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1 ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO NORDESTE PARAENSE E A RELAÇÃO ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES E GRANDES CORPORAÇÕES DO MERCADO DE BIOCOMBUSTÍVEIS. Vívian Delfino Motta 1 Rubismar Stolf 2 Resumo Este artigo propõe analisar as mudanças trazidas pela implantação do Programa Nacional de Produção de Biodiesel PNPB no nordeste paraense. O estudo visa observar os entraves, avanços e oportunidades que o programa trouxe e ainda poderá trazer para a região, focando nos aspectos relacionados ao desenvolvimento rural, sustentabilidade ambiental e nas interações entre os agricultores familiares e o mercado de comercialização de óleo para a produção de biocombustíveis. Neste último aspecto, interessa detalhar as articulações construídas entre grandes corporações e as comunidades, considerando que esse novo arranjo envolve dois atores de fraca coesão social. Palavras chaves: Agricultura familiar, desenvolvimento rural, biodiesel, sustentabilidade ambiental. 1 Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Viçosa UFV, especialista em Gestão Pública, professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São PauloCampus São Roque e mestranda vinculada ao programa de Pós Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural da Universidade Federal de São CarlosUFSCarCCA Araras 2 Professor associado iv da UFSCar, graduado em Agronomia pela Esalq - USP, mestrado em Energia Nuclear na Agricultura CENA - USP e doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas pela USP).

ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE … · comercialização de óleo para a produção de biocombustíveis. Neste último aspecto, ... incentivo governamental do programa

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ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO DE

BIODIESEL NO NORDESTE PARAENSE E A RELAÇÃO ENTRE AGRICULTORES

FAMILIARES E GRANDES CORPORAÇÕES DO MERCADO DE

BIOCOMBUSTÍVEIS.

Vívian Delfino Motta1

Rubismar Stolf2

Resumo

Este artigo propõe analisar as mudanças trazidas pela implantação do Programa Nacional

de Produção de Biodiesel – PNPB no nordeste paraense. O estudo visa observar os

entraves, avanços e oportunidades que o programa trouxe e ainda poderá trazer para a

região, focando nos aspectos relacionados ao desenvolvimento rural, sustentabilidade

ambiental e nas interações entre os agricultores familiares e o mercado de

comercialização de óleo para a produção de biocombustíveis. Neste último aspecto,

interessa detalhar as articulações construídas entre grandes corporações e as

comunidades, considerando que esse novo arranjo envolve dois atores de fraca coesão

social.

Palavras chaves: Agricultura familiar, desenvolvimento rural, biodiesel, sustentabilidade

ambiental.

1 Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Viçosa ‐UFV, especialista em Gestão Pública,

professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo‐ Campus São Roque e

mestranda vinculada ao programa de Pós Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural da

Universidade Federal de São Carlos‐ UFSCar‐ CCA Araras

2 Professor associado iv da UFSCar, graduado em Agronomia pela Esalq - USP, mestrado em

Energia Nuclear na Agricultura CENA - USP e doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas

pela USP).

2

Analysis of the insertion of the National Program for Biodiesel Production in

Northeast Pará and the relationship between farmers and large corporations in the

biofuel market.

This article aims to analyze the changes brought about by the implementation of the

National Program for Biodiesel Production - PNPB in northeastern Pará. The study aims

to observe the obstacles, advances and opportunities that action that the program could

bring to the region, focusing on aspects related to rural development, environmental

sustainability and interactions between farmers and the market for trading oil for biofuel

production. On the latter, interest detailing joints built between corporations and

communities, whereas this new arrangement involves two actors of weak social cohesion.

Keywords: Family Agriculture, rural development, biodiesel, environmental

sustainability.

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1.INTRODUÇÃO

Brasil e um breve histórico na produção de biocombustíveis.

O Brasil é pioneiro no investimento de biocombustíveis, apresenta um parque industrial

enorme, voltado para a produção de álcool combustível e contou na década de 70 com o

incentivo governamental do programa Pró-álcool para a expansão da produção de

motores. Há uma vasta literatura relatando os objetivos, sucesso e fracassos do Pró-

álcool. Kohlhepp, (2010) afirma “O Programa Pró-álcool iniciado em 1975 foi

concebido para garantir o fornecimento de energia, bem como para apoiar a indústria

açucareira pela diversificação da produção, depois da queda do preço do açúcar em

1974. Com know-how brasileiro, foram construídas destilarias, as quais transformaram o

excesso da produção de cana-de-açúcar em etanol anidro, usado como aditivo (24%) na

gasolina, sem a necessidade de nenhuma modificação nos motores dos veículos”.

