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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE MATEMÁTICA GRASIELA ELISA WEBBER ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS NOTAS DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO ERECHIM 2008

ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS NOTAS DAS DISCIPLINAS … · 1 INTRODUÇÃO Sabendo que a Física faz uso da Matemática para realizar seus cálculos e deduções, ... profundamente

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES

CAMPUS DE ERECHIM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE MATEMÁTICA

GRASIELA ELISA WEBBER

ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS NOTAS DAS DISCIPLINAS DE

MATEMÁTICA E FÍSICA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

ERECHIM

2008

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GRASIELA ELISA WEBBER

ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS NOTAS DAS DISCIPLINAS DE

MATEMÁTICA E FÍSICA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao Curso de Matemática, Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim.

Orientadora: Profª Drª Simone M. Cerezer

ERECHIM

2008

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Paulino e Ivone, que sempre

me apoiaram e me incentivaram durante a realização da

minha graduação e principalmente durante a realização

deste trabalho. Espero que gostem dos resultados e que se

sintam realizados como eu me sinto.

Ao meu prezado amigo Cristiano Bebber por

sua imensa coragem e incessante vontade de viver, que

transborda e contagia todos ao seu redor. Esta conquista

também é sua.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Paulino e Ivone, minha irmã Paula, meu

companheiro Renan, e meus amigos e colegas, pelo apoio e incentivos constantes

que me foram dados durante a realização deste trabalho.

Agradeço à minha orientadora Profª. Drª. Simone Maffini Cerezer pelos

ensinamentos e pela dedicação prestados a mim.

E ainda agradeço as Escolas que aceitaram contribuir com o trabalho e

forneceram as notas de seus estudantes para que o estudo pudesse ser realizado.

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivos verificar a existência da relação entre o aproveitamento de Matemática e o aproveitamento de Física de estudantes do Ensino Médio de uma Escola Pública e uma Escola Particular do município de Erechim – RS e determinar se em média os estudantes possuem o mesmo aproveitamento nestas disciplinas. Os dados para a análise são as notas de estudantes do Ensino Médio referente às disciplinas de Matemática e Física que foram obtidos nas secretarias das respectivas Escolas nos anos de 2005, 2006 e 2007. A análise dos dados foi realizada primeiramente através do cálculo de algumas medidas estatísticas, dentre elas, a média aritmética simples, a variância e o desvio padrão das notas de Matemática e de Física dos estudantes das duas Escolas investigadas. Para verificar a existência de correlação entre o aproveitamento em Matemática e Física foi necessário o cálculo do coeficiente de correlação linear. E, para verificar se, em média, os estudantes obtiveram a mesma nota nas disciplinas de Matemática e Física, em cada uma das escolas, aplicou-se o teste “t” de Student. Nos resultados obtidos através deste estudo pode-se observar que, considerando-se a média, as notas de Matemática e Física dos estudantes de cada Escola, nas diferentes séries e anos, são bastante próximas, porém, a média das notas dos alunos da Escola Pública, em ambas as disciplinas, em geral, são inferiores as mesmas notas dos alunos da Escola Particular. Pode-se observar ainda que a associação descrita nos diagramas de dispersão entre as variáveis notas de Matemática e de Física é positiva, indicando que, em geral, as notas de Física tendem a aumentar quanto maior forem as notas de Matemática. Além disso, conclui-se pelo valor de r (coeficiente de correlação linear) obtido, que existe uma forte correlação entre as variáveis analisadas e que, em geral, não existe diferença estatisticamente significativa entre as notas médias de Matemática e Física dos estudantes.

Palavras-chave: Matemática. Física. Coeficiente de Correlação Linear.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Diagramas de dispersão, com os valores de r correspondentes .........18 Figura 3.2 - Distribuição amostral de r para ρ = 0 e ρ = 0,8, para amostras com n = 9 .................................................................................................................................19 Figura 3.3 – Comparação entre as Distribuições Normal e de Student ...................21 Figura 4.1 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2005 ...........................................................................................................................25 Figura 4.2 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2005 ...........................................................................................................................26 Figura 4.3 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2005 ...........................................................................................................................26 Figura 4.4 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2006 ...........................................................................................................................26 Figura 4.5 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2006 ...........................................................................................................................27 Figura 4.6 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2006 ...........................................................................................................................27 Figura 4.7 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2007 ...........................................................................................................................27 Figura 4.8 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2007 ...........................................................................................................................28 Figura 4.9 Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2007 ...........................................................................................................................28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Número de alunos, média e desvio padrão das notas de Matemática e de Física das turmas do Ensino Médio das Escolas Pública e Particular da cidade de Erechim nos anos de 2005 a 2007 ............................................................................24 Tabela 4.2 Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública ...............................................................29 Tabela 4.3 Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos estudantes da Escola Particular ...........................................................29

