, propõe-se que empreendi-mentos como descrito a seguir possam ser estimulados e implantados nas cidades polos. Acrescente-se a essa sugestão a figura de um projeto seme-lhante ao de uma incubadora de empresas no auxílio da estruturação em especial na organização, treinamentos, formação de empreendedores, con-sultorias e no futuro, certamente, hão de poder atuar com base em coopeti-ção (cooperar para competir).

Inaugurada no fim de 2007 como Feira da Estação, veio para ser a ex-tensão da Feira Hippie que é considerada uma das maiores feiras do mundo e acontece na praça ao lado. A Feira Hippie como já mencionado anterior-mente, é a grande oferta das confecções informais.

A feira da Estação ficou 2 anos em construção, e, quando foi aberta, já foi sendo ampliada para se tornar a maior do mundo. A feira servia du-rante a semana como Centro de convenções e local para shows e eventos particulares com capacidade para 150 mil pessoas e nos fins de semana como feira de moda com quase 4 mil bancas como camelôs. Isso, porém, não foi sendo percebido como vantagem para os participantes. Com isso, seus gestores tiveram que reinventar a proposta e o desafio era reposicio-nar-se saindo da percepção da extensão de um galpão de barracas de came-lôs para um espaço de moda.

Com isso, mudou-se o nome e passou a chamar de Estação Goiânia e chega ao ano de 2012 repaginada e com cada vez mais influência na moda do Centro-Oeste. Para os empreendedores o resultado do reposiciona-mento fez seu faturamento dobrar, houve mais ocupação de espação e onde

9 Dados coletados a partir de pesquisa qualitativa e quantitativa.

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eram ruas se transformou em lojas, tendo um aproveitamento maior do que o projeto original. Hoje, a Estação Goiânia possui 655 lojas com ven-das no atacado e varejo acondicionadas em um espaço coberto de 35 mil m². Com geração direta de 1800 empregos e mais 3.000 indiretos ligados à produção das peças que estão espalhados pela capital através das facções familiares. Quando observados os grupos de lojas dispostas no Shopping Estação Goiânia, observa-se que mais de 80% do mix concentra-se em pro-dutos femininos, conforme Figura 3.11.

Figura 3.11 – Grupos de confecções das empresas instaladas na Estação GoiâniaFonte: Base de dados da pesquisa de campo

Os gestores do empreendimento investiram em cursos de treina-mento e qualificação para os novos lojistas e seus atendentes. No passado 100% das bancas eram informais mas com processo de qualificação chega a 2012 com 96% das lojas devidamente formalizadas.

Com uma variedade de produtos femininos a Estação Goiânia (veja figura 3.12) ganhou a preferência de compras do público consumidor da classe C, as sacoleiras, que chegam de vários estados em busca de novida-des, variedades e preço competitivo dos lojistas que tem um dos menores custos de ocupação da região, proporcionando competitividade de mark-up do produto.

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Figura 3.12 – Variedades de produtos das empresas instaladas na Estação GoiâniaFonte: Base de dados da pesquisa de campo

Para estimular as compras, o empreendimento ainda oferece carri-nho de compras, sistema de rádio, equipe de limpeza e segurança espe-cializada, além de sala de brigadistas, prevenção de incêndio e central de monitoramento com profissionais treinados.

Estruturalmente, são disponibilizados aos clientes banheiros amplos e confortáveis, fraldário, espaço infantil com supervisores e guarda-volu-mes.

Com todos os levantamentos feitos pela pesquisa acima, apresenta-se no quadro 3.3 a consolidação do cenário brasileiro, goiano e goianiense sob a ótica do Modelo Diamante do cluster de confecções.

BRASIL GOIÁS GOIÂNIA

Contexto de estraté- gia e rivali- dade

Entrada em massa de importações de produtos mais baratos no mercado interno; Participação in-significante nas expor-tações mundiais e ainda, concentrada no algodão;Difícil acesso ao crédi-to, principalmente para micro, pequenas e médias empresas, que se tornam dependentes das empresas fornecedoras.

O desafio destas empresas é grande para competir com empresas da capital e outros estados elas se valem da mão de obra mais barata do que na capital e menor custo de ocupação de suas industrias, por esse motivo elas ainda estão em cresci-mento.

A criação de empresas no Brasil é um grande desafio a qualquer empreendedor.

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Condições de De-man- da

Grande pulverização de consumo;Alta informalidade, prin-cipalmente no elo de con-fecção.

Com exceção da cidade de Jaraguá e Goiânia as demais não recebem caravanas de compradores de fora.