A Cana de Açúcar é a principal cultura voltada para a produção do álcool no Brasil

e apresenta a tendência de expansão tanto nas regiões onde já é largamente cultivada (São

Paulo) como nas regiões de fronteira agrícola, Abramovay (2007) afirma que “cana-de-

açúcar também se expande de forma nítida tanto nas regiões onde ela já domina a

paisagem (em São Paulo, por exemplo) como em áreas onde substitui pastagens e a soja,

no Centro-Oeste e no Nordeste: a participação da cana-de-açúcar na renda

agropecuária brasileira passa 14% a 21% do total entre 2005 e 2007”.

O cultivo da cana trouxe incontestáveis avanços econômicos, mas é fato que

apresenta problemas ambientais sérios, fortalece a monocultura, o latifúndio, criando

paisagens monótonas. O sistema de produção utiliza grande quantidade de agrotóxicos e

fertilizantes, causando poluição ao meio ambiente. Até poucos anos atrás a cana era

queimada para facilitar sua colheita, causando a poluição do ar nas cidades circundadas

pela cultura, sendo um problema de saúde pública. Atualmente, no estado de São Paulo a

colheita é mecanizada, mas no nordeste brasileiro o fogo ainda é utilizado.

Outro aspecto de relevância é o processo de contratação dos “bóias frias” para os

períodos de colheita, estudos mostram que a relação de trabalho é penosa e muitas vezes

desumana. Kokol e Misailidis, 2013, mostram que há avanços no setor sucroalcooeiro,

mas, o problema social relacionado com os trabalhadores ainda é eminente em algumas

4

regiões produtoras “As mobilizações sociais em relação a essa questão vêm de longa

data; porém, com a iminência do esgotamento do prazo para o fim da utilização da

queimada como método da colheita, aceleram-se as preocupações com os trabalhadores

da cana-de-açúcar ocupados nesse cruel posto de trabalho, o corte da cana. Algumas

políticas já vêm sendo realizadas, e indicam que o governo e a iniciativa privada

optaram por promover cursos de qualificação para a recolocação dos cortadores de

cana-de-açúcar após a mecanização. Entretanto, a mera realização de cursos de

qualificação suscita dúvidas a respeito da efetividade de soluções em um setor cuja

grande maioria da ocupação de força de trabalho mantém condições precárias de

trabalho e salário, bem como baixos níveis de escolaridade, quase ineficientes para

preencher os cargos novos que irão surgir com o avanço da tecnologia na agricultura

canavieira.” Por todas essas questões a produção do álcool apresenta uma

insustentabilidade latente, apesar de ser considerado um combustível renovável, ainda há

o dilema entre energia renovável e sustentabilidade. Com base no cenário descrito acima,

o governo começa a apoiar outras matrizes tecnológicas para a produção de combustíveis

renováveis, baseado na produção de óleos advindos de outras culturas que tenham maior

inserção com as questões regionais. O enfoque utilizado na concepção do novo programa

é proporcionar ganhos econômicos, ambientais e sociais.

1.2. Programa Nacional de Produção de Biocombustíveis

A cartilha elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (2010), responsável

pela divulgação do PNPB, define biodiesel como sendo “(...) um combustível

biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser produzido a partir de

gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil

que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê, girassol, canola, gergelim, soja,

dentre outras. Por esse motivo a energia gerada pelo biodiesel é chamada de energia

renovável”.

O Programa Nacional de Produção de Biocombustíveis- PNPB foi Idealizado em

2004, com base no relatório produzido pelo grupo de trabalho ligado a Casa Civil. O

objetivo era produzir combustível a partir de outras matrizes além da cana de açúcar e

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trazer a ação aspectos ligados às questões sociais. Nessa condição, pensar em culturas

integradas aos biomas brasileiros que tenham uma boa produção de óleo voltada para

biocombustíveis possibilitaria a abertura de um novo mercado que por consequência

levaria ao investimento em novos cultivos adequados a realidade da agricultura familiar.

O PNPB tem a expectativa de inserir mais de 4milhões de famílias de agricultores no

mercado de gerado pela biodiesel.

Em, O acesso dos agricultores familiares ao mercado de biodiesel- parceria entre

grandes empresas e movimentos sociais (2007), Abramovay destaca a importância do

selo social para a comercialização no mercado externo, aumentando as oportunidades e

diminuindo as contestações “A abordagem do selo social do biodiesel pelas empresas

está muito mais próxima daquilo que Porter e Kramer (2006) chamam de “dimensões

sociais estratégicas do contexto competitivo”. Nesse caso, a responsabilidade social é

concebida no centro estratégico da gestão da empresa e busca ampliar a competitividade

através de mudanças no contexto social para explorar novas oportunidades de negócios e

aumentar a eficiência produtiva. No caso das empresas de biodiesel, a importância da

estabilização das fontes de abastecimento de matéria prima, a necessidade de não

ficarem dependentes de um só tipo de matéria prima e o menor custo de produção da

agricultura familiar são os principais motivos que levam a tão forte adesão empresarial

a um programa que tem um objetivo ao mesmo tempo econômico e social”.