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................08 2 REVISÃO LITERÁRIA ...........................................................................................10 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA .................................................................................10 2.2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO ..........................................11 2.3 O ENSINO DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO ......................................................12 2.4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ..........................................................................13 3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................15 3.1 MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES...........................................................................15 3.2 VARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO .......................................................................16 3.3 COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR ......................................................17 3.3.1 Teste de hipóteses sobre a correlação ........................................................18 3.4 DISTRIBUIÇÃO t (STUDENT) .............................................................................20 3.5 TESTE t PARA AMOSTRAS INDEPENDENTES ...............................................21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................24 4.1 ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS NOTAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA ...........................................................................................25 4.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS NOTAS MÉDIAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA .....28 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................31 REFERÊNCIAS .........................................................................................................33

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1 INTRODUÇÃO

Sabendo que a Física faz uso da Matemática para realizar seus cálculos e

deduções, procuro investigar se as notas dos estudantes de Matemática no Ensino

Médio, influenciam nas notas dos mesmos em Física.

A busca da existência desta relação entre o aprendizado da Matemática e o

aprendizado da Física torna-se importante para o professor destas disciplinas, pois

assim este pode encontrar uma forma de fazer uso do conhecimento que o aluno

possui em uma determinada disciplina para facilitar o aprendizado da outra

disciplina. Além disso, no próprio currículo da escola pode-se fazer um estudo para

verificar quais conteúdos de Matemática são utilizados pela Física, e a possibilidade

de que sejam ensinados ao mesmo tempo, isto permitiria aos estudantes verificarem

a contribuição da Matemática para o desenvolvimento da Física.

Nesse sentido, os objetivos deste trabalho são: verificar a existência da

relação entre o aproveitamento de Matemática e o aproveitamento de Física de

estudantes no Ensino Médio de uma Escola Pública e de uma Escola Particular do

município de Erechim – RS; determinar se, em média, os estudantes possuem o

mesmo aproveitamento nas duas disciplinas; calcular, através do coeficiente de

correlação linear, o grau de associação entre as variáveis: notas de Matemática e

notas de Física; e comparar os resultados obtidos levando-se em consideração o

fato de uma Escola ser Pública e a outra Particular.

O texto encontra-se estruturado em cinco seções. Á presente seção, de

explicação geral sobre justificativa e objetivos, segue-se a seção 2 – Revisão

Literária, onde destaco alguns dos grandes Matemáticos e Físicos do passado que

tiveram importante participação no desenvolvimento da ciência ao longo dos tempos,

bem como apresento uma abordagem sobre o ensino da Matemática e da Física no

Ensino Médio na atualidade e uma contribuição de D’Ambrosio sobre a importância

da interdisciplinaridade no ensino.

Na seção 3 – Materiais e Métodos, descrevo os dados analisados neste

trabalho, bem como são apresentados alguns métodos de descrição e comparação

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de dados, além de procedimentos para a obtenção do coeficiente de correlação e

para a realização do teste “t”.

Na seção 4 – Resultados e Discussão, apresento as análises da correlação

entre as variáveis notas de Matemática e Física dos estudantes do Ensino Médio e a

comparação entre as notas médias de Matemática e Física.

Na seção 5 – Considerações Finais apresentam-se os aspectos que se

mostraram mais significativos no decorrer do estudo, no que se refere aos

resultados obtidos.

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2 REVISÃO LITERÁRIA

2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA

Usando as palavras de VAZ JÚNIOR1 ao dizer que “os grandes matemáticos

do passado não apenas tinham um sólido conhecimento em física, como também

que muitas de suas descobertas foram motivadas pelos problemas de caráter

puramente físico em que estavam interessados”, é que me pergunto o motivo pelo

qual, na maioria das escolas de Ensino Médio, não são realizados estudos da

disciplina de Física interligados com a disciplina de Matemática. Se as grandes

descobertas matemáticas partiram de estudos que tinham o interesse de resolver

problemas de física, e se o estudo da física não acontece sem o mínimo de

conhecimento matemático, porque não realizar um trabalho em que o estudante

possa estudar estas duas disciplinas relacionadas?

Não é de hoje que sabemos que alguns dos mais importantes estudiosos do

passado eram matemáticos e físicos, como podemos citar: James Clerk Maxwell,

que em 1857 ganhou o "Adams Prize" junto com Peter Guthrie Tait com um trabalho

sobre o movimento dos anéis de Saturno, que mereceu na época o comentário

como sendo "uma das mais belas aplicações da Matemática em Física jamais vista";

Hermann Grassmann, que definiu o produto exterior de vetores e a álgebra que hoje

leva o seu nome e que é hoje de importância fundamental em muitas áreas da

Matemática e da Física; William Clifford, que é lembrado por sua contribuição da

generalização dos quaternions de Hamilton e da álgebra exterior de Grassmann e

que hoje leva o nome de álgebra de Clifford. Ainda podemos citar o exemplo de

Einstein que só formulou a sua teoria geral da relatividade por ter estudado

profundamente cálculo tensorial, algo desconhecido pela maioria dos físicos de sua

época.