Conhecido e reconhecido por seus Clusters de confec-ções, e as visitas de caravanas de compras atacadistas se tornam frequente na capital.Existem vários eventos para di-vulgação das marcas e atra-ção de compradores.

Indústrias Correlatas e de Apoio

Especialização em produ-tos à base de fibras natu-rais, apesar do aumento rápido no consumo mun-dial de fibras químicas e de tecidos mistos;Parque de máquinas com idade média eleva-da, sem capacidade de competitividade global, onde muitas empresas são voltadas apenas para o mercado interno.

Existe uma dificuldade maior para estes confeccionistas já que no estado não tem indústrias de tecidos, eles adquirem sua matéria pri-ma na capital através das várias lojas de revenda de tecidos e outras empresas da cadeia da produção. Al-guns enfrentam uma logís-tica complicada trazendo semanalmente suas peças para lavanderia e outros pro-cessos mais complexos que não são oferecidos em sua cidade.

Em Goiânia não tem indús-trias de tecidos ou aviamen-tos, mas tem bons distribui-dores e no apoio tem: boas facções, serigrafias/estampa-rias, serviços de aplicações em pedrarias e bordados, indústrias de etiquetas, indús-trias de embalagens e uma va-riedade de empresas de trans-portes de produtos.

Condições de Fatores

Baixa capacidade de pessoal para atividades técnicas e gerenciaisInexistência de coorde-nação das ações da cadeia produtiva, com falta gestão.

Se na capital existem pro-blemas de mão de obra, as demais cidades do in-terior sofrem ainda mais com a falta de mão de obra qualificada, porém existe uma oferta abundante de trabalhadores sem qualifi-cação. Alguns empresários de sucesso, formam sua mão de obra com a vinda de técnicos da capital para treinar pessoas leigas.

A mão de obra que trabalha nas confecções de Goiânia são de baixa qualificação. Embora existam a oferta de cursos no Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (SENAI) a qualidade da prestação de serviços ainda é mínima.Em relação a logística o Es-tado tem evoluído muito com multimodais. Além de uma malha viária vasta que liga Goiás a vários outros Estados brasileiros.

Quadro 3.3: Consolidação do Modelo Diamante Brasil X Goiás X Goiânia no Cluster de ConfecçõesFonte: Elaborado pela pesquisa (2012)

A Estação Goiânia recebe por semana um fluxo estimado de 50 mil pessoas. Como Goiânia recebe muitas caravanas de compradores, a Esta-ção Goiânia se tornou o segundo maior terminal rodoviário do estado , seu estacionamento recebe mais de 200 ônibus e centenas de carros vindos de vários estados do Brasil para fazer compras. Assim é oferecido serviço especial para os guias das excursões com sala climatizada de 450m² com banheiro, copa, televisores e mesas de jogos.

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O departamento de Marketing da Estação investe em constantes pesquisas de satisfação com clientes. Na última avaliação a percepção do comprador é que na Estação encontram-se ótimos preços, local limpo e seguro, ótima praça de alimentação e uma excelente localização. Foi através de pesquisas que Estação verificou a necessidade em construir um hotel para seus milhares de compradores que vem de outros estados, com recur-sos próprios. No mês de Janeiro de 2013 foi inaugurado dentro da Estação o maior Hotel de Goiânia com 214 apartamentos.

Os desafios futuros da Estação ainda são grandes, embora a vacância seja muito pequena (abaixo de 1%), o turnover de lojas é alto. Isso signifi-ca que muitos lojistas ainda não estão preparados para a competitividade interna onde somente em artigos femininos existem mais de 400 lojas. A diversificação e qualificação são os caminhos para corrigir estas falhas.

5 Considerações Finais

Os principais gargalos da indústria de confecções no Brasil são: os produtos importados, baixa exportação de peças de confecções, má-quinas defasadas, falta de organização na cadeia produtiva, muita infor-malidade, baixa capacidade técnica e gerencial e dificuldade de acesso ao crédito. Mesmo sendo o sexto maior produtor mundial de confecção e têxtil, o que corresponde a 2,5% da produção total, 27,2% pertencem à China, o Brasil já ocupou em 2006 o 46º lugar entre os maiores expor-tadores.

A valorização do real, ao mesmo tempo que dificulta a exportação, torna as importações mais viáveis, o que promove o provimento do merca-do interno por produtos da China nos elos de gargalos na produção local.

Uma das variáveis a serem trabalhadas urgentemente é a questão de desenvolvimento de produtos de maior valor agregado e diferenciados, atendendo rapidamente as necessidades da demanda. Isso requer fortes in-vestimentos em inovação.