O programa descreve que a monocultura deve ser evitada, que a geração de renda para

os agricultores é objetivo importante e central, ainda cita a segurança alimentar e fatores

estratégicos para a agricultura familiar. Isso irá ocorrer a partir da integração entre dois

atores que não possuem forte coesão dentro do sistema, agricultura familiar e empresas da

área de combustíveis, são elementos que não tinham, até pouco tempo, nada em comum e

que agora precisam estabelecer um diálogo para alcançar seus interesses. Na integração

para a implementação da PNPB há o acompanhamento do estado para que ocorra a

geração de renda para agricultura familiar, o Estado não aloca recursos, mas sim, fomenta

a criação de um novo mercado. Há a participação ativa do movimento sindical como

órgão de certificação dos agricultores que se encaixam na categoria de familiar, a empresa

só consegue comercializar o produto para a Petrobrás (com um maior valor do óleo

somado a incentivos fiscais) se obtiver o selo verde. O selo e cedido pelo MDA, mediante

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a ratificação do sindicato que acompanha as relações firmadas em contrato entre empresa

e os agricultores. “As empresas não apenas selecionam seus fornecedores com base no

trabalho do movimento sindical, mas apóiam-se na estrutura sindical para negociar os

contratos e organizar a oferta – e, portanto o controle da própria qualidade do produto -

com um aparato próprio de assistência técnica, garantindo preços aos produtores. Desta

relação entre empresas e movimento sindical depende o “selo social” (MAGALHÃES;

ABRAMOVAY, 2007 pag 16.).

Após a obtenção do selo verde a empresa fica apta a participar dos leilões realizados

pela Petrobrás para a compra do biodiesel, que a partir de 2014 fará parte da composição

da gasolina comum utilizadas pelos automóveis brasileiros. Apesar do desenho inovador e

do arranjo que permite a participação dos agricultores, não há registro dos impactos que a

integração vem causando nos sistemas produtivos da agricultora familiar. Os agricultores

familiares do sul e sudeste têm um sistema de produção altamente integrado ao mercado,

estão familiarizados em lidar com recursos financeiros consideráveis, além do acesso fácil

a tecnologias e maquinário. No nordeste parense, isso é novidade, a região é caracterizada

pela agricultura familiar com base ecológica e voltada para alimentação familiar. A

integração trará grandes modificações produtivas e sociais. Até mesmo o acesso

permanente a assistência técnica será novidade para população. É importante analisar as

transformações que ocorrerão, pois hoje o processo de integração já existe e envolve

cerca de 600 famílias, a meta é envolver 2000 agricultores até final de 2014.

O Nordeste paraense

O Nordeste paraense é uma mesorregião, segundo o MDA (2013), composta por

20 municípios: Abel Figueiredo, Aurora do Pará, Bujaru, Cachoeira do Piriá, Capitão

Poço, Dom Eliseu, Garrafão do Norte, Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio, Nova

Esperança do Piriá, Ourém, Paragominas, Santa Luzia do Pará, São Miguel do Guamá,

Tomé-Açu, Ulianópolis, Concórdia do Pará, Rondon do Pará e São Domingos do Capim.

A população total do território é de 734.545 habitantes, dos quais 353.352 vivem na área

rural, o que corresponde a 48,10% do total. Possui 23.542 agricultores familiares, 16.204

7

famílias assentadas, 26 comunidades quilombolas e 8 terras indígenas. Seu IDH médio é

0,65. (MDA - Territórios da cidadania, 2013).

A agricultura nesta região é baseada no sistema conhecido como sistema de corte e

queima, definido como aquele que é feito a partir da abertura de clareiras, onde a área é

cultivada em curtos períodos, menores que o pousio. (JUNIOR et al, 2008). (CONKLIN

1961; POSEY, 1984; EDEN & ANDRADE, 1987; KLEIMAN et al., 1995),

McGRATH(1987) a define como uma estratégia de manejo de recursos, onde os campos

são rotados de forma a explorar o capital energético e nutritivo do complexo natural

solo-vegetação da floresta, muitas vezes constituindo a única fonte de nutrientes para as

roças. Já, Boserup (1965) apresenta como “A agricultura de corte e queima é uma

adaptação altamente eficiente às condições onde o trabalho, e não a terra é o fator

limitante mais significativo na produção agrícola”. Na literatura o sistema de corte e

queima também é tratado como sistema itinerante.