Ainda sobre a aplicação da Matemática na Física, cito o exemplo da Mecânica

e da Ótica, que através dos conhecimentos matemáticos, permitem construir

instrumentos como balanças e espelhos, que são utilizados também por outras

ciências.

1 Disponível em <http://www.ime.unicamp.br/%7Evaz/fismat.htm> Acesso em: 13/11/07

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2.2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO

Por que se estuda Matemática no Ensino Médio?

Nossa posição é justificar o ensino da Matemática nas escolas, não simplesmente por ser uma ciência muito importante e que será útil mais tarde, como dizem a maioria dos professores, mas principalmente por atender as várias características que são essenciais à formação do indivíduo. (BASSANEZI, 2003, p.206)

Para Bassanezi (2003, p.206), estas características essenciais são: “o fato de

a Matemática poder ser utilizada como instrumentadora para o trabalho e como

ferramenta para a vida; por ajudar a pensar com clareza e a raciocinar melhor; por

ser parte integrante de nossas raízes culturais, e pelo seu valor estético”.

Ao final do Ensino Médio, segundo as Orientações Curriculares para o Ensino

Médio (2006, p.69), espera-se que

[...] os alunos saibam usar a Matemática para resolver problemas práticos do quotidiano; para modelar fenômenos em outras áreas do conhecimento; compreendam que a Matemática é uma ciência com características próprias, que se organiza via teoremas e demonstrações; percebam a Matemática como um conhecimento social e historicamente construído; saibam apreciar a importância da Matemática no desenvolvimento científico e tecnológico.

Estas colocações deixam clara a importância do Ensino da Matemática no

Ensino Médio, mas será que os estudantes sabem desta importância? Será que a

forma como a Matemática está sendo trabalhada hoje nas escolas satisfaz a estes

requisitos? Acredito que a melhor forma de mostrar aos alunos a importância da

Matemática e ao mesmo tempo satisfazer a estas condições é mostrar aos

estudantes que a Matemática aplica-se diariamente no quotidiano deles, e também

nas outras ciências, e acredito ainda que uma das formas mais fáceis de mostrar

esta ligação seja usar exemplos da importância da Matemática na Física, como: sem

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a Matemática, e nesse caso, também sem a Física, os carros não sairiam do lugar, a

televisão não funcionaria, não haveria eletricidade, e assim por diante.

2.3 O ENSINO DA FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

Um estudo feito por Lopes (2004, p.12), sobre os indicadores dos problemas

do ensino e da aprendizagem de Física, mostra que um desses problemas

apontados pelos professores de Física é que “os alunos não têm raciocínio lógico,

nem hábitos de trabalho, nem apetência pela física”.

Para Borges (2006, p.1), “a física é um legítimo componente curricular da

Educação Básica e que deve figurar como disciplina específica no currículo do

Ensino Médio”.

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006, p.53),

estuda-se Física no Ensino Médio pois

O ensino dessa disciplina destina-se principalmente àqueles que não serão físicos e terão na escola uma das poucas oportunidades de acesso formal a esse conhecimento. Há de se reconhecer, então, dois aspectos do ensino da Física na escola: a Física como cultura e como possibilidade de compreensão do mundo.

Se a Física deve ser parte do currículo do Ensino Médio, se ela é ensinada

para que os estudantes tenham conhecimentos e possibilidades de compreender o

mundo, mas a maioria dos alunos não tem interesse pela matéria, não tem hábitos

de trabalho e nem raciocínio lógico, acredito que uma possibilidade de trabalho seja

o estudo de Física relacionado com as outras ciências, principalmente com a

Matemática, pois isto facilitaria o desenvolvimento do raciocínio lógico dos

estudantes, uma vez que uma das vantagens de se estudar Matemática é

justamente esta. Se estas disciplinas fossem trabalhadas de forma que uma

complementasse a outra, isto faria com que os alunos pudessem se interessar pelo

estudo de ambas, uma vez que ao estudar uma das disciplinas acabariam

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estudando a outra também, além de fazer com que os estudantes criassem o hábito

do trabalho.

2.4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A pesquisa “Alfabetização Científica e Representações Sociais de Estudantes

de Ensino Médio sobre Ciência e Tecnologia”, feita por Schulze et.al. (2006, p.13) na

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mostra que:

[...] o nível de conhecimento de estudantes de Ensino Médio em ciência e tecnologia se correlaciona positivamente com diversas disciplinas escolares, bem como o interesse em ciência e tecnologia e freqüência de informação sobre esses assuntos.