O Brasil, sendo o maior mercado do segmento apresenta um cenário favorável para fortalecer o setor. As previsões são de manter a diminuição da taxa de pobreza, desigualdade de renda e aumentar o grau médio de es-colaridade do brasileiro, mas há ainda uma baixa evolução da qualidade de ensino. Isso reflete em um maior nível de escolaridade dos empreendedo-

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res, inclusive esperara-se a inserção do empreendedorismo como disciplina nas escolas.

Acredita-se que até 2022 o Brasil poderá estar entre as 4 maiores economias mundiais e na tendência do crescimento do crédito como proporção do PIB e melhoria do acesso das micro e pequenas empresas ao crédito, pois haverá aumento de investimentos públicos e privados da economia. Acredita-se, porém, que ainda haverá baixa inserção das mes-mas no comércio internacional. É provável que o Brasil assemelhar-se a Índia.

Espera-se que haja maior organização das confecções em propostas associativas para maior competitividade e aproveitamento de oportunidade no meio virtual. Espera-se também uma maior desoneração e moderniza-ção das relações de trabalho e aumento na terceirização.

O Estado de Goiás deverá, com todas as oportunidades apresenta-das, fortalecer os pontos que proporcionam as suas empresas algum tipo de vantagem competitiva e em caráter de urgência desenvolver, eliminar ou neutralizar os pontos que produzem fragilidade ao segmento de con-fecções. Uma das alternativas é a viabilização rápida da Secretaria das Con-fecções que essa pesquisa despertou na Secretaria de Indústria e Comércio como projeto de fomento ao segmento. As oportunidades aparecem para serem aproveitadas, e mesmo o Estado sendo protagonista de várias delas, se os empreendimentos não estiverem aptos não haverão de aproveitá-las.

Quanto às ameaças, em ambientes onde existam mais forças que fra-quezas, defesas são levantadas e os impactos não são devastadores. Entre-tanto, em ambientes com muitas fraquezas, as ameaças podem ser fatores críticos de sucessos fatais.

O Modelo Diamante do setor de confecções do Estado de Goiás su-gere uma forte ação do Governo no que tange à formalização e desonera-ção tributária, bem como forte investimento em formação de trabalhadores e facilitação logística. É preciso também favorecer que empreendimentos como o da Estação Goiânia surja em todo o Estado para a melhor gestão do segmento.

Para isso, como conclusão desse trabalho, sugere-se que a cada em-preendimento como esse, proporcione-se uma estrutura como de incuba-dora de empresas, que além dos aspectos físicos contribua com consultoria, treinamento e pesquisa, com o envolvimento de Instituições do Ensino Su-

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perior, órgãos como os sindicatos, e associações comerciais além de obvia-mente o Governo Municipal, Estadual e Federal.

Dessa forma, vários problemas levantados nesta pesquisa referentes à gestão do negócio, ao hábito do planejamento e as ferramentas de contro-le poderão ser resolvidos, além de favorecer a visão estratégica e a análise dos mercados.

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SOBRE OS ORGANIZADORES

Ricardo Daher OliveiraGraduação em Administração pela Faculdade de Ciências Humanas

de Vitoria, Especialização em Finanças e Mercado Futuro, MBA em Ma-nagement - Formação de Gerentes e Diretores, Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001), Douto-rado em Engenharia de Produção - Área de Estratégia e Organizações pela Universidade Metodista de Piracicaba (2005) e Pós-Doutorado na HEC/Universidade de Montreal pelo Deptº de Ciências Contábeis. Tem expe-riência na área de Administração e Finanças, atuando principalmente nos seguintes temas: Competição, Controle Gerencial.

Bento Alves da Costa FilhoMestrado e Doutorado em Administração pela FEA/USP. Coorde-

nador do Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Alves Faria – ALFA. Professor pesquisador do Mestrado Profissional em Desen-volvimento Regional da ALFA. Leciona disciplinas nas áreas de Estratégia e Marketing. Editor científico da revista RAE-FGV. Avaliador em diversos congressos e eventos científicos. Desenvolve pesquisas nas áreas de adoção e difusão de inovações, Marketing Sustentável e Estratégias.

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Este livro foi impresso na oficina da Pronto Editora Gráfica/ KElPs, no papel: Off set 75g/m2, composto

na fonte Minion Pro, corpo 11;Janeiro, 2016

A revisão final desta obra é de responsabilidade dos organi-zadores

Em apoio à sustentabilidade, à preservação ambiental, Pronto Editora Gráfica/ Kelps, declara que este livro foi

impresso com papel produzido de floresta cultivada em áreas não degradadas e que

é inteiramente reciclável.