O processo produtivo dos camponeses, situados nas áreas de fronteira agrícola da

Amazônia brasileira constitui-se fundamentalmente, do cultivo de produtos de base

alimentar (arroz, milho, mandioca, feijão e hortaliças), um sistema de extrativismo

(madeira e frutas nativas), um sistema de criação (aves e suínos) e um sistema de

beneficiamento de farinha de mandioca. O cultivo corte e queima de tarefas sincronizadas

em um calendário anual do uso da força manual familiar, da estação chuvosa e da

fertilidade natural do solo (Freitas, 2000).

Considerando os aspectos climáticos e culturais da região, o PNPB escolheu

fomentar o cultivo do dendê nesta região. O óleo de palma apresenta excelente qualidade

para a produção de biodiesel.

PNPB e Agricultores familiares do nordeste paraense.

Dentre todos os estados que participam do programa o Pará é o tem menor adesão,

todos os produtores de dendê do estado estão localizados no nordeste paraense. Dados do

Relatório de Expansão do dendê na Amazônia, elaborado pela ONG Repórter Brasil,

destacam que atualmente a área plantada de dendê no nordeste paraense é de 140 mil

hectares, com perspectiva de expansão de 329 hectares até 2020.

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O Banco da Amazônia- BASA é o agente financeiro responsável pelo repasse

recursos para os agricultores familiares através do PRONAF Eco dendê. A partir do

momento que a parceria entre empresa e agricultor é firmada, há o acesso ao

financiamento. Assim, através do numero de projeto contratados junto ao BASA e

possível estabelecer um mapa da localização e do número de agricultores envolvidos.

A entrada de recursos financeiros via financiamento, o acesso a assistência técnica

fornecida pela empresa e o contato com novas tecnologias, informações e práticas estão

influenciando a forma de trabalho e a qualidade de vida dos agricultores familiares da

região. “O sistema agrícola do agronegócio é distinto do sistema agrícola do

campesinato. No sistema agrícola do agronegócio, a monocultura, o trabalho

assalariado e produção em grande escala são algumas das principais referências. No

sistema agrícola camponês, a biodiversidade, a predominância do trabalho familiar e a

produção em pequena escala são algumas das principais referências. [...] O campesinato

pode produzir a partir do sistema agrícola do agronegócio, contudo, dentro dos limites

próprios das propriedades camponesas, no que se refere à área e escala de produção.

Evidente que a participação do campesinato no sistema agrícola agronegócio é uma

condição determinada pelo capital”. (FERNANDES & WELCH, 2008, p.49).

Analisando a situação do nordeste paraense, já é possível verificar que houve

mudanças relacionadas ao sistema de produção. O estudo relacionado com a expansão do

dendê na Amazônia mostra a influencia da lógica produtiva da empresa, a FASE-

Federação para a Assistência Social e Educacional, criada em 1961, realizou outro estudo

sobre a produção de dendê na Amazônia e seu impacto na agricultura familiar, este foi

apresentado no encontro intitulado “Agrocombustíveis, Mercado de Terras e Povos

Tradicionais no Pará”, que aconteceu campus da Universidade Federal do Pará-UFPA,

em fevereiro de 2013. Neste estudo a FASE afirma que os agricultores de Concórdia do

Pará apresentam problemas com o uso do agrotóxico, há contaminação dos cursos d´água

e efeito sobre a saúde das famílias. O relatório elaborado pela ONG Repórter Brasil, trás a

mesma afirmação “Um dos principais impactos ambientais do dendê, já detectados no

nordeste paraense (depois da onda de desmatamentos praticados por - ou a mando de -

empresas em lotes de agricultura familiar para a implantação de dendê entre 2008 e

201010) tem sido a contaminação por agrotóxicos de igarapés que alimentam os

9

inúmeros rios – como o Pará, Tocantins, Moju, Acará, Acará Miri, Capim, Aiu--Açu,

Maracanã e Camari, entre outros - da região” (RELATÓRIO DE EXPANSÃO DO

DENDÊ NA AMAZÔNIA, 2013). As próprias empresas compradoras do dendê realizam

estudos para avaliar as mudanças causadas pela introdução da cultura em comunidades de

agricultores familiares, esses estudos mostram que há outros problemas graves como falta

de mão de obra, falta de preparo na aquisição do crédito que é utilizado em outras

atividades, diminuição do tamanho e do cuidado com as lavouras produtoras de

alimentos.

Avaliando essa situação podemos perguntar, se a PNPB com esse arranjo auxilia no

desenvolvimento da região? Na concepção de desenvolvimento rural hoje trabalhada

pelos teóricos?