Ou seja, as disciplinas escolares influenciam o nível de conhecimento sobre

ciência e tecnologia, portanto nada mais interessante para os estudantes se

interessarem pelo aprendizado das ciências do que a informação e o conhecimento

na sala de aula da própria relação da ciência com as disciplinas escolares.

Voltando o olhar para a modalidade de ensino que envolve a

interdisciplinaridade, ninguém melhor para citar que D’Ambrosio (1986, p.15):

Mais uma vez insistimos na tese do ensino integrado como única possibilidade de se desenvolver valores científicos ligados à nossa realidade, e não voltados a uma realidade estrangeira culturalmente colonizante.

Se quisermos que haja um desenvolvimento significativo da ciência e da

tecnologia em nosso país, é preciso que haja uma mudança na base da produção do

conhecimento, que é a escola básica, para isso penso que a melhor maneira de

trabalharmos para um progresso seja inter-relacionando as disciplinas escolares,

principalmente a Matemática e a Física. Por isso pretendo fazer este estudo das

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notas dos estudantes do Ensino Médio em duas escolas de Erechim, para poder

verificar se realmente há relação entre o aproveitamento destas disciplinas

escolares.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta é uma pesquisa de campo, quantitativa de caráter diagnóstico, sendo

que os dados para a análise são as notas de estudantes do Ensino Médio referente

às disciplinas de Matemática e Física que foram obtidos nas Secretarias de uma

Escola Pública e de uma Escola Particular da cidade de Erechim – RS, nos anos de

2005, 2006 e 2007.

A análise dos dados foi realizada primeiramente, através do cálculo de

algumas medidas estatísticas, dentre elas, a média aritmética simples, a variância e

o desvio padrão das notas de Matemática e de Física dos estudantes das duas

escolas investigadas. Para verificar a existência de correlação entre o

aproveitamento em Matemática e Física foi necessário o cálculo do coeficiente de

correlação linear. E, para verificar se, em média, os estudantes obtiveram a mesma

nota nas disciplinas de Matemática e Física, em cada uma das escolas, aplicou-se o

teste “t” de Student. Nas próximas seções apresenta-se uma descrição das técnicas

estatísticas utilizadas nesse estudo.

3.1 MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES

As medidas de tendência central são valores calculados com o objetivo de

representar os dados de uma forma ainda mais condensada do que se usando uma

tabela. Quando o desejo é representar, por meio de um valor único, determinado

conjunto de informações que variam, parece razoável escolher um valor central,

mesmo que esse valor seja uma abstração.

A média aritmética é o mais simples dos valores descritivos de uma amostra,

e é definida como a soma dos valores observados, dividida pelo número de

observações, como mostra a expressão (3.1).

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x = n

xn

1ii∑

= (3.1)

3.2 VARIÂNCIA E DESVIO PADRÂO

As medidas de tendência central são insuficientes para representar

adequadamente conjuntos de dados, pois nada revelam sobre sua variabilidade.

Para levar em conta todos os valores observados em uma série, sugere-se o

uso dos desvios de cada valor em relação à média, reunindo-se tais informações em

uma quantidade denominada variância. Usa-se o símbolo s2 para representar a

variância calculada em uma amostra. Calcula-se a variância, em amostras, do

seguinte modo:

s2 =

( )

1n

xxn

1i

2i

−∑= (3.2)

Quanto maior a variância de uma série, maior a dispersão dos valores que a

compõem. Assim, se uma amostra tem variância igual a 0,34 e outra, da mesma

variável, igual a 0,93, nesta última os dados variam mais do que na primeira.

Quando não houver variabilidade, a variância é zero.

Uma dificuldade com a variância, como medida descritiva da dispersão, é o

fato de não poder ser apresentada com a mesma unidade com que a variável foi

medida. A solução é extrair a raiz quadrada positiva da variância, já que, com isso,

se volta à unidade original da variável. Essa nova medida de variabilidade é

denominada desvio padrão, usando-se o símbolo σ , se for calculado na população,

ou s, se os dados pertencem a uma amostra.

É interessante observar que o desvio padrão de uma série de dados pode ter

um valor numérico maior que o da média. Isso geralmente é uma indicação de que a

distribuição é assimétrica. (CALLEGARI-JACQUES, 2003)

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3.3 COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR

Avaliar se existe associação entre duas características quantitativas é objetivo

de muitos estudos científicos. Para se avaliar a correlação entre características

quantitativas, inicialmente os dados são apresentados em um gráfico cartesiano de

pontos, denominado diagrama de dispersão.

Uma outra maneira de se avaliar a correlação é usar um coeficiente, que tem

a vantagem de ser um número puro, isto é, independente da unidade de medida das

variáveis. Isto interessa bastante, pois se pode ter duas unidades de medida

diferentes para as variáveis, o que dificultaria a interpretação da associação.

O coeficiente de correlação linear amostral, denotado por r, pode variar entre

-1 e +1. Valores negativos de r indicam uma correlação do tipo inversa, isto é,

quando x aumenta, y em média diminui (ou vice-versa). Valores positivos para r

ocorrem quando a correlação é direta, isto é, x e y variam no mesmo sentido.

O valor máximo (tanto r = +1 como r = -1) é obtido quando todos os pontos do

diagrama estão em uma linha reta inclinada (Figuras 3.1a e 3.1b). Por outro lado,

quando não existe correlação entre x e y, os pontos se distribuem em nuvens

circulares (Figura 3.1c). Associações de grau intermediário (0 < r < 1) apresentam-se

como nuvens inclinadas, de forma elíptica (Figuras 3.1d e 3.1e), sendo mais

estreitas quanto maior for a correlação (Figura 3.1d). Se, no entanto, a nuvem

elíptica for paralela a um dos eixos do gráfico, a correlação é nula (Figura 3.1f).

Quando os pontos formam uma nuvem cujo eixo principal é uma curva

(Figuras 3.1g e 3.1h), o valor de r não mede corretamente a associação entre as

variáveis. Isto ocorre porque a técnica para calcular esse coeficiente supõe que os

pontos do gráfico formam nuvens elípticas, cujo eixo principal é uma reta.

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Figura 3.1 – Diagramas de dispersão, com os valores de r correspondentes. Fonte: Callegari-Jacques (2003, p.86)

A fórmula para se obter o coeficiente de correlação linear ou o coeficiente de

Pearson em uma amostra é dada pela expressão (3.3).

r =

∑ ∑∑ ∑

∑ ∑∑

= == =

= ==

n

1i

2n

1ii

2i

n

1i

2n

1ii

2i

n

1i

n

1ii

n

1iiii

YYnXXn

YXYXn

(3.3)

onde =iX indica cada observação da variável X, =iY indica cada observação da

variável Y e =n corresponde ao número de pares de valores das variáveis X e Y.

3.3.1 Teste de hipóteses sobre a correlação

Quando se calcula o coeficiente r em uma amostra, é necessário ter em

mente que se está, na realidade, estimando a associação verdadeira entre x e y

existente na população.

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A correlação na população é designada por ρ . Supõe-se inicialmente que

não existe correlação entre x e y e, então, ρ = 0. Realizando-se um processo de

amostragem aleatória, os valores de r obtidos nas amostras devem ser, na sua

maioria, próximos de zero. Podem ocorrer valores mais afastados de zero, mas

serão pouco freqüentes. A distribuição amostral de valores de r é simétrica quando a

correlação populacional for zero, como se pode ver na Figura 3.2. Por outro lado, vai

ficando mais e mais assimétrica à medida que ρ afasta-se de zero. (CALLEGARI-

JACQUES, 2003)

Figura 3.2 – Distribuição amostral de r para ρ = 0 e ρ = 0,8, para amostras com n = 9.

Fonte: Hoel (1963 apud Callegari-Jacques, 2003, p.88)

Para avaliar a significância do coeficiente de correlação, geralmente testa-se

a hipótese nula de que 0=ρ , utilizando para tanto a distribuição t de Student

(definida na seção 3.4).

As etapas para o teste estatístico de um coeficiente de correlação são

apresentadas a seguir:

• Elaboração das hipóteses estatísticas

H0: 0=ρ

Ha: 0≠ρ

• Escolha do nível de significância

Neste trabalho, o valor considerado para α é de 0,05.

• Determinação do valor crítico do teste

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Nesta etapa, deve-se determinar o valor de glα;t , onde gl = n – 2, sendo

n o número de pares de valores das variáveis x e y.

• Determinação do valor calculado de t, conforme expressão (3.4).

2nr1

ρrt

2

−=

(3.4)

• Conclusão: Se glα;calc tt > , rejeita-se H0 ao nível de significância

considerado, caso contrário, se aceita H0.

3.4 DISTRIBUIÇÃO t (STUDENT)

Sabedor das dificuldades que os pesquisadores têm para obter amostras

grandes, o químico William Sealy Gosset (1876-1936) desenvolveu a “distribuição t”

e a publicou sob o pseudônimo de Student. Para entendê-la, considere o seguinte:

se for utilizado o desvio-padrão da amostra no cálculo de um escore Z populacional,

está introduzindo-se incerteza ao resultado, isto porque se o desvio-padrão da

amostra for menos que o da população, o escore Z resultante será muito grande e

vice-versa. Assim, quando não se conhece o desvio-padrão da população, mas sim

uma estimativa do mesmo com base no desvio-padrão da amostra, a distribuição de

escores Z já não será mais normal e seguirá uma distribuição conhecida como

“distribuição t”, cuja forma lembra a da distribuição normal, porém com mais área

nas caudas, conforme mostra a Figura 3.3.