PNPB no Nordeste paraense e o desenvolvimento rural sustentável

Ângela Kageyama, (2004) afirma O desenvolvimento – econômico, social, cultural,

político – é um conceito complexo e só pode ser definido por meio de simplificações, que

incluem “decomposição” de alguns de seus aspectos e “aproximação” por algumas

formas de medidas. De acordo com Veiga (2000), não existe “o desenvolvimento rural”

como fenômeno concreto e separado do desenvolvimento urbano. O desenvolvimento é

um processo complexo, por isso muitas vezes se recorre ao recurso mental de

simplificação, estudando separadamente o “desenvolvimento econômico”, por exemplo;

ou, como propõe Veiga, pode-se estudar separadamente o “lado rural do

desenvolvimento”. Nesse conceito de vínculo contínuo de desenvolvimento como um

todo, um conceito mais amplo de territorialidade. O espaço [rural] é agora procurado por

urbanos, consumidores da natureza e das atividades que esta proporciona. O mercado já

não se limita a pôr em relação, através das trocas de produtos agrícolas e de equipamentos

e tecnologias, dois espaços produtivos: a cidade industrial e o campo agrícola. Hoje

envolve todo o território numa teia diferenciada de atividades e de fluxos econômicos.

Nesse conceito de território, os serviços existentes no espaço urbano, devem

estar acessíveis ao camponês, o rural não é mais só o lugar com lavouras, mas incorpora o

turismo, o lazer, a educação, saúde, saneamento básico, conceito da multifuncionalidade

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do meio rural. Olhar o cultivo do dendê como forma de inserção dos agricultores no

mercado e como provedor do desenvolvimento rural para o Nordeste paraense requer

análise, em alguns aspectos há avanços, como abertura de mercado, acesso a assistência

técnica (sem questionar a qualidade), fomento para a melhoria da economia local,

comprador seguro para o produto. Por outro lado há dificuldades, não houve por parte da

empresa e do governo uma participação para a melhoria da qualidade de vida das famílias

neste momento, a integração é puramente comercial, os agricultores devem adquirir os

benefícios através dos ganhos que o dendê deverá proporcionar. É possível dizer que o

PNPB não é uma ação de desenvolvimento rural e sim de capitalização do produtor.

Nesse processo de capitalização há a relação entre dois atores de fraca coesão

dentro do tecido social, grandes empresas multinacionais e agricultores familiares

brasileiros nunca se unirão para a construção de um mercado comum, nessa composição

ainda é preciso considerar a mediação realizada por órgãos governamentais. A teoria dos

campos elaborada por Bourdieu é universal, mas que pode ser utilizada para compreender

a construção de campos específicos e das forças que regem esse campo. “O conceito de

campo é empregado por Bourdieu para caracterizar a natureza das diversas entidades

sociais, como o espaço social, uma empresa com atuação em múltiplos mercados, a

família, ou o próprio campo como domínio específico das atividades.” (HELAL &

MARIZ, 2011). Os campos não são estáticos e homogêneos, são regidos por lutas,

vínculos e ocupação dentro do espaço social, essa organização modifica as relações e

interfere diretamente na consolidação do programa e no alcance dos objetivos propostos.

Jalcione Almeida (1997), afirma “questões técnicas, ambientais e sociais? Mas o

grande desafio, talvez, resida na capacidade das forças sociais envolvidas na busca de

outras formas para o desenvolvimento de imprimir sua marca nas políticas públicas,

para que estas venham a afirmar política, econômica e socialmente a opção pela

agricultura familiar, forma social de uso da terra que melhor responde a noção de

sustentabilidade e as necessidades locais, regionais e do país (Programa Tecnologia e

Desenvolvimento Rural Sustentável, 1995). O sucesso das iniciativas atuais por um novo

e diferente modo de desenvolvimento está na razão direta dos resultados obtidos nesta

direção, ou seja, no fortalecimento dos processos organizativos da agricultura familiar

nas suas diversas formas associativas.”

11

2. Material e método

Em 2013 foram realizadas 100 entrevistas nos municípios de Concórdia do Pará e

Tomé- Açu, utilizando questionários semi – estruturado, as questões têm como principal

enfoque coletar informações relacionadas com: mudanças na economia família, mudanças

no regime e condições de trabalho, mudança da organização espacial, relação com a

empresa compradora do dendê.

Buscando diminuir as distorções entre o perfil dos entrevistados, as famílias foram

agrupadas em 2 tipos, as características escolhidas para identificar os tipos foram:

™ Origem da renda familiar:

™ Tamanho da propriedade:

™ Disponibilidade de mão de obra

Figura1: Agricultor produtor de dendê no município de Tomé - Açu

Fonte: ONG Repórter Brasil, 2013.