Essa distribuição t possui como características: ser contínua e simétrica, ter

média igual a 0, está definida para todos os valores reais e apresenta desvio-padrão

variável com o tamanho da amostra (n). Não existe uma única distribuição t, mas sim

um grupo: para cada tamanho da amostra existe uma distribuição e uma curva

específica.

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Figura 3.3 – Comparação entre as Distribuições Normal e de Student. Fonte: Soares et al. (1991, p.157)

3.5 TESTE t PARA AMOSTRAS INDEPENDENTES

Como um dos objetivos específicos deste trabalho é verificar se os estudantes

apresentam, em média, a mesma nota em Matemática e Física, é necessário à

realização de um teste de hipóteses. Neste trabalho, utilizaremos o teste “t” de

Student, descrito nesta seção.

Segundo Levin e Fox (2004), tornou-se uma convenção na análise estatística

iniciar o trabalho testando a hipótese nula – a hipótese segundo a qual duas

amostras foram extraídas de populações equivalentes. De acordo com a hipótese

nula, qualquer diferença observada entre amostras é encarada como uma

ocorrência casual resultante apenas do erro amostral. Portanto, uma diferença

constatada entre duas médias amostrais não representa uma diferença verdadeira

entre suas médias populacionais. No presente contexto, a hipótese nula pode

ser simbolizada como:

H0: 21 µµ =

onde =1µ média da primeira população e =2µ média da segunda população.

A hipótese nula é geralmente (embora não necessariamente) estabelecida

com o intuito de a negarmos. Isso faz sentindo, porque a maioria dos pesquisadores

procura estabelecer relações entre variáveis; ou seja, eles estão em geral mais

interessados em encontrar diferenças do que em determinar que elas não existam.

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As diferenças entre grupos – quer esperadas teoricamente ou em bases empíricas –

quase sempre proporcionam o fundamento lógico para a pesquisa.

Se rejeitarmos a hipótese nula, isto é, se achamos que nossa hipótese de não

haver diferenças entre médias provavelmente não é válida, automaticamente

aceitamos a hipótese de pesquisa de que de fato existe uma diferença entre as

populações. Esse é, em geral, o resultado esperado em pesquisa. A hipótese de

pesquisa nos diz que as duas amostras foram extraídas de populações com médias

diferentes e que a diferença obtida entre médias amostrais é demasiadamente

grande para ser atribuída a erro amostral.

A hipótese de pesquisa para a diferença entre médias é simbolizada por:

Ha: 21 µµ ≠

onde =1µ média da primeira população e =2µ média da segunda população.

Dessa forma, neste trabalho, as hipóteses H0 e Ha são definidas da seguinte

maneira:

H0: a nota média em Matemática é igual à nota média em Física

Ha: a nota média em Matemática é diferente da nota média em Física

Para verificar se existe diferença estatisticamente significativa em média entre

as notas de Matemática e Física dos estudantes de cada Escola pela aplicação do

teste “t” para amostras independentes, depois da definição das hipóteses, calcula-se

a média e a variância de cada amostra, utilizando-se as expressões (3.1) e (3.2),

respectivamente. Na etapa seguinte, determina-se o valor do erro padrão da

diferença entre médias, denotado, neste trabalho, por FMs− e definido pela

expressão (3.5).

×

+

−+

+=

−FM

FM

FM

2FF

2MM

FM nn

nn

2nn

snsns (3.5)

onde =Mn indica o número de notas de Matemática, =Fn indica o número de notas de

Física, =2Ms corresponde a variância das notas de Matemática e =2

Fs corresponde a

variância das notas de Física.

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A estatística do teste com base da diferença entre médias e o erro padrão da

diferença é calculada pela expressão (3.6).

FMsFM

t−

−= (3.6)

Além disso, para a conclusão do teste, é necessário determinar, pela tabela, o

valor crítico para t. O mesmo é determinado levando-se em consideração o número

de graus de liberdade (gl) e o nível de significância, sendo para este teste gl =

+Mn 2nF − . Para decidir sobre a aceitação ou rejeição da hipótese nula (H0), deve-se

comparar os valores de t calculado e tabelado. Caso o valor calculado de t não

exceda o valor de t tabelado em nenhuma das direções, positiva ou negativa, se

aceita H0, caso contrário deve-se rejeitá-la.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo apresentamos os principais resultados obtidos na análise das

notas de Matemática e Física de estudantes de uma Escola Pública e de uma

Escola Particular da cidade de Erechim.

As informações apresentadas na Tabela 4.1 são referentes ao número de

alunos das escolas investigadas, distribuídos em relação ao ano e série, além disso,

mostra a nota média e o desvio padrão das notas dos estudantes nas disciplinas de

Matemática e Física. Pode-se observar que, considerando-se a média, as notas de

Matemática e Física dos estudantes de cada Escola, nas diferentes séries e anos,

são bastante próximas, porém, a média das notas dos alunos da Escola Pública, em

ambas as disciplinas, em geral, são inferiores as mesmas notas dos alunos da

Escola Particular.

Tabela 4.1 – Número de alunos, média e desvio padrão das notas de Matemática e de Física das

turmas do Ensino Médio das Escolas Pública e Particular da cidade de Erechim nos anos de 2005 a

2007.

Ano/Série

Escola Pública Escola Particular

Número Matemática Física Número Matemática Física

de alunos x s x s de alunos x s x s

2005

1ª 23 5,02 1,25 4,85 1,47 42 6,66 1,92 6,49 1,82

2ª 14 5,48 1,55 4,88 1,25 69 6,95 1,98 6,84 1,73

3ª 22 5,44 0,60 5,58 0,62 49 5,25 1,75 6,37 1,78

2006

1ª 36 3,97 1,66 3,45 1,48 56 6,06 2,38 6,46 1,84

2ª 11 5,51 1,26 4,60 1,12 38 6,56 1,79 6,27 2,57

3ª 23 5,14 1,21 5,07 1,13 62 6,67 2,03 7,45 1,38

2007

1ª 28 4,21 1,37 3,73 1,58 50 6,82 1,81 6,96 1,50

2ª 20 5,03 1,50 4,61 1,32 53 6,45 1,98 6,87 1,92

3ª 19 5,35 1,13 4,99 1,01 31 6,82 2,29 7,57 1,50

Fonte: Autora

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4.1 ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS NOTAS DE

MATEMÁTICA E FÍSICA

Para se avaliar a correlação entre as variáveis notas de Matemática e Física

dos estudantes da Escola Pública e da Escola Particular, decidiu-se por apresentar

os dados em um gráfico cartesiano de pontos, denominado diagrama de dispersão.

As Figuras 4.1 a 4.9 mostram o comportamento apresentado pelas variáveis

notas de Matemática e Física, bem como o valor para o coeficiente de correlação

linear. Observa-se, nessas figuras, que o comportamento apresentado pelas

variáveis investigadas é linear, bem como, a associação descrita é positiva,

indicando que, em geral, as notas de Física tendem a aumentar quanto maior forem

as notas de Matemática. Além disso, conclui-se pelo valor de r obtido, que existe

uma forte correlação entre as variáveis analisadas, sendo o resultado obtido para

coeficiente de correlação estatisticamente significativo (p < 0,05), pela aplicação do

teste “t”.

Figura 4.1 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2005.

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Figura 4.2 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2005.

Figura 4.3 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2005.

Figura 4.4 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2006.

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Figura 4.5 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2006.

Figura 4.6 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2006.

Figura 4.7 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 1ª série do Ensino Médio do ano de 2007.

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Figura 4.8 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 2ª série do Ensino Médio do ano de 2007.

Figura 4.9 – Relação entre as notas de Matemática e Física dos estudantes da Escola Pública (a) e

da Escola Particular (b) referente à 3ª série do Ensino Médio do ano de 2007.

4.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS NOTAS MÉDIAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA

Para verificar se, em média, os estudantes da Escola Pública e da Escola

Particular obtiveram a mesma nota nas disciplinas de Matemática e Física, aplicou-

se o teste “t” para amostras independentes, considerando-se um nível de

significância de 5%. As Tabelas 4.2 e 4.3 apresentam os resultados obtidos.

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Tabela 4.2 – Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos

estudantes da Escola Pública.

Ano/Série Disciplina

Estatística t Valor de p Matemática Física

2005

1ª 5,02 ± 1,25 4,85 ± 1,47 0,4257 0,6724

2ª 5,48 ± 1,55 4,88 ± 1,25 1,1192 0,2733

3ª 5,44 ± 0,60 5,58 ± 0,62 - 0,7562 0,4538

2006

1ª 3,97 ± 1,66 3,45 ± 1,48 1,3964 0,1670

2ª 5,51 ± 1,26 4,60 ± 1,12 1,8017 0,0867

3ª 5,14 ± 1,21 5,07 ± 1,13 0,1952 0,8462

2007

1ª 4,21 ± 1,37 3,73 ± 1,58 1,2169 0,2289

2ª 5,03 ± 1,50 4,61 ± 1,32 0,9582 0,3440

3ª 5,35 ± 1,13 4,99 ± 1,01 1,0246 0,3124

Fonte: Autora

Tabela 4.3 – Resultados da aplicação do teste “t” para as notas médias de Matemática e Física dos

estudantes da Escola Particular.