12

Os dados coletados pelos questionários foram inseridos em um sistema informatizado

de planilhas, construído pelo Laboratório Socioambiental Araguaia Tocantins/ UFPA. A

ferramenta organiza e calcula as médias dos indicadores (área, disponibilidade de mão de

obra, valor da renda familiar, tamanho da área). Após essa etapa, as planilhas mostram qual

agricultor cujo, os dados fornecidos se aproximam dos valores médios de todos os

agricultores do tipo em análise. Este entrevistado será usado como modelo e os cenários de

análise serão construídos com base em seu questionário.

Após a escolha do representante as informações como custos de produção, dias/homens

trabalhados, volume comercializado, preço de comercialização, estoques, consumo,

patrimônio, financiamentos, dentre outros aspectos são inseridos em outro sistema, gerando

planilhas e gráficos que representam a realidade econômica do agricultor em determinado

ciclo agrícola. Para possibilitar a identificação das mudanças, serão construídos 3 cenários

para cada tipo:

™ Cenário 1- realidade econômica do agricultor sem o cultivo do dendê: Para

saber se o novo cultivo melhora as renda da família e consequentemente sua

qualidade de vida, é preciso conhecer qual era a situação econômica da família

anteriormente. Destacando a importância da formação da renda,

disponibilidade de trabalho e custos totais.

™ Cenário 2- realidade do agricultor no ano de implantação e antes da colheita:

durante alguns anos o dendê não apresenta produção, nesse período o

agricultor deverá ser capaz de custear a atividade sem obter retorno financeiro.

É preciso conhecer como o sistema de comportará com o aumento dos custos

totais sem o aumento da renda.

™ Cenário 3- realidade do agricultor após o início da produção: neste momento o

objetivo e identificar a participação do dendê na renda familiar e qual a sua

contribuição para a melhoria na qualidade de vida dos agricultores envolvidos

na parceria.

13

Para a análise do trabalho disponível foi utilizado como base os conceitos descritos

por Chayanov.

Alexander Chayanov (1888-1930) foi professor do de um importante instituto de

agronomia perto de Moscou e principal expoente de um grupo de economistas agrícolas e

engenheiros agrônomos que ficou conhecido como a “Escola da Organização da Produção”,

por sua permanente tentativa de contribuir para que os camponeses pudessem melhor gerir

os recursos que dispunham. Abramovay em Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão

(2007, pág. 71) analisa os estudos de Chayanov e descreve “aumentando o tamanho da

família crescerá a intensidade do trabalho. O importante é que tanto a satisfação das

necessidades de consumo como o julgamento da penosidade do trabalho capaz de atingir

essa satisfação são de natureza estritamente subjetiva. O valor que a família atribui ao seu

esforço- que que explica o volume da atividade econômica- depende da estimativa que é

feita do trabalho, relativamente na satisfação ou não do consumo. Em outras palavras,

trata-se de determinar a utilidade marginal da renda obtida, relativamente às necessidades

de consumo, pois é isso que permite estabelecer a natureza da motivação da atividade

econômica da família camponesa.”. Essa relação entre trabalho e consumo é ponto crucial

dentro da descrição da sustentabilidade do cultivo do dendê nos estabelecimento familiares,

para descrever essa problemática foram utilizados os conceitos teorizados por Chayanov.

O potencial de trabalho de um estabelecimento familiar depende principalmente da

quantidade e da idade dos membros na família. O trabalho disponível é composto pela força

produtiva de todas as pessoas que moram no lote e que já tenham idade para desempenhar e

até mesmo gerenciar algumas atividades. O conjunto familiar deve trabalhar para suprir as

necessidades dos membros que são considerados apenas consumidores (crianças abaixo de

14 anos). O ponto de partida é um homem adulto porque este é capaz de produzir 100% do

que consome, sendo que ao relacionar estes dois fatores (trabalho/consumo) o resultado será

igual a 1. Segundo Chyanov (citado por REYNAL et al, 1997, pg 80). Isso acontece quando

o individuo atinge os 18 anos de idade, entretanto para uma mulher a relação

consumo/trabalho é igual a 0,8, a soma destes índices compõe a UTE (Unidade de Trabalho

Equivalente) do lote, ressaltando que conforme os membros da família vão envelhecendo a

relação ira mudar, porque para jovens o potencial produtivo irá aumentar em compensação

para os adultos a tendência deste potencial é a queda. Quando parte dessa capacidade

14

produtiva é aplicada fora do lote há uma redução na UTE, se os membros da família

trabalham fora ou estudam a UTE é diminuída em 50%.

Figura 2: dendezeiro em Concórdia do Pará.