Ano/Série Disciplina

Estatística t Valor de p Matemática Física

2005

1ª 6,66 ± 1,92 6,49 ± 1,82 0,4138 0,6801

2ª 6,95 ± 1,98 6,84 ± 1,73 0,3206 0,7490

3ª 5,25 ± 1,75 6,37 ± 1,78 - 3,1437 0,0022*

2006

1ª 6,06 ± 2,38 6,46 ± 1,84 - 0,9952 0,3218

2ª 6,56 ± 1,79 6,27 ± 2,57 0,5751 0,5669

3ª 6,67 ± 2,03 7,45 ± 1,38 - 2,5278 0,0128*

2007

1ª 6,82 ± 1,81 6,96 ± 1,50 - 0,4147 0,6792

2ª 6,45 ± 1,98 6,87 ± 1,92 - 1,1126 0,2685

3ª 6,82 ± 2,29 7,57 ± 1,50 - 1,5291 0,1315

Nota: * Indica resultado estatisticamente significativo pela aplicação do teste “t” ao nível de significância de 5%

Fonte: Autora

Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 4.2, observa-se que, em

média, os estudantes da Escola Pública apresentaram a mesma nota em

Matemática e Física (p > 0,05). Quando se comparam as notas médias nas

disciplinas consideradas para os estudantes da Escola Particular (Tabela 4.3), nota-

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se que os resultados diferem somente para a turma da 3ª série dos anos de 2005 e

2006 (p < 0,05).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos objetivos deste trabalho era verificar se, em média, os estudantes

possuíam o mesmo aproveitamento na disciplina de Matemática e na disciplina de

Física. Através da aplicação do teste “t” pode-se perceber que em média os

estudantes do Ensino Médio nas três séries e nos três anos, possuem

aproveitamentos bem próximos (p > 0,05) nas disciplinas de Matemática e Física.

Apenas em duas turmas de 3ª série dos anos 2005 e 2006 da Escola Particular,

observou-se que a média entre as disciplinas não são iguais (p < 0,05).

Outro objetivo deste estudo era verificar o grau de associação entre as

variáveis: notas de Matemática e notas de Física. Através da construção do

diagrama de dispersão pode-se perceber que o comportamento apresentado pelas

variáveis investigadas é linear. Além disso, a associação descrita é positiva,

indicando que, em geral, as notas de Física tendem a aumentar quanto maior forem

as notas de Matemática. Além disso, conclui-se pelo valor de r obtido, que existe

uma forte correlação entre as variáveis analisadas, sendo o resultado obtido para

coeficiente de correlação estatisticamente significativo (p < 0,05), pela aplicação do

teste “t” ao nível de significância de 5%.

Finalmente, comparando-se os resultados da Escola Pública com os

resultados da Escola Particular observou-se que ambas apresentam praticamente o

mesmo grau de associação entre o aproveitamento de Matemática e o

aproveitamento de Física. Porém, cabe destacar, que em média as notas tanto de

Matemática quanto de Física foram maiores na Escola Particular do que na Escola

Pública.

Respondendo ao problema da pesquisa, após o estudo concluído podemos

afirmar que o rendimento dos estudantes em Matemática no Ensino Médio de uma

Escola Pública e de uma Escola Particular da cidade de Erechim – RS influencia no

rendimento de Física destes estudantes.

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Com este trabalho pude comprovar a hipótese de que o bom desempenho do

estudante em Matemática favorece o mesmo para ter também um bom rendimento

em Física.

Acredito que a partir dos resultados obtidos com este estudo, os professores

de Matemática e de Física possam se sentir estimulados a pensarem e

posteriormente realizarem um trabalho interdisciplinar entre estas disciplinas. Penso

que isto seria um grande aprendizado tanto para os alunos que poderiam trabalhar

com estas disciplinas interligadas e ver o quanto uma completa a outra, quanto para

os professores, pois estes teriam mais um desafio em suas profissões e também

uma grande conquista ao realizarem este trabalho e verem os resultados positivos

que com certeza irão acontecer.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB, 2006. CALLEGARI-JACQUES, S. M. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed, 2003. D’AMBROSIO, U. Da Realidade à Ação: reflexões sobre educação e matemática. São Paulo: Summus, 1986. LEVIN, J., FOX, J. A. Estatística para Ciências Humanas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. LOPES, J. B. Aprender e Ensinar Física. APPACDM de Braga, 2004. SCHULZE, C.; CAMARGO, B.; WACHELKE, J. Alfabetização Científica e Representações Sociais de Estudantes de Ensino Médio sobre Ciência e Tecnologia. Florianópolis, 2006. Disponível em: <http://146.164.3.26./seer/lab19/ojs/viewarticle.php/id=101&layout=html>. Acesso em: 10 nov. 2007. SOARES, J. F.; FARIAS, A. A.; CEZAR, C. C. Introdução à Estatística. Belo Horizonte: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1991. VAZ JUNIOR, J. Disponível em: <http://www.ime.unicamp.br/%7Evaz/fismat.htm>. Acesso em: 13 nov. 2007.