Fonte: arquivo pessoal, 2013.

A empresa que negocia a produção com os agricultores entrevistado também foi

visitada, metodologia utilizada foi um questionário aberto, onde os responsáveis pelo

programa explanaram as principais dificuldades e avanços com relação a implantação do

PNPB no nordeste paraense. A empresa concedeu o acesso a informações descritas em

documentos como: a tabela com produção até o momento da entrevista de cada agricultor,

preço pago pela tonelada do dendê, exigências descritas em contrato, cédula de contratação

do crédito PRONAF Eco Dendê e a tabela com a estimativa esperada de produção por ano

de cultivo.

3.RESULTADOS

Perfil dos entrevistados

Com base nos dados coletados foi possível identificar que os agricultores

entrevistados apresentam características econômicas distintas. As atividades realizadas que

são responsáveis pela formação da renda foi o grande diferencial, assim foi adotada a

tipologia descrita abaixo para homogeneizar os grupos e possibilitar a análise correta da

realidade.

15

Agricultores tipo 1- Dependentes de recursos externos.

O termo “recursos externos” foi utilizado para identificar o valor monetário gerado

por atividades não agropecuárias. No caso desse tipo, os agricultores que possuem emprego

permanente em empresas ou repartições públicas e/ou são aposentados e/ou beneficiários do

programa bolsa família com benefícios girando em torno de R$492,00/mês. Quando esses

recursos passam a compor mais de 50% da renda familiar, alocamos o agricultor no tipo 1.

Para os entrevistados desse tipo verificamos que o recurso monetário gerado pelas atividades

externas compõe de 85% a 100% da renda familiar. A renda bruta das famílias varia entre

R$1,680,00 a R$680,00 por mês (atividade assalariada + bolsa família). 97,8% dos

entrevistados se encaixam neste grupo

Tabela 1: Perfil do agricultor tipo 1, antes da implantação da cultura do dendê

Quadro Síntese para Apoio na Tipologia

Produto Bruto (PB) Disponibilidade e Uso da Terra R$ % Ha %

Grandes Animais Leite e

Derivados Variação

do Rebanho

Pasto Próprio

Pasto de 3os

Animais de Serviço

0,00 0,0

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

Mata 7,0 24,1 Lavoura Tmp. 2,0 6,9 Lavoura Prm. 10,0 34,5 Pasto

Pasto Limpo

Pasto Sujo

0,0

0,0

0,0

0,0

Pequenos / Médios Animais 600,00 7,0 Capoeira 10,0 34,5 Agricultura Perene / Semi

Banana

Outros

0,00 0,0

0,00

0,00

Total 29,0 100,0 Rebanho Bovino

Unidades Animais (U.A.) 0,00 Agricultura Temporária

Arroz

Feijão do Sul

Mandioca

Outros

-880,00 -10,3

0,00 0,0

0,00 0,0

-720,00 81,8

-160,00 18,2

Disponibilidade de Trabalho Familiar Quantidade de UTE 1,90

Relação Terra Disponível / Trabalho

Ha / UTE Área / Trabalhador Equiv. 15,26

Extrativismo

Vegetal Não Madeireiro

Animal

Madeireiro

690,00 8,1

690,00 100,0

0,00 0,0

0,00 0,0

Indicadores Sociais

Organização Política Trabalho Fora do Estabelec. 8.160,00 95,2 Índice de Partic. no Movimento 0 Outras Receitas 0,00 0,0 Acesso a crédito

Total 8.570,00 100,0 Índice de acesso 1

Fonte: entrevistas, 2013.

Todos os representantes desse grupo possuem PRONAF Eco dendê, a média de

endividamento é de R$62.300,00/projeto, com carência de 6 anos e juros de 2% ao ano, o

16

valor total do juro que incidirá sobre a dívida inicial é de R$41.100,00. Por trabalharem fora

do lote, as famílias apresentam baixa disponibilidade de mão de obra.

Agricultores tipo 2- Renda gerada apenas pelas atividades agropecuárias.

Este tipo representa a minoria dentro da comunidade estudada, são agricultores

que não vendem sua força de trabalho para atividades externa, possuem cultivos voltados

para o mercado, geralmente pimenta e/ou mandioca para ser vendida como farinha.

Também há cultivos de feijão caupi, milho que são utilizados pela família, mas não são o

suficiente para garantir a alimentação, boa parte dos itens são comprados no comércio.

Existe uma inserção tímida no mercado de polpa de frutas como cupuaçu e a maracujá.

A extração do açaí visa atender o consumo familiar, podendo o excedente ser

comercializado. Apesar de possuir grande quantidade de mão de obra familiar, os

agricultores contratam diaristas, há casos em que os lotes possuem trabalhadores

permanentes. Esse fator é interessante, pois o agricultor investe parte do lucro na redução

da sua carga de trabalho.

Tabela 2: perfil dos agricultores tipo 2 antes da implantação do dendê.

Fonte: entrevistas, 2013.

3.2. Trabalho, renda e a introdução do cultivo do dendê: construção de um

novo cenário.

17

Durante as entrevistas e a observação das atividades cotidianos do lote, foi

possível perceber que para os dois tipos houve uma mudança drástica no arranjo espacial

do lote, de maneira geral, os agricultores não cultivam grandes áreas com uma mesma

cultura. Mesmo entrevistados do Tipo 2, que apresentam uma grande inserção no

mercado possuem pimentais com uma média de 5,5 hectares. A cultura do dendê, no

formato descrito pela PNPB e adotado pelo contrato com a empresa, exige que o

agricultor implante 10 hectares do cultivo, essa extensão de área para apenas um cultivo é

uma nova realidade que altera a distribuição do trabalho familiar dentro do lote.

O arranjo político criado pelo PNPB para abertura de mercados, integração entre

atores diferentes visando garantir a comercialização do produto, é interessante. Porém, as

considerações regionais, as especificidades não foram observadas durante a elaboração do

programa. O acesso ao crédito Pronaf Eco Dendê aqueceu o consumo de produtos

agropecuários que anteriormente não eram comercializados (agrotóxicos, fertilizantes,

mudas) gerando emprego e a expansão de empresas nas cidades visitas. É incontestável

que a presença da empresa mudou a perspectiva de desenvolvimento da região,

aproximou a tecnologia do cotidiano dos lavradores, forneceu assistência técnica

permanente, serviço que o Estado nunca conseguiu implementar. A empresa também

aumentou o fluxo de informações entre os agricultores, gerou emprego nas unidades

processadoras de óleo que estão localizadas nas comunidades estudadas.

O programa tem como foco a inclusão social e o desenvolvimento territorial a

partir de um programa de geração de renda sustentável, mas ao entrevistar e observar a

realidade local é possível verificar aspectos que comprometem o objetivo da ação.

Nas entrevistas é possível observar o confronto entre a lógica da empresa e a

lógica do agricultor familiar. A empresa busca aplicar a lógica produtiva do sistema

convencional, das grandes fazendas, utilizando insumos (agrotóxicos, adubos, preparo de

solo mecanizado, manejos constantes como coroamento) para garantir a máxima

produtividade. Já os agricultores familiares tem como foco principal a reprodução

familiar, é preciso garantir alimento, vestuário, medicamentos, recursos para o transporte,

se for preciso negligenciar os tratos culturais para atender as necessidades da família, a

cultura ficará em segundo plano. Não há um histórico de uso de insumos e quantidade e

constância como pede a cultura do dendê, a alta demanda de trabalho faz com que tratos

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culturais sejam realizados de forma incorreta, a necessidade sempre urgente de capital

leva o agricultor a focar em atividades que gere recurso rápido, como o trabalho fora do

lote.

Há ainda o despreparo para utilizar o crédito agrícola de forma correta, o

envelhecimento visível da população do campo e as dificuldades estruturais que

desanimam o agricultor. Em 93,7% dos questionários desse tipo, o agricultor caracterizou

a cultura do dendê como “difícil”, “dificultosa” isso é reflexo da alta demanda de trabalho

que a cultura exige, as famílias estão encontrando dificuldade para a manutenção da

atividade, mas 100% dos entrevistados afirmaram ter esperanças que essa atividade irá

melhorar suas vidas no futuro.

3.CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Para que o programa alcance o resultado esperado, é necessário ajustar as

exigências, permitindo práticas que hoje são impossibilitadas pelos contratos firmados. É

fundamental utilizar técnicas que diminuam a quantidade de mão de obra e possibilitem o

consórcio do dendê com outra culturas que sejam de conhecimento do agricultor, que

exijam baixo volume de mão de obra e se apresentem valorização no mercado, uma

alternativa é a inserção do cultivo da mandioca raiz que para a produção e

comercialização de farinha. Atividade secundária que pode ajudar a cobrir os custos do

dendê durante os anos de fraca produção.

Outros aspectos podem ser observados, o ajuste da área plantada a força de

trabalho existente com uma possível expansão escalonada, capacitação dos agricultores

para o entendimento da utilização do crédito bancário e as consequências do não

pagamento das parcelas, ações que visem gerar renda durante os anos de baixa produção

da cultura do dendê e a possibilidade de uma parceria adequada entre a empresa e os

agricultores, onde os programas sejam discutidos de igual para igual formando uma ação

orgânica entre os dois atores.

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